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A RELEVÂNCIA DOS SETORES DA AGROPECUÁRIA E DA INDÚSTRIA DE

ALIMENTOS PROCESSADOS NA ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA:


UMA APLICAÇÃO DA EXTRAÇÃO HIPOTÉTICA EM MODELOS DE ANÁLISE
INSUMO-PRODUTO

Alan Cabral dos Santos - RA:801704


João Pedro Ferreira Nogueira - RA: 801269
Leonardo Vinícius Franco Lugoboni - RA: 801716
Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Silva Oliveira

RESUMO
Considerando que o setor agropecuário é historicamente um dos setores principais da
economia brasileira (Carrara; Barros, 2020), bem como, a expansão recente da indústria de
alimentos processados no país (Canzian, 2024). O presente trabalho objetivou avaliar a
relevância desses setores para economia brasileira a partir da aplicação de metodologia de
análise de insumo-produto, inicialmente foram gerados os multiplicadores de produção,
emprego e renda, bem como os índices de ligação para frente e para trás, de modo a se situar
os setores objetos de análise, inclusive em termos de seus encadeamentos, na economia
brasileira, concluída essa etapa, realizaram-se as extrações hipotéticas pela ópticas das
compras e vendas para os setores componentes da agropecuária e da indústria de alimentos
processados. Como resultado, encontrou-se que a indústria de processamento de alimentos
apresenta mais encadeamentos relevantes e maior potencial de geração de produto, emprego e
renda na economia brasileira em relação à agropecuária.

1. Introdução

Com o fechamento dos dados econômicos para o ano de 2023, em dezembro,


diversos meios de comunicação jornalísticos enfatizaram a relevância dos setores da
agropecuária e da indústria de alimentação dentro da economia brasileira, como bem
exemplifica o seguinte título da matéria: “Brasil: maior fazenda e maior supermercado do
mundo” publicado em em 14 de dezembro por Márcio Rocha no jornal JL Política &
Negócio.
Tal entendimento é amplamente corroborado na literatura científica, em se tratando da
agropecuária, Amorin, Coronel e Teixeira (2009) chamam a atenção que nos primórdios da
ciência econômica, a escola fisiocrata já atribuía à agricultura posição central. Mais
recentemente, pode-se mencionar quanto à sua relevância, o trabalhos de Hwa (1988), que
concluiu mediante análise estatística que a agricultura contribui fortemente para o
crescimento econômico global via influência positiva na produtividade total dos fatores, bem
como, o de Figueiredo (2003) que concluiu que a atividade agrícola, quando estimulada, é
capaz de propagar efeitos indutores positivos para os demais ramos da economia.
No que tange ao caso específico da economia brasileira, historicamente a
agropecuária tem posição central, conforme argumentam Carrara e Barros (2020), com base
em diversas pesquisas que para distintos períodos comprovam essa relevância, como, o
trabalho de Furtuoso e Guilhoto (2003), que demonstrou que cerca 27% do PIB do país no
ano 2000 se devia à agropecuária, o de Gasques et al. (2004) que tratou da relação do setor
em questão a temas próprios da macroeconomia, o de Brugnaro e Bacha (2009) que
explicitou a importância da agropecuária para o PIB total eo de Freitas (2014) que
evidenciou a relevância desse ramo da economia em termos das exportações brasileiras.
Em se tratando da indústria de alimentos processados, cabe destacar, que conforme a
literatura, esta se notabiliza, como salientam Nantes e Machado (2005), por apresentar maior
estabilidade na oferta e demanda de suas mercadorias em detrimento dos demais segmentos
industriais, o que na visão desses autores, a coloca na posição de setor estratégico, como
consequência de sua proeminência para vida, empregos e renda nacional.
No que tange ao caso brasileiro, vale destacar, conforme Canzian (2024), a partir de
dados de Icomex (sd), FGV-ibre (sd) e Abia (sd), que nos últimos sete anos, as exportações
de alimentos industrializados cresceram mais de 72%, de modo que o Brasil ultrapassou os
EUA, assumindo o posto de maior exportador mundial de alimentos industrializados em
volume, com 64,7 milhões de toneladas exportadas em 2022. Em complemento, conforme a
mesma referência, no tocante aos postos de trabalho gerados pelo segmento, vale frisar que o
segmento engloba 38 mil empresas com 2 milhões de empregos formais e diretos, de forma
que trata-se do maior setor da indústria da transformação no que se refere à participação do
montante de vagas.
Em vista dos parágrafos supracitados, torna-se explícito que tanto a agropecuária,
como a indústria de beneficiamento de alimentos ocupam posições centrais na economia
brasileira, fazendo com que estudos que se voltem à sua análise e à mensuração dessa
relevância, como o presente, ganhem pertinência acadêmica, sendo esta uma das justificativas
para a iniciativa.
Frente a esse crescimento recente da indústria de processamento de alimentos no país,
já existem na literatura, evidências de que o setor agropecuário foi no decorrer dos anos
transferindo a sua relevância na geração de renda e emprego para o agronegócio, que envolve
outras atividades, ligadas ao processamento industrial, por exemplo, como conclui o artigo de
Tazako, Cunha e Olivier (2017) também mediante aplicação da análise de insumo produto,
entretanto, sem o recurso da extração hipotética, o que se verifica também como uma das
motivações para presente pesquisa.
De modo complementar, vale frisar que o setor de alimentos de um modo geral, ou
seja, tanto a produção primária como o beneficiamento, nas próximas décadas tem grandes
desafios a superar, quais sejam, o esgotamento do modelo tecnológico vigente (FAO, 2009); a
dependência de insumos não renováveis, caso notório dos derivados do fosfato de rocha
(Cordell et al, 2009); a redução de produtividade em algumas culturas (FA0, 2009); reflexos
das mudanças climáticas (Abramovay, 2010). Nesse sentido, conhecer de modo mais
criterioso a relevância desse ramo da economia e seus encadeamentos , torna-se fundamental
para o progresso científico e do segmento como um todo, dado que fornece base para a
geração de estratégias para combater esse cenário e medir os impactos desses desafios
identificados pela literatura. Assim sendo, esta também figura como uma das justificativas
para o presente trabalho.
Nesse sentido, define-se como objetivo central do trabalho avaliar e comparar os
encadeamentos dos setores da agropecuária e da indústria de processamento de alimentos,
bem como mensurar sua relevância, a partir do impacto da extração hipotética pelas óticas da
compras e das vendas desses setores nos multiplicadores de produção e nos geradores de
emprego e de renda. Sendo, a hipótese inicial, a ratificação da literatura
Por fim, vale destacar que além da presente introdução o trabalho se organiza em mais
4 seções, quais sejam, metodologia; (ii) base de dados; (iii) resultados e discussões; (iv)
considerações finais.

