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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS BACHARELADO

DANIEL RODRIGUES DO LAGO MOURA

Bitcoin e Blockchain: Um estudo bibliográfico à luz da nova economia global.

Natal /RN
2022
Daniel Rodrigues do Lago Moura

Bitcoin e Blockchain: Um estudo bibliográfico à luz da nova economia global.

Monografia submetida à coordenação do curso


de Ciências Econômicas, no Centro de
Ciências Econômicas Aplicadas da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Ciências Econômicas

Natal/RN, 19 de Dezembro de 2022

Prof. Dr. Zivanilson Teixeira e Silva (Orientador)


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Moura, Daniel Rodrigues do Lago.


Bitcoin e blockchain: um estudo bibliográfico à luz da nova
economia global / Daniel Rodrigues do Lago Moura. - 2022.
47f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Curso de
Ciências Econômicas, Natal, RN, 2022.
Orientador: Prof. Dr. Zivanilson Teixeira e Silva.

1. Ciências Econômicas - Monografia. 2. Moeda digital -


Monografia. 3. Bitcoin - Criptomoeda - Monografia. 4. Blockchain
- Monografia. 5. 4ª Revolução Industrial - Monografia. I. Silva,
Zivanilson Teixeira e. II. Título.

RN/UF/CCSA CDU 336.74

Elaborado por Shirley de Carvalho Guedes - CRB-15/440


Daniel Rodrigues do Lago Moura

Bitcoin e Blockchain: Um estudo bibliográfico à luz da nova economia global.

Monografia submetida à coordenação do curso


de Ciências Econômicas, no Centro de
Ciências Econômicas Aplicadas da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Ciências Econômicas

Aprovada em: ____/____/______

Prof. Dr. Zivanilson Teixeira e Silva


Orientador

Prof. Dr. Breno Carvalho Roos


Examinador

Natal /RN
2022
AGRADECIMENTOS

Agradecimento especial ao Professor Zivanilson Teixeira e Silva, um professor com


“P” maiúsculo, antes de tudo um homem que lutou pelos seus alunos a vida inteira, que nunca
se cansou por um curso de Economia melhor.
Não existem palavras para expressar tamanha gratidão de várias gerações a esse
docente, que passou para frente tudo de melhor que aprendeu na vida, homem extremamente
inteligente e humilde, rico de saber e cultura.
DEDICATÓRIO

Dedico este trabalho a minha esposa Danielle Magalhães Sena e aos meus filhos
queridos, Davi Sena e Arthur Sena, motivadoras da minha persistência, resiliência de minha
alma e felicidades de minha vida.
EPÍGRAFE

“A educação é claramente o fator que irá conduzir melhorias na economia a longo


prazo. No futuro, software e tecnologia irão permitir que as pessoas aprendam muito com seus
colegas.” Mark Zuckerberg.
RESUMO
O presente trabalho tem como tema o Bitcoin e o Blockchain, e como objetivo entender o
fenômeno Bitcoin através de uma ampla pesquisa bibliográfica, questionando se a
criptomoeda pode ser considerada moeda, e como pode ser classificada na ciência econômica.
Para tanto é necessário retornar ao conceito de moeda e a sua formação e destrinchar a
tecnologia, e após entender o que é de fato o objeto de estudo e o seu funcionamento,
analisamos e definimos o que é a tecnologia para a ciência econômica, sob a ótica da teoria
cartalista e metalista da teoria monetária, após verificar como é a forma de funcionamento da
intitulada moeda digital e seu Blockchain, concluímos que o Bitcoin é um ativo digital
diferindo de moeda, e que o Blockchain possui diversas outras aplicabilidades, com enfoque
para uma inovação tecnológica da 4ª Revolução Industrial.

Palavras-chaves: Bitcoin; Blockchain; moeda digital; 4ª Revolução Industrial


ABSTRACT

The present work has Bitcoin and Blockchain as its theme, and aims to understand the Bitcoin
phenomenon through a wide bibliographical research, questioning whether cryptocurrency
can be considered currency, and how it can be classified in economic science. For that, it is
necessary to return to the concept of currency and its formation and to unravel the technology,
and after understanding what is in fact the object of study and its functioning, we analyze and
define what technology is for economic science, under the heading From the point of view of
the cartelist and metalist theory of monetary theory, after verifying how the so-called digital
currency and its Blockchain work, we conclude that Bitcoin is a digital asset differing from
currency, and that the Blockchain has several other applicability, with a focus on a
technological innovation of the 4th Industrial Revolution.

Keywords: Bitcoin; Blockchain; digital currency; 4th industrial revolution


Lista de tabelas

Tabela 1 – ETFs que operam na B3…………………………………………………..………16

Tabela 2 – Trocas indiretas em uma sociedade primitiva…………………………………… 19

Tabela 3 – Oferta Total de BTC x Halving (Bitcoin)...……………………………………... 30

Tabela 4 – Evolução de preço médio em reais do bitcoin.……………………………...…… 32

Tabela 5 – Aplicações e soluções do Blockchain.………………………………...………… 35

Tabela 6 – Propriedades do Blockchain.……………………...………………………………41

Tabela 7 – Propriedade e contrato inteligente.……………..…………………………………42


Lista de Ilustrações

Figura 1 - Compactação de dados pelo algoritmo SHA -256…………………...………..…..29

Figura 2 - Fluxograma de mineração Bitcoin…………………………………………...……30

Figura 3 - Máquina de mineração Bitcoin……………………………………………..…..…31

Figura 4 - Funcionamento de Blockchain……………………..……………..………..…...…33

Figura 5 - Modelos de rede………………………………………...………….……..…....….34

Figura 6 - Posição de Blockchain com relação a Internet……………………….…....…....…35

Figura 7 – Tríade de campo de conhecimento…………………………………...………...…36

Figura 8 – Disposição de banco de dados centralização e Blockchain.……...………….……37

Figura 9 – Transação em hash em árvore de Merkle……………..……………………..……38

Figura 10 - Operações entre bancos, envolvendo um intermediário…….…………..…….…38

Figura 11 – Operação entre usuários sem intermediário, com interveniência do


Blockchain……………………………………………………….…………...……....………39

Figura 12 - Áreas onde o Blockchain pode ser empregado………..……..……..……………43


Lista de Abreviaturas e Siglas

BTC - Bitcoin

B3 - Brasil Bolsa Balcão

BDR - Brazilian Depositary Receipt ( Certificado de Depósito Brasileiro)

CVM - Comissão de Valores Mobiliários

ETF - Exchange Traded Fund

FMI (IMF) - Fundo Monetário Internacional (International Monetary Fund)

PoW - Proof-of-Work (Prova-de-Trabalho)

PoS - Proof-of-Stake (Prova de Participação)


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...…...….14

2. MOEDA…………………………………………………...………...…………………….16
2.1. Nem tudo são flores, a crise asiática de 1997.………………………………..……..…...16
2.2. O pesadelo da casa própria, crise do “Sub Prime”.………...………………….…….…...17
2.3. Mas afinal, o que é moeda?…………………………………………….………………...18
2.4. Moeda: Teoria e definições sobre o Bitcoin……………………….……………………..22
2.5. O papel da securitização………………………………………………………………….23

3. BITCOIN E BLOCKCHAIN………………………………….……………….…...……25
3.1. Bitcoin, o que é? Por que veio? Como funciona? Qual a novidade?…..............………...25
3.1.1. Bitcoin, o que é?……………………………………………………….………..……..25
3.1.2. Bitcoin, por que veio? Como funciona?……………………………….……..………..26
3.1.3. Bitcoin, qual a novidade?…………………………………………….……...………...27
3.1.4. Bitcoin, sob a mineração, a oferta e a demanda.……………………………....………28
3.1.6. Benefícios do Bitcoin.…………………………………………………………….……31
3.1.7. Desafios do Bitcoin.……………………………………………………………….…...31
3.2. Blockchain, pedra angular do Bitcoin…………………………………..…………...…..33
3.2.1. Teoria dos Jogos dos Generais Bizantinos.……………………………….……...……36
3.2.2. Algoritmo de Consenso.……………………………………………….………..….….37
3.2.3. Banco de Dados versus Registro.………………..……………...……….……......…...38
3.2.4. Definindo as áreas da tecnologia.…………………………………….………....……..40
3.2.5. Explicando algumas funções básicas. ………………………………….……...….…...41
3.2.6. O que um Blockchains confiável possibilita?………………………….….……......….42

4. CONCLUSÃO……………...……………………………………………………….…….44

REFERÊNCIAS………………………………………………………………….……..…...45
14

1. INTRODUÇÃO
O avançar das tecnologias e o aparecimento de diversas criptomoedas que seguiram o
protocolo Bitcoin, criado em 2008, e sua comercialização em corretoras especializadas e
investimentos no mercado financeiro baseado em índices de desempenho de Bitcoin no Brasil,
chama a atenção para diversas áreas do conhecimento, além da engenharia da computação, o direito
e as ciências econômicas. Diante de tantas matérias jornalistas desde o surgimento do Bitcoin, e
após o surgimento de mais de 10.000 ativos digitais, tendo apenas 300 com volume de negociação
de 1mercado, os criptoativos, comumente chamados, já movimentam no Brasil metade dos R$ 600
bilhões movimentados por produtos de investimento de renda variável, como ações, fundos, BDRs e
ETFs negociados na B32, e diante de trabalhos que tratam a criptomoeda e o Blockchains como um
futuro substituto da moeda fiduciária e intermediação do sistema financeiro atual, resolveu-se
abordar este tema, com o intuito de ampliar o entendimento na área das ciências econômicas e
observar se a inovação tecnológica é capaz de cumprir o que promete, ser moeda. Diante de uma
realidade cada vez mais factível da mudança de como nos relacionamos com o dinheiro em nossa
economia, um enfoque na questão das criptomoedas é necessário.

