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NO ENSINO MÉDIO
LINGUAGENS
6
UMA PARCERIA ENTRE A
SECRETARIA DE ESTADO DA
EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA
E O INSTITUTO AYRTON SENNA
EDUCAÇÃO INTEGRAL
NO ENSINO MÉDIO
LINGUAGENS
6
UMA PARCERIA ENTRE A
SECRETARIA DE ESTADO DA
EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA
E O INSTITUTO AYRTON SENNA
SECRETARIA DE ESTADO
DE EDUCAÇÃO DE SANTA
CATARINA (SED)
Boa leitura!
SUMÁRIO
FATORES DE INTEGRAÇÃO 18
A proposta curricular
integrada e flexível
é composta por dois
macrocomponentes
ÁREAS DE
CONHECIMENTO
LINGUAGENS 30
A integração da área 36
de Linguagens com outras
áreas de conhecimento
Avaliação em Linguagens 41
ARTE 42
EDUCAÇÃO FÍSICA 66
NÚCLEO
ARTICULADOR
LINGUA ESTRANGEIRA 80
MODERNA (INGLÊS)
LÍNGUA PORTUGUESA 98
E LITERATURA
10
Articulador introduz na matriz curricular componentes inovadores que oferecem aos
estudantes oportunidades educativas transformadoras, ligadas à construção de seus
projetos de vida e à atuação em iniciativas protagonistas, em projetos de intervenção
e de pesquisa, propícias à construção e/ou recontextualização de conhecimentos em
projetos. Vale reforçar que ambos possuem o compromisso com o desenvolvimento
das competências cognitivas e socioemocionais importantes para viver no século 21.
ÁREAS DE
CONHECIMENTO Nas Áreas, como preveem
os documentos orientadores
do currículo, os componentes
curriculares se integram de
diferentes modos, favorecendo
aprendizagens significativas.
CURRÍCULO
ESTRUTURADO
ATRAVÉS DE DOIS
MACROCOMPONENTES
NÚCLEO
ARTICULADOR
É voltado ao desenvolvimento
de projetos pelos alunos, sempre
orientados por professores.
LINGUAGENS
incluindo Língua Portuguesa e Literatura, Arte,
Educação Física e Língua Estrangeira Moderna
MATEMÁTICA
Matemática
CIÊNCIAS DA NATUREZA
incluindo Biologia, Física e Química
CIÊNCIAS HUMANAS
incluindo História, Geografia, Sociologia e Filosofia
11
A INTEGRAÇÃO NAS AULAS
12
sentidos do conteúdo e, também, com o desenvolvimento de
habilidades e competências. Juntos, eles preparam o jovem para a
superação das dificuldades que eventualmente possam surgir, sempre
orientados pela meta principal desta proposta, que é a autonomia.
A integração nesta proposta curricular, ainda que contemple a
aproximação dos componentes pelos conhecimentos específicos, neste documento, a fim de facilitar a
tem como foco o trabalho colaborativo em todas as oportunida- comunicação, chamaremos de “aula”
des educativas, o desenvolvimento da autogestão dos alunos e a o conjunto de interações educativas,
elaboração de seus projetos de vida, por meio de metodologias sejam elas aulas, orientações de
integradoras diferenciadas, que têm como meta levar o jovem projetos, estudos orientados, atividades
ao desenvolvimento pleno dos potenciais expressos na Matriz de culturais ou esportivas etc.
Competências para o Século 21.
Integrar áreas e componentes tem ainda uma consequência
muito importante: encoraja os professores ao trabalho coletivo e
colaborativo. Ao compartilharem conteúdos, informações sobre
seus interesses e talentos comuns, bem como sobre objetivos,
temas, conceitos organizacionais do ensino em suas áreas, eles
favorecem que os estudantes atuem juntos, e que eles próprios
conquistem outro patamar de profissionalização e novas compe-
tências profissionais como educadores.
13
FATORES DE INTEGRAÇÃO
As formas de
Os fazeres em comum (métodos de pensar sobre os
pesquisa, procedimentos de análise objetos de
de dados, formas de comunicação conhecimento de
de resultados, entre outros). cada área.
As concepções e
A construção da compreensão processos de avaliação.
de fenômenos a partir de
abordagens complementares.
14
INTEGRAÇÃO PELOS PRINCÍPIOS
EDUCATIVOS E AS METODOLOGIAS
INTEGRADORAS COMUNS
E sta proposta de educação integral tem como um dos princípios essenciais a concep-
ção de estudante como sujeito central no processo de aprendizagem, o que desafia
a comunidade escolar a ver o jovem por trás do aluno e a dialogar efetivamente com a
juventude múltipla que habita a escola – e não com imagens abstratas, idealizadas ou
carregadas de estereótipos sobre a condição juvenil.
Essa percepção singular de educação e de educando investe fortemente na partici-
pação de cada jovem, permitindo a personalização de seu percurso formativo, a partir
de seu modo particular de estar no mundo e de aprender. Nesse contexto, o papel de
mediação do professor assume especial relevo.
A perspectiva do protagonismo juvenil é integradora: toda a escola se agrega em torno
dela. O currículo também se integra por meio da ação protagonista dos alunos na gestão
de sua aprendizagem. O objetivo é que, em todo o itinerário formativo, os jovens tenham
oportunidades de participação nas decisões e na condução de seu processo educativo,
bem como de expressão de seus pontos de vista e de concretização de seus interesses.
Reconhecendo a necessidade de possibilitar na escola experiências de construção
do conhecimento variadas e abrangentes (individual, em duplas, em times, com o uso
de tecnologias variadas e realizando projetos) que atendam aos diferentes ritmos de
aprendizagem dos estudantes, a personalização do ensino e da aprendizagem emerge
como um caminho que une criatividade, interação, interesse e participação protagonista,
possibilitando que os jovens construam uma relação própria, pessoal e intransferível
com o conhecimento.
A personalização envolve:
15
• Que os estudantes sejam orientados a estruturar e implementar
plano de estudos, para que aprendam a se organizar com tarefas e tempos.
• Explorar e interagir nos vários espaços da escola, para além da
sala de aula. E até mesmo atuar no entorno, na cidade.
• Promover diariamente o desenvolvimento da autonomia dos
estudantes (levando em conta os interesses pessoais nas escolhas sobre
o que fazer ou como estudar) e da curiosidade em investigar e aprender.
• Que a tecnologia possa ser uma aliada, permitindo recursos aos
professores para diversificar suas estratégias (como as oferecidas pelas
plataformas digitais de aprendizagem).
RECURSOS TECNOLÓGICOS:
AS PLATAFORMAS DIGITAIS DE APRENDIZAGEM
16
A observação e a escuta ativa do professor permitem o entendimento sobre como
cada estudante aprende e o seu nível de compreensão dos conhecimentos e competências
que fazem parte do currículo. É o professor quem, intencionalmente e durante as ativi-
dades, realiza paradas estratégicas para a autoavaliação dos alunos sobre os aspectos
metacognitivos envolvidos no processo de aprendizagem, ou seja, quando o próprio
estudante passa a tomar consciência sobre o que sabe e o que não sabe, identificando
como aprende e assumindo um papel ativo na autorregulação de suas aprendizagens.
Dessa forma, professores e gestores escolares se integram na formulação e imple-
mentação de estratégias de fomento à participação do jovem:
17
PERSONALIZAÇÃO EM
TODO O CURRÍCULO
ESTUDANTE COMO
ATOR CENTRAL
CONHECER QUEM
SÃO OS ESTUDANTES
A problematização convida o
A presença pedagógica é o estudante a “aprender a
exercício de interação, abertura, aprender”. O professor lança
confiança e compromisso com o desafios e questões para reflexão,
estudante, fortalecendo o vínculo faz boas perguntas e demanda que
interpessoal e a mediação de os jovens elaborem, de forma
conflitos e da aprendizagem. própria, o conhecimento.
20
INTEGRAÇÃO A PARTIR DO
DESENVOLVIMENTO INTENCIONAL
DE COMPETÊNCIAS COGNITIVAS
E SOCIEOMOCIONAIS
MATRIZ DE
COMPETÊNCIAS
PARA O SÉCULO 21
ÁREAS DE NÚCLEO
CONHECIMENTO ARTICULADOR
21
AUTONOMIA
Macrocompetências voltadas Saber fazer escolhas e tomar decisões
à construção da autonomia acerca de questões pessoais e coletivas,
fundamentadas no autoconhecimento
e no projeto de vida.
AUTOCONHECIMENTO COMUNICAÇÃO
Capacidade de usar o conhecimento Capacidade de compreender e se fazer
de si, a estabilidade emocional e a compreender em situações diversas, respeitando
habilidade de interagir nas tomadas os valores e atitudes dos envolvidos nas
de decisão, especialmente em situações interações, utilizando criticamente as capacida-
de estresse, críticas ou provocações. des de leitura e de produção textual.
RESPONSABILIDADE CRIATIVIDADE
Capacidade de agir de forma Capacidade de fazer novas conexões a partir
organizada, perseverante e de conhecimentos prévios; de buscar soluções
eficiente na busca de objetivos, novas, gerenciando variáveis aparentemente
mesmo em situações adversas. desconexas; de dar saltos conceituais.
22
Cada macrocompetência pode ser desdobrada em competências e habilidades. Esse detalhamento
dos aprendizados implicados no desenvolvimento de cada macrocompetência instaura um entendimento
compartilhado sobre elas. Isso é importante para que as práticas de ensino e de aprendizagem possam
ser implementadas com maior intencionalidade e assertividade, além de tornar as práticas de avaliação
formativa mais estruturadas, dialógicas e aptas a propiciar a tomada de consciência dos jovens sobre
os aprendizados que articulam escola e vida.
Dessa forma, cada macrocompetência diz respeito à:
23
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24
INTEGRAÇÃO A PARTIR DA PROMOÇÃO
DO APRENDIZADO DE TÓPICOS COMUNS
AOS COMPONENTES CURRICULARES, QUE
SE INTERCONECTAM E SE COMPLETAM
25
INTEGRAÇÃO PELA CONSTRUÇÃO DA
COMPREENSÃO DE FENÔMENOS A PARTIR
DE ABORDAGENS COMPLEMENTARES
26
INTEGRAÇÃO PELOS FAZERES EM COMUM (MÉTODOS DE
PESQUISA, PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS, FORMAS
DE COMUNICAÇÃO DE RESULTADOS, ENTRE OUTROS)
A s diferentes áreas do saber contribuem para o desenvolvimento dos estudantes não apenas por
meio dos conteúdos e de conceitos específicos, mas também pelos seus métodos. A transposição
para as práticas da sala de aula das singularidades de cada uma das áreas do conhecimento, de sua
forma de pensar e seus fazeres na construção do conhecimento específico possibilita o desenvolvimento
de competências e habilidades que propiciam ao jovem uma competente leitura de mundo para atuar
de forma consciente e proativa na sociedade contemporânea.
Na análise comparativa dos fazeres das diferentes áreas do conhecimento, é interessante perceber
que na pluralidade identificam-se procederes comuns que têm como base a investigação. No processo
de investigar é possível identificar semelhanças nos procedimentos que evidenciam a integração. A
primeira semelhança é estabelecida pela necessidade da curiosidade. A curiosidade é uma importante
ferramenta para alavancar a aprendizagem. É ela que mobiliza o jovem na busca de conhecer ou expe-
rimentar algo que não se conhece. Essa é, portanto, uma importante tarefa do professor de todos os
componentes curriculares: “despertar a curiosidade” do estudante.
Outro fazer comum é identificado no levantamento bibliográfico de informações. Cada área do
conhecimento tem métodos próprios de coleta e registro de dados para o estudo de um tema, fenômeno
ou evento, para validar dados, reconhecer teorias, ampliar o conhecimento por contextos diferentes
daquele investigado, dentre muitos outros objetivos que poderíamos enumerar. Sendo assim, de um modo
geral, considerando todas as áreas do saber, os professores comumente irão se deparar, nos materiais
desta proposta curricular, com orientações para o desenvolvimento de pesquisas bibliográficas. A esse
fazer se somam as habilidades de leitura e intepretação de diferentes gêneros de textos, além das
capacidades do saber fazer escolhas assertivas de bibliografias e seleção de informações condizentes
aos objetivos do que se busca entender. Estas competências precisam ser valorizadas pelo profissional
atento à formação ampla de seus estudantes.
Uma terceira semelhança está no fato das áreas reconhecerem que seus conhecimentos não se
bastam sem estabelecer relações com outros conhecimentos. Assim, desempenha um papel importante
nos fazeres das diferentes áreas estabelecer relações com outros conhecimentos, para que a análise de
dados sobre o evento investigado tenha significado, sentido e relevância.
Por fim, destacamos os registros ao longo do processo investigativo e a comunicação de resultados
como outro fazer comum das áreas. O valor do registro se verifica pela retenção da memória do trabalho
desenvolvido, da guarda de dados e informações essenciais para obter resultados e desenvolver análises
confiáveis. A comunicação escrita ou falada envolve competências cognitivas e socioemocionais. A
argumentação lógica e a capacidade de emitir julgamentos próprios, expressas na fala e/ou na escrita,
modeladas neste ou naquele gênero textual, afinado ao tipo de conhecimento a ser comunicado e ao
contexto dessa comunicação, são ferramentas essenciais em um mundo globalizado.
Outros procedimentos complementam esses quatro, no entanto, na essência, são eles que nos
permitem ver as áreas trabalhando juntas, integradas na formação do jovem capaz de se posicionar de
modo fundamentado frente aos desafios da aprendizagem e da vida fora da escola.
