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Resumo: Este artigo visa, por um lado, demonstrar como se tem dado a expansão da
educação superior no Brasil, com especial atenção à educação superior pública, nas
últimas décadas, em que ocorre anômala aceleração no setor das federais desde a
implantação do Reuni e da EAD, via UAB; por outro, apresentar argumentos que
contribuam para se verificar hipóteses a respeito das razões dessa expansão,
compreendendo a expansão da graduação, pós-graduação e pesquisa nas esferas
pública e privada concomitante com as profundas mudanças na economia – de capital
mundializado e financeirizado – e na própria cultura institucional universitária.
Palavras-chave: Educação superior; Expansão da educação superior; Privatização da
educação; Mercantilização do conhecimento; Certificação em massa.
Abstract: The article’s purpose aims to, on the one hand, demonstrate how has given
the expansion of higher education in Brazil, with special attention to the public higher
education, in recent decades, in which it occurs anomalous acceleration in the sector of
federal since the implementation of the Reuni and the EAD, thru UAB; on the other
hand, present arguments that may contribute to verify hypotheses about the reasons
for this expansion, including the expansion of undergraduate studies, research and
graduate studies in public and private spheres at the same time with the profound
changes in the financial globalised economy. Besides that, provoke a very deep change
in the institutional culture of the university.
1
Introdução
2
Esta terceira fase foi marcada pela emergência de programas com forte
potência de mudança institucional como o Programa de Apoio ao Plano de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni)1, a Educação a
Distância (EAD)2, Universidade Aberta do Brasil (UAB)3 e a continuidade da
expansão da pós-graduação, ainda que, neste caso, de forma atenuada em
relação a momentos anteriores, e da respectiva indução da pesquisa ali
desenvolvida. No que se refere à pós-graduação, a partir de 2007 e, de modo
contínuo, até os dias atuais, tais processos se solidificaram e, em consequência,
continuou a intensificar-se, nesse nível, o trabalho do professor da universidade
pública. Destaca-se nesta fase, como sua síntese marcante, uma expansão de
matrículas algo anômala da educação superior pública no país, mormente no
subsetor das Federais, no nível da graduação, como se pôde verificar ao final do
governo Lula.
1 O Reuni foi instituído, em 24 abril de 2007, como uma das ações integrantes do Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE), ambos aprovados pela Presidência da República e pelo
Ministério da Educação nessa data. O Reuni tem como objetivo formal a ampliação do acesso e
a maior permanência do estudante no subsistema. Desenvolve-se mediante contratos de gestão,
entre as instituições federais de educação superior (Ifes) e o Ministério da Educação (MEC), com
duração média de cinco anos (2007-2012), e tem entre seus parâmetros atingir-se uma relação
professor/aluno de 1/18 e um índice de eficiência de 90% de titulados por curso, além da
introdução de mudanças curriculares significativas, de novos arranjos organizacionais e de
mecanismos de gestão para obtenção de mais eficiência no gasto público com a suposição básica
de que a contratualização de resultados é a aposta certa para resolver os problemas de expansão
do sistema V. “R“ÚJO PINHEIRO, , p. .
2 A EAD desenvolve-se no Brasil em todos os níveis educacionais, da educação básica à
educação superior, inclusive na pós-graduação em sentido estrito (mestrado e doutorado),
sendo a modalidade de ensino com maior crescimento atualmente no país, contando hoje, na
educação superior, com cerca de um milhão de matrículas. Além disso, tende a crescer
especialmente entre as instituições com fins lucrativos (for profit), condição permitida por lei, e
por ser a EAD um campo de menores custos, regulação menos rígida e alto potencial de lucro
para essas empresas do mercado educacional.
3A UAB é um projeto articulado pelo Ministério da Educação em parceria com os Estados,
Municípios e Universidades Públicas de Ensino Superior para oferta de cursos de Graduação,
Pós Graduação e de Extensão Universitária na modalidade a distância e/ou semipresencial.
Com início em 2007, quando foram instalados 291 Polos da UAB, em 2009 já somavam 750, com
previsão de totalizar 1.000 até 2013, com cerca de 800 alunos por Polo. Os Polos estão
distribuídos por todas as regiões do Brasil e seus cursos são validados e reconhecidos pelo
MEC.
