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ST JOHN DAMASCENE
Imprimatur
ST JOHN DAMASCENE
SOBRE
POR
MARY H. ALLIES
Londres
THOMAS BAKER
1 SOHO SQUARE, W.
1898
PREFACIO DO TRADUTOR
Um Tratado sobre Imagens nã o icará deslocado para um pú blico, que
confunde a feitura de imagens com a feitura de ı́dolos. Um grande
cristã o do sé culo VIII viu-se convocado para enfrentar um iconoclasta
imperial. Ele teria icado de bom grado em silê ncio, mas nã o enterraria
seu talento de eloqü ê ncia. Ele o apresentou e testemunhou o ensino da
Igreja em uma linguagem que apresenta 'cenas emocionantes' nas
igrejas anglicanas da maneira mais contundente. Os nossos
destruidores de imagens inglesas estã o no campo de Leã o, o Isauriano,
que no sé culo VIII travou uma guerra contra as imagens sagradas, sob o
pretexto plausı́vel de que retiravam a honra de Deus. O sé timo Conselho
Geral condenou seu ataque e determinou os diferentes tipos de culto,
usando os termos gregos de latreia e douleia. O campeã o especial das
imagens sagradas é Sã o Joã o Damasceno, cujo tratado é
agora publicado pela primeira vez em inglê s. Cada artigo do credo tem
seu defensor especial. Sã o Joã o Damasceno proclama a Comunhã o dos
Santos e a honra de Deus por meio de Seus servos escolhidos e
favorecidos. Nenhuma parte da fé cató lica é uma palavra vã , nem
podem os verdadeiros ilhos da Igreja dizer com os lá bios o que nã o
guardam no coraçã o. Eu acredito na Comunhã o dos Santos segue em Eu
acredito em Deus, de forma que os inimigos dos Santos sã o os inimigos
de Deus. Esta é a doutrina que Sã o Joã o Damasceno remonta aos
tempos eternos antes que o tempo existisse, no divino εικων do Pai na
Pessoa do Filho. Deus, o Filho, é a imagem por essê ncia, e entã o Ele se
torna uma imagem ou forma visı́vel no tempo, revestido de carne e
sangue, mostrando-nos por Seu pró prio exemplo que nossa adoraçã o a
Deus é por meio de coisas corpó reas. Vez apó s vez o Santo repete que,
assim como nã o devemos fazer uma imagem do Deus Invisı́vel, també m
nã o devemos recusar olhar para o Filho, Sua Imagem, primeiro na
eternidade, e depois Encarnado.
Quais sã o as consequê ncias de rejeitar imagens designadas por
Deus? Dú vida desesperada e destruidora do coraçã o causada
pela exaltaçã o indevida da humanidade: em outras palavras, a criatura,
em vez do divino, adora. Somos constituı́dos de tal forma que devemos
ter imagens: nossas mentes nã o podem alcançar o trono de Deus sem a
ajuda de coisas corpó reas. O agnosticismo disse isso. Nã o podemos
amar o que nã o conhecemos, e Deus nã o é incognoscı́vel? Formulá rios
hesitantes dizem isso quando apontam para a maté ria, que Deus
glori icou, como ingló ria. E os formulá rios hesitantes levam a almas
hesitantes e à proclamaçã o do estranho dispositivo de que a verdade
religiosa nã o tem importâ ncia enquanto os homens viverem bem.
Os sermõ es sobre Assunçã o foram pregadas pelo Santo dentro ou
sobre ad 727. De acordo com Alban Butler, ele tinha razõ es especiais
para honrar a Mã e de Deus. Por sua intercessã o, ele recuperou o uso de
sua forte mã o direita. Foi uma demonstraçã o prá tica do ensino cató lico,
Alcançamos Deus com mais certeza por meio daqueles que mais O
amam e, portanto, a frase protestante, que expressa um pensamento
puramente cató lico 'direto a Deus', é exempli icada na Comunhã o dos
Santos. A linguagem de Sã o Joã o sobre a Θεοτοκη surpreenderá aqueles
que estigmatizam o amor por ela como uma 'corrupçã o
romana'. O triunfo culminante da Assunçã o segue com justiça a
maternidade divina. Seu corpo era totalmente puro, porque sua alma
totalmente sagrada (παναγια) fez dele o local de descanso de nosso
Senhor. A Mã e está tã o identi icada com o Filho que sua vida faz parte
da dele. O tú mulo nã o é para ela e, portanto, o escritor do sé culo VIII dá
testemunho cabal da tradiçã o cató lica.
Todos os crentes concordam em desejar alcançar a Deus; a questã o é de
detalhe. Qual é o caminho mais curto? Sã o Joã o Damasceno fala com a
Igreja quando diz que é pela glori icaçã o da maté ria na Pessoa do Verbo
Eterno. Ou dê à maté ria o seu devido lugar, ou tire a maté ria que o
pró prio Senhor exaltou, e nã o somos mais seres compostos, mas
espı́ritos inquietos no mundo material. Tire o exé rcito do rei e você
descoroa o pró prio rei. Esqueça sua mã e e com ela o elo de ligaçã o
entre a terra e o cé u. Entã o podemos ser pagã os mais uma vez, tateando
atrá s do Deus desconhecido, e nosso ú ltimo estado será mais terrı́vel do
que o paganismo da antiguidade, antes que a luz aparecesse para
iluminar os lugares escuros da terra.
CONTEUDO
PARTE I. APOLOGIA DE SAO JOAO DAMASCENO CONTRA AQUELES QUE
DESCRITAM IMAGENS SAGRADAS
PARTE II. O MESMO
PARTE III. O MESMO
SERMAO I. SOBRE A ASSUNÇAO
SERMON II. O MESMO
SERMON III. O MESMO
PARTE I. APOLOGIA DE SAO JOAO DAMASCENO
CONTRA AQUELES QUE DESCRITAM IMAGENS
SAGRADAS.
Com a convicçã o sempre presente de minha pró pria indignidade,
deveria ter guardado silê ncio e confessado minhas de iciê ncias diante
de Deus, mas todas as coisas vã o bem na hora certa. Eu vejo a Igreja
que Deus fundou nos Apó stolos e Profetas, sua pedra angular sendo
Cristo Seu Filho, lançada em um mar revolto, açoitada por ondas
violentas, abalada e perturbada pelos ataques de espı́ritos
malignos. Vejo rasgos no manto uniforme de Cristo, que os homens
ı́mpios tê m procurado separar, e Seu corpo cortado em pedaços, isto é ,
a palavra de Deus e a antiga tradiçã o da Igreja. Portanto, julguei
desarrazoado guardar silê ncio e segurar minha lı́ngua, tendo em mente
a advertê ncia das Escrituras: - 'Se te retirares, minha alma nã o se
deleitará em ti', e 'Se vires a espada vindo e nã o avisar teu irmã o, vou
exigir o sangue dele das tuas mã os. ' O medo, entã o, me compeliu a
falar; a verdade era mais forte do que a majestade dos reis. 'Prestei
testemunho de Ti perante os reis,' ouvi o rei real 1 Davi dizendo, 'e eu'
nã o estava envergonhado. Nã o, eu era o mais incitado a falar. O
comando do rei é todo poderoso sobre seus sú ditos. Pois poucos
homens foram encontrados até agora que, embora reconhecendo o
poder do rei terreno para vir do alto, resistiram à s suas exigê ncias
ilegais.
Em primeiro lugar, agarrando como uma espé cie de coluna, ou alicerce,
o ensinamento da Igreja, que é nossa salvaçã o, abri seu signi icado,
dando, por assim dizer, as ré deas a um carregador bem equipado.2 Pois
considero uma grande calamidade que a Igreja, adornada com seus
grandes privilé gios e os mais santos exemplos de santos do passado,
volte aos primeiros rudimentos e tema onde nã o há medo. E
desastroso supor que a Igreja nã o conhece Deus como Ele é , que ela
degenera em idolatria, pois se ela declina da perfeiçã o em um ú nico
iota, é como uma marca duradoura em um rosto bonito, destruindo por
sua feiura a beleza do todo. Uma coisa pequena nã o é pequena quando
leva a algo grande, nem mesmo é inú til abandonar a antiga tradiçã o da
Igreja sustentada por nossos antepassados, cuja conduta devemos
observar e cuja fé devemos imitar.
Em primeiro lugar, entã o, antes de falar a você , rogo a Deus Todo-
Poderoso, a quem todas as coisas estã o abertas, que conhece minha
pequena capacidade e minha genuı́na intençã o, que abençoe as
palavras de minha boca e me capacite a refrear minha mente e
direcioná -lo a Ele, para andar em Sua presença diretamente, nã o
declinando para uma direita plausı́vel, nem conhecendo a esquerda. Em
seguida, peço a todo o povo de Deus, os escolhidos de Seu sacerdó cio
real, com o santo pastor do rebanho ortodoxo de Cristo, que representa
em sua pró pria pessoa o sacerdó cio de Cristo, que recebam meu
tratado com bondade. Eles nã o devem insistir em minha indignidade,
nem buscar eloqü ê ncia, pois estou muito consciente de minhas
de iciê ncias. Eles devem considerar os pró prios pensamentos. O reino
dos cé us nã o está em palavras, mas em açõ es. A conquista nã o é meu
objetivo. Eu levanto a mã o que está lutando pela verdade - uma mã o
disposta sob a orientaçã o divina. Baseando-me, entã o, na verdade
substancial como meu auxiliar, entrarei em meu assunto.
Tenho ouvido as palavras da pró pria Verdade: - 'O Senhor teu Deus é
um.' E 'Tu temerá s o Senhor teu Deus, e só servirá s a Ele, e nã o terá s
deuses estranhos'. Novamente, 'Nã o fará s para ti mesmo uma coisa de
escultura, nem a semelhança de qualquer coisa que está no cé u em
cima, ou na terra embaixo'; e 'Confundam-se todos os que adoram
coisas esculpidas'. Novamente, 'Os deuses que nã o izeram o cé u e a
terra, que pereçam'. Desta forma, Deus falou dos antigos aos patriarcas
por meio dos profetas e, por ú ltimo, por meio de Seu Filho unigê nito,
por cuja conta Ele fez os sé culos. Ele diz: 'Esta é a vida eterna, para que
conheçam a Ti, o ú nico Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste.' Eu acredito em um Deus, a fonte de todas as coisas, sem
começo, nã o criado, imortal, eterno, incompreensı́vel, sem corpo,
invisı́vel, nã o circunscrito,3 sem forma. Eu acredito em
um ser supersubstancial , uma Divindade divina em trê s entidades, o
Pai, o Filho e o Espı́rito Santo, e eu adoro a Ele sozinho com a adoraçã o
de latreia. Eu adoro um Deus, uma Divindade, mas trê s Pessoas, Deus
Pai, Deus Filho feito carne e Deus Espı́rito Santo, um Deus. Nã o adoro a
criaçã o mais do que o Criador, mas adoro a criatura criada como eu
sou, adotando a criaçã o livre e espontaneamente para que Ele possa
elevar nossa natureza e nos tornar participantes de Sua natureza
divina. Junto com meu Senhor e Rei eu O adoro vestido na carne, nã o
como se fosse uma vestimenta ou Ele constituı́sse uma quarta pessoa
da Trindade - Deus me livre. Essa carne é divina e perdura apó s sua
assunçã o. A natureza humana nã o se perdeu na Divindade, mas assim
como o Verbo feito carne permaneceu o Verbo, a carne se tornou o
Verbo permanecendo carne, tornando-se, antes, um com o Verbo por
meio da uniã o (καθ 'υποστασιν). Por isso, atrevo-me a desenhar uma
imagem do Deus invisı́vel, nã o como invisı́vel, mas como tendo se
tornado visı́vel por nossa causa atravé s de carne e sangue. Eu nã o
desenho uma imagem da divindade imortal. Eu pinto a carne visı́vel de
Deus, pois é impossı́vel representar um espı́rito (ψυχη), quanto mais
Deus que dá fô lego ao espı́rito.
Agora os adversá rios dizem: As ordens de Deus a Moisé s, o legislador,
foram: 'Adorará s o Senhor teu Deus e só o adorará s, e nã o fará s para ti
uma escultura que esteja no alto do cé u ou na terra. abaixo.'
Eles erram verdadeiramente, nã o conhecendo as Escrituras, pois a letra
mata enquanto o espı́rito vivi ica - nã o encontrando na letra o
signi icado oculto. Eu poderia dizer a essas pessoas, com justiça: Aquele
que te ensinou isso, te ensinaria o seguinte. Ouça a interpretaçã o do
legislador em Deuteronô mio: 'E o Senhor falou a você do meio do
fogo. Você ouviu a voz de Suas palavras, mas nã o viu nenhuma forma.
' E logo depois: 'Guardem suas almas com cuidado. Você nã o viu
nenhuma semelhança no dia em que o Senhor Deus falou com você em
Horebe do meio do fogo, para que talvez, sendo enganado, você pudesse
fazer de você uma semelhança de escultura, ou imagem de macho e
fê mea, a semelhança de quaisquer feras que sã o sobre a terra, ou de
pá ssaros que voam sob o cé u. ' E novamente: 'Para que, talvez,
levantando teus olhos para o cé u, nã o vejas o sol e a lua, e todas as
estrelas do cé u, e sendo enganado pelo erro, tu os adore e sirva.'
Você vê que a ú nica coisa a ser almejada é nã o adorar uma coisa criada
mais do que o Criador, nem dar a adoraçã o de latreia exceto a Ele
somente. Por adoraçã o, conseqü entemente, Ele sempre entende a
adoraçã o de latreia. Pois, novamente, Ele diz: 'Nã o terá s deuses
estranhos alé m de mim. Nã o fará s para ti nada de escultura, nem
qualquer semelhança. Nã o os adorará s e nã o os servirá s, porque eu sou
o Senhor teu Deus. ' E novamente: 'Derrube seus altares e derrube suas
está tuas; queime seus bosques com fogo e quebre seus ı́dolos em
pedaços. Pois tu nã o adorará s um deus estranho. ' E um pouco mais
adiante: 'Nã o fará s para ti deuses de metal.'
Você vê que Ele proı́be a fabricaçã o de imagens por causa da idolatria, e
que é impossı́vel fazer uma imagem do Deus incomensurá vel,
incircunscrito e invisı́vel. Você s nã o viram a semelhança Dele, dizem as
Escrituras, e este foi o testemunho de Sã o Paulo quando ele estava no
meio do Areó pago: 'Sendo, portanto, a descendê ncia de Deus, nã o
devemos supor que a divindade seja semelhante ao ouro , ou prata, ou
pedra, o entalhe da arte e o artifı́cio do homem. '
Essas injunçõ es foram dadas aos judeus por causa de sua tendê ncia à
idolatria. Agora nó s, ao contrá rio, nã o estamos mais nas cordas
principais. Falando teologicamente, nos é dado evitar erros
supersticiosos, estar com Deus no conhecimento da verdade, adorar
somente a Deus, desfrutar da plenitude de Seu
conhecimento. Passamos do está gio da infâ ncia e alcançamos a
perfeiçã o da masculinidade. Recebemos nosso há bito mental de Deus e
sabemos o que pode ser imaginado e o que nã o pode. A Escritura diz:
'Você nã o viu a semelhança Dele.' Quanta sabedoria no legislador. Como
retratar o invisı́vel? Como imaginar o inconcebı́vel? Como dar
expressã o ao ilimitado, ao incomensurá vel, ao invisı́vel? Como dar
forma à imensidã o? Como pintar a imortalidade? Como localizar o
misté rio? E claro que, ao contemplar a Deus, que é um espı́rito puro,
fazendo-se homem por sua causa, você poderá revesti-Lo com a forma
humana. Quando o Invisı́vel se torna visı́vel para a carne, você pode
desenhar uma imagem de Sua forma. Quando Aquele que é um espı́rito
puro, sem forma ou limite, incomensurá vel na in initude de Sua pró pria
natureza, existindo como Deus, assume a forma de um servo em
substâ ncia e estatura, e um corpo de carne, entã o você pode desenhar
Sua semelhança, e mostre-a a qualquer pessoa disposta a contemplá -
la. Descreva Sua condescendê ncia inefá vel, Seu nascimento virginal,
Seu batismo no Jordã o, Sua trans iguraçã o em Thabor, Seus
sofrimentos todo-poderosos, Sua morte e milagres, as provas de Sua
Divindade, as obras que Ele operou na carne por meio do poder divino,
salvando a Cruz, Seu Sepulcro e ressurreiçã o e ascensã o ao cé u. Dê a ele
toda a resistê ncia da gravura e da cor. Nã o tenha medo ou ansiedade; a
adoraçã o nã o é toda da mesma espé cie. Abraã o adorou os ilhos de
Emmor, homens ı́mpios na ignorâ ncia de Deus, quando ele comprou a
caverna dupla para um tú mulo. Jacó adorava seu irmã o Esaú e Faraó , o
egı́pcio, mas na ponta de seu cajado 4 Ele adorou, ele nã o adorou. Josué
e Daniel adoraram um anjo de Deus; eles nã o o adoravam. A adoraçã o
de latreia é uma coisa, e a adoraçã o dada para merecer outra. Agora,
enquanto falamos de imagens e adoraçã o, vamos analisar o signi icado
exato de cada uma. Uma imagem é uma semelhança do original com
uma certa diferença, pois nã o é uma reproduçã o exata do
original. Assim, o Filho é a imagem viva, substancial e imutá vel do Deus
invisı́vel, carregando em si o Pai inteiro, sendo em todas as coisas igual
a Ele, diferindo apenas em ser gerado pelo Pai, que é o Gerador; o Filho
foi gerado. O Pai nã o procede do Filho, mas o Filho do pai. E pelo Filho,
embora nã o depois Dele, que Ele é o que é , o Pai que gera. Em Deus,
també m, existem representaçõ es e imagens de Seus atos futuros - isto
é , Seu conselho desde toda a eternidade, que é sempre imutá vel. O que
é divino é imutá vel; nã o há mudança Nele, nem sombra de mudança. O
bem-aventurado D. Dinis (o cartuxo), que fez das coisas divinas na
presença de Deus o seu estudo, diz que essas representaçõ es e imagens
sã o marcadas de antemã o. Em Seus conselhos, Deus anotou e
estabeleceu tudo o que Ele faria, os eventos futuros imutá veis antes
que acontecessem. Da mesma forma, um homem que
desejasse construir uma casa, primeiro faria e pensaria um
plano. Novamente, as coisas visı́veis sã o imagens de coisas invisı́veis e
intangı́veis, sobre as quais lançam uma luz fraca. A Sagrada Escritura
veste a igura de Deus e dos anjos, e o mesmo homem santo (Bem-
aventurado Denis) explica o porquê . Quando as coisas sensı́veis
traduzem su icientemente o que está alé m dos sentidos e dã o forma ao
intangı́vel, um mé dium seria considerado imperfeito de acordo com
nosso padrã o, se nã o representasse totalmente a visã o material ou se
exigisse esforço mental. Se, portanto, a Sagrada Escritura, suprindo
nossas necessidades, sempre colocando diante de nó s o que é
intangı́vel, o reveste de carne, nã o faz uma imagem do que é assim
investido em nossa natureza, e levado ao nı́vel de nossos desejos, ainda
invisı́vel? Uma certa concepçã o por meio dos sentidos ocorre assim no
cé rebro, que nã o existia antes, e é transmitida à faculdade judicial e
adicionada ao estoque mental. Gregó rio, que é tã o eloqü ente sobre
Deus, diz que a mente que está empenhada em ir alé m das coisas
corporais é incapaz de fazê -lo. Pois as coisas invisı́veis de Deus, desde a
criaçã o do mundo, se tornam visı́veis por meio de imagens. Vemos
imagens na criaçã o que nos lembram vagamente de Deus, como
quando, por exemplo, falamos da sagrada e adorá vel Trindade,
imaginada pelo sol, ou luz, ou raios ardentes, ou por uma fonte
corrente, ou um rio cheio, ou pela mente, fala ou o espı́rito dentro de
nó s, ou por uma roseira, ou uma lor brotando, ou uma doce
fragrâ ncia.
