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A abertura na prática
222 belas miniaturas comentadas
VOLUME 2
Aberturas com 1.e4 sem 1...e5 – partidas 41 a 111
2ª Edição
São Paulo
Edição do Autor
2016
Copyright © Flavio Patricio Doro, 2014
CDU: 794.1
SUMÁRIO
Introdução 7
7
Introdução
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SEÇÃO II. Aberturas com 1.e4 sem 1...e5
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SEÇÃO II. Aberturas com 1.e4 sem 1...e5
frentam diretamente o peão "e" inimigo, Alekhine, objeto dos capítulos 12 e 13.
mas se opõem ao futuro avanço do peão • Por fim, as pretas podem jogar para abrir
"d" com 1...c5, com a intenção de abrir a o centro. Fazem isso em duas etapas.
coluna "c" quando as brancas jogarem Primeiro, confrontam o peão "e" com
d2-d4. Esta importantíssima defesa será ...d5, como no primeiro grupo de aber-
vista nos capítulos 10 e 11. turas, e, após essa dupla de peões ser
• O terceiro grupo tem, como característi- trocada, jogam ...e5 para combater o
ca básica, a liberdade inicial que as pre- peão adversário em d4. Pretendem assim
tas dão ao adversário de ocupar o centro liquidar o centro e anular a vantagem de
com seus peões, deixando para com- espaço das brancas. Essa é a ideia de al-
batê-los em um momento posterior. Essa gumas variantes da Defesa Escandinava,
é a filosofia das defesas Pirc, Moderna e conforme veremos no capítulo 14.
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7. A troca d5xe4 (e4xd5) nas defesas
Caro-Kann, Escandinava e Francesa
Neste capítulo inicial da segunda seção e 3...¤xd5, partida 41). Uma variação fre-
nossa atenção se volta para a formação cen- quente dessa posição, com o avanço ...c6,
tral em que um peão branco em d4 enfrenta costuma resultar desta variante da Defesa
em peão preto em e6. Estão ausentes os pe- Caro-Kann: 1.e4 c6 2.d4 d5 3.¤c3(d2) dxe4
ões "e" das brancas e "d" das pretas, que fo- 4.¤xe4 - vejam-se as partidas 42 a 44.
ram trocados. A posição central é, portanto, Uma segunda versão, com o avanço c2-c4,
o espelho da que foi vista no capítulo 1, com se verifica em algumas aberturas derivadas
a inversão dos flancos. do Gambito da Dama (1.d4 d5 2.c4), como a
Defesa Semieslava (2...c6 3.¤f3 ¤f6 4.e3 e6
5.¤c3 ¤bd7 6.¥d3 ou 6.£c2; veja-se a
-+-+-+-+ partida 50) e a Abertura Catalã (2...e6 3.g3
¤f6 4.¥g2 ¥e7 5.0-0, partida 51), nas quais
zppzp-+pzpp as brancas jogam e2-e4 e as pretas trocam
-+-+p+-+ os peões nessa casa.
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7. A troca d5xe4 (e4xd5) nas defesas Caro-Kann, Escandinava e Francesa
a pouco usual alternativa 5.¥g5 será vista na decer de falta de espaço. Uma forma de pre-
partida 109. venir esse inconveniente seria intercalar
6...¥g4, já testado em numerosas partidas.
5...a6 O lance mais ambicioso, e um dos mais
Preparando ...b5 e ...¥b7. Esta é a jogada praticados, é 6...b5, que além de preparar ...
mais empregada, vindo a seguir 5...c6, que ¥b7 abre espaço para a dama ir a b6. Com
estabelece uma formação tipo Caro-Kann. tudo isso a execução do roque é adiada para
Os dois lances de peão são considerados os depois do décimo lance. No ínterim as bran-
mais seguros, pois a dama está um tanto ex- cas podem completar seu desenvolvimento e
posta e não é conveniente que fique à mercê começar a criar algumas ameaças, o que
de um possível ¤b5. Por exemplo: 5...¥f5 obriga o opositor a jogar com cuidado. Por
(...¥g4 é preferível, pois força as brancas a exemplo: 7.¥g2 ¥b7 8.0-0 e6 9.¤e5 ¥xg2
jogar h3 e g4 se quiserem continuar com 10.¢xg2 b4?! (melhor é prevenir-se contra
¤e5) 6.¤e5 ¤bd7? (melhor é ...c6, preve- £f3 com ...c6 ou ...¤bd7) 11.£f3 ¦a7? (é
nindo ¤b5) 7.¤b5 £b6 8.¤c4 £e6+ necessário ...c6, para poder retomar com este
(8...£c6? 9.d5!, etc., ganhando) 9.¤e3 e as peão em d5 no caso de 12.¤e4 £d5
pretas não têm nada melhor que ceder o ro- 13.¤xf6+ gxf6 14.£xd5) 12.¤e4! ¤xe4
que com 9...¢d8. (agora ...£d5 levaria a um final perdido, mas
não há outra forma de tentar finalizar o de-
6.g3 senvolvimento) 13.£xf7+ ¢d8 14.£f3, com
Numa posição tranquila como esta, ain- clara vantagem (Velicka-Kantorik, Nancy
da sem ameaças de parte a parte, as alterna- 2008).
tivas se multiplicam; cerca de dez lances di- 7.¥g2 ¥e7 8.0-0 0-0 9.¦e1²
ferentes já foram testados neste ponto. O es-
colhido pelas brancas tem dois objetivos
claros de curto prazo: contrapor o bispo em rsnl+-trk+
g2 ao possível ...b5 e ...¥b7, e apoiar o outro
bispo que quer ir a f4, ganhando tempo so- +pzp-vlpzpp
bre a dama em d6.
