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CONTABILIDADE EMPRESARIAL

Olá, prezado(a) estudante! Seja bem-vindo(a) ao nosso estudo sobre Contabilida-


de Empresarial. Quem nos acompanhará nesta descoberta sobre a Contabilidade
é o João. Ele acabou de se formar no curso de Empreendedorismo da UniCesumar.
Como está difícil de encontrar um bom emprego, e o curso lhe encorajou a colocar
o seu espírito empreendedor em prática, ele convidou mais dois colegas e, juntos,
decidiram abrir uma loja de roupas. João já tem em mente o público que atenderão,
as estratégias de marketing, o ponto ideal, entre várias outras questões necessárias
para que o negócio seja um sucesso.
Para abrir a empresa, João e seus colegas procuraram um escritório de Conta-
bilidade que foi muito bem recomendado. O contador explicou sobre os diferentes
tipos de regime tributário e orientou a adoção do mais adequado para a loja de João.
Esclareceu, também, sobre a necessidade de documentação fiscal de todos os fatos
que ocorrerem na empresa. Após a abertura da empresa, que recebeu o nome de
Estilo, o contador acompanhou de perto as transações da empresa, sempre orien-
tando João no que ele precisava.
Ao final do primeiro mês de funcionamento da empresa Estilo Ltda., o contador
enviou para o João as guias de recolhimento de impostos, o que já era esperado, mas
enviou, também, duas demonstrações contábeis: o balanço patrimonial e a Demonstra-
ção do Resultado. João não entendeu nada delas e, por isso, fez as seguintes perguntas:
“afinal de contas, o papel da Contabilidade não é apenas lançar todas as notas fiscais
e apurar os impostos da empresa? O que é balanço patrimonial? Qual é o significado
desses grupos de ativo, passivo e patrimônio líquido que aparecem no balanço? O que
representa esse resultado apurado na Demonstração do Resultado, já que ele não tem
nada a ver com o saldo de dinheiro da empresa?”.
Muitos novos empresários buscam os serviços contábeis quando decidem abrir
uma empresa, mas não fazem ideia do que a Contabilidade realmente faz. A Contabili-
dade registra tudo o que acontece na empresa e transforma esses dados em relatórios,
mas, para isso, ela utiliza uma metodologia específica.
Você se lembra das demonstrações que João recebeu no final do primeiro mês de
atividade da empresa Estilo Ltda.? Então, tente interpretá-las.

Demonstração do Resultado do Exercício

Receita operacional bruta

Receita de vendas 55.000,00

(-) Deduções da receita bruta

Impostos sobre vendas (11.800,00)

Devolução de vendas (1.100,00)

(=) Receita operacional líquida 42.100,00

(-) Custos da mercadoria vendida (28.000,00)

(=) Lucro bruto 14.100,00

(-) Despesas operacionais

Despesas administrativas (9.700,00)

Despesas com aluguel (3.000,00)

Despesas com depreciação (1.700,00)

Despesas com salários (5.000,00)

(=) Resultado antes do resultado financeiro 4.400,00

(-) Despesas financeiras

Despesas financeiras (1.200,00)

(+) Receitas financeiras

Receitas financeiras 800,00

(=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro 4.000,00

(=) Lucro líquido do exercício 4.000,00

Quadro 1 - Demonstração do Resultado do Exercício / Fonte: a autora.


Balanço patrimonial
Ativo Passivo

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa e equivalentes de caixa Fornecedores

Caixa 7.800,00 Fornecedores 25.000,00

Banco 25.900,00 Obrigações trabalhistas

Aplicações financ. de liq. imed.


Salários a pagar / 11.500,00
12.100,00

Contas a receber e outros


Obrigações fiscais
créditos

Duplicatas a receber
Impostos a recolher / 4.800,00
18.500,00

Impostos a recuperar 2.900,00 Empréstimos e financiamentos

Empréstimos e financiamentos
Estoques
17.600,00

Mercadorias 51.800,00 Outras obrigações

Materiais de uso e consumo


Contas a pagar 8.700,00
3.500,00

Passivo não circulante

Ativo não circulante Empréstimos e financiamentos

Financiamentos a pagar
Investimentos
19.200,00

Participação em outras cias


Patrimônio líquido
5.000,00

Imobilizado Capital social

Instalações 90.000,00 Capital social 300.000,00


Balanço patrimonial
Ativo Passivo

Móveis e utensílios 70.000,00 (-) Capital a integralizar (75.000,00)

Veículos 30.000,00 Lucros/prejuízos acumulados

(-) Depreciação acumulada


Lucros acumulados 4.000,00
(1.700,00)

Total: 315.800,00 Total: 315.800,00

Quadro 2 - Balanço patrimonial / Fonte: a autora.

Para compreender as demonstrações, é necessário conhecer a linguagem contábil, ou


seja, saber como a Contabilidade faz os seus registros, o que ela considera como ativo,
passivo, patrimônio líquido, receita e despesa, como os fatos afetam o patrimônio da
entidade e como ela gera informações por meio das demonstrações contábeis.
Com todo esse conteúdo, você e João compreenderão como a Contabilidade trans-
forma os fatos ocorridos em uma empresa em relatórios, o que proporcionará, tam-
bém, que você compreenda as informações contidas nas demonstrações de qualquer
empresa. Isso seguramente será um diferencial na sua atuação profissional.
Então, prepare um ambiente para estudo, tenha sempre papel e caneta em mãos,
acompanhe atentamente todas as aulas e, no final, você estará preparado(a) para
compreender a linguagem contábil. Conto com você nesta caminhada. Bons estudos!
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aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
UNIDADE 1

Você se lembra do nosso amigo João? Ele acabou de abrir


uma loja de roupas com alguns colegas e, após o primeiro
mês, ele recebeu as demonstrações contábeis do seu conta-
dor, mas ele não entende nada de Contabilidade, não faz a
menor ideia de como ela pode lhe auxiliar como empresário.
Então, minha tarefa é demonstrar para ele e para você, tam-
bém, como a Contabilidade pode ser uma grande parceira
dos negócios. Contudo, para entendê-la, é preciso começar
pelo início, descobrindo como ela surgiu e se desenvolveu.
Você sabia que a Contabilidade é tão antiga quanto o ho-
mem? Sabia que ela tem um objeto de estudo próprio? Você
sabe quem são os usuários da informação contábil e quais
são os seus campos de atuação? Pois nós descobriremos!
Quando João e seus colegas decidiram abrir a empresa,
eles sabiam que seria necessário contratar os serviços de
um contador. Entretanto, logo no primeiro mês, quando
receberam as demonstrações contábeis, perceberam que
não tinham o conhecimento necessário para compreen-
dê-las. E isso é um problema.
Segundo o Sebrae, cerca de 24% das micro e pequenas
empresas fecham suas portas em até dois anos (SERASA
EXPERIAN, 2020). Entre os diversos motivos, está a falta
de acompanhamento das finanças:


Muitas empresas demoram a perceber a importância de realizar
uma gestão financeira eficiente dos seus negócios para que eles con-
sigam seguir em frente. Muitas vezes, em especial nos primeiros
anos de vida do empreendimento, acabam misturando as finanças
pessoais com as da empresa.

Outro erro é não elaborar um fluxo de caixa e desconhecer seus


números reais de lucratividade, rentabilidade e liquidez. Dessa for-
ma, o empresário torna-se incapaz de tomar decisões embasadas
e estratégicas para o negócio. Ir à falência torna-se um processo
natural para as empresas que deixam de dar a atenção adequada às
suas finanças (SERASA EXPERIAN, 2020, on-line).

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UNIDADE 1

Para entender a Contabilidade, o seu papel, as suas responsabilidades, a sua liga-


ção com o mundo dos negócios, devemos começar pelo início: conhecendo um
pouco sobre a HISTÓRIA DA CONTABILIDADE.
Não se sabe ao certo quando a Contabilidade surgiu, mas podemos afirmar
que ela é tão antiga quanto a origem do homem: “alguns pesquisadores revelam
que os primeiros sinais objetivos da existência da Contabilidade datam de mais
ou menos 4.000 anos a.C.” (FAVERO et al., 2011, p. 9), contudo “alguns histo-
riadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos da existência de contas a
aproximadamente 2.000 anos a.C.” (IUDÍCIBUS, 2015, p. 16).
Talvez, você esteja se perguntando: “como assim a Contabilidade é tão antiga?
Nem os números são tão antigos!”. Apesar de serem muito utilizados pela Con-
tabilidade, os números não são a sua razão de ser. Na verdade, a Contabilidade
cuida do patrimônio das entidades, assim, quando o homem passou a possuir
bens, como instrumentos de caça e de pesca, animais, ânforas de bebidas, entre
outros, ele precisou buscar mecanismos para controlar esses bens.


Para controlar os animais, por exemplo, o dono do rebanho separava
uma pedra para cada animal, ou fazia ‘riscos’ em um pedaço de madeira
ou osso, assim ele acompanhava se havia a mesma quantidade de pe-
dras, ou de riscos, em comparação aos animais. É claro que esta era uma
forma muito rudimentar de contabilidade, mas já representava um
acompanhamento do patrimônio (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 14–15).

14
UNICESUMAR

Até o surgimento da
moeda, a Contabili-
dade teve uma evo-
lução relativamente
lenta, isso porque, na
época do escambo,
os negociantes ano-
tavam suas obriga-
ções, direitos e bens
perante terceiros sem
avaliação monetária,
ou seja, tratava-se de
um inventário físico
(IUDÍCIBUS, 2015).
Contudo, a preocu-
pação do homem com o seu patrimônio e a sua riqueza fez com que a Con-
tabilidade aperfeiçoasse a sua forma de avaliação da situação patrimonial à
medida em que as atividades foram se desenvolvendo em dimensão e com-
plexidade (IUDÍCIBUS, 2015).
Não é à toa que a Contabilidade enquanto disciplina adulta e completa
— a Contabilidade enquanto ciência — surgiu a partir do século XIII nas
cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras, afinal essas ci-
dades representavam o que havia de mais avançado na época em termos de
empreendimentos comerciais e industriais incipientes (IUDÍCIBUS, 2015).
Entre os progressos tecnológicos e as mudanças socioeconômicas que
impulsionaram o desenvolvimento da Contabilidade, Hendriksen e Breda
(2012) destacam a invenção da vela triangular utilizada nas embarcações —
Figura 1. Antes de sua invenção, o comércio se limitava à navegação em uma
direção em uma época do ano e na direção oposta em outra época. A vela
triangular, conhecida como vela latina, permite viajar em qualquer época do
ano. Contudo, a necessidade desse meio de transporte provocou uma guerra
que conhecemos como Primeira Cruzada. Entre o final do século XI e o final
do século XIII, cruzadas sucessivas impulsionaram o desenvolvimento do
comércio, principalmente, entre as cidades italianas e o Oriente.

15
UNIDADE 1

Figura 1 - Caravela Vera Cruz / Fonte: Caravelas ([2022], on-line).

Descrição da Imagem: a figura apresenta a imagem de uma caravela navegando no mar. A estrutura é
de madeira e tem alguns tripulantes. Há dois mastros com velas triangulares, cada uma com o desenho
de uma cruz.

De acordo com Hendriksen e Breda (2012), à medida em que o comércio se


expandia e a riqueza era acumulada, os negócios deixaram de ser realizados
individualmente e foram substituídos por sociedades. O uso de sociedades
permitia que os riscos da navegação marítima fossem compartilhados. Assim,
o conceito de sociedade foi importante para o desenvolvimento da Contabi-
lidade, pois levou ao reconhecimento da empresa como entidade separada
e distinta dos seus proprietários. Todos esses fatos deixam claro porque o
Método das Partidas Dobradas e, consequentemente, a Ciência Contábil sur-
giram justamente na Itália: o alto nível de atividade comercial e industrial e
o surgimento das sociedades criaram a necessidade de mecanismos capazes
de organizar economicamente as riquezas geradas.

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UNICESUMAR

Nessa evolução, deu-se o desenvolvimento do Método das Partidas Do-


bradas, utilizado até hoje. Segundo Hendriksen e Breda (2012), sistemas de
escrituração por partidas dobradas começaram a surgir, gradativamente,
entre os séculos XIII e XIV, mas foi apenas no século XV que o método
foi publicado pela primeira vez. O frei franciscano Luca Pacioli, que, por
sinal, era professor de Matemática, escreveu um livro denominado Summa
de Arithmetica, Geometrica, Proportioni et Proportionalitá. Nesse livro,
Pacioli escreveu um capítulo que, segundo Hendriksen e Breda (2012, p. 39),
“descreve o sistema de partidas dobradas e apresentava o raciocínio em que
se baseiam os lançamentos contábeis”.
O conceito do Método das Partidas Dobradas é que: I - para cada causa,
existe um efeito; II - para cada origem, existe uma aplicação; III - para cada
crédito, existe um débito. Assim, o registro contábil sempre envolverá, no
mínimo, duas contas — uma de débito e outra de crédito. Contudo, fique
tranquilo(a)! O Mecanismo das Partidas Dobradas será estudado adiante
em nosso material. E por que será que o esse mecanismo é utilizado sempre
com uma conta de débito e uma conta de crédito? Por que não uma conta
positiva e outra conta negativa? Se quiser compreender esses conceitos, leia
o texto a seguir do “Explorando Ideias”.

EXPLORANDO IDEIAS

Por que, especificamente, a escrituração por partidas dobradas? O conceito de dualidade


frequentemente utilizado para justificar as partidas dobradas apenas exige que sejam
reconhecidos dois lados de cada transação. Isso poderia ser, com igual facilidade, feito em
uma única coluna, usando sinais positivos e negativos, ou em duas colunas com débitos e
créditos. Por exemplo, ao se usar caixa para adquirir estoque, por que não simplesmente
colocar um número positivo na coluna de estoque e um número negativo na coluna de
caixa em uma planilha? Por que falar de debitar uma conta e creditar outra? Por que toda
essa maquinaria complexa? O fato curioso é que, embora os investidores da Contabili-
dade dispusessem de conceitos tais como moeda, capital próprio e despesa, eles não
dispunham de números negativos! Havia a noção de números negativos, mas, ainda em
1544, matemáticos como o alemão Michael Stifel os consideravam absurdos e fictícios. Na
verdade, não foram utilizados em Matemática antes do século XVII.
Fonte: Hendriksen e Breda (2012, p. 45).

17
UNIDADE 1

Após o surgimento do Método das Partidas Dobradas, a escola italiana de Con-


tabilidade ganhou grande impulso e se espalhou por toda a Europa (FAVERO et
al., 2011). Assim, entre o século XIII e o início do século XX, a Europa se destacou
no desenvolvimento das teorias contábeis. Apesar das importantes contribuições
da escola italiana/europeia de Contabilidade, seus estudos se preocupavam em
demonstrar a Contabilidade quanto à Ciência, dando pouca atenção à verdadei-
ra necessidade informacional dos usuários, assim a escola norte-americana de
Contabilidade passou a se destacar.
No início do século XX, o surgimento das grandes corporações, em conjunto com
o desenvolvimento do mercado de capitais e do extraordinário ritmo de desenvol-
vimento dos Estados Unidos da América (EUA), constituiu um campo fértil para o
avanço das teorias e práticas contábeis. Além disso, os norte-americanos herdaram
da Inglaterra uma excelente tradição no campo da Auditoria (IUDÍCIBUS, 2015).


É de nosso conhecimento que a Contabilidade acompanha a evolu-
ção das sociedades, cidades e nações e, no início deste século, como
o cenário de maior desenvolvimento industrial e comercial passou
a ser a América do Norte, mais particularmente os Estados Unidos,
o eixo de evolução da Contabilidade deslocou-se em função desse
cenário (FAVERO et al., 2011, p. 21).

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UNICESUMAR

Esses dois eixos de estudos e desenvolvimento de teorias contábeis — escola


italiana/europeia e escola norte-americana — não são opostos, na verdade, em
cada época e atendendo a cada realidade, as teorias se desenvolveram de forma a
atender às novas necessidades dos usuários. No Quadro 1, encontram-se alguns
pontos relevantes sobre tais escolas de Contabilidade.

Escola italiana/europeia de Escola norte-americana de


Contabilidade Contabilidade

Direciona o estudo da Contabilidade


Desenvolvimento de teorias
para dois focos: informação para
contábeis importantes até hoje,
usuários externos (Contabilidade
como o Patrimonialismo, que
Financeira) e informação para
define o patrimônio como objeto da
usuários internos (Contabilidade
Contabilidade.
Gerencial).

Preocupação demasiada em
demonstrar a Contabilidade como
Preocupação com o aspecto
Ciência, não se preocupando com
informacional da Contabilidade.
as necessidades informativas dos
usuários.

Desenvolvimento da Contabilidade
Foco na Contabilidade Financeira.
de Custos.

Baixo desenvolvimento na área de Criação dos Princípios de


Auditoria. Contabilidade.

Ênfase ao desenvolvimento teórico Ênfase ao desenvolvimento na área


das contas. de Auditoria.

Quadro 1 - Aspectos relevantes sobre as escolas de Contabilidade / Fonte: adaptado de Favero et al. (2011).

É justamente por acompanhar o desenvolvimento econômico e social que, há


alguns anos, passamos por uma revolução na área: a Contabilidade Internacional.
Com o mundo globalizado, em que se tornou comum empresas realizarem tran-
sações comerciais com diferentes países, tornou-se necessário falar uma mesma
língua, pelo menos, no que se refere às informações contábeis.

19
UNIDADE 1


Por ser uma ciência social, a Contabilidade é fortemente influen-
ciada pelo ambiente em que atua. Assim, as diferenças históricas,
os valores culturais e as estruturas políticas, legais e econômicas de
cada país acabam refletindo nas práticas contábeis em vigor. Nor-
malmente, os princípios e as práticas adotados na Contabilidade po-
dem ser diferentes de um país para outro. Em alguns países, como é
o caso do Brasil, a Contabilidade é influenciada pela exigência legal;
em outros, pelo consenso de órgãos profissionais de classe, como é o
caso dos Estados Unidos (NIYAMA; SILVA, 2013, p. 31–32).

É por isso que, de acordo com Niyama e Silva (2013), o crescimento do comércio
globalizado provocou a necessidade de padrões internacionais de Contabilidade.
Assim, o International Accounting Standards Board (Iasb), que é um órgão privado
formado por um Conselho de Membros constituído por representantes de mais
de 140 entidades de classe de todo o mundo, inclusive, o Brasil — representado
pelo Ibracon e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) —, edita os cha-
mados IFRS (International Financial Reporting
Standards), conhecidos, aqui, como Normas Inter-
nacionais de Contabilidade. As Normas Internacio-
nais de Contabilidade têm como objetivo reduzir
as diferenças entre os procedimentos e as normas
contábeis adotadas nos diferentes países e come-
çaram a ser publicadas em 1975. O Brasil passou
a adotar as Normas Internacionais em 2007, com
a promulgação da Lei nº 11.638 (BRASIL, 2007).

Acredito que você e o João já tenham


percebido que o desenvolvimento da Con-
tabilidade está intimamente ligado com o
desenvolvimento econômico, social e cul-
tural. De acordo com Hendriksen e Breda
(2012), o mundo, como o conhecemos hoje, é
decorrente da criação da Contabilidade por
Partidas Dobradas, pois ela criou a base para
o desenvolvimento do capitalismo privado.

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UNICESUMAR


Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve
intimamente associado ao surgimento do Capitalismo, como for-
ma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos
investimentos iniciais alocados a alguma exploração comercial
ou industrial. Não é menos verdade, todavia, que a economia de
mercado e seu florescer foram, por sua vez, fortemente ampara-
dos pelo surgimento e aperfeiçoamento das partidas dobradas, o
que equivale a dizer que se verificou uma interação entre os dois
fenômenos (IUDÍCIBUS et al., 2019, p. 1).

Isso nos permite dizer que as empresas são tão importantes para a Contabi-
lidade quanto a Contabilidade é importante para as empresas. As empresas
representam o maior consumidor de serviços contábeis, seja para fins legais,
tributários ou gerenciais. Por outro lado, se não fosse a Contabilidade, as
empresas não teriam uma base informacional confiável para auxiliar a sua
gestão (FRAGALLI; SILVA, 2021).
De qualquer forma, os registros contábeis, muito mais do que medir e
controlar riqueza, são uma importante base de dados. Sobre isso, Hendriksen
e Breda (2012, p. 39) relatam que:

21
UNICESUMAR

OLHAR CONCEITUAL
Aluno(a), conheça, nessa linha do tempo de 4.000 a.C. até 2007 d.C., a evolução da
Contabilidade.

Entre 4.000 e Contabilidade rudimentar ao inventariar


2.000 anos A.C. instrumentos de caça, de pesca etc.

Surgimento gradativo da escrituração por partidas


dobradas em cidades italianas que representavam
Séc. XIII e XIV o que havia de mais avançado na época em
termos de empreendimentos comerciais e
industriais incipientes.

Publicação do método das partidas dobradas pelo


Frei Luca Pacioli. Mesmo não tendo criado o
Séc. XV método, Pacioli ficou conhecido como o pai da
contabilidade.

Entre o séc. XIII e Destaque da escola italiana/européia de


início do séc. XX contabilidade.

Destaque da escola norte americana de


A partir do séc. XX
contabilidade.

Publicação das Normas internacionais de


A partir de 1975 contabilidade visando uma mesma linguagem
contábil entre diferentes países.

O Brasil adota as normas internacionais de


2007 contabilidade com a promulgação da Lei
nº 11.638/07.

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UNIDADE 1

Os mecanismos contábeis de registro, controle e evidenciação da situação fi-


nanceira, patrimonial e econômica da entidade são desenvolvidos por meio de
estudos científicos. Assim, podemos afirmar que Contabilidade é uma Ciência. De
acordo com Franco (1989), a Ciência Contábil ou a Contabilidade é uma Ciência
Social que estuda os fenômenos no patrimônio das entidades, mediante registro,
classificação, demonstração, análise e interpretação dos fatos contábeis, objeti-
vando oferecer informações e orientações para o auxílio na tomada de decisões.
Embora a Contabilidade utilize números, ela não é considerada uma
Ciência Exata, como a Matemática ou a Estatística. Como foi dito por Franco
(1989), ela é uma Ciência Social, pois estuda aspectos importantes relaciona-
dos a uma sociedade, na verdade, ela busca mecanismos para avaliar e eviden-
ciar as ações de uma entidade da melhor forma possível, buscando fazer com
que os relatórios sejam fiéis à realidade.

EXPLORANDO IDEIAS

A Contabilidade, na qualidade de Ciência Social Aplicada, com metodologia especialmente


concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam
as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa físi-
ca, entidade de finalidade não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público,
tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo.
Fonte: Iudícibus et al. (2019, p. 1).

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UNICESUMAR

Para entender o papel da Contabilidade, precisamos conhecer seu OBJETO,


seu OBJETIVO e os USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL. Toda
Ciência possui um objeto de estudo; no caso da Contabilidade, esse objeto é
o patrimônio das entidades contábeis. Nesse material, você descobrirá o que
compõe o patrimônio e como a Contabilidade organiza os elementos patri-
moniais. Antes, porém, precisamos entender o que é uma entidade contábil,
a qual possui um patrimônio.
Segundo Fragalli e Silva (2021, p. 22), “a entidade contábil pode ser de-
finida como um patrimônio sob a ação administrativa do homem, que age
sobre ele praticando atos de natureza econômica”. Então, eu lhe pergunto:
você, enquanto pessoa física, administra o seu patrimônio? Você realiza atos
de natureza econômica? Óbvio que sim! E é por isso que o seu patrimônio
também representa uma entidade contábil.
Isso significa que o mecanismo contábil de controle patrimonial pode
ser utilizado tanto por pessoas jurídicas quanto por pessoas físicas. Normal-
mente, relacionamos a Contabilidade às empresas, pois estas são obrigadas
a manter uma escrituração contábil — exceto empresas da categoria MEI
(Microempreendedor Individual) —, no entanto, as pessoas físicas podem
utilizar a Contabilidade para controlar o seu patrimônio. A diferença é que
a grande maioria da população possui um conjunto pequeno de elementos
patrimoniais, não sendo necessário os serviços contábeis para tal controle.
As teorias contábeis são desenvolvidas visando à melhor maneira de re-
gistrar, avaliar e controlar o patrimônio, seja em seu aspecto estático, que evi-
dencia o conjunto de elementos patrimoniais em um determinado momento,
seja em suas variações. O estudo sobre o patrimônio tem como finalidade
fornecer aos seus usuários informações econômicas, financeiras e patrimo-
niais que auxiliem no processo de tomada de decisão. Assim, segundo Favero
et al. (2011, p. 1), a Contabilidade tem como objetivo “gerar informação para
o controle e tomada de decisão”.
Contribuindo com Favero et al. (2011), Szuster et al. (2013) afirmam que
a Contabilidade é um sistema de informação e avaliação destinado a prover
seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financei-
ra, física e de produtividade no que tange a entidade objeto da contabilização.
Assim, podemos afirmar que os objetivos da Contabilidade são:

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UNIDADE 1


Proceder ao registro da estrutura societária da organização, bem como
alterações futuras.

Registrar, analisar e controlar o patrimônio das entidades.

Gerar informações para tomada de decisão da administração.

Gerar informações para terceiros com vínculo de interesse para com o


empreendimento (acionistas, investidores, fornecedores, governo etc.
(FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 38).

Isso demonstra o importante papel da Contabilidade para o sucesso de um negócio.


Muito mais do que atender às exigências legais, a Contabilidade é responsável por
fornecer informações que são essenciais para a gestão.


A função fundamental da Contabilidade [...] tem permanecido inal-
terada desde seus primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos
demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a tomar
decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de
usuários e nas formas de informações que têm procurado. Todavia, esta
função dos demonstrativos financeiros é fundamental e profunda. O
objetivo básico dos demonstrativos financeiros é prover informação
útil para a tomada de decisões econômicas (AICPA, 1973 apud IU-
DÍCIBUS, 2015, p. 4).

Entretanto, quem são os usuários da informação contábil? Podemos dizer que


são todas as pessoas que utilizam as informações contábeis para avaliar, verificar ou
tomar decisões relacionadas à entidade. Tais usuários são classificados em internos
e externos. Os usuários internos são aqueles que trabalham na empresa e ocupam
cargos que requerem a tomada de decisões e, por isso, necessitam de informações
direcionadas. Já os usuários externos não possuem relação de trabalho com a empre-
sa, mas, também, necessitam de informações para a tomada de decisões. Para estes
usuários, as informações são, normalmente, padronizadas (FAVERO et. al., 2011).
Podemos dizer, porém, que não é uma tarefa fácil atender a todos os usuários
da Contabilidade, isso porque a necessidade de informação é diferente entre eles.
Os gestores, enquanto usuários internos, necessitam de informações financeiras
e operacionais específicas dependendo do seu cargo ou função, normalmente,

26
UNICESUMAR

precisam saber sobre o fluxo de caixa, itens em estoque, valores a receber e pa-
gar, custo de produção, pedidos de clientes a serem atendidos, entre outras. Já os
usuários externos, como fornecedores e instituições financeiras, normalmente,
estão preocupados com a situação financeira da entidade, visando analisar sua
capacidade de pagamento. Já o Governo e as entidades reguladoras procuram
informações que possibilitem verificar se o regime tributário e os respectivos
recolhimentos estão corretos.
Favero et al. (2011) apresentam alguns exemplos de usuários e a sua respec-
tiva necessidade informacional:

USUÁRIOS INTERNOS INFORMAÇÕES REQUERIDAS

Fluxo de caixa capaz de assegurar


Empregados
condições de boa remuneração.

Diretores Desempenho e rentabilidade.

Produtividade e análise das variações


Encarregados de produção
de desempenho.

Desempenho por região, linhas de


Encarregados de vendas
produtos, vendedores etc.

USUÁRIOS EXTERNOS INFORMAÇÕES REQUERIDAS

Capacidade de pagamento da em-


presa. Ao emprestar o dinheiro, a sua
preocupação é que a empresa tenha
Instituições financeiras
uma geração de caixa futuro suficiente
para pagar, com segurança, o capital
emprestado, atualizado com os juros.

Lucro tributável, produtividade e valor


Entidades governamentais
adicionado.

Retorno sobre o capital investido. Nor-


Acionistas ou quotistas minoritá-
malmente, esperam que a empresa
rios — não participantes da admi-
tenha condições de manter um fluxo
nistração das entidades
regular de distribuição de lucros.

Sindicatos Fluxo de caixa futuro e rentabilidade.

Quadro 2 - Tipos de usuários / Fonte: Favero et al. (2011, p. 3).

27
UNIDADE 1

Que legal! João acaba de des-


cobrir que ele é um usuário
das informações contábeis.
Como sócio/gerente, ele pre-
cisa saber sobre o resultado
da empresa, se é positivo ou
negativo, os recursos finan-
ceiros que a empresa possui,
o montante de dívidas que
vencem no curto e no longo
prazo, enfim uma série de in-
formações que estão contidas
nas demonstrações contábeis.
A questão, agora, é saber iden-
tificar tais informações.

OLHAR CONCEITUAL
Aluno(a), conheça, aqui, as diferenças entre objeto, objetivo e usuários da informação
contábil na Contabilidade.

Usuários da
informação contábil
Objeto Objetivo Os usuários são todas as
A contabilidade A contabilidade pessoas que utilizam as
tem como objeto tem como informações contábeis.
o patrimônio da objetivo gerar São classificados
entidade informação para em internos e
contábil. os usuários. externos.

28
UNICESUMAR

É importante esclarecer que “a Contabilidade é muito mais do que mero re-


gistro; é um instrumento básico de gestão, e, na verdade, um dos principais”
(IUDÍCIBUS, 2015, p. 19). Contudo, para que esse instrumento seja realmente
útil, é preciso que os usuários compreendam as informações geradas. Por mais
que a Contabilidade busque ser clara em suas demonstrações, subentende-se
que os usuários possuem conhecimento mínimo necessário para compreen-
der a metodologia contábil de geração de informação.

PENSANDO JUNTOS

De certa forma, o “homem contador” põe ordem, classifica, agrega e inventaria o que o
“homem produtor”, em seu anseio de produzir, vai, às vezes, desordenadamente, amea-
lhando, dando condições a este último para aprimorar cada vez mais a quantidade e a
qualidade dos bens produzidos, por meio da obtenção de maiores informações sobre o
que conseguiu até o momento.
Fonte: Iudícibus (2015, p. 17).

Como dito anteriormente, os usuários possuem necessidades diferentes de


informação, e a Contabilidade deve buscar atender a todos. Contudo, no nosso
país, a legislação fiscal e tributária é muito complexa, e, por isso, na maioria
das vezes, as empresas buscam os serviços contábeis apenas para atender à
legislação. Esse problema, na verdade, possui duas vertentes: por um lado
existem contadores que deixam de expor aos seus clientes o importante papel
da Contabilidade no fornecimento de informações que são úteis ao processo
decisório, por outro, as empresas não querem gastar dinheiro com os serviços
contábeis e contratam apenas os serviços exigidos por lei.
Por esse motivo, existem diferentes CAMPOS DE ATUAÇÃO DA
CIÊNCIA CONTÁBIL: a Contabilidade Fiscal, a Contabilidade Financeira
e a Contabilidade Gerencial, e cada uma é voltada para finalidades específicas
dos usuários. De acordo com Szuster et al. (2013, p. 28), “a atuação segmentada
da Contabilidade Gerencial, da Contabilidade Financeira e da Contabilidade
Fiscal retrata este processo que fornece, no conjunto, as informações mais
utilizadas no mundo dos negócios”.

29
UNIDADE 1

A Contabilidade Fiscal é regida pelo Gover-


no e obrigatória para todas as empresas, exceto
as que estão enquadradas como Microempreen-
dedor Individual (MEI), e está voltada para aten-
der à legislação fiscal. Nesse campo de atuação, o
contador precisa estar atento às regulamentações
específicas de cada empresa, que depende do seu
porte, seu ramo de atuação, seu regime tributário,
seu enquadramento fiscal, entre outras questões.
De acordo com as particularidades de cada em-
presa, o contador calcula e emite as guias de reco-
lhimento de impostos, gera relatórios fiscais, emite
notas fiscais, entre outras ações.
A Contabilidade Financeira, ou Contabilidade
Societária, é regulamentada pelas normas contá-
beis. Ela define os processos de contabilização dos
fatos ocorridos na empresa de forma que as infor-
mações geradas representem fielmente a situação
econômica, financeira e patrimonial da entidade.
A Contabilidade Financeira também é responsável
por definir a estrutura e as informações a serem
apresentadas nas demonstrações contábeis.
Por fim, a Contabilidade Gerencial tem a fi-
nalidade exclusiva de auxiliar na gestão da em-
presa, por isso, ela não segue regras ou normas,
a própria empresa é quem define os dados, os
modelos de relatórios, a periodicidade em que
as informações devem ser divulgadas etc. Na
Contabilidade Gerencial, o contador pode utili-
zar desde uma simples planilha de Excel ou um
caderno de anotações até sistemas sofisticados de
análises quantitativas; o objetivo é que a informa-
ção atenda às necessidades dos gestores internos,
os quais precisam tomar decisões diárias de for-
ma segura e assertiva.

30
UNICESUMAR

Podemos observar as características de cada campo de atuação no Quadro 3.

CONTABILIDADE CONTABILIDADE CONTABILIDADE


CARACTERÍSTICAS
FISCAL FINANCEIRA GERENCIAL

Adoção e
Obrigatória Obrigatória Facultativa
elaboração

Relações Relações Relações


Utilizada para...
tributárias externas internas

Condicionada Não está


Condicionada
Vínculo à às disposições condicionada
às disposições
legislação legais e às disposições
legais
tributárias legais

Conjunto
Relatórios Relatórios para
completo de
Produto principal específicos planejamento e
demonstrações
exigidos por lei controle
contábeis

Empresa como Empresa como Interesse nas


Visão da empresa
um todo um todo partes

Precisa Relevante e
A informação é... Rápida
(objetiva) confiável

Essência
A informação Objetividade e
econômica das Utilidade
busca... legalidade
transações

Quadro 3 - Características dos campos de atuação da contabilidade


Fonte: adaptado de Szuster et al. (2013).