Novamente, uma imagem é expressiva de algo no futuro, obscurecendo
misticamente o que está para acontecer. Por exemplo, a arca representa
a imagem de Nossa Senhora, Mã e de Deus,5 o mesmo acontece com o
cajado e o jarro de barro. A serpente traz diante de nó s Aquele que
venceu na Cruz a mordida da serpente original; o mar, a á gua e a nuvem
sã o a graça do batismo.
Novamente, as coisas que aconteceram sã o expressas por imagens para
a lembrança de uma maravilha, ou uma honra, ou desonra, ou bem ou
mal, para ajudar aqueles que olham para isso em tempos posteriores
para que possamos evitar os males e imitar a bondade. E de dois tipos,
a imagem escrita em livros, como quando Deus tinha a lei inscrita em
tá buas, e quando Ele ordenou que as vidas dos homens santos fossem
registradas e memoriais sensı́veis preservados na memó ria; como, por
exemplo, o jarro de barro e o cajado da arca. Portanto, agora
preservamos por escrito as imagens e as boas açõ es do passado. Ou,
portanto, tire totalmente as imagens e ique em desarmonia com Deus
que fez esses regulamentos, ou receba-os com a linguagem e da
maneira que lhes convé m. Ao falar dessa maneira, examinemos a
questã o da adoraçã o.
Adoraçã o é o sı́mbolo de veneraçã o e honra. Vamos entender que
existem diferentes graus de adoraçã o. Em primeiro lugar, a adoraçã o da
latreia, que mostramos a Deus, o ú nico que por natureza é digno de
adoraçã o. Entã o, por amor a Deus que é adorador por natureza,
honramos Seus santos e servos, como Josué e Daniel adoraram um anjo,
e Davi, seus lugares santos, quando ele diz: 'Vamos para o lugar onde
Seus pé s estiveram . ' Novamente, em Seus taberná culos, como quando
todo o povo de Israel adorava na tenda, e em pé ao redor do templo em
Jerusalé m, ixando seu olhar sobre ele de todos os lados, e adorando
daquele dia em diante, ou nos governantes estabelecidos por Ele , como
Jacó prestou homenagem a Esaú , seu irmã o mais velho, e a Faraó ,
o governante divinamente estabelecido. José foi adorado por seus
irmã os. Estou ciente de que a adoraçã o era baseada na honra, como no
caso de Abraã o e dos ilhos de Emmor. Ou, entã o, acabe com a adoraçã o
ou receba-a totalmente de acordo com sua medida adequada.
Responda-me esta pergunta. Existe apenas um Deus? Você responde:
'Sim, há apenas um legislador.' Por que, entã o, Ele ordena coisas
contrá rias? Os querubins nã o estã o fora da criaçã o; por que, entã o, Ele
permite que querubins esculpidos pela mã o do homem cobrem o
propiciató rio? Nã o é evidente que, como é impossı́vel fazer uma
imagem de Deus, que é incircunciso e intransponı́vel, ou de algué m
semelhante a Deus, a criaçã o nã o deve ser adorada como Deus. Ele
permite a imagem dos querubins que sã o circunscritos,6 e prostrado
em adoraçã o diante do trono divino, para ser feito, e, portanto,
prostrado para cobrir o propiciató rio. Era apropriado que a imagem
dos coros celestiais obscurecesse os misté rios divinos. Você diria que a
arca, o cajado e o propiciató rio nã o foram feitos? Nã o sã o produzidos
pela mã o do homem? Nã o se devem ao que você chama de maté ria
desprezı́vel? O que era o taberná culo em si? Nã o foi uma imagem? Nã o
era um tipo e uma igura? Daı́ as palavras do santo apó stolo a respeito
das observâ ncias da lei: 'Que servem de exemplo e sombra das coisas
celestiais'. Como foi respondido a Moisé s, quando ele estava para
terminar o taberná culo: 'Vê ' (diz Ele), 'que faças todas as coisas
conforme o modelo que te foi mostrado no Monte.' Mas a lei nã o era
uma imagem. Ele envolveu a imagem. Nas palavras do mesmo apó stolo,
a lei conté m a sombra dos bens futuros, nã o a imagem dessas
coisas. Pois, se a lei proibisse as imagens e, mesmo assim, fosse ela
pró pria uma precursora das imagens, o que deverı́amos dizer? Se o
taberná culo era uma igura e o tipo de um tipo, por que a lei nã o proı́be
a produçã o de imagens? Mas isso nã o é o caso. Há um tempo para tudo.
Antigamente, Deus, o incorpó reo e nã o circunscrito, nunca foi
retratado. Agora, poré m, quando Deus é visto vestido de carne e
conversando com os homens, faço uma imagem do Deus que vejo. Nã o
adoro a maté ria, adoro o Deus da maté ria, que se tornou maté ria por
minha causa, e dignou-se habitar a maté ria, que operou minha salvaçã o
por meio da maté ria. Nã o vou deixar de honrar aquele assunto que
opera minha salvaçã o. Eu o venero, embora nã o como Deus. Como Deus
pode nascer de coisas sem vida? E se o corpo de Deus é Deus por uniã o
(καθ 'υποστασιν), ele é imutá vel. A natureza de Deus permanece a
mesma de antes, a carne criada no tempo é vivi icada por uma alma
ló gica e racional. Alé m disso, honro todos os assuntos e os venero. Por
meio dele, preenchido, por assim dizer, com um poder e graça divinos,
minha salvaçã o veio até mim. A madeira da Cruz, trê s vezes feliz e trê s
vezes abençoada, nã o era importante? Nã o era a montanha sagrada e
sagrada do Calvá rio maté ria? O que dizer da rocha vivi icante, o Santo
Sepulcro, a fonte de nossa ressurreiçã o: nã o importava? O livro mais
sagrado dos Evangelhos nã o é importante? Nã o é a bendita maté ria da
mesa que nos dá o Pã o da Vida? Nã o sã o o ouro e a prata, dos quais sã o
feitos as cruzes, o altar e os cá lices? E antes de todas essas coisas, o
corpo e o sangue de nosso Senhor nã o sã o importantes? Ou acabe com
a veneraçã o e o culto devido a todas essas coisas, ou se submeta à
tradiçã o da Igreja no culto de imagens, honrando a Deus e seus amigos,
e seguindo nisso a graça do Espı́rito Santo. Nã o despreze a maté ria, pois
ela nã o é desprezı́vel. Nada é o que Deus fez. Esta é a heresia
maniqueı́sta. Só aquilo que nã o vem de Deus é desprezı́vel, mas é
invençã o nossa, a escolha espontâ nea da vontade de desconsiderar a lei
natural - isto é , o pecado. Se, portanto, desonrar e abandonar as
imagens, porque sã o produzidas pela maté ria, considere o que diz a
Escritura: E o Senhor falou a Moisé s, dizendo: 'Eis que chamei pelo
nome de Beseleel, ilho de Uri, ilho de Hur, da tribo de Juda. E eu o
enchi com o espı́rito de Deus, com sabedoria e entendimento e
conhecimento em todas as formas de trabalho. Para inventar tudo o que
pode ser arti icialmente feito de ouro e prata e latã o, de má rmore e
pedras preciosas, e uma variedade de madeira. E eu o dei por seu
companheiro, Ooliab, ilho de Aquisamech, da tribo de Dã . E pus
sabedoria no coraçã o de todo homem há bil, para que façam todas as
coisas que eu te ordenei. ' E ainda: 'Moisé s disse a toda a assemblé ia
dos ilhos de Israel: Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo:
Separa contigo as primı́cias para o Senhor. Que todo aquele que estiver
disposto e tiver um coraçã o pronto, ofereça-os ao Senhor, ouro e prata,
e latã o, violeta e pú rpura, e escarlate tingido duas vezes, e linho ino,
cabelo de cabra e peles de carneiro morridas em vermelho e violeta ,
peles coloridas, madeira de selim e ó leo para manter as luzes e fazer
unguento, e incenso mais doce, pedras de ô nix e pedras preciosas para
o adorno do é fode e do racional. Quem de você s é sá bio, venha e faça o
que o Senhor ordenou. ' Vejo você aqui a glori icaçã o da maté ria que
você torna ingló ria. O que é mais insigni icante do que o cabelo ou as
cores de cabra? Nã o sã o as cores escarlate, pú rpura e jacinto? Agora,
considere a obra das mã os do homem tornando-se a imagem dos
querubins. Como, entã o, você pode fazer da lei um pretexto para
desistir do que ela ordena? Se você o invocar contra as imagens, deve
guardar o sá bado e praticar a circuncisã o. E certo que 'se você observar
a lei, Cristo nã o irá lucrar com você . Você s que sã o justi icados na lei,
você s caı́ram em desgraça. ' O antigo Israel nã o viu a Deus, mas nó s
vemos a gló ria do Senhor face a face.
Nó s O proclamamos també m por nossos sentidos por todos os lados, e
santi icamos o sentido mais nobre, que é o da vista. A imagem é um
memorial, exatamente o que as palavras sã o para um ouvido atento. O
que é um livro para o letrado, que uma imagem é para o analfabeto. A
imagem fala à vista como palavras ao ouvido; isso nos traz
compreensã o. Portanto, Deus ordenou que a arca fosse feita de madeira
imperecı́vel, e fosse dourada por fora e por dentro, e as tá buas fossem
colocadas nela, e o cajado e a urna de ouro contendo o maná , para uma
lembrança do passado e um tipo de o futuro. Quem pode dizer que nã o
eram imagens e arautos de som distante? E eles nã o estavam
pendurados nas paredes do taberná culo; mas à vista de todas as
pessoas que olhavam para eles, eles foram apresentados para a
adoraçã o e adoraçã o de Deus, que fez uso deles. E evidente que eles nã o
eram adorados por si mesmos, mas que o povo era levado por meio
deles a se lembrar dos sinais passados e a adorar o Deus das
maravilhas. Eram imagens para servir de lembranças, nã o divinas, mas
conduzindo à s coisas divinas pelo poder divino.
E Deus ordenou que doze pedras fossem tiradas do Jordã o e
especi icou por quê . Pois ele diz: 'Quando teu ilho te perguntar o
signi icado destas pedras, diga-lhe como a á gua saiu do Jordã o por
ordem divina, e como a arca e todo o povo foram salvos.' Como, entã o,
nã o registraremos na imagem as dores e maravilhas salvadoras de
Cristo nosso Senhor, de modo que quando meu ilho me perguntar: 'O
que é isto?' Posso dizer que Deus, o Verbo, se fez homem, e que por
amor a Ele nã o apenas Israel passou pelo Jordã o, mas toda a raça
humana ganhou sua felicidade original. Por meio dEle a natureza
humana surgiu das profundezas da terra, mais alto do que o cé u, e em
Sua Pessoa sentou-se no trono que Seu Pai havia preparado para Ele.
Mas o adversá rio diz: 'Faça uma imagem de Cristo ou de Sua mã e que O
gerou (τῆ ς θεοτοκον), e que isso seja su iciente.' Que loucura isso é ! Em
sua pró pria exibiçã o, você está absolutamente contra os santos. Pois se
você faz uma imagem de Cristo e nã o dos santos, é evidente que você
nã o rejeita as imagens, mas a honra dos santos. Você realmente faz
está tuas de Cristo como um glori icado, enquanto você rejeita os santos
como indignos de honra, e chama a verdade de falsidade. 'Eu vivo', diz o
Senhor, 'e glori icarei aqueles que Me glori icam.' E o apó stolo divino:
portanto, agora ele nã o é um servo, mas um ilho. 'E se um ilho, um
herdeiro també m por Deus.' Mais uma vez, 'Se sofrermos com Ele, para
que també m sejamos glori icados': você nã o está guerreando contra as
imagens, mas contra os santos. Sã o Joã o, que repousava sobre o seu
peito, diz que seremos semelhantes a ele: assim como o homem pelo
contato com o fogo se torna fogo, nã o por natureza, mas pelo contato e
pela queima e pela participaçã o, assim é , eu compreendo , com a carne
do Filho de Deus Cruci icado. Essa carne, pela participaçã o por meio da
uniã o (καθ 'υποστασιν) com a natureza divina, era imutá vel Deus, nã o
em virtude da graça de Deus como era o caso com cada um dos
profetas, mas pela presença da pró pria Cabeça da Fonte. Deus, diz a
Escritura, permaneceu na sinagoga dos deuses, de modo que os santos
també m sã o deuses. Santo Gregó rio entende as palavras, 'Deus está no
meio dos deuses', para signi icar que Ele discrimina seus vá rios
mé ritos. Os santos em suas vidas foram cheios do Espı́rito Santo, e
quando eles nã o sã o mais, Sua graça permanece com seus espı́ritos e
com seus corpos em seus tú mulos, e també m com suas semelhanças e
imagens sagradas, nã o por natureza, mas pela graça e poder divino.
Deus encarregou Davi de construir um templo para Ele por meio de seu
ilho e preparar um lugar de descanso. Salomã o, ao construir o templo,
fez os querubins, como diz o livro dos Reis. E ele cercou os querubins
com ouro, e todas as paredes em um cı́rculo, e ele teve os querubins
esculpidos, e as palmas das mã os por dentro e por fora, em um cı́rculo,
nã o pelos lados, observe-se. E havia touros, leõ es e romã s. Nã o é mais
adequado decorar todas as paredes da casa do Senhor com formas e
imagens sagradas do que com animais e plantas? Onde está a lei
declarando 'nã o fará s nenhuma imagem de escultura'? Mas Salomã o,
recebendo o dom da sabedoria, a imagem do cé u, fez os querubins e as
semelhanças de touros e leõ es, que a lei proibia. Agora, se fazemos uma
está tua de Cristo e semelhanças dos santos, o fato de serem cheios do
Espı́rito Santo nã o aumenta a piedade de nossa homenagem? Como
entã o o povo e o templo foram puri icados no sangue e nos holocaustos,
també m agora o Sangue de Cristo dando testemunho sob Pô ncio
Pilatos, e sendo ele mesmo as primı́cias dos má rtires, a Igreja é
edi icada sobre o sangue dos santos. Entã o, os sinais e formas de
animais sem vida representaram o taberná culo humano, os pró prios
má rtires que eles estavam preparando para a morada de Deus.
