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Instituto Pan Grisa de Parapsicologia e Potencial Psíquico

MÉTODO GRISA RJ

CURSO DE PARAPSICOLOGIA

A Paranormalidade no Tempo

Nome: _________________________________

“Abrindo Fronteiras de Um Novo Tempo”

“Abrindo Caminhos para Um Novo Ser”

www.metodogrisarj.com.br

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SUMÁRIO

1. A Paranormalidade no Tempo……………..………………........................................3

1.1 Na Pré-História e Antiguidade …………………….………………………...3

1.2 Na Idade Média …………………………………………….………………17

1.3 Na Atualidade ………………………………………………………..…..…35

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1. A Paranormalidade no Tempo

A Paranormalidade na
Pré-História e na Antiguidade

As manifestações da paranormalidade ocorreram em todos os lugares, em todos os


povos e em todas as épocas. São aqueles fenômenos, conhecidos ainda hoje como visões,
aparições, assombrações, feitiços, magia, adivinhações, encantamentos, que, ao longo dos
séculos, receberam as mais variadas explicações e denominações: são manifestações dos
espíritos, dos demônios, dos deuses, do sobrenatural.
Hoje a parapsicologia científica e independente explica esses fenômenos como
ocorrência humana, resultante da presença, no ser humano, de uma faculdade natural, ou
especial, denominada paranormalidade.
Sendo a paranormalidade uma faculdade natural de todo ser humano, as suas
manifestações ocorreram desde o surgimento da espécie humana na terra.

Conceitos da Pré-história
Na Pré-história, o homem, cujas informações eram muito limitadas, concebeu a
existência de uma outra vida após a morte do corpo físico. Tem início o culto pelo misterioso,
pelo sobrenatural. O mundo invisível é então povoado por espíritos, que podem interferir no
mundo dos vivos, segundo o imaginário próprio da época. O homem procura, então, por meio
de vários processos, uma conciliação com o mundo dos espíritos. Surge assim o culto aos
mortos. Às pessoas daquela época parecia que os mortos permaneciam vivos; pois, se
manifestariam pelos sonhos. Os fenômenos da natureza, que também constituem um mistério,
são divinizados. A concepção da divindade (Ser Supremo) dá origem à religião e ao
ritualismo, que são todas as formas pelas quais o homem busca ajuda e reverência à
divindade.
Nas civilizações antigas, religião e magia se confundem. A dependência do homem
dos poderes superiores leva-o a utilizar a magia, que em última análise é uma troca, um
intercâmbio. O homem faz a oferenda e espera-se que a divindade faça a sua parte.
Entretanto, para promover a comunicação com as divindades e obter sua benevolência,
é necessário sabedoria, sutileza, um dom especial. É aqui que entra a paranormalidade. Então,
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aparece o feiticeiro, o sacerdote, as pitonisas, os adivinhos, os profetas, que são os
intermediários entre o mundo real e o sobrenatural.

Conceitos da Antiguidade

A Antiguidade é o período da História da Humanidade que se inicia quando o homem


começou a fazer uso da escrita (4.000 a.C.) e termina no ano de 476 d.C. Neste período
estudam-se as primeiras civilizações.
No Oriente Médio, berço da civilização, surgiram grandes impérios. Os primeiros a
ocupar a região da Mesopotâmia foram os sumérios, povo de origem incerta, implantaram as
bases da civilização. Fundiram-se aos acádios, povo semita do deserto da Arábia e fundam o
Império de Acade (2.300 a.C.). Por volta de 2.000 a.C., elamitas e amoritas invadem a região.
Elamitas são expulsos. Amoritas e sumérios fundam Babilônia, assim denominada por
instalar a capital na cidade de Babel dos acádios, atingindo o apogeu por volta de 1.700 a.C.
com Hamurabi. Sofre a invasão dos hititas, os quais enfraquecem o reino, sendo conquistados
pelos assírios. O Império Assírio termina em 612 a.C. quando são expulsos pelos caldeus.
Estes são conquistados pelos persas em 539 a.C.
Esses povos, em seus centros urbanos e espaços agrícolas, desenvolvem
conhecimentos de várias áreas: Astronomia, Astrologia, Sistemas Terapêuticos (Medicina),
Matemática, noções de Geografia e História... e, constroem diferentes templos dedicados a
suas divindades. Nesses templos desenvolvem-se estudos, orientados pelos sacerdotes e
outros sábios, nas áreas acima citadas.
No vale do rio Nilo os egípcios. No ocidente, Grécia e Roma constituem a
antiguidade clássica.
Mas, foi na região da Mesopotâmia que surgiu a magia, a arte divinatória e a
astrologia. Os persas a difundiram pelo mundo então conhecido: Egito, Grécia e Roma.
A religião dos povos mesopotâmicos não era uma religião ética. Não ensinava
preceitos morais ou espirituais. De concepção fatalista, os homens deviam prestar culto aos
deuses para obter proteção e resignar-se a um destino já traçado pelos deuses caprichosos e
exigentes. A vida após a morte não constituía grande preocupação. O medo do porvir, o
medo da ira e da vingança dos deuses, levou ao desenvolvimento da arte da magia, pela qual
o homem acredita poder manipular as forças da natureza e neutralizar a ação maléfica dos
espíritos ou demônios.
Os mais antigos testemunhos da história dos povos mesopotâmicos são tabuinhas de
argila, em escrita cuneiforme, nas quais se encontram escritos temas mágicos.
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Para essas civilizações os deuses são bons ou maus. O mundo sobrenatural é dualista
e se acredita que apenas por fatalidade estas forças são boas ou más. No inferno (Mansão dos
Mortos) habitam espíritos, ou demônios, bons ou maus, que, de uma ou outra
maneira,influem no decorrer dos acontecimentos deste mundo. A linha geral dos
acontecimentos não pode ser modificada, mas algum fato pode ser alterado, propiciando-se
aos espíritos bons ou maus. Assim, pelo dualismo, nasceu a magia benéfica ou magia
maléfica, que mais tarde fica sendo conhecida por magia branca e magia negra.
No antigo Egito a magia branca refere-se à magia desenvolvida na região do deserto,
caracterizado pela areia branca; a magia negra ou vermelha é a magia praticada na região
alagada pelo Rio Nilo, terra fértil e produtiva, que alimenta a população e é preciso atrair a
benevolência dos deuses para evitar as calamidades relativas a enchentes e às secas.
Só os deuses sabem das coisas. Para se descobrir o pensamento dos deuses
examinam-se as vísceras dos animais sacrificados ao deus. É a divinação ou adivinhação.
Outros elementos são utilizados com essa finalidade: óleo, cera, água, grão, etc. Entre os
gregos tal prática é conhecida como mantéia (mancia).
O desejo e o pensamento dos deuses também podia ser interpretado pela posição dos
astros no céu – astrologia.
As práticas divinatórias, a magia e a astrologia, assumiram tal importância que, no
tempo do Império Babilônico e depois Império Caldeu, existia uma casta de sacerdotes
oficiais com várias especialidades: adivinhos, profetas, exorcistas e eram preparados nas
escolas oficiais do Estado. Na Antiguidade a profecia era institucionalizada.
Uma das crenças mais interessante e antiga surgiu no Egito. O homem possui uma
alma – Ba e o duplo do corpo – o Ka, imagem idêntica a do corpo físico, constituído por um
fluído. O Ka sobrevive à morte do corpo e, para que o Ka não seja destruído, é necessária a
conservação do corpo material – a mumificação. A imortalidade era a idéia central da
religião dos antigos egípcios, a qual desempenhou papel predominante na sociedade.
Na Grécia, lugar de destaque foi ocupado pelos inúmeros Oráculos. Oráculo significa
resposta. Consiste num diálogo entre um sacerdote e um deus, tendo como intermediária uma
pitonisa. Na Grécia existiram muitos Oráculos, sendo o mais famoso o de Delfos, onde o
próprio deus Apolo era invocado para dar respostas. Grande foi a influência exercida pelos
oráculos, sobretudo entre os séculos VIII e V a.C. Nada se fazia na antiga Grécia sem uma
prévia consulta aos oráculos.

Entre os romanos os sacerdotes agrupavam-se em colégios. Os áugures eram os


profetas oficiais e gozavam de muito prestígio. Os arúspices eram especialistas em

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adivinhação, cuja especialidade era interpretar a vontade dos deuses pelo exame das
entranhas dos animais sacrificados, principalmente o fígado, considerado o órgão mais vital.
(aruspicina).

1.1 - Manifestações da paranormalidade na Pré-história e na


antigüidade

A magia na pré-história

 Paleolítico inferior – não se tem registros.


 Paleolítico Médio – (mais ou menos 90.000 a.C.)
- primeiras atividades mágicas – ritos mortuários. O homem prolonga sua vida em
um mundo invisível. Crença em uma Segunda existência.
- Expressões em cavernas – desenhos.
- Rituais de caça.
 Paleolítico superior – (mais ou menos 30.000 a.C.)
- O natural confundido com o sobrenatural e o homem pode passar facilmente de
um para outro.
- Representações dramáticas – cantos, músicas, danças iniciáticas – que atuam
sobre os seres sobrenaturais.
- Crença de que é possível a comunicação com os espíritos dos mortos.
- É uma qualidade de origem divina possuída pelos feiticeiros ou pelos chefes.
- Desenvolvem os ritos de caça e guerra.
- Efetuam-se operações mágicas para “encontrar” o inimigo ou aos animais.
- Ritos da puberdade e da fecundação.
 Neolítico (18 a 4 mil a.C.)
- Consciência do homem primitivo a submissão aos poderes maiores.
- Oração (fazia comunicação) – petição e ação de graças!
- Ritual – gestos, danças, cantos.
- Sacrifício – homem consagra nos poderes superiores algum objeto de estima ou
valia (para impressionar).
- Surge o conceito de “sagrado”.
- Oficiante do culto – sacrificados, gratidão do altar, curador, feiticeiro.
- Local do culto – sob uma árvore ou monolito.
- Surgem as povoações – cidades – templos.

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Conceitos:
Magia – em seu processo busca dominar as forças superiores e colocá-las a serviço do
homem. É um saber subjetivo, autoritário, reservados aos seus adeptos.
Religião – reconhece a existência de uma força superior, que não pode dominar e que
terá que se submeter e respeitar.
Ciência – é a descoberta da verdade objetiva das leis da natureza, que podem ser
comprovadas por qualquer pessoa que repita a experiência.

“Cada vez que na história da humanidade se produziram


desgraças, guerras, catástrofes naturais, que puseram em
perigo o ser humano, a função crítica mostrou um
retrocesso e como conseqüência desabrocha o
pensamento mágico primitivo, sempre latente na alma
humana”. (Fontani)

A Magia e a Religião na Antigüidade

Antigüidade ou Idade Antiga é o período da História que começa com a invenção da


escrita e termina com a queda do Império Romano do Ocidente em 476 A.D.
O Oriente Médio foi o berço das primeiras civilizações. Na Mesopotâmia, palavra
grega que significa “terra entre rios”, vale dos rios Tigre e Eufrates, vários povos sucederam-
se: sumérios, acádios, assírios, hititas, amoritas, medos, lídios, cassitas, caldeus, persas,
civilizações que deram origem a grandes impérios: sumérios e acádios fundaram o Império de
Acad. Sumérios e amoritas fundam o Primeiro Império Babilônico. Sucedeu o Império
Assírio. Vencidos pelos medos e caldeus, que fundam o Segundo Império Babilônico ou
Caldeu. No Vale do rio Nilo, os egípcios. Na Ásia Menor e Ilhas do Mediterrâneo os hititas,
os gregos, os fenícios os hebreus. No planalto do Irã, os persas. No Ocidente a civilização
grega e romana constituem a Antigüidade Clássica.
Civilização que apresentam muitas similaridades. Na religião todos politeístas com
exceção do povo hebreu.
A magia e as práticas divinatórias surgiram em função da religião bem como os
adivinhos, os profetas, os videntes, os astrólogos, os bruxos. A profecia era institucionalizada.
Tinha finalidade política, econômica e social.

Sumérios

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A Suméria é a civilização mais antiga que se conhece. Surgiu por volta de 5.000 a C.
Se atribui aos sumérios a invenção da escrita. Os mais antigos achados são tabuinhas em
escrita cuneiforme.
Deram início à vida urbana. O templo era o edifício mais importante. Era a casa da
divindade mas servia também de observatório, biblioteca, escola, celeiro e residência para os
sacerdotes e juizes.
O sacerdote representava a divindade padroeira. Respeitado pelos dons especiais. Suas
funções eram: administrador, astrólogo, profeta. Exercia grande influência política.
Religião – adotada por outros povos mesopotâmicos.
Os fenômenos da natureza eram atribuídos aos deuses. Não ensinava preceitos morais,
éticos ou espirituais. A vida após a morte não constituía preocupação. Não existia crença num
céu ou num inferno.
- Politeísta – havia duas trindades
1 – ANU (o céu) pai de todos os deuses; ENLIL (a terra) deus da terra; EA (a água)

deus das águas.

