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Simulado

Criado em: 11/07/2023 às 13:16:02

TEXTO 1

Escravidão é sinônimo de violência

Só se pode entender a montagem de uma instituição do porte do escravismo moderno atentando-se


para a articulação entre a criação de colônias no ultramar e seu funcionamento sob a forma de
grandes unidades produtoras voltadas para o mercado externo. A monocultura em larga escala
exigia um grande contingente de trabalhadores que deveriam se submeter a uma rotina espinhosa,
sem ter nem lucro nem motivação pessoal. Recriou-se, desse modo, a escravidão em novas bases,
com a utilização de mão de obra compulsória e que exigia – ao menos teoricamente − trabalhadores
de todo alienados de sua origem, liberdade e produção. Tudo deveria escapar à consciência e ao
arbítrio desse produtor direto.

Da parte dos contratantes, a ideologia que se conformava procurava desenhar o trabalho nos
trópicos como um fardo, um sofrimento, uma punição e uma pena para ambos os lados: senhores e
escravos. O discurso proferido pela Igreja e pelos proprietários entendia tal trabalho árduo como
uma atividade disciplinadora e civilizadora. Havia inclusive manuais − verdadeiros modelos de
aplicação de sevícias pedagógicas, punitivas e exemplares − que instruíam, didaticamente, os
fazendeiros sobre como submeter os escravizados e transformá-los em trabalhadores obedientes.
Um exemplo regular era o famoso quebra-negro, castigo muito utilizado no Brasil para educar
escravos novos ou recém-adquiridos e que, por meio da chibatada pública e outras sevícias, ensinava
os cativos a sempre olhar para o chão na presença de qualquer autoridade.

[...]

Um sistema como o escravismo moderno só se enraíza com o exercício da violência. Da parte dos
proprietários, a sanha contínua que visava à sujeição e obediência cegas para o trabalho. Da parte
dos escravos, a reação se dava a partir de gradações que iam das pequenas insubordinações diárias
e persistentes até as grandes revoltas e os quilombos.

De todo modo, a escravidão se enraizou de tal forma no Brasil, que costumes e palavras ficaram por
ela marcados. Se a casagrande delimitava a fronteira entre a área social e a de serviços, a mesma
arquitetura simbólica permaneceria presente nas casas e edifícios, onde, até os dias que correm,
elevador de serviço não é só para carga, mas também e, sobretudo, para os empregados que
guardam a marca do passado africano na cor. Termos de época mantêm-se operantes, apesar de o
significado original ter se perdido. A expressão “ama-seca” era até pouco tempo usada no país,
esquecendo-se, entretanto, de que naquele período essas amas se opunham às amas de leite,
mulheres que muitas vezes deixavam de amamentar seus filhos para cuidar dos rebentos dos
senhores. “Boçal” é ainda hoje uma pessoa com reduzida discriminação de locais e espaços – um
tonto; assim como “ladino” continua a ser sinônimo de “esperto”. Em seu sentido primeiro, “boçais”
eram os escravos recém-chegados e que, diferentemente dos “ladinos” – os cativos de segunda
geração –, não dominavam a língua ou a região, tendo, por isso, poucas possibilidades de fuga.

Alguns termos desapareceram, como é o caso da expressão “bens semoventes”, outrora empregada
para descrever de maneira indiscriminada, nos inventários e testamentos, as posses que podiam se
movimentar: quais sejam, escravos e animais. Hoje o termo permanece apenas no meio jurídico, que
o emprega para os bens dotados de movimento próprio, como os animais. Não obstante, permanece
uma divisão guardada em silêncio e condicionada por um vocabulário que transforma cor em
marcador social de diferença, reificado todos os dias pelas ações da polícia, que aborda muito mais
negros do que brancos e neles dá flagrantes. Aqui é usual a prática de “interpelação”, esse pequeno
teatro teórico e pragmático. Diante da força policial, não raro os indivíduos assumem um lugar que
corriqueiramente optariam por rejeitar. Não basta ser inocente para ser considerado e se considerar
culpado. Esse tipo de reação é chamado pelo antropólogo Didier Fassin de “memória incorporada”,
quando, antes mesmo de refletir, os corpos lembram. Se na época da escravidão indivíduos negros
trafegando soltos eram presos “por suspeita de escravos”, hoje são detidos com base em outras
alegações que lhes devolvem sempre o mesmo passado e origem.

[...]

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo:

Companhia das Letras, 2018. p. 91-93.

(Fragmentos)

1. [Q2363900]

Analise, a seguir, as assertivas a respeito dos elementos linguísticos presentes na construção do


Texto 1.

1) No trecho “Recriou-se, desse modo, a escravidão em novas bases [...]”, subentende-se que havia
outra forma de escravidão anterior à brasileira, o que se revela, logo de início, pelo emprego do
prefixo ‘re-’ agregado ao verbo ‘criar’.

2) No trecho “[...] a sanha contínua que visava à sujeição e obediência cegas para o trabalho”, não
deveria ter sido usado o acento indicativo de crase, uma vez que o complemento do verbo ‘visava’
tem dois núcleos nominais. Isso fica mais evidente na concordância do adjetivo ‘cegas’, no plural.

3) No trecho “Termos de época mantêm-se operantes, apesar de o significado original ter se


perdido”, as autoras optaram pelo uso de uma norma-padrão ao não contraírem a preposição ‘de’ e
o artigo ‘o’, como ocorre em determinados usos de variedades brasileiras do português
contemporâneo em que se empregaria a estrutura ‘apesar do’.

4) No trecho “Se na época da escravidão indivíduos negros trafegando soltos eram presos [...]”, há
uma expressão adverbial de tempo que deveria estar entre vírgulas por se encontrar deslocada e
ser de maior extensão.
Estão corretas as proposições

a ) 1 e 2, apenas.

b ) 3 e 4, apenas.

c ) 1, 2 e 4, apenas.

d ) 1, 3 e 4, apenas.

e ) 1, 2, 3 e 4.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Análise das estruturas linguísticas do texto, Sentidos do texto, Inferência
Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 8

TEXTO 1

A lenda de Itararé

Em tempos idos, a nação indígena que vivia às margens do Paranapanema resolveu abandonar a
região, escapando assim às atrocidades praticadas pelos brancos invasores.

Uma noite, porém, já em viagem, quando despertaram, estavam os índios completamente cercados e
só à força de tacape conseguiram abrir caminho por entre os adversários; mas, na fuga, uma das
mulheres mais formosas da aldeia – Jaíra – caiu sob o poder do chefe do bando contrário, homem
forte e valoroso.

Reuniram-se as nações indígenas convocadas, e durante uma lua inteira se prepararam para a
guerra. Efetuaram a festa do preparo do curare, também chamado uirari. Era a mulher mais velha
da aldeia quem tinha a honra de preparar o veneno; vestia-se com penas vermelhas, escutava o
canto dos pajés e partia para o mato, de onde voltava carregada de ervas. Quando o curare ficava
pronto, os vapores da panela subiam; ela os aspirava e caía morta. Assim se fez.

Depois de esfriado o curare, começou a dança em torno à panela, ervando todos os guerreiros as
suas flechas. Antes de se iniciar a batalha, chegou um velho de muito longe e entrou a aconselhar,
secretamente, os pajés: na guerra contra os brancos, que usavam armas de fogo, só deviam esperar
a morte; eles eram muitos e sabiam defender-se; o que deviam fazer era o seguinte:

− Um dos nossos ocultará, perto do acampamento inimigo, filtros de amor que conhecemos, a fim de
o chefe ficar apaixonado por Jaíra, e após deverá apresentar-se aos brancos como desertor da aldeia,
para trabalhar com eles. Assim terá oportunidade de falar com ela e entregar-lhe drogas preparadas
pela tribo. E um dia, quando todos estiverem adormecidos pelo ariru, servido no banquete, os
guerreiros indígenas, em massa, atacarão subitamente os inimigos, de tacape em punho. Não
escapará nenhum dos brancos, cujos cadáveres serão lançados aos corvos.

Tal plano foi aceito pelos pajés.

No dia seguinte partiu o guerreiro, levando os filtros de amor, mas os índios em vão esperaram
(como estava combinado) pelo canto da saracuara, três vezes em noite de lua nova.
É que o chefe se apaixonara pela linda bugra, e Jaíra também se apaixonara pelo moço, de modo que
o guerreiro enviado regressou sem nada haver conseguido.

O tenente Antônio de Sá (assim se chamava o chefe) era casado e residia em Santos, e quando sua
esposa soube do amor que o ligava a Jaíra, fez que seu pai a conduzisse ao acampamento dos
brancos, onde ela chegou, uma tarde, com muitos pajens e comitiva luzida.

Houve disputa entre os esposos, e, no dia seguinte, Jaíra, muito desgostosa, resolveu partir, dizendo
ao tenente que ia esperá-lo à beira do rio Itararé, a fim de fugirem, à noite, pela floresta. E rematou:

− Quando a lua for descendo pelos morros azuis eu cantarei três vezes como a araponga branca, e,
se você não comparecer ao lugar da espera, ligarei os pés com um cipó e me atirarei ao rio.

E pôs-se a caminho, deixando, em lágrimas, o moço. À noite, ouviu-se três vezes o canto da araponga
branca, mas o chefe dos brancos não foi procurar Jaíra.

Medonha e súbita tempestade revolucionou, então, aquela região, caindo raios numerosos que
vitimaram muitos bois, reduzindo bastante os animais do tenente Antônio de Sá.

Ao amanhecer, o chefe foi a cavalo, acompanhado por um pajem, à pedra indicada por Jaíra, mas só
achou ali a roupa da infeliz criatura, com uma coroa de flores de maracujá do mato, em cima. O
tenente soltou um grito de desespero, e ficou tão alucinado, que se lançou à corrente e não veio mais
a terra.

A senhora branca soube do ocorrido, dirigiu-se a cavalo ao rio, onde só viu a roupa de Jaíra e o lugar
em que sucumbira o esposo, e em pranto, a vociferar, amaldiçoou o rio em que cuspiu três vezes.
Então as águas cavaram o solo e se esconderam no fundo da terra, os peixes ficaram cegos, a mata
fanou-se e morreu!...

Contam que quem descia, de noite, à gruta de Itararé veria Jaíra, vestida de branco, com a grinalda
de flores de maracujá, tendo ao colo o corpo do moço que morrera por ela. Às vezes, a sua sombra
vinha à beira da estrada, matava os viajantes, tirava-lhes o sangue e com ele ia ver se reanimava o
seu morto querido.

Dizem, em época mais recente, que a penitência já se acabou; e um dia, quando menos se esperar,
as águas do rio hão de abrir de novo as suas margens e hão de espalhar-se pela terra, para refletir, à
noite, o fulgor de todas as estrelas.

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Lendas brasileiras. 9. ed.

São Paulo: Global, 2005. p. 93-96.

2. [Q2364298]

A marcação de tempo, nas lendas, é realizada por diversas expressões linguísticas que podem
imprimir diferentes valores temporais ao texto. Assinale a alternativa na qual as duas expressões
temporais transcritas do Texto 1 assumem um valor de duração mais prolongada.

a ) “Em tempos idos [...]” / “Depois de esfriado o curare [...]”


b ) “Uma noite [...]” / “No dia seguinte [...]”

c ) “[...] durante uma lua inteira [...]” / “[...] em época mais recente [...]”

d ) “Antes de se iniciar a batalha [...]” / “Ao amanhecer [...]”

e ) “[...] uma tarde [...]” / “Quando a lua for descendo pelos morros azuis [...]”
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Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente em
Administração / Questão: 3

TEXTO 4

Após o ardor da reconquista

não caíram manás sobre os nossos campos

E na dura travessia do deserto

aprendemos que a terra prometida era aqui

Ainda aqui e sempre aqui.

Duas ilhas indómitas a desbravar.

O padrão a ser erguido

pela nudez insepulta dos nossos punhos.

Emergiremos do canto

como do chão emerge o milho jovem

e nus, inteiros recuperaremos

a transparência do tempo inicial

Puros reabitaremos o poema e a claridade

para que a palavra amanheça e o sonho não se perca.

