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Modelos Avançados com o Software TQS 1

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Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................................... 4
2. Modelos de Barras................................................................................................................................... 4
3. Análise de Placas ..................................................................................................................................... 4
4. Simulações de uma Viga Simplesmente Apoiada.................................................................................... 5
4.1 Modelo Analítico Unifilar de Barra .................................................................................................. 5
4.2 Modelo Numérico Unifilar de Barra (TQS) ...................................................................................... 6
4.3 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras......................................................................... 6
4.4 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Placas Planas.............................................................. 9
4.5 Conclusões e Comparativos do Modelos de Viga Simplesmente Apoiada ................................... 11
5. Simulações de um Pilar em Balanço ...................................................................................................... 12
5.1 Modelo Analítico Unifilar de Barra ................................................................................................ 12
5.2 Modelo Numérico Unifilar de Barra (TQS) .................................................................................... 12
5.3 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras (Discretização Automática) .......................... 13
5.4 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras (Discretização Manual)................................. 16
5.5 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Placas Planas............................................................ 17
6. Transformação de Forças em Barras para Momentos Equivalentes .................................................... 19
7. Rigidez Torcional de Placas ................................................................................................................... 20
7.1 Modelo de Laje em Elementos de Barras (Grelha) ....................................................................... 21
7.1.1 Malha com Inércia a Torção de 1% ....................................................................................... 22
7.1.2 Malha com Inércia a Torção de 20% ..................................................................................... 23
7.1.3 Malha com Inércia a Torção de 100% (inércia teórica) ......................................................... 25
7.1.4 Conclusões Gerais da Inércia Torcional em Modelos de Grelhas ......................................... 27
7.2 Modelo de Laje em Elementos Finitos de Placas .......................................................................... 27
7.2.1 Malha com Inércia a Torção de 100% (inércia teórica) ......................................................... 27
7.2.2 Malha com Inércia a Torção de 1% ....................................................................................... 28
7.2.3 Conclusões da Inércia Torcional em Modelos de Placas Planas............................................ 30
7.3 Efeitos dos Momentos Volventes em Placas................................................................................. 30
7.3.1 Conclusões dos Momentos Volventes .................................................................................. 33
8. Criando Malhas Manualmente no Sistema TQS.................................................................................... 33
8.1 Rigidez Torcional da Malha ........................................................................................................... 33
8.1.1 Rigidez Torcional dos Pilares ................................................................................................. 33
8.1.2 Rigidez Torcional das Vigas.................................................................................................... 35
8.2 Trechos Rígidos (off-sets) .............................................................................................................. 36
8.3 Peso Próprio das Vigas .................................................................................................................. 37
8.4 Enrijecimento Axial dos Pilares (Mulaxi) ....................................................................................... 37
8.5 Pilares de Compatibilização........................................................................................................... 38
8.6 Deformação por Força Cortante ................................................................................................... 38
8.7 Não Linearidade Física de Vigas, Pilares e Lajes ............................................................................ 39
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8.8 Flexibilização da Ligação Viga/Pilar ............................................................................................... 39


8.9 Vigas de Transição ......................................................................................................................... 39
9. Critérios de Lajes para Modelo 6........................................................................................................... 40
9.1 Eliminação de Off-set’s ou Trechos Rígidos................................................................................... 40
9.2 Eliminação de Pontas Plastificadas ............................................................................................... 41
9.3 Acerto da Rigidez Flexional ........................................................................................................... 41
9.4 Acerto da Rigidez Torcional ........................................................................................................... 41
9.5 Acerto dos Divisores de Área das Barras Inclinadas...................................................................... 42
9.6 Acerto dos Coeficientes de Molas e Gap’s para Lajes Apoiadas sobre Solo ................................. 42
9.7 Acerto da Origem, Espaçamento e Ângulo da Malha ................................................................... 43
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1. Introdução
O sistema TQS foi desenvolvido basicamente voltado para edificações que podem ser separadas por
pavimentos (andares), ou seja, cada andar será modelado independente do outro, tendo apenas os
pilares comuns entre os pavimentos criados pelo usuário. Este tipo de modelagem é muito útil para
edificações correntes, mas nem todas as estruturas seguem este padrão de divisão por andares bem
definidos.
Este curso visa dar uma visão criativa para explorar modelos que fogem desse padrão usual do TQS,
mostrando que ele também pode ser um software versátil e com ótimos recursos de modelagem para
estruturas não usuais, bastando para isto que façamos algumas adaptações. Além disso, outro objetivo
é mostrar elementos e critérios que se encontram dentro do sistema, que são pouco conhecidos pela
maioria dos usuários e que podem ser muito úteis em diversos modelos mais complexos ou mesmo em
estruturas usuais do dia a dia como alternativas ou refinamento de modelos.
A disseminação desse conhecimento entre os usuários do TQS pode contribuir de maneira positiva ao
desenvolvimento do sistema e da engenharia, incentivando os desenvolvedores e usuários na busca
por modelos numéricos melhores para os problemas da engenharia estrutural.

2. Modelos de Barras
O sistema TQS é um software de modelagem essencialmente por elementos de BARRAS, embora o
sistema também apresente o modelo de elementos finitos de placas para lajes, mas de maneira bem
“tímida” e quase “escondida” dentro do sistema.
Entender que o software trata modelos de barras é um ponto muito importante, pois teremos que
conhecer então quais são as possibilidades que este tipo de elemento pode nos oferecer, e quais são
os resultados numéricos que teremos ao final, ou seja, se é um modelo consistente e coerente, que
converge com outros modelos numéricos e os resultados analíticos.
Nos próximos tópicos iremos buscar essas respostas, criando algumas simulações de estruturas mais
simples e triviais e comparando-as entre si, para ver quais as respostas que cada modelo pode oferecer.

3. Análise de Placas
Um problema muito importante da engenharia civil é a resolução de placas, isto é, elementos que tem
a relação da sua área bem maior que sua espessura. Como exemplo de placas temos: lajes maciças,
pilares paredes, vigas paredes, radiers, etc.
Nas simulações numéricas destes elementos, a grande maioria dos softwares tem em sua rotina ou a
simulação através de uma malha de barras (criando um modelo chamado de analogia de grelhas), ou
de elementos finitos planos de superfície (placas ou shells).
Embora estes 2 modelos acima a rigor sejam modelos de elementos finitos, pois respeitam as mesmas
premissas (estrutura subdivida em partes, e cada parte unida por um nó), a diferença matemática de
tratamento é completamente distinta entre os métodos, bem como seu output (saída numérica dos
resultados).
Como em qualquer método, cada qual tem suas vantagens e desvantagens. No caso da engenharia
civil, no geral, os modelos de barras tem grande aceitação prática, pois apresentam as seguintes
vantagens:

 As barras tem output dos esforços internos de simples visualização, representados através de
diagramas de barras (momentos fletores, forças cortantes, forças normais e momentos
torçores). Esse tipo de representação é familiar ao engenheiro civil, fazendo parte do seu
cotidiano;
 Cada barra já representa os esforços “homogeneizados” transversalmente na faixa que ela
representa dentro do modelo;
 Uma grande gama de elementos pode ser modelado como barras, sem nenhum prejuízo aos
esforços internos;
 A resolução numérica de uma malha de barras gera resultados bem próximos a uma malha de
elementos finitos planos, se o modelo e as condições de contorno forem bem estruturadas;
 As barras tem posteriormente fácil implementação para cálculo de suas armações.

Como desvantagens dos modelos de barras, podemos citar:


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 Por ser fisicamente um modelo vazado (grelha), o caminhamento das forças normais no próprio
plano da malha tem comportamento menos preciso se comparado a malhas sólidas de
elementos planos;
 As malhas de barras são muito limitadas com relação a geometria, pois tem as direções
principais sempre ortogonais e muitas vezes não simulam os fluxos de cargas de maneira real.
No caso de elementos finitos planos, estes podem assumir diferentes geometrias
(quadriláteros, triangulares) e qualquer direção ou formato em uma malha, representando no
geral um melhor comportamento dos fluxos dos esforços, principalmente para as geometrias
mais complexas;
 Malhas de barras tem ótimo comportamento para efeitos macros, isto é, esforços e
deformações em regiões sem concentração de tensões. Nas regiões de concentrações de
tensões, por ser uma malha relativamente grosseira, não representa na maioria dos casos
comportamento adequado dessa região.

