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CAMPUS ARAPIRACA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ARAPIRACA
2020
AMANDA ALENCAR SANTOS
ARAPIRACA
2020
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................... 17
6.1 Centre for Autism and the Developing Brain – Nova York, EU. .............. 56
6.2 Sunfield Residential School – Clent, U.K. ................................................ 60
1 INTRODUÇÃO
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3 ENTENDENDO O AUTISMO
Surgiram então inúmeras pesquisas acerca dessa nova síndrome apontada por
Kanner e Asperger, onde se buscava comprovar a influência do ambiente e das
interações sociais no desenvolvimento infantil. Novas publicações foram e são feitas
até os dias atuais, o autismo é uma síndrome complexa e que não tem cura, em 2007,
ganhou um dia mundial de conscientização (Figura 1), instituído pela ONU –
Organização das Nações Unidas, afim de chamar atenção acerca de sua importância.
3.3 Epidemiologia
3.4 Classificação
3.5 Diagnóstico
O diagnóstico clínico tem como base entrevistas com os pais da criança, porém,
o médico inicialmente solicita exames para investigar condições (possíveis doenças)
que tem causas identificáveis e que podem apresentar um quadro de autismo infantil,
como a síndrome do X-frágil, fenilcetonúria ou esclerose tuberosa (MELLO, 2007).
Para melhor instrumentalizar e uniformizar o diagnóstico foram criadas escalas,
critérios e questionários que auxiliam os profissionais a de forma abrangente, fazer
uma triagem dos sintomas relacionados ao espectro. A partir da identificação dos
sinais de alerta, podem ser iniciadas a intervenção e monitoramento dos sinais e
sintomas ao longo do tempo, pois mesmo a criança apresentando-os é necessário o
acompanhamento por uma equipe interdisciplinar treinada e com experiência para
então um diagnóstico final (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-5, 2014), os critérios de diagnóstico, para pessoas com Transtornos do
Espectro Autista, estão entre os seguintes:
27
Fonte: Tabulação especial sobre equidade da Amostra do Censo Demográfico 2000 (IBGE) Unicef,
jun. 2003 apud JESUS FILHO, 2017.
30
Fonte: Supervisão de Cuidados à Pessoa com Deficiência (SUPED), Alagoas, 2017. Apud, SILVA,
2018.
34
desconfortos a criança, assim como torna difícil a terapia nas salas ao lado, a medida
que tudo pode ser ouvido entre elas, outro problema é o despreparo no que se refere
a iluminação, um ponto de luz único sem uma iluminação difusa pode trazer
desconforto para algumas crianças.
4 AUSTISMO E PERCEPÇÃO
1 These atypical sensory reactions suggest poor sensory integration in the central nervous system and
could explain impairments in attention and arousal (Baranek, 2002; Tomchek & Dunn, 2007). Self-
stimulatory behaviors, defined as repetitive movements that serve no perceptible purpose in the
environment (Smith et al.,2005), can have considerable social, personal, and educational implications
and often limit the ability to participate in normal life routines (Smith et al., 2005). Behaviors such as
stereotypic motor movements, aimless running, aggression, and self-injurious behaviors have been
correlated with these sensory processing abnormalities (Case-Smith & Bryan, 1999; Dawson & Watling,
2000; Linderman & Stewart, 1999; Watling & Dietz, 2007). Each behavior interferes with a child’s ability
to engage in or learn from therapeutic activities (PFEIFFER et al., 2011, v. 65, p. 76-77).
41
Fonte: GAINES, Kristi et al. Desingning for autism spectrum disorders. Routledge, New York. p. 1-205,
2016, apud, SOARES, 2017, adaptado pela autora (2019).
autista realmente, em uma campanha feita no ano de 2015 no Reino Unido, com base
na consulta e experiências reais de pessoas com espectro foi produzido o Too Much
Information Film¹2, em apenas dois minutos, com um cenário comum de uma ida ao
shopping center, é possível ver o quanto o ambiente pode ser “esmagador” para a
criança com autismo hipersensível, o filme consegue, com a câmera em primeira
pessoa, trazer a um indivíduo neurotípico como é fazer parte do espectro (NATIONAL
AUTISTIC SOCIETY, 2016).
