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I – Introdução
modelo a fim de preparar os jovens para uma vida profissional, suprindo, assim, a
sociedade, em seu desenvolvimento industrial, de mãodeobra qualificada.
A escola apresentouse com uma proposta de ensino pautada na concepção de
educação, que incluía, entre outras disciplinas, as práticas agrícola, industrial, comercial
e educação para o lar. Um dos motivos pelos quais esse modelo de escola não perdurou
foi que, por ser uma estrutura muito onerosa, necessitava de muitos recursos humanos e
financeiros, principalmente, para a manutenção e o funcionamento dos laboratórios de
práticas. Se a questão financeira já se mostrava como uma dificuldade no período em
que a escola recebia recursos oriundos dos Estados Unidos, a situação se agravou ainda
mais quando esses deixaram de existir, após o fim dos acordos MECUSAID.
II – As instituições escolares
Os estudos em história da educação, ao longo dos anos, têm passado por várias
transformações teóricometodológicas, interferindo no desenvolvimento das pesquisas e
nos conhecimentos produzidos a partir delas. Podemos destacar o fato dos estudos sobre
educação deixarem de pertencer, exclusivamente, ao terreno da Pedagogia para ganhar,
também, o da História, o que ocasiona um novo olhar para as questões educacionais e
uma ampliação das possibilidades de tratamento do tema.
Uma outra transformação que em muito contribuiu e, ainda, contribui para o
desenvolvimento das pesquisas na área da História da Educação e que se relaciona
diretamente com o presente trabalho é a mudança de foco da historiografia educacional.
Este antes centravase nos aspectos macro, na história geral, utilizandose basicamente
de fontes escritas. Atualmente, tem se voltado para os aspectos micro, ou seja, das
instituições escolares, onde, de fato, as práticas e políticas educativas se materializam.
Por meio da análise de tais instituições, que se configuram como o particular e o
específico, é possível entender e vislumbrar o macro, visto que as partes contêm
elementos do todo.
Para Ester Buffa (2002, p.25), “Pesquisar uma instituição escolar é uma das
formas de se estudar filosofia e história da educação brasileira pois as instituições
escolares estão impregnadas de valores e idéias educacionais. As políticas educacionais
deixam marcas nas escolas”.
Essa relação partetodo também é abordada por Magalhães ao dizer que
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Lacerda, e, em São Paulo, por Adhemar de Barros. O golpe recebeu um apoio irrestrito
da imprensa, que salientou a atuação dos civis.
O Dia do Golpe, que trouxe marcas e conseqüências profundas para o Brasil e
para todo o seu povo, oito anos depois, foi noticiado e comemorado pela imprensa
uberlandense como a Revolução de Março. Segundo a matéria apresentada pelo jornal, a
“Revolução de Março” não só beneficiou o país, mas foi, antes de tudo, uma medida
necessária para libertar e proteger o povo da opressão a que estava submetido e para
tirar o Brasil do caos econômico e social em que se encontrava. E que por meio de
atitudes firmes e planejadas de seus governantes conseguiu atingir os seus objetivos,
promovendo o desenvolvimento do país em seus diversos setores – econômico, social,
educacional e político.
Foi neste período que a ditadura atingiu o seu auge, nos anos de 1967 a 1973, no
qual há uma abundância de recursos internacionais que financiavam o regime e lhe
davam legitimidade, primeiramente, com o presidente Costa e Silva e o decreto do AI5,
em abril de 1969 e, posteriormente, com o presidente Médici. A intervenção do AI5,
além das restrições apresentadas acima, ocorreu, também, no setor educacional escolar,
que, principalmente nesse tipo de regime, tem uma grande importância, uma vez que se
caracteriza como um aparelho ideológico do grupo dominante.
Assim sendo, a educação passa por profundas transformações tanto a nível do
ensino superior, com a Lei 5.540/68, e do ensino de 1º e 2º graus, com a Lei 5.692/71,
que é a que nos interessa de forma especial no presente trabalho, visto que a proposta de
criação das Escolas Polivalentes surge no âmbito desta reforma.
A falta de recursos decretou não apenas o fim do programa que pretendia criar
em todo o país as Escolas Polivalentes, mas o fim da própria ditadura militar. O
capitalismo mundial estava em crise, devido a conflitos no Oriente Médio, situação essa
que provocou a alta do petróleo em 1973, colocando fim à entrada de recursos
internacionais por meio das linhas de crédito de financiamento. Em 1974, no governo
do presidente Geisel, iniciase o processo de abertura do regime, acabando com o AI5 e
promovendo a anistia aos exilados e, em 1979, o então presidente Figueiredo, termina o
processo que conduz o país à democracia.
Podese concluir, após esses dez meses de investigação, que, mesmo tendo o
intento de ser uma escola de referência, o Polivalente passou pelas mesmas dificuldades
que as demais escolas da época: insuficiência de recursos financeiros, enfrentamento de
questões administrativas e pedagógicas envolvendo os diversos atores da realidade
escolar: pessoal técnicoadministrativo, professores, alunos e pais. Além do mais,
pertinente a uma proposta nacional fracassada de profissionalização do ensino, o
Polivalente, também, teve os seus propósitos malogrados, culminando com a completa
transformação de seu projeto pedagógico nos já existentes projetos desenvolvidos pelas
demais escolas estaduais.
Hoje a Escola Estadual Polivalente Guiomar de Freitas Costa ainda cumpre a sua
função de instituição de ensino, mas, agora, como todas as demais escolas da rede
estadual de Uberlândia. No entanto, parte de suas características originárias ainda
encontrase presente no prédio, na estrutura física e na memória dos que vivenciaram os
seus tempos áureos, seja como alunos ou como profissionais.
A REFORMA do ensino. Cor reio de Uber lândia, Uberlândia, 08 ago 1971, nº 11301,
p.3.
BUFFA, Ester. História e filosofia das instituições escolares. In: ARAUJO, José Carlos
Souza & JÚNIOR, Décio Gatti (orgs.). Novos temas em história da educação
br asileira: instituições escolares e educação na imprensa. Campinas, SP: Autores
Associados; Uberlândia, MG: Edufu, 2002. ISBN 8574960527
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GINÁSIO Polivalente tem inscrição aberta. Corr eio de Uber lândia, Uberlândia, 11 jul
1971, nº 11285, p.6.
SKIDMORE, Thomas. Br asil: de Castelo a Tancr edo. 4.ed. Local: Paz e Terra, 1988.
UMA efeméride histórica. Corr eio de Uberlândia, Uberlândia, 30 mar 1972, nº 11435,
p.3.