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O retrato de Dorian Gray (a peça)

Personagens:
Dorian Gray
Henry
Basil
Sibyl Vane
Último amor
Mordomo

Baseado no livro de mesmo nome

Cena 1 (abre cortina)

Ambiente arrumado. Pessoas de preto compõem o cenário segurando os quadros de


pintura feitos por Basil. Essas pessoas poderiam ser consideradas as paredes. Ao longo do
enredo, elas andam pra se e para cá, arrumando e desarrumado o cenário, sem interagir
com os atores da cena. Basil e Henry tão olhando os quadros ao som de (Forevertime
Journeys - Natan Ratan) Música para

*Henry: Isso é a tua melhor obra Basil.


*Basil: Obrigado meu caro amigo.
*Henry: pretende enviá-la?
*Basil: não à enviarei a nenhuma exposição.
*Henry: não? Como não? Que razão tens tu de não enviar este belo retrato em minha
frente. Isso é ridículo, pois se há alguma coisa no mundo pior que o renome, é a privação
do mesmo.
*Basil: sei que rirás de mim, mas a tela tem muito de mim próprio.
*Henry: Jamei rirei de vc, meu amigo. Quem é este jovem à quem deposito a minha visão?
Tem uma beleza que nunca cheguei a ver.
*Basil: seu nome é Dorian Gray. Mas eu não tinha a intenção de lhe dizer.
*Henry: e por que?
*Basil: ora! Quando tenho em alguém a fonte de uma inspiração, não sou capaz de revelar
sua graça.
Entra mordomo
*Mordomo: Dorian está à porta senhor, ele o aguarda.
*Basil: Mande o entrar.
Entra Dorian
*Dorian: peço-te perdão, Basil, não sabia que estavas acompanhado.
*Basil: meu caro Dorian, esse é Henry Otto, meu velho amigo de infância. Estava
dizendo-lhe agora que o seu gênio forte não seria bom para o senhor, ele já está de saída.
*Dorian: espero que fique, por favor, não gosto de estar sozinho com o senhor, pois não dá
uma palavra. Fique Henry, para que possa conversar comigo enquanto me deixo ser
pintado por Basil.
*Henry: posso ficar, Basil?
*Basil: melhor você ir, deve está cansado e precisa repousar.
*Dorian: é muito entediante ficar parado por horas sem dar um pio, se Henry ir não postarei,
pois não terei ninguém para conversar.
*Basil: Dorian o quer aqui, Henry, então, espero que fique.
*Henry: será um prazer.

Basil pinta o retrato de Dorian e pessoas que fazem parte do cenário saem se expressando
na cena e outras entram trazendo o novo cenário: o jardim. Naquele momento, Basil saiu e
somente Henry e Dorian estão sozinhos. Até que eles comecem a falar e até sentarem está
a música (Carmen - Habanera)

*Henry: Sabe qual é o maior segredo da vida? Curar a alma por meio dos sentidos e os
sentidos com auxílio da alma. O senhor é uma admirável criatura, sabe mais do que pensa
saber, assim como julga conhecer menos do que conhece.
*Dorian: és filósofo?
*Henry: o senhor possui uma juventude admirável e ela é a única coisa desejável.
*Dorian: Eu pouco me incomodo.
*Henry: diz isso agora, mas um dia verá, quando for velho e feio, quando as primeiras linhas
de expressão aparecerem em seu rosto. Acha prazer agora que a possui, sua figura é
adoravelmente bela senhor Gray e não sorrirá tão facilmente quando perdê-la.
*Dorian: o senhor não sabe o que diz.
*Henry: eu bem sei, olhe para mim, tenho 30 anos, casado e já estou com as marcas do
tempo antes da hora. Aproveite a sua mocidade quanto a possui, foi um presente dos
deuses a beleza que tem.
*Dorian: nunca parei para pensar nisso.
*Henry: quando o encontrei, vi em você a inocência, percebi que o senhor não tinha
consciência do que é e do que poderá vir a ser. Juventude! Ah, juventude! Nada há neste
mundo além da juventude.
Basil aparece entusiasmado no jardim com a pintura
*Basil: hoje não me faltou criatividade, terminei a sua pintura Dorian.
Dorian levanta
*Dorian: Que coisa profundamente triste, eu ficarei velho e hediondo. Esta pintura
continuará sempre fresca. Ah! Eu seria o homem mais feliz do mundo se pudesse mudar o
meu destino. Eu daria tudo, até a minha alma, se eu pudesse me conservar novo e este
retrato envelhecesse. Ainda gostarás de mim, Basil? Até aparecer-me a primeira ruga.
Agora sei que quando perdemos os encantos, perdemos tudo. Tua obra revelou-me isto.
Lorde Henry tem toda a razão. A mocidade é a única coisa de valor. Quando perceber que
envelheço, hei de matar-me!
*Basil: Dorian, Dorian, não fales assim. Nunca tive e jamais terei um amigo igual a ti.
Sempre irei estimá-lo. Tu não podes ter ciúmes de coisas materiais, não achas?
*Dorian: tenho ciúmes de tudo aquilo cuja beleza é imperecível. Tenho ciúmes do meu
retrato, por que deverá ele conservar o que hei de perder? Oh! Se pudéssemos mudar! Se
esse retrato pudesse envelhecer e eu conservar-me tal como sou! Por que pintaste isso?
*Basil: devias ter partido quando te pedi, Henry!
*Henry: fiquei porque me pediste.
*Basil: Henry, não quero brigar com meus dois melhores amigos. Como a detestar isso que
hoje pintei, irei destruí-lo. Não quero que essa tela apague nossas três vidas.
*Dorian: não Basil, seria um assassino.
*Basil: alegrar-me ver-te apreciar a minha obra.
*Dorian: eu adorei, meu amigo. Ela é linda e quero ficar com ela.
*Basil: que assim seja, se és a musa que me inspira todos os dias, serás o dono deste
quadro que por fim lhe pertence.
Entregou o quadro, fecha cortina

