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GRUPO SER EDUCACIONAL


UNINASSAU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
CAMILA DA COSTA PINHO

PROJETO DE PESQUISA – TCC1

O ALUNO AUTISTA E SUA PERMANÊNCIA NA ESCOLA DE ENSINO


REGULAR.

Japaratinga/AL
2023
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CAMILA DA COSTA PINHO

O ALUNO AUTISTA E SUA PERMANÊNCIA NA ESCOLA DE ENSINO


REGULAR.

PROJETO DE PESQUISA APRESENTADO


AO CURSO DE GRADUAÇÃO EM
PEDAGOGIA DA UNINASSAU COMO
REQUISITO PARA APROVAÇÃO NA
DISICIPLINA DE TCC-1.

Japaratinga/AL
2023
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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO...................................................................................................... 4
1.1Tema ................................................................................................................. 10
1.1.2 Delimitação do Tema ..................................................................................... 12
1.2 Problema de Pesquisa ...................................................................................... 15
1.3 Justificativa ....................................................................................................... 15
2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 17
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 17
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................18
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 21
4.1 Caracterização do estudo ................................................................................. 21
4.2 Universo da pesquisa........................................................................................ 22
4.3 Instrumentos de coleta de dados ...................................................................... 24
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 25
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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o intuito de fazer uma análise sobre as barreiras


de acessibilidade que dificultam o processo de aprendizagem e permanência dos
alunos dentro do Transtorno do Espectro Autista, na instituição escolar de ensino
regular, nos 3 (três) primeiros anos do Ensino Fundamental l, sendo estas as séries
alfabetizadoras e de letramento, onde as crianças possuem idade entre 6 e 8 anos.

As inquietações a respeito dessa temática surgiram a partir da minha


maternidade atípica, pois sou mãe de uma menina de 9 anos que está dentro do
Espectro Autista e também do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, e
enfrentamos diversas dificuldades, geradas pelo desconhecimento das professoras
em conduzir um autista em sala de aula, resultando em 4 mudanças de escolas,
dentro de um curto período de tempo, também apresento como contribuição minha
experiência profissional da realidade observada, nos anos de 2021 até janeiro de
2023, no município de Japaratinga, localizado no estado de Alagoas, visto que
trabalhei diretamente com professores da rede pública de ensino regular, durante a
implantação da primeira sala de recursos multifuncional (SRM) do Atendimento
Educacional Especializado (AEE), dentro da Escola municipal Marechal Arthur da
Costa e Silva, que atendia todos os alunos com deficiência da cidade.

Os discentes que chegaram para avaliação e matrícula no AEE, em


maioria estavam na faixa etária de 6 a 8 anos e dentro de circunstâncias adversas
do que seria o ideal para ter uma aprendizagem eficaz durante a alfabetização, e os
que passaram dessa idade não estavam alfabetizados, a exemplo de um aluno em
específico com 11 anos, que ainda não sabia escrever seu próprio nome ou ler
palavras com sílabas simples.
Ficou evidente o desconhecimento dos professores em relação ao
Transtorno do Espectro Autista, diante de tantas necessidades apresentadas pelos
alunos e principalmente durante a elaboração do Plano de Desenvolvimento
Individual (PDI) dos alunos, que só começou a ser planejado em 2022, apontando
que nos anos anteriores os discentes e docentes não tinham esse recurso que tem
como objetivo nortear o trabalho pedagógico, sendo um documento obrigatório na
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Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n° 9394/96 art. 59;


Resolução CNE/CEB 02/11/2001- art.6°; Decreto 7611 de 11/2011 - art. 1°; LBI e
13.145/2015 - art 28, sendo necessária a colaboração de todo corpo docente,
família, terapeutas e alunos que forem identificados como público alvo da Educação
Especial. Neste processo de planejamento e criação dos PDI’s, pude observar que
os professores tinham um conceito ultrapassado, vago e estereotipado tirado de
filmes e séries, do que é uma pessoa autista, chegando a duvidar de alguns
diagnósticos dos alunos.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um Transtorno do


Neurodesenvolvimento que acontece no período gestacional e dura por toda a vida
do indivíduo, não possui cura, pois não é doença e seu diagnóstico é clínico
fechado por um Neuropediatra ou Psiquiatra, através de observações do
comportamento em todos os ambientes que frequenta, precisando de equipe
multidisciplinar para atender as demandas geradas pelo transtorno.

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, 5ª edição,


texto revisado (DSM-5-TR), os profissionais capacitados conseguem ter acesso ao
conjunto de critérios diagnósticos que levam o indivíduo a se encaixar dentro do
espectro, são eles: dificuldades persistentes na comunicação e interação social,
padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos, interesses ou
atividades. Possuindo vários níveis, englobando quadros diferentes com
necessidades distintas de suporte, que podem ser classificados em 1, 2 e 3.
Através da lei 12.764/12 de 27 de dezembro de 2012, ficou determinado que a
pessoa dentro do transtorno do espectro autista é considerada pessoa com
deficiência para todos os efeitos legais, possuindo os mesmos direitos. 

