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Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................................... 4
2. Modelos de Barras................................................................................................................................... 4
3. Análise de Placas ..................................................................................................................................... 4
4. Simulações de uma Viga Simplesmente Apoiada.................................................................................... 5
4.1 Modelo Analítico Unifilar de Barra .................................................................................................. 5
4.2 Modelo Numérico Unifilar de Barra (TQS) ...................................................................................... 6
4.3 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras......................................................................... 6
4.4 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Placas Planas.............................................................. 9
4.5 Conclusões e Comparativos do Modelos de Viga Simplesmente Apoiada ................................... 11
5. Simulações de um Pilar em Balanço ...................................................................................................... 12
5.1 Modelo Analítico Unifilar de Barra ................................................................................................ 12
5.2 Modelo Numérico Unifilar de Barra (TQS) .................................................................................... 12
5.3 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras (Discretização Automática) .......................... 13
5.4 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras (Discretização Manual)................................. 16
5.5 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Placas Planas............................................................ 17
6. Transformação de Forças em Barras para Momentos Equivalentes .................................................... 19
7. Rigidez Torcional de Placas ................................................................................................................... 20
7.1 Modelo de Laje em Elementos de Barras (Grelha) ....................................................................... 21
7.1.1 Malha com Inércia a Torção de 1% ....................................................................................... 22
7.1.2 Malha com Inércia a Torção de 20% ..................................................................................... 23
7.1.3 Malha com Inércia a Torção de 100% (inércia teórica) ......................................................... 25
7.1.4 Conclusões Gerais da Inércia Torcional em Modelos de Grelhas ......................................... 27
7.2 Modelo de Laje em Elementos Finitos de Placas .......................................................................... 27
7.2.1 Malha com Inércia a Torção de 100% (inércia teórica) ......................................................... 27
7.2.2 Malha com Inércia a Torção de 1% ....................................................................................... 28
7.2.3 Conclusões da Inércia Torcional em Modelos de Placas Planas............................................ 30
7.3 Efeitos dos Momentos Volventes em Placas................................................................................. 30
7.3.1 Conclusões dos Momentos Volventes .................................................................................. 33
8. Criando Malhas Manualmente no Sistema TQS.................................................................................... 33
8.1 Rigidez Torcional da Malha ........................................................................................................... 33
8.1.1 Rigidez Torcional dos Pilares ................................................................................................. 33
8.1.2 Rigidez Torcional das Vigas.................................................................................................... 35
8.2 Trechos Rígidos (off-sets) .............................................................................................................. 36
8.3 Peso Próprio das Vigas .................................................................................................................. 37
8.4 Enrijecimento Axial dos Pilares (Mulaxi) ....................................................................................... 37
8.5 Pilares de Compatibilização........................................................................................................... 38
8.6 Deformação por Força Cortante ................................................................................................... 38
8.7 Não Linearidade Física de Vigas, Pilares e Lajes ............................................................................ 39
Modelos Avançados com o Software TQS 3
1. Introdução
O sistema TQS foi desenvolvido basicamente voltado para edificações que podem ser separadas por
pavimentos (andares), ou seja, cada andar será modelado independente do outro, tendo apenas os
pilares comuns entre os pavimentos criados pelo usuário. Este tipo de modelagem é muito útil para
edificações correntes, mas nem todas as estruturas seguem este padrão de divisão por andares bem
definidos.
Este curso visa dar uma visão criativa para explorar modelos que fogem desse padrão usual do TQS,
mostrando que ele também pode ser um software versátil e com ótimos recursos de modelagem para
estruturas não usuais, bastando para isto que façamos algumas adaptações. Além disso, outro objetivo
é mostrar elementos e critérios que se encontram dentro do sistema, que são pouco conhecidos pela
maioria dos usuários e que podem ser muito úteis em diversos modelos mais complexos ou mesmo em
estruturas usuais do dia a dia como alternativas ou refinamento de modelos.