3
e da pós-graduação4 lato sensu está, em geral, direcionada às grandes parcelas
da sociedade mais excluídas para atuarem nos espaços empresariais de maior
exploração e menor exigência técnica; a certificação, especialmente no âmbito
da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), e a pesquisa,
predominantemente aplicada, tendem a colocar-se a serviço do setor
empresarial nacional e internacional, com grau de menor exploração e maior
exigência técnica, no caso da formação profissional, ao mesmo tempo em que,
no caso da pesquisa, mostra o acúmulo de conhecimento que o país alcançou e
busca ampliar de forma induzida. Esta dimensão se direciona aos melhores
alunos das universidades melhor avaliadas (ou reguladas) por órgãos
governamentais com essa função e por critérios produzidos no âmbito do
Estado. Como hipótese, com base nos números sobre a universidade pública no
Brasil que adiante serão vistos, verifica-se que nas últimas duas décadas esta se
transformou, em movimento que tem avançado a conta-gotas, com raros
momentos mais significativos de expansão e mudança como o que agora ocorre
com a implantação do Reuni, especialmente.5
4
Norte apresenta aproximadamente 45% e a Região Nordeste, 41%. Estes índices
somados e quando comparados à Região Sudeste, com aproximadamente 60,5%
para a mesma faixa etária, mostram a desigualdade entre os estados da
federação brasileira que se encontram distantes ou próximos dos centros
econômico-político-sociais hegemônicos. Esta observação nos mostra outro
problema estrutural já apontado na literatura econômica: o entendimento do
Brasil impõe considerar as desigualdades regionais produzidas pelo
desenvolvimento histórico do capitalismo brasileiro.6
No final dos anos 1980 e início dos 1990 era possível afirmar, não sem
algum grau de idealização, que o centro da cultura da universidade pública
apresentava-se na forma de uma contradição clássica: por um lado, ela
contribuía para o crescimento econômico do país e para a consolidação do pacto
social de então; por outro, punha-se como o lugar institucional da crítica de seu
tempo histórico e de seus próprios objetivos. Tratava-se, de maneira distinta do
que ocorre nas igrejas, que se fundamentam no dogma, de ver a universidade
como espaço saudável e necessário da dúvida, da crítica e do debate. Ao longo
do período que desde então decorreu, enquanto o primeiro polo haveria de
sofrer clara hipertrofia, teria havido uma significativa atrofia histórica do
segundo. A crítica e o debate deram lugar ao silêncio e ao apoio, com raras
exceções, aos planos, programas e atividades oficiais, sugerindo que a
instituição republicana universitária tenha se convertido em agência executora
bastante acrítica de políticas públicas de competência do Estado. De forma mais
precisa, a universidade pública, assim como o Estado, tornou-se instrumento,
ainda que indireto, de produção e o país, com uma economia com alta
capacidade de acumulação e plena disponibilidade de importantes recursos do
fundo público estatal, tornou-se porto seguro para o mercado mundial de
capitais industriais e financeiros. A universidade pública alterou radicalmente
sua cultura institucional ao passar por tais mudanças de perfil e características
quando o país se alinhou, com FHC na presidência, ao regime de
predominância financeira. Isto explicaria, por hipótese, o essencial de sua
mudança ao longo das duas últimas décadas.
6Ver Maria da Conceição Tavares. Da fronda ao front. Entrevista. São Paulo, Boitempo Editorial.
Revista Praga. Número 2, junho de 1997.
5
contribuam para se verificar as hipóteses a respeito das razões dessa expansão e
da expansão da graduação, pós-graduação e pesquisa nas esferas pública e
privada concomitante com as profundas mudanças da cultura institucional
universitária a que se fez acima breve referência.
6
superior, isto é, de 990%. Destaca-se a projeção otimista que o governo militar-
autoritário nutria em relação à criação de um parque industrial com capital
predominantemente industrial, por outro lado, a ditadura civil-militar dava
garantias ao capital estrangeiro que entrava no país.
7
Tabela 2 - Evolução do número de instituições e de matrículas de educação
superior por categoria administrativa (público e privada) – 1994-
2008
Número de Instituições Número de Matrículas
Ano Total Públ. Priv.
