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Comissários de Voo

So b re vivê n c ia - SBV

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#10
SOBREVIVÊNCIA – SBV

André Luiz Braga


2022
SUMÁRIO

SUMÁRIO ............................................................................................................................................... 2
O PAPEL DA DISCIPLINA NO CURSO ................................................................................................ 3
OBJETIVOS DA DISCIPLINA ............................................................................................................... 3
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................................. 5
SOBREVIVÊNCIA NA SELVA ............................................................................................................... 8
ABRIGOS .............................................................................................................................................. 12
FOGO E ÁGUA ..................................................................................................................................... 16
ALIMENTOS......................................................................................................................................... 22
SINALIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 30
DESLOCAMENTO E ORIENTAÇÃO ................................................................................................... 37
SOBREVIVÊNCIA NO MAR ................................................................................................................ 45
EFEITOS DO CALOR OU FRIO NO ORGANISMO ............................................................................. 57
EQUIPAMENTOS DE FLUTUAÇÃO ................................................................................................... 63
SOBREVIVÊNCIA NO DESERTO ........................................................................................................ 72
SOBREVIVÊNCIA NO GELO ............................................................................................................... 75
SERVIÇO DE BUSCA E SALVAMENTO – SAR................................................................................. 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 83
SOBREVIVÊNCIA – SBV

SBV
SOBREVIVÊNCIA

O PAPEL DA DISCIPLINA NO CURSO


A disciplina pretende proporcionar, aos alunos, experiências de
aprendizagem que contribuam para que eles identifiquem procedimentos
a serem adotados após um acidente aeronáutico com vista a garantir a
segurança e a vida dos sobreviventes em ambiente hostil, seja na selva
ou no mar.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Descrever os cuidados necessários com os insetos (Cp);
Citar os cuidados que devam ser tomados em uma situação de
sobrevivência (Cn);
Descrever o cenário de sobrevivência na selva, suas vantagens e males
(Cp);
Listar ações imediatas e simultâneas (Cn);
Identificar o conteúdo do Kit de sobrevivência na selva (Cn);
Descrever o procedimento para sinalização com o radiofarol de
emergência (Cn);
Evidenciar a importância do abrigo (Cp);
Citar requisitos para construção e classificar os abrigos de selva (Cn);
Citar as utilidades do fogo (Cn);
Descrever a preparação, cuidado, obtenção e manutenção do fogo (Cp);
Descrever procedimentos para obtenção de água doce (Cn);
Listar os métodos de purificação da água (Cn);
Descrever os procedimentos a serem executados no racionamento de
água e de alimentos (Cp);

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Descrever os procedimentos a serem utilizados no cozimento dos


alimentos (Cp);
Citar os alimentos de origem vegetal e de origem animal, assim como
suas possíveis restrições ao consumo (Cp);
Citar as formas de obtenção dos alimentos (Cn);
Listar os métodos e equipamentos de sinalização (Cp);
Descrever os métodos de deslocamento da selva (Cn);
Conceituar Orientação e descrever os métodos utilizados em
sobrevivência (Cp);
Descrever as ações simultâneas e imediatas da sobrevivência no mar
(Cp);
Descrever os métodos de obtenção de água e alimento na sobrevivência
na água (Cp);
identificar os perigos relacionados aos animais marinhos (Cp);
Descrever os efeitos do calor e do frio no organismo e as técnicas de
proteção (Cp).

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CAPÍTULO I
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Generalidades
Ninguém está de fato preparado para uma situação adversa, na qual
tenha que lutar independente do meio onde se encontra, com pouco ou
nenhum recurso, em separado ou em grupo, pela continuidade da vida.
No entanto, o relato de pessoas que estiveram nesta situação nos ajuda
a formular técnicas que podem ajudar a sobreviver em condições
desfavoráveis.

Este texto é uma coletânea, baseada em diversas fontes que relatam


técnicas de sobrevivência, em diferentes cenários, que foram e podem
ser utilizadas para preservação da vida até a chegada da equipe de
resgate. Abordam-se aqui técnicas para sobrevivência na selva, na água,
no gelo e no deserto, preconizadas pela autoridade aeronáutica brasileira,
partindo-se do pressuposto da sobrevivência após um acidente
aeronáutico.

Psicologia da Sobrevivência
A capacidade de sobrevivência é diretamente proporcional a uma atitude
mental adequada para enfrentar situações adversas. Assim, a
estabilidade emocional, a despeito do choque do acidente, de
sofrimentos físicos decorrentes da fadiga, da fome, da sede e de
ferimentos, por vezes, graves é fundamental para a preservação da vida.

De uma maneira geral, cidadãos de hábitos urbanos encontraram


grandes dificuldades para sobreviver em áreas desabitadas e
aparentemente hostis e se o indivíduo, ou o grupo de indivíduos, não
estiver preparado psicologicamente para vencer os obstáculos e aceitar
os reveses, as possibilidades de sobreviver estarão sensivelmente
reduzidas. Portanto, cuidar da saúde, física e mental, é requisito de
especial importância.

A Vontade de sobreviver, mantendo-se a esperança no resgate, aliada à


calma, à inteligência, à sobriedade e à resistência compõem um ambiente
psicológico favorável à solução de problemas e, em consequência, à
sobrevivência em si.

Fatores Adversos ao Sobrevivente


Três tipos de fatores exercem pressão sobre o indivíduo, ou grupo, em
uma situação de sobrevivência. Em intensidade variada, mas sempre
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com alta carga de estresse, estes fatores tornam mais difícil o processo
de sobrevivência. Conhecê-los é uma excelente forma de estar
preparado. São eles os fatores subjetivos, os fatores objetivos e as
adversidades do meio ambiente.

Os fatores subjetivos são os que, apesar de apresentarem-se de maneira


real, agem na mente humana: a ansiedade, o susto, o medo, a solidão, o
tédio e por fim o pânico. Tentar controlar e dominar estes sentimentos é
prolongar a expectativa de vida. O treinamento na formação de
tripulantes visa exatamente criar estes processos de controle destes
sentimentos indesejáveis;

Os Fatores objetivos, diferentes dos anteriores, são ocasionados por


situações concretas: calor, frio, cansaço, queimaduras, lesões de todo
tipo, hipotermias e qualquer outra ação contra a integridade física. A
morte de companheiros de trabalho, entes queridos ou simplesmente de
passageiros da aeronave, torna-se uma realidade dura com a qual o
sobrevivente deve lidar. O correto é sepultar os mortos e reunir e registrar
o maior número de informações sobre eles.

As adversidades do meio ambiente estão diretamente relacionadas ao


cenário de ocorrência do acidente. Cada situação é bastante específica e
também extremamente variável, porém de maneira geral, essas
adversidades estão relacionadas com insetos transmissores de doenças;
escassez de água e flora; tempestades de chuva, neve ou areia,
enchentes e alagamentos; topografia muito acidentada; e animais
perigosos. Todos os fatores que dificultam as ações dos sobreviventes.

Insetos
Um dos maiores perigos que se apresentam aos sobreviventes nas
florestas tropicais é representado pelos insetos, muitos dos quais
transmissores de moléstias (doenças tropicais) e parasitas. É possível
proteger-se da Malária, ingerindo comprimidos de Atebrina ou Aralen,
porém a forma mais eficaz de proteção é a utilizando calças compridas,
camisas de manga longa e repelente. O óleo de coco serve como um bom
repelente natural contra insetos.

Bicho de Pé: são pequenos insetos que penetram na pele e deixam ovos
que se desenvolvem, produzindo inchação local, coceiras e inflamações.

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Formigas: as formigas, por estranho que pareça, representam perigo aos


sobreviventes. Nas florestas da África e da América do Sul, existe um
grande número delas. Há espécies que avançam, chegando, às vezes, a
desalojar os nativos de suas casas.

Mutucas/Mosquitos: são insetos de duas asas, com antenas curtas,


muito comuns nos trópicos americanos e africanos. Suas larvas
penetram na pele e causam inchações, como bolhas.

Tratamento: pingar óleo de qualquer espécie na parte picada, várias vezes


ao dia. A larva procurará sair para tomar ar, ocasião em que a inchação
deverá ser espremida, comprimindose suas bordas com unhas e
polegares. Pode-se matá-las também, untando-se a picada com uma
porção de fumo úmido e, depois, espremendo-se a larva para fora.

Sanguessugas: Comuns em florestas pantanosas e estão sempre


prontas para sugar o sangue. Para livrar-se delas, aplicar uma pitada de
sal ou tocá-las com um fósforo aceso ou uma ponta de cigarro. Sua
sucção é indolor, mas pode ocasionar grande úlcera.

Carrapatos: espécie de pulga de areia encontrada frequentemente em


capinzais, podendo andar pelo corpo às centenas. Deve-se tira-los
cuidadosamente, apanhando-os entre o fio de uma faca e o polegar.
Nunca achatá-los contra a pele, pois seu corpo pode estar cheio de
germes causadores de uma febre mortal.

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CAPÍTULO II
SOBREVIVÊNCIA NA SELVA

Ações Imediatas e Simultâneas


São ações prioritárias, urgentes, que devem acorrer logo após o acidente
para dirimir os riscos de fogo e explosão da aeronave, riscos de perda de
vidas e para facilitar a localização e o socorro por parte das equipes de
busca e salvamento.

Afastar-se da aeronave: Como é grande o risco de explosão da aeronave,


o grupo de afasta-se até o completo resfriamento do motor e a total
evaporação do combustível, permanecendo unido e próximo ao local do
acidente.

Acionar imediatamente o rádio farol de emergência: é o rádio


“sinalizador” que faz parte do Kit de Sobrevivência.

Preparar e proteger todos os equipamentos de sinalização: Utilizá-los


somente ao avistar uma embarcação ou aeronave e escutar o ruído de
seus motores;

Verificar as condições físicas dos sobreviventes: prestar os primeiros


socorros a quem necessitar, por ordem de gravidade. Se houver
profissionais da área médica, solicitar sua colaboração. Reavaliar os
ferimentos e substituir os curativos periodicamente;

Proteger-se: O ambiente hostil agride àqueles não habituados com frio,


calor e insetos, entre outros. A integridade física do sobrevivente prorroga
a expectativa de vida;

Organizar o local de permanência: Dividir os sobreviventes em grupos,


distribuindo tarefas (montagem de abrigo, fonte de água, obtenção de
fogo, obtenção de alimentos, fossas de lixo e de dejetos) em turnos de no
máximo duas horas. Todos devem participar, com exceção dos feridos
ou exaustos; Manter pelo menos uma pessoa na vigilância;

Manter um registro de ocorrências: com hora do pouso, nomes e


condição física das pessoas, alimentação, condições climáticas,
levantamento de material disponível; Tranquilizar os sobreviventes,
procurando manter o moral elevado.

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Conservação da Saúde
Preservar suas condições de saúde contribui para o sucesso do
salvamento. Saber defenderse bem contra as condições adversas do
cenário não é uma tarefa muito simples, porém a literatura indica
algumas ações importantes que devem ser observadas:

Poupe as suas forças: Evite o esforço em excesso. Mesmo que não


consiga dormir, deite-se e descanse; não se entregue à aflição, controle o
medo e não entre em pânico; quando estiver realizando algum trabalho
que exija certo esforço físico, ou quando estiver em marcha, ou andando
rapidamente, descanse 10 minutos em cada hora; nas horas mais
quentes do dia, repouse à sombra.

Trate devidamente dos seus pés: Examine os pés durantes as paradas e


mantenha-os sempre secos e protegidos; utilize esparadrapo ou qualquer
proteção no local de maior atrito entre os pés e o calçado e; se necessário
improvise sapatos.

Previna-se contra as infecções cutâneas: a epiderme, camada superior da


pele, é a primeira linha de defesa contra a infecção, então sempre que
possível aplique antisséptico a qualquer arranhão, por menor e mais
inofensivo que pareça, assim como a qualquer pequeno corte ou picada
de inseto; conserve as unhas curtas para evitar arranhar a pele, ao coçar-
se; Evite Problemas intestinais: doenças do intestino, como diarreia, são
causadas pela mudança de água e alimentação, por água contaminada,
por alimento estragado ou mal conservado, por fadiga excessiva, por
comer demais em tempo de calor ou pelo uso de utensílios de cozinha
pouco limpos; se possível, purifique a água, por meio dos preparados
purificadores ou por meio de fervura durante um minuto; cozinhe os
vegetais ou lave cuidadosamente, em água purificada; mantenha um
asseio pessoal rigoroso; lave as mãos com água e sabão, antes de comer,
sempre que possível.

Se alguém do grupo sofrer de diarreia, tenha especial cuidado em fazer


com que o doente observe rigorosamente as regras de higiene, indo
defecar em local o mais afastado possível do acampamento e da fonte
d’água; cubra os despojos com terra, para evitar contaminação por
moscas e mosquitos;

O doente deverá descansar e jejuar durante 24 horas e deverá beber


bastante água (purificada). Após este período, poderá ingerir sopas e chá,

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devendo evitar alimentos açucarados e amidoados. Poderá também


beber água à vontade, dosada com tabletes de sal. As refeições deverão
ser leves e frequentes, ao invés de uma, ou duas, abundantes.

Conserve limpos a sua roupa e o seu corpo: tente manter as vestimentas


limpas para evitar parasitas e infecções; Os integrantes do grupo deverão
examinar uns aos outros, a cata de possíveis parasitas, tais como piolhos
e carrapatos; cubra todo o corpo para evitar picadas de mosquitos e
outros insetos; cubra o pescoço e a cabeça para evitar queimaduras de
sol; improvise mosquiteiros, utilizando materiais leves, principalmente ao
entardecer; evite andar descalço e; seque outro que as roupas molhadas
antes de dormir para evitar resfriados.

Conserve limpo o local de permanência: o lixo deverá ser colocado em


uma fossa aberta para este fim, em local afastado cerca de 700 metros
do acampamento e da fonte d’água; A latrina deverá estar o mais distante
possível do acampamento e da água potável; Caso não seja possível ter
uma latrina, os dejetos deverão ser sempre cobertos com terra.

Importante saber: sono, comida e água são indispensáveis numa


sobrevivência; animais selvagens só atacarão se molestados; O maior
inimigo na selva é o inseto; O menor ferimento deve ser rapidamente
tratado, sob perigo de infecção. Deve-se manter os ferimentos limpos e
cobertos.

Sobrevivência na Selva: AFA+A


Para facilitar a sobrevivência em ambientes adversos é imprescindível
providenciar o mais breve possível abrigo, uma fogueira, água para
consumo e por fim alimentação, designados pela sigla AFA+A (ABRIGO,
FOGO, ÁGUA e ALIMENTOS). As circunstâncias do acidente determinam
a ordem dessas prioridades que, juntamente com os conhecimentos de
primeiros socorros e sinalização de emergência, facilitarão a
sobrevivência e os trabalhos de busca e salvamento.

Em um ambiente de selva encontram-se uma variedade enorme de


espécies animais e vegetais, fontes d’água e opções de abrigo, portanto
sobreviver depende de uma atitude emocional positiva, adequada para
enfrentar o tempo de permanência no local, à espera do resgate.

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Conjunto ou Kit de Sobrevivência na Selva


Baseada em normas internacionais, a Autoridade Aeronáutica Brasileira
recomenda o conteúdo mínimo dos conjuntos (kits) de sobrevivência que
devem ser embarcados.

O conjunto de sobrevivência de lona impermeável, cor laranja, a ser


transportado pela aeronave em voo sobre a selva, deve conter uma bolsa
de sobrevivência e uma de primeiros socorros;

A bolsa de primeiros socorros contém o mínimo de equipamentos de


primeiros socorros necessários ao atendimento e tratamento de
emergência dos sobreviventes de acidentes aeronáuticos. O número de
bolsas adicionais que devem haver a bordo é calculado na base de 1 para
cada 10 pessoas; O acréscimo de itens, fica ao critério das empresas,
mas o conteúdo mínimo deve ser: ração, sal, fósforo, lanterna, pilha
grande, espelho de sinalização, repelente contra insetos, bússola, apito,
marcador de água, sinalizadores pirotécnicos (diurno e noturno), manual
de sobrevivência (mar e selva).