Cena 2 (abre cortina)

Enquanto a cortina estiver fechada, uma música estará sendo tocada. Uma valsa (act 2:
waltz of the flowers) a cortina de abre e duas pessoas estavam dançando, em uma saleta
de algum clube de festas ou casa de uma pessoa da alta sociedade, quase encerrando sua
valsa. Dorian e Sibyl. Final de comprimentam.

*Sibyl: meu príncipe encantador, o senhor é muito bom para dançar.


*Dorian: creio que a senhorita me ajuda nisso.

A música continua tocando e o casal continua dançando e o cenário vai sendo construído ali
na hora. O novo cenário terá várias cadeiras e simulará um teatro. Nesse momento, as
pessoas do cenário irão fazer uma representação, algo corrido que fará as pessoas não
saberem por onde olhar e em meio a dança eles constroem o novo cenário e saem. A
música para, os dois se entreolham, Sibyl saí, Dorian senta na cadeira e seus
companheiros entram.

*Dorian: como és linda, Sibyl é seu nome. Quando estou com ela, sinto um misto de
sentimentos e faz-me esquecer de todas as coisas mundanas.
*Henry: não acredito que a ame tanto assim, o amor é uma ilusão.
*Basil: diz isso e é casado.
*Henry: nem sempre há amor entre um casal, eu prezo pelo prazer.
*Dorian: conhecerás a minha amada, ela é artista. Quando é Ofélia à admiro, já quando
interpreta Julieta, minha vontade é só de ser o seu Romeu. Tem que ver, ela é excelente.
Entra Sibyl e começa a interpretar mal no teatro
*Sibyl: "Sou verdadeira em tudo que faço, busco sempre o que é melhor para mim, Romeu,
não me negas, não me amas como amo você. Renega teu pai e rejeita teu nome, ou cairei
aos prantos".
Som de desaprovação
*Basil: ela é belíssima Dorian, mas não sabe representar.
*Dorian: não, não é possível, ontem ela foi perfeita. Eu quero ver toda a peça, desculpa-me
por decepcionar vocês, meus amigos.
*Henry: Por Deus meu caro amigo! Não mostre esse ar trágico, vamos embora.
*Dorian: vá você, eu irei ficar mais.
Os dois saem e ficam só o casal ali.
*Sibyl: eis que avisto o meu príncipe encantador.
*Dorian: estás doente, se caso for, não podes apresentar.
*Sibyl: Dorian meu amor. Antes de conhecer-te o teatro era a minha vida. Era só pela arte
que eu vivia. Tinha o prazer nas tristezas de Julieta, as vontades de Cordélia eram as
minhas. Tu vieste e me apresentaste o teu belo amor. Príncipe encantador, príncipe de
minha vida, quando cheguei esta noite aqui, a inspiração me deixara, só havia espaço para
você em minha mente e em meu coração. Conduza-me para fora daqui, onde você quiser
me levar.
*Dorian: tu consumiste o meu amor! Destruiu o meu espírito! Agora nem sequer consegue
despertar-me curiosidade! Eu amava-te porque eras admirável, porque eras inteligente e
genial. Porque dava forma um corpo às sombras da arte! Puseste tudo isso de lado!
Apareceste estúpida! Como fui louco amando-te! Insensato fui! Eu não quero mais te ver,
nem quero mais pensar em ti nem lembrar-me teu nome.
*Sibyl: tu falas sério Dorian?
*Dorian: como falo, tu representaste tão mal, que minha vontade era se arrancar meus
olhos com tamanho horror. Tenho que ir embora, não me impeça, nem me toque.
*Sibyl: Dorian, Dorian, não me abandones! Sinto-me desolada por representar tão mal e não
sei o que serei sem ter você ao meu lado. Hei de tentar… sim, eu vou. Oh! Não me deixes.
*Dorian: Não quero mais olhar para você, a senhorita foi de uma imbecilidade atroz. Criei
ilusões em minha mente.
Dorian sai e Sibyl chora desesperadamente