Nó s retratamos Cristo como nosso Rei e Senhor, e nã o O privamos de
Seu exé rcito. Os santos constituem o exé rcito do Senhor. Deixe o rei
terreno dispensar seu exé rcito antes de desistir de seu Rei e
Senhor. Que ele tire a pú rpura antes de tirar a honra de seus homens
mais valentes que conquistaram suas paixõ es. Pois, se os santos sã o
herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, també m serã o
participantes da gló ria divina da soberania. Se os amigos de Deus
participaram dos sofrimentos de Cristo, como nã o receberã o uma
parte de Sua gló ria mesmo na Terra? 'Eu nã o chamo você s de servos',
diz nosso Senhor, 'você s sã o meus amigos.' Devemos entã o privá -los da
honra que a Igreja lhes concede? Que audá cia! Que ousadia de espı́rito,
para lutar contra Deus e Seus mandamentos! Você , que se recusa a
adorar imagens, nã o adoraria o Filho de Deus, a Imagem Viva do Deus
invisı́vel e Sua forma imutá vel. Eu adoro a imagem de Cristo como o
Deus Encarnado; a de Nossa Senhora (τῆ ς θεοτοκου), a Mã e de todos
nó s, como a Mã e do Filho de Deus; a dos santos como amigos de
Deus. Eles resistiram ao pecado até o sangue, e seguiram a Cristo
derramando seu sangue por Ele, que derramou Seu sangue por
eles. Registro as excelê ncias e os sofrimentos daqueles que seguiram
Suas pegadas, para que me santi ique e seja in lamado com o zelo da
imitaçã o. Sã o Bası́lio diz: 'Honrar a imagem leva ao protó tipo.' Se você
ergue igrejas para os santos de Deus, erga també m seus trofé us. O
antigo templo nã o foi construı́do em nome de homem algum. A morte
do justo era motivo de lá grimas, nã o de festa. Um homem que tocava
em um cadá ver era considerado impuro, mesmo que o cadá ver fosse o
pró prio Moisé s. Mas agora as memó rias dos santos sã o guardadas com
alegria. O cadá ver de Jacó foi chorado, enquanto há alegria pela morte
de Estê vã o. Portanto, ou renuncie à s comemoraçõ es solenes dos
santos, que nã o estã o de acordo com a lei antiga, ou aceite imagens
que també m sã o contra ela, como você diz. Mas é impossı́vel deixar de
alegrar-se com as lembranças dos santos. Os Santos Apó stolos e Padres
estã o unidos em recomendá -los. Desde o momento em que Deus, o
Verbo, se fez carne, Ele é como nó s em tudo, exceto no pecado, e em
nossa natureza, sem confusã o. Ele dei icou nossa carne para sempre, e
nó s somos, de fato, santi icados por meio de Sua Divindade e da uniã o
de Sua carne com ela. E a partir do momento em que Deus, o Filho de
Deus, impassı́vel por causa de sua divindade, optou por sofrer
voluntariamente, Ele liquidou nossa dı́vida, pagando també m por nó s
um resgate muito completo e nobre. Somos verdadeiramente livres por
meio do sangue sagrado do Filho suplicando por nó s ao pai. E de fato
somos libertos da corrupçã o, pois Ele desceu ao inferno para as almas
detidas ali por sé culos e deu aos cativos sua liberdade, visã o aos cegos
e acorrentou o forte. 7 Ele ressuscitou na plenitude do Seu poder,
guardando a carne da imortalidade que havia recebido por nó s. E já que
nascemos de novo da á gua e do Espı́rito, somos realmente ilhos e
herdeiros de Deus. Por isso, Sã o Paulo chama os ié is
de santos; portanto, nã o sofremos, mas nos regozijamos com a morte
dos santos. Nã o estamos mais sob a graça, sendo justi icados pela fé e
conhecendo o ú nico Deus verdadeiro. O homem justo nã o está sujeito à
lei. Nã o somos mantidos pela letra da lei, nem servimos como ilhos,
mas crescidos no estado perfeito de homem, somos alimentados com
comida só lida, nã o com aquela que conduz à idolatria. A lei é boa como
uma luz brilhando em um lugar escuro até o dia raiar. Seus coraçõ es já
foram iluminados, a á gua viva do conhecimento de Deus correu sobre
os mares tempestuosos do paganismo, e todos nó s podemos conhecer
a Deus. A velha criaçã o já passou e todas as coisas foram renovadas. O
santo apó stolo Paulo disse a Sã o Pedro, o chefe dos apó stolos: 8 'Se
você , sendo judeu, vive como pagã o e nã o como judeu, como persuadirá
os pagã os a fazerem o que os judeus fazem?' E aos Gá latas: 'Darei
testemunho a todo homem circuncidado de que é salutar cumprir toda
a lei.'
Antigamente, aqueles que nã o conheciam a Deus, adoravam falsos
deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo conhecidos
por Ele, como podemos voltar aos rudimentos nus e nus? Eu olhei para
a forma humana de Deus e minha alma foi salva. Eu contemplo a
imagem de Deus, como Jacó fez, embora de uma maneira
diferente. Jacob fez soar a nota do futuro, vendo com visã o imaterial,
enquanto a imagem daquele que é visı́vel na carne é queimada em
minha alma. A sombra, o lençol sinuoso e as relı́quias dos apó stolos
curaram doenças e colocaram os demô nios em fuga. Como, entã o, a
sombra e as está tuas dos santos nã o serã o glori icadas? Ou acabe com a
adoraçã o de toda a maté ria, ou nã o seja um inovador. Nã o perturbe os
limites dos sé culos, colocados por seus pais.
Nã o é apenas por escrito que eles nos legaram a tradiçã o da Igreja, mas
també m em alguns exemplos nã o escritos. No vigé simo sé timo livro de
sua obra, em trinta capı́tulos dirigidos a Amphilochios a respeito do
Espı́rito Santo, Sã o Bası́lio diz: 'No acalentado ensino e dogmas da
Igreja, sustentamos algumas coisas por meio de documentos
escritos; outros recebemos em misté rio da tradiçã o apostó lica.
' Ambos sã o de igual valor para o crescimento da alma. Ningué m
contestará isso se tiver considerado um pouco a disciplina da
Igreja. Pois se negligenciarmos os costumes nã o escritos, por nã o
terem muito peso, enterramos no esquecimento os fatos mais
pertinentes relacionados com o Evangelho. Estas sã o as palavras do
grande Bası́lio. Como conhecemos o Santo lugar do Calvá rio ou o Santo
Sepulcro? Nã o se baseia em uma tradiçã o passada de pai para
ilho? Está escrito que nosso Senhor foi cruci icado no Calvá rio e
sepultado em uma tumba, que José escavou na rocha; mas é a tradiçã o
nã o escrita que identi ica esses pontos e faz mais coisas do mesmo
tipo. De onde vê m as trê s imersõ es no batismo, orando com o rosto
voltado para o leste, e a tradiçã o dos misté rios? 9 Portanto, Sã o Paulo
diz: Portanto, irmã os, estai irmes e guardai as tradiçõ es que
aprendestes, quer por palavra, quer por nossa epı́stola. Como, entã o,
tanto se transmitiu na Igreja e se observa até os dias atuais, por que
depreciar as imagens?
Se você apresentar certas prá ticas, elas nã o inculpam nossa adoraçã o
de imagens, mas a adoraçã o de pagã os que as tornam ı́dolos. Porque os
pagã os fazem isso tolamente, nã o há razã o para contestar nossa prá tica
piedosa. Se os mesmos má gicos e feiticeiros suplicam, o mesmo ocorre
com a Igreja com os catecú menos; os primeiros invocam os demô nios,
mas a Igreja invoca a Deus contra os demô nios. Os pagã os ergueram
imagens para demô nios, a quem chamam de deuses. Agora, nó s os
elevamos ao ú nico Deus Encarnado, aos Seus servos e amigos, que sã o à
prova contra as hostes diabó licas.
Se, novamente, você objetar que o grande Epifâ nio rejeitou
completamente as imagens, eu diria em primeiro lugar que a obra em
questã o é ictı́cia e nã o autê ntica. Tem o nome de algué m que nã o o
escreveu, o que costumava ser feito comumente. Em segundo lugar,
sabemos que o beato Ataná sio se opô s aos corpos de santos sendo
colocados em baú s, e que ele preferia seu sepultamento no solo,
desejando menosprezar o estranho costume dos egı́pcios, que nã o
enterravam seus mortos sob a terra, mas coloque-os sobre camas e
sofá s. Assim, supondo que ele realmente escreveu esta obra, o grande
Epifâ nio, desejando corrigir algo do mesmo tipo, ordenou que imagens
nã o fossem utilizadas. A prova de que ele nã o se opô s à s imagens,
encontra-se em sua pró pria igreja, que é adornada com imagens até
hoje. Em terceiro lugar, a exceçã o nã o é uma lei para a Igreja, nem uma
andorinha faz verã o, como parece ao teó logo Gregó rio, e para a
verdade. Nenhuma expressã o pode destruir a tradiçã o de toda a Igreja
que está difundida no mundo inteiro.
Aceite, portanto, o ensino das Escrituras e dos escritores espirituais. Se
a Escritura faz chamar os ı́dolos de pagã os prata e ouro, e as obras de
mã o do homem, ela nã o proı́be a adoraçã o de coisas inanimadas, ou
obra do homem, mas a adoraçã o de demô nios.
Vimos que os profetas adoravam anjos e homens e reis e os ı́mpios e
até mesmo um cajado. Davi diz: 'E você adora o estrado de seus
pé s'. Isaias, falando em nome de Deus, disse: 'Os cé us sã o o meu trono,
e a terra o meu escabelo.' Agora, é evidente para todos que os cé us e a
terra sã o coisas criadas. Moisé s també m, e Arã o com todo o povo
adoraram a obra das mã os. Sã o Paulo, o gafanhoto dourado10 da Igreja,
diz em sua Epı́stola aos Hebreus, 'Mas Cristo vindo, um sumo sacerdote
das coisas boas por vir, por um taberná culo maior e mais perfeito nã o
feito por mã o', isto é , 'nã o é desta criaçã o. ' E, novamente, 'Pois Jesus
nã o entrou nos Santos feitos por mã os, os modelos da verdade; mas
para o pró prio cé u. ' Assim, as coisas sagradas anteriores, o
taberná culo e tudo dentro dele, foram feitos por mã os, e ningué m nega
que eram adorados.
Testemunho autê ntico de pais antigos a favor das imagens.
São Denis, o Areopagita. De sua Carta ao Bispo Tito.
Em vez de anexar a concepçã o comum à s imagens, devemos olhar para
o que elas simbolizam, e nã o desprezar a marca divina e o cará ter que
retratam, como imagens sensı́veis de visõ es misteriosas e celestiais.
Comentário. —Marque que ele nos alerta para nã o desprezarmos as
imagens sagradas.
O mesmo, 'Nos nomes de Deus'.
Seguimos a mesma linha. Por um lado, por meio da linguagem velada
das Escrituras e com a ajuda da tradiçã o oral, as coisas intelectuais sã o
compreendidas por meio das coisas sensı́veis, e as coisas acima da
natureza pelas coisas que sã o. As formas sã o dadas ao que é intangı́vel e
sem forma, e a perfeiçã o imaterial é revestida e multiplicada em uma
variedade de sı́mbolos diferentes.
Comentário. —Se for um bom trabalho revestir de forma e forma, de
acordo com nosso padrã o, o que é informe, informe e inconsistente,
como nã o faremos imagens para nó s mesmos da mesma maneira que as
coisas percebidas atravé s da forma e da forma, para que possamos tê -
los em mente e ser movidos a imitar o que representam.
O Mesmo, na 'Hierarquia Eclesiástica'.
Agora, se as substâ ncias (ουσιαι) e ordens acima de nó s, das quais já
izemos mençã o reverente, nã o tê m corpos, sua hierarquia é intelectual
e acima dos sentidos.
Nó s fornecemos pela variedade de sı́mbolos sensı́veis a ordem visı́vel,
que é de acordo com nossa pró pria medida. Esses sı́mbolos sensı́veis
nos levam naturalmente à concepçã o intelectual, a Deus e Seus
atributos divinos. As mentes espirituais formam suas pró prias
concepçõ es espirituais, mas somos levados à visã o divina por imagens
sensı́veis.
Comentário. - Se, entã o, for racional que sejamos conduzidos à visã o
divina por imagens sensı́veis, e se a Divina Providê ncia,
misericordiosamente, reveste forma e imagem o que nã o é para nosso
benefı́cio, o que há de impró prio na imagem, de acordo com nossa
capacidade , Aquele que graciosamente se disfarçou para nó s em forma
e forma?
Uma tradiçã o chegou até nó s de que Angaros, Rei de Edessa, foi
veementemente atraı́do ao amor divino por ouvir nosso Senhor,11 e
que ele enviou emissá rios para pedir sua semelhança. Se isso fosse
recusado, eles deveriam ter uma imagem pintada. Entã o, Aquele que é
onisciente e onipotente é dito que pegou uma tira de pano e a
pressionou contra o rosto, deixando Sua imagem sobre o pano, que
manté m até hoje.
Sermão de São Basílio sobre o Mártir São Barlam, começando, 'Em
primeiro lugar, a morte dos santos.'
Levantai-vos, renomados pintores de bravura, que expusestes com a
vossa arte uma dé bil imagem do General. Meu elogio ao vencedor com
uma coroa de louros é fraco em comparaçã o com as cores do
seu pincel. Desistirei de escrever sobre as excelê ncias do má rtir que
coroaste. Regozijo-me com a vitó ria conquistada hoje por sua
força. Contemplo a mã o posta nas chamas, tratada com mais força por
você . Eu vejo a luta mais claramente retratada em sua está tua. Deixe os
demô nios icarem enfurecidos mesmo agora, vencidos pelas excelê ncias
do má rtir que você revela. Que a mã o poderosa seja novamente
estendida para a vitó ria. Que Cristo nosso Senhor, o Juiz supremo da
guerra, apareça em imagem. A Ele seja a gló ria para todo o sempre. Um
homem.
Do mesmo, dos Trinta Capítulos a An ilochios, sobre o Espírito
Santo. xviii.
A imagem do rei també m é chamada de rei, e nã o há dois reis em
conseqü ê ncia. Nem o poder é dividido, nem a gló ria é
distribuı́da. Assim como o poder reinante sobre nó s é um, assim é a
nossa homenagem, nã o muitas, e a honra dada à imagem remonta ao
original. O que a imagem é em um caso como uma representaçã o, que o
Filho é por Sua humanidade, e como na semelhança da arte é de acordo
com a forma, assim na natureza divina e incomensurá vel (ασυνθετος) a
uniã o é efetuada na Divindade residente.
Comentário. —Se a imagem do rei é o rei, a imagem de Cristo é o Cristo,
e a imagem de um santo o santo, e se o poder nã o é dividido nem
distribuı́da a gló ria, honrar a imagem passa a honrar aquele que é
representado na imagem . Os demô nios temem os santos e fogem de
suas sombras. A sombra é uma imagem, e eu faço uma imagem que
posso assustar os demô nios. Se você disser que somente a adoraçã o
intelectual convé m a Deus, tire todas as coisas corpó reas, luz e
fragrâ ncia, a pró pria oraçã o por meio da voz fı́sica, os pró prios
misté rios divinos que sã o oferecidos por meio da maté ria, pã o e vinho,
o ó leo do crisma, o sinal da Cruz, pois tudo isso é importante. Tire a
cruz, a esponja da cruci icaçã o e a lança que perfurou o lado doador de
vida. Ou desista de honrar essas coisas como impossı́veis, ou nã o rejeite
a veneraçã o das imagens. A maté ria é dotada de um poder divino por
meio da oraçã o feita à queles que sã o retratados em imagens. O roxo por
si só é simples, assim como a seda, e a capa que é feita de ambas. Mas se
o rei o vestiu, o manto recebe honra da honra devida ao portador. O
mesmo acontece com a maté ria. Por si só nã o tem importâ ncia, mas se
aquele que é apresentado em imagem é cheio de graça, os homens se
tornam participantes de sua graça de acordo com sua fé . Os apó stolos
conheciam nosso Senhor com seus olhos corporais; outros conheciam
os apó stolos, outros os má rtires. Eu també m desejo vê -los no espı́rito e
na carne, e possuir um remé dio salvador, pois sou um ser
composto. Vejo com meus olhos e reverencio aquilo que representa o
que honro, embora nã o o adore como Deus. Agora você , talvez, é
superior a mim, e está elevado acima das coisas corporais, e sendo, por
assim dizer, nã o de carne, você torna leve o que é visı́vel, mas como sou
humano e vestido com um corpo, eu desejo ver e estar corporalmente
com os santos. Aceite meu humilde desejo de que você esteja seguro em
suas alturas. Deus aceita meu desejo por Ele e por Seus santos. Pois Ele
se alegra com os elogios de Seu servo, de acordo com o grande Sã o
Bası́lio em seu panegı́rico dos Quarenta Má rtires. Ouça as palavras que
ele pronunciou em homenagem ao má rtir Sã o Gordion.
De St Basils Sermão sobre St Gordion.
A mera lembrança de atos justos é uma fonte de alegria espiritual para
todo o mundo; as pessoas sã o movidas a imitar a santidade de que
ouvem. A vida dos homens santos é como uma luz que ilumina o
caminho para aqueles que a desejam ver. E novamente, quando
contamos a histó ria de vidas santas, glori icamos em primeiro lugar o
Senhor daqueles servos e louvamos os servos por causa de seu
testemunho, que é conhecido por nó s. Alegramos o mundo por meio de
boas notı́cias.
Comentário. —A lembrança dos santos é assim, você vê , uma gló ria para
Deus, louvor dos santos, alegria e salvaçã o para o mundo inteiro. Por
que, entã o, você o destruiria? Esta recordaçã o é guardada pela pregaçã o
e pelas imagens, diz o mesmo grande Sã o Bası́lio.
O mesmo, no Martyr St Gordion.
Assim como o ardor segue naturalmente no fogo, e a fragrâ ncia no
ungü ento doce, o bem deve surgir das açõ es sagradas. Pois nã o é pouca
coisa representar eventos passados de acordo com a vida. E uma vaga
lembrança das lutas do homem que chegou até nó s e o quadro do
pintor nã o corresponde ao nosso con lito atual? Agora, à medida que os
pintores desenham imagens a partir de imagens, eles freqü entemente
se afastam do original tanto quanto a pró pria imagem, e como nã o
vimos o que representam, nã o há pouco temor de que possamos ferir a
verdade.
O mesmo, no inal.
O sol nos enche de perpé tua maravilha, embora sempre diante de nó s,
de modo que a memó ria deste homem está sempre fresca.
Comentário. —E evidente que é novo por meio do sermã o e da imagem.
Testemunho do mesmo, de seu Sermão sobre os Quarenta
Mártires.
O amante dos má rtires pode ter muito de sua memó ria? Pois a honra
dada aos justos, nossos semelhantes, é um testemunho da bondade de
nosso Senhor comum.
E de novo:-
Reconheça a bem-aventurança do má rtir de todo o coraçã o, para que
possa ser um má rtir por vontade pró pria; assim, sem perseguidor, ou
fogo, ou golpes, considerado digno da mesma recompensa.
Comentário. - Como, entã o, você me dissuadiria de honrar os santos e
teria inveja da minha salvaçã o? Ouça o que ele diz um pouco mais
adiante para mostrar que uniu a arte do pintor à orató ria.
São Basílio.
Veja, entã o, que, colocando-os diante de nó s em representaçã o, os
estamos tornando ú teis para os vivos, exibindo sua santidade para
todos nó s como se estivessem em uma foto.
Comentário. —Você entende que tanto a imagem quanto o sermã o
ensinam uma liçã o? Ele diz: 'Vamos mostrá -los em um sermã o, como se
estivessem em uma imagem.' E novamente: escritores e pintores
apontam as lutas da guerra; o primeiro pela arte do estilo, o segundo
com seu pincel, e cada um induz muitos a serem corajosos. Aquilo que
um relato falado apresenta à audiê ncia, uma imagem muda retrata para
imitaçã o.