2. Metodologia

A metodologia deste trabalho abrange explicações sobre a estrutura de uma matriz


insumo-produto, Índices de ligação, as características essenciais do método de extração
hipotética, aplicado tanto às compras quanto às vendas, e as fórmulas necessárias para
calcular os multiplicadores de produção, emprego e renda.

2.1 Modelo de Insumo Produto

A análise de insumo produto é considerada uma “fotografia da economia”,


possibilitando uma visão da economia de maneira integrada, ou seja, como um setor se
relaciona com o outro, nas compras quanto nas vendas, o resultado foi uma visão única e
compreensível de como a economia funciona, sendo desenvolvida por Leontief na década de
1930 (Guilhoto, 2011). A análise é possível atravès da chamada matriz de insumo produto,
conforme demonstrada na figura 1, a qual representa de maneira simplificada as principais
relações de insumo-produto onde as vendas dos setores podem ser incorporadas ao processo
produtivo de vários outros setores compradores na economia, ou então, podem ser
consumidas pelos diferentes componentes da demanda final (familias, governo, investimento,
exportações). Por outro lado para se produzir são necessários insumos, impostos são pagos,
importam-se produtos e gera-se valor adicionado (pagamento de salários, remuneração do
capital e da terra Agrícola) assim também se gerando empregos (Guilhoto, 2011)

Figura 1.1 - Matriz de Insumo-Produto em sua representação fundamenta

Fonte: (Guilhoto, 2011, p. 11)


2.2 Teoria básica de Insumo Produto

Este trabalho se baseia nos princípios do modelo de insumo-produto de Wassily


Leontief (Guilhoto, 2011), com sua aplicação na economia brasileira tendo como base de
dados:
Em termos matriciais a relação entre insumo-produto mais geral é dada por:
X = Ax + y (2)
Onde:
A é a matriz de coeficientes diretos de insumo de ordem (n x n);x e y são vetores
colunas de ordem (n x 1); Denota-se I uma matriz identidade n x n assim subtraindo-a de A,
assim é possível obter a produção total que é suficiente para suprir a demanda final, ou seja:
X = ( I - A )-1 y (3)
Onde:
(I - A)-1 é considerada a matriz de coeficientes diretos e indiretos, ou como também é
conhecida matriz inversa de Leontief em que B = (I - A)-1 , sendo o elemento bij interpretado
como a produção total do setor i (linha) que o setor J (coluna) tem como demanda final para
se produzir 1 unidade. A relevância da matriz B se destaca ao conduzir a extração hipotética,
contribuindo para a introdução de variações no vetor de produção final. Isso resulta na
obtenção dos índices de ligação, tanto para frente quanto para trás, e, adicionalmente,
influencia o cálculo dos multiplicadores de emprego e renda (Guilhoto, 2011).
Cabe destacar em complemento, que, em atenção aos objetivos colocados, o presente
trabalho se valeu apenas da aplicação do modelo aberto, no qual efeitos induzidos não são
considerados.

2.3 Multiplicadores de Produção, Emprego e Renda


Para os multiplicadores de Emprego e renda serão utilizados o de Tipo I 1, por onde é
viável calcular os impacto diretos e indiretos s decorrentes de mudanças e choques exógenos
na demanda final e choques endógenos na estrutura produtiva sobre um sistema econômico
específico.