Depois que Sibyl chora, ela se desespera e uma música animada surge (Antônio Vivaldi -
Storm) nesse momento pessoas do cenário correm na cena e outras tiram as cadeiras.
Nisso a personagem pega a faca pra se matar e cai no chão e as pessoas de preto caem
junto. Fecha a cortina.

Cena 3 (abre cortina)

Dorian está sentado em uma cadeira no meio do cenário, ao lado da parede há o quadro do
mesmo, porém, não mais o quadro dele jovem e sim velho e horrendo. Nesse momento
Dorian está lendo um livro e o mordomo aparece anunciando que seu amigo Basil está à
espera e logo o próprio entra e o criado sai no mesmo instante.

*Mordomo: patrão, o senhor tem uma visita.


*Basil: Tenho uma péssima notícia para lhe dar, meu amigo.
*Dorian: pois fala, pois não quero mais ser atrapalhado em minha leitura.
*Basil: Sibyl está morta, se suicidou na noite passada.
*Dorian: que Deus console a família, se é que ela tinha alguém.
*Basil: como és frio. Amaste tanto ela e agora não declara nenhuma tristeza?
*Dorian: ontem a noite esperei até a peça terminar, falei com a infeliz e a repreendi. Ela
chorou desesperadamente e sabe o que senti?
*Basil: Não me falas isso!
*Dorian: senti prazer!
*Basil: prazer em vê-la chorar? Prazer em saber que ela está morta?
*Dorian: Não quero mais posar para suas pinturas, cansei disso também. Cansei, cansei,
cansei. A vida é tediosa.
*Basil: você me destrói com essa recusa. Nenhum homem encontra duas vezes o seu ideal,
poucos tem essa sorte.
*Dorian: não te darei explicações, só não quero mais ser teu modelo.
*Basil: o que és aquilo, será o quadro que pintei?
*Dorian: não olhe para lá, converse comigo.
Vai até o quadro
*Basil: Dorian, o que és isso? Que coisa horrenda é essa no quadro que pintei.
*Dorian: não é nada.
*Basil: fala!
*Dorian: se queres mesmo saber, irei falar. A anos, quando eu era jovem e puro, tu me
ensinaste a envaidecer da minha beleza. Um dia me apresentou um de seus amigos que
me explicou o milagre da mocidade e esse retrato me revelou o milagre da beleza. Em um
momento de loucura fiz um voto, em que essa pintura envelhecesse e em me conservasse
jovem.
*Basil: eu me lembro, mas isso é impossível. Não posso crer que esse seja o meu quadro.
*Dorian: não conheces o teu ideal?
*Basil: meu ideal nada de mau havia nele. Senhor! Que coisa idolatrei! Quem és tu em
minha frente??
*Dorian: essa é a face da minha alma!
*Basil: se ali está o que fizeste de tua vida, será mais corrompido do que falam de ti. Me
falaram que você estava no lado mau, que a pureza que havia em teus olhos havia se
acabado pela escuridão. Eu não acreditei, mas agora vejo que é verdade!
*Dorian: sou o mesmo, só que melhor!
*Basil: Dorian, você foi contra as leis da natureza, ninguém consegue ficar jovem para
sempre. Isso é temeroso!
*Dorian: cale-se homem!
*Basil: oremos Dorian! Se arrependa agora mesmo, ainda é cedo! Ajoelhe e ore. A prece de
teu orgulho foi ouvida, seu perdão também será! Estamos ferrados, eu por te adorar e você
por não pedir perdão.
*Dorian: não irei dizer nada!
*Basil: oremos Dorian! Oremos por favor! Se arrependa!

Nesse momento Dorian se enfureceu, de tanto ouvir as súplicas de Basil. Ele pega uma
faca e o mata.

*Dorian: tu era meu amigo, agora não é mais nada para mim.

Nesse momento, Dorian finge que não há ninguém morto ali e acaba surgindo o pessoal do
cenário em volta de Dorian, como se fosse uma cobra, ele está sentado, lendo. (Souvenir
d'italie - Lélio luttazzi) + (Old Man River - Lélio luttazzi) quando a música para, logo o
mordomo entra e diz algo, nesse momento as sombras olham pra ele, quando ele termina
de falar, as sombras saem e levam consigo o morto. E o quadro que ora estava exposto, se
vira.

