Você está na página 1de 15

A ABERTURA NA PRÁTICA

FLAVIO PATRICIO DORO

A abertura na prática
222 belas miniaturas comentadas

VOLUME 2
Aberturas com 1.e4 sem 1...e5 – partidas 41 a 111

2ª Edição

São Paulo
Edição do Autor
2016
Copyright © Flavio Patricio Doro, 2014

Todos os direitos reservados. São proibidos a reprodução, o armazenamento ou a


transmissão de partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização
por escrito.

Livros físico e eletrônico comercializados pela Loja PerSe Comercio Eletrônico


Ltda. - Rua Turiassu, 390 - Conj 86 - Perdizes - São Paulo - CEP: 05005-000 -
CNPJ.: 11.100.364/0001-60
www.perse.com.br - perse@perse.com.br

D758a Doro, Flavio Patricio, 1964-


A Abertura na Prática: 222 belas miniaturas
comentadas / Flavio Patricio Doro - São Paulo,
edição do autor, 2014.

Conteúdo: v.2 Aberturas com 1.e4 sem 1...e5 –


partidas 41 a 111
ISBN 978-85-917264-0-0 (impresso)
978-85-917264-1-7 (eletrônico)

1. Xadrez – aberturas. 2. Xadrez – coletâneas.


3. Xadrez – estudo e ensino. I. Título.

CDU: 794.1
SUMÁRIO

Introdução 7

SEÇÃO II. Aberturas com 1.e4 sem 1...e5 9


7. A troca d5xe4 (e4xd5) nas defesas Caro-Kann, Escandinava e Francesa 11
8. O avanço e4-e5 nas defesas Francesa e Caro-Kann 43
9. O avanço c2-c4 na Defesa Caro-Kann 81
10. A variante aberta da Defesa Siciliana 96
11. Anti-Sicilianas 158
12. As defesas Pirc e Moderna 176
13. A Defesa Alekhine 200
14. A ruptura e7-e5 e a abertura do centro na Defesa Escandinava 216

Índice de aberturas 228


Índice de jogadores 233
Introdução

A introdução ao volume 1 apresentou de forma completa os princípios que orientaram a


construção desta obra. Iremos, aqui, retomar sucintamente esses pontos.

Forma de organização. Nosso propósito é ensinar a jogar a partir das características da


posição e não da memorização de linhas de abertura. Por isso, cada capítulo é dedicado, não
propriamente a esta ou àquela abertura, mas sim a um ou mais tipos de posição, que são ca-
racterísticos de uma abertura, mas que podem surgir em outras, até mesmo com as cores in-
vertidas. Assim, por exemplo, o capítulo 7, dedicado às estruturas que surgem com a troca de
peões d5 e e4 e a retomada com uma peça, inclui partidas tanto da Defesa Francesa como da
Escandinava, Caro-Kann e mesmo da Defesa Semieslava. Cada capítulo tem início com um
texto introdutório, que explana as características das posições que ele aborda e os planos de
jogo mais frequentes para ambos os jogadores; em seguida são apresentadas as respectivas
partidas comentadas.
Seções da obra. A obra é composta por cinco seções, como segue:
• Aberturas com 1.e4 e5, geralmente chamadas de aberturas abertas (seção I, capítulos 1 a
6, partidas 1 a 40).
• Aberturas com 1.e4 sem 1...e5, conhecidas normalmente como semiabertas (seção II,
capítulos 7 a 14, partidas 41 a 111).
• Aberturas com 1.d4 d5, que costumam ser conhecidas como aberturas do peão da dama
ou aberturas fechadas (seção III, capítulos 15 a 21, partidas 112 a 170)
• Aberturas com 1.d4 sem 1...d5, ou semifechadas (seção IV, capítulos 22 a 24, partidas
171 a 199)
• Aberturas sem 1.e4 e sem 1.d4, ou aberturas de flanco (seção V, capítulos 25 a 28, parti-
das 200 a 222).
O sistema alfanumérico ECO, por sua praticidade para as tarefas de busca e referência, é
utilizado no índice remissivo e nos cabeçalhos das partidas.
Divisão em volumes. Embora dividida em quatro volumes, esta obra foi concebida e é
tratada como se fosse um livro só: a numeração das partidas, dos capítulos e das seções no
segundo, terceiro e quarto volumes dá continuidade à do primeiro. O conteúdo está assim
distribuído:
• Volume 1: seção I, capítulos 1 a 6, partidas 1 a 40.
• Volume 2: seção II, capítulos 7 a 14, partidas 41 a 111.
• Volume 3: seção III, capítulos 15 a 21, partidas 112 a 170.

