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R A Y M U N D O B A N D E IR A V A U G H A N

LIVRO DA
FAMÍLIA m onnerat
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LIVRO DA
FAMÍLIA M O N N E R A T
Histórico da emigração de Francisco Xavier Monnerat
e sua família, da Suíça para o Brasil, em 1819-20

GENEALOGIA DO S M O N N E R A T
Entrelaçamento com as famílias Lutterbach
Wernielinger, Heggendorn, Erthal e Lemgruber

1845-1945. Um século1 A 14-11-1845, Sebastião Monnerat morria


vitimado de desastre em plena floresta virgem na fazenda “Rancharia
do Sul” . Cem anos decorridos, publica-se a primeira descrição da
triste ocurrência, e, no altar da Cruz, que assinala o local exato, é cele­
brada Missa por alma do jovem e laborioso imigrante!
Desígnios da Providência Divina i

VILA DE MONNERAT, ESTADO DO RIO DE JANEIRO


19 4 5
C om posto e Im presso n a s oficinas da
COMPANHIA BRASILEIRA DE ARTES GRAFICAS
R u a R iachuelo, 128 — R io de Ja n e iro — B rasil
D E D IC A D O à m em ória de José C on stan do ■
M onuerat. Viveu 74 anos em “Rancharia do
N o rte”, onde nasceu. E, quando, no R io de
Janeiro, sob d elírio urêm ico, presentia que
Deus o cham ava para a eternidade dos jus­
tos, lutou autoritariam ente com os seus des­
velados enferm eiros, a exigir que pudesse
m orrer em sua casa. Mas não foi possível.
^ jc m íê ia O H & im e k a b

François Xavier Monnerat c. Elizabeth Koller


* 4-5-1773 f 3-5-1858 * 13-1-1774
Colônia de Nova Friburgo (Primitivamente Morro-queimado)
N. da casa 62 N.° do lote de terras 58
Filhos:
Ursule Joseph
Jean Joseph
Marie Barbare Regine
François
Marie
H enri.

Histórico. A família de Francisco Xavier Monnerat, esposa e


sete filhos, todos de nacionalidade suíça, partiu de sua pátria, em 1819,
como humildes emigrantes para o Brasil. Francisco Xavier era
natural de Vermes, termo de Delemont, cantão de Berna. O do­
cumento original, autêntico, atestado de bôa conduta trazido por êsses
emigrantes afirma em sua tradução literal: “ Nós abaixo assinado,
prefeito da comuna de Cornol, certificamos pelo presente que
Francisco Monnerat, de Vermes, residente na granja de
Francisco Inácio Girardin de la Seigne ,situada em nosso
território, contra a probidade do mesmo nunca nos chegou
queixa alguma. Contra sua vida e costumes, ao contrário,
sempre procedeu muito bem até o presente, assim como toda
sua família depois que chegaram a nossa comuna.
« RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Em Çornoí, 10 de fevereiro de 1819.


D’ Bouef
Prefeito.
Certificamos ser verdade. Kübler. Vigário.
No verso do documento: “Legalização das assinaturas do
outro lado, do Vigário e do Prefeito de Cornol.
Porrentruy, 11 de fevereiro de 1819.
Jean de Baillif.”

O documento, em clichê, figura neste livro, e o original


está em poder do Sr. Mário Teixeira Monnerat (46), decendente em
linha reta do ramo de Francisco, filho do casal Francisco Xavier
Monnerat e Elizabeth Koller, e ora residente em Bom Jardim' (provi­
soriamente Vergei, Estado do Rio) .
Francisco Xavier Monnerat chegou ao pôr to do Rio de Janeiro
no dia 8 de fevereiro de 1820, a bordo do veleiro “Canilla”, que par­
tira de Dordrecht (Holanda) a 12 de setembro do ano anterior. Du-
rára a viagem 5 longos meses! Além de terem sofrido as vicissitudes
de tempestades e moléstias, conforme veremos adiante, o “ Canilla”
teve a pouca sorte de esbarrar com ventos contrários logo à entrada
do Rio, ventos que impeliram a embarcação novamente para o Atlân­
tico, onde permaneceu 2 meses à espera de condições favoráveis.
O chefe da família tinha 47 anos, sua mulher 46. o filho mais
velho, Ursulo José, quase 18 anos, e Henrique, o mais moço, 5 anos.
Não é possível asseverar com rigor as datas exatas dos nasci­
mentos dos filhos de Francisco Xavier Monnerat, embora com muita
aproximação possamos indicar as melhores fontes desses dados im­
portantes. Nòs registros paroquiais da Matriz friburguense cons­
tam datas que não coincidem com as inscrições nos túmulos respecti­
vos. Há um caderno nos arquivos da Matriz cheio de emendas. Por
outro lado, também o livro de assentamentos ,manuscrito, “Documen­
tos sôbre a colonização suíça em Nova Friburgo”, precioso repositó­
rio cuidadosamente guardado na Prefeitura de Friburgo, indica as
idades dos menores, mas sem marcar dia e mês do nascimento. Qual
documento merecerá fé? Evidentemente, não haverá prejuízo maior
em tais minúcias, uma vez atingido o objetivo principal, sem nos de-
termos em dificuldades surgidas há mais de século.
Para melhor salientar as divergências, resumiremos a seguir as
datas em suas várias fontes:
L IV R O DA FA M ÍL IA M ONN ERA T 7

Nomes Padre Joye “ Documentos” Túmulos


Ursuio José 9- 4-18o3 18 anos ?
João José 1- 3-1805 17 anos 24-6-1803
Maria Bárbara Regina 14- 5-1806 14 anos 1-3-1805
Francisco 7- 9M804 1 1 anos 24-3-1807
Sebastião 9-11-1811 9 anos ?
Maria 8- 6-1813 7 anos P
Henrique 24- 7-1814 5 anos 21-7-1814

Devemos aceitar, como autênticas, as datas inscritas nos túmu­


los dêsses imigrantes suíços. A certidão de batismo de Maria Bár­
bara Regina, reproduzida neste trabalho, diverge da inscrição (*)
de seu túmulo, no Cemitério da Irmandade, em Duas Barras, Estado'
do Rio. Os assentamentos da Paróquia de Friburgo apresentam fre­
quentes razuras e emendas ilegíveis mormente à margem das anota­
ções, quase com certeza da autoria do Padre Joye, Vigário que, tam­
bém suíço, acompanhou os emigrantes na penosa viagem, e depois, por
muitos decênios, assistiu, com seus ministérios, a população de Nova
Friburgo.
Desse Vigário Joye, primeiro paróco de Friburgo, sabe-se ter
sido um dos fundadores da Loja Maçonica local.
Quanto a data do falecimento de Francisco Xaxier Monnerat, a
única referência encontra-se assinalada à margem do manuscrito exis­
tente na Matriz de Friburgo, a 3 de maio de 1858. Soubemos, por
informação verbal de seu neto, José Constâncio Monnerat — era me­
nino quando Francisco Xavier morreu, num quarto da casa antiga da
fazenda “Rancharia do Norte”, — que o chefe da família Monnerat
fôra sepultado em Duas Barras, num antigo cemitério ldtalizado no
morro atrás da atual casa da Prefeitura, há muito abandonado.
Voltemos ao atestado de bôa conduta trazido pela família Fran­
cisco Xavier Monnerat, em 1819-20. Tal documento centenário traz
aos nossos dias a prova insofismável do valor moral daqueles que, na­
quela época sombria, decidiram acompanhar cêrca de 2.000 compa-
trícios no que se transformou numa das mais infelizes aventuras emi-
gratórias do século passado. O casal era de lavradores de profissão.
Gente paupérrima. Que seria o Brasil, no conceito europeu daquele
tempo? País das maravilhas, a terra incomparável da Promissão.

(*) O sacerdote reg istro u , a 1-3-1805, b a tism o d a crian ça que nascera n a v e s p e ra .. .


8 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Hoje, inúmeros, estudiosos, especialmente na Suíça, ocupam-se da


investigação histórica da época em que numeroso bando de criaturas
humanas acreditou em promessas falazes de intermediários a soldo de
governos alheios à realidade de seu próprios países, padeceu a odisséa
de viagem plena de tragédias e sofrimentos inenarráveis. De 2.000
pessoas, 500 morreram antes de chegar ao Brasil!
Aqui, a maioria fracassou no embate contra tôdas as circuns­
tâncias desfavoráveis, a começar na desastrada escolha das terras que
se estendiam das proximidades da atual cidade de Friburgo, rumo
as nascentes de Macaé.
É nosso dever transcrever os trechos principais do folheto publi­
cado em 1918, na tipografia da Sociedade Editora e Impressora de
Friburgo. O trabalho é assinado por J. Conus, a 11 de março de
1918, em Fribourg, Suiça ,e tem por título “História da Emigração
Friburguense para o Brasil. 1819-1820. Contem matéria colhida
de documentos autênticos, pelo Revmo. Conego J. Conus, reitor de
S . Pierre, em Fribourg, a pedido do Sr. Lucien Piquet cidadão suíço
residente durante muitos anos em Friburgo, Estado do Rio de Janei­
ro. Quase tudo da correspondência do Padre Joye ,e baseado em seu
testemunho pessoal.
O registro dêsse sacerdote que acompanhou a emigração suíça,
e aqui exerceu seus sagrados ministérios, como Vigário de Friburgo,
até 1863, está no livro manuscrito “ Documentos sôbre a colonização
suíça em Nova Friburgo” como Jacques Joye, com 3o anos, viajante
no fatídico navio “Ucrânia”. Contudo, o Padre Joye preferiu a forma
latina de seu nome, isto é Jacob.

Do livro “A Colônia suíça de Nova Friburgo e a Socie­


dade Filantrópica Suíça do Rio de Janeiro” .
Henri Raffard. (Pág. 34)

“ É interessante descrever a peregrinação de tôda essa pobre gente


vinda de zonas diferentes da Suíça. Alguns dêles, dos Cantões de
Vaud, Vaiais e Fribourg, reunem-se na cidadezinha de Estavayer e
embarcam (sabe Deus em que embarcações no lago de Neuchatel de-
cem pelo Ziehl, atravessam o lago de Bienne para alcançar finalmente
o Rheno, depois de encontrarem no Aar os companheiros de Berna e
Lucerna, vindos pelo Reuss. Quantos dissabores, misérias e desenga­
nos sofreram êsses pobres emigrantes, em consequência da incúria ou
ganância de certos emprezários subalternos! Despezas extraordiná-
F o to stá tic a «Io atestado de bõa c o n d u ta de Francisco X avier M onneral. T radução no texto
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DKÍ R E JO de I). João VI, m andãiido estabelecer a colônia suíça 11a fazen d a real do M orro-
qu ein iad o . O riginal no A rquivo Público N acional
LIVRO' DA FAMÍLIA MONNERAT 9

rías ,estragos de móveis, ferramentas, utensílios durante os transpor­


tes, atrazos nos embarques. . . nada lhes foi poupado.
Os bondosos habitantes de Aarau, Soleure, Bâle, terão sentido
um misto de compaixão e indignação à vista do exodo lastimável da­
queles compatriotas que partiam, certamente com os corações plenos
de esperanças, mas, logo de início ,a enfrentar penosos contratempos,
quando em busca de futuro melhor a 3.000 (*) léguas distantes. In-
felizmente, o fim da viagem não foi o fim de suas misérias!”

v
(*) N .A . Em léguas de 6 q uilôm etros, R a ffa rd a u m e n to u o p e r c u r s o ...
‘V a d o A in ju â W w c M da fa m ília

Ext. do “Dictionaire Historique e Biographique de


la Suisse” . Tome troisieme.
Société Générale Suisse d’Histoire.
1926
“ MONNERAT. Famílias dos cantões de Fribourg e de Vaud.
Antiga familia no Cantao de Fribourg, assinalada em Nuvilly
desde o século XV, em Ménieres, desde o século XVII ,entrou na bur­
guesia de Estavayer em 1715. Carlos Monnerat. monge cisterciense,
nasceu em 1789, professor em Hauterive em 1806, foi o último prior
do mosteiro. Depois da supressão de Hauterive, foi capelão de Bel-
faux, de 1848 a 1852, de Villars-les-Jones, de 1852 a 1861, morreu
a 15 de julho de 1865. Dos anais de Estavayer. Por Grangier. Os
últimos religiosos de Hauterive, por Steiger, no AF 1919. — Arqui­
vos do Estado de Fribourg. No Cantão de Vaud, família assinalada
em Combremont-le-Grand, em 1570, em Vevey, 1590. A família for­
mou diversos Pastores, e Julio Monnerat, 1820-1897, foi síndico de
Vevey ,e um dos principais fundadores das Usinas Nestlé. Um ramo
da família estabeleceu-se em Genebra. ”
A família Wermelinger, entrelaçada, no Brasil, com os Monne­
rat, é também muito antiga e de tradições na Suíça. Da mesma fonte,
isto é do “ Dictionaire Historique e Biographique de la Suisse” extraí­
mos as informações seguintes :
“W ERM ELINGER. Famílias dos distritos de Sursee, Willi-
sau e Lucerna, conhecidas dêsde o século XV. Hx\NS foi primeiro
magistrado em 1525. HANS foi chefe de Cantao, em Ruswill, cons-
truio em 1575 a capela de Buholz. GASPAR, canteiro de Ruswil, ,
conquistou três brazões em 1656. Ext. do G rf. Reg. — Zeitgloggen
1928. — JSG X V III.” .
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S le d u m s c ia « d iíé tá tc a da S m ify b a ç ã â .

Jtá&WicjMmãe paka a Stadíi. 1819- 1820»


Nicoláo Sebastião Gachet, de Guiyére, antigo secretário parti­
cular de Murat, rei de Nápoles, sob Napoleão 1°, encontrára-se em
Paris com o Cavai. Batalha, adido da embaixada portuguesa na
França. Por intermédio de Batalha, D. João VI encarregára Gachet
de organizar e fundar uma colônia suíça no Morro Queimado, Brasil,
situada a 5 dias de viagem do Rio.
Gachet “pôs-se logo a campo. Foi pintar aos olhos de seus patrí­
cios as numerosas e incontestáveis vantagens que o rei D. João VI pro­
metia aos que se inscrevessem. Despezas de viagem pagas, alojamen­
tos, terras, animais fornecidos gratuitamente pelo governo brasileiro.
Subsidios e salários elevados, isenção de serviço militar e de todos os
impostos pessoais e territoriais, exercício inteiramente livre da reli­
gião, etc., etc. Era muito convidatvo, sobretudo para pessoas que
acabavam de atravessar dois anos desastrosos em todo o sentido, o ano
de 1816, chamado da miséria, e o ano de 1817, chamado da carestia.
Além disso, 3 a 4 clérigos, dois médicos, um farmacêutico e um
veterinário deviam se reunir aos colonos, pagos pelo governo do Bra­
sil. Os padres deviam receber tratamento igual aos do Brasil.
Tudo isso era o que Gachet prometia em carta a Monsenhor Jenny,
Bispo da Diocése, em data de 8 de outubro de 1818.
O Sr. João Batista Bremond, proprietário da fábrica de vidros
de Sensales, cônsul de S. Magestade o Rei de Portugal junto à Con­
federação Suíça, foi o encarregado de escolher o pessoal da colônia,
e o magistrado Carlos José Schaller, de ser o seu organizador no
Cantão.
Bremond escreveu de Sensales, em 12 de outubro de 1819 a Mon­
senhor Jenny, pedindo-lhe a necessária autorização para dois eclesiás­
•14 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

ticos que se haviam disposto a acompanhar os colônios. Dois frades


capuchinhos haviam aceitado essa missão, mas Monsenhor Jenny es­
colheu o Padre Jacob Joye, cura de Villaz S. Pierre, e um jovem sa­
cerdote, Pe. Aeby, de Fribourg, com 25 anos de idade.
Gachet fez uma convenção com o governo de Fribourg para o en­
gajamento de colonos. O govêrno não tinha melhor ocasião do que
aquela para se livrar de certo número de indivíduos sem pátria, que
se tinham fixado no país. Favoreceu portanto o projeto.
Por sua vez, Monsenhor Jenny, que tinha recebido do govêrno
informações inteiramente tranquilizadoras, dirigiu a todos os curas
do Cantão de Fribourg uma carta que confirmava as promessas que
haviam sido feitas. Assim, no dia 4 de julho de 1919, domingo, os
colonos firbourguenses, em número de 783, com 300 colonos de Vaux
e de Vaiais, formando o primeiro núcleo da colônia, saiam ao meio dia
do pôr to de Estavayer, ao troar do canhão, e, depoi sde haver recebi­
do a bênção do Bispo de Lausanne, embarcaram em três grandes
barcas, e uma pequena suplementar, até Soleure.
Os Srs. Porcelet, e o Padre Joye fizeram desta viagem narra­
tivas cheias de interêsse. Mas não contaram tudo. Uma carta do
Padre Joye, datada de Basiléa, em 12 de julho de 1919, faz singulares
revelações sôbre as condições físicas e morais de alguns colonos. Cons­
tata como, a princípio, se estabelecera uma linha de separação entre
fribouguenses e valesianos. Tal linha era motivada pela imundície
de um certo número de emigrantes, infestados de sevandijas. Deu-se
fim ao inconveniente, colocando-se, a partir de Soleure, êsse grupo
em barcas separadas.
Agentes secretos semearam a discórdia entre os colonos, e pro­
curaram protelar sua partida. Gastava-se dinheiro inutilmente, po­
dendo-se acreditar que muitos estivessem completamente sem recur­
sos antes de chegar ao pôrto de mar.
A maneira pela qual se viajava era particularmente funesta sob
o ponto de vista moral. Uma mistura completa nas barcas, tanto de
noite como de dia. Havia mulheres prostituídas, e em Basiléa foi
necessário espulsar uma de Estavayer, e ameaçar outra. Os dois sa­
cerdotes fribourguenses faziam o que lhes era possível, mas não po­
diam estar em tôda a parte, e seus conselhos e recomendações perdiam-
se como a voz no deserto.
Em Soleure e Basiléa, o contingente de emigrantes foi conside­
ravelmente aumentado, e mesmo duplicado, com a chegada dos de So-
leure e Eucerna.
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 15

Aportaram a Basiléa no dia 9 de julho ,e, a 13 do mesmo mês par­


tiam em barcas cobertas de tábuas, e mais duas descobertas.
A colônia emigrante bivacou sucessivamente em Neu-Brisach,
em Kehl, em Mayence, em Colônia e em Dusseldolf ,onde chegou a 25
de julho. No dia 28 aportaram em Niniégue, na Holanda. Finalmen­
te a 29 atingiam Dordrecht. depois de 18 dias de navegação.
Permaneceram os emigrantes em Dordrecht de 29 de julho a 11
de setembro. Também se alojaram muitos na aldeia de Myls, a pe­
quena distância de Dordrecht.
Brêmond chegou a 8 de agosto, para providenciar os interesses
seus e dos emigrantes. Graças aos esforços do Sr. Porcelet, conse­
guiu-se que, a partir de 31 de julho, os colonos seriam sustentados à
custa do rei.
Em 11 de setembro partiu o primeiro navio, “ Daphné”, saindo as
outras embarcações no dia seguinte.
A permanência por meses nas terras úmidas e insalubres da Ho­
landa foi grandemente prejudicial. Aquela gente adquiriu o germe
de febres intermitentes, causa de grande mortandade tanto em terra
como no mar. Ao embarcarem em 11 de setembro, já mais de 40 pes­
soas haviam morrido depois da partida de Stavayer, e um número
mais ou menos igual se achava internado nos hospitais de Dordrecht.
Moralmente analisada, a situação era talvez ainda mais deplorável do
que sob o ponto de vista físico. O Padre Joye escrevia a Monsenhor
Jenny, a 19 de agosto, uma longa carta em que se referia às condi­
ções morais da colônia. “ Não podeis fazer uma idéia dos mãos indi­
víduos, sem fé, sem leis, sem instrução e sem costumes, que fazem
parte da colônia. Chega até o ponto de os menos suscetíveis de escân­
dalo se escandalizarem. Tem reinado até hoje, entre os emigrantes,
tal imoralidade ,tal escandalo, que, nem mesmo Paris, segundo dizem
os que conhece messa cidade, oferece maior espetáculo que êste por nós
presenciado. A principal causa de todo o mal deve-se às condições de
alojamento, e que foram impostas pela necessidade. Há cêrca de 200
pessoas alojadas no tpesmo compartimento, de tôdas as idades e sexos,
e os militares suíços estacionados em Dordrecht acham campo vasto
para as mais fáceis conquistas. Todavia cumpre fazer justiça a um
grande número de bôas famílias que são o nosso consolo, mas receia-
mos muito que uma viagem tão longa, e acompanhada de tantos exem­
plos não venha a perder a mocidade mais pura.
Os navios destinados ao transporte dos colonos eram mercantes,
belas embarcações, e bem providas. O maior comportava cêrca de 40o
pessoas.
16 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

O “Daphné” levantou âncora no dia 12 de setembro, pelas 6 horas-


da manha. O Padre Joye embarcou no “Urânia”, com 437 colonos, dos
quaes um bom número gravemente enfermos. Tanto que, François
Butty, de Mézieres, morria depois de dois dias de viagem.
Uma semana após, havia no “Urânia” 8 pessoas atacadas de febre
tifoide, e já se registravam 5 óbitos.
Iniciara-se a viagem com tempo relativamente propício, mas de­
pois sobreveio formidável tempestade. Nos primeiros dias de outubro
o tempo melhorou. A 17 dêsse mês, os marinheiros virão tubarões que
acompanhavam o navio. Pescaram um dêles. Aberto, encontraram
nas entranhas do peixe a cabeça e parte do corpo de uma criança, que
julgaram ser da filha de Pedro José Oddin, de Meziéres. A 6 de no­
vembro, o “U rânia” atravessava o Equador. Dez dias depois nova
tempestade, até que, a 30 de novembro sobreveio brisa favorável que
conduziu os navegantes ao pôrto do Rio de Janeiro.
O diário do Padre Joye fala também do restante da colônia.
1. ° O navio “ Urânia”, sob o comando do Capitão Boch, trazia
a bordo 437 passageiros, entre os quais o Padre Joye. Chegaram ao
Rio de Janeiro em 30 de novembro ,tendo perdido em viagem 109 pes­
soas, ou a quarta parte dos passageiros.
2. ° ,0 navio “Delby-Elisa” sob o comando do Capitão Sprangel,
trazia 233 passageiros. Chegaram ao Rio de Janeiro a 26 de novem­
bro, e a Nova Friburgo a 6 de dezembro, tendo perdido 26 pessoas.
3. ° O Navio “Daphné”, sob o comando do Capitão Koller, tra­
zia a bordo 192 passageiros. Chegaram ao Rio de Janeiro no dia 6 de
novembro, e em Nova Friburgo a 15 de Novembro. Perdeu na viagem
31 pessoas.
4. ° O navio “Elizabet-Marie”, sob o cômando do Capitão Strugh,
tinha a bordo 228 passageiros. Chegaram ao Rio em 7 de dezembro,
e em Friburgo a 18, tendo morrido na travessia 19 pessoas.
5. ° O navio “Hereux-Voyage”, sob o comando do Capitão van
der Cerer, trazia a bordo 437 passageiros. Checaram ao Rio de Ja­
neiro no dia 19 de dezembro, e em Nova Friburgo no dia 27, tendo
morrido 40 pessoas.
6. ° O navio “Deux- Catherines”, sob o comando do Capitão Rot,
tinha a bordo 357 passageiros. Chegaram ao Rio de Janeiro em 4 de
fevereiro de 1820, tendo morrido durante a travessia 77 pessoas.
7. ° O navio “ Canilla” sob o comando do Capitão Trippensée,
tinha 119 passageiros. Chegaram ao Rio a 8 de fevereiro de 1820,
tendo morrido durante a viagem 11 pessoas.
IMPOSTO
Talão do Im pôs to dc
Slza (tran sm issão de
propriedade), reata­
do de 23-11-1837, e C otíedoria das R endas N dcionacs do M unicípio da F ilia
relativo à com pra
das terras da Ses- de C antagaüo.
m aria de “Ita n e h a -
ria de d e n tro ” , nor ANKO F lK A t iC E U W DE l & V ' ---- 183 ?
3:0008000
- A . F. do L. de Receita fica lançada

a quantia áe «v-v-<£. ■ ■ ***■ *<

sQ *í . • :> ,s que satisfez j £

se deo este Conhecimento.