João não entendeu muito bem a diferença entre Conta-


bilidade Fiscal, Contabilidade Financeira e Contabilidade
Gerencial e, por isso, foi pedir explicação ao seu contador.
Acompanhe o podcast e descubra o que o contador
disse ao João.

31
UNICESUMAR

Por esse motivo, estudaremos, agora, sobre o OBJETIVO E ALCANCE DAS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS. É importante que você saiba que relatórios
contábeis e demonstrações contábeis são considerados sinônimos. Sobre esse
assunto, Iudícibus e Marion (2019, p. 229) afirmam que o “relatório contábil é a
exposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabili-
dade em determinado período”. O processo de geração de informações contábeis
pode ser observado na Figura 2.

Coleta de Relatórios Usuários da


Contabilidade
dados contábeis contabilidade

• Administração
• Bancos
• Governo
• Fornecedores

Figura 2 - Geração de informações contábeis / Fonte: Marion (2009, p. 46).

Descrição da Imagem: a figura demonstra um processo que segue da esquerda para a direita. Na primeira
parte, está escrito “Coleta de dados”; abaixo, aparece a figura de um funil que tem a sua saída voltada
para figura da direita, na parte superior do funil, existem vários cifrões sendo coletados. Em seguida,
está escrito “Contabilidade”; abaixo, aparece a figura de um homem de terno e gravata ao lado de uma
calculadora. Na sequência, está escrito “Relatórios contábeis”; abaixo, aparece a figura de um papel com
texto ilegível. Por fim, está escrito “Usuários da contabilidade”; abaixo, aparecem as seguintes citações:
Administração, Bancos, Governo e Fornecedores.

A Figura 2 demonstra a obtenção de dados que é feita por meio de documen-


tos: é por isso que a Contabilidade solicita notas fiscais, recibos, contratos,
entre outros documentos que comprovem a transação realizada. Com os do-
cumentos em mãos, a Contabilidade efetua os registros das transações e, ao
final do período — que pode ser mensal, anual ou outro —, tais registros dão
origem às demonstrações contábeis que são utilizadas pelos usuários para
obtenção de informações a respeito da entidade.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Norma Brasileira
de Contabilidade — NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019,
fornece alguns apontamentos acerca dos objetivos das demonstrações contábeis:

33
UNIDADE 1


O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações
financeiras sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e
despesas da entidade que reporta que sejam úteis aos usuários das
demonstrações contábeis na avaliação das perspectivas para futuros
fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade que reporta e na
avaliação da gestão de recursos da administração sobre os recursos
econômicos da entidade (CFC, 2019, [s.p.]).

NOVAS DESCOBERTAS

Caro(a) aluno(a), como você deve ter percebido, mencionamos, anterior-


mente, a existência de uma normativa que regulamenta a estrutura concei-
tual para um relatório financeiro. Acesse o QR Code e conheça o documento
na íntegra.

Apesar de as demonstrações contábeis possuírem estruturas específicas, o nível


de detalhamento e complexidade deve ser ajustado de acordo com cada realidade.
Para entender essa ideia, basta comparar uma grande indústria têxtil, com deze-
nas de funcionários e na qual o proprietário pode nem atuar dentro da empresa,
com um pequeno ateliê de costura, em que a(o) costureira(o) é proprietária(o)
do negócio e, também, é quem atende o cliente, fabrica, vende, recebe, controla o
estoque, o caixa, enfim atua em todas as ações do negócio.

34
UNICESUMAR

As diferentes características das empresas nos permitem afirmar que os relatórios


contábeis serão influenciados pelos seguintes aspectos:
■ Complexidade do negócio

É evidente que os relatórios de uma pequena empresa, com poucos tipos de transa-
ções — basicamente, compra, vende, recebe e paga — conterá bem menos informa-
ções que os relatórios de uma grande corporação que realiza uma extensa variedade
de transações, nacionais e internacionais, que apresenta uma enorme carga tribu-
tária e realiza operações em diversas instituições financeiras. Dessa forma, quanto
maior o nível de complexidade das atividades desempenhadas pela entidade, maior
também será a complexidade e o detalhamento das informações contábeis.
■ Distância entre os sócios/acionistas da gestão da empresa

Nas empresas em que os sócios conseguem acompanhar de perto as atividades


realizadas, não existe a necessidade de relatórios contábeis mais detalhados. Nes-
ses casos, a informação é obtida na própria empresa, sendo os relatórios menos
utilizados para tomada de decisão. Por outro lado, em grandes empresas, em
que os sócios/acionistas não participam dos negócios, os relatórios se tornam o
principal meio de prestação de contas sobre as ações dos gestores.

35
UNIDADE 1

Nas entidades por ações, também conhecidas como Sociedades Anônimas


(S.A.), por exemplo, os acionistas minoritários compõem o quadro societário da
empresa, mas são considerados usuários externos, pois não têm fácil acesso às infor-
mações, por isso, a Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) e alterações (Lei das S.A.) deter-
minam uma série de informações a serem divulgadas nas demonstrações contábeis,
de forma a amparar os acionistas com dados que assegurem seu investimento.
■ Conjunto de demonstrações contábeis
De acordo com a NBC TG 26 (R5) — Apresentação das Demonstrações Con-
tábeis (CFC, 2017), o conjunto completo de demonstrações inclui:
» Balanço patrimonial.
» Demonstração do resultado.
» Demonstração do resultado abrangente.
» Demonstração das mutações do patrimônio líquido.
» Demonstração dos fluxos de caixa.
» Demonstração do valor adicionado.
» Notas explicativas.

A obrigatoriedade de elaboração e divulgação de tais demonstrações depende de


legislações específicas conforme o porte e a formalização legal da entidade. No
entanto, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado, que você conhe-
cerá neste material, devem ser elaborados por todas as empresas, mesmo que não
venham a ser divulgados publicamente.

PENSANDO JUNTOS

Muitos empresários de pequenos negócios nunca viram o balanço patrimonial ou a de-


monstração de resultado da sua empresa. Será que o contador não fornece as demons-
trações ou o empresário não tem interesse, pois não entende as informações?

Mesmo que não sejam poucas as demonstrações, muitas empresas também apre-
sentam o relatório da administração, que descreve e explica as características
principais do desempenho e da posição financeira e patrimonial da entidade,
assim como as incertezas às quais está sujeita. Muitas empresas também apre-
sentam relatórios ambientais e sociais, sobretudo as de setores em que os fatores
ambientais e sociais são significativos (CFC, 2017).

36
UNICESUMAR

As demonstrações contábeis são voltadas para usuários externos de forma geral:


As demonstrações contábeis fornecem informações sobre transa-
ções e outros eventos observados do ponto de vista da entidade
que reporta como um todo e, não, do ponto de vista de qualquer
grupo específico de investidores, credores por empréstimos e outros
credores, existentes ou potenciais, da entidade (CFC, 2019, [s.p.]).

Contudo, os usuários internos necessitam de informações mais específicas e


atuais. Por exemplo, ao invés de utilizar o balanço patrimonial, que contém todo
o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade, o gerente financeiro pode
requerer relatórios específicos apenas com os dados relativos a valores a receber
e/ou a pagar, contendo o valor de cada título e vencimento. Da mesma forma, o
gerente de produção pode solicitar informações específicas a respeito de itens
em estoque, produtividade, pedidos a serem entregues, custos de produção, entre
outras informações.
Além de informações específicas, os usuários internos necessitam receber os
relatórios de forma mais contínua. As demonstrações contábeis são elaboradas
ao final de cada período, que pode ser mensal, semestral, anual ou outro definido
pela entidade. No entanto, os relatórios gerados para os usuários internos devem
ser gerados conforme a necessidade, que pode ser, até mesmo, diária.

37
UNIDADE 1

Os relatórios internos são gerados


pela Contabilidade quando a empre-
sa possui um departamento contábil
próprio. Quando a Contabilidade é
terceirizada, as informações para a ges-
tão são elaboradas por algum departa-
mento administrativo que a empresa
possua. Contudo, nada impede que o
contador contratado pela empresa lhe
envie relatórios com informações es-
pecíficas, mas isso dependerá de como
os serviços contábeis são contratados.
E aí, gostou do papel da Contabili-
dade? Acredito que, agora, a atividade
contábil faz muito mais sentido para
você, pois sabe que muito mais do
que atender às determinações legais, a
Contabilidade é um importante instru-
mento de controle patrimonial, sendo
que esse controle resulta em informa-
ções que contribuem para o processo
de tomada de decisão dos usuários.
Contudo, para que essas informações
sejam úteis, é necessário compreendê-
-las, e é isso que trabalharemos a partir
da próxima unidade. Até logo!

38
1. De acordo com Iudícibus (2015, p. 17), “o grau de desenvolvimento das teorias contá-
beis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de
desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações”.
Isso explica o fato de a Contabilidade, enquanto Ciência, ter surgido nas cidades italia-
nas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa, entre outras. Explique por que a Contabilidade,
enquanto disciplina, surgiu justamente nessas cidades italianas.

IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

2. Segundo Silva (2018, p. 17), a Ciência Exata é “qualquer campo da ciência capaz de ex-
pressar quantidades, predições precisas e métodos rigorosos de testar hipóteses”; já
a Ciência Social é um “ramo da ciência que estuda os aspectos sociais do ser humano,
propondo conhecer o ser humano enquanto elemento integrante de grupo organizado”.

SILVA, J. M. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2018.

O principal relatório da Contabilidade, o balanço patrimonial, utiliza números e che-


ga a um valor exato entre ativo e passivo mais patrimônio líquido. Mesmo assim, a
Contabilidade não é tida como uma Ciência Exata. Observando essas descrições,
explique por que a Contabilidade é classificada como uma Ciência Social, já que ela
utiliza números — valores e quantidades — em seus relatórios para expressar a
situação econômica e financeira da empresa.

3. Para Hendriksen (apud PADOVEZE, 2000, p. 49), “a Contabilidade é um processo de


comunicação de informação econômica para propósitos de tomada de decisão tanto
pela administração como por aqueles que necessitam fiar-se nos relatórios externos”.

PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

Isto significa que, como mecanismo de informação, a Contabilidade busca auxiliar a


tomada de decisão tanto dos usuários internos, como a administração da entidade,
quanto dos usuários externos, que utilizam relatórios externos. Nesse sentido, ex-
plique a diferença entre usuários internos e externos da Contabilidade.

4. Todas as pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas que necessitarem de infor-


mações contábeis para tomar decisões são consideradas usuários das informações
contábeis. Estes, por sua vez, são separados em internos e externos. Os usuários
internos fazem parte da empresa e atuam diretamente em suas rotinas operacionais.

39
Já os usuários externos podem ou não ter relações diretas com a empresa, mas não
atuam dentro dela. Considerando essas informações e tomando como base uma
empresa industrial, assinale a alternativa que apresenta um usuário da informação
contábil com sua correta classificação.

a) Governo, usuário interno.


b) Diretoria, usuário externo.
c) Gerente de produção, usuário externo.
d) Instituições financeiras, usuário interno.
e) Conselho Regional de Contabilidade, usuário externo.

5. As demonstrações contábeis fornecem informações sobre a situação econômica,


financeira e patrimonial da entidade. Apesar de serem elaboradas de acordo com
as estruturas definidas pelas normas contábeis, o nível de detalhamento e comple-
xidade é influenciado por alguns fatores. No que se refere a esses fatores, analise
as afirmativas a seguir.

I - A complexidade do negócio interfere nas informações contábeis, isso porque as


demonstrações de pequenos empreendimentos apresentam uma quantidade
maior de informações, já que, normalmente, nessas situações, a Contabilidade é
terceirizada. Já os grandes empreendimentos não necessitam de demonstração
com muitas informações, já que possuem profissionais qualificados para realizar
a gestão do negócio.
II - A distância entre o sócio/acionista das informações da empresa interfere nas
informações contábeis, isso porque quanto mais próximo o proprietário estiver
da rotina da empresa, menos detalhes serão necessários nas demonstrações.
III - Apesar das normas contábeis apresentarem um conjunto de sete demonstra-
ções, cada empresa deve analisar sua própria obrigatoriedade de elaboração e
divulgação, por isso, varia a depender do porte e ramo de atividade.
É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

40
UNIDADE 2

O João, personagem do nosso material, que, assim como você, deseja conhecer
mais sobre Contabilidade, abriu uma loja de roupas chamada de Estilo. Para tanto,
ele e mais dois amigos investiram o montante de R$ 200.000,00 cada, totalizando
um capital de R$ 600.00,00. Com esse valor, eles compraram o ponto comercial
e montaram a loja com balcões, expositores, prateleiras, provadores, mesas, itens
de decoração e mercadorias para venda. Então, ela ficou assim:
Do valor investido, sobraram R$ 180.000,00, que foram depositados em uma
conta corrente aberta no nome da empresa. A abertura da empresa também gerou
dívidas com aluguel e com fornecedores, já que parte das mercadorias foram
adquiridas a prazo. Com essas informações eu lhe pergunto: o que compõe o
patrimônio da empresa Estilo? Quais são as origens de recursos financeiros e
como eles foram aplicados na empresa? A empresa Estilo apresenta uma situação
patrimonial positiva ou negativa?

42
UNIDADE 2

Quando pensamos em patrimônio, naturalmente, nos lembramos dos bens


que possuímos: uma casa, um carro, um terreno etc. O Dicionário Aurélio define
patrimônio como “herança paterna. Bens de família. Complexo de bens, materiais
ou não, direito, ações, posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa ou empresa
e seja suscetível de apreciação econômica” (FERREIRA, 2009, p. 488).
Os dados da empresa Estilo, apresentados anteriormente, estão detalhados na Tabe-
la 1. Considerando os dados apresentados, identifique o patrimônio da empresa Estilo.

Ponto comercial R$ 75.000,00

Balcões R$ 60.000,00

Expositores R$ 40.000,00

Prateleiras R$ 50.000,00

Provadores R$ 35.000,00

Mesas R$ 15.000,00

Itens de decoração R$ 5.000,00

Mercadorias R$ 265.000,00

Depósito na conta corrente R$ 180.000,00

Dívida com fornecedores R$ 120.000,00

Dívida com aluguel R$ 5.000,00

Capital investido pelos sócios R$ 600.000,00


Tabela 1 - Dados da empresa Estilo / Fonte: a autora.

Você, provavelmente, deve ter considerado todos os bens, como os móveis e as


mercadorias, como o patrimônio da empresa Estilo. Contudo, eu lhe convido a fa-
zer a seguinte reflexão: caso os sócios da empresa Estilo solicitassem um emprés-
timo a uma instituição financeira e, para assegurar o empréstimo, a instituição
exigisse a relação de todo o patrimônio no nome da empresa, e, então, os sócios
apresentassem todos os bens e seus respectivos valores, mas não mencionassem
a dívida de R$ 120.000,00 com fornecedores, eles estariam sendo verdadeiros
sobre a situação da empresa? Afinal, se a empresa já possui uma dívida, de certa
forma, seus bens já estão comprometidos.

43
UNIDADE 2

máquina de cartão, roupas para venda, o próprio prédio no qual a loja está instalada,
entre outros. Todos esses elementos são bens e, dependendo da sua finalidade, são
registrados em grupos específicos. Os bens para uso na própria loja, como as prate-
leiras e os provadores, são registrados no imobilizado, já os bens para venda, como
as roupas, são registrados no estoque. Normalmente, o estoque e o imobilizado são
os grupos de bens mais significativos nas entidades, mas você conhecerá outros.
Existem várias maneiras de classificar os bens, dependendo do enfoque dado
pela ciência. Para a Ciência Contábil, a principal classificação é quanto à mate-
rialidade: bens materiais e bens imateriais.
■ Bens materiais

Os bens materiais são aqueles que possuem corpo, matéria. Esses bens, quando
destruídos por força física, deixam de ser bens. Os bens materiais, também de-
nominados bens tangíveis, são divididos em:
• Bens móveis: segundo o artigo 82 do Código Civil (BRASIL, 2002),
são os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por
força alheia, sem alteração da substância ou destinação econômico-
-social. Exemplos: máquinas, veículos, mercadorias.
• Bens imóveis: o artigo 79 do Código Civil (BRASIL, 2002) salienta
que é o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmen-
te. Exemplos: terrenos, edificações.
■ Bens imateriais

Os bens imateriais, também denominados bens intangíveis, não possuem corpo,


não podem ser tocados, assim não podem ser destruídos por uma ação física.
Contudo, a difamação, a má qualidade, preços incompatíveis, desrespeito ao con-
sumidor podem desvalorizar ou, até mesmo, acabar com o bem (FRAGALLI;
SILVA, 2021). Para Marion (2015), o bem intangível, incorpóreo ou invisível são
bens que não se pode tocar ou pegar. São aqueles que passaram a ter grande re-
levância a partir das ondas de fusões e incorporações na Europa e nos EUA. Os
bens intangíveis podem ser objeto de cessão, ou seja, ação de ceder ou transferir a
outrem a posse ou propriedade de alguma coisa. Os exemplos de bens intangíveis
são: fundo de comércio, software, marcas e patentes, direitos autorais e direitos
de exploração. Esses dois últimos, apesar de mencionarem “direitos”, na Conta-
bilidade, ficam registrados como intangíveis.

46
UNIDADE 2

Assim como a entidade tem direitos a receber, ela também tem obrigações a
pagar. As obrigações são todos os compromissos, deveres ou ações passivas que
envolvam valor econômico. Dessa forma, podemos dizer que as obrigações são
valores que a entidade tem a pagar, seja a outras empresas, instituições financei-
ras, poder público, funcionários, sócios etc. As obrigações são dívidas contraí-
das por diversos motivos, como: compras a prazo, obtenção de empréstimos ou
financiamentos, determinação legal, contratação de funcionários, entre outras.
Podemos classificar as obrigações, para fins didáticos, da seguinte forma:

Obrigações por funcionamento: são as dívidas decorrentes de operações


1 normais da entidade, como compras a prazo de materiais para consumo ou de
mercadorias para venda.

2 Obrigações por financiamento: são as dívidas decorrentes de financiamento


de bens ou de obtenção de recursos em instituições financeiras.

3 Obrigações sociais e trabalhistas: são decorrentes da contratação de


funcionários e de leis trabalhistas.

Obrigações fiscais: são as dívidas com o órgão fiscal, seja ele federal, estadual
4 ou municipal, como os impostos e contribuições sociais. O ramo de atividade e
o regime tributário interferem diretamente nestas obrigações.

Figura 3 - Classificação das obrigações

Descrição da Imagem: a imagem contempla quatro linhas enumeradas de um a quatro com as


classificações das obrigações. De cima para baixo, temos as obrigações por funcionamento, que são
as dívidas decorrentes de operações normais da entidade, como compras a prazo de materiais para
consumo ou de mercadorias para venda. Em seguida, no número dois, temos as obrigações por fi-
nanciamento, que são as dívidas decorrentes de financiamento de bens ou de obtenção de recursos
em instituições financeiras. Na linha de número três, estão as obrigações sociais e trabalhistas, essas
são decorrentes da contratação de funcionários e de leis trabalhistas. E, por último, na quarta linha,
as obrigações fiscais, que são as dívidas com o órgão fiscal, seja ele federal, estadual ou municipal,
como os impostos e contribuições sociais. O ramo de atividade e o regime tributário interferem
diretamente nessas obrigações.

É importante esclarecer que a liquidação de uma obrigação não é feita, ex-


clusivamente, por meio de pagamento com recursos financeiros. Ela pode
ser liquidada por meio de transferência de outros ativos ou, até mesmo, da
prestação de serviços, o que depende da negociação.

48
UNIDADE 2

A Contabilidade divide as obrigações em exigíveis e não exigíveis. As obri-


gações exigíveis são aquelas contraídas com terceiros, como os fornecedores, o
Governo e os funcionários. Essas obrigações têm um prazo determinado para
pagamento. Já as obrigações não exigíveis são aquelas contraídas com os sócios.
Quando a empresa é constituída, os sócios investem um capital; na Conta-
bilidade, esse investimento recebe o nome de Capital Social. Esse investimento
dos sócios gera uma obrigação para a empresa, contudo essa obrigação não
tem um prazo determinado para pagamento, por isso, é considerada uma
obrigação não exigível.

EXPLORANDO IDEIAS

Uma das premissas básicas para a atividade contábil é reconhecer que a empresa é uma
entidade separada dos seus sócios. Isso significa que o patrimônio da empresa não pode
ser misturado com o patrimônio de seus sócios. Não é à toa que chamamos a empresa de
pessoa jurídica: é como se fosse, realmente, uma outra pessoa, com seus bens, direitos e
obrigações próprias. Assim, quando os sócios investem na empresa, esta passa a ter uma
obrigação financeira com aqueles.

Resumindo: o patrimônio de uma entidade contábil, seja pessoa física ou jurídica,


é composto pelo conjunto de bens, direitos e obrigações. Uma questão importan-
te sobre os elementos que compõem o patrimônio é que, necessariamente, eles
precisam ter valor monetário. Isso significa que, se não for possível avaliar mone-
tariamente um bem, um direito ou uma obrigação, não será possível registrá-lo
no patrimônio. É por isso que a Contabilidade registra e controla o patrimônio
observando dois aspectos: o qualitativo e o quantitativo.
O aspecto qualitativo do patrimônio corresponde ao nome dado a cada ele-
mento patrimonial. Isso porque, quando falamos que os bens, os direitos e as
obrigações representam os elementos patrimoniais, na verdade, precisamos lem-
brar que esses são os conjuntos de elementos, já que existem vários bens, vários
direitos e várias obrigações em cada entidade contábil.
Para registrar e controlar cada elemento patrimonial, a Contabilidade
utiliza um plano de contas, assim cada conta contábil representa um elemento
patrimonial, que, no caso, corresponde ao aspecto qualitativo do elemento.
É importante esclarecer que o nome da conta contábil deve estar sempre

49
UNIDADE 2

relacionado ao elemento. Por exemplo, a conta “Caixa” representa o dinheiro


da empresa, já a conta “Mercadorias” representa o estoque de mercadorias
disponível para venda.
Por mais que pareça fácil identificar o elemento patrimonial pela sua conta
contábil, é importante conhecer o plano de contas de cada entidade e verificar
o que é registrado em cada uma delas, isso porque o plano de contas pode ser
ajustado à realidade de cada entidade. Por exemplo, a entidade pode optar por
separar o dinheiro em papel moeda do dinheiro da conta corrente, nesse caso,
no plano, haverá a conta “Caixa” e a conta “Banco conta movimento”. Por outro
lado, a entidade pode optar por registrar toda a sua movimentação financeira em
uma única conta, então, no plano, haverá a conta “Caixa e equivalentes de caixa”.
Enquanto o aspecto qualitativo de cada elemento é evidenciado por meio
da conta contábil, o aspecto quantitativo é evidenciado por meio de valores. Isso
significa que cada elemento patrimonial deve ser registrado em uma conta con-
tábil com seu respectivo valor.
O simples levantamento dos elementos patrimoniais de uma entidade, em
seus aspectos qualitativo e quantitativo, representa um inventário, é o que cha-
mamos de patrimônio não sistematizado, conforme demonstrado na Tabela 2.

Aspecto qualitativo Aspecto quantitativo

Caixa R$ 15.000,00

Duplicatas a receber R$ 11.000,00

Mercadorias R$ 38.000,00

Móveis R$ 23.000,00

Fornecedores R$ 19.000,00

Salários a pagar R$ 5.000,00

Capital social R$ 63.000,00

Tabela 2 - Patrimônio não sistematizado / Fonte: a autora.

A Contabilidade, em sua função de gerar informação, não se limita a regis-


trar os elementos patrimoniais em seus aspectos qualitativo e quantitativo,
ela também os organiza; é o que chamamos de SISTEMATIZAÇÃO DO

50
UNIDADE 2

PATRIMÔNIO. Para tanto, a Contabilidade separa os bens e os direitos das


obrigações. Os bens e direitos ficam registrados em um grupo chamado ativo,
enquanto as obrigações ficam em um grupo chamado passivo. Como existem
obrigações exigíveis e não exigíveis, no grupo do passivo, existe um subgrupo
chamado patrimônio líquido.

PATRIMÔNIO

Bens e Obrigações
direitos

Obrigações Obrigações
exigíveis não exigíveis

PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
LÍQUIDO

Figura 4 - Sistematização do patrimônio / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem demonstra a sistematização do patrimônio através de um organo-


grama que inicia com o “Patrimônio”. Este é dividido em “Bens e direitos” de um lado e “Obrigações” do
outro. Entre “Bens e direitos” e “Obrigações”, aparece o sinal de igual (=). Os “Bens e direitos” são alo-
cados no “Ativo”, já as “Obrigações” são divididas em “Obrigações exigíveis” de um lado e “Obrigações
não exigíveis” de outro. As “Obrigações exigíveis” são alocadas no “Passivo”, enquanto as “Obrigações
não exigíveis” são alocadas no “Patrimônio líquido”. Entre “Obrigações exigíveis” e “Obrigações não
exigíveis”, aparece o sinal de mais (+). Entre “Passivo” e “Patrimônio líquido”, aparece o sinal de mais
(+). Entre “Ativo” e “Passivo”, + “Patrimônio líquido” aparece o sinal de igual (=).

Essa separação, muito mais do que uma simples organização, permite identificar
uma série de informações sobre a entidade, como nível de endividamento, origem
e aplicação de recursos financeiros, situação patrimonial (positiva ou negativa).
Conforme nos aprofundamos no detalhamento dessa sistematização, mais in-
formações descobriremos.

51
UNIDADE 2

EXPLORANDO IDEIAS

Conceitos relacionados ao patrimônio:


• Elementos patrimoniais: bens, direitos e obrigações; ativo, passivo e patrimônio
líquido.
• Aspecto qualitativo: refere-se ao nome dado ao elemento.
• Aspecto quantitativo: refere-se ao valor monetário do elemento.

Perceba, na Figura 4, que existe um sinal de igualdade entre “Bens e direitos”


e “Obrigações”, assim como entre “Ativo” e “Passivo + Patrimônio líquido”, isso
porque a sistematização do patrimônio gera um equilíbrio financeiro entre esses
grupos de elementos patrimoniais. Essa igualdade do patrimônio sistematizado
gera as seguintes equações:
■ Bens e direitos = Obrigações.
■ Ativo = Passivo + Patrimônio líquido.
■ Patrimônio líquido = Ativo – Passivo.

52
UNIDADE 2

Para ilustrar o equilíbrio gerado pela sistematização do patrimônio, retomaremos


os dados apresentados na Tabela 2. Primeiramente, classificaremos os elementos.

Aspecto qualitativo Aspecto quantitativo Classificação

Caixa R$ 15.000,00 Bem / Ativo

Duplicatas a receber R$ 11.000,00 Direito / Ativo

Mercadorias R$ 38.000,00 Bem / Ativo

Móveis R$ 23.000,00 Bem / Ativo

Obrigação exigível /
Fornecedores R$ 19.000,00
Passivo

Obrigação exigível /
Salários a pagar R$ 5.000,00
Passivo

Obrigação não exigível


Capital Social R$ 63.000,00
/ Patrimônio líquido
Tabela 3 - Classificação dos elementos / Fonte: a autora.

Agora sim, com essas informações, podemos sistematizar o patrimônio:

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 15.000,00 Fornecedores R$ 19.000,00

Duplicatas a
R$ 11.000,00 Salários a pagar R$ 5.000,00
receber

Mercadorias R$ 38.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis R$ 23.000,00 Capital Social R$ 63.000,00

Total do ativo R$ 87.000,00 Total do passivo + PL R$ 87.000,00

Quadro 1 - Patrimônio sistematizado / Fonte: a autora.

53
UNIDADE 2

Como você pôde observar no Quadro 1, ao sistematizar o patrimônio, o valor total


do ativo fica igual ao valor total do passivo + patrimônio líquido, no caso, ambos
ficaram com R$ 87.000,00. É importante esclarecer que o valor total depende do
conjunto de elementos que a entidade possui, mas, sempre, isso mesmo, sempre o
valor total do ativo será igual ao valor total do passivo mais o patrimônio líquido.

Com isso, chegamos à seguinte questão: se o patrimônio


sistematizado sempre apresenta um equilíbrio entre o ativo
e o passivo mais o patrimônio líquido, como identificar se a
situação da entidade é positiva ou negativa?

Para saber se a SITUAÇÃO PATRIMONIAL da entidade é positiva ou negativa,


é necessário observar a sua situação líquida, que, no caso, é obtida por meio do
saldo do patrimônio líquido. Para enxergar o patrimônio líquido como a situação
líquida da entidade, é preciso ter o seguinte raciocínio: se, por um lado, o patri-
mônio líquido representa a obrigação da empresa com seus sócios/acionistas,
por outro lado, ele apresenta o saldo de recursos que sobra para a empresa após
cobrir todas as suas obrigações exigíveis. Basta relembrarmos a equação:

54
UNIDADE 2

Passivo
R$ 200.000,00
Ativo
R$ 300.000,00

Sobra de Patrimônio Líquido


recursos R$ 100.000,00

Total: R$ 300.000,00 Total: R$ 300.000,00

Figura 5 - Situação líquida positiva / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro maior com a descrição “Ativo: R$ 300.000,00”;
ao lado, há um quadro menor com a descrição “Passivo: R$ 200.000,00”; abaixo, há um quadro
menor ainda com a descrição “Patrimônio líquido: R$ 100.000,00”. A diferença entre o quadro do
“Ativo” (maior) e o quadro do “Passivo” (médio) é evidenciada com uma linha tracejada que indica
“Sobra de recursos”. Abaixo do quadro do Ativo, está evidenciado o total de R$ 300.000,00; assim
como, abaixo dos quadros do Passivo e do Patrimônio líquido, também está evidenciado o total
de R$ 300.000,00.

Como você pôde observar na Figura 5, a empresa consegue pagar todas as suas
dívidas e ainda sobram R$ 100.000,00.
■ Situação líquida negativa

Quando o valor do ativo é menor que o valor do passivo, significa que a entidade
não possui recursos suficientes para pagar as suas dívidas, assim se encontra em
uma situação negativa. Imagine que uma empresa possua R$ 200.000,00 de ativo
e R$ 280.000,00 de passivo (obrigação exigível). Aplicando a fórmula, teríamos o
seguinte valor de patrimônio líquido:
• Patrimônio líquido = Ativo - Passivo (exigível)
• Patrimônio líquido = R$ 200.000,00 - R$ 280.000,00
• Patrimônio líquido = (R$ 80.000,00)

56
UNIDADE 2

Ativo
R$ 200.000,00 Passivo
R$ 280.000,00

Falta de
recursos

Patrimônio Líquido
R$ (80.000,00)

Total: R$ 200.000,00 Total: R$ 200.000,00

Figura 6 - Situação líquida negativa / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro menor com a descrição “Ativo: R$ 200.000,00”; ao
lado, há um quadro maior com a descrição “Passivo: R$ 280.000,00”; abaixo, há um quadro menor com a
descrição “Patrimônio líquido: R$ (80.000,00)”. A diferença entre o quadro do “Ativo” (menor) e o quadro
do “Passivo” (maior) é evidenciada com uma linha tracejada que indica “Falta de recursos”. Abaixo do
quadro do Ativo, está evidenciado o total de R$ 200.000,00; assim como, abaixo dos quadros do Passivo
e do Patrimônio líquido, também está evidenciado o total de R$ 200.000,00.

É importante ressaltar que, sempre que encontrarmos valores entre


parênteses, eles se referirão a valores negativos.

Como você pôde observar na Figura 6, se a empresa utilizar todos os seus bens e di-
reitos, ainda assim não consegue pagar todas as suas dívidas, pois faltam R$ 80.000,00.
Segundo Fragalli e Silva (2021, p. 72), “a compreensão da situação patrimonial de
uma entidade é fundamental para os usuários das informações contábeis, pois permite
avaliar o desempenho da gestão empresarial, definir estratégias, entre outras questões
relevantes no processo decisório”. No entanto, é importante esclarecer que a situação
negativa não significa, necessariamente, que a empresa deve encerrar suas atividades.
Quando se fala de negócios, existe uma série de questões a serem observadas, como
expectativas de mercado, possibilidades de negociação, mudanças de estratégias etc.

57
UNIDADE 2

A sistematização do patrimônio facilita a identificação dos bens e direitos da


entidade, assim como suas obrigações, e possibilita a verificação da situação pa-
trimonial, se é positiva ou negativa. Além dessas informações, a sistematização
também permite enxergar as ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS.
Toda entidade depende de recursos financeiros, os quais são utilizados para
manter suas atividades. A primeira fonte de recursos de uma empresa é justa-
mente o investimento dos sócios/acionistas, que pode ser feito em dinheiro ou
algum outro bem, como mercadorias, móveis etc. Assim, a conta Capital Social
representa uma fonte de recursos, e a forma como esse capital é integralizado
representa as aplicações. Após iniciar suas atividades, diversas outras fontes de
recursos surgirão, e a empresa, então, administrará esses recursos de forma a
alcançar seus objetivos.
No patrimônio sistematizado, as diversas fontes de recursos de uma entidade
são observadas no grupo do passivo, sendo que o passivo exigível corresponde
a recursos provenientes de terceiros, ou seja, de pessoas (físicas ou jurídicas) de
fora da empresa, e o patrimônio líquido corresponde a recursos provenientes
dos sócios. Os recursos de terceiros são denominados Capital de Terceiros, e os
recursos dos sócios/acionistas são denominados Capital Próprio.