O primeiro estudo relacionado ao autismo foi realizado com gêmeos em


1977, ao longo desses anos muitas outras pesquisas foram realizadas com o
objetivo de descobrir o que seria o autismo e sua possível causa. No ano de 2019,
foi publicado uma pesquisa da  JAMA Psychiatry, realizada com 2 milhões de
indivíduos, de cinco países diferentes,  confirmando que 97% a 99% dos casos de
autismo têm causa genética, sendo 81% hereditário, e o restante da porcentagem,
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sendo de 1% a 3%, teriam possíveis causas ambientais, como: exposição de


agentes intrauterinos, como drogas, infecções e traumas durante a gestação. Esse
estudo da JAMA, fundamenta os primeiros estudos feitos com gêmeos que chegou
à conclusão que, quando um dos gêmeos idênticos recebia o diagnóstico de TEA,
as chances de o outro irmão também receber era de aproximadamente 80% e em
gêmeos fraternos (não idênticos) a porcentagem ia para 40%. Através dessas e de
outras pesquisas fica entendível que, ao ter algum indivíduo autista na família, as
chances de nascer outras crianças com a mesma condição aumenta,
principalmente se o pai ou a mãe for autista.

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo Centro de Controle e


Prevenção de Doenças - (CDC), publicado em 2021, com crianças americanas de 3
a 8 anos, utilizando dados do ano de 2018, chegou-se à proporção que 1 pessoa a
cada 44, é autista. Outro estudo mais recente, publicado em 2022 também de uma
revista americana, chamada pela JAMA Pediatrics, foi realizado com 12.554
crianças e adolescentes, entre 3 e 17 anos, mas utilizando dados de 2019 e 2020.
Revelou um número de prevalência de autismo nos Estados Unidos ainda maior,
sendo de 1 autista a cada 36 crianças, esta pesquisa teve um número de cobertura
de idade ampliada, abrangendo ainda mais pessoas do que a pesquisa feita pelo
CDC. Sendo esta, uma das pesquisas mais relevantes do mundo e por isso
utilizamos esses dados como referência no Brasil, pois não temos ainda números
fidedignos sobre essa parcela da população, visto que apenas no ano de 2022 a
pergunta sobre autismo foi incluída no IBGE através da Lei 13.861/19, mesmo
assim estima-se que possa ultrapassar o número de 2 milhões de autistas no país,
as bases de dados que oferecem um panorama do autismo é a Carteira de
Identificação do Autista e as instituições especializadas credenciadas. No mundo,
segundo a ONU, acredita-se haver mais de 70 milhões de pessoas autistas.

Os acontecimentos citados anteriormente no município de Japaratinga,


como a falta de formação dos professores regentes e coordenação pedagógica,
atraso de anos na implantação do AEE e elaboração de PDI’s, alunos sem
acompanhante especializado em sala de aula, são um recorte do que acontece em
todo território nacional, devido a tantas faltas que geram barreiras, chegamos
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apenas em 2021 ao número 294.394 (duzentos e noventa e quatro mil trezentos e


noventa e quatro) de autistas matriculados nos ensinos infantil, fundamental ou
médio das redes pública e privada do Brasil, comparado a estimativa de quantidade
de autistas que temos em nosso país, esse número de matrículas ainda é pouco
expressivo. (BRASIL, CENSO ESCOLAR 2021).

Mesmo sendo evidente que os autistas são uma realidade na sociedade


e estão dentro das escolas de ensino regular, dados escolares mais específicos
sobre os alunos autistas são escassos, mostrando o descaso com essa parcela da
população, que muitas vezes são colocados como pessoas com deficiência
intelectual ou não são contabilizados.

Devemos levar em consideração alguns fatores, que podem explicar esse


baixo número de matrículas comparado a quantidades de autistas em nosso país:
as escolas que se negam em matricular alunos autistas, alegando que não
possuem vagas, mesmo sendo contra a lei Brasileira de Inclusão N° 13.146/2015,
mas ainda é algo bastante comum em escolas públicas e privadas, de forma direta
ou indiretamente e até mesmo os alunos que conseguem ser matriculados,
enfrentam desafios, para permanecer na escola e principalmente desenvolver a
aprendizagem dos conteúdos propostos, pois se depara com barreiras de
acessibilidade, sendo elas urbanísticas, arquitetônicas, nos meios de transportes;
de comunicação; as atitudinais e às tecnológicas.

