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REMANESCENTES DAS COMUNIDADES DOS QUILOMBOS: MEMÓRIA DO

CATIVEIRO, PATRIMÔNIO CULTURAL E DIREITO À REPARAÇÃO


de Hebe Mattos e Martha Abreu

O texto aborda a implementação de políticas de reparação decorrentes da Constituição brasileira de 1988,


especialmente em relação às comunidades negras reconhecidas como "remanescentes de quilombos".
Destaca-se o reconhecimento oficial de patrimônios imateriais e seu impacto na valorização da identidade
negra e da memória dos antepassados cativos.

Ele discute a construção desses marcos legais, incluindo o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, e seu impacto político e cultural, especialmente no Rio de Janeiro. O texto também menciona a
ressemantização da palavra "quilombo" para incluir várias comunidades negras rurais que não se
associavam estritamente ao conceito clássico.

Explora a mudança na concepção de patrimônio cultural, ampliando-a para incluir expressões culturais
populares, especialmente afrodescendentes. Destaca como a ressignificação de práticas culturais foi
fundamental para o reconhecimento das comunidades remanescentes de quilombo.

Além disso, menciona exemplos de manifestações culturais afrodescendentes reconhecidas como


patrimônio cultural brasileiro, como o Jongo do Sudeste, e como essas manifestações tornaram-se
estratégias de luta política e cultural por território e identidade.

O texto ressalta a importância dessas comunidades reivindicarem não apenas a posse de terras, mas
também a reparação simbólica e material, buscando registrar e preservar suas memórias, tradições e
história na memória pública do país.

O texto aborda a história e a trajetória de comunidades afrodescendentes no Brasil, como o Quilombo do


Bracuí, demonstrando como suas tradições orais e memórias de escravos contribuem para construir uma
identidade como remanescentes de quilombo. Os moradores preservam narrativas transmitidas oralmente,
mantendo viva a história da doação de lotes de terra para ex-escravos no testamento do Comendador José
de Souza Breves. Este território estabeleceu a comunidade, tornando-os testemunhos da história do local,
inclusive sobre o tráfico ilegal de africanos.

A tradição oral, que inclui narrativas, pontos de jongo e histórias locais, se entrelaça com registros escritos
sobre a fazenda e a região, revelando eventos desconhecidos. Relatos orais, como os de Manoel Moraes,
neto de escravos de Breves, confirmam desembarques clandestinos de africanos na área. Além do Bracuí,
outras comunidades, como Pinheiral e Pedra do Sal, também buscam reivindicar sua identidade quilombola
e preservar seu patrimônio cultural.

Esses locais, marcados pela memória da escravidão, são agora reivindicados como territórios de reparação
e cidadania. Os descendentes de escravos reivindicam o direito de preservar e celebrar sua herança
cultural, mesmo em locais que, muitas vezes, foram cenários de tráfico de escravos. A identidade coletiva,
pautada na memória da escravidão e nas lutas por direitos e reparação, emerge como uma força motriz
para essas comunidades.

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