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Cruz e Sousa, mesmo sendo educado em moldes europeus, sofreu durante sua
vida dores relativas ao racismo, como ter sido negado como promotor de justiça em
Laguna-SC em 1883 pela cor de sua pele, ou ter perdido os quatro filhos para a
tuberculose, doença que afetava majoritariamente negros e boêmios da época, que
não tinham acesso aos meios de higiene e prevenção necessários, fato que o
acarretou uma melancolia profunda e crises que, em sua vida, foram descritas
como loucura. Isso nos revela o destino do negro descendente de escravos no Brasil:
sofrer a agressão de perder toda sua cultura e, uma vez inculturado, perder sua
dignidade material também, enquanto ser humano portador de necessidades de
trabalho, físicas e de saúde.
Não por menos, Cruz e Sousa tinha uma fixação profunda no jogo de significados
que participam da imagem de luz e sombras, falando em “depravações” e
“escravidão”, como elementos de sombra, e “arcangélicas” e “pura”, como elementos
de luz, em sua poesia, que se revela muito no poema que se segue:
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