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06º Domingo do Tempo

Comum – Ano C
ANO C
6.º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Tema do 6º Domingo do Tempo Comum

A Palavra de Deus que nos é proposta neste domingo


leva-nos a refletir sobre o protagonismo que Deus e as
suas propostas têm na nossa existência.
A primeira leitura põe frente a frente a autossuficiência
daqueles que prescindem de Deus e escolhem viver à
margem das suas propostas, com a atitude dos que
escolhem confiar em Deus e entregar-se nas suas mãos.
O profeta Jeremias avisa que prescindir de Deus é
percorrer um caminho de morte e renunciar à felicidade e
à vida plenas.
O Evangelho proclama “felizes” esses que constroem a
sua vida à luz dos valores propostos por Deus e infelizes
os que preferem o egoísmo, o orgulho e a
autossuficiência. Sugere que os preferidos de Deus são
os que vivem na simplicidade, na humildade e na
debilidade, mesmo que, à luz dos critérios do mundo, eles
sejam desgraçados, marginais, incapazes de fazer ouvir a
sua voz diante do trono dos poderosos que presidem aos
destinos do mundo.
A segunda leitura, falando da nossa ressurreição –
consequência da ressurreição de Cristo –, sugere que a
nossa vida não pode ser lida exclusivamente à luz dos
critérios deste mundo: ela atinge o seu sentido pleno e
total quando, pela ressurreição, desabrocharmos para o
Homem Novo. Ora, isso só acontecerá se não nos
conformarmos com a lógica deste mundo, mas
apontarmos a nossa existência para Deus e para a vida
plena que Ele tem para nós.

LEITURA I – Jer 17, 5-8

Leitura do Livro de Jeremias

Eis o que diz o Senhor:


«Maldito quem confia no homem
e põe na carne toda a sua esperança,
afastando o seu coração do Senhor.
Será como o cardo na estepe
que nem percebe quando chega a felicidade:
habitará na aridez do deserto,
terra salobre, onde ninguém habita.
Bendito quem confia no Senhor
e põe no Senhor a sua esperança.
É como a árvore plantada à beira da água,
que estende as suas raízes para a corrente:
nada tem a temer quando vem o calor
e a sua folhagem mantém-se sempre verde;
em ano de estiagem não se inquieta
e não deixa de produzir os seus frutos».
AMBIENTE

Os versículos que formam esta leitura fazem parte de um


bloco de frases de Jeremias (cf. Jer 17, 5-13),
apresentadas ao estilo das máximas sapienciais. Aí o
profeta, recorrendo a antíteses, vai desenvolvendo o tema
da confiança/esperança.
Estas palavras de Jeremias não nos dão elementos
suficientes para as situarmos, inequivocamente, num
contexto histórico. No entanto, é possível que o profeta as
tenha pronunciado no reinado de Joaquim (609-597
a.C.): é uma época em que o rei desenvolve uma política
aventureirística de alianças com potências estrangeiras e
confia a segurança da nação, não a Jahwéh, mas aos
exércitos egípcios, aliados de Joaquim. O profeta ataca
essa política, considerando-a um grave sintoma de
infidelidade ao Deus da aliança: Judá já não coloca a sua
confiança e esperança em Deus, mas sim nos homens.