LIMA, Conceição. Após o ardor da reconquista... In: DÁSKALOS, Maria Alexandre; APA, Lívia;
BARBEITOS, Arlindo (Org.). Poesia africana de língua portuguesa (antologia). Rio de Janeiro:
Lacerda, 2003.
3. [Q2363983]

O Texto 4, um poema da escritora são-tomense Conceição Lima, faz referência a um momento de


independência, de conquista de liberdade que, mesmo depois de concretizada, não resolve todos os
problemas do país. Apesar disso, ela constrói também uma mensagem positiva de um futuro
diferente. Que referência figurativa é utilizada para simbolizar esse futuro?

a ) A imagem de crescimento simbolizada pelo milho novo.

b ) A possibilidade de desbravarem-se as duas ilhas indomáveis.

c ) A passagem bíblica que retrata a dura travessia do deserto.

d ) A ideia da comida que cai dos céus sobre os campos.

e ) A existência de uma terra prometida fora de onde estavam.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 18

TEXTO 3

Ayoluwa, a alegria do nosso povo

Quando a menina Ayoluwa, a alegria do nosso povo, nasceu, foi em boa hora para todos. Há muito
que em nossa vida tudo pitimbava. Os nossos dias passavam como um café sambango, ralo, frio e
sem gosto. Cada dia era sem quê nem porquê. E nós ali amolecidos, sem sustância alguma para
aprumar o nosso corpo. Repito: tudo era uma pitimba só. Escassez de tudo. Até a natureza minguava
e nos confundia. Ora aparecia um sol desensolarado e que mais se assemelhava a uma bola murcha,
lá na nascente. Um frio interior nos possuía então, e nós mal enfrentávamos o dia sob a nula ação da
estrela desfeita. Ora gotejava uma chuva de pinguitos tão ralos e escassos que mal molhava as
pontas de nossos dedos. E então deu de faltar tudo: mãos para o trabalho, alimentos, água, matéria
para os nossos pensamentos e sonhos, palavras para as nossas bocas, cantos para as nossas vozes,
movimento, dança, desejos para os nossos corpos.

Os mais velhos, acumulados de tanto sofrimento, olhavam para trás e do passado nada reconheciam
no presente. Suas lutas, seu fazer e saber, tudo parecia ter se perdido no tempo. O que fizeram,
então? Deram de clamar pela morte. E a todo instante eles partiam. E, com a tristeza da falta de
lugar em um mundo em que eles não se reconheciam e nem reconheciam mais, muitos se foram.
Dentre eles, me lembro de vô Moyo, o que trazia boa saúde, de tio Masud, o afortunado, o velho
Abede, o homem abençoado, e outros e outros. Todos estavam enfraquecidos e esquecidos da força
que traziam no significado de seus próprios nomes. As velhas mulheres também. Elas, que sempre
inventavam formas de enfrentar e vencer a dor, não acreditavam mais na eficácia delas próprias.
Como os homens, deslembravam a potência que se achava resguardada partir de suas
denominações. E pediam veementemente à vida que esquecesse delas e que as deixasse partir. Foi
com esse estado de ânimo que muitas delas empreenderam a derradeira viagem: vovó Amina, a
pacífica; tia Sele, a mulher forte como um elefante; mãe Asantewaa, a mulher de guerra, a guerreira;
e ainda Malika, a rainha. Com a ida de nossos mais velhos ficamos mais desamparados ainda. E o
que dizer para os nossos jovens, a não ser as nossas tristezas?

[...]

EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016. p. 111-112.

4. [Q2363954]

Assinale, entre os trechos do Texto 3, a seguir, aquele que expressa um valor de oposição na cadeia
coesiva do conto.

a ) “E nós ali amolecidos, sem sustância alguma para aprumar o nosso corpo.”

b ) “[...] que mal molhava as pontas de nossos dedos.”

c ) “[...] com a tristeza da falta de lugar em um mundo [...]”

d ) “[...] que sempre inventavam formas de enfrentar e vencer a dor [...]”

e ) “Com a ida de nossos mais velhos ficamos mais desamparados ainda.”


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 15

5. [Q2363949]

Assinale a alternativa que apresente uma análise adequada das ideias permitidas pela leitura do
Texto 3, o conto “Ayoluwa, a alegria do nosso povo”, de Conceição Evaristo.

a ) O trecho do conto brinca com os significados dos nomes de diversos personagens para
mostrar que, apesar das dificuldades, os membros dessa família sempre vencem.

b ) Há um jogo de ideias entre a escassez de alimentos e a ausência dos elementos da natureza


na vida da família, representando as privações totais a que eram submetidos.

c ) O conto apresenta uma família que passa por dificuldades, com a história narrada por um
personagem membro de uma geração intermediária dessa mesma família.

d ) O sofrimento representado no texto é transmitido a cada geração dentro da mesma família,


mas é narrado a partir de perspectivas diferentes, a depender da geração.

e ) O nome da personagem que dá título ao texto tem um significado que representa a esperança
em dias melhores, o que fica evidente no fim dos problemas da família.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 14

6. [Q2363935]
TEXTO 2

Uma história da escravidão no Brasil – o segundo

volume da trilogia

Entre 1700 e 1800, cerca de dois milhões de homens e mulheres foram arrancados de suas raízes
africanas, embarcados à força nos porões dos navios negreiros e transportados para o Brasil.
Muitos seriam vendidos em leilões públicos antes de seguir para as senzalas onde, sob a ameaça do
chicote, trabalhariam pelo resto de suas vidas. No final do século XVIII, a América Portuguesa
tinha a maior concentração de pessoas de origem africana em todo o continente americano. Os
brancos formavam um grupo relativamente pequeno. Os índios, a essa altura já dizimados por
doenças, guerras e a ocupação de seus territórios, sequer apareciam nas estatísticas. O motor da
escravidão nesse período foi a descoberta de ouro e de diamantes, primeiro em Minas Gerais e,
depois, em Mato Grosso e Goiás. A busca de novas riquezas, acompanhada pelo uso cada vez mais
intenso da mão de obra cativa, fez com que o território brasileiro praticamente dobrasse de
tamanho. Começavam também ali alguns fenômenos que marcariam profundamente a face do
escravismo brasileiro. A escravidão urbana, de serviços, diferente daquela observada nas antigas
lavouras da cana-de-açúcar na região Nordeste, deu maior mobilidade aos cativos, acelerou os
processos de alforria, ofereceu oportunidades às mulheres e gerou uma nova cultura em que
hábitos de origem africana se misturaram a outros, de raiz europeia e indígena. O agitado e
rebelde século XVIII e a gigantesca onda africana que o marcou são os temas deste segundo
volume da trilogia sobre a história da escravidão no Brasil.

GOMES, Laurentino. Escravidão: da corrida do ouro em

Minas Gerais até a chegada da corte de dom João ao

Brasil, volume 2. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2021.

(quarta-capa)

Assinale a alternativa que expressa corretamente uma ideia permitida pela leitura do Texto 2.

a ) A escravidão no Brasil tem início a partir de 1700, com o tráfico de homens e mulheres da
África, transportados nos porões dos navios negreiros.

b ) Com o processo de escravidão, no final do século XVIII, a população indígena já tinha sido
substituída pela africana, a ponto de sumir das estatísticas.

c ) A escravidão brasileira surge como consequência da descoberta do ouro em Minas Gerais e


outras localidades do interior do país, que estava em expansão.

d ) O caráter da escravidão brasileira foi essencialmente urbano, baseado na prestação de


serviços que era necessária para o funcionamento da mineração.
e ) Durante a escravidão, a cultura brasileira foi intensamente fundamentada em hábitos de
origem africana, misturados aos de raiz europeia e indígena.

Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 12

7. [Q2363933]

TEXTO 1

Escravidão é sinônimo de violência

Só se pode entender a montagem de uma instituição do porte do escravismo moderno atentando-se


para a articulação entre a criação de colônias no ultramar e seu funcionamento sob a forma de
grandes unidades produtoras voltadas para o mercado externo. A monocultura em larga escala
exigia um grande contingente de trabalhadores que deveriam se submeter a uma rotina espinhosa,
sem ter nem lucro nem motivação pessoal. Recriou-se, desse modo, a escravidão em novas bases,
com a utilização de mão de obra compulsória e que exigia – ao menos teoricamente −
trabalhadores de todo alienados de sua origem, liberdade e produção. Tudo deveria escapar à
consciência e ao arbítrio desse produtor direto.

Da parte dos contratantes, a ideologia que se conformava procurava desenhar o trabalho nos
trópicos como um fardo, um sofrimento, uma punição e uma pena para ambos os lados: senhores e
escravos. O discurso proferido pela Igreja e pelos proprietários entendia tal trabalho árduo como
uma atividade disciplinadora e civilizadora. Havia inclusive manuais − verdadeiros modelos de
aplicação de sevícias pedagógicas, punitivas e exemplares − que instruíam, didaticamente, os
fazendeiros sobre como submeter os escravizados e transformá-los em trabalhadores obedientes.
Um exemplo regular era o famoso quebra-negro, castigo muito utilizado no Brasil para educar
escravos novos ou recém-adquiridos e que, por meio da chibatada pública e outras sevícias,
ensinava os cativos a sempre olhar para o chão na presença de qualquer autoridade.

[...]

Um sistema como o escravismo moderno só se enraíza com o exercício da violência. Da parte dos
proprietários, a sanha contínua que visava à sujeição e obediência cegas para o trabalho. Da parte
dos escravos, a reação se dava a partir de gradações que iam das pequenas insubordinações
diárias e persistentes até as grandes revoltas e os quilombos.

De todo modo, a escravidão se enraizou de tal forma no Brasil, que costumes e palavras ficaram
por ela marcados. Se a casagrande delimitava a fronteira entre a área social e a de serviços, a
mesma arquitetura simbólica permaneceria presente nas casas e edifícios, onde, até os dias que
correm, elevador de serviço não é só para carga, mas também e, sobretudo, para os empregados
que guardam a marca do passado africano na cor. Termos de época mantêm-se operantes, apesar
de o significado original ter se perdido. A expressão “ama-seca” era até pouco tempo usada no
país, esquecendo-se, entretanto, de que naquele período essas amas se opunham às amas de leite,
mulheres que muitas vezes deixavam de amamentar seus filhos para cuidar dos rebentos dos
senhores. “Boçal” é ainda hoje uma pessoa com reduzida discriminação de locais e espaços – um
tonto; assim como “ladino” continua a ser sinônimo de “esperto”. Em seu sentido primeiro,
“boçais” eram os escravos recém-chegados e que, diferentemente dos “ladinos” – os cativos de
segunda geração –, não dominavam a língua ou a região, tendo, por isso, poucas possibilidades de
fuga.

Alguns termos desapareceram, como é o caso da expressão “bens semoventes”, outrora empregada
para descrever de maneira indiscriminada, nos inventários e testamentos, as posses que podiam se
movimentar: quais sejam, escravos e animais. Hoje o termo permanece apenas no meio jurídico,
que o emprega para os bens dotados de movimento próprio, como os animais. Não obstante,
permanece uma divisão guardada em silêncio e condicionada por um vocabulário que transforma
cor em marcador social de diferença, reificado todos os dias pelas ações da polícia, que aborda
muito mais negros do que brancos e neles dá flagrantes. Aqui é usual a prática de “interpelação”,
esse pequeno teatro teórico e pragmático. Diante da força policial, não raro os indivíduos assumem
um lugar que corriqueiramente optariam por rejeitar. Não basta ser inocente para ser considerado
e se considerar culpado. Esse tipo de reação é chamado pelo antropólogo Didier Fassin de
“memória incorporada”, quando, antes mesmo de refletir, os corpos lembram. Se na época da
escravidão indivíduos negros trafegando soltos eram presos “por suspeita de escravos”, hoje são
detidos com base em outras alegações que lhes devolvem sempre o mesmo passado e origem.

[...]

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo:

Companhia das Letras, 2018. p. 91-93.