Kits de Sobrevivência na Selva

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CAPÍTULO III
ABRIGOS

Abrigos
Pode-se utilizar como abrigo a própria aeronave e partes dela ou
improvisar a proteção para os sobreviventes com os recursos naturais
que se encontrem no local. De qualquer forma, após o acidente só se deve
retornar ao interior da aeronave após resfriamento dos motores e a
evaporação do combustível (normalmente 24horas).

Ao utilizar a aeronave como abrigo, tome a precaução de cobrir as


aberturas utilizando tecidos, plásticos ou folhas de palmeiras para
impedir a entrada de insetos.

Caso não seja possível utilizar a aeronave, construir um acampamento


próximo ao local do acidente. Prefira construir os abrigos em locais
elevados, longe de pântanos e charcos, mas se possível, próximos de
uma fonte de água. Evite acampar nas margens de rios ou riachos. Prefira
pequenas elevações, a mais de 100 metros de um curso d’água. Evitar
construir abrigos embaixo de árvores com frutos pesados ou debaixo de
galhos secos.

Tipos de Abrigo:
Os abrigos para sobrevivência são classificados em provisórios, de
menor tempo de utilização, e temporários, para uma utilização maior.
Abrigos Provisórios: para pouco tempo, uma noite em geral.
O mais usual e simples de ser erguido é o Rabo de Jacu. Para construí-lo
deve-se limpar o local, atravessar um pedaço de pau sobre os dois
suportes e apoiar folhas de palmeiras, coqueiros, bananeiras ou qualquer
tipo de tecido ou lona, para formar o “teto”.

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Abrigos Temporários: se a permanência se estender, pode-se construir


um abrigo em forma de “A” que pode ser coberto com folhas de
palmeiras, folhas largas, ou ainda com plásticos ou mantas. Para
construí-lo deve-se amarrar as folhas umas às outras, com as pontas
voltadas para baixo, para que o telhado não deixe passar água da chuva.
Para amarração deste tipo de abrigo, usar cipós, fios, cadarços de
sapatos, e outros.

Abrigo em forma de A ou tipo A

Evite dormir no chão. O chão normalmente é úmido e contaminado, além


de oferecer maior risco de acidentes com animais peçonhentos.
Construa dentro do abrigo uma cama com folhas e sobre estas utilize
folhas mais largas, cortinas, mantas, carpetes ou assentos da aeronave.

Outro tipo de abrigo temporário, mais elaborado e de construção mais


sofisticada, embora exequível é o Tapiri Simples, que consiste em uma
armação de barraca sobre uma cama suspensa.

Tapiri Simples

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Higiene: após a construção dos abrigos, mantenha a higiene do local de


acampamento para evitar a presença de animais e insetos. Construa
duas fossas em local afastado do acampamento, uma para dejetos e
outra para detritos. Marque o percurso entre o acampamento e as fossas,
para que os sobreviventes possam facilmente encontrá-los, sobretudo à
noite.

Fossa para Detritos: deve ser construída a 100 metros do acampamento


e o caminho deve ser demarcado para facilitar localização.

Fossa para Dejetos: deve ser construída a 100 metros do acampamento,


o mais longe possível do curso d’água para não contaminá-lo, também
com o caminho demarcado para facilitar localização. Cubra sempre os
dejetos com terra após o uso.

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Formas de Proteção Individual: para prorrogar ao máximo a expectativa


de sobrevivência, deve-se proteger a pele para que ela não fique exposta
ao sol nem a insetos, os maiores inimigos do sobrevivente em um
ambiente de selva.

Oriente o grupo de sobreviventes a: manter o vestuário limpo e completo,


protegendo o corpo das agressões do meio tal como espinhos, galhos,
picadas de insetos, frio e calor; não andar descalço, nem ao atravessar
rios, pântanos, etc. Caso necessite trocar roupas ou sapatos sacudi-los
antes; cuidado ao caminhar, sentar ou se apoiar, para evitar picadas de
animais, que podem estar entre folhas, arbustos ou pedaços de árvores
podres. Caso haja contato com carrapato, sanguessuga, aranha,
escorpião, lacraia e cobras iniciar imediatamente os primeiros socorros.

Formas de Proteção Individual

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CAPÍTULO IV
FOGO E ÁGUA

Fogo
Embora não alcance a importância representada pela água em uma
sobrevivência, o fogo também é extremamente importante para que seja
possível prolongar o tempo de vida. Através do fogo é possível: purificar
a água; cozinhar; secar a roupa; aquecer o corpo; sinalizar; iluminar; e
fazer uma segurança noturna.

Local para o fogo: Mesmo que o chão esteja seco, o que não será normal
em um ambiente de floresta, limpe bem o chão onde se pretenda iniciar
o fogo. Procure um pedaço de madeira ou troco de árvore para servir
como base, pois isto poderá alimentar o fogo depois da ignição. Se a
permanência no local for se prolongar, deve-se construir um abrigo para
o fogo, o mais indicado é o tapiri. A melhor maneira de se construir uma
fogueira, de maneira eficiente e protegida do vento é próximo a uma
rocha ou de um anteparo feito de tronco.

Isca para o fogo: isca é o amontoado inicial de folhas secas, papéis,


palhas, gravetos finos, cascas de árvores, que serão utilizados para a
ignição do fogo. Obviamente, havendo disponibilidade de querosene,
gasolina, fluido para isqueiro e pólvora, eles deverão ser utilizados na
obtenção do fogo.

Obtenção do Fogo: Há diversos processos para obtenção do fogo, desde


os mais simples como fósforos e isqueiros até métodos mais complexos
como lentes, pedras, Pilhas, baterias de celular e pederneiras.

Isca
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É importante designar uma pessoa responsável pela manutenção do


fogo. Construir um abrigo para proteger o fogo da chuva e deixar sempre
lenha seca junto à fogueira para uso imediato.

Formas de Obtenção do Fogo

Água
Manter um bom suprimento de água é de fundamental importância em
uma situação de sobrevivência. O ser humano pode resistir vários dias
sem alimento, entretanto, na falta d’água, as possibilidades de vida ficam
extremamente reduzidas. Essa resistência estará condicionada à
capacidade orgânica e às condições físicas do indivíduo, as quais, na
selva, estarão sempre aquém das possibilidades normais deste mesmo
indivíduo.

Em ambientes de calor extremo, e a selva normalmente é assim, o


organismo perde muitos sais minerais em função do suor excessivo,
então, a manutenção do equilíbrio hídrico do organismo e fundamental.
Em situações onde há pouca água, o suprimento só deverá ser distribuído
após as primeiras vinte e quatro horas, excetuando-se feridos graves e
crianças. Forneça no mínimo1/2 litro de água por dia.

Se a provisão de água for insuficiente e não houver possibilidade de


aumentar o estoque, é preferível bebê-la em sua totalidade no primeiro
dia do que perdê-la por evaporação. Adotar o mesmo procedimento em
relação a alimentos perecíveis.

Em situação normal, o organismo necessita de 1,5 a 2,5 litros de água por


dia. Em uma sobrevivência na selva, no gelo ou no mar, o ideal é que se
beba, no mínimo, ½ litro de água por dia. No deserto, essa necessidade
mínima é duas ou três vezes maior, ou seja, de 1 litro a 1 litro e meio.

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Em caso de absoluta falta d’água, o sobrevivente jamais deve lançar mão


de ingerir outros líquidos, como álcool, gasolina, urina. Tal procedimento,
além de poder trazer consequências fatais, diminuirá as possibilidades
de sobreviver, revelando indícios da proximidade do pânico que, quando
não dominado, será fatal.

O consumo de água, dentro das possibilidades, deve seguir o seguinte


critério: Bom suprimento (700 ml); Suprimento limitado (525 ml) e;
Suprimento racionado (250 ml). A água deve ser ingerida em quatro
porções diárias.

Fontes de Água
Segundo o Manual de Sobrevivência na Selva do Exército Brasileiro, o
equilíbrio da natureza põe à disposição do ser humano recursos variados
para suprir a grande necessidade de água e os principais são:

Águas Correntes: Rios, igarapés e olhos d’água, devendo a água ser


recolhida do fundo, evitando desmoronar as margens ou revolver os
leitos. Quando necessário, serão demarcados locais para banho, cozinha
e colheita de água potável. Sempre que possível deve ser purificada, pois,
normalmente, contém impurezas, tais como: coliformes fecais humanos
ou de animais, resíduos de material orgânico em decomposição, entre
outros.

Águas Paradas: Lagos, igapós, pântanos e charcos, devendo seu uso ser
feito após a purificação. Uma forma de filtrar é colhê-la de um buraco
cavado a uma distância de 5 metros da fonte de água, o qual, após algum
tempo, pela porosidade do solo, encher-se-á de água filtrada.

Água das Chuvas e Orvalho: Poderão ser colhidas diretamente em


recipientes, em buracos ou com o emprego de um plástico. Quando
houver troncos pelos quais ela escorra, para colhê-la bastará interromper
o fluxo com um pano, cipó ou folhagem, canalizando-a para qualquer
vasilhame. Na falta de outro material, as próprias roupas, depois que
forem limpas, poderão ser expostas à chuva e, uma vez encharcadas e
torcidas, a água delas resultante deverá ser purificada pela fervura. A
água da chuva, quando retirada do gravatá, bromélia ou vegetal similar
deverá ser coada e purificada.

Partes Baixas do Terreno: Será comum na selva cruzar-se com ravinas


temporariamente secas, mas que poderão transformar-se, devido às

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chuvas, em leitos de igarapés ou igapós. Nestas ravinas poderá ser


procurada a água em fossos cavados próximos aos tufos de vegetação
viçosa. Nas costas marítimas, o local apropriado para encontrar água
potável é acima das marés altas. Para se obter água na selva, não se
encontrando um regato ou rio, deve-se cavar o chão pelo menos ½ metro
de profundidade.

Vegetais: Vários são os que poderão fornecer água ou indicar a sua


presença. Os principais são:

Cipó d’água: cipó de uns 10 centímetros de diâmetro, cor marrom-


arroxeada e casca lenhosa, pendurado entre os galhos e o solo, em
grandes árvores. Corte em cima, o mais alto que se puder alcançar e
depois corte a parte de baixo, de maneira que fique ao menos um metro
de cipó e colha a água que escorrerá pela parte de baixo. Os tipos de cipó
que fornecem água fresca e cristalina são os de casca grossa;

Bambus: Às vezes, poderá ser encontrada água no interior dos gomos do


bambu, principalmente do velho e amarelado. Pelo barulho, ao ser
sacudido, sabe-se da presença ou não de água e, para sua utilização,
bastará fazer um furo junto à base dos nós. Na Selva Amazônica, os
bambus somente são encontrados em locais que já foram ocupados pelo
homem;

Coco: Os meio verdes são os melhores e com a maior quantidade d’água;

Buriti: Palmácea que vinga somente onde há água. A presença de um


buritizal numa área será indicativa da presença de água. Caso não haja
igarapé próximo ao buritizal, basta cavar junto ao mesmo, que a pouca
profundidade obter-se-á água;

Plantas Escamosas: Algumas plantas de folhas resistentes, que se


sobrepõem como escamas, poderão conter apreciada quantidade de
água das chuvas. Bastará eliminar possíveis impurezas, por meio de
filtragem e purificação, e utilizá-la;

Imbaúba: Junto às suas raízes ou dentro de seus gomos, conforme a


época do ano poderá ser encontrada pequena quantidade de água;

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Cipó de Casca Grossa Cactus e Palma Coco

Bromélia Bambu Buriti

Outras formas de obtenção água:


Trilhas de Animais: Ao se deparar com uma trilha de animal, deve-se
segui-la, pois há grande chance de que ela conduza a uma fonte de água.

Destilador Solar: é um dispositivo simples que capta água da atmosfera


através da condensação. Para montá-lo, deve-se: cavar um buraco de,
aproximadamente, 1 m2 de largura e 50 cm de profundidade; colocar um
recipiente qualquer no fundo do buraco; colocar no interior do recipiente
a mangueira de uma máscara oronasal; e Cobrir a cavidade com um
pedaço de plástico fino de 2 m2, aproximadamente, de modo que as gotas
d´água, resultantes da condensação, venham a pingar no interior do
recipiente. A água captada por este método não precisa ser purificada.

Destilador Solar
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Filtragem e Purificação da Água


A purificação e a filtragem são métodos distintos e tem finalidades
distintas também. Enquanto a primeira diz respeito ao processo de retirar
da água, resíduos e impurezas em estado sólido, a Purificação consiste
em eliminar possíveis vetores de contaminação como larvas de insetos,
germes ou bactérias da água. A origem da água vai indicar a necessidade
de um ou outro método. As águas colhidas diretamente de cocos das
chuvas ou cipós d’água não necessitam ser purificadas para o consumo.
Entretanto as águas colhidas em lagos, igarapés ou fontes em contato
com o ambiente devem obrigatoriamente ser purificadas antes do
consumo.

Purificação: A purificação pode ser pela fervura durante um minuto, no


mínimo; pela adição de comprimidos de Hipoclorito, constante do kit de
sobrevivência na selva da aeronave, um comprimido por cantil de um litro
e; pela adição de 8 gotas de tintura de iodo (também pode ser utilizado
halazone), por vezes encontrada também no Kit, por cantil de um litro.
Nos dois últimos métodos deve-se aguardar 30 minutos para consumir a
água.

Filtragem: Conforme já citado, serve para retirar impurezas da água.


Cuidado a filtragem não elimina a necessidade de purificação. Às vezes
ambas são necessárias. A filtragem poderá ser através de um Filtro de
Areia, areia colocada em um recipiente perfurado ou de um coador
improvisado com um pano qualquer, até mesmo com peças limpas de
roupa.

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CAPÍTULO V
ALIMENTOS

Os alimentos, para fins de sobrevivência, dividem-se em dois grupos: de


origem vegetal, ricos em carboidratos e os de origem animal, ricos em
proteínas e gorduras. Conhecê-los, prepara-los e ingeri-los torna-se uma
tarefa relativamente simples, se levarmos em consideração algumas
observações feitas deste capítulo em diante. Como, geralmente não se
dispõe de muita água, deve-se preferir os alimentos hidrocarbonetos.

Racionamento dos Alimentos


Após um pouso forçado na selva, calculando-se o tempo para ser
resgatado, as provisões deverão ser divididas em 3 partes, 2/3 para os 3
primeiros dias e 1/3 para os outros 3 dias;

Alimentos de Origem Vegetal


Há no mundo mais de 300 mil espécies vegetais catalogadas, a maioria
delas é comestível e poucas são as que matam quando ingeridas em
pequenas quantidades. Ao certo, não há uma forma absoluta para
identificar as venenosas, pode-se, entretanto, utilizar a regra CAL: "não
devem ser consumidos os vegetais que forem cabeludos e tenham sabor
amargo e seiva leitosa”. Observe também os frutos mordidos ou caroços
pelo chão, pois qualquer fruto comido pelos animais poderá também ser
consumido pelo homem.

Durante a sobrevivência, com a quantidade de água diminuta, os


sobreviventes deverão optar pela ingestão de vegetais. Os alimentos
silvestres antes de serem ingeridos devem ser cozidos porque mantém
certo valor nutritivo e oferecem menos perigo. Sementes e grãos devem
ser assados, afim de se tornarem mais digeríveis e agradáveis ao paladar.

Permanecendo a dúvida, pode-se testar os alimentos de origem vegetal


através dos lábios, boca e língua, colocando-se uma pequena parte da
planta na boca e mastigando-se. Caso haja irritação, dormência na boca
ou garganta, queimadura ou mesmo dúvida, não coma.

Exceto cogumelos, todos os vegetais tornam-se inócuos pelo cozimento.