MENSAGEM

O tema fundamental é, portanto, o da


confiança/esperança. A primeira parte da antítese (vers.
5-6) denuncia o homem que se apoia noutro homem e
prescinde de Deus. Não se trata de dizer que não
devemos confiar nos que nos rodeiam e apoiar-nos neles;
trata-se de denunciar essa autossuficiência de uma
humanidade que já não precisa de Deus, nem vê n’Ele
essa rocha segura que tudo sustenta. Prescindir de Deus
e não contar com Ele significa construir uma existência
limitada, efémera, raquítica, a que falta o essencial, como
um arbusto plantado no deserto, condenado
precocemente à morte.
A segunda parte da antítese (vers. 7-8) apresenta, em
imagem, a vida daquele que confia em Deus e n’Ele
coloca a sua esperança: é como um arbusto plantado à
beira da água, que pode mergulhar as suas raízes bem
fundas e que encontra vida em plenitude. A imagem
sublinha, sobretudo, a segurança, a solidez, a paz, a
fecundidade, a abundância de vida.
A oposição entre deserto e várzea pode aludir à oposição
entre deserto e Terra Prometida: se Israel confiasse
unicamente em Deus, lançaria as suas raízes de forma
permanente na Terra Prometida e não experimentaria a
aventura do exílio.

ATUALIZAÇÃO

Na reflexão e na aplicação à vida, ter em conta os


seguintes elementos:

• Todos conhecemos a desilusão e a frustração que


resultam da confiança traída. É uma experiência bem
dolorosa confiar/esperar e receber traição/ingratidão. Em
certos momentos extremos, parece que tudo se
desmorona à nossa volta e que perdemos a vontade de
continuar a construir a nossa vida. A leitura de hoje põe-
nos de sobreaviso: tudo o que é humano é efémero,
limitado, finito; só em Deus encontramos o rochedo
seguro que não falha e que não nos dececiona.
• O nosso mundo conhece espantosas construções no
domínio da arte e da técnica… Abismamo-nos com os
progressos da medicina, com os avanços tecnológicos,
com a parafernália imensa de instrumentos que nos
facilitam a vida e nos permitem alcançar fronteiras nunca
antes sonhadas, seja no domínio da conquista espacial,
seja no domínio das novas técnicas de manipulação da
vida…. No entanto, o que fizemos de Deus? Ele continua a
ser a nossa indicação fundamental? É n’Ele que
colocamos a nossa esperança? As conquistas da vida
moderna, por mais impressionantes que nos possam
parecer, são algo de efémero, de árido, de vazio e, às
vezes, de monstruoso, se prescindimos dessa dimensão
fundamental que é Deus.

• Quais são as referências fundamentais à volta das quais


se constrói a nossa vida? Onde está a nossa segurança e
a nossa esperança? Na conta que temos no banco? Nos
amigos influentes? Na importância da nossa posição
social ou profissional? Nas conquistas científicas ou
técnicas? Ou nesse Deus que se compromete connosco e
encontra mil formas de demonstrar, dia a dia, a sua
fidelidade?

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 1

Refrão: Feliz o homem que pôs a sua esperança no


Senhor.

Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,


nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite.

É como árvore plantada à beira das águas:


dá fruto a seu tempo e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido.

Bem diferente é a sorte dos ímpios:


são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição.

LEITURA II – 1 Cor 15, 12.16-20

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos


Coríntios

Irmãos:
Se pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos,
porque dizem alguns no meio de vós
que não há ressurreição dos mortos?
Se os mortos não ressuscitam,
também Cristo não ressuscitou.
E se Cristo não ressuscitou,
é vã a vossa fé, ainda estais nos vossos pecados;
e assim, os que morreram em Cristo pereceram também.
Se é só para a vida presente
que temos posta em Cristo a nossa esperança,
somos os mais miseráveis de todos os homens.
Mas não.
Cristo ressuscitou dos mortos,
como primícias dos que morreram.

AMBIENTE

Este texto é a continuação da catequese sobre a


ressurreição que Paulo apresenta na Primeira Carta aos
Coríntios e que já começámos a ler no passado domingo.
Depois de ter afirmado a ressurreição de Cristo (cf. 1 Cor
15, 1-11), Paulo afirma a realidade da nossa própria
ressurreição. É preciso recordar, neste contexto, aquilo
que dissemos na passada semana: a ressurreição dos
mortos, em geral, constituía um sério problema para a
mentalidade grega, habituada a ver no corpo uma
realidade negativa, que aprisionava a alma no mundo
material; sendo assim, o corpo – realidade carnal, sensual
– não podia seguir a alma nessa busca da vida plena, da
vida divina. Havendo no homem uma realidade negativa,
que não podia ascender à vida plena, como admitir a
ressurreição do homem integral?
É a esta questão que Paulo vai continuar a responder na
leitura que nos é proposta.