Atualmente no Brasil, orientações para declaração do imposto de renda de 2022 para quem
teve ganhos com criptomoedas foi orientado em resolução, com finalidade focada no devido
recolhimento do imposto em ganho de capital, além de um fundo em cinco fundos de ETF,
autorizado pela CVM a operar na B3. Também existem notícias negativas de inúmeras denúncias de
pirâmides financeiras contra corretoras de criptomoedas, e até operações da Polícia Federal por
crimes financeiros, conhecidos como esquema Ponzi 3, onde centenas de pessoas perdem suas
poupanças para estelionatários.
Diante dos fatos nos resta enquanto mundo acadêmico estudar os acontecimentos e
embasados cientificamente, procurar compreender o fenômeno das criptomoedas. Neste trabalho o
objetivo geral é um estudo bibliográfica a luz da nova economia global da intitulada moeda Bitcoin
e da tecnologia, onde opera, chamada Blockchain. Para tanto contextualizamos historicamente os
momentos de crise econômica de 1997 e 2008, que trouxe profunda desconfiança no sistema
econômico internacional e dos países mais afetados, passando pelo conceito da moeda.

1 Disponível em: https://www.coincloud.com.br/blog/quantas-criptomoedas-existem Acesso em: 15/12/2022

2 Disponível em: Reportagem eletrônica da revista Exame de 01/06/2022. Acesso em: 15/12/2022

3 Esquema Ponzi: Fraude financeira onde quem paga o rendimento dos investidores iniciais são os novos entrantes,
sem novos entrantes o esquema acaba. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/onde-investir/esquema-
ponzi-entenda-o-que-e-piramide-financeira-e-relembre-casos-famosos/. Acesso em: 15/12/2022
15

No capítulo 2, a necessidade de entender a moeda através dos conceitos da ciência


econômica, questionando-nos se de fato o bitcoin é moeda. No capítulo 3 falaremos de Bitcoin
analisando a tecnologia e os seus conceitos, sua oferta e demanda e apresentaremos a tecnologia do
Blockchain e seus impactos na economia mundial como inovação tecnológica, conceituando e
descrevendo suas aplicabilidades como sistema de pagamentos sem intermediários, onde todos os
usuários (nodes4) do serviço possuem todas as informações de uma operação, podendo validá-las ou
não, através do Blockchain. No capítulo 4 apresentaremos as considerações finais, ratificando que o
bitcoin não é moeda, e quais as possíveis conceituações do Bitcoin em uma economia.

4 Nodes: clientes ou nós em inglês, se conectam em rede ponto a ponto e criptografada, criando um banco de dados
distribuído.
16

2. MOEDA
O presente capítulo tem como finalidade, analisar o fundo histórico nas crises financeiras de
1997 e 2008 do século passado, definindo quais as características e funções da moeda a luz da
teoria econômica e uma breve comparação com a moeda digital Bitcoin.
Nesta pequena contribuição científica, buscamos compreender as seguintes problemáticas: O
Bitcoin é uma moeda como o real ou o dólar? Quais condições motivaram o surgimento dessa
tecnologia?
Tabela 1 - ETFs que operam na B3

Fonte: https://www.infomoney.com.br/guias/o-que-e-etf-de-criptomoeda/
Acima verificamos uma tabela onde o Bitcoin jopera em ETF, não sendo é claro diretamente
operado, sendo ainda no Blockchain o local de operações da moeda virtual, como bem veremos nos
próximos capítulos.

2.1. Nem tudo são flores, a crise asiática de 1997


Tudo iniciou a crise com a perda de posições que alguns países tiveram no final do século
passado. Os países asiáticos receberam ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional) de 55
bilhões de dólares, impulsionados pelo Japão a Coréia do Sul5.
O que se precisava fazer era trazer de volta a confiança nos mercados, a fim de debelar a
crise de 19976. Sendo exigido um controle de risco, semelhante ao que aconteceria em 2008 com a
crise do “subprime”.
Portanto, a crise financeira teve uma influência marcante na economia global, com
consequência para milhões de pessoas.

5 Disponível em: https://www.suno.com.br/artigos/crise-asiatica/#:~:text=Em%201998%2C%20a%20crise%20asi


%C3%A1tica,os%20mercados%20financeiros%20desses%20pa%C3%ADses. Acesso em 12 de dez. 2022.

6 Disponível em: https://www.jornaldenegocios.pt/weekend/detalhe/crise-de-1997-os-tristes-dias-dos-tigres-


asiaticos Acesso em: 12 de dez. 2022
17

Em seguida, houve uma recessão que durou de março a novembro de 2001, a recessão
aconteceu logo após o fim do enorme aumento no valor das ações que é popularmente aludido como
a bolha “ponto com” em razão de se referir a criação de empresas baseados na tecnologia de
informação sem receita corrente. Em 1999, a bolha do “ponto com” arrebentou e o valor da riqueza
do mercado das ações começou a declinar. (Farmer, 2010)
É salutar lembrar o contexto de reformas liberalizantes dos anos de 1990, envolvendo
quatro eixos, que embora interdependentes poderiam ser distinguidos, conforme citação em artigo
científico de Luís Carlos Bresser Pereira. Segue abaixo:
[…] (a) um problema econômico-político - a delimitação do tamanho do Estado; (b) um
outro também econômico-político, mas que merece tratamento especial - a redefinição do
papel regulador do Estado; (c) um econômico-administrativo - a recuperação da governança
ou capacidade financeira e administrativa de implementar as decisões políticas tomadas
pelo governo; e (d) um político - o aumento da governabilidade ou capacidade política do
governo de intermediar interesses, garantir legitimidade, e governar. (BRESSER
PEREIRA, 1998, p.01)

2.2. O pesadelo da casa própria, crise do “subprime”


A crise financeira global começou no outono de 2007, com a queda do Northern Rock 7, no
Reino Unido, e explodiu em uma catástrofe mundial, com a falência do Lehman Brothers Holdings
Inc.8, nos Estados Unidos da América em 2008. (FARMER, 2010)
Na década de 1990 a Northern Rock foi autorizado pelo governo a converter-se em uma
instituição com fins lucrativos e a vender ações na bolsa de valores. Nos primeiros anos do novo
milênio, o Northern Rock e os outros bancos comerciais, começaram a fazer empréstimos mais
arriscados, pedindo emprestados uns aos outros, em uma base de curto prazo, a fim de fornecer
capital para as hipotecas. (FARMER, 2010)
O Northern Rock começou a oferecer hipotecas com 125% do valor das casas, uma vez que
houve uma quantidade relativamente pequena dos poupadores, ela teve como base a capacidade de
adquirir em condições módicas no mercado inter-bancário de Londres para financiar seus
empréstimos. (FARMER, 2010)

7 . Northern Rock: A Northern Rock (antiga London Stock) é um banco britânico, sob propriedade pública desde
2008. Em 2008 após a crise econômica mundial, foi nacionalizado pelo governo britânico.

8. Lehman Brothers Holdings Inc.: oi um banco de investimento e provedor de outros serviços financeiros, com atuação
global, sediado em Nova Iorque. Era uma empresa global de serviços financeiros
18

Em Agosto de 2007 a LIBOR9 começou a subir vertiginosamente, e o modelo de negócios


da Northern Rock tornou-se insustentável, logo após a sua queda o sistema financeiro global sofreu
um colapso que não havia sido visto desde 1929. (FARMER, 2010)
Como exemplifica Silva (2009), ao descrever o exemplo da família “Grana” em seu manual
de Macroeconomia Internacional, as taxas de juros baixas nos Estados Unidos da América,
mantidos assim para evitar uma crise em 2001, despejou crédito na economia, e a família “Grana”
resolveu comprar uma casa, naquele período com juros baixos e confiantes no futuro, a família
grana saiu de casa nova em troca de uma hipoteca, e os bancos também emprestavam uns aos outros
para não perderem oportunidade, além do mercado imobiliário que inflou o preço das casas, ou seja,
todos queriam maximizar seus ganhos. No final as famílias se endividavam e não podiam saldar
suas dívidas, por sua vez os bancos liquidavam as hipotecas, porém, descobriram que as casas não
valiam quase nada.
Portanto, foi um fatia de mercado de valores mobiliários e a securitização de ativos,
lastreados em hipotecas (bolha imobiliária) não garantidas que desencadeou a crise financeira de
200810.
A moeda, bem universalmente aceito em uma sociedade como meio de troca e reserva de
valor é a primeiro a desaparecer ou a perder o valor nessas diversas crises econômicas, e a
desconfiança dos indivíduos no Estado e no seu poder sobre a moeda cria animosidades entre a
sociedade e o ente estatal (ULRICH,2014). Ulrich (2014) também fala em agressões ao dinheiro da
sociedade, e destaca que “O monopólio de emissão de moeda e o sistema bancário cartelizado pelo
próprio governo são responsáveis por grande parte dos problemas econômicos enfrentados pela
sociedade moderna.”, porém, não podemos deixar de frisar que as crises fazem parte da dinâmica do
próprio capitalismo. Em frente as críticas ao sistema financeiro, longe de sermos defensores
intransigentes, observamos que diante daquele cenário da crise do “subprime” ou “bolha
imobiliária”, o próprio Estado salvou o sistema, injetando quantias bilhonárias 11. É nesse cenário
que em 2008 surge o Bitcoin.