Comentário. —Que prova melhor temos nó s de que as imagens sã o os
livros dos analfabetos, os arautos que falam sempre de honra aos
santos, ensinam aqueles que os olham sem palavras e santi icam o
espetá culo. Nã o tenho muitos livros nem tempo para estudar e vou para
uma igreja, o refú gio comum das almas, minha mente está cansada de
pensamentos con litantes. Vejo diante de mim uma bela imagem e a
visã o me refresca e me induz a glori icar a Deus. Fico maravilhado com
a resistê ncia do má rtir, com sua recompensa, e in lamado com zelo
ardente, prostro-me para adorar a Deus por meio de Seu má rtir e
receber a graça da salvaçã o. Nã o ouvistes o mesmo santo padre na
homilia do inı́cio dos Salmos, dizer que o Espı́rito Santo, sabendo que a
raça humana era obstinada e difı́cil de conduzir, misturou o mel com o
canto dos salmos? O que você diz disso? Nã o devo perpetuar o
testemunho do má rtir tanto pela palavra como pelo pincel? Nã o devo
abraçar com os olhos aquilo que é uma maravilha para os anjos e para o
mundo inteiro, formidá vel para o diabo, um terror para os demô nios,
como diz o mesmo grande Pai? Novamente, no inal de sua homilia
sobre os quarenta má rtires, ele exclama: 'O bando de santos! O sagrada
fraternidade! O exé rcito invencı́vel! protetores da raça humana, consolo
dos atribulados, esperança dos vossos peticioná rios, potentes
intercessores, luz do mundo, lorescem intelectuais e materiais das
Igrejas! A terra nã o te escondeu de vista, o cé u te recebeu. Que seus
portõ es sejam abertos para você . O espetá culo é digno de anjos e
patriarcas, profetas e justos. '
Comentário. —Como nã o desejarei ver o que os anjos desejam? O irmã o
de Sã o Bası́lio, que é um com ele em pensamento, Sã o Gregó rio de
Nissa, partilha os seus sentimentos.
São Gregório de Nissa, da 'Estrutura do Homem'.
Suplementar. - Assim como na moda humana os criadores de imagens
dos poderosos apreendem o cará ter da forma e apresentam a dignidade
real com a insı́gnia da pú rpura, e sua obra é chamada de imagem ou rei,
o mesmo ocorre com a natureza humana. Por ter sido criado para
dominar outras criaçõ es, foi feito como um tipo ou imagem animada,
participando do original em dignidade e nome.
O mesmo, Quinto Capítulo.
A beleza divina nã o é apresentada nem na forma, nem na beleza do
desenho ou cor, mas é contemplada em uma bem-aventurança muda, de
acordo com sua virtude. Da mesma forma, os pintores transferem
formas humanas para a tela por meio de certas cores, aplicando
matizes adequados e harmoniosos ao quadro, de modo a transferir a
beleza do original para a semelhança.
Comentário. —Você vê que a beleza divina nã o se exprime em forma ou
contorno, e por isso nã o pode ser transmitida por uma imagem (ουκ
εικονιξεται): é a forma humana que é transferida para a tela pelo pincel
do artista. Se, portanto, o Filho de Deus se tornou homem, assumindo a
forma de servo e aparecendo na natureza do homem, um homem
perfeito, por que sua imagem nã o deveria ser feita? Se, na linguagem
comum, a imagem do rei é chamada de rei, e a honra mostrada à
imagem redunda no original, como diz o santo Bası́lio, por que a
imagem nã o deveria ser honrada e adorada, nã o como Deus, mas como
a imagem de Deus Encarnado?
O mesmo, de seu Sermão em Constantinopla sobre a Divindade do
Filho e do Espírito e sobre Abraão.
Entã o o pai passa a amarrar seu ilho. Já vi muitas vezes pinturas dessa
cena comovente e nã o conseguia olhar para ela com os olhos secos, pois
a arte a expõ e de maneira tã o vı́vida. Isaac está deitado diante do altar,
com as pernas amarradas e as mã os amarradas nas costas. O pai se
aproxima da vı́tima, agarrando-lhe os cabelos com a mã o esquerda,
inclina-se sobre o rosto tã o piedosamente voltado para ele e segura na
mã o direita a espada, pronta para golpear. Já a ponta da espada está no
corpo quando a voz divina é ouvida, proibindo a consumaçã o.
Leo,12 Bispo de Neápolis em Chipre. De seu livro contra os judeus,
sobre a adoração da cruz e as estátuas dos santos e sobre as
relíquias.
Se tu, ó judeu, me censuras dizendo que adoro o madeiro da cruz como
Deus, por que nã o censuras a Jacó , que adorava na ponta do seu cajado
(επι το ακρον τῆ ς ραβδου)? Agora é evidente que ele nã o estava
adorando a madeira. Assim conosco; estamos adorando a Cristo por
meio da cruz, nã o pelo madeiro da cruz.
Comentário. - Se adoramos a cruz, feita de qualquer madeira, como nã o
adoraremos a imagem do Cruci icado?
Do mesmo.
Abraã o adorou os homens ı́mpios que lhe venderam a caverna e
ajoelhou-se no chã o, mas nã o os adorou como deuses. Jacó elogiou
Faraó , um idó latra ı́mpio, mas nã o como Deus, e ele caiu aos pé s de
Esaú , mas nã o o adorou como Deus. E novamente, como Deus ordena
que adoremos a terra e as montanhas? 'Exalte o Senhor, seu Deus, e
adore-O no Seu monte santo, e adore o Seu escabelo', isto é , a terra. Pois
o cé u é o meu trono, diz Ele, e a terra, o escabelo dos meus pé s. Como
foi que Moisé s adorou Jotor, um idó latra, e Daniel,
Nabuchodonosor? Como você pode me censurar porque honro aqueles
que honram a Deus e prestam serviço a Ele? Diga-me, nã o é apropriado
adorar os santos, em vez de atirar pedras neles como você faz? Nã o é
certo adorá -los em vez de atacá -los e jogar seus benfeitores na lama? Se
você amasse a Deus, també m estaria pronto para honrar Seus servos. E
se os ossos do justo sã o impuros, por que os ossos de Jacó e de José
foram trazidos com toda a honra do Egito? Como foi que um homem
morto ressuscitou ao tocar nos ossos de Eliseu? Se Deus faz maravilhas
por meio de ossos, é evidente que Ele pode fazê -las por meio de
imagens, pedras e muitas outras coisas, como no caso de Eliseu, que
deu seu cajado a seu servo, dizendo: 'Com isso vai e levanta de o morto,
ilho da Sunamita. ' Com seu cajado, Moisé s castigou Faraó , dividiu as
á guas, atingiu a rocha e puxou o riacho. E Salomã o disse: 'Bem-
aventurada é a madeira pela qual vem a justiça.' Eliseu tirou ferro do
Jordã o com um pedaço de madeira. E, novamente, a madeira é a
madeira da vida, e a madeira de Sabec, isto é , da remissã o. Moisé s
humilhou a serpente com madeira e salvou o povo. A haste de lores no
taberná culo con irmou o sacerdó cio de Aarã o. Talvez, ó judeu, você me
diga que Deus prescreveu a Moisé s de antemã o todas as coisas do
testemunho no taberná culo. Agora, eu digo a você que Salomã o fez uma
grande variedade de coisas no templo em entalhes e esculturas, que
Deus nã o ordenou que ele izesse. Nem o taberná culo do testemunho os
continha , nem o templo que Deus mostrou a Ezequiel, nem Salomã o foi
culpado por isso. Ele mandou fazer essas imagens esculpidas para a
gló ria de Deus, como nó s fazemos. Você també m teve muitas e variadas
imagens e sinais no Antigo Testamento para servir de lembrete de
Deus, se nã o os tivesse perdido por ingratidã o. Por exemplo, a vara de
Moisé s, as tá buas da lei, a sarça ardente, a rocha dando á gua, a arca
contendo o maná , o altar incendiado do alto (πυρενθεον), a lâ mina com
o nome divino, o é fode , o taberná culo coberto por Deus. Se tu tivesses
preparado todas estas coisas de dia e de noite, dizendo: 'Gló ria a ti, ó
Deus Todo-Poderoso, que izeste maravilhas em Israel por todas estas
coisas'; se por todas essas ordenanças da lei, realizadas desde a
antiguidade, você tivesse caı́do de joelhos para adorar a Deus, veria que
a adoraçã o é dada a Ele por meio de imagens.
E mais adiante: -
Aquele que realmente ama um amigo ou o rei, e especialmente seu
benfeitor, se ele vê o ilho desse benfeitor, ou seu cajado, ou sua cadeira,
ou sua coroa, ou sua casa, ou seu servo, ele os segura irmemente em
seu abraço, e se ele honra seu benfeitor, o rei, quanto mais Deus. Repito
novamente, se você tivesse feito imagens de acordo com a lei de Moisé s
e dos profetas, e que dia a dia você tivesse adorado o Deus das
imagens. Sempre que, entã o, você vir cristã os adorando a cruz, saiba
que eles estã o adorando o Cristo cruci icado, nã o a mera madeira. 13 Se,
de fato, honrassem a madeira como madeira, seriam obrigados a
adorar á rvores de qualquer espé cie, como tu, ó Israel, as adoravas
antigamente, dizendo à á rvore e à pedra: 'Tu é s o meu Deus e trouxeste
me adiante. ' Nã o falamos nem para a cruz nem para as representaçõ es
dos santos dessa maneira. Nã o sã o nossos deuses, mas livros abertos e
venerados nas igrejas para nos lembrar de Deus e nos levar a adorá -
Lo. Quem honra o má rtir honra a Deus, de quem o má rtir prestou
testemunho. Aquele que adora o apó stolo de Cristo, adora Aquele que
enviou o apó stolo. Aquele que cai aos pé s da mã e de Cristo certamente
mostra honra a seu Filho. Nã o há Deus senã o um, Aquele que é
conhecido e adorado na Trindade.
Comentário. —Quem é o iel inté rprete do bendito Epifâ nio — Leô ncio,
cujos ensinamentos enfeitavam a ilha de Chipre, ou aqueles que falavam
segundo seus pró prios conceitos? Ouça o testemunho de Severianus,
Bispo de Gabali.
Severianus, Bispo da Gabali, na Dedicação da Cruz.
Como foi que a imagem do inimigo deu vida aos nossos progenitores? …
Como foi que a imagem da serpente operou a salvaçã o das pessoas em
perigo? Nã o teria sido mais razoá vel dizer: 'Se algum de você s for
mordido, olhe para o cé u, para Deus, e será salvo, ou olhe para o
taberná culo de Deus'? Passando por cima disso, ele ergueu a imagem
da Cruz sozinho. Por que fez isso Moisé s, que disse ao povo: 'Nã o fará s
para ti nada de escultura, nem a semelhança de nada que está no cé u
em cima, ou na terra em baixo, nem daquelas coisas que estã o nas
á guas embaixo a Terra'? No entanto, por que falo com pessoas
indignas? Diga-me, devoto servo de Deus, você fará o que é proibido e
desconsiderará o que lhe foi dito para fazer? Aquele que disse: 'Nã o
fará s para ti nada de esculpido', condenou o bezerro de ouro, e tu
izeste uma serpente de bronze, e isto nã o secretamente, mas
abertamente, para que seja conhecido de todos. Moisé s responde: Eu
estabeleci esse mandamento a im de erradicar a impiedade e retirar o
povo de toda apostasia e idolatria; agora, mando a serpente ser lançada
com um bom propó sito - como uma igura da verdade. E assim como eu
coloquei um taberná culo, e tudo nele, e querubins, a semelhança dos
poderes invisı́veis, sobre o santo dos santos, como um sinal e igura do
futuro, entã o eu erguei uma serpente para a salvaçã o do povo, para
servir de preliminar à imagem da Cruz e à redençã o nela contida. Como
con irmaçã o disso, ouça o Senhor dizendo: 'Assim como Moisé s exaltou
a serpente no deserto, assim deveis exaltar o Filho do Homem, para que
todo aquele que crê nele nã o se perca, mas tenha a vida eterna.'
Comentário. - Observe que Seu mandamento de nã o fazer nada de
esculpido foi dado para tirar o povo da idolatria, à qual estavam
inclinados, e que a serpente de bronze era uma imagem do sofrimento
de nosso Senhor.
Ouça o que vou dizer como prova de que as imagens nã o sã o uma
invençã o nova. E uma prá tica antiga bem conhecida dos melhores e
mais importantes dos pais. Elladios, o discı́pulo do beato Bası́lio e seu
sucessor, diz em sua Vida de Bası́lio que o santo homem estava de pé ao
lado da imagem de Nossa Senhora, na qual estava pintada també m a
imagem de Mercú rio, o renomado má rtir. Ele estava de pé pedindo a
remoçã o do ı́mpio apó stata Juliano, e ele recebeu esta revelaçã o da
está tua. Ele viu o má rtir desaparecer por um tempo e entã o reaparecer,
segurando uma lança ensanguentada.
Palavra por palavra tirada da Vida de São João Crisóstomo.
O beato Joã o amava muito as epı́stolas de Sã o Paulo. (…) Ele tinha uma
imagem do apó stolo em um lugar onde costumava se aposentar de vez
em quando por causa de sua fraqueza fı́sica, pois superava a natureza
em vigı́lias e vigı́lias. Ao ler as epı́stolas de Sã o Paulo, ele tinha a
imagem diante de si e falou ao apó stolo como se ele estivesse presente,
elogiando-o e dirigindo-lhe todos os seus pensamentos. …
Quando Proclo terminou de falar, olhando atentamente para a imagem
do apó stolo e reconhecendo a semelhança com o homem que vira,
saudando Joã o, disse, apontando para a imagem: 'Perdoe-me, pai; o
homem que vi conversando com você é muito parecido com esta
está tua. Na verdade, devo dizer que ele é o mesmo. '
Na vida de Santa Eupraxia, somos informados de que sua Superiora lhe
mostrou a semelhança de Nosso Senhor.
Lemos na vida de Santa Maria do Egito que ela rezou diante da está tua
de Nossa Senhora e implorou sua intercessã o, obtendo assim licença
para entrar na Igreja.14
Em todo o passado de padres e reis cristã os, sá bios e piedosos,
conspı́cuos pelo ensino e exemplo, em tantos concı́lios de pais santos e
inspirados, como é que ningué m apontou essas coisas? Nã o estamos
defendendo uma nova fé . A lei virá de Siã o, disse o Espı́rito Santo
profeticamente, e a palavra do Senhor de Jerusalé m. Nã o defendemos
uma coisa de uma vez e outra de outra, nem que a fé se torne motivo de
chacota para os de fora. Nã o permitiremos que as ordens do rei anulem
a tradiçã o transmitida pelos pais. Nã o é para reis piedosos derrubar as
fronteiras eclesiá sticas. Essas nã o sã o maneiras patrı́sticas. Coisas feitas
à força sã o imposiçõ es e nã o trazem persuasã o. Uma prova disso foi
dada no 2º Concı́lio de Efeso, quando um decreto, que nunca foi
reconhecido como vá lido, foi executado pela mã o do imperador, e o
beato Flaviano foi executado. Os conselhos nã o pertencem aos reis,
como diz o Senhor: 'Onde quer que um ou dois estejam reunidos em
Meu nome, aı́ estou Eu no meio deles'. Cristo nã o deu aos reis o poder
de ligar e desligar, mas aos apó stolos e a seus sucessores, pastores e
mestres. 'Se um anjo lhe ensinasse um evangelho diferente daquele que
você recebeu', diz Sã o Paulo - mas nã o falaremos sobre o que se segue,
na esperança de sua conversã o. E se acharmos o aviso desconsiderado,
o que Deus pode evitar, entã o adicionaremos o resto. Esperemos que
nã o seja necessá rio.
Se algué m entrar em uma casa e ver nas paredes a histó ria da pintura
de Moisé s e Aarã o, talvez pergunte sobre as pessoas que estã o
atravessando o mar como se fosse terra seca. 'Quem sã o eles?' ele
pergunta. O que você diria? 'Nã o sã o eles os ilhos de Israel?' 'Quem
está dividindo o mar com sua vara?' Você nã o diria 'Moisé s'? Portanto,
se um homem faz uma imagem de Cristo cruci icado e lhe perguntam
quem ele é , você responde: 'E Cristo, nosso Senhor, que se encarnou por
nó s.' Sim, ó Senhor, adoramos tudo o que pertence a Ti, e levamos aos
nossos coraçõ es Tua Divindade, Teu poder e bondade, Tua misericó rdia
para conosco, Tua condescendê ncia e Tua Encarnaçã o. E como os
homens temem tocar o ferro em brasa, nã o por causa do ferro, mas por
causa do calor, entã o adoramos Tua carne, nã o pela natureza da carne,
mas por meio da Divindade unida a essa carne de acordo com a
substâ ncia. Adoramos Teus sofrimentos. Quem já conheceu a adoraçã o
da morte ou a veneraçã o do sofrimento? No entanto, nó s realmente
adoramos a morte fı́sica de nosso Deus e Seus sofrimentos
salvadores. Adoramos a Tua imagem e tudo o que é Teu; Teus servos,
Teus amigos e, acima de tudo, Tua Mã e, a Mã e de Deus.
Rogamos, portanto, ao povo de Deus, o rebanho iel, que se apegue à s
tradiçõ es eclesiá sticas. A retirada gradual do que nos foi transmitido
estaria minando as pedras fundamentais e, em pouco tempo,
derrubaria toda a estrutura. Que possamos nos mostrar constantes,
inabalá veis, inabalá veis, fundados na só lida Rocha que é Cristo, a quem
seja louvor, gló ria e adoraçã o, com o Pai e o Espı́rito Santo, agora e para
sempre. Um homem.
PARTE II.
Eu imploro a sua indulgê ncia, meus leitores (δεσποται μου), e pedir-lhe
para receber a verdadeira declaraçã o de algué m que é um servo inú til, o
menor de todos, na Igreja de Deus. Nã o fui movido a falar por motivos
de vangló ria, Deus é minha testemunha, mas por zelo pela verdade. Só
nisto está a minha esperança de salvaçã o e com ela con io e oro para ir
ao encontro de Cristo nosso Senhor, pedindo que seja uma expiaçã o
pelos meus pecados. O homem que recebeu cinco talentos de seu
senhor trouxe outros cinco que ganhou, e o homem com dois, outros
dois. O homem que recebeu um e o enterrou, devolveu-o sem juros e,
sendo declarado um servo mau, foi banido para as trevas externas. Para
que nã o sofra da mesma maneira, obedeço aos mandamentos de Deus,
e com o talento da eloqü ê ncia, que é Seu dom, coloco diante dos sá bios
entre você s uma tesouraria, para que, quando o Senhor vier, me
encontre rico de almas. , um servo iel, a quem Ele pode levar em sua
alegria inefá vel, que é o meu desejo. Dê -me ouvidos atentos e coraçõ es
dispostos. Receba meu tratado e pondere bem a força dos
argumentos. Esta é a segunda parte do meu trabalho com
imagens. Certos ilhos da Igreja me incentivaram a fazê -lo porque a
primeira parte nã o foi su icientemente clara para todos. Seja indulgente
comigo nesta conta, por minha obediê ncia.