Se houver água em abundância, prepare uma sopa de vegetais, que é
mais nutritiva e menos indigesta. Algumas árvores têm cascas
comestíveis. Destas, a parte com a qual se faz farinha é a parte interna
branca.
22
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Se uma planta não for identificada, outra regra básica é utilizar


exclusivamente os brotos, de preferência os subterrâneos, pois serão
mais tenros e saborosos. Os brotos de samambaia, após a primeira
fervura, deve-se fervê-los por mais 40 minutos, antes de ingeri-los.
Cozinhar todo alimento que contenha amido (inhame, batata, mandioca e
cará), pois crus são indigestos. Cuidado com a mandioca brava, pois crua
é venenosa.

Aproveita-se da palmeira quase tudo: a palha para construir abrigo; o fruto


para alimentação e obtenção de água; o palmito localizado entre a parte
superior do tronco e a base das folhas; e o amido encontrado na parte
interna mais grossa do tronco.

Alimentos de Origem Animal


O alimento de origem animal deve ser conseguido através da caça e da
pesca. Embora mais difícil de conseguir, exigindo-se um conhecimento
mais abrangente, a carne tem um valor energético muito maior que os
vegetais. Pode-se ingerir a carne da caça se fervida durante 2 ou 3
minutos.

Para efeito do consumo, preparo, utilização e conservação, convenciona-


se dividir os alimentos de origem animal em animais de pelo, aves, peixes,
animais de chão e insetos.

Animais de Pelo: antas, onças, veados, macacos, pacas, cutias, capivaras,


e etc. Uma vez abatido o animal, deve-se proceder à esfola. Pendura-se o
animal pelos membros posteriores, abrindo-os para facilitar o trabalho.
Faz-se uma incisão transversal na parte mais alta dos mesmos, abaixo
dos joelhos, e outra longitudinal até as entrepernas. Com a ponta da faca
inicia-se o esfolamento, liberando a pele do músculo de uma fina camada
de gordura ali existente. Procede-se com os demais membros da mesma
forma.

Alguns animais, como os macacos, que permitem ser descamisados, isto


é, uma vez feitas incisões transversais e longitudinais, pela simples
tração, o couro será destacado do músculo.

Depois de esfolado ou descamisado, o animal será aberto pela linha do


peito (linha branca) para a evisceração. Nesta operação deve-se ter um
duplo cuidado: com a bexiga e com a vesícula biliar, o popular fel. Para

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ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

isso, coloca-se a ponta da faca protegida pelo indicador e, tracionando-


se para frente e para baixo, o animal estará aberto sem se correr o risco
de perfurar a bexiga ou a bolsa biliar. Nos grandes animais, nenhuma
parte das vísceras deverá ser aproveitada e depois de eviscerado e
lavado, o animal estará pronto para a cocção que poderá ser para
consumo imediato ou moqueado para uso posterior.

Para evitar doenças como a toxoplasmose, as carnes devem ser muito


bem cozidas ou fritas cortadas com pequena espessura visando destruir
possíveis cistos.

O sangue dos animais não deverá ser ingerido “in natura”, pois contém
uma grande quantidade de toxinas e poderá também transmitir
toxoplasmose. Para o consumo, o sangue deve ser fervido e usado como
tempero (sal).

Aves: depois de abatida a ave, estando ela ainda quente, será fácil
depená-la. O processo caseiro para depenar, com o emprego da água
quente é difícil de ser realizado em plena selva com pouca água e é
demorado. Pode-se ainda retirar as penas juntamente com a pele, pelo
descamisamento; embora seja um processo rápido, haverá a perda da
pele como alimento que possui grande quantidade de calorias.

Das vísceras das aves podem ser aproveitados o coração, o fígado e a


moela, sendo que desta pode-se extrair uma pequena quantidade de sal.
Para isto, após bastante picada, é posta a ferver com água e, com a
evaporação, restará uma pequena porção de sal em depósito.

Os ovos, tanto os das aves como os dos quelônios, podem ser


conservados até 30 dias, quando cozidos em água e guardados em
salmoura, ou então, após cozidos, esfarelados e postos ao sol para
melhor desidratação.

Peixes: Podem ser escamados, sempre da cauda para a cabeça, no


sentido contrário ao das escamas. Há peixes, entretanto, cujo couro pode
ser retirado juntamente com as escamas, numa operação mais rápida e
higiênica. Escamado o peixe ou dele retirado o couro, cortam-se as
barbatanas (dorsais e ventrais) e as nadadeiras e, pelo ventre, faz-se a
evisceração. Das vísceras dos peixes, somente são aproveitáveis as
ovas. Os peixes com boca semelhante a um bico de papagaio devem ser
evitados.

24
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Animais de Terra: lagartos, quelônios, ofídios e jacarés.


Não devem ser consumidos lacertídeos que se deixem apanhar com
facilidade ou que estejam doentes.

Dos ofídios, quer sejam peçonhentos ou não, faz-se um corte longitudinal


pelo ventre e pode ser esfolado ou descamisado pela tração; retira- se um
palmo a partir da cabeça e um a partir da cauda; feita a retirada das
vísceras abdominais (evisceração), exceto a cobra do mar todo o ofídio
pode ser consumido, sem qualquer outra preocupação.

Nos lacertídeos e jacarés, a carne mais indicada para o consumo é a da


cauda. Ao preparar para o corte, devemos amarrar a boca e tomar
cuidado com a cauda, mesmo depois da morte do animal, pois as
contrações musculares e reflexos poderão gerar surpresas.

Os quelônios (jabutis, tracajás, tartarugas, etc.) podem ser levados


inteiros ao fogo. Entretanto, convém bater com o facão nas laterais da
carapaça ventral e, rompendo-a, pode o animal ser eviscerado, e, das
vísceras, apenas aproveitados os ovos, quando houver. O próprio casco
pode servir de vasilha para a cocção do quelônio.

Insetos: Larvas de insetos, como as do besouro, são encontradas dentro


dos coquinhos de algumas palmeiras. Estas larvas, conhecidas como
“tapuru”, contêm alto valor vitamínico e devem ser consumidas
preferencialmente vivas, pois mortas deterioram-se rapidamente.
Formigas, gafanhotos e grilos podem ser consumidos assados ou fritos
e também contêm alto valor proteico.

Segundo o Manual de Sobrevivência do Exército Brasileiro “Não esquecer


que a fome sobrepuja toda repugnância”.

Temperos
Quando do preparo de alimentos, a falta de temperos na selva constituirá
outro problema, embora alguns vegetais possuam pequena salinidade.
Desta forma, na selva, o sal poderá ser encontrado nas cinzas, que
possuem pequeno teor salino; no caruru, planta que, secada ao sol,
queimada e lavada, fornecerá como resíduo um sal grosseiro; na moela
das aves, que, após picada e fervida até a evaporação da água, por várias
vezes, deixará um pequeno depósito com certo teor de sal e; no sangue,
que, posto a ferver até secar, também fornecerá uma espécie grosseira
de sal.

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ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Conservação dos alimentos


As carnes deverão ser cortadas em fatias finas, de no máximo 2 dedos
de espessura, e submetidas a uma desidratação, pela defumação, salga
ou moquém. O sal, elemento higroscópico, auxiliará, de qualquer modo, a
desidratação e a conservação das carnes.

Para maior proteção das carnes elas deverão ser guardadas envoltas em
panos, papel ou folhas. Caso acumulem mofo, bastará raspá-las ou lavá-
las, antes de serem preparadas para consumo.

Os nativos da região amazônica conservam os alimentos, normalmente


peixes, através do processo conhecido por mixira, que consiste em
derreter o óleo do animal (banha) em um recipiente e com aquele ainda
quente imergir, totalmente, a carne cozida ou frita. No caso de pedaços
espessos, a carne deverá ser cozida. Após o óleo solidificar-se o alimento
continuará em condições de ser consumido durante o período de até 12
meses.

Cozimento e Preparo dos Alimentos


O fogo e os fogareiros ou fogões para se cozer o alimento pode ser
improvisado utilizando-se óleo lubrificante ou combustível,
eventualmente encontrados em meio aos destroços da aeronave.

Há três tipos, muito comuns nestas situações: o Fogão de Assar, que


consiste em suspender um espeto com o apoio de duas forquilhas, uma
de cada lado, para sustentar a caça; o Fogão para Moquear, ou Moquém,
que é um estrado montado a 50 cm acima da fogueira, formando um tripé
para colocar a carne de tal forma que receba apenas calor e fumaça
provenientes da queima da madeira e; o Forno da Selva, que é o processo
de envolver o alimento em folhas de bananeira ou papel alumínio, recobrir
com uma camada de barro para assá-lo diretamente nas chamas ou
brasas, ou enterrá-lo sob a fogueira por aproximadamente uma hora.

Fogão de Assar Moquém Forno de Selva

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Caça
Não havendo disponibilidade de uma arma de fogo, a caça deverá ser
feita com a utilização de laços e armadilhas do tipo arapucas. O caçador
deve levar em consideração que animais de pelos e sangue quente são
difíceis de caçar e o melhor método para isto é a técnica aliada à
paciência. Os locais mais indicados para colocar uma armadilha e
esperar que algum animal seja capturado são uma trilha, um bebedouro
ou um comedouro.

O caçador deve ter o cuidado de colocar-se sempre segundo a direção do


vento, isto é, o vento deverá levar ao caçador o cheiro da caça, e não o
contrário. O silêncio será fundamental. Se o caçador quiser seguir uma
caça, poderá fazê-lo, mas terá que caminhar lentamente e com
segurança; o vento deverá soprar, durante todo o tempo da perseguição,
no sentido do animal para o homem e este só deve avançar quando a
caça estiver comendo ou olhando para outro lado que não o do caçador,
devendo este permanecer imóvel, se o animal levantar a cabeça em sua
direção.

O amanhecer entre 04h00 e 06h00 e o início da noite entre 18h00 e 21h00


são os períodos mais indicados para caçar. A caça noturna geralmente
dará bom resultado, pois a maior parte dos animais se movimenta à noite.
Procure por sinais da presença da caça, trilhas, vegetação pisoteada,
fezes e restos de comida são bons indicadores. Muita atenção ao
percorrer uma trilha, pois o animal poderá surgir a qualquer momento. Os
órgãos de caça que possuem vitaminas essenciais à sobrevivência são
coração, fígado e rins.

Não fumar, urinar ou deixar resíduos humanos nas proximidades, pois a


caça percebe alterações em seu habitat.

Pesca
Outra tarefa que exige técnica e paciência para obtenção do êxito.
Procure pescar em poços profundos, ao pé das cachoeiras, no final das
corredeiras rápidas ou entre rochedos. Em rios com correntes muito
velozes, os peixes costumam se chegar mais para as margens. O mais
importante, tente todas as águas com vários tipos de iscas.

À noite, a pescaria poderá tornar-se mais produtiva que de dia, caso se


disponha de lanternas, elas poderão atrair cardumes que poderão ser
pegos com uma rede improvisada ou com varas pontiagudas.

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ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Em água doce encontraremos, além de outros, acajú, bagres, piranhas,


baiacus, arraias, poraquês e candirus. Estes oferecem perigo em função
de sua ferocidade e de seus sistemas de defesa. Os bagres, Mandis e
arraias apresentam ferrões; as piranhas são carnívoras vorazes; os
baiacus são venenosos; os poraquês são peixes elétricos e podem liberar
descargas letais e; por fim o Candiru, extremamente pequeno e fino, entra
com facilidade pela uretra e pelo ânus, onde crava seus espinhos
provocando dores inimagináveis. Os peixes marinhos que apresentam
pele com espinhos não devem ser ingeridos, por apresentarem risco de
envenenamento.

No litoral, de água salgada ou salobra, ou nos mangues, serão


encontrados a tainha, a cavala, a corvina e diversos tipos de crustáceos,
como o camarão, siri, mariscos e o caranguejo. Os caranguejos são
encontrados com maior facilidade nos baixios dos mangues;

Improvise anzóis com ossos, prendedor de gravatas, clipes, fios e o que


estiver disponível, da mesma forma, arames finos, linhas de roupas e
cordões podem ser usados como linha, um arpão de ponta dupla, feito de
bambu pode ser útil. Use como isca: insetos, larvas, pedaços de carne ou
vísceras de qualquer animal. Iscas artificiais podem ser feitas com penas
de aves, fragmentos de metais brilhantes ou pedaços de pano colorido.
Deve-se descamar os peixes da cauda para a cabeça e consumi-los
sempre cozidos.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Bagre Baiacu

Poraquê Piranha

Arraia Candirú

Animais Perigosos encontrados em Água Doce

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ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

CAPÍTULO VI
SINALIZAÇÃO
Indubitavelmente, o que mais interessa a um sobrevivente, ou grupo de
sobreviventes, é ser encontrado e os processos de sinalização de
socorro, sejam quais forem, aumentam e muito as possibilidades
sucesso.

A queda da aeronave pode ter destruído parcialmente a vegetação, o que


facilita a visualização por parte das equipes aéreas de busca e
salvamento, portando permanecer junto aos destroços ou nas
imediações do acidente constitui-se em importante oportunidade para
ser localizado. Entretanto, todos os recursos disponíveis para sinalização
devem ser empregados, pois ampliam ainda mais a hipótese do resgate.
A regra básica para a utilização dos recursos de sinalização, com
exceção do rádio transmissor, é conservar os demais para utilizar no
momento em que se ouvir ou avistar aeronave ou embarcação. Durante
o dia, deve-se colocar sobre as asas e ao redor da aeronave objetos
brilhantes e de coloração viva.

Rádio Farol de Emergência – Emergency Locator Transmiter ELT


Dentre os meios disponíveis para sinalização, o mais importante é o
Radiofarol Transmissor
Localizador de Emergência ou Emergency Locator Transmiter (ELT), ou
Emergency Radio Bacon, um dispositivo de rádio que emite, aos órgãos
do Sistema de Salvamento, sinais em uma frequência específica de
emergência.

Um ELT pode ser fixo ou portátil, o ELT Fixo, de maneira geral, está
embutido no teto da galley traseira da aeronave e é de acionamento
automático, por impacto da aeronave com o solo ou uma forte
desaceleração. Uma força com intensidade de 5G (cinco vezes a ação da
gravidade) já é o suficiente para ativá-lo, podendo, também, ser acionado
da cabine de comando pelos pilotos.

O ELT portátil, pode haver mais que um, está localizado na cabine de
passageiros e deve ser retirado, se possível, quando do abandono
posterior ao acidente.

30
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Modelos de Rádio Farol de Emergência - ELT

Ao ser retirado da aeronave, deve-se ter o cuidado de preservar a


integridade de sua embalagem plástica, para o uso posterior. O
equipamento deve ser acionado imediatamente após o abandono e o
afastamento da aeronave, bastando para isso mergulhá-lo em um curso
d´água (rio, lago e etc.).

Quando mergulhado em curso d´água deve ser fixado às margens;


quando acionado no mar deve ser fixado ao barco salva-vidas. O modelo
mais comum, o Rescue 99, possui uma corda de 18 metros para a
amarração.

Rádio Farol portátil modelo Rescue 99

Para acionar manualmente o radiofarol de emergência, modelo Rescue


99, é necessário soltar a antena, retirar o invólucro interior de plástico e
adicionar qualquer líquido à base de água. Uma vez acionado, o Rescue
99 deve permanecer na posição vertical, pois dela dependem seu correto
funcionamento e utilização. O tempo para o início da transmissão dos
sinais está diretamente atrelado ao tipo de água na qual foi mergulhado.
Em água salgada a transmissão tem início em 5 segundos, e em água
doce, em 5 minutos.

O equipamento não possui um dispositivo que possibilite ao sobrevivente


verificar visualmente o seu funcionamento, o que pode ser feito através
de um receptor de rádio sintonizado nas frequências de emergência.

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ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Estando em condições, o rádio de bordo pode ser empregado tanto para


a transmissão de um sinal de socorro de voz (MAYDAY), quanto para
verificar se o Rescue 99 acionado está transmitindo nas frequências de
socorro.

