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CENTRO UNIVERSITARIO DA REGIÃO DA CAMPANHA

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

ALINE SOARES PEREIRA

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS


ATENDIMENTOS CLINICOS E CIRURGICOS EM PEQUENOS ANIMAIS

BAGÉ
2021
ALINE SOARES PEREIRA

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS


ATENDIMENTOS CLINICOS E CIRURGICOS EM PEQUENOS ANIMAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Centro Universitário da Região da Campanha -
URCAMP, no curso de Medicina Veterinária para
obtenção do título de Bacharel em Medicina
Veterinária.

Orientadora Prático Profissional: Luisa Quadros dos Santos


Méd. Vet.

Orientadora Acadêmica: Lenir Gonçalves Leite


Méd. Vet. MSc.

BAGÉ
2021
ALINE SOARES PEREIRA

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS


ATENDIMENTOS CLINICOS E CIRURGICOS EM PEQUENOS ANIMAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário da


Região da Campanha- URCAMP, no curso de Medicina Veterinária para
obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária.

Banca Examinadora

____________________________________________________
Nome do Examinador

____________________________________________________
Nome do Examinador

____________________________________________________
Nome do Examinador

Conceito: ____________________________________________

Bagé, _____ de ______________ de 2021.


AGRADECIMENTOS

A frente de tudo meu maior agradecimento ao meu líder, por ter me


dado o dom da vida, me guiado por todos os anos vividos até aqui com
muita saúde e proporcionado essa realização onde tenho a certeza de que
estava sempre comigo, aumentando a minha fé a cada dia, e
principalmente por ter colocado o amor a Medicina Veterinária em meu
coração ainda criança. Deus, a quem devo a minha vida e tudo que provém
dela.

Aos meus pais por terem me criado e ajudado com os gastos


durante esses anos de formação. Mesmo não estando mais junto a mim
fisicamente, acredito que onde quer que esteja meu pai me protege e
intercede por mim durante meu destino aqui.

Aos tantos outros familiares que não citei, mas sempre estiveram do
meu lado e da mesma forma merecem meu sincero obrigada, amo vocês.

As minhas amigas e colegas inseparáveis que ingressaram junto a


mim na turma de 2016/1 que irei levar para sempre no meu coração por
todo incentivo, pelas partilhas de experiência de vida e por todo apoio nos
momentos difíceis, vocês nunca serão esquecidas.

As minhas companheiras de mate, festas e vida, as quais concluem


essa jornada junto a mim, Victória Scardoelli e Giovana Jardim. Obrigada
por sempre se fazerem presente.
Em especial ao amor da minha vida, minha filha Martina, que me
impulsionou e inspirou ser melhor, me deu força para seguir e prevalecer
no meu caminho ao fim da faculdade, com certeza ela é minha luz divina.

Aos professores da Urcamp por todo o conhecimento e


ensinamentos que me foram transmitidos ao longo desses seis anos de
graduação, foi um privilégio ser aluna de todos vocês.

A minha orientadora acadêmica que desde as primeiras aulas no


primeiro semestre sempre soube que seria minha escolhida. Professora
Lenir, não existem palavras para lhe agradecer, por todo apoio,
compreensão e dedicação para com nós nessa etapa decisiva de nossas
vidas.

Incansavelmente agradeço a Clínica Bagévet, por ter me acolhido


de uma forma calorosa, onde todos os dias eu aprendia com muita
dedicação dos profissionais a quais eram meus mestres, e também amigos.

A minha orientadora de estágio Luísa Quadros dos Santos por ter


me guiado e estado sempre junto durante o desenvolvimento deste
trabalho. Serei eternamente grata.

Aos outros dois médicos veterinários que compartilharam junto a


mim a rotina diária dentro da clínica, Richelle Jardim e Rogers Gomes.
Muito obrigada por todas as oportunidades de aprendizagem que me
proporcionaram.
"O Senhor é o meu pastor e nada me faltará.
Deita-me em verdes pastos e guia-me mansamente em águas tranquilas.’’

Salmo 23.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fachada da clinica veterinária Bagévet


Figura 2 – Recepção da clínica
Figura 3 – Consultório de fisiátrica
Figura 4 – Consulta de uso diário na clínica
Figura 5 - Ambulatório
Figura 6 – Sala do blobo cirurgico
Figura 7 – Sala da internação
Figura 8 – Sala de realização dos exames laboratoriais
Figura 9 – Momento em que a ligadura é efetivada
Figura 10 – Útero e ovários exteriorizados
Figura 11 - Pinças hemostáticas garantindo a hemostasia dos vasos
Figura 12 – Imagens das radiográficas torácicas e traquéia cervical da
paciente
Figura 13 – Ouvido esquerdo da paciente com secreção amarelada
Figura 14 – Área tricotomizada para punção aspirativa com agulha fina
(PAAF).
Figura 15 – Imagem do tapete higiênico no domicilio do paciente
Figura 16 – Felino com suspeita de esporotricose, com lesões ulceradas na
face
Figura 17 – Teste reagente ao vírus da cinomose
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Procedimentos clínicos acompanhados durante o estágio


curricular na clínica Bagévet

Tabela 2 – Tipos de cirurgia acompanhadas durante o estágio curricular na


clínica Bagévet

Tabela 3 – Procedimentos acompanhados na internação durante o estágio


curricular na clínica Bagévet
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% Porcentagem
/ Por
® Marca registrada
CAAF Citologia aspirativa por agulha fina
ELISA - Ensaio imune enzimático
h Hora
Kg quilograma
min Minuto
ml Mililitro
mg Miligrama
OSH Ovariosalpingoisterectomia
PAAF Punção aspirativa com agulha fina
LISTA DE MEDICAMENTOS

Nome Comercial Princípio Ativo Laboratório Apresentação

1 Acepran® Acepramazina 1% Vetnil Solução injetável

2 Mytedom® Cloridrato de Metadona Cristália Solução injetável

3 Propofol-PF %1® Propofol Polifarma Solução injetável

4 Cetamin® Cetamina Syntec Solução injetável

5 Solução fisiologica® Cloreto de sódio a 0,9% Farmarin Solução injetável

6 Rialcool® Alcool Etílico 70% Rioquímica Solução

7 Riodeine ® Iodo Rioquímica Solução


8 Rifotrat® Rifamicina Natulab Spray

9 Cloridrato de
Cloridrato de Tramadol Hipolabor Solução injetável
Tramadol®

10 Agemoxi® Amoxiciclina Tri-hidratada Agener União Solução injetável

11 Biodex® Dexametasona Biofarm Solução injetável

12 Metilvet® Metilprednisolona 5mg Vetnil Comprimidos

13 Dipirona® Dipirona sódica Teuto Gotas

14 Isoflurano® Isoflurano Biochinico Solução

15 Ceftrioxona sódica® Ceftrioxona sódica Eurofarma Solução injetável

16 Flobiotic® Enrofloxacina 150mg Syntec Comprimidos

17 Meloxinew® Meloxicam 4mg Vetnil Comprimidos

18 Canderm® Metronidazol 400mg Legrand Comprimidos

19 Pomada
Cicatrizante® Cloreto de Benzalcônio Ibasa Pomada
20 Chemetril® Enrofloxacina Chimetec Solução injetável

21 Flamavet®
Meloxicam 2% Agener União Solução injetável

22 Dipirona® Dipirona sódica Ibasa Solução injetável

Cloridrato de clindamicina
23 Oralguard® Cepav Comprimidos
150mg

24 Enalaprev® Maleato de Enalapril 5mg Cepav Comprimidos

25 Furolisin® Furosemida 10 mg Vetnil Comprimidos

26 Silmarina® Silimarina 90mg Manipulação Comprimidos

27 Clorexidina® Clorexidina dergemante 2% Vicpharm Solução

Ácido salicílico, Ácido lático,


28 Clean ears® Ibasa Solução
Extrato de Aloe vera

Cetoconazol; Sulfato de
Tobramicina; Fosfato Sódico
29 Otoguard® Cepav Gotas
de Dexametasona; Cloridrato
de Lidocaína

Orbifloxacino, Furoato de
30 Posatex® MSD Gotas
mometasona e Posaconazol.
31 Metilvet® Metilprednisolona 20mg Vetnil Comprimidos

32 Hiclyn® Cloridrato de Clindamicina Hypofarma Solução injetável

Vitamina B1,Vitamina B2,


Vitamina B6,Vitamina B12,
Vitamina K3,Pantotenato de
33 Hemolitan Gold® Vetnil Comprimidos
Cálcio, Ácido Nicotínico, Ácido
Fólico, Cobre, Cobalto, Ferro,
Zinco, Glicose
Ácido Aspártico; Ácido Fólico;
Ácido Glutâmico; Ácido
Linoléico; Ácido Linolênico;
Ácido Nicotínico; Ácido
Oléico; Alanina; Amido;
Arginina; Betaína; Biotina;
Cisteína; Cloro; Cobalto;
Cobre; Colina; Cromo;
Fenilalanina; Ferro Fruto
Oligossacarideos; Glicina;
Glicose; Hidroxiprolina;
Histidina; Iodo; Isoleucina;
34 NutraLife® Glutamina; L-Carnitina; Vetnil Suplementos
Leucina; Lisina; Magnésio;
Mananoligossacorideo;
Manganês; Metionina;
Pantotenato de cálcio;
Potássio; Prolina; Selênio
Serina; Sódio; Taurina;
Tirosina; Treonina; Triptofano;
Valina; Vitamina A; Vitamina
B1; Vitamina B12; Vitamina
B2; Vitamina B6; Vitamina C;
Vitamina D3; Vitamina E;
Vitamina K3; Zinco.

35 Silimarina® Silimarina 300mg Manipulação Comprimidos


Cloridrato de ciproeptadina,
36 Cobavital® Abbott Comprimidos
cobamamida

37 CefaSid® Cefradroxila 220mg Vansil Comprimidos

38 Meloxinew® Meloxicam 1mg Vetnil Comprimidos

Extrato de arando;
39 Cistimicin®
Betaglucanas Avert Comprimidos

40 Flamavet® Meloxicam 0,2mg Ager União Comprimidos

Cloridrato de Clindamicina
41 Oralguard® Cepav Comprimidos
50mg

42 Itraconazol® Itraconazol 250mg Manipulação Cápsulas

43 Antara® Levetiracetam 250mg Eurofarma Comprimidos

44 Gardenal® Fenobarbital 40mg/ml Sanofi Solução

45 Ribavirina Ribavirina 530mg Manipulação Comprimidos

46 Leucogen® Timomodulina 20mg Ache Comprimidos


LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Laudo do exame ultrassonográfico abdominal total de uma


canina submetida a mastectomia simples

Anexo B – Laudo do exame radiográfico do tórax e traquéia cervical de uma


canina com insuficiência cardíaca congestiva

Anexo C – Hemograma completo de uma canina diagnosticada com


linfossarcoma

Anexo D – Bioquímico de uma canina diagnosticada com linfossarcoma

Anexo E – Laudo do exame CAAF de uma canina diagnosticada com


linfossarcoma

Anexo F – Hemograma completo de um canino diagnosticado com


hiperplasia prostática

Anexo G – Bioquímico de um canino diagnosticado com hiperplasia


prostática
Anexo H – Laudo ultrassonográfico de um canino diagnosticado com
hiperplasia prostática

Anexo I – Hemograma completo de uma canina diagnosticada com


cinomose
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................................19

1 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................21


1.1 CASOS CIRURGICOS ...........................................................................................21
1.1.1 Orquiectomia .....................................................................................................21
1.1.2 Piometra..............................................................................................................23
1.1.3 Mastectomia simples.........................................................................................27
1.2 CASOS CLÍNICOS.................................................................................................29
1.2.1 Insuficiência cardíaca congestiva....................................................................29
1.2.2 Otite externa ......................................................................................................31
1.2.3 Linfossarcoma ..................................................................................................33
1.2.4 Hiperplasia prostática ......................................................................................36
1.2.5 Suspeita de esporotricose ...............................................................................37
1.2.6 Cinomose ..........................................................................................................41
.
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................................45
2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ...............................................................45
2.2 CASUÍSTICA DA CLINICA.....................................................................................54
2.3 RELATO DE CASOS .............................................................................................57
2.3.1 Casos cirúrgicos ...............................................................................................57
2.3.1.1 Orquiectomia ....................................................................................................57
2.3.1.2Piometra.............................................................................................................60
2.3.1.3 Mastectomia simples.........................................................................................62
2.3.2 Casos clínicos.............................................................................................65
2.3.2.1 Insuficiência cardíaca congestiva...................................................................65
2.3.2.2 Otite externa....................................................................................................67
2.3.2.3 Linfossarcoma..................................................................................................69
2.3.2.4 Hiperplasia prostática......................................................................................72
2.3.2.5 Suspeita de esporotricose...............................................................................74
2.3.2.6 Cinomose........................................................................................................76
..
3 DISCUSSÃO...........................................................................................................79
3.1 CASOS CIRÚRGICOS....................................................................................79
3.1.1 Orquiectomia...............................................................................................79
3.1.2 Piometra......................................................................................................80
3.1.3 Mastectomia simples..................................................................................82
3.2 CASOS CLÍNICOS..........................................................................................84
3.2.1 Insuficiência cardíaca congestiva..................................................................84
3.2.2 Otite externa.....................................................................................................85
3.2.3 Linfossarcoma..................................................................................................86
3.2.4 Hiperplasia prostática......................................................................................87
3.2.5 Suspeita de esporotricose..............................................................................88
3.2.6 Cinomose..........................................................................................................90
.
CONCLUSÃO........................................................................................................92

REFERENCIAS.....................................................................................................93

ANEXOS..............................................................................................................102
19

INTRODUÇÃO

A medicina veterinária é o curso com uma vasta área de atuação,


sendo observados os profissionais habilitados trabalhando em vários
segmentos da saúde humana e animal. É possível notar o crescimento da
área de Clínica e Cirurgia de Pequenos animais, em decorrência da grande
procura no mercado pet (termo inglês que significa animal de estimação).
Nos últimos anos, o número de pessoas que possuem animais de
estimação em suas casas vem crescendo, onde mais do que companheiros
fieis, são hoje vistos e tratados como verdadeiros integrantes da família.
Seguindo esta análise, os proprietários buscam atendimento de
profissionais capacitados para sanar as enfermidade dos seus animais e
também prevenir, na tentativa de aumentar a expectativa de vida do seu pet
e condicionar bem estar a eles. De modo a corroborar com o aumento da
clinica e cirurgia de pequenos animais.
O estágio curricular profissionalizante permite que o aluno explore
de uma forma mais prática o conhecimento adquirido durante os anos de
graduação, vivenciando a rotina de um profissional experiente na área de
escolha. Conhecimento este que somente a prática diária aflora, estando
em contato direto com o mercado de trabalho.
A escolha da Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais vem
em virtude de ela possuir um campo de atuação muito amplo e variado, com
uma vasta área de especialidades e os procedimentos cirúrgicos
favorecerem a melhoria na qualidade de vida dos animais e servirem como
20

cura para algumas patologias, sendo de alta procura pelo mercado pet.
Neste trabalho de conclusão de curso relata-se a experiência obtida
no estágio curricular obrigatório dentro de uma Clínica Veterinária, descreve
o local do estágio, a casuística da clínica, o desenvolvimento de alguns
casos de maior interesse e revisões bibliográficas dos mesmos.
O estágio obrigatório foi realizado na Clínica Veterinária Bagevet,
que tem sua sede na cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul, localizada na
Rua General João Telles, 1568, no período de 26 de julho de 2021 a 13 de
outubro de 2021, totalizando 450 horas. O mesmo teve a supervisão da
médica veterinária Luisa Quadros dos Santos e foi orientado pela professora
MSc. Lenir Gonçalves Leite.
21