Uma parte dessa população de pessoas autistas não chega a frequentar


a escola ao se deparar com barreiras de acessibilidade, e a outra parte, passa pela
evasão escolar, depois de muitas tentativas de se enquadrar dentro do ambiente
escolar, esse resultado em grande parte, ocorre também pela falta de formação dos
professores e gestão escolar, que tem contato diário com esses alunos e podem
fazer toda diferença, pois quando temos uma formação satisfatória e conhecemos
as nuances do Transtorno do Espectro Autista, sabemos que cada autista é único,
com dificuldades individuais, e ficamos capacitados para desenvolver propostas e
práticas de ensino que correspondam às necessidades desses alunos
individualmente.
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Temos que utilizar então os dados de 2019 do IBGE, que mostram


pessoas com deficiência em geral, onde apenas 16,6% da população brasileira com
deficiência possuía ensino médio completo ou tinha superior incompleto, outro dado
alarmante é que mais de 67,6% da população com alguma deficiência, não tinha
instrução ou tinha o ensino fundamental incompleto. Outro censo demográfico
(IBGE), agora de 2010, indicava que pessoas com deficiência com 10 anos ou
mais, em média, eram analfabetas, divididas da seguinte forma: 13,5% das
pessoas com deficiência visual, 21,2% com deficiência auditiva, 30,2% com
deficiência física e 45,6% das pessoas com deficiência mental. Ainda com relação à
população com deficiência mental, 52,5% do analfabetismo ocorria na faixa etária
dos 10 aos 14 anos.

Já em 2021, uma pesquisa abrangendo pessoas com deficiência


elaborado pela Plano CDE, com base em dados da pesquisa Datafolha, realizada
com pais e/ou responsáveis de alunos da rede pública, a pedido do Itaú Social,
Fundação Lemann e BID com apoio do IRM, aponta que não mudamos muito de
caminho, os estudantes com deficiência têm maior risco de evasão escolar, e 59%
dos responsáveis por esses alunos, declarou que eles nunca ou raramente
receberam o AEE (Atendimento Especializado Educacional) no turno inverso do
ensino regular na escola. O atendimento educacional especializado é um direito
dos alunos com deficiência, é um serviço que deve perpassar todas as
modalidades de ensino, do infantil ao superior e profissionalizante, atuando de
forma colaborativa, com base no decreto Nº 7.611, de 17 de novembro 2011., que
organiza a educação especial e o atendimento educacional especializado.

Entretanto não podemos colocar a responsabilidade unicamente sob a


falta do AEE nas escolas, já que o professor da sala de ensino regular é o regente
responsável pela turma, fazendo toda diferença durante a inclusão do aluno, mas
são exatamente esses profissionais que muitas vezes não recebem da gestão
escolar e também não procuram, formações continuadas para atender melhor seus
alunos com necessidades educacionais específicas. Para Freitas (2008), não basta
receber tais alunos para a mera socialização, se faz necessário um atendimento
que oportunize o desenvolvimento efetivo de todos, que busquem capacitar os
profissionais, visto que somente a formação inicial não é suficiente para o
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enfrentamento destas questões tão sérias e difíceis de lidar.

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, no Artigo 59, inciso III, define
que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos com necessidades
especiais: “professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular,
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns” (BRASIL,
1996) e ainda mais específico para os alunos autistas temos a lei Nº 12.764, de 27
de dezembro de 2012., que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, garantindo o direito do aluno ter
acompanhante especializado em sala de aula, quando comprovada necessidade por
relatório médico.

O papel do professor juntamente com todo corpo docente, que inclui


gestão escolar, acompanhante individual especializado, cuidador (caso precise) e o
atendimento educacional especializado (AEE), é de conhecer as necessidades de
cada aluno autista, através de observação do aluno no ambiente e com seus pares,
e com uma sondagem inicial, após esse momento deve-se traçar objetivos e
realizar a criação do PDI – Plano de Desenvolvimento Individualizado e não tratar
todo o alunos como se fossem uma massa homogênea, pois cada um tem sua
maneira de aprender e enfrenta barreiras diferentes no dia a dia.
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1.1 TEMA

Meu interesse em pesquisar e escrever este trabalho de conclusão de


curso é disponibilizar um material que os professores e gestão escolar possam
consultar, entender e ter como norteador, para melhorar suas práticas pedagógicas
e o ambiente escolar como um todo, levando em consideração alguns pontos
principais, que seriam: quais são as necessidades que o aluno autista apresenta
pela própria condição do transtorno, expor as barreiras de acessibilidade externas
erguidas pela sociedade dentro e fora das escolas e propor soluções para as
dificuldades dos professores no dia a dia, dentro da sala de aula, devido à falta de
formação.

Saber dos detalhes dessa condição é importante para os professores,


pois afeta diretamente no comportamento do aluno dentro de sala de aula,
principalmente os que ainda não foram ensinados a se comunicar com clareza.
Sendo a escola, um local cheio de estímulos, muito barulho, devido ao número de
crianças juntas, muitos cheiros distintos, devido aos perfumes e a merenda que
pode ser preparada dentro da instituição, cartazes com cores vibrantes, luzes, o
aviso do intervalo, através de algum equipamento sonoro intenso e as demandas
que são exigidas dentro de sala de aula, o somatório dessas situações gera
ansiedade e estresse acima do normal nos alunos autistas, sendo difícil manter o
controle, estes podem também apresentar, por exemplo, um quadro bastante
comum dentro do espectro, que é o Transtorno de Processamento sensorial (TPS),
onde acabam tendo uma sobrecarga sensorial, resultando em comportamentos
interferentes, que são chamados de crise.

