Você está na página 1de 9

CENTRO UNIVERSITARIO UNA LINHA VERDE

BACHARELADO EM DIREITO

ALINE VALADARES SILVA


ANA CLARA CORREIA DIAS BATISTA
ANA LUIZA DE SOUZA GOMES
CARLOS EDUARDO COPATE
GABRIEL FONTES DA COSTA
GABRIEL MOISÉS DE BARROS SILVA
KÊNIA CRISTINA BORGES MARQUES
LAYS CRISTINA MARINHO
MIRELLA GONÇALVES PINHEIRO

DESCRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE DROGAS PARA USO PESSOAL PELO STF


Contra

BELO HORIZONTE
2023
DESCRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE DROGAS PARA USO PESSOAL PELO STF
CONTRA

RESUMO

Este artigo vem com a finalidade de ressaltar o objetivo de apresentar os pontos contrários a
descriminalização das drogas, quem é contra argumentam que manter a descriminalização é
importante para evitar o aumento do consumo de drogas, restringir o tráfico e proteger á
sociedade contra os problemas associados ao uso descontrolado dessas substâncias. Além disso,
questionamos se á descriminalização seria realmente eficaz na prática, dadas as dificuldades de
implementação e controle. O debate no STF reflete a busca por um equilíbrio entre a ordem
pública e os direitos individuais.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o abjetivo de apresentar os pontos contrários a


descriminalização das drogas que vem sendo pauta em vários debates nas redes sociais,
significando que os usuários poderiam consumir as substâncias sem serem punidos pelo
código penal, contrariando o previsto na lei 11.343/2006. Entretanto, é importante ressaltar
que o porte de drogas para consumo próprio já foi despenalizado, mas não descriminalizado,
fato este que encontra amparo legal no Decreto Lei n° 2.848 de 1940.
Portanto, a liberação das drogas ilícitas como a maconha pode ser extremamente prejudicial a
sociedade e ao próprio individuo que a usa, cooperando para o aumento do consumo e
fortalecimento do narcotráfico e principalmente ferindo direitos fundamentais garantidos pela
Constituição Federal de 1988.
Desse modo, neste tópico, exploraremos o presente tema sobre a
descriminalização, bem como os argumentos que contrariam os cinco votos proferidos pelos
respeitados Ministros do STF de modo a demonstrar os potenciais impactos dessa mudança
das políticas de drogas em uma sociedade.

DESENVOLVIMENTO

As drogas ilícitas chegaram ao brasil no final do século XIX, período em que havia um
processo acelerado de urbanização e industrialização que resultou em condições miseráveis de
trabalho e de existência para a maior parte da população. Portanto, com essas questões sociais,
a classe trabalhadora buscou um refúgio do mundo conturbado e com constantes mudanças
nos vícios deselegantes, estes caracterizados pelo alcoolismo e maconhismo, uma vez que os
vícios elegantes que eram morfina, cocaína e heroína, apenas eram consumidos por pessoas da
alta classe social
Desse modo, fato é que desde os primórdios dos tempos, o Brasil possui concentração
de poder econômico nas mãos dos mais ricos, no qual os mais pobres são a maioria da
população. Dessa forma, a falta de poder econômico da população à época gerou um consumo
exarcebado de álcool e maconha por aqueles que buscavam uma “fuga do mundo real”.

De acordo com o Informe Mundial sobre as


Drogas publicado pela UNODC em 2018,
cerca de 5,6% da população mundial com
idade entre 15 e 64 anos (cerca de 275
milhões de pessoas) fez uso de algum tipo
de droga ilícita no ano de 2016. A cannabis
foi a droga mais consumida neste mesmo
período, correspondendo a 3,9% da
população global nessa mesma faixa etária.
O documento também apontou um
crescimento de 60% das mortes causadas
diretamente pelo uso de drogas no período
de 2000 a 2015 (cerca 105.000 óbitos
registrados em 2000 e 168.000 óbitos
registrado sem 2015).
Disponível em:
https://www.congresso2019.fomerco.com.
br/resources/anais/9/fomerco2019/156884
9373_ARQUIVO_09da9b5bfebcbb7df3b9
778e4b66d803.pdf

Assim, com o passar do tempo as drogas concentradas nas mãos dos mais ricos,
começaram a ser desejadas pelos desafortunados que não obtinham condições de arcar com os
custos de drogas ilícitas tão caras como a cocaína, heroína e morfina, fazendo com que os
traficantes à época começassem a diluir as drogas comercializadas, bem como fabricar mais
para atender a essa população que não detinha de renda suficiente.