27
INTEGRAÇÃO A PARTIR DAS FORMAS DE
PENSAR SOBRE OS OBJETOS DE CONHECIMENTO
DE CADA ÁREA DE CONHECIMENTO
INTEGRAÇÃO A PARTIR DA
CONCEPÇÃO E DOS PROCESSOS DE
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
28
É preciso esclarecer que a nota, em si, não é o problema. Ela permanece sendo um parâmetro muito
importante. O que se busca é a construção e a percepção da nota de forma contextualizada, conside-
rando que a formação integral conjuga os aspectos cognitivos e socioemocionais do desenvolvimento
dos jovens. Nessa perspectiva, faz-se essencial combinar o parâmetro “nota” com outros instrumentos
e práticas, que permitam uma avaliação formativa, que possibilite um olhar mais amplo em relação ao
desenvolvimento dos estudantes.
Um bom caminho para a construção de um novo sentido para a avaliação é, ao invés de perseguir
a régua, que traz a ideia de uma métrica, adotar a perspectiva da avaliação como uma bússola: o pro-
fessor pode usar um conjunto diverso de instrumentos de avaliação, entendendo que tais instrumentos
são um poderoso recurso para orientá-lo ao longo do percurso, são uma bússola que o auxilia a ver se
está ou não na direção do projeto pedagógico da escola. Afinal, mesmo que o processo de avaliação
envolva uma nota, ela não é o único fator que traduz a aprendizagem do jovem. Ela não é nem o ponto
de partida, nem o ponto de chegada. O ponto de partida é fazer boas perguntas: Que efeito essa escola
quer causar na vida do seu estudante? Que competências ele precisa desenvolver para construir sua
autonomia para articular conhecimento e vida?
Neste sentido, cada recurso é entendido como um meio utilizado pelo professor para analisar se está
atuando e conseguindo resultados que estejam na direção do projeto pedagógico da escola. É, ainda,
um instrumento para que os jovens se apropriem de seus percursos de aprendizagem, contribuindo
para o autoconhecimento.
Para que a avaliação seja cotidiana, processual e formativa, três ações são fundamentais: a coleta
de dados, o diagnóstico e a intervenção.
COLETA
DE DADOS DIAGNÓSTICO
De início, é preciso delinear os Tratar os dados coletados,
objetivos e planejar o percurso 1 2 identificando os avanços, as
formativo da turma. Os passos necessidades e reconhecendo as
seguintes são estabelecer indica- lacunas na aprendizagem.
dores e empreender, no cotidiano Exemplo: retomar os registros das
3
das aulas, processos avaliativos observações e, a partir deles,
múltiplos, com o uso de instrumen- refletir se os alunos demonstram
tos diversificados, de modo a que atingiram as metas de ensino
contemplar as diversas singulari- e aprendizagem previstas para a
dades dos jovens. próxima etapa.
Exemplo: observação das INTERVENÇÃO
atividades e produções dos alunos
(individualmente/em times), com De posse dos dados analisados, o
registros (anotações) dos aspectos professor e a escola intervêm nos
observados. processos de ensino e de aprendizagem,
de modo a aprimorá-los.
Exemplo: de acordo com o que foi
verificado, decidir se avança com as
atividades ou retoma algo, programar
aulas para resolver dúvidas, propor
planos de estudo complementares
(individuais ou em times).
29
MODELO
PRINCÍPIOS
LINGUAGENS
PEDAGÓGICO
EDUCATIVOS
30
lin
gua
gens
31
“Todo fenômeno que funciona como signo ideológico tem uma
encarnação material, seja como som, como massa física, como
cor, como movimento do corpo ou como outra coisa qualquer.”
Mikhail Bakhtin/Volochinov (1997)
1 Ler jornais, ir ao cinema, apreciar pinturas, apreciar e vivenciar diferentes práticas da cultura corporal, ouvir
músicas, grafitar, fazer releituras de obras, conceber cenários são algumas das diversas práticas que envolvem
linguagens.
32
PRÁTICAS DE LINGUAGENS,
PLURALIDADE CULTURAL E CULTURAS
JUVENIS NO CURRÍCULO DA ÁREA
A ssim, para além do desenvolvimento de habilidades, importa oferecer experiências e vivências significativas com
textos e produções culturais das diferentes linguagens, para que os alunos possam se apropriar criticamente de
certas práticas culturais – leitura de periódicos, de livros de literatura, ida a saraus, exposições, teatro, cinema, espe-
táculos esportivos e de dança, performances etc.
Significa um currículo que converse com as culturas juvenis, seja baseado numa visão multiculturalista e centrado
em experiências que propiciem a sensação de pertencimento, na linha do que propõem Kramer e Bazílio (2003):
Mas é possível tornar as crianças e os jovens leitores, escritores, espectadores, contempladores críticos
se não o somos? Que brinquedos e espaços de brincar damos as nossas crianças? Que peças de teatro? Que
programas de TV? Que exposições? Pode a mídia se configurar em experiência de cultura? Compreender
o valor da cultura como experiência – e não consumo ou lazer – implica pensar a coletividade, o sentido
da vida, da morte, da história. Defendo políticas de infância [e juventude] que assegurem experiências
de cultura pelo seu potencial humanizador e formador. Aliás, apenas defendo a necessidade de uma
política de cultura e educação como um projeto contra a barbárie. Pois o problema não está no fato de
as pessoas não lerem literatura ou não terem aprendido a gostar de teatro ou de cinema. O problema
está em que isto pode ser sintoma do nosso processo de desumanização.
33
Em relação às diferentes linguagens, há uma perspectiva comum de tratá-las para
além dos sistemas que as materializam, partindo das condições de produção que cercam
os textos, as manifestações corporais e/ou produções artístico-culturais. Toda reflexão
sobre os elementos dos diferentes sistemas deve estar, então, a serviço das práticas
de produção e recepção/interpretação desses textos/produções, qualificando essas
práticas. Mais do que a identificação ou uso de elementos, importa refletir sobre os
efeitos de sentido decorrentes de escolhas feitas.
Em todos os casos, como já mencionado, para além da construção de conhecimentos
e desenvolvimento de habilidades cognitivas, que qualifiquem a apreciação estética
e ética, há uma perspectiva do conhecimento sensível (sensibilidade, percepção e
criatividade), da vivência, identificação e incorporação de valores e da adoção de
uma visão multiculturalista.
O trabalho com as diferentes linguagens também pode ser visto como um processo
de resolução de problemas, no sentido que qualquer produção supõe um diálogo com
a técnica, com as referências estéticas, éticas e teóricas, com outros textos, com o
espectador/leitor ou com o autor.
Em última instância, o domínio de múltiplas linguagens pode promover desen-
volvimento a grupos locais, na medida em que permite uma maior compreensão da
realidade, percepção de possibilidades de atuar sobre ela, o estabelecimento de
relações de pertencimento e meios para ações efetivas. É nesse contexto que se dá
a grande contribuição da área para o currículo do Ensino Médio: permear, significar
e qualificar a construção do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades, por
meio do domínio dos mais variados gêneros do discurso e das formas de produções
artístico-culturais – que levam à circulação de conhecimentos, práticas, saberes,
valores, opiniões, experiências –, e por meio de oportunidades que propiciem expe-
riências culturalmente significativas.
Assim, resguardadas as especificidades de cada componente, todos convergem
para a formação de sujeitos capazes de perceber como palavras, cores, formas,
luzes, sombras, sons, silêncios, gestos, movimentos etc. são signos que, em textos
e produções artístico-culturais, remetem a visões de mundo, sentidos, interesses e
objetivos diversos.
Para isso, é básico para a área o compromisso com o desenvolvimento/aprimora-
mento das competências2: comunicação (saber interagir, considerando textos e contextos
de produção); colaboração (o diálogo constante, o enfrentamento e a negociação de
posições, inerentes às situações de interação, em busca de sinergias para compartilhar,
construir conhecimentos; mas também para preservar a complexidade e a pluralidade
de perspectivas típicas da produção do saber); criatividade (experiências de autoria
e criação nas diferentes linguagens); resolução de problemas (situações de produção
que coloquem o jovem em desafios que necessariamente impliquem uso intencional
e contextualizado das linguagens e seus recursos expressivos); abertura para o novo
(curiosidade e interesse em conhecer mais); pensamento crítico (postura de réplica,
no sentido bakhtiniano, com posicionamentos de ordem ética, estética e política
diante dos discursos e valores que circulam).
2 Matriz de Competências para o Século 21, desenvolvida pelo Instituto Ayrton Senna.
34
Em síntese, a área de Linguagens contribui para a formação integral dos educandos ao possibilitar
que eles:
Esse fazer da área possibilita aos estudantes que construam as competências e habilidades
necessárias para que sejam capazes de significar os discursos e valores veiculados nas produções das
diferentes linguagens, em apreciação crítica, bem como de assumirem a autoria, fazendo circular seus
conhecimentos, opiniões, pontos de vista, experiências.
MACRO
EIXOS
Macroeixos de integração
na Área de Linguagens
1º 2º 3º
ANO ANO ANO
Olhares sobre a Quebrando a quarta O corpo, a palavra,
cidade: a crítica social parede: em busca de a fotografia:
e do cotidiano em foco uma postura crítica de problematização de
leitores e espectadores aspectos de nosso
processo de formação
cultural e suas relações
com o presente
35
A INTEGRAÇÃO DA ÁREA
DE LINGUAGENS COM OUTRAS
ÁREAS DE CONHECIMENTO
A ARTE E A ARTICULAÇÃO
COM OS COMPONENTES
36
O currículo integrado consiste, essencialmente, em ensinar para obter significado e
compreensão. (...) Trata-se de ensinar e de aprender determinados tipos de ideias com
as quais nenhuma disciplina é capaz de lidar sozinha. É em cima das ideias que os/as
estudantes fazem a integração. Integração significa que os/as estudantes não aprendem
parcelas de conhecimento separadas e desconectadas: ciência em uma parte, religião em
outra, escola em um compartimento, casa em outro e talvez cultura popular de massa em
um terceiro. A integração ocorre quando a aprendizagem faz sentido para os estudantes,
especialmente quando a conectam com os próprios interesses, experiências de mundo e
vida. Finalmente, é a mente do estudante que é integrada.
37
A EDUCAÇÃO FÍSICA E A
ARTICULAÇÃO COM OS COMPONENTES
38
• A perspectiva dos multiletramentos, por trazer em si a consideração do
multiculturalismo e das diferentes mídias e linguagens. Alguns dos gêneros
escolhidos, reportagem ou fotorreportagem, programa de rádio, esquetes,
vídeos etc., também supõem para sua produção trabalho em equipe, gestão
de informação, de processos, protagonismo por parte dos alunos, colaboração
e autonomia.
• Os gêneros diversos e textos multissemióticos, porque convocam os diferentes
componentes da área e das outras áreas para uma atuação conjunta: caso de
gêneros multimodais (leitura de gráficos e tabelas); de textos que circulam no
interior dos componentes/áreas (enunciado de problemas, artigo de divulgação
científica, relato histórico etc.); de gêneros tomados como referências para
a produção de textos pelos alunos em todas as áreas (desde uma resposta a
questões, até um texto monográfico, um poster, uma apresentação em PPT).
• O trabalho com leitura e escrita, uma vez que esse processo não se esgota na
aquisição do ler e escrever, dando-se, no âmbito do letramento, ao longo da
vida. A leitura e a escrita também perpassam a construção de conhecimento
em todas as áreas, em uma ação transversal, porque o conteúdo e a forma
de um texto são indissociáveis e, não raro, a compreensão de um supõe o
entendimento do outro. Criam-se assim condições de aprendizagem em todos
os componentese áreas e também de conhecimento contextualizado, pois
não lemos do mesmo jeito uma notícia, um artigo de divulgação científica
e um livro de literatura.
A LÍNGUA INGLESA E A
ARTICULAÇÃO COM OS COMPONENTES
39
pelos mais diversos veículos. Desse modo, a língua inglesa em uso tem caráter alta-
mente multicultural e multimodal e uma abordagem que pretende aproximar a vida
real da sala de aula tem que considerar esses aspectos.
Em sua dimensão real, desencapsulada, a língua inglesa insere-se em situações
sociais historicamente definidas, em que outras tantas linguagens, conhecimentos
e culturas coexistem e se movem de modo conflituoso, incompleto, imperfeito.
Compreender essas situações – seus atores, meios, restrições e possibilidades – é
compreender os motivos da ação do ser humano no mundo, é entender a complexidade
da atividade humana (Engestrom, 2002)
Tomada isoladamente, a análise da língua não permite tal compreensão, visto
que o agir do ser humano no mundo é viabilizado por uma multiplicidade de lingua-
gens. Um ensino de LI que almeje tal compreensão pauta-se na necessidade de um
letramento plurilinguístico, clama por uma integração multidisciplinar que permita a
percepção da articulação entre diferentes modos de dizer/agir/produzir/transformar.
Tal compreensão, porém não depreende apenas de uma análise distante, colocando
o aluno como um observador externo. É preciso tomar a linguagem em sua dimensão
prático-crítica. Desse modo, como prevê uma pedagogia baseada nos multiletramen-
tos (Cope e Kalantzis, 2000), o ensino se dá em ciclos de vivência, análise, crítica
e prática transformada. A participação ativa nesse processo permite ao aluno atuar
nas situações propostas por meio da Língua Inglesa, com objetivos claros, sem que
o domínio da linguagem anteceda sua atuação. Com isso, a aprendizagem de LI
torna-se instrumento e resultado (Newman e Hozman, 2002) dessa participação. A
linguagem é parte inerente à atividade humana e é em atividade que o homem amplia
suas possibilidades de existência, torna-se agente, protagonista de sua própria ação.
Portanto, esta proposta de ensino e de aprendizagem de Língua Inglesa articula-se
a outros componentes curriculares na medida que:
40
A AVALIAÇÃO NA
ÁREA DE LINGUAGENS
“avaliação é um processo que deve ser observado em vários momentos, com critérios esta-
belecidos, com o uso de diversos instrumentos e com acompanhamento ao longo de todo o
bimestre. esse olhar diverso torna a avaliação bastante criteriosa e fiel realmente ao que
o aluno está conseguindo ter de conhecimento, de aquisição de conhecimento.”
mauro storani, professor de educação física
41
Nesta proposta curricular, entendemos que o ensino
de Arte possibilita o desenvolvimento dos poten-
ciais humanos dos estudantes. Apostamos que,
ao vivenciarem processos de fazer artístico e de
apreciação e interpretação de obras de arte, os
jovens terão a oportunidade de construir competên-
cias pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas,
ampliando o olhar para si mesmos e para o mundo, e
estando mais preparados para significar sua própria
vida e agir na contemporaneidade.