O Rescue 99 tem alcance horizontal de 250 milhas náuticas e o vertical


de 40.000 pés. Uma vez localizados os sobreviventes e iniciado o resgate,
pode-se interromper a transmissão do Radiofarol, colocando-o na
posição horizontal.

Alguns tipos aeronaves possuem nos barcos salva-vidas ou nas


escorregadeiras-barco um modelo de Radiofarol que inicia a transmissão
automaticamente, assim que a embarcação seja inflada.

Independentemente de modelo ou localização na aeronave, todos os


radiofaróis de emergência têm o mesmo alcance e transmitem sinais de
SOS durante 48 horas após o seu acionamento, nas três frequências
internacionais de socorro: 121.5 MHz 243.0 MHz e 406.0 MHz.

Horário Internacional de Silêncio


Alguns períodos de tempo foram convencionados para uma escuta
preventiva de sinais de emergência que por ventura tenham sido enviados
estes períodos de silêncio nas comunicações, com duração de três
minutos e repetidos a cada meia foram denominados Horário
Internacional de Silêncio.

O horário internacional de silêncio é diferente nas várias regiões do globo


terrestre, sendo que: no Oriente de 00 aos 03 e dos 30 aos 33 minutos de
cada hora e; no Ocidente de 15 aos 18 e dos 45 aos 48 minutos de cada
hora.

Corante Marcador de Água (Pó Marcador)


É um agente químico, geralmente em pó, que reage com a água e gera
uma mancha contrastante (Verde ou Laranja) que pode ser visualizada
pelas aeronaves de busca e salvamento. Observe que o tamanho e
duração da mancha dependem da água (rio, lago, mar, correntezas e etc.)
onde for lançado.

Normalmente, a mancha tem a duração de três horas e pode ser avistada


de uma distância de até 10 milhas náuticas. Este tipo de sinalizador deve
ser utilizado exclusivamente durante o dia e somente ao se perceber a

32
SOBREVIVÊNCIA – SBV

aproximação de alguma embarcação ou aeronave ou se ouvir o ruído de


motores.

Espelhos Sinalizadores
Há diversos tipos e modelos. A sinalização é a captação e projeção de
reflexo dos raios solares em direção às aeronaves ou navios de resgate.
Pode-se improvisar um espelho de sinalização utilizando-se pedaço de
carenagem do avião, com o lado sem pintura virado para cima.

Geralmente, as instruções sobre a utilização se encontram na superfície


não espelhada. A técnica de sinalização é simples e consiste,
basicamente, em segurar o espelho a poucos centímetros da face e
focalizar o alvo através do visor central;

Foguetes Pirotécnicos
O foguete é um bastão de aproximadamente 20 cm, recheado com
agente sinalizador. O bastão pode ser empregado na sinalização diurna e
noturna. O agente sinalizador do lado diurno é a fumaça de cor laranja,
enquanto o agente sinalizador do lado noturno é o fogo de magnésio.
Estes padrões de cores são convencionados internacionalmente. Para
identificar o lado a ser utilizado, o bastão possui indicações em alto
relevo, normalmente a letra N para noite (night) e a letra D para dia (day).

33
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Para o acionamento, é necessário segurar o foguete em ângulo de 45º


com a linha do horizonte, colocar-se a favor do vento e em um local
aberto, de fácil visualização pelas equipes de socorro.

Lanternas
As disponíveis nos kits de sobrevivência podem ser de acionamento por
baterias a seco (pilhas) e por baterias ativadas com água. A utilização da
lanterna se faz de acordo com a necessidade de grupo de sobreviventes.

Lanterna acionada a base de água

Ao ser avistada a aeronave de resgate, pode-se utilizar a lanterna para


sinalização. A aeronave de busca e salvamento, durante a noite, acusará
o recebimento e entendimento da mensagem utilizando o sinalizador
verde.

Apito sinalizador
Deve ser empregado para chamar a atenção das
equipes de busca e salvamento, tanto de dia quanto à
noite, mesmo visibilidade reduzida. Entre os
sobreviventes pode ser utilizado para organizar o
grupo.

Outras Formas de Localização:


Pequenas fogueiras distribuídas num raio entre 50 e100 metros do local
do acidente;
Fumaça branca: utilizar folhas verdes, limo (musgo) e gotículas de água;
Fumaça Negra: utilizar óleo, combustível da aeronave, borracha ou
plástico;

Escorregadeiras-barco e outras peças de vestuário colocadas sobre as


copas de árvores produzem contraste com a vegetação;
Sinais visuais “TERRA-AR” no chão em dimensões avantajadas, Feitos
com troncos, sulcos na terra ou pequenas partes da aeronave.
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SOBREVIVÊNCIA – SBV

MENSAGEM SÍMBOLODOCÓDIGO
Necessitamos Assistência V
Necessitamos Assistência Médica X
Não ou Negativo N
Sim ou Afirmativo Y
Avançamos nesta Direção

Para a construção do quadro de sinais, o sobrevivente pode empregar os


seguintes recursos:

Troncos de árvores Sulcos no solo Partes da aeronave

Sinalização com o próprio corpo


O MMA 64-3 (Manual de Busca e Salvamento - SAR) estabelece os
códigos de sinalização com o próprio corpo para aplicação no contexto
da Aviação Militar, porém, alguns destes sinais podem ser também
empregados por tripulantes da Aviação Civil, conforme as figuras abaixo:

35
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Sinalização AR-TERRA
As aeronaves de Busca e Salvamento irão apresentar sinais para
comunicação Ar-Terra com as equipes de resgate em terra ou com os
sobreviventes.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

CAPÍTULO VII
DESLOCAMENTO E ORIENTAÇÃO

DESLOCAMENTO E ORIENTAÇÃO
Existe maior chance de o salvamento ser bem sucedido quando os
sobreviventes permanecem próximos ao local do acidente e dos
destroços.

É mais fácil localizar uma aeronave do que um grupo de pessoas


caminhando na selva, no deserto ou no gelo. Também é muito provável o
resgate esteja a caminho, então afastarse não é a melhor opção. Muitos
já perderam a vida andando a esmo por ambientes desconhecidos.

Quando abandonar o local?


Às vezes, deve-se abandonar o local do acidente em busca de ajuda. Uma
decisão difícil, mas que precisa ser tomada se: houver certeza de
conhecer tanto a posição geográfica, quanto um local de abrigo e
socorro; houver transcorrido um período maior que oito dias após o
acidente e; for considerada muito pequena a probabilidade de resgate.

O que levar?
Os membros do grupo que efetuarem a jornada em busca de auxílio
devem levar 2/3 das rações disponíveis no acampamento. Quando
possível, a equipe deve reunir os seguintes equipamentos para
deslocamento: facão; relógio; estojo de primeiros socorros; suprimento
de água e alimento; fio metálico ou corda para armar abrigos e; óculos
para proteção contra os raios solares. Proteger em saco plástico:
bússola; velas; fósforo ou isqueiro; sinalizadores; caderno de notas e;
caneta.

Formas de Orientação
Tomada a decisão de partir, durante a jornada, o método ESAON deverá
ser observado:
E - estacione - fique parado, não ande à toa;
S - sente-se - para descansar e pensar;
A - alimente-se e sacie a sede (ter-se-á melhores condições para
raciocinar);
O - oriente-se – procure saber onde está;
N - navegue- desloque-se na direção selecionada.

37
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

A bússola, o relógio, a posição do sol, das estrelas e os acidentes


geográficos são os meios mais simples de orientação.

Orientação por bússola


Ao utilizar uma bússola, algumas regras devem ser seguidas: uma
bússola nunca aponta onde se está e sim para aonde se vai e quem
determina o norte é a agulha e não o limbo (marcação).

Para se fazer a leitura com segurança, o primeiro passo é colocar o


NORTE do limbo de maneira que coincida com o NORTE da agulha;
marcar a direção a ser seguida a partir do local do acidente. Caso seja
necessário mudar de direção, sinalizar o local em que se efetuou a
mudança; sempre que for feita uma leitura de bússola, certificar-se que a
mesma não esteja sob influência magnética externa, como imã, ferro ou
aparelho elétrico.

Há uma bússola na cabine de comando, que pode ser utilizada se forem


retirados os imãs de compensação que vêm acoplados a ela.

Grupo de Sobreviventes para o deslocamento


Deve ser composto de, no mínimo, quatro pessoas com as seguintes
funções: Homem Ponto de Referência, responsável pela abertura das
picadas com o facão e por fixar o ponto de referência para as visadas da
bússola; Homem Bússola, responsável pela visada e pela leitura da
bússola, deslocando-se imediatamente à retaguarda do Homem Ponto de

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Referência; Homem Passo, responsável pela coordenação do


deslocamento de equipe; Homem Carta, responsável por conduzir a carta;
auxiliar na identificação de pontos de referência e; pela elaboração dos
croquis com anotações sobre pontos geográficos.

Método de aferição do passo


Como deve ser procedido um revezamento de funções durante a
caminhada, é importante que todos os componentes selecionados
tenham seus passos aferidos.

Para essa aferição, utiliza-se um terreno plano marcado a distância de


100m. Deve-se percorrer essa distância dez vezes e determinar, em cada
vez, o número de passos percorridos, calculando-se a média. Deve-se
utilizar a técnica do Passo Duplo, ou seja, iniciando-se a caminhada com
o pé direito, o passo só é contado na segunda vez que este tocar ao solo.

Em um terreno plano: medir e marcar a distância de 100 metros; percorrer


esta distância dez vezes, observando cada vez o número de passos; tirar
a média e concluir: 100 metros são percorridos por “X“passos; A esse
número somar um terço (“X/3”) a título de margem de segurança; logo
100 metros serão percorridos por “X” + “X/3” passos. Caso não haja
possibilidade de aferição, pode-se considerar como convenção que 64
passos duplos equivalem a 100 metros.

A Jornada
As marchas devem ter início ao amanhecer e enceramento às 15 horas
para montagem do abrigo. Para evitar a fadiga, o deslocamento deve ser
lento e as caminhadas devem ter a duração máxima de 3 horas. A parada
para descanso deve ser de uma hora. Ao deslocar-se no gelo e em grupo,
os componentes devem estar amarrados uns aos outros a uma distância
de cinco metros, estando o primeiro do grupo equipado com uma haste
metálica para sondagem do solo à frente.

Durante a caminhada, marque o trajeto com sinais, pois se necessário, o


grupo poderá encontrar o caminho de volta e a marcação servirá de
auxílio às equipes de resgate. O deslocamento na floresta deve ser feito
seguindo-se um curso de um rio ou trilha de índios; o trajeto percorrido
deverá ser marcado por meio de cortes de árvores, galhos quebrados,
setas desenhadas e tiras amarradas em árvores.

39
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Quando em marcha ao abandonar o local do acidente, deslocando-se pela


selva à procura de socorro, encontrando o sobrevivente à sua frente uma
elevação muito acentuada, o melhor procedimento será subir em
ziguezague para facilitar o acesso e cansar menos.

Técnicas de navegação com Azimute desconhecido


Azimute é o ângulo formado entre a direção Norte e a direção
considerada. O Azimute varia de 0º a 360º.
Homem Bússola lançara o homem ponto à frente, na direção do azimute
até o limite de sua visibilidade, por deslocamentos comandados “um
pouco mais para a direita ou para a esquerda”.

Home m bússola determinará precisamente o local onde o homem ponto deve parar.
Estando este parado, aquele se deslocará até ele e o fará dar um novo lance à frente, na
direção do azimute de marcha, repetindo as operações anteriores.

Homem passo seguirá aqueles dois contando o número de passos. À


medida que atingir o número de passos que convencionou (50, 100) irá
anotar em qualquer meio (corda com nós, papel) a fim de a qualquer
momento poder converter passos em metros.

Orientação pelo Sol


Método da Estaca ou Gnômon (Relógio de Sol)
Método utilizado para determinar os Pontos Cardeais utilizando o
deslocamento relativo do Sol. Para executá-lo, um barbante, algo para
marcar o terreno (pedra pontiaguda, giz ou carvão, e um local que receba
Sol entre 10:00 e 14:00 pelo menos e:
1) Por volta das 10:00, coloca-se uma estaca na vertical
(importante estar bem na vertical);

40
SOBREVIVÊNCIA – SBV

2) Verifique a sombra da estaca no chão e faça uma marca na


extremidade da sombra;
3) Aguarde um pouco e, quando perceber um bom
deslocamento da sombra torne a marcar sua posição;
4) Verifique a distância entre as duas marcas e faça uma
terceira marca na metade desta distância;
5) Unindo esta última marca com o ponto onde a estaca está
cravada temos a linha norte-sul verdadeira. Para saber qual é o
norte e qual é o sul. A informação sobre onde é o Leste vem do
deslocamento da sombra no chão (a sombra se desloca para o
Leste);
6) Colocando-se o leste à sua direita, o norte estará à sua frente,
o oeste à esquerda e o sul atrás. Faça uma marca que não apague
para determinar bem os Pontos Cardeais encontrados.

Orientação através do Gnômon ou Relógio de Sol

Estenda o braço direito para onde nasce o


Sol, LESTE;
À sua esquerda estará o OESTE; À sua
frente o NORTE; Às suas costas o SUL.

Orientação com relógio de ponteiros


No hemisfério Sul, colocar o número 12 do mostrador na direção do sol.
A bissetriz do ângulo formado entre o número 12 e o ponteiro das horas
indicará o NORTE a qualquer hora do dia. No hemisfério Norte, esta
mesma bissetriz indicará o SUL.

41
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Transposição de obstáculos
Durante as marchas, o grupo de deslocamento pode deparar-se com
obstáculos, como subidas ou descidas acentuadas, rios, morros, buracos
etc. A regra recomendada é que se a transposição desses obstáculos
exigir esforços demasiados do grupo é preferível contorná-los.

Orientação pelas Estrelas


A orientação pelas estrelas é um dos métodos naturais mais antigos, em
todas as civilizações e consiste em determinar sua posição e navegar,
observando-se a o deslocamento dos corpos celestes.

No Hemisfério Norte
As constelações mais usadas pelos sobreviventes, no Hemisfério Norte,
são a Ursa Maior, Ursa Menor, Orion e a Cassiopéia.

Orion: A constelação de Orion (ou Orionte) é apenas visível no Inverno,


pois a partir de Abril desaparece a Oeste, quando visível é de fácil
identificação.
Orion parece um homem. Ao meio aparecem três estrelas em linha reta,
que se reconhecem imediatamente, dispostas obliquamente em relação
ao horizonte. Este trio forma o Cinturão de Orion, do qual pende uma
espada, constituída por outras três estrelas, dispostas na vertical.
Prolongando uma linha imaginária que passe pela estrela central do
Cinturão de Orion, passando pelas três estrelas da “cabeça”, encontra-se
a Estrela Polar.

42
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Determinação da Direção pelo Polo Norte Celeste


Ao Traçar uma linha imaginária que passe pelas duas estrelas “Guardas”
da Ursa Maior, e a prolongarmos cinco vezes a distância entre elas,
encontra-se a Estrela Polar.

Determinação da direção pelo Polo Sul


No HEMISFÉRIO SUL, para determinar o Polo Sul Celeste, deve-se
identificar a constelação do Cruzeiro do Sul e prolongar-se seu eixo maior
em cerca de quatro vezes e meia o seu tamanho; ou identifica-se a
constelação do Triângulo Austral e prolonga-se sua altura em cerca de
três vezes e meia; ou ainda, Identifica-se a constelação do Cruzeiro do Sul
e prolonga-se seu eixo maior até que este encontre a reta que corta
perpendicularmente os Indicadores do Cruzeiro (as estrelas Alfa e Beta
da constelação do Centauro).

