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PERÍCIAS EM DOCUMENTOS DE SEGURANÇA

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário

1 –INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
2- DA ANÁLISE E CONCEITOS DA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA .................. 6
3- TESTES COMUMENTE REALIZADOS ........................................................... 9
4- IDADE DAS TINTAS .......................................................................................... 11
5- RESPEITO A CADEIA DE CUSTÓDIA NA DOCUMENTOSCOPIA ........ 12
6- RESPEITO A CADEIA DE CUSTÓDIA NO PROCESSO CRIMINAL
(QUÍMICA FORENSE) ........................................................................................... 14
7- CADEIA DE CUSTÓDIA NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E
PROJETO DE LEI ANTICRIME .......................................................................... 16
8- TRABALHO DO CENTRO DE PERÍCIAS QUALIFICA INVESTIGAÇÃO
DE ESTELIONATOS .............................................................................................. 21
9- PERÍCIA EM DOCUMENTOS E CONTÁBIL DESVENDA GOLPES E
AUXILIA NO COMBATE A CRIMES DE FALSIFICAÇÃO NO ESTADO ... 23
10- REFERÊNCIAS ................................................................................................. 27

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1 –INTRODUÇÃO

A busca pela verdade foi à diretiva de vida de muitos homens, e por vezes, re-
sultava em momentos de desilusão. Entretanto, extremamente gratificante é
quando a busca pelo verdadeiro, do real, é concluída através de fundamentos
técnicos e científicos. Assim, sem dúvidas, que ela é a mais fiel cópia da verdade
(FALAT, 2013).

A documetoscopia tem feito da escrita, um meio de prova para o mundo jurídico,


procurando determinar a autenticidade do documento, quem foi o seu autor e os
meios empregados (MENDES, 2010).

Muito se fala e questiona quando o assunto é a perícia de documentos e assina-


turas.

Normalmente as pessoas associam qualquer modalidade de falsificação de um


documento com o nome “Perícia Grafotécnica”, como vimos um pouco no con-
teúdo passado.

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Apenas a título de conhecimento, no dia a dia deste perito, houveram nomea-
ções judiciais para realização de “Perícia Grafotécnica”, quando na verdade o r.
juízo gostaria de saber se o documento havia sido alterado, no que respeita da-
tas, seu conteúdo, acréscimo, alteração, ou subtração de conteúdo, entre outros.

É que na pratica, devido ao “tabu” gerado sobre a matéria não é comum que
peritos falem abertamente sobre o assunto, até mesmo no campo de trabalho,
dificilmente encontramos peritos que ajudem-se de bom grado sobre as técnicas
utilizadas e aprendizados.

Neste aspecto, espera-se que em um futuro próximo, as barreiras sejam trans-


passadas e que exista uma maior disseminação do conteúdo prático e pedagó-
gico, afinal a centralização do conhecimento e o medo do repasse, pode fazer
com que técnicas e experiências sejam desperdiçadas e perdidas com o encer-
ramento da atividade do perito.

Ou seja, a maior evolução ocorre quando os conhecimentos são passados de


geração a geração, as quais trazem com suas novas ideias e tecnologia, inova-
ções para a solução de um problema encontrado.

Vivenciamos essa questão em nosso dia a dia, pois existem muitas técnicas e
conceitos antigos que ainda são utilizados e estudados, os quais certamente ti-
veram no mínimo restrições pelas pesquisas e tecnologia do seu tempo.

Temos que a perícia grafotécnica é a parte integrante da documentoscopia, a


qual visa detectar a autenticidade, o autor, bem como falsificações em assinatu-
ras, rubricas e textos completos através de técnicas específicas.

Pois dentro da Documentoscopia, existem diversas “espécies”, como se ela


fosse um “gênero” das demais.

E sobre a diferença deste conceito, para as demais disciplinas existentes sobre


o tema, temos os dizeres do professor Lamartine Mendes, coordenado por Do-
mingos Tochetto, na obra “Documentoscopia”, com a seguinte classificação:

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“...A documentoscopia se distingue de outras disciplinas, que também
se preocupam com os documentos, porque ela tem um cunho nitida-
mente policial: não se satisfaz com a prova da ilegitimidade do docu-
mento, mas procura determinar quem foi seu autor, os meios empre-
gados, o que não ocorre em outras...”

E para tanto, a Documentoscopia possui uma enorme abrangência, onde pode-


mos citar:

- Grafotécnica;
- Mecanografia;
- Alterações em Documentos Particulares ou Públicos;
- Exame de Moedas Metálicas;
- Exame de Papéis;
- Exame de Tintas;
- Exame de Instrumentos Escreventes;
- Entre diversos outros.

2- DA ANÁLISE E CONCEITOS DA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA

Ultrapassado de maneira simplificada a questão conceitual dos institutos, vale


apresentar algumas particularidades no que respeita a escrita, as quais valem
para análise de assinaturas, textos, entres outras situações apresentadas, seja
qual for o idioma da escrita.

Para que exista uma boa perícia grafotécnica deve-se analisar padrões com am-
pliações detalhadas, equipamentos e iluminação próprios, interpretadas pelas
Quatro Leis da Grafoscopia, elaborados por Solange Pellat.

Edmond Solange Pellat, considerado o pai da grafoscopia, estabeleceu os fun-


damentos do grafismo em seu livro "Les Lois de L’ècriture", um dos mais concei-
tuados estudiosos sobre o tema.