Kotocóp a do trecho dos a u to s de m edição ju d ic ia l da Sesm aria “ K anchaiTa de d e n tro ” , em


<1 ne se declara: — “são senhores e possuidores de m eia legoa de te rra em q u a d ra sita n e stas
Novas .finas do C antagallo, 11a P arage c h am ad a a R ancharia, que houverão por com pra que
íizerão ao R everendo Vigário o P adre F rancisco F erreira de Azevedo e hoje Excellentissinio
Bispo de M eliapôr” . D atado de 23 de novem bro de 1812. D ocum ento no Arquivo
Público N acional
m*i4gutÂ*£*««**&&à. "^-/<y«+/."***&/
(áí</**!*/&-• >rsi’íf%
.«•■&/<âr&/id&ij+*t*nt*d&uJmrt**'*ríftl•'**’•**,***•
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'i)“\ti
M apa d a Sesm aria de “ R a n eh a ria do N orte”, tam b é m o u tró ra d e n o m in a d a “ R a n e h a ria M ísti­
ca”, que p e rte n ce ra ao Padre Francisco Ferreira de Azevedo, que a re q u ere ra, p a ra depois
vender a Jo ão José P ereira. Èste vendeu as te rra s aos M o n n e ra t. D oação d a Sesm aria'
pelo Conde dos Arcos ,em 1807. O m apa se refere à m edição ju d ic ia l em 1812
Prefeitura de IVova Frib
Secretaria da Cultura
Cen /o de Documentação
Histórica - Pró-Memória
L IV R O DA FA M ÍL IA M Ü NN ERA T IV

' O número exato de mortos durante a viagem pelo mar foi de 313.
Vejamos pois quaes foram as perdas da colônia friburguense, que não
constituiu sinão a terça parte do total dos emigrantes. Desde o dia da
partida, 4 de julho de 1819, até a sua chegada ao Rio de Janeiro, 227
colonos fribourguenses, dos quais 89 adultos, e 138 crianças ,morre­
ram em viagem, a saber: 2 de Basiléa a Dordrecht; 23 em Dordrecht.
e 182 sôbre o oceano. Acrescentem-se então que 18 pessoas morreram
desde a data do desembarque no Rio de Janeiro, até a chgada a Nova
Friburgo até 5 de abril de 1822.
A colônia foi inaugurada a 17 de abril de 182o, sendo seu primei­
ro Vigário Monsenhor Miranda. (*) A 3 Ode abril desse ano, 15 pes­
soas foram recebidas na Religião Católica. A abjuração fez-se publi­
camente, antes do ofício paroquial, e Monsenhor Miranda, grande
chanceler do rei, serviu de padrinho de todos.
Segundo documentos oficiais, 1682 colonos chegaram a bom pôr-
to, 946 dos quais do sexo masculino, 736 do sexo feminino, formando
ao todo 261 famílias. Ora, segundo as cláusulas do contrato, deviam
ser transportadas para o Brasil 100 famílias somente.
Depois verificou-se a impropriedade das terras, muito pouco fér­
teis.
Em 6 de maio de 1822, o Padre Jove escrevia que Nova Friburgo
estava quase deserta. Os colonos trabalhavam em terras ruins. Bom
número deles estava empregado no Rio de Janeiro. Outros se tinham
dirigido para os lados de Cantagalo, região mais fértil, onde compra­
ram propriedades agrícolas. O número dos infelizes era sempre cres­
cente. Todavia o govêrno brasileiro concedia ainda subsídios, mas
eram insuficientes para aliviar eficazmente tantas misérias. Por isso,
vemos fundar-se no Brasil, já em 31 de maio de 1821, uma sociedade
filantrópica em favor dos colonos de Nova Friburgo.
Apezar dos socorros vindos do estrangeiro, o futuro da colônia
perigava. Eis os termos em que o govêrno do Brasil falava a respeito
num memorial distribuído às Câmaras em 1855: “ Mal dotada de ter­
ras, a colônia de Nova Friburgo, decana das colônias brasileiras, desde
a sua própria fundação, viu o começo da emigração de seus habitantes,
a ponto de, já em 1825, constatar-se que nada menos de 605 colonos a
haviam abandonado. Os que a deixavam foram em busca de terras
(*) E ngano de J . C onus. O p rim e iro vigário foi o P a d re Ja c cb Joyc, q u e cu ro u
cia paróquia desde 1820 a té 1863. A com panhou os e m ig ran te s no fa tíd ico navio "U râ n ia ” .
T inha então 30 anos, conform e “Os d o cu m en to s d a colonização su íç a ” . M onsenhor M ira»-
da era Inspetor d a C olônia.
j,r RAYMUNDO BAN DEIR A VAUGHAN

fliais íerteis, em diversas partes da Província, onde trabalham, e onde


muitos são hoje ricos lavradores.
Acrescente-se a êste pequeno relato terem algumas famílias vol­
tado à Suíça, depois de haverem sorvido até a última gota a taça das
decepções, de sorte que, hoje, no dizer do celebre geógrafo Elizée Re-
clús, não existem em Nova Friburgo sinão duas ou três famílias do
Cantão de Fribourg.
j . Conus. Cônego Reitor
Fribourg, 11 de março de 1918.”
JU n d a aó im p > ie * íé ã e * í d o (P a cO ie ty o y e

O “Jornal do Comércio”, do Rio, de 6 de agosto de 1944, publicou


extenso artigo do escritor Afonso de E. Taunay, ao comentar o “ Diá­
rio do Padre Joye, capelão dos emigrantes suiços, e seu primeiro Vi­
gário em Nova Friburgo, onde permaneceu a frente de seus sagrados
ministérios por mais 40 anos. Aqui transcrevendo, data venia, o re­
sumo désse precioso repositório de informações, apenas suprimimos
muitos pormenores já descritos por J. Conus, na “ História da Emi­
gração Friburguense para o Brasil.
“ Numa publicação as “Nowuelles EJtrennes Fribourgeoises”,
almanaque das cidades e dos campos e nos números relativos a 1878,
1879 e 1880 encontram-se umas tantas páginas referentes à primei­
ra emigração suíça para o Brasil (1819-1820) em que há coisas inte­
ressantes e pensamos que jámais traduzidas para o português ou pelo
menos divulgadas em nosso país.
Devemos o seu conhecimento ao prezado e eminente amigo, o
Rev. Pe. D r. Maurilio Penido que, numa cátedra da Universidade
Católica de Friburgo: onde professava teologia, tanto dignificou a
intelectualidade brasileira. Ao mesmo tempo que por meio de suas
obras filosóficas angariava o mais alevantado renome nos meios es­
pecializados de tôda a Europa ocidental.
Assim, por exemplo, ocorreu com os seus estudos sôbre Bergson
e sua filosofia.
Nestes três volumes do almanaque suiço aparece-nos impresso
manuscrito até então inédito da autoria de Abbé Joye. Foi êste sacer­
dote o Capelão das centenas de seus compatriotas que das suas terras
helvéficas se encaminharam à Guanabara, devendo instalar-se na nova
fundação de Dom João VI, a colônia pelo monarca mandada estabele­
cer no Morro Queimado, e hoje representada pela bela cidade flumi­
nense de Nova Friburgo, como todos sabem.
20 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

O prefaciador aliás anônimo, do relato do Padre Joye começa a


sua introdução por umas tantas considerações muito judiciosas, apre­
sentando as tristíssimas condições econômicas em que se achava a
Europa após as carnificinas do Primeiro Império, e a queda de Napo-
leão Bonaparte.
Diz o prefaciador que D. João VI recorreu à imigração suíça
porque os cidadãos da República Helvética não lhe podiam ser susr
peitos nem causar-lhe preocupações de futuras reclamações apoiadas
por forte poderio militar.
Servidores fieis das bandeiras sob as quais se azilaram, eram
os helvéticos ao mesmo tempo excelentes lavradores.
Quem não se lembrava dos heróicos soldados da Quarda Suíça
das Tulherias massacrados com seu heróico chefe, o marquês de Mail-
lardor na sinistra jornada de 10 de agosto de 1792, sacrificando-se
para não trair o juramento a sua bandeira?
Franceses se ofereciam também, mas o monarca luso desconfiava
dá irrequietude dos antigos veteranos das hostes napoleônicas de que
tanto tinham êle e os seus súditos motivos dá mais grave queixa.
E andara muito bem, pois.à experiência do Texas ,realizada pelos
irmãos Lallemant daria muito maus resultados.
Deveu-se a fundação de Nova Friburgo à inicativa de Nicolau
Sebastião Gachet, nascido em Gruyéres no cantão de Friburgo. Anti­
go secretário particular de Joaquim Murat, rei da Nápoles, homem
inteligente e honesto foi o entusiasta propagandista da imigração hel­
vética para o Brasil.
Conseguira convencer a muitas centenas de compatriotas a éjue-
fossem tentar vida nova na grande colônia portuguesa da América.
Mil e cem homens e mulheres, velhos e crianças saíram a 4 de
julho de 1819 do pôrto de Estavayer sob salvas de artilharia e depois
de ter sido a sua caarvana abençoada pelo Bispo de Genebra e Lau-
sana, Mons. Jeny.
Inumerável multidão de parentes e amigos dos que partiam assis­
tiram ao espetáculo. Compunha-se esta primeira leva de mil e cem
friburgueses ,valdenses e filhos do Cantão de Vaiais.
O itinerário marcado era Soleure e Basiléa onde deveríam os
imigrantes descer o Rheno até a Holanda para em Rotterdam embar­
car para o Brasil.
Descreve o cura Joye agradável mas sucintamente as impressões
havidas na passagem pelas diversas grandes cidades do longo percurst -
terrestre e fluvial.
t

LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 31

Navegaram os expatriados em oito barcaças grandes, das quais


duas sem coberta e nada confortáveis.
Refere-se ao que achou de mais digno de nota em Basiléa e Mo-
guncia, cujos famosos presuntos não lhe pareceram melhores do que
os de Friburgo, Spira, Mannheim, Colônia, cidade grande e bastante
mal edificada.
Fm Dusseldorí com grande espanto da população celebrou missa
cantada na igreja paroquial.
Depois de entrados na Holanda, passaram os imigrantes pela
bela cidade Nimega e por Dordrecht, indo acampar em Myll onde es­
tacionaram de 30 de julho a 12 de setembro com grave dano para a
saúde, obrigados a permanecer em lugar empantanado. mal alojados
em bivaque se barracas, a dormir em tulhas e galpões húmidos.
Desta longa estada proviríam os germes de epidemia que muitas
vidas ha veria de destruir na travessia marítima.
Aproveitou o abbé Jeve a parada forçada das vizinhanças de
Dordrecht para fazer bela excursão pelas principais cidades da Ho­
landa. Assim esteve em Delft, Rotterdam, Amsterdam, Leyde, Gouda
e na Hava. Gostou imenso de tudo quando viu sobretudo de Amster­
dam "‘muito bela e grande cidade de cento e quarenta mil hibitantes” .
A enorme parada dos futuros colonos do Brasil nas vizinhanças
de Dordrecht se deveu às dificuldades e contratempos experimentados
pelo S r . Gachet. No Havre para onde fora, não conseguiu fazer com
que saissem os viveres ali comprados para a subsistência de sua cara­
vana durante a travessia do Atlântico.
Sete foram os navios que formavam a esquadrilha dos imigran­
tes o Daphié (Capitão Keller) com 233, o Urânia (Capitão Bock),
com 437; o Elisabeth Maria (Capitão Struyk), com 228; o Heureux
S/ oyage (Capitão Van der Cerer) com 437; o Deux Catherines (Ca­
pitão Bot) 357 e o Canilla (Capitão Tripensee) com 119.
Assim ,de Rotterdam e de Amsterdam entre 11 de setembro a
11 de outubro de 1819 sairam para o Brasil 2.003 suíços pôsto já
diversas novas levas se haviam incorporado à primeira, a do abbé Joye.
Partiu o cura a bordo do Urânia onde não tardou a ocorrer gran­
de número de falecimentos. Como aliás também se deu a bordo do
resto da esquadrilha .
Eram as funestas consequências de tão longa permanência da­
queles pobres expatriados nos pântanos de Myll.
Sepultaram-se no Atlântico nada menos de 21-3 imigrantes, dez
por cento de seu total. Foi sobretudo no Urânia e no Deux Catheri-
22 RAYMUNDO B AN DEIR A VAUGHAN

nes, que os falecimentos avultaram, no Urânia 109, (vinte e cinco


por cento), no outro 77 (22 por cento) .
A travessia do Oceano pelo Urânia foi pouco agradável. Mar
muito grosso, dias e dias a fio, que fazia o navio jogar pavorosamen-
te, provocando cenas de desespero entre os colonos cuja maioria põe-se
a enjoar extraordinariamente, agravando-se e muito com o balanço o
estado dos numerosos enfermos dentre os quaes muitos variolosos.
Diariamente eram entregues às vagas cadáveres e mais cadáve­
res. Esteve o Urânia na iminência de encalhar na costa inglesa e ao
sair, da Mancha sofreu terrível temporal de que resultou a quebra do
seu mastro grande cuja altura era superior a 25 metros.
Estacionou o malfadado navio alguns dias no porto do Funchal
o que trouxe extraordinário alivio aos pobres viajantes a quem, aliás,,
o comandante e a oficialidade procuravam, de todos os modos, minorar
os sofrimentos.
Navegando para o Sul cortou o Urânia o Equador o que provo­
cou a festa obrigatória do batismo da linha. Descreve-a o brim padre
vivazmente.
Continuava a forte mortalidade entre os colonos mas nasceram
algumas crianças. Entre outras certa Sebastiana Equey que deve
provavelmente ter sido filha da ama de leite de Dom Pedro II, Catha-
rina Equey.
Aproximando-se o Urânia das costas brasileiras sofreu terrível
tempestade.
A 25de novembro verificou-se a aparição de dois navios portu­
gueses havendo então troca de tiros o que causou verdadeiro pânico
entre os imigrantes, certos de que os tais barcos eram de piratas bar-
barescos.
A 28 avistaram os passageiros a fortaleza de Santa Cruz mas o
seu navio por falta de vento favoravel só pode atravessar a barra da
Guanabara no dia 30.
“ É impossível gozar da mais bela vista do que a que se oferece
à entrada da baía do Rio de Janeiro, escreve o abbé Joye” .
Subiram a bordo do Urânia, pilotos, diversos funcionários adua­
neiros e policiais .
Espantaram-se todos de tão avultado número de falecimentos
ocorridos durante a travessia.
Ficaram os colonos impedidos a bordo mas não os seus lideres.
Assim pode o padre Joye visitar o Rio de Janeiro, “cidade de casas-
LIVRO DA FAM ÍLIA MONNERAT

terreas, assáz mal edificadas, embora aparentemente sólidas, e de de­


testável pavimentação” .
Os arredores da capital brasileira eram mais belos do que a parte
urbana.
Durante o dia só se viam negros pelas ruas cariocas. Eram os
que faziam todos os serviços. “ O modo pelo qual êstes infelizes são
tratados me causou tão penosa impressão que com impaciência espe­
rava o momento de voltar para bordo”, comenta.
Foram os suíços avisados de que deviam preparar-se para partir,
dentro de três dias para “Tambí depois da revista que dêles faria
Dom João V I” .
“Quis apresentar as minhas homenagens a Sua Excelência Mon­
senhor Miranda, grande chanceler do Reino e inspetor da Colonização
mas soube que se achava em Tambí tratando dos interêsses e da re­
cepção dos colonos” .
Encontrei o seu oficial de gabinete que se ofereceu a me levar a
Capela Real.
Era festa da Côrte. Tôda a Familia Real assistia à missa e na
procissão que a esta se seguiu vi todo o clero secular e regular, aliás
muito numeroso.
Após so ofício um ajudante de ordens propôs-se a apresentar-me
ao Rei, honra que aceitei pressurosamente.
Assim fomos ter ao Paço onde. após alguns momentos de espera
vieram anunciar-nos que eu fôra admitido à audiência de Sua Ma­
jestade .
Estava o Rei de pé em frente a uma mesa. Saudei-o por inter­
médio de três profundas reverências de distância, e a êle achegando-
me beijei-lhe a mão segundo também a praxe portuguêsa.
Conversámos um quarto de hora acêrca de nossa viagem e o es­
tado físico e moral dos colonos. Agradecí a Sua Majetsade a honra
que me fizeram admitindo-me a sua audiência e retirei-me fazendo as
reverências da etiquêta.
O primeiro veador acompanhou-me até à porta e deixei o Paço
encantado pelo acolhimento cheio de bondade com que me vira honrado.
Após a audiência voltei para bordo pois sentia a melancolia inva-
dir-me ao percorrer aquelas ruas de repelente sujidade e vendo aque­
les negros, aqueles escravos andrajosos tratados como se fossem bes­
tas de carga, espetáculo feito para partir o coração de um estrangeiro.
A 2 de dezembro D .João VI e a família real tôda subiram a
bordo do Urânio-, no navio visitou o monarca com todo o ínterêsse
vendo-se aclamadíssimo ao som dos Viva o Rei!
24 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Apenas se retirou o soberano começou o desembarque. Em filei­


ras seguiram os colonos para Itambí, (a 9 de léguas da capital). Ali
descançaram até o dia 6.
La estava Monsenhor Miranda a recebê-los e tomando provi­
dências para o seu abastecimento.
“ É impossível exprimir o que foi a bondade e a cordialidade do
acolhimento dos nossos colonos.
A seis partiram êles para Mocacie (?) (provavelmente Macacú)
onde ficaram os doentes até que pudessem seguir viagem.
Prosseguiu a jornada dos imigrantes agora realizada em gran­
des carros de boi puxados por três e quatro juntas. A 7 passou a ca­
ravana pelo Colégio; a 8 estacionou ha grande fazenda do Coronel
Ferreira onde permaneceu dois dias. A 10 dormiu no Registro da
Serra que provavelmente era o Registro da Serra.
A 11 chegou a Morroqueimodo (sic) ou Nova Friburgo, lugar
de seu destino e onde desde alguns dias já haviam entrado os passa­
geiros da Daphne e da Delby Elisa.
Havia Sua Majestade mandado construir para nós não simples
barracas segundo o trato, mas verdadeiras casas de quatro cômodos
sem cozinha, porque nas colônias cozinhava-se ao ar livre ou nos pró­
prios quartos (sic) .
Cinco navios do comboio aportaram ao Rio de Janeiro, de 4 de
novembro a 17 de dezembro de 1819. Os dois últimos ancoraram a 4
e 8 de fevereiro de 1820.
E todos os seus passageiros dentro de dez dias subiram os Órgãos
chegando a Nova Friburgo.
O Duas Catarinas (*) foi o que mais ronceiro se mostrou gas­
tando de Rotterdam à Guanabara nada menos de 143 dias! A Daphne
fizeram o mesmo percurso em 53 dias.
Foram estas as primeiras impressões de Abbe Joye: Acha-se
Nova Friburgo situada numa pequena planície rodeada de todos os
lados por montanhas muito altas. Tem bom solo mas de cultura mui­
to difici! em virtude da configuração acidentada.
Chegaram os colonos na estação chuvosa; raro o dia em que as
cataratas celestes não se despejassem em tornando as estradas quase
impraticáveis.
( ') O bservação. R egistre-se a divergência e n tre a a firm a tiv a de te r sido o veleiro
D uas C a th a rin a s” o m ais vagaroso. J . C onus, com o vim os, m en c io n a as d a ta s d a chega­
d a ao Rio de Ja n e iro , de 4 de fevereiro de 1820 p a ra o “D eux C a th e rin e s" e 8 de feverei­
ro a p ra o “C a n iila ” . A d ivergência em n a d a a lte ra o se n tid o h istó ric o d a n a rra ç ão .
M apa da S uíça. “A” PORRENTEUY, cidade onde o n o tá rio legalizou o docum ento de bòa c o n d u ta de Francisco X avier M o n n e rat. “B" COR-
NOL, logarejo onde os M onnerat tra b a lh a v a m n a ocasião em q u e d ecidiram su a vinda p a ra o B rasil. *‘C” DELEMONT, c a n tã o de B erna, séde do
term o, onde se acu a a localidade dc VERMES, te rra onde nasceram quase todos os filhos de F rancisco X avier. “D” G rin d e t. Soleure (S o lo tu n io ),
onde nasceu \ n n a M aria H eggendorn. “ E” Sursee, C antão deLucerna, vilarejo de onde v ieram os E utterD ach
\ la^ein dos e m ig ran te s suíços, désde o Lago de N euehatel .através rios e canais, a té Basiléa,
onde e n tã o se c o n ce n tro u a m u ltid ão de ri.000 pessoas. De Basiléa, Kheno, abaixo p a rtira m
a l i de ju lh o de 1819, para chegar a D ordrecht, com 18 dias de navegação flu v ia l. A linha,
b ranca a ssin ala o roteiro da em igração su íça a té o pô rto de D ordrecht H olanda
LIVRO PA FAMÍLIA MONNERAT

A partilha das casas e terras só se efetuou depois da vinda de


todos os colonos de modo que os primeiros chegados tiveram que ficar
inativos •
Facultava-se-lhes contudo trabalhar para o Governo como dia­
ristas dando-se-lhes soldadas de trinta vinténs. E mesmo mais segun­
do a proficiência do operário.
Assim havia quem recebesse quatro francos por dia além de co­
mida, mostra da bondade do Rei que tudo fazia para favorecer os seus
colonos suíços.
Subiu Monsenhor Miranda a Friburgo a 4 de março de 1820,
ocupou-se em organizar as familias agrupadas voluntariamente em
núcleos de 16, 17 e 18 indivíduos.
Terminada esta operação ocupou-se com a distribuição das obras
públicas tais como estradas, valas, jardins etc.
A 17 de abril ocorreu a cerimônia solene da inauguração da “ci­
dade” .
No meio da praça pronunciou o Sr. Porcellet um discurso que
preparara para tal circunstância e terminado por três aclamações de
Viva o Rei! Â noite foram tôdas as casas iluminadas.
A 30 de abril nova solenidade :a cerimônia de abjuração de quin­
ze colonos que ingresaram nas fileiras do catolicismo, abjuração pú­
blica antes da missa paroquial.
A isto seguiu-se o batismo condicional dos neófitos, todos afilha­
dos de Monsenhor Miranda.
Retirou-se êste para o Rio de Janeiro a 3 de maio e teve brilhan­
te bota-fora. Nada menos de 220 suíços a cavalo o escoltaram por
largo trato de estrada.
Continuava o bom Monsenhor a interessar-se muito pela melho­
ria da sorte dos protegidos.
A 22 de junho reapareceu afrontando as canseiras da viagem que
nada tinha de confortável aliás.
A primeira grande cerimônia pública ocorrida em Nova Friburgo
deve talvez ter sido a de 6 de agosto de 1820 “ festa esplendida”, relata
a inauguração da Praça Dom João VI, do prédio da escola pública e
do hospital.
Foram êstes diversos monumentos (sic) solenemente oferecidos
à comunidade após a cerimônia da benção relata-nos o pároco, haven­
do diversos discursos alusivos aos atos segundo reza a velha chapa.
Por ocasião da festa na praça D. João VI falou o delegado de
policia Sr. Quevremont. Na escola orou o Sr. Porcellet e no hospi­
tal o D r. Bozet médico da colônia. O encerramento das festividades
26 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

fez-se por meio de um sermão do Padre Joye e um Tc Demn em ação


de graças.
Já nesta ocasião o cura e o médico podiam ostentar no peito as
veneras da ordem de Cristo que El-Rei lhes outorgara por sugestão
do Monsenhor Miranda.
A 24 de junho publicou-se o decreto fixando a congrua do pri­
meiro pároco de Nova Friburgo, suplementada por uma gratificação”.
Diz o redator das Nouvelles Etrenncs Fribourgeoises que a par­
tir desta informação nada mais se conhece do diário manuscrito do
abbé Joye. Até a data da publicação do almanaque (1880) ficara
absolutamente inédito. E ignorava-se o paradeiro da provável con­
tinuação o que é pena pois podia vir a ser abundante fonte de documen­
tação para a história dos primeiros anos da antiga colonização do
Morro Queimado” .
Afonso de E . Tm tm y
(?M que êóte VmAuüux
Brazões de família?
Interesses históricos ?
Genealogia dos Monnerat?

Propuzemo-no.s publicar estas notas sob a inspiração cte


um dever a cumprir. O Brasil, sempre decantado como país novo.
parece impelido pelas circunstâncias inelutáveis ao desprezo das pró­
prias tradições. Na ancia do progresso — que nos é espontâneo e
irreprimível — quase tudo que nos foi legado pelos nossos antepassa­
dos é esquecido. Sobretudo, para exaltarem-se glórias efemeras de
pechisbeque, poderá surgir por aí a idéia de apagar MONNERAT,
como se chama a localidade no Município de Duas Barras, há mais de
meia centena de anos. Demonstraremos como seria odiosa e injusta
semelhante alteração de nomes. O nacionalismo salvador do Brasil
depende de outros fatores bem conhecidos da opinião pública. Ou­
tros tantos nomes, também, de origem ibérica, catastróficos para a
Nação, não pululam como cogumelos por tôda a parte e dependên­
cias neste Brasil imenso? Berlin, saibam pressurosos j-ograis de pa-
triotada inculta, é o nome de mais de 30 cidades de nossa incompará­
vel irmã a República dos Estados Unidos da América do Norte, e
que nem por isso, correu o risco de perder a Guerra!
À Família Monnerat, cuja memória inscreveu-se no pequeno cen­
tro urbano fluminense, vive em sua nova pátria há mais de 120 anos.
Sua árvore genealógica abrange ramificações exuberantes, entrelaça­
das com muitas famílias de origem suíça, e outras genuinamente bra­
sileiras. Seja aqui proclamado: Não há notícia de qualquer processo
criminal contra os Monnerat. Aliás, tal elogio se estende a imensa
maioria dos decendentes daqueles bravos suíços, ora per feitamente
integrados na comunhão nacional.
ÍS RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

A Vila de Monnerat fundou-se no Estado do Rio de Janeiro há


mais de meio século. Foi homenagem à família Francisco Xavier
Monnerat e Elizabeth Koller, modestos lavradores da Suíça, povo tra­
dicionalmente operoso e digno, senhor das mais nobres qualidades de
patriotismo exemplar. Essa família, que recebeu o número 62 nos
lotes de imigrantes recebidos pelo Brasil há 125 anos ,aqui se instalou,
venceu penosamente tôda a escala de vicissitudes, pagou com o próprio
sangue a luta contra a natureza virgem da região escolhida para novo
lar, e afinal conquistou, em muitas gerações, o direito de ser admirada
e respeitada pelos seus concidadãos.
Os Monnerat, como a grande maioria dos grupos de famílias suí­
ças* aqui chegadas em 1819-1820, radicaram-se definitivamente em
nosso país. Lembraram-se da Pátria distante, com o fervor carinhoso
tão próprio daquele povo modelo de tôdas as democracias mundiais,
e souberam incutir no animo de seus decendentes as virtudes do traba­
lho, da sobriedade de hábitos, do equilíbrio financeiro e econômico
Muitos outros fracassaram, é incontestável. Mas foi crime en-
gazupar-se o emigrante com miragens e prometimentos, ao pretende­
rem instalar europeus habituados à agricultura, embora rudimentar,
em terrenos sáfaros! Não esqueçamos, também, como, na época de
1819-20 ainda se achavam as vizinhanças infestadas dos residuos das
tribos, especialmente Puris, índios quase nômades, indolentes, que vi­
viam de parazitar tôdas as lavouras das serras fluminenses. Discute-
-se a conclusão do sábio Reclús, de que, no tempo de suas viagens pelo
Brasil, não existiriam mais do que duas ou três famílias do Cantão
de Friburgo na Colônia suíça. Contudo, seria facilimo trazer-se a
lista enorme dos decendentes das famílias de outros Cantões, no atual
Município de Friburgo e tôda zona circumvizinha, população possui­
dora dás mais altas qualidades morais e cívicas, que iá produziram e
produzem esplendidos ornamentos em tôdas as classes e profissões do
Brasil.
O estudo e as investigações genealógicas da família Monnerat
outrotanto não visam reivindicações de fóros de nobreza, pois somos
dos que julgam melhor íidalguia a lastreada pelo trabalho que digni­
fica o homem, e pela retidão de caráter que tem sido uma das princi­
pais virtudes dos decendentes dos imigrantes suíços. Que interesse
propriamente histórico poder ia oferecer o relato da vida simples, quo-
tidianamente penosa do trabalho rural dos colonos e sua prole, sinão
através do exemplo vivido de como a tenacidade e a honestidade aca­
bam vencendo, e elevam o nome originàriamente humilde à beneme-
rência pública? Se apresentamos a genealogia dos Monnerat. no Bra-