A disseminação desse conhecimento entre os usuários do TQS pode contribuir de maneira positiva ao
desenvolvimento do sistema e da engenharia, incentivando os desenvolvedores e usuários na busca
por modelos numéricos melhores para os problemas da engenharia estrutural.
2. Modelos de Barras
O sistema TQS é um software de modelagem essencialmente por elementos de BARRAS, embora o
sistema também apresente o modelo de elementos finitos de placas para lajes, mas de maneira bem
“tímida” e quase “escondida” dentro do sistema.
Entender que o software trata modelos de barras é um ponto muito importante, pois teremos que
conhecer então quais são as possibilidades que este tipo de elemento pode nos oferecer, e quais são
os resultados numéricos que teremos ao final, ou seja, se é um modelo consistente e coerente, que
converge com outros modelos numéricos e os resultados analíticos.
Nos próximos tópicos iremos buscar essas respostas, criando algumas simulações de estruturas mais
simples e triviais e comparando-as entre si, para ver quais as respostas que cada modelo pode oferecer.
3. Análise de Placas
Um problema muito importante da engenharia civil é a resolução de placas, isto é, elementos que tem
a relação da sua área bem maior que sua espessura. Como exemplo de placas temos: lajes maciças,
pilares paredes, vigas paredes, radiers, etc.
Nas simulações numéricas destes elementos, a grande maioria dos softwares tem em sua rotina ou a
simulação através de uma malha de barras (criando um modelo chamado de analogia de grelhas), ou
de elementos finitos planos de superfície (placas ou shells).
Embora estes 2 modelos acima a rigor sejam modelos de elementos finitos, pois respeitam as mesmas
premissas (estrutura subdivida em partes, e cada parte unida por um nó), a diferença matemática de
tratamento é completamente distinta entre os métodos, bem como seu output (saída numérica dos
resultados).
Como em qualquer método, cada qual tem suas vantagens e desvantagens. No caso da engenharia
civil, no geral, os modelos de barras tem grande aceitação prática, pois apresentam as seguintes
vantagens:
As barras tem output dos esforços internos de simples visualização, representados através de
diagramas de barras (momentos fletores, forças cortantes, forças normais e momentos
torçores). Esse tipo de representação é familiar ao engenheiro civil, fazendo parte do seu
cotidiano;
Cada barra já representa os esforços “homogeneizados” transversalmente na faixa que ela
representa dentro do modelo;
Uma grande gama de elementos pode ser modelado como barras, sem nenhum prejuízo aos
esforços internos;
A resolução numérica de uma malha de barras gera resultados bem próximos a uma malha de
elementos finitos planos, se o modelo e as condições de contorno forem bem estruturadas;
As barras tem posteriormente fácil implementação para cálculo de suas armações.
Por ser fisicamente um modelo vazado (grelha), o caminhamento das forças normais no próprio
plano da malha tem comportamento menos preciso se comparado a malhas sólidas de
elementos planos;
As malhas de barras são muito limitadas com relação a geometria, pois tem as direções
principais sempre ortogonais e muitas vezes não simulam os fluxos de cargas de maneira real.
No caso de elementos finitos planos, estes podem assumir diferentes geometrias
(quadriláteros, triangulares) e qualquer direção ou formato em uma malha, representando no
geral um melhor comportamento dos fluxos dos esforços, principalmente para as geometrias
mais complexas;
Malhas de barras tem ótimo comportamento para efeitos macros, isto é, esforços e
deformações em regiões sem concentração de tensões. Nas regiões de concentrações de
tensões, por ser uma malha relativamente grosseira, não representa na maioria dos casos
comportamento adequado dessa região.
