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UM ESTUDO EM VIBRAÇÕES LIVRES ACOPLADAS BARRAGEM-


RESERVATÓRIO PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Conference Paper · November 2018

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Iarly Vanderlei da Silveira Lineu José Pedroso


University of Brasília University of Brasília - UnB
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CILAMCE 2018 CONGRESS
11 – 14 NOVEMBER 2018, PARIS/COMPIÈGNE, FRANCE

UM ESTUDO EM VIBRAÇÕES LIVRES ACOPLADAS BARRAGEM-RESERVATÓRIO PELO


MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Iarly Vanderlei da Silveira1, Lineu José Pedroso2, Maurício Vittalli3,


1
Universidade de Brasília, iarlysilveira@hotmail.com
2
Universidade de Brasília, lineujp@gmail.com
3
Universidade de Brasília, vitali.mendes@gmail.com

Resumo:

As barragens são estruturas hidráulicas importantes e quando submetidas a ações dinâmicas apresentam
mecanismos de interação complexos, principalmente, entre o meio fluido e a estrutura. A compreensão
desse comportamento é um fator de destaque no controle da segurança dessas estruturas. No entanto,
antes de estudar as ações sísmicas em barragens deve-se avaliar e efetuar o estudo preliminar que aborda
o caso de vibração livre, cuja importância se insere no entendimento das faixas de frequência em que a
estrutura está submetida e os modos dominantes no sistema acoplado barragem – reservatório. Assim,
este trabalho tem o objetivo de verificar a influência da interação fluido-estrutura no comportamento
dinâmico em barragens gravidade de concreto em termos das frequências naturais e deformadas modais
e aplicá-lo numa análise de vibração livre da hidrelétrica de Koyna. O estudo do acoplamento barragem
– reservatório foi investigado através da análise modal pelo método dos elementos finitos via software
ANSYS na linguagem APDL. Foram analisados os quatro primeiros modos para o sistema desacoplado
e acoplado, sendo possível uma verificação do meio dominante acoplado no sistema. Os resultados
demonstram que para o primeiro modo era dominante estrutura, representado pelo modo de massa
adicional, enquanto que os demais foram de dominantes do reservatório. Portanto, esse estudo verificou
a influência de cada meio do sistema acoplado, assim como, evidenciou a importância de uma análise
preliminar desacoplada de cada meio antes do tratamento final acoplado.

Palavras - chave: Barragens gravidade de concreto, Método dos Elementos Finitos, Análise Modal

1. INTRODUÇÃO

As barragens são estruturas que possuem um elevado potencial de riscos em decorrência da sua possível
ruptura e por envolver elementos complexos. Na análise dinâmica dessas estruturas tem-se,
principalmente, dois meios preponderantes: a estrutura e o fluido do reservatório, que juntos formam o
sistema acoplado fluido-estrutura.
O sistema fluido-estrutura é importante, por exemplo, para o estudo sísmico ou de vibrações induzidas
por fluidos em barragens. O movimento da estrutura provoca inevitavelmente um movimento do fluido,
que permanece em contato com as paredes da estrutura, com resultado, o conjunto fluido-estrutura
constitui um sistema acoplado para qual é frequentemente impossível considerar separadamente as
respostas e excitações.
A análise dinâmica de barragens foi estudada por vários pesquisadores ao longo de décadas, sendo
Westergaard (1933) um dos primeiros estudiosos a avaliar a interação fluido-estrutura e excitação
sísmica em barragens, formulando um método chamado pseudo-estático. Chopra (1978) observou-se
que a resposta dessas estruturas dependiam do modo fundamental de vibração, originando o método
pseudo-dinâmico. Após esses dois estudos clássicos, surgiram inúmeros outros estudos que avaliavam
a influência da compressibilidade do fluido: Hall e Chopra (1982), Fenves e Chopra (1984), Hall (1986),
Ribeiro (2006), Souza (2007); da influência da fundação: Wolf (1985), Léger e Katsouli (1989), Burman
et al. (2011), Chopra (2014), Silveira (2018); e das condições de contorno que evitam a propagação de
ondas: Dimitris (2004), Mendes (2018), Looke (2018).