Portanto, vemos que os modelos de barras tem limitações quando comparados aos elementos finitos
planos, mas também apresentam algumas vantagens. A principal a destacar é a interpretação dos
resultados, que é em geral mais tangível ao engenheiro civil, por representar os consagrados diagramas
(momentos fletores, torçores, forças normais e cortantes) de cada barra do modelo. No caso dos
elementos finitos, por serem elementos de superfície (área), sua resposta primaria é em tensão no
elemento. Por exemplo, enquanto um modelo de barras dará a resposta a uma carga axial em forma
de um diagrama de força normal, um modelo de elementos finitos plano dará a resposta em função da
sua tensão normal (força dividida pela área). Se a carga estiver excêntrica, o modelo de barras dará
além da força normal, um momento associado. Já o elemento plano dará variações de tensões normais
ao longo do elemento.

4. Simulações de uma Viga Simplesmente Apoiada


Afim de demostrar estas diferenças de modelos na pratica, vamos simular uma viga simplesmente
apoiada através de 4 modelos distintos para comparar os resultados:

 Viga através de modelo analítico unifilar de barra;


 Viga através de modelo numérico unifilar de barra (TQS);
 Viga através de modelo numérico de elementos finitos de barras;
 Viga através de um modelo numérico de elementos finitos de placas planas.
O intuito desse primeiro exemplo é demostrar que num caso trivial de uma viga simplesmente apoiada,
podemos criar modelos interessantes em diversas metodologias.
Para o estudo deste caso, faremos uma viga de 10m de vão, seção transversal de 20x100cm, e uma
carga concentrada de 100tf no meio do vão e apoio rotulado a esquerda e móvel a direita.

4.1 Modelo Analítico Unifilar de Barra


Neste modelo faremos a resolução analítica pelas formulações de clássicas da resistência dos
materiais:

Os dados da viga são:

 Seção: 20x100cm
 Área: 0,2m²
 I=1,67xE-02m4
 W=3,33xE-02m³
 E=2,415xE06tf/m²

Solução Analítica:
Momento fletor no meio do vão: M=pl/4 =100*10/4 = 250tf.m
Momento fletor nos apoios: M=0
Força cortante nos apoios: Q=50tf
Flecha elástica: (Pl³)/(48EI) =100*10³)/48*2,415e6*1,67e-2= 0,052m = 5,176 cm
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4.2 Modelo Numérico Unifilar de Barra (TQS)


Nesta simuação faremos a solução numérica com auxílio do TQS para um modelo unifilar de barra:

a) Momentos:

Figura 1: Diagrama de momentos modelo de Barra

b) Cortantes:

Figura 2: Diagrama de Cortantes modelo de Barra

c) Flecha elástica

Figura 3: Deformação modelo de Barra com máximo valor de 5,175cm

Como podemos observar, o modelo numérico de barra e analítico dão valores praticamente idênticos,
como era esperado.

4.3 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras


Para este modelo, iremos introduzir a discretização manual dentro do sistema TQS. Para tanto, o autor
desenvolveu uma técnica de criação da malha manualmente, feita através de pilares justapostos,
combinados com vigas subdividas em pavimentos. Essa técnica será esmiuçada mais adiante na
modelagem de placas, e por hora vamos focar apenas no modelo gerado e nos resultados
apresentados:

a) Modelador Estrutural:

Figura 4: Modelo de barras discretizadas no modelador


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b) Vista 3D do modelo:

Figura 5: Imagem 3D do modelo discretizado

c) Modelo numérico:

Figura 6: Modelo numérico de malha de barras da viga de seção 20x100 e vão de 10m

Notamos acima que a viga em questão de 20x100 de seção transversal se tornou uma malha de barras
discretizadas com espaçamento de 20x20cm. Ao criar este modelo, não temos mais o resultado de
flexão na barra através de diagramas de flexão, e sim passamos a ter forças de tração e compressão
nas barras da malha, representando o binário formado pela flexão.

d) Forças normais nas barras:

Figura 7: Esforços de tração e compressão equivalentes ao binário da flexão

Na imagem acima podemos ver a transformação do momento fletor da peça em binários de tração e
compressão, com a separação da linha neutra (barra central horizontal sem esforço normal). Deve-se
notar entretanto que este modelo não leva em conta a fissuração do material, ou seja, a viga está em
regime elástico (Estádio I para o concreto), onde as tensões de tração e compressão são distribuídas
linearmente ao longo da seção transversal através da relação (M/I)*y típicas de seções não fissuradas.
Portanto, na prática, uma viga dessa não pode ter suas armaduras calculadas para ELU pelas forças
de tração nas barras mostradas nos diagramas, pois a seção real de concreto é fissurada, e a armação
será toda colocada no fundo da viga. Essa problemática também é notória em elementos finitos de
placas, e são grandes limitações para modelos de concreto armado via MEF.
Entretanto, a deformação desse modelo não é de maneira nenhuma invalidada, e para analises de
serviço da peça (ELS), o modelo é consistente, como mostrado abaixo.
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E como verificar se as forças apresentadas neste modelo são coerentes com as formulações analíticas?
Uma maneira simples para isto é correlacionar as forças nas barras com as tensões normais, através
dos diagramas de tensão (M/I)*y ou simplesmente M/W.

Abaixo faremos uma demonstração desta correlação, com uma seção no meio do vão:

Figura 8: Seção no meio do vão com detalhe dos valores de compressão e tração das barras

Figura 9: Seção transversal discretizada e diagramas de forças e tensões normais

Notamos na Figura 8 uma seção no meio do vão com os respectivos valores de força normal das barras
nesta seção (negativos para tração e positivos para compressão). Se plotarmos essas forças num
gráfico, e compararmos como valores médios das forças provocadas pelas tensões normais nas seções
discretizadas de 20 em 20 cm (Figura 9), teremos:
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 Barra 1: tensão média analítica de 6000tf/m², multiplicada por área de 0,2*0,2m, resulta numa
força de 240tf. Notar a força no modelo de 240,9tf;
 Barra 2: tensão média analítica de 3000tf/m², multiplicada por uma área de 0,2*0,2m, resulta
numa força de 120tf. Notar a força no modelo de 109,7tf
 Barra 3: linha neutra com tensão nula e valor da força igual a 0;
 Barra 4: tensão média analítica de -3000tf/m², multiplicada por uma área de 0,2*0,2m, resulta
numa força de -120tf. Notar a força no modelo de -115,4tf
 Barra 5: tensão média analítica de -6000tf/m², multiplicada por uma área de 0,2*0,2m, resulta
numa força de -240tf. Notar a força no modelo de -231,5tf

e) Deformações

Figura 10: Deformações do modelo de barras, com valor máximo da deformação em “Z” de 5,303cm

Com base nos resultados mostrados, podemos concluir de maneira geral para este modelo de
elementos finitos de barras:

 Leve variação do valor analítico e numérico da deformação, com variação em torno de 2,5%,
considerando assim o resultado deste modelo bem satisfatório e coerente;
 Os valores das forças nas barras comprimidas e tracionadas no modelo de malha não deram
idênticos, o que já acontece no modelo analítico de tensões. Tal fato é simples de entender,
pois a carga de 100tf aplicada no topo da viga gera compressão vertical em algumas barras,
provocando um encurtamento elástico para elas, o que levará no modelo numérico a variações
diferenciais da seção transversal, enquanto o modelo analítico pressupõe a hipótese
simplificadora de que seções planas permanecem planas;
 O modelo numérico de malha não apresenta as tensões máximas de tração ou compressão da
seção, pois as barras criadas no CG de cada seção discretizada representam uma seção
homogeneizada dos esforços neste trecho. Entretanto, se fizermos a projeção linear do
diagrama numérico (figura 9), veremos uma boa aproximação com o diagrama analítico;
 Conforme saímos das região da aplicação da carga concentrada de 100tf, os valores de tração
e compressão das fibras superiores inferiores tendem a se igualar, validando a hipótese das
seções planas permanecerem planas. Na região dos apoios, onde temos novamente a
introdução de cargas concentradas oriundas da reação vertical do apoio, notamos novamente
diferença entre as forças das fibras superiores e fibras inferiores;
 A deformação do modelo numérico da malha não está levando em conta deformação por força
cortante (Teoria de Thimonshenko). Pela relação de vão e altura, a viga não é parede, e não
considerar a deformação por força cortante gera resultados mais próximos ao do modelo
analítico de barra, conforme pudemos constatar nos resultados.

