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ECOSSISTEMAS FLORESTAIS
1 – ESTRUTURA DE FLORESTAS
A estrutura da floresta pode ser analisada de acordo com a sua organização vertical, através
do perfil ou de acordo com a organização horizontal onde se consideram as projeções das copas
sobre o solo ou a distribuição espacial dos troncos das árvores geralmente com o DAP (diâmetro à
altura do peito) maior que 10 cm.
A organização vertical da floresta pode ser estudada pela divisão em estratos, sendo que cada
estrato corresponderia a uma porção de massa vegetal contida dentro de um certo limite de altura.
Geralmente a estrutura vertical da floresta é estudada através do perfil, que consiste na projeção
gráfica da vegetação sobre um único plano correspondente a certa faixa da floresta.
Na Figura 1 pode ser observado o perfil de uma floresta densa. O Estrato A contém as copas
das árvores dominantes ou emergentes que geralmente se sobressaem acima do dossel contínuo da
floresta. Logo abaixo, no estrato B observam-se as árvores co-dominantes, cujas copas se tocam e
que também, como as dominantes, recebem a luz diretamente.
Eventualmente, este estrato, devido à queda de uma ou mais árvores, pode abrir clareiras,
permitindo a penetração dos raios luminosos diretamente sobre o Estrato C, constituído pelas
árvores dominadas que usualmente recebem luz diretamente apenas através das eventuais clareiras.
As árvores do Estrato C apresentam geralmente um crescimento reduzido, em virtude da baixa
luminosidade. Todavia, quando uma clareira se abre estas árvores tendem a ocupar os estratos
superiores respondendo rapidamente ao estímulo luminoso.
Os Estratos (A), (B) e (C) são chamados estratos arbóreos. Ao abrigo destes estratos
observa-se a vegetação que constitui o sub-bosque formado pelo estrato dos arbustos (D) (formado
por plantas com altura entre 0,70-1,0 m) e pelo estrato herbáceo (E) composto de ervas prostradas
de 30 a 70 cm de altura.
Abaixo do estrato herbáceo acumula-se serapilheira formada por uma camada de folhas
galhos, flores, frutos, etc., que recobre o solo da floresta. A serapilheira além de proteger o solo,
constitui-se num complexo laboratório de transformação, onde a matéria orgânica é decomposta e os
nutrientes são relocados à disposição do sistema radicular dos vegetais.
Nas florestas tropicais também é comum a presença de lianas (L) cipós que são plantas
volúveis que crescem apoiando-se nas árvores e em muitos casos cobrem com seus ramos e folhas a
copa da árvore de sustentação. As espécies epífitas (Ep) fixadas sobre o tronco e os ramos das árvores
também são comuns nas matas e trópicos.
À sombra do estrato arbóreo, entre ervas e arbustos, encontram-se também as plântulas, e as
árvores de pequeno porte que se originaram de sementes depositadas sobre o solo. Os vegetais que
vivem debaixo dos estratos arbóreos necessitam geralmente de baixa intensidade luminosa.
Quanto à luminosidade, as árvores podem ser classificadas como tolerantes ou intolerantes.
As tolerantes são as árvores que na sua fase inicial de crescimento adaptam-se melhor às condições
de luminosidade reduzida e que na fase adulta necessitam atingir a plena luz para o seu completo
desenvolvimento. As intolerantes são as essências florestais que necessitam de alta intensidade
luminosa em todas as fases de crescimento. Estas espécies crescem inicialmente apenas nas clareiras
das florestas ou nas áreas desmatadas, enquanto que as espécies tolerantes à sombra, predominam nos
estágios mais avançados da sucessão vegetal ou na floresta clímax.
Na floresta temperada a iluminação ao nível do solo pode descer a 2% num terreno descoberto,
e na floresta tropical varia entre 0,1 a 1%, conforme os casos.
1.1.1.2 - Estrutura da regeneração natural (RN) - representa os descendentes das árvores de uma
floresta; proporciona a substituição natural dos indivíduos e varia em função do estágio de sucessão
da floresta:
✓ floresta clímax: < proporção de espécies pioneiras;
✓ início de sucessão: > proporção de espécies pioneiras;
✓ clareiras: > proporção de espécies oportunistas;
Tabela 1. Descrição do número de indivíduos por classe de altura total (H). A classe 1 inclui indivíduos com altura menor
que 5,97 m; a classe 2 indivíduos com altura entre 5,97 e 9,76 m; e a classe 3 indivíduos com altura maior que 9,76 m. N
= número de indivíduos; PSA = posição sociológica absoluta; PSR = posição sociológica relativa. A lista foi elaborada
em ordem decrescente de VI (%).
Observações pertinentes:
Podemos pontuar que as espécies que tiverem o maior número de indivíduos amostrados na classe
2 também são as que apresentam maiores valores em relação à Posição Sociológica Absoluta e
Relativa (PSA/PSR), como é o caso das espécies Dalbergia miscolobium e Kielmeyera speciosa.
Na Classe 1, formada pelos indivíduos com altura total menor que 5,97 m, destacam-se as
espécies Machaerium sp.2 e Acosmiun dasycarpum, enquanto que na Classe 2, com alturas entre 5,97
m e 9,76 m destacam-se os Dalbergia miscolobium e Kielmeyera speciosa. Já na Classe 3, formada
pelos indivíduos com altura total maior que 9,76 m, destacam-se as espécies Dalbergia miscolobium
e Machaerium opacum.
É importante, também, considerar fatores associados à espécie. Podemos, dessa forma,
afirmar que as espécies que possuem um maior número de indivíduos representantes em cada um
desses estratos, certamente apresentam uma maior importância ecológica no povoamento em estudo.
Outro aspecto importante que devemos levar em consideração, é de que o número de estratos
ocorrentes na floresta é uma peculiaridade do povoamento, estando relacionada às diferenças em
composição de espécies, relações competitivas, restrições ambientais e perturbações antrópicas. Esses
fatores precisam ser levados em consideração, ao discutir seus resultados, pois as condições do meio
também influenciam a ocorrência, bem como o crescimento das espécies e sua estrutura na área
estudada, seja ela horizontal ou vertical.
REFERÊNCIAS
FELFILI, J. M.; REZENE, R. P. Conceitos e métodos em fitossociologia. v.5. n. 1. Brasília: UnB.
2003. 68 p. (Comunicações técnicas florestais).