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E segundo as referidas Leis de Solange Pellat, norte de todas as análises escri-
tas, temos algumas características a serem observadas.
Vejamos.

1ª LEI DA ESCRITA:

“O gesto gráfico está sob a influência imediata do cérebro. Sua forma não
é modificada pelo órgão escritor se este funciona normalmente e se encon-
tra suficientemente adaptado à sua função.”

2ª LEI DA ESCRITA:

“Quando se escreve, o “eu” está em ação, mas o sentimento quase incons-


ciente de que o “eu” age passa por alternativas contínuas de intensidade e
de enfraquecimento. Ele está no seu máximo de intensidade onde existe
um esforço a fazer, isto é, nos inícios e no seu mínimo de intensidade onde
o movimento escritural é secundado pelo impulso adquirido, isto é, nas
extremidades.”

3ª LEI DA ESCRITA:

“Não se pode modificar voluntariamente em um dado momento sua escrita


natural senão introduzindo no seu traçado a própria marca do esforço que
foi feito para obter a modificação.”

4ª LEI DA ESCRITA:

“O escritor que age em circunstâncias em que o ato de escrever é particu-


larmente difícil, traça instintivamente ou as formas de letras que lhe são
mais costumeiras, ou as formas de letras mais simples, de um esquema
fácil de ser construído.”

Pautado nos conceitos citados, a doutrina atual converge no sentido de que uma
“boa perícia” deve contar alguns requisitos básicos.

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Segundo eles, devem ser respeitados quatro critério essenciais para os padrões
de Confronto, quais sejam:

a) AUTENTICIDADE: os padrões devem ser colhidos na presença de pessoas


que possam declarar sua veracidade;

Sobre o critério da autenticidade, acreditamos que a melhor forma de colheita é


na presença do r. perito designado, o qual poderá, ainda, valer-se de técnicas
periciais de modo a minimizar o “estresse” ou a tentativa de ludibriar o laudo a
ser realizado, demonstrando a assinatura da parte periciada em sua melhor “na-
turalidade”.

b) ADEQUABILIDADE: os padrões devem ter coerência/semelhança com a


peça periciada;

Ou seja, devemos observar a qualidade do papel, se o instrumento escrevente


tem as mesmas características e cor, se a peça periciada e os padrões de con-
fronto em sua maioria possuem pautas ou ausência delas e se espaçamentos
semelhantes;

c) CONTEMPORANEIDADE: os padrões não podem ser muito divergentes da


data da assinatura;

Variações gráficas podem ser normais ou ocasionais (como exemplo a idade


avançada, enfermidades físicas ou psíquicas, entre outros), com isso é sempre
prudente respeitar padrões contemporâneos à peça utilizada, mesmo com as
exceções existentes, uma vez que alguns escritores mantem o grafismo por di-
versos anos;

d) QUANTIDADE: deve ser respeitado uma quantidade mínima para realização


dos testes;

Segundo a doutrina de Tito Lívio Ferreira Gomide e Lívio Gomide (Manual de


Grafoscopia).

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Tem-se que inegavelmente “quanto maior o número de padrões de confronto,
melhor para a perícia”, sendo necessário “uma ou duas dezenas” de padrões
para confronto.

3- TESTES COMUMENTE REALIZADOS

Sobre os testes realizados, temos as seguintes características:

 PRESSÃO E EVOLUÇÃO – a dinâmica formada por estes 02 (dois) ele-


mentos interfere diretamente na execução da escrita, formando um tra-
çado mais escuro e grosso ou um mais claro e fino, e a harmonia existente
entre ambos resulta no lançamento caligráfico;

 MOMENTOS GRÁFICOS – a análise do desenvolver do lançamento grá-


fico, observando as paradas onde é necessário retirar o instrumento do
suporte e recolocar para progredir com o lançamento;

 COMPORTAMENTO DE PAUTA/BASE – o Comportamento de Pauta é


a análise do lançamento caligráfico tomando por base a pauta (linha),
comportamento este que pode ser tangente, superior ou inferior, já o
Comportamento de Base é a análise do lançamento gráfico quando não
existe pauta(linha) que pode ser horizontal, ascendente ou descendente.

 HÁBITOS GRAFICOS – representa a análise de qualquer “costume” uti-


lizado pelo escritor no momento que executa tanto um texto quanto uma
assinatura, apresentação como ideação que acompanha o lançamento
gráfico.

 ATAQUES E REMATES – o Ataque é a análise da parte inicial da escrita


da qual pode ser classificada como apoiada, sem apoio e infinita, podendo
existir um pequeno arpão em variadas direções, já o Remate é a parte
final do lançamento e conforme a dinâmica do punho pode ser apoiada,
sem apoio e em fuga, e também pode conter o arpão em variadas dire-
ções.

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 INCLINAÇÃO AXIAL – É a inclinação das letras medidas em graus em
relação a uma linha de base, seja ela imaginária ou real, podendo ser a
esquerda, direita ou perpendicular.

 VALORES - Na verdade, sem somente os 6 testes anteriores já possibili-


tam a conclusão do perito, entretanto, a realização de comparação dos
valores cria uma prova real dos testes anteriormente realizados, acres-
centando uma maior segurança e confirmação da conclusão pericial.