Portanto, vemos que os modelos de barras tem limitações quando comparados aos elementos finitos
planos, mas também apresentam algumas vantagens. A principal a destacar é a interpretação dos
resultados, que é em geral mais tangível ao engenheiro civil, por representar os consagrados diagramas
(momentos fletores, torçores, forças normais e cortantes) de cada barra do modelo. No caso dos
elementos finitos, por serem elementos de superfície (área), sua resposta primaria é em tensão no
elemento. Por exemplo, enquanto um modelo de barras dará a resposta a uma carga axial em forma
de um diagrama de força normal, um modelo de elementos finitos plano dará a resposta em função da
sua tensão normal (força dividida pela área). Se a carga estiver excêntrica, o modelo de barras dará
além da força normal, um momento associado. Já o elemento plano dará variações de tensões normais
ao longo do elemento.
Seção: 20x100cm
Área: 0,2m²
I=1,67xE-02m4
W=3,33xE-02m³
E=2,415xE06tf/m²
Solução Analítica:
Momento fletor no meio do vão: M=pl/4 =100*10/4 = 250tf.m
Momento fletor nos apoios: M=0
Força cortante nos apoios: Q=50tf
Flecha elástica: (Pl³)/(48EI) =100*10³)/48*2,415e6*1,67e-2= 0,052m = 5,176 cm
Modelos Avançados com o Software TQS 6
a) Momentos:
b) Cortantes:
c) Flecha elástica
Como podemos observar, o modelo numérico de barra e analítico dão valores praticamente idênticos,
como era esperado.
a) Modelador Estrutural:
b) Vista 3D do modelo:
c) Modelo numérico:
Figura 6: Modelo numérico de malha de barras da viga de seção 20x100 e vão de 10m
Notamos acima que a viga em questão de 20x100 de seção transversal se tornou uma malha de barras
discretizadas com espaçamento de 20x20cm. Ao criar este modelo, não temos mais o resultado de
flexão na barra através de diagramas de flexão, e sim passamos a ter forças de tração e compressão
nas barras da malha, representando o binário formado pela flexão.
Na imagem acima podemos ver a transformação do momento fletor da peça em binários de tração e
compressão, com a separação da linha neutra (barra central horizontal sem esforço normal). Deve-se
notar entretanto que este modelo não leva em conta a fissuração do material, ou seja, a viga está em
regime elástico (Estádio I para o concreto), onde as tensões de tração e compressão são distribuídas
linearmente ao longo da seção transversal através da relação (M/I)*y típicas de seções não fissuradas.
Portanto, na prática, uma viga dessa não pode ter suas armaduras calculadas para ELU pelas forças
de tração nas barras mostradas nos diagramas, pois a seção real de concreto é fissurada, e a armação
será toda colocada no fundo da viga. Essa problemática também é notória em elementos finitos de
placas, e são grandes limitações para modelos de concreto armado via MEF.
Entretanto, a deformação desse modelo não é de maneira nenhuma invalidada, e para analises de
serviço da peça (ELS), o modelo é consistente, como mostrado abaixo.
Modelos Avançados com o Software TQS 8
E como verificar se as forças apresentadas neste modelo são coerentes com as formulações analíticas?
Uma maneira simples para isto é correlacionar as forças nas barras com as tensões normais, através
dos diagramas de tensão (M/I)*y ou simplesmente M/W.