I
• Prefei(„ra cte ílliva Ffiburgo
SowoíarSi de^ íu|tura a
. ? 19 :üm9ntação
*íí icrica - Pró-Marnória
L IV R O DA F A M ÍL IA M O NN ERÀ T 29

sil ,que nosso esforço vise proporcionar os marcos fundamentais dessa


família, aqueles que procurem conhecer as fontes do sangue suíço,
clessa estirpe de legítimos camponeses do Cantão de Berna^os Monne-
rat que emigraram para aqui em 1819-20.
A Vila de Monnerat „estação da Estrada de Ferro Leopoldina,
fóra, de início, simples parada de trens ,para passageiros, encravada
em terras da fazenda “ Nossa Senhora da Guia”. A produção inten­
sificada das grandes propriedades agrícolas dos Monnerat, ramo,
então constituído pela firma Viuva Monnerat & Filhos, impôs a cons­
trução da estação local, tendo sido todo o material fornecido gratuita­
mente pela referida família. O comércio floreceu em torno, estabele­
cendo-se nos terrenos loteados para êss fim.
Ao centro da povoação nascente, ergue-se a igreja de “ Nossa Se­
nhora da Guia”, construída em 1891, e doação, ao povo, pela família
Monnerat.
Como tóda cidade do interior, tem conhecido prosperidades e
adversidades, conforme os ventos sopram contra ou a favor dos que
lavram a terra dadivosa do Brasil. A estrada de ferro, e os poderes
públicos, reconhecendo, há meio século, os esforços, a generosidade, o
patriotismo dos Monnerat, deram seu nome à estação. Hoje, a Vila
de Monnerat é o 2.° Distrito do Município de Duas Barras. Justa
homenagem à família suíça que veio emigrante, paupérrima, em trá­
gica viagem, lutou heroicamente contra o ambiente agressivo das ma­
tas virgens ,e venceu.
« T -jq jm U U x i a .° 6 2 »

Francisco Xavier Monnerat, sua mulher Elizabeth Koller e 7


filhos.
Quem conhece o trabalho de investigação, no Brasil, de tudo o
que se refere ao passado, não ignora as dificuldades em penetrar nos
fatos e ocurrências de mais de século, principalmente em se tratando
da vida de modestos lavradores, gente por sua própria índole resguar­
da da evidência.
Os Monnerat, conforme “ Documentos sôbre a colonização suíça”,
cuidadosamente guardados na Prefeitura de Friburgo, viajou no navio
“ Canilla”. Peior teria sido no “Urânia”, que se transformou em
câmara mortuaria de 109 criaturas humanas, lançadas de suas amu­
radas, mais de um cadáver ao mar, e por dia de viagem. Os decenden-
tes dos Monnerat receberam por tradição o relato dos horrores daque­
la trágica travessia do Atlântico. Assim mesmo, o “ Canilla” sepul­
tou no oceano 11 passageiros.
Imaginemos a família de estrangeiros, de emigrantes em plena
indigéncia, composta do chefe, sua mulher, e sete filhos, quase todos
batizados na Igreja Paroquial dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo,
de Vermes-Delemont. Os pais tinham trabalhado, por último, numa
granja em Cornol, a pouca distância da fronteira da França. Ante­
riormente, quando nascera a filha Maria Bárbara Regina, afirma a
certidão de batismo, viviam na Vila Longpres, em Anvelier. Já vimos
como a família Monnerat, desde o século XV fôra assinalada nos Can-
tões de Fribourg e Vaud, e o último abade do mosteiro de Hauterive
era dessa família. Que parentesco teria êsse monge ilustre com o
emigrante em 1773. A vida operosa de Francisco Xavier desdobrou-
se pelo menos em duas localidades: Cornol e Longpres. Veio para o
Brasil com seus filhos, o mais velho, Ursulo José, com 18 anos, a mais
pequena, Maria com apenas 5 anos.
32 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Se todos emigraram naquele período de misérias na Europa, obe­


deciam ao imperativo da própria salvação. Desembarcaram no Rior
e partiram imediatamente para “ Morro Queimado”, Nova Friburgo.
Caminhada a pé, e, quando muito, em carros de bois, através a Bai­
xada Fluminense, 100 quilômetros de “ Pôrto das Caixas”, ou “ Itam-
bí”; durante os grandes calores e época chuvosa de fevereiro!
Avaliamos sôbre tudo a decepção dos viajantes, homens habitua­
dos ao cultivo da terra, ao encontrar, nos “ Números”, o ambiente que
lhes tinham informado ser o melhor possível, mas que se evidenciava
impróprio, em grande parte, a qualquer cultura, além da falta absoluta
de mercado e transportes aos centros de consumo. Assim iniciavam
nova vida, tendo feito parte de um bando de cêrca de 2.000 pessoas.
Quanto tempo teria permanecido a família 62, de Francisco Xa­
vier Monnerat, no “ Números” ? Eis minúcia que não pode ser escla­
recida com absoluta segurança. O que se sabe é a luta heróica, com
seus filhos de menor idade. Há, no registro de óbitos da Matriz de
Friburgo, lançado pelo Padre Joye, o assentamento da morte da
menina Maria, a 20 de abril de 1825, falecida, pois, com 12 anos in­
completos. Maria morreu enquanto seus pais lutavam no auge da
miséria, sem assistência médica, pela falta de recursos. Isso diz a
tradição. *
Decorreram 17 anos, de 1820 a 1837, sem que pudéssemos sur­
preender qualquer episódio econômico na vida da família Monnerat.
Na Matriz de Friburgo, graças à gentileza do boníssimo monsenhor
José Teixeira, digno Vigário da Paróquia, vimos um caderno, ma­
nuscrito, do tempo da instalação da colônia suíça. As primeiras pá­
ginas estão arrancadas! Trata-se do registro minucioso de inúmeras
famílias de imigrantes. Nele constam o “número” da família, os
nomes dos pais e filhos, origens, casamentos e datas de mortes. Foi
escrito pelo Padre Joye. Nos assentamentos da Matriz de Friburgo
esta o sobrenome Koller grafado dessa forma, enquanto, nas escritu­
ras que reproduzimos adiante, escreveram Coller.
A família Monnerat trabalhava sem desfalecimentos. Os filhos
atingiam a puberdade. O mais velho, Ursulo José, a 28 de março de
1826, casava-se com Maria Izabel Cortat. Seus outros filhos, como­
veremos nas datas assinaladas nas notas genealógicas, casaram-se
mais tarde. Sebastião permanecera solteiro, e, aos 34 anos, morrería
de desastre, em 1845, conforme relataremos adiante.
Em 23 de novembro de 1837, reaparecem os Monnerat em do­
cumento público, dessa vez como proprietários de terras em maior
escala.
( róq ois do reco n h ecim en to do Rio M acaco, lev an tad o em 181!), inclusive e strad a que c o n d u ­
zia t Nova F rib u rg o . F o to stá tic a do origina! no A rquivo Público N acional. C o n state-se a
fa lta de senso dos q u e im ag in aram tra ç a r no papel c e n te n a s de q u a d ras de terra s, m orraria,
p edreiras, solos de tô d as as qualidades, inclusive im próprios a q u a lq u e r c u ltu ra ! Longe de
m ercados, de recursos, m an d a ra m in sta la r n u m ero sa colônia de lavradores estran g eiro s !
Casa onde se hospedaram Francisco X avier M onnerat, su a m u lh e r e filhos S ebastião. F ra n - ■# j
cisco, João José e H enrique, q u a n d o com praram a Sesm aria de “ R an ch aria do N o rte” . Essa
casa, ex isten te ainda, em te rra s ocupadas pela “ G ra n ja José C o nstancio”, sob a colina onde
se erguo a Vila B erchm ans, é de páu a pique, so alh ad a com taboado de cedro de e n o rm e larg u ra ,
pregos forjados. Foi aí que residiu a fa m ília em 1837 d u ra n te o tem p o in d isp en sáv e l à*
c o n stru çã o da casa de sede da fazenda, no local ao lado da a tu a l casa g ra n d e de
“ R an ch aria do N orte”
LIVRO DA FAMÍLIA MONJMERAT

João José Monnerat e seu irmão Sebastião Monnerat adquiriam,


por compra, de Manoel José Pereira e sua mulher Vitória Maria do
Amor Divino a Sesmaria de “ Rancharia mística, dita do Norte”, pela
importância de três contos de réis, sendo um conto e quinhentos em
dinheiro, e mais duas “letras seguras” de Cr$ 750,00 cada uma, ven­
cíveis a 12 e 2 4meses daquela data. Firmaram então o “papel de
trato”, aqui reproduzido, e completado posteriormente pela escritura*
definitiva.
Expliquemos, aqui, minúcia interessante sôbre a Sesmaria com­
prada pelos irmãos João José e Sebastião Monnerat, em 1837. As
rerras eram concedidas, em quadras, com 400 alqueires de 27.225
mts2. Requerera, como mostra o documento transcrito, o Vigário da
Freguezia de Santo Antônio de Sá, na Baixada Fluminense — locai
de que restam apenas ruinas, próximo a Pôrto das Caixas. A medição
judicial, promovida por Manoel José Pereira, data de 1812. Em 1837,
quando os Monnerat compraram a Sesmaria, as terras continuavam
incultas, mesmo porque os vendedores residiam noutra propriedade
em Sumidouro. O Vigário Pe. Francisco Ferreira de Azevedo, já
em 1812, era Bispo de Meliapôr, na índia. Veja-se na ilustração
o trecho da medição judicial da Sesmaria de “ Rancharia do Norte”,
documento existente no Arquivo Nacional.
Concessão da sesmaria de Rancharia do Norte, em 18o7,
ao Padre Francisco Ferreira de Azevedo, Vigário cola­
do na Vila de Santo Antônio de Sá.
Cópia ipsis verbis do documento original.
“ Dom Marcos de Noronha e Britto Conde dos Arcos do Conse­
lho de Sua Alteza Real Vice Rei e Capitão General de Mar e Terra
do Estado do Brasil.
Faço saber aos que esta minha Carta de Sesmaria virem, que atten-
dendo a Representar-me o Padre Francisco Ferreira de Azevedo Vigá­
rio Colado na Villa de Santo Antonio de Sá, que elle pretende estabe­
lecer numa Fazenda por ter possibilidade para o fazer, e como na.-s
Novas Minas de Cantagallo se achão terras devolutas, me pediu lhe
fizesse Mercê conceder de Sesmaria meia legoa de terras em quadra
na da Rancharia pela parte do Norte, partindo por hum dos lados com
a Sesmaria que foi concedida a Antonio José de Crasto, e hoje ,de
Manoei José Pereira, c pelo outro lado co mquem direito for; e sendo-
visto o seu requerimento, e a informação que deu a Camara de Ma-
cacú, aquem se não offerece duvida, nem a terem o Dezembargador
Procurador da Coroa e Fazenda, e o Conselheiro Chanceller: Hev
**' RÀYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

por bem dar de Sesmaria, em Nome de Sua Alteza Real, em virtude


da Real Ordem de quinze de Junho de mil setecentos e onze, ao dito
Padre Francisco Ferreira de Azevedo, meia legoa de terras em qua­
dra na parte acima declarada, com as confrontaçoens expressadas,
sem prejuízo de terceiro, ou do direito que alguma pessoa tenha a
elle, com declaração que as cultivará e mandará confirmar esta Minha
Carta por Sua Alteza, dentro de dois anos, e não o fazendo, se lhe
denegará mais tempo; e antes de tomar posse dellas, as fara medir e
demarcar judicialmente, sendo para este effeito notificadas as pessoas
com quem confrontar; e será obrigado a conservar os Tapinhoam, e
Perobas, que nesta data se acharem, deixando de os cortar para outro
algum uso que não seja o da construcção dos Navios do Mesmo Se
nhor, e a cuidar na plantação destas arvores naquelles lugares em que
já as houveram, ou forem mais proprios para a produção das mes­
mas, como também a fazer os caminhos de sua testada com pontes,
e estivas onde necessário for, e descobrindo nella Rio caudaloso, que
necessite de Barca para se atravessar, ficará reservada de huma das
Margens delle meia legoa de terras em quadra para a comodidade
pública, e nesta data não poderá succeder em tempo algum Pessoa
Ecclesiastica, ou Religião, e succeddendo será com o encargo de pagar
Dizimos ,e outro qualquer que Sua Alteza lhe impuzer de novo, e não
o fazendo se poderá dar a quem a denunciar; e outrossim sendo o
dito Senhor Servido Mandar fundar Destricto delia alguma Villa, o
poderá fazer, ficando livre, e sem encargo algum, ou pensão para o
Sesmeiro; e não comprehenderá esta data Vieiros, ou Minas de qual­
quer genero de metal, que nella se descobrir, reservando igualmente
os Paiós Reaes, e faltando a qualquer das ditas cláusulas, por serem
conforme as Ordens de Sua Alteza, e as que dispõem a Lei, e Foral
das Sesmarias, ficará privado desta. Pelo que: Mando ao Ministro,
ou Ofíicial de Justiça, a que o conhecimento desta pertencer dê posse
ao dito Padre Francisco Ferreira de Azevedo das referidas terras, na
forma acima declarada.
E por firmeza de tudo ihe mandei passar a presente, por mim
assignada, e Sellada com o Sello das Minhas Armas, que se cumprirá,
como nella se contem, e se registrará nesta Secretaria do Estado, e
mais partes a que e se passou duas Vias. Dada nesta Cidade de S.
Sebastião do Rio de Janeiro. João Baptista de Alvarenga Pimentel
Official Maior da Secretaria a fez aos quatorze dias de Abril de mi!
oitocentos e sete. O Doutor Manoel Jesus Valdetaro Secretario de
Estado a fez escrever.
Sello Real. Conde dos Arcos
LIVRO DA FAMÍLIA MONNKRAT :í5

Carta porque V . Exa. ha por bem conceder de Sesmaria em


Nome d eSua Alteza Real ao Padre Francisco Ferreira de Azevedo
meia iegoa de terras em quadra na parte, e forma acima declarada.
2 a Via. Para V. Excia vêr.
Por Despacho de S. Exa. de quinze de Abril de mil oitocentos e
-seis.
Kegda. no L.71, q. serve de Reg°. Geral nesta SecretC do Est°.
do Rrazil a fs. 151. Rio 17 de Abril de 1807.
D r. Valdetaro
(Sinal publico).

O documento original encontra-se no museu da família Monne­


rat, na “ Granja José Constando”, em Monnerat.
O Padre Francisco Ferreira de Azevedo, vendera as terras a Ma­
noel José Pereira e sua mulher Maria Victoria do Amor Divino, pro­
vavelmente em 1812. data assinalada na planta reproduzida.
Em 23 de novembro de 1837. portanto, era lavrada a seguinte
escritura:
“ Damos nós abaixo a Signados Manoel José Pereira e minha
Mulher Vitoria de Amor de Vino que entre os mais bens que possuí­
mos livres dezembaraçados e bem asim huma Sesmaria de terras
Bruta medidas e de Marcadas no lugar denominado Ranxaria de Den­
tro confrontando pella parte do Norte com Manoel da Silveira e São
João e pello Leste com Antônio Lopes e pelo Sul com a outra Sesma­
ria Ranxaria de fóra e pelo o Este com Antonio Teixeira de Lemos
cuja Sesmaria medida e de Marcada assim confrontadas a vendemos
como de facto vendido temos de hoje para sempre a João José Monne­
rat e Sebastião Monnerat pelo preço e quantia de treis contos de reis
com hum conto e quinhentos mil reis q . dão avista corestante de hum
conto e quinhentos mil reis que ficão restando em dois annos em dois
pagamentos iguaes, ficando o comprador obrigado a pagar a Siza
correspondente a da. quantia ficando nos Vendedores obrigados a
fazer a todo tempo avenda boa da mesma Sesmaria quando venha
haver para o focturo alguma duvida por nos vendedores ou algum
Tercei0 transpassamos nas pessoas dos compradores João José Mon­
nerat e Sebastião Monnerat toda Posse e Senhorio jus de direito que
na mesma Sesmaria tínhamos e pelo comprador foi dito que aSeitava
em Si esta Compra com as Condisoins de Claradas e de pagar a quan­
tia amencionada ao Vendedor ficando de nenhum efeito qual quer pa­
36 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

gamento feito ao Contrario do que fica ex pedido e por comSegiiinte


nulla a presente Venda e por asim havermos justos passamos a pre­
sente em q. Asignão rogando ás Justiças do Império asim o Comprão
e lhe dem o inteiro vigor e valimento quanto e dever Possa como se
foce pasada em publico e raza e por não saber escrever Manoel José
Pera. asigna a seu rogo o seu filho João José Pereira Tores e a
Da. Vendedora asina com Seu proprio punho com as testemunhas pre-
zentes. e o Comprador. Fazenda do Paquequer de Nossa Senhora do
Soccorro Vinte e tres de Novembro de mil e oito Sentos e trinta e
Sete, digo 22 de 9bro de 1837.
A rogo de meu Pae Manoel José Pereira
João José Pereira
Vitoria Maria do Amor Divino
Jean Joseph Monnerat
Sebastien Monnerat.
Como Tet.at q. este vi hsignar
Hercules Semião Teixeira
Ignacio de Lyra Sardinha
José Nicolao — ilegivel —
Como Testtemunha q. fiz arogo do Sobre d0* e vr
aSignar José Narciso de Paiva — signal publico —
Lvro 5 de Notas a fls 172 usq. a f 173
Va de Cantagallo 23 de 9bro de 1837
Oliveira.
Obs. do A. Copia conforme original, respeitada sintaxe e ort.
É um “papel de trato”, similar ao compromisso ou promessa de
compra e venda de propriedade. Realmente, a 1 de dezembro de 1838.
pouco mais de ano decorrido das assinaturas dêsse “papel de trato”
por João José Monnerat e Sebastião Monnerat, era lavrada a Escri­
tura definitiva da compra das terras da Sesmaria de Rancharia do
Norte. Eis o teor dêsse documento:
“Lro l.° de Notas do Curato de N. S. da Conceição do
Paquequer a fl. 12 a fl. 16. Silva Pires. — Sinal pu­
blico —
Traslado de Escritura de venda de huma Sesmaria de
terras que fazem Manoel José Prereira e Sua Mulher
Victoria Maria do Amor Divino a João José Monnerat.
e Sebastião Monnerat.
LIVRO 0A FAMÍLIA MONNERAT 3T

Saibam quantos este publico instrumento de Escritura de venda


Virem que sendo no anno de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito­
centos e trinta e oito ao primeiro dia do Mez de Dezembro do dito
anno neste Curato de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer ter­
mo e Comarca de Cantagalio Província do Rio de Janeiro em o meu
Cartorio Comparecerão por ter prezente Justas e Contratadas de ha­
ver como Outorgantes Vebdedores Manoel José Pereira e Sua Mu­
lher Victoria Maria do Amor Divino e de Outras como Outorgados
Compradores João José Monnerat e Sebastião Monnerat aquelles mo­
radores neste Curato e estes moradores no termo de Nova Friburgo
todos reconhecidos de mim Escrivão do Juiz de Paz e das Testemu­
nhas adeante nomiadas a aSignadas do que dou fé e perante as mes­
mas Testemunhas me íoi dito pelos primeiros Outorgantes Vendedo­
res que elles heram Senhores e possuidores de huma Sesmaria de ter­
ras denominada a Rancharia de dentro de cuja fazenda digo de Cuja
Sesmaria fazião venda aos Outorgantes Compradores como Consta
de hum Papel de trato Cujo Papel he do theor Seguinte: (Segue-se a
copia ipsis verbis do “ Papel de trato” já reproduzido), continuando
a escriptura: “ Pelos Outorgantes vendedores me foi dito que aseita
de Suas livres vontades sem constrangimento ou sedução de pessoa
alguma reduzião o sobre dito Papel de trato a Escritura Publica a que
Sedião e trepassão todo Jus posse e domínio que na dita Sesmaria de
terras aos Outorgados Compradores para lhe ficar pertencendo de
hoje para sempre pois para Titulo e declaração desta venda pagava
peía clauzula Constitute e Se obrigava-o a defender todas as duvidas
que haja no dito terreno afins de porem livre e dezemharaçado para
as terras adquiridas em boa fé, e pelos Outorgados me foi Digo pelos
Outorgados Compradores me foi dito que aseitavão esta Escritura
de Compra e Venda e prometião satisfazer na forma e Condições nesta
declaradas e pelos Outorgantes Vendedores me foi dito que os Outor­
gados Compradores ficarião Obrigados a pagar o restante em duas
letras cada huma igual quantia, e pelos Outorgados me foi dito que
aCeitavam este trato e que so ficavão assim Obrigados a fazer hum
pagamento de huma Letra a vencer da data desta a hum anno por ter
ja%esgatado a primeira letra vencida e pelos Outorgados Comprado­
res me foi dito que se obrigarão a pagar a siza correspondente do res­
tante que sã o setecentos e Sincoenta mil, reis de Siza paga Letra ao
Colletor das Rendas Nacionaes, e das Sizas vencidas me foi apresen­
tado o bilhete de Conhecimento do theor e forma e forma seguinte:
N.° 18. Barros. Imposto de Siza Collectoria das Rendas Nacionaes
rio Município da Villa de Cantagalio Anno financeiro de 1837-1838.
3* RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

A f.5 do L .l.° de Receita fica lançada a quantia de cento cincotenta


mil ress e duas letras a vencer de setenta e cinco mil reis cada huma
que satisfez João José Monnerat e Sebastião Monnerat correspon­
dente d trez contos de Reis por que compraram, huma Sesmaria de
terras brutas denominada a Rancharia de Dentro a Mel. José Pereira
e sua Mulher e Pra Constar se deo este Conhecimento Vi liar de Can-
tagallo 23 de 9bro de 1837 o Escrivão Fonseca O Collector Chaves,
e me foi mais apresentada huma Letra ja resgatada no mesma Coikx-
toira de Cantagallo em a qual se ve ter paga a Siza do Segundo Pa­
gamento, e Por terem os S rs. Contratado e Obrigado-se em fé do que
assim disseram Contratarão e Outorgarão e me pedirão lhes fizesse
este instrumento nesta nocta o qual lhes li e por se achar conforme
assignarão tendo testemunhas presentes José Varal, Ignacio de Oli­
veira Sardinha e João Jozé de Sá todos moradores neste Curacto
reconhecidos de mim Escrivão e por o Outorgante não saber escrever
assigna a Rogo seu filho João José Pereira. Eu Manoel Joaquim da
Silva Pires Escrivão que escrevi. A rogo de meu Pai Manoel José
Pereira-João Joze Pereira, Victoria Maria do Amor Divino José
Varal. Ignacio de Oliveira Sardinha. João José de Sá. E nada
mais se contém e declara a dita Escritura de venda que fielmente
extrahi da própria e a mesma norma por que esta escrevi, coníri e
asignei em o dia, mez e anno ao principio declarado. E eu, Manoel
Joaquim da Silva Pires, Escrivão que o escrevi e assigno em publico
e razo.

Os Monnerat proprietários de “ Rancharia do Norte".

Como vimos, a 23 de novembro de 1837 João Monnerat e Sebas­


tião Monnerat compravam por três contos de reis a Sesmaria, então
chamada “ Rancharia de Dentro”, ou “ Rancharia do Norte” primi­
tivamente requerida e concedida ao Padre Francisco Ferreira de Aze­
vedo, sagrado, depois Bispo de Meliapôr, na índia. Francisco Xavier
Monnerat e Elizabete Koller — naquella ocasião respectivamente com
63 e 62 anos — vieram residir em companhia dos filhos, segundo nos
relatou, em vida, José Constancio Monnerat. Henrique, o mais no\^
dos filhos, tinha 23 anos. Inieiára-se para a família uma nova fase,
A região, de clima frio, ainda era considerada imprópria para a cul­
tura intensiva do café, lavoura que, n a .“onda verde”, se extendera
victoHosamence por todo o Vale do Paraíba.
Os Monnerat dedicaram-se principalmente a faina de tropeiros,
tranportadòres de cargas de Cantagalo para Pôrto das Caixas. Adqui­
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 2&

riram tropas de burros cargueiros. João José Monnerat, principal­


mente, desenvolveu bom negócio para a época. Quando, no Rio de
Janeiro, entregava e recebia cargas, que eram embarcadas, por via
marítima, até Pôrto das Caixas, destinadas à zona serrana, comprava
cavalos magros na feira de animais existente naquele tempo no Cam­
po de Santana *. Juntava os lotes de cavalos “sentidos” aos carguei­
ros, e rumava para sua fazenda “ Rancharia do Norte” . Dava-lhes
bom pasto, cuidadoso trato, abundancia de milho. A cavalhada
“agradecia” a ração e a altitude. Bem gordos, os cavalos voltavam
para o Rio, onde eram negociados com magnífica margem de lucros.
Em 1837, o filho Ursulo José já não vivia em companhia dos
pais. Regina Bárbara casára-se com José Lutterbach, também imi­
grante, mas que tivera como, profissão, a de alfaiate. Êsse último
casal constituiu, na fazenda de Três Barras, hoje Município de Duas
Barras, o núcleo da família Lutterbach, posteriormente também nu­
merosa e distribuida nos Estados do Rio, Minas e Capital Federal..
Constata-se, documentadamente ,nessa compra de Rancharia do
Norte pelos filhos de Francisco Xavier Monnerat, isto é, João José
Sebastião, a circunstância de que, na ocasião, dispunham apenas da
importância de Rs. 1:500$000 para adquirir a Sesmaria de terras
brutas (sie), matas virgens, infestadas de onças, porcos do mato, roe­
dores, que muito dificultavam o aproveitamento final das roças. Assu­
miram a divida em duas “letas seguras” ,de 750$000 cada uma.
Também se comprometeram, perante o fisco, com a importância
de 150$000 relativa ao Imposto de Siza (transmissão de propriedade).
Os Monnerat persistiram corajosamente no trabalho. Velhos da
atualidade, que ainda conheceram João José, Francisco, Henrique,
filhos de Francisco Xavier Monnerat, contam como as mãos dêsses
colonos suíços eram calejadas no manejo da enxada, da foice, do ma­
chado, que até se^deformaram ao ponto de não poderem apertar as
mãos dos conhecidos! Dizer que foi o trabalho escravo — como acon­
teceu na maioria das fortunas amealhadas no Brasil Império — que
deu a primitiva origem às economias dessa família de estrangeiros,
não representa a verdade. E o demonstraremos dentro em pouco.
Antes, cabe-nos registrar um fato doloroso que veio ferir muito
fundo o lar de Francisco Xavier Monnerat. No dia 14 de novembro
de 1845 — já naquele tempo a fazenda de “ Rancharia do Norte”
tinha sido aumentada com a compra da outra sesmaria de “ Rancha-
(*) H oje P raça d a R e p ú b lic a .
40 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

