JÚLIA RAMOS

RESENHA CRÍTICA SOBRE O RETRATO DE DORIAN GREY

RECIFE
2022
 O Retrato de Dorian Grey é um romance escrito por Oscar Wilde em 1890. O
autor não costumava escrever romances, ele era escritor de novelas, contos,
dramas e poesia, tendo “O Retrato De Dorian Grey” como seu único romance
escrito e é considerado uma das obras mais importantes da literatura inglesa. O
autor escreveu retratando o Período Vitoriano, trazendo o ceticismo, ironia e
sarcasmo daquele período que conservava o estético e a beleza e também botando
muito de si e de sua singularidade no livro.
A obra inicia com Basil falando para seu amigo Lorde Henry sobre seu
principal modelo Dorian Grey, a quem Basil gostava muito de retratar em suas
pinturas devido a sua beleza extraordinária. A partir disso, Henry desenvolve uma
curiosidade para conhecer Dorian, visto que Basil falava sobre o homem com tanto
fascínio, porém Basil se sentia receoso de que ao criar uma relação entre os dois,
Henry poderia mudar a visão inocente e pura que Dorian tinha sobre o mundo, visto
que Henry é uma pessoa muito segura de si e que botava o prazer acima de tudo,
hedonista.
Efetivamente, Henry e Dorian se conheceram e ao conversarem Henry trouxe
muitas questões sobre a juventude e a beleza, afirmando por exemplo que
“Juventude é a única coisa que se vale a pena ter”, e mesmo quando dorian afirmou
que não pensava dessa forma, Henry continua falando sobre a questão. Ao decorrer
da conversa, Basil finaliza o retrato de Dorian e a partir do momento que ele vê o
quadro ele cria consciência de sua própria beleza, fazendo referência ao mito de
Narciso no instante em que ele olha o seu próprio reflexo, e também se depara com
a realidade de que enquanto ele envelheceria, ficaria enrugado e improdutivo, o
quadro permaneceria com sua beleza intacta, sendo assim eternamente belo. A
partir disso, levando em consideração a sua conversa com Henry e tudo que lhe foi
falado, Dorian deseja permanecer com sua juventude eternamente, fazendo assim
um pacto inconsciente trocando sua alma pela possibilidade de permanecer jovem e
a pintura passa a envelhecer em seu lugar.
Por consequência, Dorian, que era uma pessoa gentil e pura, passa a ser
uma pessoa completamente narcisista egoísta e centrada em si mesmo, capaz de
tomar atitudes terríveis para se favorecer, visto que se colocava acima do bem e do
mal, se achando merecedor de um tratamento especial.
O livro é um clássico antigo porém com questões muito atuais visto que
Dorian passou a viver em uma situação irreal, tomando-a como realidade para si e
ao perceber que o quadro estava mudando ele escondeu-o para si para que as
pessoas não pudessem perceber. Acontece que a situação que Dorian cria é uma
situação muito atual devido à ascensão das redes sociais, onde as pessoas
passaram a se esconder e demonstrar uma falsa realidade de si para as outras
pessoas, criando assim relações superficiais entre os grupos.
Além de que a relação de não querer envelhecer, além de toda a questão da
beleza pode-se trazer também, conversando com a atualidade, questões de uma
sociedade capitalista, visto que pessoas jovens estão sempre em atividade trazendo
uma produção maior para a sociedade e muitas pessoas se afundam nesse
conceito, se tornando escravos.