Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ARTIGO ARTIGO
A metodologia do marco lógico e a gestão da informação: um
RESUMO
Apresenta a Metodologia do Marco Lógico (MML) como uma ferramenta para análise de formulação e avaliação
de políticas públicas, de programas e projetos de desenvolvimento sustentável, com vistas ao acesso a financia-
mentos de projetos por organismos internacionais. São caracterizados o histórico, as bases conceituais da Comis-
são Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) e da Agência Sueca de Cooperação Internacional para
o Desenvolvimento (ASDI), as etapas e a estrutura da MML, bem como suas vantagens e desvantagens. Evidencia
que o papel da Gestão da Informação para a MML é muito importante, na medida em que pode colaborar com
empreendedores e formuladores de políticas públicas de desenvolvimento sustentável, no tocante ao levantamen-
to de fontes primárias e secundárias para a tomada de decisões; gestão da propriedade intelectual (como o
registro de marcas e o depósito de patentes, por exemplo); transferência de tecnologia e colaboração na criação
de sistemas de informações econômico-sociais e ambientais para o desenvolvimento sustentável, principalmente,
de municípios de baixo IDH-M.
Palavras-chave: metodologia do marco lógico; gestão da informação; desenvolvimento sustentável; planeja-
mento regional; políticas públicas.
ABSTRACT
It presents the Logical Framework Approach (LFA) as a tool for formulation and evaluation analysis of public
policies, programmes and projects for sustainable development, in order to access projects funding through
1
Professora Assistente III, Curso de Gestão da Informação, Universidade Federal do Paraná - (UFPR). Vice-Coordenadora do Labora-
tório de Ecossocioeconomia da UFPR. Av. Prefeito Lothário Meissner, 632, Jardim Botânico, 80210-170, Curitiba, PR. Correspondên-
cia para/Correspondence to: E.C. PEREIRA. E-mail: <edmeire@ufpr.br>.
2
Acadêmico, Curso de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Paraná - (UFPR). Membro colaborador do Laboratório de
Ecossocioeconomia da UFPR Bolsista do Centro de Pesquisas Econômicas (CEPEC) da UFPR. Curitiba, PR. E-mail:
<ronald.jesus@ufpr.br>.
3
Professor Adjunto IV, Curso de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Paraná (UFPR). Coordenador do Laboratório de
Ecossocioeconomia da UFPR. Membro Colaborador do CIFLOMA/Engenharia Florestal da UFPR. Curitiba, PR. E-mail:
<blas@ufpr.br>.
* Os autores agradecem ao Prof. Dr. Fabio Dória Scatolin do Departamento de Ciências Econômicas da UFPR, por suas sugestões de
melhoria ao manuscrito.
Recebido em 29/2/2008 e aceito para publicação em 13/8/2008.
Riqueza deve ser entendida como De acordo com Amartya Sen, a Até o final dos anos 1970, sustentabilidade
valor de toda a base produtiva de finalidade do desenvolvimento é a era um conceito circunscrito à biologia
uma economia, compreendendo: o liberdade. São idéias muito novas, populacional, usado principalmente em
capital criado pelo homem, os tanto a distinção entre crescimento pesquisas sobre manejo da pesca e das
recursos naturais, o conhecimento, e desenvolvimento, quanto a florestas (p.61). A expressão “desenvolvi-
as habilidades e as instituições.
identificação deste com a mento sustentável” foi publicamente
Assim, diz Sir Partha Dasgupta, o
liberdade (p.65-66). Para que a empregada pela primeira vez em agosto
desenvolvimento deveria ser visto
expressão “desenvolvimento de 1979, no Simpósio das Nações Unidas
como crescimento da riqueza per
capita e não como crescimento do sustentável” deixe de ser um mero sobre as Inter-relações entre Recursos,
PIB per capita(p.97). conto de fadas, será necessário Ambiente e Desenvolvimento. E começou
que as sociedades contemporâ- a se legitimar como o maior desafio desse
neas assumam uma agenda século quando Gro Harlem Brundtland, a
ambiental com 12 graves presidente da Comissão Mundial sobre
desafios: Meio Ambiente e Desenvolvimento, a
1- hábitat; caracterizou como um “conceito político”
2- fontes protéicas; perante a Assembléia Geral da Organi-
3- biodiversidade; zação das Nações Unidas (ONU) de 1987
4- solos; (p.61).