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 CASOS CIRURGICOS

1.1.1 Orquiectomia

Orquiectomia é o termo dado a técnica cirúrgica de remoção dos


testículos nos humanos e animais, sendo ela utilizada como método de
eleição no controle populacional, justamente por se tratar de um
procedimento simples, efetivo, funcional, seguro e que não acarreta danos
aos pacientes (SOUZA, 2019).
Refere-se a um dos procedimentos mais realizados em medicina
veterinária na clínica cirúrgica de pequenos animais, pois ajuda prevenir
doenças hormonais como prostopatias, adenomas perianais e hérnias
perineais, além de uma série de comportamentos indesejados, como a
marcação de território e agressividade com pessoas e animais (OLIVEIRA,
2012).
A orquiectomia trata-se não apenas de um procedimento de
prevenção de doenças e controle populacional, mas também como
tratamento de patologias relacionadas ao sistema reprodutor do animal,
algumas neoplasias testiculares e de escroto. As orquites, epididimites,
traumas ou abscessos são recomendados a esse procedimento como
tratamento (SOUZA, 2019).
Para Colville(2010) o sistema genital do macho tem como função
principal produzir hormônios sexuais e células reprodutivas. O sistema
reprodutor masculino é formado por um escroto, dois testículos, dois
epidídimos, dois cordões espermáticos, dois ductos deferentes, uma
próstata, uma uretra, um pênis e um prepúcio (HAFEZ, 2004).
Os testículos são envoltos pelo escroto, sendo ele um saco de tecido
músculo-cutâneo, que fica localizado entre a virilha e o períneo nos cães
22

(DYCE et al, 2010). Sua formação conta com duas camadas, sendo elas
uma externa e outra interna. A camada externa é constituída pela pele, e
nela contém pelos de quantidade variável de animal para animal. Já na
camada interna do escroto encontra-se a túnica dartos formada por fibras
elásticas e colágenas com uma musculatura lisa (HAFEZ, 2010). E
revestindo os testículos, internamente à túnica dartos está a túnica vaginal,
sendo esta uma membrana serosa que é uma extensão do peritônio
(SOUZA, 2019).
Segundo Boothe (2007) situados dentro do escroto, estão as
gônadas masculinas, os testículos, que são separados por um septo em
duas cavidades. Os testículos apresentam formato redondo-ovalado, e com
tamanho relativamente pequeno no cão, estando ligado ao epidídimo pelo
ligamento próprio do testículo (DYCE, 2010).
Souza (2019) descreve o epidídimo como um tubo enovelado
agregado ao testículo, produzindo uma massa endurecida posicionada ao
redor da face dorsolateral dos testículos dos animais, podendo ele ser divido
em cabeça do epidídimo, corpo do epidídimo e cauda do epidídimo.
Antecedendo o procedimento cirúrgico o animal deve ser submetido
a um exame físico criterioso, avaliando o estado geral do paciente, e
principalmente o exame clínico específico, examinando a presença de
ambos os testículos dentro da bolsa escrotal (OLIVEIRA, 2012;
SOUZA,2019).
Para Oliveira (2012) como rotina pré-operatória o animal deve ser
mantido em jejum sólido de seis a 12 horas antes da indução anestésica, e
hídrico de no mínimo quatro horas. E deve ser realizada uma tricotomia na
região entre o prepúcio e a bolsa escrotal. E após a remoção dos pelos,
fazer a preparação do campo operatório com solução antisséptica.
A técnica para a realização da orquiectomia é optada pelo cirurgião,
existindo várias abordagens de proceder com a mesma, e sendo
preconizado a que se adéqua melhor para cada caso (PONVIJAY, 2007).
Ponvijay (2007), pontua a existência de uma técnica tradicional de
23

orquiectomia em cães, sendo a mesma aberta ou fechada, sendo efetivada a


ligadura do cordão espermático com fios cirúrgicos.
Crane (2014) cita duas formas de abordagens cirúrgicas, podendo
prosseguir por uma incisão na região pré-escrotal ou perineal, para expor os
testículos, e logo após pode ser executado a técnica aberta ou fechada.
Na técnica aberta à incisão é realizada na túnica vaginal parietal, a
qual deve ser rompida junto a cauda do epidídimo com o auxílio de uma
tesoura, ou então, sob tensão manual. Apenas com os vasos, nervos e o
ducto deferente é efetivada a ligadura (CRANE, 2014)
Segundo Fossum (2014) na abordagem pré-escrotal a incisão na
pele é feita cranialmente à base da bolsa escrotal, na linha média, com
aproximadamente quatro centímetros de extensão. O cirurgião realiza uma
leve pressão para deslocar o testículo para a linha da incisão, o qual é
mantido firmemente na região pelos dedos do cirurgião.
A síntese do tecido subcutâneo é realizada a sutura Padrão X
(Sultan) simples ou contínuo, com fio absorvível. A pele é suturada em
padrão simples separado, com fio nylon (CRANE, 2014; OLIVEIRA 2012).

1.1.2 Piometra

O sistema reprodutor feminino é composto por um par de ovários


responsáveis pela produção de óvulos e hormônios, como o estrógeno e a
progesterona, um par de tubas uterinas capazes de captar e transportar os
óvulos em direção ao útero e também levar os espermatozóides até o local
da fecundação, um útero onde ocorre a nutrição e fixação de óvulos
fertilizados, um órgão copulador chamado de vagina que serve também
como canal para o parto e um vestíbulo que dá a continuidade da vagina
para o exterior na vulva (DYCE; SACK; WENSING, 1997).
Segundo Ellenport (1986) os ovários são estruturas pequenas e
ovaladas, estando o ovário direito localizado entre a parte direita do
24

duodeno e parte lateral abdominal, e o ovário esquerdo lateralmente


próximo ao baço. As tubas uterinas são duas estruturas pequenas,
apresentando entre cinco a oito centímetros de comprimento (LIMA, 2009).
O útero é um órgão bicórnico nas espécies domésticas, e continua
cranialmente como tubas uterinas (DYCE; SACK; WENSING, 1997).
A piometra é um processo inflamatório purulento, resultante do
acúmulo de secreção supurativa no lúmen do endométrio uterino,
juntamente a uma infecção bacteriana (CRIVELLENTI et al., 2019).
Processo subsequente á hiperplasia endometrial cística, decorrente a uma
invasão bacteriana gerando esse acúmulo de pus (TILLEY, L.P.; SMITH JR.,
F.W.K., 2008).
No decorrer do ciclo estral das cadelas o útero passa por mudanças
morfológicas pela ação de hormônios (OLIVEIRA et al 2008). Com maior
frequência o surgimento desta doença ocorre no período de diestro,
podendo vir a se desenvolver em qualquer estágio do ciclo estral
(FERREIRA e LOPES, 2000).
Trautwein et al. (2018) cita a ocorrência frequente em cadelas
idosas, mas podendo ocorrer em fêmeas jovens que utilizam estímulo
hormonal exógeno.
Dentre as bactérias em destaque a Escherichia coli demonstra mais
prevalência dentre as isoladas, tendo relevância também Staphylococcus
aureus, Streptococcusspp, Pseudomonasspp e Proteusspp (CHAN et al.,
2000; EGENVALL et al., 2000).
Essa doença pode ser diagnosticada como piometra aberta ou
piometra fechada, sendo nos casos onde a cérvix se encontra relaxada com
corrimento uterino, de coloração marrom avermelhado ou verde amarelado
pela vagina denominada piometra aberta. Já nos casos em que não há
presença de descarga vaginal, mas o abdômen se encontra distendido é
nomeada de piometra fechada, em virtude do impedimento da saída do
25

conteúdo infeccioso pela cérvix (VOLPATO et al., 2018).


Os sinais clínicos apresentados nas duas formas são apatia,
anorexia, desidratação, sensibilidade ao toque abdominal, vômito,
hipertermia e coloração anormal das mucosas (VOLPATO et al., 2018).
Nelson e Couto (2010) descrevem o diagnóstico através dos sinais
clínicos em fêmeas após o diestro ou procedidos ao uso de progestágenos,
presença de secreção vaginal séptica e aumento uterino. A confirmação do
aumento uterino,pela presença de conteúdo líquido e exclusão de gestação,
é feita pela ultrassonografia abdominal.
No hemograma o animal pode apresentar leucocitose severa,
podendo chegar até 100.000 a 200.000/µL (NELSON e COUTO, 2010).
Deve ser considerada suspeita qualquer fêmea não castrada,
independente de idade, que apresentar as manifestações clínicas durante
ou imediatamente após o estro (ETTINGER, 2004).
O exame ultrassonográfico é considerado o exame de eleição para
concluir o diagnóstico de piometra (CRIVELLENTI e CRIVELLENTI, 2012)
O tratamento depende da gravidade do quadro do paciente, sendo
possível realizar o tratamento medicamentoso ou terapia cirúrgica, sendo
essa a ovariosalpingohisterectomia (OSH). A técnica cirúrgica utilizada é a
mesma da OSH eletiva, contudo, o manuseio com o útero deve ser com
mais cautela, pois dependendo do grau de distensão do mesmo, ele pode
estar friável e romper-se facilmente dentro da cavidade abdominal (LIMA,
2009).
Oliveira (2007) menciona a OSH como o tratamento mais eficiente
em casos de piometra.
Segundo Fossum (2014) o animal é posicionado em decúbito dorsal
com assepsia e tricotomia do abdômen feitos previamente, o campo
cirúrgico é posicionado corretamente e fixado com o auxílio de pinças
Backhaus, sendo realizada uma incisão na pele e no tecido subcutâneo de
26

quatro a oito centímetros, visando expor a linha Alba.


Após a incisão na linha Alba, com auxílio de uma tesoura Mayo a
linha da incisão é estendida caudalmente e cranialmente. Tendo realizado a
celiotomia, o útero distendido é localizado e exteriorizado através de uma
tração manual, e não existe recomendação de utilizar o gancho de Covault
ou Snook para exteriorizar o útero como nas OSH eletivas (LIMA, 2009).
Cuidadosamente o útero é exteriorizado da cavidade e isolado com
auxílio de compressas estéreis, confirmando a anatomia e identificando a
bifurcação uterina até o ovário direito ou esquerdo. É identificado o
ligamento suspensório do ovário pela palpação, sendo este como uma
banda fibrosa e tensa na extremidade próxima ao pedículo ovariano. O
ovário é exposto através de uma tração caudolateral com os dedos no
ligamento suspensório, com cuidado para não romper os vasos ovarianos
(FOSSUM, 2014).
Oliveira (2012) descreve a técnica para realizar a ligadura próxima
ao ovário, através do auxílio de três pinças ou duas. A ligadura é feita
abaixo da terceira pinça proximal ao abdômen, sendo ela removida quando
o nó é fixado, e a secção é feita entre a primeira e a segunda pinça. Pinças
de Carmalt podem auxiliar o cirurgião para realizar a ligadura no pedículo
ovariano (LIMA, 2009).
A pinça proximal serve como guia para o nó, a média da segurança
para o cirurgião conferir a eficácia da ligadura, e a distal evita o refluxo
sanguíneo após a transecção (FOSSUM,2014).A técnica das três pinças
pode ser utilizada para a realização da ligadura no corpo do útero, craniais a
cérvice (OLIVEIRA, 2012).
Circundando os vasos uterinos é aplicada a ligadura no corpo uterino
próxima a cérvix, e feito a transecção do corpo uterino. A síntese é feita nas
três camadas: linha Alba, tecido subcutâneo e pele. (FOSSUM, 2014).
Oliveira (2012) recomenda o uso de proteção da ferida cirúrgica com
27

o uso de colar Elizabetano ou roupa cirúrgica.

1.1.2 Mastectomia simples

Segundo Pinto et al. (2019) os animais acometidos por neoformação


nodular apresentam-se saudáveis no momento da consulta, e as massas
tumorais acabam sendo de fácil identificação através da palpação no exame
físico do paciente.
Em geral, os tumores se apresentam como nódulos bem delimitados
de tamanho variado, podendo também aparecer com formas variadas,
ulcerados, e com variedades de mobilidade e aderência (ESTRALIOTO; DE
CONTI, 2019).
As neoplasias de glândulas mamárias são os tumores com maior
incidência em cadelas, chegando em até 70% dentre todas as enfermidades
neoplásicas desenvolvidas na espécie canina. E 68% destas são
diagnosticadas como neoplasias malignas, e ocorrem com mais frequência
entre as fêmeas de sete a 12 anos de idade (DE NARDI et al.,2016).
Estralioto e De Conti (2019) descrevem os sinais clínicos
apresentados comumente como: dor intensa, inflamação local, edema,
endurecimento e espessamento da região.
Os exames complementares como a radiografia torácica devem ser
realizados antes da intervenção cirúrgica, levando em consideração o risco
de metástase pulmonar, em virtude de ser comum ocorrer metástase
torácica em 25 a 50% dos casos de neoplasias mamárias malignas. O
exame ultrassonográfico abdominal auxilia o diagnóstico de metástase a
distância, sendo recorrente o tumor mamário fazer metástase em órgãos
como baço e fígado (AQUINO, 2021).
Nunes (2015) cita a mastectomia como a abordagem terapêutica de
eleição para animais com tumores mamários, sendo levado em
28

consideração a extensão da lesão, tamanho e localização, para escolher a


técnica que será empregada na conduta terapêutica.
A mastectomia simples é a remoção cirúrgica de uma glândula inteira
que esteja acometida na sua região central ou maior parte dela, por um
tumor (FOSSUM, 2008).
Para Harvey (2005) e Fossum et al. (2005) se realiza uma incisão de
forma elíptica ao redor da glândula mamária que será extraída, um a dois
centímetros de distância do tumor. Sem incidir o tecido mamário, e com
profundidade em subcutâneo até a fáscia torácica externa (MACPHAIL,
2007; PAPAZOGLOU et al., 2014). As possíveis hemorragias superficiais
são controladas com auxílio de pinças hemostáticas e/ou ligaduras
(FOSSUM, 2008).
Cuidadosamente é feita a dissecação da mama com auxílio de uma
tesoura entre o subcutâneo e a fáscia adjacente, tracionando a pele para
ajudar a dissecação. Os vasos responsáveis pela irrigação das mamas
torácicas devem ser ligados (MACPHAIL, 2007).
Papazoglou et al. (2014) alerta sobre a dificuldade em realizar a
síntese de uma mastectomia em relação a diminuição do espaço morto e a
tensão na linha de incisão.
As bordas do ferimento são divulsionadas após a retirada das
massas tumorais, no sentido de prepará-las para a síntese (FOSSUM et al.,
2005). Segundo Harvey (2005) a aproximação das bordas é feita através de
pontos no subcutâneo com fio absorvível e sutura na pele com padrão
interrompido com fio inabsorvível.
Fossum et al (2005) relata o uso de analgésicos e terapia suporte no
pós-operatório e quando ocorrer a utilização de bandagens, as mesmas
devem ser trocadas todos os dias, nos primeiros dois dias após a cirurgia,
mantendo-as sempre secas. Sendo cessada a utilização das bandagens
após sete dias, e os pontos removidos em torno de dez dias.
Cassali et al. (2011) afirma que o prognóstico do animal depende
diretamente de fatores como malignidade do tumor, tamanho da neoplasia,
29

invasão tecidual e metástase em outros órgãos, para resultar em um


prognóstico bom ou ruim.