Abaixo faremos uma demonstração desta correlação, com uma seção no meio do vão:
Figura 8: Seção no meio do vão com detalhe dos valores de compressão e tração das barras
Notamos na Figura 8 uma seção no meio do vão com os respectivos valores de força normal das barras
nesta seção (negativos para tração e positivos para compressão). Se plotarmos essas forças num
gráfico, e compararmos como valores médios das forças provocadas pelas tensões normais nas seções
discretizadas de 20 em 20 cm (Figura 9), teremos:
Modelos Avançados com o Software TQS 9
Barra 1: tensão média analítica de 6000tf/m², multiplicada por área de 0,2*0,2m, resulta numa
força de 240tf. Notar a força no modelo de 240,9tf;
Barra 2: tensão média analítica de 3000tf/m², multiplicada por uma área de 0,2*0,2m, resulta
numa força de 120tf. Notar a força no modelo de 109,7tf
Barra 3: linha neutra com tensão nula e valor da força igual a 0;
Barra 4: tensão média analítica de -3000tf/m², multiplicada por uma área de 0,2*0,2m, resulta
numa força de -120tf. Notar a força no modelo de -115,4tf
Barra 5: tensão média analítica de -6000tf/m², multiplicada por uma área de 0,2*0,2m, resulta
numa força de -240tf. Notar a força no modelo de -231,5tf
e) Deformações
Figura 10: Deformações do modelo de barras, com valor máximo da deformação em “Z” de 5,303cm
Com base nos resultados mostrados, podemos concluir de maneira geral para este modelo de
elementos finitos de barras:
Leve variação do valor analítico e numérico da deformação, com variação em torno de 2,5%,
considerando assim o resultado deste modelo bem satisfatório e coerente;
Os valores das forças nas barras comprimidas e tracionadas no modelo de malha não deram
idênticos, o que já acontece no modelo analítico de tensões. Tal fato é simples de entender,
pois a carga de 100tf aplicada no topo da viga gera compressão vertical em algumas barras,
provocando um encurtamento elástico para elas, o que levará no modelo numérico a variações
diferenciais da seção transversal, enquanto o modelo analítico pressupõe a hipótese
simplificadora de que seções planas permanecem planas;
O modelo numérico de malha não apresenta as tensões máximas de tração ou compressão da
seção, pois as barras criadas no CG de cada seção discretizada representam uma seção
homogeneizada dos esforços neste trecho. Entretanto, se fizermos a projeção linear do
diagrama numérico (figura 9), veremos uma boa aproximação com o diagrama analítico;
Conforme saímos das região da aplicação da carga concentrada de 100tf, os valores de tração
e compressão das fibras superiores inferiores tendem a se igualar, validando a hipótese das
seções planas permanecerem planas. Na região dos apoios, onde temos novamente a
introdução de cargas concentradas oriundas da reação vertical do apoio, notamos novamente
diferença entre as forças das fibras superiores e fibras inferiores;
A deformação do modelo numérico da malha não está levando em conta deformação por força
cortante (Teoria de Thimonshenko). Pela relação de vão e altura, a viga não é parede, e não
considerar a deformação por força cortante gera resultados mais próximos ao do modelo
analítico de barra, conforme pudemos constatar nos resultados.
Figura 11: Resultados do modelo de Barra SAP2000 com máxima deformação de 5,176cm
Figura 12: Modelo de placa com máxima deformação U3 (equivalente ao eixo Z) de 5,324cm
c) Tensões S11
Figura 13: Tensões 1-1, onde podemos notar valores diferentes nas fibras superiores e inferiores de
tensões normais (valores em tf/m²)
Modelos Avançados com o Software TQS 11
d) Tensões S22
Figura 14: Tensões 2-2, onde podemos notar os valores de tensão nas regiões de introdução de cargas
concentradas (valores em tf/m²)
Solução analítica:
Momento fletor na base: M=F*L = 10*10 = 100tf.m
Momento fletor no topo: M=0
Força cortante na base e topo: Q=10tf
Flecha elástica: (FL³)/(3EI) =10*10³)/3*2,415e6*0,01667= 0,083 m = 8,282 cm
Podemos notar que modelos de barra de analítico tem convergência para o pilar em balanço.
Figura 16: Pilar discretizado automaticamente com 5 faixas, com cada cor representando uma faixa
Figura 17: deformação pilar discretizado com valor da deformação “X” de 8,302cm
Podemos notar que o pilar discretizado automaticamente tem uma ótima aproximação numérica se
comparado ao modelo analítico ou modelo de 1 barra. Isso cria uma enorme possibilidade dentro do
sistema para analisar e criar diversas estruturas por esta metodologia.