43
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

44
SOBREVIVÊNCIA – SBV

CAPÍTULO VIII
SOBREVIVÊNCIA NO MAR
Generalidades
Muito mais complexa que a sobrevivência em ambiente de selva, a
sobrevivência no mar com sua escassez de recursos oferece um grau de
dificuldade que só pode ser superado se forem aliados técnica,
conhecimento e, acima de tudo, vontade de sobreviver.

Muitos fatores podem influenciar as condições necessárias para a


sobrevivência, incluindo a temperatura da água, disponibilidade de
equipamentos de flutuação (escorregadeiras-barco e coletes) e o local do
acidente. Desta forma, agir com paciência, sobriedade, inteligência e
conhecimento deverão aumentar, e muito, as chances de sucesso no
resgate.

Equipamentos de flutuação obrigatórios em aeronaves comerciais


De acordo com a normatização internacional, proposta pela OACI, e o
RBAC-121, este pela ANAC, todas as aeronaves comerciais que
efetuarem voos transoceânicos (além de 200 milhas náuticas ou 370 km
da costa) deverão dispor de equipamentos individuais e coletivos de
flutuação. Já as aeronaves que efetuarem voos costeiros (rotas de até
200 milhas náuticas ou 370 km da costa) deverão dispor apenas de
equipamentos individuais de flutuação.

Ações Imediatas e Simultâneas Após o Acidente


Afaste-se da aeronave: Após o acidente, deve-se proceder ao
afastamento dos destroços da aeronave, assim como das águas
contaminadas pelo combustível, sob o risco de uma explosão ou
submersão de partes da aeronave.

Recupere o conjunto de sobrevivência: Concluída a separação definitiva


da escorregadeirabarco ou do bote da aeronave, deve-se içar o conjunto
de sobrevivência no mar que estará pendurado do lado de fora da
embarcação, amarrado a ela através de uma corda.

Preste os primeiros socorros: verifique as condições físicas dos


sobreviventes, e preste os primeiros socorros aos necessitados.

45
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Procure por sobreviventes na água: algum sobrevivente pode estar


flutuando inconsciente, com o colete inflado. Caso o sobrevivente esteja
inconsciente, alguém, preferencialmente um tripulante, amarrado à
escorregadeira ou ao bote pelo anel de salvamento, parte ao seu resgate.
Se o sobrevivente estiver consciente, deve-se jogar da escorregadeira ou
do bote o anel de salvamento, ou então um colete salva-vidas amarrado
ao anel de salvamento.

Acione o radiofarol de emergência

Proteja os equipamentos de Sinalização: proteja todos os equipamentos


de sinalização, tais como foguetes pirotécnicos, corantes marcadores de
água, apito, espelho sinalizador e lanterna. Coloque-os em recipientes
impermeáveis ou em invólucros plásticos, protegendoos contra umidade
e garantindo o seu perfeito funcionamento. Os sinalizadores só deverão
ser utilizados quando for avistado ou ouvido o ruído de uma aeronave ou
embarcação.

Ações Subsequentes
Logo após as ações imediatas e simultâneas, deve-se dar início as ações
subsequentes, que são:

Jogue a âncora ou Biruta d’água: antes de lançar a âncora, é necessário


observar se a área do lançamento não está envolta por destroços da
aeronave, pois a âncora poderia ser facilmente danificada. Não dispondo
de uma, improvise-a com um balde, uma camisa ou um pedaço de lona.
Ela manterá o bote próximo ao local do acidente e facilitará o trabalho de
busca e salvamento. A velocidade média das correntes oceânicas, que
varia normalmente de 6 a 8 milhas por dia; Caso existam alguns
destroços da aeronave flutuando, observe cuidadosamente e aproveite
tudo o que for possível e útil.

Una as embarcações: havendo mais que um equipamento coletivo de


flutuação, bote ou escorregadeira-barco, é fundamental unir as
embarcações. Esse procedimento evitará que as embarcações derivem e
facilitará o resgate. Utilize uma corda, de no mínimo oito metros, para
evitar abalroamento de embarcações.

Crianças deverão ser atadas a um de seus pais ou responsáveis; Um dos


ocupantes de cada barco deverá permanecer atado ao barco por uma
corda, de pelo menos, três metros, a fim de servir como âncora caso o

46
SOBREVIVÊNCIA – SBV

barco vire; poder-se-á diminuir o espaço entre os botes, encurtando-se as


cordas que os unem somente quando as águas estiverem calmas;
quando agitado deve-se separá-los ainda mais.

Redistribua a quantidade de pessoas nos botes ou escorregadeiras-


barco: para que não haja excesso de ocupantes em um deles; Retire a
água do mar que estiver dentro do bote e; mantenha-o o mais seco e
equilibrado possível.

Verifique a pressão do ar do equipamento: Os botes e as escorregadeiras-


barco possuem uma válvula para o controle da pressão interna. Verifique
constantemente a necessidade de esvaziar completar a inflação da
escorregadeira ou do bote utilizando a bomba de inflação manual. Em
temperaturas mais altas, o ar no interior da escorregadeira irá esquentar
e dilatar, em temperaturas mais baixas há uma tendência contrária, de
contração do ar e consequente esvaziamento. Fique sempre atento às
condições do equipamento de flutuação.

Proteja o equipamento: proteja bússolas, fósforos, isqueiros, relógios,


equipamentos de sinalização e todo o eu não puder ter contato com a
água. Manuseie cuidadosamente objetos cortantes ou pontiagudos no
interior da embarcação.

Estabeleça turnos de vigília: Divida os ocupantes das embarcações


(todos, com exceção dos feridos graves e exaustos) em grupos de
vigilância, com turnos de no Máximo duas horas. Os que estiverem na
vigília, preferencialmente uma dupla, devem estar atentos ao ruído dos
motores de uma aeronave ou embarcação e com os equipamentos
disponíveis para sinalização a mão e devem observar também a presença
de algas marinhas, cardumes de peixes ou bandos de aves, bem como
qualquer avaria na embarcação. Os demais obrigatoriamente devem
descansar.

Bandos de passáros e nuvens, quando avistados podem indicar terra


firme.
Poupe energia: Não desperdiçar energia em tarefas desnecessárias.

Arme o toldo: em temperatuas baixas arme o toldo, feche as sanefas e


mantenha os sobreviventes para que se mantenham aquecidos. Em
temperaturas altas, mantenha os sobreviventes abrigados do sol, use

47
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

creme protetor para os lábios; proteja a cabeça do sol e cubra os olhos


com tirars de roupa para evitar cegueira.
Procure tratar os feridos: reavalie periodicamente os ferimentos dos
sobreviventes e trate-os; as pessoas com roupas molhadas deverão
merecer atenção especial, principalmente em clima frio; Coloque os
feridos de cumprido dentro do bote.

Preserve sua saúde: faça exercícios regularmente, permaneça sempre


vestido; mude frequentemente de posição e; mantenha o colete inflado
até o resgate. Se for necessário ficar na água, tentar manter a maior parte
do corpo fora da água utilizando recursos para a flutuação ou parte de
destroços, evitando assim uma hipotermia;

Mantenha a higiene: defina regras para se livrar dos excrementos,


estabelecendo diretrizes de higiene para manter o bote ou a
escorregadeira-barco limpos.

Racione as quantidades de água e alimento disponíveis: caso disponha


de água e rações suficientes. Se a água for insuficiente, será preferível
tomá-la após o primeiro dia. Um náufrago necessita, em média, de meio
litro de água por dia. Se não houver água disponível para o consumo, não
coma!

Mantenha um registro de ocorrências: anote a hora do pouso, ou do


acidente, nomes e a condição física das pessoas, alimentação, condições
climáticas, levantamento do material disponível e tudo mais que achar
necessário.

Mantenha-se onde está: só navegue a embarcação se houver terra à vista,


ou algum indício desta.

Sinais de terra à vista


Durante todo o período de sobrevivência na água, o indivíduo designado
para a vigia deverá observar cuidadosamente procurando descobrir, além
de embarcações ou aeronaves nos arredores, quaisquer sinais de terra
próxima.

Alguns sinais da presença de terra nas proximidades podem ser


identificados por um olhar mais atento: nuvens cúmulos, paradas sob um
céu limpo ou nuvem parada no céu onde outras várias se movem, podem
indicar a presença de terra; a coloração esverdeada do céu pode ser

48
SOBREVIVÊNCIA – SBV

causada por reflexo dos raios solares que incidem em águas rasas ou em
corais; quanto mais clara for a água, maior a probabilidade de estar-se
navegando em águas rasas; odores e sons característicos podem ser
percebidos; em geral são avistadas aves em maior número, próximo à
terra, do que sobre o mar alto. A direção da qual os bandos de aves voam,
na madrugada, à noitinha, poderá indicar a direção de terra próxima; de
qualquer modo, siga a direção do sol, de leste para oeste, e você estará
rumando na direção da costa brasileira.

Água doce
A obtenção de água doce, no caso da sobrevivência no mar, é tarefa tão
complexa quanto essencial para preservação da vida.

Em condições normais, um adulto perde em média, diariamente um litro


e meio de água e, em consequência deve ingerir entre um litro e meio e
dois litros para manter-se em equilíbrio. Segundo o manual de
Sobrevivência do Exército Brasileiro “O ser humano pode ficar até 5
minutos sem respirar, 35 dias sem comer, mas morre aproximadamente
em 5 dias se não ingerir líquidos.”

Portanto, uma das grandes dificuldades que se encontram numa


sobrevivência no mar certamente será a escassez de água doce. A falta
de água pode levar o indivíduo à morte por desidratação, que é a falta de
água e sais minerais no organismo. A desidratação ocorre quando o
corpo não tem água suficiente para realizar as suas funções normais e
regulares.

Surgem desta situação duas regras básicas: se não houver água doce,
não coma e jamais, em hipótese alguma, beba a água do mar. A água do
mar contém entre trinta e trinta e nove gramas de sal por litro e ingeri-la
certamente levará a desidratação e à morte e a morte por água salgada é
semelhante à morte por sede.

Obtenção de água doce


Em caso de uma emergência preparada, sabendo-se da possibilidade de
um pouso forçado, a tripulação deverá recolher a maior quantidade
possível de água e alimentos disponíveis. Estes se constituirão em um
bem precioso que prorrogará a vida até a chegada das equipes de
resgate. Desta forma, a primeira fonte possível e imediata de água que se
pode ter em uma sobrevivência no mar é aquela trazida da aeronave. A
Água do mar pode ser utilizada para consumo, desde que seja purificada

49
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

através de um purificador químico ou de destilador solar. Há ainda a


possibilidade, porém dependente de condições meteorológicas, de
recolhimento da água da chuva. Utilizando-se o balde, o captador de água
presente no toldo, ou qualquer outro meio improvisado de coleta, toda e
qualquer água da chuva deve ser coletada. Esta água não precisa ser
purificada quando captada diretamente.

Como possibilidade final de obter água potável, é possível utilizar o


dessalinizador ou os suprimentos de água potável presentes no kit de
sobrevivência no mar. Estes suprimentos de água potável presentes nos
conjuntos de sobrevivência no mar não vêm em grande quantidade.
Portanto, essa água deve ser preferencialmente utilizada para primeiros
socorros e distribuída, se necessário, para crianças, idosos, gestantes e
mais necessitados.

Dentro das possibilidades é recomendável o consumo de pelo menos


meio litro de água por dia em uma situação de sobrevivência no mar. Não
beba urina, combustível, sangue nem álcool, pois terão efeito parecido
com a ingestão de água do mar.

O racionamento da água
A água existente na escorregadeira-barco ou no bote somente deverá ser
utilizada passadas as primeiras 24 horas. Primeiro porque existe uma
grande possibilidade de os sobreviventes serem encontrados e
resgatados antes do término do primeiro dia. E segundo porque, após 24
horas, o sobrevivente estará apenas levemente desidratado, e toda água
ingerida será retida pelo organismo e não desperdiçada através da urina.

Alimentos
Havendo considerável reserva de água, e tão-somente se houver água, os
sobreviventes no mar devem direcionar os esforços para a obtenção de
alimentos. Tal tarefa, além de possivelmente prover alimentação para o
grupo, mantém os sobreviventes ocupados e afastados de pensamentos
negativos.

Antes de estudarmos as formas de obtenção de alimentos no mar, vale


destacar que aqueles trazidos da aeronave devem ser cuidadosamente
observados e analisados antes de serem consumidos. Essa medida visa
proteger os sobreviventes de possíveis alimentos deteriorados, que
poderiam agravar o seu estado físico.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Pesca
Pescar certamente é a primeira opção para obtenção de alimentos, caso
não tenham sido trazidos da aeronave. Os animais marinhos estão
classificados em cinco grupos: mordedores, peçonhentos, venenosos,
traumatogênicos e eletrogênicos, conhece-los bem é de fundamental
importância para segurança e alimentação dos sobreviventes no mar.

Animais marinhos mordedores


São animais de hábitos predatórios e características agressivas, providos
de poderosas mandíbulas com dentes afiados que podem causar graves
ferimentos ou mutilações ao ser humano. Este grupo se restringe
basicamente tubarões, barracudas, moreias e alguns outros peixes
menores.

Tubarão Tigre Moreia Barracuda

Animais Marinhos Mordedores

Animais marinhos peçonhentos


São animais capazes de inocular a peçonha, através de um mecanismo
de defesa que age sempre que são importunados. Não há a possibilidade
de o homem ser passivamente atacado e inoculado com a peçonha.

Peçonha é uma substância qualquer de origem animal, produzida por


uma glândula, capaz de alterar o metabolismo de outro animal quando
inoculada e suas consequências estão diretamente correlacionadas à
sua potência, quantidade inoculada, peso e condições físicas da vítima e
podem provocar desde uma simples irritação a reações de extrema dor.

Os animais de formas e, principalmente, de cores exóticas não devem ser


tocados. Os animais marinhos peçonhentos são os ouriços, corais,
caracóis venenosos, que apesar do nome são peçonhentos, águas-vivas,
algumas espécies de polvos, o bagre e a raia.

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ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Água Viva Caracol “Venenoso” Ouriço do Mar

Animais Marinhos Peçonhentos

Animais marinhos venenosos


São os animais capazes de provocar algum tipo de envenenamento
quando ingeridos ainda frescos. Apresentam secreções venenosas em
seu organismo ou contém substâncias químicas venenosas, as toxinas,
acumuladas em sua carne. Normalmente vivem em águas pouco
profundas, apresentam forma estranha, carne com odor desagradável,
pele dura e em sua maioria possuem boca, olhos e guelras pequenas. Um
exemplo clássico de um peixe venenoso é o baiacu.

Os polvos são habitualmente bons para o consumo. Porém quando se


alimentam de “moluscos envenenados”, acumulam toxinas em seu
organismo, tornando-se venenosos para o consumo humano. Nesse
caso, o polvo pode apresentará com uma coloração enegrecida e
tentáculos avermelhados. Por medida de segurança e precaução os
polvos com essas características devem ser descartados.

Animais marinhos venenosos

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Animais marinhos traumatogênicos


São os animais que, apesar de raramente demonstrar qualquer
comportamento agressivo, são, ainda assim, capazes de ocasionar
algum tipo de trauma ou lesão de forma acidental. Porém sem a
implicação de mordidas ou a inoculação de peçonha. Um exemplo de
animal traumagênicos é a raia-jamanta.

Animais Marinhos Traumatogênicos (Arraia-Jamanta)

Animais eletrogênicos
São animais marinhos, que apesar do comportamento pacato e
inofensivo, podem causar danos à saúde, por possuírem a capacidade de
gerar descargas elétricas. Existem cerca de 250 espécies de peixes em
todo o mundo com órgãos elétricos especializados capazes de produzir
choque elétrico.

Dentre os vários peixes marinhos que possuem órgãos elétricos, os mais


significativos, em termos de ameaça ao homem, são raias elétricas e os
miracéus.