1.2 CASOS CLÍNICOS

1.2.1 Insuficiência Cardíaca Congestiva

Segundo Jericó (2014) para melhor compreensão do assunto é


necessário diferenciar dois conceitos básicos: insuficiência cardíaca e
insuficiência cardíaca congestiva. Sendo assim, durante a insuficiência
cardíaca ocorre uma inadequada ejeção do volume de sangue pelo coração
para aorta ou artéria pulmonar, gerando uma má oxigenação metabólica
tecidual. E na insuficiência cardíaca congestiva ocorre elevação na pressão
venosa pela função cardíaca debilitada impossibilitando o esvaziamento dos
reservatórios venosos, resultando em vasos congestos e líquido
extravasado em tecidos e cavidades.
Camacho e Pereira (1999) descrevem a insuficiência cardíaca
congestiva (ICC) como uma síndrome clínica ocasionada por outras
cardiopatias, sendo então o resultado final da disfunção sistólica e/ou
diastólica, que produz sinais clínicos de congestão, edema e inadequada
perfusão sanguínea. Em cães as cardiopatias mais citadas primárias a ICC
são degeneração da válvula mitral e cardiopatia dilatada (SCHOBER et. al
2010).
Uma ejeção ventricular defeituosa debilita a perfuração tecidual e a
competência do exercício. Frente a isso, o organismo utiliza mecanismos
compensatórios na tentativa de recuperar a perfuração tecidual,
30

desencadeando a síndrome congestiva (TRALDI JUNIOR, 2008).


A ICC pode afetar um ou ambos os lados do coração, quando refere
ao lado esquerdo é denominada de insuficiência cardíaca congestiva
esquerda (ICCE), e quando afeta o lado direito, é chamada de insuficiência
cardíaca congestiva direita (ICCD). Ao comprometimento dos dois lados é
nomeada como insuficiência cardíaca congestiva bilateral (CAMACHO,
2001; DE MORAIS, 2004).
De acordo com Pereira (2014), a sintomatologia apresentada pelo
animal depende a qual lado do coração a congestão está estabelecida.
Migalhas (2012), pontua que a insuficiência congestiva esquerda
ocorre quando há comprometimento no átrio e ventrículo esquerdo. O autor
sugere que nesses casos o aumento na pressão venosa pulmonar acarreta
em congestão e futuramente edema pulmonar, consequentemente o
surgimento de sinais clínicos como a tosse, dispneia, taquipneia e
intolerância ao exercício.
O edema pulmonar se desenvolve por um aumento na pressão
hidrostática nos vasos pulmonares levando a transudação de fluidos, no
começo para o espaço intersticial e posteriormente para os alvéolos,
formando o edema (COBB, 1998).
A ICC direita é resultante do aumento das pressões de enchimento
do ventrículo direito, a sobrecarga no volume no átrio direito é propagada a
circulação sistêmica ocasionando congestão e hipertensão venosa
sistêmica, desenvolvendo clinicamente hepatomegalia, ascite e edema
subcutâneo (KITTLESON, 1999; FUENTES, 1998).
Fuentes (1998) comenta a associação de ascite e a distensão da
veia jugular sendo indicativos de ICC direita.
Durante a ICC direita ocorre o extravasamento de líquido da
circulação venosa, pelo aumento na pressão hidrostática, para o espaço
pleural e peritoneal, como também para o interstício dos tecidos periféricos.
31

Assim sendo, quando a quantidade de líquido extravasado ultrapassa o


linear da drenagem feita pelos vasos linfáticos, surgem os sinais como
efusão pleural, ascite e edema periférico (JUCHEN, 2009).
O diagnóstico da doença é feito com base na história do paciente e
exame físico, associado a exames complementares como a radiografia
torácica, ecocardiografia, eletrocardiografia e mensuração da pressão
arterial (OYAMA, 2011).
Os sinais radiográficos de alteração inicial do ventrículo esquerdo
seriam a margem caudal do coração perder sua curvatura interna na cintura
cardíaca, a margem caudal ficar mais próxima a um ângulo reto com o
esterno e ainda é evidenciado o alongamento do ventrículo esquerdo
causando um desvio dorsal da traquéia terminal. (KEALY; MCALLISTER,
2005)
Oyama (2011) fala sobre a presença de creptações na auscultação
durante o exame físico em cães com edema pulmonar.
De forma geral, o tratamento para a insuficiência cardíaca congestiva
consiste na melhoria na qualidade de vida do animal, aliviando seus sinais
clínicos. A terapia abrange fármacos inotrópicos positivos, diuréticos, e
inibidores da enzima conversora da angiotensina. É recomendado ao
paciente a diminuição de exercícios físicos (BONAGURA ; LEHMKUHL,
2003).
Nelson e Couto (2001) acrescentam ao tratamento uma dieta com
restrição de sódio.

1.2.2 Otite externa

O cão apresenta três regiões distintas anatomicamente, sendo elas:


orelha externa, orelha média e orelha interna. Sendo a orelha externa
32

formada por pavilhão auditivo, meato acústico externo e membrana


timpânica (GREGORIO, 2013).
Segundo Custódio (2019) a orelha externa e a média dão existência
a um aparelho de captação e condução de sons, e a orelha interna
apresenta finalidades ligadas à audição e equilíbrio.
O conduto auditivo é envolvido de células epiteliais que se compõem
de glândulas apócrinas modificadas, responsáveis pelo cerume (TILLEY,
L.P.; SMITH JR., F.W.K, 2014).
Souzaet al. (2017) define a otite externa como uma inflamação do
ouvido externo, comprometendo o pavilhão auricular até a parede externa
da membrana timpânica. Essa afecção pode ser descrita como inflamação
crônica ou aguda, ainda quanto a sua lateralidade, unilateral ou bilateral
(GHELLER et al, 2017).
Existem os fatores que predispõem a ocorrência de otite externa,
contudo sozinhos não são capazes de desenvolver a doença, como ocorre
em animais que apresentam o pavilhão auditivo pendular e o canal auditivo
externo preenchido por pelos como nas raças Poodles e Cocker Spaniels. E
existem também os fatores primários que por si só levam a inflamação do
conduto, como pode ocorrer em qualquer trauma ao canal auditivo (SILVA,
2014).
Frequentemente O uso de objetos para limpar os canais auditivos
pode causar lesões, e a retirada dos pelos pode ocasionar inflamação
traumática no local (FONSECA, 2018).
A sintomatologia mais comum em casos de otite externa inclui
eritema, maneios cefálicos, prurido auricular, odor fétido, animal arisco ao
toque nas orelhas (TILLEY; SMITH, 2008).
O diagnóstico da otite na rotina clínica é feito com base na
anamnese, um exame clínico otológico eficiente e o animal apresentar-se
responsivo a terapia instituída (LIMA, 2011).
Gregório (2013) cita o uso de citologia como um método auxiliar de
diagnóstico e podendo ser utilizada no decorrer do tratamento para
33

acompanhar a eficácia da medicação estipulada.


Para Fonseca (2018), o tratamento para otite consiste em reconhecer
e tratar os fatores primários e predisponentes, realizar a limpeza do conduto
auditivo para remoção dos exsudados e detritos, instituir uma terapia tópica,
estabelecer umtratamento sistêmico quando necessário, conter os fatores
que impossibilitam a resolução da doença, observar a resposta ao
tratamento instituído e educar o tutor sobre a limpeza e manutenção
auricular.
Custódio (2019), cita a cultura e o antibiograma para estabelecer a
terapia medicamentosa adequada, no entanto na medicina veterinária essa
prática não tem muita ocorrência na rotina clínica.
A higienização do canal auditivo com ceruminolíticos tópicos deve
ser exercida de maneira delicada, sem uso de força, precedendo a
administração da terapia tópica, e não deve ser realizada mais de uma vez
ao dia (GREGÓRIO, 2013).

1.2.3 Linfossarcoma

Linfossarcoma ou linfoma maligno caracteriza uma neoplasia linfoide


gerada pela proliferação descontrolada de células do tecido linfoide, como
baço, fígado e linfonodos, podendo acometerno futuro qualquer tecido do
organismo (MATTOS; REIS, 2017).
A etiologia da enfermidade ainda é especulada e desconhecida,
diferente do linfoma dos felinos e bovinos que é associado a um vírus
(FIGHERA; SOUZA; BARROS, 2002).
Segundo Moura et al. (1999) existem as raças com maior prevalência
em desenvolver a doença, sendo elas a Golden Retriever, Boxer, Poodle,
ChowChow, Bulldog, São Bernardo, e também é mais observada em animais
com idade entre cinco e 11 anos.
Autores como Fighera, Souza e Barros (2002)indicam uma
classificação do linfossarcoma mais utilizada na medicina veterinária, sendo
34

esta quanto à localização do tumor, como multicêntrico, alimentar,


mediastínico, cutâneo e extranodal.
O linfoma multicêntrico acomete tanto os linfonodos superficiais
quanto os profundos, o baço, o fígado, as tonsilas e a medula óssea, sendo
a forma caracterizada pelo aumento bilateral dos linfonodos superficiais,
preferencialmente dos mandibulares, pré-escapulares e poplíteos. Os sinais
clínicos evidenciados são caquexia, anorexia, desidratação, em casos que o
tumor atinge o fígado pode ocorrer icterícia de mucosas pela
hiperbilirrubinemia indireta e ascite por hipoproteinemia(ANDRADE, 2006).
A forma alimentar é caracterizada pelas neoplasias no trato
gastrointestinal e ou nos linfonodos mesentéricos. Morfologicamente a
neoplasia pode ocorrer de forma difusa, com infiltração extensa da lamina
própria e submucosa, e animais com essa condição apresentam a síndrome
da má absorção, e consequentemente caquexia, esteatorreia e diarreia.
Podendo também apresentar a forma nodular com espessamento segmentar
do intestino, que por sua vez pode resultar em obstrução parcial do intestino
(FIGHERA; SOUZA; RODRIGUES; BARROS, 2006). Animais com
linfossarcoma alimentar podem apresentar vômito, diarreia, melena e perda
de peso (ANDRADE, 2006).
Para Moura et al. (1999) a forma mediastínica é rara nos caninos e
quando instalada acomete o timo e os linfonodos regionais.
Cardoso et al. (2004) descreve o linfoma em uma apresentação
cutânea onde podem ocorrer lesões multifocais ou generalizadas, nodulares
ulceradas com presença de prurido, alopecia e seborreia.
A forma extranodal é descrita como o comprometimento de qualquer
tecido que não pertença ao sistema linfoide. O tumor linfoide isolado pode
ocorrer em qualquer órgão do organismo, incluindo a pele, o sistema
nervoso central, osso, testículo, bexiga urinária, coração, cavidade nasal e
vasos sanguíneos. Os sinais clínicos podem variar de acordo com o sistema
envolvido (RIBEIRO et al., 2015).
Nelson e Couto (2001) citam os exames confirmatórios da doença
35

através da aspiração do órgão afetado por agulha fina para avaliação


citopatológica ou biópsia incisional para o histopatológico dos tecidos
acometidos. Em média 90% dos cães submetidos a avaliação é conclusivo
apenas com a citologia, e 10% é necessário a remoção do linfonodo para o
diagnóstico.
O diagnóstico também pode ser associado aos exames de raio x do
tórax e abdômen, ultrassonografia e exames laboratoriais, sendo eles
hemograma, perfil bioquímico com dosagem de cálcio e perfil sérico renal e
hepático, e urinálise, que indicam o nível de comprometimento do organismo
do animal (ANDRADE, 2006).
Figheraet al.(2002) fomenta os aspectos citológicos de linfonodos
aspirados caracterizando uma proliferação neoplásica de grandes linfócitos,
com os núcleos formados por cromatina frouxa e núcleos explícitos
(linfomas linfoblásticos). E existem casos onde ocorre a proliferação de
pequenos linfócitos com características anormais discretas (linfomas
linfocíticos).
As alterações observadas no hematócrito são inconclusivas para o
diagnóstico e, assim, a realização do hemograma para definir o quadro do
paciente não é primordial, embora muitos autores descrevam o
aparecimento de linfocitose nos pacientes acometidos. Em um experimento
realizado em 72 animais afetados pelo linfoma se evidenciou que 20%
apresentavam linfocitose no exame, e 25% desenvolveram linfopenia
(FIGHERA et al., 2002). A anemia é o achado mais recorrente em pacientes
com linfoma, sendo esta normocítica normocrômica (CÁPUA et al., 2011)
A conduta terapêutica preconizada em pacientes com linfoma
consiste na quimioterapia antineoplásica. Os quimioterápicos mais citados
na bibliografia são Doxorrubicina, L-asparaginase, Vincristina,
Ciclofosfamida e Prednisona ou Prednisolona. A cirurgia, a radioterapia, ou
ambas, podem ser utilizadas no tratamento de linfomas localizados antes ou
durante a quimioterapia (NELSOM; COUTO, 2001).
Andrade (2006) sugere uma sobrevida de 12 a 16 meses em animais
36

tratados e apenas 20% dos animais tratados chegam à margem de 24


meses, no entanto, animais não tratados apresentam uma expectativa de
vida inferior a oito semanas.

1.2.4 Hiperplasia prostática

A hiperplasia prostática é uma enfermidade na qual a próstata


encontra-se aumentada de tamanho, resultante de um estímulo hormonal
constate (DIAS et al, 2002). Fossum (2012) indica que a ocorrência mais
comum é em cães idosos e com testículos funcionantes.
Segundo Ettinger (1992) a hiperplasia é comum em cães com
idade acima de cinco anos, sem predisposição de raça e embora raro, pode
não demonstrar sintomatologia clínica relevante, sendo comum em sua
evolução desenvolver processos inflamatórios, bacterianos e formações
císticas.
Os sinais clínicos mais comuns na patologia são tenesmo anal,
hemáturia ou corrimento uretral transparente, disúria, anorexia, vômito, dor
abdominal caudal. (JOHNSTON et al., 2001; DIAS et al, 2002).
Os cistos prostáticos são rotineiramente identificados em cães com
hiperplasia prostática simultaneamente. A ocorrência é gerada pela
obstrução dos canalículos da glândula, que leva ao acúmulo de fluído
criando o cisto (Smith, 2008).
Slatter (1998) salienta a importância da biópsia para o exame
histopatológico para chegar ao diagnóstico definitivo, contudo, a indicação
na rotina se dá em casos raros onde o animal não demonstra resposta ao
tratamento.
Barsanti (1989) relata que a maioria dos animais acometidos são
assintomáticos durante a doença, mas em alguns casos o animal pode
apresentar corrimento hemorrágico uretral.
A etiologia da enfermidade ainda não está bem explanada, estudos
sugerem o envolvimento de alterações relacionados à idade e hormônios
37

como a testosterona (KLAUSNER et al., 1994).


Howard (1980) descreve a ocorrência de infecções urinárias como a
cistite através da retenção urinária, ocasionada pelo aumento da próstata
que impossibilita o esvaziamento completo da bexiga.
Na rotina clínica o diagnóstico da hiperplasia consiste na avaliação
dos sinais clínicos e a confirmação do aumento da próstata (GULARTE et
al., 2018). Para Robertson (1996) os sinais clínicos juntamente a palpação
retal levam à suspeita da hiperplasia prostática, os exames de urinálise,
hemograma completo, bioquímico, exame radiográfico com ou sem contraste
e ultrassonografia corroboram no diagnóstico.
Gularte et al. (2018) descreve o exame ultrassonográfico como
método auxiliar de diagnóstico mais recomendado, sendo este um
procedimento não invasivo, que permite visualizar detalhadamente o
tamanho e morfologia prostática.
O tratamento de eleição para cães é a orquiectomia, sendo relatada
a diminuição de 70% do volume da próstata após a castração (Johnston et
al., 2000). Em uma pesquisa feita em cães diagnosticados com hiperplasia
prostática, os animais apresentaram 81% do volume prostático reduzido em
90 dias após a orquiectomia (BRANDÃO et al., 2006).
A castração é o tratamento de escolha por levar à involução da
próstata após algumas semanas pela remoção da fonte de testosterona (Kay
et al., 1994).
Fossum et al. (2012) pontua o tratamento cirúrgico como a castração
para pequenos cistos prostáticos.