Figura 15 - QR Code com link direcionável para vídeo de realidade virtual em 360°, com o filme
produzido pela National Autistic Society sobre o autismo, disponível no Youtube.
2
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DgDR_gYk_a8&t=30s
43
O que uma pessoa neurotípica sente quando alguém não faz contato visual
pode ser o que uma pessoa com autismo sente quando alguém faz contato
visual. E vice-versa: o que um neurotípico sente quando alguém faz contato
visual pode ser o que um autista sente quando alguém não faz contato visual
(GRANDIN; PANEK, 2015, p. 41, apud NUNES, 2017).
No que diz respeito a sons, Tample (2015, p. 78-79) relata odiar alarmes,
descrevendo que seu cérebro interpreta o som de maneira diferente. “Cerca de noves
entre dez pessoas com autismo apresentam um ou mais transtornos sensoriais”,
descreve. Comenta ainda sobre a escassez de pesquisas sobre o assunto:
Suspeito que os pesquisadores simplesmente não entendem a urgência do
problema. Eles não conseguem imaginar um mundo onde roupas que pinicam
o fazem sentir-se pegando fogo, ou onde uma sirene soa “como se alguém
estivesse perfurando meu crânio com uma furadeira”, como alguém
descreveu. A maioria dos pesquisadores não consegue imaginar uma vida
em que cada situação nova, ameaçadora ou não, vem com uma descarga de
adrenalina, como um estudo indica suceder com muitas pessoas com
autismo. Porque a maioria dos pesquisadores são pessoas normais, criaturas
sociais, então, do ponto de vista deles, faz sentido se preocupar em socializar
autistas (GRANDIN; PANEK, 2015, p. 80-81, apud NUNES, 2017).
acordo com suas necessidades pelos profissionais junto a seus familiares fizeram toda
diferença.
Mesmo com muitas abordagens possíveis, SILVA (2016, p. 23, apud AMORIM,
2012), faz o destaque de alguns pontos importantes em qualquer tratamento: estímulo
do desenvolvimento social e comunicativo; aperfeiçoamento do aprendizado e
capacidade de solucionar problemas; diminuição dos comportamentos prejudiciais ao
aprendizado e acesso as oportunidades e experiências cotidianas assim como apoiar
aos familiares a lidarem como o autismo.
(conclusão)
5 ARQUITETURA INCLUSIVA
O Design Neurotípico tem seu como base a integração do indivíduo com TEA,
porém como o foco nas atividades diárias do mesmo. Com isso, se concentra mais
nas habilidades gerais, com a criação de ambientes físicos que o autista entrará em
contato em situações reais, na vida cotidiana, com ambientes hiper estimulantes e que
tem a força de desenvolver um senso de familiaridade com as diferentes
circunstancias que serão enfrentadas em espaços urbanos públicos comuns.
A teoria do Design Neurotípico concentra-se em melhorar as habilidades das
pessoas autistas para generalizar o espaço e sua função. Ao criar ambientes
com a mesma função, mas com características sensoriais diferentes, os
pacientes devem desenvolver a capacidade de se adaptar às variações do
mesmo tipo de espaço. Além disso, como o ambiente é semelhante aos locais
urbanos e públicos, as pessoas autistas tendem a se adaptar ao longo do
tempo a esse tipo de contexto altamente estimulante. Como resultado, as
instituições de tratamento têm áreas projetadas de forma a imitar os espaços
externos habituais: as áreas de trânsito parecem ruas e becos, as salas de
terapia parecem salas de aula ou bibliotecas, a cafeteria parece um
restaurante e assim por diante (POMANA, 2014, p.2, tradução nossa 3).
3The Neuro-Typical Design Theory focuses on improving autistic people’s skills to generalize space
and its function. By creating environments that have the same function but have different sensory
characteristics, patients should develop the capacity to adapt to variations of the same kind of space.
Also, because the environment is similar to usual urban and public places, autistic people are bound to
adapt over time to this kind of highly stimulating context. As a result, treatment institutions have areas
designed in such a manner that they mimic usual outside spaces: transit areas look like streets and
alleys, therapy rooms look like classrooms or libraries, the cafeteria looks like a restaurant and so on
(POMANA, 2014, p.2).
50
com mobilidade limitada, por que não autismo? (HENRY, 2011, p.n, tradução
nossa4).
