Você está na página 1de 56

O Primeiro Livro de Esdras

1 Josias celebrou a Páscoa ao seu Senhor em Jerusalém; sacrificou a Páscoa no décimo


quarto dia do primeiro mês.
2
Dispôs os sacerdotes no templo do Senhor vestidos com as vestes sagradas e
distribuídos segundo as suas funções.
3
Disse aos levitas, que em Israel tinham a função de serviços do templo, que se
purificassem para quando deviam depor a arca sagrada do Senhor no templo que tinha
construído o rei Salomão, filho de David. Ele disse: Não será mais tarefa vossa levantá-
la sobre os vossos ombros;
4
agora a vossa tarefa é prover o culto do Senhor, vosso Deus, e estar à disposição do
Seu povo Israel. Fazei os preparativos divididos nas vossas famílias e nas vossas tribos,
segundo as prescrições de David, rei de Israel, e segundo o esplendor de Salomão, seu
filho.
5
Estai no templo segundo a divisão tradicional das famílias levíticas, diante dos vossos
irmãos, os filhos de Israel, segundo a ordem estabelecida.
6
Sacrificai a Páscoa, preparai os sacrifícios para os vossos irmãos; celebrai a Páscoa
segundo o mandamento que o Senhor deu a Moisés.
7
Josias ofereceu ao povo que estavam presentes, trinta mil entre cordeiros e cabritos e
três mil vitelos. O donativo foi feito do tesouro real: os animais foram distribuídos ao
povo, aos sacerdotes e aos levitas, como tinha sido prometido.
8
Hilquias, Zacarias e Jeiel, superintendentes do templo, doaram para a Páscoa aos
sacerdotes dois mil e seiscentos entre cordeiros e cabritos e trezentos vitelos.
9
E Conanias, e Samaias, e Natanael, seus irmãos, Hasabias, Jeiel e Jozababe, que eram
capitães dos milhares, distribuíram aos levitas para a Páscoa cinco mil entre cordeiros e
cabritos e setecentos vitelos.
10
O rito desenrolou-se assim: os sacerdotes e os levitas estavam de pé esplendidamente
vestidos,
11
divididos por famílias e tendo na mão os ázimos.
12
Diante do povo, segundo as funções que cada um tinha herdado dos antepassados,
apresentavam as ofertas ao Senhor, como está prescrito no livro de Moisés; e isto
acontecia de manhã cedo.
13
Assaram a Páscoa sobre o fogo, como prescrito, e cozeram em caldeiras as outras
vítimas. O bom odor difundiase. Depois distribuíram-nas a todo o povo.
14
Em seguida fizeram os preparativos para si e para os seus irmãos, os sacerdotes filhos
de Aarão, porque os sacerdotes estiveram empenhados a oferecer a gordura até noite e os
levitas fizeram os preparativos para si e para os seus irmãos, os sacerdotes filhos de Aarão.
15
Também os filhos de Asafe, músicos do templo; estavam nos seus lugares, de acordo
com o mandamento de Davi, de Azafe, e Zacarias e Jedutum, o vidente do rei,
16
e os guardas das portas em cada porta. Não era necessário que ninguém se movesse
do seu serviço porque os seus irmãos levitas tinham predisposto tudo para eles.
17
Assim, naquele dia foi organizado o rito dos sacrifícios em honra do Senhor para a
celebração da Páscoa,
18
e para a oferta dos sacrifícios sobre o altar do Senhor segundo a ordem do rei Josias.
19
Os filhos de Israel que se encontravam em Jerusalém naquele tempo celebraram a
Páscoa e depois a festa dos ázimos durante sete dias.
20
Uma Páscoa semelhante não se tinha celebrado em Israel desde os tempos do profeta
Samuel.
21
Nenhum rei de Israel tinha alguma vez celebrado uma Páscoa como a de Josias, e os
sacerdotes, e os levitas, e os judeus e todo o Israel, que habitavam em Jerusalém.
22
Esta Páscoa foi celebrada no décimo oitavo ano do reino de Josias.
23
Porque o coração de Josias estava cheio de piedade, as suas obras eram justa diante
do Senhor.
24
As suas obras estão escritas na parte precedente da crónica, como ele se comportou
em relação àqueles que pecavam e eram ímpios para com o Senhor, mais do que qualquer
outro povo ou reino; quanto teve de sofrer por tudo, isto é, como as palavras do Senhor
se ergueram contra Israel.
25
Foi depois deste atos de Josias, que o faraó, o rei do Egipto, foi fazer guerra contra
Carquemis sobre o Eufrates; Josias saiu em campo para o defrontar;
26
o rei do Egipto mandou-lhe mensageiros a dizer-lhe: Rei de Judá, que tens a ver
comigo?
27
Porventura eu sou um enviado do Senhor Deus contra ti? É sobre o Eufrates que vou
fazer guerra. Ora, o Senhor está comigo; o Senhor apressa-se comigo. Afasta-te e não te
oponhas ao Senhor.
28
Josias, sobre o carro, não se retirou; mas começou a combater contra ele, sem fazer
caso das palavras do profeta Jeremias que vinham da boca do Senhor.
29
Deu batalha contra ele na planície de Megido. Os chefes desceram contra o rei Josias.
30
O rei, então, disse aos seus servos: Levai-me para fora da batalha, porque estou ferido
gravemente. Imediatamente os seus servos afastaram-no do campo de batalha.
31
Subiu para o seu segundo carro e foi levado para Jerusalém, onde morreu e foi
sepultado no túmulo dos seus antepassados.
32
Em toda a Judeia fez-se luto por Josias e o profeta Jeremias compôs uma lamentação
sobre ele; e os cantores e as cantoras falaram dele nas lamentações até hoje; tinha sido
ordenado que isto se tornasse uso para sempre para toda a estirpe de Israel.
33
Isto está escrito no livro da história dos reis de Judá, e todos os mais atos de Josias,
e da sua glória, e do seu conhecimento da lei do Senhor, e as coisas que tinha feito antes
e daquelas agora narradas aqui, tudo está escrito no livro dos reis de Israel e de Judá.
34
Então o povo, tomando Jeocaz, filho de Josias, fizeram-no rei no lugar de Josias, seu
pai, quando tinha a idade de vinte e três anos.
33
Ele reinou sobre Judá e sobre Jerusalém durante três meses. Mas o rei do Egipto o
depôs do trono de Jerusalém.
34
E impôs ao povo um tributo de cem talentos de prata e de um talento de ouro.
35
O rei do Egipto pôs sobre o trono da Judeia e de Jerusalém o seu irmão Jeoaquim.
38
Jeoaquim fez encarcerar as pessoas importantes e, prendendo também o seu irmão
Zaraces, deportou-o para o Egipto.
39
Quando Jeoaquim subiu ao trono da Judeia e de Jerusalém tinha cerca de vinte e
cinco anos: e ele fez o que mau diante do Senhor.
40
Contra ele subiu Nabucodonosor, rei da Babilónia, que o prendeu com uma cadeia
de bronze e deportou-o para a Babilónia.
41
Nabucodonosor tomou também os utensílios sagrados pertencentes ao Senhor e,
levando-as consigo, colocou-as no seu templo na Babilónia.
42
Os acontecimentos que dizem respeito a ele, a sua impureza e a sua impiedade estão
escritos no livro das crónicas dos reis.
43
Em seu lugar subiu ao trono o seu filho Joaquim. Quando foi feito rei, tinha dezoito
anos.
44
Reinou três meses e dez dias em Jerusalém, fazendo o que era mau diante do Senhor.
45
Um ano depois, Nabucodonosor, mandando una expedição, fê-lo levar para a
Babilónia juntamente com os utensílios sagradas do Senhor.
46
E nomeou rei da Judeia e de Jerusalém a Zedequias que tinha então vinte e um anos
e reinou onze.
47
Ele também fez o que era mau aos olhos do Senhor, e não atentou para às palavras
do profeta Jeremias, que vinham da boca de Senhor.
48
O rei Nabucodonosor fez-lhe jurar fidelidade sobre o nome do Senhor, mas ele,
perjurando, rebelou-se. Tendo endurecido a sua cerviz e o seu coração, transgrediu os
mandamentos do Senhor, Deus de Israel.
49
Também os chefes do povo e dos sacerdotes cometeram muitas impiedades e
transgressões, mais do que todas as profanações das nações, e contaminaram o templo do
Senhor que tinha sido santificado em Jerusalém.
50
No entanto Deus dos seus pais chamou-os por meio do seu mensageiro porque tinha
compaixão deles e da Sua morada.
51
Mas riram-se dos seus mensageiros e, no dia em que o Senhor falou, troçaram dos
seus profetas,
52
Até que Ele, indignado contra o seu povo pelas suas impiedades, decidiu enviar
contra eles o rei dos caldeus;
53
Os quais mataram ao fio da espada os seus jovens em redor do seu santo templo e
não pouparam nem rapaz nem rapariga, nem velho, nem criança, mas ele lhes entregou
todos nas suas mãos.
54
Tomaram e levaram para a Babilónia todas os utensílios do Senhor, grandes e
pequenos, com os vassos da arca de Deus, e os tesouros do rei e os trouxe para a Babilónia.
55
Queimaram a casa do Senhor e destruíram as muralhas de Jerusalém. Queimaram
com o fogo as suas torres.
56
Destruíram completamente todas as coisas gloriosas de Jerusalém. Conduziu os que
escaparam da espada para a Babilónia;
57
Onde tornaram-se seus escravos e de seus filhos, até o reinado dos persas, cumprindo
assim a palavra do Senhor dita pela boca de Jeremias:
58
Até que terra tenha desfrutado dos seus sábados, e descansará todo o tempo da sua
desolação, até o cumprimento de setenta anos.

2 No primeiro ano de Ciro, rei dos persas, para que se cumprisse a palavra do Senhor,
ditas pela boca de Jeremias;
2
O Senhor moveu o espírito de Ciro, rei dos persas, o qual fez proclamar por todo o
seu reino, e por também por escrito,
3
Dizendo: Isto diz Ciro, rei dos persas: O Senhor de Israel, o Senhor altíssimo, fez-me
rei de toda a terra,
4
E ordenou-me que lhe construísse uma casa em Jerusalém, na Judeia.
5
Portanto, se entre vós existe algum do seu povo, o seu Senhor esteja com ele; vá para
Jerusalém, situada na Judeia, para construir a casa do Senhor de Israel. Este é o Senhor
que habita em Jerusalém.
6
Quantos, portanto, habitam dispersos no meu reino, venham em ajuda de quem
repatria cada um no lugar em que habita, doando ouro, prata,
7
com presentes, cavalos e mulas, juntamente com todas as outras coisas que se
acrescentarão a estas como voto e destinadas ao santuário do Senhor que está em
Jerusalém.
8
Os chefes das famílias das tribos de Judá e de Benjamim, os sacerdotes e os levitas e
todos aqueles dos quais o Senhor tinha despertado o espírito, moveram-se para irem
construir uma casa ao Senhor em Jerusalém.
9
E todos que habitavam nos arredores ajudaram-nos em tudo, doando prata e ouro,
cavalos e mulas, e objectos inumeráveis que tinham sido oferecidos em voto, da parte de
tantos a quem o Senhor tinha movido a mente.
10
O rei Ciro tirou para fora os sagrados utensílios do Senhor, que Nabucodonosor tinha
levado de Jerusalém e tinha posto no templo dos seus deuses.
11
Ciro, rei dos persas, trazendo-as para fora, entregou-as a Mitredates, o seu tesoureiro,
12
e entregou-as a Sesbasar governador da Judeia.
13
O número dos objectos era o seguinte: mil vasos de ouro; mil vasos de prata; vinte e
nove incesários de prata; trinta taças de ouro; e duas mil quatrocentas e dez taças de prata,
e mil outros utensílios.
14
Os objectos de ouro e de prata que foram levados eram ao todo cinco mil
quatrocentos e sessenta e nove.
15
Foram levados da Babilónia para Jerusalém por parte de Sesbasar e daqueles que
regressavam do exílio.
16
Mas nos dias de Artaxerxes, rei dos persas, foi-lhe escrita uma carta contra aqueles
que habitavam na Judeia e em Jerusalém da parte de Bislão, Mitredate, Tabeel, Reum,
Beelteemo, Sinsai o escriba, e de todos os seus outros companheiros que habitavam em
Samaria e em todos os outros lugares nos arredores. Eis a carta:
17
Ao rei Artaxerxes, senhor, os teus servos Raum, o chanceler, Sinsai o escriba, e todos
os outros funcionários dos seus conselhos, que se encontram em Celesíria e na Fenícia.
18
Seja agora tornado conhecido ao senhor rei que os judeus que vieram dessas partes
para estas, chegados a Jerusalém, estão a construir esta má e rebelde cidade, põem em
ordem as suas praças e as suas muralhas e lançam as fundações dum templo.
19
Portanto, se esta cidade for reedificada e as suas muralhas reconstruídas, não só
recusará á pagar mais o tributo, mas se rebelará contra os reis.
20
Porque os trabalhos pertencente ao templo procedem expeditamente, consideramos
que seja bem não descuidar este facto,
21
mas advertir o senhor rei para que sejam feitas investigações nos livros dos seus
antepassados.
22
Encontrarás entre os documentos os escritos a respeito destas coisas, e virás a saber
que era bem conhecida que esta cidade era rebelde, que dava problemas aos reis e às
cidades;
23
e que os judeus foram sempre rebeldes e capazes de conduzir guerras contra eles; por
este motivo que a cidade foi desolada.
24
Agora, pois, advertimos-te, senhor rei, que, se esta cidade for reconstruída e
levantadas as suas muralhas, tu não terás mais acesso à Celesíria e à Fenícia.
25
Então o rei respondeu a Raum, o chanceler, a Beelteemo, a Sinsai, o escriba e a todos
os outros funcionários da Samaria, da Síria e da Fenícia desta maneira:
26
Li a carta que me enviastes. Dei ordens para fazerem uma pesquisas deligente, e foi
econtrada que aquela cidade desde do ínicio sempre foi adversa aos reis,
27
que os seus habitantes fizeram rebeliões e guerras; e que em Jerusalém reinavam reis
fortes e decididos, que tinham submetido a tributo a Celesíria e a Fenícia.
28
Agora, portanto, dou ordem para impedirem estes homens de construírem a cidade e
vigiai para que não aconteça nada contrariamente a esta ordem,
29
e as suas obras maldosas não chegue ao ponto de molestarem os reis;
30
Tendo visto a carta do rei Artaxerxes, Raum, Sinsai o escriba e os seus companheiros
precipitaram-se para Jerusalém com cavalos e soldados e começaram a impedir os
trabalhos de reconstrução; e a reconstrução do templo de Jerusalém esteve interrompida
até ao segundo ano do reino de Dario, rei dos persas.

3 O rei Dario deu uma grande festa para todos os seus súbditos: para todos os servos
nascidos na sua casa, para os príncipes da Média e da Pérsia,
2
para todos os sátrapas, os generais e os governadores que administravam o seu
império desde a índia até à Etiópia, de cento e vinte e sete províncias.
3
Depois de terem comido e bebido, retiraram-se saciados. Também o rei Dario se
retirou para o seu quarto, foi para a cama e adormeceu, e logo depois despertou.
4
Então três jovens, que deviam fazer a guarda à pessoa do rei, disseram entre si:
5
Cada um de nós fale uma sentença, aquele que vencer e cuja sentença parecer mais
sábia do que as outras, o rei Dario concederá grandes dons e grandes prémios pela vitória;
6
concederá o direito de vestir de púrpura, beber em taças de ouro, dormir em leitos
dourados, e um carro com o freio de oro, e um capacete de linho fino, e uma joia à volta
do pescoço.
7
Este terá direito, pela sua sabedoria, ao primeiro lugar depois de Dario e ao título de
primo de Dario.
8
E então cada um escreveu a sua sentença, selou-a e pô-la debaixo do travesseiro do
rei Dario. Disseram:
9
e disse que, quando o rei se levantar, alguns lhe darão os escritos; e a sentença de
quem o rei e os três príncipes da Pérsia julgarem qual é a mais sábia, a ele será concedida
a vitória, conforme foi designado.
10
O primeiro escreveu: O vinho é o mais forte.
11
O segundo escreveu: O rei é o mais forte.
12
O terceiro escreveu: As mulheres são as mais fortes, mas sobre tudo a verdade leva
a vitória.
13
Quando o rei despertou, entregaram-le os seus escritos, e ele os leu.
14
Então mandou chamar todos príncipes da Pérsia e da Média, os sátrapas, os generais,
os governadores, os prefeitos;
15
e fê-los sentar na sala real, onde na sua presença foi feita a leitura dos escritos.
16
E disse ele: Chamai os jovens: eles mesmos explicarão o sentido das suas sentenças;
então foram chamados e entraram.
17
E ele lhes disse: Explicai-nos o sentido do que escrevestes. Então começou o
primeiro, o que tinha falado da força do vinho;
18
e ele disse assim: óh homens, quão forte é o vinho! Faz desviar a mente a todos os
homens que o bebem.
19
Iguala a mente do rei e a do órfão, a do servo e a do livre, a do pobre e a do rico.
20
Ele dirige todo o pensamento num sentido de bem estar e de contentamento, faz
esquecer toda a dor e toda a culpa.
21
E enriquece todo o coração, de maneira que o homem não se lembra de rei e nem de
sátrapa, e faz falar cada um na abundância.
22
E quando estão nas taças, faz esquecer o amor pelos amigos e pelos irmãos, depois
de não muito tempo desembainham as espadas.
23
Quando depois acaba os efeitos do vinho, não se lembram do que fizeram.
24
Óh vós, não é pois, o vinho a coisa mais forte, se obriga os homens a comportarem-
se deste modo? E, dito isto, calou-se.

4 Começou então a falar o segundo, o que façlara da força do rei.


2
Óh vós, homens, não se sobressaem os homens em força, porque dominam a terra, o
mar e todas as coisas que estão dentro.
3
Mas o rei é mais forte, porque domina sobre todas estás coisas e é senhor dos homens,
os quais obedecem a quanto ele lhes diz.
4
Se lhes diz para fazerem a guerra, fazem-na; se os manda contra os inimigos, metem-
se a caminho superando montanhas, muralhas e torres.
5
Matam e são mortos, mas não transgridem a ordem do rei; se alcançam a vitória,
trazem tudo ao rei, assim como o despojo, e todas as outras coisas.
6
Aqueles que não participam nas expedições, nas guerras, mas cultivam a terra, quando
a semearam e recolheram, também levam ao rei, e levam ao rei os tributos, com constrição
recíproca;
7
e no entanto é apenas um homem. Mas se diz que matem, matam; se diz que libertem,
libertam;
8
se diz que firam, ferem; se diz que devastem, devastam; se diz que construam,
constroem;
9
se diz que destruam, destroem; se diz que plantem, plantam.
10
E todo o seu povo e os seus exércitos lhe obedecem; além disto, se deita, come, bebe
descansa.
11
E eles fazem guarda à sua volta e ninguém se pode afastar para fazer o seu próprio
negócio, nem transgredir as suas ordens.
12
Senhores, não é pois, o rei o mais poderos se é assim obedecido? E calou-se.
13
O terceiro, o que tinha falado das mulheres e da verdade - este é Zorobabel - começou
a falar:
14
Senhores, o rei é grande, os homens são poderosos e o vinho é forte. Mas quem é que
os domina ou governa sobre eles? Não são as mulheres?
15
As mulheres geraram o rei e todo o povo que domina o mar e a terra.
16
É delas que nasceram; são elas que criaram aqueles que plantam as vinhas, das quais
se faz o vinho.
17
São elas que fazem as vestes dos homens e representam o seu orgulho: os homens
não podem viver sem as mulheres.
18
Sim, se eles acumulam ouro, prata e todas as coisas preciosas, não amam a mulher
que é formosa em favor e formosura?
19
E deixando de parte tudo isto e pensam nela; de boca aberta olham-na e preferem-
na todos ao ouro, à prata e a todas as coisas preciosas.
20
O homem deixa o seu pai que o criou e a sua terra para se unir à sua mulher.
21
O ânimo do homem está com a mulher e ele não pensa mais nem no pai nem na mãe
nem na sua terra.
22
Por isto vós deveis perceber que as mulheres vos dominam; não vos afadigais e
penais para entregar e oferecer tudo às mulheres?
23
O homem toma a sua espada e parte para saquear e roubar, para navegar sobre mares
e sobre rios;
24
enfrenta o leão, avança nas trevas; quando roubou, saqueou, leva à amada.
25
Portanto, o homem ama mais a sua mulher que o pai ou a mãe.
26
Sim, muitos há perdem a cabeça e fazem-se escravos por causa delas.
27
Muitos também pereceram, erraram, transgridem as leis por causa das mulheres.
28
E ainda não credes? Não é o rei é tão grande em seu poder? Todas as regiões não têm
medo de lhe tocar?
29
E no entanto eu o vi e a Apame, a filha do ilustre Bartaco, a concubina do rei que se
sentava à sua direita.
30
Eu vi-a tirar da cabeça do rei o diadema podoa-a sobre a sua cabeça, ela também
golpeou o rei com a mão esquerda.
31
e o rei, com tudo isto, ficava com a boca aperta a olhá-la: e se lhe sorri, ri; se ela
amua, lisonjeia-a para que torne a ser amiga.
32
Senhores, não é claro que, se as mulheres podem comportar-se assim, são as mais
fortes?
33
A este ponto o rei e os príncipes do reino se olharam uns para os outros; e ele
começou a falar a verdade.
34
Senhores, não são as mulheres fortes? Grande é a terra, e alto o céu, e veloz no seu
corso é o sol, pois circunda os céus até retornar ao seu lugar no tempo preciso de um dia.
35
Não é grande o que faz isto? Mas a verdade é maior e mais forte que todas as coisas.
36
Toda a terra invoca a verdade, o céu a bendiz e todas as coisas se agitam e tremem
porque com ela não há nada de injusto.
37
Injusto é o vinho, injusto é o rei, injustas as mulheres, injustos todos os filhos dos
homens, e tais são todas as suas obras injustas; e neles não existe verdade; e pela sua
injustiça perecerão.
38
Mas a verdade permanece robusta e forte para sempre, ela vive e exerce o seu poder
por todos os séculos dos séculos.
39
Junto dela não existe favoritismo nem corrupção, mas realiza o que é justo e se
abstém de todas as coisas injustas e iníquas; e todos os homens se comprazem nas suas
obras;
40
E nos seus juízos não há nada de injusto; e ela é a força, o reino, o poder e a majestade
para sempre. Bendito seja o Deus da verdade.
41
Assim cessou de falar. Então toda o povo gritou e disse: Grande é a verdade: é ela a
coisa mais forte de todas.
42
Então o rei disse-lhe: Pede o que queres além do que está escrito e to daremos porque
foste achado o mais sábio de todos: tu terás o lugar ao meu lado e serás chamado de meu
primo.
43
Então ele disse ao rei: Recorda-te do voto que fizeste no dia em que subiste ao trono
de reconstruir Jerusalém.
44
e de restituir todas os utensílios tomados em Jerusalém, que já Ciro tinha posto de
parte, quando começou a destruir Babilónia e tinha feito voto de as mandar para lá.
45
Também tu fizeste voto de reconstruir o templo, que foi queimado pelos edomitas,
quando a Judeia foi devastada pelos caldeus.
46
Agora é isto o que te peço, ó rei, o que te imploro; esta é a grandeza digna de ti. Peço-
te que cumpras o voto que com a tua boca fizeste ao rei do céu.
47
Então o rei Dario levantou-se e beijou-o e escreveu-lhe cartas a todos os funcionários,
governadores, generais e sátrapas, para que o escoltassem e àqueles que com ele iriam
reconstruir Jerusalém.
48
Também envoiu outras cartas a todos os governadores da Celesíria, da Fenícia e do
Líbano, para que levassem do Líbano madeira de cedro a Jerusalém e para que
reconstruíssem a cidade juntamente com ele.
49
Escreveu também a todos os judeus, que queriam sair do reino para a Judeia, a
respeito da liberdade deles, por isso, nenhuma autoridade, nem sátrapa, nem governador,
nem administrador deveria entar à força em suas portas;
50
que toda a terra que ocupassem lhes pertenceria, livre de qualquer tributo; que os
edomitas deixassem livres as aldeias dos judeus que tinham ocupado;
51
que para a reconstrução do templo fossem dados todos os anos vinte talentos
enquanto não fosse reconstruído;
52
E sobre o altar deviam ser oferecidos todos os dias holocaustos, em número de
dezassete segundo a sua prescrição, coisa que representava uma despesa de outros dez
talentos por ano;
53
que para todos aqueles que fossem edificar a cidade, idos da Babilónia, haveria
liberdade, para eles e para os seus descendentes. Além disso, aos sacerdotes que fossem
para Jerusalém,
54
Ele escreveu também sobre os mantimentos e a veste dos sacerdotes com a qual
ministram.
55
Também aos levitas prescreveu que fosse dado um mantimento, até o dia em que a
casa fosse terminada e Jerusalém edificada.
56
A todos aqueles que deviam proteger a cidade prescreveu que fossem dados pensões
e salários.
57
Reenviou todos os utensílios, que já Ciro tinham feito tirar fora da Babilónia, e tudo
o que Ciro tinha ordenado fazer, ele mesmo confirmou que fosse feito, e enviando para
Jerusalém.
58
Agora, quando o jovem saiu, ergueu o rosto ao céu e em direcção a Jerusalém,
bendisse o rei do céu;
59
E disse: De ti vem a vitoria, de ti vem a sabedoria, tua é a gloria e eu sou o teu servo.
60
Sê bendito, pois deste-me a sabedoria, porque a ti dou graças, Senhor dos pais.
61
Tomando, pois, as cartas, foi à Babilónia e comunicou a coisa a todos os irmãos,
62
os quais bendisseram o Deus dos seus pais, porque lhes tinha concedido a liberdade
e a possibilidade;
63
de regressarem à pátria para reconstruírem Jerusalém e o templo, que é chamado pelo
seu nome; fizeram festa durante sete dias com instrumentos de música e alegria.

