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Matemática Financeira

Avançada
Se você pertence ao time daqueles que conhecem os princípios da matemática
financeira, bem-vindo ao curso Matemática Financeira em Nível Avançado.
Por aqui, você terá contato com o assunto de maneira aprofundada, com temas
que vão das taxas de juros à amortização de empréstimos, passando
por desconto comercial e avaliação de investimentos.
Preparado? Você é nosso convidado para acompanhar Xavier em suas
escolhas de investimento.
Uma parceria SapiênCia e Prof. José Carlos Luxo
Com frequência, enfrentamos situações em que temos que decidir como
investir. Construir uma fábrica, substituir uma máquina ou abrir uma loja?
Comprar um carro novo ou um usado? Investir em ativo financeiro?
Que critérios devemos adotar para decidir sobre um investimento?

Se você também tem esse tipo de dúvida,


acompanhe a história de Xavier, um
comerciante que pede ajuda à gerente do
banco para investir seu dinheiro.
Em vista dos bons resultados de seus negócios no último ano, Xavier
decide analisar possibilidades de investimento e, assim, aumentar seu
rendimento mensal.
Nesta lição, Raquel ajudará Xavier a entender como funcionam as taxas de
juros e seu impacto sobre possíveis investimentos.
Acompanhe esta história e bom estudo!
Olá, Raquel! Aqui é o Xavier. Você tem um minuto? Os negócios têm ido muito
bem e eu gostaria de analisar algumas possibilidades de investimento. Para
isso, preciso entender um pouco mais sobre taxas de juros.
Você pode me ajudar?
Claro, Xavier! Passe por aqui para um café e conversaremos sobre o assunto.
Até mais!

Antes de decidir investir, além de juros,


precisamos entender um pouco de negócios,
como o fluxo de caixa de um investidor.
Fluxo de caixa
Fluxo de caixa corresponde ao conjunto das receitas menos as despesas.
Podemos representar simplificadamente um fluxo de caixa por meio do
diagrama abaixo:

Mais adiante, você conhecerá a aplicação deste fluxo.

Embora a gente ouça falar sobre taxas de juros


o tempo todo, nem todo mundo sabe o que
quer dizer...

Taxa de juros
Os juros costumam ser expressos como uma fração do capital inicialmente
empregado, numa dada unidade de tempo.
Assim, define-se taxa de juros por meio da relação:

Em que:
i = taxa de juros;
J = Juros (valor acrescido ao valor inicial);
PV = Present Value (valor inicial).

Veja o exemplo que Raquel usou para explicar


o conceito de taxa de juros a Xavier:

Exemplo
Um investidor aplica R$ 2.000,00 em um negócio pelo prazo de 3 meses.
No final do prazo, ele recebe R$ 2.500,00.
Conheça a seguir:

Fluxo de caixa do investidor

a) o fluxo de caixa do investidor;

FV = Future Value (Valor Futuro)


PV = Present Value (Valor Presente)

Juros recebidos nesta aplicação e taxa de juros


envolvida no investimento
b) os juros que o indivíduo recebeu nesta aplicação e a taxa de juros envolvida neste
investimento.
Para descobrir os juros que o indivíduo recebeu neste investimento, basta subtrair o PV
do FV, como representado a seguir:
J = FV - PV
J = 2.500 - 2.000
J = 500,00
Com esses dados em mãos, é possível descobrir a taxa de juros envolvida, aplicando a
seguinte fórmula:
No regime de capitalização simples*, é possível
deparar-se, ainda, com taxas de juros
proporcionais.
*Tipo de capitalização em que os juros crescem de forma linear ao longo do tempo,
sendo gerados somente pelo capital investido.

Taxas proporcionais
Duas taxas de juros i1 e i2, expressas em unidades de tempo diferentes, são ditas
proporcionais quando, incidindo sobre um mesmo principal, durante um mesmo
prazo, produzem um mesmo montante, no regime de capitalização simples.
Consideremos um mesmo PV principal, sobre o qual incidem taxas i1 e i2, durante um
mesmo prazo expresso por n1 e n2, em diferentes unidades de tempo, gerando um mesmo
montante FV:
FV* = PV (1 + n1 . i1 )

FV* = PV (1 + n2 . i2 )

Igualando A e B, temos:
PV (1 + n1.i1) = PV (1 + n2.i2)

Resultando em:
n1.i1 = n2.i2 (I)
A expressão (I) relaciona as taxas propocionais i1 e i2.

