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Copyright © Corinne Michaels, 2020

Copyright © The Gift Box, 2021


Todos os direitos reservados.
Direção Editorial:
Anastacia Cabo
Gerente Editorial:
Solange Arten
Tradução:
Mariel Westphal
Preparação de texto:
Marta Fagundes
Revisão final:
Equipe The Gift Box
Adaptação de Capa:
Bianca Santana
Diagramação:
Carol Dias
Imagem de capa e diagramação:
Freepik
Nenhuma parte do conteúdo desse livro poderá ser reproduzida em
qualquer meio ou forma – impresso, digital, áudio ou visual – sem a
expressa autorização da editora sob penas criminais e ações civis.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas ou acontecimentos reais é
mera coincidência.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Camila Donis Hartmann - Bibliotecária - CRB-7/6472
Sumário
Início
Prefácio
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Agradecimentos
DEDICATÓRIA
B , N .
Meus caros leitores,
Quando escrevi “Surpresa Natalina”, há dois anos, fiquei
muito animada porque as histórias de Natal são as minhas favoritas.
É onde conhecemos novos personagens ou revisitamos os antigos.
Eu queria escrever um conto onde descobríssemos a magia do
Natal. Algo que ainda era muito eu (mas não tão angustiante) e nos
mostrasse que coisas incríveis podem acontecer nesta época do
ano.
Holly e Dean fizeram exatamente isso.
Claro, não consegui evitar um toque de angústia, porque
acho que há algo seriamente errado comigo, mas é isso que torna
tudo divertido, não?
Esta história estava originalmente gratuita na antologia
“Naughty and Nice”. No entanto, quando a Passionflix a escolheu
para um curta-metragem de Natal, me vi nostálgica e
completamente apaixonada por ela novamente.
Então, no voo de volta para casa depois das filmagens, não
consegui evitar que minha mente precisasse contar mais. E aqui
estamos nesta edição.
Se já tiver lido este conto alguns anos atrás, você
reconhecerá o começo, mas há MUITA coisa nova aqui. A história
de Dean e Holly fez uma pausa, mas eles estão de volta agora, e eu
queria que você visse o que aconteceu com eles depois do fim que
não era mais o fim.
É curto.
É de suspirar.
É mágico e natalino, e tudo em que pensava era… cara, eu
amo festas de finais de ano e espero que você também!
Com amor,
Corinne.
— Merda! — murmuro ao cair no chão, metade dentro do
elevador e metade no corredor.
Humilhada, obrigo-me a abrir os olhos apenas para ver um
par de sapatos cor de caramelo e minha dignidade bem diante de
mim. Sério, este é o pior dia da minha vida.
Esta manhã, descobri que a apresentação que teria que
fazer depois do Ano Novo, foi antencipada para amanhã, e então
descobri que não seria com Yamina que eu competiria. Não, era
com a única pessoa no escritório que poderia realmente me dar uma
rasteira e conseguir a conta.
Mas isso não é nada para mim, já que estou estatelada no
chão, de saia, para todo o escritório ver.
— Aqui, deixe-me ajudá-la. — Uma voz profunda, que eu
reconheceria em qualquer lugar, enche meus ouvidos um segundo
antes de uma mão estendida aparecer no meu campo de visão.
Por favor, Deus, que isso não esteja acontecendo.
Ergo a cabeça e percebo que não só está acontecendo,
mas também está acontecendo na frente do homem mais gostoso
do prédio, meu novo inimigo, o homem com quem dormi uma
semana atrás. Ele também é o cara por quem tenho sentimentos
profundos, mas finjo não ter.
— Estou bem — respondo, tentando conter o rubor que
quer inundar minhas bochechas.
As portas se fecham em meu corpo e tento me mover, mas
não consigo me levantar sem mostrar toda a minha glória.
— Holly — Dean Pritchard diz —, me dê sua mão.
Não querendo tornar isso pior do que já está, estendo a
mão para que ele a segure.
— Obrigada.
Ele me ajuda a levantar, com um sorriso, mas pelo menos
não está rindo.
— Você está bem?
Como se ele se importasse. Se isso fosse verdade, ele
teria ligado. Ele não teria me ignorado desde nossa noite bêbada de
sexo incrível. Eu não teria sido invisível todo esse tempo.
— Estou bem. Apenas envergonhada.
Aliso a saia, sabendo que o tecido levantou o suficiente
para que todos pudessem ver minha bunda nua.
— Parece que doeu.
Apenas meu orgulho.
— Pressione dois, por favor — peço, desesperada para
sair desse assunto.
A última coisa que quero é ficar aqui e falar sobre a queda
infame.
— Nunca imaginei que você fosse nudista.
— Não é como se você já não tivesse visto — resmungo,
adicionando outra razão pela qual eu deveria acordar de novo hoje.
Eu estava de calcinha quando saí de casa, mas ela rasgou
quando fui ao banheiro, porque sou a maior desajeitada do mundo e
pisei com o salto do meu sapato. Isso foi há dez minutos. Ah, como
eu gostaria de ter uma máquina do tempo.
— Verdade. — Ele sorri. — Ainda assim, é algo novo e
interessante sobre você.
Sim, tenho muito disso.
— Enfim, você conseguiu fazer a proposta? Sei que foi de
última hora para você. — Ainda estou alisando as roupas quando a
porta do elevador se fecha, desta vez comigo dentro e em
segurança.
— Sim. E você?
Não.
— Sim.
— Que bom. Que o melhor vença.
— Ah, eu pretendo.
Dean ri.
— Veremos. Talvez o vencedor pague um uísque para o
outro, que tal?
Meus olhos se entrecerram. Isso era o que estávamos
bebendo na noite em que ficamos bêbados e transamos contra a
porta, o chão e a mesa de seu escritório.
— Isso nunca vai acontecer de novo.
Bem, vai acontecer nos meus sonhos, porque já aconteceu
seis vezes desde então, mas de jeito nenhum vou admitir isso.
Aquela noite foi um grande erro, mas foi o melhor sexo da minha
vida.
— Se você diz… — Ele ri.
Eu me afasto, desejando que o elevador fosse mais rápido.
Meu escritório fica no 58º andar. Embora o percurso não pareça
normalmente um milhão de anos, agora, sinto que estou padecendo
de uma morte lenta.
— Essa coisa não se move mais rápido? — A música não
está ajudando. De maneira nenhuma esta é a melhor época do ano.
As festas de final de ano não fazem nada além de me
lembrar que estou sozinha. Cada vez que olho para a decoração,
tento não me lembrar o quanto Troy gostava da noite de Ação de
Graças, ajustando os pisca-piscas. Ele me pediu em casamento no
Natal, três anos atrás.
Foi o pedido perfeito. Do tipo que as mulheres ao redor do
mundo suspiram por ser tão romântico. E foi.
Estávamos em nossa sala de estar, dançando “Noite Feliz”,
e o fogo na lareira estava crepitando, lançando aquele brilho
perfeito. Nossa árvore lindamente iluminada estava emitindo um
brilho branco cintilante ao redor da sala enquanto ele me segurava
em seus braços. Troy se inclinou, beijou meus lábios e me disse que
queria passar todos os Natais assim.
Então ele se ajoelhou, levantou o anel e eu chorei
enquanto assentia repetidamente com a cabeça.
Acreditei que o Papai Noel era real e que ele me trouxe o
melhor presente de todos os tempos.
Um ano depois, quando ele decidiu que não me amava
mais, descobri que Papai Noel era uma mentira e que o homem
barrigudo havia sido demitido, estava fazendo dieta e raspou a
barba.
Troy arruinou meu feriado favorito e, claro, não posso fingir
que não existe, porque é quase meu aniversário. Portanto, o Natal é
uma celebração eterna. Blá-blá-blá.
— Você está indo para o escritório do chefe? — Dean
pergunta.
— Não, e você?
— Sim, tenho uma reunião hoje, já que vou para Califórnia.
Achei que era melhor fazer a apresentação agora.
Ah, claro, ele pode ir primeiro, impressioná-los, e então
estarei fora da jogada. Não mesmo. Não vou deixá-lo conseguir
essa conta como ele sempre faz.
Bem, talvez não seja realmente assim. Ele é inteligente,
astuto e realmente bom no que faz, o que é apenas mais uma razão
para odiá-lo.
Ah, e ele é realmente bom pra caramba na cama.
Tipo, muito, muito bom.
— Isso é totalmente injusto…
O elevador para, balançando para cima e para baixo,
quase me fazendo cair. Se não fosse pelos braços fortes de Dean
me envolvendo e impedindo minha segunda queda do dia, eu,
provavelmente, estaria no chão.
As luzes piscam e então a pequena luz de emergência
acende.
Ótimo. Isso é exatamente o que eu precisava.
Maldito Natal.
— Você está bem? — pergunta ele, pela segunda vez nos
últimos cinco minutos.
Meu coração está acelerado por causa do surto de
adrenalina e do cheiro do seu perfume que se infiltra em meu nariz
enquanto respiro fundo. Droga, por que ele tem que cheirar tão
bem?
— Sim, obrigada… de novo.
Odeio isso, de todas as pessoas no prédio, tinha que ser
na frente de Dean. Ele constantemente me ajudar a levantar e me
segurar antes que eu caia é um absurdo de tão contraditório. Ele é o
primeiro cara em quem pensei desde Troy, e cheguei até mesmo a
achar que talvez sentisse algo por mim, mas então ele me rejeitou
como se eu não fosse nada.
Como ele pode ser as duas pessoas na minha cabeça?
Como pode ser tão gentil em um minuto e me ignorar
completamente no seguinte?
Não é como se ele não soubesse do meu passado. Na
verdade, naquela noite falamos sobre isso. Eu disse a ele sobre
como esse feriado seria difícil por causa do meu ex. Conversamos
sobre trabalho, sobre a vida, nossas vidas desde os nossos
rompimentos. Foi ótimo, mas ele agiu como se eu fosse nada.
Embora tenha sido exatamente sobre isso que
conversamos antes de acontecer.
Estou tentando me convencer de que foi exatamente o que
nós dois concordamos e ele está apenas mantendo sua palavra,
mas… pensei que seria diferente.
Fui trabalhar no dia seguinte, sorrindo e levando um café
para ele. Dean passou direto por mim e não disse uma palavra
sobre o que aconteceu desde então.
É inacreditável para mim que finalmente tenha me
permitido sentir algo diferente de raiva por um homem, apenas para
ser… ignorada depois do sexo.
— Claro.
Ele sorri e pressiona o botão do telefone do elevador.
— Olá? — um homem do outro lado responde.
— Oi, aqui é Dean Pritchard. Estamos presos, você pode
liberar o elevador, por favor?
— Sim, estão todos bem?
Dean olha para mim.
— Sim, Holly Brickman e eu estamos aqui, mas o elevador
parou e as luzes de emergência estão acesas.
O homem pigarreou.
— Sim, estamos cientes. Houve uma queda de energia
devido à tempestade de neve e, infelizmente, parece que um
transformador estourou, deixando todo o quarteirão sem energia. O
gerador também está quebrado, descobrimos isso tarde da noite
quando o testamos, mas, assim que der, vamos tirar vocês daí.
Okay?
— Quanto tempo? — grito. — Eu preciso saber!
Dean olha para mim, já que o botão não estava
pressionado e o cara no outro lado da linha não conseguia me ouvir.