2. FORMULAÇÃO TEÓRICA

O modelo de acoplamento barragem -reservatório com fluido em repouso é governado equação


bidimensional da onda:

1 2 p [1]
2 p
c 2 t 2

Sendo c a velocidade da onda, p é a pressão acústica hidrodinâmica e t é o tempo. Esse problema


matemático descrito pela equação [1] com as respectivas condições de contorno apresentada na Figura
[1], conduz a equação do sistema acoplado barragem – reservatório, apresentada na equação [2].

Figura 1: Sistema de interação fluido – estruturas e as suas condições de contorno

A equação [2] envolve termos de movimento da estrutura, do fluido e de acoplamento, onde [M], [K] e
[C] representam, respectivamente, as matrizes de massa, rigidez e amortecimento, e os índices b e f
representam, respectivamente, a barragem e o fluido. Já, as matrizes [U] e [P] caracterizam,
respectivamente, o deslocamento da estrutura e a pressão no fluido, além do termo [Q] que representa a
matriz de acoplamento entre o fluido e a estrutura.

 Mb 0  U b  Cb 0  U b   Kb Q  U b   M bU b  [2]


  QT  +  +    
 M f   Pf   0 C f   Pf   0 K f   Pf   0 
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um estudo do sistema barragem – reservatório foi efetuado para o complexo hidro energético de Koyna,
na Índia, que apresenta as seguintes propriedades físicas para o concreto da barragem: massa específica
de 2643 kg/m3 e um coeficiente de Poisson de 0,20; para o fluido usou-se uma massa específica de 1000
kg/m3 e a velocidade do som de 1440 m/s.
A análise do caso feito com o auxílio do programa de elementos finitos ANSYS APDL, na qual assumiu-
se o material da barragem linear, elástico, isotrópico e homogêneo. Para essa estrutura usou-se o
elemento PLANE 183. Já, para o reservatório usou-se o elemento FLUID 29, modificando para o
FLUID129 na aplicação da condição Sommerfield (condição de não retorno de onda no reservatório).
A Figura [2] mostra as 4 primeiras frequências naturais e as respectivas deformadas modais dos modos
desacoplados e acoplados da barragem e reservatório. Observa-se que no caso acoplado os 4 primeiros
modos estão associados a 1° deformada modal da barragem, onde o 1° Modo é um modo de massa
adicional, e os outros três são relativos aos modos acústicos do reservatório. As deformadas modais
desacoplados do reservatório deixam de ser apresentadas por reproduzirem as mesmas deformadas
modais do caso acoplado, porém, com frequências um pouco alteradas (facoplada < fdesacoplada-reservatório).
Em função da geometria da barragem e reservatório em questão, as frequências acopladas e as
frequências desacopladas do reservatório ficaram numa bastante próximas. Para a 1° frequência
acoplada o fluido é incompressível, mas as outras frequências já mobilizam a compressibilidade do
reservatório.
Modos da estrutura
Modo acoplado barragem -reservatório
desacoplada
f1( reserv.) 3,93 f1 2,79 f1 3,05

f 2( reserv.) 4,15
f2 3,97 f2 8,10

f 3( reserv.) 4,51
f3 4,14 f3 10,82

f 4( reserv.) 5,02 f4 4,75 f4 15,87

Figura 2: Deformadas modais para a estrutura nos casos: (a) desacoplada e (b) acoplada
4. CONCLUSÕES