1.2.5 Suspeita de esporotricose

A esporotricose é uma doença zoonótica que foi descrita no Brasil


pela primeira vez em 1907 pela ocorrência em homens e ratos (LUTZ;
SPLENDORE, 1907). Em 1954 surgiram os relatos da possível transmissão
38

da doença envolvendo o homem e o gato (SAMPAIO et al., 1954).


Comumente chamada de doença do jardineiro ou doença da roseira,
foi a forma que a doença ficou conhecida, em virtude do alto número de
pessoas que trabalhavam ou manipulavam a terra, como jardineiros,
trabalhadores rurais e pessoas em contato direto com espinhos, se
contaminarem com a Esporotricose (BARROS et al., 2001)
É causada por um fungo dimórfico do gênero Sporothrixspp o qual
abrange seis espécies descritas por todo o mundo como S. mexicana, S.
albicans, S. pallida, S brasiliensis, S. globosa e S. schenckii. Sendo
oS.schenckiide maior ocorrência relacionado à doença (GUSMÃO;
CASTILHO, 2017).
No Brasil a prevalência é do S. brasiliensis, e a região sul do Rio
Grande do Sul apresentando mil casos de Esporotricose identificados pelo
laboratório de Micologia da Universidade Federal de Pelotas (CAVALCANTI
et al., 2018).
É uma enfermidade que se instala em várias espécies, sendo os
felinos os mais diagnosticados e os de maior importância, contudo é
possível encontrar cães, ratos, equinos, bovinos, asininos, caprinos, suínos,
hamsters, aves domésticas e camelos infectados (OLIVEIRA, 2014).
Para que ocorra a infecção com o fungo é necessário que exista uma
lesão na epiderme que anteceda o contato direto do fungo com a pele.
Contudo, existe descrito também uma forma rara de infecção através da
inalação de conídios desenvolvendo uma forma sistêmica da doença
(SANTOS et al.,2018).
Silva et al. (2012) descreve a transmissão zoonótica através da
arranhadura ou mordedura dos animais infectados ou pelo contato direto
das lesões ou exsudato contaminados, em especial os felinos. E assim os
proprietários dos gatos doentes em casa e os médicos veterinários acabam
sendo os mais susceptíveis à infecção (SILVA et al., 2012).
Os felinos, sendo o macho não castrado com acesso à rua, o
principal envolvido com a disseminação, isso se deve ao hábito de arranhar
39

troncos de árvores, envolvimento em brigas com arranhões (SCHUBACH,


2013).
A doença engloba três formas clínicas descritas na literatura: a
cutânea, a linfocutânea e a forma disseminada. E o animal pode cursar mais
de uma forma clínica da doença ao mesmo tempo (MONTEIRO et al., 2008)
No cotidiano as lesões da Esporotricose se limitam as regiões da
face e tronco do animal, as extremidades podem ou não ser acometidas
também. As lesões típicas da enfermidade são caracterizadas por lesões
nodulares ou papulares, com alopecia, crostas e ulceração (MONTEIRO et
al., 2008).
A forma linfocutânea manifesta-se como pequenos nódulos na ferida
onde ocorreu a inoculação do agente e por sua vez atinge vasos linfáticos e
forma novos nódulos pela via linfática (GONTIJO, et al., 2011).
Em felinos a forma mais frequentemente relatada é a cutânea, e se
desenvolve com lesões papulonodulares ulcerativas com exsudato
purulento, com a presença de crostas espessas, localizadas na cabeça do
animal, na região dos olhos, nariz e orelhas, e nas extremidades dos
membros ou na base da cauda (MONTEIRO et al., 2008).
A evolução da doença pode levar a extensas áreas de necrose com
exposição da musculatura e ossos. No caso em especial dos gatos, em
virtude dos seus hábitos de lambedura, a doença pode se disseminar e
afetar outras áreas do corpo por auto-inoculação (MONTEIRO et al., 2008).
Pereira et al. (2010), pontua como locais mais acometidos sendo os
mais envolvidos durante as brigas entre os felinos, como a cabeça, as
extremidades dos membros e cauda. Os autores ainda afirmam que na
cabeça as lesões se concentram no plano nasal, na pina e na região
periocular.
São observados alguns sinais clínicos inespecíficos no decorrer da
patologia, sendo eles anorexia, perde de peso e desidratação (SCHUBACH
et al., 2004).
O método de diagnóstico da doença deve ser baseado no histórico
40

do animal, achados clínicos do mesmo, associados aos exames


complementares. Para isso pode ser utilizado um swab estéril (para cultura
micológica), esfregaço por aposição (imprint) em lâmina para citopatologia,
punção aspirativa por agulha fina para citopatologia, e a biópsia para o
exame histopatológico. A coleta com swab ou imprint em ambos os
procedimentos devem ser feitos após a limpeza da lesão com Clorexidina
degermante 2% auxiliado por gaze (SANTOS, 2017).
As opções terapêuticas para o tratamento da esporotricose são a
base de Fluconazol, Cetoconazol, Itraconazol, Iodeto de potássio, Iodeto de
sódio e Anfoterecina b (CAVALCANTI,2018).
O Itraconazol é o tratamento de eleição na dose de 5 a 10mg/kg, a
cada 24 horas, e a duração do tratamento deve persistir no mínimo 30 dias
após a remição das lesões (JERICO, 2014). Existe a indicação de oferecer a
medicação na hora do alimento do animal, em virtude desse antifúngico
causar vômito no animal (GUSMÃO; CASTILHO, 2017).
O Iodeto de Potássio é recomendado na dosagem de 20mg/kg a
44mg/kg a cada 12 a 24 horas, durante 60 dias no mínimo, em felinos,
usado com prudência pela sensibilidade dos gatos a essa medicação
(GONTIJO, et al., 2011).
Gremião et al. (2009) comenta sobre a Anfoterecina b que vem
ganhando destaque na associação ao Itraconazol em casos de falha do
medicamento isolado, e em casos refratários de Esporotricose.
Indiferente da medicação escolhida pelo médico veterinário, o
tratamento eficaz para a Esporotricose deve ser mantido por semanas
(PATEL; SCHAIKH, 2006). Existindo também a indicação de estender o
tratamento durante um ou até três meses após a cicatrização das lesões
(TOBIN; JIH, 2001).
A Esporotricose é uma doença zoonótica de potencial elevado, e
todos os cuidados devem ser tomados ao manusear os animais infectados.
Utilização de luvas na manipulação dos animais com lesões suspeitas,
tratamento e isolamento dos doentes até a cura total (MONTEIRO et al.,
41

2008).
O ambiente onde habita o animal acometido deve ser desinfectado
com Hipoclorito de Sódio, para não colaborar com a disseminação do fungo
a outros animais (MONTEIRO et al., 2008).
Barros et al. (2010), evidenciam a grande dificuldade em controlar os
animais infectados com a doença, principalmente pelos casos onde o
responsável pelo animal ao se infectar ou medo de que algum familiar se
infecte, acaba abandonando o animal na rua, o que propicia para a
disseminação da doença.
É importante salientar que nos casos suspeitos, os animais devem
ser contidos para evitar arranhões ou mordidas nos profissionais que
tenham contanto. O médico veterinário responsável pelo tratamento do
animal deve advertir os proprietários sobre o risco da transmissão para os
mesmos e seus familiares, indicando a higienização sempre após o contanto
com o infectado (MONTEIRO et al.,2008).

1.2.6 Cinomose

A cinomose é a enfermidade infectocontagiosa mais grave e letal que


acomete os cães, sendo ela recorrente no mundo inteiro (FREIRIAS, 2017).
Trata-se de uma doença não zoonótica, de alta morbidade, sem
preferência de sexo ou raça, sendo os animais jovens mais acometidos, no
entanto, pode atingir animais de qualquer idade (REZENDE et.al., 2009).
Segundo Jericó (2015) o agente causador da patogenia é um vírus
RNA, do gênero Morbilivirus, envelopado, de fita única, da família
Paramyxoviridae, e da espécie Vírus da Cinomose Canina (VCC).
A doença é considerada imunossupressora multissistêmica grave, e
no Brasil nos animais de companhia há relatos da doença desde 1944
42

(PINTO 1944, apud BLANCOU, 2004).


Há diversos hospedeiros, sendo os canídeos os mais suscetíveis a
infecções, e a taxa de mortalidade varia de 30 a 80% (CATROXO, 2003).
A principal fonte de infecção é o cão doméstico sendo ele também o
reservatório do vírus no ambiente. O ambiente coletivo como abrigos, pet
shops, canis em clínicas veterinárias, por exemplo, onde o convívio é
coletivo entre os cães, são locais propícios à disseminação da doença
(FREITAS, 2004).
O vírus da cinomose canina é relativamente lábel, e a exposição ao
calor a 55ºc durante uma hora e 60ºc durante 30 minutos o inativa,
permanecendo viável durante meses a anos no estado congelado. O VCC
também é inativado por detergentes, desinfetantes a base de amônia
quartenária a 0,3% durante 10 minutos, formol a 0,5% em quatro horas e
fenol a 0,75% em 10 minutos (NASCIMENTO, 2009).
Os animais acometidos pelo vírus da cinomose expelem o agente
nas secreções corporais, como urina, fezes, saliva, via placentária e
aerossóis (ALBUQUERQUE et al., 2013).
Santos (2009) salienta que a gravidade e duração do quadro clínico
depende diretamente da virulência do vírus infectante, a idade do animal
infectado e como se encontra o sistema imunológico do animal.
Os primeiros sinais clínicos que se evidenciam na doença são febre,
vômito, diarreia e dificuldade respiratória. Sendo entre o 8º e 9º dia podendo
apresentar picos febris até 41ºC, associados a anorexia, conjuntivite e
apatia do animal, podendo ainda a doença evoluir em quatro fases, sendo
elas: respiratória, gastrointestinal, nervosa e cutânea (MORAES, 2013).
O quadro respiratório da doença pode apresentar tosse seca ou
produtiva, pneumonia, secreção nasal, dificuldade respiratória, secreções
oculares, febre, inflamação da faringe, brônquios e aumento das tonsilas. A
doença gastrointestinal desenvolve vômito, diarreia eventualmente
sanguinolenta, anorexia, febre, predispondo a infecções secundárias. A
sintomatologia nervosa com alterações comportamentais como vocalização,
43

convulsões, movimentos de andar em círculo e pedalagem, contração


rítmica persistente de um ou um grupo de músculos (espasmos flexores),
paresia ascendente como uma ataxia dos membros pélvicos, bexiga,
mandíbula e reto. A forma cutânea é marcada por dermatite com pústulas
abdominais, hiperqueratose nos coxins podais e focinho, e é comum os
animais apresentarem também sintomatologia nervosa (NASCIMENTO,
2009).
Para Ettinger e Feldman (2008) o diagnóstico baseia-se na
anamnese, sinais clínicos e exames complementares. Existem diferentes
técnicas para diagnóstico laboratorial da doença, Freitas (2017) destaca a
pesquisa de corpúsculo de inclusão, análise de líquido cérebroespinhal,
imunofluorescência direta, imunohistoquímica, teste Elisa e RT-PCR.
No entanto, autores como Mendonça et al. (2010) ressaltam
dificuldade em realizar essas técnicas na rotina clínica em relação ao custo,
sendo boa parte dos diagnósticos feitos através da anamnese, histórico de
vacinação, sintomatologia e achados hematológicos.
O tratamento consiste em uma terapia suporte, melhorando a
qualidade de vida do animal, sendo preconizado o uso de antibióticos para
combater infecções secundárias, juntamente com a fluidoterapia (JERICÓ,
2015).
Ettinger e Feldman (2008) recomendam o uso de antibióticos de
amplo espectro associados a fluidoterapia e suplementação nutricional. Não
existe nenhuma droga específica para a cura da cinomose, e em quadros
neurológicos o uso de anticonvulsivante é indicado (OLIVEIRA; OLIVEIRA,
2010).
Existem algumas pesquisas sobre o uso da Ribavirina na terapia
antiviral da cinomose, mas ainda são raros os estudos sobre a eficácia
(PEREIRA, 2014).
Segundo Jericó (2015) o prognóstico do animal deve ser mantido
como reservado a ruim.
A vacinação de filhotes de seis a oito semanas de idade, com
44

intervalo de 21 dias, até atingirem 14 semanas, e novamente ao


completarem o primeiro ano de vida, e revacinação anual, constitui ainda o
melhor meio profilático de proteção para o animal. Na ausência do
calendário vacinal ou errata nas administrações das doses o animal está
sujeito a se contaminar e desenvolver a doença (OLIVEIRA; OLIVEIRA,
2010).
Doenças virais normalmente não apresentam sinais clínicos
patognomônicos, sendo observados muitos vírus com episódios patológicos
semelhantes e o vírus da cinomose possui sintomatologia bem ampla,
dificultando seu diagnóstico. Dentre os diagnósticos diferenciais existem as
doenças como a parvovírus, coronavírus, parainfluenza, raiva e
toxoplasmose. Em comparação com a parvovirose, o VCC causa diarreia
raramente sanguinolenta de forma moderada, enquanto a parvovirose
desenvolve diarréia severa sanguinolenta, de odor pútrido (NELSON;
COUTO, 2006).
Oliveira et al., (2009) pontua o prognóstico desfavorável para
caninos infectantes que desenvolvem sintomatologia nervosa.
45

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado no segundo semestre de 2021, no período de


26 de julho a 13 de outubro, na clínica veterinária Bagévet, localizada na
Rua João Telles, 1568, bairro Centro, em Bagé-RS (Figura 1).

Figura 1 – Fachada da clinica veterinária Bagévet

Fonte: Pereira (2021 )


46

A clínica conta com atendimento clínico, cirurgia, internação,


hospedagem, fisiatria, e laboratório clínico. Na sua estrutura existe uma
recepção com farmácia, dois consultórios, ambulatório, bloco cirúrgico, sala
de internação com canil/gatil, laboratório, dois banheiros, sala de convívio
dos funcionários, e pátio.
Responsáveis pelo atendimento são três médicos veterinários,
destinados ao tratamento clínico e cirúrgico de pequenos animais. O horário
de funcionamento é de segunda a sexta das 09h00min às 11h40min e das
13h30min ás 18h00min, aos sábados o funcionamento é só na parte da
manha. Possuindo também plantão 24 horas todos os dias.
A recepção abriga um balcão para atendimento como pagamentos e
informações pessoais para castrado de clientes, produtos para
comercialização sendo medicamentos na farmácia, rações ou petiscos e
produtos para o pet como brinquedos e coleiras (Figura 2). E também um
ambiente de espera das consultas.

Figura 2 – Recepção da clínica

Fonte: Pereira (2021)


47

O consultório de fisiatria conta em sua estrutura com uma mesa de


atendimento, computador, ultrassom, produtos de assepsia, materiais
utilizados no atendimento clínico como: estetoscópio, termômetro, luvas e
balança.
E os equipamentos de fisiatria como laser. Sendo a parte de fisiatria
não acompanhada neste trabalho de conclusão de curso.