4.4 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Placas Planas


Nesta simulação vamos usar o software SAP2000 V15 através do elementos de placas “shell thin”
(placas finas). Para efeitos comparativos, vamos simular a viga também em modelo de barra no
SAP2000.
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a) Modelo de barra no SAP2000

Figura 11: Resultados do modelo de Barra SAP2000 com máxima deformação de 5,176cm

b) Modelo de placa SAP2000

Figura 12: Modelo de placa com máxima deformação U3 (equivalente ao eixo Z) de 5,324cm

c) Tensões S11

Figura 13: Tensões 1-1, onde podemos notar valores diferentes nas fibras superiores e inferiores de
tensões normais (valores em tf/m²)
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d) Tensões S22

Figura 14: Tensões 2-2, onde podemos notar os valores de tensão nas regiões de introdução de cargas
concentradas (valores em tf/m²)

Como conclusões para este modelo temos:

 Notamos grande convergência do modelo de elementos finitos de placas e de elementos finitos


de barras, com os dois modelos mostrando comportamentos muito semelhantes, ambos
demostrando diferenças de tensões (ou forças) nas fibras opostas nas regiões de introdução
de cargas, e tensões (ou forças) parecidas ou iguais nas fibras opostas nas regiões com menor
influência vertical da cargas concentradas;
 No meio do vão, na região da carga concentrada, temos tensão de compressão na fibra
superior de 8480,8tf/m² e na fibra inferior de 7335,7tf/m². Os valores teóricos de tensão seriam
de M/W=±7500tf/m²;
 Vemos uma grande convergência das deformações do modelo de malha de barras e deste
modelo de placas (5,340cm e 5,324cm, respectivamente), mostrando assim ótima
convergência e resultados coerentes entre esses 2 modelos.

4.5 Conclusões e Comparativos do Modelos de Viga Simplesmente Apoiada


 Notamos nos modelos de MEF de placas e barras problemáticas semelhantes: os modelos são
lineares e as peças estão equivalentes ao Estádio I do concreto, o que na grande maioria das
vezes não é condição real de dimensionamento. Embora existam modelos de MEF de analise
não linear, que são bem mais adequados para simulações de peças de concreto, estes ainda
tem custo computacional alto e grande tempo de modelagem;
 Para cálculo de flexão e cisalhamento desta peça, o ideal ainda é o modelo de barra tradicional.
Os exemplos anteriores não tiveram o intuito de dimensionamento da peça em ELU, e sim
mostrar a mesma estrutura sob diferentes tipos de modelos;
 Os modelos de MEF nestes exemplos terão grande aplicação pratica quando tivermos cargas
laterais aplicadas na viga. Nestes casos, os modelos em MEF conseguem simular melhor o
comportamento lateral da peça, conforme geometria e ponto de aplicação da carga. No modelo
de barra, este comportamento não é adequado, pois a barra apresentará apenas o diagrama
de flexão lateral. Em vigas altas, como vigas de pontes por exemplo, esses modelos de
elementos finitos podem ser bem interessantes;
 Importante notar que o modelo de barras em MEF no TQS só funciona para modelos em que
não haja a consideração da não linearidade física de maneira simplificada através da redução
de rigidez por coeficientes (CNLF). A aplicação de coeficientes diretamente na rigidez da peça
não fazem a flecha se alterar de maneira proporcional ao coeficiente, conforme acontece nos
modelos de barras. Esse fato é facilmente demostrado pela formulação geral de momentos de
inercia das seções subdivididas (Teorema de Steiner), onde temos uma parcela relativa ao
momento de inercia da subseção mais a parcela relativa ao deslocamento ao quadrado do CG
da subseção multiplicada pela sua área (It=Io+Ad²). Como o CLNF não atua sobre a área no
caso do TQS, não teremos valores coerentes de deformações em modelos ELU que
consideram CNLF de maneira simplificada.
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5. Simulações de um Pilar em Balanço


Da mesma maneira que fizemos diversas simulações para uma viga simplesmente apoiada, faremos
agora diversas simulações para um pilar em balanço engastado na sua base, com uma carga
concentrada aplicada ao topo.
Para o caso de pilares, o sistema TQS a partir da V19 implementou a discretização automática de
pilares numa malha de barras incorporada ao modelo (apenas para modelo 6). Tal implementação foi
um grande avanço no sistema, e contribuiu de maneira significativa para refinar o cálculo de placas
sujeitas a esforços de flexo compressão e flexo tração, embora ainda existam muitas limitações e
pontos a melhorar, como veremos mais adiante.
Antes da discretização automática, a exemplo das vigas, o autor já havia desenvolvido um método
manual de discretização dos pilares. Faremos então 5 simulações, que serão:

 Pilar em modelo analítico unifilar de barra;


 Pilar em modelo numérico unifilar de barra (TQS);
 Pilar em modelo numérico de elementos finitos de barras (discretização automática);
 Pilar em modelo numérico de elementos finitos de barras (discretização manual);
 Pilar em modelo numérico de elementos finitos de placas planas.

Os dados para este modelo serão:

 Pilar em balanço engastado na base;


 Seção transversal de 20x100;
 Carga concentrada aplica no topo de 10tf;
 Altura do pilar de 10m
 I=1,667E-02m4
 W=3,333E-02m³
 E=2,415xE06tf/m²

5.1 Modelo Analítico Unifilar de Barra


Da mesma maneira que o modelo de vigas, faremos soluções analítica (exata) para a barra:

Solução analítica:
Momento fletor na base: M=F*L = 10*10 = 100tf.m
Momento fletor no topo: M=0
Força cortante na base e topo: Q=10tf
Flecha elástica: (FL³)/(3EI) =10*10³)/3*2,415e6*0,01667= 0,083 m = 8,282 cm

5.2 Modelo Numérico Unifilar de Barra (TQS)


Abaixo o modelo numérico de unifilar de barra, com auxílio do TQS para resolução matricial:
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Figura 15: Modelo de Barra com deformação de 8,282cm

Podemos notar que modelos de barra de analítico tem convergência para o pilar em balanço.

5.3 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras (Discretização Automática)


Inicialmente precisamos configurar os critérios de discretização de pilares para faixas máximas de
20cm. A malha gerada pelo programa ficará então com 5 faixas, conforme imagem abaixo:

Figura 16: Pilar discretizado automaticamente com 5 faixas, com cada cor representando uma faixa

Como resultados, teremos:


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Figura 17: deformação pilar discretizado com valor da deformação “X” de 8,302cm