A análise dos “VALORES” pauta-se na Teria Geral dos Movimentos em Grafos-


copia, pois quando uma “pessoa” escreve, além dos impulsos cerebrais incons-
cientes, existem os movimentos mecanizados que são a função de extensão,
função de flexão e função de rotação que são realizadas pelos três dedos que
seguram o instrumento responsável pelo lançamento caligráfico, que se move
em translação no suporte (esquerda para direita, de cima para baixo e de baixo
para cima), tudo isso aliado ao movimento do braço, ombro, antebraço, cotovelo,
mão e punho, que harmonizados resultam em um plano gráfico personalíssimo.

 ANACRONISMO – Por fim o anacronismo que aperfeiçoa em um erro


cronológico, quando determinados conceitos, objetos, pensamentos, cos-
tumes e eventos, datas, são utilizados para retratar uma época diferente
daquela a que de fato/ato concretizou. E o anacronismo aparece na perí-
cia, como exemplo, em datas utilizadas, uma vez que o lançamento cali-
gráfico pode pertencer a uma data em que o periciado ainda não tinha
iniciado a relação, pode ter acontecido da mesma forma em um dia que o
periciado esteve de licença ou não esteve presente no “local” indicado,
como exemplo aos finais de semana, entre outros.

 ANÁLISE COM EQUIPAMENTOS PRÓPRIOS – Para efetuação dos tes-


tes as peças são submetidas a ampliações microscópicas digitais, além
da utilização de ampliadores manuais e exposição a luz especial (ultravi-
oleta, fluorescente e amarela), com reforço de um negatoscópio, tudo com
intuito de procurar vestígios e analisar o documento da maneira mais de-
talhada o possível.

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4- IDADE DAS TINTAS

Atualmente não existe estudo conclusivo a respeito da “idade das tintas”, assim
sendo, não é possível concluir em que tempo foram lançadas no documento,
entre outras situações, que certamente gerariam um “data específica” para o
lançamento caligráfico ocorrido.

Nesta toada, Segundo José Del Picchia Filho, Celso Mauro Ribeiro Del Picchia
e Ana Maura Gonçalves Del Picchia, em sua obra Tratado de Documentoscopia
da Falsidade Documental, na página nº 787, temos os seguintes questionamen-
tos:

“O problema da Idade dos Documentos – Essa questão geralmente é


muito mal proposta na vida judiciária. Com frequência, desejando-se
saber, apenas, se um documento foi, ou não elaborado na data nele
consignada, pergunta-se: “em que época se fez esse documento?”, ou,
pior, ainda, “há quanto tempo a tinta de escrever está lançada na peça
em questão?”

As duas perguntas dizem respeito àquilo que se costuma denominar


“idade absoluta do documento ou da tinta”. Em regra, não oferecem

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ensejo para uma resposta, a não ser a declaração de que é pratica-
mente impossível estabelecer a idade absoluta de um documento, ou
de um traço à tinta de escrever.

No entanto, raramente é esta a matéria importante. Para a solução


judiciária, bastaria demonstrar que a escrita ou documento não pode-
ria ter sido produzido na data nele declarada.

Para alicerçar essa resposta, poder-se-ia alinhar uma série de ana-


cronismos, alguns dos quais de per si suficientes para revelar a natu-
reza fraudulenta, ou a insinceridade da produção da peça em exame.”

Assim sendo, a análise não revela com exatidão o critério temporal, mas é pos-
sível verificar muitas vezes, quais campos foram primeiramente preenchidos,
bem como se existe compatibilidade dos instrumentos escritores, ainda que não
possível mensurar se realizado a escrita em “ato seguinte” ou após um determi-
nado período temporal.

5- RESPEITO A CADEIA DE CUSTÓDIA NA DOCUMENTOSCOPIA

Trata-se de um tema de enorme discussão e extremamente respeitada no direito


americano.

No Brasil, embora pouco conhecida por motivos diversos, frequentemente temos


um verdadeiro desrespeito a tal instituto, que certamente deve ser observado,
seja qual for a perícia a ser realizada.

Na rotina de pericia, tal instituto deve ser aplicado, independentemente se a pe-


rícia a ser realizada incluir documentoscopia, análise de produtos falsificados,
análise de drogas de abuso, entre outros.

E para esboçar alguns conceitos sobre a cadeia de custódia, trazemos os ensi-


namentos utilizados pelo professor Elvis Medeiros de Aquino, proferido em curso
presencial pela Helix Cursos.

Segundo o professor, a Cadeia de Custódia consiste em:

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“Conjunto de ações que possibilita o rastreamento da movimen-
tação de amostra, bem como a sua idoneidade desde à sua coleta
até o seu descarte/destruição.”

E para que ela seja aplicada da maneira correta precisa da análise e atendimento
dos seguintes tópicos:

1) Documentação;

2) Armazenamento/transporte;

3) Lacração;

4) Análise;

5) Descarte/destruição.

Tal questão, trazendo para o mundo da Documentoscopia, nos deixa a mensa-


gem de que o mínimo a ser respeitado, no que respeita a Cadeia de Custódia,
são:

-> Os documentos devem ser armazenados em local lacrado e numerado,


desde sua colheita até o seu descarte ou arquivo;

-> Deve existir informações do processo, informações do fórum e informa-


ções do perito;

Tudo isso para garantir que os objetos sejam totalmente rastreáveis, identificá-
veis, a qualquer lugar e qualquer tempo definido em lei.

Todos esses cuidados devem ser aplicados nos “documentos” periciados, é um


requisito mínimo a ser observado.

Dessa forma, se o procedimento utilizado pelo perito não possuir uma cadeia de
custódia adequada, poderá criar uma prova totalmente defeituosa/duvidosa e ilí-
cita, viciando completamente todo o feito.

