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A especificidade do

clima português

Geografia A 10.o ano – Isabel Costa ꞏ Liliana Rocha


Enquadramento temático

3. Os recursos hídricos

3.1. A especificidade do clima português

3.2. As disponibilidades hídricas

3.3. A gestão dos recursos hídricos

Co
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Aprendizagens Essenciais al.

Analisar questões geograficamente relevantes do espaço português:


Relacionar as especificidades climáticas, as disponibilidades hídricas e os regimes dos
cursos de água de diferentes regiões portuguesas, apresentando um quadro-síntese
para cada região.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português A água, um recurso vital

Elemento imprescindível para o funcionamento orgânico dos seres vivos e


das atividades humanas.

ÁGUA

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

71% da superfície terrestre é composta por água.

Fig. 1 Água disponível no planeta.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Ciclo hidrológico – processo de circulação contínua da água entre os continentes, os


oceanos e a atmosfera, por efeito da energia solar, que permite a passagem da água
por diferentes estados físicos (líquido, sólido e gasoso).

Evaporação
Transferência da água entre
os oceanos, mares, rios e
lagos para a atmosfera, pela
ação da energia solar, sob a
forma gasosa.

Evapotranspiração
Evaporação da água
libertada pela respiração e
pela transpiração dos
animais e das plantas para a
Fig. 2 Ciclo hidrológico.
atmosfera.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Condensação
Passagem do vapor de
água do estado gasoso ao
estado líquido, devido ao
arrefecimento do ar,
originando a formação de
nuvens e de precipitação.

Precipitação
Queda de água após a saturação do ar
Fig. 2 Ciclo hidrológico.
e seu regresso aos continentes. Uma
parte desta escorre à superfície e outra
infiltra-se no solo, regressando
novamente aos mares e oceanos.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Ciclo hidrológico – processo natural contínuo que transforma a água num


recurso renovável, pois permite:

purificar a água, libertando


através do processo de evaporação.
bactérias e toxinas

transferir a energia (sob a


forma de calor latente)
no momento da condensação.
concentrada no vapor de
água

redistribuir a água na Terra


através da precipitação.
de uns lugares para outros

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B1 O CICLO HIDROLÓGICO
Qual a relação entre a temperatura do ar e o ponto de saturação?
O total de vapor de água que existe numa determinada porção da atmosfera
designa-se por humidade absoluta.

Quanto maior for a temperatura do ar, maior será a evaporação e, por isso,
maior será a humidade absoluta.
B1 O CICLO HIDROLÓGICO
Qual a relação entre a temperatura do ar e o ponto de saturação?
A uma temperatura de Se a temperatura deste volume de ar descer
25 °C, um metro cúbico para 10 °C, o seu ponto de saturação diminui,
de ar consegue conter, pois o mesmo volume de ar já só consegue
no máximo, 23 g de conter apenas 9,4 g de vapor de água.
vapor de água.

O excesso de humidade, 13,6 g, passa do estado gasoso ao estado


líquido, isto é, condensa.
B1 O CICLO HIDROLÓGICO

Quando a humidade relativa Sendo necessário que


é 100%, diz-se que o ar está existam também, na
saturado e todo o vapor de atmosfera, os núcleos de
água em excesso condensa. condensação, isto é,
partículas sólidas
suspensas na atmosfera,
que constituem
superfícies sobre as quais
o vapor de água
condensa.
Humidade relativa:

Núcleos de condensação:

poeiras, fumos, cinzas, sais e


outras partículas sólidas em
volta das quais o vapor de
água condensa.
Os recursos hídricos

A especificidade do clima português A pressão atmosférica

A atmosfera desempenha um papel fundamental nos diferentes processos


que ocorrem no ciclo hidrológico, porque é uma camada que está em
constante interação com a superfície terrestre.

É constituída por gases que


exercem um peso sobre a Pressão atmosférica (hPa ou mb)
superfície terrestre.

Está diretamente relacionada


com a: Varia de lugar
– altitude; para lugar
– temperatura;
– densidade do ar.

