Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 

Disciplina: Metodologia II: Economia e Sociedade


Pobreza e Campesinato Na História Moderna
(séculos XVIII/XIX) 

Professora: Márcia Menendes Motta

Aluno: Juan Manuel Sarasa 

1º Semestre de 2014

1
A resistência entendida como resistência

Por Juan Manuel Sarasa

Na década de sessenta muitos dos postulados de Gilberto Freyre foram recuperados por
um grupo de historiadores tanto brasileiros quanto estrangeiros1. As descobertas de Freyre
sobre as raízes africanas da cultura brasileira eram demasiado interessantes para ser
ignorados devido à sua aparente falta de rigorosidade no método.2 Mas a valorização das
contribuições dos africanos e afro-brasileiros veio atada num pacote que incluía
asseverações polémicas que deixavam flancos muitos claros para ser atacados. Estou me
referindo à premissa que afirmava que o caráter patriarcal do escravismo brasileiro fazia
que este fosse relativamente benigno. A outra coisa que era indignante de ouvir por muitos
científicos sociais brasileiros era a ideia (que se desprendia da primeira) de que no Brasil
contemporâneo estava vigente uma democracia racial. Como um “melting pot”, mas muito
melhor que o americano, porque estavam todos de verdade miscigenados.3

Passaram-se os anos, e uma década depois o refluxo historiográfico deu espaço


suficiente para que se montasse o debate. Um grupo de sociólogos e historiadores
nucleados principal (mas não exclusivamente) em torno à Universidade de São Paulo pôs
em evidência a debilidade dos argumentos dos reivindicadores de Freyre. Os primeiros,
questionando abertamente essa ideia de sociedade pós-racial; e os últimos, nos relembrando
da violência da escravidão brasileira, em particular nas plantations e engenhos.4 Saídos das
filas do marxismo, fizeram seu grande aporte ao formular o modo de produção escravista
colonial e inaugurando um desafio em duas frentes; já que a mera existência deste conceito
diferencial também ia contra a ortodoxia do Partido que continuava adaptando categorias
anacrônicas (e europeias) como o modo de produção feudal. 5

Com o passar das intervenções, muitas posições extremaram as lógicas dos argumentos.
Por um lado, chegaram a apresentar o escravo quase como “integrado à família patriarcal”,
como no caso de Queirós Mattoso; no outro Fernando Henrique Cardoso estendia a
coisificação do escravo ao nível da consciência individual.6

A queda do muro de Berlim levou consigo não somente as ideias sobre as quais se
apoiava o chamado socialismo realmente existente, mas derrubou também muitos outros
paradigmas do universo marxiano. Não surpreende então que nos anos noventa a postura da
1
Jacob Gorender. A Escravidão Reabilitada, São Paulo: Ática. 1991. PP 12-16.
2
Ciro Flamarion Cardoso. Agricultura, escravidão e capitalismo, Petrópolis: Vozes. 1979. P 97.
3
Jacob Gorender, Op. Cit. P
4
Ibidem, P 13.
5
Alberto Passos Guimarães. Quatro séculos de latifúndio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968. Passim.
6
Jacob Gorender, Op. Cit. P -

2
“escola paulistana” se viesse reduzida ao seu núcleo duro. A partir de esse momento a
discussão se reduzia ao nível do grau: adaptação à escravidão?, escravidão consensual? ou
quiçá amo e escravos como coprodutores da riqueza, tal como se adivinhava no subtítulo do
livro de Genovese dos anos 70: Roll, Jordan, roll. The world the slave made.

Mas não somente na Historia da Escravidão se véu espalhada esta lógica. Muitos
sociólogos e muitos outros que historiavam coletivos oprimidos faziam uso desta
ferramenta teórica muito útil para casos afins. O submetimento que sofreram os povos não
europeus na longa expansão do homem branco permitiu, por exemplo, um marco propicio
para sua utilização por parte de estudiosos das Américas. 7

Enquanto isso, autores politicamente comprometidos com a militância política de


esquerdas como Jacob Gorender criticaram com veemência aqueles postulados. Para ele era
indignante ter que escutar que, exceto os quilombolas, os escravos “aceitavam” a
escravidão:

“Adaptação não é sinónimo de passividade. A negação da opressão veio dos quilombos, que
o fizeram com audácia expressa, mas também veio daqueles que não tiveram alternativa
senão a de se adaptar ... [...] Aqui a negação alcançava manifestações contundentes de
maneira episódica, mas se fez sentir no cotidiano, sob formas e aspetos variadíssimos. [...] A
resistência não constituía um momento distinto acoplado a outro momento distinto
subsequente, conforme o propõe o binômio resistência e acomodação. A resistência fazia
parte intrínseca da adaptação”8

Sempre é difícil para um revolucionário ter que explicar a impassibilidade dos


oprimidos. Gorender resolve isso vendo “resistência” não somente nas revoltas, mais
também em qualquer ato que fosse contra do interesse do amo, o que podia ir desde a
fugida, até sabotagem, reticência, negligência, relaxamento, petições ao amo, etc.