MENSAGEM

Para Paulo, uma vez admitida a ressurreição de Cristo, a


ressurreição dos crentes impõe-se como algo
perfeitamente evidente. A fé em Cristo ressuscitado
desemboca inexoravelmente na inquebrantável esperança
de que também os cristãos ressuscitarão. O inverso
também é verdadeiro: não esperar a ressurreição dos
mortos equivale a não acreditar na ressurreição de Cristo.
Não é possível desvincular uma coisa da outra.
Paulo passa, então, a enumerar as consequências fatais
que adviriam, para a vida cristã, se Cristo não tivesse
ressuscitado: a vivência da fé e a aceitação das propostas
de Jesus não teriam qualquer sentido e os cristãos seriam
gente enganada, “os mais miseráveis de todos os
homens” (vers. 19). Mas Paulo tem a certeza de que os
cristãos não são um rebanho de gente iludida… A partir da
ressurreição de Cristo, podemos acreditar nessa vida
plena que Deus reserva para todos os que O amam. É
essa perspetiva que dá sentido à caminhada que o cristão
faz neste mundo.
Chegados aqui, Paulo detém-se para lançar um grito
jubiloso de fé e de esperança: “Cristo ressuscitou dos
mortos, como primícias dos que morreram” (vers. 20).
Jesus ressuscitou não como o único, como um caso
excecional, mas como o primeiro de uma longa cadeia da
qual fazemos parte. Este “primeiro” não deve ser
entendido em sentido cronológico, mas no sentido de que
Cristo é o princípio ativo da nossa ressurreição, o princípio
que gera essa nova humanidade sobre a qual as forças da
morte não têm qualquer poder. Ele arrasta atrás de Si a
humanidade solidária com Ele, até à realização plena, à
vida definitiva, à salvação total.

ATUALIZAÇÃO

Considerar, para a reflexão, as seguintes linhas:


• A certeza da ressurreição garante-nos que Deus tem um
projeto de salvação e de vida para cada homem; e que
esse projeto está a realizar-se continuamente em nós, até
à sua concretização plena, quando nos encontrarmos
definitivamente com Deus.

• A nossa vida presente não é, pois, um drama absurdo,


sem sentido e sem finalidade; é uma caminhada tranquila,
confiante – ainda quando feita no sofrimento e na dor –
em direção a esse desabrochar pleno, a essa vida total
em que se revelará o Homem Novo.

• Isso não quer dizer que devamos ignorar as coisas boas


deste mundo, vivendo apenas à espera da recompensa
futura, no céu; quer dizer que a nossa existência deve ser
– já neste mundo – uma busca da vida e da felicidade;
isso implicará uma não conformação com tudo aquilo que
nos rouba a vida e que nos impede de alcançar a
felicidade plena, a perfeição última (a nós e a todos os
homens nossos irmãos).

• Não é possível viver com medo, depois desta


descoberta: podemos comprometer-nos na luta pela
justiça e pela paz, com a certeza de que a injustiça e a
opressão não podem pôr fim à vida que nos anima; e é na
medida em que nos comprometemos com esse mundo
novo e o construímos com gestos concretos que estamos
a anunciar a ressurreição plena do mundo, dos homens e
das coisas.
ALELUIA – Lc 6, 23ab

Aleluia. Aleluia.

Alegrai-vos e exultai, diz o Senhor,


porque é grande no Céu a vossa recompensa.