A antiga serpente perversa, amado, quero dizer o diabo - costuma
guerrear de muitas maneiras contra o homem, que foi feito à imagem
de Deus, e operar sua destruiçã o por meio da oposiçã o. No inı́cio, ele
inspirou o homem com a esperança e o desejo de se tornar um deus, e
por meio desse desejo ele arrastou o homem para baixo para
compartilhar a morte da criaçã o bruta. Ele seduziu o homem també m
por prazeres vergonhosos e brutais. Que contraste entre se tornar um
deus e sentir uma luxú ria brutal. E novamente, ele levou o homem à
in idelidade, como diz o real (θεοπατωρ) Davi: 'O tolo disse em seu
coraçã o que Deus nã o existe.' Em um momento, ele levou o homem a
adorar muitos deuses, em outro nem mesmo o Deus verdadeiro, à s
vezes demô nios, e novamente, os cé us e a terra, o sol e a lua e as
estrelas, e o resto da criaçã o, bestas selvagens e ré pteis . E tã o ruim
recusar a honra devida onde a honra é devida, quanto concedê -la onde
nã o é . Novamente, ele ensinou alguns a chamarem o deus nã o criado de
mau e enganou outros fazendo-os reconhecer Deus, que é bom por
natureza, como o autor do mal. Alguns ele enganou pelo equı́voco de
uma natureza e uma substâ ncia da Divindade; alguns ele induziu a
honrar trê s naturezas e trê s substâ ncias; alguma substâ ncia em nosso
Senhor Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Santı́ssima Trindade; algumas
duas naturezas e duas substâ ncias.
Mas a verdade, tomando o caminho do meio, varre esses conceitos
errô neos e nos ensina a reconhecer um Deus, uma natureza em trê s
pessoas (υποστασεσι), o Pai, o Filho e o Espı́rito Santo. O mal nã o é um
ser,15 mas um acidente, uma certa concepçã o, palavra ou açã o contra a
lei de Deus, tendo sua origem nesta concepçã o, palavra ou açã o, e
terminando com ela. A verdade proclama també m que em Cristo, a
segunda pessoa da Santı́ssima Trindade, existem duas naturezas e uma
pessoa. Agora, o diabo, o inimigo da verdade e da salvaçã o do homem,
ao sugerir que as imagens do homem corruptı́vel, e de pá ssaros e
animais e ré pteis, deveriam ser feitas e adoradas como deuses, muitas
vezes tem desencaminhado nã o apenas os pagã os, mas os ilhos de
Israel. Nestes dias, ele está ansioso para perturbar a paz da Igreja de
Cristo por meio de lı́nguas falsas e mentirosas, usando palavras divinas
em favor do que é mau, e se esforçando para disfarçar suas má s
intençõ es, e afastando o instá vel do costume verdadeiro e
patrı́stico. Alguns se levantaram e disseram que era errado representar
e apresentar publicamente para adoraçã o as feridas salvadoras de
Cristo e os combates dos santos contra o diabo. Quem, com
conhecimento das coisas divinas e sentido espiritual, nã o percebe
nisso um engano do diabo? Ele nã o deseja que sua vergonha seja
conhecida e que a gló ria de Deus e de Seus santos seja publicada.
Se izé ssemos uma imagem do Deus invisı́vel, deverı́amos, na verdade,
errar. Pois é impossı́vel fazer uma está tua de algué m que nã o tem
corpo, é invisı́vel, sem limites e sem forma. Novamente, se izé ssemos
está tuas de homens e os considerá ssemos deuses, adorando-os como
tais, serı́amos muito ı́mpios. Mas nã o fazemos nenhum dos dois. Pois ao
fazer a imagem de Deus, que se tornou encarnado e visı́vel na terra, um
homem entre os homens por meio de sua bondade indescritı́vel,
tomando sobre ele forma, forma e carne, nã o somos
enganados. Ansiamos por ver como Ele era. Como diz o apó stolo divino,
vemos agora em um espelho, obscuramente. A imagem també m é um
vidro escuro, de acordo com a densidade de nossos corpos. A mente, em
muitas dores de parto, nã o consegue se livrar das coisas corporais. Que
vergonha, demô nio perverso, por nos lamentar a visã o da semelhança
de nosso Senhor e nossa santi icaçã o por meio dela. Você nã o gostaria
que contemplá ssemos Seus sofrimentos salvadores, nem admirá ssemos
Sua condescendê ncia, nem contemplá ssemos Seus milagres, nem
louvá ssemos Seu poder onipotente. Você lamenta os santos pela honra
que Deus dá a eles. Você nã o quer que vejamos sua gló ria registrada,
nem permite que nos tornemos imitadores de sua fortaleza e
fé . Nã o obedeceremos à s suas sugestõ es, demô nio perverso e odiador
de homens. Ouçam-me, pessoas de todas as naçõ es, homens, mulheres
e crianças, todos você s que levam o nome cristã o: se algué m lhes pregar
algo contrá rio ao que a Igreja Cató lica recebeu dos santos apó stolos,
pais e conselhos, e tem se mantido abaixado até os dias atuais, nã o dê
ouvidos a ele. Nã o receba o conselho da serpente, como fez Eva, para
quem era a morte. Se um anjo ou imperador lhe ensinar algo contrá rio
ao que você recebeu, feche os ouvidos. Eu evitei dizer, como o santo
apó stolo disse, 'Que ele seja aná tema,' na esperança de emenda.
Mas diga aos que nã o entram na mente das Escrituras, Deus disse, por
meio de Moisé s, o legislador: 'Nã o fará s para ti a semelhança de nada
que está no cé u em cima, ou na terra em baixo'; e por meio do profeta
Davi: 'Confundam-se todos os que adoram as coisas esculpidas e se
gloriam nos seus ı́dolos', e muitas passagens semelhantes. Tudo o que
eles citaram da Sagrada Escritura e dos pais tem o mesmo propó sito.
Agora, o que devemos dizer sobre essas coisas? O que, senã o aquilo
que Deus falou aos judeus, 'Examinem as Escrituras'.
E bom examinar as Escrituras, mas deixe sua mente ser iluminada com
a pesquisa. E impossı́vel, amado, que Deus nã o fale a verdade. Há um
Deus, um Legislador da velha e nova dispensaçã o, que falou da
antiguidade de muitas maneiras aos patriarcas por meio dos profetas, e
nestes ú ltimos tempos por meio de Seu Filho unigê nito. Aplique sua
mente com discernimento. Nã o sou eu quem fala. O Espı́rito Santo
declarou pelo santo apó stolo Sã o Paulo que Deus falou nos velhos
tempos de muitas maneiras diferentes aos patriarcas por meio dos
profetas. Observe, de muitas maneiras diferentes. Um mé dico há bil nã o
prescreve invariavelmente para todos iguais, mas para cada um de
acordo com seu estado, levando em consideraçã o o clima e as queixas, a
estaçã o e a idade, dando um remé dio a uma criança e outro a um
homem adulto, de acordo com sua idade; uma coisa para um paciente
fraco, outra para um forte; e para cada sofredor a coisa certa para seu
estado e doença: uma coisa no verã o, outra no inverno, outra na
primavera ou outono, e em cada lugar de acordo com suas
necessidades. Assim, da mesma forma, o bom Mé dico das almas
prescreveu para aqueles que ainda eram crianças e inclinados à doença
da idolatria, considerando ı́dolos como deuses e adorando-os como tais,
negligenciando a adoraçã o a Deus e preferindo a criatura para Sua
gló ria . Ele os encarregou de nã o fazer isso.
E impossı́vel fazer uma imagem de Deus, que é um espı́rito puro,
invisı́vel, sem limites, sem forma nem circunscriçã o. Como podemos
fazer uma imagem do que é invisı́vel? 'Ningué m jamais viu a Deus; o
Filho unigê nito que está no seio do Pai, Ele O declarou '. E novamente:
'Ningué m verá Minha face e viverá , diz o Senhor'.
Que fez adoram ı́dolos, nã o há dú vida de que a Escritura diz sobre a sair
dos ilhos de Israel, quando Moisé s subiu ao monte Sinai, e perseverou
em oraçã o a Deus. Enquanto recebia a lei, o povo ingrato se levantou
contra Arã o, o sacerdote de Deus, dizendo: 'Faça-nos deuses que
venham antes de nó s. Pois, quanto a Moisé s, nã o sabemos o que lhe
aconteceu. Entã o, quando eles olharam as bugigangas de suas esposas e
as reuniram, eles comeram e beberam, e icaram embriagados com
vinho e loucura, e começaram a se divertir, dizendo em sua tolice: 'Estes
sã o os teus deuses, ó Israel . ' Você vê que eles izeram deuses de ı́dolos
que eram demô nios, e que eles adoraram a criatura em vez do
Criador? Como diz o santo apó stolo: 'Eles mudaram a gló ria do Deus
incorruptı́vel à semelhança da imagem de um homem corruptı́vel e de
pá ssaros, e de animais quadrú pedes e de ré pteis, e serviram à criatura
em vez do Criador. ' Por causa disso, Deus os proibiu de fazer qualquer
imagem de escultura, como Moisé s diz em Deuteronô mio: 'E o Senhor
vos falou do meio do fogo; você ouviu a voz de Suas palavras, mas nã o
viu nenhuma forma. ' E um pouco mais adiante: 'Guardai, portanto,
vossas almas com cuidado; você nã o viu nenhuma semelhança no dia
em que o Senhor Deus falou com você em Horebe, do meio do fogo, para
que talvez, sendo enganado, você pudesse fazer de você uma
semelhança de escultura ou imagem de homem ou mulher, a
semelhança de quaisquer feras que sã o sobre a terra, ou de pá ssaros
que voam sob o cé u. ' E ainda: 'Para que, talvez, nã o levantando teus
olhos para o cé u, tu vejas o sol e a lua, e todas as estrelas do cé u, e
sendo enganado pelo erro, tu os adora e serve.' Veja, o ú nico objetivo
em vista é que a criatura nã o deve ser adorada em vez do Criador, e que
a adoraçã o de latreia deve ser dada apenas a Deus. Assim, em todos os
casos, quando ele fala de adoraçã o, ele se refere a latreia. Novamente:
'Nã o terá s deuses estranhos à minha vista; tu nã o fará s para ti mesmo
uma coisa esculpida nem qualquer semelhança. ' Novamente: 'Nã o fará s
para ti deuses de metal.' Você vê que Ele proı́be fazer imagens por causa
da idolatria, e que é impossı́vel fazer uma imagem de Deus, que é um
Espı́rito, invisı́vel e incircunscrito. 'Você nã o viu Sua semelhança', diz
Ele; e Sã o Paulo, em pé no meio do Areó pago, diz: 'Sendo, portanto,
geraçã o de Deus, nã o devemos supor que a divindade seja semelhante
ao ouro, ou prata, ou pedra, o entalhe da arte, um artifı́cio do homem. '
Ouça novamente que é assim. Nã o fará s para ti qualquer coisa de
bronze, nem qualquer semelhança. Essas coisas, diz ele, izeram por
mandamento de Deus uma cortina de linho violeta, pú rpura, carmesim
e ino retorcido na entrada do taberná culo, e os querubins em tecido. E
eles izeram també m o propiciató rio, isto é , o orá culo de ouro puro, e os
dois querubins. O que você vai dizer sobre isso, ó Moisé s? Tu dizes: Nã o
fará s para ti mesmo qualquer coisa de escultura, nem qualquer
semelhança, e tu mesmo moldes querubins de tecido, e dois querubins
de ouro puro. Ouça a resposta do servo de Deus Moisé s: 'Cegos e tolos,
notem a força do que é dito e guardem suas almas com cuidado. Eu
disse que você s nã o tinham visto nenhuma semelhança no dia em que o
Senhor falou com você s no Monte Horebe, no meio do fogo, para que
você s nã o pecassem contra a lei e izessem para você s uma imagem de
bronze: tu nã o fará s qualquer imagem ou deuses de metal. Nunca disse
que nã o fará s a imagem de querubins em adoraçã o perante o
propiciató rio. O que eu disse foi: Nã o fará s para ti deuses de metal, e
nã o fará s qualquer semelhança com Deus, nem adorará s a criatura em
vez do Criador, nem qualquer criatura como Deus, nem servi a criatura
ao invé s do Criador. '
Observe como o objeto da Escritura se torna claro para aqueles que
realmente o pesquisam. Você deve saber, amado, que em todos os
negó cios a verdade e a falsidade sã o distintas, e o objetivo de quem o
faz, seja ele bom ou mau. No evangelho, encontramos todas as coisas
boas e má s. Deus, os anjos, o homem, os cé us, a terra, a á gua e o fogo e o
ar, o sol e a lua e as estrelas, a luz e as trevas, Sataná s e os demô nios, a
serpente e os escorpiõ es, a morte e o inferno, as virtudes e os vı́cios. E
porque tudo que é falado sobre eles é verdade, e o objetivo em vista é a
gló ria de Deus e os santos a quem Ele honrou, nossa salvaçã o e a
vergonha do diabo, nó s adoramos, abraçamos e amamos essas
declaraçõ es, e as recebemos com todo o nosso coraçã o, ao fazermos
toda a velha e nova dispensaçã o, e todo o testemunho falado dos santos
padres. Agora, rejeitamos os escritos malignos e abominá veis de pagã os
e maniqueus, e todos os outros hereges, como contendo tolices e
mentiras, promovendo a vantagem de Sataná s e seus demô nios, e
dando-lhes prazer, embora contenham o nome de Deus. Portanto, no
que diz respeito à s imagens, devemos manifestar a verdade e levar em
consideraçã o a intençã o de quem as faz. Se for realmente para a gló ria
de Deus e de Seus santos promover o bem, evitar o mal e salvar almas,
devemos recebê -los, honrá -los e adorá -los como imagens, lembranças,
semelhanças e livros de analfabetos. Devemos amá -los e abraçá -los com
as mã os e o coraçã o como lembretes do Deus encarnado, ou Sua Mã e,
ou dos santos, os participantes nos sofrimentos e na gló ria de Cristo, os
vencedores e destruidores de Sataná s e a fraude diabó lica. Se algué m se
atrever a fazer uma imagem de Deus Todo-Poderoso, que é puro
Espı́rito, invisı́vel, incircunscrito, rejeitamos isso como uma
falsidade. Se algué m faz imagens para honra e adoraçã o ao Diabo e seus
anjos, nó s os abominamos e os entregamos à s chamas. Ou se algué m
der honras divinas à s está tuas de homens, ou pá ssaros, ou ré pteis, ou
qualquer outra coisa criada, nó s o anatematizamos. Como nossos
antepassados na fé derrubaram os templos dos demô nios e erigiram no
mesmo local igrejas dedicadas aos santos a quem honramos, eles
derrubaram as está tuas de demô nios e colocaram em seu lugar
as imagens de Cristo, de Sua santa Mã e, e os Santos. Mesmo na antiga
dispensaçã o, Israel nã o ergueu templos para seres humanos, nem
considerou sagrada a memó ria do homem. Naquela é poca, a raça de
Adã o estava sob uma maldiçã o, e a morte era uma pena, portanto, um
luto. O cadá ver era considerado impuro e o homem que o tocava
contaminado. Mas, uma vez que a divindade assumiu nossa natureza,
ela foi glori icada como um remé dio vivi icante e e icaz, e foi
transformada para a imortalidade. Assim, a morte dos santos é uma
alegria, e igrejas sã o levantadas para eles, e suas imagens sã o
estabelecidas. Esteja certo de que qualquer um que deseje derrubar
uma imagem erigida por puro zelo pela gló ria e memó ria duradoura de
Cristo, ou de Sua santa Mã e, ou qualquer um dos santos, para
envergonhar o diabo e seus saté lites, - qualquer um, Eu digo,
recusando-se a honrar e adorar esta imagem como sagrada - nã o deve
ser adorada como Deus - é um inimigo de Cristo, de Sua bendita Mã e e
dos santos, e é um advogado do diabo e sua tripulaçã o, mostrando
tristeza por sua conduta para que os santos sejam honrados e
glori icados, e o diabo envergonhado. A imagem é um hino de louvor,
uma manifestaçã o, um sı́mbolo duradouro daqueles que lutaram e
venceram, e dos demô nios humilhados e postos em fuga.
Os reis nã o tê m nenhum chamado para fazer leis na Igreja. O que o
santo apó stolo diz? 'E Deus, de fato, colocou alguns na igreja, primeiro
apó stolos, segundo profetas, terceiro doutores e pastores' para o
treinamento da Igreja. Ele nã o diz 'reis'. E ainda: 'Obedeçam aos seus
prelados e sejam sujeitos a eles. Pois eles procuram prestar contas de
suas almas. ' Novamente: 'Lembre-se de seus prelados que falaram a
palavra de Deus a você , cuja fé segue, considerando o im de sua
conversa.' Os reis nã o falaram a palavra para você , mas apó stolos e
profetas, pastores e mé dicos. Quando Deus estava falando com Davi
sobre a construçã o de uma casa para Ele, Ele disse: 'Nã o me
construirá s uma casa, pois tu é s um homem de sangue.' "Rende,
portanto, a todos os homens suas dı́vidas", exclamou Sã o
Paulo; 'homenagem a quem é devido tributo, costume a quem costume,
temor a quem temer, honra a quem honra.' A prosperidade polı́tica é
assunto do rei:16 a organizaçã o eclesiá stica pertence a pastores e
mé dicos, e tirá -la de suas mã os é cometer um ato de roubo. Saul rasgou
a capa de Samuel, e qual foi a conseqü ê ncia? Deus tirou dele a sua
realeza e deu-a ao manso David. Jezabel perseguiu Elias, porcos e cã es
lambiam seu sangue e prostitutas se banhavam nele. Herodes removeu
Joã o e foi consumido por vermes. E agora o santo Germano,
resplandecente por palavra e exemplo, foi punido e exilado, e muitos
mais bispos e padres, cujos nomes nos sã o desconhecidos. Nã o é uma
perseguiçã o? Quando os fariseus e os eruditos cercaram nosso Senhor,
ostensivamente para ouvir Seu ensino, e quando Lhe perguntaram se
era lı́cito pagar tributo a Cé sar, Ele respondeu-lhes: 'Tragam-me uma
moeda.' E quando o trouxeram, Ele disse: 'De quem é esta
imagem?' Apó s sua resposta, 'Cé sar,' Ele disse, 'Dê a Cé sar o que é de
Cé sar e a Deus o que é de Deus.' Somos obedientes a ti, ó rei, nas coisas
concernentes à nossa vida diá ria, em tributos, impostos e pagamentos,
que te sã o devidos; mas no governo eclesiá stico temos nossos
pastores, pregadores da palavra e expoentes da lei eclesiá stica. Nã o
alteramos as fronteiras traçadas pelos nossos pais: mantemos a
tradiçã o que recebemos. Se começarmos a impor a lei à Igreja, mesmo
nas menores coisas, todo o edifı́cio cairá por terra em pouco tempo.