42
ar
te
43
a arte envolve a história da humanidade, refletindo suas ideias, seus sentimentos e suas
visões de mundo. ao se manifestar artisticamente, o ser humano atribui sentido à vida e
à realidade. ou seja, ao fazer arte o ser humano dá formas às suas próprias questões,
ideias, interesses, espiritualidade, dilemas, conhecimentos.
S endo uma das manifestações mais antigas do homem, a arte está presente em todas as culturas.
Os desenhos das cavernas, feitos por nossos antepassados do período Paleolítico, equivalem às
criações artísticas de sociedades pós-industriais, que dominam tecnologias capazes de mandar pessoas ao
espaço. O que muda nas manifestações artísticas e culturais são as visões de mundo – os conhecimentos,
os valores, os costumes, as necessidades materiais e espirituais, e suas possibilidades de realização.
Pensando na arte contemporânea, diversos aspectos precisam ser considerados, dentre eles: o acesso
amplo e diversificado a informações no mundo atual; o aumento da produção artística com a utilização
de recursos das tecnologias digitais; e a exigência de uma postura de participação, crítica, reflexão,
inquietude e domínio de vários conhecimentos de diferentes áreas, tanto do artista ao produzir sua
obra de arte, quanto do público ao apreciar ou interpretar obras de arte.
Na contemporaneidade, a arte é marcada por grandes temas que refletem os conhecimentos, a
sensibilidade, o contexto e a visão de mundo do artista. Os artistas contemporâneos estão antenados
com seu tempo histórico e as questões políticas, sociais, filosóficas, artísticas, culturais e econômicas
que o compõem. Essas, entre outras questões, apontam para a importância de os jovens vivenciarem
experiências significativas em arte.
O ensino de Arte na perspectiva desta proposta educacional3 é
estruturado em três eixos: o conhecimento sensível do ser humano conhecimento sensível do
e do mundo (desenvolvimento da sensibilidade, da percepção e da ser humano e do mundo
criatividade por meio do fazer artístico e da apreciação e interpretação
vivência, identificação e
de obras de arte), o vivenciar, identificar e incorporar valores e o
incorporação de valores
multiculturalismo que, necessariamente, influencia os processos de
fazer artístico e de apreciar e interpretar obras de arte. visão multicultural
3 As reflexões conceituais presentes neste texto são uma adaptação de três capítulos do livro Ensino de Arte e a
Educação para o Século 21 , publicado pelo Instituto Ayrton Senna, em 2014. Tratam-se dos capítulos intitulados
“Ensino de arte: concepções e eixos estruturantes”, “Fazer artístico” e “Apreciação e interpretação da obra de arte”
de autoria de Maria Lívia de Castro, Paulo Emílio de Castro Andrade e Rachel Vianna.
44
Vivência, identificação e
incorporação de valores Visão multicultural
FAZER E APRECIAR
ARTE
Conhecimento sensível do
ser humano e do mundo
Sensibilidade
Percepção
Criatividade
CONHECIMENTO
SENSÍVEL
45
SENSIBILIDADE
A sensibilidade trata da capacidade que todas as pessoas têm de conhecer de um modo imediato e intuitivo, que
se manifesta por meio dos sentidos. É um conhecimento que faz parte da herança biológica do ser humano e se
realiza dentro de formas culturais.
Ao buscar uma definição para o conceito de sensibilidade, Fayga Ostrower (1998) se remete às crianças que, desde o
início da vida, olham e tocam as coisas. A sensibilidade é, para Ostrower (2001), “uma porta de entrada das sensações.
Representa uma abertura constante ao mundo e nos liga de modo imediato ao acontecer em torno de nós”.
A pesquisadora Cecília Salles (1998) diz de um “estado de criação”, em que o artista mantém suspensa a sua sen-
sibilidade, “à espera e à procura de sensações que, na medida em que ativam sensivelmente o artista, são criadoras”.
Segundo ela, o artista busca “detectar a ponta do fio que desata o emaranhado de ideias, formas e sensações que tornam
uma obra possível”. A obra de arte seria, então, uma recompensa à sensibilidade e ao “poder inventivo” do artista.
Para pensar o conceito de sensibilidade no âmbito do ensino de Arte é importante pensar que, ao fazer e conhecer
arte, os educandos desenvolvem sua sensibilidade, se abrem para o mundo, investigando, indagando, refletindo, se
interessando sensivelmente pelo mundo. Todas as reflexões feitas sobre o desenvolvimento da sensibilidade no processo
de fazer arte e apreciar arte mostram sua importância para o crescimento humano, por se tratar de um processo de
desenvolvimento dos sentidos que: se dá nos momentos iniciais e ao longo do processo criativo dos educandos; provoca
uma abertura dos educandos para os variados estímulos que recebem; e possibilita que os educandos, por meio dos seus
sentidos, conheçam a si mesmos e atribuam significados à própria existência e ao mundo em que vivem.
PERCEPÇÃO
A percepção, experimentada pelo ser humano por meio dos sentidos, possibilita a construção de
uma base de conhecimentos e critérios de valor. Revela os interesses e as relações que o homem
estabelece consigo e com o mundo. Relaciona-se à condição humana e aos diversos contextos culturais
presentes no mundo.
O processo de obtenção de conhecimento perpassa um esforço de apreensão de si e do mundo pelo
artista. O artista é desafiado a interpretar, organizar, ordenar os estímulos que estão à sua volta. Segundo
Fayga Ostrower (1998), a percepção “mobiliza todo o nosso ser sensível, associativo, inteligente, ima-
ginativo e criativo”.
A percepção não é um processo passivo, em que o artista apenas recebe estímulos externos, mas, ao
contrário, envolve as questões pessoais do artista e ocorre em um permanente agir, organizando, selecio-
nando e relacionando as informações com o seu contexto. Esse contexto do artista é, para Fayga (2001),
como uma “moldura limitadora e seletiva”. Segundo ela, o artista, por meio de sua percepção, interage
com os estímulos presentes nesta moldura imaginária. E, assim, transforma informações circunstanciais
em dados significativos para o seu trabalho artístico.
Por meio de atividades de fazer e apreciar/interpretar arte, os educandos podem estabelecer relações
entre as informações do mundo a sua volta, construir conhecimentos sobre os fenômenos que experimen-
tam, e, num processo simultâneo, têm a possibilidade de atribuir significado a suas experiências pessoais.
Quanto mais desenvolvida for a capacidade de percepção dos educandos, quanto mais profundos
forem os seus conhecimentos sobre diversos assuntos e mais vasta sua experiência anterior, tanto mais
significativa poderá ser sua apreensão da realidade.
O desenvolvimento da percepção, portanto, está necessariamente ligado à habilidade dos educandos
de captar e de organizar as informações, conhecimentos e estímulos presentes no mundo que os cerca.
Dessa forma, poderá agir sobre o mundo com mais sentido e autonomia.
46
CRIATIVIDADE
C riar é um potencial e uma necessidade vital do ser humano. Não se restringe ao campo da arte,
fazendo parte de outras práticas humanas. Ao criar, o homem responde à própria necessidade de
atribuir formas às coisas, na tentativa de compreendê-las.
No seu processo criativo, além de realizar um esforço sensível e intelectual, o artista renova cami-
nhos, reconfigura realidades, estabelece novas relações com o mundo. O ato criador envolve trabalho
intenso do artista, marcado por esforços de pensamento, de elaboração e ordenação de ideias, pela
busca de referências em seu interior e ao seu redor, por escolhas entre caminhos diversos e invenção de
novos caminhos, pela intuição e pela tensão, pelo conflito que, segundo Fayga Ostrower, é “condição
de crescimento”. Isso sem dizer da doce angústia criativa, a que se referiu Salvador Dalí. Uma angústia
que se justifica pela busca em elaborar algo novo, tendo como base todo o repertório de conhecimentos
e as experiências sensíveis do artista.
Assim como os artistas, também os educandos podem vivenciar o processo criativo, ao experimentar
o fazer artístico e a apreciação e interpretação de obras de arte. Dessa forma, eles têm a possibilidade
de acessar e produzir conhecimentos, experimentar o diferente, estruturar pensamentos, lidar com a
angústia inerente à criação, criar formas.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte (1997), compreende-se que, na formação dos educandos,
é essencial que eles lidem com os problemas inerentes ao seu processo criativo:
A pesquisadora Ana Mae Barbosa (2005) acredita em uma articulação estreita entre o desenvolvi-
mento da criatividade e a transformação da realidade dos educandos que vivenciam experiências em arte:
Entendemos, assim, que desenvolver a criatividade dos educandos por meio da arte significa desa-
fiá-los a compreender a si mesmos e ao mundo; a estabelecer relações entre as coisas; a dar sentido
às experiências de vida; a atribuir novas formas às ideias, sentimentos e conhecimentos; e a agir de
maneira transformadora no contexto em que vivem.
47
VIVER, IDENTIFICAR E
INCORPORAR VALORES
48
Assim, no ensino de Arte, durante o fazer artístico e a apreciação e interpretação
de obras de arte, é essencial que os educandos sejam provocados a lançar mão de
seus valores, saindo da condição de indiferença, passando a escolher, decidir e agir.
No caso do fazer artístico, a discussão sobre valores passa também pela refle-
xão sobre os problemas e possibilidades do mundo atual, em especial a situação da
comunidade em que os educandos estão inseridos. É essencial que sejam confrontados
com uma série de questões: Que valores orientam a sua criação artística? Quais são
suas referências? De que modo seus trabalhos se relacionam com o desenvolvimento
político, econômico, social, ambiental, científico e tecnológico do mundo contempo-
râneo? O que pretendem com seus trabalhos artísticos? E outras questões que sejam
pertinentes ao grupo de educandos.
Em relação à apreciação/interpretação da obra de arte, a discussão de valores
possibilita que os educandos conheçam e compreendam o contexto em que a obra foi
criada e, mais que isso, relacionem e reflitam sobre o próprio contexto. É importante
que os alunos sejam desafiados a pesquisar, buscar novos conhecimentos, posicio-
nando-se criticamente sobre eles, de forma a ampliar seus repertórios e visões em
relação ao mundo. Diante de uma obra de arte, é interessante que eles reflitam, por
exemplo, sobre os valores e as ideias que a obra expressa, o modo que esses valores
estão relacionados ao contexto que vivem, o diálogo que a obra estabelece – ou não
– com os interesses de algum grupo social específico e de que modo isso ocorre, as
semelhanças ou diferenças entre os valores expressos pela obra e os valores dos pró-
prios educandos, e tantas outras questões relacionadas à obra e ao grupo de alunos.
Dessa forma, o ensino de arte coloca-se como oportunidade para que os jovens
possam vivenciar seus valores, identificando-os, analisando-os, comparando-os com os
dos colegas e incorporando às suas vidas aqueles valores que consideram significativos.
VISÃO MULTICULTURAL
N o mundo atual, o contato com outras culturas é uma realidade inescapável. As notícias e produtos
de lugares distantes têm influência significativa na maneira como as pessoas enxergam o mundo
e vivem suas vidas. O outro está sempre por perto, seja pelas notícias que chegam pela televisão,
pela moda e produtos industrializados que circulam nos países, pelos hábitos alimentares das várias
populações. É possível ter acesso, com muita facilidade, a valores e ideais presentes nas mais diversas
culturas do planeta.
O multiculturalismo, como visão de mundo, vem contribuir para que o outro seja percebido a
partir de suas diferenças e de seus valores e propõe que as pessoas superem seus preconceitos, que
notadamente reforçam as desigualdades presentes no interior de uma sociedade e fora dela. O Brasil,
país fortemente marcado pela diversidade cultural, é um exemplo claro dessa questão, ao permitir que
no seu interior existam relações humanas tão desiguais.
49
Na educação, a perspectiva multiculturalista insere-se em uma nova consciência
da diversidade cultural da humanidade. Partindo do pressuposto de que o conheci-
mento é uma propriedade comum a todos os grupos humanos, promover uma educação
multicultural significa reconhecer os saberes de diferentes grupos como equivalentes
e os valores das sociedades como legítimos, na busca por estabelecer uma rede mais
horizontal de relações.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte propõem claramente o ensino de Arte
que possibilite aos educandos, se perceberem corresponsáveis pela construção de uma
vida cultural mais digna e sem exclusão. Segundo os PCNs, o ensino de Arte contribui
para que os alunos possam:
50
OBJETIVOS
FORMATIVOS
51
EXPECTATIVAS
DE APRENDIZAGEM
52
Durante o fazer artístico e apreciação da obra de arte, os alunos
têm oportunidade de reconhecer, respeitar e valorizar diversos pontos
de vista, ideias, concepções de mundo e valores, podendo compre-
COLABORAÇÃO ender melhor a sociedade e atuar sobre ela de forma colaborativa.
Trabalhando em grupos, os edcuandos exercitam a fala e a escuta,
compartilham saberes, se apoiam diante dos desafios e constroem
relações de respeito e cooperação.
53
METODOLOGIA
O FAZER ARTÍSTICO
C onhecer o processo de criação artística é importante para artistas, críticos e estudiosos. Mas, para os educadores
de arte, compreender as diversas características que perpassam a criação no campo da arte é algo fundamental.
Aprofundar as reflexões sobre os aspectos da criação artística pode ser essencial para a qualificação da prática pedagógica
e, acima de tudo, para estruturar e desenvolver oportunidades educativas de fazer artístico.