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6- RESPEITO A CADEIA DE CUSTÓDIA NO PROCESSO CRIMINAL
(QUÍMICA FORENSE)

Acredita-se que a persecução penal do Estado não pode acontecer a “qualquer


custo” ao indivíduo, pois isso deixaria em jogo o direito de defesa de diversos
acusados, atribuindo poderes a entidade punitiva (Estado) e aos demais repre-
sentados por ela, restando em riscos pela concentração de poderes macabros
aos “fiscais e participantes da lei“.

Partindo para a química forense, em um Laudo Químico Toxicológico, a subs-


tância recebida para o Laudo Químico toxicológico deve ser a mesma retirada
das embalagens apreendidas.

Muito óbvio!

Não pode existir qualquer vício de “qualidade”, “quantidade”, “contaminação”,


entre uma sérias de outras coisas que podem ocorrer, entre basicamente, a apre-
ensão, transporte, acomodação, etc., chegando até o descarte ou destino final.

Perceba que em nenhum momento estamos falando de idoneidade de “pessoas”


que manipularam os produtos periciados, e, sim, dos procedimentos adota-
dos!

Se observarmos, não são palavras ao vento, pois a Resolução SSP-336 de


11-12-2008, que dispõe sobre os procedimentos referentes à formalização
da apreensão, acondicionamento, guarda e incineração de drogas no Es-
tado de São Paulo, prega o conteúdo narrado.

Ou seja, se estivermos debruçado sobre o estudo de cadeia de custódia na


análise de “drogas”, além de outras situações, temos uma resolução Esta-
dual específica.

Vamos a algumas observações:

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“Art. 2º. Antes do encaminhamento, a Autoridade Policial deverá deter-
minar que o material apreendido, já acondicionado, seja lacrado, foto-
grafado e pesado na forma bruta.

Parágrafo único. A fotografia deverá instruir o respectivo procedi-


mento de polícia judiciária.

Art. 3º. Recebido o material, o responsável pela perícia o fotografará


novamente e providenciará, após conferência do número do lacre, a
retirada deste e de quantidade necessária para a realização das perí-
cias, tanto de constatação, quanto da definitiva.

Parágrafo único. Após o exame, a droga deverá ser novamente acon-


dicionada em embalagem própria da SPTC e receber novo lacre nu-
merado.

Art. 4º. Do laudo de constatação provisório deverão constar o peso lí-


quido, identificação da substância, os números dos lacres recebidos da
Autoridade Policial e os colocados na sede da unidade da SPTC.”

Se observarmos estes três artigos acima citados com todo o cuidado, temos que
a resolução trata da “Cadeia de Custódia” deste elementos, pois fala em acon-
dicionamento adequado, lacre, fotografias, quantidade, conferência e reposição
de lacres.

E todo esse cuidado não é em vão, existe para gerar uma idoneidade material
“desde à sua coleta até o seu descarte/destruição.”, ou seja, o devido res-
peito a cadeia de custódia.

E se cadeia de custódia não assegurou a idoneidade da prova obtida, se


ela não sanou todos os tipos de dúvidas quanto à sua fonte do início ao
fim, houve o comprometimento de todo o conjunto de elementos que foram
colhidos, o que deve ser evitado a todo custo, havendo certamente a sua
ruptura, também denominada como “break on the chain of custody”.

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Se as provas presentes nos autos não possuírem “idoneidade material da coleta
até o descarte/destruição”, deverão certamente serem excluídas, tornando-se
ilícitas, pois a única garantia para a persecução penal, seria exatamente a cadeia
de custódia, a qual garantiria que a prova passou pelos transmites do contradi-
tório e ampla defesa, não desmerecendo nenhum momento ou garantia proces-
sual.

É o que se espera para fazer valer a paridade de armas no processo.

7- CADEIA DE CUSTÓDIA NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E


PROJETO DE LEI ANTICRIME

Neste sentido, houve julgamento da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça,


no HC de nº 160.662, na investigação denominada “Negócio da China” o qual
enfrentou o tema com muita sabedoria:

HABEAS CORPUS Nº 160.662 - RJ (2010/0015360-8) RELATORA : MI-


NISTRA ASSUSETE MAGALHÃES IMPETRANTE : FERNANDO AU-
GUSTO FERNANDES E OUTROS IMPETRADO : TRIBUNAL REGIO-
NAL FEDERAL DA 2A REGIÃO PACIENTE : LUIS CARLOS BEDIN PA-
CIENTE : REBECA DAYLAC EMENTA PENAL E PROCESSUAL PE-
NAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.
UTILIZAÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL COMO SUCEDÂNEO
DE RECURSO. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. PRECEDENTES
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA. QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO E TELEMÁTICO
AUTORIZADA JUDICIALMENTE. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA COM
RELAÇÃO A UM DOS PACIENTES. PRESENÇA DE INDÍCIOS RAZO-
ÁVEIS DA PRÁTICA DELITUOSA. INDISPENSABILIDADE DO MONI-
TORAMENTO DEMONSTRADA PELO MODUS OPERANDI DOS DE-
LITOS. CRIMES PUNIDOS COM RECLUSÃO. ATENDIMENTO DOS
PRESSUPOSTOS DO ART. 2º, I A III, DA LEI 9.296/96. LEGALIDADE
DA MEDIDA. AUSÊNCIA DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRALIDADE

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DA PROVA PRODUZIDA NA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E TE-
LEMÁTICA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA
AMPLA DEFESA E DA PARIDADE DE ARMAS. CONSTRANGI-
MENTO ILEGAL EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHE-
CIDO. ORDEM CONCEDIDA, DE OFÍCIO. I. Dispõe o art. 5º, LXVIII, da
Constituição Federal que será concedido habeas corpus "sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder", não
cabendo a sua utilização como substituto de recurso ordinário, tampouco
de recurso especial, nem como sucedâneo da revisão criminal. II. A Pri-
meira Turma do Supremo Tribunal Federal, ao julgar, recentemente, os
HCs 109.956/PR (DJe de 11/09/2012) e 104.045/RJ (DJe de
06/09/2012), considerou inadequado o writ, para substituir recurso ordi-
nário constitucional, em habeas corpus julgado pelo Superior Tribunal de
Justiça, reafirmando que o remédio constitucional não pode ser utilizado,
indistintamente, sob pena de banalizar o seu precípuo objetivo e desor-
denar a lógica recursal. III. O Superior Tribunal de Justiça também tem
reforçado a necessidade de se cumprir as regras do sistema recursal
vigente, sob pena de torná-lo inócuo e desnecessário (art. 105, II, a, e
III, da CF/88), considerando o âmbito restrito do habeas corpus, previsto
constitucionalmente, no que diz respeito ao STJ, sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua li-
berdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, nas hipóte-
ses do art. 105, I, c, e II, a, da Carta Magna. IV. Nada impede, contudo,
que, na hipótese de habeas corpus substitutivo de recursos especial e
ordinário ou de revisão criminal que não merece conhecimento, seja con-
cedido habeas corpus, de ofício, em caso de flagrante ilegalidade, abuso
de poder ou decisão teratológica. V. Hipótese em que os pacientes foram
alvo de Operação deflagrada pela Polícia Federal, denominada "Negócio
da China", dirigida ao Grupo CASA & VÍDEO, que resultou na denúncia
de 14 envolvidos, como incursos nos crimes dos arts. 288 e 334 do Có-
digo Penal e art. 1º, V e VII, da Lei 9.613/98, em que se apura a ocor-
rência de negociações fictícias, com o objetivo de dissimular a natureza
de valores provenientes da prática do delito de descaminho, mediante a

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ilusão parcial do tributo devido na importação de produtos, pela socie-
dade empresária. VI. Se as pretensões deduzidas neste writ, com rela-
ção a um dos pacientes, não foram formuladas perante o Tribunal de
origem, no acórdão ora impugnado, inviável seu conhecimento pelo STJ,
sob pena de indevida supressão de instância. Precedentes. VII. A intimi-
dade e a privacidade das pessoas não constituem direitos absolutos, po-
dendo sofrer restrições, quando presentes os requisitos exigidos pela
Constituição (art. 5º, XII) e pela Lei 9.296/96: a existência de indícios
razoáveis de autoria ou participação em infração penal, a impossibili-
dade de produção da prova por outros meios disponíveis e constituir o
fato investigado infração penal punida com pena de reclusão, nos termos
do art. 2º, I a III, da Lei 9.296/96, havendo sempre que se constatar a
proporcionalidade entre o direito à intimidade e o interesse público. VIII.
O Superior Tribunal de Justiça tem decidido no sentido de "ser legal, ex
vi do art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.296/96, a interceptação do fluxo
de comunicações em sistema de informática e telemática, se for reali-
zada em feito criminal e mediante autorização judicial, não havendo
qualquer afronta ao art. 5º, XII, da CF" (STJ, RHC 25.268/DF, Rel. Mi-
nistro VASCO DELLA GIUSTINA (Desembargador Convocado do
TJ/RS), SEXTA TURMA, DJe de 11/04/2012). IX. A decisão que deter-
minou a quebra de sigilo telefônico dos envolvidos na prática criminosa
– cujos fundamentos foram incorporados à decisão de quebra de sigilo
telemático – encontra-se devidamente fundamentada, à luz do art. 2º, I
a III, da Lei 9.296/96, revelando a necessidade da medida cautelar, ante
as provas até então coligidas, em face de indícios razoáveis de autoria
ou de participação dos acusados em infração penal (art. 2º, I, da Lei
9.296/96), para a apuração dos delitos de sonegação fiscal, lavagem de
dinheiro, crime contra a ordem tributária e formação de quadrilha, puni-
dos com reclusão (art. 2º, III, da Lei 9.296/96), demonstrando que a
prova cabal do envolvimento dos investigados na alegada trama crimi-
nosa, para complementar as provas até então recolhidas, não poderia
ser obtida por outros meios que não a interceptação telefônica, especi-
almente a prova do liame subjetivo entre os investigados, para identifi-
cação, com precisão, da atividade desenvolvida pelos alvos principais, o