Figura 3 – Consultório de fisiátrica

Fonte: Pereira (2021)

O segundo consultório onde eram realizadas as consultas diárias conta


com a mesma estrutura de atendimento e organização do anterior,
acrescentando apenas um balcão com pia (Figura 4).
48

Figura 4 – Consulta de uso diário na clínica

Fonte: Pereira (2021)

No ambulatório da clinica, onde somente os funcionários possuem


acesso, são realizadas as coletas de sangue dos animais, tricotomia,
aplicação de acesso venoso e algumas medicações quando não se quer
realizar junto ao tutor (Figura 5).
A sala possui uma mesa de inox para manipular o paciente, balança,
um armário com medicamentos variados, seringas, agulhas, curativos e
outros matérias utilizados na rotina diária. Outro armário com frascos de
medicações injetáveis mais utilizadas, como antibióticos, analgésicos e
antiflamatórios, com prateleiras com luvas, focinheiras e materiais de
assepsia.
Uma pia e lixos de acordo com o resíduo gerado, como perfuro
cortantes, contaminados e comum. Um canil/gatil para animais que estão no
aguardo para realizar exames na clínica.
49

Figura 5 - Ambulatório

Fonte: Pereira (2021)

O bloco cirúrgico é onde são realizados todos os procedimentos


cirúrgicos nos pacientes. Na sala tem uma mesa de inox com regulagem de
altura, armário onde são guardados os materiais cirúrgicos esterilizados,
luvas estéreis, toucas, máscara, campos operatórios e produtos para
realizar a assepsia pré-operatória. Uma mesa bancada de inox, um cilindro
de oxigênio, aparelho de anestesia inalatória, sugador cirúrgico, uma calha
para animais de pequeno e grande porte e tapete térmico (Figura 6).

.
50

Figura 6 – Sala do blobo cirurgico

Fonte: Pereira (2021)

Ao lado do bloco cirúrgico existe uma sala auxiliar com autoclave para
esterilização dos materiais cirúrgicos, com pia e alguns materiais
armazenados como papel toalha, alcóol 70% e água destilada.

A sala de internação é para pacientes que estão em tratamento de


doenças não infectocontagiosas, casos em observação e animais no pós-
operatório. A sala abrange vários leitos para os internados, nos gatis/canis
de aço, um balcão com pia para utilização com os internados, e no armário
são guardados os itens como potes de água e comida, tapetes higiênicos e
rações para os internados (Figura 7).

Animais infectados com doenças virais como Cinomose e Parvovirose


são encaminhados para outra clínica veterinária.
51

Figura 7 – Sala da internação

Fonte: Pereira (2021)

O laboratório clínico veterinário realiza os serviços como os exames


hematológicos e bioquímicos, urinalise, parasitológicos de fezes, pesquisa
de ácaros, bacteriológico com antibiograma, pesquisa de fungos, e também
os principais testes rápidos. A medica veterinária responsável pelo
laboratório realiza as analises dos exames hematológicos e bioquímicos e
testes rápidos na clínica, e os outros materiais são encaminhados para fora
(Figura 8).
O laboratório realiza as analises internas da clínica e os
encaminhados de outras clínicas. Podendo ser encaminhado o animal para
coleta na clínica ou apenas o material devidamente já coletado.
52

Figura 8 – Sala de realização dos exames laboratoriais

Fonte: Pereira (2021)

A rotina da clínica baseia-se nos atendimentos clínicos previamente


agendados ou não, e nas emergências. Durante a primeira consulta os
proprietários acompanhados dos seus animais preenchem na recepção uma
ficha com todos os dados para realizar o cadastro na clínica, sendo assim,
animais já cadastrados possuem os seus procedimentos e exames realizados
anteriormente.
53

Na recepção após a informação dos dados, os proprietários aguardam


serem chamados para consulta com o médico veterinário. No consultório o
paciente é examinado como um todo, enquanto o tutor responde dados para
a anamnese. Se for necessário realizar exames de sangue, o animal é levado
até o ambulatório para realizar a coleta de material, enquanto o tutor espera
no consultório. Ressaltando que é rotina da clínica o animal ser encaminhado
até o ambulatório.

Em casos que precisam de exame de imagem para concluir o


diagnóstico, o paciente é encaminhado para outro profissional especialista
em exame de imagem e agendado o retorno do animal com o laudo o quanto
antes.

No fim da consulta se o paciente esta apto a retornar ao seu lar o


proprietário é instruído sobre os cuidados com o mesmo, e o médico
veterinário realiza as orientações prescritas ao paciente. Em casos que o
animal necessita de cuidados especiais ou o tutor não consiga estabelecer o
tratamento em casa, o animal pode ficar internado na clínica sob os cuidados
dos médicos veterinários.

Nos casos emergenciais os pacientes são encaminhados direto para a


internação, sem protocolo de passar no consultório previamente.

A clínica conta com câmera vigilante na internação, para os animais


serem monitorados durante a noite. A clínica não possui funcionários 24h ao
dia, os veterinários ficam a disposição na clinica durante o horário de
funcionamento da mesma, e os plantonistas vão até a clínica durante os
horários de medicações no período da noite ou quando solicitados em
emergências.

Os animais internados recebem alimentação três vezes ao dia, e água


a vontade, se houver recusa em se alimentar é hábito serem alimentados
manualmente através de seringas ou sondas.
54

Parâmetros vitais como temperatura, batimento cardíaco, frequencia


respiratória são aferidos uma vez por turno. É observada a frequencia que o
animal urina por dia, em casos de ausência de micção medidas como
sondagem uretral podem ser realizadas.

Todo procedimento que necessite de sedação, invasivo ou não, como


as sondagens uretrais, esofágicas, exames de imagem em animais
agressivos ou manipulação que gere forte dor ao animal, os proprietários são
sempre avisados e solicitados uma autorização.

As camas dos pacientes são sempre limpas, e a temperatura da sala


de internação é baseada na estação do ano, mantida sempre agradável para
os animais. As medicações são de acordo a prescrição do médico veterinário
responsável pelo caso, nas horas e quantias indicadas.

As cirurgias eletivas são realizadas sob agendamento, conforme os


horários do cirurgião e anestesista. Precedendo as cirurgias é rotina da
clinica a solicitação de exame hematológico. Em casos de cirurgias de
emergência são desmarcados os agendamentos do dia e a mesma é
priorizada.

As vacinas são aplicadas no ambulatório e a são realizadas apenas


pelos médicos veterinários. E as vacinas são armazenadas no refrigerador.

2.1 CASUISTICA DA CLINICA

Durante a realização do estágio curricular foram acompanhados 118


atendimentos no setor clínico, sendo 82 (69,49%) consultas clínicas
(TABELA 1) e 36 (30,51%) imunizações. No setor cirúrgico foram
acompanhados 15 procedimentos (TABELA 2) e no setor de internação 248
atividades (TABELA 3).
55

Tabela 1 - Procedimentos clínicos acompanhados durante o estágio curricular na clínica


Bagévet.

Afecções/Sistema Nº de casos caninos Nº de casos felinos

Sistema Cardíaco 4 0

Sistema Tegumentar 12 3

Gastroenterologia/Hepatologia 15 4

Sistema Linfático 1 0

Fraturas 3 0

Doenças infectocontagiosas 4 2

Sistema Oftálmico 3 0

Sistema Respiratório 9 1

Sistema Urinário 7 2

Sistema Reprodutor 4 1

Doenças otológicas 7 0

Total 69 13

Fonte: Pereira (2021)

Tabela 2 – Tipos de cirurgia acompanhadas durante o estágio curricular na clínica


Bagévet.

_______________________________________________________________

Tipos de cirurgias Nº de casos %

_______________________________________________________________

Celiotomia exploratória 1 6,66%

Mastectomia 2 13,33%
56

OSH 5 33,33%

Orquiectomia 3 20%

Profilaxia ortodôntica 4 26,66%

Total 15 100%

Fonte: Pereira (2021)

Tabela 3 – Procedimentos acompanhados na internação durante o estágio curricular na


clínica Bagévet.

Tipos Nº de procedimentos %

Acesso venoso 78 12,52%

Aferição de glicose 2 7,25%

Cistocentese guiada por US 4 2,56%

Coleta para citopatológico 1 1,85%

Coleta para exame dermatológico 1 5,55%

Coleta de sangue 114 22,19%

Colocação de micro chip 8 0,28%

Corte de unhas 13 2,84%

Curativos ambulatoriais 16 3,41%

Eutanásia 3 0,99%

SNAP Cinomose 2 0,14%

Sondagem esofágica 1 0,28%

Sondagem uretral macho 1 4,13%

Swab para SNAP de Parvovirose 1 0,71%

Tala 1 1,56%

Transfusão sanguínea 2 0,28%

Total 248 100%

Fonte: Pereira (2021)


57

2.3 RELATOS DE CASO

2.3.1 Casos cirúrgicos

2.3.1.1 Orquiectomia

Foi atendido no dia 20 de agosto, mediante a agendamento, um


animal da espécie canina, macho, não castrado, da raça Shihtzu, pesando
5,200kg, com seis meses de idade, os tutores relataram que a vacinação
estava em dia, e o mesmo estava desvemifugado também.
Enquanto era realizada a anamnese os proprietários relataram que
optaram pela cirurgia como prevenção de doenças hormonais que poderiam
ocorrer futuramente, e por morarem em apartamento e desejarem abolir a
marcação de território. Foi realizado o exame físico no paciente, onde não
se evidenciou nenhum problema. E como rotina pré-operatória foi solicitado
o exame hemograma, e a coleta de sangue foi realizada em seguida, onde o
laudo não demonstrou alterações.
Os tutores trouxeram o paciente na primeira hora da manhã, com
jejum sólido e hídrico de 12 horas, e após o consentimento do tutor o animal
foi encaminhado para cirurgia.
No ambulatório foi feito a tricotomia da região pré escrotal como
preparação para cirurgia e foi administrado no animal como medicamento
pré anestésico de rotina Acepromazina 1% (1) na dose de 0,01mg/kg no total
de 0,005ml do medicamento associado a Cloridrato de Metadona (2) na dose
de 0,4 mg/kg no total de 0,20ml. E para a indução 2mg/kg de Propofol (3) ,
58

sendo 1,0ml e 2mg/kg Cetamina (4) , totalizando 0,1ml.


Em seguida foi realizada a tricotomia do membro anterior esquerdo
para ser inserido um acesso venoso na veia cefálica, com cateter número
24G(amarelo), e colocado um equipo macro gotas com solução
fisiológica0,9% (5) . Iniciados os efeitos da MPA, o paciente foi levado até o
bloco cirúrgico para começar o procedimento.
Já no bloco, na mesa cirúrgica o paciente foi posicionado em
decúbito dorsal e realizado a assepsia da região pré escrotal com álcool
70% (6), iodo (7) e álcool 70% (6) novamente. Em seguida foi fixado o campo
estéril com as pinças Backhaus, e feito um corte com tesoura romba no
campo para permitir acesso ao local que será incidido.
Iniciou-se o procedimento com o isolamento de um dos testículos,
realizando uma pressão com o polegar elevando o mesmo para o mais
próximo a área pré-escrotal, incidiu-se a pele e o tecido subcutâneo ao
longo da rafe medial no testículo isolado, continuando a incisão através da
fáscia espermática para exteriorizar o mesmo. A seguir incidiu-se a túnica
vaginal sobre o testículo. Após terminar a exteriorização do mesmo rompeu-
se o ligamento da cauda do epidídimo da túnica, enquanto era aplicada uma
pinça hemostática na mesma. Foram identificadas as estruturas do cordão
espermático individualmente, o cordão vascular e o ducto deferente foram
tracionados com auxílio de uma pinça hemostática, então se realizou uma
ligadura em massa circundando as duas estruturas (Figura 9), foi feito a
transeção do cordão vascular e do ducto deferente. Após isso foi verificado
que não havia sangramento local e retiradas as pinças hemostáticas.
Repetiu-se o mesmo processo com o outro testículo e após a retirada
dos dois testículos complementando a técnica foi feito uma sutura de
Lembert na camada subcutânea e posteriormente na pele com a sutura
Wolf. Por fim, foi feito a limpeza da área com água oxigenada e aplicado
Rifamicina (8) em spray.
59

Figura 9 – Momento em que a ligadura é efetivada

Fonte: Pereira (2021)


No pós-operatório foi colocado colar elizabetano, administrado
Cloridrato de Tramadol (9) na dosagem de 4mg/kg totalizando 0,4ml via
subcutânea, Amoxiciclina Tri-hidratada (10) 0,1mg/kg totalizando 0,5ml e
Dexametasona (11) na dose de 0,25mg/kg, totalizado 1,25ml .
Foi prescrito para casa Metilprednisolona (12) 5mg um comprimido a
cada 12 horas, durante cinco dias, após isso, um comprimido a cada 24
horas, durante três dias, Dipirona sódica (13) 500mg/ml na dose de 0,5ml/kg,
totalizando 2,5ml a cada 12 horas, durante três dias. Na prescrição higiênica
foi indicada a limpeza do local da cirurgia com solução fisiológica e
Rifamicina (8) em spray para aplicar no local da ferida durante dez dias.
Após os dez dias recomendados, o paciente retornou a clínica para
60

retirada dos pontos, onde o ferimento estava bem cicatrizado e o paciente


recuperado da cirurgia.

2.3.1.2 Piometra

Foi atendido no dia quatro de agosto, no período da noite no plantão


da clínica um animal da espécie canina, fêmea, não castrado, da raça
Pastor Maremano, com cinco anos, pesando aproximadamente 40kg.
Durante a anamnese o tutor relatou que o animal vive na Campanha e desde
o dia anterior não estava se alimentando, não conseguia se levantar e
apresentava-se apático.
No desenvolver do exame físico foi observado que o animal
encontrava-se com desconforto abdominal, corrimento vaginal purulento,
mucosas hiperemicas e não apresentava febre, os demais parâmetros
encontravam-se normais. No exame ultrassonográfico as imagens foram
compatíveis com infecção uterina. O animal foi encaminhando para cirurgia
como tratamento para a piometra.
Na manhã da cirurgia foi realizada tricotomia do abdômen ventral e
do membro anterior esquerdo para realização da cirurgia e aplicação do
acesso venoso na veia cefálica do membro anterior esquerdo, utilizando-se
cateter 24G (amarelo), equipo macro gotas e solução fisiológica a 0,9%(5).
Para medicação pré anestésica usou-se Acepramazina 1% (1) na dose
de 0,01mg/kg totalizando 0,04ml de medicação associado a Cloridrato de
Metadona (2) na dosagem de 0,4mg/kg, sendo 1,6ml. Na indução 3mg/kg de
Propofol (3), totalizando 12ml, associado a 2mg/kg de Cetamina (4) , sendo
0,8ml.
Após o efeito da medicação a paciente foi encaminhada ao bloco
cirúrgico e colocada na posição de decúbito esternal para a introdução do
tubo endotraqueal 7.5 e mantida em infusão contínua de Isoflurano (14) e
Oxigênio 100%. E em seguida posicionada em decúbito dorsal para realizar
a assepsia do local com álcool 70% (6), iodo (7) e álcool 70% (6) novamente, e
61

fixado o campo estéril com quatro pinças Backhaus.