Ele então pressiona o comunicador e pergunta:
— Quanto tempo você acha que vai demorar?
— Não tenho certeza, senhor. Entrarei em contato com
vocês assim que puder. Estamos trabalhando para tirá-los o mais
rápido possível.
— Ótimo — murmuro. — Outra coisa para acrescentar ao
motivo pelo qual odeio as malditas festas de final de ano. E prédios
antigos.
Dean balança a cabeça e franze o cenho.
— Por que diabos você odeia? Ninguém odeia esta época
do ano.
— Bem, tenho uma centena de razões. Neve. Papai Noel.
Homens idiotas. Quedas de energia. Elevadores. A lista é realmente
longa…
Ele tira o paletó, revelando sua camisa justa que abraça
todos os lugares certos. Tento não me lembrar de como foi a
sensação de tê-lo se movendo em cima de mim enquanto me
agarrava àqueles braços – e é aí que a minha determinação falha.
As lembranças daquela noite me inundam. O uísque, o gosto de
seus lábios e como foi incrível cada momento que passamos juntos.
— Papai Noel? — Dean pergunta. — Você odeia o Papai
Noel?
— Sim, ele e sua lista idiota, que, aparentemente, me
identificou como uma das crianças malcriadas dois anos atrás. Meu
presente foi levar um fora. Realmente mudou meus sentimentos
sobre todas as coisas relacionadas a essa época do ano.
— Ahh… — ele concorda. — Sim, agora entendi.
Quando aconteceu, não foi algo que deixei quieto. Não que
pudesse ter deixado, mesmo se quisesse. Chorei o tempo todo. Juro
que deveria ter carregado uma placa que dizia: “Cuidado, piso
molhado e escorregadio”. Com a quantidade de lágrimas que chorei,
deu praticamente um rio. Além disso, metade da minha empresa foi
convidada para o casamento que seria daqui a sete dias. Mandar os
e-mails de “acabei de levar um pé na bunda” foi super divertido.
— Não é minha época favorita do ano, graças a certa
pessoa.
— Você quer dizer aquele ex idiota de quem você estava
noiva?
— Por favor… Não quero falar sobre ele. — Especialmente
não com Dean.
— Entendido. — Ele me cutuca. — Eu poderia ajudá-la a
esquecê-lo novamente.
Reviro os olhos.
— Não, obrigada. Além disso, eu realmente não penso
mais nele.
Estou muito ocupada pensando em você.
— Fico feliz em ouvir isso. De qualquer maneira, ele não
era bom o suficiente para você. — Dean dá de ombros, dobra o
paletó ao meio e se senta no chão. Ele não fala nada enquanto
estende a mão para que eu me coloque ao seu lado.
— Você diz isso por quê?
Dean alonga o pescoço, parecendo um pouco
desconfortável ao responder um simples:
— Porque sim.
Eu rio e cruzo os braços.
— Bem, isso esclarece tudo.
— Por que você não se senta, Holly? Acho que podemos
ficar aqui um tempinho.
— Obrigada. — Sento-me no paletó, cruzando os
tornozelos à frente, já que não estou usando calcinha. — Me
desculpe, eu estava sendo meio que uma vaca. Troy faz isso
comigo.
— Não se preocupe. Eu também não gosto de falar sobre a
minha ex.
Assinto com a cabeça.
— Sim, eles geralmente não são um bom assunto.
— Okay, então vamos passar para um tema neutro.
Poderíamos falar sobre nós — sugere, com um toque malicioso. —
Ou podemos apenas ficar em silêncio…
Ah, as possibilidades para essa sugestão são tão infinitas
quanto improváveis. E falar com Dean sobre Troy é uma das últimas
opções da lista, mas falar com ele sobre o que aconteceu está ainda
mais abaixo.
— Podemos continuar conversando? Por favor? Apenas
não sobre nenhuma dessas coisas.
— Okay, então, e quanto à sua apresentação, quer treinar?
Eu rio. De maneira nenhuma vou mostrar a ele minha
apresentação.
— Prefiro engolir pregos do que fazer isso.
— É porque você não está confiante?
Arqueio a sobrancelha.
— Não, é porque prefiro não lhe dar vantagem.
Ou porque não tenho nada preparado e não quero que ele
saiba disso.
— Não preciso de vantagem, querida. Eu pretendo acabar
com você.
— É mesmo? Você teve um dia inteiro para preparar sua
apresentação e acha que vai ganhar?
Os olhos de Dean se estreitam e ele se inclina para perto.
— Você odeia o Natal. Essa é a melhor época do ano.
Você é uma espécie de garota-propaganda de quem não se deve
contratar.
— Eu posso fingir.
— Ahh, mas conheço o seu verdadeiro eu. Você é incrível
quando não está fingindo.
— Você não pode trazer meus orgasmos à tona em uma
conversa de negócios — resmungo.
Ele dá uma risada profunda que faz coisas com minhas
partes femininas.
— Desculpe, não pude resistir. Por que você quer essa
conta? Você terá que praticamente fingir que mora na oficina do
Papai Noel e que é a cadelinha dele.
Admitir isso vai me fazer parecer idiota, mas é a verdade.
— Quero voltar a amar essa época do ano. Quero me
lembrar da magia e sorrir quando montar minha árvore novamente.
Eu achei… achei que talvez isso ajudasse.
A mão de Dean toca a minha.
— Você nunca deveria ter se sentido assim, Holls.
Balanço a cabeça, não querendo mostrar mais nada da
minha loucura na frente dele.
— Próximo tema.
— Tudo bem, por que você não me diz o motivo de ter
fugido na semana passada?
Ele é como um farol para os assuntos que desejo evitar.
— Carambola! Não podemos falar sobre o maldito tempo
em vez dos piores assuntos possíveis?
— Carambola?
Eu sei… sou uma idiota. Minha mãe costumava dizer isso
em vez de xingar quando ficava brava, então não posso evitar.
— É a minha versão de “caramba”.
Seu sorriso ilumina o elevador escuro.
— Adorável.
Sinto um frio na barriga e desvio o olhar. Ele está me
chamando de adorável ou realmente acha a palavra adorável? De
qualquer maneira, não deveria importar. Dean e eu não somos
nada, e estamos prestes a entrar em uma guerra por essa conta,
onde farei todos acreditarem que as festas de fim de ano não
passam de alegria porque sou profissional.
— Será que podemos conversar sobre outra coisa?
— Se você quiser conversar, escolho sobre o que
conversamos. Você acabou de mencionar sexo, eu gostaria de
descobrir o que diabos fez você fugir daquele jeito. — Seus olhos
são da mais bela tonalidade de verde.
— Não há nada para falar. — Na verdade, eles são quase
hipnóticos em sua cor profunda e idiota.
— Discordo.
Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e suspiro.
— Eu não fugi. Já era tarde, obviamente não estávamos
pensando direito e eu não queria tornar as coisas estranhas. Peguei
meu casaco e, quando olhei para trás, a porta do seu escritório
estava fechada e as luzes apagadas.
Dean afasta uma mecha do meu cabelo que saiu do lugar e
balança a cabeça.
— Eu estava esperando por você, Holls. Ouvi você falando
sozinha.
— O quê? — exclamo, com os olhos arregalados.
— Ouvi você dizer que aquilo foi um erro e que gostaria de
nunca mais me ver.
Foi o que eu disse a mim mesma para me preparar para o
que quer que acontecesse em seguida.
— Eu…
— Eu entendo, você estava com medo.
Meu coração dispara enquanto encaro seus olhos.
— Do quê?
Ele se inclina para mais perto.
— De mim.
Ele me assusta. Estou com medo porque meu cérebro para
de funcionar com clareza quando ele está por perto e vou acabar
dizendo algo estúpido ou fazendo um papel ainda maior de boba.
Estou com medo de passar outro Natal/aniversário me perguntando
o que há de errado comigo. Estou com medo de, mais uma vez,
ficar sozinha.
— O que você quer que eu diga?
— Para começar, a verdade.
— A verdade é que transamos e você nunca ligou.
Ele balança a cabeça.
— Você queria que eu ligasse?
Não sei o que eu queria.
— Não. Sim. Eu só… Não vamos fazer isso, okay?
— Há uma razão pela qual não liguei. Ao contrário do que
você pensa, Holly, não sou um idiota.
— Em relação ao trabalho, você é…
— Okay, talvez com isso.
Dou um suspiro, que acaba saindo como uma meia risada,
e ele também. Todos nós sabemos que Dean é implacável quando
se trata de seu trabalho. Ele começou de baixo e lutou para subir.
Com o gerente de projeto sendo transferido para o escritório de
Phoenix, haverá uma grande promoção em jogo aqui. A placa com o
nome dele pode muito bem já estar na porta do escritório.
— Por que você está indo para a Califórnia? — pergunto,
esperando que possamos conversar sobre qualquer coisa além de
sexo e a ausência de ligações.
Ele solta um suspiro pesado.
— Minha família mora lá, e vou passar as festas em casa e
ficar um tempinho a mais.
— O que você quer dizer com um tempo?
Dean esfrega a nuca.
— Minha mãe tem me implorado para ficar mais perto de
casa. Acho que ela sente minha falta ou algo assim. — Ele ri. —
Então, acho que vou ver o que tem por lá e quem sabe fazer umas
entrevistas. Não sei. Depende também da promoção aqui…
Meu coração aperta e sinto uma imensa vontade de chorar.
Não quero que ele vá embora, o que é ridículo e assustador. Será
que o ar frio afetou meu cérebro? Isso acrescentaria outro item à
lista de coisas que odeio sobre dezembro.
— Ah… — É tudo o que consigo dizer.
— Ah?
— Acho que estou surpresa que você sequer pense em
deixar Chicago. Especialmente porque parece ser o garoto de ouro
daqui. Nem me passou pela cabeça que você iria se transferir para
lá ou sair da empresa quando todos sabemos que vai conseguir a
promoção.
Dean balança a cabeça.
— É por você que eles continuam com todas essas
apresentações. Nós dois sabemos que a promoção é sua.
Inclino a cabeça para trás. Ele é louco.
— Qual é, você ganha todas as contas para as quais faz
apresentações de propostas. É por isso que todos te odeiam.
— Você também? — pergunta, enquanto claramente luta
para reprimir um sorriso.
Bem que eu gostaria. Eu queria que ele não fosse tão
bonito. Gostaria de não sonhar com ele todas as noites e não achar
sua confiança tão atraente. Eu daria qualquer coisa para que os
sentimentos que tenho por ele sumissem. Isso realmente tornaria
tudo mais fácil.
— Você não gostaria de saber?
— Na verdade, sim.
— Bem, que pena.
Ele toca no próprio peito.
— Você me magoa, e bem na época do Natal?
— Ah, por favor. Você está ótimo. Agora, de volta à
questão do trabalho…
— Não há nada definido, é apenas uma possibilidade.
Estou apenas apaziguando minha família.
Isso eu entendo. Minha mãe é uma maluca autoritária.
Ontem à noite, ela me disse como eu precisava organizar minha
vida. Já se passaram quase dois anos e ela está preocupada que eu
vá morrer sozinha com um bando de gatos.
— Não importa o que aconteça, espero que seja o que
você quer que aconteça, mesmo que isso signifique que tenha que
se mudar.
Dean segura minha outra mão e entrelaça nossos dedos.
— E se eu disser que espero não encontrar nada?
— Por que você diria isso?
Seu polegar roça o topo da minha mão.
— Porque gosto de alguém daqui.
Nossos olhos se encontram e meu coração começa a