Atualmente, existe um grande interesse sobre os meandros que compõem o fazer artístico. Na tentativa de desvendar
aspectos essenciais relacionados aos processos de criação no campo da arte, faz-se referência, inicialmente, a reflexões
do filósofo italiano Luigi Pareyson (1984, apud Fusari, 1993), para quem:
A arte é produção e realização em sentido intensivo, eminente, absoluto, a tal ponto que, com fre-
quência, foi, na verdade, chamada criação, enquanto é não só produção de organismos que, como os da
natureza, são autônomos, independentes e vivem por conta própria, mas também alcança ser produção
de objetos radicalmente novos, verdadeiro e próprio incremento da realidade, inovação ontológica. O
fato é que a arte não é somente executar, produzir, realizar e o simples “fazer” não basta para definir
sua essência.
54
Mais recentemente, tem ganhado força a crítica genética, um campo dedicado espe-
cificamente ao estudo da criação artística. Estudiosos se propõem a investigar o processo
de criação de obras de arte por meio da pesquisa de documentos e “rastros” deixados
por artistas – rascunhos, roteiros, esboços, maquetes, copiões, ensaios, cadernos de
anotações etc. Por meio das informações contidas nesses registros, a crítica genética
busca reconstruir o percurso da criação artística.
No ensino de arte, existem diferentes propostas de fazer artístico. Parte delas enfa-
tizam os aspectos técnicos, enquanto outras privilegiam a subjetividade dos educandos.
Ressalta-se a importância de se ampliar a compreensão do trabalho de fazer artístico
no ensino de arte, substituindo as propostas que privilegiam os aspectos técnicos e
subjetivos da formação em arte, que ainda são comuns em escolas regulares e em cursos
complementares direcionados a jovens, por um fazer artístico que possibilita que os
educandos vivenciem experiências de significação.
Esta proposta traz um método de fazer artístico no ensino de arte inspirado em
características que permeiam os processos de criação de artistas. Segundo o método,
é essencial que os educadores de arte busquem criar oportunidades para que os edu-
candos, ao fazer arte:
APRECIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO
DE OBRAS DE ARTE
55
modernistas defendiam que a obra de arte continha todos os elementos necessários para sua compre-
ensão. Bastava, portanto, um domínio das qualidades estéticas da obra de arte para que uma pessoa
fosse capaz de compreender o significado da obra, sem necessidade de informações externas a ela.
Hoje, além da preocupação com as qualidades estritamente formais, existe um grande interesse em
relação ao contexto em que a obra foi produzida. Do ponto de vista contemporâneo, portanto, esses
dois fatores estão estreitamente relacionados.
Uma segunda questão trazida por Parsons diz respeito à valorização do contexto do observador na
contemporaneidade, em contraposição ao modernismo, que pregava a existência de padrões estéticos
universais independentes de qualquer contexto. Assim, no momento contemporâneo, a atribuição de
sentido à obra de arte depende, entre outros fatores, da sensibilidade, dos valores, da bagagem cultural,
da experiência de vida e dos conhecimentos de cada observador.
Assim, uma obra de arte apresenta várias possibilidades de interpretação, tendo em vista a diver-
sidade de contextos dos observadores.
Parsons propõe um terceiro paralelo em relação à apreciação artística: no modernismo havia uma
hierarquia rígida entre arte erudita e arte popular. Essa distinção, na contemporaneidade, vem sendo
paulatinamente derrubada, tanto no campo da produção quanto da reflexão sobre arte. Por um lado,
artistas contemporâneos misturam referências dos mais diversos campos nas suas obras, tornando cada
vez mais difícil sua classificação. Por outro lado, novos estudos têm revelado o caráter ideológico dos
critérios estéticos, trazendo uma revalorização da arte produzida por grupos desvinculados das esferas
de poder político, social e econômico. Assim se evidencia o caráter multiculturalista da apreciação e
interpretação da obra de arte na contemporaneidade.
Em conjunto com os conhecimentos, interesses e valores do apreciador, entre tantos outros aspectos
que permeiam a sua experiência, um processo de apreciação artística requer mais do que o simples e
breve contato com obras de arte. Necessita de uma busca constante pela ampliação de referências sobre
arte. Buscar conhecimentos sobre a história da arte, os movimentos artísticos, os aspectos formais de
obras de arte, entre outros, é uma atitude que contribui para que a apreciação seja uma experiência
significativa para as pessoas.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte (1997), diversos aspectos são citados como inerentes
ao processo de apreciação artística dos educandos, sugerindo-se que o conhecimento está relacionado
aos esforços de significação, pelos educandos, a partir da relação que estabelecem com a obra de arte:
Diante de uma obra de arte, intuição, raciocínio e imaginação atuam tanto no artista
como no espectador. A experiência da percepção rege o processo de conhecimento da
arte, ou seja, a compreensão estética e artística.
O processo de conhecimento advém, então, de significações que partem da per-
cepção das qualidades de linhas, texturas, cores, sons, movimentos, temas, assuntos,
apresentados e/ou construídos na relação entre obra e receptor.
Outro ponto a ser considerado é a possibilidade que a experiência de apreciação abre para que
os educandos criem aproximações com outros indivíduos e culturas. Diante de uma obra de arte, os
educandos vivenciam estranhamentos, semelhanças, diferenças, posicionamentos que, muitas vezes,
partem de referências distintas. Dispara-se, assim, um processo de reconhecimento e valorização do
outro, por meio da arte.
Partindo dos aspectos que perpassam a apreciação artística apresentados até aqui, é possível que
o processo de apreciação a ser vivenciado pelos educandos seja estruturado? Sim, é preciso superar as
práticas de apreciação que se resumem a uma troca superficial de informações sobre uma determinada
obra de arte. Nesse sentido, Martins et alii (2009) consideram que:
56
Propor a leitura de uma obra de arte pode ser, então, mediar, dar acesso, instigar
o contato mais sensível e aberto acolhendo o pensar/sentir do fruidor e ampliando sua
possibilidade de produzir sentido. É um processo de recriação interna que não pode se
restringir a um jogo de perguntas e respostas.
Nesse contexto, esta proposta traz um método para o processo de apreciação e interpretação da obra
de arte junto aos educandos. Com ele, pretende contribuir para que os alunos possam desenvolver sua
percepção estética, construir conhecimentos, estabelecer novas relações, exercitar a sua capacidade de
criar múltiplas interpretações e de propor novos significados à obra de arte, ao seu contexto e à sua própria
vida. Segundo o método proposto, é essencial que os educadores de arte busquem criar oportunidades
para que os educandos, ao apreciar e interpretar a obra de arte:
PD
“a possibilidade de trabalhar arte do 1º ao 3º ano do Ensino Médio, é muito interessante. a minha
prática está ligada diretamente ao desenvolvimento de competências, algo que a escola inteira trabalha. PRÁTICA
os alunos trazem resultados e dão feedbacks muito bacanas. ver um aluno que é dito intelectual, DOCENTE
fazendo práticas artísticas, como interpretar, criar coreografias, trabalhar em time para elaborar
uma performance é bem gratificante. a prática da percepção, sensibilidade, criatividade e abertura para
o novo são evidentes. eu acho que a arte toca o outro. literalmente. o menino que fica mais sensível
ao ouvir uma música ou ao apreciar uma obra de arte, entende e sente o que a obra está comunicando.
quando ele começa a exercitar o seu corpo, quando ele percebe que está criando, ele está se modificando.
porque esse é o papel da arte: o aluno para e vê. quando ele se vê, se analisa, se conhece mais, se
transforma e é provocado a se transformar, tem a possibilidade de ser alguém melhor e mais sensível.
durante dois bimestres estudamos a origem do povo brasileiro. falamos de mestiçagem, racismo e
intolerância. os alunos pesquisaram artistas, contextualizaram o tema e fizeram um ensaio fotográfico
sobre personagens mestiços, tendo o artista alex flemming como referência. os alunos disseram que
escolheram o tema da produção fotográfica porque queriam mostrar os lados positivos da mistura.
a avaliação em arte exige uma proximidade do aluno. o professor precisa de um olhar cuidadoso
para avaliar aquilo que é do campo do sensível. o olhar docente também deve ser sensível.
acho que os professores de arte têm que ter uma formação mais abrangente. quem estuda
música pode pensar nas artes plásticas, também. é importante para o professor uma visão de
arte contemporânea, na qual as linguagens artísticas se misturam. por outro lado, a arte
é ampla demais. um artista que eu conheço pouco, por exemplo, tenho que pesquisar. daí,
ativo minha curiosidade investigativa no estudo. o professor não pode parar no tempo, deve
estudar constantemente, assistir exposições e todos os tipos de produções artísticas.”
57
PLANO DE CURSO
• A visão do ensino de arte na contemporaneidade, que tem como princípio a arte como área de conhecimento e
campo de significação e o propósito, entre outros, de colocar a arte numa perspectiva cultural, de desenvolver
a capacidade de apreciação crítica e sensível da obra de arte, de discutir grandes questões contemporâneas, de
intensificar o uso das tecnologias digitais e de ampliar o conceito de criatividade. Neste contexto, as ativida-
des são criadas a partir dos três eixos; o conhecimento sensível do ser humano e do mundo, a educação para
valores e a visão multiculturalista.
• A proposta de oportunidades educativas em arte com foco no desenvolvimento de competências enquanto a
capacidade de mobilizar, articular e colocar em prática conhecimentos, valores, atitudes e habilidades, seja no
aspecto cognitivo, seja no aspecto socioemocional.
• A educação integral que alicerça essa proposta a partir de metodologias integradoras tais como, a presença
pedagógica que trata da qualidade da interação e da mediação do professor. A problematização que coloca os
alunos em torno de uma situação-problema para ser solucionada de forma crítica com a mediação do profes-
sor. A aprendizagem colaborativa que leva os alunos, em times, a se corresponsabilizarem pelos processos de
aprendizagem e avaliação de todos.
• As competências e habilidades exigidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – Arte.
• As atividades do 1º ano são focadas nas quatro linguagens (teatro, música, artes visuais e dança) e com ênfase
na educação para valores e no conhecimento sensível. No 2ª ano fortalecemos a proposta do teatro com referên-
cia ao Teatro do Oprimido de Augusto Boal. Também no 2º ano desenvolvemos atividades de arte e tecnologia,
tais como a fotografia e o vídeo. No 3º ano buscamos levar os alunos a se conscientizarem e discutirem as
matrizes brasileiras e a formação do povo brasileiro numa visão multiculturalista. Com o propósito de significar
o processo vivido nos três anos do Ensino Médio foi planejado pela área a produção de um yearbook. Todas as
atividades foram propostas de forma integrada pela área de Linguagens.
58
1º ANO
1º BIMESTRE
2º BIMESTRE
59
3º BIMESTRE
4º BIMESTRE
60
2º ANO
1º BIMESTRE
2º BIMESTRE
61
3º BIMESTRE
4º BIMESTRE
62
3º ANO
1º BIMESTRE
2º BIMESTRE
63
• Produção de ensaios fotográficos em que os
O CORPO, A jovens tratem de sua identidade étnica e cul-
PALAVRA, A ENCONTROS E tural, destacando elementos da mestiçagem;
FOTOGRAFIA: DESENCONTROS NA tratar a questão da mistura a partir da ótica
PROBLEMATIZAÇÃO FORMAÇÃO DO POVO do respeito à diversidade.
DE ASPECTOS DE
BRASILEIRO. • Leitura dramática com efeitos sonoros de
NOSSO PROCESSO
DE FORMAÇÃO Meu Tio o Iauaretê, de Guimarães Rosa.
CULTURAL E SUAS AVALIAÇÃO: OLHARES • Retomada das atividades e dos percursos
RELAÇÕES COM O SOBRE O PERCURSO. feitos, associada à Matriz de Competências;
PRESENTE autoavaliação dos estudantes e avaliação do
trabalho por parte do professor.
3º BIMESTRE
64
4º BIMESTRE
65
Nesta proposta de educação integral, o componente
de Educação Física contribui para que as práticas da
cultura corporal de movimento integrem os projetos
de vida dos alunos do Ensino Médio e possibilitem
o desenvolvimento de competências cognitivas e
socioemocionais fundamentais para a construção
da autonomia e adoção de estilo de vida ativo por
parte dos estudantes.
66
edu
ca
ção
FÍSICA
67
a educação física é vista como um componente escolar que possui saberes
específicos e relevância no projeto político-pedagógico da escola de Ensino
Médio a partir de sua articulação com o conceito de educação plena.
A educação plena supõe superar a tensão entre mente e corpo. Desloca o aluno do papel de recep-
tor passivo para o de ator principal dos processos educativos. Rompe com a noção de que a
aprendizagem dos conteúdos escolares depende apenas das capacidades cognitivas dos alunos e que
apenas a dimensão física está ativa nas aulas de Educação Física. Nessa concepção, o corpo integra o
ser e estar em um mundo repleto de significações culturais.
A inserção da Educação Física na área de Linguagens pressupõe que as práticas corporais que
compõem seu conjunto de saberes devem ser pensadas a partir de uma proposta de leitura de mundo,
abandonando, em definitivo, a visão restrita da Educação Física como mera recreação ou meio de
preparação do corpo. A organização do componente em torno do conceito de linguagem corporal é
uma visão inovadora que surge desde o final da década de 1990 como alternativa à visão estritamente
biológica de corpo, que dominava a área.
A linguagem corporal já foi tratada do ponto de vista filosófico, sociológico e da comunicação,
mas ainda há muito a ser explorado sobre as implicações didáticas da inserção da Educação Física no
campo de conhecimento Linguagens.
Nesta proposta, a Educação Física compõe a área de Linguagens por tratar pedagogicamente os
conteúdos da cultura corporal de movimento manifestos por meio da expressão corporal dos grupos
sociais que constituem o mundo globalizado. A compreensão da linguagem corporal permite que se
possa articular gesto e palavra, gesto e ritmo, gesto e expressão plástica, buscando a harmonia e a
integralidade do ser humano, pois “o corpo é, assim, expressão e comunicação. Podemos falar em uma
linguagem corporal que revela, por meio da exterioridade, a nossa interioridade” (Gonçalves, 2000).