Então se incidiu a pele com um bisturi, na linha média ventral
aproximadamente três centímetros abaixo da cartilagem xifóide, e feita a
divulsão da pele com tesoura romba curva para localizar-se a linha Alba,
que em seguida foi incidida também.
Já com acesso a cavidade abdominal foi feita uma rápida exploração
da cavidade e localizado o útero distendido e exteriorizado sem aplicação de
tração para não ocorrer ruptura do mesmo. O útero foi devidamente isolado
do abdômen com toalhas estéreis, e se localizou ovário direito, e em
seguida feito a exposição do ovário direito e realizada a ligadura abaixo do
mesmo.
Antes da retirada do ovário foi posicionada uma pinça hemostática
para não ocorrer refluxo sanguíneo, quando fosse incidido. A ligadura foi
efetivada entre a pinça e parte proximal do abdômen, com fio absorvível.
Logo, o ovário direito foi removido, sendo observado se não havia
sangramento local. Foi repetida a mesma técnica no ovário esquerdo.
Na sequência foi identificada a bifurcação da cérvix, e realizado uma
ligadura abaixo da mesma e feito um pinçamento para garantir que não
ocorresse extravasamento de líquido para cavidade quando fosse incidido.
Assim ocorreu a retirada deste seguimento (Figura 10).
Após verificar se não havia nenhum sangramento, o procedimento foi
finalizado com sutura em Sultan na musculatura com fio absorvível 1.0,
conferindo que o peritônio esteja íntegro e aderido na mesma, em seguida o
subcutâneo foi suturado com intuito de diminuir o espaço morto com sutura
Lembert e fio absorvível 1.0, e por fim a pele com sutura Wolf e nylon 2.0.
Foi feita a limpeza do ferimento com água oxigenada e colocado o
colar elizabetano para impossibilitar a tentativa de lamber ou retirar os
pontos pela paciente.
Nos pós-operatório foi administrado Ceftriaxona sódica (15) na dose de
3ml, via endovenoso. Foi prescrito para uso domiciliar Enrofloxacina (16)
150mg um comprimido, a cada 24 horas, por via oral, durante sete dias,
Meloxicam (17) 4mg um comprimido a cada 24 horas, durante cinco dias,
Metronidazol(18) 400mg um comprimido e meio, a cada 24 horas, durante
62

sete dias. Na prescrição higiênica foi indicada a limpeza do local da cirurgia


com solução fisiológica e pomada a base de Cloreto de Benzalcônio (19)
durante dez dias.

Figura 10 – Útero e ovários exteriorizados

Pereira (2021)

2.3.1.3 Mastectomia simples

No dia 11 de agosto chegou para cirurgia um animal da espécie


canina, fêmea, castrada, com nove anos e pesando 26kg. A mesma já teria
realizado uma consulta no dia 24 de julho em decorrência de um aumento
na mama.
63

Em seu histórico da consulta anterior durante a anamnese a


proprietária relatou que a paciente estava ingerindo água e se alimentando
como de costume, urinava e defecava sem alterações. No exame físico o
animal possuía todos os parâmetros dentro da normalidade, e no exame
especifico das mamas se evidenciou um nódulo com mobilidade, não
aderido e sem ulceração na mama torácica caudal. Foi solicitado exame de
ultrassonografia abdominal total, o qual não revelou alterações, estando
todos os órgãos preservados conforme o anexo A.
Como rotina pré-operatoria o animal foi coletado para realização de
um hemograma e bioquímico. Nos resultados dos exames a paciente não
obteve alterações significante.
No período da tarde foi realizada a cirurgia, sendo feita uma
tricotomia da região abdominal ventral como preparação cirúrgica e do
membro anterior esquerdo para aplicação do acesso venoso na veia
cefálica, com cateter 24G(amarelo), equipo macro gotas e solução
fisiológica a 0,9% (5) . A anestesista realizou a MPA com Cloridrato de
Metadona (2) na dose de 0,4mg/kg, totalizando 1,0ml, e a indução foi feita
com Propofol (3) na dose de 3mg/kg, totalizando 7,8ml e Cetamina (4) na dose
de 2mg/kg, totalizando 0,5ml, e no transoperatório foi utilizado Cloridrato de
Tramadol (9) na dose de 3mg/kg, totalizando 1,5ml via endovenosa.
Para introduzir o tubo endotraqueal número 6.5 o animal foi colocado
na posição ventro dorsal, e em seguida posicionado em decúbito dorsal com
os membros anteriores fixados cranialmente e os membros posteriores
caudalmente. Na sequência foi realizado a assepsia com álcool 70% (6) ,
iodo (7) e álcool 70% (6) novamente. Foi fixado o campo estéril com as pinças
Backhaus e feito uma abertura no campo para realizar a incisão.
Com um bisturi e lâmina número 24 foi feito a delimitação da excisão
cirúrgica ao redor da glândula mamaria com uma incisão em formato
elíptico, e com a ajuda de uma tesoura foi feito a divulsão do tecido
subcutâneo para retirada da mama comprometida, alguns vasos foram
pinçados com pinças hemostáticas (Figura 11), e ligados.
64

Figura 11 - Pinças hemostáticas garantindo a hemostasia dos vasos

Fonte: PEREIRA (2021)

Após a excisão das massas foi feito a redução do espaço morto


subcutâneo com sutura Lembert com fio absorvível 2-0, e ressecção das
bordas do ferimento preparando-as para proxíma sutura na pele, realizou-se
então a aproximação da pele com ponto Sultan com nylon 2.0. Após a sutura
foi realizada a limpeza com água oxigenada, gaze e aplicação de pomada a
base de Cloreto de Benzalcônio (19 ).
Nos pós-operatório ainda na clínica foi utilizado o antibiótico
Enrofloxacina (20) na dose de 0,5ml/10kg, totalizando 1,3ml via subcutânea, o
65

antiflamatório injetável Meloxicam (21) na dose de 0,1mg/kg, totalizando 1,3ml


via subcutânea, e o analgésico Dipirona sódica (22) na dose de 30mg/kg,
totalizando 1,5ml via subcutânea.
Na terapia domiciliar foi prescrito Metronidazol (18) 400mg dois
comprimidos, via oral, a cada 12 horas e Cloridrato de Clindamicina (23)
150mg um comprimido, via oral, a cada 12 horas, durante dez dias. E
pomada a base de Cloreto de Benzalcônio (19)
No dia 28 de agosto o animal retornou para retirada dos pontos,
onde a paciente estava recuperada e clinicamente bem.

2.3.2 Casos clínicos

2.3.2.1 Insuficiência cardíaca congestiva

Chegou para atendimento no dia três de agosto, um animal da


espécie canina, fêmea, da raça Pincher, não castrada, com 10 anos de
idade, pesando 3,950kg e com as vacinas em dia, o animal já tinha histórico
na clínica.
No dia da consulta durante a anamnese a tutora relatou que a
paciente apresentava bastante tosse, a qual piorava durante a noite. Ao
realizar o exame físico foi notado que o animal possuía os parâmetros vitais
normais, mucosas normocoradas e temperatura de 38ºC, mas na ausculta
percebeu-se a presença de estertor pulmonar, e se encontrava bastante
acima do peso. Então foi solicitado o exame radiográfico do tórax e traquéia
cervical (Figura 12). E nesse mesmo dia foi realizado o exame no período
da tarde.
Os resultados dos exames revelaram os achados radiográficos de
cardiomegalia, hepatomegalia, edema pulmonar e a traquéia com alterações
quanto a opacidade e o lúmen, conforme apresenta o anexo B.
66

Foi instituído o tratamento com Maleato de Enalapril (24) 5mg, meio


comprimido a cada 24 horas, de uso contínuo, Furosemida (25) 10mg um
comprimido, uma vez ao dia, durante 10 dias e Silimarina (26) 90mg um
comprimido, por via oral, uma vez ao dia, durante 60 dias. Após 10 dias
retornar para revisão e avaliar se a tosse teria persistido, e aumentar a dose
do Furosemida (25) se necessário. Insistiu-se a preocupação com o peso da
paciente, indicando cuidar a alimentação, sendo indicada a troca da ração
para Royal Canin Obesety®.

Figura 12 – Imagens das radiográficas torácicas e traquéia cervical da paciente

Fonte: Pereira (2021)


67

Após os 10 dias no retorno da paciente, no dia 16 de agosto, a tutora


relatou que o animal não teria tido mais tosse. A orientação da médica
veterinária foi de que a cada três meses a paciente retornasse para
acompanhamento do seu quadro.

2.3.2.2 Otite externa

No dia três de agosto chegou para consulta um animal da espécie


canina, SRD, fêmea, não castrada, pesando 26,200kg sem histórico de
vacinação. Na anamnese foi relatado pela tutora que a mesma já havia
desenvolvido o quadro de otite há alguns meses, porém os proprietários não
conseguiram seguir o tratamento corretamente até o fim, e o mesmo teria
sido interrompido na metade. A proprietária observou que a paciente
balançava a cabeça e o ouvido estava com bastantes sujidades. A paciente
frequentava regularmente petshop.
No exame físico geral se observou que a paciente não apresentava
alteração nos parâmetros vitais. No exame específico a paciente
demonstrou grande desconforto em ambas as orelhas, vermelhidão, com
secreção evidente de coloração amarelada (Figura 13), com odor forte e
desagradável, no entanto, a proprietária não teve interesse em realizar o
exame citológico para confirmar.
Durante a consulta foi feito uma limpeza do pavilhão acústico e
conduto auditivo com Clorexidina Dergemante 2% (27) e ceruminolitico a base
de Ácido salicílico, Ácido lático, Extrato de Aloe vera (28) e aplicado 10 gotas
de uma associação de Cetoconazol, Sulfato de Tobramicina, Fosfato Sódico
de Dexametasona, Cloridrato de Lidocaína (29) nas duas orelhas do animal
com auxilio de uma seringa.
68

Foi prescrito para terapia domiciliar uma suspensão otológica a base


de Orbifloxacino, Furoato de mometasona e Posaconazol (30) oito gotas ou
0,5ml em cada ouvido, a cada 24 horas, durante 21 dias. E indicado
massagear as orelhas após a aplicação do remédio para melhor absorção.
De uso oral foi prescrito o antibiótico Metronidazol (18) 400mg um comprimido,
a cada 12 horas, durante 10 dias e Metilprednisolona (31) 20mg um
comprimido, a cada 24 horas, por 10 dias.

Figura 13 – Ouvido esquerdo da paciente com secreção amarelada

Fonte: Pereira (2021)


69

Na revisão, no dia 23 de agosto, o animal apresentou melhoras e foi


prescrito mais 10 dias da suspensão otológica.
Ao fim do tratamento a paciente retornou para consulta, onde
demonstrou total recuperação em ambos os ouvidos.

2.3.2.3 Linfossarcoma

Chegou para atendimento no dia 18 de agosto um animal da espécie


canina, fêmea, não castrada, com quatro anos, pesando 26kg, e o
proprietário não tinha exatidão das vacinas da mesma, porém, acreditava
que se encontravam atrasadas há mais de um ano.
A queixa principal do tutor era o aumento dos linfonodos
submandibulares, e ele já teria procurado outro atendimento em outra
clínica, a qual preconizou o tratamento com antiflamatório e antibiótico e
essa terapia teria durado 10 dias. O animal não obteve melhoras e o
proprietário então o trouxe para consulta na clínica.
No dia da consulta o animal encontrava-se um pouco febril, com
dificuldade respiratória e ambos linfonodos submandibulares infartados. As
mucosas estavam normocoradas, e na ausculta não se percebeu nenhuma
alteração relevante. Foi solicitado que o animal ficasse na clínica internado
durante a tarde para realizar coleta de sangue para realizar o hemograma,
bioquímico e citologia aspirativa por agulha fina (Anexos C, D e E
respectivamente).
Após o resultado do hemograma, foi evidenciado que os leucócitos
se encontravam bastante aumentados, 40.000 sendo a referência de 17.000
no máximo. E no eritrograma as células estavam baixas indicando uma
anemia.
Para a realização da coleta foi administrado Acepramazina 1% (1) na
70

dose de 0,1mg/kg, totalizando 0,26ml, associado a Cloridrato de Metadona (2)


dose de 0,4mg/kg, no total 1ml, para o animal não ter grande desconforto.
Com o animal devidamente preparado, foi feito uma tricotomia do pescoço
(Figura 14) e assepsia da área que será puncionada. A coleta do material foi
feita com uma seringa de cinco mililitros estéril, e preparada a lâmina para
encaminhar ao laboratório responsável pelo exame. O resultado da citologia
tem um prazo mínimo de sete dias.

Figura 14 – Área tricotomizada para punção aspirativa com agulha fina (PAAF).

Fonte: Pereira (2021)

Como o animal se encontrava febril optou-se por mandá-lo para casa


já medicado com Dipirona sódica (22) 1,6ml por via subcutânea, os antibiótico
Cloridrato de Clindamicina (32) na dose de 5mg/kg totalizando 0,8ml, via
71

intramuscular, e o Metranidazol (18) 400mg um comprimido e meio, por via


oral, e Dexametasona (11) na dose de 0,25mg/kg totalizando 1,3ml por via
subcutânea.
Mesmo sem o resultado da citologia foi prescrito um suplemento
vitamino e mineral a base de Vitamina B (33) dois comprimidos e meio, a cada
24 horas, durante 30 dias, Cloridrato de Clindamicina (23) 150mg um
comprimido a cada 12 horas, durante sete dias e Metronidazol (18) 400mgum
comprimido e meio a cada 24 horas, durante sete dias. E agendado uma
revisão em sete dias.
No dia 27 de agosto a paciente retornou a clínica para revisão, e na
anamnese a tutora relatou que o animal recusava comer, ingeria água em
pouca quantidade, e a mesma estava com dificuldades em dar a medicação
para o animal. Durante o exame físico geral na ausculta não se percebeu
alterações respiratórias e cardíacas relevantes, a paciente apresentava as
mucosas ocular e oral ictéricas, estava mais disposta e os linfonodos
estavam menores comparados a ultima consulta.
Foi indicado o uso de NutraLife® (34) uma colher de sopa para 20ml de
água morna para ser administrado com o auxílio de uma seringa por via
oral. E prescrito para manipulação Silimarina (35) 300mg duas capsulas, uma
vez ao dia, durante 60 dias, Cloridrato de ciproeptadina (36) um comprimido
por via oral, uma vez ao dia, durante cinco dias para aumentar o apetite do
animal, até o dia da revisão o resultado da citologia ainda não teria ficado
pronto.
Uma semana depois, no resultado do exame concluiu-se que o
animal apresentava um linfossarcoma.
A paciente chegou à clínica apática, com as mucosas ictéricas,
anoréxica, e bastante debilitada. O tutor foi alertado sobre o estado geral da
mesma e conversado sobre a enfermidade que o animal cursava, e os donos
não possuíam condições de arcar com o tratamento do animal, mas optaram
em manter o animal internado para realizar um tratamento suporte.
A paciente não se alimentava por vontade própria então foi
72

alimentada através de uma seringa com o suplemento NutraLife® (34) durante


o sábado que ficou internada na clínica, no dia seguinte o animal não
resistiu e veio a óbito.