Figura 18: Diagrama de força normal das barras do modelo discretizado

Podemos notar que o pilar discretizado automaticamente tem uma ótima aproximação numérica se
comparado ao modelo analítico ou modelo de 1 barra. Isso cria uma enorme possibilidade dentro do
sistema para analisar e criar diversas estruturas por esta metodologia.
Como foi comentado no modelo anterior da viga discretizada em malha, o modelo de barras não deve
ser usado com coeficientes de não linearidade física (CNLF), uma vez que não temos a redução da
área das barras para correta aproximação do momento de inércia da seção como um todo. Essa
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limitação cria um grande problema, pois impede o uso desses modelos em ELU, onde a análise de NLF
é obrigatória.
Entretanto, a TQS resolveu esse problema para modelos ELU a partir da V21, criando um modelo com
redução da área do pilar pelo CNLF, mas que só é válida para cargas laterais de vento. Para as demais
cargas laterais e verticais, é mantida a área da seção sem redução. Portanto, para o caso de pilares
discretizados, tanto os modelos ELS quanto ELU tem resultados numéricos coerentes, desde que as
únicas cargas laterais sejam os ventos, e a estrutura não sofra deformações laterais por cargas verticais
importantes.
Para ilustrar esse caso, vamos adotar um CNLF de 0,8 para o modelo de barra e para o modelo de
malha, para comparar o resultado para o caso de cargas laterais de VENTO. Analiticamente, o
CNLF=0,8 irá incrementar o cálculo da flecha elástica em 1/0,8=1,25 vezes, ou seja:
Flecha CNLF=(FL³)/(3EI*0,8) =10*10³)/3*2,415e6*0,01667*0,8= 0,104 m = 10,352 cm
Observando os modelos de barra e de malhas, teremos como resultado:

Figura 19: Modelo de barra com CLNF=0,8 e fecha de 10,355cm

Figura 20: Modelo de malha com CNLF=0,8 e deformação média de 10,458cm


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Conforme podemos observar, o modelo ELU com o CLNF está com ótima aproximação numérica se
comparado ao modelo analítico e modelo de barra para os casos onde a carga lateral é o vento na
estrutura. Nas demais situações de carregamentos não teremos a mesma resposta no modelo TQS.

5.4 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Barras (Discretização Manual)


A discretização manual é de grande interesse na modelagem de algumas estruturas especiais. Portanto
faremos este modelo do pilar em balanço para demostrar seu resultado numérico e comparar com os
demais modelos.
Nos capítulos seguintes serão demonstrados todos os critérios necessários para termos uma boa
configuração da discretização manual da malha.
Neste modelo temos o seguinte lançamento dentro do modelador:

Figura 21: Modelo de pilar discretizado manualmente dentro do sistema.

Como resultados de deformação para este modelo, teremos:

Figura 22: Deformações da malha discretizada manualmente com valor da deformação “X” de 8,562cm
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Figura 23: Diagramas de força normal para modelo discretizado manualmente

Como vemos acima, temos no modelo discretizado manualmente ótima aproximação, da mesma
maneira que o modelo de discretização automática do sistema. Podemos notar um leve incremento da
deformação (8,367 na discretização automática contra 8,577 na manual – aumento de 2,5%), mas tal
incremento é justificável, pois na realidade o pilar discretizado manualmente tem menos rigidez que o
pilar discretizado automaticamente pois as faixas não podem se tocar lateralmente, gerando seções
menores e consequentemente com menos inercia. Ainda existe mais um motivo dessa diferença, que
é o aumento da rigidez de flexão das faixas horizontais dos pilar discretizado automaticamente pelo
sistema, mas isso será explicado mais adiante. No entanto, ainda assim a diferença é pequena e bem
aceitável.

5.5 Modelo Numérico de Elementos Finitos de Placas Planas


A última simulação deste modelo de pilar em balanço será através do modelo de elementos finitos de
placas finas com o SAP2000.

Como resultado teremos:


Modelos Avançados com o Software TQS 18

Figura 24: Modelo de elementos finitos, com deformação U1 (equivalente ao eixo “X”) de 8,333cm

Figura 25: forças S22 na seção (valores em tf/m)


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Figura 26: Detalhe da tensão S22, com valor médio no elemento de 489,5tf/m

Conforme podemos observar no modelo de elementos finitos de placas, temos deformação no topo de
8,333cm, bem compatível com o modelo de malha de elementos de barras e com o resultado analítico
de 8,282cm.
Com relação as forças axiais na direção vertical, podemos novamente ver a convergência de
resultados, uma vez que o modelo de placa apresenta conforme mostrado no detalhe da Figura 26 uma
força média de 489,5tf/m no elemento. Como este elemento tem 20cm de comprimento, esse valor em
termos de vetor de força unitário será de 489,5tf/m*0,2m=97,9tf. Nos modelos de malhas de barras a
força axial neste ponto vale aproximadamente 95tf, ou seja, temos novamente resultados coerentes
nos modelos de barras (cerca de 3% de diferença).

6. Transformação de Forças em Barras para Momentos Equivalentes


Em uma malha discretizada de barras, podemos fazer uma correlação das forças atuantes em cada
elemento para um momento equivalente de flexão, similar ao do modelo unifiliar. Para tanto, usaremos
as formulações clássicas da resistência dos materiais de tensão normal e tensão normal na flexão:

𝐹 𝑀𝑦
𝜎= (1) 𝜎= (2)
𝐴 𝐼
Como teremos a força em cada barra discretizada com a respectiva área dessa barra, podemos calcular
a tensão normal num ponto de interesse pela equação (1). Depois para obter o momento fletor
equivalente, igualarmos a tensão normal (1) com a equação (2), usando o y desta barra, ou seja, a
distância do CG da fibra analisada até o CG da peça global.
Exemplificando:
Se usarmos o exemplo da viga bi apoiada mostrada inicialmente, temos no meio do vão na barra inferior
o seguinte esforço normal:
Modelos Avançados com o Software TQS 20

Para este valor de força, temos um elemento finito de barra de 20x20cm. Portanto, temos uma tensão
normal neste ponto de:

𝐹 231,51
𝜎= = = 5787,75tf/m²
𝐴 0,2∗0,2
Igualando esta tensão normal a tensão de flexão, e tomando a distância y desta barra até o CG da
viga com seu respectivo valor de 40cm, temos:
𝑀𝑦 𝑀∗0,4
𝜎= = = 5787,75tf/m² Portanto: M,equivalente=241,2tf.m
𝐼 0,0167
O momento analítico neste mesmo ponto vale:

𝑃∗𝑙 100∗10
𝑀= = = 250,0tf.m
4 4
Notamos então que existe uma boa aproximação numérica entre o modelo analítico e o numérico
(menos de 4% de diferença). A variação se dá em razão do já comentado efeito de introdução de cargas
concentradas, onde as seções planas não permanecem necessariamente planas nos modelos de
malhas.
Este procedimento descrito acima pode ser feito para qualquer barra, em qualquer fibra e em qualquer
seção, bastando apenas ajustar a tensão normal e a distância y da fibra calculada. Não teremos os
valores do momento equivalente idênticos (pelo efeito comentado acima), mas os valores devem ficar
próximos.
Se tomarmos o esforço da próxima barra da malha de 115,39tf, teremos:

𝐹 115,39
𝜎= = = 2884,75tf/m²
𝐴 0,2∗0,2
A distância y desta barra vale 20cm. Portanto teremos:

2884,75∗0,0167
𝑀= = M,equivalente=240,4tf.m
0,2

7. Rigidez Torcional de Placas


Nos exemplos anteriores, todas as cargas aplicadas estavam centradas nas malhas, não provocando
efeitos torcionais nas peças. Tal fato foi proposital, para inicialmente focarmos nos efeitos de
deformação por flexão.
Entretanto, a rigidez torcional em placas é talvez o assunto mais importante a ser tratado nos modelos
numéricos, pois no geral a carga em placas não atua gerando apenas flexão. A consideração
equivocada da rigidez torcional (assim como a flexional) pode levar os resultados do modelo a grandes
discrepâncias com estudos experimentais. Sua importância é tão grande que dependendo dos valores
adotados, teremos resultados completamente distintos do comportamento mecânico da placa.
Para entender o porquê deste efeito, precisamos inicialmente entender dois conceitos relativos a torção:
equilíbrio e compatibilidade. A torção em placas sempre será uma torção de compatibilidade, e
precisamos entender bem o que é este conceito.
Nas placas, apenas a rigidez flexional dos elementos não é suficiente para simular seu real
comportamento físico, embora a rigor apenas esta inércia possa garantir o equilíbrio estático da placa.
No caso de modelos de placas por analogia de grelhas, teremos diversas barras simulando a placa, e
eventuais torções na malha podem se redistribuir por meio de outros esforços que não sejam torcionais
entre as barras e nós. Entretanto, a torção tem papel fundamental no controle das deformações, e com
isso conseguimos um comportamento do modelo mais próximo do comportamento real da placa.
Podemos perceber então que esta torção nas placas é sumariamente de compatibilidade. Em um
modelo de apenas uma barra com carga excêntrica a seu eixo, não existem mais meios de
redistribuição, e a torção precisa existir para que haja o equilíbrio estático dessa barra. Neste caso,
temos a torção dita de equilíbrio, onde sem ela não atendemos o equilíbrio estático, e daí seu nome.
Modelos Avançados com o Software TQS 21