2.3. Mas afinal, o que é moeda?


Em uma economia primitiva, as relações econômicas limitavam-se as necessidades básicas
para sobrevivência humana.

9 . LIBOR: Sigla do inglês London Interbank Offered Rate, a taxa interbancária do mercado de Londres (Inglaterra),
utilizada para grandes empréstimos internacionais para quem opera no mercado Londrino.

10 Securitização e a Crise Imobiliária de 2007-08 /

11 Como 5 economias reagiram à crise mundial – e como estão 10 anos depois


19

As trocas de bens realizados nas relações econômicas eram realizadas na forma de escambo,
ou troca direta. Caso um indivíduo tivesse um bem excedente, por exemplo, o feijão, e necessita-se
de milho, procuraria quem o tivesse e faria uma troca direta. Neste quadro de sociedade primitiva as
necessidades individuais deveriam coincidir, com a evolução da sociedade e o crescimento do
comércio, as trocas diretas entrariam em desuso, surgindo as trocas indiretas.
Cano (1998) ilustra com exemplo de sociedade onde não é possível a troca direta, onde a
necessidade por bens de três indivíduos não coincidem com os excedentes que possuem. Os
indivíduos A, B e C, onde o A possui sapatos(S) para cambiar, o indivíduo B possui trigo(T) para
cambiar, e o indivíduo C possui vinho(V) para realizar a troca, não obstante, suas necessidades são
diversas, segue abaixo:
Tabela 2 – Trocas indiretas em uma sociedade primitiva
Indivíduo Excesso de Bens Necessidade de bens

A S V

B T S

C V T

Fonte: CANO (2017, p. 156)


Verificamos na tabela acima que caso o indivíduo “A” obtenha sua necessidade de vinho
(V), terá primeiro que fazer uma troca com o indivíduo “B” que necessita dos sapatos que o
indivíduo “A” possui em excedente, recebendo em troca do indivíduo “B” o que ele tem em
excesso, que é o trigo. Só em posse do trigo é que o indivíduo “A” procura o indivíduo “C” para
efetuar a troca, já que “A” terá trigo para permutar com o bem que necessita, o vinho(V).
As trocas indiretas demostravam – se bastante complexas na medida em a sociedade crescia,
por consequência um meio de pagamento comum em momentos da história humana foi
convencionado.
O sal, boi, conchas de cauri12, pregos, tabaco, pedras preciosas faram aceitas pela
coletividade como meio comum de troca. Estes materiais tinham propriedades físicas comuns como
durabilidade, dificuldade de fraude, transportabilidade e etc.
O ouro e a prata desempenharam muito bem esse papel na história de nossa civilização. A
percepção da sociedade no uso de metais preciosos como meio de troca foi a primeira função da
moeda observada, e com ela veio a segunda função, pois percebendo que aquele metal precioso
poderia ser utilizado para uma troca no futuro, passou a ser entesourado para consumo futuro,
derivando daí a função de reserva de valor.
12 Conchas de cauri: Também conhecidas como búzios, começaram a ser usadas como moeda por volta do século 11
A.C e, até o século 19, continuavam sendo empregadas em transações em algumas regiões da África.
20

Conforme Cano (1998, p.157) a terceira função da moeda é o denominador comum dos
valores em uma economia, “Esta função deriva da necessidade que a economia tem de comparar as
coisas e usar um padrão de eficiência: preços, custos, vendas, lucros, salários, etc, são sempre
expressos basicamente, em termos de unidades monetárias.”
A moeda, por definição, é todo meio de pagamento universalmente aceito, onde a própria
definição é um consenso na doutrina sobre o estudo da moeda na escola austríaca, destacando que
todo bem que apresente cada vez mais liquidez, passa a ser entesourado como reserva de valor.
Menger (1892) apud Uritch (2014), afirma que a moeda é o bem mais líquido em uma
economia. E define que o Bitcoin é moeda por ter liquidez suficiente para ser universalmente aceito.
O posicionamento citado no paragrafo anterior, diverge frontalmente com Harford (2016)
afirmando em seu trabalho que a alta volatilidade do Bitcoin o desabilita como unidade de conta e
por consequência o descredencia da posição de moeda.
Harford (2016) descreve em seu trabalho um exemplo muito interessante de uma sociedade
localizada na Micronésia, no Pacífico Ocidental, que definiu como meio de troca uma moeda
conhecida como o rai. Sendo as rai rodas de pedra com um furo no meio, algumas quase que
totalmente inamovíveis. Aquela pequena sociedade localizada na ilha de Yap desenvolveu o que
Harford chama de “uma importante inovação monetária”, divorciando a posse ou propriedade da
pedra (moeda) do controle físico do objeto.
Situação muito similar ao mundo ocidental, onde os bancos surgiram com a missão de
entesourar ouro e prata, e cédulas eram expedidas comprovando a guarda desse valor, passando as
operações financeiras a operar sem a necessidade de movimentar o metal precioso.
Todavia, naquela comunidade da Micronésia para fazer uma transação bastava fazê-lo na
presença de testemunhas públicas, informando que a posse daquela “pedra - moeda” estava na
memória daquela sociedade.
O sistema monetário iniciado com o ouro também era similar, onde cabiam aos ourives
identificar e armazenar o ouro dos proprietários, que em troca de notas recebíveis cautelavam o
metal a estes profissionais.
Ammous (2020) cita o exemplo da moeda rai em seu trabalho “O Padrão Bitcoin”
destacando a perda de função monetária quando do aumento da oferta daquelas pedras na quela
comunidade da Micronésia
Harford (2016) destaca que o sistema monetário atual possui notas que não valem nada,
apenas o valor que são atribuídas a elas. Antes as notas circulavam representando algum valor em
metais de ouro e prata nos cofres de bancos. Hoje, conforme define Harford (2016), elas não são
21

créditos de nada em particular, e ao mesmo tempo crédito de alguma coisa. Destacando que a
confiança na moeda fiduciária é mantida através da operação da política monetária.
Qual função a moeda desempenha na economia, se possui valor intrínseco ou não, ou se é
uma commodity, qual é a principal questão relacionada a função da moeda na sociedade?
Vemos em Harford (2016) que é necessário que para a moeda ter valor, todos devem
acreditar que a moeda tenha valor, algo que poderia ser bem observado na comunidade da ilha de
yap, onde aquela sociedade atribuía valor as pedras rai.
Na função de meio de troca as operações são facilitadas por intermédio da moeda e Haford
(2016) traça um paralelo entre o uso das cédulas e as pedras com furos no meio da ilha na
micronésia:
“O papel moeda tornou esse banco de dados desnecessário em sociedades que eram grandes
demais para usar o sistema de yap, mas está cada vez mais espaço a um enorme banco de
dados, à medida que usamos cartões de débito e internet bank mais do que moeda e notas –
uma versão computadorizada da memória coletiva dos habitantes de Yap.” (HAFORD,
2016,p.68-69)

Na função de reserva de valor Harford (2016), cita o exemplo do homem que cria vacas para
obter o leite, onde o mesmo não guardaria latas de leite para sua aposentadoria, porém trocaria o
leite por dinheiro para guardar as unidades monetárias em uma banco ou embaixo do seu colchão.
A unidade de conta, para Harford (2016) é uma espécie de ponto de referência, ou “um
padrão de valor”. Esta última é sempre a mais estável possível em relação ao tipo de coisa que o
indivíduo quer comprar no futuro. O padrão de valor, para se ter uma ideia da situação financeira,
deve ser a unidade de medida mais estável possível.
“Se tanto a oferta como a demanda são estáveis, idem o preço e estabilidade de preço é
exatamente aquilo de que você precisa na sua unidade de conta.” (Harford, 2016, p.71)
Nesse ponto Harford (2016) aborda, como já citado anteriormente, que o Bitcoin não é
moeda, assim como o ouro, porque é volátil demais, destacando que o próprio papel moeda só é
moeda se mantiver o valor estável, como exemplo, o valor de uma moeda quando a mesma enfrenta
uma hiperinflação, com mais de 50% ao mês.
A Alemanha após a primeira guerra mundial tinha a sua moeda substituída por cigarros ou
lenha. Na hiperinflação a sociedade perde seu denominador comum, como explica Cano(1998)
sobre a unidade de conta, no início deste capítulo.
Ulrich (2014) faz uma observação sobre a alta volatilidade do Bitcoin, não obstante, afirma
que com a aceitação e aumento do uso da moeda digital pelas pessoas, esse problema se resolveria
do lado da demanda do Bitcoin, tendo em vista a oferta da moeda digital ser definida em 21 milhões
de Bitcoins que são obtidas através do processamento computacional.
22

Garófalo e Pinho (2018) em artigo para revista dizem que os economistas estão de acordo ao
mesmo pensamento de Harford (2016), e afirmam que a alta volatilidade do Bitcoin o desqualifica
como moeda.