TPS é um transtorno, caracterizado pela sensibilidade que pode ser


acentuada nos sentidos (hipersensibilidade) fazendo com que o autista observe,
ouça, sinta e perceba os estímulos externos do ambiente bem mais do que os
outros, ou escassez dos sentidos (hiposensibilidade), neste caso, seria o contrário,
faz com que o autista procure por estímulos de forma intensa justamente por sentir
pouco. Ambos os casos ocorrem devido a alterações no processamento dos
sentidos, ou seja, de como o autista recebe e interage com os estímulos, seria a sua
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percepção sensorial sobre todas as coisas ao seu redor, sendo os captadores:


audição, olfato, tátil, visual, paladar, equilíbrio e propriocepção.

Esses comportamentos e suas causas, não são do conhecimento da


maioria dos professores, mas ocorrem diariamente dentro da sala de aula e pelo
despreparo do corpo docente, acaba gerando tensões no ambiente, onde os alunos
não são compreendidos, terminam excluídos pela turma e o professor não sabendo
como ajudá-los, pode tomar uma conduta equivocada agravando ainda mais a
situação.

A desinformação, é um dos motivos que impossibilita a permanência do


aluno na escola de ensino regular, principalmente nos primeiros anos do Ensino
Fundamental l, no processo da alfabetização e letramento, que são conceitos base,
para os próximos passos na aprendizagem, pois a inclusão não termina quando a
matrícula do aluno é realizada no início do ano letivo. Sendo assim, este tema tem
total relevância, visto que se refere a um estudo promissor e que tem o intuito de
trazer importantes avanços para a educação brasileira.

A escola, para esses alunos, não é um local unicamente para


socialização, tendo estes, o direito básico garantido por lei, que seria Educação de
qualidade, como está escrito em nossa Constituição Federal de 1988: Art. 205.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Diante das considerações acima, o tema escolhido para o meu trabalho


de conclusão de curso é: A permanência de alunos dentro do Transtorno do
Espectro Autista nos primeiros anos do Ensino Fundamental l e as barreiras
de acessibilidade.
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1.1.1 Delimitação do Tema.

Devido à abrangência do assunto, delimitou-se o escopo desta análise.


Assim sendo, optou-se pelo espaço geográfico do Município de Japaratinga, mais
precisamente as escolas que trabalhei e visitei da rede municipal, onde o
despreparo dos professores ficou evidente, pois todos tinham a visão de que não era
possível incluir esses alunos no ambiente escolar, não possuíam estratégias de
ensino, os professores das séries em questão não eram alfabetizadores ou tinham
pouco conhecimento sobre o assunto, assim como desconheciam as características,
necessidades e as leis que asseguram os direitos dos alunos autistas.

São muitos os obstáculos encontrados nas instituições de ensino, as


barreiras atitudinais por exemplo, estão ligadas ao preconceito e capacitismo, no
pensamento de que a pessoa com deficiência é incapaz ou que sempre lhe falta
algo, colocando-a abaixo das demais pessoas, também encontram barreiras na
comunicação, na estrutura física da escola, no material didático utilizado, excesso de
estímulos externos no ambiente escolar, estereótipos do que é de fato Autismo e
principalmente na metodologia de ensino, antiga e homogênea utilizada pelos
professores, que não contempla esses alunos e não gera aprendizado significativo e
participação ativa, na fase mais importante da educação formal, que é a
alfabetização realizada nos 3 (três) primeiros anos do Ensino Fundamental l.

O início do período da Educação formal, são datados por volta dos anos
de 1550, na época do domínio dos padres jesuítas no período colonial, onde o
objetivo central da educação era converter os indígenas ao cristianismo, em 1759 os
padres foram expulsos do Brasil, mas já haviam criado uma rede de escolas, com
um projeto pedagógico muito bem organizado, chamado de "Ratio Studiorum" e
disseminado sua única metodologia de ensino. Apenas em 1876, aconteceram
tentativas significativas de organizar sistematicamente a educação do Brasil,
passando a ser administrada pelo Estado, com os primeiros métodos de ensino da
leitura por meio do alfabeto, tendo como base, o aspecto fônico com o som das
palavras, soletração, silabação, utilizava-se ditados e cópias para a aprendizagem.
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Só a partir do século XX foi criado o termo “alfabetização”, que abordava


o ensino simultâneo da leitura e da escrita. Em 1920, o educador Manuel Lourenço
Filho, criou os testes de ABC, pois para ele a educação era um processo psicológico
que poderia ser mensurado. Esses testes avaliavam o desempenho dos alunos de
forma a classificá-los em “fracos”, “médios” e “fortes”. Segundo o educador, os
métodos sintético e analítico eram ultrapassados, com novos questionamentos e
estudos surgiu o método misto, que usava um pouco de cada metodologia.