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B1 A PRESSÃO ATMOSFÉRICA
O que é a pressão atmosférica?
PRESSÃO força que a atmosfera exerce sobre a superfície da Terra.
ATMOSFÉRICA: Exprime-se em milibares (mb) ou em hectopascais (hPa).

Coluna
de ar
sobre o
solo
B1 A PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Como varia a pressão atmosférica?
ALTITUDE

À medida que a altitude aumenta, a


pressão atmosférica diminui, uma
vez que o ar se vai tornando cada
vez mais rarefeito e o peso da
coluna de ar sobre os lugares vai
sendo cada vez menor.
B1 A PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Como varia a pressão atmosférica?
TEMPERATURA

Com o aumento da temperatura, o


ar expande-se, pelo que as suas
moléculas ficam mais afastadas,
exercendo menor pressão.
Com a diminuição da temperatura,
o ar contrai-se, as suas moléculas
ficam mais próximas, o que resulta
num aumento da pressão.
B1 A PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Como varia a pressão atmosférica?
HUMIDADE DO AR

Como o ar húmido possui mais


moléculas de vapor de água, que são
mais leves, o ar torna-se menos
denso, pelo que a pressão diminui.
Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

A pressão atmosférica é definida a partir do nível do mar


– 1013 mb é considerado um valor de pressão normal.

Fig. 3 Fig. 4

A cartografia dos valores da pressão atmosférica pode ser feita através de linhas que
unem pontos onde se verifica o mesmo valor de pressão, designadas por isóbaras ou
linhas isobáricas.

Quanto maior for a proximidade das isóbaras, maior é o gradiente de pressão.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

A pressão atmosférica é definida a partir do nível do mar


– 1013 mb é considerado um valor de pressão normal.

Fig. 3 Fig. 4

Nos centros de baixas pressões,


Nos centros de altas pressões ou
ciclones ou depressões
anticiclones, a pressão aumenta da
barométricas, a pressão diminui da
periferia para o centro, onde se
periferia para o centro, onde se
regista a pressão mais elevada.
regista a pressão mais baixa.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

A diferença de pressão entre centros barométricos de altas e baixas pressões –


gradiente barométrico – origina movimentos verticais do ar (vento), que se desloca
sempre dos centros de altas pressões para os de baixas pressões, quer em altitude quer
à superfície.

Fig. 5
Movimento do
ar à superfície.

A direção do vento é condicionada pelo movimento de rotação da Terra, que provoca um


desvio dos ventos para a direita, no hemisfério norte, e para a esquerda, no hemisfério
sul – força de Coriolis.

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B1 A PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Quais os estados do tempo associados aos anticiclones e
depressões barométricas?
B1 A PRESSÃO ATMOSFÉRICA

CENTROS DE ALTAS PRESSÕES (ou anticiclones)

• o ar é subsidente (descendente) em altitude ↧


• é divergente à superfície

• Aquece (ao descer a temperatura aumenta).

• A sua humidade relativa diminui

• O seu ponto de saturação não é atingido

• Não há condensação
B1 A PRESSÃO ATMOSFÉRICA

CENTROS DE BAIXAS PRESSÕES (ou depressões barométricas)

• O ar converge à superfície

• Ascende (sobe)

• Arrefece (ao subir a temperatura diminui)

• A sua humidade relativa aumenta

• O seu ponto de saturação pode ser atingido

• Pode existir condensação
Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

São essas diferenças de pressão atmosférica que determinam as características dos


climas e influenciam os estados de tempo que se fazem sentir à superfície da Terra.