Total Públ. % Priv. % % %
(mil) (mil) (mil)
1994 851 218 25,6 633 74,4 1.661 690 41,6 970 58,4
1998 973 209 21,4 764 78,6 2.125 804 37,8 1.321 62,2
1994-1998 Δ% 14,3 -04,1 - 20,7 - 27,9 16,5 - 36,2 -
Fonte: Fonte: BRASIL. MEC/Inep. Sinopse Estatística da Educação Superior, 2011.
8
IES públicas crescem exíguos 1,5% e as IES privadas, 59,3% ou cerca de 40 vezes
mais! Dois outros fenômenos se registram: 1) no interior das instituições de
educação superior (IES) públicas, as federais crescem, em número, 21,6%, as
estaduais diminuem 9,7% e as municipais, 5,0%; 2) dentre as IES privadas, as
confessionais e as comunitárias diminuem 16,3%, enquanto as particulares
(privado-mercantis) têm um crescimento de 113,8%! Seu número salta de 526
instituições para 1.125.
9
de suas relações de trabalho.8 No caso das IES privadas em geral, para um
aumento do número de instituições que foi de 128% o das matrículas foi de
144,7%. Entretanto, cabe destacar a significativa menor redução das matrículas
(-2,4) em relação à redução do número de IES (-23,5) no caso das IES
comunitárias e confessionais. No caso das IES particulares (privado-mercantis)
a relação é de 238,2% de aumento no número de IES e de 345,2% no aumento
das matrículas, o que em ambos estes dois últimos casos se pode levantar a
hipótese de aumento do tamanho das instituições. Isto pode estar
demonstrando a previsão de consultores da área que anunciavam ainda em
que grandes fundos de investimentos e capital externo apostam seus
dólares nos grandes grupos nacionais, que estão comprando instituições
médias, que, por sua vez, incorporam as pequenas GORGULHO, 2007, apud
SGUISSARDI, 2008, p. 1004).
8Cf. SGUISSARDI, Valdemar; SILVA JÚNIOR, João dos Reis. Trabalho Intensificado nas Federais –
pós-graduação e produtivismo acadêmico. São Paulo: Xamã, 2009.
10
Tabela 3 - Evolução e percentual do número de instituições de educação superior por categoria administrativa (pública: federal,
estadual, municipal; privada: confessional e comunitária, e particular) – 1999-2009
1999 1.097 192 17,5 60 5,4 72 6,5 60 5,4 905 82,5 379 34,5 526 48,0
2002 1.637 195 11,9 73 4,4 65 3,9 57 3,5 1.442 88,0 317 19,4 1.125 68,7
2006 2.270 248 11,0 105 4,6 83 3,6 60 2,6 2.022 89,0 439 19,0 1.583 70,0
2009 2.314 245 10,6 94 4,1 84 3,6 67 2,9 2.069 89,4 290 12,5 1.779 76,9
11
Tabela 4 - Evolução e percentual do número de matrículas de educação superior por categoria administrativa (pública: federal, estadual,
municipal; privada: confessional e comunitária, e particular) – 1999- 2009
1999 2.369.945 832.022 35,1 442.562 18,7 302.380 12,7 87.080 3,7 1.537.923 64,9 886.561 37,4 651.362 27,5
2002 3.479.913 1.051.655 30,2 531.634 15,3 415569 11,9 104.452 3,0 2.428.258 69,8 1.166.357 33,5 1.261.901 36,3
2006 4.676.646 1.209.304 25,8 589.821 12,6 481.756 10,3 137.727 2,9 3.467.342 74,2 1.543.176 33,0 1.924.166 41,2
2009 5.115.896 1.351.168 26,4 752.847 14,7 480.145 9,4 118.176 2,3 3.764.728 73,6 864.965 16,9 2.899.763 56,7
12
Verificando os subperíodos deste período, podem-se observar simetrias e
assimetrias diversas. No subperíodo 1999-2002 (FHC) temos: aumento de 49%
do total de IES, assim distribuídos: 1,5% das públicas (federais: 21,6%;
estaduais: -9,7%; e municipais: -5,0%) e 59% das privadas (comunitárias e
confessionais: -16,3%; e particulares: 113,8%) contra aumento de 46,8% do total
de matrículas, assim distribuídos: 26,4% das públicas (federais: 20,1%;
estaduais: 37,4%; e municipais: 19,9%) e 57,8% das privadas (comunitárias e
confessionais: 31,5%; e particulares: 93,7%). Mais simetrias que assimetrias,
embora algumas assimetrias chamem bastante atenção como as das IES
estaduais (-9,7% versus 37,4%) e das comunitárias e filantrópicas (-16,3% versus
31,5%) e mesmo das municipais (-5,0% versus 19,9%).