58
UNIDADE 2

“[...] do lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exigível) como Capi-
tal Próprio (Patrimônio Líquido), representa toda a fonte de recursos, toda a origem
de capital. Nenhum recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio
Líquido” (IUDÍCIBUS; MARION, 2018, p. 33). Assim, podemos afirmar que o lado
do passivo e patrimônio líquido representa toda a fonte de recursos de uma entidade.
Entretanto, talvez, você se pergunte: “como assim todas as obrigações repre-
sentam fontes de recursos?”. Acredito que, quando falamos em um empréstimo,
faz sentido dizer que é uma fonte de recurso, pois a empresa capta dinheiro de
uma instituição financeira, mas isso gera uma obrigação. Contudo, não é somente
esse tipo de obrigação que representa fonte de recursos, na verdade, por mais
estranho que pareça, sim, todas as obrigações representam fontes de recursos.
Imagine que uma empresa tenha comprado R$ 10.000,00 de mercadorias
para pagar em trinta dias. Essa transação gerou uma obrigação, mas também
corresponde a uma fonte de recurso: isso porque a empresa obteve as merca-
dorias, que correspondem a mais recursos para suas atividades, e, enquanto ela
não pagar o fornecedor, de certa forma, este estará financiando a sua atividade. É
como se o fornecedor tivesse emprestado R$ 10.000,00 para empresa, na forma
de mercadorias, pelo período de 30 dias. Quando a empresa efetuar o pagamen-
to, a obrigação será rescindida e sairá do grupo passivo; ao sair do passivo, não
representa mais uma fonte de recurso.
Acho que, agora, você concorda que a obrigação com fornecedores representa
uma fonte de recurso. Entretanto, e quanto aos salários a pagar e os impostos a
recolher? Afinal, eles também são obrigações registradas no passivo: por que eles
são considerados fontes de recursos? Para entender essa situação, acompanhare-
mos um pouco da rotina do nosso personagem João.
No último dia de cada mês, o contador da loja de João apura a folha de paga-
mento dos dois funcionários da loja. Esse cálculo é feito no final do mês, tendo em
vista que, se o funcionário trabalhou durante o mês, a empresa já tem a obrigação
de pagá-lo. Então, João recebe o holerite com o valor do salário a ser pago ainda
no último dia do mês ou, às vezes, no primeiro dia do próximo mês. Contudo, pela
legislação brasileira, João tem até o quinto dia útil do próximo mês para efetuar o
pagamento dos salários. Isso significa que, no período entre o cálculo da folha e o
pagamento do salário, a empresa fica com o dinheiro para ela, ou seja, se o salário
é de R$ 3.000,00, nesses cinco dias entre a apuração da folha e o pagamento, esses
R$ 3.000,00 permanecem com a empresa para outras atividades.

59
UNIDADE 2

Durante o mês Último dia Até o quinto No quinto dia


do mês dia útil do mês útil do mês

Funcionários João recebe o João está com o João paga o salário


trabalhando holerite dos dinheiro e pode encerrando a
funcionários e surge utilizá-lo como obrigação em
a obrigação em preferir “Salários a pagar”
“Salários a pagar”

Figura 7 - Salários a pagar / Fonte: a autora. Fonte do recurso

Descrição da Imagem: na figura, há quatro cenas: na primeira, o cenário é de uma loja em que um
homem, representando um funcionário, segura uma capa de roupas; ao lado, há uma mulher em frente
ao caixa com uma sacola na mão, e um funcionário atrás do balcão do caixa. Na segunda cena, aparece
o personagem João com um papel na mão e a expressão de preocupado. Na terceira cena, aparece João
com um projeto em mãos com expressão de entusiasmo. Na última cena, aparece João digitando em um
tablet com expressão contente.

Da mesma forma, os impostos: entre o momento em que a obrigação de recolher o


imposto é gerada e o seu efetivo recolhimento, a entidade fica com o dinheiro para ela,
podendo utilizá-lo para outras questões. Com isso, podemos afirmar que, sim, todas
as obrigações registradas no passivo representam fontes de recursos para a entidade.
Assim como todas as contas do passivo representam recursos de terceiros, to-
das as contas do patrimônio líquido representam recursos próprios: isso porque,
além da conta Capital Social, que representa o investimento dos sócios, existem
outras contas nesse grupo, como a conta “Lucros acumulados”.


Os resultados positivos (lucro) apurados nas atividades empresariais
também representam recursos próprios, uma vez que não correspon-
dem às obrigações. Portanto, são recursos próprios os decorrentes de
receitas, lucros e ganhos obtidos pela sociedade em transações com
terceiros, tais como os rendimentos auferidos com aplicações finan-
ceiras, aluguéis de imóveis próprios, lucros na venda de mercadorias,
produtos e serviços (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 74).

60
UNIDADE 2

Enquanto o passivo e patrimônio líquido representam a fonte de recursos de uma


entidade, o ativo representa a aplicação desses recursos (IUDÍCIBUS; MARION,
2018). É justamente essa relação entre origem e aplicação de recursos que explica
o fato do equilíbrio entre os elementos patrimoniais, ou seja, o fato de que o valor
total do ativo é sempre igual ao valor total do passivo mais patrimônio líquido. A
ideia é que todo recurso que uma entidade possui tem uma origem.

Patrimônio Sistematizado

ATIVO PASSIVO + PL
Origens
de recursos

Aplicação de recursos Origem de recursos $$$$$$$

$$
Obrigações exigíveis $$
Bens (Capital de terceiros) $$
$$$$$$$$$$ $$$$$$$$$$$$$$$$ $$

Direitos Obrigações não exigíveis


(Capital próprio)

Figura 8 - Origens e aplicações de recursos / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro representando o patrimônio sistematizado, em que,


de um lado, está o ativo, representando a aplicação de recursos, composto por bens e direitos; do outro
lado, está o passivo + PL, representando a origem de recursos, composto pelas obrigações exigíveis (capital
de terceiros) e obrigações não exigíveis (capital próprio). Ao lado desse quadro, tem a imagem de um funil
em que está escrito “Origens de recursos” com vários cifrões. Desse funil, sai uma seta em direção ao
grupo do passivo + PL. Do grupo do passivo + PL, sai uma seta com cifrões em direção ao grupo do ativo.

É importante esclarecer que essa relação entre origem e aplicação de recursos


não significa que, toda vez que a entidade compra ou adquire um recurso, ela
também gera uma obrigação. Por exemplo, na compra de mercadorias à vista,
não há a geração de obrigação, uma vez que valor é pago ao fornecedor no ato da
compra. Nessa situação, o que existe é a troca de um recurso por outro, ou seja, a
empresa entrega ao fornecedor o dinheiro, que é um recurso aplicado no ativo, e
o fornecedor concede a mercadoria, que passa a ser um novo recurso para a en-
tidade. Resumindo: no caso da compra de mercadorias à vista, a empresa troca o
dinheiro pelas mercadorias, sendo que ambos representam recursos da entidade.

61
UNIDADE 2

Será que captar recursos de terceiros é prejudicial para os


negócios? Afinal, quanto mais recursos de terceiros, mais
dívidas a empresa possui. Para entender mais sobre as
fontes de recursos, acompanhe o podcast.

Quando a empresa troca um recurso por outro, o valor total do seu patrimônio
não é afetado. Por exemplo, imagine que uma empresa tenha seu patrimônio
composto da seguinte forma:

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 15.000,00

Duplicatas a
R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00
receber

Mercadorias R$ 20.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00

Total do ativo R$ 70.000,00 Total do passivo + PL R$ 70.000,00

Quadro 2 - Patrimônio inicial / Fonte: a autora.

Se a empresa comprar R$ 2.000,00 de mer-


cadorias à vista, sairá R$ 2.000,00 do cai-
xa. Assim, o caixa ficará com R$ 3.000,00,
mas o estoque de mercadorias aumentará
em R$ 2.000,00, ficando com o total de R$
22.000,00, o que mantém o patrimônio no
mesmo valor, ou seja, o total do ativo e o
total do passivo mais patrimônio líquido
continuará sendo de R$ 70.000,00, confor-
me demonstrado no Quadro 3:

62
UNIDADE 2

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 3.000,00 Fornecedores R$ 15.000,00

Duplicatas a
R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00
receber

Mercadorias R$ 22.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00

Total do ativo R$ 70.000,00 Total do passivo + PL R$ 70.000,00

Quadro 3 - Patrimônio após a compra à vista / Fonte: a autora.

Essa situação comprova que nenhum novo recurso entra na empresa se não
for por meio do passivo ou do patrimônio líquido. Quando falo em “novo
recurso”, eu me refiro ao aumento do patrimônio da entidade, pois, na situação
apresentada, houve simplesmente a troca de um recurso por outro. Para faci-
litar sua compreensão, considere a situação inicial da entidade, apresentada
no Quadro 2, mas imagine que a empresa tenha feito uma compra de merca-
dorias a prazo, no mesmo valor de R$ 2.000,00. Nesse caso, após a compra, a
situação patrimonial da entidade seria esta:

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 17.000,00

Duplicatas a
R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 5.000,00
receber

Mercadorias R$ 22.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas R$ 37.000,00 Capital Social R$ 50.000,00

Total do ativo R$ 72.000,00 Total do passivo + PL R$ 72.000,00

Quadro 4 - Patrimônio após a compra a prazo / Fonte: a autora.

Como você pôde perceber, a compra de mercadorias a prazo provocou o au-


mento do patrimônio de R$ 70.000,00 para R$ 72.000,00, pois houve a captação
de novos recursos, nesse caso, recursos de terceiros, já que a conta Fornecedores
representa obrigações exigíveis.

63
1. A sistematização do patrimônio permite definir algumas equações patrimoniais. As-
sim, imagine que a empresa Alfa, que atua na comercialização de móveis para escri-
tório, possuía, no final do mês de outubro, R$ 385.000,00 de ativo e R$ 268.000,00
de passivo (obrigações exigíveis). Com essas informações, calcule o valor patrimônio
líquido da empresa Alfa no final do mês de outubro.

2. No final do mês de novembro, o contador da empresa Beta fez o levantamento dos


elementos patrimoniais da empresa e apresentou a sistematização do patrimônio
conforme demonstrado a seguir:

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 7.000,00 Fornecedores R$ 38.000,00

Banco c/
R$ 23.000,00 Contas a pagar R$ 26.000,00
movimento

Duplicatas a
R$ 11.000,00 Empréstimos a pagar R$ 98.000,00
receber

Mercadorias R$ 48.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas R$ 19.000,00 Capital Social R$ 30.000,00

Móveis e (-) Prejuízos


R$ 32.000,00 (R$ 52.000,00)
utensílios acumulados

Total do ativo R$ 140.000,00 Total do passivo + PL R$ 140.000,00


Tabela 1 - Patrimônio sistematizado da empresa Beta / Fonte: a autora.

Observe o patrimônio sistematizado da empresa Beta e verifique se a situação pa-


trimonial da empresa é positiva ou negativa. Justifique a sua resposta.

66
3. Você foi selecionado(a) para participar do processo seletivo para o cargo de Auxiliar
Contábil de um renomado escritório de Contabilidade. Para avaliar o seu conheci-
mento sobre a estrutura patrimonial, você recebeu uma planilha com vários elemen-
tos e seus respectivos valores. Sua tarefa é sistematizar esses elementos contábeis:

Caixa R$ 23.000,00

Duplicatas a receber R$ 57.800,00

Fornecedores R$ 71.300,00

Móveis e utensílios R$ 180.000,00

Salários a pagar R$ 22.700,00

Capital Social R$ 350.000,00

Mercadorias R$ 85.400,00

Banco c/ movimento R$ 166.000,00

Lucros acumulados R$ 90.000,00

Investimentos em outras companhias R$ 60.000,00

Impostos a recolher R$ 38.200,00

Tabela 2 - Elementos patrimoniais / Fonte: a autora.

4. Conforme estudado nesta unidade, os três grupos de elementos patrimoniais: ativo,


passivo e patrimônio líquido, os quais organizam os bens, os direitos e as obrigações
de uma entidade contábil, ao serem sistematizados, trazem um equilíbrio entre o
valor total do ativo e o valor total do passivo mais patrimônio líquido. Essa sistemati-
zação, por sua vez, pode ser observada de outra forma: de um lado, temos as origens
e, do outro, as aplicações de recursos. Nesse sentido, analise as afirmações a seguir.

I - O lado do passivo e patrimônio líquido representa as fontes de recursos, en-


quanto o lado do ativo representa a aplicação desses recursos.
II - O passivo e o patrimônio líquido representam capital de terceiros, e o ativo
representa capital próprio.
III - O capital de terceiros corresponde a recursos recebidos de pessoas, físicas ou
jurídicas, de fora da entidade.

67
É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

5. Conhecer o processo de captação e aplicação de recursos financeiros de uma enti-


dade é fundamental para que se possa compreender sua operacionalização. Há em-
presas que utilizam mais recursos próprios, enquanto outras captam mais recursos
de terceiros. Há empresas que aplicam mais recursos na compra de mercadorias
para revenda, enquanto outras investem em estruturas: móveis, equipamentos, ins-
talações etc. Sobre as fontes e aplicações de recursos, analise as asserções a seguir
e a relação proposta entre elas.

I - Quando a entidade possui uma dívida referente a impostos que serão recolhidos
no próximo período contábil, podemos dizer que esse valor representa uma
fonte de recurso.
PORQUE

II - Quando uma dívida é gerada, mas existe um prazo para o seu pagamento, sig-
nifica que o valor correspondente permanece com a empresa até o vencimento
da dívida, assim, durante esse prazo, o dinheiro fica à disposição da empresa
para realizar outras transações.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.


b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

68
UNIDADE 3

Na unidade anterior, nós observamos a constituição da empresa Estilo. Naquele


momento, o João e seus sócios investiram dinheiro na empresa e compraram móveis,
mercadorias, entre outros bens. O início do negócio também gerou algumas dívidas.
Assim, descobrimos que os bens, os direitos e as obrigações compõem o patrimônio
da entidade e aprendemos, também, a sistematizá-los. Agora, imagine que já se pas-
sou algum tempo, e o primeiro fechamento contábil foi feito. Com isso, João recebeu
as primeiras demonstrações contábeis, entre elas, é claro, o balanço patrimonial.

Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda.

Encerrado em 31/12/20X1

ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Disponível Fornecedores

Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00

Salários e
Banco A 203.000,00
encargos sociais

Salários a
Créditos 15.000,00
pagar

Duplicatas a Férias a
62.000,00 3.000,00
receber pagar

Obrigações
Estoque
fiscais

Impostos a
Mercadorias 388.000,00 16.000,00
recolher

Materiais de Obrigações
8.000,00
consumo financeiras

Empréstimos
ATIVO NÃO CIRCULANTE 35.000,00
e finan.

PASSIVO NÃO
Imobilizado
CIRCULANTE

72
UNICESUMAR

Máquinas e Obrigações
15.000,00
equipamentos financeiras

Móveis e Empréstimos
205.000,00 17.000,00
utensílios e finan.

(-)
Depreciação (20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
acumulada

Intangível Capital Social

Ponto
75.000,00 Capital subscrito 600.000,00
comercial

Lucros ou prejuízos
acumulados

Lucro do
190.000,00
exercício

TOTAL DO ATIVO 951.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00

Quadro 1 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

João aprendeu que o ativo é composto pelos bens e direitos; o passivo, pelas obriga-
ções exigíveis; e o patrimônio líquido, pelas obrigações não exigíveis. Contudo, ago-
ra, ele está confuso: o que significa ativo circulante e ativo não circulante? Passivo
circulante e passivo não circulante? Por que o patrimônio líquido não se apresenta
em circulante e não circulante? O que significa essa estrutura com vários nomes?
Se pararmos para analisar os elementos patrimoniais de uma entidade, como
a loja Estilo do João, perceberemos o quanto é grande o conjunto de elementos pa-
trimoniais: os bens vão desde canetas até a estrutura física, os direitos de receber
por cada venda a prazo, as obrigações que podem estar relacionadas a questões
trabalhistas, fiscais, com fornecedores, aluguel, telefone, enfim o conjunto de ele-
mentos patrimoniais é abundante. Imagine, então, em uma grande corporação,
com várias unidades: é enorme a quantidade de elementos. É por esse motivo
que se torna necessário organizar, agrupar os elementos patrimoniais, de forma a
reduzir o número de itens apresentados na sistematização do patrimônio, e tudo
isso, no entanto, sem perder a qualidade da informação.

73
UNIDADE 3

Assim, o fechamento contábil, como é chamado, pode ocorrer ao final de


cada mês, bimestre, semestre ou ao final de cada ano. Após o fechamento, são
elaboradas as demonstrações contábeis, entre elas, o balanço patrimonial. Por
isso, o saldo apresentado no balanço corresponde à situação patrimonial da
entidade no dia do fechamento.
De acordo com Fragalli e Silva (2021, p. 95), “o Balanço Patrimonial é uma
demonstração estática que evidencia, resumidamente, a situação patrimonial
e financeira da empresa”. O balanço é estático, pois evidencia a situação da
entidade em um dado momento, sendo que essa evidenciação ocorre de forma
resumida em função da quantidade de elementos que podem existir em cada
entidade. Para evidenciar a situação financeira e patrimonial da entidade, a
Contabilidade registra os elementos patrimoniais em grupos e subgrupos, que
são organizados de maneira específica. Os grupos principais você já conhece:
ativo, passivo e patrimônio líquido.
No grupo do ativo, são registrados todos os bens e todos os direitos que a
entidade possui. No entanto, ele não funciona como uma lista de itens. Imagi-
ne uma grande empresa: se, no grupo do ativo, fosse descrito, separadamente,
cada um dos bens e cada um dos direitos, a lista facilmente passaria de cem
páginas, isso só de ativos; se listarmos as obrigações, então, a lista seria ainda
maior, o que dificultaria, por parte dos usuários da informação contábil, a
análise da situação financeira e patrimonial da entidade. Podemos dizer que
um relatório assim não seria útil, e a utilidade é uma premissa básica da in-
formação contábil.

76
UNICESUMAR

OLHAR CONCEITUAL
Segundo a NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]), “se informações financeiras de-
vem ser úteis, elas devem ser relevantes e representar fidedignamente aquilo que preten-
dem representar. A utilidade das informações financeiras é aumentada se forem compa-
ráveis, verificáveis, tempestivas e compreensíveis”. Assim, para que a informação seja útil,
a norma determina a observação das características qualitativas fundamentais: relevância
e representação fidedigna; e das características qualitativas de melhoria: comparabilidade,
capacidade de verificação, tempestividade e compreensibilidade.

Comparabilidade
A informação é mais útil se puder ser comparada
com informações similares de outras entidades
ou com informações similares da mesma
entidade em outros períodos ou datas.

Relevância
Informação capaz de fazer a Compreensibilidade
diferença nas decisões A informação é mais útil
tomadas pelos usuários. se for classificada,
Estratégia caracterizada e
apresentada de forma
Representação Características clara e concisa.
fidedigna qualitativas de
Não basta apresentar informações Tempestividade
uma informação relevante, financeiras úteis. A informação é mais
é necessário que ela represente útil quando gerada a
fidedignamente o que se pretende tempo de influenciar as
informar. Para isso a informação precisa decisões dos usuários.
ser completa, neutra e isenta de erros.

Capacidade de verificação
A informação é mais útil quando diferentes
observadores conseguem verificá-la de forma
direta (Ex: contagem física) ou indireta
(Ex: recalcular o custo de produção) e
reconhecê-la como uma representação fidedigna.

77
UNIDADE 3

Para resolver a questão de um número excessivo de páginas, a Contabilidade


agrupa os elementos patrimoniais que apresentam a mesma funcionalidade para
a entidade e, assim, surgem os subgrupos. Além disso, ela organiza esses subgru-
pos de forma a facilitar o entendimento sobre a situação da entidade, o que atende
à determinação do art. 178 da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976):


Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os ele-
mentos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facili-
tar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.

§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau


de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:
I – ativo circulante; e
II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo pra-
zo, investimentos, imobilizado e intangível.
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
I – passivo circulante;
II – passivo não circulante; e
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de ca-
pital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em
tesouraria e prejuízos acumulados.

78
UNICESUMAR

Assim, o balanço patrimonial é organizado conforme se apresenta no Quadro 2.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO NÃO CIRCU-


ATIVO NÃO CIRCULANTE
LANTE

Realizável a longo prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Investimentos Capital Social

Reserva
Imobilizado
de capital

Ajuste de avaliação
Intangível
patrimonial

Reservas de lucros

Ações em tesouraria

Prejuízos acumulados

Quadro 2 - Balanço patrimonial / Fonte: adaptado de Gelbcke et al. (2021).

Iniciando pelo ATIVO, conheceremos melhor os grupos de elementos patri-


moniais evidenciados no balanço. A NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019)
apresenta o seguinte conceito para ativo:

Recurso econômico presente controlado pela entidade como


resultado de eventos passados.
Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir
benefícios econômicos.

79
UNIDADE 3

Para facilitar a compreensão desse conceito, nós o observaremos por partes:


■ Recurso econômico presente: você aprendeu que o passivo repre-
senta as fontes de recursos, e o ativo, as suas aplicações. Assim, tudo
que está no ativo corresponde aos recursos que a entidade possui no
momento presente. O fato de ser econômico significa que, para regis-
trar um recurso no ativo, ele, necessariamente, precisa ser mensurado
em dinheiro.
■ Controlado pela entidade: só serão registrados no ativo os recursos
que forem efetivamente controlados pela entidade. Por exemplo, se a
entidade aluga um veículo ela não tem controle sobre o bem, assim
não o registra no ativo. Contudo, se ela obtém um veículo por meio
de arrendamento mercantil financeiro, que, na essência, refere-se à
compra do bem e não a locação, mesmo que o bem não esteja no
nome da entidade, ela deve reconhecê-lo como ativo, pois tem con-
trole sobre ele.
■ Resultado de eventos passados: quando uma empresa decide com-
prar um imóvel, por exemplo, o período de negociação pode levar
algum tempo. Enquanto a aquisição não for finalizada, o imóvel não
pode ser registrado pela empresa. Assim, os itens registrados no ativo
sempre representam recursos que a empresa já possui, ou seja, que já
foram adquiridos e que já são controlados pela entidade.
■ Potencial de produzir benefícios econômicos: a ideia é que o ativo
tem que ter potencial para trazer retorno financeiro para a entidade,
ele precisa ser útil economicamente. Por exemplo, se uma empresa
comprar uma máquina e, com o passar do tempo, ela se tornar obso-
leta e parar de trabalhar, o correto é que essa máquina seja baixada do
grupo do ativo. É importante entender que o retorno financeiro não
acontece, necessariamente, de forma direta, como no caso da venda de
mercadorias. Os móveis e a estrutura de uma loja, por exemplo, não
trazem dinheiro para a entidade, mas são necessários para o funcio-
namento do negócio, assim, indiretamente, contribuem para a geração
de benefícios econômicos.

80
UNICESUMAR

NOVAS DESCOBERTAS

Arrendamento mercantil financeiro: nesse tipo de contrato, o arrendatário


tem a intenção de ficar com o bem após o término do contrato, exercendo a
opção de compra pelo valor contratual estabelecido e se responsabilizando
por qualquer tipo de dano que o bem sofra.

De acordo com Nascimento (2019, p. 128), os


ativos são “registrados, normalmente,
por seu preço de aquisição ou fabri-
cação, ou seja, pelo custo histórico ou
valor original”. O preço de aquisição
ou custo de aquisição — termos sinô-
nimos — corresponde ao valor para
adquirir e colocar o recurso à dispo-
sição para utilização pela entidade.
Para facilitar a compreensão so-
bre custo de aquisição, imagine que
João, sócio/gerente da nossa em-
presa modelo Estilo, tenha com-
prado um ar-condicionado para
a loja no valor de R$ 3.500,00.
Como ele comprou de uma em-
presa de outra cidade, teve que pa-
gar R$ 300,00 de transporte. Quando
o equipamento chegou, João ainda pagou R$
800,00 para instalação. No momento da instalação, os técnicos perceberam um
pequeno defeito no design do ar-condicionado — um amassado —, nada que
comprometesse o seu funcionamento, contudo João entrou em contato com a
empresa vendedora que, para não ter que trocar o equipamento, concedeu um
desconto de R$ 200,00. Agora, eu lhe pergunto: qual foi o custo de aquisição do
ar-condicionado? A resposta está na Tabela 1:

81
UNIDADE 3

Custo de aquisição do ar-condicionado

Compra R$ 3.500,00

Transporte (+) R$ 300,00

Instalação (+) R$ 800,00

Desconto (-) R$ 200,00

Custo de aquisição R$ 4.400,00


Tabela 1 - Custo de aquisição do ar-condicionado / Fonte: a autora.

Como demonstrado na Tabela 1, para calcular o cus-


to de aquisição, basta somar ou diminuir do valor da
compra todos os valores envolvidos desde a aquisição
até o bem-estar disponível/pronto para utilização.
Assim, o custo de aquisição do ar-condicionado foi
de R$ 4.400,00, isso significa que, quando a Conta-
bilidade for registrá-lo no ativo, seu valor final será
de R$ 4.400,00, e não de R$ 3.500,00.
O custo de aquisição está relacionado aos bens adquiridos já prontos, como
acontece nas empresas comerciais. Nas indústrias, os produtos fabricados são
mensurados e registrados no ativo pelo custo de fabricação. Isso significa que
todos os valores envolvidos no processo de fabricação, como matéria-prima, ma-
teriais, mão de obra, entre outros, devem compor o custo de um produto.
Agora que você aprendeu o conceito de ativo e o valor pelo qual os recursos
são inicialmente registrados nesse grupo, conheçamos melhor a sua classificação.
Segundo a norma contábil NBC TG Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]):


Classificação é a organização de ativos, passivos, patrimônio líquido,
receitas ou despesas com base em características compartilhadas para
fins de divulgação e apresentação. Essas características incluem, entre
outras, a natureza do item, seu papel (ou função) dentro das atividades
de negócio conduzidas pela entidade e como é mensurado.

Contudo, a norma contábil não determina como deve ser feita essa classificação,
ela simplesmente sugere que, se melhorar a utilidade das informações, “pode ser
apropriado separar ativo ou passivo em componentes circulantes e não circulantes

82
UNICESUMAR

e classificar esses componentes separadamente” (CFC, 2019, [s.p.]). É importante


lembrar, nesse momento, os campos de atuação da Contabilidade vistos na Uni-
dade 1 deste material. As normas contábeis estão relacionadas à atuação da Con-
tabilidade Financeira, assim é necessário observar, também, a legislação, ou seja, a
Contabilidade Fiscal.
A Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) determina que as contas do ativo sejam
dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez nos grupos do ativo circu-
lante e ativo não circulante. Assim, enquanto a norma contábil sugere a divisão
de circulante e não circulante, a legislação determina a segregação de ativos
nesses dois grupos.
Entretanto, o que é liquidez?
Na Contabilidade, a liquidez está
relacionada ao dinheiro,
assim quanto mais rápi-
do um bem se transformar
em dinheiro, mais líquido ele
é. O caixa e o banco (conta corren-
te) são os ativos mais líquidos da entidade,
pois já são dinheiro. Por outro lado, o direito de
receber de clientes, as mercadorias, os equipamentos etc. ainda se
transformarão em dinheiro e, dependendo do tempo estimado para essa transfor-
mação, eles são ordenados em ativo circulante e ativo não circulante.
No ativo circulante, são registrados os recursos que serão realizados no curto
prazo. Por “realizados”, entende-se:
■ Transformados em dinheiro: como no caso de recebimento de duplicatas.
■ Vendidos: como as mercadorias em estoque.
■ Consumidos: como produtos de limpeza e outros materiais.

Por mais que liquidez esteja relacionada à transformação em dinheiro, nem to-
dos os bens se transformam literalmente em dinheiro. Podemos dizer que as
mercadorias que são vendidas se transformam em dinheiro, mas os materiais
de limpeza e higiene, o seguro de um veículo, entre outros são ativos que não
se transformam diretamente em dinheiro. Assim, podemos dizer que os ativos
que serão transformados em dinheiro, vendidos ou consumidos no curto prazo,
devem ser registrados no grupo do ativo circulante.

83
UNIDADE 3

E o que é curto prazo? O curto prazo corresponde ao ciclo operacional da en-


tidade, que, por sua vez, corresponde ao tempo entre a compra de mercadorias ou
matéria-prima até o recebimento por sua venda. Podemos dizer que é o tempo que a
empresa leva para realizar sua atividade operacional, seja ela de comércio, indústria
ou prestação de serviços.
Contudo, em muitos casos, é difícil identificar, com segurança, o ciclo operacional.
Nesses casos, deve-se considerar como curto prazo o período de 12 meses da data do
balanço. Isso significa que, quando ocorrer o fechamento contábil e, com isso, a elabo-
ração do balanço patrimonial, todos os ativos que se espera que sejam transformados
em dinheiro, vendidos ou consumidos em até 12 meses serão ativos de curto prazo.
Para exemplificar, imagine que uma concessionária tenha vendido um veículo
pelo valor de R$ 45.000,00 em novembro de 20X1. Esse valor foi parcelado para o
cliente em 36 vezes de R$ 1.250,00. O fechamento contábil é feito ao final de cada
ano. Assim, as duas parcelas que serão recebidas em 20X1 e as 12 parcelas que serão
recebidas em 20X2 representam ativos de curto prazo, pois, conforme descrito, o curto
prazo corresponde a 12 meses da data do balanço, e o próximo balanço após a venda
será gerado em 31 de dezembro de 20X1. As demais parcelas, que vencerão a partir
de janeiro de 20X3, serão registradas como ativo não circulante.

Curto prazo Longo prazo


x2
x1

x2
x1

x2
/x2

x2

o/
o/

o/
o/

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/x3
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/x2
x2

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Ou

No
No

Ab

De
De

Ag

Se
Fe

Ju

Ju

Ja
Ja

Mês da
venda

Fechamento
do Balanço

Figura 1 - Representação de curto e longo prazo / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta, da esquerda para a direita, a sequência de meses: Novembro/
X1, Dezembro/X1, Janeiro/X2, Fevereiro/X2, Março/X2, Abril/X2, Maio/X2, Junho/X2, Julho/X2, Agosto/X2,
Setembro/X2, Outubro/X2, Novembro/X2, Dezembro/X2, Janeiro/X3, Demais parcelas. Abaixo do mês de
Janeiro/X1, aparece a descrição: Mês da venda. Abaixo do mês de Dezembro/X1, aparece a descrição:
Fechamento do balanço. Do mês de Novembro/X1 ao mês de Dezembro/X2, há uma referência indicando
curto prazo. Do mês de Janeiro/X3 até as demais parcelas, há uma referência indicando longo prazo.

84
UNICESUMAR

Assim, R$ 17.500,00 (14 parcelas X R$ 1.250,00) devem ser registrados como


duplicatas a receber no ativo circulante, e R$ 27.500,00 (22 parcelas X R$
1.250,00), como duplicatas a receber no ativo não circulante. Conforme os
anos forem passando, a Contabilidade transfere parte do valor do longo prazo
para o curto prazo — sempre 12 meses da data do balanço.
Além da separação entre ativo circulante e ativo não circulante, os elemen-
tos do ativo são classificados em subgrupos de forma a simplificar a apresenta-
ção do balanço. Segundo Iudícibus e Marion (2019), os principais subgrupos
do ativo circulante são:
■ Disponível: caixa e equivalentes de caixa (caixa, bancos, contas cor-
rentes e aplicações financeiras de liquidez imediata).
■ Créditos: são valores ainda não recebidos, decorrentes de vendas de
mercadorias ou prestação de serviços a prazo, além de outros valores
que a empresa tenha o direito de receber ou recuperar.
■ Estoques: são mercadorias a serem revendidas. No caso de indústria,
são os produtos acabados, bem como matéria-prima e outros materiais
secundários que compõem o produto em fabricação. São, também,
materiais utilizados na manutenção das atividades da empresa, como
materiais de higiene e limpeza.
■ Investimento temporário: são aplicações realizadas, normalmente,
no mercado financeiro com excedente do caixa, os quais serão resga-
tados no curto prazo.

De acordo com Fragalli e Silva (2021, p. 99), “a correta classificação facilita a


compreensão do usuário da informação, por isso esses grupos principais são
subdivididos até chegar à conta contábil”, que, no caso, é utilizada para os re-
gistros de movimentação dos elementos. A quantidade de subgrupos e níveis
de elementos deve ser determinada conforme a necessidade de cada entidade.
O grupo do estoque é, normalmente, dividido nos seguintes subgrupos:

85
UNIDADE 3

Estoque de mercadorias

Estoque de produtos acabados

Estoque de produtos em elaboração

Estoque de matérias-primas

Estoque de materiais diversos

Figura 2 - Grupo de estoque / Fonte: Fragalli e Silva (2021, p. 99).

Descrição da Imagem: a imagem mostra cinco tipos de estoque. De cima para baixo: o estoque de
mercadorias, logo em seguida, o estoque de produtos acabados; em terceiro, o estoque de produtos em
elaboração; em quarto, o estoque de matérias-primas; e, por último, o estoque de materiais diversos.

Por exemplo, na loja do João, são vendidas, entre outras mercadorias, calças e camisas.
Se for necessário detalhar o ativo até esse elemento, a classificação ficaria desta forma:

ATIVO
ATIVO CIRCULANTE

Estoques

Estoque de mercadorias

Calças

Camisas

Quadro 3 - Classificação de calças e camisas no ativo / Fonte: a autora.

86
UNICESUMAR

Normalmente, para registrar os fatos contábeis, a Contabilidade utiliza um


plano de contas — vide Unidade 5 — bastante detalhado, mas, na hora de
divulgar o balanço, são evidenciados apenas os grupos principais.
Enquanto, no ativo circulante, são registrados os recursos que serão reali-
zados no curto prazo, no ativo não circulante, são registrados os recursos que
serão realizados no longo prazo, ou seja, após o ciclo operacional da empresa
ou após 12 meses da data do balanço. Na verdade, diversos ativos registrados
no não circulante não possuem um prazo definido para realização. Por exem-
plo, quando uma empresa compra um equipamento ou adquire ações de outra
empresa, não existe um prazo definido para ela se desfazer desses recursos.
Por sua vez, o ativo não circulante, por determinação legal, é dividido nos
seguintes subgrupos:
■ Realizável a longo prazo: nesse subgrupo, são classificados os di-
reitos realizáveis após 12 meses da data do balanço, assim como os
derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos. Nesse grupo,
também ficam registrados os valores a receber de partes relacionadas,
como diretores, acionistas, empresas coligadas ou controladas.
■ Investimentos: refere-se às participações em outras sociedades, como
investimentos em coligadas ou controladas, assim como outras apli-
cações de característica permanente que não estejam relacionadas à
atividade operacional da empresa, como imóveis alugados a terceiros,
obras de arte etc.
■ Imobilizado: nesse subgrupo, são classificados os ativos que com-
põem a estrutura necessária para que a empresa possa realizar suas
atividades, por esse motivo, dificilmente, esses itens serão vendidos,
exceto quando substituídos por novos ou mais modernos. Outra carac-
terística do imobilizado é a sua vida útil, que, necessariamente, precisa
ser superior a um exercício contábil.
■ Intangível: nesse subgrupo, são classificados os direitos que tenham
por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia
ou exercidos com essa finalidade, inclusive, o fundo de comércio ad-
quirido. São exemplos de ativos intangíveis: marcas e patentes, software
etc. (IUDÍCIBUS; MARION, 2019).