2.3.1 Multiplicador de Emprego

O multiplicador de emprego indica a alteração no nível de emprego (quantidade total)


de maneira direta e indireta dos diversos setores da economia, provenientes a uma mudança
de R$ 1 na demanda final do setor J, podendo ser calculado pela sequência de equações a
seguir:
Wj = ej/xj (4)
Onde:
ej é o número de indivíduos empregados no setor j
xj é o valor bruto da produção (VBP) do setor j
Assim o vetor W´ indica os coeficientes diretos de emprego para n setores da
economia analisada, podendo ser definido como:
w = [w1,w2,…,wn] (5)
sendo W um vetor de dimensão ( n x 1), onde os elementos são coeficientes diretos de
emprego dos n setores econômicos.
A partir da equação 2 podemos seguir para os Geradores de emprego:
𝑛
G = ∑ wej × 𝑏𝑖𝑗
e
j (6)
𝑖=1
O Gerador de emprego é utilizado para apresentar o impacto total, direto e indireto no
nível de emprego da economia, dada uma variação de 1 unidade monetária na demanda final
do setor j. Assim, G é uma matriz de dimensões nxn, em que a diagonal principal representa
os elementos do vetor g, e todos os elementos fora da diagonal são zeros. A partir das
matrizes 𝑊 e 𝐵, esta última sendo a matriz inversa de Leontief, é factível gerar uma matriz de
igual dimensão da seguinte maneira (Perobelli et al., 2015)
G = WB (7)
O multiplicador de Emprego por sua vez é dado por:
Mej = Gej / Wej (8)
Indicando quanto é gerado de emprego, direto e indiretamente, para cada unidade
diretamente gerada de emprego.

2.3.2 Multiplicador de renda

Por sua vez o multiplicador de renda indica a alteração de R$1,00 na demanda final
do setor j sobre a receita adquirida pelos indivíduos dos demais setores na economia.O
multiplicador é obtido da seguinte forma:
𝑙𝑗
rj = 𝑥𝑗
(9)
Onde:
rj é o coeficiente de geração de renda
lj é a renda gerada no setor j
xj é o VBP do setor j
Conforme evidenciado pelo multiplicador de emprego, para uma economia com
vários setores, considerando o coeficiente de geração de renda 𝑟, é estimado o seguinte vetor
𝑛𝑥1.
r’ = [r1, r2,...,r3] (10)
Se considerarmos uma matriz R de ordem n x n, em que os componentes do vetor r
estão na diagonal principal e zeros estão fora dela, a partir de R e B , é possível gerar uma
matriz MR de mesma ordem, ou seja, n x n.
MR = RB (11)
Cada elemento da matriz MR é entendido como a quantidade de renda gerada no
setor i para atender à produção direta e indireta do setor j em resposta a uma variação de R$
1,00 na demanda final pelo setor j.

2.3.3 Multiplicador de produção


Considerando o modelo aberto de insumo-produto descrito anteriormente, podemos
definir o Multiplicador Simples de Produção do setor j como:
𝑛
P
M = ∑ 𝑏𝑖𝑗
j (12)
𝑖=1
Onde:
MPj é o multiplicador de produção do j-ésimo setor
bij são os elementos da matriz inversa de Leontief (𝐁)
Assim, a soma das colunas da matriz inversa de Leontief mostram os multiplicadores
de produção.

2.4 Índices de Ligação

Para determinar quais setores apresentam maior encadeamento produtivo na


economia, são necessários os índices de ligação, para frente e para trás (Guilhoto, 2011). É
necessário, para se obter os indicadores, operar os elementos na matriz B da seguinte
maneira:
b.j é a soma dos elementos da j-ésima coluna da matriz B
bi. é a soma dos elementos da i-ésima linha da matriz B
b.. é a soma dos elementos da matriz B
B* é o valor médio de todo os elementos de B com B* = b../n2
Com os valores calculados para esses elementos em mãos, os índices de ligação são
determinados mediante a seguinte formulação:
𝑏·𝑗
𝑛
Índice de ligação para trás: Uj = (13)
𝐵*
𝑏·𝑖
𝑛
Índice de ligação para frente: Ui = (14)
𝐵*
Onde:
n é o número de setores da MIP
ILF > 1 e ILT< 1 o setor é dependente da demanda intersetorial
ILT > 1 e ILF< 1 o setor é dependente da oferta intersetorial
ILT e ILF > 1 o setor é chave
ILT e ILF < 1 o setor é fracamente relacionado
Um valor acima de 1 significa que os resultados desse setor são superiores à média,
devido às mudanças unitárias, setores-chave apresentam vínculos produtivos robustos,
impulsionando outros setores acima da média para o crescimento econômico.

2.5 Extração Hipotética

Existem 3 modos de se utilizar a extração Hipotética que são utilizados para se


compreender o impacto que a exclusão de um setor econômico pode ter sobre os demais e
analisar a influência desse setor no sistema econômico, por meio da eliminação de sua
participação na Matriz de Insumo-Produto (MIP).
No Primeiro método, denominado ‘ligação para trás' (backward linkage), são removidas
apenas as colunas associadas ao setor, que representam a estrutura de compras. Essas colunas
são substituídas por zeros, mantendo as linhas e as demais colunas inalteradas, conforme
descrito por (Silva, Gomes e Bacchi, 2019). A matriz A de coeficientes técnicos agora é
representada por A*(j), representando que a j-ésima coluna de A foi extraída hipoteticamente.
A abordagem atual para resolver a questão do fornecimento de insumos para atender à
demanda final, em um cenário hipotético de extração sob a perspectiva das compras, consiste
no seguinte:
x*( j ) =[I - A*(j)]-1· 𝑦 (15)
Onde:
x*(j) é a produção total do setor j após a extração hipotética das compras
A*(j) é a nova matriz de coeficientes técnicos, sem a estrutura de compras do setor j