*Fórmula de juros aplicada no regime de capitalização simples.


Veja, abaixo, como identificar as taxas proporcionais à taxa anual:
i1 = ia = taxa anual
Previous
Taxa diária
i2 = id = taxa diária
n2 = 1 ano = 360 dias (ano comercial)
Assim:
n1 . i1 = n2 . i2
1 . ia = 360 . id
ia = 360 . id → id = ia / 360
Comparando as expressões temos:
ia = 2is
Taxa mensal
i2 = im = taxa mensal
n2 = 1 ano = 12 meses
Assim:
n1 . i1 = n2 . i2
1 . ia = 12 . im
ia = 12 . im → im = ia / 12
Comparando as expressões temos:
ia = 2. is = 4.it

Taxa trimestral
i2 = it = taxa trimestral
n2 = 1 ano = 4 trimestres
Assim:
n1 . i1 = n2 . i2
1 . ia = 4 . i t
ia = 4 . i t → it = i a / 4
Comparando as expressões temos:
ia = 2. is = 4.it = 12.im

Taxa semestral
i2 = is = taxa semestral
n2 = 1 ano = 2 semestres
Assim:
n1 . i1 = n2 . i2
1 . ia = 2 . i s
ia = 2 . i s → is = i a / 2
Comparando as expressões temos:
ia = 2.is = 4it = 12.im = 360.id
Next
 1
 2
 3
 4
Agora que você já conhece o conceito, que tal
praticar resolvendo o exercício? Depois de
calcular, escolha, entre as 3 opções, aquela
com os valores corretos.

Exercício 01
Quais são as taxas trimestral, mensal e diária proporcionais à taxa de 40% ao ano (a.a.)?

40/3 = it = 13,33% ao trimestre (a.t.);


40/12 = im = 3,33% ao mês (a.m.);
40/360 = id = 0,11% ao dia (a.d.);

40/3 = it = 10% ao trimestre (a.t.);


40/12 = im = 3,33% ao mês (a.m.);
40/360 = id = 0,11% ao dia (a.d.);

40/3 = it = 10% ao trimestre (a.t.);


40/12 = im = 3,33% ao mês (a.m.);
40/365 = id = 0,10% ao dia (a.d.);
REVER FEEDBACK

No regime de capitalização composta*, é


possível encontrar taxas de juros equivalentes.
*A forma de capitalização dos juros é entendida por juros sobre juros, ou seja, os
juros são periodicamente incorporados ao saldo do capital anterior.
Taxas equivalentes
Duas taxas de juros i1 e i2, expressas em unidades de tempo diferentes, são ditas
equivalentes quando, incidindo sobre um mesmo principal, durante um mesmo
prazo, produzem um mesmo montante no regime de capitalização composta.
Consideremos um mesmo PV principal, sobre o qual incidem as taxas i1 e i2, durante um
mesmo prazo expresso por n1 e n2, em diferentes unidades de tempo, gerando um mesmo
montante FV:
FV* = PV (1 + i1 )n 1

FV* = PV (1 + i2 )n 2

Igualando A e B, temos:
PV (1 + i1)n = PV (1 + i2)n
1 2

Resultando em:
(1 + i1)n = (1 + i2)n (II)
1 2

A expressão (II) relaciona as taxas equivalentes i1 e i2.

*Fórmula de juros aplicada no regime de capitalização composto.