Arraia Elétrica Enguia Elétrica Miracéu – peixe elétrico

Animais Marinhos Eletrogênicos

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ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Crustáceos
Só consuma ostras, mariscos, mexilhões e outros moluscos se estiverem
com bom aspecto, mau cheiro e aparência estranha indicam que não se
deve consumi-los. Não coma mariscos ou ostras agarradas aos cascos
de navios ou de qualquer objeto metálico. Não os apanhe de modo algum
para alimento, pois os mesmos provocam intoxicação violentíssima,
podendo inclusive ocasionar a morte. Encontrando-se ostras e mariscos,
a melhor forma de lavá-los é deixando-os dentro de uma vasilha com
água durante a noite. No dia seguinte estarão limpos, pois se limpam
sozinhos;

Ostra Mexilhões Mariscos

O início da pesca
Como equipamentos de pesca, além do material dos conjuntos de
sobrevivência, deve-se improvisar anzóis com alfinetes, clips, fivelas de
cintos, grampos de cabelos, linhas com cordões de sapatos e fios tirados
de roupas.

Intestinos de aves e pequenos peixes são atraídos pela sombra


proporcionada pela embarcação são excelentes como isca. Os peixes
têm a tendência de morder mais as iscas em movimento. Interromper a
pesca na presença de tubarões.

À noite, o facho de luz de uma lanterna projetada na água, ou o reflexo de


luz numa superfície refletora (espelho de sinalização) costuma atrair
peixes e lulas.

O consumo do peixe
Para consumo dos peixes capturados, devem-se remover as escamas no
sentido da cauda para a cabeça, desprezar uma parte da cauda e limpá-
los. Normalmente a carne do pescado crua não é salgada nem
desagradável ao paladar. Aves e tartarugas marinhas podem ser

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

consumidas. Se ao ingerir pescado cru sentir náuseas, não insistir no seu


consumo.

Aves Marinhas
Todas as aves marinhas constituem fonte alimento em potencial. Podem
ser capturadas por meio de anzóis com isca, com pedaços triangulares
de metal brilhante. Muitas aves serão atraídas pela escorregadeira-barco,
como ponto de pouso ou descanso. Quando as avistar, conserve-se
imóvel, pois algumas delas ou mesmo todas do bando, poderão vir
pousar na escorregadeira- barco ou mesmo sobre a sua cabeça ou
ambos. Trate de agarrá-las logo que tenham fechado as asas. Mas não
tente pegá-las antes que tenha certeza absoluta de que seu golpe será
bem sucedido. Caso o sobrevivente consiga caçar uma ave ou pescar um
peixe, deve mascar sua carne e beber seu sangue e suas vísceras
poderão ser usadas como isca.

Muitas são as espécies de aves que exploram o mar para sobreviver.


Atobás, tesourões, gaivotões, albatrozes e algumas espécies de trinta-
réis são exemplos de aves que podem ser encontrados no litoral
brasileiro durante todo o ano. Além de alimento potencial, a maior parte
das aves é um importante indicador de que existe terra firme nas
proximidades.

Albatroz Gaivota Atobá

O racionamento do alimento
Da mesma forma que a água, o alimento só deverá ser consumido após
as primeiras vinte e quatro horas.

Tubarões
Evite atrair ou molestar os tubarões. A carne do tubarão é dura e cheira a
amónia, além da obvia dificuldade de pesca-lo. Em águas quentes a
possibilidade de ataque é maior, porém os tubarões não são atríados por

55
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

carne humana, normalmente os incidentes ocorrem quando humanos


são confundidos com animais marinhos.

Esteja atento, nem sempre os tubarões fazem aparecer a barbatana


dorsal acima d'água, portanto caso algum tubarão ameace atacar ou
danificar a escorregadeira-barco, procure afastá-lo golpeando o focinho
com algum objeto contundente. Na presença de tubarões, não deixe
mãos e pés para fora da embarcação.

Caso algum sobrevivente esteja na água, este deverá manter-se vestido


e calçado. Se um grupo estiver sob o ataque de tubarões, devem reunir-
se de encontro uns aos outros, em um círculo bem apertado, todos
voltados para fora, de modo que possam perceber a aproximação dos
tubarões. Se o mar estiver agitado, os sobreviventes devem amarrar-se
uns aos outros.

Se inevitável, nade com movimentos fortes e regulares; faça como se


fosse atacar o tubarão, com alguns movimentos amplos e ameaçadores
em sua direção. Produza sons altos, faça barulho com as palmas das
mãos, meio fechadas em forma de cuia, batendo-as com força na
superfície da água. As batidas devem ser regulares. Procure manter o
tubarão à distância, com ajuda de algum objeto, ou dando gritos com a
cabeça mergulhada na água. Isto poderá espantá-lo.

Embora seja contraindicado, se houver necessidade de lutar diretamente


contra um tubarão, empregue a faca, ou objeto contundente e procure
atingi-lo nas guelras ou nos olhos.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

CAPÍTULO IX
EFEITOS DO CALOR OU FRIO NO ORGANISMO
Assim como em outros cenários, como a selva, o gelo e o deserto,
aqueles que precisam sobreviver no mar também estarão sujeitos aos
fatores subjetivos, como o medo, o pânico, a solidão, o tédio e o
desespero e; também aos fatores objetivos, como o frio, a fome, a sede,
a insolação e as queimaduras. Conhecer estes fatores e entender como
evita-los, manterá a saúde mental e física dos sobreviventes em ordem,
até a chegada do resgate.

Cuidados com os lábios e com a pele: A pele e os lábios serão fortemente


agredidos pelos efeitos do calor ou do frio. A única forma de prevenir
danos à saúde é protegê-los da melhor maneira possível. Arme o toldo do
bote ou da escorregadeira-barco e proteja-se, utilize também toldo de
proteção lateral, o dossel de cobertura e vestimenta que cubra todo o
corpo; Independente da temperatura mantenha-se sempre vestido, com a
cabeça coberta e com os olhos protegidos.

Efeitos da água salgada: O contato prolongado com a água salgada pode


causar queimaduras e ferimentos na pele. O sal da água elimina a
humidade da camada mais externa da pele, causando seu rompimento.
Evite permanecer por longos períodos em contato com a água do mar.

Cinetose ou Enjoo: a Cinetose é um fenômeno fisiológico de reação do


organismo às variações rápidas e constantes de posição. Caracteriza-se
por sintomas como sudorese, palidez, salivação, náuseas, tonturas, dores
de cabeça, fadiga e finalmente, vômitos. Os kits de sobrevivência contem
anti-histamínicos, medicação que causa sonolência e diminuição dos
reflexos, reduzindo assim o enjoo são indicados também a redução da
alimentação e o repouso.

Fadiga: o estresse da situação e os esforços empreendidos na


sobrevivência aliados à falta de água e de alimentos, obviamente levará
à fadiga, tanto mental quanto física. Como a fadiga é um tipo de cansaço
que ocasiona a diminuição da capacidade de realização, recomenda-se
que os sobreviventes poupem o máximo de energia possível.

Dificuldades de urinar e Prisão de ventre: a falta de água e alimento afeta


o funcionamento do intestino e causa o mau funcionamento dos rins. A
urina tornar-se gradativamente escura e cada vez em menor volume.
57
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Insolação: É um distúrbio no mecanismo de resfriamento do corpo,


causado pela elevação da temperatura corporal sem a correspondente
eliminação de calor. Este fenômeno será causado pela superexposição
aos raios solares e normalmente é acompanhado de sintomas como
dores de cabeça, mal-estar, comportamento não usual, febre alta, entre
40,5°C e 43°C, perda da consciência, convulsões, coma e eventualmente
pode levar ao óbito.

A pele normalmente fica quente, avermelhada e seca, a face e os lábios


roxos, e o pulso acelerado. O tratamento é a ingestão adequada de água,
que equilibra a temperatura corporal e evita a desidratação.

Desidratação: Apesar das recomendações de proteção, é impossível


cessar a perda de líquidos corporais. O sobrevivente estará
continuamente perdendo água pela respiração e pele, e se esta água não
for reposta, inicia-se um processo de desidratação que, dependendo das
condições ambientais e do déficit de água do organismo, pode ter como
consequências a falta de apetite; tonteira; falta de salivação; delírio e;
pode levar ao óbito.

HIPOTERMIA
Importante efeito do frio sobre o organismo, a hipotermia merece um
estudo a parte. Durante um pouso na água, ou ditching, na condição de
náufragos e dependendo das características do acidente, os
sobreviventes podem ser obrigados a passar muito tempo dentro d'água,
o que normalmente causa a hipotermia.

A Hipotermia é a condição de diminuição da temperatura interna do


corpo, em torno de 37 ºC, causada por uma exposição excessiva ao
ambiente frio. A manifestação deste fenômeno dependerá da
temperatura da água, do tempo de exposição na água, da constituição
física do indivíduo e dos procedimentos adotados por este indivíduo
enquanto permanecer na água.

Fases da Hipotermia
A Hipotermia pode se apresentar em três fases, de acordo com o grau de
severidade: leve ou excitação, moderada ou adinâmica e grave ou torpor.

58
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Hipotermia Leve ou Fase de Excitação: ocorre quando a temperatura do


corpo fica entre 35°C e 33°C. Cansaço, tremores, irritação, calafrios e
esfriamento da pele são os sintomas comuns nesta fase.
O organismo tenta defender-se causando os tremores (contrações
involuntárias dos músculos esqueléticos), que apesar de gerarem calor,
consomem muita energia. O Organismo também realiza uma
vasoconstrição (diminuição da espessura) dos vasos sangüíneos para
tentar diminuir a perda de calor e manter a temperatura interna, desta
forma a pele fica fria as extremidades (ponta dos dedos, lábios, nariz,
orelhas) ficam cianóticas (arroxeadas). Na tentativa de economizar
energia e mitigar a perda de calor, o organismo promove a diminuição da
atividade motora, gerando letargia e prostração. Podem ainda ocorrer
espasmos musculares, confusão mental ou amnésia. O perigo é que
nessa fase a Hipotermia pode ser confundida com exaustão ou fadiga e
não serem tomados os cuidados necessários.

Hipotermia Moderada ou Fase Adinâmica: ocorre quando a temperatura


cai entre 33°C e 30°C. O organismo reage de maneira mais forte, mais
violenta. Intensificam-se os tremores e surgem falhas na coordenação
motora, dificultando as tarefas mais simples. Irritabilidade,
agressividade, depressão são sintomas possíveis, o indivíduo pode variar
da euforia à perda da autocrítica. Nesta fase, na medida em que o corpo
perde calor, a freqüência cardíaca fica mais lenta ou irregular e a vítima
começa a ficar prostrada e sonolenta, quase inconsciente.

Hipotermia Grave ou Fase de Torpor: ocorre quando a temperatura


corporal cai abaixo de 30°C, podendo chegar aos 26°C. O organismo
cessa os movimentos para poupar energia e calor, param os temores e
calafrios, a musculatura não responde mais e o indivíduo fica imóvel. As
pupilas tendem a dilatar e a freqüência cardíaca e respiratória são quase
imperceptíveis. O sobrevivente pode ficar inconsciente e agravando o
quadro, entrar em coma. A perda da consciência, a rigidez do corpo e a
pele fria podem fazer parecer que a vítima está morta. É importante tentar
aquece-la e fazer manobras de RCP para reverter o quadro.

Medidas de Prevenção contra a Hipotermia


Em qualquer situação, pessoas magras, de pouca idade, aquelas com
stress emocional, com desidratação, exaustão física, ferimentos,
doenças e fome, são mais propensas que outras, a sofrerem de
hipotermia.

59
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Embora aqui tenha sido abordada a hipotermia causada pela imersão em


água fria, ela pode acontecer em climas frios, tanto quanto na água como
em terra, ou ainda no interior de uma escorregadeira-barco. Assim,
algumas medidas podem ser tomadas para minimizar os impactos da
hipotermia. Todas as atitudas que diminuam a perda de calor corporal
retardarão o surgimento dos sintomas característicos da hipotermia, e
prolongarão o tempo de sobrevivência:
Se possível, manter-se seco;

Usar indumentária adequada para a temperatura ambiente (nem tão


pesada que possa deixálo transpirando, nem tão leve que o deixe
sentindo frio);

Proteger a cabeça, pescoço e nuca, pois são nestas regiões onde


ocorrem as maiores perdas de calor; estando no bote, o sobrevivente
deverá utilizar para proteção contra pingos da água do mar e raios
solares, o corpo totalmente recoberto, óculos, batom protetor, chapéu e
manter o toldo do bote sempre armado;

Proteger-se do vento, pois num clima frio, mesmo uma leve brisa
aumentará a perda de calor, com perigo de congelamento das partes do
corpo expostas (feche o toldo da escorregadeirabarco);

Não consumir bebidas alcoólicas, porque elas baixam a taxa de


metabolismo do corpo e a temperatura interna;

Evitar café e chá, por serem diuréticos;


Se possível, alimentar-se bem e tomar bebidas doces e mornas;

Evitar exercitar-se desnecessariamente;


Respirar apenas pelo nariz, isto vai aquecer um pouco o ar antes que ele
alcance os pulmões e diminuir a queda da temperatura interna do corpo;
Tomar comprimidos contra enjoo (o enjoo deixa a pessoa mais propensa
à hipotermia);

Posições corporais para evitar Hipotermia


O impulso imediato das pessoas submetidas ao frio consiste em
exercitarem-se ou agitaremse vigorosamente na tentativa de manterem-
se aquecidas. Contrariamente ao que se imagina, esta reação retira do
corpo as últimas reservas de calor, diminuindo consideravelmente o
tempo de sobrevivência;

60
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Um náufrago imerso em água fria deve procurar manter-se calmo, sem


agitar-se desnecessariamente. Se estiver com colete salva-vidas, deve
adotar a posição HELP, mantendo a cabeça, pescoço e a nuca fora
d'água, tornozelos cruzados, joelhos suspensos, braços colados ao corpo
ou abraçados às pernas, e as mãos entre as axilas, de modo a proteger
as partes do corpo onde ocorrem as maiores perdas de calor (80% pela
cabeça e pescoço, e o restante da perda distribuída principalmente pelos
lados do tronco, área das virilhas e órgãos genitais). Se estiver só na água
adote a posição HELP, ou a posição ABRAÇADA mostrada nas figuras
abaixo. (HEAT, ESCAPE, LESSENING and POSTURE)

Posição Help em Grupo Posição Help

Na escorregadeira-barco, o grupo deve procurar ficar o mais próximo


possível para aquecerem-se mutuamente.

Efeitos da Hipotermia
Os efeitos da hipotermia variam de pessoa para pessoa, pois ao menos
parcialmente, fatores tais como: o grau de gordura do indivíduo
(obesidade), a sua atividade física na água (com desvio de parte da
circulação do interior do corpo para os músculos periféricos onde o calor
será mais rapidamente perdido) e a sua atitude mental (a ansiedade
aumenta o dispêndio de energia), podem retardar ou acelerar o
aparecimento da hipotermia, e consequentemente o tempo de
sobrevivência.

Outro fator que influi na perda de calor é o tipo de vestimenta: ao invés de


vestir roupas grossas e apertadas, deve-se usar roupas folgadas, pois a
água que fica entre o corpo e o tecido, rapidamente adquire a temperatura
da superfície corporal, funcionando como isolante térmico.

61
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Resfriamento do corpo é acompanhado de um colapso rápido e


progressivo dos estados de resistência física e mental e a cerca de 27°C
de temperatura interna, o ritmo cardíaco falha e a morte poderá ocorrer
devido à fibrilação cardíaca (batimentos cardíacos dessincronizados e
descontrolados).

A imersão em água com uma temperatura inferior a 33,3°C, já é


considerada água fria, com efeitos prejudiciais sobre a resistência física,
na qual o corpo perde mais calor do que pode produzir.

A exposição à água e ao ar frios são condições ameaçadoras à vida,


entretanto a água fria é muito mais perigosa, porque retira calor do corpo
de 20 a 32 vezes mais rapidamente que o ar. É interessante notar que a
água a 26,6°C causa a mesma perda de calor do que o ar 5,5°C.