acelerar.
— Você gosta? De quem? — pergunto, realmente
esperando que seja o meu nome que saia de sua boca.
Eca. Eu não deveria querer isso, mas a outra noite mudou
algo dentro de mim.
— Você não gostaria de saber? — Ele finalmente deixa seu
sorriso escapar enquanto devolve minhas palavras de momentos
atrás.
— Você é um idiota. Talvez eu realmente não queira saber.
Talvez, sim. Talvez não me importe de quem você gosta, porque, se
isso fosse importante… você me diria — rebato.
Dean se vira, seu olhar focado ao meu, e não há meias
palavras neste momento.
— Eu gosto de você, Holly. Gosto de você, e a outra noite
não foi apenas um casinho aleatório só porque bebemos.
Chacoalho a cabeça para afastar a névoa de emoções que
começam a nublar minha visão. Se ele gostasse de mim, ele teria
ligado. Ele teria feito algo para me fazer saber disso, em vez de se
forçar a dizer porque estamos presos. Caramba, ele provavelmente
só disse isso porque estamos presos neste elevador.
Ainda assim, meu coração começa a bater mais forte.
— Você não tem que dizer coisas legais só porque
estamos presos em um elevador. Eu já sou grandinha. Posso lidar
com um caso de uma noite ou o que quer que estejamos chamando
o que aconteceu.
— Não estou dizendo isso por nenhuma dessas razões.
Estou dizendo porque quero realmente dizer isso. Não é que eu não
quisesse ligar para você, era que eu sabia que você não queria que
eu ligasse. Ouvi você falar que foi um erro. Então, um dia depois de
dormirmos juntos, descobri que estava disputando a conta contigo e
não tinha certeza de como diabos iríamos seguir depois disso.
Acima de tudo, eu queria ligar. Eu queria tanto ver você de novo.
Por que ele me faz sentir toda derretida por dentro? Por
que quero me jogar em cima dele e beijá-lo? Por que não consigo
abafar esses sentimentos quando sei que tudo o que ele quer é esta
vaga?
Porque sou louca, é por isso.
Fico de pé, precisando de ar e distância. Não que haja
lugar algum para ir quando estou presa em um elevador, mas ainda
assim.
Olho para Dean, me perguntando se o que ele está
dizendo é verdade.
— Dean…
— Não, não diga nada para tentar fazer do que eu disse
uma mentira.
— Por que essa época parece me trazer tanta confusão e
mágoa com os homens? — murmuro.
Eu costumava adorar o Natal. Era realmente o momento
mais mágico, mas as lembranças ruins sempre tomam conta e
consomem a alegria que eu costumava sentir. Há milhares de boas
lembranças além daquela única horrível, mas sei que só vou
lembrar o quanto doeu quando fui deixada por ele. Este ano, a dor
provavelmente é mais intensa do que quando aconteceu. Esta
véspera de Natal seria o dia do meu casamento. Neste feriado,
comerei outro bolo de aniversário em vez de um de casamento.
Foco meu olhar no teto.
— Sério, eles poderiam ligar a maldita energia para que eu
possa me esconder? Não há nenhuma esperança para mim quando
se trata de relacionamentos.
Dean se levanta, se aproximando de mim, me fazendo
sentir tudo, porque não consigo escapar dele. Ele afasta uma mecha
do meu cabelo loiro que agora cobre meu olho.
— Ainda há esperança para você, Holly.
Viro a cabeça e mordo o lábio inferior.
— Acho que não.
Ele agarra meu queixo, então sou forçada a olhar para ele.
Os olhos de Dean são intensos e há uma camada de medo
logo abaixo da superfície.
— Não é bem assim. Você teve um cara que não viu o
quão incrível você é, que não a merecia. Você não vê o que tem ao
seu redor ou na sua frente.
Não sei o que estou fazendo ao dizer essas coisas.
Talvez seja porque seus olhos azuis se tornam opacos
quando ela está sofrendo e quero iluminá-los novamente. Ela é a
mulher mais linda que já vi. Quase desde o dia em que a conheci,
tenho lutado contra os sentimentos que foram despertados por ela,
ciente de que ela estava com outra pessoa e eu não poderia tê-la.
Então, quando aquele idiota do noivo a deixou, quase dei
uma maldita festa.
Eu o odiava. Ele era um babaca que nunca a mereceu.
Daí, depois que ele se foi, ela precisava de tempo. Seu
sofrimento e conflito eram evidentes.
Houve momentos em que tentei fazê-la rir, sorrir, esquecê-
lo e nos últimos meses… ela melhorou.
Começamos a trabalhar no lançamento de um novo tipo de
bebida vitamínica. Longas noites com comida no escritório tornaram
impossível não me apaixonar por ela.
Passei tanto tempo fingindo que era apenas luxúria, mas
não posso mais fazer isso. Agora que a tive, nunca mais quero
soltá-la.
— Não entendo…
Levanto a mão, tocando suavemente sua bochecha.
— O que você não entende?
Ela tenta dar um passo para trás, mas não há para onde ir.
— Isso! Nós. Por que você diria tudo isso quando vai pra
Califórnia e não tem certeza se encontrará outro emprego ou se
voltará? Você quer me dar outra razão para odiar o Natal?
A última coisa que quero fazer é machucá-la ainda mais.
Tentei me livrar da obrigação de ir para casa. Planejei falar com ela
esta semana, vê-la e explicar que não acho que a outra noite tenha
sido um erro. Meu objetivo era tornar o Natal dela algo especial.
Levá-la para um encontro de verdade, mostrar que não são as
festividades que são uma merda – e, sim, o idiota com quem ela
estava.
— Não. Essa definitivamente não é minha intenção.
Sua mão pressiona meu peito, mas não me movo. Não
posso deixá-la escapar antes que saiba como me sinto.
— Então o que você está tentando fazer?
— Estou tentando fazer você enxergar.
— Enxergar o quê?
Em vez de responder com palavras, eu a beijo. Minha boca
é áspera contra a dela, e ela congela. Beijar Holly é tudo o que
lembro e muito mais. A mão que estava tentando me afastar agora
está agarrando minha camisa. Seus lábios vão de rígidos a suaves
enquanto ela me beija de volta.
Mas eu a sinto lutando contra si mesma. Quando ficamos
juntos na semana passada, ela estava completamente desinibida.
Ela se soltou e, meu Deus, foi lindo.
— Pare de pensar — digo. Nossos lábios apenas roçam
um ao outro. — Pare de tentar transformar essas coisas malucas
em realidade. Pare de se afastar.
— Pare de falar — ela rebate.
Sua mão envolve a minha nuca e ela me beija.
Minhas palmas viajam pelo seu corpo esguio, querendo
sentir sua pele, mas sabendo que ela não confia em mim para não
feri-la. Eu preciso que ela veja que não sou nada parecido com o
cara que ela acredita que sou.
Holly interrompe o beijo e tenta acalmar a respiração.
Seus olhos azuis estão cheios de paixão e conflito.
Acaricio sua bochecha com meus dedos e ela sorri.
— Você tem ideia de quantas vezes me imaginei beijando
você neste elevador?
— É?
O tom mais bonito de rosa toma conta de suas bochechas.
— Eu gosto de você há um tempo, mas, Dean, nós
trabalhamos juntos, e essa coisa da Califórnia…
— Eu vou voltar — juro. — Se você me disser que há uma
chance, eu voltarei.
O som do meu coração batendo é tão alto que tenho
certeza de que ele pode ouvir.
— Há mais do que uma chance.
Não posso acreditar que acabei de dizer isso, mas estou
cansada de lutar contra os meus sentimentos.
Eu me importo com ele e tenho me enganado dizendo
qualquer outra coisa. Ele é doce, atencioso e, se fosse embora, eu
ficaria imaginando para sempre o que mais poderia ter acontecido
entre nós.
Dean é o oposto de qualquer pessoa com quem já estive, e
acho que isso é uma coisa boa.
— Há?
Ele não pode ir embora sem saber, porque quero que ele
volte. Mesmo que isso signifique que nunca mais terei outra conta.
Bem, talvez não tantas, mas ainda assim.
Minha respiração está ofegante enquanto conto a ele tudo
o que há em meu coração:
— Eu gosto de você, Dean. Há muito tempo. Eu sei o que
você ouviu, mas nada daquilo era verdade. Só disse aquilo porque
coisas ruins acontecem nessa época do ano e eu queria me
proteger. Eu queria acreditar que poderíamos ficar juntos, mas então
tudo pareceu tão… apavorante.
Conto a ele a minha verdade, porque confio nele. Dean
nunca mentiu para mim e sempre fez tudo que podia para me fazer
sorrir.
Quando eu estava magoada, Dean, de alguma forma,
sempre fazia com que o ato de levantar e ir trabalhar fosse um
pouco menos doloroso. Ele nunca me levou ao limite, mas agora
não há como voltar atrás.
— Vou fazer você amar o Natal de novo, Holls. Vou mostrar
que o Papai Noel, a neve, a música e todas as coisas são cheios de
alegria.
Balanço a cabeça, dizendo não a ele e negando sua
afirmação a mim mesma.
— Como você planeja fazer isso?
Ele pressiona os lábios aos meus, e eu apoio meu corpo ao
dele.
— Te fazendo lembrar que foi assim que ficamos juntos.
Porque se aquela tempestade de neve idiota não tivesse cortado a
energia durante a época do ano em que o Papai Noel chega, e se a
música não estivesse tocando em nosso escritório naquela noite,
não teríamos alegria. Não teríamos, finalmente, parado de fingir que
esses sentimentos entre nós não estavam realmente acontecendo.
Um sorriso surge em meus lábios e brinco com o cabelo
curto de sua nuca.
— Acho que isso poderia ter acontecido no verão.
Dean assente com um encolher de ombros.
— Talvez, mas acredito que haja algo mágico no ar que faz
com que não possamos deixar de aceitar o que vem em nosso
caminho.
Antes que eu possa dizer outra palavra, o elevador dá um
solavanco e estamos nos movendo. Tento me afastar, mas Dean me
segura com força. Então a porta se abre e há três pessoas ali,
olhando para nós dois, um nos braços do outro.
— Bem, parece que vocês estão muito bem — um senhor
mais velho diz, antes de deixar escapar uma risada baixa.
— Sim, acho que estamos — Dean responde, enquanto dá
um passo para trás e pega seu paletó do chão.
Pela primeira vez em muito tempo, acho que também
estou. Pode não ter sido do jeito que eu queria passar uma hora do
meu tempo, mas acabou sendo a melhor hora da minha vida.
Ele estende a mão e eu a seguro.
— Vocês dois têm que se beijar — o homem mais velho
fala, e, finalmente, dou uma olhada nele.
É um homem grandalhão com uma barba branca. Ele se
parece exatamente com… o Papai Noel. Há um brilho em seus
olhos como se soubesse exatamente o que estávamos fazendo
naquele elevador.
— Como é? — pergunto.
Ele aponta para o teto do lado de fora da porta do elevador.
— Visco.
— Ah.
— Dá azar — o sósia do Papai Noel comenta. — Além
disso, é véspera de Natal. Nunca se sabe o que pode acontecer se
você acreditar. Você acredita, Holly?
Eu olho para Dean e sorrio.
— Sim. É realmente a melhor época do ano.
Dean sorri e pressiona seus lábios aos meus, me
lembrando que, se você tiver fé, tudo pode acontecer durante essa
época do ano.