2.4. Moeda: Teoria e definições sobre o Bitcoin

Observemos duas correntes teóricas do pensamento monetário, a metalista e a cartalista:


Na visão metalista da moeda, a moeda nasce no mercado; nasce da necessidade do próprio
mercado mercantil com o fito de facilitar as trocas.
Na ótica cartalista a moeda é aquilo que o Estado determina que seja: aquilo que ele mesmo
recebe como imposto, podendo ser uma mercadoria ou papel-moeda. Os economistas pós
keynesianos assumiram essa visão cartalista.
Podemos verificar também que a moeda para os pós-keynesianos deve ter uma
contrapartida, enquanto para a abordagem neoclássica cai de um helicóptero. Para os pós-
keynesianos a moeda é um fluxo e um estoque, mas para os neoclássicos é somente um estoque.
Enquanto na abordagem pós keynesiana a moeda entra na economia através da produção, na
abordagem neoclássica ela entra com a troca. Deste modo a oferta da moeda é endógena para os pós
keynesianos e exógena para os neoclássicos. Porém, há ainda outra diferença entre o “novo
consenso monetário” e a teoria dos pós keynesianos. Embora a maioria dos novos keynesianos
acredite que as políticas monetárias restritivas, cuja a meta é reduzir a inflação a seu nível de meta,
não tenham efeitos a longo prazo no crescimento econômico, os pós keynesianos tomam a liberdade
de diferir. De fato, os pós-keynesianos acreditam que as políticas monetárias restritivas tenham um
impacto negativo na produção, tanto no curto como no longo prazo. (LAVOIE, 2005)
Retornando ao nosso referencial da teoria monetária cartalista, o Bitcoin não pode ser
considerado moeda, possuindo natureza inerentemente privada, não possuindo aceitação
generalizada. A função unidade de conta, que protagoniza a teoria não é exercido pelo Bitcoin.
Ao observamos a teoria metalista, inicialmente, poderia ser considerado uma moeda, devido
a sua origem no mercado privado, porém de acordo com os pressupostos da teoria, o Bitcoin não é
atrelado a nenhuma commodity, não possuindo valor intrínseco.
Mesmo caminho científico seguiu o colega Pinheiro (2019), que em seu trabalho se ateve a
descrever alguns pontos referentes ao ecossistema financeiro comercial que sustentava o uso do
Bitcoin, chegando a conclusão que para ser um bem universalmente aceito o Bitcoin estaria muito
longe de tal proeza.
23

Por cá verificamos a mesma limitação para o uso do Bitcoin como uma moeda corrente. É
importante destacar que algumas empresas em ambientes virtuais recebem a moeda virtual, não
obstante, usam como unidade de conta o dólar ou outra moeda fiduciária, convertendo em Bitcoins
no momento do pagamento.
Conclusão idêntica a Pinheiro (2019), chegamos, quanto a questão do Bitcoin ser ou não
moeda, resta-nos uma conclusão negativa.
Portanto, a crise financeira (citadas no item 2.1 e 2.2) é mais parecida com os
acontecimentos que conduziram a Grande Depressão, que as mesmas duas últimas recessões que
atingiram o mundo ocidental (1980-1990) foram causadas por tais políticas monetárias restritivas
voltadas para erradicar a inflação.
Há um fato importante, que os pós keynesianos condenam é de que ocorrem reservatórios de
fundo de empréstimos que limita o crescimento monetário. Pois, a criação de crédito depende da
preferência pela liquidez dos bancos e da confiança dos que tomam dinheiro emprestado. A
atividade bancária tem como base a fé na confiança e na noção de merecimento de crédito.
O processo se dá da seguinte maneira: As reservas de moeda também chamadas de dinheiro
de alta potência, do mesmo modo como depósitos de moeda (moeda bancária) é endógeno e
determinado pela demanda, não podendo ser arbitrariamente uma impostação pelo banco central.
De fato, o volume de dinheiro de alta potência é diretamente relacionado à oferta de moeda
bancária, por meio do divisor de crédito. A moeda bancária, por sua vez, não é função do dinheiro
de alta potência, como querem os teóricos neoclássicos. Pelo contrário o dinheiro de alta potência é
um rácio da quantidade de moeda bancária.
O debate é longo e divergente já na própria discussão da moeda fiduciária, porém, o Bitcoin
não está inserido na teoria monetária para a análise, mais posicionado em um ativo no meio digital
do que próximo a se assemelhar a moeda.

2.5. O papel da securitização

Ao fazermos uma discussão da teoria monetária é importante ter em mente o contexto


institucional relevante. Há algumas diferenças marcantes entre o sistema financeiro anglo-saxão e o
resto do mundo, mais notavelmente na Europa continental e na Ásia, se bem que tais diferenças
tendem a desaparecer com o fenômeno da globalização dando origem ao que Sir Jonh Hicks
chamou de ‘economias com cobertura’ em oposição as ‘ economias autossuficientes’ que é um
sistema financeiro baseado em ativo existente no mundo anglo-saxão. Essa discussão não leva a
nada, no que diz respeito a se a moeda é endógena ou não.
24

A atividade bancária teve, nos anos de 1980, uma inovação financeira chamada de
securitização, que, por sua vez, levou a uma nova forma de atividade bancária chamada de regime
original e distribuído.
Com a securitização, o banco emissor da hipoteca podia conseguir uma taxa imediata e
substancial pelo feixe de hipotecas ao vendê-las como valores mobiliários lastreados em hipotecas.
Portanto, o risco de inadimplência não era mais do banco emissor, mas sim dos investidores
que adquiriam valores mobiliários. Uma outra inovação foi o documento comercial lastreado em
ativo, e com os derivados chamados de obrigações de dívida garantida – que eram uma espécie de
valores mobiliários lastreados em hipotecas com a criação de combinações ao quadrado.

Trataremos o que é o Bitcoin e o Blockchain no próximo capítulo.


25

3. BITCOIN E BLOCKCHAIN

3.1. Bitcoin, o que é? Por que veio? Como funciona? Qual a novidade?

O presente capítulo tem como finalidade expor a tecnologia do protocolo Bitcoin definindo-
o, apresentando os motivos que o geraram, e quais consequências econômicas o acompanham.

3.1.1. Bitcoin, o que é?


A criptomoeda é originada da combinação entre as ciências da computação, criptografia e
matemática, mais especificamente o Bitcoin ou o protocolo Bitcoin deu início a uma sucessão de
desenvolvimento das tecnologias conhecidas como Blockchains13.
A moeda digital, como se anuncia em artigo proposto pelo seu criador, é uma das várias
aplicações da nova tecnologia anunciada como integrante da 4ª revolução industrial, tecnologia
advinda do desenvolvimento e criação dos semicondutores, microeletrônica, computadores digitais,
e desenvolvimento da internet.(Schwab, 2016)
O Bitcoin foi criado como uma ferramenta tecnológica com intuito de avanço no uso da
própria internet, afetando a forma como a utilizamos.
Antonopoulos et al. (2016, p.11) em sua obra mastering Bitcoin define o Bitcoin como:
Bitcoin é um conjunto de conceitos e tecnologias que formam a base de um ecossistema de
dinheiro digital. Unidades de moeda chamadas Bitcoins são usadas para armazenar e
transmitir valor entre os participantes na rede Bitcoin. Usuários Bitcoin comunicam-se
entre si utilizando o protocolo Bitcoin principalmente através da Internet, mas outras redes
de transporte também podem ser usadas. A implementação da pilha do protocolo Bitcoin,
está disponível como software de código aberto, e pode ser executada em uma ampla
variedade de dispositivos de computação – incluindo laptops e smartphones – o que torna
a tecnologia de fácil acesso

O Bitcoin é desenvolvido por programadores que laboram no próprio sistema Blockchains


do Bitcoin de código aberto14, no entanto sua criação foi creditada a um pseudônimo na rede
mundial de computadores se autodenominando de Satoshi Sakamoto15.
O que sabemos é que este pseudônimo lançou a programação do Bitcoin, combinado a um
artigo de onze folhas na rede mundial de computadores, Bitcoin: A peer-to-peer electronic cash

13 Blockchains: Uma lista de blocos validados, cada um é ligado ao seu predecessor até chegar ao bloco gênesis.

14 Código aberto: O termo em inglês “open source” se refere ao código-fonte de um site ou aplicativo. Nesse sentido,
sua linguagem de programação pode ser vista por qualquer um, que pode adaptá-la para objetivos variados.
15 Satoshi Nakamoto: Pseudônimo utilizado pela pessoa ou pessoas que criaram a moeda virtual Bitcoin, como parte da
implementação, Nakamoto também desenvolveu o primeiro banco de dados de Blockchain.
26

system16, onde descreve a tecnologia como uma versão puramente ponto a ponto 17 de dinheiro
eletrônico, que exclui a necessidade de intermédiários de instituições financeiras, apresentado como
um sistema de pagamentos independente de terceiros.
É importante citar que o Bitcoin é inteiramente digital criado através de uma operação
matemática chamada pelos desenvolvedores do sistema de mineração³, onde se competem por
soluções do problema matemático enquanto se processam as transações. (Antonopoulos et al. 2016)