Até o ano de 1940, a pessoa alfabetizada, era aquela que sabia ler e
escrever, que praticasse o hábito da leitura escrita, mesmo com dificuldades na
compreensão do que lia, a partir de 1960, criou-se vários métodos de ensino da
alfabetização, que são divididos em dois grupos, métodos sintéticos composto por:
Método alfabético, método silábico e o método fônico, já os métodos analíticos são
compostos por: método palavração, método sentenciação e método global. (Martins
e Spechela, 2012)

Era comum o uso das cartilhas nas escolas nessa época, apenas em
1980, aconteceu a implementação do letramento no Brasil, que ficou definido como
sendo a leitura e escrita utilizada para as práticas sociais. Neste mesmo ano, houve
a disseminação da teoria Psicogênese da língua escrita, criada por duas
psicolinguistas argentinas, Ferreiro e Teberosky, desde então começou a reflexão e
questionamentos sobre a importância de associar os grafemas da escrita, aos sons
da fala, para que assim os alunos compreendessem melhor e aprendessem de fato
a ler e escrever, destaca-se a participação das ideias de Jean Piaget, que defende a
participação ativa dos alunos em sala de aula.

Mesmo com o passar dos anos, com mudanças históricas e sociais no


Brasil, a grande maioria das escolas continua utilizando os mesmos métodos de
décadas atrás. A prova da ineficiência, é o resultado da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do ano de 2019, onde podemos
verificar que a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, foi
estimada em 6,6% (11 milhões de analfabetos), deixando evidente que utilizar a
mesma metodologia não está gerando bons resultados, esses índices mostram
fortes indicadores do fracasso na alfabetização. Outra pesquisa realizada em 202,
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“todos pela educação” do IBGE, divulgou que   40,8% das crianças brasileiras entre
6 e 7 anos não foram alfabetizadas, no total, são cerca de 2,4 milhões de crianças.

Outro ponto que será abordado neste trabalho são as leis, nº 12.764, de
27 de dezembro de 2012 de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que
garante que as escolas e universidades, públicas e particulares, façam as
adaptações necessárias para incluir e se adequar às necessidades dos alunos com
deficiência e não o contrário, que seria o aluno se adaptar a metodologia da
instituição de ensino.
Para garantir essa adequação, as escolas precisam desenvolver um
“projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado,
assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às
características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao
currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua
autonomia” (Art. 28º, III).

Até 2030, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da


Organização das Nações Unidas (ONU) é, “Assegurar a educação inclusiva,
equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da
vida para todas e todos” e estipulou “garantir que todos os jovens e uma substancial
proporção dos adultos, homens e mulheres estejam alfabetizados e tenham
adquirido conhecimento básico de matemática”.
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1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

A problemática acerca desse tema é: Quais são as barreiras encontradas


pelos alunos autistas, na escola de ensino regular nos 3 primeiros anos do ensino
fundamental l e como superá-las?

1.3 JUSTIFICATIVA

Sendo esta, uma questão de grande relevância na atualidade, pelo fato


de que essa parcela da população sempre existiu, mas poucos frequentavam as
escolas de ensino regular, seja pela falta de suporte que as famílias recebiam em
relação a saúde, impossibilitando a inserção dessas pessoas na comunidade,
muitas vezes internadas em manicômios ou ficavam trancadas em casa, como
também pela não obrigatoriedade das escolas de ensino regular de matricular
esses alunos, o fato é que, com a lei Brasileira de Inclusão n° 13.146/2015, a
realidade dessas pessoas está mudando, e o número das matrículas de pessoas
dentro do espectro autista, vem aumentando, mesmo que gradativamente.

Todavia, algumas escolas insistem em querer descumprir a lei, negando


vagas e discriminando esses alunos, até mesmo as que aceitam a matrícula, se
resumem apenas a esse ato, e não buscam incluir de fato esses alunos,
oferecendo o que já é garantido por lei e especializando todo corpo docente,
procurando novos modelos e metodologias de ensino.