Primeiro sintoma de perigo é um tremor incontrolável do corpo (uma das


defesas automáticas do corpo), seguido de uma fala arrastada, confusão
mental e insensibilidade dos pés e mãos (para tentar manter a
temperatura e circulação dos órgãos vitais, a circulação na superfície e
extremidades do corpo é reduzida, com o objetivo de conservar calor e
prolongar a sobrevivência).

62
SOBREVIVÊNCIA – SBV

CAPÍTULO X
EQUIPAMENTOS DE FLUTUAÇÃO
De acordo com normas da OACI que tratam de equipamentos de
emergência obrigatórios a bordo, todas as aeronaves que efetuarem voos
transoceânicos (além de 370 Km do litoral) deverão dispor de
equipamentos individuais e coletivos de flutuação. Aeronaves que
efetuarem voos costeiros (rotas de até 370 Km do litoral) deverão, portar
apenas equipamentos individuais de flutuação.

Os equipamentos individuais de flutuação são coletes salva-vidas e


assentos flutuantes, já os coletivos são botes e escorregadeiras-barcos.

Equipamentos Individuais de Flutuação


Colete Salva-Vidas: cada câmara suporta 60 Kg, deve vesti-lo sentado e
inflá-lo ao abandonar a aeronave.

Os coletes salva-vidas possuem duas câmaras de flutuação. Para cada


câmara, existe uma cápsula de ar comprimido responsável pela sua
inflação, em caso de falha da cápsula, as
câmaras do colete podem ser infladas
individualmente por um tubo a elas
acoplado.

Para inflar o colete, basta puxar o comando


vermelho para baixo. Os coletes possuem
uma tira ajustável, que deverá ser fixada na
altura da cintura.

Na altura do ombro, entre as câmaras, há


uma lâmpada estroboscópica (sinalizadora), alimentada por uma bateria,
ativada no contato com a água e com uma duração aproximadamente de
8 horas, que serve para localização do sobrevivente no período noturno.

Cada câmara do colete, quando inflada, suporta em média um peso de 60


kg. O recomendado é que duas câmaras sejam infladas, desta forma, se
o sobrevivente cair desmaiado na água o colete o mantém em uma
atitude de flutuação tal que o rosto fique sempre fora d´água.

63
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Caso haja coletes salva-vidas adicionais ou reservas, estes poderão ser


utilizados para a flutuação de suprimentos ou de qualquer outro objeto
julgado importante para a sobrevivência.

Para correta utilização do colete salva-vidas: os passageiros devem ser


instruídos a vesti-los sem se levantar de seus assentos e; as tiras que
prendem o colete na cintura devem ser ajustadas e nenhuma sobra deve
ficar pendurada, evitando assim que o passageiro fique preso em
destroços da aeronave ou a qualquer objeto após um impacto.

Os comissários devem reforçar a informação, que já deve ter sido dada


na demonstração de emergência e na preparação da cabine (se a
emergência foi preparada) de que colete somente deverá ser inflado na
soleira da porta ao abandonar a aeronave, para não prejudicar o fluxo da
evacuação.
No caso de evacuação pelas janelas sobre as asas, o passageiro deverá
ser instruído a inflar o colete somente sobre a asa, após ter saído da
aeronave, uma vez que as dimensões reduzidas das janelas podem
complicar a saída com o colete inflado.

Correta utilização do Colete Salva-vidas

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Assentos Flutuantes:
O assento das poltronas dos passageiros é flutuante e, em caso de
evacuação, pode ser levado para fora da aeronave e ser utilizado como
equipamento individual de flutuação. Uma placa interna de poliuretano
rígido é responsável pela flutuação do assento. Os assentos flutuantes
suportam um peso médio de 90kg.

Para que não haja lesão no queixo ou cabeça, causada pelo impacto do
assento ao entrar na água, o passageiro deve apoiar o queixo na porção
mais larga do assento e; segurar firmemente as alças localizadas sob o
assento.

Utilização do Assento flutuante

Equipamentos Coletivos de Flutuação


Bote Salva-Vidas: estão localizados nos rebaixamentos do teto da
aeronave ou dentro dos compartimentos superiores de bagagem (bins),
apresentam formato poligonal, em diferentes tamanhos e têm
capacidade média variável entre 4 e 69 sobreviventes.

Os botes salva-vidas possuem duas câmaras principais de flutuação,


rampas de acesso, alças de embarque, toldo, montantes metálicos,
mastros infláveis ou metálicos, facas flutuantes, luzes localizadas,
âncora, corda de amarração e kit de sobrevivência no mar. O sistema de
inflação é semelhante ao da escorregadeira. O embarque nos botes só
deve ser iniciado quando cessarem os ruídos dos aspiradores de ar.

Características Principais
Os botes salva-vidas contam com duas câmaras conectadas entre si e
pneumaticamente independentes. Tais câmaras dão formato ao bote e
sustentam o peso dos sobreviventes. (Botes de menor capacidade
podem apresentar apenas uma câmara de flutuação).

65
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Quarenta por cento da inflação do bote é executada por um cilindro que


contém CO2 e nitrogênio. Os sessenta por cento restantes da inflação
ficam por conta dos Venturis (aspiradores de ar) localizados em ambas
as câmaras.

Todo bote salva-vidas tem indicações escritas, internas e externas, da


localização dos seus acessórios, estações de embarque e capacidade
possível de ocupantes.

É parte indispensável do cheque pré-voo dos comissários verificar a


pressão adequada do cilindro responsável pela inflação do equipamento
coletivo de flutuação. A pressão adequada é recomendada pelo
fabricante, e pode variar dependendo do equipamento que está sendo
utilizado.

Modelos de Bote Salva-vidas

Utilização do Bote Salva-vidas


As etapas de utilização do bote são: retirada do bin ou rebaixamento do
teto; fixação na aeronave; lançamento na água e; desconexão da
aeronave.

Durante o procedimento de evacuação na água, após a parada da


aeronave, deve-se retirar o bote do seu alojamento, fixá-lo à aeronave e
lançá-lo na água, efetuando posteriormente a desconexão definitiva da
aeronave.

66
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Após retirado do alojamento, o bote deve ser levado à saída designada


para a evacuação que esteja acima no nível da água e antes do
lançamento na água, é necessário fixar o bote por meio da sua tira de
amarração. Esta tira de amarração tem cumprimento aproximado de 6
metros e conta com um gancho tipo mosquetão em sua extremidade
para fixação.

Após estar corretamente fixado à aeronave, o pacote contendo o bote


deve ser lançado no mar. Quando a tira de amarração esticar totalmente,
o bote infla automaticamente. É possível antecipar a inflação do bote
puxando o comando manual de inflação (punho metálico), localizado
próximo ao gancho da tira de amarração.

Após o bote estar completamente inflado e cessar o ruído provocado


pelos Venturis, os sobreviventes evacuar a aeronave saltando na água,
levando consigo o equipamento individual de flutuação e devem nadar
até o bote.

O bote deverá permanecer fixado à aeronave pelo maior tempo possível,


devendo ser observado risco de submersão ou explosão da mesma. Para
a separação definitiva da aeronave, é necessário cortar a tira de
amarração utilizando a faca flutuante, localizada no próprio bote, próximo
ao final da tira.

Escorregadeiras-barco: As escorregadeiras-barco são dispositivos de


evacuação com dupla função, em terra servem para auxiliar no abandono
e, em caso de amerrissagem, servem também como equipamento
coletivo de flutuação, com capacidade entre 51 e 81 pessoas.

As escorregadeiras-barco apresentam formato retangular e seu tamanho


varia de acordo com o tipo de aeronave, estão alojadas e protegidas em
compartimentos específicos fixados nas portas e são acessadas quando
as portas são abertas em situações de emergência. Estes dispositivos
estão equipados com estações de embarque, toldo, montantes
estruturais, faca flutuante, luzes localizadas, bomba manual de inflação,
corda com anel de salvamento, âncora, tira de amarração e kit de
sobrevivência no mar.

As escorregadeiras-barco têm estrutura similar aos botes salva-vidas e


apresentam pista dupla que inflam automaticamente após a abertura de

67
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

uma porta em caso de emergência. Possuem duas câmaras unidas


estruturalmente entre si que inflam de modo independente.

Assim como nos botes salva-vidas, 40% da inflação da escorregadeira é


executada por um cilindro que contém CO2 e nitrogênio, localizado na sua
base inferior próximo à estação dianteira. Os 60% restantes da inflação
ficam por conta dos venturis localizados em ambas as câmaras. Toda
escorregadeira-barco tem indicações escritas, internas e externas, da
localização dos seus acessórios, estações de embarque e capacidade
possível de ocupantes.

Evacuação Utilizando a Escorregadeira-barco na Água


Diferente dos botes salva-vidas, o abandono da aeronave deverá ser
realizado direto para a escorregadeira e não para a água, exceto em caso
de mar muito agitado.

Após a evacuação, a escorregadeira ainda estará presa à aeronave. É


preciso separar imediatamente a Escorregadeira do aparelho, para evitar
o risco de submersão junto com a aeronave ou uma possível explosão,
esta fase é chamada de desconexão parcial, uma vez que, mesmo
separada fisicamente da soleira da porta da aeronave, a escorregadeira
permanece presa pela corda de segurança de 6m de cumprimento,
denominada “Tira de Amarração”.

Para realizar a desconexão parcial, é necessário levantar a aba da saia da


escorregadeira e puxar o cabo desconector. A aba da saia da
escorregadeira é uma dobra, fechada com velcro ou botões de pressão,
localizada ao pé da porta, na soleira.

Estes procedimentos de desconexão, parcial e total, são para evitar que,


durante a evacuação com mar agitado, a escorregadeira fique batendo
contra a aeronave e contra as ondas ou se afaste muito dificultando o
embarque dos sobreviventes.

Para a separação definitiva da escorregadeira-barco da aeronave é


necessário cortar a tira de amarração utilizando a faca flutuante,
localizada na própria escorregadeira, próxima ao final da tira.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Escorregadeira Barco

Acessórios dos Equipamentos Coletivos de Flutuação


Âncora ou Biruta da Água: espécie de bolsa de lona, presa ao barco por
meio de uma corda, cuja função é retardar a deriva do barco para
permanecer o mais próximo do local do acidente. Com mar calmo deve-
se liberar toda extensão da corda e em mar agitado apenas meia
extensão (maior estabilidade).

Corda com Anel de Salvamento: pode ser usada para recuperar


sobreviventes e também para unir as embarcações. A distância
recomendada entre as embarcações é 8 metros, ao se avistar uma
embarcação ou aeronave e o mar estiver calmo, deve-se aproximar as
embarcações.

Toldo: tem dupla função, proteger os sobreviventes dos raios solares, da


água do mar e do vento e; pode também ser usado para captar água da
chuva e do orvalho.

O toldo vem acondicionado em um saco, do mesmo material e cor do


toldo, que após a separação definitiva da escorregadeira-barco ou do
bote da aeronave fica pendurado na embarcação. É dever do comissário
içar o toldo para dentro da embarcação. Junto ao toldo, na mesma
embalagem, estão também as hastes metálicas de para sua sustentação.

O toldo conta com pequenos cordéis que são amarrados à embarcação.


É importante que ao amarrar qualquer cordel do toldo à embarcação, que
seja com um laço e não um nó, mais fácil de desatar após molhado.
69
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Outro componente do toldo são as sanefas, pequenas janelas laterais.


Permitem a entrada de ar em dias quentes e também podem ser
utilizadas como dispositivo de navegação da seguinte forma: caso tenha
sido avistada terra firme, e exista um vento soprando em direção à terra,
remova a âncora da água, abra as sanefas do toldo apenas do lado do
vento e utilize-o como se fosse uma vela de navegação.

Bomba Manual de Inflação: caso os cilindros de ar não sejam suficientes


para inflar as câmaras por completo, a bomba manual pode ser usada
para este fim.

Luzes Localizadoras ou Sinalizadoras: são alimentadas por baterias à


base de água, sua duração é de 8 horas e auxiliam na localização do bote.

Tiras de Reentrada: Tiras caso haja necessidade de se retornar ao interior


da aeronave.

Tiras de Salvamento: Se houver superlotação do equipamento coletivo,


os sobreviventes excedentes podem ser amarrados pelo colete através
da tira de salvamento.

Freio: localizado no final da escorregadeira, o freio é composto de


pequenas ondulações dispostas horizontalmente, cuja finalidade é
retardar a velocidade do passageiro após saltar na escorregadeira em
uma evacuação em terra.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Acessórios Disponíveis
Abaixo um quadro com os principais recursos disponíveis nos
equipamentos coletivos de flutuação.

Escorregadeira – barco Barco/Bote salva-vidas


Estações de embarque Estações de embarque
Faca flutuante Faca flutuante
Lâmpada sinalizadora Lâmpada sinalizadora
Anel de salvamento Anel de salvamento
Âncora (biruta d´água) Âncora (biruta d´água)
Tira de segurança ou salvamento Tira de segurança ou salvamento
Toldo Toldo
Válvula de inflação manual Válvula de inflação manual
Conjunto de sobrevivência no mar Conjunto de sobrevivência no mar
Luzes balizadoras de emergência
Montantes estruturais
Tira de reentrada
Freio

Quadro de Recursos Auxiliares dos Equipamentos de Flutuação

71
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

CAPÍTULO XI
SOBREVIVÊNCIA NO DESERTO

Em quase todos os continentes (com exceção da Europa) há desertos,


extensas regiões que têm como característica a aridez do solo, quase
completa ausência de chuvas e temperatura muito quente durante o dia
e bastante fria à noite e nesta situação, o calor do corpo humano é
normalmente eliminado e transferido para o ambiente pelos processos
de irradiação, condução e convecção. Sobreviver nestas condições não é
uma tarefa simples, mas algumas regras, quando observadas,
contribuem para a manutenção da vida e aumentam a probabilidade de
sucesso no resgate.

As dificuldades de sobrevivência em áreas desérticas baseiam-se,


principalmente, na obtenção de água e na resistência às temperaturas
extremas. Os procedimentos relativos à orientação básica, ações
imediatas e subsequentes, fogo e sinalização são idênticos aos de uma
sobrevivência na selva. Entretanto, existem algumas diferenças quanto
ao abrigo, à água e aos alimentos. Usar roupas frouxas para tornar mais
suportável o calor. Como proteção contra queimaduras do sol e poeira,
usar um pano sobre a cabeça formando uma aba sobre os olhos e óculos
se disponível. Movimentar-se pouco para evitar a perda de líquidos
através do suor. Visando evitar a perda demasiada de líquidos, utilize
vestes frouxas e proteção sobre a cabeça.

Ações Imediatas e Simultâneas:


As ações imediatas e simultâneas que deverão ser tomadas logo após o
pouso de emergência são as mesmas da sobrevivência na selva.

Abrigo
No deserto a construção de um abrigo protegerá os sobreviventes do
calor e dos raios do sol durante o dia e do frio à noite.

A aeronave serve melhor como abrigo à noite, no entanto, não é o abrigo


ideal durante o dia devido à elevada temperatura encontrada na maioria
dos desertos. Pode-se improvisar um abrigo utilizando partes da
aeronave (fuselagem, escorregadeiras, etc.), ou ainda, cavando sob
pedras a fim de se obter sombra durante a maior parte do dia, ou ainda à
sombra das dunas.

72
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Água
A necessidade de ingestão de água no deserto é de duas a três vezes
maior do que na selva, sendo esta a maior preocupação do sobrevivente.
Ao encontrar plantas cavar ao redor em suas proximidades que
provavelmente, obter-se-á água.

Pode se obter água nas curvas de leitos secos de rios ou áreas baixas. A
área úmida, além de indicar a presença de água, apresenta uma
vegetação mais abundante. As pegadas de animais e bandos de aves
podem levar à presença de água. Alguns vegetais, como os cactos, são
revestidos de camadas impermeáveis que impedem a evaporação da
água acumulada.