2 – SIN (a lua) SHAMASH (o sol) deus da justiça; ISHTAR (Vênus) a deusa–mãe,


deusa da fecundidade.
Cada cidade tinha seu deus padroeiro e protetor. Em cada cidade havia um templo
dedicado a deusa Ishtar.
Inicialmente os deuses eram representados por figuras de animais (zoomorfismo) e
mais tarde adquiriram forma humana (antropomorfismo). Somente os gênios protetores e os
espíritos maléficos eram representados com cabeça de animal sobre corpo humano ou com
face humana sobre corpo de animal (antropozoomorfismo).
Dualista – Os deuses eram capazes tanto do Bem como do Mal. Ex: O Sol.
Fatalista – Os deuses traçavam o destino dos homens.
Culto – Servir aos deuses. Obter proteção.
Sacrifício – Aplacar a ira dos deuses.
Divinação– O exame das vísceras dos animais sacrificados revelavam a vontade e o
pensamento dos deuses.
Práticas divinatórias – Surgiu da necessidade de conhecer o futuro.
A magia – O mundo sobrenatural é dualista.
Acreditavam num inferno povoado de espíritos bons e maus capazes de interferir nos
acontecimentos do mundo. Algum fato pode ser alterado propiciando-se aos espíritos.

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Propiciando-se aos espíritos bons, os magos encantadores procuram fazer o bem  magia
benéfica; propiciando aos espíritos maus  magia maléfica.
Qualquer fenômeno, trivial que fosse, eram indicativos de eventos futuros;
comportamento de animais, aves, anomalias em crianças ou animais.
Usavam elementos vários dos quais tiravam presságios: água, azeite, cera, folhas,
pedras preciosas, cristais, anéis.
Exemplos:

- Observação do vôo e do pio das aves-ornitomancia, e das vísceras depois de terem


sido mortos.
- Exame da água contida num recipiente especial que submetida a um ritual,
adquiria a propriedade de emanar sons. Alguns sacerdotes possuíram o dom de
“ouvir” esses sons e tirar presságios – hidromancia.
- Exame de gotas de azeite ou cera deitadas à água: tiravam presságios da forma que
as ditas gotas assumiam pela distância entre as gotas que se detinham na superfície
ou pela sua fragmentação. – lecanomancia.
- Exame do modo de sussurrar das folhas de palmeira, carvalho e loureiro –
filomancia.
- Interpretação do significado dos sonhos – oniromancia.

Para se proteger da ação maléfica dos espíritos usavam: fórmulas de esconjuro, varinhas
mágicas, círculos mágicos, água, fogo, danças rituais, amuletos, talismãs e rituais solenes
oficiais.

Sacerdotes – Havia escolas oficiais que preparavam os sacerdotes nas várias


especialidades: e recebiam diferentes denominações: Mahhu era o sacerdote profeta; Baru o
vidente; Asipu, o exorcista. As sacerdotisas profetisas denominavam-se Entu e as que eram
apenas videntes chamavam-se Natifu. Osaphin era o sacerdote que tinha a capacidade de
ouvir os “sons” da água mágica. Quando exerciam suas atividades preparavam-se física e
psicologicamente através de orações, jejum, danças rituais, música, sufumigação. Tais
práticas favoreciam as capacidades de vidência.
Todas as capacidades dos sacerdotes vinham, segundo acreditavam, dos deuses. Para os
babilônios, o deus Marduk. O sacerdote era apenas um intermediário.

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Astrologia – Concepção dos Caldeus: a vontade dos deuses podia ser interpretada pela
posição dos astros no céu. Identificam os deuses nos astros. Divididos em três grupos:

1- Benéficos – Júpiter e Vênus.


2- Maléficos – Saturno e Marte.
3- Ambíguos – Sol, a Lua e Mercúrio.

Organizaram tabelas astrológicas, das quais extraiam horóscopos: predição do destino


da pessoa pela situação dos astros no céu no dia do seu nascimento.

Hebreus
O primeiro patriarca hebreu – Abraão, nasceu na cidade de Ur dos sumerianos. Teria
partido para Harã no ano 1926 a C.
Religião – a princípio, misto de animismo e fetichismo. Havia várias divindades. A
adoração se dirigia a um só: Javé (monolatria)
Moisés – revelação no Monte Sinai (a personalidade de Deus).
Isaias – monoteísmo universalista.
A convivência dos hebreus com os povos mesopotâmicos e posteriormente os judeus no
“Cativeiro da Babilônia”, influenciou de certo modo suas crenças.

DEUTERONÔMIO 18.9,11 – citação que proíbe a adivinhação, a astrologia, o


feiticismo, a magia (benéfica ou maléfica) espiritismo, evocação dos mortos, indica que tais
práticas eram usuais.
- O rei Saul consulta a pitonisa de Endor. I SAM 28.7,20
- Oniromancia – através dos sonhos JAVÉ se manifestava para iluminar os homens.
- Daniel interpreta o sonho de Nabucodonosor.
- Daniel interpreta as palavras Mane, thekel phares. DANIEL 5,25

Profecias – gr. Pro e phemi – dizer de antemão.


- Aconteciam de forma natural, quer em estado de êxtase (estado alterado de
consciência) no sono ou em vigília. Demostraram possuir, além dos dotes de inspiração divina
(a profecia era sagrada) capacidades paranormais, conhecidas hoje como Percepção Extra-
Sensorial –telepatia, clarividência e Pré-Cognição.
Os mais notáveis profetas da Bíblia foram, entre muitos outros: JEREMIAS – 7,
EZEQUIEL – 36, ELISEU – II dos REIS – 6 , ISAIAS.
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Qabbala (Cabala) “tradição recebida” perfeição da arte divinatória baseada na
Aritmomancia. Tradição oral somente escrita na Idade Média. Deu origem a Numerologia.

- Os judeus admitiam a natureza ternária do homem: corpo material ou nephch;


períspirito ou mach; espírito ou neshamah.

Persas

Pertenciam ao grupo ariano que se instalaram no planalto do Irã. Vizinhos dos


babilônios e depois dos assírios, os persas adotaram a escrita cuneiforme adaptando-a a sua
língua, copiaram a arquitetura e a arte da guerra.
Em 539 a C. Ciro, rei da Pérsia conquistou a Babilônia. Já havia conquistado a Média,
a Lídia de Creso, na Ásia Menor. O Egito foi conquistado por Cambises, formando assim o
maior e último grande império do Antigo Oriente.
Foram os persas que espalharam pelo mundo então conhecido as práticas divinatórias,
a magia e a astrologia.
A facilidade dos persas nessas conquistas se deve ao respeito com que tratavam os
povos conquistados: respeitavam a religião, os costumes, as leis.

Religião
Politeístas, adoravam muitos deuses, representativos das forças da natureza, em
especial o fogo. Não construíram templos. O fogo, conservado permanentemente sobre uma
torre, representava a luz. Os rituais de adoração eram dirigidos pelos sacerdotes magos.
No séc. VII a C. surge uma nova religião, reforma pregada pelo profeta Zoroastro
Monoteísta, baseada no dualismo entre o Bem e o Mal, princípios antagônicos e inimigos.
Aura-mazda é o deus verdadeiro, caminho da verdade, da luz, da justiça. Ormuz é o criador
do céu e da terra, dos homens, e tudo quanto é bom e agradável no Universo. Outras
divindades menores auxiliam Ormuz na tarefa de governar o mundo. Destas , o mais
importante é Mitra, o Sol, responsável pelo equilíbrio universal. Mas Ormuz é combatido pelo
deus do mal, Ahrimã, responsável por todas as desgraças – o crime, a dor, a seca, as trevas, as
doenças, o pecado.
Mitraismo – rituais secretos só permitido para os homens, visava sobretudo preparar
bons guerreiros.
A palavra mago deriva de magh ou mahhindu de sânscrito Maha = grande, que
significa homem sábio. Mag ou Maha é também raiz da palavra magia.
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Egito

Considerado a terra dos mistérios, dos segredos, entretanto em relação a magia dos
caldeus, os egípcios tiveram muito mais a aprender do que ensinar. A cultura egípcia foi
profundamente marcada pela religião. As artes (pintura, escultura, arquitetura) se
desenvolveram em função da religião, na crença da imortalidade.

Religião
Politeísta, zoomórfica, antropozoomórfica e antropomórfica.

Monoarquianismo – (Médio Império) entre muitas divindades havia um deus principal - RÁ.
Preocupação com a vida além-túmulo.
Crença na imortalidade.
Espiritualidade – concepção.
O homem compõe-se de três elementos:
1- o corpo visível.
2- alma ou Ba (elemento afetivo).
3- o duplo do corpo – Ka (imagem igual a do corpo constituída por um fluido). O Ka
sobrevive a morte do corpo. Necessária a mumificação (a conservação do corpo garante a
imortalidade).
Nova concepção – o morto deve comparecer ao Tribunal de Osiris para ser julgado de
acordo com seus feitos na vida terrena.
Livro dos mortos – coletânea de textos de fundo moral. Devia ser recitado pelo morto
no julgamento.
Sacerdotes – classe privilegiada de grande poder e influência. Eram preparados nas
“Casas da Vida”, escolas nas quais lhes era revelada a ciência mágica secreta.
Templos – magníficas construções. Era a morada do deus. Os fiéis não tinham acesso.
Somente o Faraó e a classe sacerdotal.
Mistérios – (assim denominado pelos gregos) Cerimônias iniciáticas. Revelavam as verdades
relativas entre a vida e a morte. Mistério Osiriano vinculado a teoria do Ká.

A noção de imortalidade foi aprendida pelos egípcios que, dependentes da natureza,


todos os anos observaram que as sementes morrem para depois ressuscitar, ganhar nova vida.
Oráculo – O Ká podia incorporar-se às estátuas sendo possível comunicar-se com elas.
Oniromancia – muito praticada. José interpreta os sonhos do Faraó. Gênesis – 37
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O livro de Tot – deu origem ao Tarot, baralho de cartas usados em quiromancia.

Datilomancia – agitação de anéis suspensos sobre ervas mágicas.

Talismãs, amuletos – proteção contra maus espíritos.


Calendário de dias fastos e nefastos.
Alquimia – Os alquimistas de épocas posteriores afirmam que sua arte se originou no Egito.
Sabe-se que extraiam ouro e prata de cristais de quartzo que eram trituradas com
pesadas máquinas manuais, mas havia também técnicas mais avançadas e eficientes que eram
guardadas em segredo.
A civilização egípcia terminou no ano 525 a C. Na época, governava o Egito
Psamético III da XXVI dinastia. Seu exército foi vencido pelas tropas de Cambises, rei da
Pérsia. O Egito foi província pérsia até 332 a C., quando foi conquistado por Alexandre – o
Grande.

Grécia

Religião – Politeísta, antropomórfica. Os deuses e deusas representavam as forças da


natureza. Doze eram os deuses principais e cada um correspondia a um aspecto da natureza
humana. Dotados de sentimentos e vontades parecidos com os dos homens.

Função da religião
- Explicar os fenômenos da natureza.
- Justificar as fraquezas humanas.
- Obter favores e proteção.
Cultos – cantos, oferendas libações e sacrifícios. Não tinham o costume de prostrar-se.
Consideravam indigno de homem livres. Religião de pouco conteúdo ético. Não apresentava
dogmas de fé ou mandamentos morais. O culto não tinha a finalidade de espiar os pecados.
Acreditavam no destino (Moira).
Culto dos antepassados – culto doméstico. Acreditavam que os mortos continuavam
suas vidas no além, com as mesmas necessidades dos vivos.
Templos – símbolo da grandeza e prosperidade das cidades. Os fiéis não tinham
acesso.
Sacerdote – não constituía uma classe privilegiada, não exercia influência moral.
A religião não era livre de superstição. A crença em augúrios e predição da sorte era
especialmente forte e alguns deuses se notabilizaram por seus poderes proféticos.
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No século, V a.C., Ciro conquistou a Lídia, o reino de Creso na Ásia Menor e algumas
cidades gregas foram anexadas à Pérsia. Foi assim que o povo heleno manteve contato com o
Oriente. Magos, adivinhos, astrólogos se infiltraram na Ásia Menor e lentamente invadiram o
país. Os gregos assimilaram os mitos, os símbolos, os rituais, as práticas adivinhatórias, a
magia, a astrologia que passa a fazer parte do seu sistema de crença.

Práticas adivinhatórias – quase todos do Oriente Médio.


Mancia – gr. Mantéia = predição.
- Ornitomancia – sobre cisnes, andorinhas, águias (as aves eram mensageiras dos
deuses).
- Aleuromancia – adivinhação por meio de farinhas.
- Teratomancia – (theratos = acontecimento casual). Tiravam presságios de
acontecimentos fortuitos: encontro com determinadas pessoas, o ladrar de um cão, o cantar de um galo,
um gato que atravessa o caminho.

- Quiromancia – leitura das linhas das mão.


- Extraiam presságios do lançamento de dados (tria) dos ovos, se estalavam ou
transpiravam. Números como 3,7, e 9 e seus múltiplos tinham grande significado. (aritmomancia).