13
particulares, trata-se provavelmente do fenômeno acima referido da compra ou
incorporação de IES de pequeno porte por IES de porte médio e destas por
grandes redes como Anhanguera, Kroton-Pitágoras, Estácio de Sá e Laureate Inc,
entre outras, que contam com apoio maciço de fundos de investimento
transnacionais (SGUISSARDI, 2008, p. 1.003).
Este dado se revela ainda mais dramático para este subsetor do setor
privado e do sistema, quando se conferem os percentuais de participação de
suas matrículas no universo da educação superior no país: há apenas 10 anos as
IES comunitárias e confessionais contavam com 37,4% do total de matrículas;
em 2009, com apenas 16,9%. As IES públicas tiveram uma redução
significativamente menor: de 35,1% para 26,4% (as federais: de 18,7% para
14,7%; as estaduais: de 12,7 para 9,4%; e as municipais: de 3,7% para 2,3%). No
sentido inverso ao das IES comunitárias e confessionais, as particulares
(privado-mercantis) passaram de 27,% para 56,7%!
14
Nos dois mandatos do governo Lula (2003-2009; faltam os dados de
2010) essa tendência inverteu-se. Os principais dados dessa expansão são os
seguintes: 57,3% no número de docentes, 62,2% no de técnico-administrativos.
A expansão dos cursos foi de 88,6% e a das matrículas, de 41,6%. O aumento
maior de docentes, em especial, em relação ao de matrículas pode-se explicar
pelo ainda não preenchimento das vagas abertas pelos novos cursos, no âmbito
do Reuni, que deve ser preenchidas até 2012.
Tabela 5 - Número total de funções docentes (em exercício), técnicos administrativos (em
exercício), cursos, matrículas do total de instituições federais (incluindo Ifes, Ifet
e outros), Brasil, 1995 – 2009
Função Técnico
Ano IFES Cursos Matrículas
Docente (em Administrativo
exercício) (em exercício)
1995 44.486 100.517 57 1.536 367.531
1996 42.110 -5,3 98.058 -2,4 57 0,0 1.581 2,9 388.987 5,8
1997 50.059 18,9 91.042 -7,2 56 -1,8 1.316 -16,8 395.833 1,8
1998 45.624 -8,9 75.122 -17,5 57 1,8 1.338 1,7 408.640 3,2
1999 46.687 2,3 72.604 -3,4 60 5,3 1.721 28,6 442.562 8,3
2000* 50.165 7,4 69.411 -4,4 61 1,7 1.996 16,0 482.750 9,1
2001 45.058 -10,2 56.596 -18,5 67 9,8 2.115 6,0 502.960 4,2
2002 45.907 1,9 59.652 5,4 73 9,0 2.316 9,5 531.634 5,7
2003 47.709 3,9 61.489 3,1 83 13,7 2.392 3,3 567.101 6,7
2004 50.337 5,5 61.707 0,4 87 4,8 2.450 2,4 574.584 1,3
2005 52.943 5,2 62.400 1,1 97 11,5 2.449 0,0 579.587 0,9
2006 54.560 3,1 64.164 2,8 105 8,2 2.785 13,7 589.821 1,8
2007 59.156 8,4 67.754 5,6 106 1,0 3.030 8,8 615.542 4,4
2008 61.783 4,4 67.993 0,4 93 -12,3 3.235 6,8 643.101 4,5
2009 72.228 16,9 96.786 42,3 94 1,1 4.368 35,0 752.847 17,1
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A expansão do subsetor federal também se verifica se examinados os
dados sobre expansão da EAD, através da UAB, que, tendo 13.469 matrículas
em 2005, já atinge o total de 43.905 em 2010, com um aumento percentual de
226%.