Você despreza a maté ria e a chama de desprezı́vel. Isso é o que os
maniqueus faziam, mas a Sagrada Escritura declara que isso é
bom; pois diz: 'E Deus viu tudo o que Ele tinha feito, e era muito
bom.' Eu digo que a maté ria é criaçã o de Deus e uma coisa boa. Agora,
se você diz que é mau, ou que nã o é de Deus, ou você faz Dele uma
causa do mal. Ouça as palavras das Escrituras a respeito do assunto,
que você despreza: 'E Moisé s disse a toda a assemblé ia dos ilhos de
Israel: Esta é a palavra que o Senhor ordenou, dizendo: Separa contigo
as primı́cias para o Senhor; que todo aquele que estiver disposto e tiver
um coraçã o pronto, ofereça-os ao Senhor: ouro e prata e latã o, violeta e
pú rpura, e escarlate tingido duas vezes, e linho ino, cabelo de cabra e
peles de carneiro tingidas de vermelho e violeta , e peles coloridas,
madeira de selim e ó leo para manter as luzes, e para fazer unguento, e
incenso muito doce, pedras de ô nix e pedras preciosas para o adorno do
é fode e do racional: Quem de você s for sá bio, venha e faça o que o
Senhor ordenou: a saber, o taberná culo ', etc.
Veja, entã o, a maté ria é honrada e você a desonra. O que é mais
insigni icante do que o cabelo de cabra, ou cores, e nã o sã o as cores
violeta e pú rpura e escarlate? E a semelhança dos querubins sã o obra
das mã os do homem, e o pró prio taberná culo, do princı́pio ao im, era
uma imagem. 'Olha', disse Deus a Moisé s, 'e faze-o de acordo com o
modelo que te foi mostrado no Monte', e era adorado pelo povo de
Israel em um cı́rculo. E quanto aos querubins, nã o estavam à vista do
povo? E o povo nã o olhou para a arca e as lâ mpadas e a mesa, a urna de
ouro e o bordã o e adorou? Nã o importa o que eu adoro; é o Senhor da
maté ria, tornando-se maté ria por minha causa, assumindo Sua morada
na maté ria e operando minha salvaçã o por meio da maté ria. Pois a
Palavra se fez Carne e habitou entre nó s. E evidente para todos que a
carne é maté ria e que foi criada. Eu reverencio e honro a questã o, e
adoro aquilo que trouxe a minha salvaçã o. Eu o honro, nã o como Deus,
mas como um canal da força e graça divinas. A madeira trê s vezes
abençoada da Cruz nã o era importante? e a montanha sagrada e
sagrada do Calvá rio? Nã o era o santo sepulcro maté ria, a pedra que dá
vida, a fonte de nossa ressurreiçã o? Nã o era importante o livro dos
Evangelhos e a mesa sagrada que nos dá o pã o da vida? Nã o sã o o ouro
e a prata maté ria, das quais sã o feitas as cruzes, as imagens sagradas e
os cá lices? E, acima de tudo, o Corpo e o Sangue do Senhor nã o sã o
compostos de maté ria? Ou rejeite a honra e adoraçã o de todas essas
coisas, ou conforme a tradiçã o eclesiá stica, santi icando a adoraçã o de
imagens em nome de Deus e dos amigos de Deus, e assim obedecendo à
graça do Espı́rito Divino. Se você desistir das imagens por causa da lei,
você també m deve guardar o sá bado e ser circuncidado, pois isso é
severamente inculcado por ela. Você deve observar toda a lei e nã o
celebrar a Pá scoa do Senhor fora de Jerusalé m. Mas você deve saber
que, se você observar a lei, Cristo nã o lhe aproveitará de nada. Você
recebeu a ordem de se casar com a esposa de seu irmã o, e assim
continuar com o nome dele, e nã o cantar a cançã o do Senhor em uma
terra estranha. Basta disso! Aqueles que foram justi icados pela lei
caı́ram em desgraça.
Apresentemos Cristo, nosso Rei e Senhor, nã o O privando de Seu
exé rcito. Os santos sã o Seu exé rcito. Que o rei terreno se despoje de seu
exé rcito e, em seguida, de sua pró pria dignidade. Que ele tire a pú rpura
e o diadema antes de tirar a honra de seus homens mais valentes que
conquistaram suas paixõ es.17 Pois, se os amigos de Cristo sã o
herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, e devem ser participantes
da gló ria e do reino divinos, nã o lhes é devido gló ria terrestre? Nã o vos
chamo servos, diz nosso Senhor; você s sã o meus amigos. Devemos,
entã o, negar a eles a honra que a Igreja lhes dá ? Você é um homem
ousado e ousado para lutar contra Deus e Suas ordenanças. Se você nã o
adora imagens, nã o adora o Filho de Deus, que é a imagem viva do Deus
invisı́vel e a igura imutá vel de sua substâ ncia. O templo que Salomã o
construiu foi consagrado com o sangue de animais e decorado com
imagens de leõ es, bois, palmas e romã s. Agora, a Igreja é consagrada
pelo sangue de Cristo e de Seus santos, e é adornada com a imagem de
Cristo e de Seus santos. Ou elimine totalmente a adoraçã o de imagens,
ou nã o seja um inovador, e nã o ultrapasse os antigos limites que teus
pais estabeleceram. Nã o estou falando de limites antes da encarnaçã o
de Cristo nosso Senhor, mas desde a Sua vinda. Deus falou com eles,
depreciando as tradiçõ es da lei antiga, dizendo: 'Eu també m lhes dei
estatutos que nã o eram bons', por causa de sua dureza de
coraçã o. Conseqü entemente, com a mudança do sacerdó cio, a lei da
necessidade també m foi mudada.
As testemunhas oculares e os ministros da palavra transmitiram o
ensinamento da Igreja, nã o apenas por escrito, mas també m por
tradiçã o nã o escrita. De onde vem nosso conhecimento do local
sagrado, o Monte Calvá rio, do santo sepulcro? Nã o nos foi transmitido
de pai para ilho? Está escrito que nosso Senhor foi cruci icado no
Calvá rio e sepultado na tumba que José cavou na rocha, mas é uma
tradiçã o nã o escrita que nos ensina que estamos adorando os lugares
certos e muitas outras coisas do mesmo tipo. Por que acreditamos em
trê s batismos, ou seja, em trê s imersõ es? Por que adoramos a cruz? Nã o
é atravé s da tradiçã o? Portanto, o santo apó stolo diz: 'Irmã os, estai
irmes; e mantenha as tradiçõ es que você aprendeu, seja por palavra ou
por nossa epı́stola. ' Muitas coisas, portanto, sendo transmitidas à Igreja
por tradiçã o nã o escrita e mantidas até os dias de hoje, por que você
fala levianamente de imagens? Os maniqueus seguiram um evangelho
de Tomé , e você seguirá o de Leã o. Nã o admito a açã o tirâ nica de um
imperador ao dominar a Igreja. O imperador nã o recebeu o poder de
ligar e desligar. Eu sei do Imperador Valente, um cristã o de nome, que
perseguiu a verdadeira fé , Zenã o e Anastá cio, Herá clio e Constantino da
Sicı́lia, e Bardanisco, chamado Filipe (Φιλιππικον). Nã o devo ser
persuadido de que a Igreja é posta em ordem por decretos imperiais,
mas por tradiçõ es patrı́sticas, escritas e nã o escritas. Como o Evangelho
escrito foi pregado em todo o mundo, també m tem sido uma tradiçã o
nã o escrita em todo o mundo representar em imagem Cristo, o Deus
encarnado e os santos, adorar a Cruz e orar em direçã o ao Oriente.
Os costumes que você apresenta nã o incriminam nossa adoraçã o de
imagens, mas a dos pagã os que as fazem ı́dolos. A prá tica piedosa da
Igreja nã o deve ser rejeitada por causa do abuso pagã o. Feiticeiros e
má gicos exorcizam; a Igreja exorciza catecú menos. Os primeiros
invocam demô nios, a Igreja invoca Deus contra os demô nios. Pagã os
sacri icados a demô nios; Israel ofereceu a Deus holocaustos e vı́timas. A
Igreja també m oferece um sacrifı́cio incruento a Deus. Os pagã os
construı́ram imagens para os demô nios, e Israel fez deles ı́dolos com as
palavras: 'Estes sã o os teus deuses, ó Israel, que te tiraram do
Egito'. Agora, criamos imagens do verdadeiro Deus encarnado, de Seus
servos e amigos, que colocaram em fuga a hoste demonı́aca. Se você diz
a isso que o bendito Epifâ nio rejeitou claramente nosso uso de imagens,
deve saber que a obra em questã o é espú ria e escrita por outra pessoa
em nome de Epifâ nio, como costuma acontecer. Um pai nã o luta com
seus pró prios ilhos. Todos se tornaram participantes de um só
Espı́rito. A Igreja é testemunha disso no adorno de imagens, até que
alguns homens se levantaram contra ela e perturbaram a paz do
aprisco de Cristo, colocando comida envenenada diante do povo de
Deus.
Se venero e adoro, como instrumentos de salvaçã o, a cruz e a lança, o
junco e a esponja, por meio das quais os judeus (θεοκτονοι)
desprezaram e mataram meu Senhor, nã o adorarei també m as imagens
que os cristã os fazem com um boa intençã o para a gló ria e a lembrança
de Cristo? Se adoro a imagem da Cruz, de qualquer madeira que seja,
nã o devo adorar a imagem que me mostra o Cruci icado e a minha
salvaçã o pela Cruz? Oh, desumanidade do homem! E evidente que nã o
adoro a maté ria, pois supondo que a Cruz, se fosse de madeira, caı́sse
em pedaços, eu os jogasse no fogo, e o mesmo com as imagens.
Receba o testemunho uni icado das Escrituras e dos padres para
mostrar a você que as imagens e seu culto nã o sã o uma nova invençã o,
mas a antiga tradiçã o da Igreja. No santo Evangelho de Sã o Mateus,
nosso Senhor chamou bem-aventurados os seus discı́pulos e com eles
todos aqueles que seguiram o seu exemplo e seguiram os seus
passos com estas palavras: 'Bem-aventurados os vossos olhos, porque
vê em, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois, amé m, eu digo a você ,
muitos profetas e justos desejaram ver as coisas que você vê , e nã o
viram, e ouvir o que você ouve, e nã o o ouviram. ' També m desejamos
ver o má ximo que pudermos. 'Vemos agora em um vidro,
obscuramente', e em imagem, e somos abençoados. O pró prio Deus
primeiro fez uma imagem e mostrou imagens. Pois Ele fez o primeiro
homem conforme Sua pró pria imagem. E Abraã o, Moisé s e Isaias, e
todos os profetas viram imagens de Deus, nã o a substâ ncia de Deus. A
sarça ardente era uma imagem da Mã e de Deus, e quando Moisé s estava
para se aproximar dela, Deus disse: 'Tire os sapatos, porque o lugar em
que você está é solo sagrado.' Ora, se o lugar onde Moisé s viu uma
imagem de Nossa Senhora era santo, quanto mais a pró pria imagem? E
nã o é apenas sagrado, mas arrisco dizer que é o santo dos santos
(αγιων αγια). Quando os fariseus perguntaram a nosso Senhor por que
Moisé s havia permitido uma carta de divó rcio, Ele respondeu: 'Por
causa da dureza de seus coraçõ es, Moisé s permitiu que você s se
divorciassem de sua esposa, mas no começo nã o era assim.' E eu vos
digo que Moisé s, pela dureza de coraçã o dos ilhos de Israel, e
conhecendo sua inclinaçã o para a idolatria, os proibiu de fazer
imagens. Nã o estamos no mesmo caso. Firmamos os pé s na rocha da fé ,
enriquecendo-nos com a luz da amizade de Deus.
Ouça as palavras de nosso Senhor: 'Tolos e cegos, todo aquele que jurar
pelo templo jura por ele e por aquele que nele habita; e quem jurar pelo
cé u jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado. ' E
quem jura por uma imagem jura por quem ela representa. Foi
su icientemente provado que o taberná culo e o vé u, a arca e a mesa, e
tudo dentro do taberná culo, eram imagens e tipos, e as obras das mã os
do homem, que eram adoradas por todo o Israel, e també m que os
querubins em os entalhes foram feitos por ordem de Deus. Pois Deus
disse a Moisé s: 'Cuida de que faças todas as coisas conforme o modelo
que te for mostrado no monte.' Ouça també m o testemunho do apó stolo
de que Israel adorava imagens e as obras das mã os do homem em
obediê ncia a Deus: 'Se, entã o, estivesse na terra, nã o seria
sacerdote; visto que haveria outros para oferecerem dons segundo a lei,
que sirvam de exemplo e sombra das coisas celestiais, como foi
respondido a Moisé s, quando ele deveria terminar o taberná culo: Vê
(diz ele) que tu faças todas as coisas de acordo com o padrã o que te foi
mostrado no monte. Mas agora ele obteve um ministé rio melhor, por
quanto també m ele é um mediador de um testamento melhor, que se
baseia em melhores promessas. Pois se aquele primeiro tivesse sido
perfeito, nã o deveria, de fato, um lugar ter sido procurado para um
segundo. Por achar falta deles, ele disse: 'Eis que o dia virá , diz o
Senhor: e aperfeiçoarei para a casa de Israel e para a casa de Judá , um
Novo Testamento: nã o de acordo com o Testamento que iz para seus
pais, no dia em que os tomei pela mã o para os tirar da terra do Egito. E
um pouco mais adiante: 'Agora, ao dizer um Novo, ele fez o anterior
Antigo. E aquilo que se deteriora e envelhece, está perto do im. Porque
o primeiro foi feito um taberná culo, no qual estavam os castiçais, e a
mesa, e a disposiçã o dos pã es, que é chamada de Santo. E depois do
segundo vé u, o taberná culo, que é chamado de Santo dos Santos; tendo
um incensá rio de ouro, e a arca do testamento coberta de ouro por toda
parte, no qual estava um vaso de ouro que tinha maná , e a vara de Arã o
que tinha lorescido, e as tá buas do testamento. E sobre ele estavam os
querubins de gló ria ofuscando o propiciató rio. ' E ainda: 'Pois Jesus nã o
entrou nos Santos feitos por mã os, os modelos da verdade; mas para o
pró prio cé u. ' E ainda: 'Para a lei tendo sombra das coisas boas que
virã o, nã o a pró pria imagem das coisas.'
Você vê que a lei e tudo o que ela ordenou e todo o nosso culto consiste
na consagraçã o do que é feito pelas mã os, conduzindo-nos atravé s da
maté ria ao Deus invisı́vel. Agora, a lei e todas as suas ordenanças foram
um prenú ncio da imagem no futuro, isto é , de nossa adoraçã o. E nossa
adoraçã o é uma imagem da recompensa eterna. Quanto à coisa em si, a
Jerusalé m celeste, é invisı́vel e imaterial, como diz o mesmo apó stolo
divino: 'Nã o temos aqui uma cidade permanente, mas buscamos a de
cima, a Jerusalé m celestial, da qual Deus é Senhor e Arquiteto.' Todas as
ordenanças da lei e de nossa adoraçã o foram direcionadas para aquela
cidade celestial. A Deus seja louvado para sempre. Um homem.
Testemunho de pais antigos e eruditos para imagens.18
São João Crisóstomo. De seu 'Comentário sobre a Parábola do
Semeador'.
Se você despreza as vestes reais, nã o despreza o pró prio rei? Você nã o
vê que se você despreza a imagem do rei, você despreza o
original? Você nã o sabe que se um homem mostra desprezo por uma
imagem de madeira ou uma está tua de metal, ele nã o é julgado como se
ele se tivesse desabafado em maté ria sem vida, mas como
demonstrando desprezo pelo rei? A desonra mostrada a uma imagem
do rei é a desonra mostrada ao rei.
O mesmo, de seu Sermão a São Melécio, Bispo de Antioquia, e
sobre o zelo de seus ouvintes, começando, 'Lançando seus olhos
em todos os lugares neste rebanho sagrado.'
O que aconteceu foi muito edi icante, e devemos sempre ter esse
consolo em mente, e ter esse santo diante de nossos olhos, cujo nome
foi invocado contra todas as má s paixõ es e argumentos
capciosos. Tanto que ruas, mercados, campos, cada canto e esquina
tocavam com seu nome. Você nã o apenas desejou invocá -lo, mas
també m olhar para sua forma corporal. Tal como acontece com o seu
nome, també m com a sua imagem. Muitas pessoas o colocaram em
seus ané is, taças e xı́caras e nas paredes de seus quartos, nã o apenas
para ouvir sua histó ria, mas para olhar sua semelhança fı́sica e ter um
duplo consolo em sua perda. 19
São Máximo, Filósofo e Confessor. Dos seus 'Atos' e dos do Bispo
Teodósio.
E depois disso todos se levantaram com lá grimas de devoçã o e,
ajoelhando-se, oraram. E cada um beijou os santos Evangelhos, a
sagrada Cruz e a imagem de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e de
Nossa Senhora, sua Mã e Imaculada (παναγιας θεοτοκου), pondo as
mã os sobre ela para con irmar o que havia sido dito.