ria dò Sul ’,e mais a fazenda “ Monte Verde” — um dos moços_ pro­
prietários, Sebastião Monnerat, solteiro, com apenas 34 anos de idade
foi vítima de desastre onde perdeu a vida. Sabe-se que regressava de
tuna viagem, acompanhando a tropa de burros cargueiros, possivel­
mente de Pôrto das Caixas. Chegara à fazenda “ Rancharia de Fóra”;
hoje “ Rancharia”, também chamada “ Rancharia do Sul”. O tempo
prenunciava tempestade. Mandou seus empregados proseguir viagem
até “ Rancharia do Norte”, enquanto fazia ligeira refeição, pois alcan­
çaria logo depois os companheiros. Vento fortíssimo, raios, trovões,
no ambiente de matas virgens deviam impressionar. O moço assim
mesmo partiu, rumo a séde onde se encontravam seus pais, e irmãos.
A tropa chegou sem novidade. Como a chuva torrencial proseguis-
se, os de “ Rancharia do Norte” julgavam que Sebastião Monnerat
resolvera pernoitar em “Rancharia de Fóra”. Nesta fazenda, conta-i
vam ter o viajante alcançado seu destino.
A pouco mais de 1 quilômetro da atual séde da Fazenda Rancha­
ria do Sul, no antigo caminho que sobe pelo soslaio do morro, à direi­
ta, bem sôbre terrível precipício, existia uma Cruz de braúna, aplai­
nada ,com a seguinte inscrição que o tempo, nem as intempéries de
século não conseguiram apagar: S .M . 14-11-1845.
A Cruz de braúna foi, há pouco, substituída por outra, de ci-
mento armado, com as mesmas iniciais, para que possa afrontar milê­
nios, e levar aos vindouros a lembrança do estrangeiro, moço de 34
anos, apaixonado pelo trabaiho, e morto em lamentável desastre. Diz-
se que fóra o raio que, partindo árvore da floresta virgem, fizera-a
cair sôbre cavaleiro e montada, matando-os, e atirando seus corpos no
precipício. Ninguém assistiu contudo a ocurrência. Muito tarde, no
dia seguinte, os portadores em busca de notícias de Sebastião Monne­
rat foram encontrar seu corpo mutilado em meio a galhada que inter­
rompera o caminho! A localização do desastre não nos parece própria
a interpretação do fenômeno eletro-meteorológico. Provavelmente foi
o vendaval que derrubou alguma árvore secular em cima do viajante.
A Cruz de braúna foi colocada sob o altar da Capela de S . João
Berchmans, na Vila Berchmans, no edificio construído pela Compa­
nhia de Jesus, para repouso escolar do Colégio Anchieta, próximo a
Monnerat. Quando um século transcorre da morte trágica daquele
moço, a piedade cristã dos que possuem nas veias o mesmo sangue
substituiu a madeira do Símbolo Augusto pela pedra.
A morte de Sebastião, Monnerat, cuja data está gravada na Cruz,
e é confirmada em documento que reproduziremos, muito alterou o
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L e tra de Siza, de 75$000, d a ta de 22-11-1837. C om prom isso fiseal assum ido por João José
M o n n e rat e seu irm ão S ebastião M o n u e rat. Ambos a ssin a ra m o d o c u m e n to . A sesm aria.
“R a n c h a ria de d e n tro ", com o o u tró ra tam b ém era c h am ad a a “R a n c h a ria do N orte” c u sta ra
3 contos, dos quaes 50 % foram pagos no a to do com prom isso de com pra
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 44

ritmo das atividades da família Monnerat. Tanto que, a 13 de julho


de 1848, na séde da fazenda “ Rancharia do Norte” (na primitiva
casa de residência, Francisco Xavier Monnerat e sua mulher Elizabeth
Koller reunia seus filhos para, em virtude de terem herdado os bens
imóveis e semoventes propriedade do falecido Sebastião Monnerat,
partilhava-os pelos seus irmãos. Nesse documento, que reproduzire­
mos ipsis verbis, consta como o patrimônio daquela família operosa
se desenvolveu no decurso de apenas 10 anos. Possuíam somente tres
escravos, “ Paulo e Joaquim, ia velhos, e Jozé Congo, ordinário, pela
quantia de setecentos e sessenta mil reis” (sic). As terras tinham
sido acrescidas de duas fazendas “20 animaes de tropa arreado. seis
cavalos, cincoenta cabeças de porcos, trinta e hum capados de ceva,
vinte e huma cabeças de gado, huma porção de milho, arroz e feijão,
hum conto e quinhentos mil reis de dividas que lhe pertencem, etc.,
etc ”. (sic.
( ) L:. 7.° de Notas do Cartorio do l.° Tabellião de Canía-
qallo a fls. 172 até g. 175. J. J. Barboza.
Translado da Escriptura de venda de huma parte de terras da
1-azenda Monte Verde, Escravos, moveis e semoventes e outros dife­
rentes objectos que fazem Francisco Xavier Monnerat e sua mulher
Elizabeth Coller a seus filhos Francisco Monnerat, e Henrique Mon­
nerat, na forma em que abaixo se declara.
SAIBAM quantos este Publico Instrumento de Escriptura de
venda de bens moveis, semoventes e de raiz, ou como em Direito me­
lhor nome tenha virem, que no Anno do Nascimento de Nosso Senhor
Jesus Christo de mü oitocentos e quarenta e oito, aos treze dias do
mez de Julho do dito anno, nesta Fazenda denominada Rancharia, ter­
mo da Villa de Cantagallo, e casa de rezidencia de Francisco Xavier
Monnerat e sua mulher e filhos, aonde eu Tabellião ao deante nomeado
vim, ahi comparecerão partes, havidas e contractadas; de huma como
Outorgantes vendedores Francisco Xavier Monnerat, e sua Mulher
Elizabet Coller, (*) e como Outorgados compradores seus filhos
Francisco Monnerat, João José Monnerat e Henrique Monnerat, mo­
radores deste Termo, e reconhecido pelos proprios de mim Tabellião,
e das Testemunhas ao diante nomeadas e assinadas, perante as quaes
]>or huma das partes me foi appresentado o Bilhete de Distribuição do
thèor seguinte: Distribuída a Barboza. Francisco Xavier Monne-
rat e sua mulher Elizabet Coller fazem Escriptura de venda de vinte
animaes de tropa arreados, seis cavallos, cento e cincoenta cabeças de
" 0) NO^A — Respeitam os a grafia originai.
42 HAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

porcos, trinta e hum capados de seva, moveis de caza, vinte e quatro


cabeças de Gado, huma porção de milho, arroz, e feijão, e hum conto-
cento e quinze mil reis de dividas que lhes pertence na caza; tudo pela
quantia de oito contos e quatro centos mil reis ; bem assim vendem a
parte de terras que lhes pertence na Fazenda do Monte Verde com
bemfeitorias pela quantia de oitocentos e quarenta mi lreis, e tres es­
cravos de nomes Paulo e Joaquim, ja velhos, e Joze Congo ordinário,
pela quantia de setecentos e sessenta mil reis, cuja venda
laz o total de dez contos de reis, a seus filhos Francisco Monnerat,
Henrique Monnerat e João José Monnerat. Cantagallo doze de Julho
de mil oitocentos e quarenta e oito. Martins. Dizendo-me os ditos
Outorgantes Marido e mulher, que havendo os Outorgados seus fi­
lhos, e outro filho, hoje finado de nome Sebastião Monnerat, compra­
do as tres Fazendas denominadas Rancharia do Norte, e Rancharia
velha e Monte Verde citas neste Termo, com bemfeitorias, Escrava­
tura, Animaes, utensilhos, moveis de caza et cetra e tendo assim exis­
tido em sociedade em partes iguaes, foi quando em quatorze de No­
vembro de mil oitocentos e quarenta e cinco, falleceu hum dos Socios
filhos delles Outorgantes de nome Sebastião Monnerat, ficando por
consequência, dessa dactta em diante, elles Outorgantes, em confor­
midade da Lei vigente, representando na dita Sociedade a pessoa de
seu finado filho; e tendo assim continuado a Sociedade athe hoje, he
quando elles Outorgantes conhecendo as suas avançadas idades, que
os impossibilitão continuarem na dita Sociedade, tem contractado com
os Outorgados socios seus filhos fazer-lhe venda da sua parte, para
cujo fim nomearão todos os Socios a Jorge Maulaz, e Manoel Vieira
Almada para avaliarem e partilharem amigavelmente os bens associa­
dos, o que feito, em resultado appresentaram avaliados todos os bens
em trinta e nove contos, quinhentos e quarenta e dous mil, cento e
setenta reis, que divididos pelos quatro socios. cabe a cada hum, em
different.es bens, a quantia de nove contos oitocentos e oitenta e cinco
mil, quinhentos e quarenta e dous reis e meio, sendo os bens que em
convenção tocarão a elles Outorgantes os seguintes: vinte Animaes
de tropa arreados; seis cavallos cento e cincoenta cabeças de porcos;
trinta e hum Capados de Seva; vinte e quatro cabeças de Gado; huma
porção de arroz, milho e feijão, e hum conto e quinze mil reis de divi­
das que lhe pertence na Caza ,tudo avaliado em sete contos, novecen­
tos e quarenta e dous mil, cento e sessenta reis, que ao presente elles
vendedores estimão estes objectos em oito contos e quatrocentos mil
reis; bem assim a parte de terras e bemfeitorias ,que lhes tocou na
Fazenda do Monte Verde avaliada em oitocentos e quarenta mil reis.
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT <í

e os Escravos Paulo, Joaquim e joze Congo avaliados em sete centos


e sessenta itnil reis, que prefazem estas três addicções e compto de Dez
contos de reis, e que de todos estes objectos que lhes tocaram fazião
delles vende aos Outorgados seus filhos Francisco Monnerat, João
José Monnerat e Henrique Monnerat, pelo preço e quantia de Dez
Contos de reis :a saber, Dous contos duzentos e sessenta e sinco mil
trezentos e oito reis, que serão obrigados os Outorgados, ao filho del­
les Outorgantes Ursulo José Monnerat, dar quanto antes, (*) e bem
assim hum conto de reis, a outra filhaj de nome Regina, cazada com Jozé
Lutterbach, e o restante que he de seis contos setecentos e trinta e qua­
tro mil, seiscentos e noventa e dois reis ficará dividida pelos tres com­
pradores, ficando em mão de cada hum, dous contos duzentos e qua­
renta e quatro mil, oitocentos e noventa e sete reis, sendo cada hum
obrigado in solidum a pagar annualmente a elles Outorgantes como prê­
mio a quantia de cento e trinta e treis mil, trezentos e trinta e tres reis,
isto em quanto viverem elles Outorgantes, e fallecido que seja hum
delles, a metade da quantia divida pelos Outorgados será dividida pelos
herdeiros delles Outorgantes que de Direito for, e não tenham desis­
tido da herança, tirando-se primeiramente na ocazião que fallecer o
primeiro quatro centos e vinte e sinco mil reis, para ser entregue á
filha delles Outorgantes Regina cazada com Jozé Lutterbach e finado
o outro Outorgante será a outra metade pela mesma forma dividida,
tirando-se da mesma maneira outra quantia de quatro centos e vinte e
sinco mil reis para a sobredita filha Regina. E que por essa forma
cedião elles Outorgantes toda a posse. Direito, dominio, jus e acção que
tinhão nos bens vendidos, nas pessoas dos Outorgados compradores,
para que tudo d’hoje em diante lhes fique pertencendo como proprie­
dades suas. E pelos Outorgados compradores foi unanimemente dito
acceitavão a prezente Escritura de compra e comvenção na forma esti­
pulada. E promettião cada hum de per si in solidum cumprir de sua
parte o qiie a cada hum fica Outorgado. E estando a este acto prezente
Jozé Lutterbac po rsi e como Procurador de sua mulher Regina Monne
rat; liem assim como Procurador de seu Cunhado Ursulo Jozé Monne-
rat, e süa mulher Maria Catharina, cujas Procurações ao diante vão
transçriptas; por elle foi dito que por si, e como Procurador de sua
dita mulher anuhia a íactura da presente Escriptura, assim como de-
zistia de todo o direito de Herdeiro 4 ior íallecimento dos Outorgantes
seus Sogros e Pais. Outro sim disse mais o dito Porcurador que em
nome de seus Constituintes Ursulo Jozé Monnerat e sua mulher con-

r i GS-iío pelo a u to r.
«4 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

.sentia ,e anuia à prezente Escriptura e dezistia de todo o Direito que


por ventura tenha para se oppor á mesma. Seguem-se os Bilhetes de
Siza: Sello: e Procuração do theor seguinte: Siza. Numero quatro:
Araújo: Collectoria das Rendas Nacionais da Villa de Cantagallo,
Anno financeiro de mil oitocentos e quarenta e oito a mil oitocentos
e quarenta e nove a folhas duas do Livro competente de Receita fica
debitado ao actual Collector a quantia de oitenta e quatro mil reis que
ern doze de Julho do corrente anno pagou Francisco Monnerat, Hen­
rique Monnerat e João Jozé Monnerat, pelo imposto respectivo à quan­
tia de oito contos e quarenta mil reis, por que comprarão huma parte
de terras e ben feitorias na Fazenda do Monte Verde á Francisco
Xavier Monnerat e sua mulher. O Collector Araújo Vianna. O
Escrivão Mello. Meua Siza. Numero vinte e hum Brito. Collecto­
ria das Rendas Nacionaes da Villa de Cantagallo, anno financeiro de
mil oitocentos e quarenta e oito a mil oitocentos e quarenta e nove a
folhas duas de receita fica debitada ao actual Collector a quantia de
trinta e oito mil reis, que e mdoze de julho do corrente anno pagou
Francisco Xavier Monnerat e Henrique Monnerat e João José Mon­
nerat pelo imposto respectivo à quantia de sete centos e sessenta mil
reis por que comprou tres escravos de Nome Paulo e ojaquim ja ve­
lhos, e Jozé Congo ordinário, a Francisco Monnerat e sua mulher. O
Collector Araújo Vianna. O Escrivão Mello. Sello Numero dous
Pagou sete mil reis de Sello. Cantagallo doze de julho de mil oito­
centos e quarenta e oito Araújo Vianna. Mello. Procuração bastan­
te que fazem Ursulo Jozé Monnerat e sua mulher Maria Catharina.
Estava pago o Sello. Saibão quantos este Publico instrumento de
Procuração bastante virem que no anno do Nascimento de Nosso
Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e quarenta e oito, aos oito dias
de julho nesta Villa de Nova Friburgo, em o meu Escriptorio, peran­
te mim Tabellião apparecerão Ursulo José Monnerat e sua mulher
Maria Catharina, moradores neste Districto Recomhecidos pelos pró­
prios de duas Testemunhas abaixo assignadas, perante as quaes por
elles fõi dito que por este Publico instrumento fazião seu Procurador
bastante para a Villa de Cantagallo a José Lutterbach, especialmente
para poder consentir em nome delles na venda de quaesquer bens de
raiz, moveis e semoventes que seus Pais tenham de fazer aos irmãos
e cunhados delles Outorgantes. E assim me pedio lhes fizesse este
instrumento que lhes li e assignarão com as Testemunhas prezentes
Doutor João Bazet, e Manoel de Azevedo Coitinho Messeder, perante
mim Nicolau Messeder que o escrevi e assigno em publico e razo. Em
testemunho da verdade estava o signal publico. Nicolao Coelho Mes-
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 4*5

seder. Ursulo José Monnerat. Maria Catharina Cortai. João Bazet.


Manoel de Azeredo Coitinho Mesesder. Outra Procuração: Pro­
curação bastante que faz Regine Monnerat e seu marido José Lutter-
bach. estava pago o Sello. Saibão quantos este Publico instrumento
de Procuração bastante virem que no anno do Nascimento de Nosso
Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e quarenta e oito, aos doze
dias do mez de julho do dito anno, nesta Fazenda denominada Tres
Barras, Termo de Cantagallo e cazas de morada de Jozé Lutterbach
perante mim Tabellião compareceu como Outorgante Regine Monne­
rat cazada com Jozé Lutterbach moradora deste Termo, reconhecida
pela própria de mim Tabellião e das Testemunhas ao diante nomea­
das e assignadas, perante as quaes por ella foi dito que por este Publi­
co Instrumento nomeia e constitue por seu bastante Procurador neste
Termo ao dito seu marido José Lutterbach para que em nome delia
Outorgantem como se prezente fosse, possa consentir e assignar na
respectiva Escriptura de venda que tem de fazerem os Pais delia
Outorgantes Francisco Monnerat e sua mulher, aos Irmãos delia Ou­
torgante da parte que lhe pertence na fazenda Monte Verde, e dos mais
bens moveis, e sobmoventes dizistindo do Direito de Herdeira, para
cujo fim ha por espressados todos os poderes em geral, como se de
cada hum fizesse individual menção. E de como assim o disse, de que
dou fé. me pediu lhe fizesse este Instrumento que lhe li, e acceitou, e
por não saber escrever assigna a seu rogo Fausto Brandão Paiva, com
as Testemunhas abaixo reconhecidas de mim Tabellião João Jozé Bar-
boza que o escrevi, e assigno em publico e razo. Em fé da verdade
estava o signal publico. João Jozé Barboza. Fausto Brandão Paiva
Testemunha. Francisco Monnerat, dita Francisco de Paula Gouveia.
Em fé do que assim o disserão, contractarão e Outorgarão me pedi­
rão lhes fizesse este Instrumento nesta Nota, que lhes li, acceitarão,
e assignarão com as Testemunhas digo assignarão, asignando a rogo
dos Outorgantes Jorge Maulaz, que explicou aos Outorgantes em lín­
gua Aleman o theor da prezete Escriptura, com as Testemunhas pre-
zentes Francisco de Paula Gouveia .e Manoel Vieira Almada, todos
reconhecidos de mim Tabellião João Jozé Barboza que o escrevi. A
rogo dos Vendedores Jorge Maulaz: Francisco Monnerat, João Jozé
Monnerat, Henrique Monnerat, Jozé Lutterbach. Francisco de Paula
Gouveia. Manoel Vieira Almada. Nada mais se continha em a dita
Escriptura de venda, a qual se acha lavrada em o Livro sétimo de
Notas de meu Cartorio a folhas cento e setenta e duas thé a folha-
cento e setenta esinco, do qual bem e fielmente fiz extrair o presemç
translado e a cujo livro me reporto nesta Villa de Cantagallo aos qua-
HAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

torxt dias do mez de julho de mil oitocentos e quarenta c oito. K &


João Jozé Barboza Tabellião que o subscreví conferi e assigno em
publico e razo e dou fé. ( Signal publico João Jozé Barlioza".
* * *
A escritura de venda de bens por Francisco Xavier Monuerat a
seus filhos deve ser interpretada melhor como evidente doação, com
reserva de pequeno rendimento anual para êle e sua mulher.
Analisando os termos dêsse documento público, as circunstân­
cias do meio em que os interessados viviam, somos levados a descon­
fiar de possivel desinteligência entre José Ursulo Monnerat e seus
irmãos. Descobrimos vestígios dessa suposição na memória da gente
mais velha da família. Sabe-se que José Ursulo permaneceu por mui­
tos anos nos “ Números”, e só o tornamos a localizar aproximadamen­
te em 1855, ao comprar de Luiz Ferreira Leal, por 15 contos, terras na
fazenda Triunfo, S. Cruz e Corrego de Santana. José Ursulo ca-
sára-se em 28-3-1826, com Maria Isabel Cortat, nascida no Cantão de
Berna. Oficiou o Padre Rodrigo Vahia e Miranda. Coadiutor. em
Friburgo.
Demonstrando a desconfiança do desentendimento entre irmãos,
há no trecho da escritura agora transcrita, ipsis verbis, a obrigação
dos outorgados, “ao filho delles Outorgantes Ursulo José Monnerat,
dar quanto antes, dous contos duzentos e sessenta e cinco mil trezen­
tos e oito réis”. Qual a dificuldade na viagem de Ursulo José e sua
mulher, dos “ Números” a “ Rancharia do Norte”, tanto que passaram,
procuração ao cunhado José Lutterbach para os representar em ato de
interesse da família? O ramo de Ursulo José Monnerat foi um dos
mais fecundos, principalmente dos netos em diante. Talvez, por isso
mesmo, não tenha conseguido desenvolver fortuna como os demais
irmãos e filhos. Apuramos uma relativa separação, outróra, entre a
decendência de José Ursulo e as de seus irmãos. Em parte, devido à
distância de Banquete, onde se estabeleceu, a “ Rancharia do Norte”,
primitivamente no Municipio de Cantagalo, onde estavam os pais e
irmãos.
José Ursulo foi o unico Monnerat daquela geração que voltou á
Suíça. Sabe-se ter sido aproximadamente em 1861. Partiu com sua
mulher, 40 anos depois da terrível viagem para o Brasil. Dirigiu-se a
Corno], à procura de parentes. Encontrou-os na pessoa de certo mar­
ceneiro, Monnerat, justamente a trabalhar em pleno Domingo. Ursulo
escandalizou-se com a falta grave em sua família tradicionalmente
católica. Regressou logo após ao Brasil, passando pelo Santuário de
1>a Sallette, em peregrinação.
Prefeitura de Nova -Friburgo
S e c r e t a r i a cio Cultura
Cerii.ro cie D o cu m en ta ção
H itcrica - Pró-Msmória
MVRO DA F A M ÍL IA MONNKRAT 47

A não ser a compra de “ Rancharia do Norte a que minuciosa*


mente já nos referimos, não conseguimos obter conhecimentò direto de
outras transações entre os irmãos João José, Francisco e Henrique, os
quaes, respetivamente, tornaram-se proprietários das fazendas “l a n ­
charia do Norte”, “ Monte Verde” e “ Rancharia do Sul”. Francisco
Xavier Monnerat e sua mulher continuaram a residir em “ Rancharia
do Norte” depois da escritura passada em 1848, vindo a falecer em
1858. Nada consta sôbre a data do falecimento de Elizabeth Koller.
Seria demasiado longo esmiuçar e historiar o desdobramento eco­
nômico de cada um dos ramos descendentes do casal Francisco Xavier
c Elizabeth. Ursulo José constituio o ramo de Banquete, possivelmen­
te com menor expansão de seu patrimônio, se confrontado com outros
irmãos.
Francisco Monnerat, estabelecido na fazenda “ Monte Verde”
prosperou regularmente. Dizem ter tido sempre gosto pela inúsica,
possuindo instrumental e bons grupos de músicos entre filhos, assala­
riados e escravos. Trabalhou denodadamente. Casou-se com Marian-
na Wermelinger, ela também nascida e batizada em Delemont, terra
de origem dos Monnerat.
Henrique Monnerat, o mais meço dos filhos de Francisco Xavier
desenvolveu também operosidade exemplar. Adquiriu novas terras,
deixando seus filhos Henrique, Luiz, Antonio José Maria, cada uni
com bôas fazendas, e chefes, por sua vez, de numerosas e prestigiosas
familias.
Vimos que Maria Bárbara Regina casou-se com José Luterbach,
estabelecido na fazenda Tres Barras, e de cujo casal descendem os
Monnerat, os Lutterbach, um ramo importante dos Lemgruber.
João José Monnerat.
Graças à documentação direta que possuímos do precioso arquivo
de José Constancio Monnerat, podemos oferecer à apreciação dos inte­
ressados na vida pregressa da família Monnerat certos esclarecimentos
de ordem econômica que demonstram como o trabalho e a bôa ordem
nos negócios rurais — característicos do bom sangue suíço — conse­
guiram desenvolver o patrimônio que, em 1837, provavelmente nao ul­
trapassasse meia dúzia de contos de reis, em espécie, bens moveis e se-
moventes de vez que êsses humildes colonos mal possuíam 1 .500$000
em dinheiro para pagar metade da sesmaria de “ Rancharia do Norte” .
Decorridos 11 anos, em 1848, Francisco Xavier Monnerat e seus filhos
se organizavam na direção de patrimônio que atingia 40:000$Q00.
Veremos como o patrimônio de João José Monnerat, em 1848,
calculado em 10 contos, isso mesmo constituído em terras, animais,
48 RAYMUNDO BANDEIRA VADGHAN

mantimentos e alguns escravos, pouco mais de 40 anos após atingia


vultosa cifra.
Limitamo-nos a historiar fatos que constam de escrituras públicas.
No Computo de valores no Brasil, como em todo o mundo não basta
alinhar cifras e buscar a soma de rendimentos. Deve-se levar em conta
a quebra dos padrões monetários entre determinadas épocas. Assim,
mesmo sem exercer especulação intencional, não somente a fertilidade
de terras virgens ajudou a família Monnerat, como a valorização dos
imóveis peló trato cultural determinou parte dos acréscimos da fortuna.
A família habituára-se à atividade de tropeiros. O filho mais
velho do casal, José Monnerat, desde a mocidade destacava-se nos pesa­
dos misteres de transporte sôbre lombo de burros, vencendo frequente­
mente o percurso de “ Rancharia do Norte” a Pôrto das Caixas.
Nessas viagem chegou a contrair malária. Estabelecido em “ Rancha­
ria do Norte”, João José Monnerat orientava tôdas as atividades agrí­
colas da propriedade. Teve os seguintes filhos:

* 24-11-1838 José (Afilhado de baptismo de seu tio . Ursulo


José M onnerat).
João (morreu solteiro).
Antônio (morreu solteiro t 12-9-1878).
Sebastião Henrique (* 1846 morreu criança) .
* 26- 7-1836 Mariana (morreu solteira em 4-8-1892).
* 19- 7-1851 José Constancio.