5 Depois foram escolhidos para voltarem à pátria os chefes das famílias segundo as
tribos a que pertenciam, com suas mulheres, filhos e filhas, com seus servos e servas, e
seu gado.
2
Dario fê-los escoltar por mil cavaleiros, para que os acompanhassem a Jerusalém em
segurança, e com instrumentos músicais e flautas.
3
e todos os seus irmãos faziam festa e tinha-lhes permitido que reentrassem na pátria
com aqueles.
4
Estes são os nomes dos homens que reentraram na pátria, segundo as suas famílias
entre as suas tribos e segundo os seus vários chefes.
5
Os sacerdotes, descendentes de Fineas, filho de Aarão: Josué, filho de Jozadaque,
filho de Seraías, Jeocim filho de Zorobabel, filho de Salatiel, da casa de David, da estirpe
de Fares, da tribo de Judá.
6
É este que proferiu sentenças sábias diante Dario, rei dos persas, no seu segundo ano
de reinado, no mês de Nisan que é o primeiro mês,.
7
São estes que subiram do cativeiro, onde habitavam no exílio; os quais
Nabucodonosor, rei da Babilónia, havia levado para Babilônia.
8
Reentraram em Jerusalém e em todo o resto da Judeia, cada um na sua cidade; os
quias vieram com Zorobabel e Josué, Neemias, Seraías, Reelaías, Enenio, Mardoqueu,
Bilsã, Mizpar, Bigvai, Reum e Baana, seus guias.
9
O número deles da nção e dos seus chefes era o seguinte: os filhos de Faros eram dois
mil cento e setenta e dois; os filhos de Sefatias eram quatrocentos e setenta e dois.
10
Os filhos de Ará eram setecentos e cinquenta e seis.
11
Os filhos de Paate-Moabe, dois mil oitocentos e doze.
12
Os filhos de Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro; os filhos de Zatu, novecentos
de quarenta e cinco; os filhos de Corbe setecentos e cinco; os filhos de Bani; seiscentos e
quarenta e oito.
13
Os filhos de Bebai; setecentos e vinte e três; os filhos de Azgade, três mil duzentos
e vinte e dois.
14
Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e sete; os filhos de Bigvai, dois mil e
sessenta e seis; os filhos de Adim, quatrocentos e cinquenta e quatro.
15
Os filhos de Ater, noventa e dois; os filhos de Ceilão e de Azeta, sessenta e sete; os
filhos de Azuro, quatrocentos e trinta e dois.
16
Os filhos de Ananias, cento e um; os filhos de Arom, trinta e dois; os filhos de Bezai,
trezentos e vinte e três; os filhos de Azefurite, cento e dois.
17
Os filhos de Baitero, três mil e cinco; os filhos de Betlomão, cento e vinte e três.
18
Os homens de Netofá, cinquenta e cinco; os de Anatote, cento e cinquenta e oito; os
de Betsamos; quarenta e dois.
19
Os Quiriatário, vinte e cinco; os de Capira e Berote, setecentos e quarenta e três; os
de Pira, setecentos;
20
Os de Chadias e Amidoi, quatrocentos e vinte e dois; os de Cirama e Gabdes,
seiscentos e vinte e um.
21
Os de Macalom, cento e vinte e dois; os de Betólio, eram cinquenta e dois; os filhos
de Nefis, cento e cinquenta e seis.
22
Os filhos de Calamo e de Onuu, setecentos e vinte e cinco; os filhos de Jerechus,
duzentos e quarenta e cinco.
23
Os filhos de Anás, três mil trezentos e trinta.
24
Os sacerdotes, os filhos de Jedaías, filho de Josué, da descendência de Sanasibe,
novecentos e setenta e dois; os filhos de Emmero, mil e cinquenta e dois.
25
Os filhos de Fassuro, mil duzentos e quarenta e sete; os filhos de Carmé, mil e
dezassete.
26
Os levitas, os filhos de Jesuá, Cadmiel, Banno e Sudio, setenta e quatro.
27
Os cantores do templo: os filhos de Asafe, cento e vinte e oito.
28
Os porteiros: os filhos de Salum, os filhos de Ater, os filhos de Tolmon, os filhos de
Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai, ao todo cento e trinta e nove; os servos do
templo, os filhos de Esaú, os filhos de Asifá, os filhos de Tabaot, os filhos de Ceras, os
filhos de Sud, os filhos de Fáleas, os filhos de Labana, os filhos de Graba,
30
os filhos de Acua, os filhos de Uta, os filhos de Cetab, os filhos de Agaba, os filhos
de Subai, os filhos de Anan, os filhos de Cathua, os filhos de Geddur,
31
os filhos de Airus, os filhos de Daisan, os filhos de Noeba, os filhos de Chaseba, os
filhos de Gazera, os filhos de Azio, os filhos de Finéias, os filhos de Asare, os filhos de
Bastai, os filhos de Asana, os filhos de Meani, os filhos de Nafisi, os filhos de Acube, os
filhos de Acifá, os filhos de Assur, os filhos de Faracim, os filhos de Basalote,
32
os filhos de Meeda, os filhos de Coutha, os filhos de Charea, os filhos de Charcus,
os filhos de Aserer, os filhos de Thomoi, os filhos de Nasi, os filhos de Atifa.
33
Os filhos dos servos de Salomão: Os filhos de Azafião, os filhos de Farira, os filhos
de Jeeli, os filhos de Lozon, os filhos de Isdael, os filhos de Sapete,
34
os filhos de Hagia, os filhos de Faracarete, os filhos de Sabi, os filhos de Sarotia, os
filhos de Masias, os filhos de Gar, os filhos de Adus, os filhos de Suba, os filhos de Aferra,
os filhos de Barodis, os filhos de Sabat, os filhos de Allom.
35
Entre todos, os servos do templo e os filhos dos servos de Salomão, eram trezentos
e setenta e dois.
36
Quanto àqueles que se seguem e reentraram na pátria vindos de Thermeleth e de
Thelersas, sob a guia de Charaath, e Aalar,
37
não puderam demonstrar que a origem das suas famílias era hebraica: os filhos de
Ladã, os filho de Ban, e os filhos de Necodã, seiscentos e cinquenta e dois.
38
Entre os sacerdotes, que aspiravam ao exercício do sacerdócio, mas não puderam
demonstrar a sua origem: os filhos de Obbia, os filhos de Accos, os filhos de Joddus que
tinha desposado Augia, uma das filhas de Barzelus, e que foi chamado com o nome deste
último.
39
A estes, tendo sido pesquisado o seu atestado genealógico no registo e não tendo sido
encontrado, foi tirado o direito de exercer o sacerdócio.
40
Porque Neemias e Atarias disse-lhes que não participassem nas coisas sagradas,
enquanto não surgisse um sumo sacerdote vestido de doutrina e de verdade.
41
E de Israel, da idade de doze anos para cima, eram todos em número de quarenta mil,
além dos servos e das servas dois mil trezentos e sessenta.
42
Os seus servos e as suas servas eram sete mil trezentos e quarenta e sete. os cantores
e as cantoras, duzentos e quarenta e cinco.
43
Os camelos, quatrocentos e trinta e cinco; os cavalos, sete mil e trinta e seis; as mulas,
duzentos e quarenta e cinco, e cinco mil quinhentos e vinte e cinco animais usados para
o jugo.
44
Alguns chefes de família, quando chegaram ao templo de Deus que está em
Jerusalém, juraram reconstruir a casa no seu próprio lugar, segundo as suas posses,
45
e em dar ao fundo para os trabalhos do templo mil minas de ouro e cinco mil minas
de prata e cem vestes sacerdotais.
46
Assim os sacerdotes, os levitas e o povo instalaram-se em Jerusalém e na região;
também os cantores e os porteiros; e todos os outros israelitas estabeleceram-se cada um
na sua aldeia.
47
Chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel cada um na sua localidade,
reuniram-se todos em conjunto na esplanada em frente à primeira porta, a que está voltada
para oriente.
48
Josué, filho de Jozadaque, juntamente com os seus irmãos sacerdotes, e Zorobabel,
filho de Salatiel, juntamente com os seus irmãos, prepararam o altar do Deus de Israel,
49
para nele oferecerem holocaustos segundo as prescrições contidas no livro de
Moisés, homem de Deus.
50
E a eles uniram-se alguns pertencentes a outros povos da região; levantaram o altar
no mesmo lugar, embora fossem odiados por todos os povos que habitavam a região e
fossem por eles oprimidos; e ofereceram ao Senhor sacrifícios e os holocaustos, os da
manhã e os da tarde.
51
Também celebraram a festa dos tabernáculos, como está prescrito na Lei, e os
sacrifícios diários, como era devido,
52
e, além disso, as oblações contínuas e em todos os outros sacrifícios: para os sábados,
as luas novas e todas as festas sagradas.
53
E quantos tinham feito um voto a Deus começaram a oferecer-lhe sacrifícios a partir
da lua nova do sétimo mês, embora o templo não tivesse sido ainda construído.
54
E deram aos lapidadores e aos pedreiros, comida, bebidas e dinheiro.
55
Também aos Sidónios e aos Tiros deram carros para que trouxessem do Líbano
madeira de cedro através de jangadas até ao porto de Jope, conforme lhes fora ordenado
por Ciro, rei dos persas.
56
No ano segundo, no segundo mês, chegando ao templo de Deus em Jerusalém
Zorobabel, filho de Salatiel, e Josué, filho de Jozadaque, e os seus irmãos e os sacerdotes
levitas e todos aqueles que tinham retornado do exílio
57
lançaram os fundamentos do templo de Deus no primeiro dia do segundo mês do
segundo ano depois de terem vindo para a Judeia e Jerusalém.
58
E designaram os levitas da idade de vinte anos para as obras do Senhor. Então se
levantou Josué, seus filhos e irmãos, e Cadmiel, seu irmão, e os filhos de Madiabun, com
os filhos de Joda, o filho de Eliadun, com seus filhos e irmãos, todos levitas, de comum
acordo com os promotores do negócio, trabalhando para fazer avançar as obras na casa
de Deus. Assim, os operários construíram o templo do Senhor.
59
Os sacerdotes estavam de pé com as suas vestes, instrumentos musicais e trombetas;
e os levitas, filhos de Asafe, tinham címbalos;
60
entoando cânticos de ação de graças e louvando ao Senhor, conforme ordenado por
Davi, rei de Israel.
61
Cantavam em alta voz bendizendo o Senhor, dizendo que a Sua misericórdia e a Sua
glória estão para sempre em todo o Israel.
62
E Todo o povo tocava as trombetas e gritava em alta voz entoando hinos ao Senhor
pela reconstrução da Sua casa.
63
Para verem a reconstrução do templo, vieram alguns entre os mais velhos dos
sacerdotes, dos levitas e dos chefes das famílias, os quais tinham visto o templo
precedente, choravam e grande clamor sobre está,
64
Mas muitos outros gritavam tão forte no meio do som das trombetas e da exultação,
65
que o povo, por causa do pranto, não conseguia ouvir as trombetas. E a multidão
tocava tão forte que se ouvia ao longe.
66
Os inimigos da tribo de Judá e de Benjamim, tendo escutado, souberam o que
significava o som das trombetas.
67
E perceberam que os que estavam no cativeiro estavam a reconstruir o templo do
Senhor, Deus de Israel.
68
Aproximando-se de Zorobabel, de Josué e dos chefes das famílias, disseram-lhes:
Nós queremos participar na reconstrução do templo;
69
porque também nós obedecemos ao vosso Senhor e fazemos-Lhe sacrifícios desde
dos dias de Azbazaré, rei dos Assírios, o qual nos deportou para este lugar.
70
Responderam-lhes Zorobabel, Josué e os chefes das famílias de Israel: Não é tarefa
vossa e nossa reconstruir juntos o templo para o Senhor nosso Deus;
71
Nós, sozinhos, o reconstruiremos para o Senhor de Israel, conforme nos ordenou
Ciro, rei dos persas.
72
Então os povos da região, oprimindo os judeus, procuraram impedir a reconstrução
com as suas manobras.
73
Tramavam, instigavam o povo, provocavam revoltas e assim impediram que se
completasse a reconstrução durante o tempo da vida do rei Ciro; assim os israelitas foram
obrigados a suspender os trabalhos durante dois anos, até ao reino de Dario.

6 No ano segundo do reino de Dario, Ageu e Zacarias, filho de Ido, começaram a


profetizar em nome do Senhor aos que se encontravam na Judeia e em Jerusalém, Deus
de Israel que os protegia.
2
Então Zorobabel, filho de Salatiel, e Josué, filho de Jozadaque, começaram a
reconstruir o templo do Senhor em Jerusalém com o apoio dos profetas do Senhor que
estavam com eles.
3
Neste tempo apresentaram-se a eles Tatenai, governador da Síria e da Fenícia e Setar-
Bozenai e seus companheiros e disseram-lhes:
4
Com o apoio de quem construís este templo e este tecto e fazeis todo o resto? Quem
são os construtores que fazem este trabalho?
5
No entanto, os anciãos dos judeus encontraram graça junto do Senhor, que tinha
visitado a comunidade no exílio.
6
De facto tiveram a permissão de continuar a construção enquanto não fosse advertido
Dario da coisa e não fossem acrescentadas instruções.
7
Cópia da carta que foi escrita e mandada a Dario por Tatenai, governador da Síria e
da Fenícia, Setar-Bozenai e seus companheiros que governavam a Síria e a Fenícia. Ao
reio Dartio saúde:
8
Ao senhor nosso, o rei, seja conhecido que indo para a região da Judeia e chegados à
cidade de Jerusalém, encontrámos que os anciãos dos judeus voltados do exílio,
9
estão a reconstruir um templo novo ao Senhor, com pedras trabalhadas e com precioso
madeiramento aplicado nas paredes.
10
Estes trabalhos são feitas com grande velocidade e procede bem nas suas mãos; é
feito esplendidamente e com cuidado.
11
Então perguntámos a estes anciãos: Com o mandamento de quem construís este
templo e lançais estes fundamentos?
12
Portanto, a fim de te darmos conhecimento por escrito, exigimos daqueles que eram
os principais executores, e exigimos deles os nomes de seus principais homens por escrito.
13
E responderam-nos com estas palavras: Nós somos servos do Senhor que criou o céu
e a terra.
14
Este templo foi construído muitíssimos anos atrás por um rei de Israel grande e forte
e foi acabada.
15
Mas, quando os nossos pais provocaram a ira de Deus, e pecaram contra o Senhor do
Céu, Deus de Israel, os entregou ao poder de Nabucodonosor, rei da Babilónia, rei dos
Caldeus.
16
Destruíram o templo e queimaram-no; conduziram o povo cativo para a Babilónia.
17
Mas no primeiro ano do reino de Ciro sobre a Babilónia, o rei Ciro emanou um édito
com o qual ordenava que se reconstruísse este templo.
18
Também os utensílios sagrados de ouro e de prata, que Nabucodonosor tinha levado
do templo de Jerusalém e que tinha deposto no seu templo, o rei Ciro fê-los tirar para fora
do templo de Babilónia,e foram entregues a Zorobabel e ao governador Sesbasar,
19
e foi-lhe ordenado que levasse embora todos estes utensílios e os tornasse a colocar
no templo de Jerusalém, e que construísse este templo do Senhor no mesmo lugar.
20
Então, o dito Sesbasar, chegando ao lugar, lançou os fundamentos do templo do
Senhor em Jerusalém, Mas desde então até hoje o templo ainda não está totalmente
terminado.
21
Agora, portanto, ó rei, se queres, faça-se uma investigação nos arquivos reais de Ciro.
22
E se se verificar que a construção do templo do Senhor de Jerusalém aconteceu
conforme ao decreto do rei Ciro, e se o rei nosso senhor, desejar, nos informe disso.
23
Então o rei Dario ordenou que se pesquisasse nos arquivos reais de Babilónia, mas
foi em Acmeta, a fortaleza situada na Média, que se encontrou um rolo em que estava
registado o seguinte:
24
No primeiro ano do rei Ciro. O rei Ciro ordenou que se reconstruísse o templo de
Jerusalém do Senhor, onde se realizassem sacrifícios com fogo continuo.
25
Cujua a altura será de sessente covâdos e a sua largura de sessenta covâdos, com três
ordens de pedra lavradas e uma de madeira nova daquela região; a despesa seria a cargo
do palácio do rei Ciro.
26
Também os utensílios sagrados do templo do Senhor, quer de ouro quer de prata, que
Nabucodonosor tinha tirado do templo de Jerusalém para as levar para a Babilónia,
deviam ser restituídas ao templo de Jerusalém, onde estavam antes, para que aí fossem
postas de novo.
27
Ordenou além disso a Tatenai, governador da Síria e da Fenícia, a Setar-Bozenai e
seus companheiros encarregados de governar a Síria e a Fenícia, que estivessem
cuidadosamente longe daquele lugar e deixassem que Zorobabel, servo do Senhor, e
governador da Judeia e os anciãos dos judeus construíssem naquele lugar o dito templo
do Senhor.
28
Além disso, eu ordeno que a construção seja feita inteiramente e que se vigie para
que se colabore com os regressados do exílio até se completar do templo do Senhor.
29
Proveja-se também em fornecer das taxas da Celessíria e da Fenícia um contributo
para esta gente, em bois, carneiros e cordeiros, para entregar ao governador Zorobabel, e
que deverá ser empregado para os sacrifícios do Senhor;
30
além disso deverá ser enviado irrevogavelmente trigo, sal, vinho, óleo, ano a ano,
continuamente, segundo os pedidos dos sacerdotes de Jerusalém para serem empregados
dia a dia,
31
para que possam ser feitas libações ao Deus Altíssimo pelo rei e pelos seus filhos e
para que se orem pelas suas vidas.
32
Além disso ordenou que quem transgredir ou simplesmente não executar qualquer
ponto de quanto foi acima dito e escrito, que seja tomado um madeiro dos seus bens e que
aí seja pendurado; os seus bens sejam confiscados a favor do tesouro real.
33
Portanto, que o Senhor, cujo nome é invocado naquele lugar, disperse todo o rei e
todo o povo que estenda a sua mão para impedir ou danificar a construção do dito templo
do Senhor em Jerusalém.
34
Eu, o rei Dario, decretei que se proceda com cuidado, conforme esta ordem.