O segundo método, denominado de ‘ligação para frente’ (forward linkage), são


removidas apenas as linhas associadas ao setor, que representam a estrutura de vendas, Essas
linhas são substituídas por zeros, mantendo as colunas e as demais linhas inalteradas,
conforme descrito por (Silva, Gomes e Bacchi, 2019). Neste caso parte-se do modelo de
insumo-produto do lado da oferta:
x=𝐴x+v (16)
Onde:
x é o vetor de produção setorial
𝐴 é a matriz de coeficientes técnicos pelo lado da oferta representada pela divisão
do consumo intermediários na linha pelo valor total da produção do setor j;
v é o vetor linha de valor adicionado
Sendo I a matriz identidade nxn e [ I - 𝐴 ]-1 é a matriz G’ ou matriz inversa de Gosh, agora
partindo para a extração onde identificando a Matriz 𝐴 como 𝐴 *(j), onde é representada a
extração hipotética da j-ésima linha de 𝐴 assim a equação da extração hipotética de ligação
para frente é representada como:
𝑥 (j) = v[ I - 𝐴 *(j)]-1 (17)
O terceiro método não foi utilizado neste trabalho, método de extração total, que
consiste em excluir, simultâneamente, tanto as linhas quanto as colunas que representam o
setor escolhido (Silva; Gomes; Bacchi, 2019). Sendo assim, todas as extrações hipotéticas
realizadas neste trabalho foram realizadas na estrutura de compra e vendas de cada setor
analisado, porém a retirada foi feita em dois momentos diferentes, retirando-se primeiro a
estrutura de compras e, posteriormente, de vendas.

3. Bases de dados

O trabalho foi realizado a partir da Matriz de Insumo Produto elaborada pelo Núcleo
de Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (NEREUS) para a economia
brasileira referente ao ano de 2018, realizada para 68 setores e 128 produtos, a partir de dados
das Contas Nacionais segundo a metodologia de estimação proposta por Guilhoto e Sesso
(2010) , bem como, Guilhoto e Sesso (2005). Cabe mencionar que já foi divulgada uma
Matriz de Insumo Produto para economia brasileira referente a ano mais recente, 2020,
entretanto considerando a atipicidade deste ano em virtude dos efeitos pandêmicos, optou-se
pelo uso da referente de 2018.
Em complemento, deve-se destacar que uma vez que a matriz apresentava número de
setores e produtos superior ao objeto de estudo, foi realizada agregação, como recomenda
Guilhoto (2011). Em complemento, sobre o processo de agregação, deve-se enfatizar que este
se vale método matricial de simples entendimento, em que se deve pré-multiplicar a matriz a
ser agregada por uma matriz de agregação, composta apenas de zeros e uns, caso o objetivo
seja agregar linhas, e de modo análogo, deve-se pós-multiplicar a matriz a ser agregada pela
matriz de agregação, caso o objetivo seja agregar colunas (Guilhoto, 2011).
Uma vez realizada a agregação, o trabalho considerou 16 setores, quais sejam: (a)
Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita; (b) Pecuária, inclusive o apoio à
pecuária; (c)Produção florestal; pesca e aquicultura; (d) Indústria Extrativa; (e) Abate e
produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da pesca; (f) Fabricação e refino de
açúcar; (g) Outros produtos alimentares; (h) Fabricação de bebidas; (i) Automóveis; (j)
Eletrodomésticos; (k) Móveis; (l) Construção; (m) Indústria da Transformação; (n) Água,
Energia e Esgoto; (o) Serviços Privados; (p) Serviços Públicos.
Cabe destacar que buscando uma análise mais criteriosa, levando em conta o objetivo
proposto, resolveu-se por não analisar a agropecuária e a indústria de alimentos processados
agregadas, dessa forma, cabe destacar que estão considerados para fins de análise, como
componentes da agropecuária, os seguintes setores: (i)Agricultura, inclusive o apoio à
agricultura e a pós-colheita; (ii) Pecuária, inclusive o apoio à pecuária; (iii)Produção florestal;
pesca e aquicultura, e como componentes da indústria de alimentos processados, os seguintes
setores: (i) Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e da pesca; (ii)
Fabricação e refino de açúcar; (iii) Outros produtos alimentares; (i) Fabricação de bebidas.