Nas placas discretizadas existem outras possibilidades de redistribuições destes esforços. Esse é
basicamente o conceito de compatibilidade, ou seja, compatibilidade é numérica e equilíbrio é físico.
Portanto, precisamos levar em conta a rigidez torcional das barras que simulam a placa, e assim irão
surgir esforços de torção de compatibilidade nessas barras. Entretanto não existe armadura para
combate a torção em placas. Mas se a torção está no modelo, significa que ela precisa ser tratada de
alguma maneira, pois ela também está absorvendo energia, assim como a flexão. Não podemos
simplesmente despreza-la.
Na verdade, essa torção de compatibilidade será transformada em flexão equivalente pelo processo
numérico de Wood&Armer. É simples entender o que acontece, pois devemos lembrar que a torção
gera um fluxo de tensões nas faces da seção transversal (paredes equivalentes). Nas placas, como a
espessura é muito inferior que a sua área, as paredes principais são as faces superior e inferior da
placa, e é por estas faces que estará quase a totalidade do fluxo de torção, que será transformada na
flexão equivalente para fazermos a armação da peça. Portanto, as placas exigem, além de um processo
numérico de esforços, um processo adicional de transformação de torção em flexão equivalente.
Tal método pode ser encontrado em diversas bibliografias e não será o foco sua formulação matemática
neste curso. O TQS engloba em suas rotinas de placas a análise de Wood&Armer apenas para o CAD/
LAJES. Para as demais situações de malhas que serão criadas de maneira manual, assim como os
pilares discretizados automaticamente, não teremos de maneira automática os momentos volventes de
Wood&Armer. Essa é atualmente uma limitação do sistema. Para estes casos, deveremos avaliar de
maneira manual o acréscimo de flexão devido a torção.

7.1 Modelo de Laje em Elementos de Barras (Grelha)


Para entendermos bem a importância da torção, iremos simular adiante 3 placas, uma com 100% da
inercia a torção teórica (inércia elástica), outra com 20% desta inércia e por fim uma com 1% da inercia
torcional teórica, e poderemos assim comparar os resultados de cada modelo, para entender
plenamente a importância da torção nas placas.
Iremos para estas simulações usar o modelo de placas de lajes do sistema TQS, apenas por este conter
em sua rotina a automatização dos momentos volventes de Wood&Armer. Como já vimos, seria
indiferente fazer esta mesma analise em outros elementos, como pilares paredes discretizados, por
exemplo, pois iriamos encontrar os mesmos resultados de esforços e deformações, mas não teríamos
os volventes.
Para este comparativo de torção, será usada a seguinte estrutura de laje:
Modelos Avançados com o Software TQS 22

Figura 27: Modelos da laje em balanço de dimensões 3x2m e carga em uma ponta de 20tf

Como o TQS trabalha com divisores de torção nas suas rotinas, usaremos como valor nos critérios:
100 (para 1% da inércia), 5 (para 20% da inércia) e 1 (para 100% da inércia torcional).

7.1.1 Malha com Inércia a Torção de 1%


Para esta simulação, usaremos o seguinte critério no modelo de lajes planas:

Figura 28: Critério para usar 1% da inércia a torção teórica

Como resultados desse modelos teremos:


a) Deformação:

Figura 29: Deformação da laje, onde podemos notar valores positivos e negativos na placa
Modelos Avançados com o Software TQS 23

b) Momentos My:

Figura 30: Momentos My, com inversões de momentos nos bordos

c) Momentos Mx:

Figura 31: Momentos torçores Mx, com valores praticamente desprezíveis

d) Conclusões para este modelo:


Conforme podemos observar, notamos um giro bem acentuado da seção. Tal fato fica evidente no
diagrama de deformações com a inversão de sentidos de deformação nos lados opostos da peça. Os
momentos fletores My corroboram isto, pois temos em uma parte da peça a tração pelas fibras
superiores e em outra parte a tração pelas fibras inferiores. Já a torção é praticamente desprezível nas
barras.
O comportamento deste modelo não é adequado, pois uma placa apresentará comportamento
semelhante a este em situações de fissuração exagerada, provavelmente após a sua condição de
ruína.

7.1.2 Malha com Inércia a Torção de 20%

Para esta simulação, usaremos o seguinte critério no modelo de lajes planas:


Modelos Avançados com o Software TQS 24

Figura 32: Critério para usar 20% da inércia a torção teórica

Como resultados desse modelos teremos:

a) Deformação:

Figura 33: Deformação com inércia torcional de 20%, sem levantamento de bordo

b) Momentos My:

Figura 34: Momentos My, apenas com tração nas fibras superiores, e valores pouco uniformes
Modelos Avançados com o Software TQS 25

c) Momentos Mx:

Figura 35: Momentos torçores, com valores consideráveis nas direções X e Y

d) Conclusões para este modelo:


Conforme podemos observar, a inércia torcional de 20% mostrou uma deformação de cerca de metade
da laje do modelo anterior. Esse fato por si só já demostra a grande importância deste critério. Além
disto, não houveram inversões de momentos, pois não houve levantamento do bordo contrário ao ponto
de aplicação da carga.
Com o incremento da rigidez torcional, houve um incremento da rigidez global da peça. Como
consequência, podemos notar maiores momentos torçores nas barras, e um diagrama de flexão sem
inversão do sentido, ou seja, toda a tração ficou concentrada nas fibras superiores da placa, mas sem
valores uniformes.

7.1.3 Malha com Inércia a Torção de 100% (inércia teórica)


Esta última simulação será apenas para efeito comparativo de valores, pois os exemplos anteriores já
provaram a grande importância da rigidez a torção no modelo de placas por analogia de grelhas.
O critério de lajes planas para este caso fica assim:

Figura 36: Critério para consideração de 100% da inércia a torção teórica


Modelos Avançados com o Software TQS 26

a) Deformação:

Figura 37: Deformação da laje para inércia a torção de malha de 100% da inércia bruta

b) Momentos My:

Figura 38: Momentos Fletores, com valores mais uniformes

c) Momentos Mx:

Figura 39: Momentos torçores com valores significativos em ambas direções


Modelos Avançados com o Software TQS 27

d) Conclusões para este modelo:


Conforme as imagens acima, vemos que a inercia a torção com 100% do seu valor teórico muda as
deformações se comparado ao modelo com 20% desta inércia, mas não de maneira tão discrepante
quanto se comparado ao modelo com 1%.
Podemos notar também nos momentos fletores valores mais uniformes nos apoios, pois neste caso
tivemos o ganho máximo de rigidez do modelo, com as inércias de flexão e torção com seus valores
integrais, o que provoca menores deformações diferenciais, e consequentemente um maior
comportamento da seção como um corpo rígido.

7.1.4 Conclusões Gerais da Inércia Torcional em Modelos de Grelhas


Em modelos numéricos, é difícil mensurar um valor de um coeficiente que simule a não linearidade
física (NLF) com exatidão. Porém, estruturas de concreto raramente tem 100% da sua inércia bruta,
pois as peças encontraram-se no geral fissuradas, o que faz com que sua inércia bruta seja reduzida
drasticamente, seja esta de flexão ou de torção.
Para os caso gerais de placas discretizadas, a recomendação é usar faixas de valores entre 25% a
15% da inercia bruta da torção (divisores de 4 a 6,67 no TQS). Esta é no geral uma faixa compatível
com a seção fissurada do concreto e mais próxima as condições reais de uma placa.