2.3.2.4 Hiperplasia prostática

Um animal da espécie canina, macho, da raça Lhasa Apso, com 11


anos, não castrado, com vacinação e desvermifugação em dia, chegou para
atendimento no dia oito de setembro.
Na anamnese a tutora relatou que o paciente estava urinando
sangue (Figura 15), e o corrimento sanguinolento persistia após a micção,
defecava sem problemas, alimentava-se normalmente e nos últimos dias
teria utilizado a ração Golden®, mas ela trocava bastante entre as marcas.
Inclusive a alimentação do animal não era exclusivamente de ração, a tutora
preparava alimentos como frango, arroz branco, cenoura e batata doce para
o mesmo. O paciente vive dentro do domicílio sem muito contato com
ambiente externo.
Quanto ao histórico do paciente o mesmo já havia cursado esse
mesmo problema há um ano, onde o antigo médico veterinário que o
atendeu realizou um exame de imagem, e concluiu com a ultrassonografia
que o animal estava com cistite crônica e um cisto prostático.
O veterinário anterior recomendou que o animal fosse castrado, e a
proprietária optou por não realizar em virtude de ter medo da cirurgia.
73

Figura 15 – Imagem do tapete higiênico no domicilio do paciente

Fonte: Souza (2021)

No exame físico geral o paciente possuía os parâmetros vitais


normais, estava em alerta, com as mucosas normocoradas.
Foram então solicitados os exames de hemograma, bioquímico e
urinálise. No laudo do hemograma e bioquímico como consta nos anexos F
e G, foi evidenciada uma leucocitose e uma alteração na enzima TGP
indicando um possível comprometimento hepático, e por esse motivo foi
solicitado também um exame ultrassonográfico (Anexo H) para avaliar essa
estrutura e ver se o animal demonstraria as mesmas alterações do exame
do ano anterior na próstata ou se seu quadro estava agravado.
Nesse novo exame ultrassonográfico foi observado que a próstata
encontrava-se aumentada, e existia a presença de um cisto, no fígado não
se evidenciou qualquer alteração, e a bexiga com presença de sedimento,
indicando uma cistite. Os demais órgãos avaliados se demonstraram
preservados.
Diante aos achados nos exames foi preconizado o tratamento do
74

paciente com o antibiótico Cefradroxila (37) 220mg um comprimido, por via


oral, a cada 12 horas, durante sete dias, um antiflamatório não-esteroidal
Meloxicam (38) 1mg um comprimido, por via oral, a cada 24 horas, durante
cinco dias. E foi prescrito também um suplemento alimentar a base de
Extrato de arando e Betaglucanas (39) .
um comprimido a cada 24 horas, durante 60 dias, e indicado a troca
da ração do paciente para Royal Canin Urinary, e que ele seja alimentado
exclusivamente de ração. A indicação de castração foi mantida.
Foi solicitado o retorno do paciente em 10 dias, e neste dia o
paciente se encontrava clinicamente bem, recuperado da cistite. A
proprietária optou por não realizar a cirurgia, pelos mesmos motivos
anteriores.

2.3.2.5 Suspeita de esporotricose

Um animal da espécie felina, sem raça definida (SRD),fêmea, com


aproximadamente 11 anos, pesando 2,550kg, não castrada, com a acesso
irrestrito a rua, sem histórico de vacinação ou desvermifugação, chegou
para atendimento no dia 29 de julho com lesões ulceradas penetrantes na
porção acima da fossa nasal até o lábio superior, comprometendo o olho
esquerdo.
No decorrer da anamnese o proprietário relatou que o animal
alimentava-se normalmente, tinha acesso ilimitado a rua e convivia com
outro felino em casa, e o tutor não se recordava quando foram iniciadas as
lesões.
Durante o exame físico geral percebeu-se que o felino se encontrava
abaixo do peso, tinha áreas avermelhadas e sem pelo na pata do membro
posterior esquerdo, e a lesão facial apresentava-se com exsudado.
75

Figura 16 – Felino com suspeita de esporotricose, com lesões ulceradas na face

Fonte: Pereira (2021).

O proprietário foi comunicado sobre a doença, informado sobre o


risco zoonótico da mesma e o prognóstico do animal. O mesmo não tinha
condições de custear o exame para diagnóstico definitivo e em virtude
desse fato foi instituído o tratamento medicamentoso com base na suspeita
da doença.
Na clínica o animal foi medicado com Meloxicam (21) 0,2% na dose de
0,2 mg/kg totalizando 0,25ml de medicação via subcutânea, Amoxicilina tri-
hidratada (10) 0,1ml/kg totalizando 0,25ml. E para o tratamento domiciliar foi
prescrito Meloxicam (40) 0,2% um comprimido, por via oral, a cada 24 horas,
durante cinco dias, o antibiótico Cloridrato de Clindamicina (41) 50mg um
comprimido, por via oral, a cada 24 horas, durante sete dias e para
manipulação Itraconazol (42) 250mg uma cápsula, por via oral, a cada 24
horas, durante 30 dias no mínimo. Foi solicitado o retorno do paciente em
sete dias para uma revisão das lesões.
76

A paciente não retornou a clínica no tempo combinado, sendo tido o


retorno após 30 dias. A paciente demonstrava melhoras significativas nas
lesões. Foi indicado que o tratamento com o antibiótico fosse continuado até
a cicatrização das lesões, e o antifúngico fosse mantido até 30 dias após a
remissão total das lesões.
Após 70 dias de tratamento o animal retornou até a clínica onde
apresentou áreas com epitelização, sem crostas, sem secreção e com
algumas partes cicatrizadas, com diminuição do tamanho e número das
lesões.

2.3.2.6 Cinomose

No dia 22 de setembro no período da tarde foi atendido um animal da


espécie canina, SRD, fêmea, não castrada, aproximadamente oito meses,
pesando 17kg, sem histórico de vacinação, e vermifugada recentemente. O
animal não possui donos, residindo na rua, estando aos cuidados dos
vizinhos.
Na anamnese a senhora que trouxe a paciente até a clínica relatou
que o animal teria apresentado há uns 40 minutos uma convulsão, e
anteriormente a mesma já teria convulsionado umas cinco vezes em menos
de três dias. A paciente se alimentava normalmente, comia com freqüência,
urinava e defecava sem alterações. Foi relatado que na rua onde o animal
vive solto já teria tido outros casos similares, onde recentemente um animal
teria vindo a óbito por cinomose.
Durante o exame físico, foi observado que o animal vocalizava
bastante, não estava apático, com estado de hidratação normal, não
apresentava febre e estava com os parâmetros vitais dentro da normalidade.
Como exame complementar foi realizado o hemograma completo
(Anexo I), no qual a paciente não demonstrou nenhuma alteração. E em
77

virtude da paciente viver na rua, não ser vacinada e ter um animal


contactante que veio a falecer há dois meses de cinomose, foi realizado o
teste rápido Alere® Cinomose Ac, para confirmar a suspeita da
enfermidade.O animal testou reagente para o vírus (Figura 16).

Figura 17 – Teste reagente ao vírus da cinomose

Fonte: Pereira (2021).

Foi preconizado o tratamento do animal com o antiflamatório


Metilprednisolona (31) 20mg um comprimido mais meio, por via oral, a cada 12
horas, por cinco dias e após isso a cada 24 horas, por mais cinco dias
consecutivos, o antibiótico Metronidazol (18) 400mg um comprimido, por via
oral, a cada 12 horas, durante 10 dias, o anticonvulsivante Levetiracetam (43)
250mg um comprimido, por via oral, a cada oito horas, durante 10 dias
associado ao Fenobarbital (44) 40mg 0,5ml por via oral, a cada 12 horas.
Também foi prescrito para manipulação o antiviral Ribavirina (45) 530mg uma
78

cápsula por via oral, a cada 24 horas, durante 30 dias.


A senhora que ficou responsável pelo animal não teria condições de
custear todo o tratamento e se optou a troca da Ribavirina (45) por
Timomodulina (46) 20mg 5ml por via oral, a cada 12 horas, durante 30 dias em
virtude de ser uma medicação mais barata.
No retorno da paciente a mesma estava responsiva a medicação,
sem ter apresentado nenhuma convulsão após o início do tratamento.
79

3. DISCUSSÃO

3.1 CASOS CIRÚRGICOS

3.1.1 Orquiectomia

É um dos procedimentos mais realizados em medicina veterinária na


clínica cirúrgica de pequenos animais, pois ajuda prevenir doenças
hormonais, além de uma série de comportamentos indesejados, como a
marcação de território e agressividade com pessoas e animais (OLIVEIRA,
2012). No caso discutido foi optado pelos proprietários como forma de
prevenir doenças hormonais e abolir comportamentos indesejados.
Oliveira (2012) e Souza (2019) sugerem a realização de um exame
físico criterioso, avaliando o estado geral do paciente, e principalmente o
exame clínico específico, examinando a presença de ambos os testículos
dentro da bolsa escrotal, precedendo a cirurgia. De acordo com o relato, o
animal veio para consulta para ser examinado, observado seu histórico e
solicitado hemograma como rotina pré-operatória da clínica.
Foi solicitado jejum hídrico e sólido de 12 horas, condizente a
Oliveira (2012), como rotina pré-operatória, o animal deve ser mantido em
jejum sólido de seis a 12 horas antes da indução anestésica, e hídrico de no
mínimo quatro horas.
80

Deve ser realizada tricotomia da região entre o prepúcio e a bolsa


escrotal, e preparar o campo assepticamente (OLIVEIRA, 2012), estando de
acordo com o relato visto que o paciente foi preparado para cirurgia no
ambulatório com tricotomia da região e encaminhado para o bloco para
realizar assepsia da mesma.
Ponvijay (2007) cita que a técnica para a realização da orquiectomia
é optada pelo cirurgião, existindo a técnica tradicional realizando a ligadura
do cordão espermático com fios cirúrgicos, através da técnica aberta ou
fechada. Conforme o autor citado acima, no relato de caso a médica
veterinária preconizou a técnica aberta, com a ligadura efetivada com fios
absorvíveis.
No paciente foi feita a incisão na região pré-escrotal. Crane
(2014) cita duas formas de abordagens cirúrgicas, podendo prosseguir por
uma incisão na região pré-escrotal ou perineal.

A técnica cirúrgica feita na esterilização cirúrgica neste relato foi


conforme menciona (CRANE, 2014) sem qualquer alteração.

A sutura do tecido subcutâneo foi realizada com sutura Sultan


interrompida, com fio absorvível, e a síntese da pele foi realizada com
sutura interrompida Wolf, com fio absorvível, semelhante a descrição dos
autores Crane (2014) e Oliveira (2012).

3.1.2 Piometra

A paciente relatada tinha cinco anos, e nunca utilizou medicação


contraceptiva, o que não condiz com o autor Trautwein et al. (2018), que
relata ser mais frequente em cadelas idosas, mas pode ocorrer em fêmeas
jovens que utilizam estímulo hormonal.
81

Volpato et al. (2018) descreve a piometra em duas formas, aberta


onde a cérvix se apresenta relaxada com corrimento uterino, e fechada a
qual a cérvix impossibilita a passagem do conteúdo infeccioso. Sendo
observado no caso relato uma piometra aberta, com secreção purulenta.
Os sinais clínicos apresentados são apatia, anorexia, desidratação,
sensibilidade ao toque abdominal, vômito, hipertermia e coloração anormal
das mucosas (VOLPATO et al., 2018). No caso relatado de piometra a
paciente estava apática, anoréxica, sensível ao toque abdominal, o que
condiz com alguns sintomas supracitados pelos autores.
O exame ultrassonográfico é considerado o exame de eleição para
concluir o diagnóstico de piometra (CRIVELLENTI e CRIVELLENTI, 2012),
sendo o mesmo solicitado para concluir a suspeita clínica de piometra no
caso.
Oliveira (2007) menciona a ovariosalpingohisterectomia (OSH) como
o tratamento mais eficiente nesses casos, sendo preconizado tal
procedimento na terapia da patologia descrita.
De acordo com Fossum (2014) o animal relatado foi posicionado em
decúbito dorsal, sendo realizada a tricotomia e assepsia da região. Ainda
conforme dito pelo autor, foi também fixado o campo cirúrgico com auxílio
de pinças Backhaus, e feita uma incisão na pele e subcutâneo para expor a
linha Alba, de tamanho aproximado a 8cm citados pelo autor na revisão de
literatura deste trabalho.
Após a incisão na linha Alba, com auxílio de uma tesoura Mayo a
linha da incisão é estendida caudalmente e cranialmente. Tendo realizado a
celiotomia o útero distendido é localizado, e não existe recomendação de
utilizar o gancho de Covault ou Snook para exteriorizar o útero como nas
OSH eletivas (LIMA, 2009). Similar ao mencionado pelo autor, foi realizada
a diérese da linha Alba com uma tesoura obtendo acesso a cavidade
abdominal, o útero aumentado foi removido para fora da cavidade abdominal
tracionando-o para cima com muito cuidado, sem a utilização do gancho de
82

Covault em virtude do útero estar distendido e com risco de romper-se


dentro da cavidade.
Oliveira (2012) descreve a técnica para realizar a ligadura próxima
ao ovário, através do auxílio de três pinças ou duas. A ligadura é feita
abaixo da terceira pinça proximal ao abdômen, sendo ela removida quando
o nó é fixado, e a secção é feita entre a primeira e a segunda pinça. Na
técnica utilizada na cirurgia descrita foi com auxílio de uma pinça, e a
ligadura efetivada entre o ovário e pinça.
A ligadura no corpo uterino ocorreu conforme descrita por Fossum
(2014) circundando os vasos uterinos é aplicada a ligadura no corpo uterino
próxima a cérvix e feito a transecção do corpo uterino.
Oliveira (2012) recomenda o uso de proteção da ferida cirúrgica com
o uso de colar Elizabetano ou roupa cirúrgica, condizente ao autor, a
paciente fez uso do colar Elizabetano.

3.1.3 Mastectomia simples

Pinto et al. (2019) menciona os animais acometidos por neoformação


nodular apresentarem-se saudáveis no momento da consulta, e as massas
tumorais acabam sendo de fácil identificação através da palpação no exame
físico do paciente. De modo a concordar com o relato da paciente submetida
a mastectomia. No dia da consulta o animal apresentava os parâmetros
vitais dentro da normalidade, sem queixa principal dos tutores e foi
identificada a neoplasia na mama torácica caudal através da palpação.
A neoformação nodular que a paciente apresentava não possuía
aderência, era móvel e sem ulceração, os autores Estralioto e De Conti
(2019) mencionam que, de forma geral, os tumores apresentam-se como
nódulos bem delimitados, de tamanho variado, podendo também aparecer
com formas variadas, ulcerados, e com variedades de mobilidade e
aderência.
83

O exame complementar como a radiografia torácica deve ser


realizado antes da intervenção cirúrgica, levando em consideração o risco
de metástase pulmonar,e o exame ultrassonográfico abdominal auxilia o
diagnóstico de metástase a distância, sendo recorrente o tumor mamário
fazer metástase em órgãos como baço e fígado (AQUINO, 2021). No caso
relatado foi realizado apenas o exame de ultrassonografia abdominal total
na paciente, sem evidência de alterações.
Nunes (2015) cita a mastectomia como a abordagem terapêutica de
eleição para animais com tumores mamários, sendo levando em
consideração a extensão da lesão, tamanho e localização, para escolher a
técnica que será empregada na conduta terapêutica. Em congruência com o
autor supracitado, o tratamento preconizado foi a cirurgia, tendo optado por
realizar a mastectomia simples, com base no tamanho pequeno da
neoformação, e comprometer apenas a mama torácica caudal.
Harvey (2005) e Fossum et al. (2005) descrevem que inicia-se
realizando uma incisão de forma elíptica ao redor da glândula mamária que
será extraída, um a dois centímetros de distância do tumor, sem incidir o
tecido mamário, e com profundidade em subcutâneo até a fáscia torácica
externa, estando a técnica utilizada no relato de acordo com a literatura,
sendo esta realizada com uma incisão do mesmo formato elíptico, com
aproximadamente cinco centímetros de distância da neoplasia.
De acordo com o citado na revisão bibliográfica deste trabalho por
Macphail (2007), a dissecação da mama foi realizada no caso relatado com
auxílio de uma tesoura, e os vasos foram ligados com fio absorvível.
Papazoglou et al. (2014) alerta sobre a dificuldade em realizar a
síntese de uma mastectomia em relação a diminuição do espaço morto e a
tensão na linha de incisão, sendo condizente com a síntese da ferida, a qual
a médica veterinária fez a liberação da pele do espaço subcutâneo para
avançar a pele e conseguir ser suturada. Conforme grifa Fossum et al.,
(2005) as bordas do ferimento são divulsionadas após a retirada das
massas tumorais, no sentido de prepará-las para a síntese.
84

A síntese da ferida foi de acordo com o autor Harvey (2005),


realizando a aproximação das bordas através de pontos no subcutâneo com
fio absorvível e sutura na pele com padrão interrompido com fio
inabsorvível, onde no caso relatado foi executada uma sutura no subcutâneo
padrão contínua do tipo Lembert com fio absorvível, para reduzir o espaço
morto e a síntese da pele com sutura padrão interrompida do tipo Sultan
com fio inabsorvível.
Na literatura consultada é recomendada a utilização de analgesia e
antiflamatório no pós-operatório do animal. No caso relatado neste trabalho
foi utilizada medicação para dor, antiflamatório e antibiótico, e não se fez o
uso de bandagens conforme a recomendação de Fossum et al. (2005), o
que não trouxe problemas na cicatrização e recuperação da paciente.