Frente aos que em todo queriam ver uma resistência, atualmente existem outros
pesquisadores como Hal Langfur, estudioso do relacionamento entre os índios dos sertões e
o governo colonial de Minas Gerais, que observam na aberta resistência dos aborígenes
contra os contrabandistas e aventureiros vindos através da serra, uma colaboração com o
homem branco. Neste caso, com o homem branco no governo da capitania:

“One of the most important examples [of cooperation between Indians and the colonial
state] was the ongoing Portuguese reliance on natives as kind of wilderness guard.
Unquestionably, this relationship was an odd sort of cooperation, one that depended on
7
NOTA: Ver capítulos 2, 3 e 5 que tratam do relacionamento entre os índios aldeados, as ordens religiosas e
os particulares portugueses no livro de Maria Regina Celestino de Almeida. Metamorfoses Indígenas:
Identidade e cultura nas aldeias colônias do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. Também
se observa o uso amplo da dita ferramenta conceitual nos capítulos 6 e 8 referidos à interação entre o
estado colonial de Minas Gerais, os contrabandistas, e os índios “bravos” do sertão mineiro em Hal Langfur.
The Forbidden Lands: Colonial Identity, Frontier Violence, and Persistence of Brazil’s Eastern Indians, 1750-
1830, Standford: Satandford University Press, 2006.
8
Jacob Gorender, Op. cit., P 34.

3
natives to oppose incursions into their territory to serve the interest of the state. Such
9
conduct could as easily be defined as resistance...”

Contudo, e apesar de que os sucessivos governadores nunca deixaram de reprimir os


nativos (como Langfur mesmo o reconhece), o dito autor vê algo mais que uma confluência
de interesses. 10

Resistências vistas como cooperação. Acomodações vistas como resistências. Todas


as interpretações são válidas se as fontes não foram forçadas para elas dizerem o que não
dizem.

No meu caso de estudo em particular, as interações entre nativos-americanos e


europeus tem grande importância. O que me desorienta, a esta altura, é que a resistência
destes indígenas que aparecem nas minhas pesquisas parece ser..., bom, resistência. O pode
se interpretar o aqui escrito de alguma outra forma?:

“Y como ni por dádivas ni halagos los indios no se querían asegurar, determinó Sarmiento
dejarlos, y subir a lo alto de la barranca por diferente parte de donde estaban los indios,
por no escandalizarlos, sólo para explorar la loma, y llanos y canales. Y puesta la gente en
orden, subió la barranca por una ladera arriba, y antes que llegasen a la cumbre de la
barranca, vinieron cuatro flecheros, y sin darles ocasión alguna y habiendo recibido los
dones, comenzaron a expender muchos flechazos en el general, que iba delante, y en el
piloto mayor y [el] alférez que iban a su lado, y le dieron a cada uno cinco o seis flechazos
fuertemente dados y con gran presteza, y al general dieron uno en la frente entre los ojos
que fue soslayo, y le hizo poca sangre, […] y al alférez le [tras]pasaron la ropa y capelete y
le metieron otros en la rodela, y al piloto le dieron por el cuerpo y brazos y rodela, y fue
herido un soldado en el ojo. Se llamaba el soldado Pedro de Aranda, el cual como fue
herido, dijo: `muerto me han´.” 11

No ano de 1579, em Ciudad de los Reyes –atual Lima–, começou-se seriamente a


planejar a toma de posse efetiva e fortificação do Estreito de Magalhães para fechar o aceso
das potencias estrangeiras ao Pacífico. Bem preparada, contando com abundantíssimos
recursos,12 e dirigida por pessoas muito competentes, contudo a colonização se converteu
numa sucessão de desastres e fracassou estrepitosamente. No dia 27 de setembro de 1581
zarparam da Espanha em comboio com 23 barcos com 3000 pessoas a bordo, 750 das quais

9
Hal Langfur, The Forbidden Lands: Colonial Identity, Frontier Violence, and Persistence of Brazil’s Eastern
Indians, 1750-1830, Standford: Satandford University Press, 2006. PP 200-201.
10
Ibidem, P 203.
11
Pedro Sarmiento de Gamboa. “Relación y derrotero del viaje y descubrimiento del Estrecho de la Madre
de Dios, antes llamado de Magallanes”, IN: Pedro Sarmiento de Gamboa. Viaje al Estrecho de Magallanes
por el Capitán Pedro Sarmiento de Gamboa en los años de 1579 y 1580 y noticia de la expedición que
después hizo para poblarle. Madrid: Imprenta Real de la Gazeta, 1768. PP 264-265.
12
Filipe II. “Copia de la instrucción a Bautista Antonelli”, (Lisboa, 12/08/1581), IN: Magallania (Versión
online), Vol.41, No.1, Punta Arenas: Instituto de la Patagonia. Universidad de Magallanes, 2013. Pág.
continua.