- Oráculo – prática que veio do Egito. Oráculo significa resposta e consiste num
diálogo entre um deus e um sacerdote, por intermédio de uma pitonisa ou pítia, nome
derivado de Piton que segundo a lenda era um dragão fêmea que fora liquidado neste local,
pelo deus Apolo.
Nada se fazia na Grécia Antiga sem uma prévia consulta ao Oráculo. Dodona era o
mais antigo. Delfos o mais famoso. As perguntas dos consulentes eram transmitidas à Pítia
pelo sacerdote. As Pítias preparavam-se previamente: purificação com água, mascava folhas
de loureiro e espigas de cevada, aspirava os eflúvios que emanavam da fenda da gruta, onde
se instalava a Pítia. Entrava numa espécie de delírio (transe) e entre palavras desconexas dava
seus oráculos. O sacerdote ordenava em verso ou em prosa e então entregava ao consulente.
Geralmente respostas ambíguas.
No frontão do templo de Apolo estavam escritas as palavras “Conhece-te a ti mesmo”.
Sócrates. Tinha desprezo por todos os oráculos da Grécia. Possuía um oráculo interior
– o daimon, gênio que o acompanhava desde a infância e segundo declarava, o instruía sobre
tudo que devia fazer (intuição).

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Mistérios.
A palavra mistério deriva do vocábulo grego myo que significa “fechar os olhos”.
Tratava-se de cultos de mistérios que se desenvolviam em torno de rituais secretos, só
permitido aos iniciados.
Nos mistérios de Elêusis veneravam Demeter (a mãe-terra) deusa das searas e da
agricultura. O mito de Demeter simboliza o lançamento das sementes na terra e o brotar das
novas colheitas. Uma espécie de morte e ressurreição. As cerimônias consistiam de sacrifícios,
procissões, dramatizações, jejum, oferendas, bebidas sagradas. Tudo isso provocava uma
espécie de transe ou auto-hipnose. Acreditavam que na guarda do segredo dos mistérios
estava a garantia da imortalidade.
Os mistérios foram suprimidos pelo Imperador romano Teodósio I no ano 395 A.D.
Na Grécia eram comuns as peregrinações ao templo de ESCULÁPIO, deus da
medicina, e a outros santuários diferentes, onde sacerdotes especializados, invocavam os
santos e afastavam os demônios dos visitantes enfermos, através de passes que os colocavam
em transe hipnótico. Na mesma época, oráculos e profetizas, por auto-indução hipnótica,
consideravam-se capazes de predizer o futuro e fazer vaticínios para os seus clientes.
Epidauro – centro de tratamento para os doentes, Templo dedicado ao deus Asclépio –
deus da saúde (Esculápio para os romanos).
Os gregos acreditavam que os sonhos tinham poder de cura. Os doentes eram
induzidos ao sonho. No sonho o deus recomendava o tratamento.
Em 338 a C. a Grécia foi conquistada por Alexandre O Grande. Uniu a Grécia,
Babilônia, Pérsia e Egito num único e vasto Império. Os quase três séculos que se seguiram à
morte de Alexandre, caracterizou-se por uma fusão da civilização grega e oriental dando
origem a civilização helenística.
No Egito, Alexandre fundou a cidade de Alexandria. Ptolomeu I que se fez Faraó,
fundou uma biblioteca. Presume-se que continha 700 mil voluminas. Além das obras clássicas
gregas (tragédias, dramas, obras de ciência, como matemática, física, astronomia, geografia,
medicina, filosofia) havia obras relativas a magia, alquimia, religião, mitologia e astrologia.

Roma

Religião – Politeísta, antropomórfica.


Pouca espiritualidade, dava mais ênfase e valor às formas e rituais. Sua estrutura era
uma espécie de contrato. O homem propiciava sacrifícios aos deuses e em troca recebia
favores: boas colheitas e vitórias nas guerras.
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As divindades romanas são identificadas com as da Grécia. Tolerantes com as
religiões estrangeiras, adotaram em Roma a deusa Isis (egípcia), Cibele (deusa asiática) e
Mitra (deus persa).

Culto
O culto público era organizado pelo Estado. No culto familiar veneravam os espíritos
dos antepassados, como protetores da família denominados Lares. Os bens familiares eram
protegidos pelos Penates.

Sacerdotes – não se dedicavam exclusivamente à religião. Agrupavam-se em colégios.


Pontífice – direção geral do culto. Calendário dos dias festivos.
Pontífice Máximo – chefe da religião romana, dirigia as cerimônias. Em Roma a
profecia também era institucionalizada.
Áugures – especialistas na adivinhação, gozavam de muito prestígio. Eram
consultados pelos cidadãos comuns e podiam intervir em quase todos os atos da vida pública.
A construção de um templo, aprovação de uma lei, programação de uma campanha militar de
dependia dos bons presságios dos áugures. Se não fossem favoráveis, os atos simplesmente
eram adiados.
Arúspices – sacerdotes de categoria inferior. Especialidade: interpretar a vontade dos
deuses pelo exame das entranhas dos animais sacrificados, principalmente o fígado,
considerado o órgão mais vital. (aruspicina).
Sibilas- sacerdotisas – profetisas do Oráculo de Cuma. Sua técnica é análoga à pitonisa
de Delfos. As profecias eram registradas nos “Livros Sibelinos”.
O advento dos Imperadores cristão assinalou o fim das práticas divinatórias, da magia,
da astrologia.

16
1.2 - Paranormalidade na Idade Média - Misticismo,
Magia e Bruxaria

Período histórico compreendido entre a queda do Império Romano (séc. V) e a tomada


de Constantinopla pelos turcos (séc. XV ou 476 à 1453).

Santidade e Paranormalidade

A história do Cristianismo da Igreja Católica exalta a santidade de inúmeros fiéis


devotos que foram canonizados como santos.
Embora fossem homens e mulheres iguais a nós optaram por modelar suas vidas
segundo a de Jesus. Os santos procuraram imitar Cristo. Desejavam curar a si mesmos e aos
outros. Cada uma deles tinha sua própria noção do que é ser uma pessoa religiosa e qual a
melhor maneira de concretizar a mensagem de Deus. Assim, alguns buscaram encontrar Deus
dentro de si mesmos. São os místicos. Outros procuraram Deus no seu semelhante. Há
aqueles conhecidos como santos milagreiros. Em ambos os casos fica evidente que possuíam
dons paranormais. São inúmeros os casos de santos que fizeram curas, profecias, tiveram
visões, foram vistos em dois lugares simultaneamente, levitaram e tantas outras manifestações.
Êxtases, visões e arrebatamento são comuns entre os santos.
Na Idade Média surgem tendências totalmente opostas. De um lado as ordens
monásticas, os mosteiros, os conventos – místicos e santos: de outro surge e culto a Satanás –
a demonolatria, as bruxas e os feiticeiros.
Com a expansão do Cristianismo parecia que a magia havia desaparecido. Entretanto
subsistia nas classes inferiores por meio de numerosos costumes pagãos.
Os bruxos eram temidos porque podiam fazer o mal. A magia branca era considerada
o escudo mais seguro contra a desgraça; encantamentos, feitiços, ervas, venenos, benzimentos
eram livremente utilizados. Vários fatores contribuíram para tal situação.
- As invasões bárbaras, as guerras, a fome, a miséria desestabilizara o mundo
medieval.
- O dualismo das antigas religiões reaparece. O mal é uma necessidade.
- A decepção do Deus oficial leva o homem medieval a procurar um substituto a
quem possa recorrer e quanto mais oposto melhor.
- A sociedade medieval estava dominada pela consciência do pecado.
- A preparação da Igreja: o mundo material é desprezível; é preciso salvar a alma.
17
- O mundo material pertence à Satanás e é a este que o bruxo recorre.
- A Igreja afirma a existência do Inferno e dos demônios.
O diabo era oficialmente admitido para afirmar a existência de Deus. Agente do mal,
tornou-se responsável pelas desgraças do mundo.
Possessões diabólicas, delírios, obsessões, exorcismos, aparições satânicas, missas
negras, sabates, dominaram e tomaram posse das consciências populares. O diabo se tornou
uma pessoa quase física dotada da possibilidade de se comunicar com as pessoas.

As possessões

Tais epidemias “psíquicas” – a palavra é nova mas a sua inexpressividade é tão antiga
quanto a própria estupidez – levaram à fogueira e ao pelourinho, como bem nos ilustra
VOLGYESI, incontáveis homens e mulheres “nervosos” da idade média. Como ainda hoje os
psiquiatras continuam condenando à “fogueira” do eletrochoque os seus endemoninhados
pacientes.
Reconhece-se hoje que os antigos endemoninhados, agindo ostensivamente por
delegação de belzebu, foras os ancestrais dos atuais psicopatas. A história reúne um
considerável número de exemplos de tais epidemias que assolaram a Europa durante muitas
décadas. Uma de tais epidemias grassou na Alemanha, de 1374 a 1418, disseminando-se a
onda demoníaca a partir da cidade de Aquisgran, e que foi conhecida dos escritores daquela
época como a triste dança de “S. Vito”, algo parecido com o que hoje a patologia rotula de
“corea minor”.
Os “possuímos” davam-se as mãos e dançavam freneticamente pelas ruas até se
deixarem vencer pela fadiga e pela exaustão. Ao fim da orgia maquiavélica, seu aspecto
vultuoso fazia lembrar os atuais ataques epileptiformes.
Em Estrasburgo, a tropa dos “possuídos” do diabo e pelos maus espíritos, gente de
todas as idades, era acompanhada por músicos que, seguindo-os, tentavam fazê-los entrar
num ritmo mais moderado, porfiando por acalmá-los. Mas o que de melhor acontecia, era que
os demônios, mais astutos acabavam por atrair também, não apenas os próprios músicos, mas
todas as pessoas que assistiam a passagem dos “mensageiros do diabo”. Finalmente, resolveu-
se o problema fazendo internar os dançarinos na capela de S. Vito, nas cercanias da cidade,
onde, sabidamente, cantos, salmos, exorcismos e rezas, expulsaram os endiabrados agentes do
mal. Aquela capela tornou-se mais tarde fonte de peregrinações e de jornadas milagrosas.
Tanto foi, porém, o jarro à fonte que um dia, aí por volta de 1620 a epidemia recidivou. E tão

18
grande foi o número de hóspedes dos demônios que muitos destes, jogando-se ao Reno, ali os
afogaram...
De 1430 a 1480, foi também a Itália, por solidariedade com a Alemanha, visitada pelo
exército de tinhoso. E desta feita tão maciça arrancada dos maus espíritos que em Taranto, até
os padres capuchinhos entregaram-se vencidos. Por determinação das autoridades católicas o
convento foi suprimido com a finalidade de extinguir a epidemia. Acertada medida, sem
dúvida. Pelo menos naquele convento os demônios não morariam mais!
Tais epidemias, atribuídas por alguns à mordedura de tarântula, continuaram
disseminando-se pela Itália até os primórdios do século XVIII.
Havia, por parte dos emissários do diabo, um marcado interesse em desmoralizar os
espíritos do bem. Tanto que, na mesma época, foram também vítimas da mesma praga, um
convento de beneditinos de Madrid, um outro de madres ursulinas na França. Freiras houve,
desta última casa que, num evidente exagero, deixaram-se possuir, simultaneamente, até por
dez diabos diferentes...
O mesmo ocorreria, em 1642, em Louviers, onde, no convento das “Virgens de Santa
Isabel”, a doença atacou 18 religiosas. E ali, como em Taranto, foram as possuídas isoladas e
o estabelecimento fechado para reformas, desinfecção e exorcismos saneadores.
Havia, naturalmente, aqueles que, favorecidos por um conceito mais lógico e melhor
visão da realidade humana, opuseram-se às interpretações cabalísticas, místicas e míopes dos
dogmáticos. AVICENNA, que viveu no século X, verdadeiro precursores da doutrina
reflexológica, foi um deles. Acreditava que a imaginação (e não os duendes) era capaz de
enfermar e de curar pessoas. Assim acreditavam também PAMPONATO DE MANTUA,
PARACELSO, AMBROISE PARÉ e KIRSCHER, cujas opiniões tiveram a grande virtude de
irritar e provocar o ódio da igreja, o que, evidentemente, bastante os aproximou da verdade
científica. O segundo deles, PARACELSO, por acreditar que a imaginação e a fé (esta última
como estado de indução mental) eram capazes de modificar estados patológicos atuando sobre
o todo físico, foi violentamente perseguido e obrigado a errar de cidade em cidade como um
proscrito e excomungado. Tal perseguição não demoveu homens que se lhe seguiram, de
continuarem aceitando a existência, dentro de nós mesmos e nunca de origem externa, de uma
“força interior” capaz de agir substancialmente em nosso própria organismo.
Por bitolagem mental imposta pelo clero, a grande maioria opunha-se aos conceitos
heréticos de PARACELSO defendendo a idéia de que só pelo exorcismo se conseguiria livrar
os enfermos das possessões demoníacas responsáveis pelas enfermidades. Tal exorcismo era
muitas vezes praticado por soberanos, chefes temporais das igrejas locais, como aconteceu
com EDUARDO, o confessor, introdutor da chamada práticas dos “toques reais”. Os
19
sofredores eram trazidos à presença do rei em audiências pré-fixadas, quando o soberano,
tocando-lhes a fonte, acreditava cortar-lhes os padecimentos. Tal processo, aceito
posteriormente pela Igreja da Inglaterra, passou a contar com um sacerdote assistente real.
Sempre que EDUARDO tocava um paciente, aquele citava passagens adequadas da Bíblia.
Tal prática, inspirada evidentemente nas curas realizadas por CRISTO e seus apóstolos,
por imposição das mãos, teve sucesso também com o imperador ADRIANO, com OLAVO, o
santo rei da Noruega, com FELIPE I, rei da França, com CARLOS, imperador do Sacro
Império Romano-germânico, com CARLOS II, da Inglaterra1.
Surge na Irlanda em 1662 um famoso curandeiro, GREATRAKES, que pretendia,
como enviado divino, Ter poderes de cura, exorcismo e sacerdócio. E usando do seu
extraordinário “poder”, realizou milhares de curas. Os pacientes de GREATRAKES, após
receberem uma série de passes, caíam numa espécie de torpor semelhante ao sono, estado
propício aos “desligamentos” dos demônios patológicos que eram então afastados e malditos
para todo o sempre. A mesma prática viria a celebrizar mais tarde o padre GASSNER que,
por volta de 1760 tratou a mais de dez mil possuídos em toda a Europa, já que por essa época,
uma nova convulsão demoníaca disseminava-se a partir de Saint Médard, onde, junto ao
túmulo do diácono FRANÇOIS, de Paris milhares de fanáticos marcavam encontro com os
demônios e deixavam-se alegremente possuir.
Como se pode facilmente perceber, os diabos responderam na justa medida à invasão
dos “santos”, santos esses que assumiram papel de relevo na história da histerologia humana,
ambos, demônios e santos, meros partícipes inculpáveis de um estado de auto-inibição
cerebral desordenada, o mesmo estado de indução inibitória que, sob controle e medida a sua
profundidade, reproduz os fenômenos hipnóticos de todos tão conhecidos.
Tais práticas místicas são evidentes ainda hoje, muito embora, gradualmente,
demônios e santos estejam perdendo terreno em face a um melhor esclarecimento popular.
Certas massas ainda incultas e involuídas continuam reproduzindo hoje fenômenos de auto-
indução hipnótica, sem conhecimento de causa e as atribuindo a manifestações cabalísticas,
místicas, religiosas, etc.
Os curandeiros esquimaus, por exemplo, usam em estado de auto-indução, e num
ambiente preparado à base de tambores, semi-obscuridade e cânticos, praticar passes
curativos. No Japão e em Bali, inebriados pelo fogo e pelas invocações dos antepassados,
praticam-se as “posessões” terapêuticas, o mesmo acontecendo com os índios do pólo Ártico