Nesse sentido, o consumo em massa de drogas ilícitas, gerou a necessidade do


combate as drogas em que vivemos até os dias atuais:

No Brasil, o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas Pela


População Brasileira, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), em parceria com outras instituições, como o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de
Câncer (Inca) e a Universidade de Princeton (EUA), também trouxe
dados preocupantes. O estudo, divulgado em 2019, e considerado o
mais completo levantamento sobre drogas já realizado no País,
apontou que 3,2% dos brasileiros usaram substâncias ilícitas nos 12
meses anteriores à pesquisa, o que equivale a 4,9 milhões de pessoas.
Entre os jovens, o percentual mais que dobra: 7,4% dos entrevistados
entre 18 e 24 anos haviam consumido drogas ilegais no ano anterior à
entrevista.
A droga ilícita mais consumida entre os pesquisados foi a maconha:
7,7% disseram ter usado ao menos uma vez na vida. Em seguida,
veio a cocaína em pó: 3,1% já haviam consumido a substância. O
levantamento também pesquisou outras drogas lícitas e ilícitas, como
o crack, LSD, medicamentos, heroína, ecstasy, entre outros. Porém,
os dados considerados mais alarmantes com relação aos padrões de
uso de drogas no Brasil foram relacionados ao álcool. Mais da metade
da população brasileira de 12 a 65 anos declarou ter consumido
bebida alcoólica alguma vez na vida. Cerca de 46 milhões (30,1%)
informaram ter consumido pelo menos uma dose nos 30 dias
anteriores. E aproximadamente 2,3 milhões de pessoas apresentaram
critérios para dependência de álcool nos 12 meses anteriores à
pesquisa. Mais um problema que precisa ser combatido com
informação, já que o álcool tem venda liberada e seu uso, no Brasil, é
cultural. Disponível em:
https://portal.al.go.leg.br/noticias/118223/no- dia-internacional-contra-
abuso-e-trafico-de-drogas-parlamentares-defendem- campanhas-de-

Em outro ponto, passamos a análise da descriminalização do porte de drogas para


consumo próprio. Adiante, a Constituição Federal de 1988, trouxe a em sua redação, no que
tange aos direitos sociais, a garantia do direito a saúde e a segurança. Vejamos:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à
infância, aassistência aos desamparados, na form desta
Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de
2015)

Portanto, o consumo próprio de drogas ilícitas causa danos à saúde como a destruição
de neurônios, diminuição a capacidade de pensar; desenvolvimento de doenças psiquiátricas
como depressão ou esquizofrenia; lesões no fígado; desenvolvimento de doenças contagiosas,
como AIDS ou hepatite.

Dessa forma, diante do exposto acima, a liberação do porte de drogas ilícitas para
consumo próprio contraria um direito fundamental e constitucional de todo Brasileiro,
fazendo com que tal liberação se torne inconstitucional por violar tal direito, uma vez que a
decisão do consumo de drogas não é um direito individual e afeta o coletivo, no momento em
que a dependência gerada pelo uso constante pode causar alucinações ao individuo colocando
em risco a segurança das pessoas que convive com o usuário.
As drogas são classificadas pelos efeitos que causam no sistema
nervoso, podendo ser:
Depressoras: diminuem as atividades cerebrais e possuem alguma
propriedade analgésica. Causa sonolência e desatenção.
Estimulantes: aumentam a atividade cerebral. causa aumento da
atenção, euforia e pensamento acelerado.
Perturbadoras: causa alucinações ou ilusões.

A longo prazo, o uso de drogas pode causar: destruição de neurônios,


diminuindo a capacidade de pensar; desenvolvimento de doenças
psiquiátricas como depressão ou esquizofrenia; lesões no fígado;
desenvolvimento de doenças contagiosas, como aids ou hepatite.

A maioria das drogas pode levar a dependência, levando a pessoa a


sofrimento físico e psicológico quando interrompe o consumo.
Disponível em: https://blog.austahospital.com.br/drogas-causa-
dependencia/#:~:text=A%20longo%20prazo%2C%20o
%20uso,contagiosas%2C%2 0como%20AIDS%20ou%20hepatite.

Vejamos abaixo a história de um dos vários usuários de drogas, que tentam recomeçar
sua vida longe delas atualmente.
Matheus, 18 anos, estudante, Florianópolis (SC)
1 ano e 4 meses longe das drogas
"Na época, morava com meu pai e meu irmão. Comecei fumando
maconha e com o tempo usei todas as substâncias possíveis. Me
identifiquei no crack e foi quando minha vida começou a se destruir,
perdi tudo. Meu pai não tinha mais controle sobre mim, que ainda era
menor de idade. Meu pai ficou doente, teve câncer e, após um mês,
ele faleceu.
Me senti destruído, perdi o rumo e passei a viver só em função da
droga. Todo dia, toda noite, com chuva e com sol eu estava usando.
Cada vez queria usar mais, a droga já não me satisfazia como antes.
Foi quando a morte do meu pai me trouxe um despertar espiritual e
decidi me internar. Nesse momento, minhas irmãs voltaram a se
aproximar de mim e me internaram em uma comunidade terapêutica.
Lá eu aprendi muito sobre a irmandade de Narcóticos Anônimos e,
quando saí, passei a frequentar
as reuniões da NA. Fui muito bem recebido e consegui me sentir
importante para alguém.
Achava que ia morrer usando e hoje venho apreendendo que o NA
está de porta abertas para me acolher e me ajudar. Para me manter
longe da droga, ainda preciso me vigiar, saber o que vou fazer. Evito
algumas pessoas e lugares. Tudo o que é ruim para mim hoje eu evito.
Procuro decidir tudo da maneira mais correta, calculo e tomo a atitude
certa com responsabilidade. O primeiro passo para parar de usar é ter
o desejo. Tem que querer muito. É difícil, eu sei. Cada dia eu faço a
decisão de não usar. Eu tenho o desejo, eu tenho a vontade de ficar
limpo. Com tudo isso aprendi a preservar a minha vida. A coisa mais
importante que tenho hoje é a minha vida." Disponível em:
https://www.minhavida.com.br/materias/materia-14575
À vista desse desígnio, o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de
Psiquiatria se posicionou no sentido de que a descriminalização do consumo de drogas pode
ocasionar no aumento do consumo, no comprometimento a saúde dos usuários e pública, bem
como no fortalecimento do narcotráfico. Ademias, a Associação de Delegados de Polícia do
Brasil (Adepol) acrescentou que a descriminalização ocasiona no aumento do consumo,
portanto, mais usuários significa mais traficantes e consequentemente, mais violência no país.