7
Introdução

• Volume 4: seções IV e V, capítulos 22 a 28, partidas 171 a 222.

Transposições. A possibilidade de transposições de abertura (ou seja, de chegar a uma


dada abertura por um caminho alternativo, a partir de uma abertura diferente) é assinalada
com frequência nos comentários aos lances iniciais.
Índice de aberturas. Ao final de cada volume há um índice remissivo cuja finalidade é
auxiliar o leitor a realizar pesquisas por abertura. Julgamos essa providência oportuna pelo
fato de que praticamente todas as principais aberturas representadas no conjunto da obra têm
partidas distribuídas por dois ou mais capítulos. Nele, as aberturas e variantes são listadas em
ordem alfabética e, dentro da cada abertura, por ordem de código ECO. Os lances iniciais são
mostrados.
Cada volume tem seu próprio índice, no qual figuram as aberturas e variantes de abertu-
ras ali tratadas, sendo que são mencionadas também, de forma sumária, as aberturas e vari-
antes contidas nos demais volumes.
Remissões no texto. Este recurso também visa a facilitar a pesquisa. Ao comentar os
primeiros lances de uma partida, não raro o texto remete o leitor a outras partidas da obra,
que podem estar no mesmo capítulo ou não. Via de regra o comentário indica um lance al-
ternativo àquele que foi escolhido na partida em exame e informa em qual partida esse lance
pode ser encontrado.
Símbolos utilizados. Os símbolos abaixo são, em sua maioria, bem conhecidos, mas não
custa repeti-los, associando-os ao significado que lhes daremos ao longo do texto:
! bom lance
!! lance brilhante
? mau lance
?? lance perdedor
!? lance interessante, de duplo gume, difícil de avaliar
?! lance impreciso ou duvidoso
² as brancas têm leve vantagem
± as brancas têm clara vantagem
+- as brancas têm vantagem decisiva
³ as pretas têm leve vantagem
µ as pretas têm clara vantagem
-+ as pretas têm vantagem decisiva
= o jogo está equilibrado
÷ a posição não é clara
° com iniciativa em troca da desvantagem material ou posicional

8
SEÇÃO II. Aberturas com 1.e4 sem 1...e5

Nesta seção iremos tratar de um conjun- c5 já estamos na Defesa Siciliana, e com


to de aberturas conhecidas como "aberturas 1.e4 c6, na Caro-Kann. As brancas têm, é
semiabertas". Trata-se, por definição, de li- claro, opções a partir daqui, mas foram as
nhas de jogo assimétricas: as brancas come- pretas a escolher a abertura. É diferente do
çam o jogo com 1.e4 e as pretas, em respos- que ocorre nas aberturas abertas, nas quais,
ta, efetuam um lance diferente de 1...e5. Es- após 1.e4 e5, a possibilidade maior de esco-
tas aberturas são, hoje em dia, muito popu- lha está com as brancas: Ruy López, Esco-
lares; por isso os capítulos que se seguem cesa, Vienense, Giuoco Piano, Gambito do
são bastante extensos. Rei... A margem de escolha de abertura pe-
Se examinarmos as estatísticas da mo- las pretas é mais modesta - basicamente, re-
derna prática dos torneios, veremos que as sume-se às defesas Petroff e Philidor.
pretas respondem a 1.e4 com 1...e5 não mais Existe, ainda, um terceiro motivo pelo
que 20% das vezes. Nem sempre foi assim. qual certas aberturas semiabertas gozam de
No século XIX a proporção era exatamente tamanha preferência: a luta intensa, interes-
inversa, e na primeira metade do século XX, sante, incerta e imprevisível que se origina a
a divisão era aproximadamente 50% a 50%. partir delas. A tarefa de manter a vantagem
O que determinou essa alteração radical na teórica derivada do primeiro lance é bem
balança foi a busca por novos caminhos, ini- mais complexa: embora disponham, na mai-
ciada pela chamada "escola hipermoderna" a or parte das vezes, de uma vantagem de es-
partir da segunda década do século passado paço bem maior do que nas aberturas aber-
e aprofundada, vinte anos mais tarde, pela tas, as brancas sofrem o contra-ataque das
escola soviética de xadrez. Como resultado forças inimigas, mais recuadas porém muito
desse trabalho, o conjunto dos jogadores bem dispostas, o que confere à partida uma
percebeu que era possível responder a 1.e4 dinâmica tensa, bastante peculiar.
com 1...c5, 1...c6 ou 1...e6 sem medo. Ou- Podemos dividir as aberturas semiaber-
trora consideradas inferiores, essas respostas tas em quatro grupos:
se equipararam em termos de confiabilidade • O primeiro grupo é formado pelas linhas
a 1...e5, que, por sua vez, passou a ser vista de jogo em que as pretas enfrentam o
simplesmente como uma possibilidade den- peão "e" do adversário com o lance ...d5.
tre várias outras. Esse é o propósito das defesas Francesa
Além de terem adquirido respeitabilida- e Caro-Kann (e, de certa forma, também
de, as respostas diferentes de 1...e5 têm uma da Escandinava), as quais serão vistas
vantagem adicional: dão às pretas compara- nos capítulos 7 a 9.
tivamente mais chances de levar a luta ao • O segundo grupo é constituído pela De-
terreno de sua preferência. Assim, após 1.e4 fesa Siciliana, na qual as pretas não en-