3.1.2. Bitcoin, por que veio? Como funciona?

Entende-se pela comunidade de programadores do protocolo Bitcoin, que a insatisfação em


existir no comércio mundial pela internet, a necessidade de instituições financeiras como terceira
pessoa de confiança nas transações, um dos maiores motivos da criação da moeda digital.
Insatisfação essa fundamentada nas altas taxas de transação cobradas pelas instituições financeiras,
falta de informações fidedignas das autoridades monetárias quanto a situação econômica mundial, e
as crises econômicas cíclicas mundiais e regionais que depreciam e empobrece grande parte das
nações mundiais e suas populações. (Ulrich, 2014)
Exemplificando as operações de compra e venda, troca ou doação, seja qual for os dados
compartilhados (produto ou serviço), realizados por meio digital, com base na tecnologia atual,
usada por instituições financeiras, governos ou organizações, todas necessitam da presença de um
terceiro, para que este garanta que os valores monetários ou qualquer outro bem digital, que
represente algo de valor a ser transacionado, seja de fato transferido, evitando que a parte que
encaminha o referido bem digital, o faça para diversos outros receptores, criando um problema
conhecido na ciência da computação como gasto duplo18.
Para o nosso melhor entendimento citaremos a explicação didática de Fernando Ulrich, em
sua obra “Bitcoin – A Moeda na Era Digital”:
As transações são verificadas, e o gasto duplo é prevenido, por meio de um uso inteligente
da criptografia de chave pública. Tal mecanismo exige que a cada usuário sejam atribuídas
duas “chaves”, uma privada, que é mantida em segredo, como uma senha, e outra pública,
que pode ser compartilhada com todos. Quando a Maria decide transferir Bitcoins ao João,
ela cria uma mensagem, chamada de “transação”, que contém a chave pública do João,
assinando com sua chave privada. Olhando a chave pública da Maria, qualquer um pode
verificar que a transação foi de fato assinada com sua chave privada, sendo, assim, uma
troca autêntica, e que João é o novo proprietário dos fundos. A transação – e portanto uma
transferência de propriedade dos Bitcoins – é registrada, carimbada com data e hora e

16 Original disponível em https://bitcoin.org/bitcoin.pdf

17 Ponto a Ponto: tipo de rede distribuída na qual os computadores conectados ao sistema funcionam também como
servidores.

18 Gasto Duplo: é o ato de se usar os mesmos bitcoins mais de uma vez já gastos em outras transações.
27

exposta em um “bloco” do Blockchains (o grande banco de dados, ou livro-razão da rede


Bitcoin). A criptografia de chave pública garante que todos os computadores na rede
tenham um registro constantemente atualizado e verificado de todas as transações dentro da
rede Bitcoin, o que impede o gasto duplo e qualquer tipo de fraude. (ULRICH, 2014)

Se visualizarmos o Blockchains como um programa de contas de correio eletrônico, onde o


servidor são as próprias máquinas que se comunicam entre si, ponto a ponto, onde um endereço x
encaminha para o outro endereço y o bem “A”, simplesmente anexando o bem “A” na mensagem, o
servidor fará o registro público desta operação entre x e y que terão acesso ao registro com data e
hora do acontecido, isso evitará que x dentro do sistema procure encaminhar o bem “A” pra outros
no mesmo servidor de mensagem, por que aqueles outros usuários saberão que aquele ativo digital
já foi transacionado, verificando as transações públicas do sistema e invalidando a operação. De
maneira simples, exemplificamos como funciona a tecnologia e por que não precisaria de
intermediários nas operações, sendo um ponto de inflexão para a forma como as pessoas se
relacionam economicamente no meio digital.

3.1.3. Bitcoin, qual a novidade?


Foi focado na solução do problema computacional do gasto duplo que o Bitcoin foi criado,
já que o responsável a garantir uma transação única, debitando ou subtraindo de um endereço
eletrônico ou conta e creditando em outra seria um terceiro envolvido, que possuiria, em tese, um
banco de dados confiável de todas as operações.
A lógica da criação de moeda digital pelos desenvolvedores do sistema descentralizado é
semelhante aos mineradores que dispendem recursos – processamento computacional e eletricidade
– em troca de ouro. (ULRICH, 2014)
O sucesso do Bitcoin a partir de seu nascimento em 2008, abriu as portas centenas de
moedas digitais (Ethereum, Cardano, Binance Coin, Stella, Litcoin, Monero, DogeCoin, entre
outras) com a mesma base de raciocínio nas suas programações computacionais ou Blockchains,
não obstante, é válido destacar que o artigo publicado na rede mundial de computadores, combinado
ao protocolo Bitcoin, não cita diretamente que o objetivo é substituir a moeda fiduciária, mas sim
resolver o problema do gasto duplo, através de uma rede distribuída ponto a ponto, assinaturas
digitais, utilizando a capacidade de processamento de diversos computadores ligados a rede
mundial de computadores, gerando criptomoedas a partir de provas de trabalho19 como incentivo.
Percebemos que por ser a iniciativa Bitcoin, algo criado e entregue para ser desenvolvida
por diversos programadores usuários, definindo as recompensas do processo computacional como

19 Prova de Trabalho: Na versão em inglês Proof-of-Work (PoW), é o algoritmo de consenso original em uma rede
Blockchain.
28

moeda, nós estudiosos da ciência econômica, olhamos com um olhar científico a seguinte questão:
Podemos considerar o Bitcoin moeda?
Ulrich (2014), defende em sua obra que o Bitcoin é moeda, e para isso traz elementos
básicos da teoria monetária. Destaca que o Bitcoin é uma forma de dinheiro, além de comparar as
mudanças que o e-mail fez com a informação, com o que o Bitcoin poderá fazer com o dinheiro.
Naquela obra utiliza como base teórica a escola austríaca de economia, através da teoria monetária
desenvolvida por Ludiwig Von Mises20, para analisar o que é descrito por Ulrich como “fenômeno
Bitcoin”. Trazendo como pano de fundo a liberdade monetária e o futuro da moeda.
A falta de lastro, intangibilidade, oferta inelástica, ausência de um emissor central e noção
de dinheiro são pontos importantes a serem abordados.
O Bitcoin nada mais é que uma moeda digital ponto a ponto, código aberto, não dependente
de uma unidade central. Um sistema de pagamento descentralizado, com solução para o problema
do gasto duplo. A invenção do Bitcoin resolve o problema de gasto duplo, o que significa a
ausência de necessidade de uma terceira pessoa na operação, distribuindo os registros históricos das
transações a todos os usuários do sistema, através do Blockchains, uma espécie de livro-razão
público e distribuído, onde o sistema tem como finalidade garantir que todos os Bitcoins não sejam
previamente gastos.
Os Bitcoins com sua tecnologia de Blockchains abriram caminho para milhares de outras
criptomoedas operando com base na mesma tecnologia Bitcoin.
Os Bitcoins se auto denominam como unidade de conta, ou seja, uma unidade monetária de
Bitcoin é igual a um Bitcoin (1 u.m = 1 btc), ou seja, os Bitcoins não são denominados
monetariamente em reais, dólar ou euro, são denominados como Bitcoins, com rede de pagamentos
descentralizado. Sua unidade de valor é atribuída em um mercado aberto de oferta e demanda,
similar aos mercados de taxas de câmbio, podendo ser comercializados em dólar, euro, iens e
diversas outras moedas, como unidade de troca.

3.1.4. Bitcoin, sob a mineração a oferta e demanda.


Como já falado anteriormente o Bitcoin funciona como uma rede de pagamentos
descentralizada, onde o problema do gasto duplo é solucionado por meio de chave pública21, onde
ao usuário é dado a administração de uma chave privada22 e pública. De maneira análoga podemos

20 Ludiwig Von Mises: foi um economista teórico de nacionalidade austríaca e, posteriormente, americana, de origem
judaica, que foi membro da Escola Austríaca de pensamento econômico

21 Chave pública: Identificação do usuário na rede blockchain, pelo qual é reconhecido no Blockchain.

22 Chave privada: Identificação privada na rede blockchain, somente conhecendo-a pode-se dispor dos Bitcoins.
29

descrever o uso das chaves como a utilização de um contato de e-mail, onde o endereço do correio
eletrônico é público e conhecido por todos, e a privada é o acesso restrito a quem possui a
administração da conta. A transação passa por um servidor de marca temporal que registra data e
hora da transação e exporta para um bloco público com informações da operação.
Os responsáveis em rede que entregam suas forças computacionais para realizar os registros
e reconciliações das transações no Blockchains são conhecidos como mineradores (como já citado
no capítulo passado), pois recebem os incentivos em criptomoeda, em um processo matemático
quando o algoritmo hash23 do Bitcoin é aplicado aos dados.
Figura 1 - Compactação de dados pelo algoritmo SHA-256

Fonte: https://academy.bit2me.com/pt/algoritmo-sha256-bitcoin/

Conforme citado por Laurence (2019) em seu livro Blockchain para Leigos, o algoritmo
utilizado pelo Bitcoin é o SHA-256, considerado extremamente seguro, destaca a autora:
O Secure Hash Algorithm (Algoritmo de Dispersão Seguro — SHA) é uma das funções
hash criptografadas usadas em blockchains. SHA-256 é um algoritmo comum que gera uma
hash quase única, de tamanho fixo de 256 bits (32 bytes). Para
efeitos práticos, pense em uma hash como uma impressão digital dos dados usada para
travá-la na posição correta dentro do blockchain. ( LAURENCE, 2019, p.29)

O minerador dá sua força computacional dando infraestrutura para autenticar a moeda


digital. O Bitcoin foi criado para ser um bem escasso, sendo criado para ter o limite de 21 milhões
de Bitcoins, onde a cada 10 minutos um minerador da rede obtém sucesso, resultado do arranjo
programado do próprio protocolo Bitcoin – a criação de criptomoeda também é regulada pelo
protocolo – onde a regra é a diminuição do pagamento da transação pela metade a cada 4 anos ou na
emissão de 210.000 blocos por ano, evento conhecido como halving24.