As brancas têm outras formas de prepa-
p+-wqpsn-+
rar ¥f4. Uma delas é 6.¥e3 e o posterior +-+-+-+-
£d2, ao que as pretas geralmente con-
trapõem ...¤c6 e ...¥f5, com a ameaça ... -+-zP-+-+
¤b4. Outra é 6.¤e5!?, mas neste caso
6...¤c6 é uma resposta crítica, que obriga as
+-sN-+NzP-
brancas a trocar um cavalo que se moveu
duas vezes por outro que só fez um lance
PzPP+-zPLzP
(7.¤xc6) ou ceder um peão em troca de uma tR-vLQtR-mK-
certa vantagem de desenvolvimento (7.¥f4
¤xd4).
9...c5
6...e6
Como 9...b5 acarreta alguns problemas
As pretas, de forma prudente, decidem (10.¤e5 ¦a7 11.¥f4 £d8 12.¥e3, ou
preparar o roque o quanto antes; no entanto, 10...c6? 11.¥f4 seguido por ¤xc6), cedo ou
como o desenvolvimento do bispo via f5 ou tarde este avanço temático é necessário para
g4 está sendo obstruído com este lance, e a normalizar a situação na ala da dama.
saída por b7 se tornará difícil devido ao O lance do texto não é mau, mas requer
iminente ¥f1-g2, em breve começarão a pa- precisão na sequência - o que sói acontecer
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7. A troca d5xe4 (e4xd5) nas defesas Caro-Kann, Escandinava e Francesa
vez não há uma terceira via. Por isso elas • 3.exd5, que gera estruturas similares às
abandonam. do Gambito da Dama (peão da dama
isolado e estrutura Carlsbad), objeto dos
capítulos 15 e 16, no volume 3.
• 3.e5, a variante do avanço, também mui-
to importante e que será examinada no
42. Defesa Caro-Kann (B17) capítulo seguinte (partidas 62 a 64), em
I. Armanda 2364 – R. Sertic 2337 conjunto com as variantes análogas da
11º Aberto de Bosnjaci grupo A, 2005 Defesa Francesa.
3...dxe4
As pretas podem tentar explorar a posi-
1.e4 c6 ção do cavalo em d2 retardando a troca em
e4, à espera de 4.¤gf3 ¥g4; mas não é fácil
Esta resposta, a quarta mais empregada identificar um bom lance de espera - os
contra 1.e4, caracteriza a Defesa Caro-
mais frequentes têm sido 3...a6 e 3...£b6.
Kann. Sua ideia consiste em enfrentar o
peão central adversário com ...d5 sem incor- 4.¤xe4 ¤d7
rer na desvantagem, própria da Defesa Fran-
cesa (1.e4 e6) de obstruir a diagonal do bis- O mais praticado 4...¥f5 será visto nas
po em c8. A Caro-Kann será vista em parte duas próximas partidas. Com o lance do
deste capítulo e do próximo, juntamente com texto o desenvolvimento do bispo é poster-
a Defesa Francesa, e em todo o capítulo 9. gado, evitando-se assim que ele fique ex-
posto a ataques com lances como ¤e4-g3,
2.d4 h2-h4, ¤g1-e2(h3)-f4 ou h4-h5 ou ¤f3-
e5. Por outro lado, agora a posição preta fica
O mais comum. As principais alternati- congestionada; o ponto e6 perde temporari-
vas são:
amente a defesa natural do bispo e o rei não
• 2.¤c3: veja-se o comentário ao segundo tem casas de fuga. Com isto, surge a possi-
lance na próxima partida. bilidade de sacrifícios nas casas e6, f7 ou g6.
• 2.¤f3: veja-se o capítulo 9, partida 66. 5.¤g5
• 2.c4: vejam-se as partidas 69, no capí-
tulo 9, e 113, no volume 3, capítulo 15. Esta é a linha principal. O cavalo, pre-
• 2.d3 d5 3.¤d2 é uma forma interessante ventivamente, afasta-se da proposta de troca
de escapar das linhas mais conhecidas, que seria feita por 5...¤gf6 e passa a pressi-
mas causa poucos problemas às pretas. onar os pontos e6 e f7, alvo de possíveis
Veja-se a partida 208, volume 4, co- combinações e sacrifícios. As principais al-
mentário ao segundo lance das brancas. ternativas são 5.¥c4 e 5.¤f3, sempre tendo
como alvo as casas brancas próximas ao rei
2...d5 3.¤d2 preto. Quanto a 5.¥d3, em geral ele significa
Mais natural é 3.¤c3, que será visto na uma inversão de lances em relação à se-
próxima partida. Em geral, ambos os lances quência da partida.
conduzem à mesma posição após 3...dxe4
5...¤gf6
4.¤xe4. Seirawan julga o lance do texto
mais preciso do que ¤c3 porque deixa em Não é conveniente 5...e5 6.¥c4! com
aberto a possibilidade de reforçar o centro pressão sobre f7. Por exemplo: 6...¤h6
com c2-c3 caso as pretas continuem 7.¤1f3 exd4 8.£xd4 £e7+ 9.¢d1! £f6
com ...g6 e ...¥g7. 10.¦e1+ ¥e7 11.£d3! e a posição insegura
Além de 3.¤c3 e 3.¤d2 cabe mencionar: do bispo em e7 dificulta a continuidade do
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