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programacao-para-a-sala-de-aula

Publicado em NOVA ESCOLA 14 de Agosto | 2018

Tecnologia

Como levar a programação


para a sala de aula
Programar desenvolve raciocínio lógico, autonomia, pensamento
crítico, colaboração, trabalho em equipe e empatia
Débora Garofalo

Para alguns professores a palavra programação causa espanto. Foi assim também
comigo e por isso adianto que não é algo de outro mundo e, em algumas situações,
você nem precisa utilizar o computador.

LEIA MAIS: Como usar mais e melhor o Word em sala de aula

Para perder o receio e encorajá-lo a dar os primeiros passos, vamos abordar a


importância de ensinar a programar na escola. O ensino da programação oferece
muitos benefícios, entre eles, o desenvolvimento de habilidades como o raciocínio
lógico, autonomia, pensamento crítico, colaboração, trabalho em equipe, empatia e
capacidade de resolver problemas complexos.

Porque ensinar a programar na escola?


Felipe Fernandes, gamer e líder nacional do Code Club Brasil, enfatiza que estamos
vivendo uma revolução digital que influencia diversos aspectos da nossa sociedade
onde precisamos, além de estar preparados, preparar as próximas gerações para se
apropriar e utilizar todo potencial que a tecnologia tem a nos oferecer.

Para Felipe, quando ensinamos programação nas escolas estamos contribuindo para
esse futuro, capacitando os estudantes a usar criativamente o computador, a aprender
a usar as máquinas como ferramentas e exercitar o pensamento computacional,
fundamental na resolução de problemas. Problemas estes que podem ser desde uma
solução simples, de melhoria de processos, a desenvolver um sistema que vá
beneficiar muitas pessoas. Aprender programação desenvolve nas crianças esses
superpoderes que sem dúvida vão beneficiar a elas e a comunidade na qual estão
inseridas.

LEIA MAIS: Como a tecnologia pode inspirar sua próxima aula

Jocemar do Nascimento, pedagogo e coordenador do projeto de ensino de


programação e robótica na FUNDETEC (Fundação para o Desenvolvimento Científico e
Tecnológico), salienta que, ao preparar os alunos para o mundo atual, é importante
oferecer subsídios a esse alunos, para que eles não sejam apenas consumidores de
conteúdo. É preciso fazer com que estes alunos entendam como as tecnologias são
criadas e produzidas, dando a essas crianças um empoderamento da tecnologia, para
que elas deixem de ser consumidoras e se transformem em produtoras de recursos
digitais. E mesmo que os alunos não sejam produtores, isso faz com utilizem a
tecnologia de forma mais consciente e que possam estar preparados para o mundo
digital que a gente vive.

Para Jocemar a programação deve ser vista como linguagem que está na nossa
sociedade, presente praticamente em todos os recursos digitais e o professor, ao
trabalhar com a programação, oferece uma nova possibilidade de comunicação e
interação.

LEIA MAIS: Como as metodologias ativas favorecem o aprendizado

Como utilizar a linguagem de programação

Segundo Jocemar, a programação pode estar presente nas escolas de diversas formas
e em qualquer disciplina. O professor pode utilizar a programação para produção de
recursos didáticos, onde ele desenvolve e aplica esses recursos ou trabalha com os
alunos para que os mesmos produzam os seus conteúdos, exercitando conhecimentos
a partir da linguagem de programação.

Quando ensinada de forma contextualizada, a programação pode ser uma grande


aliada para o processo de ensino e aprendizagem. Por exemplo: vamos imaginar que a
aula seja sobre alimentação saudável. Com a linguagem de programação, eu posso
pedir aos alunos para criar uma história animada, um jogo ou desenvolver em robótica
algo sobre o tema. Um professor de matemática, por exemplo, pode utilizar a
programação no campo das formas geométricas e das operações aritméticas, já um
professor de língua portuguesa, pode usar a programação como suporte na
alfabetização ou produção de textos, sendo vista como uma nova forma de
abordagem, que aproxima o envolvimento do aluno com o conhecimento e sua
interação com o objeto de estudo.
Foto: Unsplash

Quais recursos estão disponíveis para trabalhar com os alunos

Atividades desplugadas

São atividades realizadas sem a ajuda do computador, onde é possível vivenciar de


forma concreta a programação, estimulando a convivência, criatividade e antecipando
fatos que irão auxiliar posteriormente em programações com softwares específicos.

E para iniciar a linguagem de programação com estudantes, uma sugestão é começar


pelo Programaê, uma plataforma gratuita, que visa ensinar os primeiros passos na
programação de forma lúdica e interativa, a partir de desafios com personagens que os
estudantes já conhecem. A plataforma possui planos de aula e sequência didáticas que
auxiliam o professor, inclusive em atividades desplugadas.

LEIA MAIS: Como usar os gêneros digitais em sala de aula

Softwares

Para ensinar programação, o professor não precisa ser programador, basta ter
interesse e vontade de aprender. Hoje temos ferramentas que foram desenvolvidas
para o ensino de programação de crianças e jovens, gratuitas, intuitivas e que
permitem muita interação.

O Code.org, tem por objetivo desmistificar e democratizar o aprendizado de


programação. Para isso, possui uma série de atividades, justamente para professores
que desejam ensinar programação, permitindo que os alunos possam dar
continuidade nestes aprendizados em casa, fora do ambiente escolar, realizando uma
extensão da sala de aula, podendo criar clubes de programação com os colegas.

Há também o Scratch. Com ele, qualquer professor, mesmo sem conhecimento


prévio, pode ensinar programação para crianças de forma simples e intuitiva. Por meio
de blocos de comandos que se encaixam, o Scratch permite a criação de jogos,
animações e histórias interativas que podem ser facilmente disponibilizadas no site do
projeto e compartilhadas com crianças de outras escolas. A ferramenta ajuda a dar
forma à imaginação e pode ser trabalhada de maneira offline.

Para os professores que já conhecem e trabalham com o Scratch, a novidade é a sua


versão 3.0. Neste momento, está disponível para testes a versão beta do Scratch 3.0.
Em janeiro de 2019 estará disponível a versão final e offline do editor de programação.
A nova versão tem como objetivo expandir a forma como as crianças podem criar e
compartilhar e os professores podem fomentar a aprendizagem. É possível incluir
imagens, novos suportes e capacidades de programação, funcionando sobre uma larga
variedade de dispositivos, incluindo tablets.

E você querido professor, como trabalha a linguagem de programação com os alunos?


Conte aqui nos comentários e ajude a fomentar práticas docentes.

Um abraço,

Débora Garofalo, Professora da rede Municipal de Ensino de São Paulo, Formada


em Letras e Pedagogia, Mestranda em Educação pela PUCSP, colunista de
Tecnologias para o site da Nova Escola

Felipe Fernandes é gamer e Agile Enthusiast, formado em análise de sistemas


com experiências em diversos projetos do seguimento digital. Está como Scrum
Master na Gazeus e é Líder Nacional do Code Club Brasil (ONG inglesa que recruta
voluntários para ensinar crianças a programar em clubes de programação
gratuitos).

Jocemar do Nascimento, Pedagogo, especialista em Novas Tecnologias na


Educação, coordenador do Projeto de ensino de programação e Robótica na
FUNDETEC, projeto aplicado na rede Municipal de Ensino de Cascavel-PR.

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