1
N.A. – Aos leitores que acreditam estar este assunto um tanto deslocado num compêndio sobre parapsicologia,
queremos lembrar que os toques, passes, magnetismo e efeitos sugestivos, incluem-se todos, provavelmente,
numa mesma dinâmica de atividade mental.

20
e com determinadas tribos dos Estados Unidos, onde são eleitos sacerdotes, justamente
aquelas pessoas que conseguem atingir com facilidade estados de “possessão”.
Contra a estupidez humana – dizia SHILLER – até os deuses lutam em vão. Não é,
pois, de admirar que o homem não se consiga liberar tão cedo, ele próprio, dos deuses que
criou e o subjugam impiedosamente.

As Bruxas

Mulheres que exerciam as funções de curandeiras e parteiras nas pequenas


comunidades. Geralmente viúvas, de condição social inferior.
Eram acusadas de, através de encantamentos mágicos provocar tempestades, causar
doenças nos seres vivos, Ter mau olhado, causar desafetos, causar pragas nas lavouras,
enfeitiçar rebanhos, ficar invisíveis. Ervas, venenos e preparos químicos eram vistos a partir
de associações mágicas. As bruxas acreditavam no poder mágico das plantas, dos extratos que
obtinham e com eles fabricavam seus inguentos pomadas, xaropes. Usavam digital, belenho,
beladora e estramônio. Os efeitos destas ervas são vários: alucinações, depressão e mania de
perseguição.
No começo o povo não associava a prática da magia ao demônio. A partir do século
XVI começa a perseguição a bruxaria que durou 300 anos. Foi em 1230 que o Papa João
XXVII resolveu mandar investigar a feitiçaria. Em 1484 o Papa Inocêncio VIII editou uma
bula investindo os dominicanos Jacobs Sprenger e Heinrich Kremer de poderes inquisitoriais
(perseguição, julgamento e execução).
Milhares de pessoas, na maioria mulheres foram perseguidas, julgadas e executadas
nas fogueiras da Inquisição, acusadas de heresia.
O absurdo dos processos provocou a reação de muitas personalidades da época.
Demorou muito tempo para que fosse compreendido que as pessoas não tinham culpa de seus
atos. Havia ignorância a respeito de fenômenos paranormais, histéricos, alucinações e
sugestões.

MISTICISMO
Doutrina religiosa ou filosófica segundo a qual a perfeição consiste numa espécie de
contemplação que chega até o êxtase e une misteriosamente o homem à divindade.

21
As religiões em geral procuram intensificar o impulso místico. As práticas do silêncio
e recolhimento, do jejum e abstinência, da castidade total ou periódica, visam a levar o crente
àquilo que se pode chamar de “experiência mística” ou “do divino”.

MANIFESTAÇÕES PARANORMAIS
Na Antiguidade surgiu uma nova religião – o Cristianismo, fundado por Jesus de
Nazaré, na Palestina. Nesse mundo antigo dominado pela violência e superstição o
Cristianismo trouxe uma mensagem de amor, de esperança e de promessa na Vida eterna.
Combateu os cultos pagãos, a arte divinatória, a magia, a astrologia e também os
cultos de mistério porque não era mais necessário ser um “iniciado” nesses cultos para entrar
na vida eterna. Um novo misticismo se desenvolveu então a partir do Cristianismo
predominando em toda Idade Média.
Podemos observar que o advento, o nascimento e vida de Jesus, a difusão de seus
ensinamentos foram acompanhados por fenômenos místicos e paranormais, tais como:
aparições, avisos, inspirações, profecias, milagres, curas milagrosas, possessões, tentações e
outros.

Fenômeno místico – causa sobrenatural.

Fenômeno paranormal – causa natural.

1 – Aparição do Anjo Gabriel à Maria.

“Eis que conceberás e darás a luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus:. Lc.
1,31.
2 – A profecia de Simeão – “Eis que este menino está destinado a ser uma causa de
queda e soerguimento para muitos em Israel e a ser um sinal que provocará contradição”.
Lc.2,34.
3 – Aviso em sonho a José – um anjo apareceu em sonho a José e disse: ‘Levanta-te,
toma o menino e sua mãe e foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai
procurar o menino para o matar”. Mt. 2,13.
4 – Visão de Estevão – “Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o filho do Homem
de pé, à direita de Deus”. Atos. 7,54.
5 – Visão de Paulo - próximo a Damasco uma luz resplandecente vinha do céu.
Caindo por terra ouviu uma voz que lhe dizia “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Atos.
9,3.

22
OS MÁRTIRES
Os judeus foram os primeiros a perseguir os Cristãos – judeus convertidos.
Acreditavam serem inspirados pelo Espírito Santo e que suas visões e profecias provinham
de Deus. Tais crenças escandalizaram os sacerdotes.
Alguns meses após a morte de Jesus um grupo de judeus anticristão condenou a morte
por crime de blasfêmia um cristão de nome Estevão. Este fazia grandes milagres e prodígios
entre o povo e falava de suas visões. “Lançaram-no fora da cidade e começaram a apedreja-
lo”At. 7,58.

A morte de Estevão foi seguida de perseguição geral.


Paulo de Tarso era um dos judeus que tomava parte ativa na perseguição aos cristãos.
Se converteu após a visão que teve quando no ano 35 estava a caminho de Damasco para ali
organizar as perseguições. “Tornou-se tão zeloso em pregar o Cristianismo quanto antes o
fora em persegui-lo”.
As perseguições romanas tiveram inicio com Nero em 64 e a ultima foi a de
Diocleciano em 303.
As perseguições produziram legiões de mártires, que sofreram atrozes sofrimentos e
morte em nome da fé em Jesus Cristão. Para esses primitivos cristãos a morte não significa
uma derrota. Era a suprema imitação do martírio de Cristo.
Para alguns parapsicólogos, esses mártires, fortalecidos pela fé, teriam, pela auto-
hipnose neutralizado em parte o sofrimento. Alguns até com certa alegria, segundo
testemunhos históricos. Exemplo:
São Lourenço foi martirizado numa grelha quente sobre as brasas. Conta a tradição
que depois de sofrer por algum tempo voltou-se para o carrasco e disso: “Vire o meu corpo
que deste lado já estou assado”.

Os Mártires foram os fundadores da Santidade na Igreja Católica.

A Visão de Constantino
As perseguições aos cristãos só tiveram fim quando Constantino, Imperador Romano,
teve uma visão. Marchava com seus exércitos sobre Roma a fim de libertá-la do domínio de
Maxêncio, imperador rival, quando viu no céu uma cruz com a seguinte frase: “Por este sinal
vencerás”. Constantino providenciou um estandarte com a cruz de Cristo à frente de suas
tropas e assim venceu o inimigo. Era o ano 312. Constantino deu liberdade de culto aos
cristãos em 313. Teodósio, em 380 oficializou o Cristianismo no Império Romano.

23
Ascetismo e Eremitas
Muitos cristãos procuraram outra forma de conseguir a união de sua alma com DEUS
mesmo enquanto ainda a viver na terra, bem como de preparar-se para estar união após a
morte.
Isso significa ascetismo, renúncia completa de todas as tentações do mundo material,
aceitação voluntária do sofrimento e privações. Para alcançar esse desapego do mundo devia
ele viver na solidão e isolamento.
Antão do Egito é o exemplo típico desse ascetismo. É considerado o pai do
Cristianismo Contemplativo. Embora nascido na riqueza, preferiu dar sua fortuna aos pobres
e partiu para o deserto onde ano após ano lutou contra as tentações vivendo na pobreza e
oração. Alimentava-se de pão e água, fazia freqüentes jejuns, muitos seguiram seu exemplo.
Esse tipo de ascetismo passou a ser visto como excesso de individualismo pois muitos
deles não desejavam contato com ninguém. Assim, aqueles que desejavam uma vida de
ascetismo preferiram se agrupar em comunidades.

Monasticismo – Monges
No Oriente teve início com São Pacômio quando este reuniu às margens do Nilo uma
comunidade cristã baseada na comunhão de oração, de trabalho e de refeição.
No Ocidente teve início com São Bento de Núrsia no século VI. Fundou doze
mosteiros e em 529 fundou o famoso mosteiro de Monte Cassino, ao Sul de Roma que foi a
casa matriz da Ordem Beneditina. Para os mosteiros que fundou, São Bento estabeleceu uma
Regra ou conjunto de regulamentos regendo a conduta dos seus membros. Exigia que os
monges fizessem voto de pobreza, castidade e obediência e seguissem a rotina de oração,
meditação e trabalho. Disciplina de vida que contribuiu para o desenvolvimento das
faculdades paranormais.
Sua Irmã Escolástica, que desde cedo se consagrou a Igreja Católica, patrocinou a
fundação de vários conventos.
Dos conventos e mosteiros saíram mulheres e homens santos os quais foram muito
importantes para época.

Os reinos Bárbaros
As invasões de povos bárbaros foram uma das causas da queda do Império Romano,
em 476. Os três séculos seguintes constituíram o período conhecido como Idade das Trevas.
A economia estava arruinada, a estrutura social desmoronava e na política o Império Romano
foi sendo substituído por pequenos reinos bárbaros: os visigodos na Espanha, que por volta
24
do ano 700 foram denominados pelos árabes, lombardos na Itália; francos e borgúndios na
Gália; anglos e saxões na Inglaterra.