(Fragmentos)

TEXTO 2

Uma história da escravidão no Brasil – o segundo

volume da trilogia

Entre 1700 e 1800, cerca de dois milhões de homens e mulheres foram arrancados de suas raízes
africanas, embarcados à força nos porões dos navios negreiros e transportados para o Brasil.
Muitos seriam vendidos em leilões públicos antes de seguir para as senzalas onde, sob a ameaça do
chicote, trabalhariam pelo resto de suas vidas. No final do século XVIII, a América Portuguesa
tinha a maior concentração de pessoas de origem africana em todo o continente americano. Os
brancos formavam um grupo relativamente pequeno. Os índios, a essa altura já dizimados por
doenças, guerras e a ocupação de seus territórios, sequer apareciam nas estatísticas. O motor da
escravidão nesse período foi a descoberta de ouro e de diamantes, primeiro em Minas Gerais e,
depois, em Mato Grosso e Goiás. A busca de novas riquezas, acompanhada pelo uso cada vez mais
intenso da mão de obra cativa, fez com que o território brasileiro praticamente dobrasse de
tamanho. Começavam também ali alguns fenômenos que marcariam profundamente a face do
escravismo brasileiro. A escravidão urbana, de serviços, diferente daquela observada nas antigas
lavouras da cana-de-açúcar na região Nordeste, deu maior mobilidade aos cativos, acelerou os
processos de alforria, ofereceu oportunidades às mulheres e gerou uma nova cultura em que
hábitos de origem africana se misturaram a outros, de raiz europeia e indígena. O agitado e
rebelde século XVIII e a gigantesca onda africana que o marcou são os temas deste segundo
volume da trilogia sobre a história da escravidão no Brasil.

GOMES, Laurentino. Escravidão: da corrida do ouro em

Minas Gerais até a chegada da corte de dom João ao

Brasil, volume 2. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2021.

(quarta-capa)

Os textos são elaborados para cumprir determinados propósitos comunicativos que correspondem,
em geral, ao gênero no qual se materializam. O Texto 2 é do gênero quarta-capa e assume
determinadas funcionalidades relacionadas a esse gênero. Sobre a funções da quarta-capa no
Texto 2, analise as assertivas a seguir.

1) O Texto 2 cumpre seu caráter promocional ao situar e contextualizar, para o leitor, o tema da
obra, a história da escravidão em determinado período da sociedade brasileira.

2) Funcionalmente, há diálogos entre os gêneros quarta-capa e resenha, como se pode perceber no


Texto 2, que apresenta uma espécie de avaliação da obra, neste caso, positiva, principalmente no
último período do texto.

3) Uma marca do gênero quarta-capa, ou contracapa, é a possibilidade de citações de leitores


famosos do livro, que funcionam como uma avaliação positiva da obra e cumprem o papel de
promovê-la. No Texto 2, essas citações aparecem de maneira implícita, na descrição dos fatos
históricos.

4) Percebe-se uma aproximação entre os gêneros contracapa e sinopse, tendo em vista que ambos
trazem uma síntese das ideias de uma obra, o que pode ser observado, no Texto 2, no relato dos
fatos históricos sobre a escravidão no Brasil setecentista.

Estão corretas as proposições

a ) 1 e 2, apenas.

b ) 1 e 4, apenas.

c ) 2 e 3, apenas.

d ) 3 e 4, apenas.

e ) 1, 2, 3 e 4.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Análise das estruturas linguísticas do texto, Sentidos do texto, Inferência
Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 11

TEXTO 1

Escravidão é sinônimo de violência

Só se pode entender a montagem de uma instituição do porte do escravismo moderno atentando-se


para a articulação entre a criação de colônias no ultramar e seu funcionamento sob a forma de
grandes unidades produtoras voltadas para o mercado externo. A monocultura em larga escala
exigia um grande contingente de trabalhadores que deveriam se submeter a uma rotina espinhosa,
sem ter nem lucro nem motivação pessoal. Recriou-se, desse modo, a escravidão em novas bases,
com a utilização de mão de obra compulsória e que exigia – ao menos teoricamente − trabalhadores
de todo alienados de sua origem, liberdade e produção. Tudo deveria escapar à consciência e ao
arbítrio desse produtor direto.

Da parte dos contratantes, a ideologia que se conformava procurava desenhar o trabalho nos
trópicos como um fardo, um sofrimento, uma punição e uma pena para ambos os lados: senhores e
escravos. O discurso proferido pela Igreja e pelos proprietários entendia tal trabalho árduo como
uma atividade disciplinadora e civilizadora. Havia inclusive manuais − verdadeiros modelos de
aplicação de sevícias pedagógicas, punitivas e exemplares − que instruíam, didaticamente, os
fazendeiros sobre como submeter os escravizados e transformá-los em trabalhadores obedientes.
Um exemplo regular era o famoso quebra-negro, castigo muito utilizado no Brasil para educar
escravos novos ou recém-adquiridos e que, por meio da chibatada pública e outras sevícias, ensinava
os cativos a sempre olhar para o chão na presença de qualquer autoridade.

[...]

Um sistema como o escravismo moderno só se enraíza com o exercício da violência. Da parte dos
proprietários, a sanha contínua que visava à sujeição e obediência cegas para o trabalho. Da parte
dos escravos, a reação se dava a partir de gradações que iam das pequenas insubordinações diárias
e persistentes até as grandes revoltas e os quilombos.

De todo modo, a escravidão se enraizou de tal forma no Brasil, que costumes e palavras ficaram por
ela marcados. Se a casagrande delimitava a fronteira entre a área social e a de serviços, a mesma
arquitetura simbólica permaneceria presente nas casas e edifícios, onde, até os dias que correm,
elevador de serviço não é só para carga, mas também e, sobretudo, para os empregados que
guardam a marca do passado africano na cor. Termos de época mantêm-se operantes, apesar de o
significado original ter se perdido. A expressão “ama-seca” era até pouco tempo usada no país,
esquecendo-se, entretanto, de que naquele período essas amas se opunham às amas de leite,
mulheres que muitas vezes deixavam de amamentar seus filhos para cuidar dos rebentos dos
senhores. “Boçal” é ainda hoje uma pessoa com reduzida discriminação de locais e espaços – um
tonto; assim como “ladino” continua a ser sinônimo de “esperto”. Em seu sentido primeiro, “boçais”
eram os escravos recém-chegados e que, diferentemente dos “ladinos” – os cativos de segunda
geração –, não dominavam a língua ou a região, tendo, por isso, poucas possibilidades de fuga.
Alguns termos desapareceram, como é o caso da expressão “bens semoventes”, outrora empregada
para descrever de maneira indiscriminada, nos inventários e testamentos, as posses que podiam se
movimentar: quais sejam, escravos e animais. Hoje o termo permanece apenas no meio jurídico, que
o emprega para os bens dotados de movimento próprio, como os animais. Não obstante, permanece
uma divisão guardada em silêncio e condicionada por um vocabulário que transforma cor em
marcador social de diferença, reificado todos os dias pelas ações da polícia, que aborda muito mais
negros do que brancos e neles dá flagrantes. Aqui é usual a prática de “interpelação”, esse pequeno
teatro teórico e pragmático. Diante da força policial, não raro os indivíduos assumem um lugar que
corriqueiramente optariam por rejeitar. Não basta ser inocente para ser considerado e se considerar
culpado. Esse tipo de reação é chamado pelo antropólogo Didier Fassin de “memória incorporada”,
quando, antes mesmo de refletir, os corpos lembram. Se na época da escravidão indivíduos negros
trafegando soltos eram presos “por suspeita de escravos”, hoje são detidos com base em outras
alegações que lhes devolvem sempre o mesmo passado e origem.

[...]

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo:

Companhia das Letras, 2018. p. 91-93.

(Fragmentos)

8. [Q2363888]

No Texto 1, percebe-se a construção de um ponto de vista a respeito da relação entre escravidão e


violência. Para sustentar essa visão, as autoras recorrem a estratégias de argumentação diversas,
ao longo do texto, entre as quais está o fundamento em discursos publicamente autorizados das
áreas do conhecimento. Pensando nisso, assinale a alternativa que destaca o uso dessa estratégia
no Texto 1.

a ) A comparação entre a criação de colônias ultramarinas e a busca de produção para o


mercado externo.

b ) A menção ao discurso da Igreja sobre os benefícios civilizatórios da atividade escravagista.

c ) O paralelo entre as formas de violência realizadas por proprietários e escravos no escravismo


moderno.

d ) A explicação de expressões linguísticas de caráter racista que ficaram ainda enraizadas na


sociedade.

e ) A citação do conceito antropológico de memória incorporada para explicar a origem da


violência policial.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 6

9. [Q2363883]

O Texto 1 faz referência a vários contextos socioculturais brasileiros, quando retoma a história da
escravidão no Brasil a partir de fatos antigos e contemporâneos. Operam-se, assim, analogias de
semelhança entre o ontem e o hoje, traçando um retrato da violência característica da sociedade
brasileira. Considerando essa análise, assinale a alternativa que contempla corretamente alguma(s)
da(s) analogia(s) retratada(s) no Texto 1.

a ) A existência, nas antigas casas-grandes, de espaços sociais e de serviços, que se reproduz,


atualmente, nos elevadores de casas e prédios.

b ) A possibilidade de inventariarem-se pessoas em testamentos, já que a expressão “bens


semoventes” ainda permanece no meio jurídico.

c ) A permanência da palavra “boçal” na língua portuguesa para fazer referência a uma pessoa
que não domina completamente o idioma nacional.

d ) A segregação racial que existia, antigamente, nos quilombos hoje é encontrada com
frequência nas favelas próximas aos grandes centros.

e ) A abordagem da polícia frequentemente direcionada a pessoas negras reproduz um modelo


de controle de tráfico surgido no início da escravidão.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 5

TEXTO 3

Disponível em: https://www.otempo.com.br/charges/charge-09-06-2010-3.102062

Acesso em 28/02/22

10. [Q2364335]
Sobre os Textos 1, 2 e 3, que dialogam a respeito do mesmo assunto, a relação entre colonizadores
e colonizados na história do Brasil, analise as assertivas a seguir.

1) O Texto 1 narra uma história própria da cultura brasileira que acaba revelando uma relação
conflituosa entre brancos e índios na nossa formação social.

2) O Texto 2 mostra como os índios eram vistos pelos colonizadores europeus, que passaram a
catalogar informações sobre sua cultura a fim de conhecerem melhor os povos que aqui habitavam.

3) O Texto 3 é o único que faz uma crítica à relação entre brancos e índios a partir de um tom
humorístico.

Está(ão) correta(s)

a ) 1, apenas.

b ) 1 e 3, apenas.

c ) 2, apenas.

d ) 3, apenas.

e ) 1, 2 e 3.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Inferência Textual, Sentidos do texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Técnico em Enfermagem /
Questão: 15

11. [Q2364332]

O efeito de humor provocado pelo Texto 3 é construído principalmente a partir

a ) do olhar de deboche do neto direcionado ao avô.

b ) da ressignificação da palavra ‘receita’.

c ) da recontextualização da palavra ‘restituição’.

d ) dos elementos da cultura indígena na imagem.

e ) da perspectiva criada nas imagens dos personagens.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Causa e efeito, Sentidos do texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Técnico em Enfermagem /
Questão: 14

TEXTO 2
Índios no cotidiano de brancos

Ao chegarem ao Brasil, os portugueses logo descobriram que grandes partes do litoral, bem como as
partes do interior às quais tinham acesso, se encontravam ocupadas por sociedades que
compartilhavam certas características comuns à cultura tupi-guarani. Em outras partes, o Brasil era
habitado por sociedades não tupis, representando dezenas de famílias linguísticas distintas. Para
enfrentar o problema, os europeus reduziram esse cenário a duas categorias genéricas: tupi e
tapuia. A parte tupi agregava os grupos litorâneos em contato com europeus, não só os portugueses,
mas também franceses, ingleses e castelhanos.

A denominação “tapuia” se aplicava aos grupos desconhecidos. Em seu Tratado descritivo, Gabriel
Soares de Souza confessava a dificuldade em repertoriá-los: “Como os tapuias são tantos e tão
divididos em bandos, costumes e linguagem para se poder deles dizer muito, era necessário de
propósito e devagar tomar grandes informações de suas divisões, vida e costumes, pois ao presente
não é possível.”

Inúmeros relatos de missionários e viajantes contaram sobre os costumes indígenas. Na pena de


Soares de Souza, por exemplo, o leitor há de encontrar verbetes descritivos sobre “costumes e
trajes”, “do modo de comer e beber”, “de como curam suas enfermidades”, da “luxúria”, de seus
casamentos, antropofagia e linguagem – enfim, um catálogo dos usos e costumes de várias nações,
dos caetés aos ubirajaras. Esses textos ora enfatizam a singularidade de suas culturas, ora retratam
a aculturação que resultou do contato com o homem branco e o consequente processo de integração,
exploração e destruição das populações indígenas. Como se vestiam ou enterravam seus mortos, o
que comiam e a quem se uniam, como guerreavam ou passavam o tempo? As tribos mais comentadas
são aquelas com as quais foram cruzando ao longo da ocupação: índios de aldeias, vivendo de suas
lavouras, como os caiapós ou os parecis, ou índios de corso, ferozes e excelentes cavaleiros, como os
paiguazes ou aicurus, deixaram seu retrato na pena de pato dos brancos.