4. Resultados e Discussões

Como expresso na metodologia, com o intuito de situar os setores objetos da análise


no contexto da economia brasileira, bem como, para gerar material comparativo para os
efeitos das extrações hipotéticas, inicialmente foram gerados os multiplicadores básicos,
quais sejam, os multiplicadores de produção, emprego e renda no modelo aberto para os 16
setores analisados, cujos resultados estão discriminados na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 - Multiplicadores Básicos da Economia Brasileira em 2018


Setores M. Produção M. Renda M. Emprego
Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a
pós-colheita 1,70 1,50 1,27
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 1,85 1,74 1,20
Produção florestal; pesca e aquicultura 1,36 1,24 1,18
Ind. Extrativa 1,68 1,72 9,25
Abate e produtos de carne, inclusive os
produtos do laticínio e da pesca 2,43 5,25 9,24
Fabricação e refino de açúcar 2,33 5,30 6,07
Outros produtos alimentares 2,24 3,95 4,13
Fabricação de bebidas 2,07 2,78 4,44
Automóveis 2,23 5,20 10,50
Eletrodomésticos 2,00 2,67 3,65
Móveis 1,82 1,79 1,57
Construção 1,87 1,79 1,47
Ind. Transformação 2,02 2,92 3,11
Água, Energia e Esgoto 1,83 1,90 3,46
Serviços Privados 1,53 1,43 1,42
Serviços Públicos 1,36 1,25 1,42
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Pela análise da tabela, verifica-se que os 4 setores com maior potencial de geração de
produto na economia, são: (a) Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e
da pesca; (b)Fabricação e refino de açúcar; (c) Outros produtos alimentares; (d) Automóveis;
(e) Fabricação de bebidas. Todos setores industriais, o que ratifica a literatura econômica, na
medida em que esta enxerga a indústria como atividade de maior agregação de valor, sendo
válido mencionar, que dos 5 maiores, 4 são justamente os componentes da indústria de
processamento de alimentos, alvo da análise, o que já explicita sua relevância para a
economia, e ratifica à literatura, que como explicitado na introdução, a vê com um dos setores
industriais de maior expansão e pujança do país. Ao passo que os 5 setores de menor
potencial de geração de produto são: (a) Produção florestal; pesca e aquicultura; (b) Serviços
Públicos; (c) Serviços Privados; (d) Ind. Extrativa; (e) Agricultura, inclusive o apoio à
agricultura e a pós-colheita. Portanto, novamente tem-se a confirmação da literatura, uma vez
que foram apontados setores de serviços e setores primários, atividades de menor agregação
de valor em relação à indústria, nesse sentido, cabe destacar a presença de 2 dos 3 setores
componentes da agropecuária.
No que diz respeito ao potencial de geração de renda, os 5 setores de maior destaque
são: (a) Fabricação e refino de açúcar; (b) Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca; (c) Automóveis; (d) Outros produtos alimentares; (e) Ind.
Transformação; portanto, novamente verifica-se destaque maior a segmentos industriais, com
ênfase na indústria de alimentos processados. Ao passo que, os 5 setores de menor destaque
são: (a) Produção florestal; pesca e aquicultura; (b) Serviços Públicos; c) Serviços Privados;
(d) Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita; (e) Indústria Extrativa; ou
seja, novamente notam-se setores primários e terciários, confirmando a literatura.
No que concerne ao potencial de geração de empregos, os 5 setores de maiores
multiplicadores são: (a)Automóveis; (b) Ind. Extrativa; (c)Abate e produtos de carne,
inclusive os produtos do laticínio e da pesca; (d) Fabricação e refino de açúcar; (e)
Fabricação de bebidas, ou seja, novamente o grupo é formado apenas por setores da indústria
e o processamento de alimentos ganha notoriedade, dado que dos 5 setores, 3 são
componentes desse segmento. Quanto aos setores de menores multiplicadores, nota-se a
presença de: (a) Produção florestal; pesca e aquicultura; (b) Pecuária, inclusive o apoio à
pecuária; (c) Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita; (d) Serviços
Privados; (e) Serviços Públicos. Ou seja, como esperado o grupo se forma pelos setores de
serviços e por setores primários, mais precisamente, por todos os componentes da
agropecuária, o que tem aderência teórica, quando se observa a hipótese de mecanização do
campo, amplamente defendida na literatura.
De um modo geral, então verifica-se que a indústria de alimentos processados é um
setor muito relevante da economia brasileira, tendo em vista seu potencial de geração de
produto, renda e emprego, não obstante, pode-se afirmar que os resultados vão ao encontro da
conclusão de Tazako, Cunha e Olivier (2017), qual seja, que a agropecuária com o passar do
tempo transferiu sua capacidade de estimular a economia quanto a produto, renda e emprego
para outros componentes do agronegócio.
Concluída a geração e análises dos indicadores básicos, em atenção ao objetivo e para
embasar os resultados das extrações hipotéticas, foram calculados os índices de ligação para
frente e para trás para cada setor e a partir deles realizada a classificação, expressos na Tabela
2, de modo a entender qual o papel cada segmento exerce na economia brasileira.