Fig. 6 Os movimentos de ar nas altas e nas baixas pressões. Fonte: Enciclopédia Visual – Clima. V.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português A dinâmica da atmosfera

Os centros barométricos sofrem ligeiras


oscilações na sua localização, ao longo do
o movimento de rotação da Terra
ano, porque a circulação do vento é
influenciada por vários fatores:
a inclinação do eixo da Terra sobre a
órbita

a desigual distribuição de
continentes e de oceanos pela
superfície terrestre

a distribuição zonal da pressão


atmosférica à superfície do Globo

a alternância de baixas e altas


pressões, ao longo dos paralelos,
equidistantes em relação ao
Fig. 7 Circulação geral da atmosfera.
equador térmico

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

A circulação geral da atmosfera depende da ação dos centros de pressão.

No equador formam-se baixas pressões


porque a elevada temperatura provoca a
subida do ar. Em altitude, o ar arrefece e
dirige-se para as regiões subtropicais.

Nas regiões subtropicais, o ar desce e


origina altas pressões. À superfície, diverge
em direção ao equador e às latitudes médias
(entre os 40° e os 60° N e S).
Fig. 7 Circulação geral da atmosfera.

Nas latitudes médias, o encontro entre o ar Nos polos formam-se altas pressões
tropical e o ar polar provoca o seu devido às baixas temperaturas. Por
movimento ascendente e a formação de essa razão, o ar diverge à superfície, a
baixas pressões. partir das regiões polares.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

A circulação geral da atmosfera origina, assim, ventos constantes ou dominantes que


sopram ao longo do ano com velocidade e direção mais ou menos constantes:

Ventos alísios – ventos quentes e secos que


se deslocam das altas pressões subtropicais
para as baixas pressões equatoriais e
convergem na zona de CIT.
Ventos de oeste – ventos húmidos,
localizados nas zonas temperadas, que se
deslocam das altas pressões subtropicais
para as baixas pressões subpolares. No
hemisfério norte são predominantemente
de oeste, devido ao movimento de rotação
da Terra.
Ventos polares (de leste) – ventos frios e
Fig. 7 Circulação geral da atmosfera.
secos que se deslocam das altas pressões
polares para as baixas pressões subpolares.
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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

As características climáticas de Portugal estão diretamente relacionadas com as dinâmicas


da circulação atmosférica verificada nas latitudes intermédias da zona temperada.

No inverno é afetado
pelas baixas pressões
subpolares

– Maior nebulosidade
– Precipitação abundante
– Massas de ar polar
(marítimo e continental)
Fig. 8 Distribuição dos centros de pressão em latitude, em janeiro.
associadas

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Fig. 9 Distribuição
dos centros de
pressão em
latitude, em julho.

– Céu limpo
No verão é afetado pelas
– Tempo seco
altas pressões
– Massas de ar quente
subtropicais (anticiclone
tropical (marítimo e
dos Açores)
continental) associadas

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

O clima de Portugal é, também, influenciado por outros fatores:

Escal As oscilações latitudinais dos centros de pressão influenciam as características


a climáticas ao longo do ano, determinando as diferenças sazonais.
Latitude
mun
dial A influência dos ventos de oeste.
As massas de ar, ao atravessarem a Península Ibérica, sofrem alterações de T
Continentalidade °C e perdem as suas propriedades marítimas, que influenciariam o clima das
regiões do interior da Península.
Escal As massas de ar marítimo, trazidas pelos ventos de oeste, influenciam o
a Proximidade ao clima das regiões do litoral de Portugal continental bem como o dos
regio oceano Atlântico arquipélagos, pois contribuem para amenizar as T °C e aumentar a humidade
nal do ar nesses territórios.
Proximidade ao A posição geográfica, sobretudo da Madeira, determina a influência de
continente massas de ar quente e seco no clima do arquipélago e na região Sul do
africano território nacional.

A variação da T °C e da Pmm devido à altitude, à orientação e à exposição das


Escal Relevo
vertentes das montanhas.
a
local Atividades
A alteração da T °C devido ao tipo de uso do solo e à construção de cidades.
humanas
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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Estação seca estival – Massas de ar

As condições meteorológicas que se


Extensas porções de ar na troposfera
verificam em Portugal são,
que apresentam, no plano horizontal,
igualmente, determinadas por
propriedades idênticas de
massas de ar com características
temperatura, humidade e densidade.
diferentes.