4 Should individuals with disabilities be required to habituate themselves to the ‘typical’ standard if
they want access and acceptance into the larger society? For example, if the ‘ambulant-typical’
environment consists of mainly stairs should architects force individuals with limited mobility to learn to
navigate the environment without ramps, lifts, or curb cuts? That’s a rhetorical question. Perhaps
‘neuro-typical’ environments should be more accommodating for individuals with autism. We demand it
to be for individuals with limited mobility, why not autism? (HENRY, 2011, n.p,)
51
5 By altering space characteristics such as color, texture, perspective, sound, orientation, lighting etc.,
to accommodate each individuals’ requirements, therapy has proven to be more effective, especially
when dealing with acoustics. The Sensory Design Theory also implies a deeper analysis into context
and community, navigation and spatial sequencing, classroom spaces, therapy spaces and outdoor
learning areas. All these aspect come to support the different therapeutic sessions for skill acquirement,
context and community being the only part that focuses directly on capacities of people with autism to
adapt and integrate in society (POMANA, 2014, p.2).
52
Nesse sentido, quando o ambiente se torna hostil para a criança com autismo
é resultado de um projeto arquitetônico não adequado. A arquitetura tem o papel de
ser um “abrigo” proporcionando conforto e bem-estar aos usuários e por isso tem a
função de ser pensado como tal (NEUMANN, 2017, p.123).
Em ambas as hipóteses aqui abordadas, existem argumentos válidos, mas até
o momento não há estudos comparando e mostrando a eficácia entre um e outro.
Quando se trata de crianças com autismo a variabilidade de sintomas é vasta, com
isso, definir uma só abordagem seria a melhor solução somente para alguns usuários,
com isso, é necessário fazer uma análise do local a ser projetado e seus custos e
assim definir as prioridades que melhor atendem a maior parte das dificuldades
presentes na vida do autista.
6 REFERÊNCIAS PROJETUAIS
6.1 Centre for Autism and the Developing Brain – Nova York, EU.
Desenvolvido pelo escritório DaSilva Archtects, o Centro para o Autismo e
Desenvolvimento do Cérebro, foi um projeto de reforma de um antigo ginásio (figura
17), dentro do Presbyterian Hospital, em uma nova instalação, destinada para
diagnósticos, avaliações e tratamentos de crianças com Transtorno do Espectro
Autista.
Como resultado surgiu uma colorida vila, com salas flexíveis para atividades e
consultas, com espaços de atividades organizados em grupos de casas com formas
diferentes, com portas e janelas que se abrem para as zonas de circulação com luz
natura, elementos pensados especialmente para as crianças.
Cor, luz, formas e outros elementos criativos foram utilizados para criar espaços
de interação social, o próprio teto do ginásio foi transformado em céu, com a pintura
de nuvens e em tons de azul, além disso, foram criados pequenos jardins e espaços
57
para sentar e brincar (figura 18), detalhes que trazem não só divertimento as crianças,
como também um link para suas casas fora do centro, subjetivamente estimulando
sua autonomia. Além disso, o projeto consegue se distinguir de clinicas e hospitais,
que para os autistas é um ambiente confuso e desnorteador (FASTCOMPANY, 2016).
beneficiando-se de uma luz não direta sem distrair os pacientes com o que acontece
lá fora. Para iluminação artificial, foram utilizadas uma variedade de fontes, instalando
luzes de teto e faróis que iluminam lateralmente. Todas essas lâmpadas podem ser
escurecidas se um paciente for incomodado (FASTCOMPANY, 2016).
No que diz respeito aos materiais, assim como com som, ruído e luz, o escritório
pensou em contemplar a mais ampla gama de possibilidades, logo, a estrutura do
Centro do Autismo e Desenvolvimento do Cérebro apresenta o uso de tecidos e
materiais naturais, como cortiça, borracha, porcelana e lã (FASTCOMPANY, 2016).
A planta sinuosa (figura 29), se estende sobre todo o terreno criando uma
destacada circulação interna que abriga 10 salas de aula com volumes salientes
voltados para o norte, também dispõe de salas de música, artes e biblioteca para o
sul, ligados por uma circulação aberta e com jardins (figura 30).