Como foi comentado no modelo anterior da viga discretizada em malha, o modelo de barras não deve
ser usado com coeficientes de não linearidade física (CNLF), uma vez que não temos a redução da
área das barras para correta aproximação do momento de inércia da seção como um todo. Essa
Modelos Avançados com o Software TQS 15
limitação cria um grande problema, pois impede o uso desses modelos em ELU, onde a análise de NLF
é obrigatória.
Entretanto, a TQS resolveu esse problema para modelos ELU a partir da V21, criando um modelo com
redução da área do pilar pelo CNLF, mas que só é válida para cargas laterais de vento. Para as demais
cargas laterais e verticais, é mantida a área da seção sem redução. Portanto, para o caso de pilares
discretizados, tanto os modelos ELS quanto ELU tem resultados numéricos coerentes, desde que as
únicas cargas laterais sejam os ventos, e a estrutura não sofra deformações laterais por cargas verticais
importantes.
Para ilustrar esse caso, vamos adotar um CNLF de 0,8 para o modelo de barra e para o modelo de
malha, para comparar o resultado para o caso de cargas laterais de VENTO. Analiticamente, o
CNLF=0,8 irá incrementar o cálculo da flecha elástica em 1/0,8=1,25 vezes, ou seja:
Flecha CNLF=(FL³)/(3EI*0,8) =10*10³)/3*2,415e6*0,01667*0,8= 0,104 m = 10,352 cm
Observando os modelos de barra e de malhas, teremos como resultado:
Conforme podemos observar, o modelo ELU com o CLNF está com ótima aproximação numérica se
comparado ao modelo analítico e modelo de barra para os casos onde a carga lateral é o vento na
estrutura. Nas demais situações de carregamentos não teremos a mesma resposta no modelo TQS.
Figura 22: Deformações da malha discretizada manualmente com valor da deformação “X” de 8,562cm
Modelos Avançados com o Software TQS 17
Como vemos acima, temos no modelo discretizado manualmente ótima aproximação, da mesma
maneira que o modelo de discretização automática do sistema. Podemos notar um leve incremento da
deformação (8,367 na discretização automática contra 8,577 na manual – aumento de 2,5%), mas tal
incremento é justificável, pois na realidade o pilar discretizado manualmente tem menos rigidez que o
pilar discretizado automaticamente pois as faixas não podem se tocar lateralmente, gerando seções
menores e consequentemente com menos inercia. Ainda existe mais um motivo dessa diferença, que
é o aumento da rigidez de flexão das faixas horizontais dos pilar discretizado automaticamente pelo
sistema, mas isso será explicado mais adiante. No entanto, ainda assim a diferença é pequena e bem
aceitável.
Figura 24: Modelo de elementos finitos, com deformação U1 (equivalente ao eixo “X”) de 8,333cm
Figura 26: Detalhe da tensão S22, com valor médio no elemento de 489,5tf/m
Conforme podemos observar no modelo de elementos finitos de placas, temos deformação no topo de
8,333cm, bem compatível com o modelo de malha de elementos de barras e com o resultado analítico
de 8,282cm.
Com relação as forças axiais na direção vertical, podemos novamente ver a convergência de
resultados, uma vez que o modelo de placa apresenta conforme mostrado no detalhe da Figura 26 uma
força média de 489,5tf/m no elemento. Como este elemento tem 20cm de comprimento, esse valor em
termos de vetor de força unitário será de 489,5tf/m*0,2m=97,9tf. Nos modelos de malhas de barras a
força axial neste ponto vale aproximadamente 95tf, ou seja, temos novamente resultados coerentes
nos modelos de barras (cerca de 3% de diferença).
𝐹 𝑀𝑦
𝜎= (1) 𝜎= (2)
𝐴 𝐼
Como teremos a força em cada barra discretizada com a respectiva área dessa barra, podemos calcular
a tensão normal num ponto de interesse pela equação (1). Depois para obter o momento fletor
equivalente, igualarmos a tensão normal (1) com a equação (2), usando o y desta barra, ou seja, a
distância do CG da fibra analisada até o CG da peça global.