A Figura 3 apresenta alguns exemplos de ativos imobilizados:

87
UNIDADE 3

Veículos Equipamentos Móveis e Utensílios

Terrenos Ferramentas Edifícios

Figura 3 - Exemplos de ativo imobilizado / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta seis imagens representando elementos do ativo imobilizado. A
imagem de um caminhão representa os “Veículos”. A imagem de um homem operando um equipamento
industrial representa os “Equipamentos”. A imagem de uma sala de reunião com mesa e cadeiras repre-
senta os “Móveis e utensílios”. A imagem de uma plantação de trigo representa “Terrenos”. A imagem de
uma furadeira representa “Ferramentas”. A imagem de um prédio representa “Edifícios”.

Para classificar os elementos patrimoniais, é necessário conhecer sua função para


a entidade, pois um mesmo tipo de elemento pode ser classificado de formas di-
ferentes por empresas distintas. Por exemplo, em uma concessionária, os veículos
para venda devem ser registrados no estoque, pois representam bens a serem
comercializados. Já em outras empresas, os veículos utilizados para locomoção
devem ser registrados como imobilizado.
A classificação dos ativos diz muito sobre como a empresa aplica seus recur-
sos. Sobre isso, Fragalli e Silva (2021, p. 101) afirmam que:

88
UNICESUMAR


Empresas comerciais normalmente vão aplicar mais recursos no
seu ativo circulante, mais precisamente no grupo do estoque, pois
sua atividade operacional se refere à compra e venda de mercado-
rias. Por outro lado, empresas industriais aplicam mais recursos no
ativo não circulante, isso porque a transformação de matéria-prima
em produto final requer a utilização de máquinas e equipamentos,
sendo estes pertencentes ao ativo imobilizado.

ATIVOS PASSIVOS

Assim como o ativo, o PASSIVO também possui uma estrutura que possibilita
identificar informações sobre a entidade. Contudo, antes de nos aprofundarmos
nesse grupo de elementos patrimoniais, gostaria de lembrar que, assim como
estudado na unidade anterior, o passivo representa as obrigações da entidade,
sendo dividido da seguinte maneira:

Passivo Patrimônio Líquido

Obrigações exigíveis Obrigações não exigíveis

Figura 4 - Divisão das obrigações / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois retângulos. No primeiro, em destaque, está escrito “Pas-
sivo” e, logo abaixo, “Obrigações exigíveis”. No segundo, em destaque, está escrito “Patrimônio líquido”
e, logo abaixo, “Obrigações não exigíveis”.

89
UNIDADE 3

Dessa forma, abordaremos, separadamente, o passivo e o patrimônio líquido. O


passivo, que se refere às obrigações exigíveis, à primeira vista, pode parecer algo
negativo para a entidade, afinal quem quer estar endividado, não é mesmo? No
entanto, é preciso olhar para o passivo como uma fonte de recursos. Lembra-se,
na unidade anterior, de quando estudamos que o passivo e o patrimônio líquido
representam as fontes de recursos, enquanto o ativo representa as aplicações? É esse
olhar contábil que precisamos ter.
É claro que as dívidas não são algo essencialmente positivo, mas elas surgem
por necessidade, opção ou, até mesmo, pela rotina normal do negócio. Quando os
recursos financeiros que a entidade possui não são suficientes para manter a atividade
ou para realizar um projeto, surge a necessidade de captar recursos de terceiros por
meio de empréstimos ou financiamentos.
No entanto, existem situações em que a entidade possui recursos financeiros
e, mesmo assim, opta por captar recursos de terceiros. Por exemplo, imagine que
uma transportadora decide comprar um novo caminhão para aumentar os seus
serviços. Segundo o gerente financeiro, a transportadora possui recursos suficientes
para comprar o caminhão à vista, no entanto, a empresa decide comprá-lo através
de um financiamento. Essa estratégia permite que a empresa utilize seus recursos
financeiros para outras atividades, e os serviços realizados pelo novo caminhão, por
si só, pagarão as parcelas do financiamento. É claro que essa decisão encarece o custo
do veículo por causa dos juros do financiamento, mas é uma estratégia de negócio.
Por fim, a própria rotina empresarial gera obrigações, como: salários a pagar, for-
necedores, impostos, aluguel, energia elétrica, internet etc. Assim, podemos concluir
que o endividamento, registrado no grupo do passivo, não é, em si, algo negativo, des-
de que a entidade administre seus recursos de forma a conseguir pagar suas dívidas.
“Seja por uma questão de necessidade, opção ou pela rotina da empresa, os passivos
devem ser muito bem administrados, afinal de contas, uma empresa endividada e
sem capacidade de pagamento pode ir à falência” (FRAGALLI; SILVA, 2021, p. 114).
Agora que observamos o passivo com um olhar mais gerencial, vamos conhe-
cê-lo de forma mais técnica. De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual (CFC,
2019, [s.p.]), a definição de passivo é:

Obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico


como resultado de eventos passados.

90
UNICESUMAR

Para compreendê-la melhor, também analisaremos essa definição por partes.


■ Obrigação presente da entidade: significa que, para registrar no passivo, a
obrigação de pagamento já existe e está em nome da entidade. Por exemplo,
imagine que uma empresa tenha assinado um contrato com um fornecedor,
comprometendo-se a comprar um valor X de mercadorias por mês, isso não
gera uma obrigação, mas um compromisso. A obrigação somente será regis-
trada no passivo quando o fornecedor emitir a nota fiscal de venda de mer-
cadorias para a empresa — considerando que a empresa comprará a prazo.
■ Transferir um recurso econômico: conforme estudado anteriormente,
os recursos econômicos são os ativos. Assim, é esperado que a liquidação
das obrigações resulte na saída de ativos. Vale lembrar que a saída de
ativos não se refere apenas aos recursos disponíveis no caixa, ou seja, a
liquidação de uma obrigação não precisa ser, necessariamente, feita por
meio de pagamento em dinheiro, a empresa pode liquidar uma obrigação
por meio da saída de mercadorias, por exemplo.
■ Como resultado de eventos passados: assim como não se pode registrar
um imóvel durante o processo de compra (conferência de documentos),
também não se deve registrar a obrigação até que a compra seja finalizada
ou enquanto houver alguma incerteza quanto à geração da obrigação.

De acordo com Nascimento (2019, p. 128), o passivo “é registrado por seu valor
original e deve ser apresentado no balanço por seu valor corrigido”. Isso signi-
fica que, quando a Contabilidade registra uma obrigação no passivo, utiliza-se
o valor original da dívida, contudo o valor da obrigação pode ser alterado em
função de juros ou variações monetárias — como, por exemplo, variação cam-
bial —, assim, quando elaborado o balanço, o valor das obrigações devem ser
corrigidos de forma a evidenciar o valor atual.
No que se refere à classificação, como dito anteriormente, as normas contá-
beis, especificamente, a NBC TG Estrutura Conceitual (2019, [s.p.]), afirmam
que “pode ser apropriado separar ativo ou passivo em componentes circulantes
e não circulantes e classificar esses componentes separadamente”. Lembre-se de
que essa norma está voltada para a Contabilidade Financeira. Contudo, para
a Contabilidade Fiscal, o art. 178, § 2º, da Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976) de-
termina que as contas do passivo sejam classificadas em passivo circulante e
passivo não circulante.

91
UNIDADE 3

O passivo circulante é composto pelas obrigações exigíveis que vencem no


curto prazo. Lembra-se de qual é o curto prazo? O curto prazo corresponde ao
ciclo operacional da empresa ou 12 meses da data do balanço. O passivo circu-
lante, normalmente, apresenta os seguintes subgrupos:
■ Fornecedores: obrigações decorrentes de compras a prazo de mercado-
rias ou matérias-primas.
■ Salários e encargos sociais: obrigações trabalhistas e sociais com fun-
cionários, como salários, férias, 13º salário, INSS, FGTS etc.
■ Obrigações fiscais: obrigações tributárias, como impostos sobre ven-
das (ICMS, PIS, COFINS, ISS), Imposto de Renda, Contribuição Social
Sobre o Lucro Líquido etc.
■ Obrigações financeiras: obrigações com instituições financeiras decor-
rentes de empréstimos e financiamentos.
■ Contas a pagar: obrigações de rotina da entidade que não se encaixam
nos subgrupos anteriores, como aluguel, água, luz, telefone, internet etc.
■ Outras obrigações: obrigações que não se enquadram nos demais sub-
grupos, como adiantamento de clientes.

Lembre-se de que, o nível de detalhamento dos elementos patrimoniais deve ser


definido conforme a necessidade da empresa. Por exemplo, para melhor eviden-
ciar as obrigações tributárias, a classificação poderia ser feita da seguinte forma:

PASSIVO
PASSIVO CIRCULANTE

Obrigações fiscais

Tributos sobre vendas

ICMS a recolher

PIS a recolher

COFINS a recolher

Tributos sobre o lucro

Imposto de Renda Pessoa Jurídica a recolher

Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido a recolher


Quadro 4 - Classificação de tributos / Fonte: a autora.

92
UNICESUMAR

Enquanto, no passivo circulante, são registradas as obrigações exigíveis que ven-


cem no curto prazo; no passivo não circulante, são registradas as obrigações
exigíveis que vencem no longo prazo, ou seja, que vencem após o ciclo operacio-
nal da entidade ou após 12 meses da data do balanço.
Quanto à classificação, o passivo não circulante é composto pelos mesmos
subgrupos apresentados no passivo circulante, a diferença está simplesmente no
prazo para pagamento. Por exemplo, se a entidade contratar um empréstimo para
ser pago em 30 parcelas, o valor das parcelas que vencerão no curto prazo serão
registradas no passivo circulante, enquanto o valor das parcelas que vencerão no
longo prazo será registrado no passivo não circulante.
A divisão do passivo em circulante e não circulante facilita a análise do usuá-
rio da informação contábil. Assim, de forma rápida, ele já identifica quais são as
dívidas que vencem no curto prazo, para as quais deverá se preparar mais rapi-
damente para o pagamento, e as que vencem no longo prazo, para as quais terá
mais tempo para se organizar financeiramente.

93
UNIDADE 3

Agora que você já conheceu melhor o ativo e o passivo, vamos ao último


grupo de elementos patrimoniais, o PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Sobre o pa-
trimônio líquido, Fragalli e Silva (2021, p. 117) descrevem:


Existem teorias contábeis que enxergam o patrimônio líquido
como uma obrigação não exigível. Já outras teorias dizem que
ele representa uma sobra — em situação positiva. Ambas estão
corretas: é uma obrigação, porque, quando o sócio investe na
empresa, esta assume um compromisso para com o sócio, e, tam-
bém, é uma sobra, pois representa a situação líquida da empresa,
ou seja, se utilizar todo o ativo — bens e direitos — para cobrir
o passivo — obrigações exigíveis — e, ainda sobrarem recursos,
estes serão dos sócios.

Para entender o patrimônio líquido como uma obrigação da empresa com os


sócios, é preciso lembrar de uma premissa básica da Contabilidade: o prin-
cípio da entidade. Segundo ele, o patrimônio de cada entidade contábil deve
ser controlado/contabilizado separadamente. Por exemplo, o patrimônio
da empresa (pessoa jurídica) não pode ser confundido ou misturado com
o patrimônio de seus sócios/acionistas (pessoa física). Assim, quando o só-
cio (pessoa física) investe na empresa (pessoa jurídica), essa passa a ter uma
obrigação com o sócio.
Já para reconhecer o patrimônio líquido como uma sobra ou, em termos
contábeis, como a situação líquida da entidade, basta lembrar da equação
estudada na Unidade 2:

Patrimônio líquido = Ativo - Passivo

Afinal, o patrimônio líquido corresponde à diferença entre o ativo e o passivo.


Para lhe ajudar a compreender, imaginemos o patrimônio de uma pessoa —
você pode fazer uma analogia com seu próprio patrimônio —, lembrando-se
de que uma pessoa física também é considerada uma entidade contábil. No
caso das pessoas físicas, não existe a figura do sócio, então como podemos
identificar o valor do patrimônio líquido? Suponha que uma pessoa possua
os seguintes elementos patrimoniais:

94
UNICESUMAR

Elemento patrimonial Valor

Dinheiro e conta corrente R$ 8.000,00

Roupas R$ 2.500,00

Produtos de beleza R$ 800,00

Calçados R$ 1.300,00

Eletrodomésticos R$ 18.000,00

Móveis R$ 23.000,00

Veículo R$ 30.000,00

Imóvel R$ 250.000,00

Cartão de crédito a pagar R$ 2.000,00

Plano de saúde a pagar R$ 500,00

Energia elétrica a pagar R$ 300,00

Telefone e internet a pagar R$ 200,00

Financiamento a pagar R$ 75.000,00

Tabela 2 - Elementos patrimoniais/ Fonte: a autora.

95
UNICESUMAR

Esse exemplo deixa claro o papel do patrimônio líquido como uma sobra,
pois, se a pessoa utilizar todos os seus bens para pagar todas as suas dívidas,
ainda assim sobraria para ela o valor de R$ 203.800,00.
Partindo, agora, para uma visão mais técnica, de acordo com a NBC TG
Estrutura Conceitual (CFC, 2019, [s.p.]), a definição de patrimônio líquido é:

Participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos


os seus passivos.

Acredito que, com o exemplo apresentado anteriormente, você não terá


dificuldades para compreender esse conceito, não é mesmo? A participa-
ção residual significa, justamente, a sobra dos ativos após deduzir todos os
passivos. Só esclarecendo: o termo “participação residual” é mais adequado
do que o termo “sobras”, pois nem sempre o patrimônio líquido é positivo.
Quando falamos em sobras, imaginamos valores positivos, ou seja, utiliza-
mos os ativos para pagar os passivos e, ainda, sobram recursos. Entretanto,
nem sempre é assim.
Quando o passivo é maior que o ativo, o patrimônio líquido fica com
valor negativo (vide situação patrimonial na Unidade 2), afinal significa que,
ainda que se utilize todos os bens e direitos para pagar todas as obrigações,
ainda não será suficiente. Nesse caso, a participação residual traz justamente
a ideia de responsabilidade dos sócios sobre as dívidas da entidade. Vale lem-
brar que essa responsabilidade depende de como a empresa foi constituída.
Por exemplo, existem categorias em que, se a empresa vier a falir, o sócio não
precisa utilizar recursos próprios (enquanto pessoa física) para pagar dívidas
da empresa; já em outras categorias, os bens dos sócios podem ser bloqueados
até que se efetuem os pagamentos de obrigações em nome da empresa.
Em conformidade com a classificação proposta pela Lei nº 6.404/76 (com
redação modificada pela Lei nº 11.941/09), Gelbcke et al. (2021, p. 379) apre-
sentam a seguinte divisão do patrimônio líquido:

97
UNIDADE 3

. Capital Social: representa valores recebidos dos sócios e também

“ aqueles gerados pela empresa que foram formalmente (juridicamente)


incorporados ao Capital (lucros a que os sócios renunciaram e incor-
poraram como capital);
. Reservas de Capital: representam valores recebidos que não transi-
taram e não transitarão pelo resultado como receitas, pois derivam de
transações de capital com os sócios;
. Ajustes de Avaliação Patrimonial: representam as contrapartidas
de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo
e do passivo, em decorrência de sua avaliação a valor justo, enquanto
não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime
de competência; algumas poderão não transitar pelo resultado, sendo
transferidas diretamente para lucros ou prejuízos acumulados.
. Reservas de Lucros: representam lucros obtidos e reconhecidos pela
empresa, retidos com finalidade específica;
. Ações em Tesouraria: representam as ações da companhia que são
adquiridas pela própria sociedade (podem ser quotas, no caso das so-
ciedades limitadas);
. Prejuízos Acumulados: representam resultados negativos gerados
pela empresa à espera de absorção futura; no caso de sociedades que
não por ações, podem ser Lucros ou Prejuízos Acumulados, pois pode
também abranger lucros à espera de destinação futura.

EXPLORANDO IDEIAS

O subgrupo do patrimônio líquido denominado reserva de lucros é utilizado por socieda-


des anônimas conforme determina a Lei nº 11.638/07 (BRASIL, 2007), a qual altera a Lei
nº 6.404/76. Outras formas de sociedade, como as Ltdas., registram seus resultados no
subgrupo lucros ou prejuízos acumulados, também no patrimônio líquido.

Até aqui, aprofundamo-nos nos três grupos de elementos patrimoniais sepa-


radamente, mas o balanço patrimonial é justamente a evidenciação conjunta
de todos os elementos patrimoniais. Assim, para que você possa compreender
melhor a ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL, o Quadro 5 traz
como exemplo o balanço da empresa fictícia F&F S.A.:

98
UNICESUMAR

Balanço patrimonial da empresa F&F S.A.


Encerrado em 31/12/20X1

Em R$

ATIVO

ATIVO CIRCULANTE

Disponível

Caixa 15.000,00

Banco A 107.000,00

Aplicações finan. de liq. imediata 24.000,00

Créditos

Duplicatas a receber 62.000,00

Impostos a recuperar 32.000,00

Estoque

Mercadorias 146.000,00

Materiais de consumo 19.000,00

ATIVO NÃO CIRCULANTE

Realizável a longo prazo

Duplicatas a receber 26.000,00

Investimentos

Investimento na coligada X 45.000,00

Imobilizado

Imóveis 310.000,00

Máquinas e equipamentos 130.000,00

Veículos 87.000,00

(-) Depreciação acumulada (50.000,00)

Intangível

99
UNIDADE 3

Marcas e patentes 47.000,00

TOTAL DO ATIVO: 1.000.000,00

PASSIVO

PASSIVO CIRCULANTE

Fornecedores

Fornecedor Y 73.000,00

Salários e encargos sociais

Salários a pagar 33.000,00

Férias a pagar 11.000,00

Obrigações fiscais

Impostos a recolher 62.000,00

Obrigações financeiras

Empréstimos e financiamentos 80.000,00

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Obrigações financeiras

Empréstimos e financiamentos 111.000,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social

Capital social

Capital subscrito 430.000,00

Capital a integralizar (50.000,00)

Reserva de lucros

Reserva de lucros para expansão 250.000,00

TOTAL DO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.000.000,00

Quadro 5 - Balanço patrimonial da F&F S.A. / Fonte: a autora.

100
UNIDADE 3

Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda.

Encerrado em 31/12/20X1

ATIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE

Disponível

Caixa 15.000,00

Banco A 203.000,00

Créditos

Duplicatas a receber 62.000,00

Estoque

Mercadorias 388.000,00

Materiais de consumo 8.000,00

ATIVO NÃO CIRCULANTE

Imobilizado

Máquinas e equipamentos 15.000,00

Móveis e utensílios 205.000,00

(-) Depreciação acumulada (20.000,00)

Intangível

Ponto comercial 75.000,00

TOTAL DO ATIVO 951.000,00

Quadro 6 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

102
UNICESUMAR

Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda.

Encerrado em 31/12/20X1

PASSIVO Em R$

PASSIVO CIRCULANTE

Fornecedores

Fornecedor X 75.000,00

Salários e encargos sociais

Salários a pagar 15.000,00

Férias a pagar 3.000,00

Obrigações fiscais

Impostos a recolher 16.000,00

Obrigações financeiras

Empréstimos e finan. 35.000,00

PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Obrigações financeiras

Empréstimos e finan. 17.000,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social

Capital subscrito 600.000,00

Lucros ou prejuízos acumulados

Lucro do exercício 190.000,00

TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00

Aproveite que você treinou com a empresa Estilo e realize a leitura de outros
balanços. Na internet, você encontra facilmente as demonstrações de empresas
de capital aberto. Essa competência será um grande diferencial na sua carreira.

103
1. Conhecer os elementos patrimoniais e a sua correta classificação é fundamental para
a correta evidenciação da situação financeira e patrimonial de uma entidade. Dessa
forma, imagine que um estagiário que está sob sua supervisão tenha apresentado a
seguinte classificação de contas contábeis:

Conta contábil Classificação

Banco c/ movimento Ativo circulante

Duplicatas a receber Ativo circulante

Mercadorias Passivo circulante

Máquinas e equipamentos Ativo não circulante

Fornecedores Passivo circulante

Financiamentos a pagar (LP)* Passivo circulante

Salários a pagar Passivo circulante

Capital Social Patrimônio líquido

Reserva de lucros Ativo circulante


*LP: longo prazo
Quadro 1 - Classificação de contas contábeis / Fonte: a autora.
Após analisar o quadro, você percebeu que três contas foram classificadas incor-
retamente. Como responsável pelo estagiário, você precisa corrigi-lo e orientá-lo.
Assim, descreva quais contas foram classificadas de forma incorreta e apresente
como devem ser classificadas.

2. Segundo a NBC TG Estrutura Conceitual (2019, [s.p.]) o patrimônio líquido corres-


ponde à “participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os
seus passivos”. Assim, considere que uma entidade tenha apresentado o seguinte
conjunto de elementos patrimoniais:

104
Conta contábil Valor

Caixa R$ 23.000,00

Duplicatas a receber R$ 57.800,00

Fornecedores R$ 71.300,00

Móveis e utensílios R$ 180.000,00

Salários a pagar R$ 22.700,00

Mercadorias R$ 85.400,00

Banco R$ 166.000,00

Investimentos em ou-
R$ 60.000,00
tras companhias

Impostos a recolher R$ 38.200,00


Tabela 1 - Elementos patrimoniais / Fonte: a autora.

Considerando os dados apresentados, classifique as contas em ativo e passivo. Em


seguida, calcule o valor do patrimônio líquido através da equação patrimonial e
assinale a alternativa correspondente.

a) R$ 239.000,00.
b) R$ 297.000,00.
c) R$ 326.000,00.
d) R$ 440.000,00.
e) R$ 488.000,00.

3. O balanço patrimonial evidencia os bens, os direitos e as obrigações da entidade em


determinado momento de forma ordenada, possibilitando reconhecer a sua situação
financeira, econômica e patrimonial. Assim, considere que, ao final de um exercício,
a empresa X tenha apresentado os seguintes elementos patrimoniais.

105
CONTAS CONTÁBEIS Valor em R$ Classificação

Caixa 15.000,00

Duplicatas a receber 43.000,00

Impostos a recuperar 9.100,00

Reserva de lucros para expansão 65.000,00

Empréstimos e financiamentos - LP 52.000,00

Mercadorias 74.000,00

Fornecedores 52.700,00

Investimentos em outras companhias 80.000,00

Banco conta movimento 27.300,00

Duplicatas a receber - LP 15.000,00

Veículos 35.000,00

Máquinas e equipamentos 70.000,00

Capital Social 300.000,00

Marcas e patentes 10.000,00

Salários a pagar 22.000,00

Móveis e utensílios 180.000,00

Aluguel a pagar 6.100,00

Impostos a recolher 13.800,00

Fornecedores – LP 19.000,00

Empréstimos e financiamentos 27.800,00


Tabela 2 - Contas contábeis empresa X / Fonte: a autora.
Utilize esses dados para elaborar o balanço patrimonial da empresa X. Para isso,
utilize a coluna da direita para classificar as contas em: ativo circulante, ativo não cir-
culante, passivo circulante, passivo não circulante e patrimônio líquido. Em seguida,
apresente o balanço estruturado.

106
UNIDADE 4

Você se lembra que o Sr. João recebeu as demonstrações refe-


rentes ao primeiro fechamento contábil? Pois então, junto com o
balanço patrimonial, que nós interpretamos na unidade anterior,
ele também recebeu a Demonstração do Resultado (DR), tam-
bém conhecida como Demonstração do Resultado do Exercício
(DRE). Nosso desafio, agora, é também interpretar a DRE.

Demonstração do Resultado do
Exercício da empresa Estilo Ltda.
Período de 01/01/20X1 a 31/12/20X1

Em R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de mercadorias 980.000,00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Devolução de vendas (10.000,00)

Abatimentos sobre vendas (30.000,00)

Tributos sobre vendas (125.000,00)

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 815.000,00

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custos das mercadorias vendidas (486.000,00)

(=) LUCRO BRUTO 329.000,00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas (50.000,00)

Despesas gerais e administrativas (70.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO


209.000,00
FINANCEIRO

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

Juros sobre empréstimos bancários (1.000,00)

110
UNIDADE 4

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Descontos financeiros obtidos 2.000,00

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS


210.000,00
SOBRE O LUCRO

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de renda (IR) (10.000,00)

Contribuição social sobre o lucro


(8.000,00)
líquido (CSLL)

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES


192.000,00
CONTINUADAS

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

Perda na venda de imobilizado (3.000,00)

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

Ganho na venda de imobilizado 1.000,00

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 190.000,00

Quadro 1 - Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Estilo Ltda.


Fonte: a autora.

Assim como, inicialmente, o sr. João não entendeu o balanço


patrimonial, ele também ficou perdido ao tentar interpretar os
dados da DRE. Quando viu o termo “resultado”, ele logo imagi-
nou: “Deve ser o resultado que obtive com as vendas de roupas!”,
o que está correto. O que ele não consegue compreender é: por
que, na DRE, aparece um resultado de R$ 190.000,00, sendo
que, ao somar o saldo de caixa e banco — apresentados no ba-
lanço patrimonial —, o total é de R$ 218.000,00? Será que o
contador calculou direito? E o que significa essa estrutura com
vários sinais de igual, mais e menos? Para calcular o resultado,
não bastava somar o quanto se ganhou e diminuir tudo o que
se gastou? Pois é, a DRE trouxe muitas dúvidas para o Sr. João.
Por isso, convido-lhe para aprendermos sobre esse relatório e,
assim, sanar todas as dúvidas. Vamos lá!!!

111
UNIDADE 4

Quando se fala em re-


sultado, pelo menos no
que diz respeito às ques-
tões financeiras, é mui-
to comum pensarmos
no dinheiro. Por exem-
plo, nas nossas finanças
pessoais, normalmente,
analisamos o quanto so-
brou — se sobrou, rs —
do nosso salário no final
do mês, nós temos esse valor como resultado. Essa ideia de resultado baseado
no dinheiro é mais natural, até porque é mais fácil de compreender, afinal o
dinheiro, seja em papel moeda ou aquele que está depositado no banco, é um
valor real, no sentido de que conseguimos enxergar esse valor. Já o resultado
contábil podemos dizer que é abstrato, ou seja, ele é encontrado por meio de
cálculos, e não conseguimos vê-lo de forma concreta.
Contudo, para a Contabilidade, o resultado apresentado na DRE não
corresponde ao dinheiro que a entidade possui. Para a Contabilidade, o re-
sultado representa o “desempenho” da entidade no que se refere ao alcance
dos seus objetivos. É claro que uma empresa com finalidade lucrativa tem
como objetivo ganhar dinheiro, mas ela pode, por exemplo, vender mercado-
rias — que seria sua forma de ganhar dinheiro —, mas não receber à vista. O
que isso significa? Que ela teve um bom desempenho, pois realizou vendas,
mas esse bom desempenho ainda não refletiu no caixa, porque a empresa
ainda não recebeu.
Imagine que, por causa de dificuldades financeiras, a empresa em que
você trabalhava reduziu o número de funcionários e, por isso, você perdeu
o emprego. No entanto, foi uma oportunidade de se arriscar no mundo do
Empreendedorismo ao fazer uma atividade que você adora: bonecos de argila
personalizados. Você divulgou seu trabalho nas redes sociais e tem recebido
diversas encomendas. Após três meses de trabalho, você resolveu apurar o
resultado do seu negócio. Em suas anotações, você apurou os seguintes dados:

112
UNIDADE 4

Você se lembra da estrutura do balanço patrimonial, estudado na unidade


anterior? Caso não se lembre, dê uma olhada novamente. Pois bem, lá no
grupo do patrimônio líquido, no subgrupo lucros/prejuízos acumulados, já
é evidenciado o resultado da entidade. No entanto, o resultado, enquanto
medida de desempenho, é um dado tão importante que merece um relatório
exclusivo para a sua apresentação, no caso, a Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE).
No balanço, apresenta-se apenas o saldo final do resultado de cada exercí-
cio contábil, que se acumula ao longo do tempo. Já na DRE, são evidenciadas
todas as receitas e todas as despesas que provocaram o resultado apresentado.
Dessa forma, o raciocínio da apuração do resultado é simples, basta subtrair
o valor das despesas do valor das receitas:

Resultado = Receitas - Despesas

Assim, se o valor das receitas for maior que o valor das despesas, tem-se um
lucro. Por outro lado, se o valor das receitas for menor que o valor das despe-
sas, tem-se um prejuízo.

114
UNIDADE 4

DRE DRE

Cia. Sucesso Cia. Fracasso


+ Receita $ 90 milhões (–) Receita $ 60 milhões
Despesa $ (48 milhões) Despesa $ (72 milhões)
Lucro $ 42 milhões Prejuízo $ (12 milhões)

Figura 1 - Demonstração do Resultado do Exercício: Cia. Sucesso X Cia. Fracasso


Fonte: Marion (2018, p. 72).

Descrição da Imagem: a figura apresenta um sinal de adição (+), e, ao lado dele, há uma tabela repre-
sentando uma DRE da Cia. Sucesso. Os dados da Cia. Sucesso são: receita de $ 90 milhões, despesa de
$ 48 milhões, e lucro de $ 42 milhões. Ao lado da DRE, tem-se a imagem de um empresário de terno
apontando um símbolo de exclamação; abaixo dele, há um gráfico que apresenta crescimento. A figura,
também, apresenta um sinal negativo (-), e, ao lado dele, há uma tabela representando uma DRE da Cia.
Fracasso. Os dados da Cia. Fracasso são: receita de $ 60 milhões, despesa de $ 72 milhões, e prejuízo
de $ 12 milhões. Ao lado dessa DRE, tem-se a imagem de um empresário de terno com três sinais de
interrogação; abaixo dele, há um gráfico que apresenta diminuição.

Contudo, muito mais do que apresentar o resultado, a DRE conta toda uma his-
tória de como a entidade chegou até ele. É por isso que dizemos que a DRE é uma
demonstração dinâmica.

EXPLORANDO IDEIAS

O resultado apresentado na DRE pode receber nomenclaturas diferentes dependendo do


tipo de empresa:
• Entidades com finalidade lucrativa: lucro ou prejuízo.
• Entidade sem finalidade lucrativa: sobras ou perdas.
• Entidades públicas: superávit ou déficit.

O balanço patrimonial, estudado na unidade anterior, é um exemplo de demons-


tração estática: ele funciona como se fosse uma foto da empresa. Nessa foto, apre-
senta-se o conjunto de elementos patrimoniais — bens, direitos e obrigações
— em seu aspecto qualitativo — conta contábil — e quantitativo — valor — em
um determinado momento, sendo este, normalmente, o último dia do ano (31 de
dezembro). Por outro lado, a DRE, enquanto relatório dinâmico, funciona como
se fosse um filme que conta como a empresa alcançou determinado resultado.

115
UNIDADE 4

Balanço Patrimonial
Ativo Passivo
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa e equivalentes de caixa Fornecedores
Caixa 7.800,00 Fornecedores 25.000,00
Banco 25.900,00 Obrigações trabalhistas
Créditos Salários a pagar 11.500,00
Duplicatas a receber 28.500,00 Obrigações fiscais
Estoques Impostos a recolher 4.800,00
Mercadorias 51.800,00 Passivo Não Circulante
Ativo Não Circulante Empréstimos e financiamentos
Investimentos Financiamentos a pagar 19.200,00
Investimentos na Cia A. 5.000,00 Patrimônio Líquido
Imobilizado Capital social
Móveis e utensílios 130.000,00 Capital subscrito 300.000,00
Veículos 42.200,00 (-) Capital a integralizar (75.000,00)
(-) Depreciação acumulada (1.700,00) Lucros/Prejuízos acumulados
Lucros acumulados 4.000,00

Total: 289.500,00 Total: 289.500,00

Balanço Patrimonial
Relatório estático (Foto)

Demonstração do Resultado do Exercício


Receita Operacional Bruta
Receita de vendas 55.000,00
(-) Deduções da Receita Bruta (12.900,00)
(=) Receita Operacional Líquida 42.100,00
(-) Custos da mercadoria vendida (28.000,00)
(=) Lucro Bruto 14.100,00
(-) Despesas Operacionais
Despesas Administrativas (9.700,00)
(=) Resultado Antes do Resultado
Financeiro 4.400,00
(-) Despesas Financeiras (1.200,00)
(+) Receitas Financeiras 800,00
(=) Resultado Antes dos Tributos
Sobre o Lucro 4.000,00
Lucro Líquido do Exercício 4.000,00

DRE
Relatório dinâmico (Vídeo)

Figura 2 - Relatório estático e dinâmico / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a imagem ilustra dois quadros, o primeiro, localizado acima, apresenta um
exemplo de um balanço patrimonial. Abaixo do relatório, há a figura de uma câmera fotográfica e, a
descrição: balanço patrimonial — relatório estático (foto). Na imagem do balanço, existe um contorno na
conta contábil lucros acumulados, que se encontra no grupo do patrimônio líquido. Desse contorno, sai
uma linha, que se divide em duas e se conecta ao quadro abaixo. Nesse quadro, encontra-se um exemplo
de Demonstração do Resultado do Exercício. Abaixo desse relatório, há a figura de uma câmera filmadora
com a descrição: DRE — relatório dinâmico (vídeo).

116
UNIDADE 4

Essa “história” contada pela DRE é baseada na confrontação de receitas e despesas


— que correspondem aos elementos de resultado da DRE —, ou seja, ao longo da
sua estrutura, a DRE apresenta alguns subtotais que são calculados ao se deduzir
os valores de despesas dos valores de receitas; esses subtotais, por sua vez, permi-
tem avaliar pontos importantes do desempenho da entidade. Dessa forma, para
que consigamos compreender a DRE, primeiramente, precisamos conhecer o que
são receitas e o que são despesas. Comecemos, então, pela RECEITA.
É comum associarmos a receita às entradas de dinheiro, no entanto, nem toda
receita provoca aumento no saldo de caixa. A NBC TG Estrutura Conceitual
apresenta a seguinte definição para receita:

Aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumento


no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de
detentores de direitos sobre o patrimônio (CFC, 2019, [s.p.]).