O papel dos Santos


A Igreja, por ser a única instituição estabelecida, convertia os povos bárbaros, em
geral pagãos e de rudes costumes.
Na descrição de Gregório de Tour o reino dos francos era um conto de estupros,
assassinatos, incesto; pessoas eram pisoteadas, chutadas, queimadas; filhos estrangulando as
mães, mães matando os filhos; esposas encorajando os amantes a assassinarem seus maridos.
Traições corrupção, injustiça, violência.
Nesse mundo de violência e barbarismo a Igreja conseguiu manter seu poder pelo
terror e pelo pavor. A ira de deus e a vingança dos santos eram as únicas coisas que podiam
intimidar os desordeiros, tão comuns entre as classes que dominavam a política.
Os santos não eram apenas modelo de perfeição moral. Eram forças pragmáticas que
interviam de maneira prática na vida diária. No ensino, alfabetização, instrução religiosa
ensino moral, amparo aos pobres, cura dos doentes e missões evangelizadoras.
Era natural que muitos deles adquirissem características de curandeiro.
Era difícil para os bárbaros assimilar a sutil e profunda teologia da Igreja. Podiam
entender e aceitar o espírito da nova religião somente quando lhes era manifestada de
maneira óbvia e visível nas vidas e atos de homens e mulheres que pareciam dotadas de
qualidades sobrenaturais.
Conta uma crônica que Totila, rei Ostrogodo desejou verificar se o santo monge S.
Bento possuía o dom da previsão: mandou seu escudeiro com trajes reais visitá-lo mas, S.
Bento percebeu o engano e censurou o rei profetizando sua morte para daí a nove anos, o que
na verdade aconteceu.
Clóvis, rei dos francos, convenceu-se da santidade do cristianismo ao testemunhar a
cura de um cego pelo seu jovem instrutor, São Gastão.
Santa Genoveva é a padroeira da cidade de Paris. Salvou acidade do ataque dos hunos
por ter proferido uma profecia sobre o destino de Átila, rei dos hunos, caso invadisse a cidade.
Santa Walburga era famosa por suas curas.

SANTIDADE E PARANORMALIDADE
“Na Idade Média os paranormais, cujo potencial foi direcionado positivamente e
colocando a serviço da religião foram levados aos altares. Isto não significa que a
parapsicologia independente duvide da nobreza de caráter nem da santidade destes homens
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e mulheres. Apenas isto, que a capacidade paranormal foi direcionada positivamente e não
pode ser negada nem reduzida a um simples privilégio dado como dom especial e particular
por Deus”. Grisa pg 22.
A meditação e oração fez desabrochar a paranormalidade que foi direcionada
positivamente e assim passaram a manifestar fenômenos paranormais positivos.

Exemplos:

Milagres, Prodígios

Santa Escolástica – 480. religiosas, Itália.


*Provocou uma tempestade.

Santa Veridiana – 1182 a 1242. Virgem, Itália.


*O milagre do celeiro.

Santa Zita – 1218 a 1278, Virgem, Itália


*O milagre do avental

São Vicente Ferrer – 1350 a 1419. Presbítero, Espanha


*Falava na sua língua materna e os fiéis de outras línguas o entendiam.

Santo Antonio de Pádua – 1195 a 1231. Presbítero, Lisboa Portugal.


*O milagre dos peixes
*O milagre da eucaristia e da mula
*O bebê que falou
*O avarento
*O Condutor da carroça

Santa Rosa de Viterbo – 1234 a 1244. Virgem, Itália.


*Transformou pães em rosas.

Curas - São muitos os santos que realizaram curas extraordinárias e ressuscitaram


mortos.

Santa Walburga – 710. religiosa, Inglaterra.


*Curou a filha de um barão. Permaneceu a noite toda em oração.

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São Gastão – 540. Bispo, França.
*Curou um cego.

Santa Juliana de Falconieri – 1270 - 1341. Religiosa, Itália.


*Fazia cura impondo as mãos.

Santa Rosa de Viterbo


*Ressuscitou uma tia materna.
*Curou uma cega.

Luminosidade – Luzes e emanações que as vezes são vistos perto do paranormal é


denominado fotogênese. Foi observado na vida de muitos santos.

São Gastão – observada uma nuvem luminosa sobre o quarto onde se encontrava, na
noite da sua morte.

Santa Rita de Cássia – Uma luz resplandecente invadiu sua cela pouco antes da sua
morte. Verificou-se também intenso perfume do paraíso – Osmogênese.

Santa Walburga – Luz sobrenatural envolveu sua cela e iluminou o dormitório das
irmãs.

Santa Afonso de Ligório – “Enquanto Santo Afonso pregava na igreja, do rosto da


imagem da Virgem desprendeu-se um raio deslumbrante de luz, atravessou a igreja e foi
pousar na fronte do pregador”...

Santo Antônio de Pádua – testemunhado pelo Conde Tiso. “uma luz forte inunda
toda a cela entre os braços de Antônio, o menino Jesus sorria para ele”.

Incorruptividade – de todo o corpo ou partes dele.

Santa Walburga – corpo incorrupto por 80 anos.

Santa Zita – corpo incorrupto por muitos anos.

Santa Rosa Viterbo – corpo incorrupto por vários séculos

Santa Rita de Cássia – corpo incorrupto Rejuvenescimento por ocasião da morte.

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São Martinho de Porres – 1579-Peru

Bilocação em Lima e arredores

Bilocação em paises distantes – China e Japão

Sóror Maria – 1602-1665 – Agreda (Espanha)

Bilocava para o México. Levava consigo rosários que distribuía entre os nativos.

São Filipe Néri – 1515 a 1595, presbítero Itália,

Estando em Roma apareceu a Sta Catarina de Ricci que se encontrava no Prato.

Bilocação de Consciência - capacidade paranormal de estar presente em dois


lugares simultaneamente:

Santo Antônio de Pádua

1266 – estava pregando em uma igreja em Limoges e conduzia as orações no


mosteiro situado no outro lado da cidade.

Estando em Pádua se apresentou ao tribunal de Lisboa e fez com que o morto


ressuscitado, desculpasse os seus parentes.

Santo Afonso de Ligório – 1696-1787 bispo

1774 – estava meditando em sua cela num convento em Arezzo e foi visto em Roma
ao lado do Papa moribundo Clemente XIV.

São Martinho de Porres – 1579-Peru

Bilocação em Lima e arredores

Bilocação em paises distantes – China e Japão

Sóror Maria – 1602-1665 – Agreda (Espanha)

Bilocava para o México. Levava consigo rosários que distribuía entre os nativos.

São Filipe Néri – 1515 a 1595, presbítero Itália, Estando em Roma apareceu a Sta
Catarina de Ricci que se encontrava no Prato.

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Levitação – pode ser definida como a suspensão do corpo do paranormal no ar.

Também referida como arrebatamento.

São José de Cupertino – Presbítero na Itália,

Os arrebatamentos aconteciam em pleno dia, a qualquer hora na presença de


testemunhas.

Levitou mais de 70 vezes. Conhecido como “o frade voador”.

São Bernardino Realino – 1530-1616, presbítero na Itália,

Enquanto rezava levitou a 70 cm do solo.

Santa Teresa de Ávila – 1515-1582, Ávila – Espanha,

Levitava repentinamente, às vezes a vista de outras freiras, registrou suas


experiências.

São Francisco de Paula – 1416-1507, Eremita-Itália,

Velejou sobre seu próprio manto.

São Raimundo de Peñafort – 1175-1275, sacerdote, Catalunha na Espanha.

Estendeu o manto sobre as águas e chegou a Barcelona.

Santa Maria Madalena de Pazzi – Itália.

“Ao se locomover de um lugar para outro, ou subindo as escadas do convento, mais


parecia estar voando”.

Estígmas: Definição: Rogo, p. 84 da Enc. R. Digest


“Os estigmas podem definir-se como feridas que Cristo recebeu durante a Paixão e
Crucificação e também marcas no corpo correspondentes a essas feridas que, segundo se diz,
são miraculosamente impressas em certas pessoas. Este fenômeno é explicado pelos
parapsicólogos como provocado pelo alto poder da sugestão”.
São Francisco de Assis – 1181-1226, Itália recebeu os estigmas quando teve uma
visão. Apareceu-lhe a figura de Cristo e abriram-se feridas simultaneamente nas mãos, nos
pés e nos flancos.
Santa Rita de Cássia – 1381-1457, religiosa, Itália. Recebeu um estigma na fronte
causada por um espinho da coroa de Cristo.

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MAGIA E BRUXARIA

MAGIA:

Ciência oculta que mediante invocações sobrenaturais pretende realizar efeitos


surpreendentes para submeter os poderes superiores à própria vontade.

Magia Negra – a que tem como objetivo produzir efeitos contrários às leis da
natureza

Magia Branca – Arte de produzir efeitos aparentemente maravilhosos, mas devido a


causas naturais.

Bruxaria – Feitiçaria, sortilégio, malefícios praticados pelas bruxas.

Tendências Opostas
A mistura de vários povos, culturas, crenças e costumes favoreceu o aparecimento de
tendência totalmente opostas.
De um lado surgem as ordens monásticas os mosteiros: Beneditinos no século VI e do
século X em diante as ordens dos Dominicanos, Franciscanos.
De outro surge a Satanás, a demonolatria e as práticas de magia. São Jerônimo, Santo
Irineu, Santo Ambrósio e Santo Agostinho, cada qual na sua época, tomaram posição
autorizada contra os oráculos, magia, enquanto ditadas por satanás e contra a Astrologia
porque admitia leis e princípios que pressupunham uma harmonia diversa da fixada por Deus.
O Cristianismo ultrapassará as fronteiras do Império Romano convertendo os bárbaros em
especial celtas a gauleses, que ainda viviam num clima mágico sobrenatural, sob a orientação
dos Druidas – sacerdotes que eram videntes, profetas, curandeiros, que tinham o poder de se
comunicar com os espíritos. Existiam as Druidas, mulheres, cujos poderes se equiparam as
pitonisas de Delfos ou as Sibilas de Roma.
Apesar de magia estar condenada pela Igreja, não era essencialmente má pelos
homens e mulheres comuns. Os bruxos eram temidos porque podiam fazer o mal. A magia
branca era considerada o escudo mais seguro contra as desgraças e o encantamento era
livremente utilizado. O feitiço, os vínculos mágicos, as assembléias noturnas de bruxas, os
30
talismãs, as ervas mágicas, os venenos, os benzimentos, subsistia nas classes inferiores, por
meio de numerosos costumes pagãos.
Por volta do século XIII as forças invisíveis das antigas religiões mágicas,
reaparecem no mundo ocidental originando uma das formas mais aberrantes que a magia
assumiu no decorrer da história e uma das perseguições mais calamitosas.

Fatores
1- As religiões antigas concebiam o mal como pertencente ao divino. O mal é uma
necessidade no mundo antigo.
2- As invasões bárbaras, as guerras, a peste, a miséria do mundo medieval. O deus do
bem não pode ser o deus deste mundo dividido. Este é o reino das trevas. Seu senhor é
Satanás.
3- O espírito essencialmente místico da época. Ateísmo não. Outro deus, sim, e
quanto mais oposto, melhor.
4- A sociedade medieval estava denominada pela consciência do pecado e pelo terror
ante o fim próximo. Reinava o pânico e o homem procurava escapar de sua miséria a
qualquer custo. Aceitava tanto a verdade quanto a lenda, o real como irreal, o lógico como o
emotivo, a razão como o instinto, Deus como Diabo.
5- Pregação da Igreja: o mundo é desprezível. O que importa é salvar a alma. Satanás,
com sua rebelião dividiu o universo, dando origem ao mundo material. Se é assim,
concluiria o bruxo, este mundo lhe pertence e é a Satanás que devemos recorrer.
6- A religião dos celtas – o culto druida impregnado de magia e rituais de adoração às
forças da natureza.
7- A Igreja afirma a existência do inferno e dos demônios. O diabo era oficialmente
admitido para afirmar a existência de Deus.
O DIABO tornou-se responsável pelas desgraças do mundo. Sua maldade era o
contrapeso da bondade divina e por conseguinte, reforçou o lado positivo de Deus.
O demônio provoca obsessões, possessões e tentações. Para combatê-las surgiu o
exorcismo (representa a luta da Igreja contra o mal).
Possessões diabólicas, delírios, obsessões, aparições satânicas, exorcismo e sabates
dominaram as consciências populares.

Demonologia

Ramo da teologia que se ocupou de conhecer a natureza dos demônios.


31
Demônio – palavra que se origina de “daimon” – Sócrates.

Diabo – gr. dabolos que significa literalmente aquele se põe de través, e portanto,
obstáculo, adversário, caluniador.
Satanás – “shaitan” do árabe, significa perseguidor. “O anjo decaído transforma-se
em Satanás”.
Possível origem do Sabat - assembléia noturnas de bruxas, teve origem nos ritos de
fertilidade com banquetes, danças e alegrias carnais (celtas). O deus de chifres é
transformando (pela Igreja) no Diabo – figura monstruosa, cascos, cauda pontuda, inspirador
de todos os males.
A teologia medieval estabeleceu que os poderes do Diabo eram limitado pelo fato de
ele só poder atuar neste mundo com o consentimento divino.

Santos ou Bruxos
[...] os paranormais, vistos como enviados de Deus, eram levados às honras dos
altares, os caídos na desgraça dos julgamentos sumários eram condenados aos milhares,
como bruxos emissários do diabo, embora muitas vezes não passassem de paranormais de
efeitos físicos que, estando muitas vezes perturbados por problemas emocionais,
desencadeavam fenômenos de Psicocinesia. Outras vezes eram paranormais que pressentiam
ou previam fatos negativos e depois eram acusados como se fossem por eles responsáveis,
como se fossem os executores de tais fenômenos ou acontecimentos (Grisa, 1995. p. 22).

Joana d’Arc (1412-1431) – camponesa, virgem – França

Se dizia inspirada por Deus para expulsar os ingleses que ocupavam a maior parte do
território francês. Dizia receber as mensagens através do Arcanjo Miguel, de Santa Catarina e
de Santa Margarida.