Exemplificando:
Se usarmos o exemplo da viga bi apoiada mostrada inicialmente, temos no meio do vão na barra inferior
o seguinte esforço normal:
Modelos Avançados com o Software TQS 20
Para este valor de força, temos um elemento finito de barra de 20x20cm. Portanto, temos uma tensão
normal neste ponto de:
𝐹 231,51
𝜎= = = 5787,75tf/m²
𝐴 0,2∗0,2
Igualando esta tensão normal a tensão de flexão, e tomando a distância y desta barra até o CG da
viga com seu respectivo valor de 40cm, temos:
𝑀𝑦 𝑀∗0,4
𝜎= = = 5787,75tf/m² Portanto: M,equivalente=241,2tf.m
𝐼 0,0167
O momento analítico neste mesmo ponto vale:
𝑃∗𝑙 100∗10
𝑀= = = 250,0tf.m
4 4
Notamos então que existe uma boa aproximação numérica entre o modelo analítico e o numérico
(menos de 4% de diferença). A variação se dá em razão do já comentado efeito de introdução de cargas
concentradas, onde as seções planas não permanecem necessariamente planas nos modelos de
malhas.
Este procedimento descrito acima pode ser feito para qualquer barra, em qualquer fibra e em qualquer
seção, bastando apenas ajustar a tensão normal e a distância y da fibra calculada. Não teremos os
valores do momento equivalente idênticos (pelo efeito comentado acima), mas os valores devem ficar
próximos.
Se tomarmos o esforço da próxima barra da malha de 115,39tf, teremos:
𝐹 115,39
𝜎= = = 2884,75tf/m²
𝐴 0,2∗0,2
A distância y desta barra vale 20cm. Portanto teremos:
2884,75∗0,0167
𝑀= = M,equivalente=240,4tf.m
0,2
Nas placas discretizadas existem outras possibilidades de redistribuições destes esforços. Esse é
basicamente o conceito de compatibilidade, ou seja, compatibilidade é numérica e equilíbrio é físico.
Portanto, precisamos levar em conta a rigidez torcional das barras que simulam a placa, e assim irão
surgir esforços de torção de compatibilidade nessas barras. Entretanto não existe armadura para
combate a torção em placas. Mas se a torção está no modelo, significa que ela precisa ser tratada de
alguma maneira, pois ela também está absorvendo energia, assim como a flexão. Não podemos
simplesmente despreza-la.
Na verdade, essa torção de compatibilidade será transformada em flexão equivalente pelo processo
numérico de Wood&Armer. É simples entender o que acontece, pois devemos lembrar que a torção
gera um fluxo de tensões nas faces da seção transversal (paredes equivalentes). Nas placas, como a
espessura é muito inferior que a sua área, as paredes principais são as faces superior e inferior da
placa, e é por estas faces que estará quase a totalidade do fluxo de torção, que será transformada na
flexão equivalente para fazermos a armação da peça. Portanto, as placas exigem, além de um processo
numérico de esforços, um processo adicional de transformação de torção em flexão equivalente.
Tal método pode ser encontrado em diversas bibliografias e não será o foco sua formulação matemática
neste curso. O TQS engloba em suas rotinas de placas a análise de Wood&Armer apenas para o CAD/
LAJES. Para as demais situações de malhas que serão criadas de maneira manual, assim como os
pilares discretizados automaticamente, não teremos de maneira automática os momentos volventes de
Wood&Armer. Essa é atualmente uma limitação do sistema. Para estes casos, deveremos avaliar de
maneira manual o acréscimo de flexão devido a torção.
Figura 27: Modelos da laje em balanço de dimensões 3x2m e carga em uma ponta de 20tf
Como o TQS trabalha com divisores de torção nas suas rotinas, usaremos como valor nos critérios:
100 (para 1% da inércia), 5 (para 20% da inércia) e 1 (para 100% da inércia torcional).