Achou complicado? Vamos aos exemplos para facilitar. De forma geral, a re-
ceita provoca aumento no patrimônio da entidade. O melhor exemplo de
receita é a venda: quando a empresa vende uma mercadoria, um produto ou
presta um serviço, o seu patrimônio aumenta. Imagine a loja do sr. João: ele
compra uma calça por R$ 50,00 do fornecedor e a revende por R$ 80,00, ou
seja, ele pega um bem que estava registrado no estoque — no balanço patri-
monial — entrega para o cliente e recebe R$ 80,00, assim o seu patrimônio
aumenta em R$ 30,00. Contudo, é muito importante que você compreenda
que os R$ 30,00 que sobraram são o resultado; a receita, nesse caso, é de R$
80,00. Isso ficará mais claro quando começarmos a confrontar receitas e des-
pesas. De qualquer forma, espero que você tenha compreendido que a receita
provoca aumento no patrimônio. Além das vendas, os juros sobre aplicação
financeira e os descontos financeiros obtidos são outros exemplos de receita.
Agora, compreenderemos esses exemplos segundo o conceito apresentado
na norma contábil e entenderemos que nem sempre a receita provoca aumento
no caixa ou no banco.

117
UNIDADE 4

■ Aumentos nos ativos: quando a empresa vende mercadorias, essa ven-


da provoca aumento no caixa ou no banco, se for uma venda à vista,
ou em duplicatas a receber, se for uma venda a prazo. Os juros sobre
aplicação financeira também aumentam o valor do investimento, sen-
do que esses investimentos, o caixa, o banco e as duplicatas a receber
são contas do grupo do ativo.
■ Redução nos passivos: quando a empresa obtém um desconto, isso
também resulta em um patrimônio maior. Por exemplo, imagine que
a entidade tenha uma dívida no valor de R$ 500,00 com o fornecedor;
ao pagar, ele concede um desconto de R$ 50,00; assim, com R$ 450,00,
ela paga uma dívida de R$ 500,00, ou seja, a diminuição no passivo é
maior que a saída de dinheiro do caixa.
■ Resultam em aumento no patrimônio líquido: esses valores positivos
das vendas, dos juros sobre aplicação ou dos descontos provocam au-
mento no resultado da entidade, esse resultado, por sua vez, é eviden-
ciado no patrimônio líquido.
■ Exceto aqueles referentes à contribuição de detentores de direitos sobre o
patrimônio: os detentores de direitos sobre o patrimônio são os sócios ou
acionistas da empresa. Quando eles investem na empresa, ou seja, quando
eles aplicam recursos no negócio, isso também provoca aumento no pa-
trimônio líquido, mas esses investimentos NÃO são considerados receita.

PENSANDO JUNTOS

Apenas as vendas de mercadorias podem gerar receita? Por exemplo, em uma loja de
calçados, apenas a venda dos calçados gera receita? Ou será que outras vendas, como a
venda de imobilizado, também podem gerar receita para a empresa?

Espero que tenha ficado claro que a receita é algo positivo para a entidade. Na
verdade, a obtenção de receita é uma questão de sobrevivência. No entanto, não
podemos enxergá-la como o recebimento de dinheiro. Mais cedo ou mais tarde,
as receitas são transformadas em dinheiro: vendas a prazo são recebidas, juros
sobre aplicação são resgatados etc., mas é importante saber que a Contabilidade
não registra a receita quando ela é recebida, mas, sim, quando ela é gerada.

118
UNIDADE 4

Da mesma forma que descobrimos que a receita não corresponde, necessa-


riamente, ao recebimento de dinheiro, compreenderemos que a DESPESA tam-
bém não é, necessariamente, saída de dinheiro. A NBC TG Estrutura Conceitual
apresenta a seguinte definição para despesa:

Reduções nos ativos, ou aumento nos passivos, que resultam em redu-


ções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições
aos detentores de direitos sobre o patrimônio (CFC, 2019, [s.p.]).

Como você pôde perceber, a definição de despesa é, basicamente, o contrário da defi-


nição de receita. Assim, enquanto a receita aumenta o patrimônio, a despesa diminui.
De qualquer forma, para lhe ajudar a compreender, vamos aos exemplos: salário,
aluguel, energia elétrica, internet, comissões, juros sobre empréstimos, descontos
concedidos e depreciação são algumas das diversas possibilidades de despesas.
Perceba que, entre os exemplos, não se mencionaram os fornecedores. Como
você aprendeu, a conta contábil fornecedores corresponde à dívida da empre-
sa pela compra de mercadorias a prazo. Entretanto, por que ela não representa
uma despesa? Quando a empresa compra mercadorias, seja à vista ou a prazo,
ela recebe, em troca, a própria mercadoria, que, no caso, corresponde a um bem
registrado no ativo. Isso mantém o patrimônio em equilíbrio.

119
UNIDADE 4

Imagine que a empresa tenha comprado R$ 5.000,00 de mercadorias. O que


isso provocou no patrimônio da entidade? No caso de compra à vista, saíram R$
5.000,00 do caixa; no caso de compra a prazo, gerou-se uma dívida de R$ 5.000,00.
De qualquer forma, em contrapartida, ela recebeu R$ 5.000,00 em mercadorias.
A partir desse exemplo, acredito que fica mais fácil compreender a despesa.
No caso do salário de uma recepcionista, por exemplo, a empresa paga pelos ser-
viços, mas não recebe em troca algo que dê para ser registrado no ativo. Por mais
que o trabalho de uma recepcionista seja essencial para o andamento do negócio,
não é possível registrá-lo como elemento patrimonial. Assim, o pagamento do
salário é algo que provoca a saída de dinheiro do caixa, mas não tem um retorno
direto — pelo menos, não de outro elemento patrimonial.
No caso dos juros sobre empréstimo, apenas o valor dos juros é considerado
despesa. Imagine a contratação de um empréstimo no valor de R$ 10.000,00, mas
que será pago o montante de R$ 15.000,00 em função dos juros. Nessa situação,
a empresa recebe da instituição financeira o valor de R$ 10.000,00, que, no caso,
é registrado no ativo. Assim, apenas o valor excedente do que foi recebido deve
ser considerado como despesa, no caso, os R$ 5.000,00.
Então, eu lhe pergunto: as despesas correspondem às saídas de dinheiro que
não possuem uma contrapartida direta? Não exatamente! Nem todas as despesas
provocam saída de dinheiro. A depreciação é um tipo de despesa que não inter-
fere no saldo de caixa. Ela corresponde à perda da capacidade dos bens do ativo
imobilizado. Conforme a entidade utiliza um equipamento, o seu valor de aqui-
sição é apropriado como despesa ao longo de sua vida útil, assim, quando chegar
ao fim de sua vida útil, o valor contábil do bem será zero. O mesmo acontece com
a amortização e exaustão. A apropriação do valor do bem como despesa ao longo
da vida útil recebe nomes diferentes, conforme descrito a seguir.

■ Depreciação: bens tangíveis.


■ Amortização: bens intangíveis.
■ Exaustão: recursos naturais.

120
UNIDADE 4

EXPLORANDO IDEIAS

Na nossa empresa modelo, o sr. João pagou R$ 75.000,00 pelo ponto comercial em que
instalou a loja Estilo. Considere que esse valor corresponde ao direito de utilizar o ponto
por cinco anos. Assim, a amortização é calculada da seguinte forma:

Amortização anual: R$ 75.000,00 / 5 anos = R$ 15.000,00


Amortização mensal: R$ 15.000,00 / 12 meses = R$ 1.250,00

Isso significa que a empresa deverá apropriar uma amortização no valor de R$ 15.000,00
por ano, ou R$ 1.250,00 por mês, que, no caso, será registrada como despesa.

Uma outra despesa que não provoca a saída de dinheiro é a correspondente a


descontos concedidos. Por exemplo, em uma venda de R$ 600,00, se a entidade
conceder um desconto de 10%, ela deixará de receber R$ 60,00, esse valor, então,
é computado como despesa.
Por fim, um último exemplo de despesa é a saída de mercadorias do esto-
que. Talvez, você esteja se perguntando: como a dívida com fornecedores não
é despesa, mas as mercadorias são? Para ajudar a compreender essa questão,
podemos utilizar o conceito de despesa dado por Marion (2018, p. 73), que diz
que “a despesa é todo sacrifício, todo esforço da empresa para obter receita”,
ou seja, quando a empresa entrega uma mercadoria para o cliente, ela faz o
sacrifício de se desfazer de um bem — e, como tal, encontra-se registrado
no ativo, no grupo do estoque — para transformá-lo em receita. Resumindo:
enquanto a mercadoria está no estoque, ela é um bem para a entidade; quando
ela é vendida, passa a corresponder a um sacrifício para gerar receita, então
se torna uma despesa, que, no caso, denominamos “custo das mercadorias
vendidas”. Assim acontece com todos os materiais consumidos pela entidade,
como os materiais de limpeza e higiene: quando são comprados, são registra-
dos no estoque, pois representam bens; quando são consumidos — utilizados
ou vendidos —, transformam-se em despesa.
Após analisar alguns exemplos, buscaremos compreender a despesa segundo
o conceito apresentado pelas normas contábeis.

121
UNIDADE 4

Assim, o resultado apurado pelo regime de caixa será correspondente ao saldo


da conta caixa no final do período contábil. Podemos, então, associar o regime
de caixa a um controle de entradas e saídas do caixa, o que, definitivamente,
também é muito importante para qualquer entidade contábil, inclusive, para
nós enquanto pessoas físicas.

PENSANDO JUNTOS

A palavra “caixa”, utilizada diversas vezes nesta unidade, corresponde ao dinheiro à dispo-
sição da entidade, assim ela engloba o valor que a entidade possui em papel moeda, na
conta corrente bancária e em aplicações de liquidez imediata.

Por outro lado, o regime de competência, que é utilizado para apurar o resultado
contábil, segue os conceitos de receita e despesa apresentados anteriormente. Nele,
as receitas e despesas são fatores independentes das entradas e saídas do caixa.

No regime de competência, a receita é contabilizada no período em


que for gerada, independente do seu recebimento, assim como a
despesa é contabilizada no período em que for consumida, incorrida
ou utilizada, independente do pagamento (MARION, 2018).

Assim, o resultado apurado pelo regime de competência é indepen-


dente do saldo em caixa ao final do período, contudo ele evidencia o
desempenho da entidade de forma mais justa e coerente. Para com-
preender melhor a apuração do resultado pelos dois regimes, acom-
panhe o exemplo a seguir.
No mês de janeiro, quando João iniciou as atividades da loja Estilo,
ele fez uma compra de mercadorias (peças de roupas) à vista no mon-
tante de R$ 10.000,00. Como estratégia inicial para atrair os clientes,
essas mercadorias foram vendidas a prazo, em duas parcelas, sem juros,
com o primeiro pagamento somente para o mês de fevereiro. Com isso,
ainda no mês de janeiro, João conseguiu vender 60% do seu estoque
pelo valor de R$ 15.000,00, sendo que R$ 7.500,00 foram recebidos em
fevereiro, e os outros R$ 7.500,00, no mês de março.

124
UNIDADE 4

Nessa situação, se utilizarmos o regime de caixa para apurar o resultado da em-


presa Estilo, considerando, exclusivamente, os dados apresentados, teríamos os
seguintes valores nos três primeiros meses de atividade da empresa:

Janeiro Fevereiro Março

(+) Receita R$ 0,00 R$ 7.500,00 R$ 7.500,00

(-) Despesa (R$ 10.000,00) R$ 0,00 R$ 0,00

(=) Resultado (R$ 10.000,00) R$ 7.500,00 R$ 7.500,00


Quadro 2 - Resultado pelo regime de caixa / Fonte: a autora.

Como você pôde observar, pelo regime de caixa, a empresa Estilo apresentou um pre-
juízo no mês de janeiro, mesmo tendo vendido 60% do seu estoque. É claro que não
consideramos o saldo inicial de caixa, afinal, se João comprou mercadorias à vista, havia
dinheiro para realizar essa compra. O que espero demonstrar com esse exemplo é que,
pelo regime de caixa, o resultado é calculado em função das entradas e saídas de di-
nheiro. Assim, no mês de janeiro, houve a saída de R$ 10.000,00 em função da compra
de mercadorias, e, como não houve entrada de dinheiro, a empresa ficou com prejuízo.
Já nos meses de fevereiro e março, mesmo considerando que não houve a realização
de novas vendas, como a empresa recebeu as parcelas das vendas de janeiro, houve o
reconhecimento de R$ 7.500,00 de receita em fevereiro e de R$ 7.500,00 em março, e,
como nesses meses não houve desembolso, a empresa apurou lucro nos dois períodos.
Por mais que a movimentação do caixa (dinheiro disponível) seja algo extre-
mamente importante para os negócios, ela não evidencia o verdadeiro desempenho
da entidade. É por isso que o regime de competência é tido como mais justo para
a apuração do resultado. Para que você compreenda, considere os mesmos dados
apresentados anteriormente, mas, agora, utilizados para apuração do resultado pelo
regime de competência:

Janeiro Fevereiro Março

(+) Receita R$ 15.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(-) Despesa (R$ 6.000,00) R$ 0,00 R$ 0,00

(=) Resultado R$ 9.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00


Quadro 3 - Resultado pelo regime de competência / Fonte: a autora.

125
UNIDADE 4

Como apresentado no Quadro 3, pelo regime de competência, a empresa Estilo


obteve um lucro de R$ 9.000,00 no mês de janeiro, decorrente do seu bom
desempenho nas vendas de mercadorias. Como o total de vendas foi de R$
15.000,00, mesmo que tenham sido a prazo, esse foi o valor da receita do pe-
ríodo, afinal o fato gerador da receita, nesse caso, são as vendas, assim se deve
registrá-las no período em que ocorreram, mesmo que não as tenha recebido.
Quanto à despesa, o valor de R$ 6.000,00 corresponde às mercadorias que
saíram do estoque em função das vendas, ou seja, 60% dos R$ 10.000,00 de
mercadorias adquiridas. Assim, o restante das mercadorias — R$ 4.000,00 —
fica registrado no estoque como um bem para a empresa e só será registrado
como despesa quando ocorrerem novas vendas. Perceba que, pelo regime de
competência, nos meses de fevereiro e março, não foram reconhecidas receitas
e nem despesas, pois não consideramos a realização de vendas nesses períodos.
Por mais que o regime de caixa seja mais objetivo, afinal é possível observar
de forma mais clara a movimentação de dinheiro, ele não consegue refletir cor-
retamente o desempenho da entidade, por isso, a Contabilidade, em seu papel
de gerar informação útil para os usuários, utiliza o regime de competência para
o reconhecimento de receitas e despesas. Então, significa que a Contabilidade
NÃO registra as entradas e saídas de caixa? É claro que SIM, afinal o caixa é um
elemento patrimonial, e, como tal, suas movimentações são contabilizadas. A
diferença está no reconhecimento das receitas e despesas que são apresentadas
na Demonstração do Resultado Exercício.
É importante que você entenda que o regime de caixa e o regime de com-
petência não correspondem a fatos distintos. Por exemplo, já me questio-
naram se, quando se vende à vista, utiliza-se o regime de caixa e, quando se
vende a prazo, utiliza-se o regime de competência. Não funciona assim. Você
utiliza o regime de caixa e, assim, reconhece as receitas e as despesas confor-
me a entrada e saída de dinheiro, OU você utiliza o regime de competência
e reconhece as receitas e as despesas no período em que foram geradas. Só
lembrando que a Contabilidade, como regra geral, utiliza o regime de com-
petência para apuração do resultado.
Imagine que uma empresa tenha realizado algumas transações no mês de no-
vembro. Assim, se ela utilizar o regime de caixa, chegará a um valor e, se utilizar
o regime de competência, chegará a outro, conforme demonstrado no Quadro 4.

126
UNIDADE 4

Fatos do mês de Regime de Regime de


Valor (R$)
novembro caixa (R$) competência (R$)

Compra de mercadorias
11.000,00 (11.000,00)
à vista

Compra de mercadorias
30.000,00
a prazo

Venda de mercadorias à
15.000,00 15.000,00 15.000,00
vista

Venda de mercadorias a
22.000,00 22.000,00
prazo

Saída de mercadorias do
estoque em função das 18.000,00 (18.000,00)
vendas

Pagamento de salário re-


3.500,00 (3.500,00)
ferente ao mês de outubro

Pagamento de aluguel refe-


2.200,00 (2.200,00) (2.200,00)
rente ao mês de novembro

Recebimento de mer-
cadorias vendidas em 4.500,00 4.500,00
outubro

Resultado 2.800,00 16.800,00

Quadro 4 - Comparação de regime de caixa e regime de competência / Fonte: a autora.

O que você deve prestar atenção é que os fatos são os mesmos, é só você imaginar
a rotina de uma empresa: a diferença está em reconhecer ou não a receita ou a
despesa no mês de novembro, que é o período observado no quadro.
Dessa forma, pelo regime de caixa, os fatos que provocaram saída de dinheiro
no mês de novembro — compra de mercadorias à vista, pagamento de salário e
pagamento de aluguel — foram reconhecidos como despesa do período, assim
como os fatos que provocaram entrada de dinheiro no mês de novembro —
vendas à vista e recebimento de vendas — foram reconhecidos como receita do
período, gerando um resultado de R$ 2.800,00.

127
UNIDADE 4

Por outro lado, pelo regime de competência, os fatos que geraram receita no
mês de novembro — vendas à vista e vendas a prazo — foram reconhecidos como
receita do período, assim como os fatos que geraram despesa no mês de novem-
bro — saída de mercadorias do estoque e aluguel do mês de novembro — foram
registrados como despesa do período, gerando um resultado de R$ 16.800,00.
E a compra de mercadorias a prazo? Por que não foi registrada em nenhum
regime? Como foi a prazo, não é uma despesa no regime de caixa e, como foi uma
compra de mercadoria e não a saída (sacrifício), não representa uma despesa para
o regime de competência.

Quer compreender melhor o reconhecimento dos fatos


pelo regime de caixa e pelo regime de competência?
Então, acompanhe o podcast que traz maiores detalhes
sobre o exemplo apresentado no Quadro 4, além de
outros exemplos.

Além de apresentar o desempenho da entidade de forma mais coerente, o regime


de competência também permite maior uniformidade na apuração do resultado,
principalmente, em situações de despesas antecipadas. Como exemplo, podemos
observar os seguros: é comum a empresa pagar pelo seguro antecipadamente
e usufruir dos seus benefícios em períodos futuros. Imagine que uma empre-
sa tenha contratado um seguro para o seu prédio industrial no mês de janeiro.
Para tanto, ela pagou, à vista, o valor de R$ 12.000,00. Esse seguro, por sua vez,
terá vigência de seis meses. Dessa forma, o registro da despesa com seguro será
efetuado da seguinte forma em cada regime:

Regimes Jan. Mar. Abr. Maio Jun. Jul.


Caixa 12.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Compe-
2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00 2.000,00
tência

Quadro 5 - Reconhecimento da despesa com seguro pelo regime de caixa e pelo regime de compe-
tência / Fonte: a autora.

128
UNIDADE 4

Perceba que, no regime de caixa, toda a despesa com seguro foi reconhecida no
mês de janeiro, o que impacta de forma significativa na apuração do resultado
nesse mês. Por outro lado, pelo regime de competência, a despesa com seguros é
apropriada ao longo do seu período de vigência, uma vez que o fato gerador da
despesa é a sua utilização.
Agora que você sabe o que é receita e despesa e compreende a diferença entre
regime de caixa e regime de competência, conheceremos a ESTRUTURA DA
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO. Além de utilizar
o regime de competência para evidenciar o desempenho da entidade, a DRE
segue toda uma organização que permite ao usuário identificar uma série de
informações sobre como a entidade alcançou determinado resultado no período.
Da mesma maneira que, no balanço patrimonial, os elementos são agrupados
de forma específica, na DRE, as receitas e despesas também o são, assim temos uma
estrutura a ser seguida. De qualquer forma, caso a entidade necessite, o nível de
detalhamento das contas contábeis pode ser ampliado. A seguir, estão as descrições
dos principais grupos de receitas e despesas que compõem a estrutura da DRE.
Receita operacional bruta: corresponde às receitas geradas pela atividade
principal da entidade em seu valor bruto. São divididas em: vendas de produtos,
vendas de mercadorias e prestação de serviços.

129
UNIDADE 4

Deduções da receita bruta: corresponde às despesas que estão intima-


mente ligadas às receitas brutas. Dizemos que são despesas que só são geradas
se houver receita. Existem três tipos de deduções:
■ Devoluções de vendas: são mercadorias ou produtos devolvidos pe-
los clientes.
■ Abatimentos: são descontos concedidos no ato da venda, como o
desconto por pagamento à vista.
■ Impostos sobre vendas: são os impostos gerados no momento da
venda ou prestação de serviços; variam, proporcionalmente, à venda.
Exemplos: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre
Serviços (ISS), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição
para Financiamento da Seguridade Social (COFINS).

Custo das vendas: corresponde ao custo necessário para vender o produto,


a mercadoria ou para realizar o serviço. Dependendo do ramo de atividade,
existe a nomenclatura específica:
■ Custo dos produtos vendidos (CPV): utilizado por empresas indus-
triais, compõe todos os gastos da fabricação (produção) do produto,
como matéria-prima, mão de obra, energia elétrica, manutenção, em-
balagem etc.
■ Custo das mercadorias vendidas (CMV): utilizado por empresas
comerciais, corresponde ao valor das mercadorias que saem do esto-
que em função da venda.
■ Custo dos serviços prestados (CSP): utilizado por empresas presta-
doras de serviços, compõe todos os custos incorridos para a realização
dos serviços, como mão de obra e materiais.

Despesas operacionais: são despesas gera-


das pela operacionalização da empresa, mas
que não se enquadram como custo das ven-
das. Os principais grupos de despesas ope-
racionais são:

130
UNIDADE 4

■ Despesas com vendas: são despesas geradas pelo processo de vendas,


como salário dos vendedores, comissões sobre vendas, gastos com pu-
blicidade e propaganda, provisão para devedores duvidosos etc.
■ Despesas gerais e administrativas: são despesas geradas pela necessida-
de de administrar (dirigir) a empresa. Exemplo: salários e encargos sociais
do pessoal administrativo, aluguel de escritório, materiais de escritório,
seguro da área administrativa, depreciação de móveis e utensílios etc.

Despesas financeiras: são despesas decorrentes da remuneração de capitais


de terceiros, como juros pagos ou incorridos, despesas bancárias, correção
monetária de empréstimos, descontos concedidos, juros de mora pagos etc.
Receitas financeiras: são receitas decorrentes do fornecimento de capital
a terceiros, como juros de aplicações financeiras, juros de mora recebidos,
descontos obtidos etc.
Tributos sobre o lucro: corresponde aos valores de Imposto de Renda e
Contribuição Social calculados sobre o lucro líquido do período de acordo
com as regras fiscais.
Despesas não operacionais: são as despesas provenientes de transações
alheias à atividade operacional da empresa, como a perda ocorrida na venda
de um ativo imobilizado.
Receitas não operacionais: são as receitas provenientes de transações
alheias à atividade operacional da empresa, como o ganho decorrente da ven-
da de um ativo imobilizado.

131
UNIDADE 4

Em seu artigo 176, a Lei 6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas (BRASIL, 1976),
obriga a elaboração e publicação da Demonstração do Resultado do Exercício ao
final de cada exercício social, devendo apresentar os valores correspondentes ao pe-
ríodo anterior para fins de comparação. Em seu artigo 177, a lei também determina
a adesão aos princípios de Contabilidade, mencionando a necessidade de registro
segundo o regime de competência. Mesmo sem a obrigatoriedade de publicação,
todas as empresas devem elaborar, anualmente, a sua DRE, mas, por uma questão
de auxílio à gestão, é comum as empresas elaborarem a DRE mensalmente.
A NBC TG 26 (R5) — Apresentação das Demonstrações Contábeis (CFC, 2017)
define duas formas de apresentação das receitas e despesas pela DRE: uma basea-
da na natureza da despesa e outra baseada na função da despesa. Independente do
modelo utilizado ou do nível de detalhamento das contas, a DRE sempre se inicia
com a receita operacional bruta, que evidencia a receita que a empresa obteve em sua
atividade principal, e, desta receita, deduzem-se as despesas incorridas no período.
De qualquer forma, a estrutura da DRE deve possibilitar ao usuário da informação
obter dados que retratam o desempenho da entidade. Assim, o modelo apresentado
no Quadro 6 é um bom exemplo de como a DRE pode ser estruturada.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


PERÍODO DE …/…/…. A …/…/….

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de produtos

Venda de mercadorias

Prestação de serviços

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Devoluções de vendas

Abatimentos

Impostos e contribuições incidentes sobre vendas

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

132
UNIDADE 4

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


PERÍODO DE …/…/…. A …/…/….

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custo dos produtos vendidos

Custo das mercadorias vendidas

Custo dos serviços prestados

(=) LUCRO BRUTO

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas

Despesas gerais e administrativas

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de renda

Contribuição social sobre o lucro líquido

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Quadro 6 - Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício / Fonte: adaptado de Gelbcke et al. (2021).

Os sinais que aparecem na DRE representam: despesas (sinal de menos), re-


ceitas (sinal de mais) e subtotais (sinal de igual). Esses subtotais são calculados
da seguinte maneira:

133
UNIDADE 4

■ Receita operacional líquida: corresponde ao valor da receita operacional


bruta menos as deduções da receita bruta. Muitas empresas publicam sua
DRE a partir da receita operacional líquida.
■ Lucro bruto — também denominado resultado bruto ou margem bruta:
corresponde ao valor da receita operacional líquida menos o custo das
vendas.
■ Lucro antes do resultado financeiro: corresponde ao valor do lucro bruto
menos as despesas operacionais.
■ Resultado antes dos tributos sobre o lucro: corresponde ao valor do lucro
antes do resultado financeiro menos as despesas financeiras e mais as
receitas financeiras.
■ Resultado das operações continuadas: corresponde ao valor do lucro an-
tes dos tributos sobre o lucro menos os tributos incidentes sobre o lucro.
■ Resultado líquido do exercício: corresponde ao valor do resultado das
operações continuadas menos as despesas não operacionais e mais as
receitas não operacionais.

Esses subtotais são calculados de forma a permitir que os usuários da informação


contábil identifiquem pontos importantes sobre como a entidade alcançou o
resultado apresentado. De acordo com Nascimento (2019), esses subtotais evi-
denciam quatro aspectos importantes:
■ Negócio principal da empresa: o desempenho da atividade principal da
empresa pode ser visto no lucro bruto, afinal ele se refere à receita bruta da
entidade menos todos os gastos relacionados a essa receita — impostos,
abatimento, devoluções e custo das vendas ou prestação de serviços. O
ideal é que a atividade principal da empresa gere resultado suficiente para
cobrir os demais gastos necessários para a sua operação.
■ Estrutura que dá suporte à empresa: toda empresa, não importa o
ramo de atividade, necessita de uma estrutura que dê suporte para realizar
suas atividades. A estrutura de vendas é importante para que a empresa
consiga comercializar seus produtos e serviços. A estrutura administra-
tiva é importante para sua organização e gestão. Assim, o lucro antes do
resultado financeiro demonstra se a empresa é eficiente em sua operacio-
nalização como um todo, e não apenas na sua atividade principal.

134
UNIDADE 4

■ Política da empresa em sua gestão financeira: é comum as empresas


pagarem juros pela utilização de capital de terceiros (ex.: empréstimo),
assim como receberem juros por terceiros utilizarem seu capital (ex.: apli-
cação financeira). Dessa forma, o lucro antes dos tributos sobre o lucro
evidencia o impacto que a política da empresa quanto à utilização ou ao
fornecimento de capital financeiro causa no resultado.
■ Operações de descontinuidade que afetam o resultado da empresa:
as receitas e despesas não operacionais representam transações incomuns
à rotina da empresa. Assim, o registro delas separadamente permite ao
usuário da informação contábil identificar o resultado das operações con-
tinuadas, o qual serve de base para projeções futuras, e o resultado líquido
do exercício, do qual não se pode esperar que as operações descontinua-
das voltem a se repetir facilmente.

Agora que você conhece a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício


e sabe que é possível extrair informações dela, praticaremos esse conhecimento
e analisaremos um exemplo.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA M&F LTDA.


PERÍODO DE 01/05/20XX A 31/05/20XX

Em R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de mercadorias 350.000,00

Prestação de serviços 720.000,00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Abatimentos (70.000,00)

Tributos sobre vendas (250.000,00)

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 750.000,00

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custo das mercadorias vendidas (120.000,00)

135
UNIDADE 4

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DA EMPRESA M&F LTDA.


PERÍODO DE 01/05/20XX A 31/05/20XX

Custo dos serviços prestados (240.000,00)

(=) LUCRO BRUTO 390.000,00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas (25.000,00)

Despesas gerais e administrativas (70.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 295.000,00

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

Descontos concedidos (4.000,00)

Juros de mora pago (18.000,00)

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Juros sobre aplicação financeira 2.000,00

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 275.000,00

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de Renda (IR) (35.000,00)

Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (18.000,00)

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 222.000,00

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

Perda na venda de imobilizado (90.000,00)

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 132.000,00

Quadro 7 - Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa M&F Ltda. / Fonte: a autora.

Vamos lá! Primeiramente, repare que a DRE se refere à apuração de resultado de


um único mês: maio de 20XX — representa um ano qualquer. O acompanhamen-
to mensal possibilita uma gestão mais ativa, não sendo necessário esperar fina-
lizar o ano para identificar pontos positivos e pontos que precisam de melhoria.

136
UNIDADE 4

O exemplo apresentado no Quadro 7 se refere a uma empresa que vende


mercadorias, mas que também presta serviços, na verdade, sua maior fonte de
receita é a prestação de serviços. No período analisado, não houve devolução de
mercadorias, o que é algo muito positivo para uma empresa, significa que seus
produtos agradaram os clientes. Como é uma empresa que atua em dois ramos
de atividade, o custo das vendas se divide em custo das mercadorias vendidas
e custo dos serviços prestados. Com isso, o negócio principal da empresa M&F
gerou um lucro bruto de R$ 390.000,00, o que é positivo, mas, para se dizer que
é um bom resultado, seria necessário analisar outras empresas do mesmo ramo
e do mesmo porte, afinal R$ 390.000,00 pode ser um resultado excelente, assim
como também pode representar um péssimo resultado.
No período apurado, a estrutura que dá suporte à empresa gerou uma despesa
de R$ 95.000,00 (R$ 25.000,00 + R$ 70.000,00), que foi facilmente coberta pelo lucro
bruto. Isso significa que o negócio principal da empresa consegue manter sua estrutura
administrativa e ainda gerar um lucro antes do resultado financeiro de R$ 295.000,00.
Além dos abatimentos (deduções da receita), a empresa concedeu descon-
tos no valor de R$ 4.000,00. Contudo, qual é a diferença entre esse desconto e
os abatimentos? Os abatimentos são descontos concedidos para incentivar a
venda, como o desconto pelo pagamento à vista; já os descontos concedidos
são feitos após a venda, podem ocorrer, por exemplo, quando o cliente paga
a empresa antes do prazo estabelecido.
Além dos descontos concedidos, a empresa teve uma despesa financeira com
juros de mora no valor de R$ 18.000,00. Por algum descuido ou por falta de dinheiro,
a empresa acabou atrasando o pagamento de alguma dívida, o que teve um impacto
significativo no resultado, e isso é um ponto negativo para a empresa. Em sua política
de gestão financeira, vemos que a empresa teve muito mais despesas com a utilização
de capital de terceiros do que ganho com o fornecimento de capital, o que gerou um
resultado antes dos tributos sobre o lucro de R$ 275.000,00, R$ 20.000,00 a menos
do que o resultado anterior — resultado antes do resultado financeiro.
Após os tributos sobre o lucro, a empresa apurou um resultado das operações
continuadas no valor de R$ 222.000,00. O valor dos tributos é determinado pela
legislação fiscal, mas os gestores devem estar atentos às possibilidades, pois é
possível pagar menos tributos de forma lícita, mas, para isso, a empresa precisa
ter uma boa gestão tributária.

137
UNIDADE 4

Despesas com vendas (50.000,00)

Despesas gerais e administrativas (70.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 209.000,00

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

Juros sobre empréstimos bancários (1.000,00)

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Descontos financeiros obtidos 2.000,00

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 210.000,00

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de Renda (IR) (10.000,00)

Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) (8.000,00)

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 192.000,00

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS

Perda na venda de imobilizado (3.000,00)

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

Ganho na venda de imobilizado 1.000,00

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 190.000,00


Quadro 8 - Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Estilo Ltda. / Fonte: a autora.

Com base na demonstração apresentada, analise os seguintes pontos sobre o


desempenho da empresa Estilo Ltda:
■ Negócio principal da empresa.
■ Estrutura que dá suporte à empresa.
■ Política da empresa em sua gestão financeira.
■ Operações de descontinuidade que afetam o resultado da empresa

Mas não se acanhe, é possível ir além desses pontos e descobrir outros aspectos
relevantes sobre o desempenho da nossa empresa modelo.

140
1. Os regimes de caixa e de competência adotam momentos distintos para o reconhe-
cimento das receitas e das despesas, interferindo na apuração do resultado de cada
período. Nesse sentido, considere que a empresa Rende Mais Ltda. apresentou os
seguintes dados para apuração do resultado do mês de setembro.

Fatos do mês de setembro Valor

Compra de mercadorias a prazo R$ 15.800,00

Compra de mercadorias à vista R$ 12.600,00

Venda de mercadorias a prazo R$ 40.300,00

Venda de mercadorias à vista R$ 11.700,00

Custos das mercadorias vendidas R$ 22.500,00

Despesas incorridas e pagas R$ 16.000,00

Despesas incorridas a pagar R$ 7.600,00

Quadro 1 - Dados para apuração do resultado da empresa Rende Mais Ltda. / Fonte: a autora.