9
SEÇÃO II. Aberturas com 1.e4 sem 1...e5

frentam diretamente o peão "e" inimigo, Alekhine, objeto dos capítulos 12 e 13.
mas se opõem ao futuro avanço do peão • Por fim, as pretas podem jogar para abrir
"d" com 1...c5, com a intenção de abrir a o centro. Fazem isso em duas etapas.
coluna "c" quando as brancas jogarem Primeiro, confrontam o peão "e" com
d2-d4. Esta importantíssima defesa será ...d5, como no primeiro grupo de aber-
vista nos capítulos 10 e 11. turas, e, após essa dupla de peões ser
• O terceiro grupo tem, como característi- trocada, jogam ...e5 para combater o
ca básica, a liberdade inicial que as pre- peão adversário em d4. Pretendem assim
tas dão ao adversário de ocupar o centro liquidar o centro e anular a vantagem de
com seus peões, deixando para com- espaço das brancas. Essa é a ideia de al-
batê-los em um momento posterior. Essa gumas variantes da Defesa Escandinava,
é a filosofia das defesas Pirc, Moderna e conforme veremos no capítulo 14.

10
7. A troca d5xe4 (e4xd5) nas defesas
Caro-Kann, Escandinava e Francesa

Neste capítulo inicial da segunda seção e 3...¤xd5, partida 41). Uma variação fre-
nossa atenção se volta para a formação cen- quente dessa posição, com o avanço ...c6,
tral em que um peão branco em d4 enfrenta costuma resultar desta variante da Defesa
em peão preto em e6. Estão ausentes os pe- Caro-Kann: 1.e4 c6 2.d4 d5 3.¤c3(d2) dxe4
ões "e" das brancas e "d" das pretas, que fo- 4.¤xe4 - vejam-se as partidas 42 a 44.
ram trocados. A posição central é, portanto, Uma segunda versão, com o avanço c2-c4,
o espelho da que foi vista no capítulo 1, com se verifica em algumas aberturas derivadas
a inversão dos flancos. do Gambito da Dama (1.d4 d5 2.c4), como a
Defesa Semieslava (2...c6 3.¤f3 ¤f6 4.e3 e6
5.¤c3 ¤bd7 6.¥d3 ou 6.£c2; veja-se a
-+-+-+-+ partida 50) e a Abertura Catalã (2...e6 3.g3
¤f6 4.¥g2 ¥e7 5.0-0, partida 51), nas quais
zppzp-+pzpp as brancas jogam e2-e4 e as pretas trocam
-+-+p+-+ os peões nessa casa.