Esse trabalho se referiu a um estudo do comportamento dinâmico em função das modificações nas
frequências e deformadas modais para os casos desacoplados e acoplados do sistema barragem-
reservatório.
Pode-se concluir que a interação barragem-reservatório é importante de ser considerado nos projetos de
barragem, devido a influência da estrutura e do reservatório no sistema acoplado. Ressalta-se ainda que
o primeiro modo possui uma participação modal superior aos demais, fato que o torna mais importante
de ser avaliado nos estudos dinâmicos acoplados. Outro aspecto importante que se evidencia neste
trabalho, é a consideração de uma análise desacoplada fluido-estrutura em obras de grande
responsabilidade, em particular quando a influência dos fatores que controlam o fenômeno não são
conhecidos.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Apoio de Pesquisa do Distrito Federal (FAP), ao Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Universidade de Brasília (UnB).

REFERENCES

[1] Westergard, H. M. Water Pressure on Dams during Earthquakes, TRANSACTIONS ASCE Vol.98; 1933.
[2] Chopra, A. K. Earthquake resistant design of concrete gravity dams. In: Journal of The Structural Division,
ASCE, v. 104, n. ST6, p. 953-971, jun. 1978.
[3] Hall J. F. and Chopra A. K., Hydrodynamic effects in the dynamic response of concrete gravity dams.
Earthquake Eng. Struct. Dyn. 10, 333–345; 1982.
[4] Fenves, G. and A. K. Chopra. Earthquake analysis and response of concrete gravity dams. Report No.
UCB/EERC-84/10, Earthquake Engineering Research Center, University of California, Berkeley, 213 pp. 1984.
[5] Hall, J. F. “Study of the Earthquake response of Pine Flat Dam”, Earthquake Engineering & Structural
Dynamics, Vol. 14, No. 2, pp. 281–295, 1986.
[6] Ribeiro, P. M. V. (2006). Uma Metodologia Analítica para a Avaliação do Campo de Tensões em Barragens
Gravidade de Concreto Durante Terremotos. Dissertação de Mestrado em Estruturas e Construção Civil,
Publicação E.DM -003ª/06. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, 140p.
[7] Souza, S. M. (2007). Contribuição para uma Metodologia de Análise Acoplada Fluido-Estrutura para
Cavidades Acústicas de Paredes Flexíveis. Dissertação de Mestrado em Estruturas e Construção Civil, Publicação
E.DM-004A/07, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, DF, 197p..
[8] Wolf, J. P, Dynamic soil-structure interaction. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall; 1985.
[9] Leger, P., and Katsouli M. (1989). Seismic stability of concrete gravity dams. Earthquake Eng. Struct. Dyn.,
18, 889–902.9hiEarthquake Eng. Struct. Dyn.
[10] Burman et al., Coupled gravity dam-foundation analysis using a simplified direct method of soil-structure
interaction. Soil Dynamics and Earthquake Engineering, 2012.
[11] Chopra A. K., Earthquake analysis of concrete gravity dams: factors to be considered. Proceedings of the
10th National Conference in Earthquake Engineering, Earthquake Engineering Research Institute, Anchorage, AK,
2014.
[12] Silveira, I. V. (2018). Estudo da influência da crosta local no comportamento sísmico do sistema barragem
gravidade – reservatório – fundação. Dissertação de Mestrado em Estruturas e Construção Civil, Publicação E.
TD-020A/18, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 144p
[13] Dimitris. L. K. Non-singular time domain BEM with applications to 3D inertial soil-structure interaction. Soil
Dynamics and Earthquake Engineering, 24 :281–293, 2004.
[14] Mendes, N. B. (2018). Um estudo de propagação de ondas e lançamento do sismo na análise dinâmica
acoplada barragem em arco - reservatório - fundação. Tese de Doutorado em Estruturas e Construção Civil,
Publicação E. TD-004A/18, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, 306p
[15] Lokke, A., Chopra A. K., Dire fi i e eleme me hod for o li e r e r hqu ke lysis of 3‐dime sio l
semi‐u bou ded d m–water–foundation rock systems. Earthquake Engineering & Structural Dynamics, Vol 47,
Issue 5. February 2018.

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