Visto isso, é de fácil entendimento que com mais violência outro direito fundamental
garantido pela Constituição Federal seria ferido, uma vez que o Estado tem o dever de
fornecer segurança à população, de modo que a liberação das drogas para consumo próprio
feriria dois direitos fundamentais inerentes a dignidade da pessoa humana.

Dessarte, no que se refere aos argumentos proferidos pelos respeitados Ministros do


STF temos que, o argumento de que é inconstitucional o art. 28 da lei antidrogas, uma vez que
o Estado não deve interferir em um hábito pessoal que não gere dano as outras pessoas, não
encontra verdade diante aos fundamentos expostos acima.

Por fim, temos que a lei 11.343/2006 em seu art. 28 que:


Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das
drogas; II - prestação de serviços à
comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal,
semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena
quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica.
§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.
§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo
serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
§ 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III
do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez)
meses.
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será cumprida em
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais,
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se
refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se
recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação
verbal; II -
multa.
§ 7º O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição
do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde,
preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.

Sendo muito clara em sua redação, a aplicação de uma sanção menos punitiva
para quem porta drogas para consumo próprio, não ferindo, dessa forma, nenhum direito
constitucional, uma vez que a manutenção dessas medidas deverá se manter.

Ademais, cabe ressaltar que para descriminalizar o porte para consumo próprio
teríamos que descriminalizar também, a produção de drogas o que geraria um grande
problema no controle das quantidades produzidas, que poderia ocasionar problemas até
mesmo na importação e exportação dessas, uma vez que tudo que e produzido no Brasil
atualmente é exportado para fora. assim, parte desse entendimento foi firmado pelo
respeitado Ministro Luís Barroso ao relatar que há uma inconsistência em descriminalizar o
porte, mas manter criminalizada a produção da droga. Portanto, o ministro sugeriu que o
Congresso observe com atenção o exemplo de países nos quais o mercado é legalizado.
Desse modo, para ele a questão deve ser tratada como um caso de saúde pública, e não na
ótica criminal.
CONCLUSÃO

Diante os fundamentos expostos no desenvolvimento desse trabalho, temos que o


problema das drogas existe desde o final do século XIX, onde as pessoas menos
desfavorecidas economicamente sempre foram as mais atingidas o que ocasionou sofrimento
em uma eterna “luta contra as drogas” a várias famílias.
Portanto, a discussão sobre a descriminalização ou não, deve estar voltada a
fundamentos jurídicos como os direitos fundamentais inerentes a dignidade da pessoa
humana, como a segurança e a proteção do maior bem jurídico, sendo a vida. Desse modo,
toda e qualquer decisão contrária a isso viola princípios básicos que precisam ser preservados
para que o ato de usar drogas que causam tantos danos à saúde e a coletividade não seja
normalizado.
Ademais, a redação do art. 28 da Lei 11.343/2006 se atenua a deixar e permitir penas
mais brandas como admoestação verbal caso um individuo seja pego com posse de drogas
para consumo próprio, justamente para evitar mais lotação em presídios por atitudes que não
ferem o bem jurídico de terceiros.
Contudo, a manutenção da criminalização das drogas deve ser a medida que se mantém
por não violar princípios básicos, conforme já explicado e exemplificado no desenvolvimento
do presente trabalho.
REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Lei nº 13.840, de 5 de junho de 2019. Brasília: Diário Oficial da União. BRASIL. Política
Nacional sobre Drogas. Disponivel em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/08/stf-julga-descriminalizacao-das-drogas-
conheca-argumentos-contra-e-a- favor.shtml#:~:text=ARGUMENTOS%20CONTRA%20A
%20DESCRIMINALIZA%C3%87
%C3%83O%20DAS%20DROGAS&text=Em%20nota%20conjunta%20divulgada%20no,ao
%20uso%20terap%C3%AAutico%20da%20Cannabis.

Você também pode gostar