Tabela 2 - Índices de ligação e classificação dos setores da economia brasileira em 2018


Setores ILT ILF Classificação
Agricultura, inclusive o apoio à agricultura
e a pós-colheita 0,90 1,21 Dependente da demanda intersetorial
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 0,97 0,79 Fracamente Relacionado
Produção florestal; pesca e aquicultura 0,72 0,61 Fracamente Relacionado
Ind. Extrativa 0,89 0,81 Fracamente Relacionado
Abate e produtos de carne, inclusive os
produtos do laticínio e da pesca 1,28 0,64 Dependente da oferta intersetorial
Fabricação e refino de açúcar 1,23 0,59 Dependente da oferta intersetorial
Outros produtos alimentares 1,18 0,81 Dependente da oferta intersetorial
Fabricação de bebidas 1,09 0,62 Dependente da oferta intersetorial
Automóveis 1,17 0,58 Dependente da oferta intersetorial
Eletrodomésticos 1,06 0,66 Dependente da oferta intersetorial
Móveis 0,96 0,58 Fracamente Relacionado
Construção 0,99 0,66 Fracamente Relacionado
Ind. Transformação 1,07 2,81 Setor Chave
Água, Energia e Esgoto 0,96 1,02 Dependente da demanda intersetorial
Serviços Privados 0,81 3,56 Dependente da demanda intersetorial
Serviços Públicos 0,72 0,04 Fracamente Relacionado
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Cabe mencionar que de modo geral, as classificações foram ao encontro da literatura


já publicada, a única exceção, foi a classificação da construção civil como setor fracamente
relacionado, entretanto, deve-se destacar que os resultados encontrados ainda têm aderência à
literatura, na medida em que o ILT é superior ao ILF, e o valor encontrado para ILT é de 0,9,
ou seja, próximo a valores superiores a 1. Em complemento, cabe destacar também como
hipótese explicativa os efeitos conjunturais deste ano para o setor, tendo em vista que
conforme Fiesp (2019), o PIB da construção recuou 2,5% em 2018. Em complemento vale
destacar a classificação da Indústria da Transformação como setor chave, o que também
encontra respaldo teórico.
Quanto aos setores da agropecuária objeto da análise, nota-se, em primeira instância,
que o setor de agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita foi classificado
como dependente da demanda intersetorial, sendo portanto, apenas um ofertante relevante,
resultado que faz sentido, na medida em que as mercadorias desse setor são fortemente
usadas como insumos industriais. Em segunda instância, nota-se que os segmentos de
pecuária, inclusive o apoio à pecuária e de produção florestal, pesca e aquicultura receberem
as classificações de setor fracamente relacionado, apresentando ILT maiores que ILF ainda
que relativamente próximos, resultados que também confirmam a literatura, haja vista que
conforme Valverde (2000), o setor florestal é pouco ofertante de insumos para outros setores,
tendo maior dependência dos demais setores da economia pelo lado das compras, bem como,
o fato do setor da pecuária, que conforme resultados de Guilhoto e Sesso (2005), para o
Brasil, tendem a apresentar ILT superior a ILF.
Quantos aos componentes da indústria de alimentos processados, nota-se que todos
são demandante relevantes apenas (ILT maior que 1 e ILF menor que 1), recebendo a
classificação de dependentes da oferta intersetorial. Tendo em vista que tais setores
demandam muitos insumos de outros setores tais quais, maquinário para as instalações fabris,
energia elétrica, água, produtos da indústria química e sobretudo os produtos da
agropecuária, seus insumos primordiais, tal classificação ganha aderência teórica.
Concluídas as análises dos índices de ligação, foram realizadas as extrações
hipotéticas pela ótica das compras e pela ótica das vendas para cada setor entendido como
componente da agropecuária e da indústria de processamento de alimentos, logo após, foram
calculados os novos multiplicadores e geradores básicos para que fossem realizadas
comparações com os obtidos originalmente. Compete mencionar que uma vez que as
diferenças entre geradores apresentou resultados mais significativos em relação às diferenças
entre multiplicadores de emprego e renda, optou-se por apresentar essas análises.
No que tange ao setor da Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e à pós-colheita,
como esperado, tendo em vista que seu ILF foi superior ao seu ILT, a extração hipotética pela
ótica das vendas gerou diferenças maiores, no geral. Cabe mencionar, que, como explicitam
as tabelas 3 e 4, quando realizada à extração pelo ótica das compras, os setores mais atingidos
foram respectivamente em ordem crescente: (a) o próprio setor extraído; (b) Fabricação e
refino de açúcar; (c) Outros produtos alimentares; (d) Abate e produtos de carne, inclusive os
produtos do laticínio e da pesca, e quando realizada a extração pela ótica das vendas, os
setores mais atingidos, em ordem crescente foram: (a)Fabricação e refino de açúcar; (b)
Outros produtos alimentares; (c) Abate e produtos de carne; (d) Pecuária, inclusive o apoio à
pecuária. Ou seja, em ambas as extrações, as maiores quedas foram, como esperado, em
setores de relação direta muito forte, quais sejam, os componentes da agropecuária e da
indústria de alimentos processados.
Tabela 3- Maiores diferenças após extração hipotética para trás da Agricultura
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a
pós-colheita -0,70 -4,60 -0,27
Açúcar -0,39 -2,55 -0,15
Outros produtos alimentares -0,19 -1,25 -0,07
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,05 -0,35 -0,02
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Tabela 4- Maiores diferenças após extração hipotética para frente da Agricultura


Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Açúcar -0,94 -11,87 -0,45
Outros produtos alimentares -0,46 -5,79 -0,22
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,13 -1,62 -0,06
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,11 -1,44 -0,05
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

No que concerne ao setor da pecuária, conforme as Tabelas 5 e 6, nota-se que os


setores mais atingidos, em ambas as extrações foram os mesmos, quais sejam, (a) Pecuária,
inclusive o apoio à pecuária; (b) Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio
e da pesca; (c) Outros produtos alimentares; (d) Produção florestal; pesca e aquicultura. Ou
seja, novamente setores que compõem a agropecuária e a indústria de alimentos processados,
setores de relação direta. Deve-se destacar, também como esperado, a grande queda no
multiplicador da produção do processamento de carnes, lácteos e de produtos da pesca, o
setor de relação direta mais forte e evidente, quando extraídas as vendas da pecuária, assim
sendo, os resultados ratificam a bibliografia econômica.