Assim como nos PCNs e nas Orientações Curriculares do Ensino Médio, nesta proposta educacional,
a linguagem corporal é entendida como a capacidade humana de partilhar significados expressos por
meio do corpo e dos sentidos a ele atribuídos. Como produto e produção cultural, a linguagem corporal
identifica determinados grupos sociais e seus valores, e representa a herança social que permite aos
sujeitos perceberem a si mesmos e ao mundo.
68
OBJETIVOS
FORMATIVOS
69
EXPECTATIVAS
DE APRENDIZAGEM
70
• Adotar práticas corporais em seu projeto de vida.
• Adotar valores de respeito, solidariedade e cooperação durante as práticas
da cultura corporal.
• Respeitar as diferenças e ser capaz de mediar e solucionar conflitos durante
as práticas da cultura corporal.
• Respeitar os diferentes grupos sociais e suas práticas corporais.
• Posicionar-se criticamente quanto aos aspectos éticos, estéticos, políticos e
ideológicos das diferentes manifestações da cultura corporal.
• Ajustar espaços, materiais, equipamentos, regras, gestos e formas de inte-
ração social presentes nas práticas da cultura corporal às necessidades da
comunidade em que vive.
71
METODOLOGIA
72
O desenvolvimento da linguagem corporal deve integrar-se às demais linguagens
presentes na escola e o professor, garantir a interação das produções corporais com as
demais produções culturais como a música, as artes plásticas, o teatro, a dança e os
recursos tecnológicos.
Didaticamente, propõe-se que as aulas de Educação Física promovam o protagonismo
dos alunos e a leitura dos usos sociais da cultura corporal, estimulando a auto-organiza-
ção, a solução de problemas e a ampliação dos espaços de aprendizagem para além dos
limites físicos da escola pelo uso de espaços sociais de esporte e lazer da comunidade/
cidade. Do professor espera-se engajamento no contínuo registro e mapeamento das
aprendizagens, pois o currículo é construído coletivamente.
As atividades e projetos desenvolvidos nas aulas de Educação Física devem permitir que
os alunos adotem práticas da cultura corporal em seus projetos de vida e de convivência
social e adquiram competências para cuidar da própria corporeidade nas situações de
trabalho e do cotidiano, além de manifestarem-se contra toda forma de discriminação,
violência e preconceito que incidem sobre as atividades da cultura corporal.
Esta proposta defende que o estudo da cultura corporal deve integrar o sensível e
o inteligível. Vislumbra professores e alunos como corpos-sujeitos e defende que, ao
longo do itinerário formativo, as experiências de ensinar e aprender estejam calcadas na
vivência, bem como agucem os cinco sentidos. Aprender, portanto, muito mais do que
desencadear os processos mentais de memorização, deve provocar novas sensações: ter
sabor, cor, forma, cheiro e textura. Mais do que com suas mentes, professores e alunos
deverão se engajar corporalmente em todo o processo de aprendizagem, de todos os
saberes escolares, em todas os componentes do currículo.
PP
ATIVIDADES DE EXPERIMENTAÇÃO PRÁTICA
DOS JOGOS TEATRAIS DE AUGUSTO BOAL PEDAGÓGICA
“no início os alunos estranharam porque iríamos trabalhar com essa temática: ‘como assim?
jogos teatrais nas aulas de educação física? não vamos praticar esportes?’ ao realizar as
atividades propostas, foi perceptível uma maior aceitação dos alunos, pois a vivência dos
jogos aproximou o grupo, trouxe novas possiblidades de movimento e expressão corporal. os
jovens perceberam que todos podiam ser competentes. na roda final de avaliação da atividade,
uma aluna citou o fato de ter percebido que a aula de educação física tem mais a apresentar,
não se limitando aos esportes. utra aluna percebeu que nas atividades as aulas possibilitaram
uma maior aproximação entre eles e deles comigo; e um dos meninos comentou que inicialmente
era avesso às atividades de expressão corporal e dança, mas que havia gostado da experiência.
essas falas me fizeram refletir sobre a importância desse tipo de trabalho. para mim
também foi difícil no início, era um conteúdo que não foi abordado em minha formação,
mas com apoio da opa e com o retorno dos alunos percebo que estou no caminho certo”.
73
PLANO DE CURSO
o plano de curso das aulas de educação física foi organizado de forma a contemplar:
74
1º ANO
1º BIMESTRE
2º BIMESTRE
75
3º BIMESTRE
LABORATÓRIO
SENSORIAL | CIRCUITO 1
– TATO E CINESTESIA
PRODUÇÃO DE
COREOGRAFIAS EM
GRUPO
4º BIMESTRE
76
2º ANO
1º BIMESTRE
2º BIMESTRE
PROPOSTA INTEGRADA |
• Vivência de jogos teatrais propostos por
QUEBRANDO A ARTE E EDUCAÇÃO FÍSICA
QUARTA PAREDE: Augusto Boal (de aquecimento físico e de
- JOGOS TEATRAIS DE
EM BUSCA DE integração do elenco), desenvolvida de forma
AUGUSTO BOAL
UMA POSTURA integrada com o componente Arte.
ATIVA E CRÍTICA • Pesquisa e discussão das origens e significados
DE LEITORES E DANÇA BREAK, CULTURA
culturais do Break; vivência de passos básicos
ESPECTADORES DOS JOVENS DA
da dança. Produção de coreografias em grupo.
PERIFERIA
3º BIMESTRE
TECNOLOGIAS,
LINGUAGENS
• Apresentação da proposta do bimestre, temas
E SENTIDOS:
PROBLEMATIZAÇÃO de pesquisa e divisão dos times de trabalho;
E APRECIAÇÃO DE TECNOLOGIAS E CULTURA desenvolvimento dos temas: Postura e tec-
PRODUÇÕES DA CORPORAL nologias digitais, Evolução tecnológica nos
ARTE, DA CULTURA esportes, Tecnologia e mobilidade de pessoas
DO CORPO, DA
portadoras de deficiência, Jogos eletrônicos.
MÚSICA E DA
LITERATURA
77
4º BIMESTRE
3º ANO
1º BIMESTRE
MATRIZES DO ESPORTE NO
BRASIL - A INFLUÊNCIA
DE DIFERENTES • Levantamento de dados sobre as matrizes que
AS MATRIZES CULTURAIS influenciaram a formação da cultura corporal
REPRESENTAÇÕES (INDÍGENA, EUROPEIA brasileira.
SOBRE SER
E AFRICANA) NA • Experimentação dos códigos gestuais das
BRASILEIRO EM
DIFERENTES FORMAÇÃO DA CULTURA práticas selecionadas, discutindo suas origens
CONTEXTOS CORPORAL BRASILEIRA e modificações ao longo do processo de
E O PROCESSO DE esportivização.
ESPORTIVIZAÇÃO DESSAS
MANIFESTAÇÕES
2º BIMESTRE
78
3º BIMESTRE
4º BIMESTRE
79
Ensinar-aprender uma língua
estrangeira é fundamentalmente
ampliar as possibilidades de par-
ticipação crítica na vida social e
cultural num mundo globalizado.
80
in
glês
LÍNGUA
ESTRANGEIRA
MODERNA
81
as pessoas nascem, crescem e desenvolvem suas vidas em um mundo mediado pela linguagem.
ela é central em nossas vidas e , ao mesmo tempo que se constitui nas interações entre
sujeitos, institui várias práticas sociais. é por meio dela que são construídas as identi-
dades de grupo (nacionalidade, classe social, gênero, etnia etc.) e os significados que
circulam no mundo (bondade, adolescência, político, camelô, feliz, desajustado etc.). é
também por meio da linguagem que as pessoas interagem com os outros e agem no mundo.
A o utilizarem a linguagem, os participantes da interação, oral ou escrita, estão situados num con-
texto sócio-histórico, que necessariamente marca quem são no mundo social e como constroem
sentidos. Em interação, ainda, os participantes têm propósitos tais como: informar, aprender, solicitar,
reclamar, convencer, elogiar, comover etc. Desse modo, como já apontado, quem fala/ escreve, para
quem, por quê, quando e onde são elementos decisivos a serem considerados na construção dos sentidos
de textos escritos ou orais. Assim, o papel da escola na sociedade contemporânea, notadamente nos
componentes que compõem a área de Linguagens, demanda conteúdos curriculares entendidos como
produções sócio-histórico-culturais, que respondam às indagações da humanidade e permitam com-
preender melhor o mundo, seus fenômenos e manifestações, transformando assim alunos e professores
em protagonistas e efetivos transformadores no mundo.
A aprendizagem de uma Língua Estrangeira (LE), como bem indicam os PCNs, é parte integrante da
formação de todo aprendiz e como tal deve ter um lugar assegurado no currículo das escolas ao lado dos
demais componentes que compõem a matriz curricular, uma vez que atua como instrumento mediador
na atuação com outros no sentido global. O contato com uma língua estrangeira cria a possibilidade
de ir além do cotidiano imediato em uma reflexão sobre seu papel como cidadão, compreendendo e
participando social e politicamente em uma comunidade global. Embora o conhecimento de qualquer
LE contribua para um maior acesso à informação e uma maior compreensão do mundo e das diferentes
culturas existentes, cumpre aqui destacar a especial relevância do inglês na vida moderna.
O status de língua internacional adquirido pelo inglês no mundo contemporâneo – na tecnologia,
nas ciências, na vida acadêmica, nas relações comerciais, na produção cultural e no turismo, para
citar apenas alguns exemplos – evidencia a importância e a necessidade de se aprender esse idioma.
As interações em inglês entre falantes não-nativos são tão frequentes e abrangentes que o modelo de
interação entre nativos não pode ser tomado como único.
82
Além disso, a língua inglesa está presente no cotidiano das pessoas, seja em casa, no trabalho,
nos estudos, na cultura ou no lazer. Desse modo, saber inglês, hoje, é condição e meio para que
as pessoas possam: obter mais informação e conhecimento; melhor compreender e se comunicar
com outros povos e culturas; expandir seus horizontes em termos profissionais, acadêmicos e
culturais; ter mais e melhores condições de se inserir ativamente no mundo contemporâneo,
notadamente globalizado.
Assim, o papel que a língua inglesa exerce no mundo atual por si só já justificaria seu ensino
na escola básica. O ensino e a aprendizagem de língua estrangeira se tornam modos de promover
a participação em situações da vida em que a língua
estrangeira se faz necessária. Com isso, a organização
curricular precisa se ocupar da participação efetiva dos atividades sociais: são atividades em que
sujeitos na vida social mais ampla e vislumbrar possi- os sujeitos estão em interação com outros
bilidades de ampliação da sua participação no mundo. em contextos culturais determinados e
Para que isso se realize, assim como em Língua historicamente dependentes - a “vida que se
Portuguesa e Literatura, os estudantes são chamados vive” (marx e engels, 1845-46/ 2006- 26).
nas aulas de Língua Estrangeira Moderna – Inglês a
experimentar atividades sociais de variadas esferas esferas de circulação: são os domínios de
da vida, como a atividade social seminário (tipicamente produção discursiva ou de atividade humana
pertencente à esfera escolar), assistir a filmes nos cinemas que se organizam por meio de um conjunto de
ou em casa (pertencente à esfera artístico-literária), ler gêneros específicos; espaço-tempo em que circulam
jornal ou revista (pertencente à esfera jornalística). Essas gêneros, agentes com papéis sociais determinados,
atividades sociais partem da ideia de que sujeitos chegam com diversidade de interesses e de perspectivas,
a um produto desejado e satisfazem uma necessidade, ao: e com características dos suportes em que os
textos são veiculados (bakhtin, 1953).
83
Gêneros diversos circulam e constituem essas ativida-
des sociais de diferentes esferas de circulação humana.
Portanto, para criar condições de efetiva participação “gêneros: formas relativamente estáveis tomadas pelos
dos estudantes nessas esferas, torna-se fundamental enunciados em situações habituais, caracterizadas
que eles aprendam a reconhecer, produzir, compreender, pelo conteúdo temático, estrutura composicional
interpretar, se apropriar de um conjunto de gêneros. e estilo. sua escolha é determinada por: esfera,
Esses gêneros, focais ou orbitais, quando inter-relacio- necessidade da temática, conjunto dos participantes
nados interagem uns com os outros (Bazerman, 1994), e vontade enunciativa ou intenção do locutor
permitindo que os sujeitos tenham participações mais (bakhtin, 1953/1979).” (liberali, 2012:24).
centrais ou periféricas nas atividades.
No ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira, é “gêneros focais: estão no centro da atividade,
central que os alunos se apropriem desse conjunto de são essenciais à efetiva participação dos
gêneros como instrumentos para a efetiva participa- interlocutores nas ações.” (liberali, 2012:25)
ção na atividade. A focalização apenas sobre gêneros
secundários poderá impossibilitar a atuação de um “gêneros orbitais (david, 2010): são necessários
sujeito que, por exemplo, embora consiga produzir os à participação nas atividades sociais, porém
gêneros abstract e apresentação oral em congresso, não não indispensáveis.” (liberali, 2012:25)
compreende, nem ao menos reconhece, conversas nos
corredores do evento, discussão sobre apresentações, gêneros secundários (complexos): veiculam
conversas para inscrição ou pagamento do evento, e-mail enunciados típicos de uma comunicação cultural
informativo sobre o evento, dentre outros. mais complexa e evoluída, principalmente a escrita,
Para desenvolver a possibilidade de participação em por exemplo, um romance, um discurso científico.
atividades sociais de esferas diversas, o foco do trabalho diferenciam-se dos gêneros primários (simples), que
com a Língua Estrangeira será no desenvolvimento dos são próprios das circunstâncias de uma comunicação
principais aspectos enunciativos, discursivos e lin- verbal espontânea, por exemplo, o diálogo cotidiano,
guísticos mobilizados na produção e compreensão de uma carta informal (bakhtin,1953/1979).
conjuntos de gêneros (focais e orbitais) considerados
centrais para a participação efetiva (Liberali, 2012: 25).