Revelou ser um dos paranormais mais importantes da história. Manifestou fenômenos


de clarividência, clariaudiência, telepatia, pré-cognição e controle psíquico do tempo.

- Clarividência – visões;

- Clariaudiência – ouvir vozes;

- Telepatia – se dirigiu ao rei sem nunca tê-lo visto antes;

- Pré-cognição – previu que seria ferida em batalha e seu próprio enceramento e


morte;

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- Controle psíquico do tempo – mudou a direção dos ventos.

Condenada à fogueira da Inquisição por crime de heresia e bruxaria em 30 de maio de


1431 na cidade de Rouen – França. Canonizada em 1920.

Rosa de Viterbo (1234-1244) – virgem, religiosa, mística.

Paranormal de efeitos psi-gama e psi-kapa.

- Imunidade ao fogo;

- Provocou a queda de cabelo de um herege;

- Fez nascer uma pena de galinha no rosto da acusadora do roubo de uma galinha.

Por estas histórias de bruxaria Rosa jamais foi canonizada pela Igreja.

A Magia – A partir do século XI a prática da magia é associada ao demônio. Época


das bruxarias – geralmente associado às mulheres porque no começo da Idade Média era
mulher que nas pequenas comunidades exercia as funções de parteira e curandeira. Essa
medicina empírica conferia-lhes uma auréola de magia. Mais tarde, o desenvolvimento de
uma medicina oficial nas universidades, restritas aos homens, tornou o conhecimento
medieval das mulheres como algo clandestino, proibido.
Por isso, em geral as mulheres eram mais acusadas de bruxaria do que os homens. A
mulher, considerada mais fraca, vulnerável á tentações do demônio. O bruxo fazia pacto com
o diabo por escolha.
Normalmente, as mulheres acusadas de bruxaria eram solteiras ou viúvas, de
condição social inferior; eram acusadas de, através de encantamentos mágicos, provocar
tempestades, causar doenças nos seres vivos, ter mau olhado, transformar-se em animais,
causar pragas nas lavouras, ficar invisíveis, enfeitiçar rebanhos, causar desafetos, enfim,
causar uma série de males a humanidade. Ervas, venenos e preparados químicos eram vistos a
partir de associações mágicas.
As bruxas acreditavam no poder mágico das plantas das quais obtiam extratos e com
eles fabricavam poções mágicas; filtros, inguentos, elixir.

Ervas que curam: Dedaleira, hera-silvestre, verbena, aipo silvestre.

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Ervas que produzem sensação alucinatória de voar ou distorcem a realidade:
Beladona, estramônio, acônito, Maria-preta, cicuta, nenúfar.
Ervas para encantamento: Papoula, pervinca, heléboro-negro, mandrágora, escarola,
meimendro negro, rosa.
A caça as bruxas – A perseguição á bruxaria durou 300 anos: do século XIV ao
século XVI. Em 1320 o papa João XXII resolveu mandar investigar e perseguir a feitiçaria.
Em 1484, o papa Inocêncio VIII editou uma bula investindo os dominicanos Jacobs Sprenger
e Heinrich Kremer de poderes inquisitóriais (perseguição, julgamento e execução).
Publicaram o “Maleus Maleficarum”, espécie de código de procedimento nos processos de
bruxaria. Ficou conhecido como o “O Martelo das Bruxas”. Foi publicado 14 vezes em 30
anos.
A situação só se amenizou nos fins do século XVII, quando Luis XIV baixou um
édito (1682) determinando que estava proibida a pena de morte por prática de magia. O
último julgamento ocorreu em 1717. Na América britânica ficou famosa a caça às bruxas de
Salém em 1692.

REAÇÃO – O absurdo dos processos provocou a reação de muitas personalidades da


época. As opiniões de Reginaldo Scot e de John Wier foram as que mais alcançaram difusão.
Scot escreveu que o incubo (demônio masculino) e sucubo ( demônio feminino) é uma
enferminade e que deve ser tratada com remédios naturais. Wier, médico, havia curado
muitas bruxas de suas alucinações e sustentava que somente a fantasia inspirava essas
mulheres.
Demorou muito tempo para que fosse compreendido pelas pessoas da época, que
muitas vezes, as pessoas não tem culpa de seus atos e não compreendiam por que
confessavam sua culpa.
Havia na época ignorância dos fenômenos histéricos, alucinações e sugestão. Muitos
indivíduos eram simples enfermos, cuja conduta era interpretada como sinal de possessão.
O primeiro hospital das bruxas foi fundado em Saragosa, Espanha, em 1425, por
iniciativa de Afonso V. Em 1500 a Inglaterra inaugura um estabelecimento semelhante e em
1741 na França.

34
1.3 A Paranormalidade na Atualidade
Em 1953 foi realizados na cidade de Utrech, Holanda, o “I Congresso Internacional de
Parapsicologia” e dois estudiosos Ingleses chamados Thoules e Weisner propuseram que os fenômenos
psi fossem chamados de fenômenos "Psi-Gama" (Para ESP) e fenômenos "Psi-Kappa" (Para PK).
Embora a sugestão não tenha sido adotada em nível internacional, ela se tornou muito popular no Brasil.
Um outro termo bastante conhecido é: Fenômenos "Psi-Theta", introduzido pelo parapsicólogo
americano Willian G. Roll para se referir aos possíveis fenômenos sobrenaturais, como a sobrevivência
da mente após a morte, a reencarnação etc.
A pesquisa experimental com as cartas ESP conseguiu isolar em laboratório alguns fenômenos
parapsicológicos específicos:
1) CLARIVIDÊNCIA
É uma fonte de obtenção de informações por vias anômalas em que o psiquismo de alguma forma
liga-se diretamente à fonte de informação, sem que haja possibilidades da telepatia para explicar o
fenômeno.
2) PRECOGNIÇÃO
Seria a possibilidade da previsão do futuro por meios outros que não aqueles conhecidos pelos
quais calculamos possibilidades tomando como base informações conscientes ou inconscientes que já
possuímos.
Alguns devem estar se perguntando: "E a famosa telepatia?”.
Pois é. Para testar a telepatia com cartas ESP seria necessária a existência de um transmissor
olhando para cada carta aleatória e transmitindo o que estava vendo para o sujeito. No entanto, dada às
circunstâncias, seria extremamente difícil diferenciar o que veio no padrão “-mente” (telepatia) do que
poderia ter vindo direto das cartas (clarividência).
Indícios fortes da existência da telepatia podem ser encontrados nas pesquisas dos casos
espontâneos e nos experimentos de Remote Viewing.
Em Remote Viewing (Visualização remota), um transmissor segue para um lugar escolhido
aleatoriamente e lá, observando coisas, pessoas e situações, tenta transmiti-los para o sujeito, incluindo
seus próprios julgamentos, reações afetivas etc.
Outros nomes foram dados para designar formas mais complexas através das quais os fenômenos
citados acima parecem se manifestar, contudo realmente penso que é algo confuso e desnecessário. Tudo
fica muito mais simples quando compreendemos os processos através dos quais estes citados fenômenos
são desencadeados. No entanto vamos dar alguns exemplos, uma vez que inevitavelmente encontrarão
livros que abusam de termos, mas carecem de explicações:
Após a apreensão da suposta informação paranormal em nível inconsciente (telepatia,
clarividência e precognição), a mente pode escolher vários caminhos para que possamos nos dar conta da
mesma.

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Alguns ouvem "uma voz" lhes dizendo a respeito do assunto, fenômeno este que foi batizado de
"clareaudiência".
Quando o percipiente passa a sentir sintomas físicos da outra pessoa com quem ele esta em sintonia
ESP, diz-se que se trata de uma telestesia.
Em outras situações, alguns sensitivos se sentem mais aptos aos fenômenos ESP segurando objetos
e coisas de uma terceira pessoa sobre a qual necessita obter informações. Tal modalidade de ocorrência
chama-se psicometria. Outros gostam de usar pêndulo e varinhas, prática essa que se chama radiestesia.
O mesmo ocorre em psicocinesia. Quando esta "energia" move objetos, ela é chamada telecinesia.
Quando parece provocar combustão, chama-se parapirogenia. Quando transporta um objeto de um lugar
para outro, parecendo inclusive ter atravessado paredes fechadas, chama-se aporte. Quando o próprio
sensitivo levita, e chamado autolevitação, quando produz odores inesperados, chama-se osmogênesis e
assim por diante.

PSI E OS PROCESSOS MENTAIS


São as habilidades psi eventos esporádicos e totalmente independentes de nossa "vida
psicológica"? Ou quem sabe são aspectos pouco explorados do nosso próprio psiquismo cujas funções
ainda precisamos compreender?
Sigmund Freud, por exemplo, para o "desespero" de muitos psicanalistas ortodoxos, foi um
pioneiro ao debater estas questões, e escreveu vários trabalhos devotados a analisar as relações entre
telepatia, psicanálise e sonhos. Manteve-se membro das Sociedades de Pesquisas Psíquicas tanto a
Britânica quanto Americana, além de manter correspondência constante com pessoas engajadas no
assunto. Desta correspondência, surgiu a famosa e controvertida carta de Freud a Herewald Carrington
onde num dado momento afirmou: "Se eu tivesse outra vida para viver, dedicaria ele iria se devotar à
pesquisa psíquica ao invés da psicanálise".
Freud foi a primeira pessoa a estudar sistematicamente os sonhos, e a encontrar relações entre seus
conteúdos e o psiquismo de seus pacientes.
Para Freud, o aparelho psíquico se dividia entre o Consciente, o Pré-consciente e o Inconsciente
(Atenção, memória evocativa e processos organizacionais autônomos).
Os sonhos que temos nos parecem confusos e estranhos, onde pessoas, lugares e objetos aparecem
misteriosamente num mesmo contexto. Eles seriam as expressões dos processos mentais.
Já Carl Gustav Jung, que foi primeiro colaborador depois dissidente de Freud, escreveu que sonhos
mostrariam não só as nossas questões pessoais, como também símbolos arquetípicos, que seriam motivos
e imagens primordiais arcaicos da raça humana, cultura etc. Para ele, além do Inconsciente de Freud,
haveria um Inconsciente coletivo. Jung também elaborou uma interessante teoria sobre fenômenos
paranormais onde chamou-nos a atenção para coincidências 'acausais' significativas ou fenômenos de
sincronicidade e reconheceu o trabalho de Rhine como tendo postulado e estabilizado sua evidência.
Sonho tem sido considerados na prática da psicologia clínica como um excelente veículo para
conhecermos o psiquismo dos pacientes, sendo que eles nos dão pistas valiosas sobre os processos
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mentais. No entanto, pesquisas parapsicológicas parecem sugerir que psi, de alguma forma, se molda aos
processos mentais dos indivíduos.
Tomando os sonhos como exemplos, a pesquisa parapsicológica tem achado evidências de que
supostas informações extra-sensoriais podem alcançar primeiro o Inconsciente e depois se misturar, por
exemplo, no processo de formação dos sonhos. Esta questão tem sido objeto de estudos rigorosamente
controlados com base em pessoas que relataram aparentes fenômenos parapsicológicos espontâneos. Na
coleção da Sra. Rhine, por exemplo, composta por 7119 casos, 65% os aparentes fenômenos extra-
sensoriais ocorreram em sonhos.
Em um capítulo do famoso "Handbook of Parapsychology" especialmente dedicado a este assunto,
Robert L. Van de Castle (1977) analisa diversas pesquisas que envolvem prováveis relatos de fenômenos
parapsicológicos espontâneos e observou que:
- Experiências paranormais são relatadas em sonhos entre 33% e 68% dos casos.
- Se considerarmos apenas os casos de aparentes experiências telepáticas, cerca de 25 % ocorrem
em sonhos. Com a precognição, o índice sobe para 60%.
-Mulheres parecem ser percipientes (a pessoa que recebe a comunicação telepática) na proporção
de 2 para 1 em relação aos homens, que são agentes em 60% dos casos.
- Parentes sangüíneos estão envolvidos em 50% dos casos, com o tema "morte" presente em 50%
das situações seguidas por acidentes e danos físicos.
- Pesquisadores como Louisa Rhine, Montague Ulman e Robert Van de Castle chamam-nos a
atenção para o fato de que aparentes informações extra-sensoriais apresentam-se nos sonhos por muitas
vezes distorcidas, bloqueadas e fragmentadas, devido a fortes motivações pessoais, conteúdos
inconscientes, bloqueios e ênfase com relação a assuntos específicos de interesse para quem as
experimenta.
Em minhas observações pesquisando, entrevistando e lidando com pessoas que aparentemente
experimentaram fenômenos parapsicológicos, tenho observado certo padrão de ocorrências onde os
supostos fenômenos parecem ter ocorrido com base em dinâmicas psicológicas, sociais e culturais dos
indivíduos que os vivenciam. Observei inclusive a possibilidade de eles estarem ocorrendo como
extensão de mecanismos defensivos e processos neuróticos, em alguns casos, o que só reforça a relação
entre nossa vida psicológica interior e esses supostos fenômenos.

SONHOS “PARANORMAIS” NO LABORATÓRIO ?