[...]

PRIORE, Mary del. Histórias da gente brasileira: volume 1:

colônia. Rio de Janeiro: Leya, 2016. p. 53-54.

12. [Q2364314]

Assinale a alternativa que expressa corretamente as ideias permitidas pela leitura do Texto 2.

a ) O texto relata a pluralidade de culturas indígenas brasileiras que não eram percebidas pelos
colonizadores portugueses.

b ) Os europeus presentes em terras brasileiras tentaram categorizar os grupos sociais


indígenas para melhor registrá-los.

c ) Os grupos indígenas que viviam no litoral tinham mais contato com outras nações europeias
que com os portugueses.

d ) As narrativas dos europeus sobre os povos indígenas brasileiros focalizaram as tribos que
viviam em áreas urbanas.
e ) O texto explica as origens das diferenças entre as tribos indígenas que habitavam no Brasil
na época da colonização.

Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente em
Administração / Questão: 9

TEXTO 1

A lenda de Itararé

Em tempos idos, a nação indígena que vivia às margens do Paranapanema resolveu abandonar a
região, escapando assim às atrocidades praticadas pelos brancos invasores.

Uma noite, porém, já em viagem, quando despertaram, estavam os índios completamente cercados e
só à força de tacape conseguiram abrir caminho por entre os adversários; mas, na fuga, uma das
mulheres mais formosas da aldeia – Jaíra – caiu sob o poder do chefe do bando contrário, homem
forte e valoroso.

Reuniram-se as nações indígenas convocadas, e durante uma lua inteira se prepararam para a
guerra. Efetuaram a festa do preparo do curare, também chamado uirari. Era a mulher mais velha
da aldeia quem tinha a honra de preparar o veneno; vestia-se com penas vermelhas, escutava o
canto dos pajés e partia para o mato, de onde voltava carregada de ervas. Quando o curare ficava
pronto, os vapores da panela subiam; ela os aspirava e caía morta. Assim se fez.

Depois de esfriado o curare, começou a dança em torno à panela, ervando todos os guerreiros as
suas flechas. Antes de se iniciar a batalha, chegou um velho de muito longe e entrou a aconselhar,
secretamente, os pajés: na guerra contra os brancos, que usavam armas de fogo, só deviam esperar
a morte; eles eram muitos e sabiam defender-se; o que deviam fazer era o seguinte:

− Um dos nossos ocultará, perto do acampamento inimigo, filtros de amor que conhecemos, a fim de
o chefe ficar apaixonado por Jaíra, e após deverá apresentar-se aos brancos como desertor da aldeia,
para trabalhar com eles. Assim terá oportunidade de falar com ela e entregar-lhe drogas preparadas
pela tribo. E um dia, quando todos estiverem adormecidos pelo ariru, servido no banquete, os
guerreiros indígenas, em massa, atacarão subitamente os inimigos, de tacape em punho. Não
escapará nenhum dos brancos, cujos cadáveres serão lançados aos corvos.

Tal plano foi aceito pelos pajés.

No dia seguinte partiu o guerreiro, levando os filtros de amor, mas os índios em vão esperaram
(como estava combinado) pelo canto da saracuara, três vezes em noite de lua nova.

É que o chefe se apaixonara pela linda bugra, e Jaíra também se apaixonara pelo moço, de modo que
o guerreiro enviado regressou sem nada haver conseguido.

O tenente Antônio de Sá (assim se chamava o chefe) era casado e residia em Santos, e quando sua
esposa soube do amor que o ligava a Jaíra, fez que seu pai a conduzisse ao acampamento dos
brancos, onde ela chegou, uma tarde, com muitos pajens e comitiva luzida.

Houve disputa entre os esposos, e, no dia seguinte, Jaíra, muito desgostosa, resolveu partir, dizendo
ao tenente que ia esperá-lo à beira do rio Itararé, a fim de fugirem, à noite, pela floresta. E rematou:

− Quando a lua for descendo pelos morros azuis eu cantarei três vezes como a araponga branca, e,
se você não comparecer ao lugar da espera, ligarei os pés com um cipó e me atirarei ao rio.

E pôs-se a caminho, deixando, em lágrimas, o moço. À noite, ouviu-se três vezes o canto da araponga
branca, mas o chefe dos brancos não foi procurar Jaíra.

Medonha e súbita tempestade revolucionou, então, aquela região, caindo raios numerosos que
vitimaram muitos bois, reduzindo bastante os animais do tenente Antônio de Sá.

Ao amanhecer, o chefe foi a cavalo, acompanhado por um pajem, à pedra indicada por Jaíra, mas só
achou ali a roupa da infeliz criatura, com uma coroa de flores de maracujá do mato, em cima. O
tenente soltou um grito de desespero, e ficou tão alucinado, que se lançou à corrente e não veio mais
a terra.

A senhora branca soube do ocorrido, dirigiu-se a cavalo ao rio, onde só viu a roupa de Jaíra e o lugar
em que sucumbira o esposo, e em pranto, a vociferar, amaldiçoou o rio em que cuspiu três vezes.
Então as águas cavaram o solo e se esconderam no fundo da terra, os peixes ficaram cegos, a mata
fanou-se e morreu!...

Contam que quem descia, de noite, à gruta de Itararé veria Jaíra, vestida de branco, com a grinalda
de flores de maracujá, tendo ao colo o corpo do moço que morrera por ela. Às vezes, a sua sombra
vinha à beira da estrada, matava os viajantes, tirava-lhes o sangue e com ele ia ver se reanimava o
seu morto querido.

Dizem, em época mais recente, que a penitência já se acabou; e um dia, quando menos se esperar,
as águas do rio hão de abrir de novo as suas margens e hão de espalhar-se pela terra, para refletir, à
noite, o fulgor de todas as estrelas.

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Lendas brasileiras. 9. ed.

São Paulo: Global, 2005. p. 93-96.

13. [Q2364301]

O Texto 1 é uma lenda própria das culturas indígenas e, como tal, apresenta elementos típicos das
sociedades indígenas brasileiras, além de palavras do português brasileiro provenientes das
línguas indígenas. Assinale a alternativa que NÃO apresenta um item lexical de origem indígena
presente no Texto 1.

a ) Itararé

b ) Paranapanema

c ) flechas

d ) pajés

e ) maracujá
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.
Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente em
Administração / Questão: 5

14. [Q2364302]

Assinale a alternativa cuja expressão em destaque no trecho do Texto 1 faz referência à


personagem Jaíra.

a ) “[...] se apaixonara pela linda bugra [...]”

b ) “[...] fez que seu pai a conduzisse [...]”

c ) “[...] três vezes como a araponga branca [...]”

d ) “A senhora branca soube do ocorrido [...]”

e ) “[...] hão de abrir de novo as suas margens [...]”


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Análise das estruturas linguísticas do texto, Sentidos do texto, Inferência
Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente em
Administração / Questão: 6

TEXTO 1

Escravidão é sinônimo de violência

Só se pode entender a montagem de uma instituição do porte do escravismo moderno atentando-se


para a articulação entre a criação de colônias no ultramar e seu funcionamento sob a forma de
grandes unidades produtoras voltadas para o mercado externo. A monocultura em larga escala
exigia um grande contingente de trabalhadores que deveriam se submeter a uma rotina espinhosa,
sem ter nem lucro nem motivação pessoal. Recriou-se, desse modo, a escravidão em novas bases,
com a utilização de mão de obra compulsória e que exigia – ao menos teoricamente − trabalhadores
de todo alienados de sua origem, liberdade e produção. Tudo deveria escapar à consciência e ao
arbítrio desse produtor direto.

Da parte dos contratantes, a ideologia que se conformava procurava desenhar o trabalho nos
trópicos como um fardo, um sofrimento, uma punição e uma pena para ambos os lados: senhores e
escravos. O discurso proferido pela Igreja e pelos proprietários entendia tal trabalho árduo como
uma atividade disciplinadora e civilizadora. Havia inclusive manuais − verdadeiros modelos de
aplicação de sevícias pedagógicas, punitivas e exemplares − que instruíam, didaticamente, os
fazendeiros sobre como submeter os escravizados e transformá-los em trabalhadores obedientes.
Um exemplo regular era o famoso quebra-negro, castigo muito utilizado no Brasil para educar
escravos novos ou recém-adquiridos e que, por meio da chibatada pública e outras sevícias, ensinava
os cativos a sempre olhar para o chão na presença de qualquer autoridade.

[...]

Um sistema como o escravismo moderno só se enraíza com o exercício da violência. Da parte dos
proprietários, a sanha contínua que visava à sujeição e obediência cegas para o trabalho. Da parte
dos escravos, a reação se dava a partir de gradações que iam das pequenas insubordinações diárias
e persistentes até as grandes revoltas e os quilombos.

De todo modo, a escravidão se enraizou de tal forma no Brasil, que costumes e palavras ficaram por
ela marcados. Se a casagrande delimitava a fronteira entre a área social e a de serviços, a mesma
arquitetura simbólica permaneceria presente nas casas e edifícios, onde, até os dias que correm,
elevador de serviço não é só para carga, mas também e, sobretudo, para os empregados que
guardam a marca do passado africano na cor. Termos de época mantêm-se operantes, apesar de o
significado original ter se perdido. A expressão “ama-seca” era até pouco tempo usada no país,
esquecendo-se, entretanto, de que naquele período essas amas se opunham às amas de leite,
mulheres que muitas vezes deixavam de amamentar seus filhos para cuidar dos rebentos dos
senhores. “Boçal” é ainda hoje uma pessoa com reduzida discriminação de locais e espaços – um
tonto; assim como “ladino” continua a ser sinônimo de “esperto”. Em seu sentido primeiro, “boçais”
eram os escravos recém-chegados e que, diferentemente dos “ladinos” – os cativos de segunda
geração –, não dominavam a língua ou a região, tendo, por isso, poucas possibilidades de fuga.

Alguns termos desapareceram, como é o caso da expressão “bens semoventes”, outrora empregada
para descrever de maneira indiscriminada, nos inventários e testamentos, as posses que podiam se
movimentar: quais sejam, escravos e animais. Hoje o termo permanece apenas no meio jurídico, que
o emprega para os bens dotados de movimento próprio, como os animais. Não obstante, permanece
uma divisão guardada em silêncio e condicionada por um vocabulário que transforma cor em
marcador social de diferença, reificado todos os dias pelas ações da polícia, que aborda muito mais
negros do que brancos e neles dá flagrantes. Aqui é usual a prática de “interpelação”, esse pequeno
teatro teórico e pragmático. Diante da força policial, não raro os indivíduos assumem um lugar que
corriqueiramente optariam por rejeitar. Não basta ser inocente para ser considerado e se considerar
culpado. Esse tipo de reação é chamado pelo antropólogo Didier Fassin de “memória incorporada”,
quando, antes mesmo de refletir, os corpos lembram. Se na época da escravidão indivíduos negros
trafegando soltos eram presos “por suspeita de escravos”, hoje são detidos com base em outras
alegações que lhes devolvem sempre o mesmo passado e origem.

[...]

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo:

Companhia das Letras, 2018. p. 91-93.

(Fragmentos)

TEXTO 2

Uma história da escravidão no Brasil – o segundo

volume da trilogia
Entre 1700 e 1800, cerca de dois milhões de homens e mulheres foram arrancados de suas raízes
africanas, embarcados à força nos porões dos navios negreiros e transportados para o Brasil. Muitos
seriam vendidos em leilões públicos antes de seguir para as senzalas onde, sob a ameaça do chicote,
trabalhariam pelo resto de suas vidas. No final do século XVIII, a América Portuguesa tinha a maior
concentração de pessoas de origem africana em todo o continente americano. Os brancos formavam
um grupo relativamente pequeno. Os índios, a essa altura já dizimados por doenças, guerras e a
ocupação de seus territórios, sequer apareciam nas estatísticas. O motor da escravidão nesse
período foi a descoberta de ouro e de diamantes, primeiro em Minas Gerais e, depois, em Mato
Grosso e Goiás. A busca de novas riquezas, acompanhada pelo uso cada vez mais intenso da mão de
obra cativa, fez com que o território brasileiro praticamente dobrasse de tamanho. Começavam
também ali alguns fenômenos que marcariam profundamente a face do escravismo brasileiro. A
escravidão urbana, de serviços, diferente daquela observada nas antigas lavouras da cana-de-açúcar
na região Nordeste, deu maior mobilidade aos cativos, acelerou os processos de alforria, ofereceu
oportunidades às mulheres e gerou uma nova cultura em que hábitos de origem africana se
misturaram a outros, de raiz europeia e indígena. O agitado e rebelde século XVIII e a gigantesca
onda africana que o marcou são os temas deste segundo volume da trilogia sobre a história da
escravidão no Brasil.