Tabela 5- Maiores diferenças após extração hipotética para trás da Pecuária


Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,85 -7,72 -0,35
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,27 -2,42 -0,11
Outros produtos alimentares -0,02 -0,15 -0,01
Produção florestal; pesca e aquicultura -0,01 -0,05 -0,002
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Tabela 6- Maiores diferenças após extração hipotética para frente da Pecuária


Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,579 -14,58 -0,26
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,087 -2,19 -0,04
Outros produtos alimentares -0,036 -0,90 -0,02
Produção florestal; pesca e aquicultura -0,012 -0,29 -0,01
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

No que concerne à extração do setor Produção florestal; pesca e aquicultura, como


esperado, e dada sua classificação como setor fracamente relacionado, as diferenças foram de
baixa magnitude no geral. Notam-se a partir das Tabelas 7 e 8, que (a) próprio setor, (b)
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária, (c) Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca sofreram maiores quedas tanto para extração para trás, como para
extração para frente, como esperado, dada a relação direta existente. Chama à atenção, a
queda relevante na indústria da transformação, quando removidas as compras da produção
florestal, pesca e aquicultura, o que também encontra respaldo na literatura, haja vista que o
setor demanda consideravelmente produtos da indústria química (Souza et al, 2010).

Tabela 7- Maiores diferenças após extração hipotética para trás da Produção Florestal
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Produção florestal; pesca e aquicultura -0,364 -3,762 -0,178
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,004 -0,042 -0,002
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,004 -0,042 -0,002
Ind. Transformação -0,002 -0,018 -0,001
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Tabela 8- Maiores diferenças após extração hipotética para frente da Produção Florestal
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Produção florestal; pesca e aquicultura -0,075 -1,37 -0,05
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,015 -0,28 -0,01
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,015 -0,28 -0,01
Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a
pós-colheita -0,007 -0,12 0,00
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Portanto, fica claro, que o setor da agropecuária como um todo tem maiores
encadeamentos com a própria agropecuária e com o setor da indústria de alimentos
processados, como esperado.
Concluídas as análises das extrações dos componentes da agropecuária, parte-se para
a análise dos componentes da indústria de alimentos processados. Assim sendo, cabe ressaltar
que no que tange ao setor de Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio e
da pesca, como expressos na Tabelas 9 e 10, são vistas, como esperados, maiores quedas
tanto para frente quando para trás no próprio setor extraído, bem como, nos seguintes:(a)
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária;(b) Outros produtos alimentares; (c) Serviços Privados.
Portanto o setor tem relações mais importantes com a pecuária, componente da agropecuária,
com outros componentes da indústria de processamento de alimentos e com os serviços
privados, ratificando a literatura.

Tabela 9- Maiores diferenças após extração hipotética para trás de Abate e produtos de carne
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -1,432 -21,559 -0,629
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,024 -0,357 -0,010
Outros produtos alimentares -0,016 -0,236 -0,007
Serviços Privados -0,007 -0,110 -0,003
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Tabela 10- Maiores diferenças após extração hipotética para frente de Abate e produtos de
carne
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,202 -2,00 -0,06
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,040 -0,40 -0,01
Outros produtos alimentares -0,027 -0,26 -0,01
Serviços Privados -0,012 -0,12 0,00
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

No que concerne à Fabricação de açúcar, como esperado, nota-se nas Tabelas 11 e 12,
que este setor tem maior relevância para ele próprio e para os seguintes setores: (a) Outros
produtos alimentares; (b) Bebidas; (c) Ind. Transformação, haja vistas as maiores quedas
nesses setores, tanto quando extraídas compras, como quando extraídas vendas. Dessa vez,
portanto, verificam-se relações mais fortes com setores industrias em relação à agropecuária,
contrariando expectativas, haja vista que dado que cana é insumo primordial da cadeia
açucareira, esperava-se que fosse dos setores mais impactados com a extração das compras,
nesse sentido, cabe ressaltar, como hipótese explicativa, efeitos diz do viés de agregação.

Tabela 11- Maiores diferenças após extração hipotética para trás do setor de Açúcar
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Açúcar -1,331 -15,397 -0,648
Outros produtos alimentares -0,016 -0,189 -0,008
Bebidas -0,015 -0,171 -0,007
Ind. Transformação -0,009 -0,105 -0,004
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Tabela 12- Maiores diferenças após extração hipotética para frente do setor de Açúcar
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Açúcar -0,038 -0,30 -0,01
Outros produtos alimentares -0,029 -0,23 -0,01
Bebidas -0,026 -0,21 -0,01
Ind. Transformação -0,016 -0,13 -0,01
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

No que concerne ao setor definido como Outros produtos alimentares, as maiores


quedas e consequentemente os encadeamentos mais fortes, como explicitam as Tabelas 13 e
14, ocorrem, além do próprio segmento, nos setores de (a) Abate e produtos de carne,
inclusive os produtos do laticínio e da pesca; (b)Pecuária, inclusive o apoio à pecuária;
c)Bebidas, como esperados e tanto para frente, quanto para trás, evidenciando, portanto,
maiores relações com agropecuária e a própria indústria de processamento de alimentos.