7 Então Tatenai, governador da Celessíria e da Fenícia, Setar-Bozenai e seus


companheiros, executando as ordens dadas pelo rei Dario,
2
superintenderam aos sagrados trabalhos colaborando de boa vontade com os anciãos
dos judeus e com os superintendentes do templo.
3
Os trabalhos do templo procederam assim sem obstáculos, acompanhados pela
palavra inspirada dos profetas Ageu e Zacarias,
4
e foram levados a cumprimento por vontade do Senhor, Deus de Israel, e com o
consentimento dee Ciro, de Dario e de Artaxerxes, rei dos persas;
5
No vigésimo terceiro dia do mês de Adar no ano sexto do rei Dario foi terminada a
casa sagrada.
6
Os filhos de Israel, os sacerdotes, os levitas e todos aqueles que se uniram a eles ao
voltarem do exílio, comportaram-se segundo as indicações do livro de Moisés.
7
Para a dedicação do templo do Senhor ofereceram cem bois, duzentos carneiros,
quatrocentos cordeiros;
8
doze bodes pelo pecado de todo o Israel segundo o número dos doze chefes das tribos
de Israel.
9
Também os sacerdotes e os levitas, se vestiram com as vestes, divididos segundo as
suas famílias, ocupavam-se das coisas do Senhor, Deus de Israel, segundo o livro de
Moisés; e em cada porta estavam os porteiros.
10
Os filhos de Israel regressados do exílio celebraram a Páscoa no décimo quarto dia
do primeiro mês, depois que os sacerdotes e os levitas foram foram santificados.
11
Nem todos aqueles que tinham voltado do exílio se purificaram, mas todos os levitas
purificaram-se;
12
e sacrificaram a Páscoa para todos aqueles que tinham voltado do exílio, para os
sacerdotes seus irmãos e para si mesmos.
13
Comeram-na os filhos de Israel que tinham voltado do exílio, todos aqueles que se
tinham separado das impurezas dos pagãos que habitavam a região, porque procuravam
o Senhor.
14
E celebraram a festa dos ázimos durante sete dias, alegrando-se diante do Senhor,
15
porque tinha mudado a vontade do rei dos assírios a seu respeito, de forma a reforçar
as suas mãos para cumprir as coisas do Senhor, Deus de Israel

8 Foi em seguida, sob o reinado de Artaxerxes, rei dos persas, que veio Esdras, filho
de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, filho de Salum,
2
filho de Zadoque, filho de Aitube, filho de Arna, filho de Ozias, filho de Borite, filho
de Abissei, filho de Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sumo sacerdote.
3
Este Esdras regressou da Babilónia como escriba perito na Lei de Moisés, promulgada
pelo Deus de Israel.
4
A ele o rei conferiu honras porque tinha encontrado graça diante dele ao executar
todas as suas ordens.
5
Uma parte dos filhos de Israel, dos sacerdotes, dos levitas, dos cantores, dos porteiros
e dos servos do templo reentrou com ele em Jerusalém;
6
no ano sétimo do reino de Artaxerxes, no quinto mês; este ano era o sétimo do rei; e
partiram da Babilónia no primeiro dia do primeiro mês e chegaram a Jerusalém porque o
Senhor concedeu-lhes uma viagem sem obstáculos.
7
De facto Esdras teve tal sabedoria, a ponto de não descuidar nenhuma das prescrições
da Lei do Senhor e dos Seus mandamentos e de ensinar a todo o Israel todas as Suas
ordenanças e todos os Seus juízos.
8
O decreto escrito foi entregue da parte do rei Artaxerxes a Esdras, sacerdote e leitor
da Lei do Senhor, do qual eis a cópia:
9
O rei Artaxerxes a Esdras, sacerdote e leitor da Lei do Senhor, saudações.
10
Tendo em conta a minha benevolência, ordenei que os voluntários do povo dos
judeus, dos sacerdotes, dos levitas e de todos aqueles que se encontram no nosso reino,
que o queiram, possam ir contigo para Jerusalém.
1
1Quantos, pois, têm esse desejo partam juntamente contigo, segundo quanto é
decretado por mim e pelos meus sete conselheiros,
12
para que façam uma análise da situação da Judeia e de Jerusalém, segundo as normas
que estão na Lei do Senhor,
13
e para que levem a Jerusalém, ao Senhor de Israel, os dons que eu e os meus
conselheiros prometemos, e para que levem a Jerusalém o ouro e a prata que na terra de
Babilónia se encontre oferecido para o Senhor,
14
juntamente com tudo o que é oferecido em dom pelo povo para o templo do seu
Senhor situado em Jerusalém; o ouro e a prata devem ser empregados em bois, carneiros,
cordeiros e em tudo o que seja necessário;
15
para oferecer sacrifícios sobre o altar do Senhor seu Deus, situado em Jerusalém.
16
Tudo aquilo que tu, juntamente com os teus irmãos, queiras fazer com o ouro e com
a prata, fá-lo segundo a vontade do teu Deus.
17
Dispõe, além disso, como quiseres dos utensílios sagrados que te forem entregues
para serem usados para o templo do teu Deus, situado em Jerusalém.
18
Quanto a todo o resto que te venha a ser necessário para os usos do templo do teu
Deus, faz as despesas sobre o tesouro real.
19
Por isso, eu Artaxerxes, o rei, ordenei aos tesoureiros da Síria e da Fenícia que
paguem prontamente a Esdras, sacerdote e leitor da Lei de Deus Altíssimo, quanto ele
pedir,
20
até à quantia de cem talentos de prata; e igualmente até cem coros de trigo, a cem
metretas de vinho e outras coisas em abundância.
21
Tudo seja feito cuidadosamente segundo a Lei de Deus, em honra de Deus Altíssimo,
para que a Sua ira não se desencadeie contra o reino do rei e dos seus filhos.
22
A vós se ordena, além disso, que não imponham nenhum tributo nem alguma outra
taxa a nenhum sacerdote, a nenhum levita, a nenhum cantor, a nenhum porteiro, a nenhum
servo do templo e a nenhum de quantos aí prestam a sua obra; que ninguém tenha a
autoridade de impor seja o que for a estes.
23
Quanto a ti, Esdras, nomeia segundo a sabedoria de Deus juizes de vário género para
que julguem em toda a Síria e na Fenícia todos aqueles que conhecem a Lei do teu Deus;
quanto àqueles que não a conhecem, tu a ensinarás.
24
Quantos transgridem a Lei do teu Deus que é também a lei do rei, sejam punidos
severamente com a morte, com o castigo, com uma multa ou com a prisão.
25
Então disse o escriba Esdras: Bendito seja o único Senhor Deus de meus pais, que
pôs estas coisas no coração do rei para glorificar o Seu templo em Jerusalém,
26
honrou-me diante do rei, dos seus conselheiros, dos seus amigos e de todos os nobres.
27
Assim tornei-me confiante, porque estava protegido pelo Senhor, meu Deus, e
recolhi entre Israel homens que reentrassem na pátria comigo.
28
Estes são os chefes das famílias e das estirpes que reentraram comigo, da Babilónia,
durante o reino do rei Artaxerxes.
29
Dos filhos de Fineias, Gérson; dos filhos de Itamar, Daniel; dos filhos de Davi, Hatus,
filho de Secanias;
30
dos filhos de Parós, Zacarias, e com ele, foi contado cento e cinquenta homens;
31
dos filhos de Paate-Moabe, Elioeniai, filho de Zacarias, e com ele havia duzentos
homens
32
dos filhos de Zathoes, Secanias, filho de Jeaziel, e com ele havia trezentos homens;
dos filhos de Adim, Ebede, filho de Jônatas, e com ele havia duzentos e cinquenta
homens;
33
dos filhos de Elão, Jesaías, filho de Atalias, e com ele havia setenta homens;
34
dos filhos de Sefatias, Zabadias, filho de Micael, e com ele havia setenta homens;
35
dos filhos de Joabe, Obadias, filho de Jeiel, e com ele havia duzentos e doze homens
36
dos filhos de Bani, Selomite, filho de Josifias, e com ele havia cento e sessenta
homens;
37
dos filhos de Bebai, Zacarias, filho de Bebai, e com ele havia vinte e oito homens
38
dos filhos de Azgade, Joanã, filho de Hacatã, e com ele havia cento e dez homens;
39
dos filhos de Adonicão, que são os últimos, eis os seus nomes: Elifelete, Jeiel e
Samaías e com eles havia setenta homens;
40
dos filhos de Bigvai, Utai, filho de Zabude, e com ele havia setenta homens.
41
Eu reuni-os sobre o rio chamado Aava, onde permaneceram acampados por três dias,
e contei-os.
42
Mas não tendo encontrado nenhum que pertencesse aos sacerdotes ou aos levitas,
43
mandei chamar Eleazar, Ariel, Maasma,
44
Elnatã, Semaías, Jaribe, Natã, Eltanã, Zacarias e Mesulão, que eram homens
principais e instruidos;
45
Disse-lhes que fossem a Ido, que estava na tesouraria,
46
ordenando-lhes que falassem com Ido, com seus irmãos e com quantos estavam
naquele lugar como tesoureiros, para que nos mandassem homens que pudesse exercer o
sacerdócio no templo do Senhor nosso.
47
E eles conduziram-nos, dada a forte protecção do Senhor nosso, homens sábios entre
os filhos de Mali, filho de Levi, filho de Israel; e Serebias com os filhos e com os irmãos,
dezoito homens;
89
Hasabias, Annuno e seu irmão Osaias, dos descendentes de Chanunaio, juntamente
com seus filhos, vinte homens;
49
dos servos do templo, tornados assim por David e pelos chefes para que ajudassem
os levitas, duzentos e vinte servos do templo; os nomes de todos foram assinalados por
escrito.
50
Então prescrevi aos jovens que se fizesse ali um jejum diante do Senhor nosso Deus,
para obter d’Ele uma viagem prosperá para nós, para os filhos e para os gados que estavam
connosco.
51
Envergonhava-me, de facto, de pedir ao rei uma escolta de soldados e de cavaleiros,
para que nos protegessem dos inimigos:
52
pois tínhamos dito ao rei que a força do Senhor nosso Deus estaria em todas as
ocasiões com aqueles que o tivessem procurado.
53
E rogamos ao Senhor nosso por isto e O encontrámos benigno.
54
Eu, então, separei doze dos chefes dos sacerdotes: Serebias e Hasabiaa e com eles
outros dez dos seus irmãos.
55
Pesei e entreguei-lhes a prata e o ouro e os utensílios sagrados para o templo do
Senhor nosso, que nos tinham doado o próprio rei, os seus conselheiros, os seus grandes
e todo o Israel.
56
Pesei e entreguei-lhes seiscentos e cinquenta talentos de prata e utensílios em prata
por um peso de cem talentos, cem talentos de ouro,
57
vinte vasos de ouro e utensílios de bronze, de óptimo bronze, luzentes, que pareciam
de ouro;
58
Disse-lhes: Vós sois sagrados para o Senhor, como também estes utensílios são
sagrados; a prata e o ouro são uma oferta para o Senhor, Senhor dos nossos pais.
59
Vigiai, portanto, enquanto não entregardes tudo isto aos chefes dos sacerdotes e dos
levitas e aos chefes de família de Israel, em Jerusalém, nas salas do templo do Senhor
nosso.
60
Os sacerdotes e os levitas, tomando em consignação a prata, o ouro e os utensílios,
levaram tudo para Jerusalém, para dentro do templo do Senhor.
61
Partindo do rio Aava no décimo segundo dia do primeiro mês, com a poderosa
protecção do Senhor nosso Deus que estava sobre nós, chegámos a Jerusalém; e protegeu-
nos durante a viagem de todo o inimigo e assim chegámos a Jerusalém.
62
Deixando passar três dias, a prata e o ouro foram pesados e entregues no templo do
Senhor nosso, ao sacerdote Meremote, filho de Urias;
63
com ele estava Eleazar, filho de Fineias, e juntamente com eles estavam os levitas
Jozabade, filho de Josuá, e Noadias, filho de Sinui; e a entrega foi feita segundo o número
e o peso dos objectos;
64
No próprio momento da entrega foi registado o seu peso.
65
Aqueles que tinham voltado do exílio ofereceram sacrifícios ao Senhor, Deus de
Israel: doze bois por todo o Israel, noventa e seis carneiros,
66
sessenta e dois cordeiros, e doze bodes em oferta pacífica; tudo foi oferecido em
holocausto ao Senhor.
67
Entregaram depois as ordens do rei aos administradores reais e aos governadores da
Celesíria e da Fenícia, os quais prestaram honra ao povo e ao templo do Senhor.
68
Cumpridas todas estas coisas, apresentaram-se a mim os príncipes, dizendo:
69
Nem o povo de Israel, nem os príncipes, nem os sacerdotes, nem os levitas afastaram
de si os povos estrangeiros que habitam na terra, e nem sequer puseram de parte as
contaminações dos gentios, a saber, dos cananeus, dos hititas, dos ferezeus, dos gebuseus,
dos moabitas, dos egípcios e dos edomitas.
70
Mas casaram-se com as suas filhas, eles mesmos e os seus filhos; assim a semente
sagrada misturou-se com os povos estrangeiros que habitam na terra; mesmos os
governantes e os grandes homens participaram desde o princípio nesta iniquidade.
71
Quando ouvi isto, rasguei as minhas vestes e a veste sacerdotal, arranquei os cabelos
e a barba; depois sentei-me preocupado e aflito.
72
Então reuniram-se junto de mim todos os que se moviam com a palavra do Senhor
de Israel, enquanto eu chorava pelas transgressões de Israel; sentei-me aflito até ao
sacrifício da tarde.
73
Então levantei-me do meu jejum com as vestes e a veste sagrada rasgadas e,
ajoelhando-me, estendi os braços ao Senhor;
74
e disse: Senhor, eu estou confuso e envergonho-me diante de Ti,
75
porque os nossos pecados cresceram por cima das nossas cabeças e as nossas culpas
chegaram até ao céu;
76
porque, desde do tempo dos nossos pais, estamos agora e sempre num grande
pecado.
77
Por causa dos nossos pecados e dos pecados dos nossos pais fomos entregues, nós
com os nossos irmãos, com os nossos reis e com os nossos sacerdotes, aos reis da terra,
destinados à espada, à prisão, ao saque, cobertos até hoje de vergonha.
78
Mas agora, em alguma medida foi-nos feita misericórdia por ti, Senhor, de forma a
ser-nos deixada uma raiz e um nome no lugar do Teu santuário,
79
para fazer nos brilhar uma luz na casa do Senhor nosso Deus, e a dar-nos sustento
durante a nossa escravidão.
80
Quando éramos escravos, não fomos abandonados pelo Senhor, mas pelo contrário,
fez-nos encontrar graça diante do rei dos persas, para nos dar sustento;
81
para glorificar o templo do nosso Senhor, para despertar Sião desolada e para nos dar
um fundamento na Judeia e em Jerusalém.
82
E agora, Senhor, que diremos com todos os benefícios que tivemos? Transgredimos
os teus mandamentos que nos deste por meio dos teus servos, os profetas, quando disseste:
83
A terra, na qual entrais para a possuir, é uma terra contaminada pela impureza das
povos estrangeiras que a habitam e encheram-na com a sua impureza.
84
Deixai, portanto, de dar como esposas as vossas filhas aos seus filhos e de tomar as
suas filhas como esposas para os vossos filhos.
85
Não procureis mais estar em paz com os estrangeiros, se quereis ser fortes e gozar
dos frutos desta terra e deixá-la em herança para sempre aos vossos filhos.
86
Tudo isto que nos aconteceu é por causa das nossas obras más e dos nossos grandes
pecados; de facto, Tu, Senhor, tornaste leves os nossos pecados;
87
e nos concedeste esta raiz mas nós voltámos a transgredir a Tua Lei, misturando-nos
com a impurezas dos povos que habitam esta terra.
88
Mas Tu não Te iraste contra nós para nos destruir, a ponto de não deixar nem raiz,
nem semente, nem nome de nós?
89
Ó Senhor de Israel, tu és verdadeiro, porque hoje nos foi deixada uma raiz.
90
Eis que estamos diante de Ti com as nossas transgressões: não é possível ficar mais
na Tua presença nestas condições.
91
Enquanto Esdras em sua oração fazia esta confissão, chorando prostrado diante do
templo, reuniu-se junto dele, de Jerusalém, uma enorme multidão de homens, de mulheres
e de crianças; porque havia grande pranto entre a multidão.
92
Secanias, filho de Jeiel, um dos filhos de Israel, tomando a palavra, assim disse a
Esdras: Pecámos contra o Senhor desposando mulheres estrangeiras, pertencentes aos
povos que habitam esta terra; mas há ainda uma esperança para Israel.
93
Faça-se agora um juramento ao Senhor de expulsar todas as mulheres estrangeiras
que temos, juntamente com os seus filhos,
94
conforme a tua decisão e de quantos obedecem à Lei do Senhor.
95
Levanta-te, age, pois a coisa depende de ti; e nós, com a tua ajuda, seremos fortes.
96
Então Esdras levantou-se e fez jurar aos chefes dos sacerdotes, dos levitas e de todo
o Israel que fariam deste modo. E juraram.
9 Então Esdras, levantando-se, do pátio do templo foi para a câmara de Joanã, filho
de Eliasibe,
2
e ali permaneceu, sem tocar em pão nem beber água, fazendo luto pelas grandes
transgressões do povo.
3
Em toda a Judeia e em Jerusalém foi feito um édito destinado a todos aqueles que
tinham voltado do exílio, para que se reunissem em Jerusalém.
4
A quantos não viessem no espaço de dois ou três dias, segundo a decisão dos anciãos
que governavam, seria confiscado o gado e seriam excluídos da comunidade daqueles que
tinham voltado do exílio.
5
E os todos da tribo de Judá e de Benjamim reuniram-se em Jerusalém no espaço de
três dias, no vigésimo dia do nono mês.
6
Todo o povo tremeu no amplo átrio do templo, por causa do mau tempo.
7
Levantando-se, Esdras disse-lhes: Vós transgredistes a Lei, casando com mulheres
estrangeiras, aumentando assim os pecados de Israel.
8
mas agora, ao confessar, glorificai o Senhor, Deus dos nossos pais.
9
Fazei a Sua vontade e separai-vos das nações que habitam esta terra e das mulheres
estrangeiras.
10
Então todo o povo proclamou em alta voz: Nós faremos tal como disseste.
11
Mas somos muitos e esta é a estação das chuvas; não conseguimos ficar em céu
aberto, além disso, o nosso problema não se resolve num dia ou dois, porque os nossos
pecados nestas coisas estão muito espalhado.
12
Fiquem aqui os príncipes do povo; e quanto àqueles que habitam dispersos pelo país,
que têm mulheres estrangeiras, voltarão no tempo que lhes for fixado,
13
trazendo consigo os anciãos e os juizes de todos os lugares, até que afastemos de nós
nós a ira do Senhor neste caso.
14
Jónatas, filho de Azael, e Jaseías, filho de Ticva, se opuseram a isto; Mesulão, Levita
e Sabetai apoiaram-na.
15
Os regressados do exílio comportaram-se inteiramente segundo esta deliberação.
16
O sacerdote Esdras escolheu os principais homens de suas famílias, todos indicados
pelo nome, e reuniram-se para examinar o a assunto no primeiro dia do décimo mês.
17
Este problema respeitante aos homens que tinham casado com mulheres estrangeiras
foi levado a termo no primeiro dia do primeiro mês.
18
Encontrou-se assim que dos sacerdotes intervenientes na reunião, aqueles que tinham
mulheres estrangeiras eram:
19
entre os filhos de Josué, filho de Jozadaque, e os seus irmãos: Maaseias, Eleazar, e
Jaribe, e Gedalias.
20
e empenharam-se em expulsar as suas mulheres e em oferecer carneiros, afim de
fazerem a reconciliação pelos seus erros.
21
Entre os filhos de Imer, estavam Hanani, Zebadias, Maaseias, Semaías, Jeiel e
Azarias.
22
Entre os filhos de Pasur, estavam Elioenai, Maaseias, Ismael, Netanel, Ocidelo e
Saltha.
23
Entre os levitas: Jozabade, Simei, Quelaías que era chamado também Quelita),
Pataías, Judá e Joana.
24
Entre os cantores do templo estavam Eliasibe e Bacchuro.
25
Entre os porteiros estavam Salum eTelém.
26
Entre os filhos de israel estavam: dos filhos de Parós: Ramias, Jezias, Malquias,
Miamim, Eleazar, Asibias e Benaia.
27
Dos filhos de Elão: Matanias, Zacarias, Jeiel, Abdi, Jeremote e Elias.
28
Dos filhos de Zatu: Elioenai, Eliasibe, Matanias, Jeremote, Zabade Aziza.
29
Dos filhos de Bebai: Joanã, Hananias, Zabai e Atlai.
30
Dos filhos de Bani: Mesulão, Maluque, Adaías, Jasube, Seal e Ramot.
31
Dos filhos de Adi: Adna, Quelal, Benaia, Maseias, Matanias, Bezalel, Binui e
Manassés.
32
Dos filhos de Harim: Eliezer, Issias, Malquias, Semaías, Simão e Benjamim.
33
Dos filhos de Hasum: Matenai, Matatá, Zabade, Elifelete, Manassés e Simei.
34
Dos filhos de Bani: Jeremias, Maadai, Anrão, Uel, Mamdai, Pedias, Anos,
Carabasion, Eliasibo, Matanias, Eliasibe, Bani, Eliali, Simei, Selemias e Natã. Dos filhos
de Ezora: Sessi, Ezril, Azareel, Salum, Zambri e José.
35
Dos filhos de Nebo: Matitias, Zebina, Edais, Joel e Benaia.
36
Todos estes tinham casado com mulheres estrangeiras, mas repudiaram-nas,
expulsando-as juntamente com os filhos.
3
E os sacerdotes, os levitas e os israelitas habitavam em Jerusalém e no campo; no
primeiro dia do sétimo mês; de modo que os filhos de Israel estavam todos nas suas
habitações,
38
e todo o povo se reuniu em conjunto na praça diante da porta oriental do templo.
39
Disseram a Esdras, sumo sacerdote e leitor, que trouxesse a Lei de Moisés, que tinha
sido dada pelo Senhor, Deus de Israel.
40
E o sumo sacerdote Esdras trouxe a Lei para todo o povo, do homem à mulher, e
todos os sacerdotes, para que a escutassem no primeiro dia do sétimo mês.
41
Ele leu, estando na praça diante da porta do templo, desde a manhã até ao meio dia
diante dos homens e das mulheres. Todos prestavam atenção à leitura da Lei.
42
Esdras, sacerdote e leitor da Lei, pôs-se de pé sobre a tribuna de madeira que tinha
sido preparada,
43
e ao lado dele estavam Matatias, Sema, Anaías, Azarias, Urias, Hilquias, Masseias à
sua direita,
44
e à sua esquerda, Pedaías, Misael, Melquias, Hasbadana, Mesulã e Zacarias.
45
Então Esdras tomou o livro da Lei na presença da multidão, estando sentado
dignamente diante de todos,
46
e quando o abriu, todos se levantaram; então Esdras bendisse o Senhor, Deus
Altíssimo, Deus dos Exércitos, Todo-Poderoso;
47
e todo o povo respondeu: Amém; levantando depois os braços e ajoelhando-se em
terra, adoraram o Senhor.
48
Os levitas Josué, Bani, Serebias, Jamim, Acube, Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita,
Azarias, Jozabade, Hanã e pelaías ensinavam a Lei do Senhor, interpretando-a enquanto
a liam para o povo.
49
Então Atarat disse a Esdras, sumo-sacerdote e leitor, e aos levitas que ensinavam o
povo e a todos:
50
Este dia é sagrado para o Senhor; pois todos estavam a chorar ao escutarem a Lei do
Senhor.
51
Ide, comei gorduras e bebei bebidas doces; partilhai com aqueles que não têm.
52
Pois este dia é sagrado para o Senhor. Não vos entristeçais porque o Senhor vos
glorificará.
53
Também os levitas convidavam todo o povo com estas palavras: Este dia é sagrado:
não vos entristeçais.
54
Todos então foram comer, beber e fazer festa; davam a quem não tinha e faziam
grande festa,
55
porque tinham percebido o sentido das palavras que lhes tinham sido ensinadas, e
para quais foram reunidos.
O Segundo Livro De Esdras

1 O segundo livro do profeta Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de


Helquias, filho de Salum, filho de Zadoque, filho de Aitube,
2
filho de Aquias, filho de Finéias, filho de Heli, filho de Amarias, filho de Azarias,
filho de Meraiote, filho de Arna, o filho de Ozias, o filho de Borite, o filho de Abissei, o
filho de Finissei, o filho de Finéias, o filho de Eleazar ,
3
filho de Arão, da tribo de Levi, que foi cativo na terra dos medos, no reinado de
Artaxerxes, rei dos persas.
4
A palavra do Senhor veio a mim, dizendo:
5
Siga o teu caminho e mostre ao meu povo seus atos pecaminosos, e a seus filhos a
maldade que fizeram contra mim, para que possam contar aos filhos de seus filhos,
6
porque os pecados de seus pais aumentaram sobre eles, porque se esqueceram de mim
e ofereceram sacrifícios a deuses estranhos.
7
Não os tirei eu da terra do Egito, da casa da servidão? Mas me provocaram à ira e
desprezaram os meus conselhos.
8
Então arranca os cabelos da tua cabeça e lança sobre eles todos os males, porque não
têm sido obedientes à minha lei, mas são um povo rebelde.
9
Quanto tempo devo suportá-los, a quem tenho feito tanto bem?
10
Eu derrubei muitos reis por causa deles. Eu derrubei o Faraó com seus servos e todo
o seu exército.
11
Eu destruí todas as nações diante deles. No Oriente, espalhei o povo de duas
províncias, a saber, Tiro e Sidom, e matei todos os seus adversários.
12
Portanto, fale-lhes dizendo:
13
Diz o Senhor, na verdade vos trouxe através do mar, e onde não havia caminho, eu
fiz estradas para vós. Dei-vos a Moisés como líder e Aarão como sacerdote.
14
Eu dei-te luz numa coluna de fogo. Fiz grandes maravilhas entre vós, mas vós
esqueceram-se de mim, diz Senhor.
15
Diz o Senhor Todo-Poderoso: As codornizes eram um símbolo para vós. Eu ti dei
um acampamento para vossa proteção, mas ali murmuraram.
16
Não comemoras-te em meu nome a destruição dos vossos inimigos, mas ainda hoje
murmureis.
17
Onde estão os benefícios que eu vos dei? Quando estavas com fome e sede no
deserto, não choras-te por mim,
18
dizendo: Por que nos trouxe a este deserto para nos matar? Teria sido melhor servir
aos egípcios do que morrer neste deserto.
19
Compassivo do vosso pranto, dei-te maná como alimento. Comeste o pão dos anjos.
20
Quando estavas com sede, não feri a rocha e a água fluía em abundância? Por causa
do calor, ti cobri com as folhas das árvores.
21
Eu dividi entre vós terras frutíferas. Expulsei os cananeus, os perizeus e os filisteus
diante de vós. O que mais devo fazer por ti? diz o Senhor.
22
Disse o SenhorTodo-Poderoso: Quando estavas no deserto, junto ao riacho amargo,
com sede e blasfemando o meu nome,
23
Não vos dei fogo por blasfêmias, mas atirei uma árvore na água e tornei o rio doce.
24
O que devo fazer por ti, ó Jacó? Tu, Judá, não me obedeceste. Voltarei-me para as
outras nações e darei-lhes o meu nome, para que guardem os meus estatutos.
25
Já que me abandonou, eu também ti abandonarei. Quando clamares a mim por
misericordia, não terei misericórdia de ti.
26
Sempre que me invocardes, não vos ouvirei, pois as vossas mãos estão manchadas
de sangue e os vossos pés são ligéiros para praticar assassinato.
27
Não é como se me tivesse abandonado, mas a si mesmo, diz o Senhor.
28
Diz o Senhor Todo-Poderoso: Não ti perguntei como pai a seus filhos, como mãe a
suas filhas, e como ama a seus bebês,
29
que serias meu povo e eu seria teu Deus, que serias meu filho e eu seria teu pai?
30
Ajuntei-vos, como uma galinha reúne seus pintinhos sob suas asas. Mas agora, o que
vos farei? Expulsar-vos-ei da minha presença.
31
Quando me ofereceres holocaustos, desviarei o rosto de ti, porque rejeitei os teus
dias de festa solene, as tuas luas novas e as vossas circuncisões da carne.
32
Enviei-vos, meus servos, os profetas, a quem vós prenderam e mataram, e
despedaçaram seus corpos, cujo sangue exigirei de vós, diz o Senhor.
33
Diz o Senhor Todo-Poderoso: Tua casa está deserta. Expulsar-vos-ei como o vento
sopra restolho.
34
Teus filhos não frutíficarão, porque negligenciaram meu mandamento que ti dei e
fizeram o que é mau diante de mim.
35
Darei as vossas casas a um povo que há de vir, que ainda não me ouviu falar. Aqueles
a quem não mostrei sinais farão o que ordenei.
36
Eles não viram profetas, mas se lembrarão de sua condição anterior.
37
Convido a testemunhar a gratidão dos povos que virão, cujos pequenos se regozijam
de alegria. Embora não me vejam com os olhos do corpo, mas em espírito acreditarão no
que eu digo.
38
E agora, pai, olha com glória, e vê o povo que vem do oriente:
39
a quem darei por líderes, Abraão, Isaque e Jacó, Oseias, Amós e Miqueias, Joel,
Obadias e Jonas,
40
Naum e Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, e Malaquias, que também é chamado
de mensageiro de Senhor.