FIM – OU QUASE ISSO…

Obrigada por ler este conto de Natal. Eu me lembrei do


quanto adorei escrever a história de Dean e Holly, e depois de
assistir o filme da Passionflix, sabia que precisava voltar e escrever
mais. Eu queria respostas para minhas próprias perguntas e ver
aonde elas levariam. Então… Será que Dean mostrou a Holly que
esta época do ano é a melhor? Leia e descubra.
Dois anos depois…
— Dean! Você pode me ajudar, por favor? — eu o chamo,
de cima do meu precário banquinho.
Ele corre para a sala de estar com os olhos arregalados.
— O que você está fazendo? — diz, enquanto tenta
impedir o banquinho de balançar em duas pernas.
— O anjo estava torto — explico como se fosse óbvio.
— Independentemente disso, você não deveria subir aí.
Reviro os olhos.
— Está tudo bem.
— E se você caísse?
Desço do banquinho, minha mão tocando sua bochecha.
— Você me pegaria.
Vejo sua raiva diminuir um pouco.
— Não se eu não soubesse que você estava caindo.
— Eu tenho fé.
Os últimos meses foram uma loucura. Sim, essa época do
ano era sempre uma correria na empresa, mas com nós dois sendo
promovidos em departamentos diferentes, nosso horário tem sido
absurdo, nos deixando com muita dificuldade para encontrar tempo
para nos vermos.
Dean foi promovido para o novo departamento e, depois
que meu chefe saiu, fiquei em seu lugar. Isso tornou muito mais fácil
para podermos namorar, e as pessoas fizeram muito menos
perguntas.
Sem mencionar que todos no trabalho já sabiam de tudo.
Aparentemente, não éramos muito sutis.
— Senti sua falta — ele diz, enlaçando meu corpo com
seus braços fortes.
— Tem sido tão difícil com as novas contas que recebemos
— digo, afrouxando sua gravata. — Você já acertou tudo com a sua
nova contratação?
Ele geme.
— Nem mesmo perto disso. Ela é ambiciosa, o que é
ótimo, mas é imprudente.
— Vai dar tudo certo — eu o tranquilizo.
— Seria muito mais fácil se ela não fosse a filha do dono.
Dou um tapinha em seu peito, junto com um sorriso.
— Sim, isso é péssimo para você.
Dean ri antes de me dar um beijo rápido.
— Ainda assim, é bom que estejamos ocupados.
— Eu sei, mas vamos ter um tempinho depois do Ano
Novo, certo?
Ele suspira profundamente.
— Duvido.
— Por quê?
— Porque acabei de receber outra conta e vai exigir
algumas viagens, possivelmente antes do Réveillon.
— Você vai perder a véspera de Ano-Novo?
— Espero que não, mas se eu tiver que voar para Tóquio,
então posso não ter outra opção.
Tento não ficar triste com isso, mas estou. Estar com ele
me trouxe muita alegria. Dean me fez promessas e cumpriu todas
elas. Eu o amo muito e, de forma egoísta, quero estar com ele.
No entanto, foram nossas carreiras que nos uniram e sei o
quanto isso significa para ele. Se fosse eu a viajar, gostaria que ele
entendesse.
— Vamos dar um jeito — prometo.
Ele me dá um beijo suave.
— É por isso que amo você.
— Ah, é? Por causa deste único motivo? — pergunto, em
um tom sedutor.
— Este e muitos, muitos outros.
— Bem, eu sou fabulosa — brinco.
— Não há como negar isso.
— Agora, vamos decorar esta árvore antes que nossos
pais cheguem amanhã.
Quase não tivemos tempo de fazer nada relacionado ao
Natal. Ontem à noite, três dias antes do Natal, saímos para
encontrar uma árvore e colocamos alguns pisca-piscas nela. Agora
estamos fazendo o nosso melhor para não parecer uma merda total,
porque tive a brilhante ideia de oferecer a nossa casa para o jantar
de Natal este ano.
Como se eu já não estivesse estressada por ver a mãe de
Dean novamente.
Eu gemo, lamentando minha estupidez.
— O que foi? — pergunta.
— Eu só… e se sua mãe ainda não gostar de mim?
Dean franze o cenho.
— Do que você está falando? Ela ama você.
— Ela me amava antes de virmos morar juntos. Ela me
amava quando pensava que isso era apenas uma aventura e você
se mudaria de volta para Califórnia em vez de ficar aqui.
Kayti Pritchard é a mãe mais doce e tradicional que já
existiu.
Quando fui com ele para a Califórnia, no Natal, no primeiro
ano em que estávamos juntos, foi um choque para ela, mas ela
parecia feliz em me conhecer. Acho que Dean tinha falado sobre
mim para sua família, o que me fez sorrir.
No entanto, ela não ficou feliz quando nos pegou aos beijos
na cozinha à meia-noite. Depois disso, foi um pouco difícil, mas
estávamos fazendo progressos. Então ela juntou dois mais dois e
percebeu que fomos morar juntos logo depois do Natal do ano
passado.
Por dois meses, Dean ia para o quarto, escondendo
qualquer evidência de que eu havia me mudado para seu
apartamento antes que sua mãe ligasse para ele. Nós suportamos
três horas ouvindo todos os motivos pelos quais tínhamos que nos
casar para não vivermos em pecado, e como era cedo demais.
Tenho certeza de que ela viveu sob a ilusão de que Dean estava se
guardando para o casamento.
— Eu juro que ela não tem problemas com você agora.
Não acredito nele.
— E você ainda quer que eu durma no quarto de hóspedes
enquanto ela está aqui? — zombo.
— Não, isso foi uma piada. — Ele ri.
— Aham, sei.
— Esta é a nossa casa, Holly. É onde estamos construindo
uma vida juntos. Amo você e, independente do que minha mãe diga,
isso não mudará. Agora, não vamos falar sobre mães, jantar ou
trabalho, e aproveitar o tempo que temos.
Solto um suspiro profundo e envolvo sua cintura com meus
braços.
— Eu sei o que realmente gostaria de fazer com o tempo
que temos antes de nossos pais chegarem.
— Conte-me mais…
Fico na ponta dos pés, movendo minhas mãos ao longo de
suas costas.
— Bem, primeiro, acho que estamos vestidos demais.
Seus olhos se suavizam e o clima ao nosso redor muda.
— Acho que isso pode ser remediado.
— Em segundo lugar, acho que haverá muitos toques…
Mas por onde começamos…?
Dean se abaixa, me pegando em seus braços, e então sua
boca está na minha, o que me salva de ter que continuar falando.
Eu amo esta mulher. Esta mulher maluca, excitante e
enlouquecedora que entrou na minha vida, consumindo tudo pelo
caminho.
Eu a carrego para o nosso quarto, deitando-a na cama
como a deusa que ela é. Alguns dias, apenas olho para ela e me
pergunto o que de bom eu fiz para cruzar meu caminho com o dela.
Dois anos com Holly me ensinaram muito sobre o amor e a vida.
Holly está usando uma calça legging e um grande suéter
verde que pende em seu ombro, e ela nunca esteve mais bonita.
— Você disse algo sobre roupas — eu a lembro, enquanto
começo a desabotoar minha camisa social.
Ela se senta, tirando o suéter, mostrando um sutiã branco
rendado que se prende à nuca. A pessoa que inventou a renda foi
um maldito gênio. Eu fico aqui, a mão parada sobre um botão,
esquecendo de como me mexer.
— Você é linda.
— Você ainda está vestido. — Holly se levanta, seus dedos
terminando o que os meus não conseguem. Cada puxão em minha
camisa faz algo ao meu coração. Agradeço ao destino por ter
intervido e nos dado uma segunda chance.
Uma que jurei não desperdiçar. Não tenho dúvidas de que
Holly é a resposta a todas as minhas preces. Ela é a outra metade
da minha alma e quero passar o resto da vida fazendo-a tão feliz
quanto ela me faz.
Este Natal é um que ela nunca vai esquecer.
Afasto o cabelo de seu rosto, o polegar roçando sua
bochecha.
— Como foi que consegui você?
Ela sorri.
— Eu me pergunto a mesma coisa. Se aquela tempestade
de neve não tivesse acontecido, nós teríamos um ao outro?
— Eu gostaria de pensar que sim.
Holly se levanta e roça o nariz no meu.
— Acho que fomos feitos para sermos um do outro.
Seguro seu seio e roço seu pescoço com meus lábios. Não
importa que tenhamos feito isso inúmeras vezes; toda vez com ela é
especial.
Holly afasta minha camisa, as mãos subindo pelo meu
peito.
— Eu amo você.
— Eu amo você — repito suas palavras. — Demais.
Nós nos movemos ao mesmo tempo, fundindo nossos
lábios, nos entregando ao desejo que pulsa entre nós. Puxo sua
legging para baixo, e ela a chuta antes de desabotoar minha calça.
Enquanto a vejo se deitar na cama, levo um segundo para
apreciar a sorte que tenho em tê-la para mim. Prometi que a faria
voltar a amar o Natal e tenho trabalhado muito para lhe fazer feliz
todos os dias do ano, mas neste em específico, estou dando tudo de
mim.
Beijo seu pescoço e depois seu peito, chupando seu
mamilo do jeito que ela gosta. Seus dedos agarram meu cabelo
enquanto desço pelo seu corpo. Abrindo suas pernas, toco a pele na
parte interna de sua coxa.
— Dean… — ela geme.
Minha língua se projeta para fora, mal tocando seu clitóris,
e ela aumenta o agarre no meu cabelo, me puxando para onde me
quer.
Eu lambo, chupo e saboreio cada som que escapa de seus
lábios. Holly levanta os quadris e começo a foder com minha boca,
levando-a cada vez mais longe. Eu me abaixo e envolvo minha mão
em volta do meu pau, movendo no ritmo da minha língua.
Holly explode, seus gritos ressoando pelo quarto, e então
ela me agarra, me puxando mais para perto de si.
— Por favor, Dean, eu preciso de você — implora.
Amo sua voz, o quão carente ela é por mim. Vou subindo
em seu corpo, me alinhando exatamente onde quero estar. Nossos
olhares se encontram, e há puro desejo em seus olhos azuis, mas
também há amor. Tanto amor que, se eu estivesse de pé, seria
capaz de cair de joelhos.
As palavras que quero dizer pairam em meus lábios, mas
tenho um plano, que não inclui dizê-las antes de fazer amor com
ela.
Suas mãos seguram meu rosto enquanto ela me observa.
— O que foi?
— Você.
— Eu me sinto da mesma forma.
Ela abre as pernas um pouco mais e se mexe, me
incentivando a penetrá-la.
— Você é minha, Holly.
— Sempre.
Eu me enterro profundamente, o calor de seu corpo
envolvendo o meu como um cobertor. Gemo quando ela me agarra
e, em seguida, faço amor com ela, dando tudo o que tenho.

— Estou pirando. — Holly está andando de um lado ao


outro na saída do terminal, sacudindo as mãos como se pudesse
expulsar o nervosismo. Tento não sorrir, mas ela é tão fofa. Isso é o
que ela faz antes de uma apresentação de proposta e, como
estamos em departamentos diferentes, nunca mais vejo esse lado
dela.
— Relaxe — digo, puxando-a para o meu peito. — Vai ficar
tudo bem.
— Quero que sua família goste de mim.
— E eles gostam.
Ela me lança um olhar cético e se afasta de mim.
— Devíamos ter ido lá.
— Holly, pare, vai ficar tudo bem. Minha mãe gosta de você
e vai gostar ainda mais depois que a conhecer melhor. Só… respire
fundo.
Tenho grandes planos para este Natal. Tudo está se
encaminhando, só preciso que nossas famílias cheguem aqui e
façam as suas partes para que a surpresa aconteça sem problemas.
Meu telefone toca.

Desembarcando agora.

Holly e eu estamos aqui esperando por vocês.

Mal posso esperar para te ver.