Tabela 13 - Maiores diferenças após extração hipotética para trás de Outros alimentos
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Outros produtos alimentares -1,244 -12,396 -0,571
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,148 -1,473 -0,068
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,118 -1,180 -0,054
Bebidas -0,041 -0,404 -0,019
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Tabela 14- Maiores diferenças após extração hipotética para frente de Outros Alimentos
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,267 -1,94 -0,09
Pecuária, inclusive o apoio à pecuária -0,214 -1,56 -0,07
Outros produtos alimentares -0,211 -1,54 -0,07
Bebidas -0,073 -0,53 -0,02
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Conforme, as tabelas 15 e 16, nota-se que no que concerne à Fabricação de Bebidas,


levando em conta as quedas no multiplicador e geradores sob as duas óticas, as maiores
encadeamentos são vistos com o próprio setor de bebidas e como esperado com os que se
segue: (a) Serviços Privados; (b) Abate e produtos de carne, inclusive os produtos do laticínio
e da pesca; (c) Outros produtos alimentares, como esperado e de modo muito parecido com
que ocorre, de modo geral, com o restante dos componentes da indústria de alimentos
processados, o que faz com que tais resultados possam ser usados como justificativa para a
agregação do setor em trabalhos futuros.

Tabela 15 - Maiores diferenças após extração hipotética para trás de Bebidas


Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Bebidas -1,065 -8,361 -0,479
Serviços Privados -0,007 -0,056 -0,003
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,004 -0,034 -0,002
Outros produtos alimentares -0,003 -0,023 -0,001
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Tabela 16- Maiores diferenças após extração hipotética para frente de Bebidas
Setores Dif. M. Prod. Dif. Ger. Emp. Dif. Ger. Ren.
Bebidas -0,180 -0,94 -0,065
Serviços Privados -0,014 -0,07 -0,005
Abate e produtos de carne, inclusive os produtos
do laticínio e da pesca -0,008 -0,04 -0,003
Outros produtos alimentares -0,006 -0,03 -0,002
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa.

Portanto, tem-se que para a indústria de alimentos processados, como um todo, os


maiores encadeamentos são com ela própria, serviços privados, agropecuária e indústria da
transformação, portanto, são notados, como esperado, encadeamentos mais variados na
indústria de processamento de alimentos em relação à agropecuária, dado que em nenhuma
das extrações desta, efeitos em serviços foram os maiores. Cabe destacar ainda, que de um
modo geral, os efeitos da extração pela ótica das compras foi mais significativa nos
componentes da indústria de processamento de alimentos, o que vai ao encontro dos
resultados encontrados quanto aos índices de ligação, haja vista que nesses setores ILT supera
ILF.

5. Considerações Finais

O presente trabalho tinha como objetivo precípuo, analisar e comparar os


encadeamentos dos setores da agropecuária e da indústria de processamento de alimentos,
assim como, mensurar sua relevância, com base no impacto da extração hipotética pelas
óticas da compras e das vendas desses setores nos multiplicadores de produção e nos
geradores de emprego e de renda.
Como resultados, tem-se que a literatura foi corroborada em vários níveis, quanto à
análise dos multiplicadores básicos, chegou-se a conclusão que a indústria de alimentos
processados tem forte relevância em termos de potencial de geração de emprego, renda e
produto da economia, ao passo que agropecuária, como um todo, não assume uma posição de
destaque nesses pontos. Assim sendo, tem-se que a conclusão de trabalhos anteriores quanto
à transferência de relevância da agropecuária nesses aspectos para outras partes do
agronegócio foi ratificada.
Quanto aos índices de ligação, encontrou-se que os componentes da agropecuária são
classificados enquanto fracamente relacionados ou dependentes da demanda intersetorial e
que os componentes da indústria de processamento de alimentos são classificados enquanto
dependentes da oferta intersetorial. Resultados estes que foram ratificados tanto pela
literatura, quanto pelos resultados das extrações hipotéticas.
De modo complementar, deve-se destacar que em resumo, as extrações hipotéticas da
agropecuária demonstraram fortes ligações dentro do próprio setor, com a indústria da
transformação e com a indústria de alimentos processados, como esperado. Ao passo que as
extrações hipotéticas dos componentes da indústria de alimentos processados demonstraram,
como esperado, fortes ligações dentro do próprio setor, com a agropecuária, a indústria da
transformação e com os serviços privados, sendo, portanto, mais encadeada.
Dessa forma, figuram como sugestão para futuros trabalhos estudos de outros
indicadores como campo de influência, ou a aplicação da técnica de decomposição estrutural
para avaliar esse processo de transferência de significância da agropecuária para a indústria
de alimentos processados no Brasil durante um período definido.

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