2 Diz o Senhor: Eu tirei este povo da servidão. Dei-lhes os meus mandamentos por
intermédio dos meus servos, os profetas, a quem não deram ouvidos, mas invalidaram
meus conselhos.
2
A mãe que os deu à luz lhes diz: Vão, filhos meus, porque sou viúva e abandonada.
3
Eu ti criei com alegria, e ti perdi com tristeza e opressão, porque pecou diante do
Senhor Deus, e fez o que é mau diante de mim.
4
Mas agora o que posso fazer por ti? Pois sou viúva e abandonada. Sigam os vossos
caminhos, filhos meus, e peçam misericórdia do Senhor.
5
Quanto a mim, ó pai, eu ti invoco como testemunha além da mãe desses filhos, porque
eles não quiseram guardar a minha aliança,
6
para que os confundais e a sua mãe para a ruína, para que não tenham descendência.
7
Que eles sejam espalhados entre os pagãos. Que seus nomes sejam apagados da terra,
pois desprezaram a minha aliança.
8
Ai de ti, Assur, tu que esconde os injustos contigo! Vós nação ímpia, lembre-se do
que eu fiz a Sodoma e Gomorra,
9
cuja terra está em pedaços de piche e montes de cinzas. Isso é o que farei também
com aqueles que não me ouviram, diz o Senhor Todo-Poderoso.
10
O Senhor disse a Esdras: Diga ao meu povo que eu darei-lhes o reino de Jerusalém,
que seria dado a Israel.
11
Também tomarei de volta a tua glória para mim, e darei a estes os tabernáculos
eternos que preparei para eles.
12
Terão a árvore da vida como perfume fragrante. Não trabalharão nem se cansarão.
13
Peça e receberás. Ore para que seus dias sejam poucos, para que sejam abreviados.
O reino já está preparado para ti. Observe!
14
Chame o céu e a terra como testemunhas. Chame-os como testemunhas, porque
deixei de lado o mal e criei o bem, porque vivo, diz o Senhor.
15
Mãe, abrace teus filhos. Eu os tirarei com alegria como a pomba faz. Estabeleça teus
pés, pois eu ti escolhi, diz o Senhor.
16
Eu levantarei novamente aqueles que estão mortos de seus lugares, e os tirarei de
seus túmulos, pois eu reconheço meu nome neles.
17
Não temas, tu mãe dos filhos, porque eu ti escolhi, diz o Senhor.
18
Para ajudar-te, enviarei meus servos Isaías e Jeremias, após cujo conselho santifiquei
e preparei para ti doze árvores carregadas de vários frutos,
19
e tantas fontes fluindo com leite e mel, e sete montanhas poderosas, nas quais rosas
e lírios crescem, com as quais eu encherei teus filhos de alegria.
20
Faça justiça à viúva. Garanta justiça aos órfãos. Dê aos pobres. Defenda o órfão.
Vista o nu.
21
Cure os quebrados e os fracos. Não ria de um homem coxo para o desprezar. Defenda
os mutilados. Que o cego tenha uma visão da minha glória.
22
Proteja os velhos e os jovens dentro dos teus muros.
23
Onde quer que encontres os mortos, coloque um sinal sobre eles e leve-os para a
sepultura, e eu dar-te-ei o primeiro lugar na minha ressurreição.
24
Fique quieto, povo meu, e descanse, pois o teu descanso virá.
25
Alimente teus filhos, boa ama, e estabeleça teus pés.
26
Quanto aos servos que eu ti dei, nenhum deles perecerá, pois eu os exigirei dentre
vosso número.
27
Não fique ansioso, pois quando chegar o dia do sofrimento e da angústia, outros
chorarão e ficarão tristes, mas ti alegrarás e terás abundância.
28
As nações ti invejarão, mas não poderão fazer nada contra ti, diz o Senhor.
29
Te cobrirei com as minhas mãos, para que teus filhos não vejam o inferno.
30
Alegra-te, mãe, com os teus filhos, porque eu ti livrarei, diz o Senhor.
31
Lembrem-se de teus filhos que dormem, pois tirá-lo-eis dos lugares secretos da terra
e deles terei misericórdia, pois sou misericordioso, diz o Senhor Todo-Poderoso.
32
Abrace teus filhos até que eu venha e proclame misericórdia sobre eles, pois meus
poços transbordam e minha graça não falhará.
33
Eu, Esdras, recebi uma ordem de Senhor no Monte Horebe para ir a Israel, mas
quando eu fui até eles, me rejeitaram e rejeitaram o mandamento do Senhor.
34
Por isso digo-vos, ó nações que ouvem e entendem: Procurem o teu pastor. Ele lhe
dará descanso eterno, pois está perto aquele que virá no fim dos tempos.
35
Esteja pronto para as recompensas do reino, pois a luz eterna brilhará em ti para todo
o sempre.
36
Fuja da sombra deste mundo, receba a alegria de tua glória. Eu chamo sabertamente
como testemunha meu salvador.
37
Recebe o que o Senhor ti dá e alegra-te, dando graças àquele que ti chamou aos reinos
celestiais.
38
Levante-se, levante-se e veja o número daqueles que foram selados na festa do
Senhor.
39
Aqueles que se retiraram da sombra do mundo receberam gloriosas vestes do Senhor.
40
Pegue o teu número total novamente, ó Sião, e calcule o cálculo dos teus que estão
vestidos de branco, que cumpriram a lei do Senhor.
41
O número de teus filhos, pelos quais tu anseias, está completo. Peça o poder do
Senhor, para que o teu povo, que foi chamado desde o princípio, seja santificado.
42
Eu, Esdras, vi no Monte Sião uma grande multidão, que não pude contar, e todos eles
louvaram ao Senhor com cântigos.
43
No meio deles estava um jovem de alta estatura, mais alto do que todos os outros, e
colocou coroas sobre cada um de suas cabeças, e ele era mais exaltado do que todos.
Fiquei muito maravilhado com isso.
44
Então perguntei ao anjo, e disse: O que são estes, meu senhor?
45
Ele respondeu e disse-me: Estes são os que tiraram as vestes mortais e se vestiram
da imortal, e confessaram o nome do Senhor. Agora são coroados e recebem palmas.
46
Então disse ao anjo: Quem é o jovem que lhes põe coroas e lhes dá as palmas nas
mãos?
47
Então respondeu e disse-me: Ele é o Filho de Deus, a quem confessaram no mundo.
Então comecei a louvar aqueles que defendiam valentemente o nome do Senhor.
48
Então o anjo disse-me: Siga o teu caminho e diga ao meu povo que tipo de coisas e
quão grandes maravilhas do Senhor Deus tens visto.

3 No trigésimo ano depois da destruição da nossa cidade, eu, Salatiel, que também
sou chamado Esdras, encontrava-me na Babilónia; jazia perturbado no meu leito e os
meus pensamentos subiam-me no coração,
2
porque tinha visto a desolação de Sião e a abundância de que gozavam os habitantes
da Babilónia.
3
O meu espírito foi fortemente agitado e comecei a dirigir ao Altíssimo palavras cheias
de temor.
4
Disse: Ó soberano Senhor, não foste tu a falar, no início, quando formaste a terra —
e isto sozinho — e deste ordens ao pó,
5
e te deu Adão como simples corpo mortal? Mas também ele era obra das tuas mãos,
sopraste nele o espírito de vida, e tornou-se vivo diante de ti.
6
tu os conduziste ao paraíso, que a tua direita tinha plantado antes ainda que viesse a
terra;
7
a ele deste um só mandamento, e transgrediu-o, e logo tu instituíste a morte contra ele
e contra a sua descendência. Dele nasceram gentes e tribos, povos e famílias, sem número.
8
Todo o povo procedeu segundo a sua vontade, diante de ti comportava-se mal e com
arrogância, mas tu não lho impediste;
9
mas, no tempo devido, tu fizeste vir o dilúvio sobre a terra e sobre os habitantes do
mundo e os destruíste.
10
O seu fim foi o mesmo: como a morte para Adão, o dilúvio foi para eles.
11
Todavia, entre eles deixaste apenas um, juntamente com a sua família, todos os seus
justos descendentes.
12
Aconteceu, porém, que, quando aqueles que habitavam sobre a terra começaram a
multiplicar-se e a aumentar o número dos filhos, dos povos e de tantas gentes,
recomeçaram a cometer impiedade mais que os seus predecessores.
13
Aconteceu então que, quando cometeram injustiça diante de ti, tu escolheste um só
deles, de nome Abraão,
14
amaste-o e o revelaste o fim dos tempos, apenas entre vós os dois, de noite.
15
Estipulaste também uma aliança eterna, dizendo-lhe que nunca abandonarias a sua
descendência; deste-o a Isaque, e a Isaque deste Jacó e Esaú.
16
A Jacó escolheste-o para ti, enquanto a Esaú o odiaste, e Jacó tornou-se uma grande
multidão.
17
Aconteceu depois que, quando fizeste sair a sua descendência do Egipto, conduziste-
os ao monte Sinai,
18
inclinaste os céus, fizeste estremecer a terra, sacudiste o orbe, fizeste tremer os
abismos, confundiste o mundo,
19
e a tua glória passou através das quatro portas de fogo, de terramoto, de vento e de
frio, para dar a Lei à descendência de Jacó e os mandamentos à posteridade de Israel.
20
Tu, porém, não tiraste deles o coração maligno, de modo que a tua lei desse frutos
neles;
21
foi de facto por trazer o coração maligno que Adão, o primeiro homem, transgrediu
e foi vencido — ele, mas também todos aqueles que nasceram dele.
22
Produziu-se assim uma enfermidade permanente: a lei estava no coração dos homens
juntamente com a má raiz, mas o que era bom foi-se e o que era mau permaneceu.
23
Passou o tempo e completaram-se os anos, e fizeste surgir para ti um servo de nome
David.
24
Disseste-lhe que construísse a cidade do teu nome e que nela fizesse a ti as ofertas
daquilo que é teu.
25
Isto foi feito por muitos anos, mas depois aqueles que habitavam na cidade pecaram,
26
comportando-se em tudo como tinham feito Adão e toda a sua posteridade: também,
de facto, estavam revestidos de coração maligno!
27
Tu então entregaste a tua cidade nas mãos dos teus inimigos,
28
e eu disse no meu coração: Talvez aqueles que habitam na Babilónia se comportem
melhor e é por isso que Sião foi dominada.
29
Aconteceu, porém, que eu, uma vez vindo para aqui, vi impiedades inumeráveis e a
minha alma viu tantos pecadores, nestes trinta anos, de forma que o meu coração ficou
agitado,
30
porque vi como tu toleras os pecadores e respeitas quem se comporta mal, enquanto
destruíste o teu povo e poupaste os teus inimigos,
31
sem indicar a nenhum como tal via pode ser abandonada. Será que a Babilónia se
comporta melhor que Sião?
32
Ou tu conheceste um outro povo além de Israel? E que outra tribo acreditou na tua
aliança, como a de Jacó,
33
de quem não apareceu qualquer compensação e cujo trabalho não deu qualquer fruto?
Viajei muito entre os povos e vi-as prósperas mas esquecidas dos teus mandamentos.
34
Por isso, agora pesa sobre a balança as nossas impiedades e as daqueles que habitam
no mundo e se verá para que parte ela se inclina.
35
Por outro lado, quando é que não pecaram na tua presença aqueles que habitam a
terra? Ou que povo observou assim os teus mandamentos?
36
Encontrarás alguns homens que os tenham observado mas não povos certamente.

4 Respondeu-me um anjo que me tinha sido enviado e que se chamava Uriel,


2
e disse-me: Com o ânimo assim perturbado por este mundo, querias compreender os
desígnios do Altíssimo?
3
Disse: Sim, meu senhor. Respondeu-me e disse: Fui enviado para te indicar três vias
e propor-te três parábolas;
4
se me explicares uma destas, também te mostrarei as vias que desejas ver e te ensinarei
o motivo por que existe o coração maligno.
5
Disse-lhe: Fala, senhor. Disse-me: Vá, calculame o peso do fogo, mede-me um
redemoinho de vento ou chama de volta o dia que já passou!
6
Respondi-lhe e disse: Mas quem pode fazer isto entre os mortais, para que tu mo
peças?
7
Disse-me: Se eu te tivesse perguntado quantos depósitos existem nas profundezas do
mar ou quantas fontes existem no princípio do abismo, ou quantas vias existem no alto
do firmamento, ou quais são as saídas dos infernos ou quais são os acessos ao paraíso,
8
tu me terias talvez respondido que nunca desceste ao abismo nem, até agora, desceste
aos infernos, nem nunca subiste aos céus, nem nunca entraste no paraíso.
9
Mas agora eu limitei-me a perguntar-te acerca do fogo, do vento e dos dias pelos quais
passaste — coisas das quais não podes estar afastado e nem sequer sobre estas coisas me
soubeste responder!
10
E acrescentou: Tu não podes conhecer as coisas que são tuas e cresceram contigo;
11
de que modo então poderias ser um vaso tal que contivesse as vias do Altíssimo?
Porque a via do Altíssimo foi criada no que é inacessível e tu, que és corruptível, num
mundo corruptível, como podes compreender a via de quem não o é? Quando ouvi isto,
caí de rosto por terra,
12
e disse-lhe: Teria sido melhor que não estivéssemos aqui, sobretudo porque viemos
viver no meio das impiedades e sofrer sem perceber a causa!
13
Respondeu-me e disse: Na verdade existiu uma floresta de árvores do campo,
conceberam um plano e disseram:
14
Vinde, vamos fazer guerra ao mar, de modo que ele se retire diante de nós e nós
possamos fazer uma outra floresta!
15
Do mesmo modo, também as vagas do mar conceberam um plano e disseram: Vinde,
vamos destruir a selva do campo de modo a atingirmos para nós mesmos mais territórios!
16
Mas o plano da floresta revelou-se vão porque veio o fogo e consumiua;
17
e assim sucedeu com o plano das vagas marinhas porque se endireitou contra eles a
areia e repeliu-as.
18
Se então tu fosses seu juiz, qual deverias justificar e qual condenar?
19
Respondi e disse: Ambos conceberam um plano inútil: à selva, de facto, foi
assinalada a terra e o lugar do mar é onde ele leva as suas vagas.
20
Respondeu-me e disse: Julgaste bem; mas porque então não o fizeste também de ti o
mesmo?
21
De facto, do mesmo modo que a terra foi dada à selva e o mar às suas vagas, assim
também aqueles que habitam sobre a terra podem perceber apenas as coisas que
acontecem sobre a terra, e só aquele que habita nos céus pode perceber as coisas que
acontecem no alto deles.
22
Respondi e disse: Imploro-te, ó senhor. porque me foi dada a capacidade de
compreender?
23
Não queria, de facto, perguntar as altas vias, mas apenas sobre aquelas coisas que
passam entre nós em cada dia. Por que motivo Israel foi entregue na mão dos pagãos, o
povo que tu amaste foi dado às ímpias tribos, a lei dos nossos pais foi reduzida a nada e
a aliança posto por escrito já não existe?
24
Deste mundo nós passamos como gafanhotos, a nossa vida é como fumo e não somos
dignos de obter misericórdia;
25
mas para o seu nome, que é invocado sobre nós, ele que fará? É acerca disto que eu
te perguntei!
26
Respondeu-me e disse: Se fores vivo, verás e, se viveres muito, ficarás muitas vezes
maravilhado porque este século está realmente a passar depressa.
27
É incapaz de trazer aquilo que a seu tempo foi prometido aos justos porque este
século está cheia de tristeza e de desgraças.
28
De facto aquele mal sobre o qual tu me perguntas foi semeado mas não veio ainda o
tempo de o ceifar.
29
Se não for ceifado o que foi semeado e não desaparecer o lugar onde foi semeado o
mal, não virá o campo onde foi semeado o bem!
30
Porque desde o princípio foi semeado no coração de Adão um grão da má semente e
quantos frutos de impiedade gerou até agora e quantos gerará ainda enquanto não vem a
ceifa!
31
Considera, portanto, por ti quantos frutos de impiedade um grão da má semente pôde
gerar,
32
e, quando foram semeadas espigas de inumeráveis de bem, que imensa via poderia
ocupar!
33
Respondi e disse: Até quando e em que tempo durarão estas coisas? Porque os nossos
dias são poucos e tristes.
34
Respondeu-me e disse: Não deves andar mais depressa que o Altíssimo: tu o fazes
para ti mesmo mas o Excelso para muitos!
35
Porventura não é isto que perguntam as almas dos justos nos seus depósitos, dizendo:
Até quando ficaremos aqui e quando virá o fruto na eira da nossa recompensa?
36
E respondeu-lhes o anjo Remihel, e disse: Quando estiver completo o número
daqueles como vós. Porque ele pesou com a balança o século,
37
mediu com a medida os tempos, enumerou com os números as épocas e não moverá
nem agitará nada enquanto não estiver repleta a medida que foi estabelecida.
38
Respondi e disse: Mas também todos nós, soberano senhor, estamos cheios de
impiedade!
39
Porventura é por causa de nós, por causa dos pecados de quem habita sobre a terra,
que a recolha dos justos é impedida?
40
Respondeu-me e disse: Vai perguntar a uma mulher grávida se, quando tiver
cumprido os seus nove meses, o seu seio poderá ainda reter o feto dentro dela!
41
Disse: Não pode, senhor. Disse-me: Os infernos e os depósitos das almas são como
o seio,
42
porque do mesmo modo que uma parturiente se apressa a fugir às dores do parto
assim também aqueles se apressam a restituir aquelas coisas que lhes foram confiadas no
princípio.
43
Será então que te será mostrado o que desejas tanto ver!
44
Respondi e disse: Se encontrei favor diante dos teus olhos; se é possível e se eu sou
digno,
45
mostra-me também isto: se é maior o tempo que deve vir do que aquele que passou
ou se é maior aquele que passou sobre nós,
46
porque eu sei o que passou, mas aquilo que acontecerá eu ignoro!
47
Disse-me: Coloca-te à minha direita e te darei a explicação duma parábola.
48
Eu fiz assim e olhei: e eis que uma fornalha ardente passou diante de mim; e
aconteceu que, quando a chama passou, olhei ainda e eis que permanecia o fumo.
49
Depois disto passou diante de mim uma nuvem cheia de água, deixou cair uma chuva
violentíssima e, quando a violência da chuva passou, permaneciam nela ainda as gotas.
50
E ele disse-me: Pensa tu mesmo: de facto, como a chuva é maior que as gotas e o
fogo maior que o fumo assim a quantidade do que passou é muito maior; mas das gotas e
do fumo avançaram o mesmo!
51
Perguntei-lhe e disse: Pensas que viverei até àqueles dias? De contrário, que haverá
então?
52
Respondeu-me e disse: Posso falar-te em parte dos sinais dos quais tu me perguntas,
mas não fui enviado para dizer-te da tua vida porque não sei nada.

