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1 Intensivão de Versificação – Com Lorena Miranda Cutlak

APOSTILA DE EXERCÍCIOS DE ESCANSÃO

Prezado aluno,

Nossa Aula 3 trará a resolução dos exercícios a seguir. Assim que a aula for publicada, você também
poderá fazer o download do gabarito em texto.

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 A cada um dos poemas abaixo, aplique o seguinte esquema de análise sonora:

1. Leia o poema em silêncio. Preste atenção ao que ele lhe diz e tente compreender seu
sentido geral. O objetivo desta etapa é que você adentre a atmosfera do texto, sem a obrigação
de compreendê-lo em profundidade.

2. Leia o poema em voz alta, buscando uma entonação que resulte da consideração dos
seguintes fatores: pausa ao fim de cada verso, enjambements (se houver), sinais de pontuação,
sílabas tônicas de cada palavra, sílabas tônicas do verso considerado como um todo e
significado daquilo que está sendo lido;

2. Identifique as rimas, se houver;

3. Identifique as principais sílabas tônicas de cada verso;

4. Faça a escansão (separação e contagem de sílabas poéticas) de todos os versos.


2 Intensivão de Versificação – Com Lorena Miranda Cutlak

a) A Um Poeta
(Olavo Bilac)

Longe do estéril turbilhão da rua,


Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego


Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício


Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a beleza, gêmea da Verdade,


Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
3 Intensivão de Versificação – Com Lorena Miranda Cutlak

b) Amor é fogo que arde sem se ver


(Luís de Camões)

Amor é fogo que arde sem se ver,


É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;


É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
4 Intensivão de Versificação – Com Lorena Miranda Cutlak

c) Essa que eu hei de amar


(Guilherme de Almeida)

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia,


será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
trazer luz e calor a esta alma escura e fria.

E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia


da vida há de acordar no coração que vela...
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz... — Tudo isso eu me dizia,

quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,


e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste...

E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,


mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”
5 Intensivão de Versificação – Com Lorena Miranda Cutlak

d) Casa Vazia
(Alberto da Cunha Melo)

Poema nenhum, nunca mais,


será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,

para esse público dos ermos


composto apenas de nós mesmos,

uns joões batistas a pregar


para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,

ou cães latindo, noite e dia,


dentro de uma casa vazia.
6 Intensivão de Versificação – Com Lorena Miranda Cutlak

e) Solidão
(Cecília Meireles)

Imensas noites de inverno,


com frias montanhas mudas,
e o mar negro, mais eterno,
mais terrível, mais profundo.

Este rugido das águas


é uma tristeza sem forma:
sobe rochas, desce fráguas,
vem para o mundo, e retorna...

E a névoa desmancha os astros,


e o vento gira as areias:
nem pelo chão ficam rastros
nem, pelo silêncio, estrelas.

A noite fecha seus lábios


─ terra e céu ─ guardado nome.
E os seus longos sonhos sábios
geram a vida dos homens.

Geram os olhos incertos,


por onde descem os rios
que andam nos campos abertos
da claridade do dia.
7 Intensivão de Versificação – Com Lorena Miranda Cutlak

f) A Canção dos Tamanquinhos


(Cecília Meireles)

Troc… troc… troc… troc…


Ligeirinhos, ligeirinhos,
Troc… troc… troc… troc…
Vão cantando os tamanquinhos…

Madrugada. Troc… troc…


Pelas portas dos vizinhos
Vão batendo, Troc… troc…
Vão cantando os tamanquinhos…

Chove. Troc… troc… troc…


No silêncio dos caminhos
Alagados, troc… troc…
Vão cantando os tamanquinhos…

E até mesmo, troc… troc…


Os que têm sedas e arminhos,
Sonham, troc… troc… troc…
Com seu par de tamanquinhos…

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