ASPECTOS DISCURSIVOS
ASPECTOS ENUNCIATIVOS
GÊNEROS EM Estão relacionados ao modo de
Estão relacionados aos contextos SITUAÇÕES planificação do texto e às formas
de produção e circulação. Permitem COMUNICATIVAS organizativas predominantes de
reflexões sobre as estruturas de acordo com o objetivo da ação
interação e as características dos em foco. Permite organizar o
conteúdos temáticos nela discurso para alcançar o objetivo
solicitados. Tratam dos objetivos, enunciativo dentro do contexto
do tema, do espaço-tempo e dos específico em que está situado.
agentes da enunciação.
ASPECTOS LINGUÍSTICOS
Estão relacionados aos diferentes
mecanismos que estruturam o material
verbal: mecanismos conversacionais,
verbo-temporais, lexicais, de
distribuição de voz, de proferição, de
coesão nominal, de valoração, de
conexão, de pontuação, dentre outros. Fonte: (LIBERALI, 2012: 25).
84
OBJETIVOS
FORMATIVOS
C omo argumenta Bakhtin (1995), “na realidade, não são palavras o que pronuncia-
mos ou escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes
ou triviais, agradáveis ou desagradáveis etc. A palavra está sempre carregada de um
conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial”.
Torna-se tarefa do professor de Línguas, portanto, desenvolver nos alunos uma
consciência crítica da linguagem (critical language awareness), isto é, conscientizá-
-los sobre a natureza da linguagem e seu caráter de prática social e também chamar
a atenção para a relação entre linguagem e exercício de poder, conforme defende,
dentre muitos autores, Fairclough (1995). Trata-se de co-construir conhecimentos
para que os alunos não só compreendam os discursos que perpassam a vida social,
mas também adquiram visão crítica sobre esses discursos – e, a partir daí, possam
fazer escolhas éticas sobre suas formas de participação efetiva na vida. De acordo com
Moita Lopes (2006), “é crucial educar indivíduos que possam usar o discurso com a
finalidade de tomar posições conscientes na luta contra as desigualdades e contra o
sofrimento humano em todas as instâncias da vida social”.
85
A partir dessa visão, temos como objetivos
gerais do ensino de Língua Inglesa:
86
EXPECTATIVAS
DE APRENDIZAGEM
NA COMPREENSÃO ESCRITA
D iversos aspectos são levados em conta na escolha dos textos para os alunos: sua
relevância na condução de atividades sociais para inserção em um mundo multi-
cultural, seu potencial de integração temática com as outras linguagens e componentes
curriculares, assim como sua pertinência à realidade e a preocupações e aspirações dos
alunos. Enfim, a ideia fundamental é levar/trazer a vida social para a escola.
87
Os textos, extraídos de múltiplos veículos, são apresentados em suas características reais de uso, com
marcas de cor, de ilustrações de diversos tipos, de variados recursos tipográficos (como em panfletos,
anúncios, campanhas etc.), sons, música e imagens que se movem (como em textos na internet), já
que esses elementos, longe de serem aleatórios, na realidade carregam significado e produzem efeitos.
Em suma, a ideia aqui é trabalhar com a multimodalidade.
Outro aspecto importante a assinalar é que, ao utilizar mídias como sites, blogs e redes sociais na
internet, que rompem de diferentes formas com a linearidade da leitura tradicional – por exemplo, no
próprio layout e na inserção de links com outros textos – trabalha-se em prol dos multiletramentos.
Por fim, uma vez que a construção de sentidos/significados do texto é o que norteia a atividade
de leitura, cabe enfatizar a necessidade de estimular a discussão do texto com e entre os estudantes,
valorizando suas experiências de vida e suas contribuições. Desse modo, a leitura não é tratada aqui
como a assimilação de uma interpretação única antecipada pelo professor, mas uma resposta ativa do
aluno às provocações que o texto e suas possíveis interpretações lhe fazem.
88
NA PRODUÇÃO ESCRITA
NA COMPREENSÃO ORAL
• Inferir e mesmo antecipar aspectos do texto oral por meio da análise de seu
contexto de produção.
• Reconhecer o conteúdo geral da fala.
• Identificar determinados aspectos relacionados ao(s) falante(s).
• Compreender o uso de recursos como a entonação, volume de voz, ritmo da
fala, pausas etc. e os efeitos por ele causados.
• Obter informações específicas sobre certos aspectos do conteúdo.
89
NA PRODUÇÃO ORAL
90
METODOLOGIA
91
PLANO DE CURSO
92
1º ANO
1º BIMESTRE
2º BIMESTRE
3º BIMESTRE
93
4º BIMESTRE
2º ANO
1º BIMESTRE
2º BIMESTRE
94
3º BIMESTRE
4º BIMESTRE
95
3º ANO
1º BIMESTRE
96
2º BIMESTRE
3º BIMESTRE
4º BIMESTRE
97
O ensino de Língua Portuguesa e Literatura
deve favorecer a formação do leitor e do
produtor de textos orais e escritos, consti-
tuídos por diferentes linguagens, visando
o domínio da competência comunicativa.
Para tanto precisa ser orientado para os
usos – e a reflexão sobre os usos – da
língua e de outras linguagens que se dão
em diferentes situações (práticas sociais).
O trabalho com a literatura deve estar
voltado para a formação do leitor literário,
investindo na fruição estética
98
língua
portu
guesa
E LITERATURA
99
levando em conta os princípios e pressupostos curriculares mais gerais , o
perfil de aluno definido e as pesquisas atuais na área de ensino-aprendiza-
gem de língua materna, a perspectiva teórico-metodológica que deve pautar
a construção do currículo de língua portuguesa e literatura é a enuncia-
tivo-discursiva, que relaciona os textos produzidos com suas condições de
produção. disso decorre que o foco do trabalho na área deve ser os usos da
linguagem em textos elaborados em determinadas situações de produção e não
o sistema linguístico abstrato.
5 Para uma maior compreensão do conceito de práticas de linguagem ver Geraldi (1996). Desde a década
de 1990, muitas propostas curriculares vêm tomando as práticas de linguagem como um dos seus critérios de
organização (Parâmetros Curriculares Nacionais, MEC/SEB, 1997; Orientações Curriculares para o Ensino Médio,
MEC/SEB, 2006.
100
ESFERAS DE COMUNICAÇÃO
E GÊNEROS DO DISCURSO
N ão lemos qualquer texto com os mesmos objetivos ou da mesma maneira. Tampouco produzimos
textos com as mesmas características quando variamos nossos interlocutores e nossos objetivos.
Dessa forma, os gêneros do discurso, tal como postulados por Bakhtin6, podem servir como articuladores
das práticas de linguagem, podendo vir a ser um dos objetos de ensino aprendizagem, como sugerido
por alguns documentos curriculares e por alguns pesquisadores7.
Todo gênero se origina e circula em uma esfera de atividade humana que também é uma esfera
de comunicação. Assim, a definição de um currículo nas bases aqui propostas precisa ter em conta a
seleção de esferas – jornalística, artístico-literária, divulgação científica, escolar, política, de produção
e consumo, vida pública/profissional, trabalho, digital etc. – e de gêneros que deverão ser contemplados
ao longo do currículo8.
Se a diversidade de gêneros (e/ou de tipos de textos) já
figura nos documentos curriculares há mais de duas décadas, o para uma melhor compreensão
desenvolvimento tecnológico, os indicadores educacionais, as da perspectiva dos
configurações e práticas sociais contemporâneas e a considera- multiletramentos, ler o
ção do multiculturalismo colocam a necessidade de agregarmos texto “leitura e produção
outros critérios a essa diversidade mais geral. de textos na perspectiva
A perspectiva dos multiletramentos pode ajudar na con- dos multiletramentos”,
sideração dessas múltiplas dimensões. Cope e Kalantzis vão caderno 3 desta coleção.
considerar que os multiletramentos referem-se a práticas letradas
que fazem uso de diferentes mídias e, consequentemente, de
6 “Tipos relativamente estáveis de enunciados” (Bakhtin 1952/1953); formas de dizer, sócio-historicamente constituídas, oriundas de
necessidades e transformações das esferas de atividade/esfera de comunicação. Seriam exemplos de gêneros do discurso: notícia, carta
do leitor, editorial, reportagem, fotorreportagem, álbum de notícia, charge, tirinha, horóscopo, resenha crítica, crônica, conto de fada,
narrativa de enigma, romance policial, narrativa de aventura, poema visual, cordel, rap, canção, funk, fotonovela, fanzine, artigo de
divulgação científica, debate, palestra, apresentação oral, seminário, tomada de notas, verbete de enciclopédia, carta pessoal, bilhete,
receita culinária, instruções de montagem, etc. Tudo que ouvimos, falamos, lemos ou escrevemos pertence a um gênero, mesmo que,
por vezes, não saibamos nomeá-lo.
7 Cf. Por exemplo, Schneuwly, B. (2004), Dolz, J. &Schneuwly, B. (2004), Pasquier A. &Dolz, J. (2004), Schneuwly e Dolz (1997) e
Rojo (2000).
8 A propósito de como organizar currículos a partir dos gêneros, conferir Dolz, J. &Schneuwly, B. (2004) e Barbosa (2000).
101
diversas linguagens, incluindo aquelas que circulam nas mais variadas culturas pre-
sentes na sala de aula, para além da cultura valorizada, tradicionalmente considerada
pela escola. Isso significa que o currículo deve contemplar os gêneros tradicionalmente
adotados – notícia impressa, artigo de opinião, reportagem escrita, dentre outros – e
também vários outros gêneros como notícia de TV, rádio, internet, blog jornalístico,
twitts, charge, fotorreportagem, infográfico, textos de revista digital, programa de
rádio, álbum noticioso, documentário, debate etc., além de crônicas, contos, poemas,
canções e afins, também fanzines, e-zines, fanfics, videoclips, videominuto, radionovela,
fotonovela, esquete.
Entram nessa nova lista gêneros que nasceram, foram transformados ou hibridizados
sob o impacto das tecnologias digitais e das interações na web que caracterizam muitas
das práticas de linguagens contemporâneas. Esses “novos” gêneros supõem muitas das
habilidades e procedimentos envolvidos na leitura e escrita de textos impressos, somadas
a muitas outras habilidades de leitura e produção de texto, como saber selecionar, tratar,
analisar, redistribuir, remixar/transformar informações, textos e imagens.
Se por um lado a diversidade de esferas deve ser contemplada, por outro, como um
dos objetos específicos da área, a literatura deve ser compreendida como esfera diferen-
ciada (e privilegiada) de enunciação, na medida em que seus discursos são produzidos
e recebidos por meio da fruição estética.
Em consonância com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (Brasil/MEC,
2006) e sua assunção de pressupostos teóricos da estética da recepção e do efeito9,
compreende-se aqui a fruição estética como resultante da participação ativa do leitor,
com seu horizonte de expectativas, na reconstrução da forma, para construção de sen-
tidos e significados.
Isso implica romper com a tradicional escolarização da literatura, em que, em vez de
textos dos gêneros literários ou as relações criativas estabelecidas entre esses e textos
de outros gêneros e linguagens, são impostas ao aluno leituras prontas, reduzindo-se
as possibilidades de compreensão e interpretação às manifestações de características
de escolas literárias.
Assim, em vez de “discursos sobre a literatura”, a formação do leitor literário requer
o planejamento de situações de contato direto com os textos literários, com mediação
que ancore um exercício crescente de compreensão de formas e de interpretação delas,
com entrecruzamentos: de referências e conhecimentos dos leitores com os do horizonte
de produção do texto; do texto lido com outros textos nele referenciados direta ou
indiretamente; do estritamente literário com o que com que ele dialoga (teatro, cinema,
canção); do canônico com o não-canônico.
Práticas de leituras compartilhadas, leituras dramáticas, saraus, adaptação de textos
para outras linguagens artísticas (videoanimação, teatro, HQ), produção e circulação
de comentários e resenhas são oportunidades para que os leitores jovens ajam, com
protagonismo, em favor da própria inserção no patrimônio literário, ampliando as
possibilidades de “gostar”, apreciar esteticamente, fazer escolhas e juízos de valores,
possibilitando que desenvolvam atitudes típicas de leitores.
9 “A descoberta do caráter estético, característico ao texto poético, mas não ao teológico, jurídico ou também
filosófico, deve seguir a orientação dada à percepção estética pela disposição do texto, pela sugestão do ritmo
e pela realização gradativa da forma”. (JAUSS, 2002: 877)
102
OBJETIVOS
FORMATIVOS
• Um leitor literário, que merece destaque não só pelo fato de a literatura se constituir numa
dessas práticas sociais a que todos devem ter direito, mas, sobretudo, pelo seu potencial de
humanização, no sentido atribuído por Antonio Candido (1995): “... na experimentação estética
das formas literárias, objetos autônomos organizados para terem sentidos e significados, o leitor
pode apreender emoções e visões de mundo de sujeitos e seus grupos, saberes e conhecimentos
diversos, inclusive, difusos e inconscientes”.
• Um leitor de periódicos, que se interessa e compreende os principais acontecimentos do mundo
e se posiciona frente a eles e às principais questões de relevância social.
• Um leitor de divulgação científica, que use procedimentos e gêneros de apoio à compreensão de
textos da área (grifar, anotar na margem, resumir, produzir sínteses, quadro sinópticos, esquemas
etc.) e saiba recortar questões de pesquisa, buscar, selecionar e tratar informações, analisar e
divulgar/socializar dados/informações em diferentes gêneros (apresentação oral, artigo de opinião,
revista digital, debate, texto de divulgação científica, texto monográfico etc.).