5 Quanto aos sinais, todavia, eis que chegaram os dias em que aqueles que habitam
sobre a terra estarão presos de grande terror, o caminho da verdade será escondida, a terra
de fé será estéril,
2
e a injustiça crescerá ainda mais do que aquela que tu vês agora, e mais do que aquela
que alguma vez ouviste falar;
3
o país que agora vês reinar tornar-se-á caótico e onde não se pode andar e vê-lo-ão
deserto.
4
Se, porém, o Altíssimo te conceder viveres, vê-lo-ás cheio de confusão depois do
terceiro período! De improviso o sol resplandecerá de noite, e a lua de dia,
5
da madeira destilará sangue, as pedras emitirão vozes, os povos se agitarão, o ar se
mudará,
6
reinará aquele no qual não esperam aqueles que habitam sobre a terra, as aves
migrarão,
7
o mar de Sodoma vomitará peixes e emitirá de noite uma voz que muitos não
conheciam mas que muitos, porém, ouvirão.
8
E se produzirão aberturas em muitos pontos e muitas vezes sairá fogo, os animais dos
campos emigrarão das zonas onde habitam, as mulheres darão à luz monstros, na água
doce se encontrará a salgada e os amigos de repente se destruirão entre si;
9
então a sabedoria se esconderá e a inteligência ficará isolada nos seus depósitos,
10
e muitos a procurarão, mas não a encontrarão. Sobre a terra se multiplicarão injustiça
e incontinência.
11
Um país perguntará ao do lado: Porventura passou através de ti a justiça, que cumpre
o que é justo? Mas o outro responderá que não.
12
E naquele tempo acontecerá que os homens esperarão e não obterão, sofrerão e não
encontrarão, se afadigarão mas não chegarão ao objectivo.
13
Estes são os sinais dos quais me foi permitido falar-te; mas, se orares mais e chorares
como agora e jejuares durante sete dias, ouvirás de novo coisas ainda maiores.
14
Então despertei, com o corpo fremente de susto e a alma tão cansada que desfalecia;
15
mas aquele anjo que veio e que tinha falado comigo segurou-me, deu-me forças e
pôs-me em pé.
16
Na noite seguinte aconteceu que veio até mim Faltiel, chefe do povo, e disse-me:
Onde estavas e porque tens o rosto triste?
17
Ou não sabes que Israel te foi confiado no lugar onde foi deportado?
18
Levanta-te, pois, coze um pouco de pão e não nos abandones como faria um pastor
com o seu rebanho nas garras dos lobos selvagens!
19
Eu disse-lhe: Vai embora e não te aproximes durante sete dias; só então deves vir e
eu poderei falar-te. Ele ouviu o que eu tinha dito e foi-se embora.
20
Eu jejuei, gemendo e chorando como me tinha ordenado o anjo Uriel.
21
Depois do sétimo dia, aconteceu que os pensamentos do meu coração tornaram-se
muito opressivos,
22
mas a minha alma readquiriu o espírito de inteligência e tornei de novo a dirigir
palavras ao Altíssimo.
23
Disse: soberano Senhor, de todas as selvas da terra e de todas as suas árvores,
escolheste para ti uma única vinha,
24
de todas as regiões do mundo escolheste para ti um só lugar, de todas as flores do
mundo escolheste para ti um só lírio,
25
de todos os abismos do mar encheste para ti um só ribeiro, de todas as cidades
construídas santificaste para ti mesmo Sião,
26
e todas as aves criadas chamaste para ti uma só pomba, de todos os rebanhos
plasmados proveste para ti uma só ovelha,
27
e da multidão de povos escolheste para ti um só povo e a este povo, que tu amaste,
deste uma lei mais do que todas que tinhas aprovado.
28
Agora, Senhor, porque deste a muitos o que era único, desonraste mais que as outras
a única raiz e dispersaste entre tantos que era a tua coisa, a coisa única?
29
Aqueles que se opunham às tuas promessas e pisaram aqueles que acreditavam na
tua aliança;
30
mas se odeias tanto o teu povo, é pela tua mão que ele deve ser punido!
31
Aconteceu então que, mal tinha feito este discurso, foi-me enviado o anjo que já tinha
vindo até mim na noite passada,
32
e disse-me: Escuta-me e te instruirei, presta-me atenção e falarei ainda diante de ti.
33
Disse: Fala, senhor. Ele disse-me: Saíste assim da mente por Israel? Ou crês amá-lo
mais que Aquele que o criou?
34
Disse: Não, senhor, mas falei pela dor, porque os meus rins torturam-me a cada
momento, pois procuro compreender os caminhos do Altíssimo e explorar o decreto do
Seu juízo.
35
Ele disse-me: Não podes. Disse: Porquê, ó senhor? E porque, então, eu nasci, e
porque é que o seio de minha mãe não se tornou para mim um sepulcro, de modo que não
visse a fadiga de Jacó e o cansaço da estirpe de Israel?
36
Ele disse: Conta-me aqueles que não vieram ainda, recolhe-me as gotas dispersas,
reverdesce-me as flores secas,
37
abre-me os depósitos fechados e faz-me vir para fora os ventos que aí estão
encerrados; ou mostra-me o rosto daqueles que nunca viste; ou a imagem da voz: só então
te explicarei aquele enigma que desejas tanto saber!
38
Disse: soberano Senhor, quem é que pode saber estas coisas, senão Aquele que não
habita juntamente com os homens?
39
Eu, pelo contrário, imbecil e miserável como sou, como poderei dizer aquelas coisas
das quais tu me perguntaste?
40
Disse-me: Como não podes fazer nenhuma das coisas que te foram ditas, assim não
poderás descobrir o meu juízo ou o fim do amor que eu prometi ao meu povo.
41
Disse: Mas, Senhor, tu prometes àqueles que estiverem vivos no fim; mas que farão
aqueles que viveram antes de nós ou nós mesmos ou aqueles depois de nós?
42
Disse-me: O meu juízo fá-lo-ei semelhante a um círculo: como os homens não ficam
dentro, os primeiros não vão à frente.
43
Respondi e disse: Mas não poderias ter criado contemporaneamente aqueles que
foram, aqueles que são e aqueles que serão, de modo a mostrar mais depressa o teu juízo?
44
Respondeu-me e disse: A criação não pode andar mais depressa que o Criador, nem
o mundo poderia suster contemporaneamente aqueles que aí fossem criados.
45
Disse: Então, como pudeste dizer ao teu servo que na verdade tu darias vida
contemporaneamente ao que tinhas criado? Se então todos viverem contemporaneamente
e a criação os puder suster, também agora poderia levar contemporaneamente todos os
presentes!
46
Disse-me: Pergunta ao seio duma mulher, diz-lhe porquê, se deve dar à luz dez filhos
o faz em tempos diversos e pede-lhe para dar todos os dez ao mesmo tempo.
47
Disse: Não pode absolutamente, mas só em tempos diversos.
48
Disse-me: Também eu dei o seio da terra para aqueles que são feitos conceber nela
em tempos diversos.
49
Do mesmo modo que uma menina não pode dar à luz, nem o pode fazer mais uma
que se tenha tornado velha, assim também eu dispus o mundo por mim criado.
50
Eu perguntei-lhe e disse: Dado que me mostraste já a via, falarei ainda diante de ti:
a nossa mãe, da qual me falaste, é ainda jovem ou já se aproxima da velhice?
51
Respondeu-me: Pergunta-o a uma parturiente e ela to dirá.
52
Diz-lhe: Porquê aqueles que deste à luz agora não são semelhantes aos de antes, mas
são de menor?
53
E ela mesma te responderá que uns são os nascidos no vigor da juventude e outros
nascidos na época da velhice, quando o seio está fraco.
54
Assim, considera também tu de quanto menor estatura sois vós em relação àqueles
antes de vós,
55
quanto o serão aqueles depois de vós em relação a vós, como se o criado fosse já
senil e tivesse ultrapassado já o vigor da juventude.
56
Disse: Peço-te, ó Senhor, se encontrei favor diante dos teus olhos, mostra ao teu servo
através de quem visitarás o tua criação!

6 Disse-me: No início, antes ainda que existisse a terra, que existissem as portas do
mundo, que soprasse o ímpeto dos ventos,
2
que ressoasse o rumor dos trovões, que brilhasse a luz dos relâmpagos, que fossem
tornados estáveis os fundamentos do paraíso,
3
que aparecesse a beleza das flores, que se consolidasse a força dos movimentos que
se recolhessem as inumeráveis fileiras dos anjos,
4
que se elevassem as alturas do ar, que recebessem um nome os lugares do firmamento,
que fosse destinado o escabelo de Sião,
5
que fossem contados os anos presentes, que fossem repelidas as tramas daqueles que
agora pecam, e que fossem marcados com selo aqueles que acumularam tesouros de fé,
6
já então eu pensava nisto; estas coisas foram feitas através de mim e não através de
outros, assim como o fim virá através de mim e não através de outros!
7
Respondi e disse: Qual será a divisão das épocas? Quando o fim da primeira ou o
início da segunda?
8
Disse-me: De Abraão a Isaque; porque de Abraão nasceu Isaque e de Isaque nasceram
Jacó e Esaú, mas desde o início a mão de Jacó segurava o calcanhar de Esaú.
9
O fim desta época é Esaú e o início da sucessiva é Jacó,
10
porque o início do homem é a sua mão e o termo é o calcanhar; mas entre a mão e o
calcanhar não procures nada mais, ó Esdras!
11
Respondi e disse: Ó soberano Senhor, se encontrei favor diante dos teus olhos,
12
mostra ao teu servo o fim dos teus sinais que me mostraste em parte numa das noites
precedentes.
13
Respondeu-me e disse: Põe-te de pé e ouvirás uma voz cheia e sonante.
14
E se acontecer que, quando ela falar contigo, aquele lugar em que te encontras for
sacudido violentamente,
15
tu não deves ter medo porque se está a falar do fim e os fundamentos da terra
perceberão,
16
que se está a falar precisamente deles; tremerão e se sacudirão porque sabem que no
seu fim se verificará uma mudança.
17
Aconteceu então que, ouvindo isto, eu pus-me de pé e prestei ouvidos: e eis uma voz
que falava, com um som semelhante ao de muitas águas,
18
e disse: Eis que vêm os dias e acontecerá que, quando me aproximar para visitar os
habitantes da terra,
19
ou quando pedir contas àqueles que fizeram o mal com a sua impiedade, quando a
humilhação de Sião estiver completa,
20
e quando o século que deve passar estiver selado, então eu darei estes sinais: serão
abertos os livros diante do firmamento, e todos verão ao mesmo tempo;
21
as crianças de um ano falarão com a sua voz, as mulheres grávidas darão à luz filhos
imaturos de três ou quatro meses, que viverão e saltarão;
22
os lugares semeados de repente aparecerão não semeados e os celeiros cheios de
repente serão encontrados vazios;
23
a trombeta soará alto e, quando todos a ouvirem, de repente se encherão de medo.
24
Naquele tempo acontecerá que os amigos farão guerra aos amigos, como se fossem
inimigos, a terra se assustará juntamente com aqueles que a habitam e a veia das fontes
parará e não correrá durante três horas.
25
Acontecerá porém que quem ficar, de todos aqueles de que antes te falei, será salvo
e verá a minha salvação e o fim do meu mundo.
26
Estes verão os homens que foram acolhidos no além e que desde o seu nascimento
nunca provaram a morte. O coração dos habitantes da terra será mudado e será mudado
num outro espírito;
27
de facto, o mal será destruído e a fraude se extinguirá,
28
enquanto a fidelidade florescerá, a corrupção será vencida e aparecerá a verdade que
permaneceu sem fruto durante tanto tempo.
29
Aconteceu que, enquanto falava comigo, o lugar em que estava moveu-se pouco a
pouco.
30
Ele disse-me: Estas coisas vieram mostrar-te, tal como na noite passada.
31
Por isso, se o pedires de novo e de novo jejuares durante sete dias, te revelarei de
novo coisas ainda maiores que estas,
32
porque a tua voz foi ouvida junto do Altíssimo, desde o momento que o Forte viu a
tua rectidão e notou bem a castidade que mantiveste desde a tua juventude.
33
É por isso que me mandou para te mostrar todas estas coisas e dizerte: Confia e não
temas;
34
não tenhas demasiado trabalho em pensar em vão nos tempos passados e não deves
também apressar-te demasiado nos últimos!
35
Aconteceu depois disto que eu chorei de novo e jejuei, como antes, durante sete dias,
para completar as três semanas que me tinha sido dito.
36
Na oitava noite aconteceu que o meu coração foi de novo perturbado em mim e
comecei a falar diante do Altíssimo.
37
O meu espírito ardia com violência e a minha alma estava inquieta.
38
Disse: Ó soberano Senhor, tu falaste no início da criação, no primeiro dia, dizendo:
Existam o céu e a terra! e a tua palavra cumpriu a obra;
39
então o espírito esvoaçava e trevas e silêncio estavam difundidos por todo o lado,
nem existia ainda a voz do homem.
40
Então tu ordenaste que dos teus cofres saísse o esplendor da luz para que aparecessem
as tuas obras.
41
No segundo dia criaste ainda o espírito do firmamento e lhe ordenaste que dividisse
as águas das águas, de modo que uma parte se retirasse para o alto e uma parte
permanecesse em baixo.
42
No terceiro dia ordenaste às águas que se recolhessem na sétima parte da terra,
enquanto seis enxugaste e conservaste, para que delas houvesse aqueles que servissem
diante de ti, semeadas e cultivadas.
43
De facto, a tua palavra saía e logo cumpria a obra;
44
então despontaram de improviso frutos em quantidade imensa e de sabor delicioso e
variado, e flores de cores diferentes entre si e árvores de aspecto diferente entre si e de
inefável odor. Tudo isto foi feito no terceiro dia.
45
No quarto ordenaste que aparecessem o fulgor do sol, a luz da lua, a disposição das
estrelas,
46
e ordenaste-lhes que servissem o homem que estava para ser criado.
47
No quinto dia ordenaste à sétima parte, onde estava recolhida a água, que procriasse
seres viventes, voláteis e peixes, e assim foi feito:
48
a água muda e sem alma produziu seres viventes, de modo que os povos narrassem
as tuas maravilhas.
49
Então tu conservaste dois seres por ti criados, dando nome a um Beemote, e ao outro
Leviatã, e separando-os um do outro, porque a sétima parte, onde estava recolhida a água,
não podia contê-los a ambos.
51
O Beemote deste uma das partes que foram enxutas no primeiro dia para que aí
vivesse, e onde estão mil montanhas,
52
enquanto a Leviatã deste a sétima parte, a húmida, conservando-os para que sejam
devorados por aqueles que tu queres, quando o quiseres.
53
No sexto dia ordenaste à terra que criasse diante de ti as bestas, os animais selvagens
e os répteis;
54
e sobre eles puseste Adão como senhor de tudo o que tinhas criado antes e do qual
descendemos todos nós, o povo que escolheste.
55
Todas estas coisas eu disse-as diante de ti, ó Senhor, porque tu disseste que era para
nós que tinhas criado este mundo,
56
que os outros povos, nascidas de Adão, os reputavas por nada e que eram como um
escarro, e a sua quantidade comparaste-a a uma gota que destila dum vaso.
57
Mas agora, ó Senhor, eis que estes povos, que eram consideradas nada, nos dominam
e calcam,
58
enquanto nós, o teu povo, que tu chamaste primogénito, unigénito, cheio de zelo, o
Teu mais caro — estamos entregues nas suas mãos!
59
Se este mundo foi criada para nós, porquê este nosso mundo não a possuímos em
herança? Até quando durará tudo isto?

7 Aconteceu que, quando terminei de pronunciar estas palavras, foi enviado até mim
aquele mesmo anjo que me tinha sido enviado nas noites precedentes,
2
e disse-me: Levanta-te, Esdras, e escuta as palavras que fui enviado a dizer-te.
3
Disse: Fala, senhor! Disse-me: Existe um mar posto num grande espaço, de forma a
ser amplo e imenso;
4
a sua entrada, porém, está posta num espaço estreito, de forma a assemelhar-se mais
a um rio,
5
e se alguém quisesse realmente entrar naquele mar, olhá-lo e navegá-lo, como poderia
chegar à parte larga sem passar pela estreita?
6
Igualmente, um outro: há uma cidade construída e posta num lugar inculto, mas cheia
de todos os bens.
7
A sua entrada, porém, é estreita e posto numa escarpa tal que à direita está fogo e à
esquerda água profunda.
8
Entre eles, isto é, entre o fogo e a água, está colocada apenas uma estrada, de forma a
poder conter, aquela estrada, somente uma pegada humana de cada vez.
9
Mas se esta cidade for dada a alguém em herança, como poderá o herdeiro receber a
sua herança se não tiver passado através do perigo posto diante dele?
10
Disse: É assim, senhor. Disse-me: Assim é também a parte de Israel.
11
De facto é para eles que eu fiz o mundo, mas quando Adão transgrediu os meus
mandamentos, o que tinha sido feito foi julgado,
12
e as entradas para este mundo foram criadas apertadas, dolorosas e fatigantes, poucas
e más, cheias de perigos e cheias de grandes dificuldades;
13
mas as entradas do mundo maior são amplas e seguras e dão fruto de imortalidade.
14
Se, portanto, aqueles que vivem não entrarem naquelas estreitezas e naquelas coisas
vãs não poderão receber o que lhes foi reservado.
15
Agora, pois, porque te perturbas pelo facto de seres corruptível, e te agitas, tu, pelo
facto de seres mortal?
16
Porque não prendes o coração àquilo que deverá acontecer, mais do que ao que está
a acontecer agora?
17
Respondi e disse: soberano Senhor, eis que tu ordenaste na tua lei que herdarão os
justos estas coisas, enquanto os ímpios perecerão.
18
Por isso os justos suportarão o que é estreito esperando no que é largo, enquanto
aqueles que se comportaram mal deveriam suportar o que é estreito, mas o que é largo
não o verão.
19
Disse-me: Não és certamente um juiz melhor que o Senhor, nem és mais sábio que o
Altíssimo.
20
Por isso, pereçam também os muitos que agora estão vivos, antes que seja descuidada
a lei prescrita por Deus.
21
De facto, Deus, àqueles que vinham à vida, ordenou exactamente, quando vinham, o
que fazer para viver e o que observar para não serem punidos;
22
mas eles não se convenceram e não lhe deram ouvidos e, por si, conceberam vãos
pensamentos,
23
propondo-se enganos delituosos e afirmando além disso que o Altíssimo não existia;
não reconheceram os seus caminhos,
24
desprezaram a sua lei, negaram as suas alianças, não acreditaram nos seus preceitos
e não levaram a cumprimento as Suas obras.
25
É por isso, Esdras, que o vazio é para quem está vazio e o cheio para quem está cheio!
26
Eis, de facto, que chegará o tempo, e será quando vierem os sinais que te disse antes,
que a cidade agora escondida aparecerá, se mostrará a terra que agora permanece oculta,
27
e todos aqueles que foram libertados dos males que eu te disse antes verão os meus
prodígios.
28
De facto se revelará o meu servo, o Messias, juntamente com aqueles que estão com
ele, e fará alegrar durante quatrocentos anos aqueles que permanecerem.
29
E depois destes anos acontecerá que morre o meu servo, o Messias, e todos aqueles
em que há respiração de homem;
30
o mundo voltará ao seu antigo silêncio durante sete dias como no início primordial,
de modo que ninguém é esquecido,
31
e depois de sete dias acontecerá que o século, ainda não desperta, acordará e perecerá
a corruptível.
32
A terra restituirá aqueles que agora dormem nela, o pó aqueles que aí habitam em
silêncio, os depósitos as almas que lhe foram confiadas,
33
e se revelará o Altíssimo sobre o trono do juízo; virá o fim e passará a misericórdia,
afastar-se-á a compaixão, retirar-se-á a tolerância;
34
e ficará só o juízo, erguer-se-á a verdade, tomará vigor a fé;
35
seguirá a recompensa, será mostrada a retribuição, despertarão as acções justas e as
injustas não dormirão.
36
Aparecerá então a fossa dos tormentos e, por outro lado, haverá o lugar do descanso;
se mostrará o forno da Geena e, por outro lado, o paraíso das delícias.
37
O Altíssimo então dirá aos povos ressuscitados: Olhai e compreendei. Aquele que
negastes ou que não servistes ou cujos mandamentos desprezastes.
38
Olhai, portanto, dum lado e doutro: aqui delícias e descanso, lá fogo e tormentos.
Assim lhes dirá o dia do juízo.
39
Este dia do juízo será tal que não haverá nem sol, nem lua, nem estrelas,
40
nem nuvens, nem relâmpagos, nem trovões, nem vento, nem água, nem ar, nem
trevas, nem tarde, nem manhã,
41
nem verão, nem primavera, nem quente, nem inverno, nem gelo, nem frio, nem
granizo, nem chuva, nem geada,
42
nem meio dia, nem noite, nem alva, nem esplendor, nem clarão, nem luz, mas só o
esplendor luminoso do Altíssimo, de modo que todos devam ver o que foi disposto para
eles.
43
E tudo isto durará uma semana de anos.
44
Este é o meu juízo e o que ele prescreve; mas só a ti eu mostrei estas coisas.
45
Respondi e disse: Senhor, eu já disse antes, e repito agora, que felizes são os viventes
que observam o que ordenaste!
46
Mas daqueles a propósito dos quais te dirigia a minha oração quem é, portanto, dos
viventes que não tenha pecado ou quem dos nascidos que não tenha transgredido o Tua
aliança?
47
Vejo bem, agora, a quão poucos o novo século trará alegria e a quantos, pelo
contrário, trará tormentos!
48
Em nós, com efeito, cresceu o coração maligno que nos afastou destas coisas e nos
levou à corrupção e sobre o caminho da morte, mostrando-nos as vias da perdição e
afastando-nos da vida; e isto não só a poucos, mas a quase todos aqueles que foram
criados!
49
Respondeu-me e disse: Escuta-me e te instruirei e te exortarei de novo.
50
É por isso que o Altíssimo fez não apenas um mundo, mas dois.
51
Mas tu, que disseste que os justos não são muitos mas poucos e que pelo contrário
os ímpios abundam, escuta isto:
52
se tu tivesses pedras preciosas, mas muito escassas em número, metê-las-ias
juntamente com o chumbo e com a argila, num sítio onde chumbo e a argila são tão
frequentes?
53
Disse: Senhor, como seria possível?
54
Disse-me: Não apenas isto. Pergunta à terra e ela to dirá, convida-a e ela to contará.
55
Lhe dirás: tu crias o ouro e a prata, o bronze e também o ferro, o chumbo e a argila;
56
a prata é mais abundante que o ouro, o bronze que a prata, o ferro que bronze, o
chumbo que o ferro, a argila que o chumbo.
57
Considera, portanto, tu mesmo quais destas coisas são as mais preciosas e as mais
desejáveis, se aquelas que são numerosas, ou aquelas que nascem raras.
58
Disse: soberano Senhor, é mais vil aquilo que abunda e mais precioso aquilo que é
mais raro.
59
Respondeu-me e disse: Reflecte, pois, por ti sobre aquilo que pensaste, porque quem
possui alguma coisa de raro é mais feliz do que quem possui aquilo que abunda.
60
E assim é também a promessa do meu juízo: alegrar-me-ei com os poucos que se
salvarem, porque são eles que agora sancionam a minha glória e é por eles que o meu
nome é honrado,
61
e não me entristecei pelos tantos que perecerão porque são aqueles que já agora são
semelhantes a vapor e feitos iguais à chama ou a fumo: são queimados, ardidos, extintos!
62
Respondi e disse: O que é que deste à luz, ó terra! Se a mente foi criada pelo pó com
as outras criaturas,
63
teria sido melhor que também o pó não tivesse nascido, de modo que não surgisse a
mente;
64
com efeito ela cresce connosco e é por isto que somos atormentados, porque
perecemos estando conscientes!
65
Que se lamente o género humano, mas alegrem-se as bestas selvagens! Lamentem-
se todos aqueles que nasceram, mas alegrem-se as manadas e os rebanhos!
66
É muito melhor para eles, de facto, do que para nós: não esperam qualquer juízo e
não conhecem tormentos nem vida prometida a eles depois da morte.
67
A nós, pelo contrário, que interessa se somos conservados plenamente em vida, mas
somos submetidos aos piores tormentos?
68
De facto, todos aqueles que nasceram estão impregnados de iniquidade, cheios de
pecados e caídos nos delitos,
69
e seria melhor para nós se, depois da morte, não tivéssemos de suportar nenhum
juízo.
70
Respondeu-me e disse: Quando o Altíssimo fazia o mundo e Adão, e todos aqueles
que vieram dele, houve o juízo e tudo o que lhe pertence, que preparou em primeiro lugar.
71
E agora procura compreender pelas tuas palavras, porque tu disseste que a razão
cresce connosco.
72
Por isso, portanto, aqueles que habitam sobre a terra serão atormentados porque,
embora possuindo a razão, cometeram a injustiça, receberam dos homens ordens mas não
as observaram, obtiveram uma lei mas iludiram aquela que tinham recebido.
73
O que dirão, por isso, no juízo e como responderão nos últimos tempos?
74
Quanto é o tempo, com efeito, durante o qual o Altíssimo teve paciência com aqueles
que habitavam o mundo — e não por eles, mas por causa dos tempos que Ele predispôs!
75
Respondi e disse: Se encontrei favor diante de ti, ó Senhor, mostra também isto ao
teu servo: se depois da morte, isto é, quando cada um de nós entregar a alma, seremos
bem conservados em repouso até àquele tempo em que se deverá renovar o que foi criado
ou seremos logo atormentados.
76
Respondeu-me e disse: Te mostrarei também isto. Tu, porém, não deves misturar-te
com aqueles que mostraram desprezo nem ser contado entre aqueles que serão
atormentados.
77
Tu tens, na verdade, um tesouro de obras colocado junto do Altíssimo mas não te
será mostrado senão nos últimos tempos.
78
Quanto à morte, posso dizer-te isto: quando do Altíssimo saiu a sentença definitiva
que alguém deve morrer, afastando-se o espírito do corpo para ser reenviado áquele que
o deu, como primeira coisa deverá adorar a glória do Altíssimo;
79
mas se fosse um daqueles que mostram desprezo e que não guardaram a via do
Altíssimo, ou daqueles que rejeitaram a sua lei, ou daqueles que odiaram quem temia
Deus,
80
estes espíritos não entrarão naqueles depósitos, mas desde aquele momento
vaguearão entre os tormentos, sempre sofredores e tristes, de sete modos:
81
O primeiro porque resistiram à lei do Altíssimo,
82
o segundo porque não podem voltar atrás para fazer o bem para poderem viver,
83
no terceiro verão o recompensa reservada para aqueles que acreditaram na aliança
do Altíssimo;
84
no quarto considerarão os tormentos a eles reservados para os últimos tempos;
85
no quinto verão os depósitos das outras almas, guardados pelos anjos em grande
silêncio;
86
no sexto verão por que tormentos para eles preparados deverão passar de agora em
diante.
87
O sétimo modo, que é mais do que todos os outros ditos acima, é que se decomporão
de vergonha, se consumirão de desonra e enlouquecerão de medo ao verem a glória do
Altíssimo, na presença do qual pecaram em vida, na presença do qual deverão ser julgados
nos últimos tempos.
88
Pelo contrário, esta é a disposição para aqueles que conservaram as vias do
Altíssimo, quando forem separados do seu vaso corruptível.
89
No período em que habitaram ali, serviram o Altíssimo com grande fatiga e em cada
momento enfrentaram perigos para guardar com perfeição a lei do Legislador.
90
Por isso, sobre eles há a dizer isto:
91
em primeiro lugar, verão em grande exultação a glória d'Aquele que os acolhe,
porque eles repousarão em sete ordens:
92
a primeira, porque em grande pena combateram para vencer o mau juízo feito
juntamente com eles para que não os levasse embora da vida para a morte;
93
a segunda, porque vêem a confusão em que vagueiam as almas dos pecadores e a
punição que as espera;
94
na terceira verão o testemunho prestado a eles por aquele que os fez, segundo o qual
eles, em vida, observaram a lei que lhes tinha sido doada por fidelidade;
95
na quarta compreenderão o repouso do qual poderão gozar em grande silêncio, agora
que estão recolhidos nos seus depósitos, protegidos pelos anjos, e a glória que lhes será
reservada nos últimos tempos;
96
na quinta exultarão porque agora fugiram de tudo o que é corruptível e herdarão o
que virá e, além disso, verão as angústias e os enormes sofrimentos de que foram
libertados e o espaço amplo que deverão receber, jubilosos e imortais;
97
a sexta é quando lhes for mostrado como o seu rosto deverá brilhar como o sol e
deverão assemelhar-se à luz das estrelas, incorruptíveis de agora em diante;
98
a sétima, que é maior do que todas as que foram ditas antes, é porque eles exultarão
seguros, poderão ter confiança sem confusão e gozarão sem medo. Com efeito, eles têm
pressa de ver o rosto d'Aquele que serviram em vida e pelo qual deverão ser glorificados
e receber a recompensa.
99
Estas são as ordens das almas dos justos, tal como é anunciado de agora em diante,
e os tipos de tormentos ditos antes são aqueles que de agora em diante deverá suportar
quem foi negligente.
100
Respondi e disse: Então, às almas será concedido um certo tempo, depois do qual
serão separadas do corpo, para que vejam aquilo que me disseste?
101
Disse-me: Estarão em liberdade durante sete dias, para que durante sete dias vejam
aquelas coisas que te disse antes, depois do que serão recolhidas nos seus depósitos.
102
Respondi e disse: Se encontrei favor diante dos teus olhos, mostrame a mim, teu
servo, também isto: se no dia do juízo os justos poderão interceder pelos ímpios, ou
implorar por eles ao Altíssimo,
103
os pais pelos filhos, os filhos pelos pais, os irmãos pelos irmãos, os afins pelos
parentes, os amigos pelos seus dilectos.
104
Respondeu-me e disse: Dado que encontraste favor diante dos meus olhos, te
mostrarei também isto. O dia do juízo é rigoroso e mostrará a todos o selo da verdade. Do
mesmo modo que agora um pai não manda o filho, ou um filho o pai, ou um senhor o
escravo, ou um amigo o seu dilecto, para que adoeça ou durma ou coma ou se cure na sua
vez,
105
assim então ninguém orará por outro naquele dia, nem um passará o seu fardo ao
seu companheiro, porque todos levarão cada um a sua rectidão ou a sua iniquidade.
106
Respondi e disse: Como é então que nós encontramos Abraão, em primeiro lugar,
que orou pelos Sodomitas, Moisés pelos nossos pais que tinham pecado no deserto,
107
Josué, depois dele, por Israel, ao tempo de Acã,
108
Samuel ao tempo de Saul, David pela pestilência, Salomão por aqueles junto do
Templo,
109
Elias por aqueles que receberam a chuva e para que aquele morto vivesse,
110
Ezequias pelo povo ao tempo de Senaqueribe, e tantos por tantos outros?
111
Se, portanto, agora que cresceu o que é corruptível e se multiplicou a injustiça, os
justos intercederam pelos pecadores, porque não será assim também então?
112
Respondeu-me e disse: O mundo actual não é o fim e a glória de Deus não
permanece sempre nele. É por isso que aqueles que tinham força oraram pelos fracos,
113
enquanto o dia do juízo será o fim deste século e o início daquela imoral futura, na
qual o corruptível será passado,
114
será dissolvida a intemperança, será arrancada a incredulidade e terá crescido a
justiça e nascido a verdade.
115
Então, por isso, ninguém poderá ter compaixão daquele que tiver sido vencido no
juízo, nem vencer quem tiver ficado vitorioso.
116
Respondi e disse: Esta é a minha primeira e última palavra: teria sido melhor que a
terra não tivesse produzido Adão ou que, uma vez produzido, lhe tivesse ensinado a não
pecar.
117
Com efeito, que interessa a todos, que agora vivem na tristeza, e como mortos
devem esperar uma punição?
118
O que fizeste, Adão! Se de facto pecaste, a ruína não foi apenas tua, mas também
de todos nós que descendemos de ti!
119
Que nos interessa, de facto, que tenha sido prometida uma época imortal se nós
realizamos obras de morte?
120
Que nos tenha sido proposta uma esperança eterna enquanto nós, pelo contrário,
fomos feitos da pior futilidade?
121
Que nos sejam reservados depósitos sãos e seguros enquanto nós nos comportámos
mal?
122
Que a glória do Altíssimo deva proteger aqueles que se comportaram com pureza
enquanto nós percorremos péssimas vias?
123
Para que será mostrado o paraíso, onde persistem frutos incorruptos que deliciam e
curam, enquanto nós não entraremos aí,
124
porque nos comportaremos de modo não agradável?
125
Porque é que os rostos daqueles que praticaram a abstinência brilharão mais que as
estrelas, enquanto os nossos serão mais escuros que as trevas?
126
É que nós não pensámos naquilo que deveremos sofrer depois da morte, quando em
vida cometemos iniquidade!
127
Respondeu-me e disse: Este é o sentido da luta que realiza cada homem que tenha
nascido sobre a terra:
128
se é vencido sofrerá as coisas que tu disseste, mas se vence, receberá aquilo que eu
disse.
129
Porque esta é a vida que Moisés mostrou em vida ao povo, dizendo: Escolhei a vida
segundo a qual viver!
130
Mas não lhe ligaram, nem aos profetas depois dele, nem a mim que lhes falei.
131
Por isso não é de ficar triste pela sua perda como, pelo contrário, haverá alegria pela
salvação de quem teve fé.
132
Respondi e disse: Senhor, sei que agora o Altíssimo é chamado misericordioso
porque tem misericórdia com aqueles que ainda não vieram ao mundo;
133
benévolo, porque é benévolo para com aqueles que voltam à sua lei;
134
paciente, porque mostra paciência para com aqueles que pecaram, sendo eles obra
sua;
135
generoso, porque deseja dar em vez de pedir,
136
de muita misericórdia, porque a aumenta cada vez mais para aqueles que são, que
foram e que serão,
137
e, se não o fizesse, o mundo, juntamente com aqueles que aí habitam, não poderia
ter vida;
138
liberal, porque se não tivesse feito o dom, na Sua bondade, que fossem aliviados da
sua iniquidade aqueles que as cometeram, não poderia ter vida a milésima parte dos
homens;
139
indulgente, porque se não tivesse perdoado àqueles que foram criados pela Sua
palavra e não tivesse apagado as suas tantas iniquidades,
140
talvez daquele inumerável multidão não teria restado senão pouquíssima.