Veja, abaixo, como identificar as taxas equivalentes à taxa anual:
i1 = ia = taxa anual
n1 = 1 ano
Previous
Taxa diária
i2 = id = taxa diária
n2 = 1 ano = 360 dias (ano comercial)

Assim:
( 1 + i1 )n = ( 1 + i2 )n 2

( 1 + ia )1 = ( 1 + id )360
( 1 + ia ) = ( 1 + id )360 → id=( 1 + ia )1/360 - 1
Comparando as expressões temos:
(1 + ia) = (1 + is)2

Taxa mensal
i2 = im = taxa mensal
n2 = 1 ano = 12 meses

Assim:
( 1 + i1 )n1 = ( 1 + i2 )n2

( 1 + ia )1 = ( 1 + im )12
( 1 + ia ) = ( 1 + im )12 → im=( 1 + ia )1/12 - 1
Comparando as expressões temos:
(1 + ia) = (1 + is)2 = (1 + it)4

Taxa trimestral
i2 = it = taxa trimestral
n2 = 1 ano = 4 trimestres

Assim:
( 1 + i1 )n1 = ( 1 + i2 )n2

( 1 + i a )1 = ( 1 + i t )4
( 1 + ia ) = ( 1 + it )4 → it=( 1 + ia )1/4 - 1
Comparando as expressões temos:
(1 + ia) = (1 + is)2 = (1 + it)4 = (1 + im)12

Taxa semestral
i2 = is = taxa semestral
n2 = 1 ano = 2 semestres

Assim:
( 1 + i1 )n1 = ( 1 + i2 )n
2

( 1 + i a )1 = ( 1 + i s )2
( 1 + ia ) = ( 1 + is )2 → is=( 1 + ia )1/2 - 1
Comparando as expressões temos:
(1 + ia) = (1 + is)2 = (1 + it)4 = (1 + im)12 = (1 + id)360
Next
 1
 2
 3
 4
Veja, no exemplo a seguir, como usar o
conceito de taxas equivalentes para tomar uma
decisão sobre investimentos!
Exemplo
Um investidor dispõe de duas alternativas de investimento. Uma delas (A) lhe permite
obter a rentabilidade de 25% a.a. A outra (B) lhe permite obter a rentabilidade de 6,5%
a.t. Qual deve ser a alternativa escolhida, tomando a melhor rentabilidade como critério
de escolha?
Para tomar uma decisão, é preciso descobrir a equivalência entre as taxas. No cálculo
abaixo, a taxa trimestral (alternativa B) é transformada em anual:
( 1 + i a ) = ( 1 + i t )4
i = (1 + 6,5/100)4 – 1
i = 0,2865 X 100
i = 28,65%
Neste caso, a melhor alternativa é B, pois a taxa de 6,5% a.t. é equivalente a 28,65%
a.a., que é maior que a taxa da alternativa A (25% a.a.).
Xavier, outro tipo de taxa que você pode
encontrar é a taxa nominal.

Taxa nominal (iN)


É aquela cuja unidade de tempo em que é expressa não coincide com a unidade de
tempo dos períodos de capitalização, ou seja, o período de formação e incorporação
dos juros ao principal não é o mesmo daquele definido para a taxa de juros.
Exemplos:
o • 20% a.a., capitalizados mensalmente;
o • 2,5% a.m., capitalizados diariamente;
o • 12% a.a., capitalizados mensalmente;
o • 6% a.a., capitalizados mensalmente (é o caso da poupança).
Xavier, veja um exemplo bem corriqueiro sobre
a poupança.
Exemplo
Considere uma taxa de 6% a.a., capitalizados mensalmente, para uma aplicação
financeira na poupança.
Neste caso, como a taxa de juros é capitalizada mensalmente e apesar de a taxa da
poupança ser de 6% a.a., teremos:
se im = 6% a.a. → im = 0,06/12

( 1 + ia ) = ( 1 + im )12
ia = ( 1 + im )12 - 1

Logo, a taxa anual será de: ia = 6,17% a.a.


Portanto, apesar de a poupança ter uma taxa anual de 6% e de a capitalização ser
mensal, a taxa que efetivamente a remunera é de 6,17% a.a., um pouco superior à taxa
nominal de 6%.
A taxa nominal de juros é usada no mercado
financeiro com relativa frequência. Entretanto,
não é usada em cálculos, pois o que interessa
é como os juros estão sendo efetivamente
capitalizados, ou seja, a taxa efetiva.