5- energia; O adjetivo sustentável quer dizer:
6- água doce; manutenção de razoáveis taxas anuais de
7- capacidade fotossintética; aumento do PIB, sinônimo de: estável,
8- químicos tóxicos; permanente, duradouro ou consolidado,
9- espécies exóticas; qualificar o processo de desenvolvimento
10 - gases de efeito estufa; (compatibilizar crescimento econômico
11- crescimento populacional; com conservação dos ecossistemas).
12- aspirações de consumo (p.67- Existe uma relação dialética entre
68). desenvolvimento e sustentabilidade e
Desde o final do século passado, crescimento econômico e conservação
a idéia de desenvolvimento como ambiental (p.129).
prosperidade, ou progresso mate-
rial, passou a ser politicamente
incorreta se não estiver seguida do
adjetivo sustentável (p.128).
No início da década passada, três
66
correntes emergiram simultanea-
mente: a do desenvolvimento
humano (1990); a do pós-desen-
volvimento (1991) e a do de-
senvolvimento sustentável (1992)
(p.128).
FIM
PROPÓSITO
COMPONENTE
ATIVIDADES
c c
c
Pontos Críticos
Implementação como
aprendizado e tomada de
decisão
f Comunidade Local-Beneficiários e
c c c
EFEITO
c
c
CAUSA
C1 C2 C3
horizonte do plano e os meios de ação para alcançar mentação do plano). Nessa hora, elabora-se uma
a finalidade delimitada. Matriz do Marco Lógico. As atividades e os recursos
A terceira etapa da MML consiste em verificar são definidos e visualizados num certo horizonte de
os fatores que afetam de diversas formas as tempo.
c c c
FINS
c FINS
c
EFEITOS
C1 C2 C3
Temos de enfatizar que não se deve confundir a componentes, dos propósitos e dos fins, e de seus
MML com a Matriz do Marco Lógico, porque a indicadores, meios de verificação, hipóteses e riscos,
metodologia compreende dez passos, na visão de como veremos no bloco a seguir.
Ortegon; Pacheco; Prieto (2005, p. 70): 1) análise dos
atores envolvidos; 2) análise de problemas; 3) análise Como se pode observar, os autores ora
de objetivos; 4) análise de alternativas; 5) estrutura detalham em vários passos a MML, ora em etapas.
analítica do projeto; 6-9) matriz do marco lógico; 10) Todos que desejarem, porém, fazer a aplicação da
avaliação intermediária. A MML é “uma ajuda para metodologia, deverão basicamente rastrear a
refletir” (Scatolin, 2006); “uma ferramenta para pensar identificação do problema central e suas alternativas
o processo de planejamento” (Scatolin, 2006), enquanto de solução e, na seqüência, proceder ao planejamento
a matriz do Marco Lógico é o produto final do trabalho operacional prático para sua execução (Matriz do Marco
e consiste na descrição das atividades, dos Lógico), nossa próxima discussão.
FIM
PROPÓSITO
COMPONENTE
ATIVIDADES
Informação terá um papel fundamental e poderá tem um papel fundamental para a MML no tocante à
colaborar com o grupo de empreendedores, no tocante coleta, tratamento, disseminação e uso das informações
ao levantamento de informações para a tomada de socioeconômicas e ambientais, para o desenvolvimento
decisões de natureza científica, tecnológica, técnica, sustentável.
FRIEDMAN, T.L. O mundo é plano: uma breve história do século ZAPATA, M.E. Taller sobre marco lógico – Fortaleza, 20 al 22 de
XXI. 2.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 557p. marzo de 2006. IFLA/LAC Notícias, n.48, p.13-14, 2006.