Bem-aventurado Anastácio, Arcebispo de Teópolis, no sábado, a
Simeão, Bispo de Bostris.
Como na ausê ncia do rei, sua imagem é homenageada em vez de sua
homenagem, entã o, em sua presença, seria impró prio deixar o original
pela imagem. Isso nã o quer dizer que o que é preterido em sua
presença deva ser desonrado. … Assim como o homem que desrespeita
a imagem do rei é punido como se a tivesse mostrado ao rei de fato,
embora a imagem seja composta apenas de madeira e tinta moldadas
juntas, assim també m aquele que desrespeita a semelhança de um
homem signi ica isso para o original da semelhança.
PARTE III.20
Cada um deve reconhecer que um homem que tenta desonrar uma
imagem que foi erguida para a gló ria e memó ria de Cristo, de Sua santa
Mã e, ou de um de seus santos, é um inimigo de Cristo, de Sua santa Mã e
e do santos. També m foi criado para envergonhar o diabo e sua
tripulaçã o, por amor e zelo por Deus. O homem que se recusa a dar a
esta imagem a honra devida, embora nã o divina, é um defensor do
diabo e de sua hoste demonı́aca, mostrando com seu ato de pesar que
Deus e os santos sã o honrados e glori icados, e o diabo envergonhado. A
imagem é um câ ntico e manifestaçã o e monumento à memó ria
daqueles que lutaram bravamente e conquistaram a vitó ria para a
vergonha e confusã o dos vencidos. Muitas vezes tenho visto amantes
olhando para a roupa do ente querido e abraçando-a com os olhos e a
boca como se fosse ele mesmo. Devemos dar o que é devido a cada
homem. Diz Sã o Paulo: 'Honra a quem honra: ao rei como o melhor: ou
aos governadores como os enviados por ele,' a cada um segundo a
medida da sua dignidade.
Onde você encontra no Antigo Testamento ou no Evangelho a Trindade,
ou consubstancialidade, ou uma Divindade, ou trê s pessoas,21 ou a
ú nica substâ ncia de Cristo, ou Suas duas naturezas, expressas em
tantas palavras? Ainda assim, como eles estã o contidos em que as
Escrituras não dizem, e de inida pelos santos padres, nó s recebê -los e
anathematise aqueles que nã o o fazem. Eu provo a você que na antiga
lei Deus ordenou que as imagens fossem feitas, primeiro de tudo o
taberná culo e tudo nele. Entã o, no evangelho, o pró prio nosso Senhor
disse à queles que Lhe perguntaram, tentadoramente, se era lı́cito
homenagear Cé sar: 'Traga-me uma moeda', e eles Lhe mostraram um
centavo. E Ele perguntou-lhes de quem era a semelhança, e eles
disseram-lhe: De Cé sar; e Ele disse, 'Dê a Cé sar o que é de Cé sar, e a
Deus o que é de Deus.' Como a moeda tem a semelhança de Cé sar, ela é
dele e você deve dá -la a Cé sar. Portanto, a imagem tem a semelhança de
Cristo, e você deve dá -la a Ele, pois é Dele.
Nosso Senhor chamou Seus discı́pulos bem-aventurados, dizendo:
'Muitos reis e profetas desejaram ver o que você vê , e nã o viram, e ouvir
o que você ouve e nã o o ouviram. Bem-aventurados os teus olhos que
vê em e os teus ouvidos que ouvem. ' Os apó stolos viram Cristo com
seus olhos corporais, e Seus sofrimentos e maravilhas, e ouviram Suas
palavras. Nó s també m desejamos ver, ouvir e ser abençoados. Eles O
viram face a face, visto que Ele estava presente em corpo. Agora, visto
que ele nã o está presente no corpo para nó s, ouvimos Suas palavras nos
livros e somos santi icados em espı́rito pelo ouvir, e somos abençoados
e adoramos, honrando os livros que nos falam de Suas palavras. Assim,
por meio da representaçã o de imagens, olhamos para Sua forma
corporal, seus milagres e Seus sofrimentos, e somos santi icados e
saciados, alegrados e abençoados. Reverentemente adoramos Sua
forma corporal e, ao contemplá -la, formamos alguma noçã o de Sua
gló ria divina. Pois, como somos compostos de alma e corpo, e nossa
alma nã o está sozinha, mas é , por assim dizer, envolta por um vé u, é
impossı́vel chegarmos a concepçõ es intelectuais sem coisas
corpó reas. Assim como ouvimos com nossos ouvidos corporais as
palavras fı́sicas e entendemos as coisas espirituais, també m, por meio
da visã o corporal, chegamos ao espiritual. Por causa disso, Cristo tomou
um corpo e uma alma, como o homem tem um e outro. E o batismo
també m é duplo, da á gua e do espı́rito. O mesmo ocorre com a
comunhã o, a oraçã o e a salmodia; tudo tem um duplo signi icado, um
corpó reo e outro espiritual. Assim, novamente, com luzes e incenso. O
diabo tolerou todas essas coisas, levantando uma tempestade contra as
imagens sozinho. Seu grande ciú me deles pode ser aprendido pelo que
Sã o Sophronius, Patriarca de Jerusalé m, relata em seu 'Jardim
Espiritual'. O abade Theodore Æliotes falou sobre um santo eremita no
Monte das Oliveiras, que estava muito preocupado com o demô nio da
fornicaçã o. Um dia, quando ele foi fortemente tentado, o velho começou
a reclamar amargamente. 'Quando você vai me deixar em paz?' disse ao
diabo: 'saia de mim! você e eu envelhecemos juntos. ' O demô nio
apareceu a ele, dizendo: 'Jure-me que você guardará o que estou
prestes a dizer a você mesmo, e nã o o incomodarei mais.' E o velho
jurou. Entã o o diabo lhe disse: 'Nã o adore esta imagem, e nã o vou
importuná -lo'. A imagem em questã o representava Nossa Senhora,
Santa Mã e de Deus, levando nos braços Nosso Senhor Jesus Cristo. Você
vê o que aqueles que proı́bem a adoraçã o de imagens odeiam na
realidade, e de quem sã o os instrumentos. O demô nio da fornicaçã o se
esforçou para impedir a adoraçã o da imagem de Nossa Senhora ao
invé s de tentar o velho à impureza. Ele sabia que o primeiro mal era
maior do que a fornicaçã o.
Como estamos tratando de imagens e sua adoraçã o, vamos extrair o
signi icado com mais precisã o e dizer em primeiro lugar o que é uma
imagem; (2) Por que a imagem foi feita; (3) Quantos tipos de imagens
existem; (4) O que pode ser expresso por uma imagem e o que nã o
pode; (5) Quem primeiro fez as imagens. Novamente, quanto à
adoraçã o: (1) O que é adoraçã o; (2) Quantos tipos de adoraçã o
existem; (3) Quais sã o as coisas adoradas nas Escrituras; (4) Que toda
adoraçã o é para Deus, que é adorador por natureza; (5) Essa
honra mostrada à imagem é dada ao original.
Primeiro ponto.— O que é uma imagem?
Uma imagem é uma semelhança e representaçã o de algué m, contendo
em si a pessoa que é fotografada. A imagem nã o costuma ser uma
reproduçã o exata do original. A imagem é uma coisa, a pessoa
representada outra; uma diferença é geralmente perceptı́vel, porque o
assunto de cada um é o mesmo. Por exemplo, a imagem de um homem
pode dar sua forma corporal, mas nã o seus poderes mentais. Nã o tem
vida, nem fala, sente ou se move. Um ilho sendo a imagem natural de
seu pai é um pouco diferente dele, pois ele é um ilho, nã o um pai.
2º ponto.— Com que inalidade a imagem é feita.
Cada imagem é uma revelaçã o e representaçã o de algo oculto. Por
exemplo, o homem nã o tem um conhecimento claro do que é invisı́vel, o
espı́rito estando velado ao corpo, nem das coisas futuras, nem das
coisas separadas e distantes, porque ele está circunscrito pelo lugar e
pelo tempo. A imagem foi pensada para um maior conhecimento, e para
a manifestaçã o e popularizaçã o das coisas secretas, como puro
benefı́cio e ajuda à salvaçã o, para que, mostrando as coisas e fazendo-as
conhecer, possamos chegar aos ocultos, desejar e emular o que é . bom,
evite e odeie o que é mau.
3º Ponto.— Quantos tipos de Imagens existem.
As imagens sã o de vá rios tipos. Primeiro, existe a imagem natural. Em
tudo a concepçã o natural deve ser a primeira, entã o chegamos à
instituiçã o de acordo com a imitaçã o. O Filho é a primeira imagem
natural e imutá vel do Deus invisı́vel, o Pai, mostrando o Pai em si
mesmo. 'Pois nenhum homem viu a Deus.' Novamente, 'Nã o que
algué m tenha visto o Pai.' O apó stolo diz que o Filho é a imagem do Pai,
'Quem é a imagem do Deus invisı́vel', e para os hebreus, 'Quem é o
resplendor da sua gló ria e a igura da sua substâ ncia'. No Evangelho de
Sã o Joã o, descobrimos que Ele não mostrar o Pai em Si mesmo. Quando
Filipe lhe disse: 'Mostra-nos o Pai e isso nos basta', nosso Senhor
respondeu: 'Faz tanto tempo que estou convosco e nã o me conheces,
Filipe? Quem Me vê , vê o Pai. ' Pois o Filho é a imagem natural do Pai,
imutá vel, em tudo como o Pai, exceto que Ele é gerado, e que Ele nã o é o
Pai. O Pai gera, sendo nã o gerado. O Filho é gerado e nã o é o Pai, e o
Espı́rito Santo é a imagem do Filho. Pois ningué m pode dizer o Senhor
Jesus, exceto no Espı́rito Santo. Por meio do Espı́rito Santo
conhecemos Cristo, o Filho de Deus e Deus, e no Filho olhamos para o
pai. Pois nas coisas que sã o concebidas pela natureza, A linguagem é o
inté rprete e o espı́rito é o inté rprete da linguagem. O Espı́rito Santo é a
imagem perfeita e imutá vel do Filho, diferindo apenas em Sua
procissã o. O Filho é gerado, mas nã o prossegue. E o ilho de qualquer
pai é sua imagem natural. Assim, o natural é o primeiro tipo de
imagem.
O segundo tipo de imagem é a presciê ncia que está na mente de Deus a
respeito dos eventos futuros, Seu conselho eterno e imutá vel. Deus é
imutá vel e Seu conselho é sem princı́pio e, como foi determinado desde
toda a eternidade, é executado no tempo predeterminado por
Ele. Imagens e iguras do que Ele fará no futuro, a determinaçã o distinta
de cada uma, sã o chamadas de predeterminaçõ es pelo santo
Dionı́sio. Em Seus conselhos, as coisas predeterminadas por Ele foram
caracterizadas, representadas e ixadas imutavelmente antes de
acontecerem.
O terceiro tipo de imagem é aquela por imitaçã o (κατα μιμησιν) que
Deus fez, isto é , o homem. Pois como pode o que é criado ser da mesma
natureza do que nã o é criado, exceto por imitaçã o? Como a mente, o Pai,
a Palavra, o Filho e o Espı́rito Santo sã o um Deus, entã o a mente, a
palavra e o espı́rito sã o um homem, de acordo com a vontade e governo
soberano de Deus.
Pois Deus diz: 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança', e
acrescenta, 'e que ele tenha domı́nio sobre os peixes do mar e as aves
do cé u, e sobre toda a terra, e governe sobre ela . '
O quarto tipo de imagem sã o as iguras e tipos estabelecidos pela
Escritura de coisas invisı́veis e imateriais em forma corporal, para uma
apreensã o mais clara de Deus e dos anjos, atravé s de nossa
incapacidade de perceber coisas imateriais a menos que revestido de
forma material analó gica, como Dionı́sio o Areopagita diz, um homem
há bil nas coisas divinas. Algué m diria que nossa incapacidade de
alcançar a contemplaçã o das coisas intelectuais e nossa necessidade de
mé diuns familiares e cognatos tornam necessá rio que as coisas
imateriais sejam revestidas de forma e aspecto. Se, entã o, a Sagrada
Escritura se adapta a nó s na busca de nos elevar acima dos sentidos,
ela nã o faz imagens do que ela veste em nosso pró prio meio, e traz ao
nosso alcance aquilo que desejamos, mas nã o podemos ver? O
espiritual O escritor Gregory diz que a mente que se esforça para banir
as imagens corporais se reduz à incapacidade. Mas, desde a criaçã o do
mundo, as coisas invisı́veis de Deus sã o tornadas claras pela criaçã o
visı́vel. Vemos imagens em coisas criadas, que nos lembram vagamente
de sinais divinos. Por exemplo, o sol, a luz e o brilho, as á guas correntes
de uma fonte perene, nossa pró pria mente, linguagem e espı́rito, a doce
fragrâ ncia de uma roseira em lor, sã o imagens da Santı́ssima Trindade
Eterna.
O quinto tipo de imagem é aquela tı́pica do futuro, como o arbusto e o
velo, a vara e a urna, prenunciando a Virginal Mã e de Deus, e a serpente
curando atravé s da Cruz os mordidos pela antiga serpente. Assim,
novamente, o mar, a á gua e a nuvem prenunciam a graça do batismo.
O sexto tipo de imagem é para uma lembrança de eventos passados, de
um milagre ou uma boa açã o, para a honra e gló ria e memó ria
permanente dos mais virtuosos, ou para a vergonha e terror dos
ı́mpios, para o benefı́cio das geraçõ es seguintes que o contemplam,
para que possamos evitar o mal e fazer o bem. Esta imagem é de dois
tipos, seja por meio da palavra escrita em livros, pois a palavra
representa a coisa, como quando Deus ordenou que a lei fosse escrita
em tá buas e as vidas de homens tementes a Deus fossem registradas, ou
por meio de um objeto, como quando Ele ordenou que a urna e a vara
fossem colocadas na arca para uma memó ria duradoura, e os nomes
das tribos fossem gravados nas pedras do umeral. E també m ordenou
que as doze pedras fossem tiradas do Jordã o como um sı́mbolo
sagrado. Considere o prodı́gio, o maior que se abateu sobre o povo iel,
a tomada da arca e a divisã o das á guas. Portanto, agora estabelecemos
as imagens de homens valentes como um exemplo e uma lembrança
para nó s mesmos. Portanto, ou rejeite todas as imagens e ique em
oposiçã o à quele que ordenou essas coisas, ou receba cada um com uma
saudaçã o e maneira apropriada.
Quarto Capı́tulo. O que é uma imagem, o que nã o é ; e como cada
imagem deve ser apresentada.
Os corpos, como tendo forma, forma e cor, podem ser adequadamente
representados na imagem. Agora, se nada fı́sico ou material pode ser
atribuı́do a um anjo, espı́rito e demô nio, eles podem ser descritos e
circunscritos segundo sua pró pria natureza. Sendo seres intelectuais,
acredita-se que eles estã o presentes e se energizam em lugares que
conhecemos intelectualmente. Eles sã o representados materialmente
como Moisé s fez uma imagem dos querubins que eram vistos por
aqueles que eram dignos da honra, a imagem material oferecendo-lhes
uma visã o imaterial e intelectual. Apenas a natureza divina é
incircunscrita e incapaz de ser representada em forma ou formato, e
incompreensı́vel.
Se a Sagrada Escritura reveste Deus em iguras que sã o aparentemente
materiais, e podem até ser vistas, elas ainda sã o imateriais. Eles foram
vistos pelos profetas e aqueles a quem foram revelados, nã o com olhos
fı́sicos, mas com olhos intelectuais. Eles nã o foram vistos por todos. Em
uma palavra, pode-se dizer que podemos fazer imagens de todas as
formas que vemos. Nó s os apreendemos como se fossem vistos. Se à s
vezes entendemos os tipos pelo raciocı́nio e també m pelo que vemos, e
chegamos à sua compreensã o dessa forma, entã o, com todos os
sentidos, pelo que cheiramos, provamos ou tocamos, chegamos à
apreensã o trazendo nossa razã o para apoiar nossa experiê ncia.
Sabemos que é impossı́vel olhar para Deus, ou um espı́rito, ou um
demô nio como eles sã o. Eles sã o vistos de uma certa forma, a
providê ncia divina revestindo-se de tipo e igura o que é sem
substâ ncia ou ser material, para nossa instruçã o e conhecimento mais
ı́ntimo, para que nã o iquemos em grande ignorâ ncia de Deus e do
mundo espiritual. Pois Deus é um Espı́rito puro por Sua natureza. O
anjo, e uma alma, e um demô nio, comparados a Deus, o ú nico
incompará vel, sã o corpos; mas comparados aos corpos materiais , eles
nã o tê m corpo. Deus, portanto, nã o desejando que fô ssemos na
ignorâ ncia dos espı́ritos, os vestiu em tipo e igura, e em imagens
semelhantes à nossa natureza, formas materiais visı́veis à mente na
visã o mental. Nó s os colocamos em forma e formato, pois como os
querubins eram representados e descritos em imagem? Mas a Escritura
oferece formas e imagens até de Deus.
Quem primeiro fez uma imagem.