7.2 Modelo de Laje em Elementos Finitos de Placas


Novamente, apenas para efeitos comparativos, vamos analisar a mesma estrutura da laje em balanço
através de elementos finitos planos 2d com o SAP2000.
Da mesma maneira que o modelo de barras, o software SAP2000 também apresenta coeficientes de
redução de inércia para simulações simplificadas de NLF. Iremos então fazer 2 simulações em
elementos finitos, a primeira com inercia torcional de 100%, e a segunda com 1% desta inércia.

7.2.1 Malha com Inércia a Torção de 100% (inércia teórica)


Simularemos uma placa no SAP2000 com elemento de shell thin e 100% da inercia torcional, com o
mesmo carregamento, geometria e condições de contorno dos modelos de barras:

a) Deformações

Figura 40: Deformações para elementos de placas com inercia torcional de 100% e deformação máxima
em um bordo de 5,627cm e outro bordo de 4,226cm
Modelos Avançados com o Software TQS 28

b) Momentos M11:

Figura 41: Momentos fletores 1-1, com valor a 20cm do bordo de -36,46tf.m/m. Multiplicando por 0,2m
temos M=7,29tf.m

c) Momentos M12

Figura 42: Momentos torçores, em tf.m/m. Para valores por barra, multiplicar por 0,2m

7.2.2 Malha com Inércia a Torção de 1%


Nesta simulação, faremos a redução da inercia torcional para 1% da inercia bruta, afim de comparação
dos resultados com os modelos anteriores. Para tanto, alteraremos o critério de rigidez torcional M12
do SAP2000:
Modelos Avançados com o Software TQS 29

Figura 43: Critério para utilizar 1% da rigidez bruta a torção

a) Deformações:

Figura 44: Deformações na placa com 1% de inercia a torção, com valores de -16,61cm em um bordo e
+6,52cm no outro bordo

b) Momentos M11

Figura 45: Momentos M11, com valor a 20cm da borda de -83,1tf.m/m. Em uma faixa de 20cm, teremos
M=-16.6tf.m
Modelos Avançados com o Software TQS 30

c) Momentos M12

Figura 46: Momentos torçores M12, com redução de rigidez torcional de 99%

7.2.3 Conclusões da Inércia Torcional em Modelos de Placas Planas


Conforme fica evidente nos momentos de placas comparados os modelos de barras, temos novamente
uma grande convergência entre eles, com o comportamento global do modelo mostrando exatamente
os mesmos fenômenos físicos em ambos, e valores numéricos também muito próximos.
Portanto, tanto o modelo de placas como o modelo de barras corroboram a importância de inercia a
torção dentro das análises numéricas de elementos finitos, além de nos mostrarem que no fundo
modelos de malhas de barras ou malhas de elementos planos levam a solução do problema para o
mesmo caminho.

7.3 Efeitos dos Momentos Volventes em Placas


Veremos agora como são as distribuições típicas para momentos volventes dentro de lajes com inercia
a torção incorporadas.
Em verdade, só existirão incrementos de flexão pelos momentos volventes onde houverem momentos
de torção nas mesmas seções das barras, ou seja, as regiões de barras que apresentem momentos
torçores Mx serão transformadas em My equivalente pelo processo numérico de Wood&Armer.
Portanto, é importante notar as condições em que ocorrem os maiores incrementos de momentos
volventes:

 Regiões com momentos torçores de valor relevante;


 Placas com elevada flexibidade;
 Cargas que provoquem excentricidade na malha.
Em contrapartida, as condições abaixo ou não geram momentos volventes, ou se geram, são valores
baixos ou desprezíveis:

 Regiões com momentos torçores nulos, ou valores muitos baixos;


 Placas de grande rigidez e baixa deformação;
 Cargas que tendam a gerar mais flexão que torção na malha.
Esses pontos são muito importantes, pois no geral nos modelos que iremos demostrar, não teremos os
momentos volventes de maneira automatizada em nossas malhas (exceto nas malhas de lajes, como
já comentado anteriormente), sejam elas manuais (malhas de vigas e pilares) ou automáticas (malhas
de pilares). Caso o usuário precise fazer a análise de Wood&Armer em seu modelo, deverá fazer de
maneira manual. Entretanto, vale ressaltar que esses cálculos são muito morosos, pela grande
quantidade de barras e esforços na estrutura.
A recomendação para estes casos é fazer uma avaliação da magnitude dos efeitos de torção na
estrutura modelada, considerando inicialmente uma inércia a torção das barras de pelo menos 15% da
Modelos Avançados com o Software TQS 31

inércia teórica, e avaliar a magnitude desses esforços (momentos Mx). Caso se tenham volventes
importantes, pode-se fazer o acréscimo de flexão de maneira empírica, ou com uma planilha Excel
programada com método numérico de Wood&Armer, adotando-se valores médios de incrementos. Esta
condição é válida na maioria dos casos, conforme demostraremos nas estruturas que serão modeladas
adiante.
Para exemplificar uma distribuição típica de volventes, iremos fazer adiante 3 placas distintas, variando
em cada exemplo a espessura da placa, para que possamos observar como se dá a transformação
dos momentos torçores para momentos fletores com os momentos transformados de Wood&Armer.
O exemplo trata-se de apenas 1 pano de laje, com vão de 8x8m, simplesmente apoiada em 4 vigas
nas extremidades. As espessuras das placas serão de: 12cm no primeiro exemplo (subdimensionada),
20cm no segundo (mais próxima da espessura ideal) e 30cm (espessura além do necessário). A rigidez
torcional das barras foi dividida por 6 em todos modelos (16,7% da elástica).

a) Volventes para laje h=12

Figura 47: Momentos máximos da laje se espalhando por todo o pano, tendendo a ir para os cantos.
Modelos Avançados com o Software TQS 32

b) Volventes para laje h=20

Figura 48: Momentos máximos da laje se espalhando, mas de maneira mais suave, quase no centro.

c) Volventes para laje h=30

Figura 49: Momentos máximos da laje, todos praticamente no centro.


Modelos Avançados com o Software TQS 33

7.3.1 Conclusões dos Momentos Volventes


Conforme podemos perceber no resultado dos modelos acima, vemos que as placas com espessura
subdimensionada para o seu vão apresentam variações de volventes muito mais importantes e significativas
que as placas com espessura mais adequada ao vão ou espessuras além do necessário para o vão. Vale
lembrar que nos exemplos demostrados acima a rigidez torcional foi adotada em 16,7% da rigidez elástica
(divisor de 6 no TQS). O aumento da rigidez, indo mais próximo a rigidez elástica (divisor mais próximo de
1 no TQS), tende a fazer as placas subdimensionadas ao vão terem os momentos máximos cada vez mais
próximos aos apoios. Em contrapartida, a diminuição dessa rigidez torcional, se aproximando cada vez mais
da peça totalmente fissurada (divisor mais próximo a 100 no TQS) tende a manter os momentos máximos
no meio do vão, mas com substanciais aumentos de deformação da placa.

8. Criando Malhas Manualmente no Sistema TQS


Na criação de malhas manualmente, temos diversos pontos a observar para que esta malha fique
consistente, pois o programa inicialmente não foi pensando para este tipo de simulação. Mas ao se
configurar adequadamente alguns critérios, teremos ótimos resultados numéricos, como já vimos nas
simulações anteriores, dos quais validamos sua eficácia em termos de coerência de resultados.
Abaixo um lista de todos os critérios que devemos nos preocupar para a criação de malhas de maneira
manual dentro do sistema TQS:

 Acertar a rigidez a torção das vigas e pilares que irão compor a malha;
 Eliminar os trechos rígidos da malha (off-sets);
 Eliminar o peso próprio da viga, para não entrar em duplicidade com pp dos pilares;
 Eliminar o enrijecimento axial dos pilares (Mulaxi);
 Acertar o fator de área para pilares de compatibilização, caso sejam usados na malha;
 Considerar a deformação por força cortante no caso de estruturas descontinuas (regiões D da
norma NBR-6118, item 22.2)
 Acertar a não linearidade física (NLF) de vigas, pilares e lajes (em modelo 6) para que fiquem
com valores iguais ou compatíveis na malha;
 Não flexibilizar a ligação viga/pilar (fazer nós elásticos);
 Não marcar as vigas como transições.
Abaixo iremos descrever cada um desses itens de maneira mais completa.