Fig. 10 Principais
massas de ar que
afetam Portugal.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Frente polar no hemisfério norte

As massas de ar deslocam-se em Superfície inclinada de descontinuidade


conjunto, raramente se misturam entre duas massas de ar com
e, quando se aproximam, características (temperatura, densidade e
forma-se uma superfície frontal. humidade).

Frente – resulta da
interseção da
superfície frontal com
a superfície terrestre.

Fig. 11 Superfície frontal e frente.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

As frentes podem ser frias ou quentes e, como tal, apresentam dinâmicas distintas:

Fig. 12 Estrutura de
uma perturbação
frontal (corte vertical).

Na frente fria, o ar frio (mais Na frente quente, o ar quente


denso) avança e aloja-se, em (menos denso) avança e
cunha, por baixo do ar quente, sobrepõe-se progressivamente ao
“empurrando-o” e obrigando-o a ar frio, subindo lentamente pela
ascender rapidamente. superfície frontal.
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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

É nas latitudes médias dos dois É responsável por várias


hemisférios que se dá a interseção das perturbações que originam
massas de ar quente tropical com as situações de mau tempo e
massas de ar frio polar, originando a atinge especialmente o território
formação da frente polar. português no inverno.

Fig. 13 Evolução de uma perturbação da frente polar.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Perturbações frontais

Perturbação frontal – conjunto É constituída por três setores:


formado por uma frente fria e uma – um setor de ar frio polar anterior;
frente quente contíguas associadas a – um setor de ar quente tropical;
uma depressão barométrica. – um setor de ar frio polar posterior.

Encontram-se separados
pela frente quente, que se
localiza entre o ar quente
tropical e o ar frio
anterior, e pela frente fria,
que se localiza entre o ar
frio posterior e o ar
Fig. 14 Perturbação frontal, em plano horizontal (A) e plano vertical (B). quente tropical.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Tipos de precipitação

Para se verificar precipitação, é necessário que haja ascensão do ar, e,


dependendo dos processos que o obrigam a subir, podem verificar-se três
tipos principais de precipitação.

Precipitações frontais

Resultam da ascensão do ar quente numa


superfície frontal.
Numa frente fria, a superfície frontal
apresenta um maior declive, logo o ar frio
obriga o ar quente a subir rápida e
violentamente. Ao subir, vai arrefecer e,
quando atingir o ponto de saturação, vai
formar nuvens de grande desenvolvimento
Fig. 15 Precipitação frontal numa frente fria.
vertical.

Precipitações intensas, tipo aguaceiros.


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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Precipitações frontais Numa frente quente, a superfície frontal


apresenta um menor declive e é mais
extensa, logo o ar quente desloca-se
sobre o ar frio e sobe mais lentamente.

Precipitações menos intensas, mas


contínuas e de maior duração.

Frequentes durante o inverno,


sobretudo na região Norte de Portugal
continental, quando as baixas pressões
subpolares se localizam mais a sul.

Frequentes no arquipélago dos Açores,


pois está muito exposto à influência das
Fig. 15 Precipitação frontal numa frente fria.
perturbações da frente polar, devido à
sua latitude.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Precipitações convectivas Resultam da ascensão do ar aquecido por


contacto com a superfície terrestre
sobreaquecida.

Ao subir, o ar arrefece, promovendo a


condensação de vapor de água e a
formação de nuvens de
desenvolvimento vertical.

Aguaceiros abundantes, intensos e de


curta duração, por vezes acompanhados
de trovoadas.

Ocorrem, sobretudo, no interior de


Portugal continental (vale superior do
Fig. 16 Precipitação convectiva.
rio Douro), durante o verão, na
sequência das depressões barométricas
de origem térmica que se formam sobre
a Península Ibérica.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Resultam da ascensão do ar húmido


Precipitações orográficas
proveniente do oceano, ao longo das
vertentes das montanhas (barreiras de
condensação).