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modus operandi utilizado e as pessoas a eles associadas, em intrincado
e simulado grupo de empresas nacionais e estrangeiras, destinado a
ocultar seu verdadeiro controlador, cujas negociações revestiam-se de
clandestinidade, valendo lembrar que, em casos análogos, é conhecida
a dificuldade enfrentada pela Polícia Federal para desempenhar suas
investigações, uma vez que se trata de suposto grupo organizado, com
atuação internacional e dotado de poder econômico (art. 2º, II, da Lei
9.296/96). X. Apesar de ter sido franqueado o acesso aos autos,
parte das provas obtidas a partir da interceptação telemática foi ex-
traviada, ainda na Polícia, e o conteúdo dos áudios telefônicos não
foi disponibilizado da forma como captado, havendo descontinui-
dade nas conversas e na sua ordem, com omissão de alguns áu-
dios. XI. A prova produzida durante a interceptação não pode servir
apenas aos interesses do órgão acusador, sendo imprescindível a
preservação da sua integralidade, sem a qual se mostra inviabili-
zado o exercício da ampla defesa, tendo em vista a impossibilidade
da efetiva refutação da tese acusatória, dada a perda da unidade da
prova. XII. Mostra-se lesiva ao direito à prova, corolário da ampla
defesa e do contraditório – constitucionalmente garantidos –, a au-
sência da salvaguarda da integralidade do material colhido na in-
vestigação, repercutindo no próprio dever de garantia da paridade
de armas das partes adversas. XIII. É certo que todo o material obtido
por meio da interceptação telefônica deve ser dirigido à autoridade judi-
ciária, a qual, juntamente com a acusação e a defesa, deve selecionar
tudo o que interesse à prova, descartando-se, mediante o procedimento
previsto no art. 9º, parágrafo único, da Lei 9.296/96, o que se mostrar
impertinente ao objeto da interceptação, pelo que constitui constrangi-
mento ilegal a seleção do material produzido nas interceptações autori-
zadas, realizada pela Polícia Judiciária, tal como ocorreu, subtraindo-se,
do Juízo e das partes, o exame da pertinência das provas colhidas. Pre-
cedente do STF. XIV. Decorre da garantia da ampla defesa o direito do
acusado à disponibilização da integralidade de mídia, contendo o inteiro
teor dos áudios e diálogos interceptados. XV. Habeas corpus não conhe-

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cido, quanto à paciente REBECA DAYLAC, por não integrar o writ origi-
nário. XVI. Habeas corpus não conhecido, por substitutivo de Recurso
Ordinário. XVII. Ordem concedida, de ofício, para anular as provas pro-
duzidas nas interceptações telefônica e telemática, determinando, ao Ju-
ízo de 1º Grau, o desentranhamento integral do material colhido, bem
como o exame da existência de prova ilícita por derivação, nos termos
do art. 157, §§ 1º e 2º, do CPP, procedendo-se ao seu desentranha-
mento da Ação Penal 2006.51.01.523722-9. (nossos os destaques).

E da leitura da referida decisão, percebe-se que embora as partes tenham aces-


sado os autos, manifestado sobre as provas e fatos, houve a quebra da cadeia
de custódia, impossibilitando o rastreamento das provas em um dado momento,
culminando na contradição em garantir que a prova não foi adulterada e se de
fato fora colacionada de maneira integral.

Tamanha importância do tema, que vem sendo discutida e aplicada no projeto


denominado “LEI ANTICRIME”.

E com isso, certamente não é possível prever se houve o respeito a cadeia de


custódia, o que pode tornar a observação deturpada e as conclusões equivoca-
das.

Entretanto, como todas as regras possuem exceções, e pelo fato da perícia téc-
nica não ser uma ciência exata, deverá para os casos de perícia em que não se
pode diligenciar um perito capacitado ao ocorrido, observar uma maior cautela e
análise das provas, concluindo com exatidão apenas em casos extremos.

Malgrado exista o esforço para levar o material periciado ao perito, por muitas
vezes poderá não existir uma conclusão certeira, pautada na falta de contato
pessoal, levantando o perito às hipóteses que julgar necessário e colocando à
disposição do juízo, que as verificará juntamente com outras provas e as valorará
de acordo com a instrução processual, para que exista uma decisão segura do
Estado em relação ao fato/indivíduo a ser julgado.

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8- TRABALHO DO CENTRO DE PERÍCIAS QUALIFICA INVESTIGA-
ÇÃO DE ESTELIONATOS

A falsificação de documentos é uma das práticas mais comuns na realização do


crime de estelionato, “Os estelionatários utilizam fraudes e poder de convenci-
mento para lesar o patrimônio de outras pessoas e, para isso, fazem uso fre-
quente de carteiras falsas de identidade”, explica. O delegado afirma que o roubo
de dados cadastrais permite aos criminosos realizar a confecção de documentos
falsos e, assim, obter dinheiro a partir de empréstimos ou saques financeiros.
Pensionistas e aposentados estão entre as principais vítimas desse tipo de
crime.

Para combater a prática de estelionato, a Polícia Civil conta com o trabalho do


departamento de Documentoscopia Forense, um dos setores do Instituto de Cri-
minalística (IC), que integra o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves
(CPCRC), e possui certificação pericial para atestar ou não a autenticidade em
documentos e objetos.

Jorge Pinto Oliveira, coordenador do setor, explica que o trabalho de documen-


toscopia forense começa com a requisição de autoridade policial ou judicial ao

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IC. O material a ser analisado é enviado junto com a solicitação. Após receber o
requerimento, são realizadas as etapas de conferência, triagem, registro e distri-
buição da perícia entre os técnicos responsáveis.

“Analisamos a autenticidade de documentos de segurança, como carteira de


identidade e de motorista, passaporte e até mesmo de dinheiro. Também faze-
mos a análise de assinatura e autoria de manuscritos e outros registros escritos
- que é a perícia grafotécnica”, observa Jorge. Além disso, é realizada também
a conferência de autenticidade de produtos a partir de marcas e patentes regis-
tradas oficialmente.