Mesmo que estejamos em 2023, no século XXI, as escolas ainda não


possuem material físico adequado ou conhecimento para adaptação de conteúdo,
utilização de tecnologia assistiva, organização e estruturação do ambiente escolar,
criação de rotina e dicas visuais, conhecimento de como se comunicar, criar vínculo
e motivar esses alunos, como também em relação a conscientização e inclusão no
convívio social com os alunos típicos.
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O docente capacitado constrói estratégias, pois tem conhecimento e


criatividade para lidar com as mais diversas situações do dia a dia. De fato,
sabendo do diagnóstico o professor pode planejar uma metodologia de ensino que
contemple os alunos autistas, de forma mais ágil, o professor com formação
especializada se sentirá mais seguro e encontrará um caminho norteador, traçando
uma linha de base das habilidades que aquele aluno possui e de quais precisa
adquirir. Entretanto, vale destacar que nenhum autista é igual, cada aluno
apresentará necessidades e características distintas, um erro comum que muitos
professores cometem ao receber o diagnóstico de um dos seus alunos, sendo TEA,
é de padronizar atividades, achando que todos necessitam das mesmas coisas.

Pensar em autistas, é refletir sobre um espectro, que no campo científico


é uma representação das amplitudes e intensidades da decomposição de raios de
luz que gera uma infinidade de cores, sendo desta forma também no Transtorno,
justamente por conta da diversidade de sintomas e níveis que apresentam, as
habilidades e dificuldades variam consideravelmente de um para outro, portanto
não cabe colocá-los em padrões, pois eles não são homogêneos e estáticos, já que
quando não possuem acompanhamento adequado um autista nível um de suporte,
com o passar do tempo pode perder habilidades e ir para o nível 2, precisando de
mais suporte.
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2 OBJETIVOS

Segue abaixo os objetivos gerais e específicos deste projeto de pesquisa,


visando organizar e desenvolver um caminho acerca da problemática escolhida.

2.1 OBJETIVO GERAL

Propor soluções para as barreiras de acessibilidade que se encontram


dentro do ambiente escolar e principalmente nas salas de aula, para que os alunos
autistas possam ser contemplados com uma aprendizagem que respeite suas
necessidades, dificuldades e potencialidades, além auxiliar os professores no
processo de alfabetização desses alunos, nos 3 primeiros anos do ensino
fundamental l.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Visando atingir o objetivo principal, alguns objetivos específicos são


requeridos, entre eles:

∙ Identificar quais são as barreiras de acessibilidade que dificultam a


permanência do aluno autista na escola de ensino regular.

∙ Analisar e comparar os processos de alfabetização, detalhando as


metodologias utilizadas atualmente dentro das escolas e quais delas podem atingir
melhores resultados com alunos autistas.

∙ Desenvolver soluções para as barreiras que se encontram dentro de todo


ambiente escolar, assim como para o processo de alfabetização e letramento
desses alunos, propondo recursos que possam ser utilizados por todos os
funcionários da instituição.
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∙ Realizar conscientização e discussão dos resultados encontrados no


processo de pesquisa.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Assim como muitas condições que cercam o ser humano, o Transtorno do


Espectro Autista (TEA) ainda hoje não possui uma causa definida, estudiosos ao
redor do mundo pesquisam e tentam entender os diversos fatores que levam essas
pessoas a apresentarem alterações tão distintas e complexas no desenvolvimento
cerebral, que resultam em dificuldades de comunicação social e comportamento
repetitivo e restrito em diversos graus de intensidade.

Na história da pesquisa científica a terminologia Autismo foi utilizada pela


primeira vez por um psiquiatra suíço, chamado Eugene Bleuler, no ano de 1908.
Nesta pesquisa o médico utilizou esse termo para descrever um grupo de pessoas
com sintomas relacionados à esquizofrenia. Segundo Bleuler, “autós” palavra grega
significava “de si mesmo” e a palavra “autismo” foi usada então como forma de
caracterizar esses indivíduos, que possuíam auto admiração mórbida e retraimento
dentro de si.

Apenas em 1943, com os estudos do psiquiatra Leo Kanner o autismo foi


classificado oficialmente como uma síndrome comportamental, dentre os 11 casos
de estudo de pessoas que apresentavam as características autísticas descritas em
suas pesquisas, estava Donald Grey Tripplett, conhecido como caso 1, a primeira
pessoa diagnosticada de fato com autismo no mundo.
Com a publicação do livro “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”, culpou-se
durante muitos anos as mães pela falta de afeto, e que isso geraria essa condição
em seus filhos, criando-se o termo "mães-geladeiras" que seriam as mães que
ficavam supostamente distantes dos seus filhos. Nesse período os pesquisadores
associaram o autismo apenas ao lado emocional, e não levavam em consideração a
genética. Anos depois, no final de 1960 com o avanço dos estudos científicos, a
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hipótese das mães-geladeiras foi descartada pelos acadêmicos, pois o que essas
mulheres tinham era uma possível depressão pós-parto, sem nenhuma ligação com
o autismo, o próprio Kanner se retratou sobre essa tese no livro ‘’Em Defesa das
Mães’’. Ami Klin (2006), diretor do Programa de Autismo do Centro de Estudo da
Criança de Yale, em New Haven, Connecticut, relata evidências que comprovam
que o autismo é um transtorno cerebral presente desde a infância é encontrado em
todos os países e grupos socioeconômicos e étnico-raciais investigados.