Taxa efetiva (iE)


É aquela cuja unidade de tempo em que é expressa coincide com a unidade de tempo
dos períodos de capitalização, ou seja, é a taxa dos juros apurada durante todo o prazo
n, sendo formada exponencialmente por meio dos períodos de capitalização. Portanto, a
taxa efetiva é o processo de formação dos juros pelo regime de juros compostos, ao
longo dos períodos de capitalização.
Exemplos:
o • 0,7% a.d., capitalizados diariamente;
o • 0,5% a.m., capitalizados mensalmente.
Xavier, veja um exemplo bem corriqueiro sobre
a poupança.

Exemplo
A poupança paga juros anuais de 6%, com capitalização mensal à base de 0,5%;
portanto, a rentabilidade efetiva desta modalidade de aplicação será:
im = 5%
( 1 + ia ) = ( 1 + im )12
ia = ( 1 + im )12 - 1

Logo, a taxa efetiva anual será de: ia= 6,17% a.a.


Xavier pede a Raquel que lhe explique como
pode obter a taxa efetiva correspondente, dada
a taxa nominal.

Taxa efetiva versus taxa nominal


Geralmente, o mercado financeiro define, para uma mesma operação, expressões
diferentes de juros em termos de sua forma de capitalização; por isso, a pergunta de
Xavier é bem comum. Afinal, como obter a taxa efetiva correspondente, a partir da taxa
nominal?
Por convenção (prática da matemática financeira), devemos proceder assim:
1º) determina-se a unidade do período de capitalização da taxa nominal;
2º) calcula-se a taxa proporcional à taxa nominal, cuja unidade seja a mesma do período
de capitalização;
3º) a taxa efetiva é igual à taxa proporcional calculada.
Veja como calcular a taxa efetiva.

Exemplo
A taxa de 120% a.a., capitalizados mensalmente, é uma taxa nominal.
Vamos obter a taxa efetiva correspondente:
iN = 120% a.a.
1º) unidade do período de capitalização: mês;
2º) taxa mensal proporcional a 120% a.a.:

3º) iE: 10% a.m.


A partir dessa taxa efetiva mensal (iE= 10% a.m.), pode-se obter a taxa efetiva anual
equivalente.
Confira os cálculos:
( 1 + ia ) = ( 1 + im )12
(em que im = iE = 10% a.m.)
( 1 + ia) = ( 1 + 0,10 )12
ia = 3,138 - 1
Logo:
ia = 2,138 x 100 ia = 213,8% a.a.
Isso significa que uma taxa nominal de 120% a.a., capitalizados mensalmente,
corresponde a uma taxa efetiva de 213,8% a.a.
Também conseguimos fazer o cálculo inverso:
a partir de uma taxa efetiva, definir a taxa
nominal equivalente, conforme o exemplo.

Exemplo
Dada a taxa efetiva de 60% a.a., capitalizados trimestralmente, determinar a taxa
nominal ao ano.
it = ( 1 + ia )1/4 - 1
it = [( 1 + 60 / 100 )1/4-1] x 100
it = 12,47% a.t. (taxa efetiva ao trimestre)
iN = 12,47% x 4
iN = 49,87% a.a.
Logo, a taxa efetiva de 60% a.a., capitalizados trimestralmente, equivale a uma taxa
nominal de 49,87% a.a.
Exercício 02
Qual das opções abaixo representa corretamente a conversão da taxa efetiva de 30%
a.a. em taxa nominal ao ano com capitalização mensal?
O mercado monetário brasileiro, após o Plano
Real, vem utilizando um conceito muito
interessante para medir o desempenho das
operações financeiras. Trata-se
da capitalização por dia útil.
Taxa over ano (capitalização por dia útil).
Em linhas gerais, a análise das operações é feita da seguinte maneira: determina-se,
inicialmente, a taxa efetiva de uma dada operação, num determinado período, e, em
seguida, obtém-se a taxa equivalente por dia útil, considerando o número de dias
úteis do período em questão.
Essa taxa ao dia útil é chamada taxa over. As autoridades monetárias brasileiras, entre
elas, o Banco Central, a partir de 02/01/1998, passaram a divulgar os juros cobrados a
cada dia, convertidos em taxa anual.
A proposta fazia parte do processo de mudança cultural que está ligado à estabilização
da economia a partir do Plano Real. O objetivo principal era fazer com que os
investidores deixassem de pensar em rentabilidade diária ou mensal e passassem a
pensar em rentabilidade anual. Na “anualização” de taxas, utiliza-se o ano como
período base, contendo 252 dias úteis, conforme a Circular nº 2.761 do Banco Central,
de 18/06/1997.