João José Monnerat e sua mulher Anna Maria Heggendorn


compraram a fazenda S. João, annexa à “ Rancharia do Norte”, dos
Almada, pagando-a, em relativamente pouco tempo, com o rendimento
de fretes de suas tropas de cargueiros. Tôda a vez que a tropa recebia o
pagamento de fretes, João José Monnerat entregava aos vendedores as
prestações do negócio. Depois, o casal comprava a fazenda “ Concei­
ção”. Custou, naquela época 100 contos e os compradores assumiam
a dívida de 50 % . José Monnerat, o filho mais velho do casal, cos­
tumava contar o nervosismo do velho João José, nos meses decorridos
após o compromisso de compra. .. Apavorava-o a dívida, embora am­
plamente coberta com o ativo cada vez mais elevado de suas proprie­
dades bem administradas!
João José Monnerat faleceu em 15 de maio de 1877, e foi sepulta­
do em Duas Barras. Sua Viúva, Anna Maria Heggendorn, com seus
filhos, constituiram uma sociedade agrícola que passou a girar sob a
razão social de Viúva Monnerat & Filhos. O patrimônio da Família
Cruz de b ra u n a , em plena m ata ,
no local onde, h á 100 anos, m o r­
reu em desastre Sebastião M on-
n e ra t. Hoje a cruz de m adeira
está s u b s titu íd a pelo cruzeiro de
cim ento arm a d o . N ote-se o pre_
cipício onde foi e n co n trad o o cor­
po do jovem im ig ra n te suíço, que
p erdeu a vida com 34 anos
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 49

João José Monnerat, em 1848, de. uma dúzia de contos, sob a direçãc.
e gerência de José Monnerat avultou cada vez mais. Abrira-se a éra
da cultura intensiva de café em tôda a região. Os métodos de traba­
lho persistente, a economia iudiciosa na administração produziram
imensos resultados. Ao núcleo de propriedades compradas pelo falecido
João José Monnerat, isto é “ Rancharia do Norte” ,então acrescida de
“ S. Vicente”, “ N . S. da Guia”, “ S. João” e “Conceição” a firma
Viúva Monnerat & Filhos acrescentou “ Conceição dos Pinheiros”.
“ Riachuelo”, “ S. Antonio do Monte”, “ Penedo”, “Jacaré”, além de
inúmeros sítios esparsos que passaram a constituir uma rêde de pro­
priedades agrícolas de grande produtividade.
Surgiu o benemérito advento da abolição da escravatura. Longe
de prejudicar o patrimônio da firma Viúva Monnerat & Filhos, a alte­
ração legal do trabalho servil pelo braço livre processou-se com absolu­
ta normalidade. Nunca será demasiado resaltar o valôr de grande
administrador que foi José Monnerat. Homem que teve como instru­
ção apenas aprender a ler e escrever e contar! Educado na escola prá­
tica dos suíços imigrantes, tropeiro nos primeiros anos de vida, casou
se com uma prima, Regina Wermelinger Monnerat, filha de seu tio
Francisco Monnerat. Revelou-se caráter dinâmico e organizador, ca­
paz de orientar pessoalmente tantas fazendas no tempo em que somente
o cavalo, o muar e a condução em veículos de tração animada serviam
de transporte no interior. Gerente da firma Viúva Monnerat & Fi­
lhos, com êle, pessoalmente, entendiam-se administradores e capatazes.
Os demais sócios, sua mãe Anna Maria Heggendorn, seus irmãos José
Constando e Mariana, isoladamente, aquele nas fazendas “ Rancharia
do Norte” e “ Riachuelo”, esta na fazenda “ Conceição”, auxiliavam o
gerente geral como simpres administradores de seção.
Anna Maria Heggendorn Monnerat atingia 86 anos. Estamos,,
agora, em 1892. A sociedade agrícola que vigorava desde o falecimen­
to de João José Monnerat, em 1877, comparecia a Juízo, na pessoa dc
gerente geral José Monnerat. Enviuvára, no ano anterior, o sócio José
Constancio Monnerat, com dois filhos menores. Era indispensável
dar bens a inventário para pagamento aos órfãos. Assim a 7 de dezem­
bro de 1891, iniciava-se na Comarca de Cantagalo a ação de liquidação
da sociedade agrícola Viúva Monnerat & Filhos, cujos tramites corre­
ram pelo Juízo Cível do Termo de Duas Barras, finalmente julgada
por Sentença a l.° de março de 1892.
O patrimônio social íôra avaliado na importância d e ..........
1.467:439$000. As propriedades valiam, então, 1.075.0008000, o
restante constava de bens em dinheiro, títulos, etc.
90 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Para aquela época, primeiros anos da República, período do “ensi-


Ihamento”, valorização fiticia das fazendas, o total correspondente às*
propriedades atingia, assim mesmo, soma respeitável. Nos ciclos de
prosperidade e adversidade atravessados pela lavoura do Brasil, dir-
se-ia que o distrato da sociedade Viúva Monnerat & Filhos realizou-se
em pleno apogeu das altas cotações. Em 1900 ,adveio a crise agrícola,
e lôdas as fazendas passaram a valer ofertas mínimas! A'sobrevi­
vência econômica dos Monnerat em grande parte, firmou-se no equi­
líbrio das reservas em espécie, e titules, na pertinácia do trabalho
organizado e constante. Muitos fazendeiros que resistiram aos pre­
juízos da emancipação dos escravos, fracassaram na época da gran­
de desvalorização. Êsses, não possuíam a experiência dos dias maus.
Anna Maria Heggendorn Monnerat, no correr dos autos de li­
quidação da sociedade agrícola fez doação de sua parte em todos os
bens, a metade que lhe coube, aos seus filhos, então vivos, José Mon­
nerat, José Constando Monnerat e Marianna Monnerat, com as se­
guintes considerações: — “Vem a suplicante aprovar as mesmas
avaliações, e acceitar sem restrições as declarações do gerente, outro
sim, achando-se em avançada idade o que a impossibilita de convenien­
temente administrar sua fortuna, e não tendo outros filhos ou herdei-
dos alem dos co-socios, desejando satisfazer aos impulsos de seu cora­
ção materno, assim correspondendo ao amor e respeito com que sem
pre foi tratada por seus filhos, resolveu partilhar em vida entre o.s
mesmos todos os bens que possue, e consta da metade do ativo social. ”
Notável como creceu a fortuna dêsse ramo da familia Monnerat,
ein menos de meio século, depois que, proprietária rural em maior pro­
porção, foi possível entregar-se de pleno animo à atividade agrícola po*
conta própria. Não disipou havéres do luxo ,não ostentou riquezas, nen
comprou títulos ou brazões, tão em voga naquela época. Os filhos
foram educados na bòa escola, do trabalho rude, e, sucessivamente, í,
medida que compravam fazendas de mãos desalentadas pela abolição
dos escravos eram-lhe confiadas as administrações, como aconteceu
com Jovino Monnerat e*seus irmãos:
Mariana Monnerat morria, aos 56 anos, a 4 de agosto de 1892.
Sua mãe, Anna Maria Heggendorn Monnerat, pòr disposição legal
herdeira, voltava a Juízo, em 17 de abril de 1893, para declarar te.
herdado de sua filha Marianna, que falecera solteira, sem deixar tes­
tamento, a importância de 504:301$000 em bens imóveis, semoventes
e dinheiro. Que, em virtude-de sua avançada idade, fazia doação
dessa importância em partes iguais aos seus filhos José e José Cons­
tando. A 28 de abril de 1893 julgava-se por Sentença a doação.
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 51

Anna Maria Heggendorn faleceu na séde da fazenda “ Rancha


ria do Norte”, com 90 anos, a 15 de setembro de 1896.
* * *

(Entre parentesis. . . CONFRONTO DE ÉPOCÁS. Cumpre


ao historiador proporcionar, ao futuro, elementos de orientação e in­
terpretação. A família Monnerat enfrentou os mais duros sacrifícios,
economizou, prosperou. Simultâneamente, multiplicou-se em nume­
rosos ramos e sub-ramos de brasileiros úteis à Nação. Contribuio
íargamente para o Tesouro. Fazendas magníficas, estabelecimentos
rurais modelares, que honram a iniciativa privada, constituem patri­
mônio do Brasil, e sempre produziram para a exportação nacional e o
consumo coletivo. É tradição que a mesa de João José Monnerat,
sempre farta, estava à disposição dos viajantes, e não se iniciava re­
feição, sem que, ao longe, nas estradas, não se procurasse algum retar­
datário. Naquela época, somente o sal e o pano eram adquiridos fóra
da propriedade.
A abundância característica nas organizações rurais dos colonos
suíços não predominava somente na era escravagista. No período de
transição do braço escravo para o regime da parceria agrícola, os
Monnerat, os Lutterbach, os Wermelinger, os Heggendorn, e mui­
tos outros adoptaram em suas terras a colonização pelos imigrantes
portugueses, italianos e espanhóis. Ouantas famílias entraram sem
recursos nas fazendas desses proprietários conscienciosos, e hoje são
outros tantos e abastados fazendeiros, negociantes, industriais, capi­
talistas! O contrato, verbal. Raros os dissídios entre partes ajusta­
das. Cumpria trabalhar inteligentemente a gleba. O trabalho era
livre. Comércio livre. Sem Institutos nem Departamentos, nem Co­
missões, nem saque tributário, a prosperidade dependia exclusivamen­
te do esforço individual, honesto e persistente. Na soma dos esforços
individuais, crescia o potencial econômico e financeiro do Brasil.
H O JE . Substituída pela violência oficial a liberdade de produzir
abundância, incapacidade governamental a interferir na vida agrícola,
atravessamos penoso período em que fazendeiros e colônos foram sur­
rados pela polícia especial, em correrias e pânico! Impostos e regu­
lamentos estúpidos impedem o cultivo da terra. Há mesmo certo
ukme que proibe se atrelem mais de 4 bois na carroça com 1.5(7) qui­
los, morro acima! O imposto territorial é lançado ad valorem das
bemfeitorias! Pequenas propriedades são confiscadas! A tavolagem
impera em cassinos monumentais, para alimentar o vício e o prazer
52 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

de nababos, cevados no câmbio negro e na corrupção generalizada. O


‘'jôgo do bicho”, contravenção prevista no Código Penal, vive de arre­
cadar migalhas dos miseráveis, prestigiado pelo poder público. A
mortalidade infantil transforma a “roça” em vasto cemitério da infân­
cia desnutrida, triste fadario dos compatrícios de amanhã.
Se os velhos suíços chegassem agora, encontrariam a “lei malaia”
articulada somente \ ela vingança, enquanto, nas fazendas de inúme­
ros decendentes dos Monnerat, o feijão, o arroz, o milho, a banha, o
leite condensado, são gêneros importados do Rio Grande do Sul. . . e
da Argentina. O Brasil, imenso latifúndio deshabitado, em si mes­
mo, sem siquer póde povoar-se com sua própria gente! Até 22 de
fevereiro dêste ano, isso que aí dissemos, meridiana verdade, conside-
rava-se crime! Fechemos o parentesis) .

Acendêncía de Anna Maria Heggendorn Monnerat.


José Heggendorn c. Anna Maria Goetsch t 20-5-1828
— Marianne
— George
— Antoine
— Conrade
— Jean Henri
— Anne Marie
— Catherine.

Veio a família Heggendorn no navio “Hereux Voyage”. Os


“Documentos da colonização suíça” afirmam as seguintes idades na
ocasião da viagem: José Heggendorn 53 anos. Sua esposa 50 anos
Marianne 23. George 21. Antoine 19. Conrade 17. Jean Henri 15.
Anne Marie 13, e Catherine 10 anos.
Anna Maria, conforme o assentamento de seu casamento na Ma­
triz de Nova Friburgo nasceu e foi batizada em Grindet, Cantão de
Soleure.
Seus pais tentaram cultivar as terras fracas dos “ Números”, mas
logo verificaram como seria improdutivo seu trabalho no lote 37, casa
71 que lhes coube naquela região.
Consta ter José Heggendorn vendido seu lpte por 4$000, descen­
do com tôda família para Caniagalo, onde trabalhou r.o plantio de
caíesais de Antonio Clemente Pinto, depois Barão de Nova Friburgo,
em Gavião. José Heggendorn depois comprou a fazenda S. Rita,
ainda abaixo de Cantagalo, no mesmo município. Em anotação à
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 53

margem dos apontamentos do P . Joye, existentes na Matriz de Fri-


burgo, escreveram: — “Toute la íamilie a Canta Gallo, S. Rita” .
José Heggendorn — pelo que informam seus decendentes — fa­
leceu em Macahé. Ignora-se se a referência objetiva a atual cidade
de Macahé ou será a Serra de Macahé .terras frias, nascentes dêsse
Rio. Seu filho, Antonio, veio, depois, de Macahé, e comprou, por 20
contos, as terras da fazenda Bonfim, nas proximidades da atual Esta­
ção de Laranjeiras, ramal de Cantagalo. Em S . Rita ficou seu irmão,
e sócio, João Henrique.
Cabe aqui uma observação. Todos os documentos antigos, inscri­
ção na lista de emigrantes suíços .registros de casamentos e óbitos
pelo P. Joye, referem-se à família Eggendorn. Não conseguimos apu­
rar as razões que levaram a família Eggendorn a assinar Heggendorn.
Nos ‘'Documentos sôbre a colonização suíça” grafaram Heggendorn.
Outras famílias suíças também aqui alteraram os nomes. Os Lapaire
passaram a Lapér. Os Langrüber assinaram-se Lemgruber.
Certo documento da História de Cantagalo na era da Indepen­
dência, 1822, contem a assinatura de um Lapaire. Em geral, de índole,
prudente, arredios durante longe período das lides políticas, os suíços
não apareceram outróra nesse terreno. Um decendente dos Lapaire,
já se assinando D r. João Baptista Lapér, depois Senador da Repú­
blica, também firmou o celebre Manifesto republicano de 1870. Era
médico oculista de notável renome.
Passaremos à genealogia dos Monnerat, família interligada du­
rante 120 anos, principalmente, com os Lutterbach, Wermelinger,
Pleggendorn, Erthal e Lemgruber. Julgamos conveniente extender
nossas investigações também a essas outras famílias. Os Erthal de-
cendem de João Erthal, cidadão alemão, de bôa linhagem, chegado
ao Brasil entre 1822 e 1825.
Antes de encerrar a parte propriamente histórica da fixação defi­
nitiva e utilíssima dêsses bons suíços à nova Pátria, solicitamos de
quantos, agora e no mais distante futuro, examinem nosso modesto
esforço, a compreensão de como foi difícil o trabalho de verificar fatos
de passado longíncuo. Não pretendemos ter feito obra definitiva, e
acima de críticas e corrigenda. Oxalá, surgissem documentos e pro­
vas que esclarecessem cada vez mais o relato de antigas ocurrências,
fixadas.aqui sob a preocupação de absoluta fidelidade. Cingimo-nos
ao rigor histórico, documentado, mesmo com o sacrifício de colorido
com que pudéssemos enfeitar a narrativa para efeito literário.
Encontram-se certas falhas, por omissão, nos dados genealógi­
cos. Se agradecemos cordialmente a todos os interesasdos que, à nossa
6* RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

solicitação, forneceram informes sôbre os ramos e sub-ramos da gran­


de árvore genealógica, poucas vezes não nos atenderam, como exigia,
nosso trabalho e, daí, deixarem de ser incluídos tantos nomes que de­
viam ser inscritos. O “Livro da Família Monnerat”, apenas opúsculo,
pode ser re-editado, cada vez mais volumoso. Bravos às famílias nu­
merosas, como tantas, aqui registradas, de uma dúzia e mais de filhos!
Que nova edição venha escoimada de tôdas as falhas, se assim o mere­
cer. Para a atualidade, o valôr é do que pudemos consignar do passa­
do nobilitante de sacrifícios para nosso Brasil, esclarecendo, aos de-
cendentes dos esforçados colonos suíços, suas origens que mergulham
no Século XVIII. Para o futuro, a tarefa de prosseguir no registro
genealógico da família ficará simplificada.
Gratos especialmente a Mário Teixeira Monnerat pelo documen­
to original do passaporte de Francisco Xavier Monnerat. A Carmen
Lutterbach, Herminia Monnerat, Manoel Lutterbach Nunes, Regina
Monnerat, Paulino Monnerat Semiramis Monnerat de Seixas Araújo,
Clovis Monnerat, Margarida Heggendorn Monnerat, Adelaide 0 ’Reilly
Pourchet de Campos, Julia Monnerat Salgado, Lourenço Lemgruber
Filho, Maria Monnerat de Aguiar, João Monnerat de Aguiar, Mar­
garida Lutterbach Guimarães, Olympia Lemgruber Sertã, D r. Nica-
nor Lemgruber, Homero Lutterbach, João Lutterbach, Sebastião
Erthal, D r. José Luiz Erthal, Virgínia Vidal, Alcina Portugal, nosso
reconhecimento pela valiosa cooperação em documentário, retratos e
informações.
A Legação Suíça, o Consulado e a Exm a. S rta . Emy Myriatr;
muito nos auxiliaram.
Não teria sido possível ilustrar e documentar êste “Livro da Fa­
mília Monnerat” sem o1concurso do Arquivo Nacional, onde obtive­
mos, com segurança, rapidez e a máxima facilidade todos os elementos
para as pesquisas históricas, inclusive a publicação de material até
aqui inédito. De seu ilustre e eficiente diretor, D r . Eugênio Vilhena
de Moraes, desde a primeira hora, recebeu nossa iniciativa todo o
apoio moral e material.
A José Constando Monnerat ligou-nos extremada afeição. O
destino, traçado por Deus, encaminhou-nos para o seio da família
Monnerat, onde achamos somente irmãos. Sentimo-nos no dever de
gravar para o futuro o que conseguimos coligir. Impulso de gratidão
Prefeitura de f-ova Fiiburgo
de Cultura
S ecretaria
Cen a Documentação
Huiúrica - Pró-Meniória

(Púqina moMóUa
Maria José Monnerat Bandeira Vaughan.

Lê-se, no “ Diário” do Padre Joye anteriormente transcrito, estas


passagens, impressões ao primeiro contato com a cidade do Rio de
Janeiro:
“Durante o dia só se viam negros pelas ruas cariocas,
' ' eram os que faziam todos os serviços. O modo pelo qual
êstes infelizes-são tratados me causou tão penosa impressão,
que, com impaciência, esperava o momento de voltar para
bordo” .
Adiante, no mesmo “Diário” :
“ . . . sentia a melancolia invadir-me ao percorrer aque­
las ruas de repelentes sujidade, e vendo aqueles negros, aque­
les escravos andrajosos tratados como se fossem bestas de
carga, espetáculo feito para partir o coração de um estran­
geiro . ”

Os imigrantes suíços devem ter acompanhado o P . Joye 1 1 a emo­


ção com que observou, como primeiro aspecto de sua nova pátria, a
infelicidade da raça negra escravisada pelo domínio português. Con­
sequência dessa visão de infortúnio, a colônia suíça instituio, em tôda
a zona onde passou a influir, o regime humanitário do amparo aos
pretos. Até hoje, em quase tôdas as fazendas dos decendentes da co­
lônia, existem criaturas de côr, afeiçoadas aos seus patrões, no extre­
mo de dedicação de que é capaz o afro-brasileiro. Cantagalo carrega
a fama de peior centro de atrocidades escravagistas. E, com razão.
Troncos, palmatórias, correntes figuram nos museus, atestados da
época de horrores. Há entretanto muito exagero. Os máos senhores
passaram à posteridade, e mesmo poucos são apontados como infames.
56 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Positivamente os suíços influiram com sua presença bemfazeja


no sentido de melhorar o tratamento dos escravos. Acolhiam os
“ Caiambolas” (negros fugidos) de vizinhos, e, em pessoa, visitavam os
senhores para implorar clemência em favor das vítimas de feitores
desalmados. Muita vez, compravam escravos que tinham incorrido
no desagrado de seus donos. Mas o acolhimento dispensado àquelas
criaturas desamparadas, importava também na imposição criteriosa
,de disciplina de trabalho, de ordem, de método, cujos exemplos vinham
diretamente dos senhores.
Capatazes, quase sempre, escravos de origem cearense, estimula­
dos com a confiança dos “ Sinhô moço”, dirigiam os eitos na faina
lavoureira. Aprendiam a rezar. As crianças pretas brincavam com
os filhos dos senhores. Predominava, acima de tudo, a solidariedade
humana ,e ausência absoluta de preconceitos raciais.
Decretada a abolição dos escravos, a maioria dos pretos das fa­
zendas dos Monnerat partiu pelas estradas no delirio muito justo da
alforria, mas... regressou como trabalhadores assalariados, colonos
meieiros, “mucambas” domésticas. José Constancio Monnerat conta­
va-me expressivo episódio daquela ocasião. O “ 13 de Maio” nada
alterou o ritmo dos trabalhos na fazenda “ Rancharia do Norte” . . . «
Pelos caminhos, grupos de negros embriagados festejavam a liberda­
de! Contudo, a turma dos cativos dêsse Monnerat prosseguia na
capina vários dias seguidos. . . José Constancio, sem dúvida compre­
endia a situação geral. Talvez ó tivesse surpreendido a fórmula ado­
tada do gesto magnanimo da Princeza Izabeí. Bem que constatava o
péssimo rendimento dos homens, os murmúrios dos mais afoitos. . .
Montou a cavalo, e foi ao serviço. O escravo cearense Flauzino, que
ainda conhecí, mestiço de preto, índio e branco, procurava exercer sua
função de feitor dos companheiros. José Constancio reclamou a mo­
rosidade na arruação do café. O negro Gregorio, descançou o braço
na enxada, olhou o senhor, e disse: — “Olhe Nhô-nhô, vancê precisa
vê que, agora, nós sêmo tão bom, como tão bom” . José Constancio
sabia exemplar seus escravos. Com o rebenque aplicou-lhe pessoal­
mente a punição ao que julgara insolência, e. . . alí mesmo mandou
para a liberdade todos os seus escravos!
' Poucos dias após, Gregorio e demais companheiros, em sua quase
totalidade, voltavam para “ Rancharia do Norte”. Mais ou menos em
1920, Gregorio adoeceu para morrer meses após. José Constancio
enviou-o ao Rio para tentar todos os recursos em hospital particular,
sob expressas recomendações. Fui quem poz a vela na mão dêsse preto
octogenário, na hora de sua morte de justo. Gregorio era irmão do
C A SA I, JO SE Ç O N S I A N I IO U O N N r , K V I - Al AIII, I.. >IU A I

.José C onstando M onnerat. Era o mais


moço dos filhos de João José Monnerat,
e nasceu 1 1 a prim itiva casa da fazenda.
Dedicou-se à vida rural, desenvolvendo
inteligente atuação a frente de suas nu­
merosas fazendas de café. Durante a
primeira República tomou parte ativa
na política, destacando-se sôbre tudo o
período de Nilo Peçanha, de quem foi
dedicado am igo. laleceu 1 1 0 Klo, a
31-1-19)24. Sepultado 1 1 0 Cemitério de
S. João Baptista

ionus sensus usque tn tempus


abseondet verba illius, et labia
enarrabunt sensum illius —
Ecclesiastico - Cap. II. Vers. 30

Maria Lutterbach Vidal Monnerat. Nas­


ceu a 16-5-1864. Vive com saúde, gra­
ças a Deus! Aos vivos não precisamos
elogiar. Os contemporâneos conhecem
muito bem a “ jovem ” M ariquinha, espí­
rito lúcido e vivaz, com mais de 81
janeiros!
CASAL JO SÉ M O N N E R A T - R E G IN A W E K M ELIN G E R MONNERAT

Jo sé M onnerat. Expoente em sua clas­


se de fazendeiros no Estado do Rio,
fez jú s ao renome de grande e eficiente
orientador de negócios rurais. Mllitou
na política local, prlncipalm ente no pe­
ríodo republicano. Pintura a óleo, de
autor desconhecido. Idade aprox,
45 anos

Regina Wermelinger M onnerat. Quem


a viu, na velhice, surpreendia no olhar
daquela m ulher nascida no Brasil, mus
de origem estrangeira, que passara tôda
a vida entregue às preocupações do lar,
a simplicidade invejável das criaturas
inteiras de bondade. A sua santa m e­
mória, nossa veneração. B . V.
Prefeitura de IVova Friburgo
Secretaria da Cultura
Centro de Documentação
Histórica - Pró-Memória
LIV RO DA FA M ÍL IA M O NN ERA T 87

'“velho Pedro”, cujo retrato figura à porta do quarto onde morreu


Francisco Xavier Monnerat. Assistimos também à morte, em idade
avançada, de outra irmã, ótima doméstica, ex-escrava, Luciana.
És se era o regime da escravatura praticada pelos colonos suíços,
em grande maioria. Possivelmente, assim se explica o incremento de
suas fortunas após 13 de maio de 1888, enquanto milhares de fazen­
deiros encerraram com a falência a vida rural que êles não compreen­
diam sem o elemento servil.
Sob o título PÁGINA NECESSÁRIA, deste capítulo especial,
relevem-me o presente e o futuro, ampliar o que aqui disse dos Monne­
rat e dos pretos escravos, com a divulgação de assuntos que poderiam
permanecer para sempre na penumbra do passado incompletamente
elucidado. Faço-o sem audiência previa da figura central.
As velhas “mucambas”, arrancadas em caçadas humanas do meio
selvagem africano, importaram para o Brasil a índole afetiva e a
docilidade incomparável, concorrendo para o nosso tnelting-pot com
à maior dose de bondade. Exemplos, em tôdas as famílias ilustres
brasileiras, atestam nossa afirmação de que, em muitos “conselhos de
família ’ foram e são acatadas opiniões de “babás humildes” .
Uma velha escrava, Ana, cruzamento de índio e preto, nascida na
Bahia, de propriedade dos Lutterbach teve uma filha chamada Eulalia.
Esta foi ama de Maria José Monnerat.
Teria Maria José uns 6 anos, e Eulalia dava a luz uma pretinha,
a quem apelidaram Nica.
A criança cresceu, servindo de boneca viva de Maria José. Aju­
dava a cuidar da negrinha, encaminhar-lhe os primeiros passos. Nada
mais se fazia, sinão o que sempre foi tradição da família. A côr não
mancha o branco que aprendeu a ver no preto seu similhante, criatura
possuída de todo o heroismo e dedicação das grandes almas.
Já conheci Maria José e Nica na adolecência. Nica não conse­
guira siquer aprender a ler, não obstante todos os esforços da família
Monnerat. Tornara-se porém rapariga trabalhadora, sensata, da con­
fiança absoluta da “ Casa Grande” de “ Rancharia do Norte” .
Porque não divulgar episódio mais íntimo! O velho José Cons­
tando Monnerat, embora boníssimo e afavel, aos que lhe “rondavam”
a família para casamentos, mostrava-se severo. . . Nica muito con-
tribuio para Maria José assinar-se Bandeira Vaughan em 22-10-1918.
Casou-se Nica alguns anos depois. Vieram os filhos. João, des­
de um mês de idade é nosso filho. Thereza, Anna Maria, e, afinal.
Cordel ia, que nasceu dois meses antes de Nica morrer no Rio de Ja­
neiro, nossas filhas também.
5* RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Maria José, que não teve filhos, assumio a “maternidade” dos


órfãos, criando-os, educando-os como verdadeira mãe.
Maria José não tem nas veias uma gota de sangue brasileiro que
se poderia discutir como afinidade afro-brasileira. Certos incidentes,
de criticas que percebemos dessa convivência familiar com os filhos
de Nica provam, ao contrário, ser a prevenção de alguns brasileiros
contra a raça negra diretamente explicada pelo atavismo, como se pre­
dominasse o recalque de suposta inferioridade entre os que tem origem
africana.
Vejamos, nisso que acabo de expor, motivo para exalçarmos o
temperamento e a índole dos suíços que vieram para o Brasil em
1819-20.
Não sentiram repulsa pelos negros, mas simpatia cristã ante as
injustiças e barbaridades do escravagismo sem entranhas. Colabo­
raram no ambiente que antecedeu de quase 70 anos, o advento da re­
denção da raça martirizada. Os escravos dos colonos suíços não fo­
ram animais de trabalho ,alimentados e vestidos somente para a pro­
dução de esforço nos eitos, mas criaturas humanitariamente cuidadas.
Tntegrando-as na civilização embora precaria de seu tempo, souberam
incutir qualidades morais que ainda perduram nos velhos ex-cativos,
e, consequentemente, em sua decedência. B . V .