Não deixo de notar que ela não usou o plural. Sou filho
único e, depois da perda do meu pai, ela se tornou um pouco
superprotetora. Acho que acreditou que eu voltaria para a Califórnia
depois da faculdade, se esquecendo de que foi ela quem me
incentivou a estudar em Northwestern, onde me apaixonei pela
cidade e pelo meu trabalho.
Seguro a mão de Holly, enquanto as pessoas saem,
passando pelo balcão da segurança.
— Eu prometo, este Natal vai ser perfeito.
Holly solta um suspiro, me dando um sorriso caloroso.
— Já é.
Eu me inclino, pressionando meus lábios aos dela.
— Apenas seja você, querida. Não existe alguém capaz de
resistir a você.
Enquanto encaro aqueles olhos azuis, ouço alguém
pigarreando.
Nossas cabeças se viram na mesma hora.
— Mãe!
— Dean, meu menino!
Não me importo que tenha trinta e quatro anos e que seja
um homem adulto, porque quando minha mãe me puxa para um
abraço, tudo parece possível. Todos os planos pelos quais tenho
estado agoniado nas últimas semanas, e até mesmo o estresse de
sua chegada, desaparecem.
Vai ficar tudo bem.
Tem que ficar tudo bem.
Minha mãe me solta e sorri para Holly.
— É tão bom ver você — ela diz.
É como se todo o ar que estava sendo contido em um
balão se soltasse, e, em seguida, Holly abraça minha mãe.
— Espero que o seu voo tenha sido bom.
— E foi. Longo, e realmente, você não precisava fazer um
upgrade. — Ela dá um tapinha na minha bochecha. — Mas foi fofo.
— Foi ideia da Holly.
Minha mãe se vira para ela.
— Obrigada, querida. É ótimo que Dean tenha alguém para
cuidar dele.
Quero argumentar com ela, mas então meu telefone toca.
— É do escritório, tenho que atender — informo, antes de
me afastar. — Oi, Misty.
— Oi, Dean, desculpe incomodá-lo… Sei que você tirou os
próximos quatro dias de folga, mas temos um grande problema.
Minha assistente não ligaria se não fosse algo sério.
— O que está acontecendo?
Ela conta todos os fatos sobre o cliente e como ele está se
preparando para cancelar tudo. Eu tinha deixado tudo ajeitado antes
de sair do trabalho na sexta-feira.
— Como a situação ficou tão ruim? — pergunto.
— Parece que o cliente não concordou muito desde o
início. Matthew tem tentado agradá-los, mas… Acho que estão a
poucas horas de cancelar o contrato conosco. Eu…
Olho para minha mãe e Holly.
— Estarei no escritório em quarenta minutos. Ninguém toca
em nada.
E, com isso, todo o estresse que eu pensava ter ido
embora, está de volta.
— O apartamento está lindo — a mãe de Dean comenta,
enquanto se move. — E qual é o seu quarto?
Ah, vou matá-lo quando ele voltar.
— Você gostaria de desfazer as malas? — pergunto, na
esperança de evitar a pergunta.
— Não, não, está bem. Você sabe quando Dean estará de
volta?
Balanço a cabeça em negativa. Já se passaram três longas
horas. No começo foi bom, voltamos para casa, colocamos as malas
no quarto de hóspedes e depois fomos ao mercado comprar
mantimentos que, aparentemente, eu tinha esquecido. Embora
achasse que teria a maior parte do que precisava para o nosso
jantar de amanhã, a senhora Pritchard queria fazer alguns pratos
especiais que sua família come todos os anos e dos quais ela não
havia me falado.
Em seguida, ligamos para a mãe dela, que só chegará
mais tarde nesta noite, mas o telefonema só me deu vinte minutos,
enquanto eu estava esperando, não tão pacientemente, o retorno de
Dean.
Agora, porém, terminamos de adicionar algumas
decorações na árvore de Natal, os toques finais que ela pensou que
fariam com que parecesse um pouco mais festivo e… ainda sem
sinal de Dean.
— Não sei — admito. — Vou mandar uma mensagem para
ele.
Meus dedos voam sobre a tela do celular, que não saiu da
minha mão, e envio uma mensagem frenética.

Amor, onde você está?

Continuo encarando o telefone, desejando que ele


responda. Olho para a mãe de Dean com um sorriso.
— Provavelmente ele está lidando com o cliente.
Ela assente com a cabeça.
— Ele faz muito isso?
— O que quer dizer?
— Quero dizer, ele desaparece com frequência para
trabalhar?
— Nós dois estamos muito ocupados e eu entendo isso —
eu a tranquilizo.
— Ele sempre foi assim. — Seu sorriso alcança os olhos.
— Quando pequeno, ele ficava no quarto, elaborando seus
trabalhos da escola como se cada palavra tivesse que ser perfeita.
Não parava até que estivesse exatamente do jeito que queria.
A senhora Pritchard se senta no sofá, dando um tapinha na
almofada ao lado. Caminho até lá, meu nervosismo começando a
abrandar. Esse tipo de coisa eu poderia fazer.
— Ele ainda é assim. Não sei dizer quantas noites acordei
o ouvindo digitar no computador. É por isso que ele é tão bem-
sucedido na empresa.
— Tenho tanto orgulho dele.
— Eu também.
Estamos compartilhando um momento aqui.
— Você ama meu filho, não é?
— Muito.
— Ele também ama muito você.
Penso em nossa história, como se alguém mais estivesse
narrando, caso nós tivéssemos nos separado assim que o elevador
abrisse. Ele teria ido para Califórnia, provavelmente para encontrar
um emprego e morar mais perto de sua família. Eu não teria
conseguido aquela promoção e teria perdido a vida que estou
vivendo hoje. É uma loucura o quanto tudo pode mudar em um
instante.
Concentrando-me nela, faço o que talvez ela esteja
esperando de mim.
— A felicidade de Dean, seus objetivos e sonhos, também
são os meus. Amá-lo significa compartilhar tudo isso, e não querer
diminuí-los.
— E se ele for transferido? — rebate.
— Então encontraremos uma maneira de fazer dar certo.
— Vejo a hesitação em seus olhos. Você está tão focada
na sua carreira quanto ele. Isso é o que me preocupa, às vezes.
Consigo entender seu ponto de vista. Ela ama o filho e não
quer vê-lo magoado ou estagnado.
— E se eu for transferida? É a mesma coisa,
encontraríamos uma maneira de fazer as coisas darem certo. Eu
realmente acredito nisso. Dean e eu… bem, não há mais ninguém
para mim.
A senhora Pritchard segura minha mão entre as dela.
— Então, cuidem bem um do outro, Holly. Não deixe que
eu ou qualquer outra pessoa fique entre vocês. A vida é curta, ame-
o como se não houvesse amanhã.
Meu coração dói por ela enquanto uma lágrima escorre por
sua bochecha. Ela amava profundamente o marido e, embora já
tenham se passado dez anos, posso ouvir a angústia em sua voz.
— Prometo.
— Quando perdi meu marido, me lembro de desejar não ter
brigado com ele por coisas pequenas, sabe?
Assinto com a cabeça.
— Minha mãe sentia o mesmo.
— Dean mencionou que seu pai faleceu há alguns anos.
— Sim, quatro.
— Deve ter sido difícil.
Ela não tem ideia. Eu era tudo para meu pai. Ele me
idolatrava e eu teria feito qualquer coisa para fazê-lo feliz. Nós o
perdemos tão rápido que não tivemos tempo para nos preparar. Não
que alguém possa estar realmente preparado para algo assim, mas
ele estava bem em um dia e faleceu no dia seguinte.
Ataque cardíaco fulminante.
Um buraco enorme no meu coração.
— Tem sido difícil, mas minha mãe e eu temos lembranças
maravilhosas.
Ela dá um tapinha na minha mão.
— São as lembranças que nos ajudam a sobreviver,
mesmo nessa época do ano.
— E as pessoas que ainda estão vivas.
A senhora Pritchard sorri.
— Sim, é importante ter uma família ao nosso redor.
As festas de final de ano são agridoces para mim. Estou
feliz por ter Dean e as pessoas que amo ao meu redor, mas sinto
falta do meu pai. Penso em todas as coisas das quais ele nunca fará
parte. Ele não conseguiu conhecer Dean ou ver onde moramos. Ele
nunca vai conseguir me levar até o altar se eu me casar ou tiver
filhos. É nessa época do ano em que mais penso nessa perda, mas
também estou feliz pelo que tenho.
— Estou muito feliz que você veio, senhora Pritchard.
— Ah, querida, nada disso. Você é da família agora, pode
me chamar de mãe ou Kayti.
Sorrio para ela, com vontade de chorar.
— Obrigada, mãe.
Ela aperta minha mão.
— Nada de lágrimas. Temos muito o que fazer para o
jantar. Vamos, Holly, vou ensinar você a fazer torta de purê de
batata. Se você for fazer o jantar de Natal a partir de agora, precisa
ter certeza de que sempre terá esse prato na mesa. É uma tradição
da família Pritchard.
Luto contra a súbita onda de emoções que vem com a mãe
de Dean querendo me ensinar sua receita de família. Meu lábio
treme e forço um sorriso.
— Obrigada.
Ela dá um tapinha nas minhas costas, dizendo em sua voz
suave:
— Sou eu quem deveria agradecer a você, querida. Você é
o que toda mãe espera que seu filho encontre. Agora, está pronta
para entrar na cozinha?
Assinto com a cabeça, concordando.
— Mas, primeiro, você pode me dizer o que é torta de purê
de batata?
— É o melhor prato da vida. — Ela pisca e eu me pergunto
em que diabos me meti.