Figura 29: Deformação da laje, onde podemos notar valores positivos e negativos na placa
Modelos Avançados com o Software TQS 23
b) Momentos My:
c) Momentos Mx:
a) Deformação:
Figura 33: Deformação com inércia torcional de 20%, sem levantamento de bordo
b) Momentos My:
Figura 34: Momentos My, apenas com tração nas fibras superiores, e valores pouco uniformes
Modelos Avançados com o Software TQS 25
c) Momentos Mx:
a) Deformação:
Figura 37: Deformação da laje para inércia a torção de malha de 100% da inércia bruta
b) Momentos My:
c) Momentos Mx:
a) Deformações
Figura 40: Deformações para elementos de placas com inercia torcional de 100% e deformação máxima
em um bordo de 5,627cm e outro bordo de 4,226cm
Modelos Avançados com o Software TQS 28
b) Momentos M11:
Figura 41: Momentos fletores 1-1, com valor a 20cm do bordo de -36,46tf.m/m. Multiplicando por 0,2m
temos M=7,29tf.m
c) Momentos M12
Figura 42: Momentos torçores, em tf.m/m. Para valores por barra, multiplicar por 0,2m
a) Deformações:
Figura 44: Deformações na placa com 1% de inercia a torção, com valores de -16,61cm em um bordo e
+6,52cm no outro bordo
b) Momentos M11
Figura 45: Momentos M11, com valor a 20cm da borda de -83,1tf.m/m. Em uma faixa de 20cm, teremos
M=-16.6tf.m
Modelos Avançados com o Software TQS 30
c) Momentos M12
Figura 46: Momentos torçores M12, com redução de rigidez torcional de 99%
inércia teórica, e avaliar a magnitude desses esforços (momentos Mx). Caso se tenham volventes
importantes, pode-se fazer o acréscimo de flexão de maneira empírica, ou com uma planilha Excel
programada com método numérico de Wood&Armer, adotando-se valores médios de incrementos. Esta
condição é válida na maioria dos casos, conforme demostraremos nas estruturas que serão modeladas
adiante.
Para exemplificar uma distribuição típica de volventes, iremos fazer adiante 3 placas distintas, variando
em cada exemplo a espessura da placa, para que possamos observar como se dá a transformação
dos momentos torçores para momentos fletores com os momentos transformados de Wood&Armer.
O exemplo trata-se de apenas 1 pano de laje, com vão de 8x8m, simplesmente apoiada em 4 vigas
nas extremidades. As espessuras das placas serão de: 12cm no primeiro exemplo (subdimensionada),
20cm no segundo (mais próxima da espessura ideal) e 30cm (espessura além do necessário). A rigidez
torcional das barras foi dividida por 6 em todos modelos (16,7% da elástica).
Figura 47: Momentos máximos da laje se espalhando por todo o pano, tendendo a ir para os cantos.
Modelos Avançados com o Software TQS 32
Figura 48: Momentos máximos da laje se espalhando, mas de maneira mais suave, quase no centro.
Acertar a rigidez a torção das vigas e pilares que irão compor a malha;
Eliminar os trechos rígidos da malha (off-sets);
Eliminar o peso próprio da viga, para não entrar em duplicidade com pp dos pilares;
Eliminar o enrijecimento axial dos pilares (Mulaxi);
Acertar o fator de área para pilares de compatibilização, caso sejam usados na malha;
Considerar a deformação por força cortante no caso de estruturas descontinuas (regiões D da
norma NBR-6118, item 22.2)
Acertar a não linearidade física (NLF) de vigas, pilares e lajes (em modelo 6) para que fiquem
com valores iguais ou compatíveis na malha;
Não flexibilizar a ligação viga/pilar (fazer nós elásticos);
Não marcar as vigas como transições.
Abaixo iremos descrever cada um desses itens de maneira mais completa.