M UAY- UBY filha de Arco Verde, morubiscaba Tabu­


lara, de Ma rim (depois Olinda, Per­
nambuco), batizada Maria do Espirito
Santo, e casada com Jeronymr- Albu­
querque. (Século X V I)
Cavalcanti Albuquerque
Século X V I. Florença) (Idade m ídia. Portugal)
Famílias Monteiro, Souza e Burle e. Duheux
Maria Diniz Bandeira (França) (França)
(Século X V III. Recife)
William Lloyd Vaughan c. Maria Augusta Burle Dubsux
(Walles. Inglaterra) (Recife)
Antenio llerculano e. Maria Candida Carneiro
de Souza Bandeira Lins de Albuquerque
(Recife) (Recife)
Raymundo Carneiro de Souza Bandeira c. Helena Dubeux Vaughan
* 11-6-1855 f 13-2-1929 * 3-10-1866 f 5-1-1930
(Recife) (Rio) (Bahia) (Rio)
Raymundo Bandeira Vaughan
(Recife * 4-10-1889)
Sú& he (% m e ã J to q ia

A genealogia ainda não interessou a maioria das famílias brasi­


leiras. Estados como S. Paulo, Pernambuco, Bahia, e vários outros
mantêm Institutos Genealógicos. Publicações prestigiosas, como a
“Revista Genealógica Brasileira” animam o desenvolvimento cada vez
maior dessa nobre e utilíssima ciência. Muitas famílias possuem tra­
balhos publicados, outras manuscritos, que passam de geração em ge­
ração, como documentário de árvores genealógicas onde cada indiví­
duo encontra, de relance, as fontes humanas de sua ascendência.
Já explicamos a razão dêste nosso trabalho, que abrange quase
dois séculos da história de uma família, desde 1820 localizada no Esta­
do do Rio de Janeiro. Já salientamos a tradição moral e cívica dessa
gente, entrelaçada com muitas outras famílias de origem helvética.
Vivemos há 30 anos em convívio permanente. Conhecemos pes­
soalmente grande maioria das pessoas inscritas no registro genealó­
gico, entre vivos e mortos nesse período. Falhas humanas existem
ern todo o mundo. Essa ou aquela exceção, raríssima, pode ser apon­
tada no rigor moral de famílias de origem suíça ,no decurso de tão lon­
go período. Entretanto, quando o mundo conturbado pela paixão e
pelo desregramento caminha cegamente para a corrupção da família,
o historiador qtte investiga, revolve arquivos, indaga, testemunha, re­
gistra, só encontra tendência cristã para famílias numerosas, e percen­
tagem tão insignificante de desharmonias conjugais, que provam, em
tôda a exuberância, como a vida rural, dentro dos sadios princípios do
catolicismo produz a felicidade do lar e da P átria.
Imagine-se, como é complicado reconstituir genealogicamente
ramos e sub-ramos de “famílias modernas”, embaraçadas em divór­
cios e uniões sucessivas entre vivos, nos países onde o lar não merece
o respeito de nossas tradições!
60 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Que outros prosigam no trabalho iniciado aqui, e, em cada exem­


plar a ser distribuído gratuitamente, entre interessados, juntem-se pá­
ginas adicionais de novas e futuras inscrições de crianças, MUITAS
crianças para nosso Brasil!
($ je n e a & & q ia d a fa m ília O tt& w i& u v t

Francisco Xavier Monnerat casado com Elizabeth Koller


* 4-5-1773 v 3-5-1858
Filhos :
Ursulo José c. Maria Isabel Cortat f 19-5-1886
* 9-4-1803
f 8-3-1882
Francisco c. Marianna Wermelinger (A)
* 24- 3-1807 * 1-5-1816
f 5-10-1879 f 18-6-1887
João José c. Anna Maria Heggendorn (BI
* 24-6-1803 * 5-5-1806
f 15-5-1877 f 15-9-1896
M aria Bárbara Regina c. José Lutterbach
* 1-3-1805 ' * 22-5-1796
f 21-3-1881 j 28-9-1860
Sebastião c. (Solteiro).
* 9-11-1811
f 14-11-1845
Maria
t 8-6-1813
f 20-5-1825
Henrique c. Maria Rosalina Mar.ehon
* 21 -7-1814 * 14 -8-1820
f 23-12-1888 f 8-10-1890

Os Monnerat, pais e filhos, nasceram na Suíça. Genro e noras também vie­


ram na emigração. Maria Rosalina Marclron, pela data de seu nascimento, ins-
Observação. Adotamos o método de assinalar com números os casamentos em consangui-
neitíade, pois permitem tàcilm ente determ inar a posição genealógica dos nubentes
nos respectivos ramos. As letras indicam origens dos entrelaçamentos ns.s diversas
fam ílias suiças.
«-8 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

«rita na lápide do Cemitério de Bom Jardim, 14 de agosto de 1820, naweu no


Brasil Seus pais também eram colonos suíços.
Maria morreu nos “ Números” íora 12 anos. Sebastião faleceu em desastre
iMt floresta de “ Rancharia do Sul”, a 14 de novembro de 1845.

DESCENDÊNCIA DE FRSULO JO SÉ MONNERAT

Ursulo José e. Maria Izabel Cortat. (Casamento em Nova


Friburgo, a 28-3- 1826) ; Ur-
* 9-4-1803 sulo José faleceu na fazenda
Corrego de Santana. Maria
v 8-3-1.882 y .19-5-1.886 Izabel na fazenda Triunfo.
Sepultados em S- José do
Ribeirão.
Filhos :
— Vieente faleceu com 3anos, em 19-1-1838
— Maria Izabel c. Luiz Froasard
— Maria -j- solteira
— Luiza e. Manoel Barbosa
— Maria Dolores
— Maria Margarida
— Matheus
— Tjeopoldimv c. José Neves
— Henrique Luiz e. Maria Luiza Teixeira
— Maria Magdalena (41)
— João Maria
— Nestor
— Valvique
— José W alter
— Joanna
— Elviua
— Maria
— João Luiz e. Senhorinha
— Yalvino
-— Antenor
— Alexandre
•— José
— Maria Luiza
— Jeronymo c. Paula Barreto
— Antonio
— Nonessimo
— José
— Helio
— Jeronymo
— Dolores
— Lourdes
— Diva
— Aurea
Prefeitura de l^cva Friburg
1 Secretaria de Cultura a
Cenf.-o i!e Do'um«r?tacão
«Gtórica - Pró-Momória
L IV R O ' DA F A M ÍL IA M ONN ERA T g*

tjf-xulo José e. Maria Izabel

F im«* :
— Maria Jzabel
—- Sebastião e. Maria Gonçalves
— José
— João
— Sebastião
— Maria Rosa
— Maria Luiza
— Margarida
— Catharina
— José Cláudio c. Joanna Carolina Cortat
— José Henrique c. Emilia Barreto 1.® Matrimônio desta
— Maria Antonia
— João José e. Emilia Barreto 2.® Matrimônio desta.
— João José
— Antonio José
— José Cláudio
— M ario
— W aldir
— Henriqueta c. Antonio Pereira dos Santos
— Claudina c. Francisco Caetano da Silva
— Francisco
— Hilda
— Inaiá
— Juracy
— Maria
— Adelaide c. Julio Caetano da Silva
—■ Antonio
— Decio
— Dinorah
— Admar
Francisep José e . Rosa Thereza Lopes
— José
— Maria Rosa
— Francisco
— Américo
— Manoel
- Antonio Joaquim c- Adelaide Rodrigues 1.* Matrimônio
— José Antonio
—- Manoel
— Julia
— Adelaide
c. Ladith Coelho Gomes 2.® Matrimônio
— Da rio
— Dejair
— Odette
— Editli
G4 RAYMUNDO BANDEIRA YAUGHAN

Vrsulo José o. M aria Izabel

Filhos :
— José Cláudio
•— Antonio
-—• Anua ,
* — Maria
— Julia o. Antonio Lopes Leite
— Maria
— Antonio
— José
— Manoel
— João
Henrique José e. Clotilde de Mattos
— Olivia
— Julia
— José Cláudio
— Antonio
— Manoel
— Ozorio
— Luiz
•— Clarindo
— Carolina c. Antonio Francisco Mattos
— Marina Antonia
— Luiz Felipe c. Maria da Gloria D utra da Costa
—1 Maria Ursula c. Manoel Lopes Leite
— Manoel
—• José
— Antonio
— Julia c. Antonio Lopes Leite
' — Maria
•— Antonio
— José
' — Manoel
-— João
— Hortensia y solteira
— Regina c. João Alves da Costa
— Francisco Xavier c . Verônica Cortat
— Veroni.ca c. Guilherme Alves da Costa
— Anisio
— Eugenia
— Carolina c. Lourénço Alves da Costa
—i Maria José -
— João Baptista
— Euclydes ,
— Amélia
— Etelvina
— Alverina
— José
Auna M aria Heggendorn Monnerat,, viu.
va de Jo ão José Monnerat. Retrato a
óleo, de autor desconhecido, existente
na “ G ran ja Jo sé Constando” , em Mon-
nerat. Época aproximada 1880 Idade,
7t anos Mulher evidentemente de o ri­
gem hum ilde. Simplicidade, firmeza,
caráter, piedade religiosa, coração. Nas­
cida e batizada em Grindet, cantão de
Soieure. Suíça. Faleceu cm “ R a n -
charia do Norte” com 90 anos

M aria Bárbara Regina Monnerat Lutter-


bacli. Viúva de José João Constantino
Lutterbach. Retrato a óleo, de autor
desconhecido, existente na fazenda “ Três
narras". Município de Duas Barras.
Quem a conheceu, Inform a ter sido ve­
lhinha de infatigável atividade durante
tôda sua longa vida. Maria Bárbara
Regina era filh a do casal Francisco
X avier Monnerat
('ourado Heggendorn, filho
de José Heggendorn, veio
da Suíça com 17 anos.
Morreu solteiro a 7.9-1882

Manoel Valcntim Heggendorn, nascido


em filho de Christiano Heggendorn
e Maria Piiler. Neto de Jo sé Heggen­
dorn. Vive amparado pela caridade pú­
blica em Friburgo. Em documento iné­
dito no Arquivo Nacional, existe a rela­
ção nominal de colonos suíços, de 18 a
40 anos, fornecida pelo P . Jo ve, por
ordem do Major Diretor da Colônia em
1-10 -18 2 4 . A relação mencionou sómente
George, Antonio, Conrad e Henrique
Heggendorn. Veja-se no texto, a dúvida
quanto a vinda de uma, ou duas fam í­
lias Heggendorn
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT «5

Ursvlo José c. Maria Izábel

F ilh o s :
Francisco Xavier
— Ana c. João Melardo
— Francisco c. Luiza AVimter
— João c. Horteneia da Slva
— Silvino
— Jovino
— Anna
— Domingos c. Adelaide Zebendo
— José Antonio
— Francisco
— Hildebrando
— Luiz
— Fernando
— Gloria
— Alzira
— Alexandrina c. João Frése
— José
— Maria
, — Alexandrina
— João
— Miguel
— Luiz
— Carolina
— Verônica
— Amélia
*
— Regina e. José Frése
— José
-— Domingos
— Francisco
— Manoel
— Ignacio
— Adelaide c. José Alves da Costa
— Aristides
— Avelino
— Alziro
— Alberto
— Arlindo
— Amélia
— Albertina
— Angelina
— Filomena c- João Alves da Costa
— Augustinho
— Américo
— Verônica
66 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

J]nulo José c. M aria Izabel

Filhos :
— Francisco Xavier
— Filomena
— José
— Ernestino
— Melania p . Pedro Antonio Schuenck
— João
— Carlos
— José
— Maria
— Serafina
— Hortensia
— Maria Clara
— Jenuina
— Augusta
— Izabel
— Brazilina
— Manoel
— Maria c. Carlos José Nicolau
— Carlos
— José
— João
— Roque
— Domingos
— Januario
— Maria
— C am élia
— Filomena
— Sebastião c. Anua Maria Regina Monmerat (1)
— Maria c. João Antonio Aguiar Junior
* 5-4-1867 * 29-7-1866 f 29-5-1905
— Sebastião c. Maria José Brouck Amarante
— Maria de Lourdes
— Adiléa
— Regino
— Renato
— Helena
— Roberto
— Yoléte
— Maria da Paz
e Gemeos.
-— Carlos
— Myrtes Margarida
— Arminda
— Mar ;■ Espirito Santo c. Salustiano Aguiar
— Marietta c. Manoel Gonçalves Neves
; Professora)
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 67

Ursulo José c. Maria Izdbel

F ilh o s :

Sebastião
— Maria

— Sônia Regina
— Maria Helena
— João (Jóta) c. Magdalena Frossard (41)
— Mary
— Dalka
— Therezinha
— Nely
— João Henrique
— José Henrique
— Mario Lourdes c. M arietta Monnerat (2)
— Manoela e . Manoel Paula Pinto Junior
* 26 -8-1900
f 16-11-1930
— Maria do Carmo * 24-4-1922
— Marino José * 7-8-1923
-— Mariza de Lourdes * 28-6-1925
— Messias * 19-9-1928
— Henrique c. Maria Amélia Gomes
17-6-1869 f Maria Celeste e. Advir Pedro Gomes
— Therezinha
— Maria de Lourdes
— Maria de Lourdes
-— Maria Margarida
— Esther ,e. Manoel Alves Mesquita
— José Henrique
— Maria Ignez
— Maria do Carmo
— Maria Apparecida
— Manoel Geraldo
— Anna Maria
— Luiz Henrique
—- Sebastião e. Maria Eudoxia de Jesus
— Maria Rita
— Hermes Antonio
— Maria Celeste
— Maria Therezinha
— Maria Amélia
— Silvio
— Maria Regina c. Geraldo A. Monnerat (31)
— Carlos Alberto
— Evangelina
68 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

TJrsulo c. Maria Izabel


Filhos:
— Sebastião
— Henrique
— Edgar Henrique
— José Nicodemos
— Flavio
— Ruth
— Virgílio f e. Anna Borges
— W alter c. Lucinda Borges
— Marina
— Anna Maria
— Yêda
— -Eneida
— Wanda
— Marlena
— Marilia
— Euridice c- Marcelo Russo
— Arnaldo
— Edmée
— Sebastião f c. Judith Amarante
— Semiiramis c. Ernani de Seixas Araújo
— Edina e. José Brouck de Araújo
— Edison * 12-8-1928 ' v
— Elza * 31-8-1929
— Mercedes c. Augusto Brouck de Araújo
— Yêda
— José Augusto
— Celso
— Aloysio
— Cid c. Celia Oberlander
— Maria Esther
— Antonio Heleno
— Sebastião c. Elsa Brouck Araújo
Gemeos
— Janice * 23-9-45 (*)
—- Geraldo c. Maria Regina Gomes (31)
— Carlos Alberto
— Nilo c. Senhorinha Sampaio
— Maurillo c. lacy Justo
— Luiz de Deus c. Laudelina Campos Lima
— Nicodemos faleceu com 14 anos -j-
— Elsa (Professora)
— Isa c. Darcy Valle
-— Paulo
— Trajano
— Jorge
— Rita de Cassia
— José c. Olga Calvão
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 69

Ursulo c. M aria Izabel


Filhos:
— Sebastião
-— Luiz de Deus
— Maria Bernadette
•—• Floriano
— Julia e. l.° Matrim. Luiz Vieira f e 2.° João B. Salgado
— Clotilde c. Francisco Belizario Vieira
— Maria de LourdeS * 12-12-1923 f 24-6-1943
— Maria José ‘ * 5 -8-1913
— Yvonne * 9-7-1916 ,e. D r. Romeu Cunha
— líomero José
—- Guilherme Francisco
-T- Regina Déa (Professora) * 16-2-1918
— Cléa * 12-2-1920 c. Dr. José B. de Barros
— Evandro
— Fernanda Cléa
— Editli * 4-12-1922 (Professora)
•— Antonio Argemiro c. Maria Lopes Martins
— Aurea
— Fernando c. Dinah de Oliveira
— Wilson (Oficial do Exército)
— Maria Cathairina c. José Frése (Lurniar. Friburgo)
— M argarida e. José Tardin
Obs.: Salve! Última criança inscrita no “ Livro da
Fam ília M onnerat” .

DESCENDÊNCIA DE FRANCISCO MONNERAT

Francisco Monnerat c. Marianna W ermelinger. (A)


* 24- 3-1807 (Casaram-se em Friburgo a
t 5-10-1879 31-7-1836)
* 1-5-1816
f 18-6-1887
Francisco c. M ariana

Filhos :

— Antonio c. Joaquina Veiga (l.° Matrimônio)


— Aristides c. Herminia Monnerat (4)
— Flavio
— Fabio
— Dalka
— Elv
— Clarindo e. Manoelita L. Monnerat f (10) 1.® Matrim.
— Yolanda e. Luiz Antonio Monnerat (11)
— Isa Maria * 14-4-1933
70 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Francisco c. Mariana

Filhos:
Antonio
— Clarindo
— Maria Apparecida * 8-10-1937
— Rubens Regino * 27-7-1941
c. Amélia Veigas 2.° Matrimônio
— Cléa
— Lúcia
— Eulina f c. Henrique Lemgruber Monnerat f 12)
— Odillon y
— Oldemar
— Maria Regina (Professora)
— Armando :c. Lucilia Carvalho
— Lêda c. Dalton Fernandes Girino (méd.-vet.)
— Angela Maria * 18-6-1943
-— Piinio
c. Maria Medeiros em 2.° Matrimônio
— Maria Clara c. A ltair Pires
— Herondina c. Henrique Ventura
— Hamilton
— Helio
— Margarida e. Fioriano Baptista (médico)
— Antonio * 26-8-1941
— José Antonio c. Leony Silva
— Lauro c. Lourdes Silva
José f c. Izabel Almeida
— Raul f (advogado)
— Manoel c. Anna Silveira
— Maria José
— Regina
— Elsa
— Odette
— Clarindo
— José
Julia f c. Antonio José Maria Monnerat y (3)
— Lydia c. Eugênio Lutterbach y (5)
Marianna c. Saturnino Werneck I o. Matrimônio
— Julio c. Olivia Cunha
— Maria Cecilia c. José Mouta
— Hamilton José * 9-5-1942
— A rthur
— Arlindo c. Maria Pereira
— Francisco
— Regina
— Regino
— Nelson
— Helio
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 71

Francisco c. Mariana

Filhos:
- Antonio
— Marianna
— Saturnino
— Juvenal
— Jovelina f c. Agostinho Mello
(desastre)
Alcides c. CelinaLemgruber (42)
Aristeu ,c. Antonia Wennelinger
— Agostinho
Carmelita c. Julio Wermelinger
— Leopoldina
— Carlos
c. Francisco Lima 2.° Matrimônio
h rancisco c . Maria Eliza Wermelinger
— José Aeyr * 7-3-1914
— Silvio * 19-6-1915
— Maria Lourdes * 20-12-1919
— Helio * 4-6-1921
— Mario * 11-3-1926
Catharina f c. Theodoro Velloso j
Francisco f ,c. Gertrudes E rthal (J)
— Francisco c. Olivia Teixeira
Mario (46) c. Florisbella Helmerich
— Manoel
— Alda
— Braulio
— Otilia (Tita)
Eugênio Antonio e. Olivia Wermelinger E rthal
— Alcina
— Zilda
— Laura

Maria Luiza c. João Luiz E rthal (I)


— Á lv aro c. Sofia Coelho
— Aurea
— Irene
— Cléa
— Ciro
—- Messias
— Ciniro
— Cirino
— Ernesto Luiz c . Maria Emilia Rocha
Maria Luiza c. Augusto Lutterbach (47)
— E dith c. Augusto Toledo
— Therezinha
— Maria Emilia
'72 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Francisco c. Mariana

F ilh o s:
Maria Luiza
— Ernesto
— Iêda
— Antonio Sérgio
— Luiz Ernesto
— Beatriz
— Astrogildo (Médico c. Iéa E rthal (48)
— André Luiz
— Berenice
— Janice c. José Luiz E rthal (49) Advogado.
Deputado Constituinte E sta­
do do Rio 1935.
— Dulce c. Silvio E rthal (50)
— Afonso Celso
— Ignez
— Heloisa
— Gustavo

— Silvia
— Nair e. Celso Corrêa (Advogado)
— Sonia
— Lourdes
— Diva
— Nice
— Virgílio Antonio c. Amalia E rthal
— Maria Conceição c. Manoel Vasc. Teixeira
— Cléa
— Marlene
— Martha
— João Baptista
— Silvio c. Dulce E rthal 50)
— João Luiz c. Dirce E rthal (51)
(Médico)
— Anna Barbara
— Maria Apparecida
— Elsa
— Ulysses
— Francisco de Assis
— Dionizio c. Olivia Rocha
— Adelina c. Américo Erthal
— Agenor
— José Luiz o Janice E rthal (49)
— Alexandre José
— ■Maria Magdalena
— Walter
— Cid (55) c. Margarida Lutterbach
— Roberto
\ ista geral cia tazenda “ R ancharia do Norte” , que, durante mais de
tainilia Alonnerât. Aspecto geral da sede, com instalações rurais. Casa rande’ cons-
truida em 1892, com acréscimos posteriores
Quarto tia segunda casa tle residência dos Monnerat. onde, conforme o testem unho insus.
peito de .losé Constando Monnerat — que 1 1 a ocasião teria 6 anos — faleceu a 3 de maio
de 1858 com a idade de 85 anos. Francisco X avier M onnerat. Foi sepultado no antigo
cemitério em Duas Barras, local agora apenas assinalado por uma cêrca de arame, no morro
atrás da Prefeitura M unicipal. O fotografado é o velho Pedro, ex-escravo da Fam ília
Monnerat
LIVRO DA FAMÍLIA MONNBEAT 73

Francisco c. M ariana

Filhos:
— Maria Luiza
— Davina
— Maria Lucia
— Geraldo Luiz
— Thelio
— Maria Antonieta
— Davina e. Henrique Brasilio Monnerat f (43) l.° Mat.
— Mercedes c. Carlos Erthal
— Maria Clara
— Helenio
c. Gilberto Monnerat (43) 2.° Matrimônio
— Alfredo c- Alice Erthal
— Edgar c. Nancv Monnerat (54)
— Sonia Beatriz
— Miguel Archanjo
— Accacio
— Darly
— Maria Euniee
— Eulalia c. João Eugênio Erthal
— Dirceu
— Geraldo
— Gilka
„ — José Alberto
— Wanda
— Cornelia c. Augusto Eugênio Erthal
— Noemia c. Manoel Loyola
— Thereza
— Nilza
— Osmar
— Eiisio c. Nilza Bon
— Maria Luiza
— Elias
— Luiza
— Cassia
— Aida
— Aeilino c. M argarida Erthal
— Deleio
— Sebastião c. Alzira Erthal
— Edmo c. Iracy Matta
— Regina
— leá c. Astrogildo E rthal (48) Médico.
— Therezina de Jesus
— Dalton
— Iêda
— Gilberto f c. Maria Tardin| (Gilberto morreu fulmi­
nado pela linha de alta ten-
74 RAYMUNDO B A N D E IR A VAUGHAN

Francisco c. Marianna

Filhos:
são em S- José de Alem P a ­
raíba) .
— Dirce c. João Luiz Brthal (51)
— Marina c. João Baptista Rizi (Médico)
— João Baptista
— Nilton
— Celso

Margarida c. Antonio Lutberbach (9)


— Sebastião c- Em estina M onneratf (6) Casaram-se em
14-5-1892
* 11 10-1865
f 10- 1-1929
— Sebastião c. Odilla Freire
— Ruth c. A rthur Costa Guimarães
(Advogado)
— Vera c. João Henrique Cruz
(Dentista)
— Roberto
— Cicero c. Noemia Lutterbach f (28) l.° Matri..
— Helio
— Maria da Conceição
— Anna Maria
c. Carmita Freire 2.° Matrimônio
— Cezar (Médico) c. Ilsa Mége
— Pulo Cezar
— Kleber
— Haroldo
— Maria Léa
— Augusto c. Maria Luiza E rthal (47)
— Marly
— Maria Stella
— Carlos Augusto
— D éa
— Dorothéa
— F ab io
— Tareisio
— Maria Clara f c. João Monnerat (15)
— Iê d a
— Ione
— Aloysio
— Marco Aurélio
— Maria M argarida c. José Gil Monnerat (60)
— Edmo
— José Augusto
— Jorge
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 7

Francisco M arianna

Filhos :
Margarida
— Julio Cezar
— Regina Coeli
— R ita de Cassia -j-
— Julio Cezar f c. Joventina Monnerat (14)
— João Baptista
— Maria da Gloria j
— Sebastião e- Amélia Simões de Araújo
• — Julio Cezar
— Antonio
, — Maria Neusa
— Francisco José
— Maud
— Ceeilia c. Qctaeilio Lemgruher (32)
— Paulo
— Margarida
Julio Cezar c. Maria Conceição Araújo
— Maria Regina
— Vera
— Marina
— Fernando
— Anna
— Julieta
• — Conrado f
— Antonio c. Albertina Pinheiro
— José c. Zair Pires f 1.* Matrimônio
V olanda c. Nicanor Pinheiro Veiga
— José Ronaldo
— Zair
— Marilena
c. Amélia Ventura 2.° Matrimônio
— José
— Carlos
e. Odette 3.“ Matrimônio
— Sylvio c. Maria Luiza Araújo Lima l.° Matr.
Maria de Lourdes c. Agenor Lemgru-
ber (33)
— Estelio
— Estenio
— Sylvia
— Zelia
— Messias
— Walla/ie
— Margarida c. Cid Erthal (55)
— Geraldo
c- ? 2.’ Matrimônio
7a RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Francisco c. M arianna

Filhos:
— Margarida
— Antonio
— Antonio e. Maria da Gloria Faraeco
— Therezinha
— Dalton
— Zulma
— J urema
— Celma
— Dairton
— Albertina
•— Sérgio
— Cid c. Rita
— Geraldo
— Florisbella
— Edgar c. Ilka Vaz y l.° Matrimônio
— Geraldo e. Nilsa
— Thereza
— Edmo
e. Galiana Castello Branco 2.° Matm.
— Sebastião c . Tita Rodrigues
— Mario c. Miloca Betty
— Enio
— M argarida c. Galliano Gonçalves f, advogado,
farmacêutico, ex - deputado
do Estado do Rio de Janeiro.
— Cremilda c. Morandy Vieira de Souza
Leite. (Médico)
— Chrysantina * 16-4-1945
— Climenia
— Clarindo y
' — Cieero
— Celio
— Clovis L
— Celina
— Cid f
— Cléa y

— Noemia f c. Cieero Lutterbach (28)
— Maria da Conceição
— Elio c. Maria Pedrosa
—- Anna Maria
— Maria das Dores c. Romeu do Carmo Abreu
— Dêla
— Paulo
— Marina
— Antonio Luiz
— Marcos Augusto
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 77

F rancisco c. M arianna 9
Filhos:
— M argarida
— José Antonio (Médico) j c. Zulmira Tavares y l.° Mat.
— Messias y c. Herminia Morado
— Hersias
— Irenio
— Nelsido
— José ((Médico) c. Ida Lutterbacli Vidal (16)
c. Eliza Perpetua f 2 ° Matrimônio
— Francisco f
— Adelaide c. Pompeu Soares
— Maria f c. Manoel Nunes f
— Maria y e. Alcides Lopes Martins (Médico)
— Dagoberto * 2812-1927
— Antonio Carlos * 16-4-1929
— Manoel c. Edna Guimarães
— Eugênio y c. Lydia Monnerat (5)
— Julia y
— Alzira f
— Carmen
■ — Renato c. Agda Moraes
— Clelia *26-5-1919
— Carlos Alberto * 21-2-1918
— Lêda * 29-11-1920
— Renato * 24-1-1923
— Marina e. José Rodrigues da Silva
29-4-1925 (Médico) •
— D alva * 5-11-1929
— Manoel e. Cinira Silveira l.° Matrimônio
— Ilse * 28-10-1924
— Carmen Lydia * 8-4-1927
c. Arajey Silveira 2.° Matrimônio
— Elsa Maria
— Antonio e . Irene Pires
— Lydia
— José Eugênio
— Ely
— Maria das Dores
— Mairia Imaculada
— Adalberto
— Julia f
— Eulina f
— A rthur |
Maria José c. Francisco da Costa Vieira
Maria da Conceição f (recém-nascida)
Maria José c. Augusto Gomes de Figueiredo
— Augusto e . Niza Maulaz Alves
78 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Francisco c. M arianna

Filhos:
— Maria José
— Maria José
— Dalmo
— Francisco e. Odette Gretillet Baptista
— Maria da Glotria
— Guilhermina
— Wilma
Gemeas
— Wanda -j-
— Zelia
— João (dentista) c. Elza M artins Siqueira
— Edie (homem)
— Eide (mulher)
— José Antonio c. Irene dos Santos
— Regina c. José Monnerat (7)
* 11 12-1845
f '17 -6-1920
— Ernestina f c. Sebastião Lutterbach f (6)
— Regino se. Leontina Lemgruber Monnerat (19)
— José Augustof 2-10-1904
— Luiz Antonio c. Yolanda M. Monnerat (11)
— Isa Maria * 14-4-1933
— Maria Apparecida *• 8-10-1937
— Rubens Regino * 27-7-1941
— Ernesto f c. Herondina Lemgruber -j- (30) l.° Matr.
— Waldemar c. Zelia Denis
— Maria José c. Ernesto Wermelinger
— Armando e- Malvina Kalil
— Lourival c. Maria Lourdes França
— Maria Augusta c. Hélio L . Machado (34)
— José Augusto j
c. Maria Luiza Lemgniber (17) 2.° Matrimônio
— Geraldo
— Jovino f c. Ilenriqueta Monnerat (18)
— Joventina c. Julio Cezar Lutterbach f (14)
— José f c. Margarida Heggendorn de Carvalho (22)
— Clovis c. Hercilia Monnerat (27)
— Sérgio *
— Maria Evangelina
— Jorge j (menino)
— Diva c. Peter Franz Haberfeld
— M argarida * 29-8-1939
; — Angela * 16-12-1943
— Regina
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 79

— Cláudio (A grônom o) c. Mirza Pinheiro


— Lauro! c. Iveta Padilha
— Sônia * 3-10-1943
— Elvira *’ .21-9-1886 f 20-2-1891
— Paulino e. M arietta Lemgruber Monnerat (20)
— Maria de Lourdes (Professora)
— Álvaro f ,c. Olga Yidal Moneada (21) l.° Matr. desta
* 17-4-1894
f 29-6-1931

Descendência de João José Monnerat c. Anna Maria Heggendorn


(B) (Ver genealogia dos
* 24-6-1803 Heggendorn). Casaram-se em
f 15-5-1877 Friburgo, a 27-4-1835.