4
deviam ficar no Estreito como soldados, marinheiros e colonos.13 Dizer que a viagem foi
um pesadelo seria minimizar o sofrido por esta armada. Tardaram quase dois anos e meio
para chegar.14 Desembarcaram com vida 338 almas.15 Um só deles sobreviveu para dar
testemunho em 1620. 16

Não foram os choques com os míticos gigantes patagões (também conhecidos como
tehuelches, autodenominados aonikénk nessa latitude) a principal causa do fracasso da
colonização do Estreito de Magalhaes. Entretanto, a ferocidade com a qual estas pessoas
defenderam os seus territórios de caça e recolecção é um fator importante a considerar ao
momento de tentar qualquer explicação.

Acontece que os tehuelches atiravam a matar quando eram surpreendidos pelas


vanguardas de soldados espanhóis, e também quando decidiam cair sobre os povoados dos
europeus ou quando emboscavam-lhes em campo aberto. Estas ações parecem ser um fim
em si mesmo. As fontes não mostram que quisessem negociar nada. Estes índios patagões
não embatiam para mudar uma relação de força, nem conseguir uma inversão de posições,
nem atacavam preventivamente à espera dum movimento inimigo. Simplesmente dá a
sensação de que queriam acabar com a presença espanhola na área do Estreito de
Magalhães. Ou que pôde se entender do último fragmento citado acima.

Ainda que, poucos meses antes, Francis Drake tivesse passado pela mesma rota
magalhánica, não seria improvável que fosse a primeira vez que esses aborígenes
patagônicos viam um europeu na sua vida. Contudo, não tiveram dúvidas em optar pela
estratégia da confrontação direta. O que fariam muitas vezes mais. Comparemos este com
outros primeiro encontros sucedidos um século antes, em outra parte do continente:

13
Pedro Sarmiento de Gamboa. “Relación de lo sucedido a la Armada Real de Su Majestad en este viaje del
Estrecho de Magallanes et.”, (Rio de Janeiro, 1/06/1583), IN: Pablo Pastells. El descubrimiento del estrecho
de Magallanes, en conmemoración del IV centenario. Segunda Parte. Madrid: Sucesores de Rivadeneyra
Artes Gráficas S. A., 1920. PP 135-137.
14
Pedro Sarmiento de Gamboa. “Sumaria relación de Pedro Sarmiento de Gamboa, Gobernador y Capitán
General de Estrecho de la Madre de Dios, antes nombrado de Magallanes, y de las poblaciones por él hechas
y que se han de hacer por Vuestra Majestad”, IN: Pedro Sarmiento de Gamboa. Los viajes al Estrecho de
Magallanes. Madrid: Alianza Editorial, 1988. P 268.
15
Marcos de Aramburu (Notário). “Relación de la gente de guerra y mar, pobladores, niños, mujeres, frailes
y oficiales que quedaron en Magallanes por febrero de este año de 1584 y de los bastimentos, ropa, artillería
y pertrechos que para ellos se dejaron”, IN: Pablo Pastells. El descubrimiento del estrecho de Magallanes, en
conmemoración del IV centenario. Segunda Parte. Madrid: Sucesores de Rivadeneyra Artes Gráficas S. A.,
1920. P 254.
16
Hernández, Tomé. “Declaración que de orden del Virrey del Perú Don Francisco de Borja, Príncipe de
Esquilache, hizo ante escribano Tome Hernández, de lo que sucedió en las dos poblaciones fundadas en el
estrecho de Magallanes por Pedro Sarmiento de Gamboa”, IN: Sarmiento de Gamboa. Pedro; & Iriarte,
Bernardino de (ed.). Viaje al Estrecho de Magallanes por el Capitán Pedro Sarmiento de Gamboa en los años
de 1579 y 1580 y noticia de la expedición que después hizo para poblarle. Madrid: Imprenta Real de la
Gazeta, 1768. P 372.

5
“Retirado el Almirante a sus barcas, los indios le siguieron hasta ellas, y hasta los navíos, los
unos nadando, y otros en sus barquillas o canoas, y llevaban papagayos, algodón hilado en
ovillos, azagayas, y otras cosillas para cambiarlas por cuentas de vidrio, cascabeles y otros
objetos…”17

“Luego se ajuntó allí mucha gente de la isla. Esto que se sigue son palabras formales del
Almirante, en su libro de su primera navegación y descubrimiento de estas Indias. `Yo -dice
él-, porque nos tuviesen mucha amistad, porque conocí que era gente que mejor se libraría
y convertiría a nuestra Santa Fe con amor que no por fuerza, les di a algunos de ellos unos
bonetes colorados y unas cuentas de vidrio que se ponían al pescuezo, y otras cosas
muchas de poco valor, con que hubieron mucho placer y quedaron tanto nuestros que era
maravilla…´ ” 18

Independentemente desta interação idealizada nas fontes colombinas, a diferencia


das reações entre os indígenas caribenhos e os patagônicos com vistas a um primeiro
encontro não podia ser mais gritante. Todos conhecemos como acabaram os lucaianos das
Bahamas; entretanto, dizer que erraram na sua estratégia (se tivessem tido uma) é absurdo e
um claro caso de história linear. Estes índios não eram clarividentes.