23 Hash: uma sequência única, de comprimento fixo, de dígitos aleatórios, que pode ser criada a partir de dados de
qualquer tamanho.

24 Halving: Característica do código bitcoin, onde reduz sua oferta pela metade a cada 4 anos.
30

Figura 2 – Fluxograma de mineração Bitcoin

Fonte: https://monnos.com/br/blog/proof-of-work/

Define Palheiros (2022, p.134) que o halving está encravado como característica dentro do
código do Bitcoin, e o total de criptomoedas emitidos de 12,5 a cada 10 minutos irá para 6,25
Bitcoins; fato já ocorrido em 11 de maio de 202025.
Em seu trabalho, Ulrich (2014, p.69) cita que até o ano de 2140 todos o Bitcoins serão
minerados, não obstante, em 2022 cerca de 90% estariam minerados, o que de fato já aconteceu,
citado logo acima.
Essa é a lei de oferta do protocolo, um total de 21 milhões de Bitcoins a serem disponíveis
em troca do processamento computacional distribuído e em consenso, com remuneração por
transação reduzida pela metade a cada 4 anos ou na formação de 210.000 mil blocos. (Ammous,
2020, p.267)
Tabela 3 - Oferta total x Halving (Bitcoin)

Fonte: https://buyBitcoinworldwide.com/pt/Bitcoin-clock/

Conforme apresentado acima, a taxa de oferta monetária de Bitcoins é decrescente, não


sendo uma moeda inflacionária, e sim deflacionária, pois, em oposição as fiduciárias que podem ser

25 . https://www.infomoney.com.br/guias/halving-do-Bitcoin/
31

criadas através de política monetária expansionista, gerando inflação, observamos que no Bitcoin
essa opção não existe, restando do lado da demanda a imprevisibilidade no valor da criptomoeda.
É importante destacar que no sistema monetário atual a formação da moeda é endógena,
onde a base monetária é igual as reserva monetárias dos bancos comerciais mais o dinheiro
impresso. (SILVA, 2009)
Com a oferta programada, a demanda depende do câmbio entre os usuários do protocolo
Bitcoin e os interessados em obtê-las em troca de moedas fiduciárias. Quanto maior o crescimento
da rede Bitcoin maior sua liquidez, e com isso menor sua volatilidade – parte mais preocupante – e
maior sua aceitação no mercado. (Ulrich, 2014, p.71)
Figura 3 – Máquina de mineração de Bitcoins

Fonte: Mercado Livre

3.1.5. Benefícios do Bitcoin

Ulrich (2014) cita como benefício do uso do protocolo Bitcoin o fim dos intermediários das
operações. Com a consequente diminuição dos custos, o valor dos Bitcoins não pode ser
manipulado por uma autoridade central.
O protocolo Bitcoin pode oferecer diversos outros serviços, que podem ser desenvolvidos
por programadores. Os Bitcoins são na sua essência pacotes de dados que podem ser utilizados para
transferir moedas, ações de empresas e todo tipo de informação. Podem ser oferecidos pelo
protocolo, micropagamentos, mediações de litígios, contratos de garantia e propriedade inteligente,
podendo ser utilizado para registro de propriedade e armazenamento. Entraremos no assunto
referente a propriedades digitais no capítulo de Blockchains.

3.1.6. Desafios do Bitcoin

O Bitcoin apresenta alta volatilidade no seu preço desde sua criação. Em 16 de novembro do
presente ano a criptomoeda estava cotada a 16.518,10 USD, chegando a ser precificado em 08 de
novembro de 2021 no valor de 68.530,00 USD. A moeda não possui lastro, e não está vinculada a
nenhum outro ativo, onde nada garante seus valores.
32

Tabela 4.: Evolução do preço médio mensal em reais do bitcoin


400000
350000
300000
250000
200000
Máxima
150000
100000
50000
0
22 22 22 21 21 21 20 20 20 19 19 19 18 18 18 17 17
. 20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20 .20
2 8 4 2 8 4 2 8 4 2 8 4 2 8 4 2 8
1.1 1.0 1.0 1.1 1.0 1.0 1.1 1.0 1.0 1.1 1.0 1.0 1.1 1.0 1.0 1.1 1.0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de https://br.investing.com/crypto/Bitcoin/btc-brl-historical-data

Cita Ulrich (2014) que as regulamentações legais não preveem uma tecnologia como o
Bitcoin e seus predecessores, sistemas de pagamento totalmente descentralizados baseados em redes
distribuídas em “nós”.
No Brasil alguns projetos de lei encontram-se em trâmite, colocado e discussão na casa
legislativa federal, classificando-os em ativos virtuais, não em moeda. Atualmente, existe uma
junção de projetos de lei, o projeto de lei nº 4.401/2021 26, que procura normatizar o comércio de
criptoativos.
A Receita Federal do Brasil, através da Solução de Consulta nº 6008 – SRRFOG/DISIT
define quem deverá pagar imposto de renda sobre o capital das operações de alienação de moedas
digitais acima de 35.000,00 reais.
Uma das grandes barreiras a serem enfrentadas é a do desconhecimento da tecnologia, já que
para operar diretamente na rede Bitcoin existe a necessidade de um conhecimento básico em
programação, espaço esse entre a tecnologia e os indivíduos não detentores do conhecimento na
área que as Corretoras (Exchangers) ocupam.
O mercado de ações parece-se com o mercado de Bitcoin, na bolsa de Londres, existiam
dois tipos de corretores: os “Bronkers” que eram intermediários entre o público em geral e mercado
26 Projeto de Lei n° 4401, de 2021 (nº 2.303/2015, na Câmara dos Deputados - Dispõe sobre a prestadora de serviços
de ativos virtuais; e altera o Decreto-Lei nº 2.848,de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e as Leis nºs 7.492, de
16 de junho de 1986, e9.613, de 3 de março de 1998, para incluir a prestadora de serviços de ativos virtuais norol
de instituições sujeitas às suas disposições
33

de títulos, e os “Jobbers” que funcionavam no interior da Bolsa, centralizando as compras e vendas


e, mediante uma comissão baseada na diferença entre os preços de compra e de vendas, fechavam
os negócios com os “Brokens”. Esta dicotomia foi abolida como “big bang” de Margaret Thatcher,
em 27 de outubro de 1987.
Na próxima seção, trataremos de Blockchain e suas implicações.

3.2. Blockchain, pedra angular do Bitcoin.

O referido capítulo tem como objetivo definir a tecnologia do Blockchains, seu papel na
produção da moeda virtual Bitcoin, destacando duas funções básicas: propriedade inteligente e
contratos inteligentes, concluindo respondendo a seguinte pergunta: Sendo o Bitcoin moeda, será o
Blockchains um Banco Central?
Conforme citado por Mougayar (2017), o Bitcoin é uma tecnologia totalmente inovadora,
baseada na sua tecnologia principal que é o Blockchains. De acordo com Schwab:

[…], o Blockchains, muitas vezes descrito como um “livro-razão


distribuído”, é um protocolo seguro no qual uma rede de computadores
verifica de forma coletiva uma transação antes de registrá-la e aprová-la. A
tecnologia que sustenta o Blockchains cria confiança, permitindo que
pessoas que não o conheçam […] colaborem sem ter que passar por uma
autoridade central neutra – ou seja, um depositário ou livro contábil central.
[…] é um livro contábil compartilhado, programável, criptograficamente
seguro e, portanto, confiável; ele não é controlado por nenhum usuário
único, mas pode ser inspecionado por todos. (SCHWAB, 2014, p. 30, grifo
do autor)
Figura 4 – Funcionamento de um blockchain

Fonte: Levantamento de Tecnologia Blockchain, TCU, p.7

É evidente que tratar da referida tecnologia não é algo simples, conforme mesmo relata
Mougayar (2017), ao afirmar que para um engenheiro de software seria algo simples de ligar e usar
a aplicação.
34

Em relação a tecnologia vale nos ater conforme Mongayar (2017) cita em seu trabalho como
fundamento da tecnologia Bitcoin, as transações e interações eletrônicas peer-to-peer (ponto a
ponto), sem instituições financeiras centrais intermediando para coibir o gasto duplo, onde a prova
criptográfica no lugar de confiança centralizada, lastreada na confiança em rede, em vez de em uma
instituição unificada.
A tecnologia Blockchains permite o compartilhamento de bancos de dados entre os usuários
do sistema, onde uma grande gama de aplicações podem ser criadas em diversas áreas da economia.
Além de informação compartilhada, o próprio Blockchain, em seu sistema de vários “nós”
distribuídos, trabalha em consenso na rede, permitindo a fidedignidade dos dados sem a necessidade
de um servidor ou banco de dados central, ou até quando este conjunto de informações – durante
uma atividade laboral – fosse produzida e encaminhada entre diversos setores, sendo eliminadas
informações conflitantes.
Figura 5 – Modelos de redes