João José c. A nna ilo r ia

Filhos :

— José f c. Regina Wermelinger Monnerat (7)


-— Mariana (solteira) * 26-7-1836 f 4-8-1892
— Antonio f 12-9-1878
— João f
-— José Constan,cio -j- c. Maria Wermelinger y (37) l.° M atri.
— Constando José (Advogado), ex-Deputado no Estado do
Rio de Janeiro.
c. Francisca Lapér
— Cecilia f ,c. Luiz Lapér (cirurgião dentista)
— Cláudio (Advogado)
— Afranio f 5-1920
c. Maria Luiza Lutterbach Yidal (*8) 2.° Matrimônio
— Maria José c- Raymundo Bandeira Vaughan
— João Baptista Monnerat Bandeira Yaughan
— Tliereza Monnerat Bandeira Vaughan
— Anna Maria Monnerat Bandeira Vaughan
— Cordel ia Helena Monnerat Bandeira Vaughan
Filhos de criação. (Ver grupo da fam|lia)
— Sebastião Henrique * 1846 (morreu menino)

Descendência de Maria Barbara Regina Monnerat c. José João Cons-


tantino Lutterbach. (Ver
* 14-5-1806 genealogia dos Lutterbach).
-j- 21-3-1881 Casaram-se em Friburgo a
20-1-1834.
M aria B arbara Regina c. José L utterbach
80 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

M aria Barbara Regina c. José Lutterbach

Filhos:
— Maria Virgínia
— Regina
— Antonio! c. M argarida 'Wermelánger Monnerat (9)
— Maria Virgínia c. José Antonio Vidal (Ver genealogia V id a l).
l.° Matrimônio (38)
— José Antonio f (menino)
— Maria Luiza c. 1 José Constancio Monnerat f (8)
— Regina Margarida y c. Eduardo Moncada y
— José Henrique c. M arietta Casaes
— Neide
— Maria Augusta c. Oswaldo B. Leite (Médico)
— Luiz Gonzaga * 26- 8-1929
— Regina Eulina * 8- 3-1931
— Álvaro José * 17- 3-1932
— Maria Annita * 8-12-1934
— Olga c. Álvaro Monnerat f (21) l .u Matr.
c. Pedre Galvão do Rio Apa (Juiz Di­
reito. 2.° Matrimônio
— Sebastião y ri. Virgínia Vieira
— Maria Amélia f
— Norival f e. Idalina Martinelli
(assasinado)
— Nelsa
— Nilton
— Nilda
— Neila
— Idalina
— Neide
— Sebastião Luiz
— Norival
— Nario José
— José Antonio
— Esther y (menina)
— Ida c. José Lutterbach (Médico) (16)
— Maria Apparecida
— Myriam
— José Antonio
— Geraldo y (menino)
— Maria do Carmo
— Regina c- Avelino Soares Vieira
—- Avelino José
— Maria Lia f (menina)
— Rizza Maria
— Angela Maria
— Vera
F am ília Monnerat Bandeira V aughan. Ao centro, Maria Jo sé Monnerat Bandeira Vaugharu
I)e pe: Jo ão B aptista Monnerat Bandeira Vaughan, Cordelia Heiena Monnerat Bandeira
Y aughan , o autor, Anna Maria Monnerat Bandeira Vaughan e There/a Monnerat Bandeira
Yaughan
Adelia L em gruber P o rtu g a l,
cio ram o M o n n erat L u tte r -
bach L eingruber, h o je relig io ­
sa professa cio Bom r a s t o r .
líio . u u tr o exem plo, e n tre
m u ito s, cie c arin h o sa d e d ic a ­
rão à In fâ n c ia cie cô r. A ntes
de a te n d e r ao im pério de su a
vocação, ei-la em m eio à s
c ria n a ç s a tro -o n asiieiras, tie-
m o n stra n d o q u e no B rasil
não é adm issível to le ra r p re ­
conceitos raciais
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 83

Maria, Barbara Regina c. José Lutierbach

F ilhos:«
— M aria Virgínia
— Sebastião
— Jurema e. Eurico Rangel
— Anna Maria * 20-3-1945
— José Antonio e. Augusta Kneip
— Sebastião
João Baptista c. Maria do Carmo Lima
— Vera Maria
— Gilberto
— Adaulto
— Alfredo e. Ali.ee Nascentes Carvalho f
— José Sirneão c. Elsa Pires
— Paulo José * 24-12-1931
— MariaLuiza e. Joaquim Silva
— Thereza
— Alfredo José
. — João Evangelista (Advogado)
— Geraldo , <j. Haiteles Caldas
— Carlos Alberto (Méd.-Vet.) c. Marina Pires -j-
c. Vicente Moncada (Médico) 2.° Matrimônio
— Lydia f e. Oscar Vinelli (Médico f
— Maria Luiza a . Fidelis Lemgruber
— Fidelis c. Antonia Fontainha Carvalho
— Homero f
— Ceima
— Violeta f
— Vera
— Nair f
— José c. Nadyr Perdigueiro
— José
— Flavio
— Octavio (Juiz de- Direito;
— Sebastião -j-
— Gertrudes c. Manoel Andrade
— Ulisses c. Ebe Freire
— Luiz
— Manoel
— Manoelita c. Mattoso
— V icente
— Paulo
— Irene c. Seixas
— Odetie c. Mario Kropf
— Lucia
— Renato
— Maria Luiza
*■
S2. ' RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Maria Barbara Regina c. José Lutterbach

Filhos:
— Maria Luiza
— Francisco
— Carmen
— Regina f c. Luiz José Monnerat f (23)
— Francisca c. Guilherme Kropf
— Antonio c. Plautilde Lemgruber (29)
— Helena
— Nadyr •
— Gilda
— Haroldo
— Heraldo
— Oscar c. Carolina Baptista
— Aldemar
— Maria Luiza
— José Oscar c. Nilda K ropf
—- Aila
— Nilo
— Nilsa
— Alda
— Silvia
— Sebastião c. Josepha Baptista Lemgruber (35
— Olivia c. Arlindo Baptista
— Guilbermina e. Daniel Azevedo
— Carolina c- Nioolau Kropf
— Carlos f
— Amélia
— Carolina
— Albertina
— Maria c. João Kropf f
— Luiz c . Leonidia Hanequim
— Luiz c. Clelia
— Luiz
— Luciano
— Jorge c. Mirka Gualter
— Antonio
— Maria Lucia
— Wanda c. Vinícius Lustosa
-—• Maria Dolores
— Maria Regina
—■Luzia a . Antonio Hollanda
— Laudelino f
— João c. Francisca Lemgruber Portugal
-— João Francisco
— Paulo
— Maria de Lourdes ’
— Clara
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 83

Maria Barbara Regina c. José Lutterbach

Filhos:
— Maria Luiza
— Maria
— Murillo
— Fidelis c. Guilhermina Tavares
— L u iza
— Zelia
— Carmen
— Geraldo
— Eugênio c. Clara Lemgruber Portugal
— Maria Eugenia c. Luciano Magalhães
— Mario
— Eliza c. Manoel Medeiros Carvalho
— Hermengarda
— Vasco
— Odillio
■— Oswaldo
— Yolanda
— Waldemar
— Roberto
— Alcina c. Jorcelino Lemgruber Portugal
— Maria Clara c. Alderano Crisciuma
Paninhos
— José * 26-4-1925
— Alcina Maria * 23-5-1927
— Vera Maria * 25-1-1931
— Homero y (desastre)
— Alcino c. ’ Darpy Ramos
•— Jorcelino f
— Alfredo * 7-1-1928
— Alcino * 20-5-1931
— Lêda * 24-10-1935
— Aluizio * 8-10-1937
— Adelia * 8-10-1905. Religiosa professa
Congregação Bom Pastor. Rdo.
Francisco f (desastre)
— Jorcelina
•— Agostinha c. Américo Figueiredo Dias
— Pedro Henrique
— Myriam
— Luiz Alberto
— Maria Luiza
— Anna f c- Diogo Moss f
— L u zia c. L ourenço L em g ru b er f
— Erondina f c. Ernesto Monnerat j l.° M atri­
mônio deste. (30)
84 RAYMUNDO BANDEIRA YAUGHAN

Maria Barbara Regina c. José Lutterbach

Filhos:
— Maria Luiza
— Luzia
— Waldepiar c. Nelia Denis
— Ernesto- y
— Armando c . Malvina Calil
— Ernesto
— Maria José
. — Maria Herondina y
— Maria José c. Ernesto Wermelinger
— José
•— Roberto
— Jorge
— Luiz
— Mario do Carfno
— Mario
— Pedro
—- Maria Zeiia
— Renato
— Maria Augusta (t>4) c. Hélio Lemgru-
ber Neto Machado
— Lourrval c. Maria Lourdes França
— Paulogeraldo

— Lourival
— ELse Therezinha f
— José Augusto f
— Maria Luiza c. Ernesto Monnerat y 2.'' Matri-
(17.* mònio dêste
— Fidelis c. Leonardo Araújo
— Geraldo (Oficial Exército)
— Lourenço
— Maria Herondina c. Accacio Silvo
— G eraldo
— Nelson
— Nilda
— Celia
— Therezinha
— Leonor
* — Fidelis
— João Baptista
— Agostinho n. Maria Eliza Mesquita
— Agostinho
— Antenor c. Alzira Ribeiro
— Maria Eliza
— Neusa
— José
— José
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 85

Maria Barbara Begina c. José Lutterbach

Filhos:
— Maria Luiza
— L u zia •
— Mario
— Beatriz
— Assis
— Agenor c. Maria de Lourdes Lutiter-
(33) bach (33)
— Estelio
— Estenio
— Alaor
— Maria do Carmo
— Maria Eliza
— Maria da Conceição
— Maria da Gloria
— E ro n d in a f
— Acyr
— Antonio Augusto
Maria Luzia c. José Ramos Neto
— Maria José
— Olympia c. Licinio Sertã j (Médieo)
— Maria Luiza e. Nelson Rocha Camões
— José
— Nelson
— Pedro Paulo
— M aria
— M ario
— Silvio (Médico) c. Ernestina Abreu
— Roberto
— R enato
— Ronaldo * 24-8-45
— Paulo (Dentista) c. Geny Tepedino
— Maria Lygia
— Lourenço c. Antonia Bittencourt
— Maria do Carmo
— Renato
— José
— Ceiina c. Alcides Mello (42)
— Diva
— Dyree
— Dinah
— D ulce
— Dila
— Rolando c. Eulina Carvalho
— Rolando (Oficial Exército) c. Eulina Carvalho
— Silvio (Médico) c. Elvenara Cordovil
— Ivan
86 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Maria Barbara, Regina c. José Lutterbach

Filhos:
— Maria Luiza
— Luzia
— Murillo
— Octacilio c. Cecilia Lutterbach (32)
— Otilia
— Luzia c. Joaquim Cardoso
— Maria da Gloria
— Nilton c- Maria do Carmo
— A rthur
— Elsa .
— Etella
— José
-— Luiz
— Aluizio
■— Lourenço
— Luzia
— Lourdes
— José f
— Fidelis I f
— Lourenço I f
— Maria Luiza f
— José Baptista f c. Carólina Lemgruber. (Viscondes de
Lrmgruber, título concedido
em 1891, por D. Carlos, P or­
tugal) .
— José f
— José f
— Erothilde (I) f
— Othilde f
-—Maria José (Professora)
— Erothilde (II)
-—Plautilde c. Antonio K ropf (29)
— Clotilde c. Honorio.-Netto Machado f
— Belkiss c. Eneas Galvão
— Renato
— Marino c. Thereza Leal
— Luiz
— Fernando
— Paulo
— Hélio c, M aria Augusta Monnerat (34)
— Dóra c. I/uiz Pinheiro Guedes
— Gilda
— Dinah
— Per tilde c. Augusto Lemos f
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 87

Maria Barbara Regina c. José Lutterbach

Filhos:
— Maria Luiza
— José Baptista
— Pertilde
— Gilberto c. Hilda Mendes
— Pedro
— .Clovis e. Odette Goulart
— Clovis José
— Nocanor (Engenheiro civil, professor).
— José Baptista f c. D janira Ramos
— Fernando Luiz e- Mercedes
— Beatriz
— Luiz e- Aguila
— Julita
— João Baptista (Médico) f
— Carolina (Juiz Direito) c. Jardelina Pereira
— Antonio f p. Carolina Sampaiot l.° Matrimônio
c. Alda Baptista 2 ° Matrimônio
— Augusto Baptista c. Olivia E rthal Weírmelinger
— Maria Augusta
— Alda c. Isaltiino Soares de Souza
— Zeny c. Francisco Werneck
— Asthley
— Antonio Augusto
— Bethovem
— Nelina
— Maria Auxiliadora
— Carolina c. Oscar Kropf
— Maria Luiza
— Alda José
■— Oscar
— Adelmar
— Sylvia
— Nilza
— Nilo
— Judith
— Antonio Aureliano c. Zeneida Cunha
— Marialda
— W alter
— Maria Candida c. Henrique José Fernandes.
— Catharina
— Alda
— Antonio
— Paulo
— Alda Eduarda c. Ary Spangemberg Barboza
— Antonio
— Alaor
ss RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Maria Barbara Regina c. José Lutterbach

Filhos:
— Maria Luiza
— Antonio
— Ada
— Arlino
— Arina
— Ary
— Arilda
— Aderaldo
— Alber
— Josepha Alexandrina ,e. Sebastião L . K ropf
— Maria José
— José
— Armando
— Francisca
— Nilda
— Daura
— Aldo
-— Cláudio
— Thereza
:— Mario
— Luiz
— Fidelis c. Maria Lourdes Pereira
— José Juvenal c. Yolanda Costa
— Thereza
— Antonio José
— Marilda
— Elza
— Juraev c. Herminio K ropf Pereira
— Evanir
— Antonio
— Geralda
— Maria
— Arlindo
— Regina c. José da Costa Tavares
— José Antonio
— Yolanda
— Amanda
— Luiz
— Bethovem
— Paulo
— Iw art
— Paulina. c. Antonio Mello
— Marina
LIVRO' DA FAMÍLIA MONNERAT $9

Henrique c. Maria Bosalina

F ilh o s :
— Antonio José
— Henriqueta
D escendência de H e n riq u e M onnerat ,e. M aria R osalina M archon.

* 27 -7-1814 * 14 -8-1820
23-12-1888 f 8-10-1890

Henrique c. Maria BosaUna

Filhos:

— A nto n io José M aria f c. J u lia M erm elin g er M onnerat f (3)


— Henriqueta c. Jovino Monnerat (19)
* 23-12-1879
— Jovino e. Maria do Carmo Wermelinger
* 14-8-1908
— P a u lin o c. M aria Izabcd M oraes
* 8-8-1907
f 6-7-1945
— Maria da Conceição
* 22- 2-1902
f 26-10-1921
— Olga
* 12- 9-1905
f 22-10-1906
— Carlos a. Herondina Tardin
* 26-4-1903
— Maria Yvone * 11-10-1926
— Celia * 9-3-1928
— M aria de Je su s * 10-3-1930
— M a ria d as D ôres * 15-9-1933
— Calrlos Guido * 3-12-1939
— Beatriz * 3-4-1942
— José Henrique c. Julia Tardin
* 17- 3-1900
f 19-10-1937
— M aria do C arm o (P ro f.) * 10-11-1922
— Edinéa * 4-7-1924
— Paulo Cezar * 11-6-1927
— José Luiz * 28-9-1929
— Otto * 16-11-1928 f 7-12-1928
— Aloisio de Jesus * 2-6-1933
—- Maria Luicia * 30-8-1931
— Luiz Goinzaga * 17-11-1934
— José Henrique * 20-10-1936
— Mario f c. Joanna Helena Cantanhêda f (Professora)
90 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Henrique c. Maria Eosalina

Filhos:
— Antonio José
— Mario
— Antonio José Maria e. Acyr Rosa
(Advogado)
—; Joanna Helena
— Maria Nazareth (Professora
— Anna Maria
— Yvette (Professora)
-— Henrique Brazilio
-— Maria Julia f
— Maria Helena f
— Maria Pia c. Gumercindo Silveira
* — Delio
— Alice f c. Manoel E rthal f
— Maria Bernadette c. Waldemar M. da Fonseca
— Nelio Jairo
•— Roberto
—■Paulo Cezar
— Maria Margarida c. Antonio Godofredo Erthal
— Antonio Luiz
— Maria Celia
— Marilia do Carmo c. José Henrique Erthal
— Afranio
— Maria Paulina
— Therezinha
— Augusto c. Neuza E rthal
— Anna Magdalena
— Maria Julia c. José Bittencourt
— José Carlos
— Marlene
— Regina Coeli
■— Nely
— M arietta c. Mario de Lo urdes Monmerat Aguiar (2)
— Therezinha de Jesus
— Noel
— Celso
— Maria Julia
— Maria de Lourdes
•— Miguel Archanjo
— Zelia Maria
— Gilberto c. Davina E rthal (43)
— Geraldo f
— José Anehieta f
— Henrique f c. Davina E rthal (43)
— Mercedes (Professora) c. Carlos E rthal
— Maria Clara
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 91

Henrique c. Maria Bo salina

F ilh o s :
-— H elenio
•— Julio c. Maria Aeyir Santos f l.° Matrimônio
— Bernadette f
— João Evangelista c. Nancy Erthal
— João Bosco
— José Amchieta
e. Carmelita Scholt 2.° Matrimônio
. — José Maria
— Paulo Henrique
— H élio
— Helena ,
— Naney c. Edgard E rthal (54)
— Sonia Beatriz
— Cicero
— Francisco de Assis
— Elsa
— Tarcísio
— Bernardette
— Iracy
— Maria José
— Octavio c. M arietta Reis
— Maria de Lo urdes
— Geraldo Magela c . Diana Mansur
— Luiz Carlos
— Maria Elizabet
— Luiz Gonzaga
— Carlos Henrique
— Joel
— Braz
— José Anchieta
— R ita de Cassia
— Manoel Hildebrando c. Laura Bastos
— Maria Alice c. Agenor F . Rodrigues
— Delce
— Nilton
— Agenor
— Dalgo
— J uarez
— ,Julio e. Aurea Rosa
— Antonio Carlos
— José Aloysio
— Pedro Henrique
— Julio Cezar
— Maria Helena
92 RAYMUMDO BANDEIRA VAUGHAN

Henrique c. Maria Rosalina

F ilh o s :
— Antonio José
— Manoel
— A lb erto c. N azareth C arvalho
— M a ta i D ulce
— Maria Lueia
— M aria D ilm a
— Maria Selma
— V era
— Maurilo c. Geralda Taveira
— Sonia Maria
— Delio
— Nilza
— Lydia c. Eugênio Lutterbach (5)
» * — João H e n riq u e f c. M aria V eiga j
— Agenor c. Eponina Monnerat (25)
— Marilia ,e. Hermano Lopes Martins
— M oacyr c- A delia A breu
— M ilton c. T hereza
— M aria H elena
— M aria N ancy c . G u aran á S ilveira
— M ozart
— M a rth a
—• M aria d a P e n h a
— Maurilio Guy
— Jo ão H e n riq u e c . M aria C lara L u tte rb a c h f '(15)
— C arlos C atu lin o c. A delaide S ette Gomes
—• L incoln
— Cassia
— Thereza
— L aercio
— G eraldo
— Edith f c. Everardo Barreto de Andrade (J. Direito)
— O tto

— M a ria S tella
— Henrique c. Regina Rosalina Lemgruber Monnerat (26)
— Haroldo * 28-6-1930
— Ronaldo Helenio * 28-6-1933
— Afranio Henrique * 26-2-1936
— M aria M agdalena c . F lavio T ard in
— M aria J u lia
— Eloisa
— Rosalina * 25-10-1906 -|- 15-9-1924
— H ereilia • c. Cio vis M o n n erat (27)
— Evangelina c. Nelson Monnerat (24) (Advogado)
— Marilda
— Ruiz José
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 93
/

Henrique c. Maria Rosalina

Filhos :
— João Henrique
— Herminia a . Aristides Monnerat (4) y
— José Gil c. Maria Margarida Lutterbaeh (60)
Luiz José f e. Regina Monnerat Lutterbaeh Lemgruber y (23)
* 12-1-1860
f 2-5-1941
— Leontina c. Regino Monnerat (19)
— Henrique f e. Bulina Monnerat f (12
— Paulino e. Alina Costa
— Paulo (Advogado)
—- Roberto (Oficial Marinha)
— Bponina c. Agenor Monnerat (25)
— M arietta c. Paulino Monnerat (20)
•— Regina Rosalina e. Henrique Monnerat (26)
— Luiz c. Dulce Azevedo f l.° Matrimônio
— Luiz Theophilo
&. Helena Araújo 2.° Matrimônio
— Maria Helena * 23-11-1929
— Gilberto f 12-9-1931
— Lueilia c. Euclvdes Solon de Pontes y (Médico, Advo-
gado, Promotor Público)
— Enrico * 5-10-1921
— Edgard * 4-7-1924
— Helio * 10-5-1927
— Edson * 19-6-1930
— Euclydes * 4-10-1932 '
— Eduardo * 29-11-1934
— Hernani * 18-12-1936
— Anna Regina, * 26-1-1939
— Maria Manoelita f c- Clarindo Monnerat (10)
— Yolanda c. Luiz Antonio Monnerat (11)
— Nelson c. Evangelina L . Monnerat (24)
— Antonieta f (menina
— Anna Maria f c. Sebastião Monnerat f (1)
— Maria f c . Leopoldino Fernandes Barrozo y

HISTÓRICO DA FAM ÍLIA LUTTERBACH

Os Lutterbaeh, oriundos de Sursee, Cantão de Lucerna, Suíça alemã, emi­


graram para o Brasil no mesmo veleiro “ Canilla”, com a família Monnerat.
Vieram: Maria Barbara Meyer Lutterbaeh com seus filhos:
José 22 anos
Catharina 20 anos
94 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

Gertrudes 17 anos
M artin 13 anos
Joseph Antoine 12 anos.
Foram alojados na casa n.° 84, no lote 87.
Coínsta dos assentamentos da colônia, és se grupo, sem o pai. N atural­
mente Maria Barbara já era viúva quando partiu da Suíça, ou o marido mor­
reu na trágica viagem. Contudo, não é isso provável, pois a tradição teria
transmitido pelo menos notícia do triste acontecimento.
José Lutterbach guardou sua certidão de batismo, bem como a certidão
idêntica de seus irmãos, ambas aqui reproduzidas. Esses documentos passa­
ram pela guarda de seus descendentes Ántonio Lutterbach, Eugênio, e são
boje possuídos por D. Carmen Monnerat Lutterbach bisneta, ainda residente
na fazenda “ Três B arras” primitivamente de propriedade de José Lutterbach.
Também o retrato a óleo de Maria Barbara Regina encontra-se tnessa fazenda.
A s certidões reconstituem a árvore genealógica até 1764. As datas con­
signadas são do batismo. A inscrição no jazigo do Cemitério de Duas Barras
marca 22 de maio de 1796, como o nascimento de José Lutterbach. A cer­
tidão re fe re -s e a data idêntica ,como de batismo. É possível ter sido a criança
batizada «no mesmo dia do nascimento, aliás de acordo com o espírito religioso
do Cantão de Lu&erna.

GENEALOGIA DOS LUTTERBACH


João Lutterbach c. Barbara Vonash.

— João e. Barbara Meyer


* 13-4-1764
— José João Constantino c. Maria B ar­
bara Monnerat Lutterbach
(C)
* 22-5-1796 f 28-9-1860
— Anna Catharina c. Leoopldo Boele
* 16-1-1799
— Anna Maria Gertrudes c. Friedrich
Frolish (D)
— Jo&eph M artin * 11-11-1805
— Josepho Antoine * 19-3-1807
— Jacob Irineus * 23-12-1808.