Além disso, existia uma grande diferencia com o contado no relatório da primeira
viagem (1579) do Capitão Sarmiento ao estreito: a escaramuça do barranco não era 100%
um primeiro avistamento, como se deduz do que falaram uns patagões ao capitão na
viagem de regresso:

“Llegaron pues estos indios desnudos con arcos y flechas […] diciendo a voces: `Jesús,
María, cruz, capitán´ que admiró a todos los que no conjeturaban de qué podía proceder
aquella novedad; y el caudillo de los dichos indios se fue derecho al gobernador diciendo:
`Capitán, ho, ho, ho´, alzando las manos al cielo, fingiendo contento.” 19

O mais provável é que esses índios “bilíngues” não tivessem sido testemunhas
direitas da última nau espanhola que havia passado há vinte anos. Antes que Sarmiento de
Gamboa navegasse o estreito em direção Oeste-Este no ano de 1580, uns poucos e
extraordinários marinheiros tinham já atravessado esta passagem. Eles foram: Fernão de
Magalhães em 1520; García Jofre de Loaisa no ano de 1526; Alonso de Camargo em 1540;
Francisco de Ulloa em 1553; Juan Fernández Ladrillero no ano de 1558 e Francis Drake em
1578, quem tinha sido, ademais, o primeiro dos inimigos da Espanha que conseguiu
decifrar o tortuoso labirinto magalhánico para semear o terror nas colônias do Pacífico.20

17
Fernando Colombo. Historia del Almirante Don Cristóbal Colón, Madri: Biblioteca Antológica, 2009-2014, P
52.
18
Frade Bartolomé de Las Casas. “Relación del primer viaje de D. Cristóbal Colón para el descubrimiento de
las Indias”, IN: Luis Arranz (ed.). Diario de a bordo, Madri: Edaf, 2006. PP 88-89.
19
Pedro Sarmiento de Gamboa. “Sumaria relación…” Op. Cit. P 284.
20
Jorge A. Taiana: La gran aventura del Atlántico Sur: Navegantes, descubridores y aventureros (Siglos XVI –
XVIII), Buenos Aires: El Ateneo, 1985. P 206.

6
Portanto, isso da novidade do descobrimento do outro é relativo. A informação que
a memória coletiva aporta pode ser tão valiosa quanto a que dá a experiência individual. É
difícil pensar que as lembranças dos antigos contatos, ainda que esporádicos, não tivessem
se convertido na mais estranha das histórias que os velhos índios contavam para as
crianças. Sobretudo, acerca dessas vezes que tinha havido mais que um contato visual,
como nos casos das expedições de Magalhaes e de Ladrillero.

“Un día, cuando menos lo esperábamos, un hombre de figura gigantesca se presentó ante
nosotros. Estaba sobre la arena casi desnudo, y cantaba y danzaba al mismo tiempo,
echándose polvo sobre la cabeza. El capitán envió a tierra a uno de nuestros marineros,
con orden de hacer los mismos gestos, en señal de paz y amistad, lo que fue muy bien
comprendido por el gigante…” 21

“La gente que se halla en esta boca de este estrecho, en la parte del mar del Norte, es
gente soberbia. Son grandes de cuerpo, así los hombres, como las mujeres y, de grandes
fuerzas los hombres, y las mujeres bastas de los rostros. Los hombres son muy sueltos. […]
… y sus armas son arcos y flechas de pedernal, y palos a manera de macanas; y tienen por
costumbre untarse con una tierra blanca, como cal, la cara y el cuerpo.” 22

Aqui sim, como nos fragmentos precitados de Colombo, vemos uma primeira
interação com bem menos desconfiança, a diferença da hostil recepção a Sarmiento de
Gamboa. Será porque os espanhóis foram considerados deuses mesmos? Isso interpreta
Pigafetta.23 E faz sentido, depois de tudo, esse tipo de reação tem sido comum em outros
encontros ao longo de todo o Novo Mundo, com consequências tão destacáveis como as
quedas das capitais dos dois maiores impérios da América pré-colombiana. Wachtel e León
Portilla, os grandes estudiosos dos derrotados, recuperaram declarações acerca destes
momentos dos mesmos indígenas, incluindo a do governante de Vilcabamba, o Inca Titu
Cusi Yupangui:

“Y tú has venido entre nubes, entre nieblas. Como que esto era lo que nos habían dejado
dicho los reyes, los que rigieron, los que gobernaron tu ciudad: Que habrías de instalarte
en tu asiento, en tu sitial, que habrías de venir acá... Pues ahora se ha realizado: ya tú
llegaste, con gran fatiga, con afán viniste. Llega a la tierra: ven y descansa; toma posesión
de tus casas reales; da refrigerio a tu cuerpo.” 24

“… pensando que era gente grata y enviada de aquel que ellos decían que era el Tecsi
Viracochan –que quiere decir Dios– y me parece que me ha salido al revés de lo que yo
pensaba, porque sabed, hermanos, que estos, según me han dado muestras después que
entraron en mi tierra, no son hijos del Viracocha sino del demonio…” 25

21
Antonio Pigafetta. Primer viaje en torno del globo. Madri: Calpe, 1922. P 52.
22
Juan Fernández Ladrillero. “Descripción de la costa del Mar Océano desde el Sur de Valdivia hasta el
Estrecho de Magallanes inclusive”, IN: Anuario Hidrográfico de la Marina de Chile, Santiago de Chile:
Imprenta Nacional, 1880. P 498.
23
Antonio Pigafetta. Op. Cit. P 55.
24
Miguel León Portilla. Visión de los vencidos, Ciudad de México: DGSCA (on line)/UNAM, 2010. P 71.

7
Sendo eles considerados demônios, entidades celestiais, deuses ou seus enviados; o
engano não permanecia por muito tempo. E a informação de que os europeus eram pessoas
de carne e osso era inestimável em tais circunstâncias. Ainda mais, saber que esses seres
violentos e esquisitos de pele branca eram vulneráveis: 

“... Les escuchó decir como Challcuchima los había enviado [a los chasquis], avisando al
quiz quiz como [los españoles] eran mortales” 26

Este conhecimento crucial que possuíam estes correios do Inca Atahualpa


interceptados pelos espanholes também haveria formado parte do acervo informativo que
os tehuelches passaram de geração em geração. Depois de tudo, a Baía de San Julián, onde
tanto Magalhães quanto Drake forcaram aos sediciosos das suas respectivas expedições não
fica muito longe do estreito. 27

Outra coisa que pode explicar a adopção dos patagões da estratégia do choque
frontal é a consciência destes da superioridade do seu armamento. O que faz que uma arma
seja tecnologicamente superior a outra senão a sua funcionalidade? As armas dos
tehuelches estavam feitas de madeira, pederneira e tripa de guanaco, as dos espanhóis de
aço, chumbo, pólvora e madeira. Há algo que faça um grupo destes materiais superior a
outro? Não, a superioridade de uma por sobre outra deve se observar no campo batalha. As
armas de fogo antigas disfrutam de uma reputação que vem das suas sucessoras
contemporâneas. Isto é um anacronismo. No século XVI, a capacidade de recarga das
flechas fazia elas serem muito mais efetivas que as balas na curta distância (como nas
emboscadas), onde as pesadas armaduras espanholas deixavam partes expostas fáceis de
acertar para qualquer arqueiro competente. Isto já foi explicado com enorme clareza por
John Thornton no seu livro sobre as relações entre africanos subsaarianos e europeus no
século XVI.28 Ele deixou em evidência como o poder político africano não podia ser
obrigado pelos brancos a fazer algo contra da sua vontade (incluída aí a participação no
tráfico) devido a que estes não tinham como se impor militarmente. 29

Obviamente não estou ignorando a capacidade de penetração duma munição de


arcabuz, nem o terror psicológico que desatava nos índios que veiam seus efeitos pela
primeira vez, 30 mas como já mencionei, os tehuelches sabiam o que esperar. O certo é que
em quase todos os enfrentamentos nos que se vieram envolvidos os homens de Sarmiento
25
Inca Titu Cusi Yupangui. “Instrucción del Inca Don Diego de Castro Titu Cusi Yupangui para el muy Ille.
Señor el Licenciado Lope García de Castro, Gobernador que fue de estos Reinos del Perú, tocante a los
negocios que con su Magestad en su nombre por su poder ha de tratar.”, IN: Nathan Wachtel. Los vencidos:
Los indios del Perú frente a la conquista española (1530-1570), Madri: Alianza, 1976. P 49.
26
Juan de Pancorvo. “Información ad perpetuam dada el 13 de enero de 1567… a pedimento de la muy
ilustre señora María Marique Cusignarcay Coya…”, IN: Nathan Wachtel, Op. cit. P 52.
27
Jorge A. Taiana. Op. Cit. P 106.
28
John Thornton. A África e os africanos na formação do mundo atlântico, 1400-1800, Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004. P 171.
29
John Thornton. Op. Cit. P 174.
30
Nathan Wachtel. Op. Cit. PP 42-43.