Para realizar a perícia documentoscópica, o perito utiliza procedimentos como o


estudo realizado em lupas e microscópios digitais e a visualização de imagens
ampliadas sob a emissão de luz ultravioleta. A análise dessas imagens permite
observar se foi realizada alguma adulteração no material. Após a perícia técnica,
é elaborado um laudo. Esse é o documento que vai servir de referência para a
continuidade da investigação sobre os crimes de estelionato, entre outros.

Continua, “Recebemos muita requisição de perícia em documentos de identi-


dade e de veículos. Na parte grafotécnica, é comum ver casos ligados a emprés-
timos bancários suspeitos de serem ilegais, onde precisamos analisar a assina-
tura feita no processo”, revela Jorge. Para evitar ser vítima desse tipo de fraude,
o delegado Neyvaldo Silva recomenda atenção na hora de informar dados pes-
soais.

“Saber para qual pessoa ou qual instituição está fornecendo o número


de identidade ou CPF é muito importante. Ter cuidado com os próprios
documentos também é fundamental. Em caso de suspeita de ameaça
ou realização de estelionato, deve procurar imediatamente a polícia”,
adverte o delegado Neyvaldo Silva.

O trabalho de documentocospia forense é delicado, mas também estimulante.


Essa é a avaliação de Isabela Barretto, perita do CPCRC.

Trabalho - por ser referência no assunto, o setor de documentoscopia forense


recebe um grande número de requisições. Somente em 2019 foram: 697 exames

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solicitados, 599 exames realizados e 555 laudos entregues. As solicitações são
oriundas das delegacias, varas criminais, varas federais, varas cíveis e do tra-
balho, além da Polícia Militar, Bombeiros e outros órgãos da administração pú-
blica, bem como as demandas internas.

9- PERÍCIA EM DOCUMENTOS E CONTÁBIL DESVENDA GOLPES E


AUXILIA NO COMBATE A CRIMES DE FALSIFICAÇÃO NO ESTADO

O Núcleo de Perícia Documentoscópica e Contábil (NUPDC) é o setor da Coor-


denadoria de Perícia Criminal (Copec) que realiza perícias em diversos tipos de
documentos, sendo eles oficiais ou não. São analisadas Carteira de Identidade,
Carteira Nacional de Habilitação (CHN), testamentos de beneficiários, cartas es-
critas de próprio punho, bilhetes suspeitos ou outros documentos que não são
oficiais, mas que possam fazer parte de uma investigação ou possam ter sua
perícia solicitada por algum órgão de Justiça de vara civil ou criminal. Demanda-
dos principalmente pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da
Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), o NUPDC pericia adulteração de do-
cumentos, suspeitas de lavagem de dinheiro, crimes contra empresas, golpes,
falsificação de cédulas, entre outros, cuja as pistas podem estar contidas na gra-
fia, papel, foto, assinatura ou contexto das operações que são questionadas por
um órgão de investigação ou Justiça.

Realizando três tipos específicos de perícia que exigem distintas técnicas, o Nú-
cleo realiza análise em documentos, que visa averiguar a autenticidade destes
documentos, a originalidade da cédula, se há manipulação ou adulteração em
informações registradas, rasuras, selos, entre outros detalhes.

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O perito criminal e supervisor do núcleo, Hugo Alcântara, conta que o trabalho
realizado pelos peritos possui duas etapas: descobrir a adulteração e identificar
qual foi o método utilizado pelos adulteradores. Eles também realizam perícia
grafotécnica, que é para comparar a escrita manual, assinaturas, rubricas e todo
tipo de texto manual questionado. No exame grafotécnico, existe a possibilidade
de se identificar a pessoa autora do documento escrito através da coleta de pa-
drões e análise da grafia.

O NUPDC também pericia casos de crimes contra empresas, lavagem de di-


nheiro, fraudes e situações em que requer a perícia contábil. E, nesta área mais
específica, a Perícia Forense possui um perito criminal contábil, especializado
para análise destes tipos de casos. O perito Nerivalder Filho, que também é con-
tador, identifica irregularidades e fraudes em operações que causem danos em
empresas ou órgãos. “Nós recebemos casos em que um dos sócios de uma
determinada empresa desconfia de que está sendo desviado algum valor e rea-
lizamos toda análise dos documentos, operações realizadas pela empresa para
constatar se houve alguma irregularidade e qual”, explica.

Crimes constatados

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Assinaturas forjadas, documentos falsos e adulteração de informações fazem
com que uma variedade de crimes e golpes sem praticados. Mas um dos casos
mais comuns que chegam para serem periciados são os aplicados contra idosos.
Criminosos utilizam dados dos idosos para obtenção de empréstimos consigna-
dos e desvio de dinheiro das contas bancárias das vítimas assinando o contrato
no nome da vítima. Nestes casos, Hugo Alcântara explica que, por meio da es-
crita, é possível identificar se o contrato foi assinado ou não pela pessoa que
apresentou a queixa. “A maioria dos casos em que a gente percebe se comprova
que a grafia assinada nos contratos não é dos aposentados que teriam suposta-
mente realizado o empréstimo. Quando o delegado já suspeita de alguém que
possa ter assinado, esta pessoa também é submetida ao exame grafotécnico
para comparar as letras”. Conforme Hugo, o exame consiste em capturar a grafia
da pessoa, seja ela suspeita ou vítima. São levadas em consideração as condi-
ções emocionais, psicológicas e até físicas da pessoa que está fornecendo o
padrão de escrita e que o método fornece um padrão que pode ser analisado
junto ao documento contestado.