Ao subir, o ar húmido arrefece e


aumenta a humidade relativa, o que
pode originar a condensação do vapor
de água, a formação de nuvens e,
consequentemente, a precipitação.

Ocorrem, frequentemente, nas áreas de


montanha, nomeadamente nas
vertentes expostas a ventos húmidos.
Fig. 17 Precipitação orográfica.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Variação anual da precipitação

Localização em latitude de
A distribuição anual irregular…
Portugal

Valores mais elevados no final do


outono, durante o inverno e no início
No inverno é afetado pela(s):
da primavera.
– baixas pressões subpolares
– frente polar

Deslocam-se para sul e são


Valores mais responsáveis pelos elevados valores
baixos no verão. de precipitação.

No verão é afetado pela(s):


– altas pressões subtropicais
– anticiclone dos Açores

Deslocam-se para norte e são


Fig. 18 Variabilidade da precipitação média mensal em responsáveis pelos baixos valores de
Portugal continental, em 2019. precipitação.
Fonte: IPMA.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Variação interanual da precipitação

A deslocação em latitude das baixas Provoca alterações na


pressões subpolares e das altas distribuição da precipitação ao
pressões subtropicais é variável todos longo dos anos.
os anos.

Fig. 19 Variação da precipitação interanual em Portugal continental. Fonte: INE, IPMA.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Distribuição espacial da precipitação

Distribuição espacial irregular

Diminuição de litoral para o Diminuição de Norte para Sul


interior.

A norte do rio Tejo


No litoral, os valores de Pmm registam-se totais médios de
são mais elevados porque as Pmm mais elevados, devido,
respetivas regiões estão mais sobretudo, ao fator latitude –
expostas às massas de ar influência das baixas
húmido, dada a proximidade pressões subpolares e da
do mar. perturbação da frente polar.

A sul do rio Tejo verifica-se


uma maior influência das
altas pressões subtropicais,
Fig. 20 Distribuição da precipitação total anual
pelo que é um território mais
em Portugal continental, em 2018.
Fonte: INE, IPMA.
seco.
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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Distribuição espacial da precipitação

Distribuição espacial irregular devido ao relevo

Áreas de montanha do Interior Norte


Noroeste e do Centro

A barreira de condensação
As vertentes concordantes à formada pelas montanhas
linha de costa e as do Noroeste – vertentes
precipitações orográficas concordantes – impede a
reforçam a ação das frontais. passagem dos ventos
húmidos oceânicos.
Sistema montanhoso – serra
da Estrela

Valores mais baixos


As vertentes discordantes em ocorrem no vale superior
relação à linha de costa do rio Douro e no sul do
facilitam a penetração dos país – vale do rio Guadiana
ventos húmidos do oeste e litoral algarvio.
para o interior. Fig. 20 Distribuição da precipitação total anual
em Portugal continental, em 2018. Fonte: INE, IPMA.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Nas regiões autónomas, a Pmm é fortemente condicionada pela altitude do território e


pela orientação das montanhas em relação aos ventos dominantes.

Fig. 21 Distribuição da precipitação na ilha de S. Miguel (A) e da Madeira (B). Fonte: http:://www.climaat.angra.uac.pt/.

O arquipélago dos Açores apresenta O arquipélago da Madeira apresenta


um regime pluviométrico frequente e um regime pluviométrico semelhante
distribuído de forma regular ao longo ao do território continental:
do ano, sendo raros os dias de verão distribuição irregular das precipitações,
quentes e sem chuva. sendo reduzidas nos meses de verão.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Situações meteorológicas frequentes

Portugal é afetado por diferentes estados do tempo, ao longo do ano e de acordo com
a estação do ano, decorrentes da circulação geral da atmosfera nessa latitude.