8
de Gamboa terminaram com saldo favorável para os patagões. Isso fica claro nos relatórios
escritos pelo mesmo capitão:

“… a [la] media hora que los indios se habían apartado de nosotros, los volvimos a ver que
venían tras nosotros aprisa caminando […] Iba el gobernador delante y el alférez en la
retaguardia, y alcanzándonos los indios, sin hablar, ni hacerles mal, ni ocasionarles en cosa
alguna, sobre seguro y amistad, comenzaron a flecharnos. Pedro Sarmiento volvió de la
vanguardia a la retaguardia corriendo con espada y rodela, y topa [con] la gente española
que iban huyendo de los indios sin hacer diligencia ninguna, porque aunque dieron fuego
algunos arcabuces, no salieron; y si algunos salieron no acertaron a ningún indio; y los
indios se reían de los truenos, viendo que no recibían daño ninguno. Y así iban
cercándonos como ovejas, escogiendo al que querían y veían desarmado, y le flechaban,
[para] gran infamia nuestra […] Visto esto, a jinetazos los hizo volver, descalabrando
algunos, y así volvieron a hacer rostro. Y los indios se comenzaron a detener y, derribando
al capitán de ellos de un arcabuzazo e hiriendo a otros, arremetió Sarmiento; y [estando]
solos, dos a ellos. Y huyeron, dejando a su capitán muerto…” 31

“… todos fueron pasados -de parte a parte- por cuerpo, brazos y piernas, porque estas
flechas son de pedernal muy delgadas, y como acierten en desarmado [tras]pasan mucho,
pero cualquier escopil (por delgado que sea) las resiste; y así se vio aquí […] … era cosa de
notar que huyendo los indios, torcían el cuerpo y flechaban diestrísimamente por debajo
del brazo del arco y hacía[n] ir a la flecha por sobre las cabezas de las hierbas, o sobre la faz
de la tierra […] para herir en los pies a los que iban tras ellos.” 32

O saldo deste enfrentamento foi de dois índios e um espanhol mortos, e mais oito
soldados machucados, segundo o Capitão Sarmiento. Tomé Hernandez, o único
sobrevivente do estreito, daria depois uma atualização dos fatos: “... no escapó ninguno de
los heridos” 33 Cabe destacar que os últimos eram todos militares. Alguns deles, veteranos
de Flandres.34 Estamos falando da melhor infantaria sobre o face da Terra.

Os espanhóis não tinham origem divina, não estavam mais bem armados, não eram
invencíveis no campo de batalha, e, ademais, chegam só até os sovacos de um patagão
adulto.35 A conclusão à que cheguei é que os tehuelches não negociaram, colaboraram nem
se mantiveram prudentemente à margem do desembarque de Sarmiento de Gamboa
31
Pedro Sarmiento de Gamboa. “Relación hecha por Pedro Sarmiento a Su Majestad sobre lo sucedido en el
Estrecho cuando allí se quedó y fundó dos ciudades”, IN: Pablo Pastells. El descubrimiento del estrecho de
Magallanes, en conmemoración del IV centenario. Segunda Parte. Madrid: Sucesores de Rivadeneyra Artes
Gráficas S. A., 1920. P 286
32
Ibidem, PP 286-287.
33
Tomé Hernández. “Declaración que de orden del Virrey del Perú Don Francisco de Borja, Príncipe de
Esquilache, hizo ante escribano Tome Hernández, de lo que sucedió en las dos poblaciones fundadas en el
estrecho de Magallanes por Pedro Sarmiento de Gamboa”, IN: Sarmiento de Gamboa. Pedro. Viaje al
Estrecho de Magallanes por el Capitán Pedro Sarmiento de Gamboa en los años de 1579 y 1580 y noticia de
la expedición que después hizo para poblarle. Madrid: Imprenta Real de la Gazeta, 1768. P 376.
34
Pedro Sarmiento de Gamboa. “Relación hecha por Pedro Sarmiento a Su Majestad…”, Op. Cit., P 298.

9
simplesmente porque não faz sentido negociar para reduzir os danos se o outro não está em
condições de te enfrentar. Por que haveriam de negociar os índios o fim de hostilidades em
vez de resolver o problema definitivamente? Para encarar uma negociação, as duas partes
deveriam ter tido algo grande que perder; ou, melhor ainda, algo para tentar salvar. O que
acho é que muitos sociólogos e historiadores, ao momento de interpretar as interações como
uma negociação, nem sempre têm em conta que, na maioria das vezes, as negociações se
arrancam a modo de concessão, não acontecem sem motivo. Acredito que é bom lembrar
isto e ficar atento para não acabar abusando do uso de um conceito que, por certo, é muito
útil no momento de interpretar as fontes.

Bibliografia:

Anuario Hidrográfico de la Marina de Chile, Santiago de Chile: Imprenta Nacional, 1880.


<http://www.memoriachilena.cl/archivos2/pdfs/MC0012196.pdf>.

Magallania (Versión online), Vol.41, No.1, Punta Arenas: Instituto de la Patagonia.