Falecessem os demais na Suíça, ou durante a viagem, consta terem chega­


do a Friburgo somente a mãe, Barbara Meyer, e seus filhos José João Cons­
tantino, Catharina, .Gertrudes, M artin e Joséph Antoine. Pudemos apurar o
caasmento.de Catharina em 16-4-1822 com Leopoldo Boelle, Zurich. José João
casou-se com Maria Barbara Regina, em Friburgo, a 20-1-1834. José era alfaia­
te em sua terra natal. Não sabemos a época da compra da fazenda “ Três B ar­
ras”, então no Município de Cantagalo. Muito trabalhador, prosperou, fez
pecúlio. Diz-se que gostava de se tra ja r bem, fazendo êle próprio as roupas.
LIVRO1 DA FAMÍLIA MONNERAT 95

Certidwo de batismo de Maria Barbara Regina Monnerat.


• MONNERAT
“ Estrato do livro dos batizados na Igreja Paroquial dos Santos Apóstolos
Pedro e Paulo da localidade de Vermes, Cantão de B em a. (Traduzido do
original em latim) :
No ano do Senhor de 1805, ao l.° de março, àno 13 da República Francesa,
aos 13 do mês Ventose, eu, Ignacio Perinat, presbítero administrador da Igreja
Sucursal de Vermes, batizei uma criança nascida na vespera, dos seus legítimos
pais Francisco Monnerat e Izabel Ivoller, oriundos de Vermes, mas moradores
na Vila chamada Longpres, em Anvelier,, a qual já inscrita no registro civil
dos nascimentos foi chamada Maria Barbara Regina, e da qual foram padrinhos
José, filho legítimo do defunto João Schmidt, e Maria Anna Fleury, de Anve­
lier, e Maria Barbara; filha dos falecidos José Koller e Anna Flück, de Pehoíf
ou Elay. Assim o atesto, eu Ignacio Perinat, presbítero administrador da Igfe-
ja Sucursal de Vermes.
Éste estrato do supradito livro fielmente e literalmente e de próprio punho
eopiei dando-lhe o selo paroquial. A 3 de abril de 1838. P . José Kottelat.
Pároco de Vermes.
Visto para legalização da assinatura do verso de M. Kottelat Cura da
Paróquia de Vermes. Delemont. 6 de abril de 1938.
O Prefeito Ferm uth.
C . .,
Certidão de batismo de João Lutterbach e seus filhos Anna Catharina,
Geriurdes, José Mortinho, José Antonio e Jacob Irineu.
Estrato do livro de batizados.
No ano de 1764, aos 13 de abril foi batizado João, filho legítimo de João
Lutterbach e Barbara Vonasch, sendo padrinhos Jacob João Kufer e Anna
M aria W illim an.
Do legítimo casamento de João Lutterbach e Barbara Meyer os seguintes
filhos fõram batizados.
No ano de 1799, aos 16 de janeiro, Anna Catharina Lutterbach. Foram
padrinhos Jacob K úfer e Catharina Meyer.
No ano de 1802, aos 18 de janeiro, Anna Maria Gertrudes Josepha L utter­
bach. Foram padrinhos João Baptista Nizer e Gertrudes Tchchoop.
No ano de 1805, aos 11 de novembro, José Martinbo Lutterbach. Foram
padrinhos José Antão Meyer e Catharina Schweingruber.
No ano de 1807, aos 19 de março, José Antonio João Gabriel Lutterbach.
Foram padrinhos, José Lutterbach e Izabel Lutterbach.
No ano de 18Ò8, aos 23 de dezembro, Jacob Ireneu Lutterbach. Foram
padrinhos Jacob Lutt.erba.ch e Bambara Lutterbach.
Assim consta do livro dos batizados-
Sursee (Surlaci sicj dia l.° de junho de 1819.

Melehior M eyer.
Plebano e Sextario local.
96 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGIIAN

Certidão de batismo de José João Constantino. • *

“P . L . S.
(traduzido do latim, do original)

No ano 1796, aos 22 de maio foi batizado José João Constantino filho legí­
timo dos honestíssimos (sic) pais João Lutterbaeh e Maria Barbara Meyer, sendo
padrinhos José Guoth e Anna Maria Lutterbaeh.
Sursee (Surlaci) (sic), 11 d© junho de 1817.

Melchior Meyer
Plebano local” .

Cabe-nos assinalar, também, um ramo importante da família Lutterbaeh,


radicado no Brasil. Anna Maria Gertrudes, aqui chegada, com sua mãe o
irmãs, contando 17 anos, casou-se com o icidadão alemão Friedrich Frolish, em
data que não pudemos apurar. Friedrich veio para o Brasil em começo de
18J9. Natural de HannovUr. Seus pais eram peritos em jardinagem (ICunst-
gaertner) naquela cidade. Primeiro mandaram seus filhos (Friedrich e um
irmão) para Lisboa. Partiram para o Brasil pouco depois da vinda de D
João V I. Friedrich Frolish dedicou-se ao comércio de café, sendo mesmo
considerado como o pioneiro nas transações exportadoras dêsse produto. Diz-se
ter sido sempre muito estimulado e mesmo amparado por Pedro I . A casa
dos Frolish localizava-se no Campo de S. Cristovam, nó ponto onde estão
hoje construídas instalações da. Companhia Light, E ra uma residência ampla,
com acesso pela rua Escobar e rua Figueira de Melo. Lembrando o prestígio
dos Frolish, ainda há uma rua com êsse nome em S. Cristovam.

GENEALOGIA DOS LUTTERBACH - FROLISH

Friedrich Frolish c. Anna Maria Gertlrudes Lutterbaeh (D)


— Emilia Frolish c .c . s- primo Jorge Guilherme Frolish
* 5-8-1829
Faleceu em
Hieres, França
em 1865
* 9-11-1818 f 4-7-1889 no
Rio de Janeiro.
—■Angela Guilhermina Frolish c. João Arnaldo
Mutzenbecher. Alemão, oriun­
do de família tradicional.
— Henrique Mutzenbecher.
Henrique Mutzenbecher é brasileiro nato, pertenceu ao alto comércio onde
conquistou brilhante posição e sólida fortuna. Reside no Rio de Janeiro.
I

LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT

GENEALOGIA DOS HEGGENDORN

José Heggenãorn c. Anna Maria Gõtsch

Filhos:
Anna Maria c. José Mario da Silveira l.° Mart. (? Y, nota)
(B) c. João José Monnerat 2.° Matrimônio
— Jorge (Solteiro)
Antonio c. Margarida Wermelinger (G)
— José Jorge ,e. Leonor Lontra
f 11-7-1888
— Antonio Marcos (Solteiro)
— Maria Magdalena c. José Machado de Carvalho
— M argarida c. José Monnerat (22)
— Maria c. Luiz Heggendorn (40)
— Leontina c. Luiz Teixeira
Fiavio c. Benedicta Magdalena
(Assassinado)
— Leda
— Fiavio
— Moacyr * 26-3-J912
José Heggendorn c. Anna Maria Gõtsch
Filhos:
— Antonio
— Margarida (Solteira)
— Jorge * 26-5-1925
— João Baptista c- Joanna Lontra Pinto em 2-6-188
* 20-4-1857
f 1-6-1923
— Livia
— Freiras Dorothéas
— Amalia
João Baptista c- Edith Alvarenga
— João Baptista
— P a lm ira c. José A braão
— Maria José f 27-1-1913
— Rosa
— Alzira
Margarida c. Raynoldo Donner
— Rodolpho * 23-8-1934
— Therezinha * 14-3-1935
— Zelia * 15-1-1941
— Dulce a , João Góes Sayão
— Maria Dulce
— 'Dulcilia
. — Mar: a de Jesus
— Luiz Roberto
98 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

José Heggendorn c. Anna Maria Gôtsch

Filhos:
— João Baptista
— N ilton
— João Baptista
-— Rogério
— Marcos
— João de Góes f com 11 anos
— Leo-nor c. Jorge Souza Lobo
— Jo rg e
— Helena c. João Baptista Givia
— Plinio
— João Baptista
■— Maria Helena
.— Conrado (Solteiro) f 7-9-1882
— João Henrique c. Maria José Wermelinger (F)
f 10-7-1888
•—- João Henrique c. Adelina van Erven
* 13-2-1917
— Luiz c. Maria Heggendorn de Carvalho (40)
— Henrique * 30-1-1902 com 17 anos
— Maria José c. Plácido M artins de Mello
(Advogado e Engenheiro)
— José Luiz c. ítala
— Aloisio
— Sérgio
— Maria c. A rthur Ramos Leal (Adv.)
— Beatriz c. Adir Guimarães
(Oficial Exército)
— Giarice e . Sérgio Bernardes
— Christiano
— Sérgio Wladimir
— Lu,oia c. José Paulo Albuquer­
que Guillobel (Of. Marinha)
— Gilda
— Conrado c . M arta de Souza
— Antonio
— Julina
■—- Maria Luiza
— José Henrique
— Marianna ,e. Jacob Bucher
— Mariana c- Henri Richard 0 ’Reilly (Advogado)
— Julia Amélia (solteira)
— Eulalia c. Antonio Gomes de Souza
— Marié Robert f (menina)
— Adelaide * 1850 c. Julio Constant Pourehet
— Maria Eugenia (Religiosa salesiana) f
LIVRO- DA FAMÍLIA MONNERAT 9»

José Hcggendorn c. Anna Maria Gõtsch

Filhos:
— Anna Catharina
— Marianna
— Ernestina (Religiosa salesiana) f
— Eugênio c. Eugenia Barradas
Julia (solteira)
— Adalberto c. Maria de Lourdes
— Elisa (morreu criança)
— Adelaide c. Mario Campos (Médico)
* 1889
— Maria Apparecida * 1918 tr
— Nilce Maria c. Franc. Limongí
— Francisco José * 1944,
na França
— Clotilde (morreu criança)
•— Maria c . Constant Pourchet
-— Joaquina c.i Manoel da Costa
.— J osephina
— Conrado c .' Maria Pena
— Henrique e. Justina Pena
— Aristeu
— Ezuquiela, e mais 12 irmãos.
—■Anna Catharina c. Carlos Finster
— Mariana Leopoldina c. José F . dos Santos Lameii^iilias
—- Yalentina c. Eduardo K ropf l.° Matrimônio
— Orris Agnes c. Maria Chevrand
• — Eduardo
— Henmy
— Therezinha de Jesus
c. João Azevedo 2.° Matrimônio
— João e. Maria Antonia Lannes
— Therezinlia
— Maria José
— Cecilia (53) c. José C- Lameirinhas
— José Luiz
— M aria da Conceição
— M aria d-e L ourdes •
— H ild a c. Leopoldo F e rre ira G oulat f
— Cezar
— Y^anda
— José E x p ed ito
— M arild a
— Leopoldo
— C arlos F re d e rico c . M aria C onstância Gomes
— Jo ã o Cairios c. F irm in a P e re ira f
— Carlos F red erico
— José C arlos c. Cecilia Azevedo (53)
100 RAYMUNDO BANDEIRA VXUGHAN

Apurar os antecedentes dos imigrantes Heggendorn oferece alguma difi­


culdade, porque os registros nos livros da Paróquia de Nova Priburgo e da
Prefeitura local têm contradições. Vê-se o intuito dos velhos cronistas em
anotar nomes, idades, estados civis, talvez tarefa provavelmente impedida pela
má vontade dos próprios colonos suíços.
Tivemos em mão dois livros principais de assentamentos. Um existente
no arquivo da Matriz de Priburgo, outro do arquivo da Prefeitura. Parece que
um foi copiado do outro, e o copista deve ter copiado m al. . . Qual desses livros
merecerá fé? O P . Joye fez trabalho com preocupação de minudência. Corri­
giu datas, emendou lançamentos, “ matou” e fez “resurgir” pessoas daquele
tem p o ...
As casas 72 e 71, respectivamente, receberam famílias Heggendorn. Pais
e mães, com o mesmo nome, filhos em mimero difrente, mas quase todos coin­
cidindo em nomes. Vieram pelo navio “ Hereux Voyage”, procedentes do mes­
mo cantão suíço, Soleure.
A m istura das famílias José Borrher, Urso José Sehumacher, filhos de
nome Conrado, Marianna, mostra confusão possível de cópia.
O registo de óbitos da Matriz de Nova Priburgo assinala: “ José Eggen-
dorn faleceu a 2 de abril de 1829, com 70 annos, casado, Soleure”. Adiantè1:
■‘Anna Maria Heggendorn, viúva, 70 anos, faleceu a 24 de julho de 1836, 70
anos, sepultada no Cemitério da Cabeceira do Rio Macaé” .
Anna Maria Heggendorn, ao se casar com João J osé Monnerat, a 27 de
abril de 1835, deixou a cerimônia religiosa registada na Matriz de Priburgo
com a afirmação de que seus pais eram falecidos. Assim, Anna Maria Heggen­
dorn, que morreu a 24 de julho de 1836, pertencia a outra família.
Em 20 de novembro de 1820, conforme já dissemos,, casava-se Marianna
,eom Jacob Bucher. Dêsse consórcio deixaram bem numerosa família Bucher,
ora disseminada pelos Estados do Rio, S . Paulo e grande parte no Município
de Itaocára.
A 2 de março de 1825, Marianna Rosa Eggendorn, filha de Joisé Eggen­
dorn casava-se, perante o P . Joye, com Jeronymo José Dutra. Nesse mesmo
dia, na mesma ocasião, casava-se, Anna Maria Eggendorn, com o irmão de
Jeronymo, que se assinava José Mario da Silveira.
Tais casamentos de Anna Maria Heggendorn, sob o ponto de vista histórico
da família Monnerat-Heggendorn, constituem, sem dúvida, surpresa para a
maioria de seus descendentes, embora Henriqueta Monnerat, viúva de Jovino
Monnerat, informe ter ouvido dizer, mesmo, que o português José Mario da
Silveira residira em Cantagalo, possivelmente na fazenda da Aldêa. Provavel­
mente José Mario teria falecido entre 1825 e 1835, pois, a 27 de abril de 1835,
perante o mesmo P- Joye, casava-se Anna Maria Heggendorn com João José
Monnerat. Nada consta, nos respectivos registros, sôbre o estado dos nubentes,
se solteiros,‘se viúvos. À margem da anotação sôbre'a família 72, escreveram
textualmente: “ Toute la familie a Canta Gallo, S. R ita” .
Para a máxima fidelidade em nossa exposição, transcrevemos, ipsis v e rlis,
os assentamentos de cada um dos casamentos de Anna M aria Heggendorn.
Chamamos atenção para uma única divergência. 0 nome da mãe de Anna
Maria, também Anna Maria, estava seguido do sôbre nome Lates (?) no pri­
meiro casamento, e Gõetschi, no segundo. Outra circunstância digna de exame:
Na primeira cerimônia, ninguém da família Heggendorn comparece como pa-
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 101

■drinho... Na segunda, a noiva e assistida pelo irmão, e pelo cunhado Francis­


co Monnerat. Provavelmente, não teria sido do agrado da família aquela pri­
meira união conjugal.
Note-se que Marianna Eggendorn, que se casara em 1820, aparece, em
1825, ,casando-se com Jeronymo José Dutra. Seria a mesma Marianna Eggen-
dorn, cuja descendência, por parte dos Bucher, é aquela que fixamos
cm Itaocára?
Catharina Heggendorn primeiro casou-se com Urbano Schmidt, natural
de Steinau, protestante, contrariando profundamente seus pais, pelo fato do
noivo ser prostestante. Enviuvando, novamente casou-se com Carlos Finster,
do qual deixou descendência no Município de Cantagalo.
Em torno idas dificuldades que deparamos quanto ao estudo dos antece­
dentes da família Heggendorn, surge atualmente um ramo Heggendorn,' em
extremo pauperismo, residente m Friburgo.
Homem velho e indigente. Chama-se Manoel Valentim Heggendorn, nas­
cido em 1866. É filho de Christiano Heggendorn e Maria Carolina Piller, cujo
assentamento de núpcias religiosas se encontra na Matriz de Friburgo, em 1865.
Diz-se neto paterno de José Heggendorn e de Anna Maria Frése. Alega ter
sua família “ direitos” também na fazenda Bonfim, que pertenceu à família
Heggendorn, no Município de Cantagalo.
Basta examinarmos a cópia, dos apontamentos manuscritos do livro sobre
a “ Colonização suíça” para verificar a existência de duas famílias, embora com
o mesmo nome, e mesma procedência. Erro?
Transcreyemos os assentamentos dos casamentos de Anna Maria Heggen­
dorn. Seriam duas moças diversas, com o mesmo nome? E a tradição muito
vaga de que Anna fia ria Heggendorn Monnerat fôra casada duas vezes?
iíesta-nos a declaração, no assentamento do casamento de Anna Maria, ,eom
João José. Monnerat, em 1835, de que seus pais eram falecidos, quando, em
1836, registrava-se o óbito de Anna Maria Heggendorn,, com 70 anos.
Im porta meditar sôbre a prosperidade de uns, e a miséria de outros.
Uns conseguiram fortuna, outros fracassaram na vida. O motivo?
O homem pobre de Friburgo possivelmente vem de família que procurou
permanecer nos “ Números”, e, daí, a decadência total. Coisas de mais de um
século não estão facilmente ao alcance de investigações seguras. Deixamos nesta
parte a interrogação, que, se decifrkda, viria provar como a maioria dos suíços
imigrantes de 1819-20 chegou à extrema penúria.
102 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

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72 37 José Heggendorn 53 | Feliz Viagem 1-1-1820


Anna Maria (esposa) 50 1 Feliz Viagem 20-5-1820
Mariana (filha) 23. Feliz yiagem
Jorge (filho) 21 Feliz Viagem
Antônio (filho) 19 Feliz Viagem
Conrado (filho) 17 Feliz Viagem
João Henrique (filho) 15 Feliz Viagem
Anna Maria (filha) 13 Feliz Viagem
Catarina (filha) 10 Feliz' Viagem

71 92 José Borrher 40 Camilo 20-2-1320


Mariana (esposa) 46 Camilo
Francisco José (fiiho) 5 Camilo

Urso José Sehumaoher 19 Debby Bliza 9-12-1819


Francisco José Borrher 42 2 Catherines 18-11-1820
Mariana (esposa) z 45 2 Catherines
Mariana (filha) 16 2 Catherines
Conrado (filho) i 2 Catherines
Jorge (filho) 2 Catherines
! 7
José (filho) ! 5 2 Catherines
José Heggendorn ! 59 Feliz Viagem 1-1-1820
Anna Maria (esposa) I 50 Feliz Viagem (morta em
José (filho) , i 22 Feliz Viagem 20-5-1820
1 * *• i não morreu...
Mariana (filha) 1 19 Feliz Viagem
Anna Maria (filha) 18 Feliz Viagem
Catarina (filha) 14 Feliz Viagem
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 103

Fam ília 72 N.° 37

Heggendorn J . Joseph 24- 1-1766 Soleure


Anne Marie 5- 4-1769 99

George 14-10-1796 99

Antoine 5- 4-1800 99

Conrad 8- 3-1802 99

Henry 15- 4-1802 - 99

Ann Marie 5- 4-1806 99

Catherine 6- 3-1809 99

Família 71 N.° 92

Heggendorn Joseph 4 (Ileg) 1759 Soleure


Ann Marie 14 (Ileg) 1767 99

Joseph Henry 15-6-1796 99

Marianne 8-1-1796 99

Ann Marie 8-3-1800 99

Catherine 15-9-1805 99

Nos registos acima há coincidências de nomes, e divergências de datas


Seriam parentes as famílias Heggendorn 71 e 72 ? O P . Joye marcou o nome
Bucher ao lado de Marie, na família 72. De fato, em 20 de novembro de
1320, Marianna Heggendorn casava-se com Jacob Bucher, natural de Zuniken,
oantão de Zurich, conforme assentamento no livro de casamentos da Matriz de
Nova Friburgo. A família inscrita com o n.° 72 é indubitavelmente a família
dos Heggendorn, cuja descendência concentra nossa atenção. Anna Maria
Jleggendorn, conforme sua inscrição tum ular nasceu a 5 de maio de 1806.
enquanto o registo em causa diz abril. Todos os outros irmãos foram assina­
lados posteriormente.

Esta firm ada no livro de casamento da Matriz de Nova Friburgo, a se­


guinte “ A bertura”. Tem este livro duzentas e noventa e uma folhas,"que vão
por mim rubricadas com original, que diz — Videgal -—- e deve servir na fre-
guezia de S. João Baptista de Nova Friburgo, Colônia Suíça para nele se lan­
çarem os assentos dos casamentos que nela celebrarem. A 15 de janeiro de
1820.
Francisco Corrêa Yidegal
Procurador do Bispo” .

Diga-se de passagem que o Vigário, Padre Jacob Joye, iniciou os assenta­


mentos com diversos casamentos por êle celebrados durante a viagem da Suíça
ao Brasil.
104 RAYMUNDO BANDEIRA VAUGHAN

José Mario da Silveira


com
ATina Maria Eggendorn
Aos dois dias do mêz de Março do anno de mil
oitocentos e vinte e cinco, de tarde nesta Igreja,
parochia de S. João Baptista da Villa Ae Nova
« I Friburgo, aonde se acbava em visita o Esnio.
Revmo. Senhor Bispo Capellão Mór, feita huma
* denonciação na forma do Sagrado Concilio Triden-
tino, e tendo dispensado outras duas o mesmo
Exmo. Senhor, em presença de mim Jacob Joye
^ Vigário da "Cara e Igreja de S. João Baptista é
■sendo presentes por testemunhas João Dutras da
Costa e Antonio Lopes d ’Avilla, e outras pessoas
conhecidas, se casarão em face da Igreja solemne-
mente por palavras não havendo empedimento al­
gum, José Mario da Silveira, filho legitimo d ’An- v
tonio D utra da Silveira e de sua mulher Rosa Tho-
mazia já falecida, nascido e Baptizado na Fregue-
zia de S . Antão na Cidade de Evora, com Anna
Maria Eggendorn filha legitima de José Eggen-
dorn e de sua mulher Maria Lates (Ilegivel) nas­
cida e baptizada no Cantão de Soleure na Suissa,
ambos de presente moradores nesta freguezia de
São João Baptista, e para constar fiz este assente
que por verdade asignei
O Vigário Jacob Joye.
Observação ■. Anna Maria casara-se com 19 anos
incompletos.

A fls- 12.
João JoséMonnerat
com
Anna Maria Eggendorn
Aos vinte e sete dias d'A bril de mil oitocentos
e trin ta e cinco, feitas as denunciações à missa eon-
ventual nesta Igreja parochial donde o contrahente
he morador e na freguezia de Canta Gallo aonde
assistia a contrahente, sem se discubrir empedimen­
to algum, em minha presença e sendo presentes por
testemunhas Francisco Monnerat, Cláudio Stuki e
Henrique Eggendorn, se casarão solemnemente por
palavras em face da Igreja pelas oito horas da ma­
nhã, nesta Matriz de S. João Baptista, João José
Monnerat, filho legitimo de Francisco Monnerat e
de sua mulher Izabel Koller natural e baptizado na
freguezia de Verné (sic). e morador de presente
nesta freguezia, e Anna Maria Eggendorn, filha le­
gitima de José Eggendorn e de Maria Goctschi, já
LIVRO DA FAMÍLIA MONNERAT 105

falecidos, natural e baptizada na freguezia de Grin-


det, Cantão de Soleure, na Suissa, assistente de
presente na freguezia de Canta Gallo, e logo lliee
foram dadas as bençaos na forma do ritual romano.
_ e para constar fiz êste assento, que por ser verdade
assinei.
0 Vigário Jacob Joye” .
João José Monnerat, de conformidade com a data inscrita em seu túmulo,
no Cemitério da Irmandade de Duas Barras, tinba, em abril de 1835, 32 anos
incompletos. Anna Maria Heggendorn, de acordo com idêntica inscrição no
mesmo túmulo, ainda não completára 29 anos.

G E N E A L O G IA DOS ERTHAL

* - Jo ão E r th a l ,c. C a th a rin a W erm elinger (H )


— João L u iz ( I )
— E ugênio
— José
— João
— M anoel
— A ugusto
— A ntonio
— M a ria n n a
— M aria C a th a rin a
— G elrtrudes ( J )

HISTÓRICO DA FAM ÍLIA W ERM ELINGER

Oriunda de Delemont, Cantão de Berna, como os Monnerat, veio no navio


“ Hereux Voyage”, veleiro que perdeu 40 passageiros, mortos na travessia, do
total de 437. No mesmo veleiro vieram os Heggendorn. A família eompu-
uha-se de:
Xavier Wermelinger c. Catharina Egglin
44 anos 37 anos
Filhos:
— Xavier 10 anos
— Catharina 9 anos (H)
— Joseph
— Estephe
— Marianne (A)
Do registro de óbitos da Matriz de Friburgo: Catharina faleceu em Fri-
burgo, sem testamento, a 1-8-1853, deixando 7 filhos.
Marianna Wermelinger casou-se, em 31-7-1836, em Friburgo, com F ran­
cisco Monnerat. filho de Francisco Xavier Monnerat e Elizabeth Koller. A
10* ' RAYMUNDO BANDEIRA YAUGHAN

maior parto3'dos decendentes dos Wermelinger dedica-se à vida rural na re­


gião de Duas Barras, Bom Jardim , Cantagalo, e Sumidouro.
Egglin pode ter sido grafado origináriamente Hegglin. O Dicionário
Histórico e Biográfico Suíço destaca a família Hegglin como de origem nobre.

HISTÓRICO DE JOSÉ ANTONIO VIDAL (38)

Português, da Vila Nova de Famelicão, era filho de José Antonio Vidal


e Maria Corrêa de Barros. Fôra negociante, e morreu muito moço, deixando
viúva Maria Virginia Monnerat Lutterbach, ,com os filhos menores, devidamen­
te inscritos neste trabalho, na seção genealógica. A viúva de José Antonio
Vidal novamerje casou-se com o médièo Vicente Moncada, espanhol, que viveu
muitos anos no Brasil.

-GENEALOGIA DA FAM ÍLIA W ERM ELINGER

Xavier Wermelinger c. Catharina Egglin


t 1-8-1853.em Nova Friburgo
Filhos :
'— José c. C a th a rin a S tu tz .
* José A nto n io ,e. M aria de A lm eida l.° M atrim ônio
c . M aria A rru d a 2.° M atrim ônio
— H en riq u e c . R ita de A lm eida
— C onrado c. M aria W erm elinger *
— M aria José c- José C o n stan d o M o n n erat l.° M atri. deste
—: M a ria José c. Jo ão H en riq u e H eg g en d o m (F )
— M a rg a rid a c . A ntonio H eggendorn (G )
— C a th a rin a ( E ) c. Jo ão E rth a l (H ) >
— E ste vam c . B o rre r
— : X a v ie r (S olteiro)
— M arian n a è. F ra n c isc o M onnerat (A ) . *

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