Figura 31 - O arquiteto além de criar uma parede sensorial, utilizou da mesma com armários
"invisíveis".
Nesse sentido, serão base para esse trabalho, diretrizes apontadas nos
estudos realizados por diversos autores como Richer and Nicoll 6 (1971), Beaver 7
(2003, 2006), Whitehurst8 (2007), Mostafa9 (2008, 2015), Ahrentzen10 (2009), Brand11
(2010), Rowell e Braddock12 (2011), Leestma13 (2015) e Owen14 (2016) abordando
6 John Richer e Nicoll Stephen, “A Playroom for Autistic Children, and Its Companion Therapy Project.”
7 Christopher Beaver, “Designing Environments for Children and Adults with ASD.”
8 Teresa Whitehurst, “The Impact of Building Design on Children with Autistic Spectrum Disorders.”
9 Magda Mostafa, “Architecture for autism: Built environment performance in accordance to the autism
ASPECTSS™.”
10 Sherry Ahrentzen, ‘At Home with Autism: Designing Housing for the Spectrum.”
11 Andrew Brand, “Living in the Community Housing Design for Adults with Autism.”
12George Braddock e John Rowel, “Making homes that work”.
13 David Paul Leestma, “DESIGNING FOR THE SPECTRUM: An. Educational Model for the Autistic
User.”
14 Ceridwen Owen, “Supporting Students with Autism Spectrum Disorder in Higher Education.”
67
Essa ordem pode ser definida com base no roteiro de atividades a serem
desenvolvidas pela criança autista mais comumente, como por exemplo, se após o
atendimento psicológico as crianças vão a psicopedagogia e em seguida a terapia
ocupacional, essas salas podem ser implantadas no projeto em sequência de forma a
não só a ter seu acesso mais rápido mais também produzindo uma familiaridade ao
autista, o trazendo mais segurança.
A Sequência espacial dos ambientes internos deve ser adotada de forma a
promover as atividades intelectuais de forma fluída, natural e tranquila, isso requer
uma organização espacial de forma lógica e baseada na agenda de uso desses
espaços (ver figura 33).
15[…] Spatial Sequencing requires that areas be organized in a logical order, based on the typical
scheduled use of such spaces. Spaces should flow as seamlessly as possible from one activity to the
next through one-way circulation whenever possible, with minimal disruption and distraction, using
Transition Zones (MOSTAFA, 2015, p.147).
68
16 Opportunities for social interaction need to be structured for children with ASD. However, this needs
to be balanced with opportunities to be alone. It is particularly important when designing play spaces to
consider the need for children with ASD to have time out, which contrasts with the neurotypical
expectations of socializing (OWEN et al., 2016, p. 55).
69
Figura 34 – Sala de espera com espaços para interação social das crianças e suas famílias.
7.3 Compartimentação
17 The separation between these compartments need not be harsh, but can be through furniture
arrangement, difference in floor covering, difference in level or even through variances in lighting. The
sensory qualities of each space should be used to define its function and separate it from its neighboring
compartment. This will help provide sensory cues as to what is expected of the user in each space, with
minimal ambiguity (MOSTAFA, 2015, p.147).
70
Figura 35 - Sala para atividades em grupo com janela de observação para terapia assistida.
Essa divisão pode ser feita de diversas formas, como por cores, iluminação,
mobiliários, pisos distintos, entre outras formas criativas, que permitam que as
qualidades sensoriais de cada espaço sejam distintas (figura 36). Essas diferenças,
para a criança com TEA, produzem pistas sensoriais do que os espera no uso de cada
espaço, o trazendo tranquilidade e segurança (LEESTMA, 2015).
71
Figura 37 - Sala de Terapia com brinquedos e mobiliário flexível para diferentes atividades, foi
utilizado também scape spaces (espaços de fuga) para uma possível calibração sensorial.
7.5 Layout
Beever (2006) acredita que um layout simples, com poucos detalhes, materiais
e cores de fácil compreensão, é o mais recomendado. O reconhecimento de espaços
e salas para cada tipo de atividade é essencial e isso pode ser determinado pelas
cores do tapete e pela maneira como os espaços estão organizados e como fluem de
um para outro.