Fonte: https://www.rmfais.com/rmfais/artigos/table.php?_codigo=111

Ao concluir, qualquer que seja a informação produzida, ela é assinada através de uma chave
privada e encaminhada pelo emissor ao receptor de interesse, onde a data e hora da operação é
registrada, sendo criptografada.
As inovações tecnológicas são por vezes responsáveis por mudanças de paradigmas no
sistema econômico capitalista como foi a invenção e desenvolvimento da máquina a vapor, onde a
água era aquecida pela queima do carvão criando energia e transformando-a em força motriz,
35

máquina de Thomas Newcomen27 e aprimorada por James Watt 28, que provocou grandes mudanças
nas relações de trabalho e no processo produtivo. (Dobb, 1983).
As inovações ocasionadas pelo uso do Blockchains também apresentam indicações, através
de sua aplicabilidade, nas atividades descritas no quadro abaixo:
Tabela 5: Aplicação e solução do Blockchains
APLICAÇÕES E SOLUÇÕES
Serviço de corretagem Plataforma de negociação
Trocas de criptomoeda Folha de pagamento
Carteiras digitais Seguro
Carteiras de hardware Investimentos
Serviço de comércio e varejo Empréstimos
Fornecedores de dados financeiros Serviços monetários globais/locais
Soluções de trocas financeiras Solução para mercado de capital
Identidade e compliance Caixa eletrônico
Integrações de pagamento -
Fonte: MOUGAYAR (2017)

Não nos distanciando muito no tempo a própria internet desenvolvida na década de 1980, só
teve seu impacto nas atividades e processos de trabalho a partir do advento da world wide web, que
tornou possível a aplicação das informações como a conhecemos hoje na internet.
O Blockchains é uma camada acima da internet. Mougayar (2017) explica que “É mais
como um novo protocolo que fica por cima da internet por meio de seus padrões tecnológicos.”
Conceitos básicos como hash, impressão digital única e chaves fazem parte da aplicação.
Figura 6 – Posição do Blockchain em relação a internet.

Fonte: Mongayar(2017)

27 Melhorador de máquinas nascido no século XVII, que apresentou solução para o bobeamento de minas de carvão,
o equipamento que utilizava vapor de água para criar um vácuo e bombear a água das minas foi atualizado por ele, ao
inserir um êmbolo combinado a um cilindro que propulsionava o veio de uma bomba, conhecida como Máquina
Atmosférica de Newcomen. Podia bombear até 50 metros de profundidade, antes dele o equipamento só bombeava
até 5 metros.

28 Nascido em 1736, mecânico escocês, aperfeiçoou o modelo de Newcomen. Este seu invento deflagrou a Revolução
Industrial e serviu de base para a mecanização de toda a indústria.
36

Como bem citamos no capítulo que trata do Bitcoin, uma aplicação do Blockchains, utiliza
combinação de teoria de jogos com criptografia.
O Blockchains é tratado como uma metatecnologia, segundo Mougayar (2017) “O
Blockchains é uma metatecnologia por que afeta outras tecnologias e ele próprio é feito de vários
delas. É um conjunto de computadores e redes construídos em cima da internet.”
Após a irrupção da internet, tínhamos a linguagem de marcação HTML, em 1993, logo após,
em 1995, o JAVA, uma linguagem web de programação, e o advento de um protocolo de rede de
computadores TCP/IP. Uma das grandes mudanças de paradigma da inovação (Software, Teoria dos
Jogos e Criptografia) é ter a possibilidade de ser substituto dos bancos de dados tradicionais que
conhecemos. (Mongayar, 2017)
Os campos de conhecimento que se cruzam na tecnologia de Blockchains é a da teoria dos
jogos, criptografia e engenharia de software. Ver figura abaixo:
Figura 7 – Tríade dos campos de conhecimento.

Fonte: MOUGAYAR (2017)

3.2.1. Teoria dos Jogos dos Generais Bizantinos


A teoria dos jogos segundo Mongayar (2017, p. 11) é “[...] o estudo de modelos
matemáticos de conflito e cooperação entre tomadores de decisão racionais e inteligentes. […]”.
Diretamente relacionado a programação do Blockchains, sendo a solução apresentada para o
problema do gasto duplo. Na teoria dos jogos, a solução apresentada resolve o que é conhecido
nessa ciência como o Problema dos Generais Bizantinos.
Paula (2019) cita em seu trabalho que o problema em tela deve ser resolvido por consenso
da maioria, consistindo em um general que deve tomar decisão de ataque ao campo inimigo, porém,
deve mandar mensagem aos demais generais não confiando nesses. No caso, existindo três generais,
dois deverão seguir as ordens para que se vença a batalha.
O sistema do Blockchain deve possuir no mínimo 51% de atacantes bem intencionados para
manutenção da rede segura. A diminuição de nós na rede ou a concentração de nós na mão de
poucos usuários pode ser uma ameaça ao Bitcoin.
37

3.2.2 Algoritmo de Consenso


Antes de chegarmos no algoritmo de consenso, Mougayar (2017) explica que a rede virtual
descentralizada transfere autoridade e confiança para esta rede, permitindo que todos os nós no
blockchain registrem as transações em um único bloco. Durante este processo, cada bloco sucessivo
de informações passa a ter um “hash” do bloco anterior que, os une como uma corrente.
Conforme cita Mougayar (2017) “Um algoritmo de consenso é o núcleo do Blockchain que
representa o método ou o protocolo que realiza a transação”. Mougayer(2017) é enfatico em citar
que as pessoas não precisam entender o que são algoritmos, não obstante, devem ter confiança no
sistema.
Figura 8 – Disposição de banco de dados centralizado e Blockchain,

Fonte: Levantamento de Tecnologia Blockchain, TCU, p.12

Conforme explica Ammous (2020), os usuários competem na rede por resoluções de


cálculos matemáticos, conforme abaixo:
Todas as transações de Bitcoin verificadas em um intervalo de dez minutos
são transcritas e agrupadas em um único bloco. Os nós competem para
resolver os problemas matemáticos do PoW em um bloco de transações, e o
primeiro nó a produzir a solução correta a transmite aos membros da rede,
que podem verificar rapidamente sua validade (Ammous, 2020, p.328)

Mougayar (2017) destaca que o método PoW (proof-of-work) Prova-de-Trabalho pode ser
considerado um protocolo antigo, tendo como principal fator negativo o alto consumo de energia.
Ammous (2020) explica que após um nó resolver a operação, ele é recompensado com
criptomoedas de Bitcoins, “isso é conhecido como subsídio do bloco, e o processo de geração das
novas moedas é chamado de mineração, porque é a única maneira de aumentar a oferta de moedas,
da mesma forma que a mineração é a única maneira de aumentar a oferta de ouro.”
38

Figura 09-Transação em hash em árvore de Merkle.

Fonte: NAKAMOTO, Satoshi. Bitcoin: A peer-to-peer electronic cash system, p.4

Conforme citado por Mongayar(2017) uma alternativa para uma mineração mais
ecologicamente correta seria a Prova por Participação, PoS (Proof-of-Stake), consumidora de menos
energia.

3.2.3. Banco de Dados versus Registro


A simplificação do sistema Blockchains passa a ser notável, quando inserido para realizar o
papel de uma instituição financeira para fazer a autenticação, validação e a transferência de dados
(Mougayar, 2017). No caso do Blockchains, são vinculadas o registro e a gravação irrefutáveis que
mantém as transações que foram validadas pela rede de Blockchains.
Através da rede Blockchains do Bitcoin um usuário poderá fazer tudo que um intermediário
faria, validando e transferindo em um tempo de 10 minutos para autenticar a transação no sistema.
Logo abaixo, verificamos que a figura 10 mostra o esquema de como o sistema funciona
com intermediários financeiros, e a figura 11 o processo com o Blockchains:
Figura 10 – Operação entre Bancos envolvendo um intermediário.

Fonte: MOUGAYAR (2017)


39

Figura 11 – Operação entre usuários sem intermediário, com interveniência do Blockchain.

Fonte: MOUGAYAR (2017)

Segundo Schwab (2018) quatro pontos são revolucionários quando tratamos da tecnologia
de registro distribuído, uma das formas que podemos conceituar o Blockchains; este permite
transformar um bem digital em um objeto virtual único, impedindo cópias ou falsificações do bem
digital, onde a propriedade do bem original sempre ficará resguardada, criando o que o autor chama
de “internet de valor”; fim de intermediações para validar operações pela internet; a possibilidade
de se criar ações programáveis, conhecidos como contratos inteligentes; registros digitais seguros,
etc.
Diversas empresas utilizam a tecnologia de Blockchains, em específico o protocolo Bitcoin,
que foram cinquenta as empresas citadas pela revista Forbes Blockchains 5029 que desenvolveram
diversas aplicações com a nova tecnologia de registro distribuído, sendo cada vez mais comum o
uso de Blockchains para melhoria da produtividade no mercado, como por exemplo, a Renault que
rastreia autopeças.
Sabemos que a criptomoeda (Bitcoin) opera de maneira independente e descentralizada,
onde os pacotes de dados, que podem representar todo ou qualquer objeto que exista no mundo
físico, neste caso em formato digital, consta como um contrato ou recibo indicando propriedade,
quantidade, qualidade, rastreabilidade, com a impossibilidade de alteração ou falsificação dos
dados.
Por exemplo, uma peça de um veículo automotor, pode ser rastreado através das tecnologias
atuais, em forma de criptografia que opera em um Blockchains específico, registrando todo seu
histórico de fabricação e uso, até o seu descarte.
Podemos definir que a tecnologia de registros distribuídos apresenta um leque bastante
diversificado de implantações como inovação tecnológica, ao passo que o Bitcoin como moeda
digital representa a aplicação mais conhecida, porém não a única.