+-+-+-+- Durante muito tempo se pensou que esta


formação de peões era um bom caminho
-+-zP-+-+ para as pretas buscarem o empate. Ainda
hoje muitos jogadores pensam assim. E, de
+-+-+-+- fato, existem motivos para tanto. As pretas
não têm especiais dificuldades para desen-
PzPP+-zPPzP volver suas peças e rocar em qualquer uma
+-+-+-+- das alas, e em geral sua posição não apre-
senta pontos fracos fáceis de atacar. Podem
efetuar o roque menor e obter contrajogo na
Posições semelhantes a esta resultam de ala da dama, desenvolvendo a dama via c7,
várias aberturas diferentes. Um dos princi- b6 ou a5, situando as torres em c8 e d8 e
pais caminhos para atingir a estrutura retra- preparando a ruptura ...c5. Em outros casos,
tada no diagrama é a seguinte linha da De- menos frequentes, seu objetivo será o avanço
fesa Francesa: 1.e4 e6 2.d4 d5 3.¤c3(d2) ...e5, neutralizando a vantagem de espaço
dxe4 4.¤xe4, ou 3.¤c3 ¤f6 4.¥g5 dxe4, das brancas e igualando completamente o
conforme veremos nas partidas 45 a 48. jogo.
Também é preciso mencionar a Defesa Es- Estes são os planos das pretas. Uma po-
candinava (1.e4 d5 2.exd5 £xd5, ou 2...¤f6 sição sólida e sem debilidades, embora leve-

11
SEÇÃO II. Aberturas com 1.e4 sem 1...e5

mente restrita, com chances concretas de 1.e4 d5


obter uma igualdade total a médio prazo.
A Defesa Escandinava, caracterizada por
Todavia, veremos nos exemplos apre-
este lance, tem a mesma ideia da Francesa e
sentados que as coisas não são assim tão
da Caro-Kann - opor um peão em d5 ao
simples. As brancas têm apreciáveis possi-
peão branco em e4; mas é considerada me-
bilidades de ataque, em especial na ala do
nos sólida do que elas. A diferença está em
rei e no centro.
que ...d5 é efetuado diretamente, sem o
Os alvos táticos mais frequentes das
apoio prévio de outro peão, o que obriga as
brancas são e6, f7 e h7. Seu bispo de casas
pretas a retomar com uma peça caso as
brancas tem, portanto, um papel primordial
brancas decidam trocar os peões (o que
no ataque, assim como os cavalos, que em
ocorre quase sempre); essa peça, por sua
geral buscam as casas e5 ou g5. As peças
vez, acaba ficando exposta a ameaças. Ape-
pesadas podem entrar em ação por várias
sar disso, em geral as pretas conseguem se
rotas diferentes, pelas colunas "e", "h" ou
desenvolver sem problemas e, dependendo
"d" (esta após a troca d4xc5) e/ou 3ª e 4ª fi- da variante, obtêm um jogo de peças bastan-
leiras, e o bispo de casas pretas às vezes se te ativo.
sacrifica em h6, ou vai a g5 para anular ou
trocar o importante cavalo defensor em f6. 2.exd5
Quando as pretas jogam ...b6 para colocar A melhor resposta. Após 2.e5 c5 as pre-
seu bispo em jogo via b7, podem surgir te- tas igualam facilmente. Para 2.¤c3, trans-
mas táticos na longa diagonal branca. pondo para a Abertura Dunst, e 2.d4, en-
Além desses temas tipicamente de ata- trando no Gambito Blackmar, vejam-se,
que, as brancas podem jogar para sufocar o respectivamente, as partidas 40 (no volume
adversário. Conseguem isso reforçando o 1) e 168 (volume 3).
controle sobre as casas centrais com suas
peças (ex.: ¤f3-e5, ¥c1-f4, £d1-e2, ¦a1- 2...£xd5
d1, ¦f1-e1). Também é possível o avanço do Uma opção mais ou menos equivalente é
peão "c" à quarta fileira; isso abre a possibi- 2...¤f6 (partida 111), com a intenção de
lidade dos avanços d4-d5, em resposta a capturar em d5 sem expor a dama.
...c5, ou c4-c5, fixando o peão "c" inimigo
em c6 e impedindo o uso da longa diagonal 3.¤c3
branca pelo bispo adversário de casas bran- Para 3.d4, veja-se a partida 108.
cas.
Em resumo, apesar de sua simplicidade 3...£d6
estratégica e de sua aparente esterilidade, Esta é a principal alternativa ao lance
esta formação de peões pode ser o cenário mais praticado, que continua sendo 3...£a5.
de belas partidas de ataque. Para alcançar a Também é uma opção respeitável 3...£d8
almejada igualdade e mais tarde tentar a vi- 4.d4 c6 ou 4...¤f6.
tória as pretas têm de jogar com muita aten-
ção a fase inicial da partida. 4.d4 ¤f6 5.¤f3
O mais elástico, pois permite optar entre
várias possíveis disposições de peças. A
principal alternativa neste ponto é 5.¥d3
(sem medo de ...£xd4? devido a ¥b5+, ga-
41. Defesa Escandinava (B01) nhando), tendo em mente o esquema ¤ge2,
A. Berescu 2400 – J. Gerencer 2176 f3 e ¥f4 (e3). Por sua vez, 5.¥c4 é menos
3º aberto de verão Savaria, Szombathely, 2003 preciso; depois de 5...a6 as pretas ameaçari-
am ao mesmo tempo ...b5 e ...£c6. Por fim,