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Outro crime recorrente no Estado é o de fabricação de cédulas e cartões falsos.
As apreensões de dinheiro falso e de cartões de crédito fraudulentos realizados
pela Polícia também são encaminhados para o NUPDC. As cédulas de dinheiro
possuem um papel especial com identificadores de segurança que legitimam a
cédula. Mesmo que haja uma boa impressão do papel, em uma máquina copia-
dora de alta definição, os peritos ainda conseguem verificar os sinais de auten-
ticidade que apenas as cédulas originais possuem.

A perícia em documentos e contábil é uma prática forense antiga e que auxilia


autoridades de Justiça e Polícia a descobrir golpes, além dos métodos utilizados
pelos falsificadores. Com os laudos das técnicas utilizadas pelos criminosos, a
Segurança Pública, de um modo geral, tem noção das aplicações fraudulentas
em vigor e pode com isso organizar operações, apreensões e estratégias de
combate a golpes e falsificações.

Ainda conforme o supervisor do núcleo, em alguns crimes, a adulteração é sutil,


há uma manipulação parcial, uma troca de fotos, uma informação apagada e
acrescentada outra por cima, entre outras coisas que apenas um olhar treinado
e um perito especializado pode detectar. Nestes casos, é a prova técnica que dá
suprimento para a investigação. “O laudo pericial costuma ser forte, por se ba-
sear na ciência. A prova material, hoje, é tão solicitada que em todo crime, por
mais bem planejado ou bem executado que seja, em algum momento alguém
deixou uma pista. E a partir disso se produz uma prova técnica”.

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10- REFERÊNCIAS

Monteiro, André Luís Pinheiro. A grafoscopia a serviço perícia judicial; a impor-


tância do perito em assinaturas e combate às fraudes. Curitiba: Juruá. 2008.

Gomide, Tito Lívio Ferreira. Manual de grafoscopia. 2ª ed. rev. e atual. São
Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito, 2005.

Falat, Luiz Roberto F. Entendendo o laudo pericial grafotécnico & a grafoscopia.


1ª Ed. (ano 2003), 6ª Reimpr./Curitiba: Juruá, 2012.

Vale, Geraldo de Araújo. Documentoscopia e grafologia: Oriente, 1975.

Mendes, Lamartine Bizarro. Documentoscopia/Lamartine Bizarro Mendes; coor-


denador Domingos Tochetto. – Porto Alegre: Editora Sagra Luzzato, 1999.

Tratado de documentoscopia: “da falsidade documental”/ José Del Picchia Filho,


Celso Mauro Ribeiro Del Picchia, Ana Maura Gonçalves Del Picchia – 3. ed. rev.,
ampl. e atual. São Paulo : Editora Pillares, 2016.

BRASIL. [STJ] HABEAS CORPUS Nº 160.662 - RJ (2010/0015360-8) Relatora :


Ministra Assusete Magalhães Impetrante : Fernando Augusto Fernandes e ou-
tros Impetrado : Tribunal Regional Federal da 2a Região Paciente : Luis Carlos
Bedin Paciente : Rebeca Daylac Ementa penal e processual penal. : Habeas
Corpus substitutivo de recurso ordinário. Utilização do remédio constitucional
como sucedâneo de recurso. Não conhecimento do writ. Precedentes do Su-
premo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Quebra de sigilo tele-
fônico e telemático autorizada judicialmente. Supressão de instância com rela-
ção a um dos pacientes. Presença de indícios razoáveis da prática delituosa.
Indispensabilidade do monitoramento demonstrada pelo modus operandi dos
delitos. Crimes punidos com reclusão. Atendimento dos pressupostos do art. 2º,
i a iii, da lei 9.296/96. Legalidade da medida. Ausência de preservação da inte-
gralidade da prova produzida na interceptação telefônica e telemática. Violação

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aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da paridade de armas. Cons-
trangimento ilegal evidenciado. Habeas corpus não conhecido. Ordem conce-
dida, de ofício. I.. [S. l.: s. n.], 2010. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/pro-
cesso/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegis-
tro&termo=201000153608&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=proces-
sos.ea. Acesso em: 6 dez. 2019.

SEGURANÇA PÚBLICA (Brasil, São Paulo, SP). Secretário de Segurança Pú-


blica. 12/12/2008. Resolução SSP-336, de 11-12-2008 Dispõe sobre os procedi-
mentos referentes à formalização da apreensão, acondicionamento, guarda e
incineração de drogas no Estado de São Paulo. Resolução SSP-336, de 11-12-
2008 : Dispõe sobre os procedimentos referentes à formalização da apreensão,
acondicionamento, guarda e incineração de drogas no Estado de São Paulo, São
Paulo, 12 dez. 2008.

PROJETO DE LEI ANTICRIME. Projeto de Lei nº 2019, de 3 de fevereiro de


2019. Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o Decreto-Lei
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, a Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965, a Lei
nº 7.210, de 11 de julho de 1984, a Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, a Lei nº
8.429, de 2 de junho de 1992, a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei nº
9.613, de 3 de março de 1998, a Lei nº 10.826, de 23 de dezembro de 2003, a
Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, a Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008,
a Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009, a Lei nº 12.850, de 2 de agosto de
2013, e a Lei nº 13.608, de 10 de janeiro de 2018, para estabelecer medidas
contra a corrupção, o crime organizado e os crimes praticados com grave violên-
cia à pessoa. PROJETO DE LEI ANTICRIME : ANTEPROJETO DE LEI Nº , DE
2019.

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