No inverno

Menor ângulo de incidência dos raios solares nas


latitudes em que Portugal se encontra

Menor duração do dia natural


As temperaturas
médias diária e
mensal, nesta Maior massa atmosférica atravessada pelos raios
época do ano, são solares
baixas, devido:
Menor insolação

Influência das massas de ar frio

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Situações meteorológicas frequentes

No inverno

Portugal é afetado pela(s):

– depressões subpolares
– pela perturbação da
frente polar

Deslocam-se de oeste para


este

Geram situações
meteorológicas de grande
Fig. 22 Situação meteorológica em 29 de janeiro de 2020. Fonte: IPMA. instabilidade atmosférica

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Situações meteorológicas frequentes

No inverno – Depressão barométrica a


Centros
oeste das ilhas britânicas e
barométricos e
noroeste da Península Ibérica
sua localização
– Anticiclone a sul de Portugal
– Frente quente a afetar o
norte da Península Ibérica
Frentes e sua
– Frente fria a afetar os Açores
localização
e o noroeste de Portugal
continental
– Chuva contínua no Norte e
Previsão do Centro.
estado do tempo – Céu progressivamente
para Portugal nublado, que se estenderá a
continental todo o território
– Descida da temperatura
Previsão do
Precipitação forte e descida da
estado do tempo
temperatura
para os Açores
Fig. 22 Situação meteorológica em 29 de janeiro de 2020. Fonte: IPMA.
Previsão do Probabilidade de ocorrência
estado do tempo de precipitação no norte da
para a Madeira ilha e descida da temperatura

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Os recursos hídricos
Situações meteorológicas
A especificidade do clima português
menos frequentes

No inverno
Portugal é afetado por um

anticiclone de origem térmica

- Forma-se no interior da
Península Ibérica, devido ao
intenso arrefecimento do ar em
contacto com a superfície
terrestre muito fria

Barreira à passagem
dos sistemas frontais

- Originam dias muito frios e


secos (ausência de precipitação e
de nebulosidade)
Fig. 23 Situação meteorológica num dia do mês de fevereiro.
Fonte: IPMA.
Formação de geada
no interior do país

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Situações meteorológicas frequentes

No verão

Maior ângulo de incidência dos raios solares

Maior duração do dia natural


As temperaturas
médias diária e
mensal, nesta Menor massa atmosférica atravessada pelos raios
época do ano, são solares
baixas, devido:
Maior insolação

Influência das massas de ar quente tropical que


atravessam o território nacional

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Situações meteorológicas frequentes

No verão

Portugal é afetado por:

– altas pressões subtropicais

Deslocadas mais para norte


nesta época do ano

– em particular, pelo
anticiclone dos Açores

Originam “bom tempo” e


afastam a instabilidade
atmosférica
Fig. 24 Situação meteorológica num dia de julho. Fonte: IPMA.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português Situações meteorológicas frequentes

No verão
Anticiclone a oeste e sobre
Centros
a Península Ibérica e
barométricos e sua
depressão a oeste do Reino
localização
Unido
Frentes e sua Frente fria a oeste do Reino
localização Unido não afetará Portugal
Previsão do estado
do tempo para
Céu limpo
Portugal
continental
Previsão do estado
do tempo para os Céu limpo
Açores
Previsão do estado
do tempo para a Céu limpo
Fig. 24 Situação meteorológica num dia de julho. Fonte: IPMA.
Madeira

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Os recursos hídricos
Situações meteorológicas
A especificidade do clima português
menos frequentes

No verão Portugal é afetado por um

depressão barométrica de origem


térmica

- Forma-se no interior da Península


Ibérica, devido ao intenso
aquecimento do ar

Origina temperatura s altas, formação de


nebulosidade e precipitação de curta
duração, podendo ocorrer trovoadas e
granizo

- Posição do anticiclone dos Açores


a norte do arquipélago
Fig. 25 Situação meteorológica num dia de julho. Fonte: IPMA.

Origina a formação de nortada, vento do


quadrante norte ao longo da costa
portuguesa

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português A diversidade climática em Portugal

No continente

Portugal continental apresenta


uma variabilidade regional da
temperatura e da precipitação que
se traduz numa diversidade
climática. Contudo, o seu clima
predominante é o clima
temperado mediterrânico.