Existe ainda a possibilidade de se obter água, construindo-se um


destilador solar:
- Cavar um buraco com, aproximadamente 1 metro quadrado e 50 cm de
profundidade;
- Colocar um recipiente qualquer no fundo do buraco;
- Cobrir a cavidade com um pedaço de plástico fino de 02 metros
quadrados, aproximadamente. O destilador solar dá bons resultados
somente em áreas abertas onde os raios solares podem incidir sobre o
plástico durante a maior parte do dia.

Alimento
Alimentos de Origem Vegetal
Geralmente sempre que se encontra água, encontram-se plantas
comestíveis. Ao se encontrar um vegetal que pareça estar seco, deve-se
cavar e buscar suas raízes que, provavelmente, servirão como fonte de
alimento.

As partes das plantas que porventura sejam encontradas acima do solo,


tais como flores, frutos, brotos novos e sementes de cascas, serão
melhores fontes de alimento. Os cactos encontrados em alguns desertos
das Américas do Norte e do Sul apresentam frutos comestíveis.

É importante lembrar que alimentos desconhecidos de origem vegetal


que sejam do tipo CAL (Cabeludo, Amargo e Leitoso) não devem ser
ingeridos.

Alimentos de Origem Animal

73
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Na maioria dos desertos, a vida animal é escassa. Sua presença depende


tanto de água quanto de alimento.

A procura de animais deve se basear em lugares onde exista certa


umidade, ou seja, possíveis vertentes ou cursos secos de água, sob
pedras ou arbustos.

Os animais mais comumente encontrados no deserto são: pequenos


roedores, coiotes, lagartos e cobras. Os roedores são mais facilmente
capturados ao amanhecer ou ao entardecer.

Deslocamento no Deserto
No deserto, assim como na selva, não se deve abandonar o local do
acidente, a menos que se tenha certeza de conhecer tanto a posição
geográfica quanto um local de abrigo e que o socorro se encontra a pouca
distância. Não se deve arriscar um deslocamento sem destino. A alta
temperatura durante o dia não permite longas jornadas

74
SOBREVIVÊNCIA – SBV

CAPÍTULO XII
SOBREVIVÊNCIA NO GELO

A permanência por períodos prolongados em áreas geladas são, ainda


hoje, desafios à sobrevivência humana. Temperaturas muito baixas,
escassez de alimento e, principalmente, a ação dos ventos deterioram
rapidamente a possibilidade de sobrevivência. As chances se elevam
com o conhecimento das técnicas sobrevivência e com a quantidade e
diversidade de recursos da aeronave disponíveis após a emergência na
aeronave.

A manutenção da temperatura do corpo é um dos maiores segredos para


o êxito numa sobrevivência no gelo. Portanto, manter vestida maior
quantidade de roupas. As extremidades (mãos, pés, orelhas, cabeça,
nariz), mucosas e peles devem ser muito bem protegidas. Em caso de
congelamento, não friccionar as partes envolvidas.

Não tocar partes metálicas estando desprotegido. Manter o corpo em


movimentação leve para auxiliar a circulação. Evitar o suor, pois este
congela e reduz o isolamento das roupas. O método mais eficaz para
secar o vestuário molhado é envolvê-lo em neve e sacudi-lo, repetindo o
procedimento até secar.

Ações Imediatas e Simultâneas:


As ações imediatas e simultâneas que deverão ser tomadas logo após o
pouso de emergência são as mesmas da sobrevivência na selva.

Abrigo
Avaliar a área ao redor da aeronave para determinar o local mais
adequado e seguro para a construção de um abrigo. É importante ter
certeza de que o abrigo será construído sobre blocos sólidos de gelo,
distante de fendas ou mar aberto e das encostas das montanhas ou
rochas, em virtude do risco de avalanches. As cavernas devem ser
utilizadas com extremo cuidado devido a presença de animais e o risco
de avalanche e fechamento das mesmas.

Manter o abrigo ventilado, evitando riscos de intoxicação por monóxido


de carbono. O interior da aeronave deve ser utilizado devido à proteção
fornecida pelo seu revestimento (forração, assentos, etc.).
Escorregadeiras-barco também podem servir como abrigos, desde que
devidamente presas sobre o gelo.
75
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Em qualquer abrigo, acender uma vela ou outra fonte de calor, de forma


a manter a temperatura próxima a zero grau Celsius. O teto do abrigo
deve ser liso para evitar que a neve derretida fique gotejando. É
importante forrar o local onde se for deitar para que a neve não derreta
sob o corpo.

Trincheira
Pode ser construída rapidamente e proporciona uma proteção eficiente.
Cuidar para que a abertura não fique posicionada na direção do vento.
Utiliza-se para a cobertura da trincheira: toldos, escorregadeiras ou
pedaços da fuselagem de modo a formar um “V” invertido.

Exemplo de Abrigo: trincheira

Iglus
São abrigos feitos de blocos de gelo, muito eficientes,
porém requerem muita prática e ferramentas
apropriadas para sua construção. Em uma
sobrevivência tais ferramentas poderão ser
improvisadas com partes da aeronave e ou algum
material metálico e resistente.

Fogo
Os combustíveis inflamáveis numa sobrevivência no
gelo são provenientes da própria aeronave (querosene e
óleos) ou da gordura de animais. iglu

Agua
Pode-se obter água potável de duas formas: derretendo-se o gelo, não
utilizar aquele proveniente de áreas onde haja colônias de pinguins ou
concentração de outros animais e; colhendo-se água de fontes naturais
oriundas de degelo. Nunca utilizar a camada superficial, por conter
impurezas.

76
SOBREVIVÊNCIA – SBV

Alimento
No caso de regiões continentais geladas (cordilheira, por exemplo), cuja
localização é afastada do mar, a alimentação pode se basear nos
animais, além dos mantimentos encontrados na aeronave.

Cuidados com a Saúde


Cegueira
Os olhos devem ser cobertos por óculos escuros ou vendas para evitar
fadiga, dores e a cegueira causada pelo intenso reflexo da luz solar na
neve ou no gelo. Abrigar-se em lugares pouco iluminados, reduz a ação
dos raios solares.

Hipotermia
Queda de temperatura corporal que pode levar à morte. Tratada no
capítulo de sobrevivência na água. A ação dos ventos contribui para a
rápida e severa perda de calor corporal. Os sobreviventes devem
permanecer, o maior tempo possível, abrigados para evitar este efeito.

Desidratação
Em ambientes frios é comum o surgimento da desidratação, como
consequência do pouco consumo de água. A urina escurecida e com forte
odor indicam a possibilidade de desidratação, que deverá ser tratada com
a ingestão de água e repouso. Mesmo sob condições de sobrevivência
no gelo, o corpo continua necessitando de dois litros diários de água.

Queimaduras
A exposição da epiderme ao frio poderá causar queimaduras na pele.
Este processo apresenta as seguintes fases: 1º Grau (Arrepios) não
apresentam perigo, são um alerta do organismo; 2º Grau (Flictenas ou
bolhas) indicam o processo de queimaduras no tecido; 3º Grau (Necrose)
Gangrenas ou manchas escuras na pele indicam severa diminuição do
fluxo de sangue na região observada.

77
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

CAPÍTULO XII
SERVIÇO DE BUSCA E SALVAMENTO – SAR

O Brasil conta com um Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico –


SSISAR que presta o Serviço de Busca e Salvamento 24 horas por dia. O
SSISAR é dotado de estações de telecomunicações, que operando em
rede podem acionar todos os recursos humanos e de transporte
disponíveis, para atender a uma emergência e iniciar uma possível
missão de resgate. O Serviço de Busca e Salvamento está disponível em
uma área de 22 milhões de km2 - grande parte sobre o Oceano Atlântico
e a Amazônia.

As principais atribuições do Sistema são: localizar ocupantes de


aeronaves ou embarcações em perigo; resgatar tripulantes e vítimas de
acidentes aeronáuticos ou marítimos com segurança e; interceptar e
escoltar aeronaves em emergência.

Histórico SAR
Com o surgimento da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI),
em 1944, diversos mecanismos visando a padronização da Aviação Civil
Internacional foram criados no intuito de proporcionar maior apoio e
segurança à navegação aérea, com a Busca e Salvamento não foi
diferente. O Anexo 12 do Texto da Convenção de Chicago passou a ser o
responsável pelo estabelecimento de normas e recomendações para
disciplinar a atividade SAR (Busca e Salvamento, do inglês Search and
Rescue) em todo o mundo.

No Brasil, desde os primórdios da Aviação, as atividades de busca e


salvamento eram organizadas de forma improvisada para atender a uma
eventual situação de risco, porém em dezembro de 1947, o Governo
Brasileiro criou a Comissão Organizadora de Serviço de Busca e
Salvamento, resultando na posterior criação do Serviço de Busca e
Salvamento Aeronáutico Nacional, efetivado pela Portaria Ministerial nº
324, em dezembro de 1950.
Com a evolução tecnológica e do próprio serviço de Busca e Salvamento
e a necessidade de se adequar a atividade à realidade do País, em um
processo evolutivo contínuo, o Governo Brasileiro, através do Comando
da Aeronáutica, instituiu o Sistema SAR Aeronáutico (SISSAR) através da
Portaria nº 99/GM3, de 20 de fevereiro de 1997.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Estrutura SSISAR
A estrutura do SSISAR está estruturada para efetuar missões de busca e
salvamento de acordo com normas nacionais e compromissos,
convenções ou tratados internacionais de que o Brasil faça parte.

O órgão central do SSISAR é o Departamento de Controle do Espaço


Aéreo - DECEA, responsável pela sustentação normativa, coordenação e
supervisão operacional das atividades de busca e salvamento, nas
diversas Regiões de Controle do Espaço Aéreo do Brasil, que compõem
sua área de responsabilidade.

Por meio da Divisão de Busca e Salvamento (D-SAR), o DECEA gerencia


toda a atividade de busca e salvamento aeronáutico brasileira, executada
pelos Centros de Coordenação de Salvamento (RCC). O Brasil conta com
5 RCC sediados nos 4 CINDACTA.

RCEA IV
RCEA III

RCEA II

RCEA III

Regiões de Controle do Espaço Aéreo – RCEA e suas respectivas Regiões


de Busca e Salvamento SRR (Search and Rescue Region)

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ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

Centro de Coordenação de Salvamento (RCC)


Os Centros de Coordenação e Salvamento - ou RCC, do inglês Rescue
Coordination Center - são os órgãos regionais responsáveis pelas ações
de busca e salvamento em suas respectivas Regiões de Controle do
Espaço Aéreo - RCEA. Os RCC são conhecidos como Salvaero e são
dotados de uma adequada rede de comunicação para prestar o serviço
de Busca e Salvamento ininterruptamente.

No caso de qualquer incidente SAR os RCC são os órgãos responsáveis


pela coordenação das operações e de suas missões. No Brasil, há cinco
Centros de Coordenação de Salvamento: RCC-BS (SALVAERO
BRASÍLIA/CINDACTA I); RCC-CW (SALVAERO CURITIBA/ CINDACTA II);
RCC-RE (SALVAERO RECIFE/CINDACTA III); RCC-AO (SALVAERO
ATLÂNTICO/CINDACTA III); RCC-AZ (SALVAERO
AMAZÔNICO/CINDACTA IV).

As operações aéreas do Sistema SAR são apoiadas pela Força Aérea


Brasileira (FAB), por intermédio das Unidades Aéreas subordinadas ao
Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR).

Centro Brasileiro de Controle de Missão COSPAS-SARSAT (BRMCC)


O Brasil é integrante do Sistema Internacional de Busca e Salvamento por
Rastreamento de Satélites, o COSPAS-SARSAT. Este sistema garante a
cobertura radar completa de toda a área SAR de responsabilidade
brasileira. Detecta qualquer sinal emergencial de rádio-baliza emitido por
aeronaves (ELT), embarcações (EPIRB) e até mesmo por pessoas (PLB) -
desde que estes possuam o equipamento transmissor-localizador de
emergência, registrado e em boas condições de fun­cionamento, para a
captação pelos satélites.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

Sistema COSPAS-SARSAT

Ações integradas de Busca e Salvamento


O Sistema SAR Aeronáutico prevê, ainda, a integração com as demais
Forças e instituições, somando-se aos recursos e meios da Marinha, do
Exército e de organizações públicas, privadas e não governamentais, que
atuam conjugando esforços, empregando aeronaves, órgãos de
coordenação e pessoal especializado, para localizar e resgatar
sobreviventes de acidentes aéreos ou mesmo marítimos.

Resgate por helicóptero de salvamento


A atuação dos sobreviventes na orientação da tripulação do helicóptero
para a realização de um pouso seguro é fundamental para o sucesso do
resgate: é necessário demarcar o local do pouso com um triângulo bem
visível, com lados medindo 2,5m, de preferência em um local plano e que
ofereça condições de segurança para suportar o peso da aeronave.

81
ESCOLA MASTER DE AVIAÇÃO

A direção do vento é outro dado importante para os pilotos do


helicóptero. O acionamento do lado diurno de um foguete pirotécnico
fornece a fumaça que lhes indicará de que lado o vento está soprando.

Se a tripulação do helicóptero tiver jogado o cabo de içamento, o


sobrevivente deve deixar que o cabo toque primeiro o solo, para
descarregar a eletricidade estática. Evitar, inclusive, tocar no tripulante
que esteja descendo em rapel pelo cabo.

Algumas regras de aproximação do helicóptero de salvamento devem ser


obedecidas pelo sobrevivente: aproximar-se com o corpo inclinado para
a frente, pelas portas laterais e somente no campo de visão do piloto e
do copiloto; e evitar a aproximação nas proximidades do rotor de cauda.
Havendo a necessidade de um comissário permanecer no solo, o melhor
ângulo que ele deverá ficar em relação ao piloto do helicóptero de resgate
é 45º à direita.

Áreas para Aproximação de Helicópteros

82
SOBREVIVÊNCIA – SBV

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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atividades do sistema de registro de aeronáutico brasileiro. [regulamento
na internet] Disponível em:
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_______. RBHA 63. Mecânicos de Voo e Comissários de Voo.
[regulamento na internet]. Disponível em:
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_______. RBAC 67. Requisitos para concessão de Certificados médicos
aeronáuticos, para o credenciamento de médicos e clínicas e para o
convênio com entidades públicas.
[regulamento na internet]. Disponível em:
http://www2.anac.gov.br/biblioteca/rbac/RBAC67EMD00.pdf
_______. RBAC 121. Requisitos operacionais: operações domésticas, de
bandeira e suplementares. [regulamento na internet]. Disponível em:
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_______. RBAC 135. Requisitos operacionais: operações complementares
e por demanda. [regulamento na internet]. Disponível em:
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Paulo; 2007.
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em 10 de março de 2012]. Disponível em: www.rota.notlong.com
_______. Apostila de Sobrevivência. Curso de Formação de Comissários
de Voo. Winglet Escola de Aviação Civil. Recife. 2011.
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de Comissários de Voo. Winglet Escola de Aviação Civil. Recife. 2011.
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balanceamento. 7ª Edição. São Paulo – SP: ASA – Edições e Artes
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Básico de Comissários de Voo. Gerência de Treinamento Operacional. Rio
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WEBJET LINHAS AÉREAS. Vários Autores. Apostila de Treinamento
Básico de Comissários de Voo: Inclusão de Equipamentos B737-700 3
B737-800. Gerência de Treinamento Operacional. Rio de Janeiro, 2006.

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SOBREVIVÊNCIA – SBV

VEJO VOCÊ NO PRÓXIMO BLOCO...

Caro aluno, encerramos aqui mais um bloco do curso. Mais uma etapa
foi vencida e demos mais um passo na construção do seu conhecimento
profissional.
Espero sinceramente que este livro texto tenha auxíliado na absorção dos
assuntos das disciplinas aqui referenciadas.
Aproveitem, revisem, assistam as videoaulas e procurem-nos para
resolver suas dúvidas persistentes.
Forte abraço, bons estudos e vejo você no próximo bloco...

Equipe Master

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