Figura 50: Menu para acesso das condições de contorno do pórtico espacial
Acessando a aba de redutor de torção, inserimos uma nova linha, definimos no campo “Elemento” como
pilar e alteramos o redutor de torção (Red Torção), sendo o valor de 1 para 100% da inércia bruta e o valor
de 100 para 1% da inércia bruta. Vale ressaltar que esse é o melhor critério para editar, mais simples e
intuitivo que o que será exposto no item b.
Figura 51: Critério para alterar rigidez a torção das barras de pilares, sendo 1 igual a 100% da inércia
teórica e 100 igual a 1% da inércia teórica
Figura 52: Pilar marcado com inercia a torção laminar, onde a região vermelha representa a faixa única
criada para o pilar que terá inércia de 100% da inércia teórica.
Figura 53: Edição de pilares dentro do modelador para habilitar a inercia a torção laminar
Aqui vale um porém, que é a possibilidade de editar tanto o critério de vigas sem predominância a
torção, colocando o valor que queremos, sem precisar marcar nada nas vigas dentro do modelador, ou
colocar o valor que queremos em vigas com predominância a torção, e neste caso devem marcar a
viga no modelador conforme descrito no item “a)” anterior, mas deixando o valor numérico de zero, que
neste caso o programa irá buscar o valor marcado no critério.
Figura 58: Mudança do critério da extensão de apoio, para eliminar os trechos rígidos
A critério de EXTHVG representa a parcela da altura da viga que se prolonga além da face do pilar para
simular o apoio teórico da viga. O valor normativo é de 30% da altura da viga para extensão da barra
da viga. O que sobrar entre esse valor e o CG do pilar será um trecho rígido. Ao aumentar o valor de
EXTHVG, estamos fazendo com que a barra se prolongue mais além da face do pilar, e sobre menos
trecho rígido. Ao colocar valores grandes (de 1x a altura da viga ou mais), a barra chegará até o CG do
pilar, que é justamente o objetivo. Caso a barra da viga passe do CG, o programa limita
automaticamente esta extensão até no máximo o CG da barra do pilar.
Figura 62: Critério para incluir deformação por força cortante (Teoria de Thimoshenko)
Modelos Avançados com o Software TQS 39
Figura 65: edição do critério para não marcar a viga como transição
Os critérios são acessados pelo menu de Grelhas (1), Critérios (2), Lajes Planas ou Lajes nervuradas (3). O
acesso a lajes planas ou nervuradas depende do tipo de solução de laje que está sendo utilizada no modelo:
Figura 68: Plastificação dos extremos das barras de lajes via modelador
Figura 69: Plastificação dos extremos das barras de laje via critério de grelhas
9.6 Acerto dos Coeficientes de Molas e Gap’s para Lajes Apoiadas sobre Solo
Em modelos onde teremos lajes apoiadas diretamente sobre o solo, declarar a laje como base elástica na
edição da laje dentro do modelador, e ajustar os coeficientes de mola (Kv e Kh) e Gap’s conforme condições
do solo. Não esquecer que as molas são proporcionais ao espaçamento de malha adotado (valores em
tf/m). Caso sejam usados Gap’s para simular o descolamento da placa com relação ao solo, lembrar que
estes são calculados de maneira não linear geométrica (NLG) e só funcionam pelo processo numérico P-
delta ativado nos critérios gerais do edifício, e só tem influência sobre as COMBINAÇÕES de ações, portanto
os casos simples de cargas não tem validade para os Gap’s. O eixo Z global aponta para cima para
orientação do sentido do Gap.
Para acessar os dados de edição de CRV’s e CRH’s e Gap’s, editar a laje no modelador e definir os valores
na aba Grelha:
Modelos Avançados com o Software TQS 43
Figura 72: Definição de CRV's (Tz) e CRH's (Tx e Tx), e valores de GAP's
Figura 73: Critérios de espaçamentos X e Y da malha (1), direção da malha (2) e ponto de origem (3)