O layout do edifício facilita a navegação, como o reconhecimento de sua
"casa" por sua cor. Os espaços de aprendizado do estúdio internos e externos
fornecem áreas de aprendizado que permitem movimento e exploração
(LEESTMA, 2015, p. 147, tradução nossa18).
18The layout of the building makes it easy for them to navigate such as recognizing their “house” by its
color. The studio’ inside and outside learning spaces provide areas of learning that allow for movement
and exploration (LEESTMA, 2015, p.147).
73
Figura 40 - Recepção com uso de identidade visual com formas orgânicas, materiais e tons
utilizados em todas as imagens produzidas.
7.9 Volumetria
O volume arquitetônico pode ser construído de forma livre, desde que sejam
seguidos os conceitos sensoriais como cores, texturas e acessibilidade, sempre
buscando formas neutras e simples que estimulem a autonomia dos indivíduos com
TEA, objetiva ou subjetivamente.
7.10 Cor
Figura 41 - Espaço para terapias em grupo, foram utilizados tons de rosa e azul com fundo
acinzentado para ter o equilíbrio entre estimulante (rosa) e calmo (azul).
Figura 42 - Paleta de cores escolhidas como "friendly" (amigáveis), em pesquisa feita pela GA
Archtects e a Universidade de Kignston.
Apesar do branco ser uma cor neutra, deve-se evitar seu uso em excesso, além
de lembrar um ambiente hospitalar, a cor branca reflete muita luz o que pode
ocasionar hiperestimulação pelo excesso de luz a algumas crianças.
Estampas devem ser evitadas nos ambientes terapêuticos, pois desenhos
tendem a chamar muita atenção da criança, em outros espaços podem ser usadas
com muita cautela, pois padrões confusos podem trazer desconforto as crianças,
durante uma tentativa falha de entende-los.
7.11 Materiais
Materiais com boa qualidade, bem-acabados, duráveis e não tóxicos são um elemento
importante no ambiente pensado para o autista, patologias e defeitos construtivos
podem trazer ansiedade e inquietação para a criança.
As escolhas de materiais são extremamente importantes ao projetar para
crianças com TEA, pois fornecem muitas formas de estímulos sensoriais,
incluindo a aparência, a sensação, o som e o cheiro. Eles devem ser
cuidadosamente selecionados para equilibrar a sensibilidade hiper e hipo a
diferentes formas de estímulos sensoriais(OWEN et al., 2016, p. 49, tradução
nossa19).
19 Material choices are extremely important when designing for children with ASD as they provide many
forms of sensory input including the way they look, feel, sound and smell. They must be carefully
selected to balance hyper and hypo sensitivity to different forms of sensory input. (OWEN et al., 2016,
p. 49).
81
Figura 43 - Sala com hiper estimulação estratégica, os materiais escolhidos tem a função de
maneira equilibrada oferecer estímulos a criança: a parede pode ter desenhos com giz ou não,
com o controle do profissional, os quadros coloridos são também armários, possibilitando seu uso
controlado.
20 Further empirical research has shown that by reducing noise levels and echo in spaces for children
with autism, their attention spans, response times and behavioural temperament- as measured by
instances of selfstimulatory behaviour-improved. This improvement reached in some instances a
tripling of attention span, a 60% decrease in response time and a 60% decrease in instances of
selfstimulatory behaviour (Mostafa 2008, p. 203).
83
Figura 44 - Sala de música com estratégias acústicas para uma boa absorção do som: painéis
acústicos, paredes com preenchimento interno, forro acústico e piso emborrachado de PVC.
Figura 45 - Corredor com uso de Iluminação natural, com cortinas, e iluminação artificial com
distribuição variada de forma a possibilitar controle dependendo de quais serão ligadas.
Deve ser feito o uso de ventilação higiênica de forma cruzada (ver figura 47),
para a maior parte dos ambientes, ela renova o ar dos espaços, e traz relaxamento e
bem-estar aos autistas, além de manter a qualidade do ambiente.
86
7.15 Segurança
21Safety is more of a concern for children with autism than their neurotypical peers, due to the fact
that those with autism may have an altered sense of their environment and could easily injure
themselves by running into walls to falling down stairs (LEESTMA, 2015, p.38).