A partir desses dados, calcule o resultado da empresa Rende Mais Ltda. pelo regime
de caixa e pelo regime de competência.

2. A empresa Vende Bem S.A. atua na venda de tubulações industriais a mais de 30


anos. Nesse período, ela conseguiu se consolidar no mercado e, hoje, possui 10 filiais
espalhadas por todo o Brasil. Ao longo dos anos, os resultados positivos (lucros) fo-
ram utilizados para ampliação do negócio e, também, para investimentos financeiros,
tendo em vista que a diversidade de investimentos possibilita a sustentabilidade da
empresa. Dessa forma, no ano de 20X1, a empresa gerou receita da seguinte forma:

Venda de produtos: R$ 1.680.500,00.

Juros sobre aplicações financeiras: R$ 390.400,00.

141
Considerando a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício, a venda de
produtos e os juros sobre aplicações financeiras devem ser reconhecidos, respec-
tivamente, como:

a) Receita operacional bruta e receitas financeiras.


b) Receita operacional bruta e dedução da receita bruta.
c) Receita não operacional e receitas financeiras.
d) Receita não operacional e dedução da receita bruta.
e) Receitas financeiras e dedução da receita bruta.

3. A empresa Doce Lar Ltda. vende móveis e eletrodomésticos em geral. No mês de


abril, a empresa gerou as seguintes receitas e despesas:

Receitas e despesas Em R$

Venda de mercadorias 800.000,00

Custo das mercadorias vendidas 340.000,00

Abatimentos sobre vendas 47.000,00

Juros sobre empréstimos 3.000,00

Descontos recebidos 5.000,00

Devolução de vendas 13.000,00

Despesas com vendas 20.000,00

Imposto de renda 24.000,00

Contribuição social sobre o lucro líquido 11.000,00

Ganho na venda de imobilizados 8.000,00

Tributos sobre vendas 165.000,00

Despesas gerais e administrativas 58.000,00

Quadro 2 - Receitas e despesas do mês de abril da empresa Doce Lar Ltda./ Fonte: a autora.

Utilizando os dados apresentados, estruture a Demonstração do Resultado do Exer-


cício da empresa Doce Lar Ltda.

142
UNIDADE 5

João está muito contente por ter


aprendido a “ler” o balanço patrimo-
nial e a Demonstração do Resultado.
Agora, antes de tomar as suas deci-
sões, ele analisa a situação econômica,
financeira e patrimonial da empresa
por meio das demonstrações con-
tábeis, o que traz maior segurança e
melhora seu desempenho na gestão
da empresa Estilo. Contudo, João re-
cebe as demonstrações mensalmen-
te, e nós sabemos que, em uma loja de
roupas, assim como a Estilo, são realizadas diversas transações diariamente: compra,
venda, pagamento, recebimento etc. Por esse motivo, João deseja aprofundar seus
conhecimentos sobre a Contabilidade e compreender as seguintes questões:
■ Todas as decisões que eu tomo impactam no patrimônio da minha empresa?
E como impactam?
■ Por que, mesmo após realizar centenas de transações em um mês, o balanço
permanece em equilíbrio?
■ Os fatos que impactam o patrimônio também impactam o resultado da mi-
nha empresa?

Convido-lhe a descobrir as respostas para essas perguntas, assim você e João estarão
preparados para utilizar a Contabilidade a seu favor. “Bora” lá?!
A importância de conhecer como a Contabilidade acompanha e registra todos os
fatos contábeis se dá pelo caráter informativo das demonstrações. Como disse a nove-
lista Josephine Tey,“a verdade não está nas histórias, mas nos livros de Contabilidade”
(HENDRIKSEN; BREDA, 2012, p. 39). Isso significa que os registros contábeis são
muito mais do que o preenchimento de dados em um programa: eles representam os
acontecimentos ocorridos no dia a dia da entidade, ou seja, eles contam a história da
entidade. Contudo, para que se possa enxergar essa história, assim como para que se
saiba contar essa história por meio das demonstrações, é preciso compreender como
o patrimônio é impactado pelos fatos contábeis.
Lembra-se do balanço patrimonial que João recebeu do contador após o
encerramento do primeiro período contábil? Então, foi este aqui:

146
UNICESUMAR

Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda.


Encerrado em 31/12/20X1

ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Disponível Fornecedores

Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00

Banco A 203.000,00 Salários e encargos sociais

Créditos Salários a pagar 15.000,00

Duplicatas a
62.000,00 Férias a pagar 3.000,00
receber

Estoque Obrigações fiscais

Mercadorias 388.000,00 Impostos a recolher 16.000,00

Materiais de
8.000,00 Obrigações financeiras
consumo

ATIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e finan. 35.000,00

Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Máquinas e
15.000,00 Obrigações financeiras
equipamentos

Móveis e Empréstimos e
205.000,00 17.000,00
utensílios finan.

(-) Depreciação
(20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
acumulada

Intangível Capital Social

Ponto comercial 75.000,00 Capital subscrito 600.000,00

Lucros ou prejuízos acumulados

Lucro do exercício 190.000,00

TOTAL DO ATIVO 951.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00


Quadro 1 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

147
UNICESUMAR

Não sei se você reparou, mas, inicialmente, estudamos as demonstrações con-


tábeis — balanço patrimonial e DRE — e, somente agora, conheceremos como
são feitos os registros contábeis que dão origem a tais demonstrações. Parece que
começamos de trás para frente, não é mesmo? Na verdade, seguimos a metodolo-
gia proposta pela escola americana — também conhecida como norte-americana
— para o ensino da Contabilidade.
Na verdade, conforme a opinião de alguns autores de livros sobre Contabili-
dade, há duas escolas distintas no ensino da matéria:


Escola italiana: parte dos lançamentos contábeis (escrituração)
para, no final, chegar às demonstrações financeiras. Escola ameri-
cana: parte de uma visão conjunta das demonstrações financeiras,
principalmente o Balanço Patrimonial, para, em seguida, estudar
os lançamentos contábeis (escrituração) que deram origem a essas
demonstrações (MARION, 2018, p. 126).

A justificativa é que o(a) estudante tem maior facilidade para compreender o


lançamento contábil quando consegue enxergar o que o fato provoca de alteração
nos elementos patrimoniais e no resultado. Para isso, é necessário, primeiramente,
estudar tais elementos, assim como fizemos.

149
UNIDADE 5

1. Relatórios Contábeis 2. Escrituração Contábil

BP DRE

Figura 1 - Escrituração contábil segundo a escola americana / Fonte: Marion (2018, p. 126).

Descrição da Imagem: a figura apresenta dois passos da escrituração contábil. Inicia-se do lado
esquerdo: o título do primeiro passo é “1. Relatórios contábeis”; abaixo, há duas tabelas em branco:
uma com o título BP, de balanço patrimonial, outra com DRE, de Demonstração do Resultado do
Exercício. Ao lado do primeiro passo e das tabelas, há duas setas apontadas para a direita, onde está
o segundo passo, que tem como título “2. Escrituração contábil”, abaixo, há dois desenhos represen-
tando livros de registros contábeis.

Tudo aquilo que observamos na estrutura do balanço patrimonial e da De-


monstração do Resultado da empresa de João, a loja Estilo, na verdade, é
decorrente do registro de todas as transações que aconteceram na entidade
até aquele momento; ou seja, desde a constituição, todos os fatos contábeis
são registrados e, após um período — que pode ser mensal, semestral, anual
etc. —, o(a) contador(a) faz o levantamento das demonstrações.

150
UNICESUMAR

Para efetuar os registros contábeis, é indispensável a utilização do PLANO DE CON-


TAS, que, por sua vez, corresponde ao agrupamento ordenado de todas as contas
contábeis utilizadas por uma entidade (MARION, 2018). O plano de contas traz uni-
formidade aos registros, uma vez que a movimentação de um determinado elemento
deve ser sempre registrada na mesma conta contábil. Por exemplo, imagine que uma
empresa tenha adquirido materiais de escritório, como canetas e papéis, e registrou
essa compra na conta “materiais de expediente”. No mês seguinte, a empresa com-
prou novamente canetas e papéis, essa nova compra deve ser registrada na mesma
conta contábil, já que se refere ao mesmo tipo de elemento; não se deve, por exemplo,
registrar a nova compra na conta “materiais de uso e consumo” ou “materiais de escri-
tório”. Se, a cada transação que envolva um mesmo tipo de elemento, a Contabilidade
registrar em contas distintas, quando o usuário for analisar a demonstração, ele não
conseguirá identificar corretamente a situação patrimonial da entidade.
É importante esclarecer que cada empresa deve ter seu próprio plano de contas,
o qual atende às suas particularidades: não faz sentido uma empresa comercial ter,
em seu plano de contas, a conta contábil “matéria-prima”, afinal esse tipo de empre-
sa compra a mercadoria já pronta e a revende. Por outro lado, essa conta contábil
atende perfeitamente a realidade de empresas industriais, as quais transformam ma-
téria-prima em produto acabado. Assim, antes mesmo de iniciar as operações, o(a)
contador(a) deve definir o plano de contas ideal para a empresa. Uma vez definido,
deve segui-lo de forma a dar uniformidade aos registros contábeis.

151
UNIDADE 5

PENSANDO JUNTOS

Uma vez estruturado o plano de contas a ser utilizado pela empresa, é possível alterar
alguma conta contábil — incluir, excluir, renomear etc. — ou a lista deve permanecer
inalterada para sempre?

Estudar o plano de contas também é tarefa indispensável para quem quer com-
preender o processo de registro contábil, afinal o registro nada mais é do que
a evidenciação das alterações que os fatos contábeis provocam nos elementos
patrimoniais. Assim, não é possível efetuar o registro sem conhecer as contas
contábeis que representam tais elementos.
Por esse motivo, no final deste livro, encontra-se, como ANEXO A, um modelo
de plano de contas que utilizaremos para efetuar os registros contábeis neste mate-
rial. Ele pode ser utilizado por qualquer tipo de empresa: comercial, industrial ou
prestadora de serviços, desde que contemple os elementos existentes na entidade,
contudo ter um plano de contas exclusivo para cada empresa é, sem dúvida, o ideal.
Observe o plano de contas em anexo e, então, você poderá perceber que cada
conta contábil possui um código — normalmente, utilizado para parametrizar os
softwares — e uma descrição. Esses códigos são divididos em três grupos: 1 para
ativo, 2 para passivo e 3 para contas de resultado (receitas e despesas). Perceba que
não há um código exclusivo para as contas do patrimônio líquido, porque este é
considerado um subgrupo do passivo. Esses grupos, por sua vez, são detalhados
até chegar a conta contábil analítica, a qual, efetivamente, recebe o lançamento:

Código Conta contábil Classificação

1 ATIVO Conta sintética

1.01 ATIVO CIRCULANTE Conta sintética

1.01.01 CAIXA E EQUIVALENTE DE CAIXA Conta sintética

1.01.01.01 CAIXA E FUNDO FIXO Conta sintética

1.01.01.01.001 CAIXA Conta analítica

1.01.01.01.002 FUNDO FIXO Conta analítica

Quadro 2 - Exemplo de contas analíticas e contas sintéticas / Fonte: a autora.

152
UNICESUMAR

Dessa forma, as contas sintéticas evidenciam a soma das contas analíticas. Com
base no Quadro 2, a conta sintética “caixa e fundo fixo” evidenciará a somatória
das contas analíticas “caixa” e “fundo fixo”.

PENSANDO JUNTOS

As demonstrações divulgadas pelas empresas, como as de capital aberto, que são obriga-
das a tornarem públicas suas demonstrações, normalmente, não evidenciam os dados a
nível de contas analíticas.

As contas dos grupos 1 e 2 são denominadas contas patrimoniais, assim são


utilizadas para a elaboração do balanço patrimonial. Já as contas do grupo 3 são
denominadas contas de resultado e, por isso, são utilizadas para a elaboração da
Demonstração do Resultado. Uma vez conhecidas as contas contábeis, o processo
de registro pode ser ordenado em quatro passos.

OLHAR CONCEITUAL
Para efetuar o registro contábil de um fato, é necessário passar por um processo que envol-
ve, basicamente, quatro passos ordenados, conforme vemos a seguir:

1º PASSO 2º PASSO 3º PASSO 4º PASSO


Identificar o fato: Interpretar o que o
se é uma compra, uma fato provocou nos Encontrar as Registrar nas
venda, um pagamento elementos contas contábeis referidas contas
etc, e suas patrimoniais ou de que representam as variações em
particularidades, ou resultado: se os elementos valor monetário
seja, se foi à vista ou a provocou aumento afetados. provocadas pelo
prazo, entre outros ou diminuição. fato ocorrido.
detalhes.

Como já abordado neste material, a base dos registros contábeis é o Método das
Partidas Dobradas. Não é à toa que o frei Luca Pacioli, que foi o primeiro a pu-
blicar o método, ficou conhecido como o “pai da Contabilidade”. O Método das
Partidas Dobradas estabelece que:

153
UNIDADE 5

Para cada causa, existe um efeito.

Para cada origem, existe uma aplicação.

Para cada débito, existe um crédito.

É justamente por essa relação de causa e efeito, origem e aplicação, débito e


crédito que o balanço sempre se mantém em equilíbrio. A ideia é que o re-
gistro contábil não deve evidenciar somente o recurso financeiro, mas, sim,
contar como tal recurso foi adquirido. É por isso que todo registro contábil
envolve, no mínimo, duas contas contábeis. Tudo isso ficará mais claro com
os exemplos apresentados mais adiante.
Você deve ter ouvido dizer que o débito e o crédito da Contabilidade são o
contrário do débito e crédito do extrato bancário. Na verdade, não se trata de
uma questão de oposição: na Contabilidade, a palavra débito também se refere
àquilo que se deve, assim como a palavra crédito se refere àquilo que se tem a
haver, a diferença está na interpretação de quem deve e de quem tem a haver. O
mecanismo de débito e crédito é aplicado pela Contabilidade segundo a teoria
personalista das contas. Segundo ela, cada conta contábil possui personalidade
própria, e a interação entre a conta e a empresa, que também possui personalidade
própria, dá origem aos débitos e créditos.
É em função dessa teoria que as contas do ativo têm natureza devedora e as
contas do passivo e patrimônio líquido têm natureza credora, assim como as
contas de receita têm natureza credora e as de despesa têm natureza devedora.

Grupo de contas Natureza

Ativo Devedora

Passivo e PL Credora

Receita Credora

Despesa Devedora

Quadro 3 - Natureza dos grupos de contas contábeis / Fonte: a autora.

154
UNICESUMAR

Para entender melhor a natureza das contas, observe a Figura 2:

Empresa

D C

Ativo Passivo + PL

• Caixa • Capital Social

Receita (C)
• Resultado
Despesa (D)
Figura 2 - Natureza das contas contábeis / Fonte: a autora.

Descrição da Imagem: a figura apresenta um processo. No centro, há uma tabela representando o


balanço patrimonial: do lado direito, no ativo, está a conta caixa e, do lado esquerdo, no passivo + PL,
estão as contas Capital Social e Resultado. Do lado da coluna do passivo + PL, há a figura de uma mulher
vestindo roupa social. Acima da coluna do passivo + PL, há uma seta para cima apontando a figura de
uma empresa; ao lado dessa seta, está a letra C, representando crédito. Abaixo da imagem da empresa,
existe uma outra seta que sai da empresa em direção à coluna do ativo; ao lado desta seta, está a letra
D, representando débito. Ao lado da coluna do ativo, há uma imagem de dinheiro. Do lado esquerdo da
coluna do passivo + PL, há a imagem de um cifrão ($); abaixo, estão as palavras “Receita (C)” e “Despesa
(D)”; destas palavras, sai uma seta apontando para a conta resultado.

Para entender a figura e compreender a natureza das contas, imagine a cons-


tituição de uma empresa: para dar início às atividades operacionais, os sócios
investem dinheiro na empresa, o qual é representado pela conta contábil Capital
Social. Agora, use a sua imaginação e se coloque no lugar dessa conta, afinal, se-
gundo a teoria personalista, cada conta possui sua própria personalidade. Assim,
você, enquanto conta contábil, fornece dinheiro para a empresa, por isso, você,
enquanto conta contábil, fica com crédito com a empresa. Assim, como as contas
do passivo e patrimônio líquido representam fontes de recursos, elas sempre
ficam com créditos na empresa, daí, então, a sua natureza credora.

155
UNIDADE 5

Agora, ainda utilizando a sua imaginação, coloque-se no lugar da conta caixa.


A empresa recebeu dinheiro dos sócios e aplicou esse recurso em você, enquanto
conta contábil, assim você fica com um compromisso com a empresa, ou seja,
torna-se devedor(a). Quando a empresa precisar do dinheiro, você devolverá o
recurso a ela. Assim, como as contas do ativo representam aplicação de recursos,
elas sempre ficam devedoras para a empresa, daí, então, a sua natureza devedora.
As contas de resultado, por sua vez, impactam no patrimônio líquido. Dessa
forma, como as receitas provocam aumento no patrimônio líquido, elas possuem
natureza credora; por outro lado, como as despesas diminuem o patrimônio lí-
quido, elas têm natureza devedora.
Uma vez compreendida a natureza da conta, basta identificar o que o fato
provocou: aumento ou diminuição, para, então, realizar o lançamento contábil.

Alteração ATIVO (Devedora) PASSIVO + PL (Credora)

Aumento Debita Credita

Diminuição Credita Debita

Quadro 4 - Movimentação das contas patrimoniais / Fonte: a autora.

Para entender essa aplicação, utilizaremos o exemplo de uma compra de merca-


dorias a prazo no valor de R$ 2.000,00. Primeiramente, precisamos entender o
fato: ao comprar mercadorias, o estoque da empresa aumentou, por outro lado,
a compra a prazo gerou uma obrigação. Agora, identificamos as contas: merca-
dorias para revenda e fornecedores. Por fim, conciliamos a conta contábil à sua
movimentação: houve aumento na conta mercadorias e aumento na conta for-
necedores, por isso, a conta contábil mercadorias deverá receber um lançamento
a débito, e a conta fornecedores, um lançamento a crédito.

Alteração ATIVO (Devedora) PASSIVO + PL (Credora)

Aumento Debita Credita

Diminuição Credita Debita

Quadro 5 - Identificação das movimentações das contas contábeis / Fonte: a autora.

Assim, a contabilização desse fato por meio do mecanismo de débito e crédito


ficaria desta forma:

156
UNICESUMAR

Débito: Mercadorias R$ 2.000,00

Crédito: Fornecedores R$ 2.000,00

Perceba que o valor lançado a débito é igual ao valor lançado a crédito, atendendo à
determinação do Método das Partidas Dobradas. No exemplo apresentado, houve
aumento nas duas contas, mas existem fatos que provocam aumento em uma conta
e diminuição em outra ou, até mesmo, diminuição em duas. De qualquer forma, não
importa o fato a ser contabilizado, uma vez identificadas as alterações nas contas
contábeis, basta observar o esquema do Quadro 4 para realizar a contabilização.

Que tal conversarmos um pouco mais sobre o Método das


Partidas Dobradas? Então, acompanhe-me neste podcast e
nos aprofundaremos no mundo da Contabilidade.

157
UNIDADE 5

Na prática, os contadores registram os fatos contábeis por meio do mecanismo de


débito e crédito, conforme o exemplo apresentado anteriormente. Contudo, neste
material, utilizaremos o MÉTODO DOS BALANÇOS SUCESSIVOS como base
para o registro contábil. De acordo com Marion (2018, p. 134), “a Contabilidade por
balanços sucessivos é bastante simples: a cada operação realizada pela empresa faz-se
a alteração em um novo balanço”.
Por mais que seja muito didático, essa metodologia é inviável na prática. Imagine
a loja do João: diariamente, ele faz diversas vendas, paga contas, compra mercadorias,
recebe de clientes etc., você já pensou em elaborar um balanço após cada um desses
fatos? Três contadores não dariam conta, não é verdade?!
Além disso, hoje em dia, a tecnologia está muito acessível, possibilitando efetuar
os registros de forma síncrona entre os programas. Por exemplo, ao emitir o cupom
de venda, o sistema automaticamente dá baixa no estoque e gera um valor a receber
— no caso de venda a prazo. Em muitos casos, o sistema da empresa já está parame-
trizado com o sistema utilizado pelo contador, assim este nem precisa lançar todas as
notas, simplesmente faz upload dos dados e dá continuidade aos serviços contábeis.
Por mais que a tecnologia traga agilidade aos registros contábeis, não podemos
deixar essa tarefa à sua mercê, afinal somente a pessoa pensante é capaz de interpretar
com destreza o que o fato provocou no patrimônio da entidade: os sistemas simples-
mente fazem o que são parametrizados para fazer. Dessa forma, é extremamente
importante conhecer como os fatos contábeis impactam o patrimônio e como a
Contabilidade faz seus registros, do contrário, se o sistema fizer alguma contabili-
zação errada, você não conseguirá identificar, e isso pode atrapalhar seu trabalho.

158
UNICESUMAR

Antes de abordarmos a aplicação do Método das Partidas Dobradas, esclarecere-


mos quais são os fatos que devem ser registrados pela Contabilidade. Nem tudo
o que acontece na empresa, nem todas as decisões tomadas precisam ser regis-
tradas. Por isso, existe o conceito de ATOS ADMINISTRATIVOS E FATOS
ADMINISTRATIVOS.
Os atos administrativos são decisões tomadas pelos gestores da entidade,
os quais não impactam, a priori, os elementos patrimoniais ou de resultado.
Quando se decide contratar um funcionário, adquirir um imóvel, firmar uma
parceria etc., esses fatos, inicialmente, não impactam os elementos: somente
quando o funcionário for contratado e trabalhar durante um mês é que sur-
girá a obrigação (passivo) de pagar o seu salário; somente quando a docu-
mentação do imóvel estiver pronta, ele representará um bem (ativo) para a
entidade; e assim por diante. Por outro lado, os fatos administrativos, também
denominados fatos contábeis, são aqueles que provocam alterações nos ele-
mentos, patrimoniais ou de resultado, como os pagamentos, recebimentos,
compras, vendas, entre outros.
Imagine que uma empresa tenha assinado um contrato se comprometendo
a comprar mercadorias de um fornecedor específico. Esse contrato representa
apenas um compromisso que em nada interfere nos elementos patrimoniais,
assim ele é considerado um ato administrativo. Contudo, quando o fornecedor
emitir a nota fiscal de venda e a empresa receber a mercadoria, nesse momento,
os elementos patrimoniais são impactados: gera-se um aumento no estoque e
um aumento nas obrigações — considerando uma compra a prazo —, dessa
forma, a emissão da nota fiscal serve de documentação para o registro contábil.
Agora que você já entendeu a necessidade de se utilizar o plano de contas,
já compreendeu como funciona, basicamente, o processo de registro e já sabe
quais fatos devem ser contabilizados, utilizaremos uma outra empresa modelo, a
empresa Fato a Fato Ltda., para, então, realizarmos um EXEMPLO PRÁTICO.
Dados da empresa:
■ Razão social: Fato a Fato Ltda.
■ Ramo de atividade: comércio de calçados.
■ Sociedade: quatro sócios com participação de 25% cada.

A empresa Fato a Fato Ltda. foi constituída no dia 01 de setembro de 20X1. Nesse
primeiro mês, ocorreram os seguintes fatos:

159
UNIDADE 5

Fato 01:
01/09/20X1: subscrição do Capital Social no valor de R$ 800.000,00.
Fato 02:
02/09/20X1: integralização de 60% do capital subscrito da seguin-
te maneira: R$ 30.000,00 em dinheiro, R$ 260.000,00 em depósito
bancário na conta corrente da empresa e R$ 190.000,00 em mesas,
cadeiras, armários e outros móveis.
Fato 03:
02/09/20X1: compra de computadores, câmeras de segurança e
aparelhos de ar-condicionado à vista no valor de R$ 80.000,00. O
pagamento foi feito por meio de transferência bancária.
Fato 04:
05/09/20X1: compra de calçados a prazo no valor de R$ 200.000,00,
a vencer em 30 dias.
Fato 05:
06/09/20X1: compra de calçados à vista no valor de R$ 50.000,00. O
pagamento foi feito por meio de transferência bancária.
Fato 06:
10/09/20X1: compra de um veículo no valor de R$ 32.400,00 por
meio de um financiamento que será pago em 36 parcelas mensais
de R$ 900,00, sendo que 16 parcelas vencem no curto prazo e 20 no
longo prazo.
Fato 07:
10/09/20X1: pagamento de aluguel referente ao mês de setembro no
valor de R$ 5.000,00. O pagamento foi efetuado em dinheiro.
Fato 08:
12/09/20X1: venda de calçados à vista no valor de R$ 150.000,00,
recebidos em dinheiro. O custo dos calçados que saíram do estoque
foi de R$ 70.000,00.

160
UNICESUMAR

Fato 09:
12/09/20X1: depósito de dinheiro na conta corrente bancária no valor
de R$ 125.000,00.
Fato 10:
15/09/20X1: venda de calçados a prazo no valor de R$ 200.000,00. O
custo dos calçados que saíram do estoque foi de R$ 95.000,00.
Fato 11:
16/09/20X1: integralização de 25% do capital subscrito por meio da
aquisição de calçados.
Fato 12:
20/09/20X1: pagamento da primeira parcela do financiamento em
dinheiro.
Fato 13:
21/09/20X1: pagamento da dívida com fornecedores por meio de trans-
ferência bancária. Como o pagamento foi realizado antes do vencimen-
to, o fornecedor concedeu 10% de desconto.
Fato 14:
25/09/20X1: recebimento de clientes no valor de R$ 90.000,00, sendo R$
18.000,00 em dinheiro e o restante por meio de transferência bancária.
Fato 15:
28/09/20X1: compra de calçados no montante de R$ 120.000,00, sendo
que R$ 40.000,00 foram pagos à vista por meio de transferência bancá-
ria e o restante ficou para pagamento em 30 dias.
Fato 16:
30/09/20X1: reconhecimento da despesa com salário do mês de setem-
bro no valor de R$ 15.000,00, o qual será pago no mês outubro.
Fato 17:
30/09/20X1: reconhecimento da despesa com depreciação dos ativos
imobilizados no montante de R$ 4.000,00.

161
UNIDADE 5

Agora que conhecemos os fatos ocorridos no mês de setembro, que representa


o primeiro passo do processo de contabilização, efetuaremos os outros três
passos separadamente para cada fato.

Fato 01: 01/09/20X1


Identificação: subscrição do Capital Social no valor de R$ 800.000,00.
Interpretação: a subscrição corresponde ao compromisso assumido pelos
sócios ao assinar o contrato social para investir na empresa. Como foi men-
cionado, a subscrição, apenas, significa que o contrato foi assinado, mas os
sócios ainda não entregaram recursos financeiros para a empresa.
Contas contábeis: a conta que representa os investimentos dos sócios é a
de Capital Social. A conta que representa o que a empresa tem a receber dos
sócios referente ao compromisso definido pelo contrato é a capital a integra-
lizar, que é uma conta redutora (negativa).
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital subscrito 800.000,00

(-) Capital a integralizar (800.000,00)

TOTAL: 0,00 TOTAL: 0,00

Quadro 6 - Balanço decorrente do Fato 01 / Fonte: a autora.

Perceba que, nesse primeiro balanço, o saldo do patrimônio está zerado. Na


verdade, nesse momento, a empresa só existe no papel, ainda não movimentou
nenhum recurso financeiro.

162
UNICESUMAR

Fato 02: 02/09/20X1


Identificação: integralização de 60% do capital subscrito da seguinte ma-
neira: R$ 30.000,00 em dinheiro, R$ 260.000,00 em depósito bancário na
conta corrente da empresa e R$ 190.000,00 em mesas, cadeiras, armários,
estantes e outros móveis.
Interpretação: a integralização corresponde ao fornecimento de recursos
financeiros dos sócios decorrente do compromisso assumido pelo contrato
social. É importante entender que o cumprimento desse compromisso em
nada interfere no Capital Social da empresa, apenas a dívida que os sócios
possuíam foi parcialmente paga. Com a integralização, a empresa passa a ter
saldo de dinheiro em seu caixa, saldo em sua conta bancária e mesas, cadeiras,
armários, estantes, entre outros.
Contas contábeis: o aumento/surgimento de dinheiro é registrado na conta
caixa; o aumento/surgimento de saldo na conta corrente é registrado na con-
ta banco A; o aumento/surgimento de mesas, cadeiras, armários, estantes etc. é
registrado na conta móveis e utensílios; e a diminuição da dívida dos sócios é
registrado na conta capital a integralizar.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00

Banco A 260.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

(-) Capital a integralizar (320.000,00)

TOTAL: 480.000,00 TOTAL: 480.000,00

Quadro 7 - Balanço decorrente do Fato 02 / Fonte: a autora.

163
UNIDADE 5

Com a integralização do capital, a empresa recebe recursos de seus sócios e


passa a ter um patrimônio positivo. A conta Capital Social permanece inalte-
rada até que haja alterações no contrato social, como as decorrentes de saída
ou entrada de novo sócio.

Fato 03: 02/09/20X1


Identificação: compra de computadores, câmeras de segurança e aparelhos
de ar-condicionado à vista no valor de R$ 80.000,00. O pagamento foi feito
por meio de transferência bancária.
Interpretação: com a compra de computadores, câmeras de segurança e
aparelhos de ar-condicionado, a empresa passa a ter novos bens em seu ativo.
Como foi uma compra à vista, por meio de transferência bancária, houve a
diminuição no saldo da conta corrente da empresa.
Contas contábeis: o aumento/surgimento dos computadores, câmeras de
segurança e aparelhos de ar-condicionado é registrado na conta máquinas
e equipamentos e a diminuição do saldo da conta corrente é registrada na
conta banco A.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00

Banco A 180.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e equipa-
80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)
mentos

TOTAL: 480.000,00 TOTAL: 480.000,00

Quadro 8 - Balanço decorrente do Fato 03 / Fonte: a autora.

164
UNICESUMAR

Nesse fato, não houve uma nova fonte de recurso, por isso, o balanço se manteve
com o valor de R$ 480.000,00. O que aconteceu foi a transformação de um re-
curso do ativo em outro, no caso, a transformação de dinheiro da conta corrente
bancária em equipamentos.

Fato 04: 05/09/20X1


Identificação: compra de calçados a prazo no valor de R$ 200.000,00 a vencer
em 30 dias.
Interpretação: a compra de calçados, que corresponde à mercadoria vendida
pela empresa, provocou aumento no estoque da empresa. Como foi uma compra
a prazo, também gerou uma dívida.
Contas contábeis: o aumento/surgimento dos calçados no estoque da em-
presa é registrado na conta mercadorias, e a dívida gerada por essa compra é
registrada em fornecedores. A conta fornecedores é exclusiva para dívidas decor-
rentes da atividade principal da empresa, como a compra de matéria-prima em
indústrias ou de mercadorias em comércios.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 180.000,00 Passivo não circulante

Mercadorias 200.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e
80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)
equipamentos

TOTAL: 680.000,00 TOTAL: 680.000,00


Quadro 9 - Balanço decorrente do Fato 04 / Fonte: a autora.

165
UNIDADE 5

Com a nova captação de recursos, agora, por meio de fornecedores, o valor total
do ativo, assim como do passivo e PL aumentou, totalizando R$ 680.000,00.

Fato 05: 06/09/20X1


Identificação: compra de calçados à vista no valor de R$ 50.000,00. O paga-
mento foi feito por meio de transferência bancária.
Interpretação: a compra de calçados provocou aumento no estoque da em-
presa. Em contrapartida, como foi à vista, por meio de transferência bancária, o
saldo da conta corrente diminuiu.
Contas contábeis: o aumento no estoque de calçados é registrado na conta mer-
cadorias, e a diminuição do saldo da conta corrente é registrada na conta banco A.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 130.000,00 Passivo não circulante

Mercadorias 250.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e equipa-
80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)
mentos

TOTAL: 680.000,00 TOTAL: 680.000,00

Quadro 10 - Balanço decorrente do Fato 05 / Fonte: a autora.

Nesse fato, o valor do balanço se manteve em R$ 680.000,00, porque, novamente,


não houve aumento de fonte de recurso, simplesmente a transformação de um
recurso (banco A) por outro (mercadorias).

166
UNICESUMAR

Fato 06: 10/09/20X1


Identificação: compra de um veículo no valor de R$ 32.400,00 por meio de
um financiamento que será pago em 36 parcelas mensais de R$ 900,00, sendo
que 16 parcelas vencem no curto prazo e 20 no longo prazo.
Interpretação: com a compra do veículo, a empresa passou a ter um novo bem.
Por outro lado, como a compra foi feita por meio de um financiamento, gerou-se
uma dívida que vencerá parte no curto prazo e parte no longo prazo.
Contas contábeis: o bem deve ser registrado na conta veículos no ativo não
circulante, pois se trata de um elemento que não tem prazo para a empresa se
desfazer. O valor corresponde às parcelas do financiamento que vencem no curto
prazo e devem ser registradas na conta financiamentos a pagar do passivo circu-
lante, e o valor corresponde às parcelas de longo prazo na conta financiamentos
a pagar do passivo não circulante.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 30.000,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 130.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00

Mercadorias 250.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e equipa-
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
mentos

Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)

TOTAL: 712.400,00 TOTAL: 712.400,00

Quadro 11 - Balanço decorrente do Fato 06 / Fonte: a autora.

167
UNIDADE 5

O financiamento corresponde a uma fonte de recurso decorrente de capital de


terceiros, provocando aumento no saldo do balanço.

Fato 07: 10/09/20X1


Identificação: pagamento de aluguel referente ao mês de setembro no valor
de R$ 5.000,00. O pagamento foi efetuado em dinheiro.
Interpretação: o aluguel do imóvel no qual a empresa está instalada represen-
ta uma despesa para a empresa. Como foi pago em dinheiro, significa que saiu
dinheiro do caixa.
Contas contábeis: a despesa com aluguel é uma conta de resultado e, como
tal, é evidenciada na DRE. Contudo, como estudado na Unidade 4, o resultado da
DRE é evidenciado no patrimônio líquido. Assim, apresentaremos as contas de
resultado em quadros acessórios e daremos continuidade ao método de balanços
sucessivos ajustando o valor do resultado no PL.
Elemento Conta contábil Valor (em R$)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Resultado Lucros/prejuízos acumulados (5.000,00)

Quadro 12 - Quadro auxiliar do Fato 07 / Fonte: a autora.