Outra forte evidência das relações entre a paranormalidade ou psi e os processos mentais ordinários
veio de um rigoroso e revolucionário experimento conduzido nos Estados Unidos. Um laboratório de
sono e sonhos foi montado no Maimonedes Medical Center no Brookling, Nova York em 1962 com a
finalidade de estudar experimentalmente a possibilidade da percepção extra-sensorial influenciar os
sonhos de voluntários.
À frente deste time estavam Montague Ulman, chefe do departamento de psiquiatria, meu amigo
Stanley Krippner e Charles Honorton.
37
O percipiente, aquele que iria receber as supostas ESPs, dormia em uma sala à prova de som, ligado
a um aparelho de eletroencefalografia (EEG) que permitia o monitoramento das fases do sono. Depois
que o paciente começava a dormir, por exemplo, um envelope opaco contendo um objetivo (normalmente
figuras, impressos de arte, etc.) era selecionado por processos aleatórios e dado a um agente, que não só
não conhecia o percipiente, como em alguns experimentos, ficava a grandes distâncias do laboratório.
Quando o experimentador detectava pelo EEG o início de um período de sonho, avisava
eletronicamente ao agente, para que este pudesse começar a “transmissão”. Após certo período, o
percipiente era acordado por uma campainha e ouvia das caixas de som a voz do experimentador pedindo
que ele relatasse seu sonho, que era gravado num microfone local. O processo descrito se repetia por toda
à noite a cada ciclo de sono e sonhos, sempre com o agente transmitindo o mesmo “objetivo” (impresso
de arte, figura etc.).
Pela manhã, o experimentador mostrava cerca de oito a doze figuras para o percipiente, entre as
quais se achava o verdadeiro objetivo (o experimentador nesta fase também não sabia qual das figuras
havia sido transmitida). O voluntário devia dar um grau a cada uma delas que variava de 1 a 100, com
base em possíveis conexões entre elas e seu sonho. A transcrição dos sonhos, juntamente com as mesmas
figuras eram enviados para três juizes neutros, que não estavam envolvidos no experimento, e os
resultados gerais eram avaliados estatisticamente.
Os resultados foram impressionantes. Tanto o julgamento feito pelos juizes como os julgamentos
feitos pelos próprios percipientes foram estatisticamente significativos (ambos com p.05). Inúmeras
variações de técnica foram introduzidas, como pesquisas de supostas precognições, o que resultou na
publicação de mais de 50 artigos (Van de castle, 1977). Estudos mais avançados com percipientes sendo
estudados por um período de oito noites alcançaram índices altíssimos de significância estatística
(p.0001). Em outra fase, os transmissores localizaram-se a 14 milhas de distância, os objetivos tornaram-
se mais complexos, com fitas de vídeo, materiais para serem manipulados sensorialmente pelo agente
para envolvê-lo mais no processo etc.
Outros laboratórios e pesquisadores fizeram investigações semelhantes e também obtiveram
resultados significativos (Van de castle, 1977).
Em uma revisão de vários estudos que apontam para a possibilidade de ocorrência de psi em sonhos,
Van de Castle(1977) conclui que:
- Sonhos psi não são casuais ou eventos aleatórios da natureza.
- Estes sonhos devem ser considerados como um produto final de uma complexa configuração
que mistura necessidades intrapessoais da parte do percipiente com atividades comportamentais e
emocionais do agente (no caso da telepatia) que serve para satisfazer ou complementares o estado de
necessidade.
- Nos casos de precognição, parece que "um esquadrinhamento psi é utilizado para selecionar
dinamicamente o evento mais relevante materializado ou em seus estágios iniciais do futuro.”.
Van de Castle observa que eventos psi podem ser explicados através de modelos psicológicos de
redução de tensão. Os telepáticos poderiam indicar que o indivíduo "prefere" a gratificação imediata de
38
necessidades, ao passo que o paradigma da precognição pode ser mais satisfatório para aqueles
habituados com a antecipação de eventos contemporâneos em favor de continuar se esforçando a longos
períodos.

EXPERIÊNCIAS COM A TÉCNICA "GANZFELD"


Numa tarde de 1989, participando de um workshop no Rhine Research Center em Durham,
Carolina do Norte, estava deitado numa confortável poltrona de braços com apoio para pernas e fones de
ouvido grandes. Primeiro me induziram a um relaxamento de cinco minutos e depois passei a ouvir um
“ruído branco” semelhante ao chiado de um rádio “fora de estação”.
Estava numa sala escura, mas meus olhos estavam cobertos com metades de uma bola de pingue-
pongue. Esparadrapos cirúrgicos fixavam-nas em meu rosto e ao mesmo tempo vedavam meu campo
visual. Uma luz vermelha era projetada sobre as mesmas e fui orientado a ficar com os olhos abertos, o
que gerava um efeito incrível. Fora instruído a dizer tudo aquilo que vinha a minha mente. Eu sabia que o
computador havia sido acionado para escolher um “objetivo” para aquele experimento entre milhares de
possibilidades por processos aleatórios sofisticadíssimos e que, ao final do experimento, tanto eu como os
pesquisadores conheceríamos o resultado.
Nas aulas sabia que o tempo de permanência era de trinta minutos, mas ao término do mesmo,
havia perdido completamente a noção do tempo. Logo após começar a ouvir o ruído, vi a imagem de um
homem usando um sobretudo preto e uma cartola. A imagem estava meio borrada. Em seguida vi um
palco com plantas e uma mulher. Imediatamente identifiquei suas roupas como sendo semelhantes às
usadas por dançarinas de “can-can” ou melindrosas como muitos conhecem aqui no Brasil. Em seguida vi
a “cena” de outra perspectiva, e vi que o homem estava num grupo que observava a mulher no palco. Vi
cores fortes na cena.
Finda a “sessão”, fui levado a uma sala com uma mesa onde um pesquisador me esperava. Ele tinha
um código gerado pelo computador e, com base no mesmo, abriu uma espécie de arquivo lacrado com
milhares de envelopes opacos lacrados e apanhou um envelope que correspondia ao código que tinha nas
mãos. No envelope havia vários impressos de arte. Eu deveria olhar para cada um deles e atribuir um grau
de zero a cem com base naquilo o que eu havia experimentado na vivência. Não precisei pensar muito:
Um dos impressos de arte era uma reprodução de uma pintura impressionista. Uma prostituta dançava um
“can-can” num pequeno palco onde havia nas bordas plantas verdes. Um pequeno grupo a observava, e,
no meio do mesmo, havia um homem de sobretudo preto usando uma cartola.
Eu não tive em nenhum momento acesso a nenhum dos alvos potenciais do arquivo e o objetivo
escolhido para aquela sessão só foi conhecido por mim e pela equipe quando eu terminei o experimento.
Coincidência ou psi?
Várias pesquisas distintas vem apontando para o aparente fator "estado de consciência alterada"
como propiciador de fenômenos psi assim como a privação sensorial (Honorton, 1977).
Ganzfeld ou "psi - Ganzfeld" é uma técnica de escolha livre. Através do isolamento sensorial, o
sujeito deita-se numa confortável cama ou poltrona. Bolas de pingue - pongue cortadas ao meio repousam
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sobre os olhos e as brechas são vedadas com esparadrapos cirúrgicos. Um fone de ouvidos permite que o
voluntário ouça um "ruído branco" (algo semelhante á estática do rádio) que vem logo em seguida das
instruções do experimentador e, em muitos casos, de um breve relaxamento induzido. Seu relato é
gravado por um microfone, uma vez que a sala é blindada e à prova de som.
Os métodos de escolha do alvo, julgamento e avaliação das pesquisas iniciais - e de muitas vigentes
- foram os mesmos usados na pesquisa de sonhos psi do Maimonedes Medical Center . As sessões de
"mentalização" (onde o sujeito tenta aferir os "alvos") duram em média 45 minutos, e as sessões são
precedidas de um relaxamento induzido de cinco minutos.
Segundo estatísticas (McClenon, 1984) os resultados são positivos em mais de 50% das
experiências. Até 1977, a análise de experimentos Ganzfeld rigorosamente controlados mostram um
índice de significância estatística cuja probabilidade de acaso é de 476 milhões para 1. Até 1988 mais de
28 experimentos foram replicados em dezenas de laboratórios em todo o mundo, e a probabilidade de
"acaso" subiu para 1 em 1 bilhão (Palmer, Honorton e Uttis, 1988). Recentes pesquisas aumentam o
escore de chance de dez trilhões para um (Broughton,1991).
Conclusão: Ganzfeld parece apontar para condições que favorecem psi: Isolamento, estados de
consciência alterada, diminuição do "ruído externo" para que o "ruído externo" possa ficar mais
perceptível etc.
Experimentos como esses nos remetem a relatos de pessoas que praticam “meditação” e outras
técnicas de relaxamento e aumento da consciência interior que são praticadas geralmente em um local
tranqüilo e isolado. O mesmo acontece com aqueles que “oram” com grande dedicação, concentração e
prática. Muitas dessas pessoas relatam aparentes “intuições”, premonições e parecem estar mais abertas a
aparentes fenômenos psi. A técnica Ganzfeld parece sugerir que esses estados de concentração mental e
práticas podem ser propícios a manifestação de fenômenos psi.

EMOÇÃO E ESP
Richard Broughton, que foi diretor do "Rhine Research Center", nos relata em seu livro
"Parapsychology - The Controversial Science" um exemplo daquilo o que ficou conhecido como "sessões
quase - terapêuticas".
Um grupo de pessoas se reúne com freqüência para falar livremente de assuntos profundos e
emocionais. Nada é programado. A discussão pode levá-los a mudanças profundas e insights em suas
vidas, exatamente como poderia acontecer em uma terapia de grupo convencional. Com a diferença de
que um pesquisador neutro, ao final de cada sessão, vai a um computador e seleciona aleatoriamente (Via
sistema de gerador de eventos aleatórios de Schmidt) dois números que vão corresponder a um envelope e
a uma entre quatro figuras do mesmo envelope respectivamente. Ao final da sessão, alguém do grupo
apanha o envelope e, junto com o restante das pessoas, analisa a possibilidade dos elementos da imagem
terem se incorporado aos assuntos que emergiram nas sessões.

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Com as quatro figuras em mão, sem ainda saber qual foi à escolhida, fazem uma avaliação que
oscila da mais provável para a menos provável. Pode haver divergências ou unanimidade na escolha.
Depois disso, cada membro do grupo avalia numa escala de 1 a 5 a intensidade da emoção atingida pelo
grupo, que resulta numa média final.
Em seguida, juizes neutros e independentes, tendo em mãos a transcrição das sessões e o envelope
de julgamento, repetem o processo.
James Carpenter, pesquisador e psicoterapeuta americano, foi o idealizador deste intrigante
experimento onde psi parece emergir por entre processos inconscientes dos voluntários de um grupo.
Suas pesquisas de sucesso nos dão mais uma evidência de que "o processo de descobrir e resolver
profundas tensões emocionais é uma rica fonte de evidência anedótica de ESP" (Broughton, 1991 pg.134).
Broughton argumenta que parapsicólogos recriaram em muitos experimentos, de uma forma ou de
outra, o ambiente psicanalítico Freudiano com poltronas ou divãs confortáveis, relaxamento físico,
incentivo da "associação livre" (falar livremente abrindo assim canais para a expressão de materiais
inconscientes).
Outro fator sempre presente em resultados estatisticamente significativos de diversos experimentos,
como por exemplo, o Ganzfeld, foi à correlação entre estes e os ambientes interpessoais de acolhimento,
consideração e encorajamento de alguns laboratórios.
Tudo isso foi observado por Carpenter antes de levar adiante seu processo. Ainda segundo
Broughton, "Para Carpenter, a tentativa do paciente de obter insights pessoais e entendimento em
psicoterapia e a tentativa dos sujeitos de decifrar os alvos escondidos em experimentos ESP são bastante
similares. Informações sobre os alvos ESP poderiam bem estar no Inconsciente dos sujeitos, mas, como
eles poderiam identificar para que servem" e mais adiante "estes são os mesmos desafios que pacientes de
terapia tem que encarar com respeitos a profundas questões emocionais ou outros problemas". Para
Carpenter, os melhores resultados ESP vem de sessões bem semelhantes a boas sessões de terapia.
Estudos subseqüentes mostraram significância estatística entre sessões de alta qualidade terapêutica
e sucesso ESP (Broughton,1991,pg.135 e136).

PSI E PSIQUIATRIA
Vários psiquiatras de renome internacional já se manifestaram sobre possíveis relações entre este
campo da medicina e os fenômenos parapsicológicos.
J. Eisenbud pronunciou-se através de artigos e livros sobre ocorrências paranormais entre ele e seus
pacientes e entre os pacientes, buscando relações entre telepatia e repressão.
Em 1948 a American Society for Psychical Research estabilizou uma junta médica com o interesse
de estudar fenômenos paranormais ou psi e suas manifestações no ambiente psicoterapeutico. Entre os
participantes: Eisenbud, Ehrewald, Meerloo, Booth, Pedersen-Krag, Laidlaw e Montague Ullman. Por
oito anos o grupo se reuniu para discutir incidentes telepáticos que lhes chamaram a atenção sob vários
pontos de vista, com atenção à dinâmica psicológica envolvida etc.