88
7.16 Escala
De acordo com Montessori (1965), tudo que é ensinado à criança deve ter uma
ligação com a vida. O enquadramento oportuno dos gestos e ações que a criança
aprendeu, na prática, será um dos maiores esforços que fará.
Figura 52 - Sala para terapias em grupo controladas, com grande janela e cortinas, com vista para
o jardim sensorial, nesse ambiente foram utilizados materiais naturais e cores que lembram o
ambiente externo, propiciando uma integração quando necessária.
22 Spaces should be organized in accordance with their sensory quality rather than their programmatic
function, which is typical in architectural design. Grouping spaces according to their allowable stimulus
level, spaces are organized into zones of high-stimulus and low stimulus. (LEESTMA, 2015, p.37).
92
Figura 53 - Sala de terapia neutra e de baixo estímulo, as “árvores” tem intenção lúdica mas
podem ser desencaixadas (sem oferecer riscos as crianças), caso o profissional prefira.
Figura 55 - Corredor que funciona também como zona de transição entre salas de alto e baixo
estímulo.
Podendo ser feitas através de salas, diferenciação de luz, piso e cores, entre
outras formas criativas, essas “zonas” tem o poder de recalibrar os sentidos do autista,
durante a mudança de um estímulo para o outro, o trazendo segurança e conforto.
Por exemplo, elas sentem maior conforto e controle quando têm uma zona
de transição entre os espaços públicos e privados. Assim como uma varanda
separa a casa da rua, um espaço de transição na forma de um nicho ou
corredor diferenciado separa a sala de aula a partir do corredor principal,
fornecendo informações importantes do ambiente a partir de uma posição
segura e defensiva informações (CRUZ; ABDALA; ANTUNES, 2015, p. 11).
95
As salas ou espaços de fuga são ambientes para que o autista possa ter uma
pausa e descansar após uma hiperestimulação sensorial. Esses espaços devem
fornecer um estímulo sensorial neutro ou baixo (figura 56), ou até ter a possibilidade
de um estímulo personalizável, caso o usuário as forneça (MOSTAFA, 2014).
7.22 Circulação
Espaços para socializar e ficar sozinho (também scape spaces), devem ser
integrados a essas circulações, esses pontos devem ser reconhecíveis e
interessantes para os autistas, estimulando-os ao seu uso (figura 57).
23 Corridors should be designed in such a way that they are not any longer mere spaces dedicated just
to circulate. They can be used for play or rest, this approach appropriates the space for the students’
needs (LEESTMA, 2015, p.34)
97
7.23 Controle
Com base nas diretrizes de Beaver (2006) e Mostafa (2014) pode-se observar
que o controle dos espaços destinados a crianças com TEA é crucial, a equipe
multidisciplinar necessita sempre da flexibilidade nos ambientes, e isso está presente
em quase todas as diretrizes aqui já apontadas.
No layout do projeto pode-se fazer uso de painéis ou divisórias móveis possam
trazer versatilidade ao uso do espaço. Deve-se ainda prever o controle de brinquedos
e elementos de formas criativas como com painéis que os escondam ou armários com
acesso apenas dos profissionais, porém é também válido o uso de nichos e armários
livres, para o uso livre quando necessário (figura 58).
Como já abordado, o controle dos elementos de conforto: luminoso e térmico,
devem ser previstos de forma que seus elementos como luminárias, portas e janelas,
entre outros, com a gerência do profissional propiciem a melhor adaptação da criança
ou terapia durante o seu uso.
7.24 Família
Assim como é necessário pensar nos familiares, pensar nos profissionais que
todos os dias lidam com desafios é essencial para seu bem-estar e consequentemente
para o atendimento a criança autista.
A sala de descompressão é um espaço que geralmente grandes empresas
oferecem aos colaboradores para que eles se desconectem um pouco do trabalho.
Seu principal objetivo é promover uma pausa para o relaxamento fazendo com que
voltem às suas atividades revigorados. As salas podem possuir elementos do gosto
dos funcionários, mesas de sinuca, espaços com sofás, jogos, mesas para comer,
rede, entre outros, desde que auxiliem no relaxamento do usuário (figura 60).
(continua)
102
(continua)
103
(conclusão)
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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https://pt.slideshare.net/juliamitre/saber-ver-arquitetura-bruno-zevi-33697940 Acesso
em: 18 jan. 2020.
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