— Onde você está? — pergunto no telefone. — Minha mãe


chegou aqui há uma hora e você não ligou.
Dean deixa escapar um suspiro pesado.
— Que horas são?
— Quase nove.
Sete horas se passaram, sem nenhum sinal dele. Nem
mesmo respondeu às minhas mensagens. Só depois que enviei um
e-mail para sua assistente é que ele finalmente me ligou.
— Caramba. Eu… Está um caos aqui e não posso sair.
— O quê?
— Sinto muito, Holls. Estou tentando, mas o cliente está
agitado e se eu o perder… — ele geme. — Não consigo nem pensar
nisso.
Respiro fundo.
— Posso ajudar?
— Eu gostaria que sim, mas… Olha, está ruim e agora,
parece que vou ter que viajar para resolver isso pessoalmente. É
aquela empresa grande que contratei e…
Ele não precisa explicar que se o cliente cancelar o
contrato, ele perderá o emprego. Sei que mesmo que eu garantisse
a ele que se isso acontecesse – o que acho que não aconteceria de
qualquer maneira –, estaríamos bem com meu salário, porém ele
não mudaria de ideia.
Dean é focado, e em parte, é por isso que sou tão atraída
por ele. Ele precisa consertar isso, não apenas porque é seu
trabalho, mas porque é importante para ele.
— Eu entendo. Olha, faça o que for preciso, mas o Natal é
em dois dias.
— Acredite em mim, querida, eu sei.
— Quando você pretende ir? — pergunto, sentindo uma
leve pontada de decepção com a ideia de ele ter que viajar.
— Esta noite. Amanhã. Não sei.
Não há como não notar a tristeza em sua voz. Mesmo se
eu quiser ficar com raiva, não posso. Dean não quer perder o Natal,
não mais do que eu também não quero que ele perca.
— Okay, bem, me diga o que você precisa, e nós… nós
daremos um jeito.
Começo a fazer planos emergenciais, porque não vou
deixar isso estragar nosso Natal. É importante que este novo ano
comece sem problemas. No primeiro ano, tudo era muito novo
porque tínhamos acabado de sobreviver ao episódio onde ficamos
presos no elevador. Mas era Natal, então pareceu algo mágico.
No ano seguinte, nós nos divertimos muito. E eu sabia. Eu
sabia que Dean era tudo para mim.
Estar com ele significava presentes debaixo da árvore,
jantar com a família, neve e sorrisos – não resolver desastres de
trabalho em Tóquio.
No entanto, como disse à mãe dele, eu o amo. Um único
dia não precisa definir uma vida inteira. Encontraremos uma
maneira de salvar o Natal.
São duas da manhã na véspera de Natal e ainda estou na
minha mesa. Nada está dando certo. Não sei onde diabos esse
negócio começou a dar errado, mas não importa o que faça, não vai
funcionar.
Os dois proprietários estão conversando por
videochamada.
Esfrego os olhos, exausto e frustrado. Esse deveria ser o
acordo que definiria todo o novo ano para minha equipe. Era o
contrato de uma nova marca que lançaria vários produtos por nosso
intermédio.
Eu tinha deixado tudo pronto.
E agora está se esvaindo por entre meus dedos.
Bebo o resto do meu café, rezando para que a cafeína faça
efeito, e então olho para o porta-retratos com uma foto minha e de
Holly.
Ela está sorrindo para mim, sua mão descansando no meu
peito, meus lábios tocam sua testa enquanto as luzes coloridas da
árvore brilham atrás de nós. Foi nosso primeiro Natal oficial como
casal.
No ano passado, depois que fomos para Califórnia para ver
minha mãe e, em seguida, passamos o Natal com a mãe dela, eu a
surpreendi com uma viagem para Nova York.
Não importava que o feriado tivesse acabado, fomos ver a
árvore no Rockfeller Center, vimos uma peça da Broadway e
caminhamos pelo Central Park de mãos dadas.
Meu cliente me chama de volta à realidade.
— Gostaríamos de outra reunião — ele pede.
— Você pode me dar alguns dias? Vamos passar as festas
de final de ano e voltar a conversar.
— Vou discutir isso com os proprietários e informá-lo em
algumas horas.
É o melhor que posso pedir.
— Os voos são limitados, Jon — eu o lembro. — Não
poderei sair antes do Natal, apenas tenha isso em mente.
— Eu entendo. — Ele assente.
Vou implorar, pedir emprestado e roubar para não ter meus
planos frustrados. Tudo deveria ter começado a se encaminhar na
noite passada, mas fiquei preso aqui.
— Obrigado. Me envie um e-mail, é tarde e preciso
descansar um pouco.
— Obrigado, Dean. Entrarei em contato.
E, com isso, fecho meu laptop e vou para casa, tentando
organizar meus pensamentos sobre como ainda vou ter que fazer
tudo dar certo.

— Dean? Amor, acorde — a voz suave de Holly me chama


do limite da consciência. Sinto seus dedos deslizarem pelo meu
cabelo.
Meus olhos se abrem e encontro a mulher que amo
olhando para mim.
— Oi.
— Oi.
— Vem cá — digo, abrindo espaço para ela se aninhar ao
meu lado. — Sinto muito sobre o jantar.
Holly se acomoda.
— Foi bom. Nossas mães agora são melhores amigas e
pude passar um tempo muito necessário com elas. Foi bem legal e
deu certo. Como foram as reuniões?
Coloco o braço por baixo da cabeça, passando a outra mão
pelas costas de Holly.
— Nada bem. Não sei como diabos tudo virou uma loucura,
mas… Tenho quase certeza de que vou ter que ir lá pessoalmente.
— Sinto muito.
— Ossos do ofício…
Ela ri baixinho.
— É definitivamente com o que lidamos agora. Lembra
quando nosso maior problema eram as apresentações de
propostas?
— Lembra como ganhei de você várias vezes?
Holly levanta a cabeça, olhando para mim.
— Acho que você está confuso.
— Quem ficou com a conta quando competimos por ela?
— pergunto, com a sobrancelha arqueada.
— Você só conseguiu porque acabei pulando minha
apresentação para ir à Califórnia.
— Ahh. Agora eu me lembro…
Holly balança a cabeça.
— Não sei o que vou fazer com você.
Fico olhando para ela, sentindo o coração na garganta,
porque não é assim que planejei. Tudo deveria ter sido especial e
perfeito na noite passada, por algum motivo, esse momento
parece… certo.
— Case-se comigo — solto de uma vez e me sento de
supetão, segurando suas mãos. — Case-se comigo, Holly. Isso é o
que quero que faça comigo. Eu amo você. Eu tinha um grande plano
para pedir sua mão na noite passada, e depois, eu faria isso esta
noite. Mas você está aqui, olhando para mim, e não consigo… Não
consigo pensar em mais nada. Quero ser seu marido, e,
provavelmente, não deveria ter feito isso assim, mas…
Sua mão toca meus lábios, me silenciando.
— Alguém já lhe disse que você fala demais? — Lágrimas
enchem seus olhos e ela sorri. — Sim.
— Sim?
Uma lágrima solitária desliza por sua bochecha.
— Sim.
Seguro seu rosto entre as mãos, unindo nossas bocas. É
uma mistura de lágrimas e sorrisos, enquanto o momento se
assenta ao nosso redor.
— Tenho uma coisa para você. — Afasto-me apenas o
suficiente para pegar o anel do fundo da minha mesa de cabeceira.
Levanto a tampa da caixinha, revelando a aliança que escolhi.
— Dean… — ela arfa.
— Eu queria que fosse Natal o ano todo.
Ali, na caixa, há um grande diamante solitário lapidado em
marquise e, de cada lado, três pequenas pedras. Um rubi e duas
esmeraldas, fazendo com que a joia se pareça com folhas de
azevinho.
Tiro o anel da caixinha, colocando-o em seu dedo.
— É lindo. É… é perfeito.
— Você é perfeita.
Ela me beija novamente e então se afasta para admirar sua
mão. Agora, preciso garantir que o resto do meu plano realmente
aconteça.
— Estamos noivos! — anuncio, quando Dean e eu saímos
do quarto.
Nossas mães se levantam do sofá e correm em nossa
direção.
— Meu Deus! — O sorriso da mãe de Dean é enorme
quando ela nos alcança primeiro. — Estou tão feliz por vocês dois.
Agora, Deus não ficará chateado por vocês viverem em pecado.
Quero rir porque não somos casados, estamos apenas
noivos, mas não vou estragar o clima. É véspera de Natal e ela está
feliz.
Minha mãe me puxa para seus braços.
— Ah, minha menina. Eu não poderia estar mais feliz.
Ela ama Dean, porque ele é um cara ótimo, que trabalha
muito e me trata bem, mas ela também quer netos e isso a deixa um
passo mais perto de consegui-los.
— Obrigada.
— Seu pai também ficaria muito feliz — ela diz, com os
olhos um pouco marejados.
— Eu gostaria que ele estivesse aqui.
Sua mão toca minha bochecha.
— Eu também, querida. Mas ele está aqui, eu o sinto ao
nosso redor este ano.
— Amanhã vai ser muito especial — a mãe de Dean fala,
juntando as mãos. — Muito especial. Só sei que tudo será mágico.
Dean olha para ela de forma estranha.
— Sim, porque é Natal.
— É o que quero dizer. O Natal para vocês dois é
especialmente mágico.
Tenho a sensação de que estou perdendo alguma coisa.
Minha mãe agarra minha mão, me puxando em sua direção.
— Como foi o pedido?
— Ele meio que simplesmente disse. Sei que não parece
incrível ou romântico, mas foi. Estávamos deitados, sorrindo, e ele
me pediu em casamento.
— Acho que é perfeito para você, Holly. Você nunca
precisou de nada grandioso.
Não mesmo. Gosto de ser discreta quando se trata de
coisas assim. Honestamente, eu ficaria muito feliz apenas com
essas pessoas e talvez com minha melhor amiga, Chelle, em nosso
casamento. Por mais feliz que esteja com tudo isso, há um breve
segundo de tristeza quando percebo que meu pai não estará aqui
para me levar ao altar. Não terá uma valsa de pai e filha. Serei
apenas eu.
Afasto o pensamento da cabeça, pois este é um dia
especial. Estou noiva do homem mais maravilhoso do mundo.
Dean vem por trás de mim, enlaçando minha cintura.
— Você está feliz?
— Muito.
— O que está achando do Natal deste ano? Você está
começando a concordar que esta é a melhor época do ano?
Sorrio, inclinando a cabeça para trás para olhar para ele.
— Com certeza.
— Ótimo, e ainda temos amanhã.
Ele se inclina, me dando um beijo cálido.
— Amo você.
— Eu também amo você.
Nossas mães conversam entre risinhos, como duas
adolescentes, sobre o que cozinhar, o que vestir e outras coisas que
não entendo.
— Elas se deram bem, e super rápido — Dean observa,
enquanto me abraça com força.
— Graças a Deus. Elas são tudo o que temos.
Ele ri e depois geme.
— Por mais que eu não queira, preciso dar uma olhada no
meu e-mail e ver o que está acontecendo com meu cliente. Se tiver
que sair, terei pouco tempo para me preparar.
Sua mãe se irrita.
— Agora? É véspera de Natal e temos um grande jantar
planejado. Sem falar que você queria nos levar para o centro.
— Eu gostaria de não precisar, mãe, mas… não posso
deixar isso de lado.
Ela dá um suspiro com um toque de frustração.
— Tem certeza de que quer se casar com meu filho, Holly?
Um viciado em trabalho que não consegue desligar o computador,
nem mesmo no Natal.
Eu rio e olho para ele.
— Não há ninguém mais com quem eu preferisse estar.
Ela resmunga e murmura baixinho enquanto entra na
cozinha.
— Me desculpe — ele diz.
— Eu entendo. Se esse fosse meu grande cliente, eu
precisaria fazer a mesma coisa.
Embora seja Natal e quisesse que ele não estivesse preso
trabalhando, eu entendo. Eu esperava que este ano estivéssemos
fazendo coisas juntos, mas tenho amanhã com ele, e com minha
mãe aqui, não é tão ruim.
Ele beija minha testa.
— Obrigado. Prometo que vou compensar tudo para você
amanhã.
Eu sorrio.
— Bem, podemos sempre tentar ser silenciosos esta noite.
Dean pisca.
— Estou ansioso para tentar isso.
Ele volta para o quarto e vou ajudar na cozinha – e, por
ajuda, quero dizer, ficar sem saber o que fazer enquanto nossas
mães conversam sobre tudo. Vamos comer pernil e torta de purê de
batata (que é basicamente duas vezes batata assada, mas muito
mais complicada), ervilha e o famoso Pierniki da minha mãe, que é
um pão de mel coberto de chocolate.
— Aqui, sove a massa, mas não muito — minha mãe me
delega a tarefa.
Tenho feito isso todos os anos desde que tinha três anos
de idade. Minha bisavó ensinou a receita para minha avó e depois
ela ensinou minha mãe, que passou adiante e me ensinou.
— Não é maravilhoso? — a senhora Pritchard pergunta. —
É disso que se tratam as festividades de fim de ano, é sobre família
e amor.
Minha mãe assente com a cabeça.
— Estava tão preocupada que Holly acabasse sozinha
depois do último cara com quem ela namorou.
— Poderíamos não falar sobre isso? — pergunto. — Fiquei
noiva hoje e gostaria de pensar apenas em Dean.
— Claro, querida. Dean é um bom homem. Vocês têm
muita sorte de ter um ao outro.
Eu sorrio, pensando naquele desastre do elevador.
— Eu tive sorte.
A senhora Pritchard acena com a mão.
— Foi o destino.
— Acho que foi um milagre de Natal — digo, enquanto me
lembro de olhar para o visco que estava pendurado acima de nós.
Este ano, me certifiquei de pendurá-lo em nosso quarto,
algo com o que Dean ficou mais do que feliz em aproveitar.
Depois de mais alguns minutos, Dean entra, e a expressão
em seu rosto diz tudo.
— Eles cancelaram o contrato?
— Não, mas tenho que ir para Tóquio.
— Quando?
Ele fecha os olhos.
— Não sei, mas eu deveria estar entrando em um avião
agora.
— Dean, é Natal! — sua mãe reclama.
Quando ele olha para mim, posso ver o arrependimento.
— Eu sei. Acredite em mim e… Deus! — grita, frustrado. —
Eu tinha tudo planejado.
Sua mãe se aproxima e coloca a mão em seu ombro.
— Não há nada que não possa ser remediado. Nós… Bem,
faremos isso hoje.
— Fazer o quê? — sondo.
Dean para na minha frente, segurando minhas mãos.
— Eu tinha um plano. Quando pedi que se casasse
comigo, era apenas parte dele.
Pisco algumas vezes, sem ter certeza do que mais pode
haver nisso.
— Okay…
— Olha, eu fiz uma promessa para você naquele elevador.
Prometi que o Natal seria sua época favorita novamente. Eu queria
fazer você amar de novo essa época do ano.
— E você conseguiu — asseguro a ele.
— Quero que todas as lembranças deste ano em diante
sejam repletas de alegria, Holly. Quero que pense com alegria em
nós, em tudo o que compartilhamos e em tudo o que ainda está por
vir.
— Dean, você não está estragando o Natal tendo que
viajar. É um dia. Um único dia do resto de nossas vidas juntos. Eu o
amo e sei que você não está indo porque simplesmente quer.
Ele balança a cabeça.
— Se tiver que pegar um avião amanhã, vamos ter que
fazer tudo hoje. — Há tanta determinação em sua voz que não sei
como responder. — Vá para o quarto e não saia até eu te buscar,
okay?
— Ahm, okay?
Ele me beija, ignorando que nossas mães estejam paradas
bem ali, e então me vira.
— Vá. Eu tenho muito trabalho a fazer.
Ligo para Charlie, o funcionário da manutenção que nos
tirou do elevador.
— Dean? Tudo pronto para amanhã? — pergunta ele.
— Na verdade, não. Eu tenho um problema e preciso ver
se você pode vir aqui hoje.
— Hoje? Você vai se casar hoje?
— Sim, surgiu uma viagem de trabalho inesperada.
Ele faz alguns ruídos como se estivesse se movendo.
— Acho que consigo. Quando você precisa de mim?
— Em três horas?
— A neve está caindo com força, mas vou conseguir
chegar. Não se preocupe. Não vou te deixar na mão.
Dou risada, porque foi ele quem nos salvou da última vez,
e parece que, mais uma vez, um pouco de neve e um pouco de
sorte vão salvar este feriado.
— Eu te aviso onde vai acontecer, já que todos os meus
planos estão sendo alterados.
— Tudo bem. Vejo você mais tarde.
Desligamos e vou para onde nossas mães estão.
— Okay, Charlie estará lá, o que mais precisamos fazer?
— Liguei para a florista — a mãe de Holly nos informa. —
Ela pode entregar onde precisarmos na próxima hora. Ela já estava
com tudo pronto.
— Okay. — Então me viro para minha mãe. — Bem,
preciso de um local.
Ligo para o restaurante que reservei para amanhã, com
vista para o lago. É mágico quando o cais está iluminado e tudo está
coberto de neve, então teria sido… perfeito. No entanto, eles
explicam que não podem acomodar um casamento inesperado,
mesmo que sejam apenas seis pessoas. Eu, Holly, minha mãe e a
dela, são quatro.
Merda. Preciso enviar uma mensagem para a melhor
amiga de Holly, Chelle, e meu padrinho, Brian.