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Várias foram às questões observadas, entre elas, eventos telepáticos entre marido e mulher
(Fodor,Schwartz e Nelson) e Telepatia e suas relações com sintomas psicossomáticos (Eisenbud).
Ehrewald manifestou-se sobre a acomodação de psi nas teorias de personalidade, apontando
necessidades de mudanças das teorias, tal como aconteceu com a física moderna em face da realidade
quântica e da teoria da relatividade. Ele chegou a desenvolver um modelo onde sugeriu a atuação de psi
na simbiótica relação mãe - criança. Em seguida haveria uma submersão desta capacidade como uma
resposta à necessidade do organismo se adaptar às forças externas, podendo, contudo emergir na vida
futura em condições especiais.
Ele formulou ainda um conceito de um gradiente simbiótico, o significado do controle do ego sobre
eventos a serem influenciados, eventos estes que se estenderiam além dos limites físicos e neurológicos
do organismo. Mais tarde, o significado da necessidade do ego de controlar tais eventos será o gradiente
para suas relações com a família e a sociedade como um todo.
Seu modelo abarca possíveis manifestações psi nas seguintes condições:

A - Efeitos psi são vistos como uma extensão compensatória de habilidades sensório-
motoras.
B - O gradiente simbólico originário na relação mãe - criança, normal e funcional
nesta época torna-se gradualmente esporádico.
C - Mudanças existências facilitariam a ocorrência de psi.
D -"Cumplicidade Doutrinária" : Pacientes tendem a ter sonhos e experiências
coerentes com as orientações teóricas de seus terapeutas. Terapeutas "abertos"
ao paranormal poderiam abrir precedentes para manifestações paranormais
genuínas de seus pacientes.

Já Eisenbud sugere que psi poderia ser um aspecto importante e significante de nossa realidade
corrente, agindo inconscientemente e ligando aspectos de nossas vidas. Ele especula relações de psi com
as antigas preocupações com rituais mágicos e onipotência do pensamento, além de desempenhar um
escondido - mas importante - papel em todas as questões humanas, colaborando de forma às vezes
estranha para trocas que mantém o equilíbrio ecológico.
Montague Ullman (1976) sugere que "eventos paranormais são parte de um sistema de respostas de
emergência evocados condições de ameaça ou para sustentar laços afetivos ou garantir a integridade do
organismo”.
Rex Stanford elaborou um interessantíssimo modelo chamado por ele de PMIR (Psi-Mediated
Instrumental Response ou Psi mediador de respostas Instrumentais) mostrando que tal habilidade poderia
nos levar à reações tanto neurofisiológicas quanto psicológicas (Stanford, 1990). Algumas de suas
interessantes colocações:
“... Através de psi o organismo (i.e. o indivíduo comportamental vivente) é capaz de responder a
circunstâncias em seu ambiente com as quais ele não tem contato sensorial, se tais circunstâncias são de
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um tipo das que ele responderia se tivesse conhecimento sensorial. As respostas do organismo mediadas
por psi tendem servir as necessidades ou refletir as inclinações do mesmo com respeito as já mencionadas
circunstancias." (Stanford,1990, pg.62).
"PMIR envolve tais mudanças, como excitação emocional ou motivacional, respostas focalizadas
pela atenção e/ou outras preparações para resposta, como elemento adicional para as respostas que, de
fato, tem valor instrumental" (Stanford,1990,pg.62).
Sempre houve muita controvérsia a respeito da pesquisa de fenômenos parapsicológicos.
Pesquisadores que os conduziam foram perseguidos e sofreram retaliações, governos foram acusados de
usar sensitivos para a obtenção de informações na "guerra fria" etc. Houve muito folclore.
Recentemente, o mundo se surpreendeu quando o próprio governo Americano admitiu
publicamente ter gastado milhões de dólares mantendo sensitivos que foram capazes de, na época da
guerra fria, espionar armamentos e planos Soviéticos. Por outro lado, pesquisadores como Stanley
Krippner dos Estados Unidos, autor de "Possibilidades Humanas" viajaram para países por detrás da
então “Cortina de Ferro” o suficiente para mostrar o interesse que Soviéticos tiveram por esses assuntos, a
ponto de investirem em programas sofisticadíssimos, mas infelizmente os resultados jamais estiveram
disponíveis para a comunidade científica internacional.
A ciência tradicional, no entanto, ainda reluta discutir tais assuntos, embora esteja bem mais
flexível. Mas, por outro lado, em grandes universidades de todo o mundo, multiplicam-se os laboratórios
e cátedras em parapsicologia, assim como os cursos de pós-graduação nesta área, como nas universidades
de Edimburgo (Escócia), Freiburg (Alemanha), Utrech (Holanda), J.F. Kennedy, Princeton (Estados
Unidos) entre outras.

LOUISA E. RHINE E O ESTUDO DOS FENÔMENOS PSI ESPONTÂNEOS


A parapsicologia dispõe de duas formas distintas de pesquisa: O experimentalismo e a pesquisa de
fenômenos espontâneos.
Em 1948, Louisa E. Rhine se juntou ao então famoso laboratório de parapsicologia da Universidade
de Duke para ficar à frente do estudo de relatos de fenômenos paranormais que para eles eram enviados
aos milhares. Inicialmente a idéia era apenas separa-los por categorias e arquiva-los, mas nesse processo
Louisa descobriu um grande número de fatores que se repetiam nas várias categorias, numa intensidade
tal que os pesquisadores a apoiaram integralmente sobre a necessidade de se desenvolver um estudo mais
profundo e rigoroso.
Louisa Rhine era rigorosíssima em seu método de selecionar relatos para a famosa coleção de 7110
casos. Para ela, as variáveis constantes tendem a permanecer e a se repetir, ao passo que as fraudes e má
interpretação tendem a fugir dos padrões identificados.
Seu trabalho resultou na elaboração de um interessante modelo para explicar os supostos
fenômenos psi espontâneos e suas relações com nossos processos mentais ordinários: A informação psi é
captada, primeiro, em nível inconsciente (estágio I). Até este momento ela está no indivíduo, mas este não

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sabe disso, pois não há ainda a consciência de sua existência, que seria justamente o “estágio II”. Ela
identificou cinco "caminhos" que poderiam nos tornar conscientes da informação previamente apreendida:
1 - Experiências Realísticas
São sonhos que nos fazem perceber exatamente a informação apreendida exatamente como ocorreu.
Exemplo:
"... no meu sonho, tinha acabado de acordar e tomava café com minha família. De repente o
interfone do meu prédio tocou. Era Lúcia, uma antiga e querida secretária que tínhamos, mas
não víamos há mais de três anos. Acordei impressionado, e, como de costume, tomei café com
minha família e aproveitei para contar-lhes o sonho. Quase ao terminarmos, o interfone tocou.
Para o espanto de todos era Lúcia que veio nos fazer uma visita surpresa após dois anos sem
nenhum tipo de comunicação com nossa família."
2 - Experiências “Irrealísticas”
É possível identificar de forma bem clara no sonho o elemento captado extra -sensorialmente, mas
em sua apresentação no sonho, o mesmo vem cercado ou acrescido de outros elementos que fazem parte
da estrutura psicológica do sonhador. A informação sobre a realidade é adaptada ou distorcida. Exemplo:
“... estava viajando no Nordeste do Brasil, isolada, sem telefonar para minha família... aquele
sonho me marcou, sabe, não foi nada agradável ver um de meus filhos, o mais novo, morrer e ser
enterrado. Fiquei chocada. No dia seguinte andei quilômetros na busca de um posto telefônico.
Ao ligar para casa, soube que meu mais novo netinho, do meu filho do meio, havia contraído
meningite, e falecera naquela madrugada...”.
Houve acerto no que tange à "morte na família", mas as circunstâncias foram modificadas.
Exemplo 2:
"Sonhei com um dos porteiros do meu prédio. Ele sorria para mim, e seus dentes iam caindo, um
por um. No dia seguinte ele não foi trabalhar, e soubemos que morreu atropelado por um
caminhão desgovernado que o pegou na calçada."
3 - Experiências Intuitivas
São experiências que se tem em estado de consciência desperta onde há pouquíssima ou mesmo
nenhuma informação sobre o evento, mas sim a presença de um forte pressentimento e/ou angústia que
faz o sujeito ficar de sobre - aviso.
Exemplo:
“... aquele deveria ser o meu nono ou décimo cruzeiro marítimo. Naquele barco, o "Bateaux
Mouche" era a quarta vez, e o segundo reveillon no mar assistindo aos fogos de Copacabana.
Adorava - e continuo adorando barcos... mas naquela manhã de 31 de Dezembro sentia um forte
pressentimento, uma sensação muito esquisita... meus amigos perguntaram se tinha sonhado algo,
mas não, era só uma angústia forte que vinha toda a vez que pensava no cruzeiro à noite. Eu
queria ir, mas aquela coisa me freava de algum jeito.

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Na hora do embarque, entrei no barco sentindo-me péssima, pois meus amigos e marido estavam
felizes. Na última chamada, algo, mas forte que a minha vontade arrastou a mim e eu - a meu
marido - para fora do barco. Ele brigava comigo e dizia que depois do feriado iria me levar a um
psiquiatra. Eu mesma achei que precisava de um por conta daquela reação tão estranha... De
madrugada nossos filhos ligaram aos prantos, pois todos os jornais e televisões noticiavam o
naufrágio do "Bateax - Mouche" e eles pensaram que nós havíamos embarcado. “Todos os
nossos amigos morreram...”.
4 - Experiências alucinatórias
Nesta modalidade, o indivíduo vê, ouve ou sente algo que não está lá para ser percebido que
corresponde à percepção consciente de um elemento extra - sensorial captado inconscientemente. Aqui
não nos referimos à alucinação com sentido tradicional de “distúrbio psicológico”, mas sim como uma
“falsa impressão sensorial”.
Exemplo relatado pela irmã do sujeito:
“... meu irmão tinha somente cinco anos, e jamais esqueceremos o que aconteceu. Ele entrou em
nossa casa puxando mamãe pela saia e dizendo que um velho chamado Cassiano, de chapéu e
barba comprida pediu para ele dizer pro pai dele que ele ia fazer uma longa viagem e que tinha
vindo se despedir. Mamãe achou muito engraçado, pois a descrição e tudo mais a fazia lembrar
de seu sogro na Bahia, que ela não via há oito anos, e meu irmão nem o conhecera. Na manhã
seguinte recebemos um telegrama avisando sobre o falecimento do vovô naquela madrugada...”.

Exemplo 2:
"(...) Foi muito estranho mesmo. Minha casa fica no alto de uma longa ladeira que desemboca
numa movimentada alameda de mão dupla. Eu estava na varanda, quando lá longe, do outro
lado das duas pistas, vi um homem sem camisa me acenando freneticamente. Era o meu filho,
casado, que sorria e me dava adeus. Fiz sinal para que ele viesse até a nossa casa, mas quando
olhei novamente, não o vi mais.
Uma angústia tomou conta de mim, peguei o telefone e liguei para a casa dele. Foi quando soube
que ele havia tido um infarto há mais ou menos quarenta minutos e tinha acabado de falecer.
Mas como? Eu o havia visto há menos de dez minutos. Tenho certeza de que era ele. Quando ele
passava do outro lado da rua, indo e voltando de casa, sempre acenava da mesma forma...".

A Sra. Rhine dá muitos exemplos de "aparições", e "vozes" não só de "mortos", mas de pessoas que
no momento estavam "morrendo" ou de vivos em perigo que não morreram!Interessante, não?

Em meus arquivos tenho registro de "cheiros" peculiares como cheiro da pessoa, cheiro de "rosas"
(associados com a morte na cultura local) etc.

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5 - Experiências de Psicocinesia espontânea (PK)

Como vimos anteriormente, psicocinesia é a aparente ação da mente sobre a matéria. Sra. Rhine
observou muitos casos de eventos físicos que coincidiram com eventos de acidentes e mortes, que fizeram
os sujeitos parar e refletir sobre a possibilidade de "algo anormal” estar acontecendo.
De acordo ainda com seu modelo, haveria uma possibilidade da mente dos sujeitos lançarem mão,
inconscientemente de PK como uma forma de chamar-lhes a atenção para um assunto de extrema
importância já captado extra - sensorialmente.
Exemplo:

"Eu e Carlos éramos muito próximos. Eu, apaixonado, não era correspondido, e tentava me conformar
com sua amizade e com a proximidade cada vez mais forte com sua família, uma vez que minha família
morava bem longe... Naquela noite estava na casa de uma amiga fazendo algumas gravações musicais,
quando me dei conta que meu relógio Rolex, novo, caro que não tinha nenhum tipo de problema,
simplesmente parou de funcionar as 19:30. Já eram mais de 21 horas. Quando voltei para casa
encontrei um recado na minha secretária eletrônica de Carlos, nervoso, dizendo que seu pai havia se
suicidado as 19:30 daquela noite."

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