12
7. A troca d5xe4 (e4xd5) nas defesas Caro-Kann, Escandinava e Francesa

a pouco usual alternativa 5.¥g5 será vista na decer de falta de espaço. Uma forma de pre-
partida 109. venir esse inconveniente seria intercalar
6...¥g4, já testado em numerosas partidas.
5...a6 O lance mais ambicioso, e um dos mais
Preparando ...b5 e ...¥b7. Esta é a jogada praticados, é 6...b5, que além de preparar ...
mais empregada, vindo a seguir 5...c6, que ¥b7 abre espaço para a dama ir a b6. Com
estabelece uma formação tipo Caro-Kann. tudo isso a execução do roque é adiada para
Os dois lances de peão são considerados os depois do décimo lance. No ínterim as bran-
mais seguros, pois a dama está um tanto ex- cas podem completar seu desenvolvimento e
posta e não é conveniente que fique à mercê começar a criar algumas ameaças, o que
de um possível ¤b5. Por exemplo: 5...¥f5 obriga o opositor a jogar com cuidado. Por
(...¥g4 é preferível, pois força as brancas a exemplo: 7.¥g2 ¥b7 8.0-0 e6 9.¤e5 ¥xg2
jogar h3 e g4 se quiserem continuar com 10.¢xg2 b4?! (melhor é prevenir-se contra
¤e5) 6.¤e5 ¤bd7? (melhor é ...c6, preve- £f3 com ...c6 ou ...¤bd7) 11.£f3 ¦a7? (é
nindo ¤b5) 7.¤b5 £b6 8.¤c4 £e6+ necessário ...c6, para poder retomar com este
(8...£c6? 9.d5!, etc., ganhando) 9.¤e3 e as peão em d5 no caso de 12.¤e4 £d5
pretas não têm nada melhor que ceder o ro- 13.¤xf6+ gxf6 14.£xd5) 12.¤e4! ¤xe4
que com 9...¢d8. (agora ...£d5 levaria a um final perdido, mas
não há outra forma de tentar finalizar o de-
6.g3 senvolvimento) 13.£xf7+ ¢d8 14.£f3, com
Numa posição tranquila como esta, ain- clara vantagem (Velicka-Kantorik, Nancy
da sem ameaças de parte a parte, as alterna- 2008).
tivas se multiplicam; cerca de dez lances di- 7.¥g2 ¥e7 8.0-0 0-0 9.¦e1²
ferentes já foram testados neste ponto. O es-
colhido pelas brancas tem dois objetivos
claros de curto prazo: contrapor o bispo em rsnl+-trk+
g2 ao possível ...b5 e ...¥b7, e apoiar o outro
bispo que quer ir a f4, ganhando tempo so- +pzp-vlpzpp
bre a dama em d6.
As brancas têm outras formas de prepa-
p+-wqpsn-+
rar ¥f4. Uma delas é 6.¥e3 e o posterior +-+-+-+-
£d2, ao que as pretas geralmente con-
trapõem ...¤c6 e ...¥f5, com a ameaça ... -+-zP-+-+
¤b4. Outra é 6.¤e5!?, mas neste caso
6...¤c6 é uma resposta crítica, que obriga as
+-sN-+NzP-
brancas a trocar um cavalo que se moveu
duas vezes por outro que só fez um lance
PzPP+-zPLzP
(7.¤xc6) ou ceder um peão em troca de uma tR-vLQtR-mK-
certa vantagem de desenvolvimento (7.¥f4
¤xd4).
9...c5
6...e6
Como 9...b5 acarreta alguns problemas
As pretas, de forma prudente, decidem (10.¤e5 ¦a7 11.¥f4 £d8 12.¥e3, ou
preparar o roque o quanto antes; no entanto, 10...c6? 11.¥f4 seguido por ¤xc6), cedo ou
como o desenvolvimento do bispo via f5 ou tarde este avanço temático é necessário para
g4 está sendo obstruído com este lance, e a normalizar a situação na ala da dama.
saída por b7 se tornará difícil devido ao O lance do texto não é mau, mas requer
iminente ¥f1-g2, em breve começarão a pa- precisão na sequência - o que sói acontecer