EVANGELHO – Lc 6, 17.20-26

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São


Lucas

Naquele tempo,
Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos,
e deteve-Se num sítio plano,
com numerosos discípulos e uma grande multidão
de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e
Sidónia.
Erguendo então os olhos para os discípulos, disse:
Bem-aventurados vós, os pobres,
porque é vosso o reino de Deus.
Bem-aventurados vós, que agora tendes fome,
porque sereis saciados.
Bem-aventurados vós, que agora chorais,
porque haveis de rir.
Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem,
quando vos rejeitarem e insultarem
e prescreverem o vosso nome como infame,
por causa do Filho do homem.
Alegrai-vos e exultai nesse dia,
porque é grande no Céu a vossa recompensa.
Era assim que os seus antepassados tratavam os
profetas.
Mas ai de vós, os ricos,
porque já recebestes a vossa consolação.
Ai de vós, que agora estais saciados,
porque haveis de ter fome.
Ai de vós, que rides agora,
porque haveis de entristecer-vos e chorar.
Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem.
Era assim que os seus antepassados
tratavam os falsos profetas.

AMBIENTE

Para entendermos todo o alcance e significado deste


texto, devemos recordar que ele está situado na primeira
parte do Evangelho de Lucas (“atividade de Jesus na
Galileia”, Lc 4, 14 – 9, 50). Nesta primeira parte do
Evangelho, Lucas procura apresentar um primeiro anúncio
sobre Jesus (“kerigma”) e definir o programa libertador
que o Messias vai cumprir em favor dos oprimidos. Aliás,
toda a primeira parte do terceiro Evangelho é dominada
pelo episódio da sinagoga de Nazaré, onde Jesus enuncia
o seu programa: “o Espírito do Senhor está sobre Mim
porque Me ungiu, para anunciar a Boa Nova aos pobres;
enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos…” (Lc 4,
18-19).
As bem-aventuranças de Lucas inserem-se em todo este
ambiente: a libertação chegou com Jesus e dirige-se aos
pobres e aos débeis. Numa planície (Mateus situa o
discurso das bem-aventuranças numa montanha),
rodeado dos discípulos e por uma multidão “que acorrera
para O ouvir e ser curada dos seus males” (Lc 6, 18),
Jesus pronuncia o discurso que o Evangelho de hoje nos
propõe.

MENSAGEM

Lucas inicia este “discurso da planície” com quatro bem-


aventuranças (que equivalem às nove de Mateus). Os
destinatários destas bem-aventuranças são os pobres, os
que têm fome, os que choram, os que são perseguidos. A
palavra grega usada por Lucas para “pobres” (ptôchos)
traduz certos termos hebraicos (‘anawim, dallim, ebionim)
que, no Antigo Testamento, definem uma classe de
pessoas privadas de bens e à mercê da prepotência e da
violência dos ricos e dos poderosos. São os
desprotegidos, os explorados, os pequenos e sem voz, as
vítimas da injustiça, que com frequência são privados dos
seus direitos e da sua dignidade pela arbitrariedade dos
poderosos. Por isso, eles têm fome, choram, são
perseguidos. Ora, serão eles, precisamente, os primeiros
destinatários da salvação de Deus. Porquê? Porque a
proposta libertadora de Deus é para uma classe social,
em exclusivo? Não. Mas porque eles estão numa situação
intolerável de debilidade e Deus, na sua bondade, quer
derramar sobre eles a sua bondade, a sua misericórdia, a
sua salvação. Depois, a salvação de Deus dirige-se
prioritariamente a estes porque eles, na sua simplicidade,
humildade, disponibilidade e despojamento, estão mais
abertos para acolher a proposta que Deus lhes faz em
Jesus.
As bem-aventuranças manifestam, numa outra
linguagem, o que Jesus já havia dito no início da sua
atividade na sinagoga de Nazaré: Ele é enviado pelo Pai
ao mundo, com a missão de libertar os oprimidos. Aos
pequenos, aos privados de direitos e de dignidade, aos
simples e humildes, Jesus diz que Deus os ama de uma
forma especial e que quer oferecer-lhes a vida e a
liberdade plenas. Por isso eles são “bem-aventurados”.
As “maldições” (ou os quatro “ais”) aos ricos que
preenchem a segunda parte do Evangelho de hoje são o
reverso da medalha. Denunciam a lógica dos opressores,
dos instalados, dos poderosos, dos que pisam os outros,
dos que têm o coração cheio de orgulho e de
autossuficiência e não estão disponíveis para acolher a
novidade revolucionária do “Reino”. As advertências aos
ricos não significam que Deus não tenha para eles a
mesma proposta de salvação que apresenta aos pobres e
débeis; mas significam que, se eles persistirem numa
lógica de egoísmo, de prepotência, de injustiça, de
autossuficiência, não têm lugar nesse “Reino” que Jesus
veio propor.