Acompanhe o exemplo:

Exemplo
O Banco Central divulgou a taxa Selic diária de 8,39% a.a. em 20/06/2012.
Considerando essa taxa, calcular a taxa equivalente por dia útil.
( 1 + idu ) = ( 1 + ia )1/252
idu = ( 1 + ia )1/252-1
idu = [ ( 1 + 8,39/100)1/252-1 ] x 100
idu = [ ( 1,0839)1/252-1] x 100
idu = [ ( 1,0003200-1 ] x 100 )
idu = 0,032%
Veja o cálculo da taxa over convertida em % ao ano over, correspondente à taxa efetiva
diária de 0.036%:
ia = (1 + idu)du - 1
ia = [( 1 + 0,000360)252 - 1] x 100
ia = [( 1,000360)252 - 1] x 100
ia = [( 1,094944) - 1] x 100
ia = 9,49% a.a. over
*Para esses cálculos, usamos 9 casas após a vírgula.

Você já ouviu falar de taxas


acumuladas?
Taxas acumuladas
Em todo ambiente econômico, existe uma variável denominada inflação, que diminui o
poder de compra da moeda e que, de acordo com a teoria econômica, pode ser entendida
pela elevação generalizada dos preços dos vários bens e serviços.
No Brasil, são utilizados inúmeros índices de preços, que, de acordo com suas
diferentes metodologias, permitem medir as variações ocorridas nos níveis gerais de
preços de um período para outro.

Confira, abaixo, os valores do Índice


Geral de Preços (IGP), calculado pela
Fundação Getulio Vargas (FGV),
referentes aos meses de janeiro a junho
de determinado ano:
Existem, também, as taxas médias.

Taxas médias (conforme o regime de


capitalização composto)

FV = PV (1 + i1) (1 + i2 ) (1 + i3 ) ... (1 + in)


A figura acima exprime uma situação de taxas efetivas variáveis. Se admitirmos que
haja uma taxa constante imédio, em todos os períodos de capitalização, que, incidindo
sobre o mesmo principal durante o mesmo prazo, acarrete o mesmo montante, teremos:
FV = PV (1 + imédio)n
Comparando as duas expressões anteriores, teremos:
PV (1 + imédio)n = PV (1 + i1) (1 + i2) (1 + i3) ... (1 + in)

Logo, teremos:
(1 + imédio)n = (1 + i1) (1 + i2) (1 + i3) ... (1 + in)

No mercado financeiro brasileiro, existem


vários tipos de taxa de juros, porém
aquelas mais importantes ou que possuem
mais destaque nas operações realizadas
são a taxa Selic diária e a taxa DI diária.
Confira cada uma delas.

Taxas Selic* diária


A taxa Selic diária é formada nas operações de open market** realizadas
diariamente no chamado mercado monetário, em que os bancos fazem operações de
compra e venda de títulos públicos federais e, assim, equilibram seus saldos de
caixa. Ou seja, caso um Banco (A) esteja com saldo de caixa momentaneamente
negativo, ele deverá vender título público federal para um outro Banco (B) que possua
saldo momentaneamente positivo.
*Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que é um sistema
eletrônico operacionalizado pelo Banco Central desde 1979, exclusivamente para
títulos públicos federais (que são títulos emitidos pelo Tesouro Nacional).
**Open market, em português, significa mercado aberto. É definido, de acordo com
a teoria econômica, como o instrumento de política monetária utilizado pelo Banco
Central.
Dica
O site do Banco Central (www.bcb.gov.br) divulga a taxa Selic diária praticada no open
market, bem como sua série histórica. Uma vez no site, siga a sequência a seguir para
consultá-la: Serviços ao Cidadão > Indicadores Econômicos > Histórico das Taxas de
Juros.