13
SEÇÃO II. Aberturas com 1.e4 sem 1...e5

quando se abre a posição com o desenvolvi- 15.¦axd1!


mento atrasado. Por isso talvez fosse mais
prático preparar o avanço com ...¤bd7 e de- Excelente! Em lugar de retomar a dama
pois ...¦e8, deixando cobertos os pontos c5 e imediatamente (15.bxa5 ¦xa1 16.¦xa1, sem
e7, em previsão às respostas dxc5 e d5. vantagem alguma a despeito do peão a mais
por causa dos dois pares de peões dobrados
10.¥f4 £b6? e isolados) as brancas se contentam com a
O início de uma operação tática enge- torre, mas obrigam o adversário a enfrentar
nhosa que, no entanto, acabará mal. Não te- duas graves ameaças.
riam grandes problemas depois de 10...£d8 15...£b5
11.dxc5 ¥xc5 12.£e2.
Entre perder a dama (ficando com torre
11.¤a4!± £a5 12.¤xc5 ¥xc5 13.dxc5 a menos) e levar mate na retaguarda as pre-
E não se pode recapturar, devido a tas preferem... nenhum dos dois. Com o lan-
14.¥d6. Mas as pretas, ao jogar 10...£b6, ce do texto salvam a dama e conseguem
devem ter confiado em seu próximo lance controlar o ponto e8, aparentemente refutan-
para restabelecer o equilíbrio material. do o sacrifício do adversário.
13...¦d8 16.¦d8+ ¤e8?
Simples e claro: atacam a dama e ao Caindo na armadilha. A única defesa era
mesmo tempo desbaratam a potencial amea- 16...£e8 17.¦xe8+ ¤xe8, concluindo-se
ça ¥f4-d6. Com isso esperam ter tempo assim a operação tática de troca de damas
para ...£xc5 no próximo lance. Mas não é iniciada com 14.b4. Depois de 18.¤e5± as
isso o que vai acontecer. brancas continuam com seu peão incólume e
dominam o tabuleiro.
14.b4!
Uma resposta inesperada e mais profun- 17.¤d4?!
da do que parece. As brancas trocam as da- Impreciso. A maneira correta de apro-
mas e ficam com um peão a mais. veitar o erro que as pretas acabaram de co-
14...¦xd1 meter era 17.c6! £xc6 18.¤e5! (o mesmo
tema tático da partida, porém mantendo o
Não há outra jogada, é claro. Mas agora controle de d7) 18...£a4 19.¥c6! £xb4
vem a surpresa. 20.¦xe8+ £f8 21.¦xf8+ ¢xf8, e as brancas
ganharam uma peça.
rsnl+-+k+ 17...£a4?
+p+-+pzpp Ainda na ilusão de ficar com a vantagem
de dama contra torre, desperdiçam a segun-
p+-+psn-+ da e última oportunidade de passar a um fi-
wq-zP-+-+- nal com só um peão a menos: 17...£d7! (é
esta a defesa que as brancas evitariam na
-zP-+-vL-+ variante 17.c6 £xc6 18.¤e5) 18.¦xd7 ¤xd7
19.c6 bxc6 20.¤xc6±.
+-+-+NzP- 18.¥c6!+-
P+P+-zPLzP Elegante interferência. As pretas de novo
tR-+rtR-mK- se veem reduzidas a escolher entre perder a
dama ou levar mate na retaguarda; mas desta

