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RESUMO
O objetivo deste trabalho é realizar uma análise do mercado de trabalho do setor
sucroenergético entre os anos 2003 a 2018, considerando suas três principais atividades
– fabricação de açúcar, produção de álcool e cultivo de cana-de-açúcar. Com base na
bibliografia apresentada e nos indicadores econômicos, houve uma perda no número de
postos de trabalho no setor de 6%, puxada pelo setor da cana devido ao aumento da
mecanização da colheita. Apesar disso, o subsetor do etanol foi o maior responsável pela
criação de postos de trabalho.
Palavras-Chave: mercado de trabalho, setor sucroenergético
1 INTRODUÇÃO
1
Economista pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mestranda em Desenvolvimento
Socioeconômico pela Universidade Federal do Maranhão. E-mail: juliana.arouche@hotmail.com
a maior preocupação ambiental com as emissões de gases causadores do efeito estufa
pelos combustíveis fósseis, caso do petróleo e seus derivados.
Devido, entre outros, a uma gama de elementos favoráveis que incluem o solo,
clima e tamanho do território do Brasil, o país é hoje o maior produtor mundial de cana-
de-açúcar e derivados, principalmente açúcar e álcool combustível. O Brasil possui uma
enorme vantagem comparativa no setor. Em 2017, o país chegou a ser o segundo maior
produtor de etanol no mundo, produzindo 27,3 bilhões de litros, perdendo, apenas, para
os Estados Unidos, com produção de 59,9 bilhões de litros no mesmo ano.
Além disso, o setor sucroenergético destaca-se por sua importante contribuição na
geração de renda e empregos. Segundo Cepea (2018), 3,2% do total da população
ocupada no agronegócio em 2017 estavam nas atividades do setor, e ainda abrange 8%
do total de empregos com carteira assinada dentro do agronegócio.
Nos últimos anos, sob a égide da mecanização e dos avanços tecnológicos tanto
no campo como na indústria, o mercado de trabalho tem passado por mudanças
institucionais que impactam diretamente no número e nas condições do trabalhador no
setor sucroenergético.
Apesar de todas as combinações de fatores positivos para o setor, por outro lado,
o mercado de trabalho do setor é fortemente impactado pelas transformações no padrão
de produção, sobretudo no cultivo da cana-de-açúcar, que passa a ser feito de modo
mecanizado substituindo o trabalho braçal pelas máquinas. Essa substituição tem efeitos
negativos sobre os trabalhadores, que em sua maioria, possuem baixa qualificação
profissional e baixo nível de escolaridade.
A partir desse cenário, o objetivo desse trabalho é realizar uma análise acerca do
mercado de trabalho no setor sucroenergético, considerando seus três principais
subsetores (fabricação de açúcar, produção de álcool e cultivo de cana-de-açúcar), cujo
propósito principal é contribuir para a compreensão do mercado de trabalho do setor de
maneira geral, propondo uma reflexão analítica sobre o impacto de aspectos institucionais
e conjunturais nesse mercado.
Para isso, este trabalho está estruturado em cinco seções, a primeira inclui esta
introdução. Na segunda parte, é feita uma revisão de literatura que norteia o presente
estudo; a terceira seção descreve os procedimentos metodológicos; a análise dos
resultados é feita na quarta seção. Por fim, na quinta seção, apresentam-se as
considerações finais.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Para a construção dos dados deste trabalho foram consultados os bancos de dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS). Para cálculo da produtividade do trabalho na indústria sucroenergética
foram considerados os valores da transformação industrial e população ocupada na
atividade, ambos os dados obtidos da Pesquisa Industrial Anual – Empresa, feita pelo
IBGE, agrupados na seguinte Classificação Nacional das Atividades Econômicas
(CNAE): 15.3 e 10.7-fabricação de açúcar e 23.4 e 19.3-produção de álcool.
Sobre emprego e grau de escolaridade dos trabalhadores, foram extraídos os dados
da RAIS, conforme a delimitação das seguintes subclasses da CNAE: a) 0113-0/00-
Cultivo de cana-de-açúcar; b) 1071-6/00-Fabricação de açúcar em bruto; c) 1072-4/01-
Fabricação de açúcar de cana refinado; d) 1931-4/00-Fabricação de álcool.
Em relação ao período estudado, que se inicia em 2003 e termina em 2018,
corresponde a uma nova fase do setor sucroenergético no Brasil que marcou um processo
de reestruturação iniciada a partir dos anos 2000 provocada por uma série de fatores, entre
eles estão: a) a produção dos veículos flex fuel no país a partir de março de 2003; b) o
aumento do preço internacional do petróleo; c) o aumento do consumo interno de etanol
como combustível de veículos automotores; d) o aumento da adição de álcool anidro à
gasolina e; e) o aumento das preocupações referentes ao aquecimento global, aliado ao
forte apelo das vantagens ambientais e à saúde proporcionadas pelo consumo do etanol
(COSTA, 2019).
Cabe lembrar ainda que, durante a construção do trabalho diversas fontes oficiais
foram utilizadas. Por conta disso, os dados apresentados e o período a que se referem não
são homogêneos e podem variar de uma instituição para outra.
4 RESULTADOS: ANÁLISE CONJUNTURAL DO MERCADO DE
TRABALHO NO SETOR SUCROENERGÉTICO
2
Ver SHIKIDA, P. F. A. A evolução diferenciada da agroindústria canavieira no Brasil de 1975 a 1995.
Piracicaba, 191 p. Tese. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo,
1997.
introdução de novas tecnologias que poupassem o uso de mão-de-obra (FERNANDES,
SHIKIDA e CUNHA, 2013).
Na parte industrial do setor sucroenergético, dados do IBGE disponibilizados na
PIA (Gráfico 2) mostram que tem havido oscilação considerável no número de ocupados
desde 2003, mostrando dois momentos distintos conforme já mencionado acima.
Taxa PO PO total
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Indústrias de transformação Industria de açúcar e álcool
Gráfico 4. Escolaridade dos trabalhadores com vínculo ativo 31/12 – 2006 a 2018
300000
250000
200000
150000
100000
50000
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Pode-se dizer que o setor tem demandado uma mão-de-obra mais qualificada,
sobretudo, devido a mecanização do cultivo da cana que dispensa, gradualmente,
trabalhadores pouco qualificados, esse comportamento no mercado de trabalho do setor
gera impactos negativos no sentido de que o mercado acaba obrigando esses trabalhadores
a se qualificarem se não acabam ficando excluídos do sistema.
5 CONCLUSÃO