Exemplo
Supondo que o Banco (A) tenha R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões de reais)
disponíveis para aplicar por 1 dia útil no open market, que o Banco (B) tenha a
necessidade de captar esses recursos e que tais bancos negociam uma taxa Selic diária
de 11,65% a.a. over (base 252 dias úteis), determinar o montante (FV) que o Banco (B)
deverá devolver para o Banco (A) no dia seguinte.
Aplicando a fórmula dos juros compostos e considerando o prazo de dias úteis, que é
obtido da diferença entre as duas datas, descontando o número de feriados regulares,
sábados e domingos, bem como o número de feriados especiais entre essas datas,
teremos:
FV = PV(1 + i)n
Logo, teremos:
FV = 50.000.000,00 (1,1165)1/252
FV = 500.000.000,00 (1,000437392)
FV = 500.218.696,00
*Para esses cálculos, usamos 9 casas após a vírgula.
Portanto, o Banco (B), no dia seguinte (D+1), deverá entregar para o Banco (A) o
montante (FV) de R$ 500.218.696,00, que representa o valor principal mais os juros
pela utilização do capital.
Veja a explicação de Raquel sobre a taxa
DI diária.

Taxa DI diária

A taxa DI diária é formada no mercado interbancário (utilizado pelos bancos),


também com o objetivo de captação de recursos diariamente e, portanto, somente em
dias úteis. Essas operações acontecem quando um determinado Banco (B) necessita
tomar recursos por um dia, por meio da emissão do Certificado de Depósito
Interbancário (CDI), que é um título emitido exclusivamente por bancos ou financeiras.
Essas transações são realizadas eletronicamente entre as instituições financeiras e
transmitidas aos terminais da CETIP – Balcão Organizado de Ativos e Derivativos.
Criada pelas instituições financeiras e pelo Banco Central, a CETIP iniciou suas
operações em 1986 e, atualmente, é uma sociedade anônima de capital aberto com ações
negociadas no Novo Mercado, da BM&FBovespa.
Dica do tutor
O site da CETIP (www.cetip.com.br) divulga a taxa DI diária praticada no mercado
interbancário, bem como sua série histórica. Uma vez no site, acesse DI CETIP, na
página principal, para consultá-la.

Exemplo
Supondo que o Banco (A) tenha R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões de reais)
disponíveis para aplicar por 5 dias úteis no mercado interbancário, que o Banco (B)
tenha a necessidade de captar esses recursos e que tais bancos negociam uma taxa DI
diária de 11,65% a.a. over, determinar o montante (FV) que o Banco (B) deverá
devolver para o Banco (A) no dia seguinte.
Aplicando a fórmula dos juros compostos e considerando o prazo de dias úteis, que é
obtido da diferença entre as duas datas, descontando o número de feriados regulares,
sábados e domingos, bem como o número de feriados especiais entre essas
datas, teremos:
FV = PV(1 + i)n
Logo, teremos:
FV = 500.000.000,00 (1,002188876)
FV = 501.094.438,00
*Para esses cálculos, usamos 9 casas após a vírgula.
Portanto, o Banco (B), no dia seguinte (D+5), deverá entregar para o Banco (A) o
montante (FV) de R$ 501.094.438,00, que representa o valor principal mais os juros
pela utilização do capital.

Raquel, eu pensei que nunca entenderia os juros e essas taxas todas. Você me deu uma
aula sobre o assunto! Agora, sinto-me mais seguro para analisar o efeito das taxas de
juros sobre meus investimentos. Muito obrigado!

Imagine, Xavier! Antes de conhecer, tudo isso parece muito complicado, mas eu tenho
certeza de que, a partir de agora, quando o assunto for taxa de juros, você vai tirar de
letra! Bom investimento!

Nesta lição, vimos como as taxas de juros atuam sobre um investimento.


Agora que você conhece mais sobre taxas de juros – proporcionais e equivalentes,
nominal, efetiva, taxa over ano, acumuladas e médias e, também, Selic e DI diária –,
que tal acompanhar Xavier na próxima lição e aprender sobre desconto bancário?
Clique em Continuar para acessar a próxima aula e bom estudo!

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