Sei que é de última hora, mas você pode vir pra


cá agora?

Agora? Para quê?


Tenho que ir para Tóquio, então vamos fazer
aquele negócio agora.

Ah! Okay! Já estou indo.

Ela mora só a alguns quarteirões de distância, então isso


não será um problema.
Em seguida, ligo para contar a Brian, que estava indo para
o bar com uma garota com quem ele estava ficando no ano
passado. Eles têm algum pacto estranho e… bem, ele é um caos.

Por favor, me diga que você está sóbrio e não


está saindo com a sua ex ou como diabos você
chama essa garota.

O que está acontecendo?

Vou me casar hoje e preciso que você venha


aqui.

Achei que fosse amanhã.

Mudança de planos.

Estarei aí em uma hora.

Há algo que estou esquecendo.


— O bolo.
Minha mãe sorri.
— Não se preocupe com isso. Nos dê duas horas e
teremos um bolo pronto.
A mãe de Holly sorri.
— Kayti e eu cuidaremos disso. Vá se arrumar.
— Onde vamos fazer isso? — pergunto. — Não posso ir ao
restaurante hoje, o que significa que não temos comida. Merda.
— Dean, temos um banquete aqui.
— Ela vai odiar.
A mãe de Holly balança a cabeça.
— Você está planejando um casamento como um presente
de Natal. Ela não vai odiar nada.
Eu realmente espero que não. Quando pensei nisso, tudo
parecia bom. Era um casamento fácil e sem complicações, sem
nenhum estresse. Ela tem estado muito ocupada e não era sobre a
festa de casamento para mim, é sobre o casamento em si. Quero
começar nossas vidas juntos – algo calmo e fácil.
Eu queria sem estresse, mas agora está uma bagunça do
caramba.
Tento pensar em outras opções de local e então me
lembro.
O lugar em que a levei em nosso primeiro encontro de
verdade: o museu.
E acontece que tenho um contato. Mando uma mensagem
para Chelle.
Posso fazer o casamento no museu?

Estamos fechados, mas posso ligar para meu


chefe e perguntar.

Okay, me avise.

Depois de alguns minutos, ela me responde.

Consegui. Eles apenas disseram que tenho que


me certificar de deixar tudo limpo. Vou enviar uma
mensagem com detalhes para que as coisas
sejam entregues sem ninguém ver e tudo o mais.

Você salvou minha vida.

Aviso todos sobre o local para se encontrarem, o que na


verdade funciona perfeitamente bem. Agora, posso ter algo especial
para Holly.
Com um plano definido, vou para o quarto e a encontro
deitada na cama lendo um e-book.
— Lendo alguma coisa boa?
Ela sorri.
— Bem, o herói acabou de dizer à heroína como ela é
especial e como ele não gostaria de viver nem mais um dia sem ela.
Foi fofo.
— Bem, acho que você é especial e não quero viver nem
mais um dia sem você.
— Você daria um ótimo namorado literário.
— O que diabos é um namorado literário? — pergunto.
— Você não entenderia, porque eles não existem na vida
real, não importa o quanto desejássemos que existissem.
Reviro os olhos.
— Olha, sei que amanhã nada será como planejado, mas
que tal salvarmos o dia de hoje?
— O que você está aprontando? — A voz de Holly está
cheia de ceticismo.
— Nada, só quero tentar fazer com que um pouco da
minha surpresa ainda aconteça.
Ela me olha com curiosidade.
— Tudo bem.
Tudo bem. Posso realmente conseguir fazer isso.