Como ainda estamos registrando os fatos contábeis, ou seja, ainda não fechamos
um período, não sabemos se o resultado será de lucro ou prejuízo, por isso, utili-
zaremos a conta lucro/prejuízos acumulados. A saída de dinheiro decorrente do
pagamento do aluguel deve ser registrada na conta caixa.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 25.000,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 130.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00

Mercadorias 250.000,00 Passivo não circulante

168
UNICESUMAR

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e equi-
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
pamentos

Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)

Lucros/prejuízos acu-
(5.000,00)
mulados

TOTAL: 707.400,00 TOTAL: 707.400,00

Quadro 13 - Balanço decorrente do Fato 07 / Fonte: a autora.

A despesa diminui o saldo de recursos decorrentes do capital próprio (PL), fa-


zendo com que o saldo do balanço diminua para R$ 707.400,00.

Fato 08: 12/09/20X1


Identificação: venda de calçados à vista no valor de R$ 150.000,00, recebidos
em dinheiro. O custo dos calçados que saíram do estoque foi de R$ 70.000,00.
Interpretação: a venda, na verdade, envolve dois registros: um referente à ven-
da em si e outro referente à baixa do estoque. Isso porque essas duas operações
possuem valores distintos. Imagine que você é um(a) revendedor(a) de roupas: se
você comprar uma calça por R$ 70,00 e vendê-la por R$ 70,00, você não ganhará
nada, não é mesmo?! É por isso que o valor da venda é um e o valor da mercadoria
que sai do estoque é outro. Assim, no primeiro registro, como foi uma venda à
vista recebida em dinheiro, haverá aumento do caixa, esse aumento corresponde
à receita de venda. No segundo registro, deve-se reconhecer a diminuição do
estoque, que, no caso, corresponde a uma despesa.
Contas contábeis: o aumento de dinheiro deve ser registrado na conta caixa
e a geração de receita decorrente da venda deve ser registrada na conta receita
de vendas (resultado). A saída de calçados do estoque deve ser registrada na
conta mercadorias, e a geração de despesa decorrente desse sacrifício deve ser
registrada na conta custo das mercadorias vendidas (resultado).

169
UNIDADE 5

Elemento Conta contábil Valor (em R$)

Receita Receita de vendas 150.000,00

Despesa Custo das mercadorias vendidas (70.000,00)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Resultado Lucros/prejuízos acumulados 75.000,00

Quadro 14 - Quadro auxiliar do Fato 08 / Fonte: a autora.

Após a venda, o novo resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos


acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 175.000,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 130.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00

Mercadorias 180.000,00 Passivo não circulante

Ativo não
Financiamentos a pagar 18.000,00
circulante

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
equipamentos

Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)

Lucros/prejuízos
75.000,00
acumulados

TOTAL: 787.400,00 TOTAL: 787.400,00

Quadro 15 - Balanço decorrente do Fato 08 / Fonte: a autora.

Mesmo após deduzir as despesas — aluguel e custo das mercadorias vendidas


—, a receita de vendas gerou aumento de recursos decorrentes do capital próprio
(PL), aumentando o saldo do balanço para R$ 787.400,00.

170
UNICESUMAR

Fato 09: 12/09/20X1


Identificação: depósito de dinheiro na conta corrente bancária no valor
de R$ 125.000,00.
Interpretação: o depósito provoca a saída de dinheiro da empresa e o
aumento do saldo da conta corrente bancária da empresa.
Contas contábeis: a diminuição de dinheiro deve ser registrada na conta
caixa e o aumento na conta corrente deve ser registrado na conta banco A.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 255.000,00 Financiamentos a pagar 14.400,00

Mercadorias 180.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
equipamentos

Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)

Lucros/prejuízos
75.000,00
acumulados

TOTAL: 787.400,00 TOTAL: 787.400,00

Quadro 16 - Balanço decorrente do Fato 09 / Fonte: a autora.

O saldo do balanço se manteve inalterado, pois não houve aumento nem


diminuição nas fontes de recursos, tanto nas decorrentes de capital próprio
como de capital de terceiros.

171
UNIDADE 5

Fato 10: 15/09/20X1


Identificação: venda de calçados a prazo no valor de R$ 200.000,00. O custo
dos calçados que saíram do estoque foi de R$ 95.000,00.
Interpretação: conforme dito anteriormente, a venda gera dois registros. No
registro da venda, como foi a prazo, surgirá o direito de receber do cliente, esse
direito corresponde à receita de venda. No registro da baixa do estoque, deve-se
reconhecer a saída de mercadorias, que, no caso, corresponde a uma despesa.
Contas contábeis: o aumento/surgimento do direito de receber do cliente
deve ser registrado na conta duplicatas a receber, e a geração de receita decorrente
da venda deve ser registrada na conta receita de vendas (resultado). A saída de
calçados do estoque deve ser registrada na conta mercadorias, e a geração de
despesa decorrente desse sacrifício deve ser registrada na conta custo das mer-
cadorias vendidas (resultado).

Elemento Conta contábil Valor (em R$)

Receita Receita de vendas 350.000,00

Despesa Custo das mercadorias vendidas (165.000,00)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Resultado Lucros/prejuízos acumulados 180.000,00

Quadro 17 - Quadro auxiliar do Fato 10 / Fonte: a autora.

Após a venda, o novo resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos


acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00

172
UNICESUMAR

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Financiamentos a
Banco A 255.000,00 14.400,00
pagar

Duplicatas a
200.000,00 Passivo não circulante
receber

Financiamentos a
Mercadorias 85.000,00 18.000,00
pagar

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e
80.000,00 (-) Capital a integralizar (320.000,00)
equipamentos

Lucros/prejuízos
Veículo 32.400,00 180.000,00
acumulados

TOTAL: 892.400,00 TOTAL: 892.400,00

Quadro 18 - Balanço decorrente do Fato 10 / Fonte: a autora.

Após essa venda, novamente, houve aumento na fonte de recursos próprios (PL),
aumentando o saldo do balanço para R$ 892.400,00.

Fato 11: 16/09/20X1


Identificação: integralização de 25% do capital subscrito por meio da aqui-
sição de calçados.
Interpretação: a nova integralização provocou aumento no estoque de calça-
dos e a diminuição da dívida dos sócios com a empresa. 25% do capital subscrito
correspondem a R$ 200.000,00.
Contas contábeis: o aumento do estoque deve ser registrado na conta mer-
cadorias e diminuição da dívida dos sócios deve ser registrada na conta capital
a integralizar.

173
UNIDADE 5

Registro:
BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)
ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 50.000,00 Fornecedores 200.000,00

Financiamentos a
Banco A 255.000,00 14.400,00
pagar

Duplicatas a receber 200.000,00 Passivo não circulante

Financiamentos a
Mercadorias 285.000,00 18.000,00
pagar

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e (-) Capital a


80.000,00 (120.000,00)
equipamentos integralizar

Lucros/Prejuízos
Veículo 32.400,00 180.000,00
acumulados

TOTAL: 1.092.400,00 TOTAL: 1.092.400,00

Quadro 19 - Balanço decorrente do Fato 11 / Fonte: a autora.

O capital investido pelos sócios é uma fonte de recurso próprio, por isso, o saldo
do balanço aumentou para R$ 1.092.400,00.

Fato 12: 20/09/20X1


Identificação: pagamento da primeira parcela do financiamento em dinheiro.
Interpretação: o pagamento provocou a saída de dinheiro da empresa, mas,
em contrapartida, houve a diminuição do saldo da dívida do financiamento.
Contas contábeis: a diminuição de dinheiro deve ser registrada na conta caixa
e a diminuição da dívida deve ser registrada na conta financiamentos a pagar
do passivo circulante.
Registro:

174
UNICESUMAR

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 49.100,00 Fornecedores 200.000,00

Banco A 255.000,00 Financiamentos a pagar 13.500,00

Duplicatas a
200.000,00 Passivo não circulante
receber

Mercadorias 285.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e
80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00)
equipamentos

Lucros/prejuízos
Veículo 32.400,00 180.000,00
acumulados

TOTAL: 1.091.500,00 TOTAL: 1.091.500,00


Quadro 20 - Balanço decorrente do Fato 12 / Fonte: a autora.

Ao pagar a parcela do financiamento, a empresa está devolvendo o recurso obtido


por meio de terceiros, o que provocou a diminuição do saldo do balanço.

Fato 13: 21/09/20X1


Identificação: pagamento da dívida com fornecedores por meio de transferên-
cia bancária. Como o pagamento foi realizado antes do vencimento, o fornecedor
concedeu 10% de desconto.
Interpretação: o pagamento provoca a diminuição da dívida com fornecedo-
res, que, no caso, é de R$ 200.000,00, e a diminuição do saldo da conta corrente
em R$ 180.000,00. A diferença de R$ 20.000,00 se refere ao desconto concedido
pelo fornecedor, o qual representa uma receita para a empresa.
Contas contábeis: a diminuição da conta corrente deve ser registrada na
conta banco A, a diminuição da dívida deve ser registrada na conta fornece-
dores e a receita gerada pelo desconto deve ser registrada na conta descontos
financeiros obtidos (resultado).

175
UNIDADE 5

Elemento Conta contábil Valor (em R$)

Receita Receita de vendas 350.000,00

Despesa Custo das mercadorias vendidas (165.000,00)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Receita Descontos financeiros obtidos 20.000,00

Resultado Lucros/prejuízos acumulados 200.000,00


Quadro 21 - Quadro auxiliar do Fato 13 / Fonte: a autora.

Após a quitação da dívida com fornecedores e obtenção do desconto, o novo


resultado deve ser registrado na conta lucros/prejuízos acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 49.100,00 Financiamentos a pagar 13.500,00

Banco A 75.000,00 Passivo não circulante

Duplicatas a receber 200.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00

Mercadorias 285.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e equipa-
80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00)
mentos

Lucros/prejuízos acu-
Veículo 32.400,00 200.000,00
mulados

TOTAL: 911.500,00 TOTAL: 911.500,00


Quadro 22 - Balanço decorrente do Fato 13 / Fonte: a autora.

Mesmo com o desconto, o pagamento de fornecedores representou a devolução


de recursos decorrentes de capital de terceiros, assim o saldo do balanço diminuiu
para R$ 911.500,00.

176
UNICESUMAR

Fato 14: 25/09/20X1


Identificação: recebimento de clientes no valor de R$ 90.000,00, sendo R$
18.000,00 em dinheiro e o restante por meio de transferência bancária.
Interpretação: o recebimento provocou aumento de R$ 18.000,00 em dinhei-
ro e de R$ 72.000,00 na conta corrente. Em contrapartida, houve a diminuição
do direito de receber do cliente.
Contas contábeis: o aumento de dinheiro deve ser registrado na conta caixa,
o aumento da conta corrente deve ser registrado na conta banco A e a diminuição
do direito deve ser registrada na conta duplicatas a receber.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Financiamentos a
Caixa 67.100,00 13.500,00
pagar

Banco A 147.000,00 Passivo não circulante

Duplicatas a rece- Financiamentos a


110.000,00 18.000,00
ber pagar

Mercadorias 285.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e equipa-
80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00)
mentos

Lucros/prejuízos acu-
Veículo 32.400,00 200.000,00
mulados

TOTAL: 911.500,00 TOTAL: 911.500,00

Quadro 23 - Balanço decorrente do Fato 14 / Fonte: a autora.

Após o registro desse fato, o balanço permaneceu inalterado, pois houve apenas
a transformação de um recurso — o direito de receber — em outro — dinheiro
no caixa e na conta corrente.

177
UNIDADE 5

Fato 15: 28/09/20X1


Identificação: compra de calçados no montante de R$ 120.000,00, sendo que
R$ 40.000,00 foram pagos à vista por meio de transferência bancária e o restante
ficou para pagamento em 30 dias.
Interpretação: a compra de calçados aumentou os bens da empresa. Por outro
lado, essa compra provocou mais duas movimentações, diminuição no saldo da
conta corrente e aumento da dívida com fornecedores.
Contas contábeis: o aumento do estoque é registrado na conta mercadorias,
a diminuição da conta corrente é registrada na conta banco A e a dívida gerada
é registrada na conta fornecedores.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00

Banco A 107.000,00 Financiamentos a pagar 13.500,00

Duplicatas a
110.000,00 Passivo não circulante
receber

Mercadorias 405.000,00 Financiamentos a pagar 18.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 190.000,00 Capital subscrito 800.000,00

Máquinas e
80.000,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00)
equipamentos

Lucros/Prejuízos
Veículo 32.400,00 200.000,00
acumulados

TOTAL: 991.500,00 TOTAL: 991.500,00

Quadro 24 - Balanço decorrente do Fato 15 / Fonte: a autora.

O saldo do balanço aumentou, pois parte da compra foi a prazo, o que provocou
a captação de recursos de terceiros.

178
UNICESUMAR

Fato 16: 30/09/20X1


Identificação: reconhecimento da despesa com salário do mês de setembro
no valor de R$ 15.000,00, o qual será pago no mês de outubro.
Interpretação: o salário dos funcionários é uma despesa para a empresa e, como tal,
deve ser registrada no período em que foi gerada. Assim, por mais que o pagamento
ocorra em outubro, a despesa com salário deve ser reconhecida no mês de setembro.
Em contrapartida ao reconhecimento da despesa, surge a obrigação de pagar o salário.
Contas contábeis: a despesa deve ser registrada na conta salários e ordenados
(resultado) e a obrigação na conta salários a pagar.

Elemento Conta contábil Valor (em R$)

Receita Receita de vendas 350.000,00

Despesa Custo das mercadorias vendidas (165.000,00)

Despesa Salários e ordenados (15.000,00)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Receita Descontos financeiros obtidos 20.000,00

Resultado Lucros/prejuízos acumulados 185.000,00

Quadro 25 - Quadro auxiliar do Fato 16 / Fonte: a autora.

Após o reconhecimento da despesa com salário, o novo resultado deve ser regis-
trado na conta lucros/prejuízos acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00

Banco A 107.000,00 Salários a pagar 15.000,00

Duplicatas a Financiamentos a
110.000,00 13.500,00
receber pagar

179
UNIDADE 5

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Mercadorias 405.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
equipamentos

Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00)

Lucros/Prejuízos
185.000,00
acumulados

TOTAL: 991.500,00 TOTAL: 991.500,00

Quadro 26 - Balanço decorrente do Fato 16 / Fonte: a autora.

Como a despesa com salário ainda não foi paga, o saldo do balanço não foi alterado.

Fato 17: 30/09/20X1


Identificação: reconhecimento da despesa com depreciação dos ativos imo-
bilizados no montante de R$ 4.000,00.
Interpretação: a depreciação corresponde ao desgaste do bem imobilizado em
função do uso, o que provoca a diminuição de seu valor, contudo essa diminuição
não é registrada diretamente na conta contábil, que representa o imobilizado
para que o usuário consiga identificar o valor do bem e quanto já foi depreciado.
Como o bem perde valor, gera-se uma despesa para a empresa.
Contas contábeis: para evidenciar a diminuição do valor do bem, utiliza-se a
conta depreciação acumulada, que é uma conta redutora (negativa) do ativo; ao
confrontar o valor dos imobilizados com a depreciação acumulada, encontra-se
o valor contábil do bem. O correto é registrar separadamente o valor da depre-
ciação de cada bem, mas, nesse exemplo, registraremos o valor total. A despesa
gerada deve ser registrada na conta depreciação e amortização (resultado).

Elemento Conta contábil Valor (em R$)

Receita Receita de vendas 350.000,00

180
UNICESUMAR

Elemento Conta contábil Valor (em R$)

Despesa Custo das mercadorias vendidas (165.000,00)

Despesa Salários e ordenados (15.000,00)

Despesa Aluguel de imóveis (5.000,00)

Despesa Depreciação e amortização (4.000,00)

Receita Descontos financeiros obtidos 20.000,00

Resultado Lucros/prejuízos acumulados 181.000,00

Quadro 27 - Quadro auxiliar do Fato 17 / Fonte: a autora.

Após o reconhecimento da despesa com depreciação, o novo resultado deve ser


registrado na conta lucros/prejuízos acumulados.
Registro:

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$)


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 67.100,00 Fornecedores 80.000,00

Banco A 107.000,00 Salários a pagar 15.000,00

Duplicatas a receber 110.000,00 Financiamentos a pagar 13.500,00

Mercadorias 405.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante Financiamentos a pagar 18.000,00

Móveis e utensílios 190.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e equipa-
80.000,00 Capital subscrito 800.000,00
mentos

Veículo 32.400,00 (-) Capital a integralizar (120.000,00)

(-) Depreciação acu- Lucros/Prejuízos acu-


(4.000,00) 181.000,00
mulada mulados

TOTAL: 987.500,00 TOTAL: 987.500,00


Quadro 28 - Balanço decorrente do Fato 17 / Fonte: a autora.

181
UNIDADE 5

A despesa com depreciação diminuiu o valor do patrimônio líquido, que repre-


senta a fonte de recursos decorrentes de capital próprio. Com isso, o saldo do
balanço diminuiu, totalizando R$ 987.500,00.
Pela metodologia dos balanços sucessivos, elaboramos um balanço após
cada fato contábil, atualizando as alterações provocadas. No entanto, na prática,
a Contabilidade registra os fatos por meio dos lançamentos em débito e crédito
e, ao final do período, apura o saldo das contas e elabora o balanço patrimonial
e a DRE. O balanço patrimonial do final do mês de setembro da empresa Fato
a Fato Ltda. seria exatamente esse apresentado após o registro do Fato 17, já a
DRE precisa ser estruturada considerando as contas de resultado apresentadas
nos quadros auxiliares, conforme apresentado a seguir:

Demonstração do Resultado da empresa Fato a Fato Ltda.


Período de 01/09/20X1 a 30/09/20X1

Em R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Receita de vendas 350.000,00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA 0,00

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 350.000,00

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custos das mercadorias vendidas (165.000,00)

(=) LUCRO BRUTO 185.000,00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas gerais e administrativas

Salários e ordenados (15.000,00)

Aluguel de imóveis (5.000,00)

Depreciação e amortização (4.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 161.000,00

182
UNICESUMAR

Demonstração do Resultado da empresa Fato a Fato Ltda.


Período de 01/09/20X1 a 30/09/20X1

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Descontos financeiros obtidos 20.000,00

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 181.000,00

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 0,00

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 181.000,00

(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 0,00

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 0,00

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 181.000,00

Quadro 29 - Demonstração do Resultado da empresa Fato a Fato Ltda. / Fonte: a autora.

Agora, sim, finalizado o processo contábil. Espero que você tenha compreendido
como as demonstrações contábeis são resultado dos fatos ocorridos na entidade
durante um período: os registros, ou lançamentos, contam a história dos acon-
tecimentos da entidade e, ao final de um período, o resultado dessa história é
apresentado por meio das demonstrações.

NOVAS DESCOBERTAS

Quer conhecer como seriam os registros dos fatos da empresa Fato a Fato
Ltda. pelo mecanismo de débito e crédito? Então assista ao vídeo.
Quer conhecer como seriam os registros dos fatos da empresa Fato a
Fato Ltda. pelo mecanismo de débito e crédito? Então acesse o qr code
para saber mais.

Agora que você compreendeu que as demonstrações contábeis são o resultado


de toda uma história que é contada por meio dos lançamentos, que tal buscar
enxergar a história da empresa Estilo? Observe o balanço patrimonial da empresa
e busque identificar quais fatos podem ter ocorrido para que a empresa chegasse
à situação apresentada.

183
UNIDADE 5

Balanço patrimonial da empresa Estilo Ltda.


Encerrado em 31/12/20X1

ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Disponível Fornecedores

Caixa 15.000,00 Fornecedor X 75.000,00

Banco A 203.000,00 Salários e encargos sociais

Créditos Salários a pagar 15.000,00

Duplicatas a
62.000,00 Férias a pagar 3.000,00
receber

Estoque Obrigações fiscais

Mercadorias 388.000,00 Impostos a recolher 16.000,00

Materiais de
8.000,00 Obrigações financeiras
consumo

ATIVO NÃO CIRCULANTE Empréstimos e finan. 35.000,00

Imobilizado PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Máquinas e
15.000,00 Obrigações financeiras
equipamentos

Móveis e
205.000,00 Empréstimos e finan. 17.000,00
utensílios

(-) Depreciação
(20.000,00) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
acumulada

Intangível Capital Social

Ponto comercial 75.000,00 Capital subscrito 600.000,00

Lucros ou prejuízos acumulados

Lucro do exercício 190.000,00

TOTAL DO ATIVO 951.000,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 951.000,00


Quadro 30 - Balanço patrimonial da empresa Estilo / Fonte: a autora.

184
UNICESUMAR

Com certeza, não é possível saber exatamente todos


os fatos que ocorreram na empresa até o momen-
to do levantamento do balanço, contudo é possível
identificar alguns acontecimentos, como: a empre-
sa comprou mercadorias a prazo, pois existe dívi-
da com fornecedores, mas também comprou
mercadoria à vista, afinal o saldo da conta
mercadoria é maior do que a dívida com
fornecedores; a empresa vendeu merca-
dorias a prazo, pois há valor a receber de
cliente (duplicatas a receber); todo o valor
do capital social já foi integralizado, pois
não há saldo na conta capital a in-
tegralizar; a empresa contratou
um empréstimo a ser pago em
várias parcelas — há valor no
passivo circulante e no não
circulante. Espero que você
consiga identificar outros
fatos também.

185
1. A Contabilidade por balanços sucessivos é bastante simples: a cada operação reali-
zada pela empresa se faz a alteração em um novo balanço (MARION, 2015).

MARION, J. C. Contabilidade Básica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

Considerando a metodologia dos balanços sucessivos, considere que uma empresa


apresentou o seguinte balanço após a sua constituição:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 20.000,00 Passivo não circulante

Banco A 80.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e equipamentos 200.000,00 Capital Social 300.000,00

Total: 300.000,00 Total 300.000,00


Quadro 1 - Balanço patrimonial após constituição da empresa / Fonte: a autora.

Como você pôde perceber, a empresa foi constituída com um Capital Social — in-
vestimento dos sócios — no montante de R$ 300.000,00, sendo integralizados R$
20.000,00 em dinheiro, R$ 80.000,00 em depósito bancário e R$ 200.000,00 em
máquinas e equipamentos. Após a contabilização de um novo fato, o balanço da
empresa ficou da seguinte forma:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa 20.000,00 Fornecedores 30.000,00

Banco A 60.000,00 Passivo não circulante

Mercadorias 50.000,00

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Máquinas e equipamentos 200.000,00 Capital Social 300.000,00

Total: 330.000,00 Total 330.000,00


Quadro 2 - Balanço patrimonial após fato contábil / Fonte: a autora.

186
Analisando as alterações provocadas no balanço após a contabilização, assinale a
alternativa que descreve corretamente o fato contábil registrado.

a) Compra de máquinas e equipamentos a prazo.


b) Compra de móveis e utensílios à vista.
c) Venda de mercadorias a prazo.
d) Compra de mercadorias, sendo parte à vista e parte a prazo.
e) Integralização de capital em mercadorias.

UTILIZE OS DADOS A SEGUIR PARA RESOLVER AS QUESTÕES 2 E 3.

João e Maria acabam de constituir uma empresa comercial. Os fatos ocorridos no


primeiro mês de operação foram:

• 01/03: subscrição de Capital Social no valor de R$ 420.000,00.

• 03/03: integralização de 80% do capital subscrito, sendo R$ 216.000,00 em de-


pósito bancário e R$ 120.000,00 em instalações.

• 05/03: compra a prazo de móveis e utensílios no valor de R$ 150.000,00. O


pagamento será realizado em seis parcelas de R$ 25.000,00.

• 09/03: compra à vista de equipamentos de informática no valor de R$ 40.000,00.

• 12/03: compra de mercadorias no valor de R$ 180.000,00, sendo R$ 50.000,00


à vista e o restante a prazo.

• 18/03: transferência bancária no valor de R$ 70.000,00 para conta de aplicação


financeira de liquidez imediata.

• 28/03: pagamento da primeira parcela referente à compra de móveis e utensílios


realizada no dia 05/03 por meio de transferência bancária.

2. Descreva o que cada fato provocou no patrimônio da empresa, identificando, no


mínimo, duas movimentações, de forma que o balanço permaneça sempre em
equilíbrio.

3. Elabore um balanço patrimonial para cada fato utilizando o método dos balanços
sucessivos.

187
UNIDADE 1

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 12
maio 2022.

BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no


6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às
sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações
financeiras. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/
lei/l11638.htm. Acesso em: 12 maio 2022.

CARAVELAS: Bartolomeu Dias, Boa Esperança e Vera Cruz. Samuel & Filhos, LDA., [2022]. Dis-
ponível em: https://www.samuelefilhos.pt/portefolio-caravela.html. Acesso em: 12 maio 2022.

CFC. NBC TG 26 (R5), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 26 (R4) que dispõe sobre
apresentação das demonstrações contábeis. 2017. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sis-
web/SRE/docs/NBCTG26(R5).pdf. Acesso em: 12 maio 2022.

CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à NBC TG


ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório financeiro.
2019. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTGEC.pdf. Acesso em: 12
maio 2022.

FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021.

FRANCO, H. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15. ed. São Paulo: Atlas, 1989.

HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto


Sanvicente. 1. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.

IUDÍCIBUS, S. de et al. Contabilidade Introdutória. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

SERASA EXPERIAN. Ir à Falência: veja os principais motivos e como evitá-los. Blog Empresas,
12 jun. 2020. Disponível em: https://empresas.serasaexperian.com.br/blog/ir-a-falencia-veja-
-os-principais-motivos-e-como-evita-los/. Acesso em: 12 maio 2022.

SZUSTER, N. et al. Contabilidade Geral: introdução à Contabilidade Societária. São Paulo:


Atlas, 2013.

188
UNIDADE 2

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de dezembro de 2002. Institui o Código Civil. 2002. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 23 nov.
2021.

FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 4. ed. Curitiba: Positi-


vo- Livros, 2009.

FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021.

IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade para Não Contadores. 8. ed. São Paulo: Atlas,
2018.

MARION, J. C. Contabilidade Básica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

UNIDADE 3

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso
em: 18 maio 2022.

BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no


6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende
às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstra-
ções financeiras. 2007. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/
l11638.htm. Acesso em: 19 maio 2022.

CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à NBC TG


ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório financeiro.
2019. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTGEC.pdf. Acesso em: 18
maio 2022.

FRAGALLI, A. C.; SILVA, J. M. da. Contabilidade Empresarial. Maringá: UniCesumar, 2021.

GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades de


acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021.

IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de Contabilidade para Não Contadores: para as áreas
de Administração, Economia, Direito e Engenharia. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

NASCIMENTO, C. de L. Contabilidade Intermediária. Maringá: UniCesumar, 2019.

189
UNIDADE 4

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso
em: 19 maio 2022.

CFC. NBC TG 26 (R5), de 24 de novembro de 2017. Altera a NBC TG 26 (R4) que dispõe sobre
apresentação das demonstrações contábeis. 2017. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sis-
web/SRE/docs/NBCTG26(R5).pdf. Acesso em: 12 maio 2022.

CFC. NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à NBC TG


ESTRUTURA CONCEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório financeiro.
2019. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTGEC.pdf. Acesso em: 18
maio 2022.

GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades de


acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021.

MARION, J. C. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

NASCIMENTO, C. de L. Contabilidade Intermediária. Maringá: UniCesumar, 2019.

UNIDADE 5

HENDRIKSEN, E. S.; BREDA, M. F. van. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto


Sanvicente. 1. ed. 10. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012.

MARION, J. C. Contabilidade Básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

ANEXO

CFC. Edital do Exame de Suficiência Edição nº 02/2021. Exame de suficiência como requisito
para obtenção de registro profissional em Conselho Regional de Contabilidade (CRC). 2021.
Disponível em: https://d3du0p87blxrg0.cloudfront.net/concursos/1515/1_1213980.pdf. Aces-
so em: 20 maio 2022.

190
UNIDADE 1

1. O surgimento das partidas dobradas justamente na Itália não foi por acaso. As cidades
italianas de Veneza, Gênova, Florença, Pisa e outras representavam o que de mais
avançado poderia existir, na época, em termos de empreendimentos comerciais e
industriais (IUDÍCIBUS, 2015). Nesse sentido, nada mais natural do que justamente
os italianos desenvolverem um mecanismo de controle patrimonial que auxiliasse
os negócios.

IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

2. A Contabilidade utiliza números, mas estes não são sua razão de ser. A Contabilidade
não tem como objetivo alcançar um número exato e nem obter uma fórmula definitiva
para alcançar um resultado. Ela tem como objetivo gerar informação sobre o patrimô-
nio; este, por sua vez, representa o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma
ou mais pessoas. Ao acompanhar esse patrimônio, a Contabilidade busca analisar o
aspecto social da entidade, seja ela uma pessoa física ou jurídica, verificando como o
seu patrimônio foi afetado pelas decisões tomadas.

3. Os usuários internos são aqueles que trabalham na empresa e ocupam cargos que
requerem a tomada de decisões e, por isso, necessitam de informações direcionadas.
Já os usuários externos não possuem relação de trabalho com a empresa, mas, tam-
bém, necessitam de informações para a tomada de decisões. Para esses usuários, as
informações são, normalmente, padronizadas (FAVERO et al., 2011).

FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

4. E. Considerando uma indústria como geradora das informações contábeis, o Governo


representa um usuário externo; a diretoria, um usuário interno; o gerente de produção,
um usuário interno; e instituições financeiras, um usuário externo.

5. D. A afirmativa I está incorreta, pois quanto maior o nível de complexidade das ati-
vidades desempenhadas pela entidade, maior também será a complexidade e o
detalhamento das informações contábeis.

191
UNIDADE 2

1. Patrimônio líquido = Ativo – Passivo.


Patrimônio líquido = R$ 385.000,00 - R$ 268.000,00.
Patrimônio líquido = 117.000,00.

2. A situação patrimonial da empresa Beta é negativa, pois o valor total do ativo (R$
140.000,00) é menor que o valor total do passivo (R$ 162.000,00), o que significa
que ela não tem recursos suficientes para cobrir as suas obrigações exigíveis, pois
faltam R$ 22.000,00.

3.

ATIVO PASSIVO

Caixa R$ 23.000,00 Fornecedores R$ 71.300,00

Banco c/ movimento R$ 166.000,00 Impostos a recolher R$ 38.200,00

Duplicatas a receber R$ 57.800,00 Salários a pagar R$ 22.700,00

Mercadorias R$ 85.400,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Invest. em outras
R$ 60.000,00 Capital Social R$ 350.000,00
companhias

Móveis e utensílios R$ 180.000,00 Lucros acumulados R$ 90.000,00

R$
Total do ativo R$ 572.200,00 Total do passivo + PL
572.200,00

4. C. O lado do passivo e patrimônio líquido representa a fonte de recursos, toda a


origem de capital, sendo que o passivo (obrigação exigível) representa os recursos
de terceiros, ou Capital de Terceiros, e o patrimônio líquido (obrigação não exigível)
representa os recursos próprios, ou Capital Próprio. Já o lado do ativo é caracterizado
pela aplicação desses recursos. O grupo do passivo, que representa as obrigações
exigíveis, é conhecido como capital de terceiros, pois representa os recursos origi-
nados de pessoas (físicas ou jurídicas) de fora da empresa, já o grupo do patrimônio
líquido, que representa obrigações não exigíveis, é conhecido como capital próprio,
pois representa recursos originados de pessoas (físicas ou jurídicas) envolvidas com
a empresa, ou seja, recursos de seus sócios ou acionistas.

5. A. Assim como no exemplo apresentado no material (salários a pagar), todas as dívi-


das registradas no passivo correspondem à fonte de recursos porque, até que sejam
pagas, o dinheiro permanece à disposição da entidade.

192
UNIDADE 3

1. As contas classificadas incorretamente são mercadorias, financiamentos a pagar


(LP) e reserva de lucros. A conta mercadorias deve ser classificada como ativo
circulante, pois representa um bem para a entidade e é movimentada no curto
prazo. A conta financiamentos a pagar (LP) deve ser classificada como passivo não
circulante, pois representa uma obrigação que vencerá no longo prazo. A conta
reserva de lucros deve ser classificada como patrimônio líquido, pois representa
um capital próprio da entidade.

2. D. Para calcular o valor do patrimônio líquido, primeiramente, é necessário encontrar


o valor dos outros grupos de elementos patrimoniais.

Conta contábil Valor Classificação

Caixa R$ 23.000,00 Ativo

Duplicatas a receber R$ 57.800,00 Ativo

Fornecedores R$ 71.300,00 Passivo

Móveis e utensílios R$ 180.000,00 Ativo

Salários a pagar R$ 22.700,00 Passivo

Mercadorias R$ 85.400,00 Ativo

Banco R$ 166.000,00 Ativo

Investimentos em outras companhias R$ 60.000,00 Ativo

Impostos a recolher R$ 38.200,00 Passivo

Tabela 1 - Classificação dos elementos patrimoniais / Fonte: a autora.

Agora, basta aplicar a fórmula:

Patrimônio líquido = Ativo - Passivo

Patrimônio líquido = R$ 572.200,00 - R$ 132.200,00

Patrimônio líquido = R$ 440.000,00

193
3. Primeiramente, a classificação:

CONTAS CONTÁBEIS Valor em R$ Classificação

Caixa 15.000,00 Ativo circulante

Duplicatas a receber 43.000,00 Ativo circulante

Impostos a recuperar 9.100,00 Ativo circulante

Reserva de lucros para expansão 65.000,00 Patrimônio líquido

Empréstimos e financiamentos - LP 52.000,00 Passivo não circulante

Mercadorias 74.000,00 Ativo circulante

Fornecedores 52.700,00 Passivo circulante

Investimentos em outras companhias 80.000,00 Ativo não circulante

Banco conta movimento 27.300,00 Ativo circulante

Duplicatas a receber - LP 15.000,00 Ativo não circulante

Veículos 35.000,00 Ativo não circulante

Máquinas e equipamentos 70.000,00 Ativo não circulante

Capital Social 300.000,00 Patrimônio líquido

Marcas e patentes 10.000,00 Ativo não circulante

Salários a pagar 22.000,00 Passivo circulante

Móveis e utensílios 180.000,00 Ativo não circulante

Aluguel a pagar 6.100,00 Passivo circulante

Impostos a recolher 13.800,00 Passivo circulante

Fornecedores - LP 19.000,00 Passivo não circulante

Empréstimos e financiamentos 27.800,00 Passivo circulante

Tabela 2 - Classificação das contas contábeis empresa X / Fonte: a autora.