- Expansão da pós-graduação
Na tabela 6 se pode verificar o quadro da expansão da pós-graduação
stricto sensu no país num período de cerca de 20 anos.
16
II – Razões da expansão da educação superior no Brasil, em especial
nas IES públicas e Ifes, considerando igualmente a expansão da
graduação em geral, da pós-graduação e das atividades de
pesquisa (aplicada).
Esse movimento de expansão da educação superior nos termos expostos
no item I acima pode ser explicado não somente com base no processo
econômico, mas também no político e social. No regime de acumulação com
dominância da valorização financeira, o capital monetário parece adquirir
autonomia absoluta em relação à produção real do valor (primeiro ciclo de
movimentação do capital). Trata-se do ápice do fetichismo da mercadoria
capital. Este arranjo leva a mudanças reais no processo de trabalho, na
indústria e na educação, e impõe à sociedade a matriz teórica, política e
ideológica neoliberal, com seu corolário referente à necessária reforma do
aparelho de Estado.
17
- Capital financeiro, Reforma do Estado e a expansão da educação
superior no Brasil
Numa espécie de ante-sala da consolidação do regime de acumulação
com predominância da valorização financeira, a década de 1980 assistiu,
especialmente em seu início, ao processo de mundialização do Investimento
Externo Direto (IED), que sofre então um significativo aumento. No entanto,
para além dos aspectos quantitativos do IED na economia mundial, são seus
aspectos qualitativos os que mais nos interessam aqui. Para Chesnais (1996),
citando Henri Bourguinat, são quatro as principais razões desse movimento:
Em primeiro lugar, diferentemente do comércio exterior, o IED não tem
uma natureza de liquidez imediata [...] ou diferida [...] . Não se reduz a
uma transação pontual. Pelo contrário, sua segunda característica é
introduzir uma dimensão intertemporal de grande importância, pois a
decisão de implantação dá origem a fluxos produção, comércio,
repatriação de lucros) que se estendem, necessariamente, por vários
longos períodos . “ terceira particularidade é implicar transferências
de direitos patrimoniais e, portanto, de poder econômico, sem medida
comum à simples exportação . Por último , diz ”ourguinat, existe um
componente estratégico evidente na decisão de investimento da
companhia. Não somente seu horizonte é sensivelmente mais amplo,
como também as motivações subjacentes são muito mais ricas [...] a
idéia de penetração, seja para depois esvaziar os concorrentes locais,
seja para sugar as tecnologias locais, [e a produção de conhecimento
em lugares que extrapolam a sede do grupo industrial] faz parte desse
aspecto estratégico do investimento direto e, geralmente, está inserido
num processo complexo de tentar antecipar as ações e reações dos
concorrentes . CHESNAIS, 1996, p. 54, grifos do autor em itálico e
nossos em negrito).
18
um novo tipo de sociabilidade. Inclui-se aí, portanto, a esfera educacional
quando ofertada por instituições privadas. Por outro lado, a predominância
financeira impõe ao Estado a produção de um ordenamento jurídico e de
políticas públicas sob a mesma orientação.
19
especificidade tomou a forma de um processo educacional voltado para uma
formação humana reducionista, predominantemente profissionalizante,
realizada por intermédio de uma lógica profissionalizante e privatista ou
mercantilizada. E, dentre os níveis e modalidades mais atingidos, destaca-se o
da educação superior em suas diferentes formas atuais.
20
Conclusão
O exame das razões da expansão da educação superior no Brasil
constituiu-se e se constituirá sempre em notório desafio. Debater a educação
tomando como referência as especificidades do capitalismo brasileiro
manifestas, entre outros fatores, nas disparidades sociais e inclusive regionais,
propicia base para uma análise crítica do processo em curso, em especial no que
se refere à certificação em massa na sua modalidade institucional de Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifet). As razões da expansão da
educação superior e a rígida divisão entre a mercantilização do conhecimento e
a certificação em massa mostram a expansão, suas razões e as formas pelas
quais este processo ocorreu.
21
aspectos estruturais do desemprego através da qualificação profissional e da
evolução das condições gerais de produção real do valor? Em segundo lugar
destaca-se a precarização da formação e do exercício da profissão dos
professores na educação superior.
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Como citar:
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