ATUALIZAÇÃO

Refletir sobre as seguintes questões:

• A proposta de Jesus apresenta uma nova compreensão


da existência, bem distinta da que predomina no nosso
mundo. A lógica do mundo proclama “felizes” os que têm
dinheiro, mesmo quando esse dinheiro resulta da
exploração dos mais pobres, os que têm poder, mesmo
que esse poder seja exercido com prepotência e
arbitrariedade, os que têm influência, mesmo quando
essa influência é obtida à custa da corrupção e dos meios
ilícitos. Mas a lógica de Deus exalta os pobres, os
desfavorecidos, os débeis: é a esses que Deus Se dirige
com uma proposta libertadora e a quem convida a fazer
parte da sua família. O anúncio libertador que Jesus traz
é, portanto, uma Boa Nova que enche de alegria os
corações amargurados, os marginalizados, os oprimidos.
Com o “Reino” que Jesus propõe aos homens, anuncia-se
um mundo novo, um mundo de irmãos, de onde a
prepotência, o egoísmo, a exploração e a miséria serão
definitivamente banidos e onde os pobres e
marginalizados terão lugar como filhos iguais e amados
de Deus.

• Vinte e um séculos depois do nascimento de Jesus, que


é feito da sua proposta? Ela mudou alguma coisa no
nosso mundo? Às vezes, contemplando o mundo que nos
rodeia, somos tentados a crer que a proposta de Jesus
falhou; mas talvez seja mais correto colocar a questão
nestes termos: nós, testemunhas de Jesus, teremos
conseguido passar aos pobres e aos marginalizados esse
projeto libertador? Teremos, com suficiente convicção e
radicalidade, testemunhado esse projeto, de forma que
ele tivesse um impacto real na história dos homens?
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 6.º DOMINGO
DO TEMPO COMUM
(algumas adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)

1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.


Ao longo dos dias da semana anterior ao 6.º Domingo do
Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste
domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada
dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a
meditação comunitária da Palavra: num grupo da
paróquia, num grupo de padres, num grupo de
movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…
Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a
Palavra de Deus.

2. PÔR EM DESTAQUE O EVANGELIÁRIO E


CONCRETIZAR A ORAÇÃO UNIVERSAL.
Neste domingo em que começa a leitura do “sermão na
planície”, pode-se valorizar o Evangeliário, levando-o à
frente da procissão no início da celebração ou colocando-
o no centro do altar, e rodeando-o com quatro velas ou
lamparinas (em referência às quatro bem-aventuranças
de Lucas). As “atividades caritativas” são iniciativas que
pretendem levar a felicidade aos deserdados e aos
marginalizados. Fazer um inventário das atividades
caritativas na comunidade pode levar, neste domingo, a
que a oração universal esteja mais enraizada nas
realidades do terreno.

3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.


Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se
prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

No final da primeira leitura:


“Senhor, Tu és a nossa esperança, em Ti pomos a nossa
confiança, bendito sejas. O teu Espírito é como a água
que torna verdejante a erva e faz crescer a árvore, ele nos
irriga com a tua vida e nos faz produzir os frutos que Tu
esperas.
Nós Te confiamos os nossos irmãos e irmãs cuja fé secou.
Não permitas que os nossos corações se afastem de Ti”.

No final da segunda leitura:


“Deus de vida, nós proclamamos que Jesus Cristo, teu
Filho, ressuscitou de entre os mortos, para ser entre os
mortos o primeiro ressuscitado; nós Te damos graças pela
firme esperança que nos dás, de ressuscitar contigo.
Nós Te confiamos todos os nossos irmãos que duvidam
da vida e ignoram ainda a luz da ressurreição em Jesus”.

No final do Evangelho:
“Pai dos pobres, Deus de misericórdia, bendito sejas pela
esperança que revelas aos pobres, aos pequenos e a
todos os feridos da vida, aqueles que a sociedade
despreza e negligencia. Tu ofereces-lhes a felicidade do
teu Reino.
Tantos companheiros à nossa volta andam à procura da
felicidade e não sabemos como os ajudar. Ilumina-os com
o teu Espírito”.
4. BILHETE DE EVANGELHO.
A felicidade de que fala Jesus está inscrita nos rostos dos
seus discípulos. É, de facto, olhando-os que Ele os
declara “felizes”. Duas bem-aventuranças estão no
presente. Os discípulos são já felizes, porque são pobres:
deixaram tudo, barco, família, para inaugurar com Jesus o
seu Reino e pregar a sua carta. São felizes porque são já
cidadãos deste Reino. São já felizes porque são como o
seu Mestre, rejeitados, insultados. O seu discurso
incomoda, porque convida a uma mudança, a um
regresso a Deus: amar é já sair de si mesmo.

5. À ESCUTA DA PALAVRA.
Há diferenças entre as bem-aventuranças na versão de
Mateus e na de Lucas. Indiciam duas tradições. Mateus
apresenta nove bem-aventuranças, Lucas somente
quatro. Mateus diz que Jesus subiu a montanha… Lucas
diz que Ele desceu da montanha… Uma contradição
apenas aparente. Dois relatos complementares. Para
escutar as bem-aventuranças em Mateus, é preciso subir
à montanha, elevar-se, subir para Deus. Isso sugere que,
para viver segundo o espírito do Evangelho, não nos
podemos fechar nos estreitos limites da terra. É preciso
subir, respirar um ar mais puro, mais transparente. Isso
exige, certamente, um esforço, pois trata-se de deixar o
Espírito soprar em nós o ar de Deus. É preciso esforço,
como para subir uma montanha, é preciso treino,
paciência e também silêncio, atenção interior. Mas isso
não significa que devemos desinteressar-nos desta vida
muito concreta, da vida ordinária de todos os dias. O
Evangelho não é uma droga que nos faria ver um mundo
desencarnado. Jesus quer encontrar-nos na planície das
nossas vidas muito reais, como está expresso nas
situações das bem-aventuranças. Por seu lado, os ricos
são infelizes porque, no fundo, se esquecem de sair de si
mesmos, de subir à montanha para respirar o ar de Deus.

6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
Pode-se escolher a Oração Eucarística III para a
Assembleia com Crianças, pelas várias expressões
relacionadas com a liturgia da Palavra.

7. PALAVRA PARA O CAMINHO…


Levar para as nossas vidas as palavras de felicidade
escutadas neste domingo e transformá-las em atitudes
de alegria e de encontro com os outros, transmitindo
felicidade àqueles que vivem infelizes ao nosso lado…
Fazer com que a vida da próxima semana tenha muitos
momentos de alegria e de felicidade… que só o serão se
partilhados e sentidos com o próximo, a começar pelos
que estão na minha casa, no meu trabalho, na minha
escola, na minha comunidade, na minha paróquia…

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS


PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA
NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas
Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de
Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org

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