GOMES, Laurentino. Escravidão: da corrida do ouro em

Minas Gerais até a chegada da corte de dom João ao

Brasil, volume 2. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2021.

(quarta-capa)

TEXTO 3

Ayoluwa, a alegria do nosso povo

Quando a menina Ayoluwa, a alegria do nosso povo, nasceu, foi em boa hora para todos. Há muito
que em nossa vida tudo pitimbava. Os nossos dias passavam como um café sambango, ralo, frio e
sem gosto. Cada dia era sem quê nem porquê. E nós ali amolecidos, sem sustância alguma para
aprumar o nosso corpo. Repito: tudo era uma pitimba só. Escassez de tudo. Até a natureza minguava
e nos confundia. Ora aparecia um sol desensolarado e que mais se assemelhava a uma bola murcha,
lá na nascente. Um frio interior nos possuía então, e nós mal enfrentávamos o dia sob a nula ação da
estrela desfeita. Ora gotejava uma chuva de pinguitos tão ralos e escassos que mal molhava as
pontas de nossos dedos. E então deu de faltar tudo: mãos para o trabalho, alimentos, água, matéria
para os nossos pensamentos e sonhos, palavras para as nossas bocas, cantos para as nossas vozes,
movimento, dança, desejos para os nossos corpos.

Os mais velhos, acumulados de tanto sofrimento, olhavam para trás e do passado nada reconheciam
no presente. Suas lutas, seu fazer e saber, tudo parecia ter se perdido no tempo. O que fizeram,
então? Deram de clamar pela morte. E a todo instante eles partiam. E, com a tristeza da falta de
lugar em um mundo em que eles não se reconheciam e nem reconheciam mais, muitos se foram.
Dentre eles, me lembro de vô Moyo, o que trazia boa saúde, de tio Masud, o afortunado, o velho
Abede, o homem abençoado, e outros e outros. Todos estavam enfraquecidos e esquecidos da força
que traziam no significado de seus próprios nomes. As velhas mulheres também. Elas, que sempre
inventavam formas de enfrentar e vencer a dor, não acreditavam mais na eficácia delas próprias.
Como os homens, deslembravam a potência que se achava resguardada partir de suas
denominações. E pediam veementemente à vida que esquecesse delas e que as deixasse partir. Foi
com esse estado de ânimo que muitas delas empreenderam a derradeira viagem: vovó Amina, a
pacífica; tia Sele, a mulher forte como um elefante; mãe Asantewaa, a mulher de guerra, a guerreira;
e ainda Malika, a rainha. Com a ida de nossos mais velhos ficamos mais desamparados ainda. E o
que dizer para os nossos jovens, a não ser as nossas tristezas?

[...]

EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016. p. 111-112.

TEXTO 4

Após o ardor da reconquista

não caíram manás sobre os nossos campos

E na dura travessia do deserto

aprendemos que a terra prometida era aqui

Ainda aqui e sempre aqui.

Duas ilhas indómitas a desbravar.

O padrão a ser erguido

pela nudez insepulta dos nossos punhos.

Emergiremos do canto

como do chão emerge o milho jovem

e nus, inteiros recuperaremos

a transparência do tempo inicial

Puros reabitaremos o poema e a claridade

para que a palavra amanheça e o sonho não se perca.


LIMA, Conceição. Após o ardor da reconquista... In: DÁSKALOS, Maria Alexandre; APA, Lívia;
BARBEITOS, Arlindo (Org.). Poesia africana de língua portuguesa (antologia). Rio de Janeiro:
Lacerda, 2003.

TEXTO 5

Letalidade e desigualdade

Estudo mostra perfil das vítimas da polícia em SP

Mortes por 100 mil habitantes_______Prisões por 100 mil habitantes

__Negros_____Brancos______

_____Negros_______Brancos

324

é o número de mortes de negros e brancos em ações policiais em 2011

6.274

É o número de prisões de negros e brancos por homicídio e roubo em 2012

.com.br

Fonte: Ufscar
Infográfico elaborado em 25/3/2014

Disponível em:
https://g1.globo.com/saopaulo/noticia/2014/03/taxa-de-negros-mortos-pela-policia-de-sp-e3-vezes-de-
brancos-diz-estudo.html. Acesso em 26/02/22.

15. [Q2364069]

Os Textos 1 a 5 exploram, em diferentes níveis e perspectivas, o tema da discriminação, do


preconceito, da segregação. Sobre a forma como esses textos desenvolvem essa questão, assinale a
alternativa correta.

a ) O Texto 4 não retrata exatamente a cultura brasileira, mas apresenta uma história que pode
ser comparada a essa cultura, tendo em vista a busca que os povos africanos fizeram por uma
nova vida em terras brasileiras.

b ) Os Textos 2 e 5 são do domínio discursivo do jornalismo e, por isso, apresentam uma série de
dados estatísticos e fatos históricos para comprovar uma opinião de especialistas, a de que o
racismo é ainda hoje presente no Brasil.

c ) O Texto 1 é uma exposição histórica que associa, de maneira explícita, escravidão e violência
no Brasil, indo em busca das raízes do problema para tentar solucioná-lo da forma como
acontece nos dias de hoje.

d ) Os Textos 1, 2 e 3 são construídos textualmente em prosa e, por isso, possibilitam a abertura


de uma discussão mais parcial sobre a questão do racismo no Brasil, que, por diversos fatores,
está associado a posturas violentas.

e ) O Texto 3 não cita explicitamente a escravidão ou o racismo, mas, também pelo emprego de
palavras que aludem à cultura afro-brasileira, imagina-se que os personagens sejam negros,
trazendo o conto para esse debate.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Inferência Textual, Sentidos do texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 20

TEXTO 1

A lenda de Itararé

Em tempos idos, a nação indígena que vivia às margens do Paranapanema resolveu abandonar a
região, escapando assim às atrocidades praticadas pelos brancos invasores.

Uma noite, porém, já em viagem, quando despertaram, estavam os índios completamente cercados e
só à força de tacape conseguiram abrir caminho por entre os adversários; mas, na fuga, uma das
mulheres mais formosas da aldeia – Jaíra – caiu sob o poder do chefe do bando contrário, homem
forte e valoroso.
Reuniram-se as nações indígenas convocadas, e durante uma lua inteira se prepararam para a
guerra. Efetuaram a festa do preparo do curare, também chamado uirari. Era a mulher mais velha
da aldeia quem tinha a honra de preparar o veneno; vestia-se com penas vermelhas, escutava o
canto dos pajés e partia para o mato, de onde voltava carregada de ervas. Quando o curare ficava
pronto, os vapores da panela subiam; ela os aspirava e caía morta. Assim se fez.

Depois de esfriado o curare, começou a dança em torno à panela, ervando todos os guerreiros as
suas flechas. Antes de se iniciar a batalha, chegou um velho de muito longe e entrou a aconselhar,
secretamente, os pajés: na guerra contra os brancos, que usavam armas de fogo, só deviam esperar
a morte; eles eram muitos e sabiam defender-se; o que deviam fazer era o seguinte:

− Um dos nossos ocultará, perto do acampamento inimigo, filtros de amor que conhecemos, a fim de
o chefe ficar apaixonado por Jaíra, e após deverá apresentar-se aos brancos como desertor da aldeia,
para trabalhar com eles. Assim terá oportunidade de falar com ela e entregar-lhe drogas preparadas
pela tribo. E um dia, quando todos estiverem adormecidos pelo ariru, servido no banquete, os
guerreiros indígenas, em massa, atacarão subitamente os inimigos, de tacape em punho. Não
escapará nenhum dos brancos, cujos cadáveres serão lançados aos corvos.

Tal plano foi aceito pelos pajés.

No dia seguinte partiu o guerreiro, levando os filtros de amor, mas os índios em vão esperaram
(como estava combinado) pelo canto da saracuara, três vezes em noite de lua nova.

É que o chefe se apaixonara pela linda bugra, e Jaíra também se apaixonara pelo moço, de modo que
o guerreiro enviado regressou sem nada haver conseguido.

O tenente Antônio de Sá (assim se chamava o chefe) era casado e residia em Santos, e quando sua
esposa soube do amor que o ligava a Jaíra, fez que seu pai a conduzisse ao acampamento dos
brancos, onde ela chegou, uma tarde, com muitos pajens e comitiva luzida.

Houve disputa entre os esposos, e, no dia seguinte, Jaíra, muito desgostosa, resolveu partir, dizendo
ao tenente que ia esperá-lo à beira do rio Itararé, a fim de fugirem, à noite, pela floresta. E rematou:

− Quando a lua for descendo pelos morros azuis eu cantarei três vezes como a araponga branca, e,
se você não comparecer ao lugar da espera, ligarei os pés com um cipó e me atirarei ao rio.

E pôs-se a caminho, deixando, em lágrimas, o moço. À noite, ouviu-se três vezes o canto da araponga
branca, mas o chefe dos brancos não foi procurar Jaíra.

Medonha e súbita tempestade revolucionou, então, aquela região, caindo raios numerosos que
vitimaram muitos bois, reduzindo bastante os animais do tenente Antônio de Sá.

Ao amanhecer, o chefe foi a cavalo, acompanhado por um pajem, à pedra indicada por Jaíra, mas só
achou ali a roupa da infeliz criatura, com uma coroa de flores de maracujá do mato, em cima. O
tenente soltou um grito de desespero, e ficou tão alucinado, que se lançou à corrente e não veio mais
a terra.

A senhora branca soube do ocorrido, dirigiu-se a cavalo ao rio, onde só viu a roupa de Jaíra e o lugar
em que sucumbira o esposo, e em pranto, a vociferar, amaldiçoou o rio em que cuspiu três vezes.
Então as águas cavaram o solo e se esconderam no fundo da terra, os peixes ficaram cegos, a mata
fanou-se e morreu!...

Contam que quem descia, de noite, à gruta de Itararé veria Jaíra, vestida de branco, com a grinalda
de flores de maracujá, tendo ao colo o corpo do moço que morrera por ela. Às vezes, a sua sombra
vinha à beira da estrada, matava os viajantes, tirava-lhes o sangue e com ele ia ver se reanimava o
seu morto querido.

Dizem, em época mais recente, que a penitência já se acabou; e um dia, quando menos se esperar,
as águas do rio hão de abrir de novo as suas margens e hão de espalhar-se pela terra, para refletir, à
noite, o fulgor de todas as estrelas.

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Lendas brasileiras. 9. ed.

São Paulo: Global, 2005. p. 93-96.

16. [Q2364296]

Assinale a alternativa que expressa corretamente fatos do enredo do Texto 1.

a ) A tribo Itararé abandonou sua região originária fugindo dos crimes que eram praticados
pelos brancos.

b ) Como ato simbólico, a mulher mais velha da tribo se deixou envenenar pelo curare, ao beber
essa infusão.

c ) A tribo lutou contra os inimigos brancos, que foram todos envenenados e tiveram os corpos
dados aos corvos.

d ) O tenente Antônio de Sá entrou em batalha com sua esposa quando ela chegou à tribo em
que ele estava.

e ) Uma tempestade originou o desencontro entre Jaíra e o tenente Antônio de Sá, o que causou
a morte de ambos.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente em
Administração / Questão: 2

TEXTO 5

Letalidade e desigualdade

Estudo mostra perfil das vítimas da polícia em SP

Mortes por 100 mil habitantes_______Prisões por 100 mil habitantes


__Negros_____Brancos______

_____Negros_______Brancos

324

é o número de mortes de negros e brancos em ações policiais em 2011

6.274

É o número de prisões de negros e brancos por homicídio e roubo em 2012

.com.br

Fonte: Ufscar

Infográfico elaborado em 25/3/2014

Disponível em:
https://g1.globo.com/saopaulo/noticia/2014/03/taxa-de-negros-mortos-pela-policia-de-sp-e3-vezes-de-
brancos-diz-estudo.html. Acesso em 26/02/22.