Agora, o balanço patrimonial:

194
Balanço patrimonial da empresa X
Encerrado em 31/12/20X1

ATIVO Em R$ PASSIVO Em R$

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Disponível Fornecedores

Caixa 15.000,00 Fornecedores 52.700,00

Salários e encargos
Banco A 27.300,00
sociais

Créditos Salários a pagar 22.000,00

Duplicatas a receber 43.000,00

Impostos a
9.100,00 Obrigações fiscais
recuperar

Impostos a
Estoque 13.800,00
recolher

Mercadorias 74.000,00 Obrigações financeiras

Empréstimos e
ATIVO NÃO CIRCULANTE 27.800,00
finan.

Realizável a longo prazo Contas a pagar

Duplicatas a receber 15.000,00 Aluguel a pagar 6.100,00

Investimentos PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Investim. em outras
80.000,00 Fornecedores
cias.

Imobilizado Fornecedores 19.000,00

Máquinas e
70.000,00 Obrigações financeiras
equipamentos

Empréstimos e
Veículos 35.000,00 52.000,00
finan.

195
Balanço patrimonial da empresa X
Encerrado em 31/12/20X1

Móveis e utensílios 180.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Intangível Capital Social

Marcas e patentes 10.000,00 Capital subscrito 300.000,00

Reserva de lucros

Res. de lucros
65.000,00
para expansão

TOTAL DO PASSIVO
TOTAL DO ATIVO 558.400,00 558.400,00
+ PL

Quadro 1 - Balanço Patrimonial empresa X / Fonte: a autora.

UNIDADE 4

1. Para apurar o resultado pelo regime de caixa, é necessário observar os fatos que
provocaram entrada ou saída de dinheiro no mês de setembro. Já para apurar o
resultado pelo regime de competência, é necessário observar os fatos que geraram
receita ou despesa no mês de setembro:

Fatos do mês de
Valor Caixa Competência
setembro

Compra de mercadorias a
R$ 15.800,00
prazo

Compra de mercadorias
R$ 12.600,00 (R$ 12.600,00)
à vista

Venda de mercadorias a
R$ 40.300,00 R$ 40.300,00
prazo

Venda de mercadorias à
R$ 11.700,00 R$ 11.700,00 R$ 11.700,00
vista

196
Custos das mercadorias
R$ 22.500,00 (R$ 22.500,00)
vendidas

Despesas incorridas e
R$ 16.000,00 (R$ 16.000,00) (R$ 16.000,00)
pagas

Despesas incorridas a
R$ 7.600,00 (R$ 7.600,00)
pagar

Resultado (R$ 16.900,00) R$ 5.900,00

Quadro 1 - Resultado da empresa Rende Mais Ltda. pelo regime de caixa e pelo regime de competência
Fonte: a autora.

2. A. A venda de produtos corresponde à atividade principal da empresa, por isso, é uma


receita operacional bruta. Os juros sobre aplicação financeira estão relacionados à re-
muneração pelo fornecimento de capital a terceiros, por isso, é uma receita financeira.

3.

Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Doce Lar Ltda.


Período de 01/04/20X1 a 30/04/20X1

Em R$

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

Venda de mercadorias 800.000,00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Devolução de vendas (13.000,00)

Abatimentos sobre vendas (47.000,00)

Tributos sobre vendas (165.000,00)

(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 575.000,00

(-) CUSTO DAS VENDAS

Custos das mercadorias vendidas (340.000,00)

(=) LUCRO BRUTO 235.000,00

197
Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Doce Lar Ltda.
Período de 01/04/20X1 a 30/04/20X1

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com vendas (20.000,00)

Despesas gerais e administrativas (58.000,00)

(=) LUCRO ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO 157.000,00

(-) DESPESAS FINANCEIRAS

Juros sobre empréstimos (3.000,00)

(+) RECEITAS FINANCEIRAS

Descontos recebidos 5.000,00

(=) RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 159.000,00

(-) TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Imposto de renda (24.000,00)

Contribuição social sobre o lucro líquido (11.000,00)

(=) RESULTADO DAS OPERAÇÕES CONTINUADAS 124.000,00

(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS

Ganho na venda de imobilizado 8.000,00

(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 132.000,00


Quadro 2 - Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Doce Lar Ltda./ Fonte: a autora.

UNIDADE 5

1. D. No segundo balanço, surgiu a conta mercadorias no valor de R$ 50.000,00, o que


representa a compra de mercadorias. Houve, também, o surgimento da conta for-
necedores no valor de R$ 30.000,00, o que significa que a compra gerou uma dívida,
mas não no mesmo valor da compra. A diferença está na diminuição de R$ 20.000,00
na conta banco A.

198
2. 01/03: a subscrição do capital representa que a empresa recém-constituída passa a
possuir um Capital Social, registrado no patrimônio líquido. Em contrapartida, como
os sócios ainda não integralizaram o capital, o valor a ser recebido dos sócios fica
registrado na conta capital a integralizar.

03/03: a integralização do capital na forma de depósito bancário provoca o aumento


na conta banco A e a integralização em instalações provoca aumento da conta insta-
lações. Em contrapartida, houve uma diminuição na conta capital a integralizar em
função da diminuição do saldo a ser recebido dos sócios.

05/03: compra provocou aumento na conta móveis e utensílios. Em contrapartida, por ter
sido a prazo, provocou o aumento de uma dívida registrada na conta dividendos a pagar.

09/03: a compra provocou aumento na conta computadores e periféricos. Em con-


trapartida, por ter sido à vista, diminuiu o saldo da conta banco A.

12/03: a compra provocou aumento na conta mercadorias. Em contrapartida, o valor


pago à vista provocou diminuição da conta banco A, já o valor a ser pago a prazo
provocou o aumento de uma dívida registrada na conta fornecedores.

18/03: a transferência provocou aumento na conta aplicações financeiras de liquidez


imediata. Em contrapartida, provocou a diminuição da conta banco A.

28/03: o pagamento provocou a diminuição da conta banco A. Em contrapartida,


também, houve a diminuição da dívida correspondente, que havia sido registrada na
conta dividendos a pagar.

3.

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 01/03


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital subscrito 420.000,00

(-) Capital a integralizar (420.000,00)

TOTAL: 0,00 TOTAL: 0,00


Quadro 1 - Balanço decorrente do Fato 01/ Fonte: a autora.

199
BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 03/03
ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Banco A 216.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Instalações 120.000,00 Capital subscrito 420.000,00

(-) Capital a integralizar (84.000,00)

TOTAL: 336.000,00 TOTAL: 336.000,00

Quadro 2 - Balanço decorrente do Fato 02/ Fonte: a autora.

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 05/03


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Banco A 216.000,00 Dividendos a pagar 150.000,00

Ativo não circulante Passivo não circulante

Instalações 120.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e
150.000,00 Capital subscrito 420.000,00
utensílios

(-) Capital a
(84.000,00)
integralizar

TOTAL: 486.000,00 TOTAL: 486.000,00

Quadro 3 - Balanço decorrente do Fato 03 / Fonte: a autora.

200
BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 09/03
ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Banco A 176.000,00 Dividendos a pagar 150.000,00

Ativo não circulante Passivo não circulante

Instalações 120.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e utensílios 150.000,00 Capital subscrito 420.000,00

Computadores e (-) Capital a


40.000,00 (84.000,00)
periféricos integralizar

TOTAL: 486.000,00 TOTAL: 486.000,00


Quadro 4 - Balanço decorrente do Fato 04 / Fonte: a autora.

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 12/03


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Banco A 126.000,00 Fornecedores 130.000,00

Mercadorias 180.000,00 Dividendos a pagar 150.000,00

Ativo não circulante Passivo não circulante

Instalações 120.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Móveis e
150.000,00 Capital subscrito 420.000,00
utensílios

Computadores e (-) Capital a


40.000,00 (84.000,00)
periféricos integralizar

TOTAL: 616.000,00 TOTAL: 616.000,00

Quadro 5 - Balanço decorrente do Fato 05 / Fonte: a autora.

201
BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 18/03
ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Banco A 56.000,00 Fornecedores 130.000,00

Aplicação finan.
70.000,00 Dividendos a pagar 150.000,00
Liq. Imed.

Mercadorias 180.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Instalações 120.000,00 Capital subscrito 420.000,00

Móveis e utensílios 150.000,00 (-) Capital a integralizar (84.000,00)

Computadores e
40.000,00
periféricos

TOTAL: 616.000,00 TOTAL: 616.000,00


Quadro 6 - Balanço decorrente do Fato 06 / Fonte: a autora.

BALANÇO PATRIMONIAL (EM R$) - 28/03


ATIVO PASSIVO

Ativo circulante Passivo circulante

Banco A 31.000,00 Fornecedores 130.000,00

Aplicação finan.
70.000,00 Dividendo a pagar 125.000,00
Liq. Imed.

Mercadorias 180.000,00 Passivo não circulante

Ativo não circulante PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Instalações 120.000,00 Capital subscrito 420.000,00

Móveis e utensílios 150.000,00 (-) Capital a integralizar (84.000,00)

Computadores e
40.000,00
periféricos

TOTAL: 591.000,00 TOTAL: 591.000,00


Quadro 7 - Balanço decorrente do Fato 07 / Fonte: a autora.
202
ANEXO A

CÓDIGO CONTA

1 ATIVO

1.01 ATIVO CIRCULANTE

1.01.01 CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA

1.01.01.01 CAIXA E FUNDO FIXO

1.01.01.01.001 CAIXA

1.01.01.01.002 FUNDO FIXO

1.01.01.02 BANCOS CONTA MOVIMENTO

1.01.01.02.001 BANCO A

1.01.01.02.002 BANCO B

1.01.01.03 APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE LIQUIDEZ IMEDIATA

1.01.01.03.001 BANCO A

1.01.01.03.002 BANCO B

1.01.02 APLICAÇÕES FINANCEIRAS

1.01.02.01 DISPONÍVEIS PARA VENDA

1.01.02.02 MANTIDAS ATÉ O VENCIMENTO

1.01.02.03 AVALIADAS AO VALOR JUSTO POR MEIO DO RESULTADO

1.01.02.04 AVALIADAS PELO CUSTO

1.01.02.04.001 APLICAÇÃO FINANCEIRA

1.01.02.04.002 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL

1.01.03 CONTAS A RECEBER E OUTROS CRÉDITOS

1.01.03.01 CLIENTES

1.01.03.01.001 DUPLICATAS A RECEBER

1.01.03.01.002 (-) PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA

1.01.03.01.003 (-) JUROS A APROPRIAR

1.01.03.02 CRÉDITOS COM EMPREGADOS

203
1.01.03.02.001 ADIANTAMENTO A EMPREGADOS

1.01.03.02.002 ADIANTAMENTO DE SALÁRIO

1.01.03.02.003 ADIANTAMENTO DE FÉRIAS

1.01.03.02.004 ADIANTAMENTO DE 13º SALÁRIO

1.01.03.02.005 EMPRÉSTIMO A EMPREGADO

1.01.03.03 CRÉDITOS COM TERCEIROS

1.01.03.03.001 ADIANTAMENTO A TERCEIROS

1.01.03.04 CRÉDITOS FISCAIS E TRIBUTÁRIOS

1.01.03.04.001 ICMS A RECUPERAR

1.01.03.04.002 IRRF A COMPENSAR

1.01.03.04.003 PIS A RECUPERAR

1.01.03.04.004 COFINS A RECUPERAR

1.01.03.04.005 IRPJ A COMPENSAR

1.01.03.04.006 CSLL A COMPENSAR

1.01.03.04.007 IPI A RECUPERAR

1.01.04 ESTOQUES

1.01.04.01.001 MERCADORIAS PARA REVENDA

1.01.04.01.002 MATÉRIA PRIMA

1.01.04.01.003 INSUMOS

1.01.04.01.004 MATERIAL DE EMBALAGEM

1.01.04.01.005 PRODUTOS EM ELABORAÇÃO

1.01.04.01.006 PRODUTOS ACABADOS

1.01.04.01.007 ALMOXARIFADO

1.01.04.01.008 ESTOQUE EM PODER DE TERCEIROS

1.01.04.01.009 ADIANTAMENTOS A FORNECEDORES

1.01.04.01.010 ADIANTAMENTO DE IMPORTAÇÃO

1.01.04.01.011 (-) AJUSTE A VALOR PRESENTE

1.01.04.01.012 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR REALIZÁVEL LÍQUIDO

1.01.05 ATIVOS BIOLÓGICOS

204
1.01.06 DESPESAS PAGAS ANTECIPADAMENTE

1.01.06.01 PRÊMIOS DE SEGUROS A APROPRIAR

1.01.06.02 ALUGUEL PAGO ANTECIPADAMENTE

1.01.06.03 ASSINATURAS E ANUIDADES A APROPRIAR

1.01.07 ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA

1.02 ATIVO NÃO CIRCULANTE

1.02.01 ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

1.02.01.01 CONTAS A RECEBER

1.02.01.01.001 DUPLICATAS A RECEBER

1.02.01.01.002 (-) PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA

1.02.01.01.003 (-) JUROS A APROPRIAR

1.02.01.02 CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS E TRIBUTOS DIFERIDOS

1.02.01.02.001 ICMS DIFERIDO

1.02.01.02.002 IRPJ DIFERIDO

1.02.01.02.003 CSLL DIFERIDA

1.02.01.03 CRÉDITOS COM PARTES RELACIONADAS

1.02.01.03.001 EMPRESA B

1.02.01.03.002 EMPRESA C

1.02.01.03.003 DIVIDENDOS PROPOSTOS A RECEBER

1.02.01.04 ATIVOS BIOLÓGICOS

1.02.01.04.001 ATIVOS BIOLÓGICOS

1.02.01.05 DESPESAS PAGAS ANTECIPADAMENTE

1.02.01.05.001 PRÊMIOS DE SEGUROS A APROPRIAR

1.02.01.05.002 ALUGUEL PAGO ANTECIPADAMENTE

1.02.01.05.003 ASSINATURAS E ANUIDADES A APROPRIAR

1.02.02 INVESTIMENTOS

1.02.02.01 PARTICIPAÇÕES AVALIADAS PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA


PATRIMONIAL

1.02.02.01.001 PARTICIPAÇÕES EM CONTROLADAS

205
1.02.02.01.002 PARTICIPAÇÕES EM COLIGADAS

1.02.02.01.003 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL

1.02.02.01.004 MAIS VALIA SOBRE ATIVOS LÍQUIDOS DAS INVESTIDAS

1.02.02.01.005 ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA

1.02.02.02 PARTICIPAÇÕES AVALIADAS PELO MÉTODO DO CUSTO

1.02.02.02.001 OUTRAS PARTICIPAÇÕES

1.02.02.02.002 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL

1.02.02.03 PARTICIPAÇÕES AVALIADAS PELO VALOR JUSTO

1.02.02.04 PROPRIEDADES PARA INVESTIMENTO

1.02.02.04.001 PROPRIEDADES PARA INVESTIMENTOS - ALUGUEL

1.02.02.04.002 PROPRIEDADES MANTIDAS EM ARRENDAMENTO OPERACIONAL

1.02.02.04.003 PROPRIEDADES MANTIDAS PARA VALORIZAÇÃO OU DEFINIÇÃO FUTURA

1.02.03 IMOBILIZADO

1.02.03.01 BENS EM OPERAÇÃO

1.02.03.01.001 TERRENOS

1.02.03.01.002 EDIFICAÇÕES

1.02.03.01.003 INSTALAÇÕES

1.02.03.01.004 COMPUTADORES E PERIFÉRICOS

1.02.03.01.005 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

1.02.03.01.006 MÓVEIS E UTENSÍLIOS

1.02.03.01.007 VEÍCULOS

1.02.03.01.008 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL

1.02.03.02 (-) DEPRECIAÇÃO ACUMULADA

1.02.03.02.001 (-) EDIFICAÇÕES

1.02.03.02.002 (-) INSTALAÇÕES

1.02.03.02.003 (-) COMPUTADORES E PERIFÉRICOS

1.02.03.02.004 (-) MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

1.02.03.02.005 (-) MÓVEIS E UTENSÍLIOS

1.02.03.02.006 (-) VEÍCULOS

206
1.02.03.03 (-) EXAUSTÃO ACUMULADA

1.02.03.03.001 (-) TERRENOS

1.02.03.04 IMOBILIZADO EM ANDAMENTO

1.02.03.04.001 EDIFICAÇÕES

1.02.03.04.002 INSTALAÇÕES

1.02.03.04.003 EQUIPAMENTOS

1.02.03.04.004 ADIANTAMENTO A FORNECEDOR

1.02.03.04.005 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL

1.02.04 INTANGÍVEL

1.02.04.01.001 PATENTES

1.02.04.01.002 DIREITOS AUTORAIS

1.02.04.01.003 INTANGÍVEL EM DESENVOLVIMENTO

1.02.04.01.004 SOFTWARE

1.02.04.01.005 (-) AMORTIZAÇÃO ACUMULADA

1.02.04.01.006 (-) PERDAS ESTIMADAS PARA REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL

2 PASSIVO

2.01 PASSIVO CIRCULANTE

2.01.01 FORNECEDORES

2.01.01.01.001 FORNECEDORES NACIONAIS

2.01.01.02.002 FORNECEDORES ESTRANGEIROS

2.01.02 SALÁRIOS E ENCARGOS SOCIAIS

2.01.02.01.001 SALÁRIOS A PAGAR

2.01.02.01.002 RESCISÕES A PAGAR

2.01.02.01.003 PRÓ-LABORE

2.01.02.01.004 PENSÃO ALIMENTÍCIA

2.01.02.01.005 FÉRIAS A PAGAR

2.01.02.01.006 13º SALÁRIOS A PAGAR

2.01.02.01.007 INSS A RECOLHER

2.01.02.01.008 FGTS A RECOLHER

207
2.01.02.01.009 CONTRIBUIÇÃO SINDICAL A RECOLHER

2.01.02.01.010 CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL A RECOLHER

2.01.03 OBRIGAÇÕES FISCAIS

2.01.03.01.001 ICMS A RECOLHER

2.01.03.01.002 ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

2.01.03.01.003 COFINS A RECOLHER

2.01.03.01.004 PIS A RECOLHER

2.01.03.01.005 ISS A RECOLHER

2.01.03.01.006 ISS RETIDO NA FONTE A RECOLHER

2.01.03.01.007 IRRF A RECOLHER

2.01.03.01.008 IPI A RECOLHER

2.01.03.01.009 IRPJ A RECOLHER

2.01.03.01.010 CSLL A RECOLHER

2.01.03.01.011 PARCELAMENTO DE TRIBUTOS

2.01.03.01.012 (-) IRPJ RECOLHIDO ANTECIPADO

2.01.03.01.013 (-) CSLL RECOLHIDA ANTECIPADA

2.01.04 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS

2.01.04.01 EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS

2.01.04.01.001 EMPRÉSTIMOS A PAGAR

2.01.04.01.002 FINANCIAMENTOS A PAGAR

2.01.04.01.003 DUPLICATAS DESCONTADAS

2.01.04.01.004 (-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER

2.01.04.01.005 (-) CUSTOS DE TRANSAÇÃO A APROPRIAR

2.01.05 TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS

2.01.05.01 DEBÊNTURES

2.01.05.01.001 DEBÊNTURES

2.01.05.01.002 (-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER

2.01.05.01.003 (-) CUSTOS DE TRANSAÇÃO A APROPRIAR

2.01.06 CONTAS A PAGAR

208
2.01.06.01.001 ÁGUA E LUZ

2.01.06.01.002 TELEFONIA E INTERNET

2.01.06.01.003 COMISSÕES A PAGAR

2.01.07 OUTRAS OBRIGAÇÕES

2.01.07.01.001 ADIANTAMENTO DE CLIENTE

2.01.07.01.002 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO A PAGAR

2.01.07.01.003 DIVIDENDOS A PAGAR

2.01.08 PROVISÕES

2.01.08.01.001 PROVISÕES FISCAIS, PREVIDENCIÁRIAS, TRABALHISTAS E CÍVEIS

2.01.08.01.002 PROVISÕES PARA BENEFÍCIOS A EMPREGADOS (APOSENTADORIAS


E PENSÕES)

2.01.08.01.003 PROVISÕES PARA GARANTIAS

2.01.08.01.004 PROVISÕES PARA REESTRUTURAÇÃO

2.01.08.01.005 PROVISÕES PARA RETIRADA DE ATIVOS

2.01.08.01.006 PROGRAMAS DE FIDELIDADE

2.01.08.01.007 PROVISÕES PARA CONTRATOS ONEROSOS

2.01.08.01.008 (-) ENCARGOS A APROPRIAR

2.02 PASSIVO NÃO CIRCULANTE

2.02.01 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS

2.02.01.01.001 EMPRÉSTIMOS A PAGAR

2.02.01.01.002 FINANCIAMENTOS A PAGAR

2.02.01.01.003 DUPLICATAS DESCONTADAS

2.02.01.01.004 (-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER

2.02.01.01.005 (-) CUSTOS DE TRANSAÇÃO A APROPRIAR

2.02.02 DEBÊNTURES

2.02.02.01.001 DEBÊNTURES

2.02.02.01.002 PRÊMIO NA EMISSÃO DE DEBÊNTURES A APROPRIAR

2.02.02.01.003 (-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER

2.02.02.01.004 (-) CUSTOS DE TRANSAÇÃO A APROPRIAR

209
2.02.03 TRIBUTOS DIFERIDOS

2.02.03.01.001 IRPJ DIFERIDO

2.02.03.01.002 CSLL DIFERIDA

2.02.04 PROVISÕES

2.03 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

2.03.01 CAPITAL SOCIAL

2.03.01.01.001 CAPITAL SUBSCRITO

2.03.01.01.002 (-) CAPITAL A INTEGRALIZAR

2.03.02 RESERVAS

2.03.02.01 RESERVAS DE CAPITAL

2.03.02.01.001 ÁGIO NA EMISSÃO DE AÇÕES

2.03.02.01.002 RESERVA ESPECIAL PARA ÁGIO NA INCORPORAÇÃO

2.03.02.01.003 (-) GASTOS NA EMISSÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS

2.03.02.02 RESERVAS DE LUCRO

2.03.02.02.001 RESERVA LEGAL

2.03.02.02.002 RESERVA ESTATUTÁRIA

2.03.02.02.003 RESERVAS PARA CONTINGÊNCIAS

2.03.02.02.004 RESERVAS DE LUCROS A REALIZAR

2.03.02.02.005 RESERVAS DE LUCROS PARA EXPANSÃO

2.03.02.02.006 RESERVAS DE INCENTIVOS FISCAIS

2.03.02.02.007 RESERVA ESPECIAL PARA DIVIDENDO OBRIGATÓRIO NÃO DISTRIBUÍDO

2.03.03 LUCROS/PREJUÍZOS ACUMULADOS

2.03.03.01.001 PREJUÍZOS ACUMULADOS

2.03.03.01.002 LUCROS ACUMULADOS

2.03.03.01.003 AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

2.03.04 DIVIDENDO ADICIONAL PROPOSTO

2.03.04.01.001 DIVIDENDOS ADICIONAL PROPOSTO

2.03.05 (-) AÇÕES DE EMISSÃO PRÓPRIA EM TESOURARIA

2.03.06 OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES

210
2.03.06.01.001 AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL

2.03.06.01.002 (-) TRIBUTOS SOBRE AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL

2.03.06.01.003 AJUSTES ACUMULADOS DE CONVERSÃO

2.03.07 PARTICIPAÇÃO DOS NÃO CONTROLADORES

3. RESULTADO

3.01.01 FATURAMENTO DE VENDAS DE PRODUTOS

3.01.01.01.001 FATURAMENTO BRUTO DE VENDAS DE PRODUTOS

3.01.01.01.002 (-) IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI

3.01.02 RECEITA BRUTA DE VENDAS

3.01.02.01.001 RECEITA DE VENDAS

3.01.02.01.002 RECEITA DE SERVIÇOS

3.02 DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

3.02.01 TRIBUTOS SOBRE VENDAS E SERVIÇOS

3.02.01.01.001 PIS SOBRE FATURAMENTO

3.02.01.01.002 COFINS SOBRE FATURAMENTO

3.02.01.01.003 ICMS SOBRE VENDAS

3.02.01.01.004 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS

3.02.02 VENDAS CANCELADAS E DEVOLUÇÕES

3.02.02.01.001 ABATIMENTOS SOBRE VENDAS

3.02.02.01.002 DEVOLUÇÕES DE VENDAS

3.02.02.01.003 DESCONTOS INCONDICIONAIS

3.02.03 AJUSTE A VALOR PRESENTE

3.02.03.01.001 AJUSTE A VALOR PRESENTE

3.03 CUSTOS

3.03.01.01.001 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS

3.03.01.01.002 CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS

3.03.01.01.003 CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS

3.04 DESPESAS OPERACIONAIS

3.04.01 DESPESAS COMERCIAIS

211
3.04.01.01 DESPESAS COM PESSOAL

3.04.01.01.001 SALÁRIOS E ORDENADOS

3.04.01.01.002 HORAS EXTRAS

3.04.01.01.003 INDENIZAÇÃO E AVISO PRÉVIO

3.04.01.01.004 FÉRIAS

3.04.01.01.005 13º SALÁRIOS

3.04.01.01.006 INSS

3.04.01.01.007 FGTS

3.04.01.01.008 ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA

3.04.01.01.009 TREINAMENTOS E CURSOS

3.04.01.01.010 VALE TRANSPORTE

3.04.01.01.011 PRÓ-LABORE

3.04.01.01.012 COMISSÕES S/ VENDAS

3.04.01.02 OUTRAS DESPESAS COMERCIAIS

3.04.01.02.001 MATERIAL DE MOSTRUÁRIO

3.04.01.02.002 MATERIAL DE EMBALAGEM

3.04.01.02.003 PROPAGANDA E PUBLICIDADE

3.04.01.02.004 BRINDES E BONIFICAÇÕES

3.04.01.02.005 VIAGENS E ESTADIAS

3.04.01.02.006 GARANTIA PÓS ENTREGA

3.04.01.02.007 MATERIAL DE EXPEDIENTE

3.04.01.02.008 PERDAS ESTIMADAS COM CONTAS A RECEBER

3.04.02 DESPESAS ADMINISTRATIVAS

3.04.02.01 DESPESAS COM PESSOAL

3.04.02.01.001 SALÁRIOS E ORDENADOS

3.04.02.01.002 HORAS EXTRAS

3.04.02.01.003 INDENIZAÇÃO E AVISO PRÉVIO

3.04.02.01.004 FÉRIAS

3.04.02.01.005 13º SALÁRIOS

212
3.04.02.01.006 INSS

3.04.02.01.007 FGTS

3.04.02.01.008 ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA

3.04.02.01.009 TREINAMENTOS E CURSOS

3.04.02.01.010 VALE TRANSPORTE

3.04.02.01.011 PRÓ-LABORE

3.04.02.02 OCUPAÇÃO

3.04.02.02.001 ALUGUEL DE MÓVEIS E IMÓVEIS/CONDOMÍNIO

3.04.02.02.002 MANUTENÇÃO DE MÓVEIS, MÁQ. E EQUIPAMENTOS

3.04.02.02.003 MANUTENÇÃO PREDIAL

3.04.02.02.004 DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO

3.04.02.03 UTILIDADES E SERVICOS

3.04.02.03.001 BENS DE PEQUENO VALOR

3.04.02.03.002 SEGUROS

3.04.02.03.003 ENERGIA ELÉTRICA

3.04.02.03.004 CORREIOS E MALOTES

3.04.02.03.005 ÁGUA E ESGOTO

3.04.02.03.006 TELEFONIA E INTERNET

3.04.02.03.007 MANUTENÇÃO

3.04.02.03.008 SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE INFORMÁTICA

3.04.02.03.009 VIGILÂNCIA/PORTARIA

3.04.02.03.010 FRETES E CARRETOS

3.04.02.03.011 COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES

3.04.02.03.012 LICENCIAMENTO E TAXAS DE VEÍCULOS

3.04.02.03.013 ASSINATURAS E ANUIDADES

3.04.02.03.014 SERVIÇOS CONTRATADOS PJ

3.04.02.03.015 SERVIÇOS CONTRATADOS PF

3.04.02.03.016 LICENÇA/ALUGUEL DE SOFTWARE

3.04.02.03.017 CUSTAS PROCESSUAIS E DESPESAS CARTORIAIS

213
3.04.02.04 DESPESAS ADMINISTRATIVAS GERAIS

3.04.02.04.001 LANCHES, REFEIÇÕES E CONDUÇÕES

3.04.02.04.002 VIAGENS E ESTADIAS

3.04.02.04.003 MATERIAL DE EXPEDIENTE

3.04.03 DESPESAS TRIBUTÁRIAS

3.04.03.01 IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES

3.04.03.01.001 IPTU

3.04.03.01.002 PIS S/ OUTRAS RECEITAS

3.04.03.01.003 COFINS S/ OUTRAS RECEITAS

3.04.03.01.004 IOF

3.04.03.01.005 TAXAS

3.04.03.01.006 MULTAS DEDUTÍVEIS

3.04.03.01.007 MULTAS INDEDUTÍVEIS

3.04.03.01.008 OUTROS TRIBUTOS

3.04.04 DESPESAS COM PROVISÕES

3.04.04.01.001 PROVISÕES FISCAIS, PREVIDENCIÁRIAS, TRABALHISTAS E CÍVEIS

3.04.04.01.002 PROVISÕES PARA BENEFÍCIOS A EMPREGADOS (APOSENTADORIAS


E PENSÕES)

3.04.04.01.003 PROVISÕES PARA GARANTIAS

3.04.04.01.004 PROVISÕES PARA REESTRUTURAÇÃO

3.04.04.01.005 PROVISÕES PARA RETIRADA DE ATIVOS

3.04.04.01.006 PROGRAMAS DE FIDELIDADE

3.04.04.01.007 PROVISÕES PARA CONTRATOS ONEROSOS

3.04.05.01 RESULTADO NA VENDA DE ITENS NÃO CIRCULANTES

3.04.05.01.001 RECEITA COM VENDAS DE ITENS NÃO CIRCULANTE

3.04.05.01.002 CUSTO COM VENDAS DE ITENS NÃO CIRCULANTE

3.04.06 OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

3.04.06.01.001 PERDAS POR NÃO RECUPERABILIDADE

3.04.06.01.002 RESULTADO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

214
3.04.06.01.003 RECEITA COM DIVIDENDOS

3.05 RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO

3.05.01 DESPESAS FINANCEIRAS

3.05.01.01.001 VARIAÇÃO CAMBIAL - DESPESA

3.05.01.01.002 VARIAÇÃO MONETÁRIA EMPRÉSTIMOS

3.05.01.01.003 VARIAÇÃO MONETÁRIA SOBRE PARCELAMENTO DE TRIBUTOS

3.05.01.01.004 JUROS - AJUSTE A VALOR PRESENTE

3.05.01.01.005 JUROS SELIC

3.05.01.01.006 JUROS DE MORA-DESPESAS FINANCEIRAS

3.05.01.01.007 MULTAS FINANCEIRAS

3.05.01.01.008 JUROS SOBRE EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS

3.05.01.01.009 JUROS SOBRE DUPLICATAS A PAGAR

3.05.01.01.010 JUROS SOBRE PARCELAMENTOS DE TRIBUTOS

3.05.02 DESPESAS FINANCEIRAS GERAIS

3.05.02.01.001 DESPESAS BANCÁRIAS

3.05.02.01.002 TAXA DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÃO

3.05.02.01.003 ENCARGOS FINANCEIROS CARTÃO DE CRÉDITO

3.05.02.01.004 DESCONTO CONCEDIDO A CLIENTES

3.05.02.01.005 DESPESA COM OPERAÇÃO DE DESCONTOS

3.05.03 RECEITAS FINANCEIRAS

3.05.03.01.001 VARIAÇÃO CAMBIAL - RECEITA

3.05.03.01.002 VARIAÇÃO MONETÁRIA SOBRE EMPRÉSTIMOS - RECEITA

3.05.03.01.003 RECEITA DE JUROS - AJUSTE A VALOR PRESENTE

3.05.04 JUROS/MULTA RECEBIDOS

3.05.04.01.001 JUROS SOBRE OPERAÇÕES DE MÚTUO

3.05.04.01.002 JUROS DE MORA-RECEITAS FINANCEIRAS

3.05.04.01.003 JUROS SELIC

3.05.04.01.004 JUROS RECEBIDOS DE CLIENTES

3.05.04.01.005 MULTAS FINANCEIRAS

215
3.05.05 RECEITAS FINANCEIRAS GERAIS

3.05.05.01.001 RECEITA DE APLICAÇÃO FINANCEIRA

3.05.05.01.002 DESCONTOS FINANCEIROS OBTIDOS

3.06 DESPESA COM TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

3.06.01.01.001 IRPJ CORRENTE

3.06.01.01.002 IRPJ DIFERIDO

3.06.01.01.003 CSLL CORRENTE

3.06.01.01.004 CSLL DIFERIDA

3.07 RESULTADO DAS OPERAÇÕES NÃO CONTINUADAS

3.07.01.01.001 RECEITAS DAS OPERAÇÕES DESCONTINUADAS

3.07.01.01.002 DESPESAS DAS OPERAÇÕES DESCONTINUADAS

3.07.01.01.003 TRIBUTOS SOBRE OPERAÇÕES DESCONTINUADAS

3.07.01.01.004 IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL S/ O LUCRO DE


OPERAÇÕES DESCONTINUADAS

Fonte: CFC (2021, p. 28–37).

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