No princı́pio, Deus gerou Seu Filho unigê nito, Sua palavra, a imagem
viva de Si mesmo, a imagem natural e imutá vel de Sua eternidade. E Ele
fez o homem à Sua pró pria imagem e semelhança. E Adã o viu a Deus e
ouviu o som de Seus pé s enquanto caminhava à noite, e se escondeu no
paraı́so. E Jacó viu e lutou com Deus. E evidente que Deus apareceu a
ele na forma de um homem. E Moisé s o viu, e Isaias viu como se fossem
as costas de um homem, e como um homem sentado em um trono. E
Daniel viu a semelhança de um homem, e como o Filho do homem
chegando aos antigos de dias. Ningué m viu a natureza de Deus, mas o
tipo e a imagem do que deveria ser. Pois o Filho e a Palavra do Deus
invisı́vel deveria se tornar homem em verdade, para que pudesse ser
unido à nossa natureza e ser visto na terra. Ora, todos os que olhavam
para o tipo e a imagem do futuro, adoravam-no, como diz Sã o Paulo na
sua epı́stola aos Hebreus: 'Todos estes morreram segundo a fé , nã o
tendo recebido as promessas, mas contemplando-os de longe e
saudando-os . ' Nã o farei eu uma imagem dAquele que assumiu a
natureza da carne para mim? Nã o devo reverenciá -lo e adorá -Lo,
atravé s da honra e adoraçã o à Sua imagem? Abraã o nã o viu a natureza
de Deus, pois nenhum homem jamais viu a Deus, mas a imagem de
Deus, e caindo ele adorou. Josué viu a imagem de um anjo, nã o como ele
é , pois um anjo nã o é visı́vel aos olhos do corpo e, caindo, ele adorou,
assim como Daniel. No entanto, um anjo é uma criatura, servo e
ministro de Deus, nã o Deus. E ele adorou o anjo nã o como Deus, mas
como o espı́rito ministro de Deus. E nã o devo fazer imagens dos amigos
de Cristo? E nã o devo adorá -los como imagens dos amigos de Deus, nã o
como deuses? Nem Josué nem Daniel adoravam os anjos que viam
como deuses. També m nã o adoro a imagem de Deus, mas també m
atravé s da imagem dos santos, mostro a minha adoraçã o a Deus, porque
honro os Seus amigos, e os reverencio. Deus nã o se uniu à natureza
angelical, mas à humana. Ele nã o se tornou um anjo: Ele se tornou um
homem por natureza e em verdade. Na verdade, é a semente de Abraã o
que Ele abraça, nã o a do anjo.
O Filho de Deus em pessoa nã o assumiu a natureza dos anjos: Ele
assumiu a natureza do homem. Os anjos nã o participaram da natureza
divina, mas do trabalho e da graça. Agora, os homens não participam, e
tornar-se participantes da natureza divina quando recebem o Santo
Corpo de Cristo e beber seu sangue. Pois Ele está unido pessoalmente à
Divindade,24 e duas naturezas no Corpo de Cristo compartilhadas por
nó s sã o unidas indissoluvelmente em pessoa, e participamos das duas
naturezas, do corpo corporalmente, e da Divindade em espı́rito, ou,
melhor, de cada uma em ambas. Somos feitos um, nã o em pessoa, pois
primeiro temos uma pessoa e depois somos unidos pela fusã o do
corpo e do sangue. Como nã o seremos maiores que os anjos, se pela
idelidade aos mandamentos guardamos esta uniã o perfeita? Em si
mesma, nossa natureza está distante dos anjos, por causa da morte e
do peso do corpo, mas pela bondade de Deus e sua uniã o com Ele, ela
se tornou mais elevada do que os anjos. Pois os anjos permanecem por
essa natureza com temor e tremor, como, na pessoa de Cristo, ela se
senta em um trono de gló ria, e eles permanecerã o tremendo no
julgamento. De acordo com as Escrituras, eles nã o sã o participantes da
gló ria divina. Pois todos sã o espı́ritos ministradores, enviados a
ministrar por causa daqueles que serã o herdeiros da salvaçã o, nã o para
que reine juntos, nem para que sejam juntos glori icados, nem para que
se assentem à mesa do Pai. Os santos, ao contrá rio, sã o ilhos de Deus,
ilhos do reino, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo. Portanto,
honro os santos e glori ico os servos e amigos e co-herdeiros de Cristo:
servos por natureza, amigos por escolha: amigos e co-herdeiros pela
graça divina, como disse nosso Senhor ao falar ao Pai.
Já que falamos de imagens, falemos també m de adoraçã o e, em
primeiro lugar, determinemos o que é .
Em Adoraçã o. O que é adoraçã o?
Adoraçã o é um sı́mbolo de sujeiçã o - isto é , de submissã o e
humilhaçã o. Existem muitos tipos de adoraçã o.
Sobre os tipos de Adoraçã o.
O primeiro tipo é a adoraçã o de latreia, que damos a Deus, o ú nico
adorá vel por natureza, e essa adoraçã o é demonstrada de vá rias
maneiras, primeiro pela adoraçã o de servos. Todas as coisas criadas O
adoram, como servos a seu mestre. Todas as coisas Te servem, diz o
salmo. Alguns servem de boa vontade, outros de má vontade; alguns
com pleno conhecimento, de boa vontade, como no caso dos devotos,
outros sabendo, mas nã o querendo, contra sua vontade, como do
diabo. Outros, també m, por nã o conhecerem o Deus verdadeiro,
adoram apesar de si mesmos Aquele que nã o conhecem.
O segundo tipo é a adoraçã o de admiraçã o e desejo que damos a Deus
por causa de Sua gló ria essencial. Só Ele é digno de louvor, aquele que
nã o o recebe de ningué m, sendo Ele mesmo a causa de toda a gló ria e
de todo o bem, Ele é luz, doçura incompreensı́vel, perfeiçã o
incompará vel, incomensurá vel, um oceano de bondade, sabedoria sem
limites e poder, o ú nico é digno de si mesmo para despertar admiraçã o,
ser adorado, glori icado e desejado.
O terceiro tipo de adoraçã o é o de agradecimento pelos bens que
recebemos. Devemos agradecer a Deus por todas as coisas criadas, e
mostrar-Lhe adoraçã o perpé tua, pois dele e por Ele toda a criaçã o
assume o seu ser e subsiste. Ele dá generosamente de Seus dons a
todos, e sem que seja pedido. Ele deseja que todos sejam salvos e
participem de Sua bondade. Ele é longâ nimo conosco, pecadores. Ele
permite que Seu sol brilhe sobre justos e injustos, e Sua chuva caia
sobre maus e bons igualmente. E sendo o Filho de Deus, Ele se tornou
um de nó s por nó s, e nos fez participantes de sua natureza divina, para
que sejamos semelhantes a Ele, como diz Sã o Joã o em sua epı́stola
cató lica.
O quarto tipo é sugerido pela necessidade e esperança de
benefı́cios. Reconhecendo que sem Ele nã o podemos fazer nem possuir
nada de bom, nó s O adoramos, pedindo-Lhe que satisfaça nossas
necessidades e desejos, para que sejamos preservados do mal e
cheguemos ao bem.
O quinto tipo é a adoraçã o da contriçã o e con issã o. Como pecadores,
adoramos a Deus e nos prostramos diante Dele, necessitando do Seu
perdã o, pois ele se torna servo. Isso acontece de trê s maneiras. Um
homem pode se arrepender por amor, ou para que nã o perca os
benefı́cios de Deus, ou por medo de ser castigado. O primeiro é
motivado pela bondade e pelo desejo do pró prio Deus e pela condiçã o
de ilho: o segundo está interessado, o terceiro é escravo.
O que encontramos é adorado nas Escrituras e de quantas
maneiras demonstramos adoraçã o à s criaturas.
Em primeiro lugar, aqueles lugares em que Deus, o ú nico santo,
descansou, e Seu lugar de descanso nos santos, como na santa Mã e de
Deus e em todos os santos. Estes sã o os que se tornaram semelhantes a
Deus tanto quanto possı́vel, por sua pró pria vontade e pela habitaçã o
de Deus e por Sua graça permanente. Eles sã o realmente chamados de
deuses, nã o por natureza, mas por participaçã o; assim como o ferro em
brasa é chamado de fogo, nã o por natureza, mas pela participaçã o na
açã o do fogo. Ele diz: 'Sede santos porque eu sou santo.' A primeira
coisa é a livre escolha da vontade. Entã o, no caso de uma boa escolha,
Deus ajuda e con irma. 'Vou morar neles', diz Ele. 'Somos templos de
Deus, e o Espı́rito de Deus habita em nó s.' Novamente, Ele lhes deu
poder sobre os espı́ritos imundos, para expulsá -los e curar todos os
tipos de doenças e enfermidades. E novamente: 'O que eu faço, você
fará , e coisas maiores.' Novamente: 'Como eu vivo', diz Deus, 'aquele que
Me glori icar, eu o glori icarei.' Mais uma vez: se sofrermos com ele,
també m podemos ser glori icados com ele. E 'Deus estava' na sinagoga
dos deuses; no meio disso Ele aponta os deuses. Como, entã o, eles sã o
realmente deuses, nã o por natureza, mas como participantes da
natureza de Deus, entã o eles devem ser adorados, nã o como
adoradores por sua pró pria conta, mas como possuindo em si mesmos
Aquele que é adorador por natureza. Da mesma forma que o ferro,
quando aceso, nã o é por natureza quente e ardente ao toque, é o fogo
que o torna assim. Eles sã o adorados como exaltados por Deus, pois
atravé s Dele inspirando temor aos Seus inimigos e tornando-se
benfeitores dos ié is. E o amor de Deus que lhes dá livre acesso a Ele,
nã o como deuses ou benfeitores por natureza, mas como servos e
ministros de Deus. Nó s os adoramos, entã o, como o rei é homenageado
pela honra dada a um servo amado. Ele é honrado como um ministro no
atendimento de seu mestre - como um amigo valioso, nã o como um
rei. As oraçõ es dos que se aproximam com fé sã o ouvidas, seja pela
intercessã o do servo junto ao rei, seja pela aceitaçã o pelo rei da honra e
da fé demonstrada pelo peticioná rio do servo, pois foi em seu nome que
a petiçã o foi feita. Assim, aqueles que se aproximaram por meio dos
apó stolos obtiveram sua cura. Assim, a sombra, os lençó is e os cintos
dos apó stolos operaram curas. Aqueles que perversa e profanamente
desejam que eles sejam adorados como deuses sã o condená veis e
merecem o fogo eterno. E aqueles que, no falso orgulho de seus
coraçõ es, desdenham adorar os servos de Deus, estã o convencidos de
sua impiedade para com Deus. As crianças que zombaram e riram de
Elisseus sã o testemunhas disso, visto que foram devoradas por ursos.
Em segundo lugar, adoramos criaturas honrando aqueles lugares ou
pessoas que Deus associou com a obra de nossa salvaçã o, seja antes da
vinda de nosso Senhor ou desde a dispensaçã o de Sua encarnaçã o. Por
exemplo, eu venero o Monte Sinai, Nazaré , o está bulo de Belé m, e a
caverna, o monte sagrado do Gó lgota, a madeira da Cruz, os pregos e a
esponja e o junco, a lança sagrada e salvadora, o vestido e a tú nica, o
panos de linho, as roupas de enfaixamento, o tú mulo sagrado, a fonte de
nossa ressurreiçã o, o sepulcro, o monte sagrado de Siã o e o monte das
Oliveiras, o tanque de Betsaida e o jardim sagrado de Getsê mani e todos
os locais semelhantes. Eu os estimo e cada templo sagrado de Deus, e
tudo relacionado com o nome de Deus, nã o por sua pró pria conta, mas
porque eles mostram o poder divino, e por meio deles e neles aprouve a
Deus realizar nossa salvaçã o. Eu venero e adoro anjos e homens, e todas
as maté rias participando do poder divino e ministrando a nossa
salvaçã o por meio dele. Eu nã o adoro os judeus. Eles nã o sã o
participantes do poder divino, nem contribuı́ram para minha
salvaçã o. Eles cruci icaram o meu Deus, o Rei da Gló ria, movidos antes
pela inveja e pelo ó dio contra Deus seu Benfeitor. 'Senhor, adorei a
beleza da Tua casa', diz Davi, 'adoraremos no lugar onde Seus pé s
estavam. E adore em Sua montanha sagrada. ' A santa Mã e de Deus é a
santa montanha viva de Deus. Os apó stolos sã o as montanhas de ensino
de Deus. 'As montanhas saltaram como carneiros e as colinas como os
cordeiros do rebanho.'
O terceiro tipo de adoraçã o é dirigido a objetos dedicados a Deus, como,
por exemplo, os santos Evangelhos e outros livros sagrados. Eles foram
escritos para nossa instruçã o aos que vivem nestes ú ltimos dias. Vasos
sagrados, novamente, cá lices, turı́bulos, candelabros e altares
(τραπεζαι) pertencem a esta categoria. E evidente que o respeito se
deve a todos eles. Considere como Baltassar fez o povo usar os vasos
sagrados e como Deus tirou o reino dele.
O quarto tipo de adoraçã o é o de imagens vistas pelos profetas. Eles
viram Deus em visã o sensı́vel e imagens de coisas futuras, como a vara
de Arã o, a igura da virgindade de Nossa Senhora, a urna e a mesa. E
Jacó adorou na ponta (επι το ακρον) de sua vara. Ele era um tipo de
nosso Senhor. Imagens de eventos passados lembram sua lembrança. O
taberná culo era uma imagem do mundo inteiro. 'Vê ', disse Deus a
Moisé s, 'o tipo que te foi mostrado na montanha, e os querubins de
ouro, obra de escultores e os querubins dentro do vé u de tecido'. Assim,
adoramos a igura sagrada da Cruz, a semelhança das feiçõ es corporais
do nosso Deus, a semelhança daquela que o deu à luz e tudo o que lhe
pertence.
A quinta maneira é na adoraçã o mú tua, tendo sobre nó s a marca de
Deus e sendo feitos à Sua imagem, humilhando-nos mutuamente e
cumprindo assim a lei da caridade.
A sexta maneira é a adoraçã o daqueles que estã o no poder e que tê m
autoridade. 'Dê a todos os homens suas dı́vidas', diz o apó stolo; 'dê
honra onde é devido.' Jacó fez isso ao adorar Esaú como seu irmã o mais
velho e Faraó , o governante estabelecido por Deus.
Em sé timo lugar, o culto dos servos aos seus senhores e benfeitores, e
dos peticioná rios aos que concedem seus favores, como no caso de
Abraã o quando comprou a caverna dupla dos ilhos de Emmor.
E desnecessá rio dizer que o medo, o desejo e a honra sã o sı́mbolos de
adoraçã o, assim como submissã o e humilhaçã o. Ningué m deve ser
adorado como Deus, exceto o ú nico Deus verdadeiro. O que quer que
seja devido a todo o resto é pelo amor de Deus.
Vê s que grande força e zelo divino se dá a quem venera as imagens dos
santos com fé e consciê ncia pura. Portanto, irmã os, vamos nos
posicionar na rocha da fé e na tradiçã o da Igreja, nã o removendo os
limites impostos por nossos santos padres da antiguidade, nem
ouvindo aqueles que introduziriam inovaçã o e destruiriam a economia
de a santa Igreja Cató lica e Apostó lica de Deus. Se algué m seguir seu
caminho tolo, em pouco tempo toda a organizaçã o da Igreja será
reduzida a nada. Irmã os e ilhos amados da Igreja, nã o envergonhem
sua mã e, nã o a despedacem. Receba seus ensinamentos atravé s de
mim. Ouça o que Deus diz dela: 'Tu é s toda formosa, ó meu amor, e nã o
há uma mancha em ti.' Adoremos e adoremos nosso Deus e Criador
como o ú nico digno de adoraçã o por natureza, e adoremos a Santa Mã e
de Deus, nã o como Deus, mas como Mã e de Deus segundo a
carne. Vamos adorar os santos també m, como os amigos escolhidos de
Deus e como possuidores de acesso a ele. Se os homens adoram reis
sujeitos à corrupçã o, que muitas vezes sã o maus e ı́mpios, e aqueles
que governam ou sã o delegados em seu nome, como diz o santo
apó stolo, 'Esteja sujeito a prı́ncipes e poderes', e novamente, 'Dê a
todos os que lhes sã o devidos, a uma honra, para outro temor, 'e nosso
Senhor,' Dê a Cé sar o que é de Cé sar, e a Deus o que é de Deus, 'quanto
mais devemos adorar o Rei dos Reis? Só ele é Deus por natureza; e
devemos adorar Seus servos e amigos que reinam sobre suas paixõ es e
sã o constituı́dos governantes de toda a terra. 'Tu fará s deles prı́ncipes
sobre toda a terra', diz Davi. Eles recebem poder contra demô nios e
doenças, e com Cristo eles reinam sobre um reino incorruptı́vel e
imutá vel. Somente sua sombra gerou doenças e demô nios. Nã o
deverı́amos considerar uma sombra uma coisa mais leve e fraca do que
uma imagem? No entanto, é um esboço verdadeiro do original. Irmã os,
o cristã o é fé . 25 Quem anda pela fé ganha muito. O que duvida, ao
contrá rio, é como uma onda do mar dilacerada e agitada; ele nã o
aproveita nada. Todos os santos agradaram a Deus pela fé . Vamos,
entã o, receber o ensinamento da Igreja com simplicidade de coraçã o,
sem questionar. Deus fez o homem sã o e sã o. Era o homem que estava
mais curioso. Nã o procuremos aprender uma nova fé , destrutiva da
tradiçã o antiga, diz Sã o Paulo: 'Se algué m ensina qualquer outro
Evangelho diferente daquele que lhe foi ensinado, seja aná tema.' Assim,
adoramos imagens, e nã o é uma adoraçã o da maté ria, mas daqueles
que a maté ria representa. A honra dada à imagem refere-se ao original,
como diz com razã o o santo Bası́lio.
E que Cristo te encha da alegria da Sua ressurreiçã o, santı́ssimo
rebanho de Cristo, povo cristã o, raça eleita, corpo da Igreja, e te torne
digno de seguir as pegadas dos santos, dos pastores e mestres da Igreja
, levando você a desfrutar de Sua gló ria no brilho dos santos. Que você
ganhe Sua gló ria por toda a eternidade, com o Pai Incriado, a quem seja
louvado para sempre. Um homem.
INDICE
Abraã o e ilhos de Emmor, 9 ; imagem de Deus, 123 . Adã o e Eva se
dirigindo a Nossa Senhora, 183 .
Ambró sio de Milã o, St, on Encarnation, 136 .
Amphilochius, dirigido por Sã o Bası́lio, 34 .
Angarus, Rei de Edessa, 33 .
Natureza angé lica nã o tomada por Deus, 102 .
Anne, St, o nome dela, 156 .
Arca de Deus, o verdadeiro, 168 , 188 ; em repouso, 195 .
Assunçã o de Nossa Senhora, 202 , 207 , 209 , 210 .
Ataná sio, Arcebispo de Antioquia, 141 .
Ataná sio, St, seu testemunho, 120 .
Agostinho, St, de Civitate Dei, 57 .
Tumba de Nossa Senhora, 196 , 197 , 205 , 210 ; mais justo que o
Eden, 204 .
Tradiçã o, antiga, 114 ; nã o escrito, 75 .
Tipos, honorá veis, 142 .