3.2 CASOS CLÍNICOS

3.2.1 Insuficiência cardíaca congestiva

Nelson e Couto (2001), grifam a dieta restritiva de sódio para auxiliar


o tratamento, todavia, no relato de caso a indicação foi em virtude do
sobrepeso da paciente. Sendo realizada a troca na alimentação pela ração
terapêutica Royal CaninObesety, tratando-se de uma ração de alta
qualidade, com baixa densidade energética, com alto teor de proteína e rica
em fibra.
O diagnóstico da paciente foi realizado com base nos sinais clínicos
apresentados, como a presença de estertor durante a ausculta pulmonar e o
histórico de tosse do animal. Associado ao exame complementar de
radiografia, de acordo com o autor Oyama (2011).
85

No resultado do exame radiográfico da paciente foi evidenciado


cardiomegalia, padrão pulmonar brônquio-intersticial sugerindo edema
pulmonar, e a traquéia com elevação dorsal no seu trajeto terminal.
Alterações condizentes com insuficiência cardíaca congestiva esquerda,
citado por Migalhas (2012), que relata na insuficiência cardíaca congestiva
esquerda existir o comprometimento do átrio e ventrículo esquerdo,
aumentando a pressão venosa pulmonar o que leva a congestão e edema
pulmonar. Kealy e Mcallister (2005) complementam com os sinais de
alteração do ventrículo esquerdo, sendo um desvio dorsal da traquéia
terminal, causada pelo alongamento do ventrículo. No entanto, também foi
evidenciado hepatomegalia na paciente, o que os autores Kittleson(1999) e
Fuentes(1998) descrevem ser evidenciado na insuficiência cardíaca
congestiva direita.
Conforme os autores Bonagura e Lehmkuhl (2003), a terapia para a
insuficiência cardíaca congestiva consiste na melhoria na qualidade de vida,
a terapia abrange fármacos inotrópicos positivos, diuréticos, e inibidores da
enzima conversora da angiotensina. Seguindo esta ordem foi instituído o
tratamento com um diurético de alça o Furosemida, objetivando a redução
do volume plasmático e controle dos sinais congestivos como o edema
pulmonar. Um inibidor da enzima conversora da angiotensina o Maleato de
Enalapril.

3.2.2 Otite

A paciente relatada neste trabalho apresentava desconforto em


ambas as orelhas, vermelhidão, odor desagradável, secreção de coloração
amarelada e a tutora mencionou que o animal ficava balançando a cabeça,
concordando com os autores Tilley e Smith (2008), que a sintomatologia
mais comum em casos de otite externa inclui eritema, maneios cefálicos,
prurido auricular, odor fétido e animal arisco ao toque nas orelhas.
86

Fonseca (2018) cita a tentativa de limpar as orelhas com alguns


objetos e a retirada de pelos que podem ocasionar otite, seguindo a análise
do autor, o animal frequenta pet shop onde toma banho rotineiramente,
sendo possível a ocorrência de limpeza das orelhas de forma errônea.
O diagnóstico estabelecido por Lima (2011), pontua o uso na rotina
clínica da anamnese, um exame otológico eficiente e o animal apresentar-se
responsivo a terapia instituída. Condizente ao caso apresentando, onde o
diagnóstico foi baseado nos sinais clínicos observados, e o paciente ter
respondido positivamente a medicação.
Fonseca (2018), grifa a limpeza do conduto auditivo, terapia tópica,
tratamento sistêmico, observar a resposta ao tratamento instituído e educar
o tutor sobre a limpeza e manutenção auricular como conduta adequada ao
tratamento de otite, sendo realizado no relato de caso uma limpeza do
pavilhão acústico e conduto auditivo com antisséptico e ceruminolítico,
prescrito de uso domiciliar terapia tópica otológica, e terapia sistêmica por
se tratar de uma paciente que já foi diagnosticada várias vezes com otite, e
o tratamento não ser finalizado corretamente.

3.2.3 Linfossarcoma

No relato de caso o animal acompanhado era da raça Golden


Retriever. Moura et al. (1999) menciona raças como a Golden Retriever,
Boxer, Poodle, ChowChow, Bulldog e São Bernardo com mais prevalência e
desenvolver a doença.
O linfoma multicêntrico acomete tanto os linfonodos superficiais
quanto os profundos, o baço, o fígado, as tonsilas e a medula óssea, sendo
a forma caracterizada pelo aumento bilateral dos linfonodos superficiais,
preferencialmente os mandibulares, pré-escapulares e poplíteos. Os sinais
clínicos evidenciados são caquexia, anorexia, desidratação, em casos que o
tumor atinge o fígado pode ocorrer icterícia de mucosas pela
87

hiperbilirrubinemia indireta e ascite por hipoproteinemia(ANDRADE, 2006).


De modo a concordar com o relato da paciente, onde a mesma apresentava
aumento bilateral dos linfonodos mandibulares, anorexia, caquexia, e
mucosas ictéricas.
O diagnóstico do linfossarcoma foi feito através da citopatologia por
punção aspirativa por agulha fina, de acordo com Nelson e Couto (2001), os
exames confirmatórios da doença através da punção do órgão afetado por
agulha fina para avaliação citopatólógica ou biópsia incisional para o exame
histopatológico dos tecidos acometidos.
Em um experimento realizado em 72 animais afetados pelo linfoma
se evidenciou que 20% apresentavam linfocitose no exame (FIGHERA et al.,
2002), condizente ao animal relatado onde apresentou no resultado do
hemograma leucocitose, sendo 46.000 leucócitos, comparado ao normal
17.000. E a paciente também se encontrava anêmica, acordando com o
Cápua et al. (2011), a anemia é o achado laboratorial mais recorrente entre
os pacientes com linfossarcoma.
Andrade (2006) menciona uma sobrevida de 12 a 16 meses em
animais tratados e apenas 20% dos animais tratados chegam à margem de
24 meses, no entanto, animais não tratados apresentam uma expectativa de
vida inferior a oito semanas, estando de acordo com o autor, visto que a
paciente veio ao óbito duas semanas após o atendimento.

3.2.4 Hiperplasia prostática

O cão relatado estava com 11 anos, e não teria sido submetido a


esterilização cirúrgica, concordando com Fossum (2012), a hiperplasia
prostática é mais diagnosticada em cães não castrados com idade
avançada.
Ettinger (1992) pontua o desenvolvimento de infecções bacterianas,
processos inflamatórios e formações císticas na evolução da patologia, o
88

que condiz com o caso clínico apresentado, onde o paciente desenvolveu


um cisto prostático e cistite. Condizente a Smith (2008), os cistos
prostáticos são rotineiramente encontrados em animais com hiperplasia
prostática.
Os sinais clínicos mais evidenciados em casos de hiperplasia
prostática são tenesmo anal, vômito anorexia, disúria, corrimento uretral
hemorrágico e dor à palpação abdominal (JOHNSTON et al., 2001; DIAS et
al, 2002). No relato descrito a queixa principal se tratava do sangue
eliminado pela uretra do paciente, não sendo observada mais sintomatologia
semelhante que indicassem a doença como descrito na literatura, sendo de
acordo com Barsanti (1999) a maioria dos animais apresentam
assintomáticos, mas em casos sintomáticos o animal pode apresentar
corrimento hemorrágico uretral.
O exame ultrassonográfico se mostrou eficiente no relato de caso, na
demonstração do aumento da próstata e no diagnóstico do cisto prostático.
De acordo com Gularte et al. (2018), o exame ultrassonográfico é o método
auxiliar de diagnóstico mais recomendado, sendo um procedimento que
permite visualizar o tamanho e morfologia prostática.
A conduta terapêutica estipulada no caso foi a indicação da
orquiectomia para suprimir a função dos andrógenos sobre a glândula.
Conforme Kay et al. (1994), a orquiectomia é o tratamento de escolha por
levar a involução da próstata pela remoção da fonte de testosterona.

3.2.5 Suspeita de esporotricose

Conforme Oliveira (2014) o animal suspeito de esporotricose


acompanhado durante o estágio se tratava de um felino, sendo citado pelo
autor o felino como animal com mais casos diagnosticados com a doença.
O animal relatado apresentava lesões condescendes com os autores
Monteiro et al. (2008), com grande área ulcerada e alopecia. Ainda
concordando com os mesmos autores, o felino caracterizava lesões
89

cutâneas na cabeça, na região dos olhos e nariz conforme consta na revisão


bibliográfica deste trabalho.
Como citado por Schubach (2013), o animal mencionado se tratava
de um felino macho, não castrado e com acesso à rua, sendo alvo de
arranhaduras em brigas, o que representa uma porta de entrada para o
fungo.
Os autores Pereira et al. (2010) pontuam os locais mais acometidos
pelas lesões durante brigas, sendo eles a cabeça, as extremidades dos
membros e a cauda, especificamente na região periocular, pina e no plano
nasal na cabeça. Portanto, os mesmos locais eram acometidos pelo gato
relatado neste trabalho, tendo lesões na face acima da fossa nasal até o
lábio superior, comprometendo todo espaço do olho esquerdo e ao redor do
mesmo.
De imediato a suspeita foi que o animal estivesse cursando a doença
de esporotricose, com base nas características supracitadas estarem em
conformidade com a literatura, sendo observada lesão semelhante, local da
lesão, se tratar da espécie mais acometida e o estilo de vida livre do animal.
Schubach et al. (2004) grifa alguns sinais clínicos não
patognomônicos que podem estar associados a esporotricose como
anorexia, desidratação e perda de peso. Sendo observado que a paciente
se encontrava abaixo do peso conforme o autor acima, entretanto não se
encontrava desidratada e o proprietário afirmava que o felino alimentava-se
normalmente.
Partindo do pressuposto da necessidade dos exames
complementares para concluir o diagnóstico juntamente aos sinais clínicos e
a história do paciente, conforme Santos (2017), foi solicitado a citopatologia
para confirmar a suspeita de esporotricose.
No entanto, o proprietário não tinha condições de arcar com o
exame e então se optou por iniciar a terapia medicamentosa com base na
suspeita clínica da doença.
90

Conforme Jericó (2014), o Itraconzol ainda é o antifúngico de eleição


para o combate à esporotricose. Sendo preconizado na terapia do felino
com a dose de 10mg/kg por dia.
O tratamento foi estipulado por 30 dias no mínimo, para avaliar a
remissão das lesões,confirmando o diagnóstico. Conforme foram
evidenciadas melhoras na revisão da paciente, a terapia foi estendida até 30
dias após a cicatrização total da ferida, de acordo com Tobin e Jih (2001),
que aconselham a perpetuação do tratamento de um até três meses após a
cura das lesões.
O proprietário não tinha informações sobre a doença e nem
conhecimento sobre o risco de se contaminar ao manusear o seu animal.
Como foi discutido por Silva et al. (2012) os proprietários de felinos
infectados por esporotricose acabam sendo alvo da zoonose ao contato
direto com a lesão e exsudatos da mesma. Sendo realizada uma abordagem
educativa do caráter zoonótico da doença, alertando sobre o risco de
manusear o seu felino sem luvas como explicado por Monteiro et al. (2010),
e se ocorrer algum acidente com lesão ao manipular o animal, como algum
arranhão, o mesmo deveria procurar atendimento médico.

3.2.6 Cinomose

No relato de caso o animal infectado apresentava oito meses de


idade, se tratando de um animal ainda jovem, de modo a concordar com
Rezende et al. (2009), o qual menciona os filhotes como os mais acometidos
pela enfermidade.
Moraes (2013) menciona febre, vômito e diarreia como os primeiros
sinais clínicos a serem evidenciados no animal infectado, todavia, a
paciente relatado não demonstrou tais alterações, sendo a convulsão o
primeiro sinal apresentado pela mesma.
91

O canino demonstrou sintomatologia nervosa semelhante ao que foi


proposto por Nascimento (2009), episódios de convulsão, andar em círculo e
vocalização. Seguindo a análise do autor que indica manifestações
comportamentais como convulsões, vocalização, movimentos como andar
em círculo e ainda, contração rítmica persistente de um ou um grupo de
músculos (espasmos flexores), paresia ascendente como uma ataxia dos
membros pélvicos, bexiga, mandíbula e reto.
Possivelmente a infecção do animal teria ocorrido no bairro onde
reside livremente, tendo em mente que no local teria histórico recente de um
canino infectado. Compactuando com o que foi elucidado pelo autor Freitas
(2004), de modo a ser o cão doméstico a principal fonte de infecção,
existindo também como reservatório da doença no meio ambiente.
A paciente durante todo o tratamento demonstrou prognóstico de
reservado a favorável, em vista que ao iniciar a medicação a mesma não
obteve mais nenhum agravante no quadro, e sem nenhum sintoma. De modo
a discordar de Oliveira et al. (2009), o qual afirma o prognóstico
desfavorável ao canino com sintomatologia nervosa.
92

CONCLUSÃO

O estágio curricular obrigatório além de propiciar ao aluno colocar


em prática os conhecimentos adquiridos durante os anos de graduação,
proporciona a certeza que escolheu a área de atuação correta.
A vivencia durante o estágio faz com que o acadêmico pense de
forma diferente, e se posicione perante as situações que lhe surgem.
Fazendo com que o aperfeiçoamento seja além da área de escolha, como
também em sua postura frente ao mercado de trabalho.
As práticas realizadas durante o estágio obrigatório na Clínica
Bagévet foram de acompanhamento de rotina, auxiliando durante as
consultas, estabelecendo junto ao orientador de estágio tratamentos,
auxiliando em procedimentos cirúrgicos, auxiliando nos tratamentos dos
pacientes internados, esterilizando os materiais cirúrgicos, auxiliando e
realizando coletas para exames.
O tempo passado junto a Clínica Bagévet foi de suma importância
para meu desenvolvimento profissional, além do entendimento da
necessidade e importância de sempre buscar novos conhecimentos, e seguir
sempre em atualização, para se manter apto ao mercado e aprimorar as
técnicas.

.
93

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102
103

ANEXOS
104

ANEXO A – Laudo do exame ultrassonográfico abdominal total de um canina.


submetida a mastectomia simples.

Anexo B – Laudo
do exame

radiográfico do tórax e traquéia cervical de uma canina com insuficiência


cardíaca congestiva
105

Anexo C – Hemograma completo de uma canina diagnosticada com


linfossarcoma
106
107

Anexo D – Bioquímico de uma canina diagnosticada com linfossarcoma


108

Anexo E – Laudo do exame CAAF de uma canina diagnosticada com


linfossarcoma
109

Anexo F – Hemograma completo de um canino diagnosticado com


hiperplasia prostática
110

Anexo G – Bioquímico de um canino diagnosticado com hiperplasia


prostática
111

Anexo H – Laudo ultrassonográfico de um canino diagnosticado com


hiperplasia prostática
112
113

Anexo I – Hemograma completo de uma canina diagnosticada com cinomose


114

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