Fig. 26 Subtipos climáticos em Portugal continental.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português A diversidade climática em Portugal

Fig. 27 Regime térmico e


pluviométrico da cidade
do Porto.

No litoral Norte, a influência marítima é acentuada:

T °C médias moderadas ao longo do ano

Amplitude térmica anual fraca (≤ 10 °C)

Pmm total anual abundante (> 1000 mm)

Estação seca (curta): 2 meses secos

Verões frescos e invernos suaves Fig. 26 Subtipos climáticos em Portugal continental.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português A diversidade climática em Portugal

Fig. 28 Regime térmico e


pluviométrico da cidade
de Bragança.

No Interior Norte, há uma maior influência


continental:
T °C médias elevadas no verão e baixas no
inverno (é frequente a formação de geada)

Amplitude térmica anual elevada (> 14 °C)

Pmm total anual escassa (< 800 mm)

Estação seca: 3 a 5 meses secos

Verões muito quentes e invernos muito frios Fig. 26 Subtipos climáticos em Portugal continental.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português A diversidade climática em Portugal

Fig. 29 Regime térmico e


pluviométrico da cidade
de Faro.

No Sul, há uma maior influência das características


climáticas:
T °C médias amenas no inverno e elevadas no
verão

Amplitude térmica anual moderada

Pmm total anual escassa

Estação seca (longa): até 6 meses

Verões quentes e invernos suaves Fig. 26 Subtipos climáticos em Portugal continental.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português A diversidade climática em Portugal

Nas áreas montanhosas, a influência da altitude é maior:

Amplitude térmica
anual elevada
(> 14 °C)

Pmm total anual


elevada (> 1000 mm)

Estação seca (curta):


2 meses secos

Verões frescos e
húmidos e invernos
rigorosos (por vezes, Fig. 30 Regime térmico e
com queda de neve) pluviométrico da região das
Penhas Douradas.

Fig. 26 Subtipos climáticos em Portugal continental.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Em Portugal, o período seco estival Número de meses em que o total


manifesta-se sobretudo no verão, de precipitação registado não
devido: ultrapassa o dobro do valor da
temperatura mensal, que ocorre
– à forte insolação; durante o verão.
– às elevadas temperaturas;
– à escassez de precipitação.
no norte, nomeadamente as regiões
do litoral, devido ao relevo mais
acidentado e à maior frequência da
A sua duração aumenta de norte para sul: passagem de sistemas frontais, a
região apresenta uma estação seca
mais curta;

no sul, devido ao relevo mais


aplanado e à maior frequência da
passagem de anticiclones
subtropicais, a estação seca é mais
longa.
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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Nos arquipélagos

Nos Açores, o clima é fortemente influenciado pelo oceano, nomeadamente


pela corrente quente do Golfo (que se desloca no sentido este-oeste), e pelo
relevo acidentado das ilhas .

Fig. 31 Subtipos climáticos no arquipélago dos Açores.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Fig. 32 Regimes térmico e pluviométrico dos Açores.


Principais características:

Temperaturas amenas
Reduzida amplitude térmica anual
Elevada humidade relativa
Pmm abundante e regular ao longo do ano, embora com maior incidência
no outono e no inverno
Estação seca inferior a dois meses (não se verifica no grupo ocidental)

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Na Madeira, o clima apresenta influências do oceano, da altitude, da latitude


e da circulação atmosférica, que provocam diferenciações climáticas à escala
regional, no arquipélago.

Fig. 33 Subtipos climáticos no arquipélago da Madeira.

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Os recursos hídricos

A especificidade do clima português

Principais características:

Temperaturas amenas

Reduzida amplitude térmica anual

Pmm abundante, sobretudo na


vertente norte da ilha da Madeira

Estação seca até seis meses (na


vertente sul da ilha da Madeira e na
Fig. 34 Regimes térmico e
ilha de Porto Santo) pluviométrico da Madeira.

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A especificidade do
clima português

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