• Um sujeito capaz de lidar com a linguagem do mundo do trabalho, preparar um currículo, participar
de uma entrevista de emprego, produzir relatórios, planejar e executar projetos, apresentações,
realizar registro/tomada de notas de reuniões ou decisões.
103
EXPECTATIVAS
DE APRENDIZAGEM
10 A relação aqui apresentada, em grande parte, baseia-se na proposição feita pelos documentos de referência para a construção dessa
proposta: Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNEM), Orientações Curriculares para o Ensino Médio, Protótipo Curricular de Ensino
Médio orientado para o mundo do trabalho e a prática social.
104
NA PRÁTICA DA LEITURA
Na base do trabalho com a leitura, tomada como processo de atribuição/ (re)construção de sentidos, propõe-
se que o componente favoreça a consolidação e a ampliação das capacidades voltadas à compreensão leitora
e à apreciação e réplica11, expressas em diferentes habilidades e procedimentos e no desenvolvimento de
atitudes leitoras, tais como:
• Ativar e relacionar conhecimentos prévios com os novos conhecimentos postos em jogo no texto.
• Sintetizar informações.
• Analisar os recursos expressivos das linguagens e interpretar seus efeitos de sentido, relacionando textos
com seus contextos, considerando as condições de produção e recepção.
• Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade
de criar e mudar comportamentos e hábitos.
• Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos usados na construção
dos efeitos de sentidos.
• Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos
procedimentos argumentativos utilizados.
• Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.
• Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
11 A respeito das capacidades de apreciação e réplica ver Rojo (2004) que emprega essa denominação inspirada na postulação de Bakhtin do processo de
compreensão ativa: “Qualquer tipo genuíno de compreensão deve ser ativo, deve conter já o germe de uma resposta. [...]”
105
Com textos literários:
No âmbito da pesquisa:
106
Com escuta de textos:
• Tomar notas durante uma aula, exposição ou palestra, como estratégia para
uma melhor compreensão e memorização do que foi dito.
NA PRODUÇÃO ESCRITA
Nas situações didáticas envolvendo a produção escrita se espera que o aluno desenvolva,
consolide e amplie a capacidade escritora, apropriando-se de diferentes habilidades e
procedimentos para dominar:
107
NA PRODUÇÃO ORAL
Espera-se que o aluno desenvolva, consolide e amplie sua expressão oral em
diferentes situações, apropriando-se de habilidades e procedimentos para dominar:
• A elaboração de materiais de apoio à fala e/ou à audiência (cartazes, slides, sínteses, esquemas etc.).
• O uso de recursos da língua que possibilitem marcar a posição assumida em confronto de ideias a
respeito de tema polêmico.
• O uso da entonação e do ritmo da fala como recurso de produção de sentidos em textos orais diversos
(debate, exposição oral, palestra).
• Reconhecer e respeitar os diferentes contextos culturais, seus grupos e suas manifestações culturais
e linguísticas.
• Identificar as características dos diferentes gêneros, relacionando-as com seus contextos gerais de
produção e características das esferas de comunicação em que circulam.
• Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguís-
ticas sociais, regionais e de registro.
• Reconhecer formas de orquestrar diferentes pontos de vista na textualização, por meio dos elementos
que sinalizam as vozes e seus posicionamentos em relação ao dito e por meio do uso de elementos
de modalização que sinalizam como o enunciador se posiciona em relação ao que é dito, a seu inter-
locutor ou a si mesmo.
108
METODOLOGIA
109
Esses momentos não devem ser dicotômicos, tampouco resvalarem para falsas rupturas entre ensinar
e aprender. Trata-se, na verdade, de equalizar responsabilidades no contrato didático, para garantir
que o trabalho com linguagem na escola preserve sujeitos, suas intencionalidades, seus contextos.
Em uma expressão, trata-se de “encarnar” nas práticas escolares a linguagem como interação,
assumindo o uso da palavra, bem como dos outros signos que podem ser combinados com ela, como
ação dos sujeitos entre si:
Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato de
que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locu-
tor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro. Através
da palavra, defino-me em relação ao outro, isto é, em última análise, em relação à
coletividade. A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela
se apoia sobre mim numa extremidade, na outra apoia-se sobre o meu interlocutor. A
palavra é o território comum do locutor e do interlocutor (Bakhtin, Volochinov,1997).
110
PD
SOBRE AS APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS
E O CONHECIMENTO INTEGRADO PRÁTICA
DOCENTE
“o componente língua portuguesa era sempre muito teórico, muito distante de uma
aplicabilidade pelo aluno. apesar de falar e escrever o tempo todo, o aluno não relacionava
isso às aprendizagens de sala de aula. ele achava que era uma coisa assim: ‘eu estudo para
fazer prova, para medir o conhecimento’. ele não percebia que aquilo que via em português
podia ser aplicado em outras áreas, na vida dele. então, isso mudou. e essa mudança
aconteceu também porque começamos a trabalhar com outros professores, lado a lado.
a gente estava acostumado a trabalhar de modo muito estanque, as disciplinas como
‘casinhas separadas’, e a integração só acontecia em uma festa de fim de ano, em uma festa
de consciência negra, por exemplo. então, a gente desconstruiu essa ideia. trabalhamos
muito juntos, descobrindo os nossos limites: ‘isso eu não sei fazer. no que você pode me
ajudar para eu crescer?’ essa postura foi muito decisiva, uma aprendizagem e tanto.
porque agora o aluno vê o todo, ele não compartimenta. para eles em um produto final, por exemplo,
o videoclipe, ele usou arte, ele usou educação física, porque teve que fazer a parte corporal na
atuação, ele usou o português porque ele precisou interpretar a letra da música, mas ninguém falou
pra ele: agora é português, agora é arte, agora é educação física. foi tudo muito junto, ele acessou os
conhecimentos, trabalhou em uma área muito integrada, sem que isso fosse necessariamente consciente.”
111
PLANO DE CURSO
112
1º ANO
1º BIMESTRE
113
• Estudos sobre a Lírica. Introdução à poesia de
Álvares de Azevedo e análise dos efeitos de
sentido da citação de excertos dela no romance Do
Coração de Telmah. Encaminhamentos para leituras
DE HAMLET A TELMAH
autônomas.
• Apreciação coletiva do romance lido. Avaliação das
experiências de leitura feitas e das possibilidades
que elas trouxeram de entender os gêneros literários.
RELATO DE VIAGEM: O
A ESFERA • Reconhecer o relato de viagem; explorar diferentes
QUE OS VIAJANTES TÊM
JORNALÍSTICA EM relatos de viagem; produzir um relato de viagem.
PAUTA PARA CONTAR?
114
2º BIMESTRE
115
• Leitura de imagem e de um miniconto para
comparação e percepção da relação de
intertextualidade e de aspectos essenciais que o
caracterizam: a captação de uma situação narrada
com a maior brevidade possível. Leitura, escuta
de minicontos multimodais. Primeiro exercício de
produção de miniconto a partir de imagem.
• Leitura de texto didático para estudo: grifar, anotar
e resumir. Estudo do miniconto, com atividade de
MINICONTOS leitura e redução do miniconto. Leitura de minicontos
nos livros e e-book, e em outros espaços da internet
(blog e twitter).
• Discussão das escolhas dos minicontos. Leitura
e análise de outros minicontos que mantêm um
OLHARES SOBRE A intertexto com obras famosas.
CIDADE: A CRÍTICA • Exercícios de concisão e de definição de situações
SOCIAL E DO para a produção. Produção de miniconto, com revisão
COTIDIANO e publicação em twitters, blogs, mural da escola ou
EM FOCO
Moodle.
3º BIMESTRE
116
• Estudos compartilhados sobre o contexto histórico
e cultural do Arcadismo. Construção dos princípios
estéticos fugere urbem e aurea mediocritas a partir
da fruição e discussão da videoanimação de Bruno
A DANÇA OCMO
EXPRESSÃO, Ianni. Análise de verbetes e artigos (wikis) sobre o
LITERATURA: IDEOLOGIA
MOVIMENTO, Arcadismo e seus princípios estético-filosóficos.
E POESIA NO CONTEXTO
ARTE E • Discussão coletiva de reportagem audiovisual sobre
MANIFESTAÇÃO ÁRCADE
a Inconfidência Mineira e sua presença na memória
CULTURAL
literária brasileira.
• Fruição e discussão da lira de Tomás Antonio Gonzaga
a partir de declamação de Paulo Autran. Fruição e
discussão de soneto de Cláudio Manoel da Costa.
4º BIMESTRE
117
2º ANO
1º BIMESTRE
2º BIMESTRE
118
QUEBRANDO A • O projeto literário do Realismo; leitura e
QUARTA PAREDE: discussão de fragmento de romance francês; O
EM BUSCA DE LITERATURA REALISTA/ primo Basílio: trânsitos entre romance, filme
UMA POSTURA
ATIVA E CRÍTICA NATURALISTA e canção; fruição e discussão de tiras de HQ
DE LEITORES E de Fernando Gonsales; O cortiço, de Aluísio
ESPECTADORES Azevedo
3º BIMESTRE
119
4º BIMESTRE
3º ANO
1º BIMESTRE
O PRIMEIRO
MODERNISMO E • Apresentação do percurso formativo do
MACUNAÍMA - COMO O bimestre. Intervenção poética. Estudos
AS PRIMEIRO MODERNISMO compartilhados de textos didáticos, discussão
REPRESENTAÇÕES E SEUS MANIFESTOS e produção de respostas a questões.
SOBRE SER
SIGNIFICARAM O • Apreciação coletiva da leitura que Adriana
BRASILEIRO EM
DIFERENTES PROCESSO DE FORMAÇÃO Calcanhoto faz de excertos do “Manifesto da
CONTEXTOS BRASILEIRO? COMO Poesia Pau-Brasil”; leitura compartilhada do
MACUNAÍMA REALIZA manifesto; Produção de respostas a questões
LITERARIAMENTE ESSA do Enem e de vestibulares.
DISCUSSÃO?
120
O PRIMEIRO
MODERNISMO E
• Leitura e discussão de trechos do “Manifesto
MACUNAÍMA - COMO O
antropófago”; seleção e apreciação de vídeos-
PRIMEIRO MODERNISMO
manifesto (Projeto Manifesto 80 Anos/UFMG).
E SEUS MANIFESTOS
Produção de respostas a questões do Enem e de
SIGNIFICARAM O
vestibulares.
PROCESSO DE FORMAÇÃO
• Apreciação coletiva de: fragmentos de
BRASILEIRO? COMO
Macunaíma e de textos que, em diferentes
MACUNAÍMA REALIZA
linguagens, o referenciam.
LITERARIAMENTE ESSA
DISCUSSÃO?
AS
REPRESENTAÇÕES
SOBRE SER • Problematização da relevância das ideias da
BRASILEIRO EM vanguarda de 20 para as gerações seguintes;
DIFERENTES apresentação e comparação dos movimentos
CONTEXTOS
Tropicalismo e Manguebeat; análise de
manifestos e canções-manifesto produzidos por
esses movimentos de vanguarda.
MOVIMENTOS E • Reflexão sobre momento atual: identidade
MANIFESTOS e anonimato nas redes e novas formas de
manifestações socioculturais (do local
e global) – Manifesto e Ciberativismo –
Manifesto Remix.
• Comparação de diferentes manifestos de
esferas diversas; apresentação da proposta e
acompanhamento do planejamento e revisão.
2º BIMESTRE
121
• Discussão inicial para compartilhar
conhecimentos sobre o que são questões
polêmicas e apresentação do percurso formativo
do bimestre. Leitura e discussão comparativa
O CORPO, A de artigo de opinião e editorial: o contexto de
PALAVRA, A produção e circulação desses gêneros.
FOTOGRAFIA: • Leitura e discussão de dois artigos de opinião.
PROBLEMATIZAÇÃO • Atividade baseada no jogo QP – Questões
DE ASPECTOS DE
ARTIGO DE OPINIÃO polêmicas.
NOSSO PROCESSO
DE FORMAÇÃO • Leitura e discussão de textos sobre o
CULTURAL E SUAS tema. Seleção e fichamento de informações
RELAÇÕES COM O importantes que podem ser usados na
PRESENTE elaboração de argumentos que possam ser
usados na defesa da posição assumida diante
da questão polêmica.
• Planejamento, produção e divulgação de
artigos de opinião.
3º BIMESTRE
122
• Análise de dissertações argumentativas:
lidando com os critérios de avaliação.
• Coesão textual e coerência; leitura de trechos
de textos para análise de recursos linguísticos
utilizados como mecanismos de coesão textual;
leitura de uma dissertação integral para
REPRESENTAÇÕES observar a construção da progressão do texto.
DE GÊNERO • Análise dos mecanismos de coesão textual
NA MODA, NO TEXTO DISSERTATIVO-
utilizados em textos argumentativos.
ESPORTE, NA ARGUMENTATIVO
LITERATURA, NA • Escolha do tema a partir de uma lista de
MÚSICA possibilidades. Planejamento: preparação
de esquema da redação, seleção de ideias;
a avaliação da necessidade de pesquisa e
fichamento de informações importantes que
podem ser usados na elaboração de argumentos
na defesa da posição assumida diante da
questão polêmica.
4º BIMESTRE
123
PRINCÍPIOS
OPAs
EDUCATIVOS
124
a
opa
POR
DENTRO
125
126
Como a perspectiva da integração curri-
cular se faz presente nas atividades da
sequência didática?
Além do quadro de integração, que abre
a OPA, cada componente apresenta os con-
teúdos e os contextos que serão trabalhados
em seu recorte, à luz das questões de proble-
matização que integram a área no bimestre
e das competências que se pode aprimorar
por meio delas. No caso desta sequência, o
foco está em: problematizar representações
de gênero na moda, no esporte, na litera-
tura, na música, a fim de que os estudantes
possam desenvolver especialmente as com-
petências Colaboração, Comunicação (Uso da
linguagem), Pensamento Crítico, Abertura
para o novo (Curiosidade) e Criatividade.