29 https://forbes.com.br/forbes-money/2022/02/forbes-top-50-blockchain-conheca-as-empresas-bilionarias-que-
utilizam-a-tecnologia/
40

3.2.4. Definindo as áreas da tecnologia


Poderíamos considerar o Blockchains um Banco Central, responsável por emitir e controlar
a oferta monetária, caso fosse a única função deste.
O Bitcoin (moeda digital) é a recompensa gerada pelo Blockchains por utilizar o poder de
processamento e energia dos computadores que se ligam em rede (nós), e no pagamento de taxas de
operações no sistema. Essa foi a forma encontrada para que o Bitcoin operasse de forma
descentralizada e independente.
Deduzimos neste trabalho que o processo se torna compensador enquanto o valor obtido
com bitcoin for maior que o custo com equipamento e tecnologia e ausência de intermediários na
operação, superado esta questão, fica em aberto se o sistema centralizado seria menos compensador
que o distribuído do Blockchain, e a resposta estaria baseado em quanto o sistema Blockchain pode
ser imune as falhas, erros no sistema e ataques por hackers, e os custos advindos dessas falhas e
ataques.
Esse sistema de maior exatidão e confiança do Blockchain é citado por Mougayar (2017),
não obstante, não chega a mensurar em seu trabalho um indicador que compare o sistema
centralizado atual e o distribuído, representado pelo Blockchain, não obstante, deixa claro que a
mudança é inevitável, não sabendo mensurar seus impactos.
41

Para entender ainda mais sobre essa nova tecnologia, seguimos com as dez propriedades
simultâneas do Blockchains descritas por Mougayar (2017).
Tabela 6 – Propriedades do Blockchain.
Propriedades Definições

Incentivo econômico para viabilizar as


Criptomoeda digital operações e a segurança

Design de software que une os computadores


Infraestrutura Computacional em um processo de consenso

Consensualmente os blocos são marcados pela


Plataforma de Transação informação

Banco de dados Descentralizado Registro distribuído da informação

Transações armazenadas no bloco em rede


Registro contábil Distribuído distribuída

Oferece tecnologia para plataformas


Plataforma de Desenvolvimento descentralizadas e criptografadas.

Inovações podem acontecer

Software de Código Aberto colaborativamente, com código aberto ao


público

Mercado de Serviços Financeiros Nova geração de serviços financeiros

Rede Peer-to-peer Processamento descentralizado por nós.

Aplicação de qualquer objeto que possa ser


Camada de Serviços Confiáveis
digitalizado

Fonte: Mougayar (2017, p.19-24) elaborado pelo autor.

3.2.5. Explicando algumas funções básicas

É importante entender que após resolver o problema do gasto duplo, ele não era apenas
voltado para os incentivos monetários criptografados (Bitcoin), mas também para qualquer outro
objeto físico que poderia ser digitalizado, ou seja, um arquivo digital (músicas, obras de artes,
imagens, dinheiro, ações títulos, registros de propriedade), que poderão tornar-se um ativo digital.
42

Tabela 7 – Propriedade e Contratos Inteligentes


Amplia o conceito de ativo digital, impedindo
Propriedade Inteligente gasto, propriedades ou envios duplicados.

Contratos programáveis, não interpretam


Contratos Inteligentes intenções, apenas os termos, sendo
autoexecutáveis.

Fonte: Mongayar (2017) adaptado pelo autor.

3.2.6. O que um Blockchains confiável possibilita?


Com as propriedades e funções que o Blockchains apresenta, o que pode ele realizar além de
oferecer a criptomoeda Bitcoin?
Como enfatiza Ammous(2020) a rede Blockchain é 100% verificação e 0% confiança, e
ainda, seu design de rede possibilita, conforme Mongayar(2017), a criação de ativos, confiança,
propriedade, dinheiro, identidade e contratos programáveis.
Diante da grande variabilidade de serviços oferecidos pelo Blockchains, concluímos que o
poder de criar criptomoeda (criptodinheiro) é apenas uma de suas funções, o que hoje é visto pelo
senso comum. O Blockchain é uma inovação tecnológica da 4ª revolução industrial, com potencial
para alterar as relações econômicas, sociais e políticas.
Como exemplo, podemos citar a antiga república dos Bálticos, a Estônia, que hoje faz parte
da União Européia, e tem a média de desemprego mais baixa do bloco, a mesma é conhecida por ser
um país 100% digital, onde seus cidadãos exercem seus direitos de maneira digital, e hoje a
tecnologia que mais se investe é a digital, serviço público quase todo pela internet, “venda de
imóveis, levantamento de certidões, autenticação de documentos, alteração de dados, pagamentos e,
inclusive, votar e exercer outros direitos. Cada cidadão é dono de uma série numeral única que dá
acesso a todo o sistema”30

Na figura 12 veremos uma ilustração que exemplifica diversas áreas de possível atuação do
Blockchain, entre elas: Registro de ativos (direitos, títulos e certificados), democracia digital
(ativismo civil, segurança em votações), aplicações em soluções financeiras e previdenciárias,
sistema financeiro digital (Infraestrutura de pensões), identidade digital, aviação, iniciativas
governamentais, transparência das instituições, entre outros.

30 Disponível em: Digitalização pode impulsionar desenvolvimento social e democracia Acesso em: 12 dez 22
43

Figura 12 – Áreas onde o Blockchain pode ser utilizado

Fonte: Levantamento de Tecnologia Blockchain, TCU, p. 21

No próximo capítulo faremos uma breve revisão sobre Bitcoin e Blockchain e concluiremos.
44

4. CONCLUSÃO
Com o surgimento do Bitcoin e do Blockchain, mais de uma década se passou, centenas e
até milhares de moedas digitais e diferentes Blockchains surgiram, e até alguns projetos
desapareceram. Porém, após apanhado bibliográfico de diversos trabalhos produzidos ao longo
desses anos, podemos observar que o Bitcoin e o Blockchains não são de fato moeda.
Deixamos evidenciado que a teoria mais adequada, na ótica desse trabalho, seria a cartalista,
onde o Estado seria responsável por definir o que é moeda na economia, conforme já discutido no
capítulo 2.
Quando tratamos da tecnologia que dá suporte e origem ao Bitcoin, a tecnologia
Blockchains, que cria a criptomoeda, como forma de incentivo a cessão de processamento
computacional e energia de diversos servidores distribuídos na rede, conferindo todas as transações
em rede, observamos a criação de diversos bens econômicos de caráter puramente digital, sem a
possibilidade de falsificação ou cópia do bem.
A evolução de um arquivo digital para um bem digital por meio eletrônica, sem
possibilidade de cópia ou reprodução fraudulenta, sem intermediação, através da rede distribuída,
rompe em um primeiro momento com o paradigma atual dos grandes grupos econômicos do sistema
financeiro, com suas enormes bases de dados, e a necessidade de seus serviços.
Sendo apenas uma das funções do Blockchain, e não menos importante, conforme discussão
no capítulo 3, em não sendo o Bitcoin moeda (conforme debatido no capítulo 2), não existe a
possibilidade de comparar o Blockchain a um tipo de banco, mas uma tecnologia criadora de bens
econômicos.
Apesar do Bitcoin não ser, em nosso trabalho, considerado moeda, não podemos afirmar que
ela nunca será, podendo-se observar diversas mudanças em alguns países como El Salvador 31, não
obstante, não existe aprovação mundial do Bitcoin como moeda, o que ainda descarta como um
bem universalmente aceito.
Por fim, baseados nos referenciais teóricos e bibliográficos do trabalho, podemos afirmar
que o Bitcoin não pode ser considerado moeda, mas sim um bem ou ativo digital, e o Blockchain
uma tecnologia inovadora, fomentadora de diversos bens e serviços digitais, além, é claro, da
criptomoeda objeto de estudo deste trabalho. Todos esses capítulos norteiam a reflexão do nosso

31 Em El Salvador o país criou um fundo em dólar, autorizou as empresas a receber em bitcoins e a pagar impostos na
criptomoeda, além de políticas públicas para inserir pessoas desbancarizadas no mercado de criptomoedas, criando
uma carteira virtual de nome “CHIVO”, porém, a iniciativa não chegou a ser um fracasso total, mas não chega nem
perto de ser um sucesso. Fonte: 1 ano depois de virar moeda oficial em El Salvador, bitcoin está 'esquecido' no país
Acesso: 12 de dez. 2022.
45

trabalho, e muitas outras surgirão em sua conclusão, criando portas a serem abertas por novos
trabalhos científicos.
A inovação tecnológica que acompanha o objeto de estudo em questão é gigantesco, e a
busca do entendimento real do que é ou poderá ser, utilizando-se das ferramentes científicas
necessárias, é além de um dever científico, mas também social.
46

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