Universidad de Magallanes, 2013. <http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0718-
22442013000100017&script=sci_arttext>.

Gorender, Jacob. A Escravidão Reabilitada, São Paulo: Ática. 1991.

Cardoso, Ciro Flamarion. Agricultura, escravidão e capitalismo, Petrópolis: Vozes. 1979.

Passos Guimarães, Alberto. Quatro séculos de latifúndio, Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1968.

Langfur, Hal. The Forbidden Lands: Colonial Identity, Frontier Violence, and Persistence
of Brazil’s Eastern Indians, 1750-1830, Standford: Satandford University Press, 2006.

35
Rodolfo Casamiquela. “Los dos mitos europeos más antiguos de América: los gigantes Patagones y la
ciudad de los Césares”, IN: Todo es Historia: Registra la memoria nacional, N°477, abril de 2007, Buenos
Aires: Impresora Aloni, 1967-2014.

10
Almeida, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses Indígenas: Identidade e cultura nas
aldeias colônias do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003.

Sarmiento de Gamboa, Pedro; Sarabia Viejo, María Justina (Intr.). Los viajes al Estrecho
de Magallanes. Madrid: Alianza Editorial, 1988.

Sarmiento de Gamboa, Pedro. Viajes al Estrecho de Magallanes (1579-1584) Recopilación


de sus relaciones sobre los dos viajes al Estrecho y de sus cartas y memoriales; Rosenblat,
Ángel (Ed.). Buenos Aires: Emecé, 1950.

Sarmiento de Gamboa. Pedro; & Iriarte, Bernardino de (ed.). Viaje al Estrecho de


Magallanes por el Capitán Pedro Sarmiento de Gamboa en los años de 1579 y 1580 y
noticia de la expedición que después hizo para poblarle. Madrid: Imprenta Real de la
Gazeta, 1768. <https://archive.org/stream/viagealestrecho00sarmguat#page/n499/mode/
2up>.

Pastells, Pablo. El descubrimiento del estrecho de Magallanes, en conmemoración del IV


centenario. Madrid: Sucesores de Rivadeneyra Artes Gráficas S. A., 1920. (2 tomos).
<https://archive.org/stream/eldescubrimient02past#page/n7/mode/2up>.

Taiana, Jorge A. La gran aventura del Atlántico Sur: Navegantes, descubridores y


aventureros (siglos XVI - XVIII), Buenos Aires: El Ateneo, 1985.

Colombo, Fernando. Historia del Almirante Don Cristóbal Colón, Madri: Biblioteca
Antológica, 2009-2014.
<http://www.biblioteca-antologica.org/wp-content/uploads/2009/09/COL%C3%93N-
Hernando-Historia-del-Almirante.pdf>.

Arranz, Luis (ed.). Diario de a bordo, Madri: Edaf, 2006.


<http://es.wikisource.org/wiki/Diario_de_a_bordo_del_primer_viaje_de_Crist
%C3%B3bal_Col%C3%B3n:_texto_completo>.

Pigafetta, Antonio. Primer viaje en torno del globo. Tradução de Federico Ruiz
Morcuende. Madri: Calpe, 1922.
<https://archive.org/stream/primerviajeentor00piga#page/n9/mode/2up>.

Portilla, Miguel León. Visión de los vencidos, Ciudad de México: DGSCA (on line)
UNAM, 2010. <http://201.147.150.252:8080/jspui/bitstream/123456789/1313/1/Leon-
Portilla%20Miguel%20%20-%20La%20Vision%20de%20los%20Vencidos.pdf>.

Wachtel, Nathan. Los vencidos: Los indios del Perú frente a la conquista española (1530-
1570), Madri: Alianza, 1976.

Thornton, John. A África e os africanos na formação do mundo atlântico, 1400-1800, Rio


de Janeiro: Elsevier, 2004.

11
Casamiquela, Rodolfo “Los dos mitos europeos más antiguos de América: los gigantes
Patagones y la ciudad de los Césares”, IN: Todo es Historia: Registra la memoria nacional,
N°477, abril de 2007, Buenos Aires: Impresora Aloni, 1967-2014.
<http://casamiquelablog.blogspot.com.ar/2013/07/los-dos-mitos-europeos-mas-antiguos-
de.html>.

Fontes:

Sarmiento de Gamboa, Pedro. “Relación y derrotero del viaje y descubrimiento del


Estrecho de la Madre de Dios, antes llamado de Magallanes” (Nao Nuestra Señora de la
Esperanza frente ao Cabo São Vicente [Portugal], 17/08/1580), IN: Sarmiento de Gamboa,
Pedro. Viaje al Estrecho de Magallanes por el Capitán Pedro Sarmiento de Gamboa en los
años de 1579 y 1580 y noticia de la expedición que después hizo para poblarle, Madrid:
Imprenta Real de la Gazeta, 1768.
<https://archive.org/stream/viagealestrecho00sarmguat#page/n499/mode/2up>.