8 Respondeu-me e disse: O Altíssimo fez este mundo para muitos, mas a futura para
poucos.
2
Mas quero colocar-te diante duma comparação, ó Esdras: do mesmo modo que tu
interrogarás a terra e te dirá que ela dá muita argila com que fazer vasilhame mas pouco
pó donde venha o ouro, assim se comporta também esta era:
3
muitos são aqueles que foram criados, mas poucos se salvarão.
4
Respondi e disse: Sacia-te de inteligência, ó minha alma, e embebe-te de reflexão,
meu coração!
5
Tu vieste pela tua vontade e tu vais sem o querer, nem te é concedida outra coisa
senão um breve tempo para viver.
6
Ó Senhor acima de nós, permite ao teu servo que ore diante de ti: dá-nos uma semente
para o nosso coração e uma cultura para a nossa inteligência da qual saia um fruto do qual
possa viver todo o ser corruptível que tenha o aspecto de homem.
7
Tu és o Unico e nós somos a única criação das tuas mãos, como tu disseste;
8
porquê tu agora fazes viver no seio o corpo criado e o forneces de membros; a tua
criatura é conservada no fogo e na água, e durante nove meses, o que tu fizeste deve
suportar a criatura que tu criaste nele;
9
mas, aquele mesmo que guarda e aquele que é guardado, ambos serão guardados pela
tua custódia! Quando depois o seio restitui o que foi criado nele,
10
Tu ordenaste que dos seus próprios membros, isto é, dos seios, apareça o leite, o fruto
dos seios,
11
para que seja alimentado por um certo tempo aquilo que foi criado; e depois disso és
tu, na tua misericórdia, a guiá-lo;
12
e a alimentá-lo na tua equidade, a discipliná-lo na tua lei e a exortá-lo com a tua
sabedoria,
13
a fazê-lo morrer porque é tua criatura e a fazê-lo viver porque é obra tua.
14
Por isso, se vai ser aniquilado, com uma ordem apenas, aquilo que com tanta fadiga
foi criado por tua ordem, para que foi criado?
15
Agora, porém, tenho outra coisa a dizer-te: de todos os homens tu conheces bastante
mais do que eu, mas é pelo teu povo que eu sofro,
16
e pela tua herança que eu me lamento; é por Israel que estou triste, com a
descendência de Jacó que me preocupo.
17
Por isso eu deverei rezar diante de ti por mim e por eles, porque vejo os erros de nós
que habitamos a terra mas ouvi também acerca do juízo que deve vir.
18
Por isso escuta a minha voz, atende as palavras da minha oração, e eu falarei diante
de ti!
19
Início das palavras da oração dirigida por Esdras antes que fosse arrebatado. Disse:
20
Senhor, que habitas no eterno, cujos olhos estão no alto e cujas câmaras superiores
estão no ar,
21
cujo trono não se pode descrever e cuja glória não se pode compreender, diante de
quem estão a tremer as fileiras de anjos,
22
que à tua ordem se mudam em vento e em fogo, cujas palavras são seguras e os ditos
são estáveis, cujas ordens são enérgicas e as disposições terríveis,
23
cujo olhar seca os abismos e a indignação faz liquidificar os montes e cuja verdade
dura para sempre,
24
ouve as palavras do teu servo, escuta a súplica da tua criatura, atende às minhas
palavras!
25
Enquanto eu viver, falarei e, enquanto souber, responderei.
26
Não olhes para os pecados do teu povo mas para aqueles que te serviram lealmente;
27
não olhes para os desejos de que se comporta mal mas para aqueles que no sofrimento
guardaram as tuas alianças.
28
Não penses naqueles que na tua presença se comportaram com falsidade, mas
recorda-te daqueles que voluntariamente reconheceram que tu deves ser temido.
29
Não queiras destruir aqueles que se comportaram como animais, mas olha para
aqueles que fizeram conhecer o esplendor da tua glória.
30
Não te irrites com aqueles que são considerados piores que as bestas mas prefere
aqueles puseram sempre a confiança na tua glória.
31
Porque nós e os nossos pais nos comportámos de modo terreno, mas tu, por nós que
pecámos, és chamado Misericordioso!
32
Se, pois, queres ter misericórdia de nós, que não realizámos obras boas, serás
chamado Misericordioso.
33
Com efeito, os justos, dos quais muitas obras estão colocadas junto de ti, receberão
a recompensa pelas suas obras.
34
Mas o que é o homem para que tu te irrites com ele ou as coisas corruptíveis para
que tu tenhas de te amargurar?
35
Na verdade, entre aqueles que nasceram não há ninguém que não tenha feito o mal
nem entre aqueles que existem alguém que não tenha pecado;
36
mas nisto, ó Senhor, se manifestará a tua bondade quando tiveres tido misericórdia
daqueles que não têm riqueza de obras boas.
37
Respondeu-me e disse: Alguma coisa de justo disseste e aquilo que acontecerá será
conforme as tuas palavras,
38
porque eu na verdade não pensarei na criação daqueles que pecaram, ou na sua morte,
ou no seu juízo, ou na sua perdição,
39
mas me alegrarei com a criação dos justos e também com a sua perigrinação, com a
sua salvação e com a recompensa que receberão.
40
E, como disse, assim será.
41
De facto, tal como o lavrador semeia na terra muitas sementes e planta muitas
plantas, mas nem tudo o que foi semeado se conservará até ao tempo devido, nem tudo
aquilo que foi plantado porá raiz, assim também aqueles que foram semeados no mundo
nem todos se salvarão.
42
Respondi e disse: Se encontrei favor diante de ti, quero falar!
43
Se a semente do lavrador não cresce, é porque não recebeu a tempo a Tua chuva e,
pelo contrário, se murcha porque recebeu demasiado, perecerá;
44
mas o homem, que foi feito pelas tuas mãos e foi feito semelhante à Tua imagem,
para o qual tu criaste tudo, também ele foi feito semelhante à semente do lavrador?
45
Não faças assim, ó Senhor acima de nós, mas perdoa ao Teu povo e tem misericórdia
da Tua herança, porque será da tua própria criação que a terás!
46
Respondeu-me e disse: As coisas presentes para aqueles que existem agora e as
futuras para aqueles que existirão.
47
Com efeito, falta-te muito para que tu possas amar a minha criação mais do que eu!
Tu, porém, muitas vezes te comparaste a ti mesmo com os ímpios. Não deves fazê-lo
mais,
48
mas também por isto serás admirado diante do Altíssimo,
49
porque te humilhaste, como te convém, e não te consideraste estar entre os justos
para receber ainda mais glória,
50
porque, nos últimos tempos, aqueles que habitam no mundo serão atingidos por
grande aflição porque caminharam com grande soberba.
51
Tu, porém, pensa em ti mesmo e pede a glória daqueles que são semelhantes a ti.
52
Para vós, de facto, foi aberto o paraíso, foi plantada a árvore da vida, foi preparado
o tempo futuro, foi preparada a delícia, foi construída uma cidade, foi estendido o
repouso, estabelecidas as boas obras, pré ordenada a sabedoria;
53
a má raiz foi arrancada de vós, a doença foi de vós extinta, a morte foi escondida, o
inferno fugiu, a corruptibilidade foi esquecida,
54
passaram as dores e no fim foi mostrado o tesouro da imortalidade.
55
Por isso, não peças mais pela multidão daqueles que perecem;
56
eles, de facto, tendo recebido a liberdade, desprezaram o Altíssimo, desdenharam a
Sua lei e abandonaram as seus caminhos;
57
além disso, calcaram os seus justos,
58
e disseram no seu coração que Deus não existe, embora sabendo bem que deverão
morrer.
59
Por isso, tal como vós acolhereis as coisas ditas acima, assim eles esperam a sede e
os tormentos que foram preparados. Por isso não foi o Altíssimo a querer que o homem
desaparecesse,
60
mas foram aqueles mesmos que foram criados a sujar o nome d'Aquele que os tinha
feito e a mostrar-se ingratos para com Aquele que também lhes tinha preparado a vida.
61
Por isso, o meu juízo agora está a aproximar-se.
62
E tudo isto eu não o mostrei a todos mas só a ti e a poucos como tu.
63
Respondi e disse: Eis, ó Senhor, que agora tu me mostraste o grande número de sinais
que deverei dar nos últimos tempos mas não me mostraste quando!

9 Respondeu-me e disse: Mede-o bem em ti mesmo e acontecerá que quando vires


que uma certa parte dos sinais ditos antes passou,
2
então perceberás que é aquele o tempo em que o Altíssimo deverá visitar o mundo
por Ele criado.
3
Quando no mundo se virem a sublevação dos países, o tumulto dos povos, os maus
desígnios dos povos, a inconstância dos chefes, a perturbação dos príncipes;
4
perceberás então que êpoca disto que o Altíssimo tinha falado desde os tempos
passados, desde o início.
5
Com efeito, como tudo o que foi criado no mundo tem início conhecido e fim
manifesto,
6
assim são também as séculos do Altíssimo: o início está manifesto nos presságios e
milagres, o fim nos actos e sinais.
7
E acontecerá que cada um que for salvo e que puder encontrar refúgio em virtude das
suas obras ou da fé em que tiver acreditado, este;
8
sobreviverá aos perigos preditos e verá a minha salvação na minha terra e dentro dos
meus confins, pois me santifiquei desde a eternidade.
9
Então ficarão surpreendidos aqueles que agora descuidaram as minhas vias e estarão
entre os tormentos aqueles que as rejeitaram com desprezo.
10
E todos aqueles que não me conheceram durante a sua vida, embora aproveitando
dos meus benefícios,
11
todos aqueles que desdenharam da minha lei, tendo ainda liberdade,
12
e, embora estando ainda aberta a ocasião de se arrependeram, não compreenderam
mas desprezaram — estes deverão saber tudo isto entre os tormentos depois da morte.
13
Por isso, tu não estejas curioso acerca do modo como os ímpios serão atormentados,
mas pergunta como serão salvos os justos e de quem será o mundo e para quem.
14
Respondi e disse:
15
Eu disse antes, digo agora e direi depois que são mais numerosos aqueles que
perecem do que aqueles que se salvam,
16
como uma onda é mais que uma gota.
17
Respondeu-me e disse: Como o campo, tais também as sementes: como as flores,
tais também as cores; como o trabalho, tal também o juízo; como o lavrador, tal também
a colheita;
18
porque houve um período neste século em que eu estava a preparar para aqueles que
agora existem, antes que existissem, o mundo em que habitassem e ninguém me
contradisse porque ninguém existia.
19
Agora, porém, que foram criados neste mundo por mim preparado, como uma mesa
inexaurível e como um pasto insondável, eis que corromperam-se nos costumes.
20
Então observei o meu mundo e eis que estava destruído; a minha terra e eis que estava
em perigo por causa dos maus desígnios de quem tinha vindo.
21
Eu vi e perdoei com dificuldade, salvando de um cacho um só grão e uma só planta
duma grande floresta.
22
Pereça, por isso, a multidão que nasceu sem motivo, mas salvem-se o meu bago e a
minha planta que trouxe a termo com tanta fadiga!
23
Tu, porém, se deixares passar outros sete dias, sem todavia jejuar,
24
irás a um campo de flores onde não está construída nenhuma casa, comerás só as
flores do campo, sem comer carne, nem beber vinho, mas só flores,
25
e orarás sem pausa ao Altíssimo; então eu virei e falarei contigo.
26
Eu parti, como me tinha dito, para aquele campo chamado Ardat, sentei-me lá entre
as flores e comi as ervas do campo, alimentando-me à saciedade.
27
Depois de sete dias, aconteceu que eu jazia sobre a erva, com o coração perturbado
como antes,
28
abri a minha boca e comecei a falar diante do Altíssimo, dizendo:
29
Ó soberano Senhor, verdadeiramente tu te revelaste aos nossos pais, no deserto,
quando estavam a sair do Egito, e tinham vindo para um deserto difícil de percorrer e sem
frutos,
30
e na verdade tu disseste: Tu, Israel, escuta-me, e vós, descendência de Jacó,
31
ouvi as minhas palavras. Eis que eu semeio em vós a minha lei e ela produzirá em
vós um fruto e vós sereis glorificados nela para sempre.
32
Mas os nossos pais, embora tendo recebido a lei, não a conservaram, e os preceitos
não os guardaram; mas o fruto da lei tinha nascido de forma a não morrer, nem o teria
podido, porque era teu.
33
Mas aqueles que o receberam perecem, não tendo guardado o que tinha sido semeado
neles.
34
Ora, é usual que, quando a terra acolhe a semente ou o mar o navio ou um outro
recipiente comidas e bebidas, acontece que o que é semeado ou enviado ou recolhido seja
destruído,
35
todavia, aqueles que os receberam permanecem. Connosco, porém, não sucede o
mesmo.
36
Nós, que acolhemos a lei, estamos mortos juntamente com o nosso ânimo que a tinha
recebido, porque pecámos;
37
mas a lei não perece mas permanece na sua glória.
38
E enquanto assim falava no meu coração, olhei com os meus olhos e vi à minha
direita uma mulher, e eis que chorava e se lamentava em alta voz, com o ânimo
profundamente amargurado, as vestes rasgadas e cinza sobre a cabeça.
39
Então deixei as reflexões que estava a fazer, dirigi-me a ela;
40
e disse-lhe: Porque choras e porque tens o ânimo tão amargurado?
41
Disse-me: Meu senhor, deixa-me chorar por mim mesma e a fazê-lo ainda mais,
porque tenho no ânimo uma grande amargura e sinto-me profundamente humilhada.
42
Disse-lhe: Conta-me o que te sucedeu.
43
Disse-me: Eu, a tua serva, permanecia estéril e não tinha dado à luz, embora tendo
um marido durante trinta anos.
44
Orei ao Altíssimo todas as horas, todos os dias durante estes trinta anos, noite e dia,
45
e aconteceu que, depois de trinta anos, Deus ouviu a tua serva, viu bem a minha
humilhação, prestou atenção a quanto estava atribulada e deu-me um filho . Tive uma
imensa alegria por causa dele, eu, o meu marido e todos os meus concidadãos, e demos
grande honra ao forte.
46
Tirei-o com grande fadiga,
47
e aconteceu que, quando cresceu e chegou a tomar para ele uma mulher, celebrou o
dia do banquete.