A sequência promove o desenvolvi-
mento leitor, oral e escritor do aluno?
De que forma? A perspectiva dos mul-
tiletramentos está presente na sequ-
ência? De que forma?
A perspectiva dos multiletramentos
é central e estruturante na integração
dos componentes da área, na medida
em que entende toda e qualquer lingua-
gem, em suas manifestações multimodais,
multiculturais e multimidiáticas, como
processo e produto das interações huma-
nas. Dela deriva a formação de leitores
críticos de textos de diferentes gêneros
e linguagens e que remetam a diferentes
valores culturais. Nela também se alicerça
a produção textual interessada em textos
diversos, e não apenas nos estritamente
verbais, bem como nos novos processos
de autoria e circulação de textos trazi-
dos pelas novas tecnologias. Assim, por
exemplo, a apreciação de texto literá-
rio está aqui articulada à apreciação de
textos em outras artes e linguagens:
cinema e canção. Procedimentos típicos
dos novos letramentos, como o exercício
de curadoria, podem ser vivenciados na
produção das playlists.
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128
Formação docente:
Aqui indicamos os conteúdos específi-
cos relevantes, oportunizando ao professor
a autoavaliação de seus conhecimentos e
oferecendo referências para que ele assuma
com autonomia seu processo formativo.
O Mapa das atividades apresenta a
síntese do conjunto de atividades
proposto em cada sequência didática,
a duração prevista e sua localização.
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130
Gestão da aula:
O quadro contribui para o planeja-
mento docente, com parâmetros para
Toda atividade se inicia com um
a distribuição dos conteúdos no tempo
quadro-resumo, que sintetiza a sequência
escolar. A partir de cada atividade, o
das atividades educativas. As sequências
professor pode configurar cada aula, como
didáticas, como esta “Atividade 1” da OPA
um todo coeso e, ao mesmo tempo, con-
de Literatura, não correspondem a apenas
siderando a progressão das atividades na
um dia de aula, e sim a uma conjunto de
sequência.
atividades com um objetivo pedagógico
específico, com começo, meio e fim. Além
disso, o professor pode visualizar, de
forma resumida, todos os pontos que
compreenderão seu planejamento das
aulas. Preparar-se adequadamente é um
passo importante para uma boa gestão da
aula e o exercício da presença pedagógica
do docente.
Neste tópico, o professor vai encon-
trar os objetivos formativos. Não está
apenas em jogo nessa “Atividade 1” a É importante que o professor se
abordagem de conteúdos do componente. atente que a proposta de trabalho em
Uma boa gestão da aula pelo professor duplas, trios, quartetos ou a roda de
envolve o compartilhamento dos obje- conversa com os alunos tem intencio-
tivos de aprendizagem de cada encontro nalidade pedagógica e se fundamenta
com os alunos. Esse compartilhamento na premissa de que o conhecimento e a
colabora com o exercício da autoavaliação autonomia intelectual dos estudantes se
pelo estudante que compreende não ape- constroem por meio da interação. A área
nas os objetivos de cada aula, mas tam- de Linguagens propõe o trabalho coletivo
bém se torna capaz de avaliar o que sabe dos estudantes como uma estratégia de
e o que não sabe. Por isso, é essencial mediação de leitura. Ao promover rodas de
que o professor explicite aos estudantes conversa com os estudantes, por exemplo,
qual é o projeto de ensino para aquela o professor propõe perguntas anteriores
turma, como ele será desenvolvido, quais à leitura ou apreciação dos textos que
são as metas e as formas previstas para favoreçam a ativação e/ou construção
que sejam alcançadas. E, é claro, o que de conhecimentos prévios. Ou, durante
será avaliado e de que forma. Com isso, uma leitura compartilhada, todos podem
instaura-se um clima de transparência e colaborar com o processo de compreensão
confiança, fundado num pacto ético, de favorecendo uma compreensão mais ampla
compromisso recíproco. Esta dinâmica dos sentidos do texto.
também colabora para autogestão e o No caderno Metodologias Integradoras,
autoconhecimento do estudante. há mais informações sobre a metodologia
integradora aprendizagem colaborativa e
seus impactos na aprendizagem.
131
132
Como a problematização ocorre ao longo das
atividades da sequência? Como a mediação
do professor pode potencializar o aspecto da
problematização?
Uma boa gestão da aula pressupõe uma abor-
dagem inicial problematizadora sobre o tema pelo
professor. Ao problematizar o educador garante
o engajamento dos estudantes com o tema da
aula. Além de ser a metodologia privilegiada
na integração da área de Linguagens, que a
cada bimestre problematiza uma questão cen-
tral desdobrada em outras, a serem trabalhadas
dentro das especificidades dos componentes, a
problematização é também uma metodologia que
permite a abordagem construtiva e colaborativa
do conhecimento. Por isso ela é processual, sendo
promovida em vários momentos. Ela se materia-
liza por meio de questões-chave, que permitem
aos estudantes relacionarem conceitos, ideias e
opiniões, em favor da construção significativa
do conhecimento. Observe-se, como exemplo,
que o que se espera aqui não é que o professor
exponha o conceito de africanidades, e sim que
medeie a discussão da problematização feita,
ampliando seus conhecimentos, articulando os
conhecimentos da turma e organizando a siste-
matização do que será construído. Sua experiên-
cia e bagagem são fundamentais, na medida em
que ele pode, por exemplo, observar aspectos
não contemplados pela turma e provocar outras
reflexões. No caderno Metodologias Integradoras
desta coleção é possível encontrar informações
em profundidade sobre a problematização.
Embora o trabalho do professor apa-
reça com maior evidência durante as
atividades em sala de aula com os alunos,
a qualidade de seu planejamento também
se traduz nas tarefas extra-classe que
são solicitadas aos estudantes. A boa
gestão de uma aula também se revela
antes e depois de seu desenvolvimento.
Um professor que exercita a sua presença
pedagógica somente distribui tarefas que
tenham uma intencionalidade pedagó-
gica bem definida para os jovens.. Vale
ainda observar que a sugestão de tarefa
apresentada aqui será referência para a
continuidade do trabalho.
133
A avaliação na sequência didática
134
Ao longo das orientações, são desta-
cados os momentos privilegiados para o
professor fazer observações das aprendi-
zagens em processo, de forma que possa
intervir, possibilitando recuperação con-
tinua do que está sendo aprendido pelos
alunos. Assim, essa proposta de avaliação
em processo orienta e qualifica o exercício
da presença pedagógica pelo professor.
No caderno Metodologias Integradoras
desta coleção é possível acessar mais
informações sobre essa metodologia.
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Apontamos aqui mais uma contri-
buição da OPA para mediação da leitura
Ressaltamos que as OPAs têm uma pelo professor. O professor tem papel
dimensão formativa para o professor. relevante no desenvolvimento das capa-
Nesse bloco, encontram-se referências cidades críticas de leitura pelos alunos.
qualificadas para o aprofundamento no Ao promover comparações entre textos,
tema das aulas. O exercício da presença debater o contexto de produção do texto
pedagógica do professor está intima- (papel social do interlocutor, intenciona-
mente ligado ao domínio em profundi- lidades); ou, ao comparar informações,
dade sobre o assunto a ser abordado. o educador permite que os estudantes
façam apreciações, estabeleçam relações
dados e assumam posicionamentos esté-
ticos e éticos.
Dimensão da colaboração na formação
do leitor
Observe como o trabalho colaborativo
ganha diferentes contornos na área de
Linguagens. Aqui, por exemplo, sob a
mediação docente, ela é fundamental
para que os estudantes construam refe-
rências sobre o que faz um leitor literário
diante de um texto, com práticas que
vão desde o levantamento/construção
de conhecimentos prévios, até a apre-
ciação mais qualificada do texto, per-
cebendo escolha de léxico e construção
de personagens, questões de técnica e
de valoração ideológica na construção
do foco narrativo, entre outros aspec-
tos. A aprendizagem colaborativa é uma
metodologia integradora da proposta de
educação integral.
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138
Aqui chamamos mais uma vez a aten-
ção para a importância da abordagem pro-
blematizadora para mediação da leitura
e produção de textos. O levantamento
de conhecimentos prévios aproxima e
vincula o aluno ao objeto de análise
promovendo sua curiosidade e interesse
na medida em que lhe indaga: em que
esse objeto se assemelha a mim? Merece
destaque também a articulação entre a
colaboração e a autonomia, na medida Chamamos a atenção para as con-
em que sequencialmente aos momentos tribuições que as OPAs trazem para a
coletivos, há momentos em cada estu- gestão da aula pelo professor. Aqui há
dante, beneficiando-se do que construiu uma sugestão de mediação de leituras
em grupo, avança sozinho na leitura. para uma sequência de aulas que permite
ao educador visualizar de forma bem con-
creta o passo a passo de uma mediação
da leitura. As estratégias de mediação
variam de acordo com a complexidade do
texto. A leitura com a turma toda é ideal
para a leitura colaborativa de textos mais
complexos. A colaboração permitirá que
os sentidos para este tipo de textos se
ampliem e sejam construídos de forma
processual e compartilhada.
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140
A avaliação
Vale a pena observar que a OPA sugere
ao professor o exercício contínuo da ava-
liação processual. A aferição das aprendi-
zagens dos alunos é fundamental para o
exercício da presença pedagógica e para
o um bom planejamento das próximas
aulas. No exemplo destacado ganha espe-
cial atenção a autoavaliação, promovida
não só para que os estudantes reflitam
sobre suas conquistas e apropriem dos
resultados. A prática da autoavaliação
pelos alunos é fundamental para que os
estudantes conquistem mais clareza sobre
os seus percursos formativos. Refletir
sobre o que vivenciaram possibilita
“aprender a aprender”, é uma reflexão
metacognitiva que favorece a autonomia
para outras aprendizagens.
PROTAGONISMO DOCENTE
Aqui vale destacar como, o mesmo
movimento de exploração significativa
dos textos que é solicitado aos alunos,
também é esperado do professor, com
base em suas experiências, conhecimen-
tos e escolhas. A OPA não tem como
finalidade engessar a prática do professor
nem apagar seu papel de protagonista no Aqui apontamos um exemplo de ati-
planejamento das aulas. Uma OPA agrega vidade integrada da área de Linguagens.
trazendo sugestões consistentes para a Nessa proposta de educação integral a
operacionalização dos princípios concei- integração dos componentes em Áreas de
tuais e metodológicos. A proposta não Conhecimento se concretiza de várias for-
é fazer um uso instrumental das suges- mas. No exemplo destacado o aprendizado
tões organizadas aqui. Se o educador de tópicos comuns aos componentes de
tem clareza dos resultados que pretende Língua Portuguesa e Arte se interconec-
alcançar e compreende a intencionalidade tam e se completam. Mas a integração
de cada atividade, pode fazer pequenas dos componentes curriculares se con-
adaptações e personalizar cada aula de cretiza em múltiplos níveis e por meio
acordo com o contexto de Ensino Médio. de recursos específicos que compõem o
Aqui, o material didático abre o modelo pedagógico desta proposta. A
espaço para a criação pedagógica e sis- integração em Áreas de Conhecimento
tematização pelo docente dos aspectos ultrapassa o simples agrupamento de
gerais da literatura africana, dando um componentes curriculares. Muito mais
contexto mais amplo para as experiências do que integrar por temas, a proposta
de leitura realmente vividas em sala de integra os componentes a partir de pro-
aula e não as substituindo, em detri- cedimentos, formas de pensar das áreas e
mento do aprimoramento das competên- outros fatores que constituem o modelo
cias, como se faz no ensino meramente pedagógico apresentado.
expositivo acerca da literatura.
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142
Voltamos aqui a destacar o trabalho
da área de Linguagens com as múltiplas
linguagens e a abordagem multicultura-
lista. O multiculturalismo como visão de
mundo possibilita que os estudantes per-
cebam os outros a partir das diferenças
e de seus valores. Nesta atividade com
as poetas, o jovem é convidado a refletir
sobre preconceitos e sobre as desigualda-
des presentes no interior de uma socie-
dade e fora dela. Nesta atividade final,
por exemplo, com uma produção textual
multimodal (rodas de declamação de poe-
mas feitos por poetisas e estilização de
camisetas com versos), todo o percurso
De que forma o protagonismo dos estu-
anterior percorrido pelos alunos se torna
dantes é desenvolvido na sequência
fundamental para que atividade realmente
didática?
conflua para um pensamento crítico,
Embora estejamos colocando luz em
ético e estético, sobre a relevância de
diferentes aspectos da proposta do traba-
se conhecer e ler a produção feminina
lho na área de modo isolado, vale a pena
na literatura brasileira. Como o percurso
observar que eles “caminham” juntos
de problematizar as questões de gênero
na sala de aula. Assim, as metodologias
é feito por toda a área de Linguagens,
integradoras, no caso da área, especial-
o estudante tem também condições de
mente a problematização, a aprendiza-
planejar e desenvolver com autonomia
gem colaborativa e os multiletramentos,
referência da moda, trabalhadas em Arte,
estão o tempo todo articuladas em favor
para expressar-se nas camisetas, com
do protagonismo, docente e discente, na
estilização de versos das autoras que
construção do conhecimento. Nesta ativi-
leram. Em Arte, na atividade avaliativa
dade com as poetas, o jovem é convidado
Olhares sobre o Percurso, os alunos não
a refletir sobre preconceitos e sobre as
só avaliam os conhecimentos construídos
desigualdades presentes no interior de
no decorrer das atividades, mas também
uma sociedade e fora dela.
as competências desenvolvidas.
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144
Aqui mais uma vez a OPA chama aten-
ção para a importância da avaliação como
exercício de presença pedagógica pelo
professor. Vale ressaltar que não se trata
apenas de uma avaliação de conhe-
cimentos construídos no decorrer das
atividades, mas também uma observação
sobre as competências desenvolvidas
pelos estudantes.
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agradecemos a todos os professores e gestores que
colaboraram com a elaboração desta publicação.
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