Em 1944, o austríaco Hans Asperger publicou seus estudos com base em


duzentas crianças que ficaram sob suas observações e tratamentos, ele relatou as
características que essas crianças em particulares apresentavam, mas apenas
muitos anos depois com a colaboração de novos 31 casos ao estudo de Hans, feito
pela inglesa Lorna Wing, que se nomeou então aquela condição de ‘Síndrome de
Asperger‘, em homenagem ao austríaco.

Essa nova nomenclatura foi utilizada durante muitos anos em documentos


oficiais utilizados por médicos internacionalmente, como o Manual Diagnóstico e
Estatísticos de Transtornos Mentais DSM-4, em 1994 e o Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). As
pessoas diagnosticadas com síndrome de Asperger, eram apresentadas como um
tipo diferente de autismo, algo mais ‘’leve’’, diferenciando os autistas, como mais ou
menos, seria o “autismo de alto funcionamento”, inferiorizando as dificuldades que
essas pessoas enfrentaram ou os colocando como superiores. Estudos atuais
esclarecem que a Síndrome de Asperger não é diferente do autismo, mas ao
contrário: faz parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e em 2013 o Manual
Diagnóstico, retirou o termo Asperger e passou a utilizar os níveis de suporte 1, 2 e
3 como forma de atender a demanda e a especificidade de cada autista.

Porém em 2018, pesquisas feitas por historiadores, em destaque


por Documentos e registros de pacientes obtidos pelo historiador médico austríaco
Herwig Czech e pela pesquisadora Edith Sheffer, mostram que Hans Asperger,
possuiu relacionamento direto com várias organizações ligadas ao nazismo, durante
a Segunda Guerra Mundial, a pesquisadora publicou um livro chamado ‘’Crianças de
Asperger – As origens do autismo na Viena nazista’’, e para escrever tal documento
20

histórico visitou arquivos do governo de Viena, que garantem a participação de


Asperger no partido nazista. Foi descoberto também que, essas crianças usadas
para os estudos de Asperger, haviam sido capturadas e torturadas em nome da sua
pesquisa, pelo fato de apresentarem algum tipo de deficiência ou não se encaixarem
nos requisitos de “pureza racial”. O médico teria encaminhado dezenas de crianças
para uma clínica chamada ‘Am Spiegelgrund’, em Viena, onde foram submetidas a
experiências, levando-as à morte. 

Também foi Hans Arperger que apontou primeiro, a teoria de existir uma
incidência maior de TEA em meninos, segundo seus estudos, e por isso essa ideia
foi divulgada durante muito tempo, em pesquisas mais recentes pelo Centro de
Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (Centers for Disease Control and
Prevention (CDC) divulgada em 2020, mas utilizando dados de 2016, apontava
que para cada 1 menina com TEA, há 4 meninos, por este motivo a cor azul foi
escolhida, como um dos símbolos para representar o TEA.

Porém, já encontramos estudos contrários, no Journal of Autism and


Developmental Disorders uma pesquisa publicada, em 2020, indica que a proporção
entre meninos e meninas autistas pode ser de 1,8 para 1. Através de indícios de que
as meninas podem receber menos diagnósticos, pois conseguem desenvolver uma
habilidade de camuflar os sinais de autismo em interações sociais, segundo Puig
Jové (2016), a essa habilidade dá-se o nome de Masking, termo em inglês que
significa Camuflagem.

Uso de estratégias para minimizar a “visibilidade” das características do Transtorno


do Espectro Autista (TEA) , são estratégias conscientes como inconscientes e, de
toda maneira, exige um esforço cognitivo considerável – para “mascarar”, assimilar
ou compensar esses comportamentos do espectro autista –, impactando com
frequência em sofrimento psíquico. Não são raros os casos de adolescentes que se
apresentam com quadros de ansiedade, depressão e/ou estresse, por exemplo, e,
quando se submetem a uma avaliação especializada, recebem o diagnóstico de TEA
já com comorbidades.’’ Dra. Deborah Kerches -Neuropediatria e Saúde Mental
Infantojuvenil e Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA) .
21

O Transtorno do Espectro autista em si, não é caracterizado como um quadro


homogêneo, embora existam características em comum, muitos dos pacientes que
se enquadram nesse transtorno possuem quadros comportamentais diferentes,
alguns têm histórico de atraso no desenvolvimento infantil desde os primeiros dias
ou meses de vida, enquanto outros somente após um ou dois anos de suposta
normalidade, alguns falam, outros não se comunicam de forma verbal e sim através
de gestos ou necessitam de alguns utensílios como Comunicação aumentativa e
alternativa (CAA), existem também autistas que apresentam comorbidades como a
deficiência intelectual e outros que não apresentam. Por este motivo, cada autista é
único e precisa ser tratado como tal, ter suas necessidades atendidas e respeitadas
de forma diferenciada.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente projeto insere-se em um estudo de campo, através da


investigação, sendo pautado na observação, identificação e análise das barreiras
de acessibilidade enfrentadas pelos alunos autistas, em uma amostra selecionada
de escolas, localizadas em município específico, para posteriormente desenvolver
soluções para a problemática encontrada, apoiando-se nos autores que defendem
a educação inclusiva e especializada, além das pesquisas científicas realizadas
até o presente ano sobre Autismo.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