14
7. A troca d5xe4 (e4xd5) nas defesas Caro-Kann, Escandinava e Francesa

vez não há uma terceira via. Por isso elas • 3.exd5, que gera estruturas similares às
abandonam. do Gambito da Dama (peão da dama
isolado e estrutura Carlsbad), objeto dos
capítulos 15 e 16, no volume 3.
• 3.e5, a variante do avanço, também mui-
to importante e que será examinada no
42. Defesa Caro-Kann (B17) capítulo seguinte (partidas 62 a 64), em
I. Armanda 2364 – R. Sertic 2337 conjunto com as variantes análogas da
11º Aberto de Bosnjaci grupo A, 2005 Defesa Francesa.
3...dxe4
As pretas podem tentar explorar a posi-
1.e4 c6 ção do cavalo em d2 retardando a troca em
e4, à espera de 4.¤gf3 ¥g4; mas não é fácil
Esta resposta, a quarta mais empregada identificar um bom lance de espera - os
contra 1.e4, caracteriza a Defesa Caro-
mais frequentes têm sido 3...a6 e 3...£b6.
Kann. Sua ideia consiste em enfrentar o
peão central adversário com ...d5 sem incor- 4.¤xe4 ¤d7
rer na desvantagem, própria da Defesa Fran-
cesa (1.e4 e6) de obstruir a diagonal do bis- O mais praticado 4...¥f5 será visto nas
po em c8. A Caro-Kann será vista em parte duas próximas partidas. Com o lance do
deste capítulo e do próximo, juntamente com texto o desenvolvimento do bispo é poster-
a Defesa Francesa, e em todo o capítulo 9. gado, evitando-se assim que ele fique ex-
posto a ataques com lances como ¤e4-g3,
2.d4 h2-h4, ¤g1-e2(h3)-f4 ou h4-h5 ou ¤f3-
e5. Por outro lado, agora a posição preta fica
O mais comum. As principais alternati- congestionada; o ponto e6 perde temporari-
vas são:
amente a defesa natural do bispo e o rei não
• 2.¤c3: veja-se o comentário ao segundo tem casas de fuga. Com isto, surge a possi-
lance na próxima partida. bilidade de sacrifícios nas casas e6, f7 ou g6.
• 2.¤f3: veja-se o capítulo 9, partida 66. 5.¤g5
• 2.c4: vejam-se as partidas 69, no capí-
tulo 9, e 113, no volume 3, capítulo 15. Esta é a linha principal. O cavalo, pre-
• 2.d3 d5 3.¤d2 é uma forma interessante ventivamente, afasta-se da proposta de troca
de escapar das linhas mais conhecidas, que seria feita por 5...¤gf6 e passa a pressi-
mas causa poucos problemas às pretas. onar os pontos e6 e f7, alvo de possíveis
Veja-se a partida 208, volume 4, co- combinações e sacrifícios. As principais al-
mentário ao segundo lance das brancas. ternativas são 5.¥c4 e 5.¤f3, sempre tendo
como alvo as casas brancas próximas ao rei
2...d5 3.¤d2 preto. Quanto a 5.¥d3, em geral ele significa
Mais natural é 3.¤c3, que será visto na uma inversão de lances em relação à se-
próxima partida. Em geral, ambos os lances quência da partida.
conduzem à mesma posição após 3...dxe4
5...¤gf6
4.¤xe4. Seirawan julga o lance do texto
mais preciso do que ¤c3 porque deixa em Não é conveniente 5...e5 6.¥c4! com
aberto a possibilidade de reforçar o centro pressão sobre f7. Por exemplo: 6...¤h6
com c2-c3 caso as pretas continuem 7.¤1f3 exd4 8.£xd4 £e7+ 9.¢d1! £f6
com ...g6 e ...¥g7. 10.¦e1+ ¥e7 11.£d3! e a posição insegura
Além de 3.¤c3 e 3.¤d2 cabe mencionar: do bispo em e7 dificulta a continuidade do

15

Você também pode gostar