17. [Q2364066]

O Texto 5 é um infográfico que revela o racismo ao apresentar, em dados, a diferença de letalidade


na abordagem policial a negros e brancos em São Paulo. Para dar destaque a essa diferença, são
utilizados alguns recursos visuais que orientam a leitura das informações. O destaque, então, para
a diferença nas mortes e prisões entre negros e brancos é visualmente obtido pelo(a)

a ) realce nos valores numéricos absolutos que indicam as mortes e prisões.


b ) proporcionalidade dos gráficos de barras que refletem mortes e prisões.

c ) utilização de uma fonte em caixa-alta para a legenda dos gráficos.

d ) disposição dos valores absolutos na esquerda e na direita do infográfico.

e ) impacto de apresentarem-se, logo à esquerda, as informações das mortes.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Inferência Textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 19

TEXTO 1

Escravidão é sinônimo de violência

Só se pode entender a montagem de uma instituição do porte do escravismo moderno atentando-se


para a articulação entre a criação de colônias no ultramar e seu funcionamento sob a forma de
grandes unidades produtoras voltadas para o mercado externo. A monocultura em larga escala
exigia um grande contingente de trabalhadores que deveriam se submeter a uma rotina espinhosa,
sem ter nem lucro nem motivação pessoal. Recriou-se, desse modo, a escravidão em novas bases,
com a utilização de mão de obra compulsória e que exigia – ao menos teoricamente − trabalhadores
de todo alienados de sua origem, liberdade e produção. Tudo deveria escapar à consciência e ao
arbítrio desse produtor direto.

Da parte dos contratantes, a ideologia que se conformava procurava desenhar o trabalho nos
trópicos como um fardo, um sofrimento, uma punição e uma pena para ambos os lados: senhores e
escravos. O discurso proferido pela Igreja e pelos proprietários entendia tal trabalho árduo como
uma atividade disciplinadora e civilizadora. Havia inclusive manuais − verdadeiros modelos de
aplicação de sevícias pedagógicas, punitivas e exemplares − que instruíam, didaticamente, os
fazendeiros sobre como submeter os escravizados e transformá-los em trabalhadores obedientes.
Um exemplo regular era o famoso quebra-negro, castigo muito utilizado no Brasil para educar
escravos novos ou recém-adquiridos e que, por meio da chibatada pública e outras sevícias, ensinava
os cativos a sempre olhar para o chão na presença de qualquer autoridade.

[...]

Um sistema como o escravismo moderno só se enraíza com o exercício da violência. Da parte dos
proprietários, a sanha contínua que visava à sujeição e obediência cegas para o trabalho. Da parte
dos escravos, a reação se dava a partir de gradações que iam das pequenas insubordinações diárias
e persistentes até as grandes revoltas e os quilombos.

De todo modo, a escravidão se enraizou de tal forma no Brasil, que costumes e palavras ficaram por
ela marcados. Se a casagrande delimitava a fronteira entre a área social e a de serviços, a mesma
arquitetura simbólica permaneceria presente nas casas e edifícios, onde, até os dias que correm,
elevador de serviço não é só para carga, mas também e, sobretudo, para os empregados que
guardam a marca do passado africano na cor. Termos de época mantêm-se operantes, apesar de o
significado original ter se perdido. A expressão “ama-seca” era até pouco tempo usada no país,
esquecendo-se, entretanto, de que naquele período essas amas se opunham às amas de leite,
mulheres que muitas vezes deixavam de amamentar seus filhos para cuidar dos rebentos dos
senhores. “Boçal” é ainda hoje uma pessoa com reduzida discriminação de locais e espaços – um
tonto; assim como “ladino” continua a ser sinônimo de “esperto”. Em seu sentido primeiro, “boçais”
eram os escravos recém-chegados e que, diferentemente dos “ladinos” – os cativos de segunda
geração –, não dominavam a língua ou a região, tendo, por isso, poucas possibilidades de fuga.

Alguns termos desapareceram, como é o caso da expressão “bens semoventes”, outrora empregada
para descrever de maneira indiscriminada, nos inventários e testamentos, as posses que podiam se
movimentar: quais sejam, escravos e animais. Hoje o termo permanece apenas no meio jurídico, que
o emprega para os bens dotados de movimento próprio, como os animais. Não obstante, permanece
uma divisão guardada em silêncio e condicionada por um vocabulário que transforma cor em
marcador social de diferença, reificado todos os dias pelas ações da polícia, que aborda muito mais
negros do que brancos e neles dá flagrantes. Aqui é usual a prática de “interpelação”, esse pequeno
teatro teórico e pragmático. Diante da força policial, não raro os indivíduos assumem um lugar que
corriqueiramente optariam por rejeitar. Não basta ser inocente para ser considerado e se considerar
culpado. Esse tipo de reação é chamado pelo antropólogo Didier Fassin de “memória incorporada”,
quando, antes mesmo de refletir, os corpos lembram. Se na época da escravidão indivíduos negros
trafegando soltos eram presos “por suspeita de escravos”, hoje são detidos com base em outras
alegações que lhes devolvem sempre o mesmo passado e origem.

[...]

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo:

Companhia das Letras, 2018. p. 91-93.

(Fragmentos)

18. [Q2363864]

O Texto 1 tem uma preocupação claramente histórica de desvelar alguns aspectos da escravidão no
Brasil, explicando a forma violenta como ela ocorreu no contexto de nosso país. Sobre o modo
como se expõem esses fatos no texto, assinale a alternativa correta.

a ) Há, no Texto 1, uma descrição cronológica dos fatos relativos à escravidão no Brasil,
explicando-se um a um, do primeiro ao último, para que os leitores entendam como cada
acontecimento se dá de maneira específica em seu tempo, havendo casos isolados de escravidão
no país.

b ) A construção argumentativa do Texto 1 é feita no entrelaçamento de reflexões históricas


sobre o passado e o presente, traçando-se paralelos entre as origens da escravidão em contexto
brasileiro e as consequências sociais até hoje percebidas da violência com que se deu esse
processo.

c ) O Texto 1 apresenta o percurso histórico da escravidão brasileira, associando-a a fatos


violentos presentes no cotidiano nacional e mostrando que, hoje, a violência a que as populações
herdeiras dos escravos estão submetidas é mais simbólica, ocorrendo no âmbito da linguagem.

d ) Percebe-se uma reflexão sociológica na forma como o Texto 1 explana os fatos históricos que
associam escravidão e violência no Brasil, uma vez que ele situa a sociedade brasileira no tempo
e revela que o que antes era escravidão no país hoje se transforma em violência contra seu povo.

e ) A maneira como a narrativa histórica é elaborada no Texto 1 traz constantes associações


entre História e Linguagem, uma vez que são trazidos fatos históricos sobre a escravidão no
Brasil que, nos dias de hoje, são transformados com a criação de determinadas expressões
violentas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Inferência Textual, Análise das estruturas linguísticas do texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2022 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assistente Social /
Questão: 1

19. [Q1158365]

No trecho da Declaração apresentado, está claro que os indígenas:

a ) têm nacionalidade internacional, sendo povos de todas as nações.

b ) não podem ser discriminados em razão de sua identidade.

c ) sendo povos diferentes, têm direito a leis específicas para cada tribo.

d ) gozam da liberdade de manifestarem a sua fé como queiram.

e ) não devem ser tratados especificamente como cidadãos brasileiros.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Pressupostos e subentendidos, Interpretação de Texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Técnico em Enfermagem /
Questão: 9
20. [Q1158338]

No 3º parágrafo, lemos: “Conforme vai passando o tempo, vem um, vem outro e mais outros, as
famílias acabam se juntando em determinado bairro [...]”. O sentido do trecho destacado é o
mesmo de:

a ) “À medida que vai passando o tempo”

b ) “Ao passo que vai passando o tempo”

c ) “Apesar de ir passando o tempo”


d ) “Sempre que vai passando o tempo”

e ) “Quando vai passando o tempo”


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Interpretação de Texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Técnico em Enfermagem /
Questão: 4

21. [Q1158334]

O Texto 1 aborda questões referentes à população indígena. Acerca desse tema, o texto focaliza
prioritariamente:

a ) o fato de os índios enfrentarem escassez de alimentos nas florestas.

b ) as precárias condições de vida dos indígenas, nas grandes cidades.

c ) a participação dos indígenas em projetos de geração de renda.

d ) a procura dos índios por empego, nas fábricas, desde a década de 1950.

e ) a falta de união dos indígenas, o que acarreta perda de sua cultura.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Temas e figuras, Interpretação de Texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Técnico em Enfermagem /
Questão: 1

22. [Q1158388]

Com base na proposta temática do Texto 3, é correto afirmar que, nele, o autor pretendeu defender
que:

a ) as crianças devem ser estimuladas a criarem histórias acerca do descobrimento do Brasil.

b ) o descobrimento do Brasil precisa ser contado numa versão mais fácil para as crianças.

c ) os índios desconhecem a verdadeira história acerca do descobrimento do Brasil.

d ) as crianças têm dificuldade de entender que não foram os índios que descobriram o Brasil.

e ) é preciso estudar, na escola, outras versões acerca do descobrimento do Brasil.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.
Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Técnico em Enfermagem /
Questão: 14

23. [Q1158889]

Analise o fragmento: “Vamos, primeiramente, adotar como princípio que a Literatura é uma forma
de arte, assim como a música, a pintura, a dança, a escultura e a arquitetura. Há algo, porém, que
a diferencia das demais manifestações artísticas”. O conectivo ‘porém’ expressa um sentido:

a ) de conclusão e poderia ser substituído, com igual valor semântico, por ‘então’.

b ) de oposição, e teria a mesma função que o conectivo ‘também’.

c ) adversativo e poderia exercer a mesma função coesiva que ‘no entanto’.

d ) de concessão, tendo o mesmo valor semântico de ‘apesar de’.


e ) de adição, uma vez que acrescenta uma informação ao texto.

Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Interpretação de Texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
18

24. [Q1158345]

Analise as relações de sentido apresentadas abaixo.


1) A expressão “escassez de alimentos” equivale semanticamente a “carência de comida”.

2) A afirmação de que “a maioria dos Sateré [...] está no trabalho informal” deve ser compreendida
como “a maioria dos Sateré [...] está desempenhando trabalho braçal”.

3) Devemos entender o trecho: “Foi na década de 50, [...] que o processo de migração para as
cidades se intensificou” como: “Foi na década de 50, [...] que o processo de migração para as
cidades recrudesceu”.

4) Afirmar que a Funai “tem como missão promover os direitos dos povos indígenas no Brasil” é o
mesmo que afirmar que a Funai “tem como missão tolher os direitos dos povos indígenas no
Brasil”.

Está(ão) correta(s):

a ) 1, 2, 3 e 4.

b ) 2, 3 e 4, apenas

c ) 2 e 4, apenas.

d ) 1 e 3, apenas.

e ) 1, apenas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Interpretação de Texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Técnico em Enfermagem /
Questão: 5
25. [Q1157008]

Dentre as informações apresentadas abaixo, assinale a única que não está de acordo com as ideias
do Texto 1.

a ) Contraditoriamente, apesar da suposta facilidade da era tecnológica, essa é igualmente uma


era marcada por uma enorme solidão.

b ) O primeiro contato virtual se dá entre parceiros que, embora entre telas do computador ou
do smartphone, estão totalmente desprotegidos.

c ) No ciberespaço, os parceiros desconhecidos criam perfis um tanto idealizados, por meio de


fotos selecionadas e de textos.

d ) Com as tecnologias, é tanto mais simples se conectar quanto mais fácil se desconectar, o que
pode ser feito com um simples clique.

e ) As tecnologias podem ser um recurso para aproximar as pessoas, mas não podemos esquecer
que temos sentimentos e emoções.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador de
Edifícios / Questão: 2

26. [Q1157012]
Analise as relações de sentido apresentadas a seguir.

1) O segmento “Com o advento da internet” deve ser entendido com o mesmo sentido de “Com a
propagação da internet”.

2) O sentido contrário da expressão “relacionamentos fugazes” é o da expressão “relacionamentos


duradouros”.

3) A expressão “olhos ávidos” equivale semanticamente a “olhos visionários”.

4) A afirmação de que “A solidão tem suas raízes nos primórdios da vida psíquica” deve ser
compreendida como: “A solidão tem sua origem no início da vida psíquica”.