8.1 Rigidez Torcional da Malha


Como a malha criada será na verdade composta por vigas e pilares, teremos que editar a rigidez
torcional desses dois elementos. Nos itens abaixo vamos demostrar algumas maneiras de alterar esse
critério em cada elemento.
Como já visto, a rigidez torcional é muito importante na malha. Entretanto, dependendo da estrutura
que será modelada e das posições das cargas dentro da malha, talvez a rigidez torcional se torne pouco
relevante na análise dos resultados. O recomendável é testar se a torção tem de fato influencia no
modelo, colocando e retirando a rigidez torcional nas peças, e observando os resultados que cada
situação acarreta.

8.1.1 Rigidez Torcional dos Pilares


O sistema TQS vem com a inercia torcional das barras que simulam os pilares com critério default de
1% da inércia bruta, ou seja, valor praticamente desprezível para que este elemento não absorva torção
nos modelos usuais. Entretanto é possível modificar essa inércia através de 2 critérios:
a) Condições de contorno do pórtico espacial
Através do critério das condições de contorno do pórtico espacial, podemos editar a inércia torcional
dos pilares:
Modelos Avançados com o Software TQS 34

Figura 50: Menu para acesso das condições de contorno do pórtico espacial

Acessando a aba de redutor de torção, inserimos uma nova linha, definimos no campo “Elemento” como
pilar e alteramos o redutor de torção (Red Torção), sendo o valor de 1 para 100% da inércia bruta e o valor
de 100 para 1% da inércia bruta. Vale ressaltar que esse é o melhor critério para editar, mais simples e
intuitivo que o que será exposto no item b.

Figura 51: Critério para alterar rigidez a torção das barras de pilares, sendo 1 igual a 100% da inércia
teórica e 100 igual a 1% da inércia teórica

b) Inercia a torção laminar dentro do modelador


Este critério só funcionará em modelo 6. Ao marcar o pilar com inercia a torção laminar no modelador
em modelo 6, na verdade estamos pedindo para o sistema discretizar nosso pilar em uma malha
automaticamente. Entretanto, iremos fazer apenas 1 faixa no pilar, o que não fará o pilar virar uma
malha, entretanto habilitará a mesma inercia a torção do pilar discretizado em malha, que é de 100%
da inercia bruta (atualmente o sistema não permite editar esse valor).
Algumas observações sobre este critério:

 Não é possível usá-lo em pilares de compatibilização;


 Se for usado em modelo 4, o sistema encontrará um erro no processamento global, difícil de
identificar.
Modelos Avançados com o Software TQS 35

Figura 52: Pilar marcado com inercia a torção laminar, onde a região vermelha representa a faixa única
criada para o pilar que terá inércia de 100% da inércia teórica.

Figura 53: Edição de pilares dentro do modelador para habilitar a inercia a torção laminar

8.1.2 Rigidez Torcional das Vigas


Para as vigas temos 2 maneiras possíveis de editar sua rigidez a torção:
Alterando diretamente no modelador, viga por viga:

Figura 54: edição diretamente no modelador, viga por viga


Modelos Avançados com o Software TQS 36

a) Alterando diretamente nos critérios de pórtico (geral):

Figura 55: caminho para editar pelos critérios de pórtico

Figura 56: critérios de pórtico para edição de critérios de torção de vigas

Aqui vale um porém, que é a possibilidade de editar tanto o critério de vigas sem predominância a
torção, colocando o valor que queremos, sem precisar marcar nada nas vigas dentro do modelador, ou
colocar o valor que queremos em vigas com predominância a torção, e neste caso devem marcar a
viga no modelador conforme descrito no item “a)” anterior, mas deixando o valor numérico de zero, que
neste caso o programa irá buscar o valor marcado no critério.

8.2 Trechos Rígidos (off-sets)


As malhas não podem ter trechos rígidos na ligação dos nós das barras de vigas e pilares, senão os
resultados serão totalmente inconsistentes.
O programa TQS não apresenta um critério direto para eliminação dos trechos rígidos, sendo
necessário alterar a extensão do apoio da viga do pilar, prolongando o apoio teórico, para que a barra
da viga se estenda até o CG do pilar. Para isto devemos acessar os critérios do TQS/FORMAS, ir na
aba de vigas, e por fim extensão de apoio (EXTHVG):

Figura 57: Acessando o critério de formas


Modelos Avançados com o Software TQS 37

Figura 58: Mudança do critério da extensão de apoio, para eliminar os trechos rígidos

A critério de EXTHVG representa a parcela da altura da viga que se prolonga além da face do pilar para
simular o apoio teórico da viga. O valor normativo é de 30% da altura da viga para extensão da barra
da viga. O que sobrar entre esse valor e o CG do pilar será um trecho rígido. Ao aumentar o valor de
EXTHVG, estamos fazendo com que a barra se prolongue mais além da face do pilar, e sobre menos
trecho rígido. Ao colocar valores grandes (de 1x a altura da viga ou mais), a barra chegará até o CG do
pilar, que é justamente o objetivo. Caso a barra da viga passe do CG, o programa limita
automaticamente esta extensão até no máximo o CG da barra do pilar.

8.3 Peso Próprio das Vigas


Como faremos a eliminação do trecho rígido, teremos na malha a sobreposição das vigas e pilares,
ambos com seus peso próprios considerados sempre não extensão de toda a barra, que é o default do
programa. Portanto, se não eliminarmos o peso próprio ou dos pilares da malha ou das vigas da malha,
este ficará em duplicidade, gerando o dobro do peso real.
Como o programa TQS desabilita em simultâneo o peso próprio das vigas e pilares via critério geral,
fica mais simples eliminar o peso próprio das vigas via modelador:

Figura 59: Desabilitando o peso próprio das vigas via modelador.

8.4 Enrijecimento Axial dos Pilares (Mulaxi)


Para não gerar resultados que perturbem a rigidez axial relativa entre as vigas e os pilares, é
recomendável que Mulaxi seja eliminado. Em estruturas mais altas, que tenham de fato efeito
construtivo incremental, talvez o uso possa ser interessante para as cargas verticais, mas para as
cargas laterais a malha, o resultado pode ficar incoerente.
Para eliminar Mulaxi do modelo, devemos acessar o critério de pórticos, pilares, Mulaxi:
Modelos Avançados com o Software TQS 38

Figura 60: Eliminação do fator de enrijecimento dos pilares.

8.5 Pilares de Compatibilização


Caso sejam usados pilares de compatibilização para criar as malhas, estes devem ter seu fator de área
modificado para 100% da área bruta da seção. Esses elementos vem com default de usar apenas 10%
da sua área real (valor de 0,1 no TQS), para reduzir ou evitar que eles absorvam cargas verticais nos
modelos correntes.
Vale ressaltar que o pilar de compatibilização é um ótimo recurso para criar malhas, pois ele é uma
barra sem nenhum trecho rígido automaticamente, independente de outros critérios.
Para acessar o critério da rigidez axial dos pilares de compatibilização, ir em pórtico, critérios gerais,
pilares, pilares de compatibilização:

Figura 61: Critério para modificar fator de área de pilares de compatibilização

8.6 Deformação por Força Cortante


Em estruturas descontinuas (Regiões “D”), como no caso de vigas paredes por exemplo, a
consideração da deformação por força cortante (Thimoshenko) é mais adequada para simular estas
peças, embora na composição de uma malha de grande rigidez, seu efeito no geral é praticamente
desprezível para os esforços de uma maneira global, mas importantes no incremento da deformação e
para regiões localizadas da estrutura, onde houverem as maiores tensões cisalhantes.
Para considerar a força cortante no modelo, acessar critérios de pórtico, modelo, deformação por força
cortante:

Figura 62: Critério para incluir deformação por força cortante (Teoria de Thimoshenko)
Modelos Avançados com o Software TQS 39

8.7 Não Linearidade Física de Vigas, Pilares e Lajes


Devemos acertar os coeficiente de não linearidade física (CNLF) das vigas, pilares e lajes (a laje para
os casos de modelo 6) da malha, para que não tenhamos diferentes rigidezes relativas entre estes
elementos. Como estamos tratando uma malha como um todo, tanto as barras verticais (pilares) quanto
as horizontais (vigas e lajes se existirem) devem estar com mesmo CNLF, ou então valores mais
compatíveis para a simulação que pretendemos, uma vez que esses elementos não serão mais vigas,
pilares e lajes, e sim partes de uma malha.
Para acessar os CNLF das barras, critérios de: Pórtico, NLF:

Figura 63: Critérios de coeficientes de não linearidade física (CNLF)

8.8 Flexibilização da Ligação Viga/Pilar


A flexibilização entre viga e pilar no nó através de uma mola rotacional é o critério default do TQS
(modelo de pórtico flexibilizado). Entretanto uma malha tem melhor resposta no geral com os nós
elásticos (sem flexibilização).
Esse critério no geral também não terá grande influência nos resultados, pois se a mola rotacional for
criada, ela terá sua constante elástica (k) alta (desde que não seja definido fator de redução de mola –
Redmol – com valor alto. Deve-se deixar 1), e as barras são curtas, não gerando rotações entre barras
e nós muito elevadas.
Para acessar, critérios de pórtico, pilares, flexibilização de ligações viga/pilar:

Figura 64: Critério de flexibilização viga/pilar

8.9 Vigas de Transição


Um problema recorrente na criação das malhas é questão do enrijecimento das transições. É comum
nestes modelos a criação equivocada de vigas enrijecidas, em função dos pilares que compõe a malha
estarem nascendo em vigas, ou a malha estar com pilares de compatibilização, que enrijecem
automaticamente todas as vigas que eles tocam, e muitas vezes o enrijecimento passa desapercebido
pelo engenheiro.
Uma opção para evitar que isso ocorra é deixar sempre ativo dentro do modelador a visualização das
transições através dos parâmetros de visualização. Caso ocorra da viga ser enrijecida, deve-se editar
a viga e marcar a opção na aba “modelo” de nunca considerar a viga como transição.
Modelos Avançados com o Software TQS 40

Figura 65: edição do critério para não marcar a viga como transição

9. Critérios de Lajes para Modelo 6


Nos modelos 6, também devemos nos preocupar com a qualidade da malha gerada das lajes, para que esta
tenha compatibilidade e continuidade com a malha vertical, de modo a termos condições de transferência
de esforços entre as peças.

Os critérios são acessados pelo menu de Grelhas (1), Critérios (2), Lajes Planas ou Lajes nervuradas (3). O
acesso a lajes planas ou nervuradas depende do tipo de solução de laje que está sendo utilizada no modelo:

Figura 66: Acesso dos critérios de lajes para modelo 6

9.1 Eliminação de Off-set’s ou Trechos Rígidos


De maneira análoga ao que foi feito nas vigas, é necessário eliminar o off-set da laje com a malha vertical,
para gerar um modelo totalmente continuo. A eliminação do off-set da laje é via critério de
grelhas/barras/ligação com pilares:

Figura 67: Eliminação das barras rigidas da laje na malha em modelo 6


Modelos Avançados com o Software TQS 41

9.2 Eliminação de Pontas Plastificadas


As barras de lajes vem com critério default de plastificação das pontas, para simular rebaixamentos dos
diagramas negativos nas continuidades. Entretanto, dependendo do modelo, como no caso de reservatórios
de águas ou afins, é aconselhável usar os esforços do modelo elástico, afim de reduzir ao máximo a
fissuração. Portanto, a eliminação de pontas plastificadas leva o modelo a continuidade elástica entre as
barras. Para eliminar as plastificações de pontas, temos 2 caminhos:
a) No modelador estrutural: acessar as propriedades da laje, e marcar não plastificar:

Figura 68: Plastificação dos extremos das barras de lajes via modelador

b) Via critério de grelhas:


Acessar o critério via grelha/plastificações:

Figura 69: Plastificação dos extremos das barras de laje via critério de grelhas

9.3 Acerto da Rigidez Flexional


Acertar a rigidez flexional através dos coeficientes de não linearidade física (CNLF,laje), conforme descrito
em 7.7. Observar que este coeficiente também afeta a rigidez torcional, conforme descrito abaixo 8.4.

9.4 Acerto da Rigidez Torcional


Podemos observar a rigidez torcional das barras através do parâmetro “DV” dentro dos visualizadores de
esforços de grelhas e pórticos. É muito importante lembrar que a rigidez torcional das lajes em modelo 6 é
afetada tanto pelo critério do divisor de torção, quanto por CNLF,laje. Essa sistemática não é a mesma
adotada para as vigas no sistema (que terão a rigidez torcional influenciada apenas pelo divisor de torção,
e não por CNLF,viga). A rigor, dentro da teoria clássica da resistência dos materiais, a viga também deveria
ser influenciada por CNLF,viga, de maneira análoga ao que é feito para as lajes.
Para alterar o divisor torcional da laje, acessar o critério de grelhas/plastificações:
Modelos Avançados com o Software TQS 42

Figura 70: Critério do divisor de inércia a torção da laje

9.5 Acerto dos Divisores de Área das Barras Inclinadas


No caso de malhas de lajes inclinadas em modelos espaciais que tenham grande parte do seu equilíbrio
com esforços axiais, devemos acertar o fator de área das barras, que vem com divisor default de 10 no
sistema (área da barra dividida por 10). Tal fator é justificável para estruturas onde os esforços axiais sejam
pequenos e que não interfiram de maneira significativa nas deformações (uma escada bi apoiada, por
exemplo). Entretanto, estruturas como escadas e rampas em balanço dependem primordialmente dos
binários de tração e compressão para o equilíbrio da peça, sendo nestes casos recomendável utilizar o fator
de área das lajes inclinadas igual a 1 (100% da área).
Este critério se encontra nos critérios de grelhas/plastificações:

Figura 71: Divisor de área axial de lajes inclinadas

9.6 Acerto dos Coeficientes de Molas e Gap’s para Lajes Apoiadas sobre Solo
Em modelos onde teremos lajes apoiadas diretamente sobre o solo, declarar a laje como base elástica na
edição da laje dentro do modelador, e ajustar os coeficientes de mola (Kv e Kh) e Gap’s conforme condições
do solo. Não esquecer que as molas são proporcionais ao espaçamento de malha adotado (valores em
tf/m). Caso sejam usados Gap’s para simular o descolamento da placa com relação ao solo, lembrar que
estes são calculados de maneira não linear geométrica (NLG) e só funcionam pelo processo numérico P-
delta ativado nos critérios gerais do edifício, e só tem influência sobre as COMBINAÇÕES de ações, portanto
os casos simples de cargas não tem validade para os Gap’s. O eixo Z global aponta para cima para
orientação do sentido do Gap.
Para acessar os dados de edição de CRV’s e CRH’s e Gap’s, editar a laje no modelador e definir os valores
na aba Grelha:
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Figura 72: Definição de CRV's (Tz) e CRH's (Tx e Tx), e valores de GAP's

9.7 Acerto da Origem, Espaçamento e Ângulo da Malha


A malha precisa ter a sua origem, ângulos principais e espaçamentos das direções X e Y acertados para
termos continuidade plena com a malha vertical da estrutura. Portanto, é fundamental um pré estudo de
malha antes de qualquer lançamento, definindo de antemão qual o melhor espaçamento, ângulo principal e
origem para cada situação. Nas malhas “pseudo curvas”, a origem da malha deve ser a mesma do centro
da curva.
Para acessar os critérios de origem, direção e espaçamento da malha, acessar grelhas/malhas:

Figura 73: Critérios de espaçamentos X e Y da malha (1), direção da malha (2) e ponto de origem (3)

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