Chegamos ao Museu de Arte Contemporânea cerca de


duas horas depois, e sinto como se tudo estivesse bem. Enrolei o
máximo que pude, dando tempo às nossas mães para tirarem o bolo
do forno e cuidar das comidas. Isso também deu a Brian e Chelle
tempo para trazer as flores e tudo o mais para cá.
Há algo de mágico neste lugar. Mesmo que nós já
tenhamos vindo aqui uma centena de vezes, sempre me sinto como
se fosse algo novo e excitante. Casar aqui será perfeito.
— Eu amo este lugar — ela diz, refletindo meus
pensamentos.
— Eu também.
— É onde você me disse que me amava pela primeira vez.
— Eu me lembro — respondo, sorrindo.
As mãos de Holly estão em volta do meu braço enquanto
caminhamos pelo local.
— Chelle abriu para nós?
Eu rio.
— Sim. Demorou um pouco, eu precisava deixar tudo
pronto.
— Que bom que temos amigos trabalhando em cargos
importantes.
Caminhamos pelas exposições, observando algumas
coisas novas quando meu celular toca com uma mensagem de
Chelle, me dizendo que está tudo pronto e onde levá-la para se
arrumar.
— Que tal irmos por aqui? — sugiro.
— Mas sempre vamos ver as pinturas contemporâneas.
Dou a ela um sorriso irônico.
— Vamos tentar algo novo.
— O que você está aprontando, Dean Pritchard? — ela
pergunta, inclinando a cabeça para mim.
— Você vai ver.
Seguimos por alguns corredores até chegarmos à nova
seção que tem uma grande escultura no centro.
— Chelle! — Holly exclama e depois corre para ela. — Por
que você está usando um vestido de festas?
Chelle, usando um longo traje bordô, olha para mim e sorri.
— Seu vestido está na outra sala.
— Meu vestido para quê? — Ela dá um passo para trás,
olhando de Chelle para mim.
Vou até ela e me ajoelho.
— Quando pedi que se casasse comigo, eu tinha um plano
elaborado para tornar o pedido especial. Planejei pedi-la em
casamento enquanto estivéssemos no que planejei ser nosso
casamento.
— O quê?
— Case-se comigo hoje, Holly. Case-se comigo aqui, no
lugar que tem um significado tão especial para nós dois. Case-se
comigo na frente de nossos amigos. Agora mesmo. — Lágrimas
enchem seus olhos quando minha mãe, a mãe dela e Brian saem,
todos trajados com elegância. — Case-se comigo na véspera de
Natal.
Ela funga e depois se inclina para ficar na minha altura.
— Você planejou o nosso casamento?
— Sei que você não queria um casamento grande, e o
Natal significa tudo para nós.
— Sim. E você significa tudo para mim. Você é gentil,
maravilhoso e incrível.
— Chelle tem um vestido, tudo o que você precisa fazer é
concordar.
Ela olha em volta enquanto as lágrimas caem.
— Mas quem vai nos casar?
E é então que Charlie entra pela porta.
— Alguém precisa de ajuda para se casar no Natal?
Acontece que tenho autorização para celebrar casamentos.
A risada de Holly irrompe através de seu soluço suave.
— Você… você… Deus, nem consigo falar. Você fez tudo
isso. Por mim?
— Eu faria qualquer coisa por você.
Ela se lança para frente, me derrubando no chão enquanto
me abraça com força.
— Você é a melhor coisa que já me aconteceu.
Eu sorrio para ela.
— Então, você vai se casar comigo hoje?
— Eu me casaria com você em qualquer dia.
Chelle está atrás de mim, verificando meu cabelo e
maquiagem.
— Você está perfeita.
— Mesmo depois das lágrimas?
— Sim, mesmo depois de chorar. Você realmente está
linda. Pronta para o vestido?
Meu Deus, ele ainda conseguiu um vestido? Isso é loucura.
A quantidade de tempo e preparação que ele teve que fazer, é uma
loucura.
— Como ele conseguiu fazer tudo isso?
— Era para ser amanhã em um lugar perto do lago, mas…
nós improvisamos.
— Ele tinha certeza de que eu diria sim.
— Claro que sim. Dean ama você mais do que qualquer
homem que já vi, e você o ama tanto quanto. Nenhum de nós
pensou que você diria não.
Sou tão sortuda. Tudo sobre isso, mesmo que ele tenha
planejado estar aqui há apenas algumas horas, é perfeito. Bem, não
que eu tenha visto outra coisa se não as pessoas ao nosso redor.
Logo que eu disse sim, Chelle e nossas mães me trouxeram para
esta sala para me arrumar. Meu cabelo loiro está enrolado, se
espalhando pelas costas, e minha maquiagem parece que foi feita
por um profissional, graças às horas ridículas de Chelle gasta no
YouTube.
— Eu simplesmente não consigo acreditar que ele planejou
um casamento. — Sorrio e, em seguida, inclino a cabeça para a
longa bolsa de roupa branca. — É o vestido?
— Já aviso que ele não escolheu o vestido. Ele pediu
ajuda, e sua mãe e eu encontramos um que achamos que você iria
querer.
Olho para ela com uma mistura de curiosidade e
apreciação.
— É por isso que você me fez dar uma olhada em vestidos
na internet?
— Pode ser…
Chelle disse algo sobre uma exposição de casamento aqui
no museu e pediu minha ajuda para encontrar vestidos. A
expectativa é demais quando praticamente corro em direção à
bolsa, mas abro o zíper com cuidado.
— Ai, meu Deus!
— Não chore, Holly! — ela adverte.
Mordo a língua e abano os olhos para tentar evitar as
lágrimas. É o vestido. Aquele que eu não conseguia desviar o olhar
enquanto procurávamos nos sites. É um vestido longo de renda com
uma pequena cauda que se abre suavemente, mas é a parte de
cima do vestido que é deslumbrante. Tem alças finas de cetim que
pendem soltas do ombro, compondo um corpete ajustado ao corpo
e com decote em coração.
— É perfeito.
— É a sua cara — minha mãe diz, às minhas costas.
Assinto com a cabeça, ainda sem conseguir desviar o olhar
do vestido.
Então me lembro de quanto custava e suspiro.
— Não, é muito caro.
— Holly, seu pai e eu economizamos uma quantia
exorbitante de dinheiro para sua educação, e então você foi tão
inteligente que conseguiu uma bolsa para a faculdade. Acredite em
mim, ele gostaria que eu usasse esse dinheiro no seu casamento.
— Mãe…
— Não. — Ela levanta as mãos para me impedir. — Não
vou chorar ainda. Vamos tirar fotos e me recuso a ficar com a
maquiagem borrada.
Eu sorrio e a puxo para um abraço.
— Eu amo você.
— Eu também, minha pequena. — Ela usa o apelido que
meu pai me deu quando eu era criança.
— Eu queria que ele estivesse aqui — digo, incapaz de me
conter.
— Eu sei, mas ele teria adorado isso. Um homem que faz
uma coisa dessas pela mulher que ama, é especial. O que você e
Dean compartilham é algo que eu rezava para você encontrar.
E encontrei. De todos os lugares, encontrei o amor em um
elevador com um homem que pensei que nunca poderia perdoar.
Embora não tenha sido perfeito, tudo o que aconteceu desde então
foi. Ele é realmente a outra metade da minha alma.
— Obrigada, pessoal. Obrigada por tudo isso.
Chelle se adianta.
— Vamos colocar esse vestido em você.
Com a ajuda das pessoas que amo, eu o visto e… Não
consigo nem pensar em como me sinto. É demais.
O nervosismo toma conta de mim e começo a sacudir as
mãos.
— Estou pronta.
— Você está absolutamente deslumbrante — Chelle
comenta, com uma piscadela. — Vejo você lá fora.
Então a mãe de Dean se aproxima.
— Eu não poderia estar mais feliz por você se tornar minha
filha.
Luto contra as lágrimas, e ela enxuga os olhos.
Agora é a vez da minha mãe:
— Você vai me acompanhar até ele?
— Ah, Holly, nada me faria mais feliz — Seus lábios
tremem.
Uma lágrima desliza por nossas bochechas, e rimos
enquanto ambas estendem a mão para secar o rosto uma da outra.
— Pronta?
— Sim. Estou pronta.
Minha mãe e eu saímos e caminhamos pelo corredor em
direção à sala que eu conhecia de olhos fechados. É a nossa sala.
Aquela com fotos de olhos e lábios. As peças individuais da
exposição se reúnem no meio, formando um rosto.
Dean e eu sempre sentimos que isso é o que éramos –
duas partes que, quando colocadas juntas, se tornavam inteiras.
É a sala onde ele disse que me amava.
No entanto, ela foi transformada. Há um arco de madeira
na parte de trás do ambiente, com folhas de azevinho e frutinhas
enroladas em torno dele. Ao redor há flores de Natal e guirlandas. É
verde, vermelho e exuberante, e um monte de azevinho.
Caminhamos na direção de Dean, enquanto ele fica parado
ali, os braços cruzados na frente dele, tão alto e tentando não
chorar, que não tenho outra escolha a não ser me conter.
Sorrio para ele, que sorri de volta para mim.
Quando o alcançamos, seus olhos estão lacrimejantes e
ele balança a cabeça lentamente.
— Você está tão linda, de tirar o fôlego.
— Você fez tudo isso?
— Tive a ajuda de alguns elfos.
— É um monte de azevinho. — Eu sorrio.
Os dedos de Dean seguram suavemente meu queixo.
— Nunca é demais.
Charlie pigarreia e não posso deixar de querer rir de tudo
isso. Ele está igual como a primeira vez que o vi, com sua longa
barba branca e bochechas avermelhadas. Aqui estamos nós, na
véspera de Natal, sendo casados por um homem que se parece
com o Papai Noel.
— Você está pronta para se casar comigo?
— Estou pronta desde o dia do elevador.
Ele ri e depois se vira para Charlie.
— Okay.
— Dean? — eu o chamo quando um pensamento vem. —
Como? Quer dizer, isso é… legal?
Posso ver o desconforto antes que ele segure minhas
mãos.
— Somos casados onde é importante, aqui, em torno da
nossa família e amigos. Não consegui encontrar uma maneira de
obter uma licença de casamento sem o seu consentimento.
— Bem, isso é reconfortante.
Ele ri.
— Mas eu queria que nosso aniversário de casamento
fosse no Natal. Queria fazer uma surpresa para você e tirar todo o
estresse da ocasião. Este será sempre o dia em que se tornou
minha esposa, mas na próxima semana, iremos ao cartório assinar
os papéis para legalizar.
— Bem quando acho que não posso amá-lo mais do que
amo, você diz a coisa certa.
— Deixe-me dizer algo mais.
Eu concordo com a cabeça.
— Case-se comigo hoje.
— Nada poderia me impedir.
Nós nos voltamos para Charlie e ele começa. Trocamos
alianças e então é hora dos votos. Não tive mais de uma hora para
processar isso, mas em vez de me sentir desconfortável, é como se
estivesse ainda mais calma do que nunca.
— Dean… — Charlie anuncia.
— Dois anos atrás, quase perdi você, ou talvez seja porque
eu não tinha certeza se poderia te ter, mas então, uma tempestade
de neve, como a que estamos tendo hoje, me deu a oportunidade
de consertar tudo isso. Quando penso em minha vida sem você, é
sem cor e sem-graça. É cheia de noites escuras e céus sem sol. É
você quem traz significado ao meu mundo. Você é a coisa mais
preciosa para mim, Holly. Eu disse que te faria voltar a amar o Natal,
mas quero te dar todos os feriados e todos os outros dias. Eu
prometo que vou amar, cuidar de você e nunca deixá-la. Você é meu
amor, meu coração e minha alma.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto e mal ouço Charlie dizer
meu nome.
— Dean, você é o meu Natal. Você é a alegria e a
esperança que vem com ele. É o milagre que não sei como tive a
sorte de receber. Eu estava perdida naquele dia no elevador,
sentindo como se nada de bom pudesse acontecer novamente, mas
lá estava você. Embora possamos não ter sido corajosos o
suficiente se não fosse por aquilo, acho que meu coração sempre foi
destinado a encontrar você… então sinto que estaríamos aqui de
alguma forma. Não há outra pessoa que poderia me amar do jeito
que você me ama. Eu prometo compreender, te amar e estar ao seu
lado, não importa o que surgir em nosso caminho. Hoje, juro minha
fidelidade e minha alma a você.
Há fungadas ao redor da sala quando Dean segura meu
rosto entre suas mãos antes de se virar para Charlie.
— Vou beijá-la agora — ele explica.
Ele aponta para o visco acima de nós.
— Dá azar se não beijar.
Seus lábios tocam os meus no beijo mais maravilhoso que
já existiu.
— Feliz Natal, esposa.
Eu sorrio de volta para ele.
— Feliz Natal, marido.
Ele me levanta em seus braços, me carregando de volta
pelo corredor, e sei que o Natal sempre será o melhor feriado que já
existiu. Tudo por causa dele.

FIM – de verdade… bem, quem sabe ano que vem posso


dar uma aparecida de novo. Mas, pelo menos por agora, vamos
dizer que é o fim.
Para meu marido e filhos. Vocês se sacrificam muito por
mim, para que eu possa continuar a viver meu sonho. Dias e noites
em que estou ausente, mesmo quando estou aqui. Estou
trabalhando nisso, juro. Amo vocês mais do que minha própria vida.
Meus leitores. De jeito nenhum consigo agradecer o
suficiente. Ainda me surpreende que vocês leiam minhas palavras.
Vocês se tornaram parte do meu coração e alma.
Minha leitora beta, Melissa Saneholtz: nem sei o que dizer
neste momento. Já se passaram quase vinte livros e você ainda não
me matou, por isso, você ganha um biscoito.
Chelle Bliss: obrigada pelo trabaho incrível com a capa
original. Sério, nem sei o que dizer que possa agradecer
adequadamente por isso. Sou tão abençoada por chamá-la de
amiga.
Minha assistente, Christy Peckham: Quantas vezes uma
pessoa pode ser demitida e continuar voltando? Acho que estamos
ficando sem vezes. Não, mas de verdade, eu não poderia imaginar
minha vida sem você. Você é um pé no saco, mas é por sua causa
que não enlouqueci.
Melanie Harlow, obrigada por ser a Glinda da minha
Elphaba ou a Ethel da minha Lucy. Sua amizade significa muito para
mim e adoro escrever com você. Eu me sinto tão abençoada por ter
você em minha vida.
Passionflix, obrigada por pegar minhas palavras e
transformá-las em um filme. Foi um sonho que realmente nunca
pensei que se tornaria realidade. Obrigada a todos que participaram,
incluindo os atores que fizeram TÃO bem em trazer minha história à
vida.
Mindi, obrigada por estar em Los Angeles comigo durante
tudo isso. Jamais esquecerei aquela viagem (incluindo meu piti),
mas você foi minha rocha.
Vi Keeland, você é realmente uma das amigas mais
maravilhosas e especiais que tenho. Obrigada por me convidar para
estar nesta antologia há dois anos. Se não fosse por você, eu nunca
teria escrito essa história.
Zoom Authors, todas as manhãs eu acordo, pronta para
domar as palavras por causa de vocês. Sério, vocês nunca saberão
o quanto me salvam a cada dia. Não sei se poderia ter feito uma
dessas histórias ou outra se não fosse por vocês.
Bait, Crew e Corinne Michaels Books – amo vocês mais do
que imaginam.
Minha agente, Kimberly Brower, estou muito feliz por ter
você em minha equipe. Obrigada por sua orientação e apoio.
Melissa Erickson, você é incrível. Eu amo você. Obrigada
por sempre falar comigo e me acalmar.
Quero agradecer a todos que tornam essa época do ano
tão especial para mim. Eu não poderia fazer isso sem vocês me
apoiando. A cada ano, nós nos abraçamos e vocês me lembram o
quão sortuda sou por ter vocês em minha vida.
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de autores nacionais e estrangeiros, que surgiu no mercado em
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