*Mordomo: Lord Henry o espera!


*Dorian: como ousa me interromper, saia seu infeliz. Não quero mais ver a sua cara!
*Henry: por que tanto ódio meu amigo?
*Dorian: tua culpa, me apresentaste o lado bom da vida e serei hoje alguém terrível.
*Henry: ainda estás triste pela morte do Sibyl? Faz dois anos.
*Dorian: parei para pensar na vida. Cheguei a conclusão que tu és um péssimo amigo. Tudo
que aconteceu de ruim em minha vida foi depois que tu entraste nela. Saia daqui, não quero
mais te ver!
*Henry: não te fiz nada, meu amigo.
*Dorian: não me chamem assim, tu é o mal em forma de gente. Tu és o horror que jamais
poderá ficar perto de alguém. Saia! Saia daqui!
*Henry: o que há de errado em você, não encontraste os prazeres ao meu lado?
*Dorian: a um mês atrás encontrei o amor, ele estava disfarçado de uma bela dama. Eu
comecei a amá-la naquele instante. Mas eu saí, eu sabia que a minha alma poderia
corrompê-la. O meu espírito ruim era demais para ela.
*Henry: foi como Sibyl?
*Dorian: não, foi diferente. Com Sibyl foi obsessão, já com esse anjo que caiu do céu no
momento em que precisava, foi amor. Eu a amei demais, mas acabou. Eu me odeio. Vivi
muito tempo da minha vida fascinado pela minha beleza, que esqueci da coisa mais
importante da vida.
*Henry: tu conheceu, é o prazer!
*Dorian: cale-se e vá para o raio que o parta! Serei eternamente infeliz por sua causa. Fiz
atrocidades, mas quero ser um homem melhor.
*Henry: como ousa falar assim comigo! Vou embora, mas não por sua rejeição, mas porque
sei que amanhã terá um pensamento bem diferente.
*Dorian: suma e não volte nunca mais. Por tua causa perdi o amor.
Henry sai e Dorian começa a recitar

"Eu escolho te amar


em silêncio,
porque em silêncio
eu não encontro rejeição."

"Eu escolho te amar


em solidão,
porque em solidão,
mais ninguém te tem senão eu."

"Eu escolho te adorar


à distância,
porque a distância,
me protegerá da dor."

"Eu escolho te beijar


no vento,
porque o vento
é mais gentil do que os meus lábios."

"Eu escolho te abraçar


nos meus sonhos,
porque nos meus sonhos,
tu não tens fim."

Começa uma música, pessoas do cenário entram dançando fazendo uma fila. Assim,
começa a representação do amor entre Dorian e sua amada. (Dragonfly — Dana and
Alden). Nessa música deverá ter um fila, onde todas seguirão passos iguais e as vezes
diferentes, depois a amada e Dorian sairão da fila e vão está quase se beijando, enquanto
os de preto vão estar em volta. No final a amada chora e todos os outro deitam, Dorian sai
como o mesmo diz na cena. Depois começa a outra música, os figurantes levantam e
buscam a amada triste e voltam com Dorian com uma música mais corrida. Nesse momento
vai ter a encenação por meio de uma representação do Dorian destruindo o quadro e
morrendo. (Vivaldi. The four Seasons, violin concerto)
No final da representação Dorian vai está com todos os figurantes ao seu lado e fecha as
cortinas, com as cortinas fechadas ele dá um grito e morre.
Ainda com a cortina fechada:

*Mordomo: que grito foi esse? Onde está o meu patrão!

Cena 4 (abre a cortina)

Mordomo entra na cena. Na cena vai estar um quadro todo despedaçado e um homem
velho caído no chão: Dorian

Mordomo: quem és este à minha frente?.... Não pode ser… será o meu patrão? Reconheço
as jóias e sua roupa fina, mas está tão velho… e este quadro, nunca o vi antes, lembro-me
do meu patrão desse jeito, lindo e jovem, mas este à minha frente está velho demais, o que
será que aconteceu? Não pode ser a mesma pessoa.

Na última frase o mordomo vai está de frente para o morto e olhando para o público. (Valsa
para a lua - Vitor Araújo) Ainda ao som da música a cortina será fechada e quando for
aberta de novo, alguém: talvez Dorian ou outra pessoa, irá recitar um trecho do livro, sem
dizer que é do livro, como se participasse da cena. A pessoa estará diante do microfone.

"Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os


deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas: alimenta os
esfomeados e vestem os pobres, mas as suas próprias almas morrem de fome e estão
nuas".

Depois disso a pessoa vai um pouco mais para trás e todos da peça vêm para a cena e
despedem do público

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