10 Aconteceu então que o meu filho, depois de ter entrado no tálamo, caiu e morreu.
2
Então todos derrubámos as lâmpadas e todos os meus concidadãos se levantaram para
me consolar e tive repouso até à noite do dia seguinte.
3
E aconteceu que, enquanto todos repousavam de me consolar para que repousasse eu,
levantei-me de noite, fugi e, como vês, vim para este campo.
4
Penso não voltar mais à cidade, mas ficar aqui, sem comer nem beber, mas só a chorar
e a jejuar sem interrupção até morrer.
5
Abandonei as reflexões que estava a fazer e respondi-lhe furiosamente:
6
És mais estúpida que todas as mulheres! Não vês o nosso luto e o que nos sucedeu?
7
Porque Sião, a mãe de todos nós, está triste e profundamente humilhada,
8
o que mais convém agora é chorar, porque todos choram, e afligir-se, porque todos
estamos aflitos; e tu, pelo contrário, afliges-te por um só filho!
9
Mas interroga a terra e te dirá que é ela que deveria chorar os tantos que germinaram
sobre ela;
10
todos aqueles que nasceram desde o princípio e aqueles que virão, eis que quase
todos vão para a perdição e uma grande quantidade deles será exterminada.
11
Quem, então, deverá chorar mais? Aquela que perdeu una quantidade tão grande, ou
tu, que sofres por um só?
12
Mas se me disseres: O meu pranto não é comparável ao da terra porque eu perdi o
fruto do meu ventre, que dei à luz com sofrimento e gerei com dor,
13
enquanto a terra o fez no modo que lhe é próprio e a multidão que nela está vai no
mesmo modo que veio,
14
então te responderei: Como tu deste à luz com dor, assim também a terra entregou
desde o início o seu fruto, o homem, àquele que a fez.
15
Agora, por isso, tem para ti a tua dor e suporta com coragem a desgraça que te
aconteceu,
16
porque, se acolheres como justo o juízo de Deus, receberás em tempo o teu filho e
serás louvada entre as mulheres;
17
volta, por isso, à cidade ter com o teu marido!
18
Disse-me: Não o farei, nem voltarei à cidade, mas morro aqui.
19
Eu continuei a falar e disse:
20
Não faças estes discursos mas deixate persuadir de como é a desgraça de Sião e
consolar pela dor de Jerusalém!
21
Tu vês, de facto, como o nosso santuário foi tornado deserto, o nosso altar demolido,
o nosso templo destruído;
22
o nosso saltério aniquilado, os nossos hinos reduzidos ao silêncio, a nossa exultação
desfeita; a luz do nosso candelabro extinta, a arca da nossa aliança despojada; as nossas
coisas sagradas contaminadas e o nome que é invocado acima de nós profanado; os nossos
homens livres ultrajados, os nossos sacerdotes queimados, os nossos levitas idos como
prisioneiros; as nossas virgens humilhadas, as nossas mulheres violentadas; os nossos
justos raptados; os nossos pequenos entregues, os nossos jovens tornados escravos, os
nossos fortes tornados fracos.
23
Mas o que é mais do que tudo, vê como o selo de Sião foi agora anulado da sua glória
e entregue nas mãos daqueles que nos odeiam.
24
Tu, por isso, sacode a tua grande tristeza, depõe de ti estas tantas dores, de modo que
o Forte possa reconciliar-se contigo e te conceda descanso no Altíssimo, repouso das tuas
fadigas!
25
Aonteceu que, enquanto lhe falava, a sua face de repente começou a resplandecer
fortemente e o seu rosto fez-se semelhante a um relâmpago, tanto que tive grande medo
em aproximar-me dela, com o coração cheio de espanto, pensando o que poderia ser isto.
26
E eis que, de repente, emitiu um grito altíssimo e terrível, de forma que a terra foi
sacudida pelo rumor.
27
Olhei e eis que a mulher não me aparecia mais, mas havia uma cidade construída e
era visível um lugar com poderosos fundamentos. Atemorizei-me e gritei em alta voz:
28
Onde está o anjo Uriel, que veio a primeira vez ter comigo? Porque é ele que me fez
vir nisto tão grande perturbação; a minha oração foi tornada inútil, a minha oração
desprezada!
29
Mas, enquanto eu assim estava a falar, eis que veio até mim o anjo que tinha vindo a
princípio, viu-me,
30
e eis que eu jazia como um morto, completamente saído da mente; tomou-me a mão
direita, confortou-me, tornou-me a pôr de pé e disse-me:
31
Que é que te sucede e porque estás perturbado? Porque se perturbou a tua mente e
todos os sentidos do ânimo?
32
Disse: Porque tu me abandonaste completamente! Da minha parte, eu fiz conforme
quanto me tinhas dito: saí para o campo e eis que vi e continuo a ver coisas que não
consigo explicar.
33
Disse-me: Fica de pé como um homem e te instruirei.
34
Disse: Fala, meu senhor, apenas não me abandones, que eu não tenha de morrer antes
do tempo,
35
porque eu vi coisas que não sabia e ouvi o que eu não sei;
36
ou talvez seja porque os meus sentidos se enganam e a minha alma teve um sonho?
37
Agora por isso te esconjuro, ó senhor, que dês ao teu servo uma explicação desta
perturbação.
38
Respondeu-me e disse: Escuta-me e te ensinarei: eu te direi coisas de que tu tens
medo, porque o Altíssimo revelou-me muitos segredos.
39
Ele, de facto, viu a tua recta via, porque te entristeceste sem pausa pelo teu povo e te
afligiste tanto por Sião.
40
Este é, portanto, o significado da visão:
41
a mulher que te apareceu há pouco, que viste afligir-se e que tiveste de consolar,
42
enquanto agora, pelo contrário, não vês nenhuma semelhança de mulher mas
apareceu-te uma cidade construída;
43
visto que te contava a desgraça do seu filho, a explicação é esta:
44
aquela mulher que viste e que agora vês como uma cidade construída é Sião;
45
visto que te disse que tinha sido estéril durante trinta anos, é porque eram três mil
anos que não lhe tinha sido ainda dedicada qualquer oferta no mundo.
46
Aconteceu que, depois de três mil anos, David construiu a cidade e dedicou ofertas;
foi então que aquela mulher estéril deu à luz o filho.
47
E visto que te disse que o tirou com grande fadiga: isto é quando Jerusalém foi
habitada;
48
visto que te disse que o seu filho morreu enquanto entrava no tálamo e da desgraça
que lhe tinha tocado, isto é quando se completou a ruína de Jerusalém.
49
Eis que tu viste a sua representação, como ela estava aflita pelo filho, e tu deverias
consolá-la daquelas coisas que lhe tinham sucedido: é isto que te devia ser revelado.
50
E agora o Altíssimo viu como te entristeceste no ânimo e como sofres por ela com
todo o coração, e mostrou-te a luz da sua glória e a beleza da sua nobreza.
51
É por isso que eu te disse para estares no campo onde não tinham sido construídas
casas;
52
de facto, sabia que o Altíssimo devia mostrar-te todas estas coisas.
53
É por isso que te disse que fosses para o campo onde não existiam fundações de
edifícios;
54
com efeito, não teria podido permanecer uma obra de edifício humano no lugar onde
devia mostrarse a cidade do Altíssimo.
55
Por isso, não deves temer, nem deve espantar-se o teu coração, mas entra e vê o
esplendor e a grandeza do edifício, tanto quanto a vista dos teus olhos seja capaz de ver;
56
depois ouvirás, tanto quanto o ouvido das tuas orelhas será capaz de ouvir.
57
Tu, de facto, és o mais feliz de tantos outros, e como poucos outros foste chamado
junto do Altíssimo.
58
Ficarás aqui para a noite que virá amanhã,
59
e o Altíssimo te mostrará em sonho aquelas visões que Ele dará àqueles que habitarão
a terra nos últimos dias.
60
Eu dormi aquela noite e a seguinte, como me tinha dito.

11 E aconteceu que na segunda noite tive um sonho: eis que subia do mar uma águia
que tinha doze asas cobertas de penas, e três cabeças.
2
Olhei: e ela expandia as suas asas sobre toda a terra e todos os ventos da terra
sopravam para ela e as nuvens a ela se recolhiam.
3
Olhei ainda: das suas asas saíam contra-asas, que terminavam em asinhas pequenas e
diminutas,
4
enquanto as suas cabeças estavam imóveis, com a do meio maior que as outras, mas
também ela imóvel juntamente com as outras.
5
Olhei, e eis que a águia voou com as suas asas para reinar sobre a terra e sobre aqueles
que a habitavam.
6
Vi como tudo o que existia sob o céu se lhe submetia e ninguém ousava contradizê-
la, nem sequer uma das criaturas que estavam sobre a terra.
7
Olhei: e eis que a águia levantou-se sobre as suas garras e emitiu uma voz para as suas
asas dizendo:
8
Não vigieis todas ao mesmo tempo, mas dormi cada uma no seu lugar e vigiai cada
uma por turnos,
9
enquanto as cabeças serão guardadas para o fim.
10
Olhei: e eis que a voz não saía das suas cabeças mas do meio do seu corpo.
11
Contei as suas contra-asas e eis que eram oito.
12
Olhei: e eis que da parte direita se levantou uma asa e reinou sobre toda a terra;
13
mas, enquanto reinava, aconteceu que chegou ao fim e desapareceu, de forma que
não mais se viu, nem sequer o lugar onde estava. Levantou-se a seguinte e reinou, e
também esta durou muito tempo;
14
aconteceu, porém, que, enquanto reinava, veio o seu fim, de forma que não mais se
viu, como a precedente.
15
E eis que ressoou uma voz que lhe disse:
16
Escuta, tu que por todo o tempo dominaste a terra, quanto te anuncio, antes que tu
tenhas de desaparecer.
17
Ninguém depois de ti comandará por tanto tempo como tu e nem sequer metade.
18
Levantou-se a terceira, teve também ela o comando como as precedentes e
desapareceu também ela.
19
Assim sucedeu a todas as outras, terem o comando uma por uma e depois
desaparecerem completamente.
20
Olhei: e eis que, cada uma a seu tempo, também as asas seguintes se erguiam da parte
esquerda para terem o comando; algumas delas tinham-no mas logo desapareciam,
21
enquanto outras delas de erguiam mas não o tinham.
22
Depois disto, olhei ainda, e eis que as doze asas e duas asinhas tinham desaparecido,
23
não ficando do corpo da águia senão as três cabeças imóveis e seis asinhas.
24
Olhei: e eis que das seis asinhas se destacaram duas e puseram-se sob a cabeça que
estava no lado direito, enquanto quatro permaneceram no seu lugar.
25
Olhei: e eis que aquelas quatro contra-asas pensavam erguer-se e ter o reinado;
26
olhei: e eis que uma delas ergueu-se mas desapareceu subitamente;
27
depois a segunda, e esta desapareceu ainda mais rapidamente que a primeira.
28
Olhei: e eis que as duas que ficaram pensavam entre si reinar também elas,
29
e, enquanto estavam a meditar, eis que uma das cabeças imóveis, a que estava no
meio, despertou, tratava-se de facto daquela que era maior do que as outras duas.
30
Vi como se uniu às outras duas:
31
eis que aquela cabeça voltou-se juntamente com aquelas que estavam com ela e
devorou as duas contra-asas que pensavam em reinar;
32
ela teve toda a terra, vexou aqueles que a habitavam, oprimindo-os pesadamente, e
teve poder sobre o mundo mais que todas as asas que tinham estado antes.
33
Depois disto olhei: e eis que esta cabeça mediana desapareceu de repente, como
tinham feito as asas.
34
Restaram, porém, duas cabeças que reinaram também elas sobre a terra e sobre
aqueles que aí habitavam.
35
Olhei: e eis que a cabeça que estava à direita devorou a da esquerda.
36
Ouvi uma voz que me dizia: Olha diante de ti e reflecte sobre o que Vês!
37
Olhei: e eis que alguma coisa como um leão se levantou duma floresta, rugindo, e
ouvi como emitiu uma voz humana em direcção da águia, dizendo:
38
Escuta, tu, e te falarei. O Altíssimo diz-te:
39
Não ficaste tu, dos quatro animais que tinha feito reinar sobre o meu mundo, de modo
que o fim dos tempos viesse por sua mão?
40
Tu, vindo em quarto lugar, venceste todos os animais que passaram, tiveste o poder
sobre o mundo entre grandes penas e toda a terra entre tremendas dores, habitando-a
durante todo o tempo com o engano,
41
e não julgando o mundo com verdade.
42
Com efeito, fizeste atribular os mansos e ofendeste os pacíficos; odiaste os sinceros
e amaste os mentirosos; destruíste as fortalezas daqueles que davam fruto e arrasaste as
muralhas daqueles que não te tinham feito mal.
43
Mas o teu ultraje subiu até ao Altíssimo e a tua soberba ao forte.
44
O Altíssimo olhou para os seus tempos e eis que terminaram e os seus séculos estão
completos.
45
Por isso, tu deverás desaparecer, ó águia, tu e as tuas horríveis asas, as tuas péssimas
asinhas, as tuas malvadas cabeças, as tuas cruéis garras, e todo o teu inútil corpo,
46
de modo que toda a terra volte a restaurar-se, libertada da tua violência, e possa
esperar no juízo e na misericórdia d'Aquele que a fez.

12 E aconteceu que, enquanto o leão assim falava à águia, eu olhei:


2
e eis que a cabeça que tinha ficado desapareceu, e as duas alas que se tinham levantado
do seu lado ergueram-se para reinar, mas o seu reino era fraco e cheio de desordem.
3
Olhei: e eis que também elas desapareceram e todo o corpo da águia foi para o fogo,
enquanto a terra permanecia aterrorizada. Eu despertei pelo forte desmaio e o grande
medo. Disse ao meu espírito:
4
Eis, tu me fizeste tudo isto porque tu perscrutas as vias do Altíssimo.
5
Mas eis que eu já estou cansado de ânimo e muito fraco de espírito e não me restou a
mínima força pelo grande medo que eu tive esta noite.
6
Por isso agora orarei ao Altíssimo que me dê força até ao fim.
7
Disse: soberano Senhor, se encontrei favor diante dos teus olhos, se estou mais
justificado que muitos outros junto de ti e se na verdade a minha oração subiu à Tua
presença,
8
dá-me força, e dá a mim, o teu servo, a interpretação detalhada desta horrível visão
de modo que tu possas consolar plenamente a minha alma,
9
pois consideraste-me digno de me mostrares o fim dos tempos e o termo das épocas.
10
Disse-me: Esta é a interpretação daquela visão que tiveste:
11
a águia que viste subir do mar é o quarto reino aparecido em visão ao teu irmão
Daniel,
12
mas que não lhe foi interpretado como eu agora fiz contigo.
13
Eis que vêm os dias em que sobre a terra se levantará um reino mais terrível que
todos aqueles que estiveram antes dele.
14
Reinarão doze reis, um depois do outro,
15
mas aquele que deverá reinar em segundo lugar será aqueles que, dos doze, durará
mais tempo.
16
Esta e a interpretação das doze asas que viste.
17
E visto que ouviste uma voz que falava sem sair das suas cabeças mas do meio do
seu corpo, a interpretação é esta:
18
no meio do seu reino nascerão grandes contrastes e correrá o perigo de cair; todavia
não cairá então, mas será restabelecido de novo no seu poder.
19
Visto que viste sair contra-asas das suas asas, a interpretação é esta:
20
Surgirão oito reis, cujos tempos serão breves e cujos anos rápidos;
21
dois deles morrerão quando estiver perto a metade do período, enquanto quatro serão
conservados para quando se começar a aproximar o tempo em que terminará; dois, porém,
serão conservados para o fim.
22
Visto que viste três cabeças imóveis, a interpretação é esta:
23
no fim dos seus tempos o Altíssimo suscitará três reis que sobre a terra renovarão
muitas coisas e a dominarão,
24
juntamente com aqueles que a habitam, com dor bastante maior que aqueles que
existiram antes deles. É por isto que eles foram chamados cabeças da águia:
25
são eles, de facto, que recapitularão a sua impiedade e levarão a cumprimento as suas
últimas acções.
26
Visto que viste desaparecer a grande cabeça, é porque um só deles morrerá no seu
leito e também estes entre os tormentos.
27
De facto, aos dois que ficarão os devorará a espada,
28
porque a espada dum devorará aquele que está com ele, mas também ele, por último,
com a espada morrerá.
29
Visto que viste as duas contra-asas irem para junto da cabeça que estava sobre o lado
direito,
30
a interpretação é esta: são aqueles que o Altíssimo conservou para o seu fim; como
viste, este reino será breve e cheio de perturbações.
31
O leão que viste despertar da selva, rugir e falar à águia acusando-a pela sua injustiça,
e tudo o que ele disse, tal como ouviste,
32
é o Messias que o Altíssimo conservou para o fim dos dias, que saiu da descendência
de David e que virá falar com eles, os acusará pela sua impiedade e colocará diante deles
as suas transgressões.
33
Com efeito decidirá antes de os submeter em vida ao seu juízo e depois, uma vez
acusados, os aniquilará;
34
mas ao resto do meu povo o libertará com misericórdia, aqueles que se salvaram
ficando dentro dos meus confins, e os alegrará enquanto não vier o fim, no dia do juízo
do qual te falei desde o princípio.
35
Este é o sonho que viste e esta a sua interpretação.
36
Por isso, só tu foste digno de conhecer este segredo do Altíssimo.
37
Escreve, pois, num livro todas estas coisas que ouviste e coloca-o num lugar
escondido;
38
as ensinarás aqueles sábios do teu povo cujo ânimo tu sabes estar em grau de colher
e saber conservar estes segredos.
39
Tu, pelo contrário, permanece aqui ainda durante sete dias de modo que te seja
mostrado tudo aquilo que apraza ao Altíssimo mostrar-te! E afastou-se de mim.
40
E aconteceu que, tendo todo o povo ouvido dizer que tinham passado os sete dias e
eu não tinha voltado para a cidade, reuniram-se todos, desde o pequeno ao maior, vieram
ter comigo e disseram-me:
41
Em que é que faltámos em relação a ti e que injustiça te fizemos para tu nos
abandonares e ficares neste lugar?
42
Com efeito, de todos os profetas ficaste apenas tu, como um cacho da vindima, como
uma lanterna num lugar escuro e como um porto de salvação para uma nave que se
encontra na tempestade.
43
ou talvez não nos bastem os males que já nos tocaram, para que também tu devas
deixar-nos?
44
Se de facto nos deixares também tu, teria sido muito melhor que no incêndio de Sião
tivéssemos ardido também nós,
45
porque de certeza não somos melhores que aqueles que aí morreram! E choraram em
voz alta.
46
Eu respondi-lhes e disse: Confia, Israel, e não te entristeças tu, casa de Jacó!
47
Com efeito a vossa recordação está diante do Altíssimo e o Forte não se esqueceu de
vós para sempre!
48
Nem sequer eu vos abandonei nem me fui embora de vós, mas vim para este lugar
para rezar pela desolação de Sião e para pedir misericórdia pela humilhação do nosso
santuário.
49
E agora ide cada um de vós para sua casa e eu irei ter convosco depois destes dias.
50
E o povo voltou para a cidade como lhe tinha dito.
51
Eu permaneci durante sete dias no campo, como me tinha ordenado, comendo só
flores agrestes e alimentando-me naqueles dias de erva.

13 Depois de sete dias aconteceu que de noite tive um sonho;


2
vi: e eis que se levantava do mar um vento tal que agitava todas as suas ondas;
3
olhei: e eis que o vento fez subir do profundo do mar alguma coisa semelhante a um
homem; olhei: e eis que aquele homem voava juntamente com as nuvens do céu; para
onde a sua face se voltava para olhar, tremia tudo o que se encontrava sob o seu olhar,
4
quando saía a voz da sua boca fundiam-se todos aqueles que a ouviam, como se
liquidifica a cera quando sente o fogo.
5
Depois disto olhei: e eis que se reunia uma multidão de homens, sem número, dos
quatro ventos do céu, para lutar contra aquele homem que tinha subido do mar;
6
olhei, e eis que ele esculpiu uma grande montanha, e voou para cima dela;
7
eu procurei ver a região ou o lugar onde o monte tinha sido esculpido, mas sem
conseguir.
8
Depois disto olhei: e eis que todos aqueles que se tinham reunido para o combater
tinham grande medo, mas ousavam igualmente combater.
9
E eis que, quando vi o assalto da multidão que vinha, não levantou a mão, nem
segurava a espada nem qualquer instrumento de guerra,
10
mas vi apenas que emitiu da sua boca como uma vaga de fogo, e dos seus lábios um
sopro de chama e da sua língua centelhas de tempestade:
11
todas estas coisas misturavam-se, a vaga de fogo, o sopro de chama e a grande
tempestade, e caíram em cima do assalto da multidão que estava pronta para combater,
queimando todos, tanto que, de repente, da inumerável multidão não se vê nada senão pó
de cinzas e odor de fumo apenas. Eu vi e fiquei estupefacto.
12
Depois disto vi aquele homem descer do monte, chamar a si uma outra multidão
pacífica,
13
e aproximarem-se dele figuras de muitos homens, alguns dos quais felizes, outros
tristes, outros ligados e outros que traziam aqueles que deviam ser oferecidos. Então eu,
pelo grande medo, despertei, esconjurei o Altíssimo e disse:
14
Desde o início mostraste ao teu servo estes prodígios e me consideraste digno de a
minha súplica ser ouvida.
15
Agora dá-me também a interpretação deste sonho!
16
Com efeito, de quanto posso perceber com a minha inteligência, ai daqueles que
restarem naqueles dias, mas muito mais daqueles que não restarem,
17
porque aqueles que não restarem serão tristes,
18
porque então compreenderão o que esteve reservado nos últimos dias, mas que não
tocará a eles.
19
Mas também àqueles que não restarem, ai destes; porque verão grandes perigos e
múltiplas dificuldades, como mostram estes sonhos.
20
Todavia é melhor que o homem chegue a estas coisas no meio dos perigos que passar
por este mundo como uma nuvem e não ver aquilo que acontecerá no fim.
21
Respondeu-me e disse: Eu te darei também a interpretação da visão e te revelarei
além disso as coisas de que te falei.
22
Visto que falaste daqueles que permanecerão e daqueles que não estarão, esta é a
interpretação:
23
aquele que naquele tempo trará o perigo, será ele mesmo a guardar aqueles que
caírem no perigo, mas que terão obras e fé junto do Altíssimo e forte.
24
Sabe, pois, que aqueles que ficarem serão benditos mais do que aqueles que estão
mortos.
25
Esta é a interpretação da visão: já que viste um homem que subia do profundo do
mar,
26
ele é aquele que o Altíssimo reserva há muito tempo, através do qual Ele dará a
liberdade ao que criou, enquanto será Ele mesmo a dar a nova ordem àqueles que ficaram.
27
Visto que viste sair da sua boca sopro, fogo e tempestade,
28
e que não tinha nem espada nem outros instrumentos de guerra, mas que anulou o
assalto daquela multidão que tinha vindo para combater com ele, a interpretação é esta:
29
eis que virão os dias em que o Altíssimo deverá libertar aqueles que estão sobre a
terra,
30
e aqueles que habitam a terra sairão do juízo:
31
Pensarão fazer guerra uns contra os outros, cidade contra cidade, terra contra terra,
povo contra povo, reino contra reino;
32
e acontecerá que, quando vierem estas coisas e chegarem os sinais antes que te
mostrei, então se revelará o Meu servo, que viste naquele homem que subia;
33
e acontecerá que, quando todos os povos ouvirem a sua voz, cada um deixará a sua
terra e a guerra que estavam a fazer uns aos outros;
34
uma multidão inumerável, como viste, se recolherá em conjunto, desejando vir
combatê-lo,
35
mas ele erguerse-á sobre o cimo do monte Sião.
36
Mas Sião virá e se revelará a todos, pronta e construída como aquele monte que viste
ser esculpido sem mãos.
37
Quanto a ele, o Meu Servo, acusará da sua impiedade os povos que foram recolhidos
— e isto é aquilo que é semelhante à tempestade;
38
os porá diante dos seus maus pensamentos e as torturas com as quais deverão ser
atormentados — e estas são de comparar às chamas; e os aniquilará sem fadiga com a lei
— e isto é de comparar ao fogo.
39
E visto que o viste reunir a si uma outra multidão pacífica:
40
aquelas são as dez tribos de Israel que foram conduzidas como prisioneiras da sua
terra no tempo do rei Oseias, capturadas por Salmanasar, rei da Assíria; ele transferiu-as
para lá do rio e foram deportadas para uma outra terra.
41
Eles, porém, tinham divisado para si abandonar a multidão dos povos e prosseguir
para uma região mais distante, onde nunca tinha habitado o género humano,
42
de modo a conservar ao menos ali as suas leis, como não tinham feito na sua terra.
43
Passaram pelas estreitas entradas do rio Eufrates;
44
de facto o Altíssimo fez-lhes milagres e parou a corrente do rio enquanto não
passaram.
45
Por aquela região, porém, passa uma longa via, dum ano e meio, e aquela terra
chama-se Arzareth.
46
Então habitarão ali e aí ficarão até ao fim; e quando tiverem de vir de novo,
47
de novo o Altíssimo parará a corrente do rio, de modo que possam passar; é por isto
que viste aquela multidão recolhida em paz.
48
Mas haverá também aqueles que, do teu povo, permanecerão, que serão encontrados
entre os Meus santos confins.
49
Acontecerá, por isso, que, quando Ele destruir a multidão dos povos que foram
recolhidos, protegerá aquele que tiver sobrevivido;
50
e então mostrará muitos prodígios.
51
Eu disse: Ó soberano Senhor, mostra-me isto: por que motivo eu vi um homem que
subia do profundo do mar?
52
Disse-me: Como ninguém pode perscrutar nem saber aquilo que está no profundo do
mar, assim ninguém sobre a terra poderá ver o Meu Servo, ou aqueles que estão com ele,
senão quando vier este dia.
53
Esta é a interpretação do sonho que tiveste e sobre isto só tu foste iluminado:
54
de facto, abandonaste as tuas coisas e aplicaste-te às minhas, procurando as minhas
leis;
55
dispuseste a tua vida na sabedoria e à razão chamaste-lhe tua mãe.
56
Por isso te mostrei aquelas coisas: é, com efeito, uma recompensa junto do Altíssimo,
mas depois de outros três dias te direi outras coisas, expondo-te os últimos milagres.
57
Eu fui embora e passei no campo glorificando e louvando o Altíssimo pelas
maravilhas que tinha realizado no tempo devido,
58
visto que ordena os tempos e aquilo que nos tempos acontece; e aí permaneci durante
três dias.