Filipe II. “Copia de la instrucción a Bautista Antonelli”, (Lisboa, 12/08/1581), IN:


Magallania (Versión online), Vol.41, No.1, Punta Arenas: Instituto de la Patagonia.
Universidad de Magallanes, 2013. <http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0718-
22442013000100017&script=sci_arttext>.

Sarmiento de Gamboa, Pedro. “Relación de lo sucedido a la Armada Real de Su Majestad


en este viaje del Estrecho de Magallanes et.”, (Rio de Janeiro, 1/06/1583), IN: Pastells,
Pablo. El descubrimiento del estrecho de Magallanes, en conmemoración del IV
centenario. Segunda Parte. Madrid: Sucesores de Rivadeneyra Artes Gráficas S. A., 1920.

Sarmiento de Gamboa, Pedro. “Sumaria relación de Pedro Sarmiento de Gamboa,


Gobernador y Capitán General de Estrecho de la Madre de Dios, antes nombrado de
Magallanes, y de las poblaciones por él hechas y que se han de hacer por Vuestra
Majestad”, (El Escorial, San Lorenzo el Real, 15/09/1590), IN: Sarmiento de Gamboa,
Pedro. Los viajes al Estrecho de Magallanes. Madrid: Alianza Editorial, 1988.

Sarmiento de Gamboa, Pedro. “Relación hecha por Pedro Sarmiento a Su Majestad sobre lo
sucedido en el Estrecho cuando allí se quedó y fundó dos ciudades”, (Pernambuco
[Recife?], 18/09/1584), IN: Pastells, Pablo. El descubrimiento del estrecho de Magallanes,
en conmemoración del IV centenario. Segunda Parte. Madrid: Sucesores de Rivadeneyra
Artes Gráficas S. A., 1920.

12
Hernández, Tomé. “Declaración que de orden del Virrey del Perú Don Francisco de Borja,
Príncipe de Esquilache, hizo ante escribano Tome Hernández, de lo que sucedió en las dos
poblaciones fundadas en el estrecho de Magallanes por Pedro Sarmiento de Gamboa”,
(Lima, 21/03/1620), IN: Sarmiento de Gamboa. Pedro; & Iriarte, Bernardino de (ed.).
Viaje al Estrecho de Magallanes por el Capitán Pedro Sarmiento de Gamboa en los años
de 1579 y 1580 y noticia de la expedición que después hizo para poblarle. Madrid:
Imprenta Real de la Gazeta, 1768.
<https://archive.org/stream/viagealestrecho00sarmguat#page/n3/mode/2up>.

Aramburu, Marcos de (Notário). “Relación de la gente de guerra y mar, pobladores, niños,


mujeres, frailes y oficiales que quedaron en Magallanes por febrero de este año de 1584 y
de los bastimentos, ropa, artillería y pertrechos que para ellos se dejaron”, IN: Pastells,
Pablo. El descubrimiento del estrecho de Magallanes, en conmemoración del IV
centenario. Segunda Parte. Madrid: Sucesores de Rivadeneyra Artes Gráficas S. A., 1920.

Las Casas, Bartolomé de (Frade). “Relación del primer viaje de D. Cristóbal Colón para el
descubrimiento de las Indias”, IN: Luis Arranz (ed.). Diario de a bordo, Madri: Edaf, 2006.
<http://es.wikisource.org/wiki/Diario_de_a_bordo_del_primer_viaje_de_Crist
%C3%B3bal_Col%C3%B3n:_texto_completo>.

Pigafetta, Antonio. Primer viaje en torno del globo. Madri: Calpe, 1922.
<https://archive.org/stream/primerviajeentor00piga#page/n9/mode/2up>.

Ladrillero, Juan Fernández. “Descripción de la costa del Mar Océano desde el Sur de
Valdivia hasta el Estrecho de Magallanes inclusive”, IN: Anuario Hidrográfico de la
Marina de Chile, Santiago de Chile: Imprenta Nacional, 1880.
<http://www.memoriachilena.cl/archivos2/pdfs/MC0012196.pdf>.

Pancorvo, Juan de. “Información ad perpetuam dada el 13 de enero de 1567… a pedimento


de la muy ilustre señora María Marique Cusignarcay Coya…” (Cusco, 1567), IN: Wachtel,
Nathan. Los vencidos: Los indios del Perú frente a la conquista española (1530-1570),
Madri: Alianza, 1976.

Titu Cusi Yupangui (Inca), “Instrucción del Inca Don Diego de Castro Titu Cusi Yupangui
para el muy Ille. Señor el Licenciado Lope García de Castro, Gobernador que fue de estos
Reinos del Perú, tocante a los negocios que con su Magestad en su nombre por su poder ha
de tratar.”, IN: Wachtel, Nathan. Los vencidos: Los indios del Perú frente a la conquista
española (1530-1570), Madri: Alianza, 1976.

13

Você também pode gostar