Estão corretas, apenas:

a ) 1, 2 e 3.

b ) 2 e 3.

c ) 2 e 4.

d ) 3 e 4.

e ) 1, 3 e 4.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Sentidos do texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador de
Edifícios / Questão: 5

27. [Q1158372]
No trecho: “Os indígenas têm direito, a título coletivo ou individual, ao pleno desfrute de todos os
direitos humanos [...]”, o segmento destacado significa:

a ) como povo ou como indivíduo.

b ) se tiverem algum título indígena.

c ) quer pertençam a alguma tribo ou não.

d ) se estiverem dentro ou fora de sua tribo.

e ) mesmo que não tenham família indígena.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Sentidos do texto, Interpretação de Texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Técnico em Enfermagem /
Questão: 10
28. [Q1158880]

Avaliando as ideias expressas no Texto 2, é correto afirmar que:

a ) são mostradas as consequências do problema, mas não se discutem as causas que o


provocam.

b ) faltam argumentos que sustentem outras possibilidades de contornar a realidade tratada.

c ) conforme a visão do Texto 2, a escola fica inteiramente dispensada de ensinar a língua.

d ) os preconceitos que atingem o fenômeno da língua têm repercussão socialmente danosa.


e ) o uso real da língua portuguesa falada no Brasil constitui o referencial de estudo nas escolas.

Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Pressupostos e subentendidos, Interpretação de Texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
9

29. [Q1158896]

Para entender o episódio retratado no texto acima, o leitor precisa, sobretudo:

1) conhecer um vocabulário menos comum e menos informal.

2) compreender os sentidos da palavra ‘altruísta’.

3) admitir o pressuposto de que o mundo ‘tem problemas sérios’.

4) estar familiarizado com a divisão geográfica do globo terrestre.

Estão corretas:

a) 1, 2 e 3, apenas.

b) 1 e 4, apenas.

c) 2 e 3, apenas.

d) 2, 3 e 4, apenas.

e) 1, 2, 3 e 4.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
20
30. [Q1158882]

Uma resposta coerente e íntegra à questão levantada no título do Texto 3, poderia ter a seguinte
formulação:

1) Pela fruição de uma obra literária, podemos extrapolar a mera contemplação da obra, pois é
admissível que divisemos aspectos de seu contexto de produção.

2) A Literatura se manifesta através de textos, assim como a música, a pintura, a dança, a escultura
e a arquitetura.

3) Observando as produções literárias, podemos recuperar conhecimentos mais abstratos e sutis


do que aqueles exibidos pelas ciências, além de poder conhecer as situações em que as obras
foram lançadas.

4) O artista transpõe para sua obra (seja um quadro, uma música, um livro) sua visão sobre
experiências acumuladas, com as quais podemos tomar contato sem precisar vivenciá-las.

Estão corretas:

a) 1, 2, 3 e 4.

b) 2, 3 e 4, apenas.

c) 1, 3 e 4, apenas.

d) 1 e 2, apenas.

e) 3 e 4, apenas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
11

31. [Q1158884]

Analise o segundo parágrafo do Texto 3:

Há algo, porém, que a diferencia das demais manifestações artísticas. A Literatura nos permite,
pela interação com o texto através do qual ela se manifesta, tomar contato com o vasto conjunto de
experiências acumuladas pelo ser humano ao longo de sua trajetória. Sem que seja preciso vivê-las
novamente.

Nesse parágrafo, se diz:

1) a que a Literatura nos dá acesso.

2) através de que recurso a Literatura se manifesta.

3) que vantagem há no contato com a Literatura.

4) por que a Literatura é atemporal.

Estão corretas:

a) 1, 2, 3 e 4.

b) 2, 3 e 4, apenas

c) 3 e 4, apenas.

d) 1 e 2, apenas.

e) 1, 2 e 3, apenas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
13
32. [Q1158878]

O Texto 2 se reconhece como um comentário expositivo de teor acadêmico-científico. Avaliando as


ideias e os argumentos apresentados, podemos avaliá-lo como:

1) pertinente, pois pondera sobre um objeto de discriminação social ainda existente e pouco
combatido.

2) contrário a visões tradicionais que imperam em determinados setores sociais de pessoas e


comunidades de falantes.
3) oportuno, uma vez que, como outros fatores de discriminação, o ‘jeito de falar’ de algumas
comunidades é objeto de rejeição.

4) categórico e, por vezes, taxativo, pois, no texto, se trata de um despropósito que macula e
desprestigia os falares brasileiros.

5) incabível, já que desmerece a norma gramatical literária de Portugal e considera confusa a


nomenclatura linguística.

Estão corretas:

a) 1, 2, 3, 4, e 5.

b) 1, 3 e 4, apenas.

c) 1, 4 e 5, apenas.

d) 2, 3 e 5, apenas.

e) 1, 2, 3 e 4, apenas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
7
33. [Q1158873]

Uma afirmação que ganha grande relevância, em função da ideia central do Texto 1, é:
a) “A frase banal e a reportagem buscam uma correspondência entre o discurso e o fato”.

b) “O ensaio filosófico e o poema lírico têm outra natureza; a ‘realidade’ de ambos é produto da
linguagem com que são elaborados”.

c) “Nossa tarefa, como linguistas e estudiosos da linguagem, é promover a compreensão do


papel comum da palavra na construção de todas as espécies de texto.”

d) “a língua constitui a mais poderosa ‘engenharia simbólica’ à disposição do ser humano”.

e) “Cabe à escola levar o aluno à percepção e à compreensão de que a palavra desempenha


múltiplos papéis em nossa vida”.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
2

34. [Q1158874]

A continuidade temática do texto constitui uma exigência de sua interpretabilidade. No texto 1, por
exemplo, contribuíram para essa continuidade:

1) o fato de palavras como ‘língua’, ‘linguagem’, ‘palavra’ ocorrerem em diferentes pontos do texto,
mais de uma vez.

2) o uso de certos conectivos (e, que, como, para, quer...quer), que articulam diferentes segmentos
do texto, como períodos e parágrafos.

3) a aproximação semântica que se pode ver entre palavras como: ‘comunicação’, ‘significação’,
‘interação verbal’, ‘linguística’, ‘escrita/leitura’.

4) o uso de um vocabulário erudito e de um padrão culto da língua, deixando o texto mais


inteligível e interpretável.

5) retomadas pronominais (como em: “passar a tratá-la”), que exigem, para seu entendimento, que
seja recuperado em partes anteriores do texto o objeto referido.

Estão corretos:

a) 1, 2, 3, 4 e 5.

b) 1, 2, 3 e 5, apenas

c) 2, 3 e 4, apenas.

d) 1, 3 e 5, apenas

e) 2, 4 e 5, apenas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Mecanismos de coesão textual, Continuidade (ou progressão) textual.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
3

35. [Q1158875]
Releia o seguinte fragmento: “A educação linguística e literária – que propicia a compreensão do
funcionamento da linguagem – é o passaporte que permite ao indivíduo transitar conscientemente
pelo mundo da interação verbal.”. Acerca desse trecho, é correto afirmar que:

a) o ‘mundo da interação verbal’ corresponde ao mundo da literatura.

b) a alusão à palavra ‘passaporte’ é claramente metafórica ou simbólica.

c) o funcionamento da linguagem é um produto da educação linguística.

d) ‘a educação linguística’ inclui a literária, pois língua e literatura são a mesma coisa.

e) em ‘transitar conscientemente’, o uso do advérbio é contextualmente irrelevante.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
4

36. [Q1158876]

Na conclusão do Texto 1, há a proposta para que ultrapassemos a ideia de que a palavra tem
sentido e utilidade, apenas, como simples instrumento de comunicação. Essa concepção:

a) é contrária ao entendimento de que a palavra, ou seja, a linguagem, desempenha múltiplos


papéis em nossa vida.

b) é relevante porque reforça a necessidade e a conveniência de que seja estimulada a prática


da análise e da reflexão linguísticas.

c) é pouco convincente, pois nossos recursos de expressão são alheios aos horizontes do que
provamos simbolicamente.

d) é utópica, uma vez que a educação linguística e literária nunca poderá propiciar a
compreensão do funcionamento da linguagem.

e) é pouco consistente, pois é graças ao papel da palavra como instrumento de comunicação que
o indivíduo chega ao ápice da interação verbal.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
5

37. [Q1158877]

Observe a formulação do seguinte fragmento: “A palavra é (...) uma forma de construir significado,
quer quando está a serviço da comunicação de uma experiência do cotidiano, quer quando sua
função é abrir caminhos na superfície da realidade imediata”. Nesse fragmento, os marcadores
sublinhados expressam um sentido de

a) temporalidade

b) causalidade.

c) alternância.
d) oposição.

e) concessão.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Sentidos do texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador / Questão:
6

38. [Q1157006]

O Texto 1 tem como tema central:

a) as dificuldades nos relacionamentos.

b) como ser humano na era da internet.

c) o relacionar-se: exercício diário.

d) os relacionamentos virtuais.

e) como relacionar-se consigo próprio.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Temas e figuras.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Administrador de
Edifícios / Questão: 1
TEXTO 2

Disponível em: http://minhalinguaeeu.blogspot.com/2010/06. Acesso em 07/09/2019.

39. [Q1875337]

Para compreender o Texto 2, o leitor deve entender a informação do último quadrinho como:

a) Apesar de falarmos a mesma língua, empregamos um vocabulário diferente.

b) Por sermos de idades diferentes, nossa maneira de falar é também diferente.

c) Falamos uma mesma língua, mas ela tem variantes que atrapalham a comunicação.

d) Falamos a mesma língua, mas discordamos quanto à adoção de certas gírias.

e) Falamos a mesma língua, mas temos gostos diferentes.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos, Gêneros textuais,
Quadrinho.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assessor Técnico - Área:
Segurança do Trabalho / Questão: 9

TEXTO 1
(1) Até a Independência, as referências à língua europeia no Brasil se faziam, sem titubeio, pelas
expressões português ou língua portuguesa. Já no século XVI, encontramos o Padre Anchieta, em seu
“Breve informação do Brasil”, mencionando os meninos índios que eram entregues aos jesuítas
“para que fossem ensinados, dos quais se ajuntou muitos e os batizou, ensinando-os a falar
português, ler e escrever”

(2) No início do século XIX, frei Caneca, herói da revolução de 1817, escreveu seu “Breve compêndio
de grammatica portuguesa” (publicado em 1875), entendida a gramática como “a arte que ensina a
falar, ler e escrever correctamente a Língua Portugueza”.

(3) Contudo, com a Independência, passou-se a viver um longo período de incertezas, titubeios e
ambiguidades, sendo a língua ora designada de língua brasileira, ora de língua nacional, ora de
português e língua portuguesa.

(4) Em 1826, na Câmara dos Deputados, José Clemente Pereira apresentou um projeto propondo que
os diplomas dos médicos cirurgiões fossem redigidos “em língua brasileira, que é a mais própria”.

(5) Mas a expressão língua brasileira não fez, de fato, história no século XIX. Em 15 de outubro de
1827 foi aprovada a lei que “manda criar escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e
lugares mais populosos do Império”. Nela, se introduziu a expressão que faria história no país:
língua nacional, muitas vezes utilizada na legislação posterior até praticamente a Constituição de
1988.

(6) No contexto escolar, porém, língua nacional conviveu com português e língua portuguesa. A
disciplina escolar era, em geral, referida por estas duas últimas expressões, e as gramáticas
escolares brasileiras tinham, em geral, essa qualificação em seu título. Já nos textos analíticos, nos
debates e polêmicas do século XIX, em que se procurava dar conta das especificidades da língua no
Brasil, predominou uma grande oscilação terminológica, que perdurou no século XX.

(7) No âmbito constitucional, a questão do nome da nossa língua só se pacificará com a Constituição
de 1988 que, em seu art. 13, diz: “A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa
do Brasil”. E no seu art. 210, 2, estipula: “O ensino fundamental regular será ministrado em língua
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e
processos próprios de aprendizagem.”

(8) Apesar disso tudo, a questão da língua está de volta, pelo menos nos meios universitários de
Brasil e Portugal. São outros os tempos e outros os argumentos, mas retorna à cena saber se os dois
países têm ou não a mesma língua.

FARACO, Carlos Alberto. História sociopolítica da língua portuguesa. São Paulo: Parábola, 2016,
p.161-171. Adaptado.