14 No terceiro dia aconteceu que eu sentei-me debaixo dum carvalho, e eis que uma
voz saiu duma sarça diante de mim e disse: Esdras, Esdras!
2
Eu disse: Eis-me, ó Senhor, pondo-me de pé.
3
Disse-me: Na verdade eu revelei-me numa sarça e falei a Moisés quando o meu povo
era escravo no Egito.
4
Enviei-o e fez sair o meu povo do Egito; fi-lo subir sobre o monte Sinai, tive-o junto
de mim durante muitos dias,
5
narrei-lhe muitas coisas admiráveis, mostrei-lhe os segredos dos tempos, fiz-lhe
conhecer o fim das épocas e dei-lhe uma ordem dizendo:
6
Estas palavras as tornarás conhecidas, e estas as terás escondidas.
7
E agora digo-te:
8
Os sinais que te mostrei, os sonhos que tiveste e as interpretações que ouviste, estas
coisas coloca no teu coração.
9
Tu, de facto, serás tirado de entre os homens e desde aquele momento em diante tu
estarás com o meu servo e com os teus semelhantes enquanto os tempos não tiverem
termo.
10
Porque o mundo perdeu a sua juventude e os tempos começam a envelhecer.
11
Com efeito a século está dividida em doze partes, das quais são já passadas a nona
12
e metade da décima; permanecem, por isso, duas, além da metade da décima parte.
13
Por isso agora põe em ordem a tua casa e repreende o teu povo; entre eles consola os
humildes, instrui os seus sábios, abandona já esta vida corruptível,
14
afasta de ti os pensamentos mortais, rejeita de ti os pesos humanos, despe-te já da
natureza fraca,
15
põe de parte os pensamentos que tanto te oprimem e apressa-te a sair destes tempos.
16
Com efeito, se produzirão depois males ainda piores do que aqueles que viste
acontecer agora,
17
porque quanto mais o mundo se torna débil pela velhice, tanto mais crescerão os
males sobre aqueles que nele habitam.
18
De facto afastar-se-á a verdade e se aproximará a mentira; já a águia que viste na
visão se apressa em vir.
19
Respondi e disse: Que eu possa falar diante de ti, ó Senhor!
20
Eis que eu vou, como tu me prescreveste, e repreenderei o povo presente; mas
aqueles que vierem depois, quem os exortará? O mundo, de facto, jaz na obscuridade e
aqueles que o habitam estão sem luz,
21
porque a lei foi queimada e, por isso, ninguém conhece as obras que realizaste ou o
que tu deves realizar.
22
Com efeito, se encontrei favor diante de ti, introduz em mim o santo espírito e eu
escreverei tudo aquilo que foi feito no mundo desde o início, as coisas que estavam
escritas na Tua Lei, de modo que os homens possam encontrar o caminho e vivam aqueles
que quiserem viver nos últimos dias.
23
Respondeu-me disse: Vai, reúne o povo e diz-lhe que não te procurem durante
quarenta dias;
24
quanto a ti, prepara muitas tabuinhas para escrever, e toma contigo Sarias, Dabrias,
Selemias, Ethan e Asihel, estes cinco, porque são capazes de escrever rapidamente;
25
virás aqui e eu acenderei no teu coração a lâmpada do intelecto, que não se apagará
enquanto não tiver termo o que deverás escrever.
26
Quando findares, algumas coisas as tornarás públicas, outras as entregarás em
segredo aos sábios. Começarás a escrever amanhã a esta hora.
27
Eu parti, como tinha prescrito, reuni todo o povo e disse:
28
Escuta, Israel, estas palavras!
29
Na verdade, os nossos pais antes habitaram como estrangeiros no Egito e dali foram
libertados;
30
receberam a lei de vida que, no entanto, não guardaram e que também vós
transgredistes depois deles.
31
A vós foi dada em sorte uma terra na terra de Sião, mas vós e os vossos pais
cometestes impiedade e não mantivestes os caminhos que tinha prescrito o Altíssimo.
32
Mas Ele, como justo juiz que é, tirou-vos no tempo devido o que vos tinha dado;
33
agora vós estais aqui, e os vossos irmãos ainda estão mais no meio de vós.
34
Por isso, se comandardes a vossa razão e disciplinardes o vosso ânimo, sereis
conservados vivos e obtereis misericórdia depois da morte,
35
porque depois da morte virá o juízo, quando voltarmos vivos uma segunda vez, e
então será revelado o nome dos justos e mostradas as acções dos ímpios.
36
Porém, ninguém se aproxime de mim nem me procure durante quarenta dias.
37
Tomei os cinco homens, como me tinha ordenado; partimos para o campo e
permanecemos lá.
38
No dia depois aconteceu-me que, eis uma voz me chamou dizendo: Esdras, abre a
boca e bebe o que eu te forneço.
39
Abri a boca e eis que me era oferecido um cálice cheio: era como se fosse de água,
mas a sua cor era semelhante ao fogo.
40
Eu tomei-o e bebi e, enquanto bebia, o meu ânimo fazia jorrar inteligência para fora
e no meu peito crescia a sabedoria, porque o meu espírito conservava a memória;
41
a minha boca abriu-se e não se fechou mais.
42
O Altíssimo deu inteligência também aos cinco homens, e o que lhes era dito, passo
a passo, escreviam-no em caracteres que não conheciam, ficando lá durante quarenta dias,
escrevendo durante o dia, e comendo pão durante a noite,
43
enquanto durante o dia falava, mas durante a noite não me calava.
44
Foram escritos, nestes quarenta dias, noventa e quatro livros.
45
Aconteceu que, quando se completaram os quarenta dias, o Altíssimo faloume
dizendo: Os vinte e quatro livros que escreveste antes torna-os públicos, que os leia quer
quem é digno quer quem é indigno;
46
mas os setenta escritos por último conserva-os, para os entregar aos sábios do teu
povo,
47
porque neles está a fonte da inteligência, a fonte da sabedoria e o rio do
conhecimento!
48
E eu assim fiz.

15 Eis que fala aos ouvidos do meu povo as palavras da profecia que porei na tua
boca, diz o Senhor.
2
Faça com que sejam escritos no papel, pois são fiéis e verdadeiros.
3
Não tenha medo das conspirações daqueles que são contra ti. Não deixe que ti
perturbe a incredulidade daqueles que falam contra ti.
4
Pois todos os incrédulos morrerão em sua incredulidade.
5
Eis, diz o Senhor, trago males sobre toda a terra: espada, fome, morte e destruição.
6
Pois a maldade prevaleceu sobre todas as terras e suas obras nocivas chegaram ao
limite.
7
Portanto, diz o Senhor:
8
Não me calarei mais quanto às maldades que cometem profanamente, nem os tolerarei
nestas coisas que praticam perversamente. Eis que o sangue inocente e justo clama por
mim, e as almas dos justos clamam continuamente.
9
Eu certamente os vingarei, diz o Senhor, e receberei para mim todo o sangue inocente
dentre eles.
10
Eis que meu povo é conduzido como um rebanho para a matança. Eu não permitirei
que agora morem na terra do Egito,
11
mas eu os farei sair com mão forte e com braço erguido, e ferirei o Egito com pragas,
como antes, e destruirei toda a sua terra.
12
Que o Egito e suas fundações chorem pela praga do castigo e pelo castigo que Deus
trará sobre ele.
13
Que lavradores que cultivam o solo prantem, pois suas sementes cairão e suas árvores
serão arruinadas pela praga e granizo e por uma terrível tempestade.
14
Ai do mundo e daqueles que nele habitam!
15
Pois a espada e sua destruição se aproximam, e nação se levantará contra nação com
armas em suas mãos para lutar.
16
Pois haverá sedição entre os homens e cada vez mais fortes uns contra os outros. Em
seu poder, não respeitarão seu rei ou o chefe de seus grandes.
17
Pois um homem desejará ir para uma cidade e não poderá.
18
Pois, por causa de seu orgulho, as cidades serão perturbadas, as casas serão destruídas
e os homens terão medo.
19
O homem não terá piedade de seus vizinhos, mas assaltará suas casas à espada e
saqueará seus bens, por falta de pão e por grande sofrimento.
20
Eis, diz Deus, convoco todos os reis da terra para os despertar desde do nascer do
sol, desde o sul, desde o oriente, e o Líbano, para se virarem uns contra os outros e
retribuírem as coisas que fizeram a eles.
21
Assim como fazem ainda hoje aos meus escolhidos, eu também o farei, e retribuirei
em seu seio. Diz o Senhor Deus:
22
Minha mão direita não poupará os pecadores, e minha espada não cessará sobre
aqueles que derramam sangue inocente na terra.
23
Um fogo saiu de sua ira e consumiu os fundamentos da terra e os pecadores, como
palha queimada.
24
Ai daqueles que pecam e não guardam os meus mandamentos! diz o Senhor.
25
Não poupá-los-eis. Siga teu caminho, filhos rebeldes! Não contamine meu santuário!
26
Porque o Senhor conhece todos os que o praticam, por isso os entregará à morte e à
destruição.
27
Pois agora os males vieram sobre toda a terra e permanecerás neles; pois Deus não o
livrará, porque pecou contra ele.
28
Veja, uma visão horrível aparecendo do leste!
29
As nações dos dragões da Arábia sairão com muitos carros. Desde o dia em que
partiram, o seu chiado é elevado sobre a terra, para que também todos os que os ouvirem
temam e tremam.
30
Além disso, os Carmonians, furiosos em cólera, sairão como os javalis da floresta.
Virão com grande poder e se juntarão à batalha com eles, e devastarão uma parte da terra
dos assírios com seus dentes.
31
Então, os dragões terão a vantagem, lembrando-se de sua natureza. Se voltarem,
conspirando juntos em grande poder para persegui-los,
32
então estes ficarão perturbados e guardarão o silêncio por meio de seu poder, e se
voltarão e fugirão.
33
Da terra dos assírios, um inimigo em emboscada os atacará e destruirá um deles.
Sobre seu exército haverá medo e tremor e indecisão sobre seus reis.
34
Eis as nuvens do leste e do norte ao sul! São horríveis de se ver, cheios de ira e
tempestade.
35
Irão se chocar. Derramarão uma forte tempestade sobre a terra, até mesmo sua
própria tempestade. Haverá sangue da espada na barriga do cavalo,
36
e para a coxa do homem, e para o jarrete do camelo.
37
Haverá temor e grande tremor na terra. Aqueles que virem essa ira ficarão com medo,
e o tremor os apoderará.
38
Depois disso, grandes tempestades surgirão do sul, do norte e outra parte do oeste.
39
Ventos fortes se levantarão do leste e o fecharão, sim, a nuvem que ele levantou em
cólera; e a tempestade que causaria destruição pelo vento leste será violentamente
empurrada para o sul e oeste.
40
Nuvens grandes e poderosas, cheias de ira, serão levantadas com a tempestade, para
que possam destruir toda a terra e os que nela habitam. Eles derramarão sobre cada
homem alto e altivo uma terrível tempestade,
41
fogo, granizo, espadas voadoras e muitas águas, para que todas as planícies se
encham, e todos os rios, com a abundância dessas águas.
42
Destruirão cidades e muros, montanhas e colinas, árvores da floresta e grama dos
prados e seus grãos.
43
Seguirão continuamente para a Babilônia e a destruirão.
44
Virão e o cercarão. Derramarão a tempestade e toda a ira sobre ela. Então a poeira e
a fumaça subirão ao céu, e todos os que estão ao redor ficarão de luto por isso.
45
Aqueles que permanecerem servirão àqueles que o destruíram.
46
Tu, Ásia, que é participante da beleza da Babilônia e da glória de sua pessoa –
47
Ai de ti, seu desgraçado, porque se fez como ela. enfeitou suas filhas para a
prostituição, para que pudessem agradar e se gloriar em seus amantes, que sempre a
desejaram!
48
seguiu aquela que é odiosa em todas as suas obras e invenções. Portanto, diz Deus:
49
Enviarei sobre vós males: viuvez, pobreza, fome, espada e peste, para devastar as
vossas casas e levá-los à destruição e à morte.
50
A glória do seu poder secará como uma flor quando o calor que é enviado sobre ti
aumentar.
51
ficarás enfraquecido como uma pobre mulher que é espancada e ferida, de modo que
não poderá receber seus poderosos e seus amantes.
52
Eu teria lidado contigo com tanto ciúme, diz o Senhor,
53
Se tu não tivesses sempre matado os meus escolhidos, exaltando as tuas palmas e
dizendo sobre os seus mortos, quando estavas bêbado?
54
Embeleze seu rosto!
55
A recompensa de uma prostituta estará em seu seio, portanto serás recompensado.
56
Assim como farás com os meus escolhidos, diz o Senhor, assim também Deus fará
contigo e o entregará aos seus adversários.
57
Seus filhos irão morrer de fome. Vais cair pela espada. Suas cidades serão destruídas,
e todo o teu povo no campo perecerá pela espada.
58
Os que estão nas montanhas morrerão de fome, comerão a própria carne e beberão o
próprio sangue, por terem fome de pão e sede de água.
59
Mais infeliz do que todos os outros, virás e receberás os males.
60
Na passagem, se precipitarão sobre a cidade odiosa e destruirão uma parte de sua
terra, desfigurarão parte de sua glória e retornarão novamente para a Babilônia que foi
destruída.
61
Serás derrubado por eles como restolho e serão para ti como fogo.
62
Ti devorarão, suas cidades, sua terra e suas montanhas. Queimarão todas as suas
florestas e tuas árvores frutíferas com fogo.
63
Levarão seus filhos cativos, saquearão sua riqueza e mancharão a glória de seu rosto.

16 Ai de ti, Babilônia e Ásia! Ai de vós, Egito e Síria!


2
Vista-se de saco e roupas de pêlo de cabra, pranteie por seus filhos e lamente; pois a
tua destruição está próxima.
3
Uma espada foi enviada sobre ti, e quem está ali para devolvê-la?
4
Um fogo foi enviado sobre ti, e quem está ali para apagá-lo?
5
Calamidades são enviadas sobre ti, e quem está ali para afastá-las?
6
É possível afugentar um leão faminto na floresta? Pode-se apagar o fogo com restolho,
depois de começar a queimar?
7
Pode-se virar uma flecha disparada por um arqueiro forte?
8
O Senhor Deus envia as calamidades, e quem as afastará?
9
Um fogo sairá de sua ira, e quem pode apagá-lo?
10
Lançará um raio, e quem não temerá? Trovejará, e quem não irá tremer?
11
O Senhor irá ameaçar, e quem não será totalmente despedaçado na sua presença?
12
A terra e seus alicerces tremem. O mar sobe com ondas do fundo, e suas ondas serão
agitadas, junto com os peixes nelas, na presença do Senhor e diante da glória de seu poder.
13
Pois a sua mão direita que curva o arco é forte, as flechas que ele atira são afiadas e
não errarão quando começarem a ser atiradas nos confins do mundo.
14
Eis que as calamidades são enviadas e não retornarão até que venham sobre a Terra.
15
O fogo está aceso e não será apagado até que consuma os alicerces da terra.
16
Assim como uma flecha disparada por um poderoso arqueiro não volta para trás, da
mesma forma as calamidades que são lançadas sobre a terra não voltarão novamente.
17
Ai de mim! Ai de mim! Quem ira me libertar nesses dias?
18
O início das dores, quando haverá grande luto; o início da fome, e muitos perecerão;
o início das guerras, e os poderes ficarão com medo; o início das calamidades, e todos
tremerão! O que farão quando as calamidades vierem?
19
Olhe, fome e peste, sofrimento e angústia! São enviados como flagelos para correção.
20
Mas, apesar de tudo isso, não os desviarão de sua maldade, nem estarão sempre
atentos aos flagelos.
21
Eis que a comida será tão barata na terra que pensarão que estão em boas condições
e, mesmo assim, as calamidades crescerão na terra: espada, fome e grande confusão.
22
Pois muitos dos que habitam na terra morrerão de fome; e outros que escapam da
fome, a espada destruirá.
23
Os mortos serão lançados fora como esterco, e não haverá ninguém para confortá-
los; pois a terra ficará desolada e suas cidades serão destruídas.
24
Não haverá mais lavrador para cultivar a terra ou semeá-la.
25
As árvores darão frutos, mas quem os colherá?
26
As uvas vão amadurecer, mas quem as pisará? Pois em todos os lugares haverá uma
grande solidão;
27
pois um homem desejará ver outro ou ouvir sua voz.
28
Pois de uma cidade restarão dez, e dois do campo, que se esconderam nos bosques
espessos e nas fendas dos rochedos.
29
Como em um pomar de azeitonas em cada árvore, podem sobrar três ou quatro
azeitonas,
30
ou quando o vinhedo é colhido, existem alguns aglomerados deixados por aqueles
que procuram diligentemente através do vinhedo,
31
mesmo assim, naqueles dias, haverá três ou quatro deixados por aqueles que revistam
suas casas com a espada.
32
A terra ficará desolada e seus campos servirão de sarças, e suas estradas e todos os
seus caminhos crescerão espinhos, porque nenhuma ovelha passará por elas.
33
As virgens chorarão por não terem noivos. As mulheres ficarão de luto, não tendo
maridos. Suas filhas ficarão de luto, sem ajudantes.
34
Seus noivos serão destruídos nas guerras e seus maridos morrerão de fome.
35
Ouçam agora estas coisas e entendam-nas, servos do Senhor.
36
Eis a palavra do Senhor: receba-a. Não duvide das coisas sobre as quais o Senhor
fala.
37
Eis que as calamidades se aproximam e não tardam.
38
Assim como uma mulher com filho no nono mês, quando a hora do parto se
aproxima, dentro de duas ou três horas grandes dores cercam seu útero, e quando a criança
sai do útero, não haverá espera por um momento,
39
mesmo assim, as calamidades não tardarão em vir sobre a terra. O mundo gemerá e
as tristezas se apoderarão dele por todos os lados.
40
Ó meu povo, ouve a minha palavra: prepara-te para a batalha e, nessas calamidades,
sê como os estranhos na terra.
41
Quem vende seja como quem foge, e quem compra como quem perde.
42
Que aquele que faz negócios seja como aquele que não lucra com isso, e aquele que
edifica, como aquele que não quer habitar nela,
43
e quem semeia, como se não quisesse colher, assim também quem poda as vinhas,
como quem não colhe as uvas,
44
os que se casam, como os que não terão filhos, e os que não se casam, como as viúvas.
45
Por causa disso, aqueles que trabalham, trabalham em vão;
46
pois os estrangeiros colherão seus frutos, saquearão seus bens, destruirão suas casas
e levarão seus filhos cativos, pois no cativeiro e na fome conceberão seus filhos.
47
Aqueles que conduzem negócios, o fazem apenas para serem pilhados. Quanto mais
eles adornam suas cidades, suas casas, suas posses e suas próprias pessoas,
48
mais irei odiá-los por seus pecados, diz o Senhor.
49
Assim como uma mulher respeitável e virtuosa odeia uma prostituta,
50
assim, a justiça odiará a iniquidade, quando ela se adornar, e a acusará na cara,
quando vier aquele que defenderá aquele que diligentemente busca cada pecado na terra.
51
Portanto, não seja como ela ou suas obras.
52
Por ainda um pouco, e a iniquidade será tirada da terra, e a justiça reinará sobre nós.
53
Não deixe o pecador dizer que não pecou; pois Deus queimará brasas de fogo na
cabeça daquele que diz: Não pequei diante de Deus e da sua glória.
54
Eis que o Senhor conhece todas as obras dos homens, sua imaginação, seus
pensamentos e seus corações.
55
Ele disse: Faça-se a terra, e foi feito: Faça-se o céu, e foi feito.
56
Com sua palavra, as estrelas foram estabelecidas e ele sabe o número delas.
57
Ele pesquisa as profundezas e seus tesouros. Ele mediu o mar e o que nele contém.
58
Fechou o mar no meio das águas, e com a sua palavra, ele pendurou a terra sobre as
águas.
59
Estendeu o céu como uma abóbada. Ele o fundou sobre as águas.
60
Fez nascentes de água no deserto e lagoa no topo das montanhas para enviar rios das
alturas para regar a terra.
61
Formou o homem e colocou um coração no meio do corpo e deu-lhe fôlego, vida e
compreensão,
62
sim, o espírito do Deus Todo-Poderoso. Aquele que fez todas as coisas e busca as
coisas escondidas em lugares escondidos,
63
certamente conhece sua imaginação e o que pensam em seus corações. Ai daqueles
que pecam e tentam esconder seus pecados!
64
Porque o Senhor irá investigar exatamente todas as suas obras, e irá envergonhar
todos vós.
65
Quando seus pecados forem apresentados aos homens, terás vergonha, e suas
próprias iniqudades permanecerão como seus acusadores naquele dia.
66
O que irás fazer? Ou como irás esconder seus pecados diante de Deus e seus anjos?
67
Eis que Deus é o juiz. Tema-o! Pare de pecar e esqueça suas iniquidades, para nunca
mais cometê-las. Assim, Deus o guiará e o livrará de todo sofrimento.
68
Pois eis que a ira ardente de uma grande multidão está acesa sobre ti, e irão tirar
alguns de vós e alimentá-los com aquilo que é sacrificado aos ídolos.
69
Os que consentirem serão considerados com escárnio e desprezo, e pisoteados.
70
Pois haverá em vários lugares, e nas próximas cidades, uma grande rebelião contra
aqueles que temem ao Senhor.
71
Serão como loucos, não poupando ninguém, mas roubando e destruindo aqueles que
ainda temem ao Senhor.
72
Pois destruirão e saquearão seus bens, e os expulsarão de suas casas.
73
Então o julgamento de meus eleitos será conhecido, assim como o ouro que é
provado no fogo.
74
Ouvi, meus eleitos, diz o Senhor: Eis que os dias de sofrimento estão próximos e eu
vos livrarei deles.
75
Não temas e não duvide, pois Deus é o teu guia.
76
Vós que guardais os meus mandamentos e preceitos, diz o Senhor Deus, não deixes
que os teus pecados ti pesem e não permitas que as tuas iniquidades se elevem.
77
Ai daqueles que estão sufocados com seus pecados e cobertos com suas iniquidades,
como um campo está coberto de arbustos e seu caminho coberto de espinhos, que
ninguém pode passar!
78
É desligado e entregue para ser consumido pelo fogo.

Você também pode gostar