A LDB - Lei de Diretrizes e Bases do ano de 1996, a Lei brasileira de


2015 e a própria Constituição Federal desde 1988, todas já estão em vigor, ou seja,
os direitos de acesso à educação de qualidade estão assegurados por leis, às
escolas tiveram tempo suficiente para criarem familiaridade e se adequarem aos
alunos com deficiência, mais precisamente aos alunos autistas, além de que na
atualidade os meios de comunicação, estão divulgando em massa conteúdos sobre
TEA, facilitando a aquisição de conhecimento sobre o assunto, mas o que
22

encontramos na realidade é bem diferente, temos inúmeras barreiras que impedem


a plena participação desses alunos dentro do ambiente escolar.

Por este motivo o presente trabalho foi realizado a partir de um estudo de


campo qualitativo, utilizando a observação direta do grupo, ao analisar e identificar a
conduta profissional e as dúvidas dos gestores e professoras das escolas visitadas,
em relação aos alunos já diagnosticados dentro do Transtorno do Espectro Autista e
os que estavam sob hipótese diagnóstica.

As observações foram realizadas durante o processo de visitas para


implantação da primeira sala de recursos multifuncional do AEE no município de
Japaratinga-AL. Durante esse período a equipe do AEE, esteve em todas as escolas
do município, para conhecer os professores das escolas e o ambiente escolar, além
de ter um momento de conversa para trocar informações. Neste último, foi
identificado quanto às muitas incertezas dos professores, de como trabalhar com os
alunos autistas, visto que a maioria se encontra com grande déficit na
aprendizagem, não conseguindo acompanhar as turmas em que estão inseridos e
os professores não possuem formação especializada.

Foi utilizado na pesquisa juntamente, o método Descritivo, para


apresentar a realidade dentro dessas escolas e quais barreiras foram encontradas
durante esse contato, não houve interferência nos resultados, pois estávamos em
um momento inicial de conhecer as escolas, antes de começarmos os atendimentos
com os alunos.

4.2 UNIVERSO PESQUISADO

A coleta de dados foi realizada nas Escolas públicas municipais de


Japaratinga no estado de Alagoas, do ano de 2021 até Janeiro de 2023, através de
observação do ambiente e conduta dos profissionais e diálogos trocados durante as
visitas, foi realizado um levantamento do quantitativo de alunos de cada escola,
objetivando principalmente a compreensão da situação atual dos discentes autistas
e das propostas de como solucionar as barreiras encontradas por estes.

Foram analisados como se encontra o desenvolvimento de aprendizagem


dos alunos, porém se encaixa na investigação as séries do 1° ano do ensino
fundamental l até o 3° ano do ensino fundamental l, pois são as séries destinadas
para Alfabetização.

Nomes das escolas visitadas:


23

1. Escola Municipal de 1° grau Antonio Buarque Bandeira


2. Escola de 1° grau Padre Sizenando
3. Colégio Municipal Napoleão Rodrigues da Silva
4. Escola Municipal Marechal Arthur Costa e Silva
5. Escola Municipal Odilon de Souza Franco
6. Escola Municipal Presidente Tancredo Neves
7. Escola Municipal Estácio Buarque Bandeira
8. Escola Municipal Norma Vasconcelos Saldanha Cedrim
9. Centro Educacional Infantil Prof Maia José M Moura
24

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Instrumento de Universo pesquisado Finalidade do Instrumento


coleta de dados
Observação Escolas municipais da “Observação possibilita um
Direta ou dos cidade de Japaratinga, contato pessoal estreito do
participantes localizada no litoral pesquisador com o fenômeno
norte de Alagoas. Foi pesquisado” (LÜDKE; ANDRÉ,
observado o ambiente 1986, p. 26).
escolar, como um A aplicabilidade da observação,
todo: banheiros, salas onde dirigindo-se até as escolas
de aula, cozinha e e ficando em campo e em
área de lazer, também tempo real, possibilitou a
houve o momento de análise das condutas do dia a
escuta ativa das dia dos professores e gestores,
dúvidas e dificuldades além da captação das
da gestão e dos expressões faciais e corporais
professores, em da gestão e dos professores, ao
incluir os alunos descreverem seus alunos
autistas no ambiente autistas, tendo uma
escolar. aproximação maior com o
contexto de pesquisa, mas de
maneira menos invasiva e muito
mais real, do que uma
entrevista ou questionário.
Quadro 1- Instrumento de coleta de dados.
Fonte: CAVALCANTI e MOREIRA (2008)
25

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