40. [Q1875329]

Claramente, o Texto 1 tematiza a língua do Brasil. Acerca desse tema global, o texto focaliza a
questão:

a) da ambiguidade que tem o termo “português”.

b) das múltiplas designações da nossa língua.


c) de como a língua portuguesa é muito difícil.

d) do preconceito linguístico presente no Brasil.

e) da influência indígena no português brasileiro.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assessor Técnico - Área:
Segurança do Trabalho / Questão: 1

41. [Q1875330]

Analise as informações apresentadas a seguir.

1) A Independência do Brasil trouxe como um dos seus frutos a pacificação no que se refere ao
nome da língua.

2) A expressão língua brasileira tem sido a mais aceita pela nossa sociedade, desde os tempos do
Brasil colônia até os dias atuais.

3) Nos debates sobre a língua do Brasil, evidenciava-se, até o século XX, forte oscilação
terminológica a respeito do nome dessa língua.

4) A questão do nome da língua do Brasil envolve, de fato, a reflexão acerca da unidade linguística
entre o Brasil e Portugal.

Estão de acordo com o Texto 1 as informações:

a) 1, 2, 3 e 4.

b) 1, 3 e 4, apenas.

c) 1 e 2, apenas.

d) 2 e 3, apenas.

e) 3 e 4, apenas.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos, Sentidos do texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assessor Técnico - Área:
Segurança do Trabalho / Questão: 2

42. [Q1875331]

O 3º parágrafo do Texto 1 é introduzido pelo conectivo “contudo”. Com esse conectivo, o autor
pretende sinalizar que vai:

a) introduzir informações que se opõem àquelas anteriormente apresentadas.

b) sintetizar as informações apresentadas até esse ponto do texto.


c) encaminhar as ideias do texto para uma conclusão.

d) manter a mesma direção argumentativa que vinha seguindo até então.

e) apresentar a causa dos fatos que vinha narrando no texto.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Emprego dos elementos de sequenciação (uso de
conectivos).

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assessor Técnico - Área:
Segurança do Trabalho / Questão: 3

43. [Q1875332]

Acerca de algumas relações de sentido, é correto afirmar que, no trecho:

a) “as referências à língua europeia no Brasil se faziam, sem titubeio [...]” o segmento destacado
equivale a “tradicionalmente”.

b) “Nela, se introduziu a expressão que faria história no país”, o segmento destacado quer dizer
“que deixaria o país polarizado”.

c) “as gramáticas escolares brasileiras tinham, em geral, essa qualificação em seu título”, o
segmento destacado significa “esse respaldo”.

d) “O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às


comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas”, o termo destacado é
sinônimo de “garantida”.

e) “São outros os tempos e outros os argumentos”, o segmento destacado tem o mesmo sentido
de “a problemática”.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Assessor Técnico - Área:
Segurança do Trabalho / Questão: 4

TEXTO 3

Disponível em: https://www.pinterest.pt/pin/490681321878019068. Acesso em 15/09/2019.


44. [Q1875775]

O leitor deve compreender que, no Texto 3, se faz uma crítica, principalmente:

a) a toda expressão artística.

b) aos programas de rádio.

c) ao gosto musical das crianças.

d) ao excesso de barulho nos rádios.

e) a certo tipo de música.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos, Quadrinho.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Tradutor e Intérprete de
Linguagem de Sinais / Questão: 15

TEXTO 2

A música é uma forma de comunicação utilizada como um canal, em que é possível transmitir uma
mensagem de forma sutil, eficiente e agradável, seja apenas para o prazer do ouvinte ou para
influenciá-lo a tomar determinadas ações ou atitudes esperadas pelo anunciante – além de poder
ajudar na construção de uma marca e estreitar sua relação com o consumidor.

Um ótimo exemplo é o da Coca-Cola. Com tom alegre e inspirador em suas campanhas, a marca
tenta passar uma mensagem que desperte a empatia – não só a seus potenciais clientes, mas a todos
que assistem a seu filme.

É fácil perceber que a trilha sonora de um filme, se mudada, pode dar um sentido totalmente
diferente à cena. É assim no cinema e também na publicidade, por isso a escolha da música certa é
tão importante para o trabalho publicitário.

Disponível em: https://plugcitarios.com/blog/2017/03/24/importancia-da-musica-napublicidade.


Acesso em 15/09/2019. Adaptado.

45. [Q1875773]

Releia o trecho: “não só a seus potenciais clientes, mas a todos que assistem a seu filme”. O
sentido de “potenciais clientes” é:

a) clientes com poder de compra.

b) prováveis clientes.
c) abastados clientes.

d) poderosos clientes.

e) clientes que consomem muito.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Tradutor e Intérprete de
Linguagem de Sinais / Questão: 13

46. [Q1875759]

Seguindo uma proposta temática diferente do Texto 1, o autor do Texto 2 optou por abordar a
música com foco:

a) no seu poder persuasivo, sendo, por isso, instrumento para iludir as pessoas.

b) na sua sutileza comunicativa, daí ser veículo de transformação social.

c) na sua veia estética, responsável por despertar o prazer em quem a escuta.

d) na sua relevância como elemento auxiliar nos anúncios e propagandas.

e) na sua capacidade de gerar empatia, que muda a atitude dos ouvintes.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Tradutor e Intérprete de
Linguagem de Sinais / Questão: 11

47. [Q1875757]

Releia: “Através [da música] é possível transmitir não somente palavras, mas também
sentimentos, ideias e ideais que podem ganhar grandes repercussões didáticas se bem
direcionados.” A expressão destacada nesse trecho tem valor

a) adversativo.

b) causal.

c) comparativo.

d) conclusivo.

e) aditivo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Sentidos do texto.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Tradutor e Intérprete de
Linguagem de Sinais / Questão: 9

48. [Q1875748]

Releia: “Antes mesmo de nascer, o bebê já é capaz de ouvir.” Esse trecho tem o mesmo sentido de:

a) O bebê tem que nascer para ser capaz de ouvir.


b) A capacidade de ouvir precede o nascimento.

c) Ouvir é uma capacidade que surge logo após o nascimento.

d) O nascimento prescinde da capacidade de ouvir.

e) Assim que nasce, o bebê começa a ouvir.


Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Tradutor e Intérprete de
Linguagem de Sinais / Questão: 4

TEXTO 1

Ao entrarmos em contato com a música, zonas importantes do corpo físico e psíquico são acionadas –
os sentidos, as emoções e a própria mente. Por meio da música, a criança expressa emoções que não
consegue materializar com palavras.

Antes mesmo de nascer, o bebê já é capaz de ouvir. A partir do quinto mês de gestação, ele ouve as
batidas do coração da mãe (além de todos os outros barulhos do organismo) e reconhece a sua voz.
É na fase fetal que se forma a memória sonora das crianças, responsável por preparar o vínculo
entre mãe e filho depois do corte do cordão umbilical.

Desde os tempos mais remotos, o homem percebeu todo esse potencial. Usando os materiais que
tinha à disposição (pedras, ossos, madeiras, o próprio corpo e a voz), ele foi combinando sons e
silêncios das mais diversas maneiras.

A música possibilita o desenvolvimento intelectual e a interação do indivíduo no ambiente social,


contribuindo diretamente para o desenvolvimento cognitivo, linguístico, psicomotor e socioafetivo do
aluno, independente de sua faixa etária. Através dela é possível transmitir não somente palavras,
mas também sentimentos, ideias e ideais que podem ganhar grandes repercussões didáticas se bem
direcionados.

“A E I O U… dabliú, dabliú, na cartilha da Juju”: quem já ouviu esse refrão na voz de Margareth
Menezes nem suspeita que tais palavras foram extraídas da marchinha de carnaval composta em
1932 por Lamartine Babo e Noel Rosa, na música “A.E.I.O.U – A Cartilha da Juju”. De maneira bem-
humorada, os autores mostram que, desde aquela época, havia uma preocupação com o sistema
educacional no Brasil.

A ideia de representar o Brasil em música já era forte no projeto modernista de Mário de Andrade e
Villa-Lobos, nas décadas de 1920-40, partindo do estudo do folclore para chegar a uma
representação de brasilidade na música de concerto. Mas, a partir da década de 1950, quem assume
a missão de representar o Brasil em música são os compositores populares, e o lugar que o folclore
ocupava antes como depósito de autenticidade e originalidade passa a ser substituído pelo samba
dos anos 20/30.

No ABC do Sertão, música composta por Luiz Gonzaga em 1953, o autor expressa o som autêntico
do abecedário usado pelo povo nordestino. Foi a maneira que ele encontrou para homenagear e
mostrar para o Sul que os seus conterrâneos tinham uma forma genuína – e não errada – de falar.

O Trenzinho do Caipira, uma composição de Heitor VillaLobos e parte integrante da peça Bachianas
Brasileiras nº 2, é uma obra emblemática. A música se caracteriza por imitar o movimento de uma
locomotiva com os instrumentos da orquestra. A melodia fez com que um dos nossos maiores poetas,
o Acadêmico Ferreira Gullar, entrasse “em transe” (palavras dele), como se tivesse recebido um
“choque mágico”, resultando na composição de um inspirado poema que se transformou na letra.
Trata-se de um belo exemplo (e resumo) de como a linguagem da música, numa organização
sistemática entre sons e silêncios, é capaz de comunicar sensações que ultrapassam nosso
entendimento racional.

Arnaldo Niskier. Disponível em: http://www.academia.org.br/artigos/linguagem-da-musica. Acesso


em 15/09/2019. Adaptado.

49. [Q1875747]

Analise as relações semânticas expressas nos seguintes enunciados do Texto 1:

1) “Ao entrarmos em contato com a música, zonas importantes do corpo físico e psíquico são
acionadas.”

2) “Antes mesmo de nascer, o bebê já é capaz de ouvir.”

3) “quem já ouviu esse refrão na voz de Margareth Menezes nem suspeita que tais palavras foram
extraídas da marchinha de carnaval composta em 1932 por Lamartine Babo e Noel Rosa.”

4) “Trata-se de um belo exemplo (e resumo) de como a linguagem da música, numa organização


sistemática entre sons e silêncios, é capaz de comunicar sensações que ultrapassam nosso
entendimento racional.”
Os trechos destacados têm valor temporal em:

a) 1 e 2, apenas.

b) 1, 2 e 3, apenas.

c) 2, 3 e 4, apenas.

d) 3 e 4, apenas.

e) 1, 2, 3 e 4.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Tradutor e Intérprete de
Linguagem de Sinais / Questão: 3

50. [Q1875745]

Dentre as informações apresentadas a seguir, assinale aquela que está de acordo com o Texto 1.

a) Quando é de qualidade, a música tem o poder de acionar certas partes do nosso corpo físico e
psíquico e, inclusive, de curar certas patologias físicas.

b) A música é decisiva para formar, na fase fetal, a memória sonora das crianças, sendo a
responsável por preparar o vínculo entre mãe e filho, depois do corte do cordão umbilical.

c) O homem pré-histórico combinou os materiais que estavam a sua disposição e, assim,


conseguiu criar sons inovadores, que os músicos tentam imitar ainda hoje.

d) A música melhora não apenas o intelecto, mas também a interação social, podendo ajudar o
aluno no seu desenvolvimento socioafetivo, linguístico, psicomotor e cognitivo.

e) Na música “O ABC do Sertão”, Luiz Gonzaga presta uma homenagem à maneira equivocada
de como o povo nordestino fala a língua portuguesa.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Pressupostos e subentendidos.

Fonte: Universidade Federal do Pernambuco - UFPE 2019 / Universidade Federal de Pernambuco UFPE - BR / Tradutor e Intérprete de
Linguagem de Sinais / Questão: 2

Gabarito
Criado em: 11/07/2023 às 13:16:02

(1 = d ) (2 = c ) (3 = a ) (4 = d ) (5 = c ) (6 = e ) (7 = b ) (8 = e ) (9 = a ) (10 = e ) (11 = c ) (12 = b )


(13 = c ) (14 = a ) (15 = e ) (16 = e ) (17 = b ) (18 = b ) (19 = b ) (20 = a ) (21 = b ) (22 = e ) (23 = c
) (24 = d ) (25 = b ) (26 = c ) (27 = a ) (28 = d ) (29 = a) (30 = c) (31 = a) (32 = e) (33 = d) (34 = b)
(35 = b) (36 = b) (37 = c) (38 = d) (39 = e) (40 = b) (41 = e) (42 = a) (43 = d) (44 = e) (45 = b) (46
= d) (47 = e) (48 = b) (49 = a) (50 = d)

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