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Introdução

Bom dia, gostaríamos de saudar todos os presentes, o senhor moderador, o júri, a equipa
adversária e toda a plateia, e agradecer a oportunidade que nos é dada, enquanto jovens
enquanto escola, de poder discutir um tema tão importante como este.

Num mundo onde os valores éticos e o respeito pelos animais ganham cada vez mais
destaque, o debate sobre a prática das touradas torna-se pertinente.
Uma das características da nossa sociedade é a defesa dos direitos dos animais. A
legislação portuguesa estabelece no artigo 92/95 que os animais têm direitos e que estes
devem ser respeitados independentemente da sua espécie. O respeito a estes direitos inclui
a condenação de todos os atos cruéis e de exploração a que o animal possa ser submetido.
Mas será que as touradas defendem esses direitos?
As touradas definem-se como um espetáculo que decorre num recinto público cercado, no
qual toureiros e cavaleiros incitam um touro bravo a lutar até à morte, sendo assim as
touradas são entretenimento para a plateia, “arte” para o toureiro e terror para o animal.
Não serão então as touradas um ato cruel que explora o animal para mero entretenimento
humano ? Além disso, será moralmente correto adotar formas de entretenimento que
provocam a dor aos envolvidos ?
Muitos defendem que as touradas se deviam manter, pois ao mantê-las estaríamos a
preservar uma tradição mas estão errados. Não devemos manter tradições que vão contra
os ideias da nossa sociedade regredindo assim o progresso da mesma,as touradas são
uma dessas tradições na medida em que defendem a exploração dos animais e a sua
tortura para o entretenimento do ser humano, promovendo assim uma violência
desnecessária a animais inocentes.
Defendemos o não contra as touradas, pois ao rejeitarmos esta prática estabelecemos a
possibilidade de construir uma sociedade mais ética e alinhada com valores humanitários. O
debate sobre esta prática vai além da discordância cultural, trata-se de pôr em questão se a
tradição deve sobrepor-se à consideração ética pelos seres que compartilham o nosso
planeta. Assim, a defesa do não às touradas corresponde à adoção de uma postura em prol
da evolução moral, convidando-nos a refletir sobre o impacto das nossas escolhas e a
procurar formas de entretenimento que não dependam do sofrimento animal.
Ao questionar a validade moral de uma prática que envolve o sofrimento animal em nome
do entretenimento humano, emerge a necessidade de reexaminar nossas próprias crenças
e valores fundamentais.
ARGUMENTOS CONTRA AS TOURADAS

● Os animais têm direitos : As touradas, assentam no princípio de que o animal não possui
quaisquer direitos, ou seja assenta-se no princípio do domínio do homem, o homem tem
todos os direitos sobre o animal e o animal não possui nenhum, sendo legítimo ver um
animal a sofrer e explorar o comportamento deste. Contudo será mesmo assim, será que só
por os animais não pertencerem à espécie humana, faz com que o ser humano não tenha
quaisquer obrigações morais para com ele ? Não, porque temos de ter em conta o princípio
de igualdade defendido por Peter Singer “Se um ser sofre, não pode haver justificação
moral para a recusa de tomar esse sofrimento em consideração. Independentemente da
natureza do se o princípio da igualdade exige que o sofrimento seja levado em linha de
conta em termos igualitários relativamente a um sofrimento semelhante de qualquer outro
ser”. Além disto é errado defender que o animal não possui quaisquer direitos pois
estaremos a contradizer a Declaração Universal dos direitos dos animais (1978) que em
todos os seus diplomas apresenta o seguinte princípio : a preocupação com o bem-estar dos
animais envolvendo antes de mais, a condenação de todos os actos de crueldade, como é o
caso das Touradas, obviamente.

● Violação aos direitos dos animais: Durante as touradas, os touros são confrontados na
arena, sendo agredidos com várias armas letais. O objetivo é que o cavaleiro agrida o
touro e que tente não ser afetado pelo mesmo. Um grupo de forcados atua na tourada
agarrando o touro, sendo o seu principal objetivo dominar o animal na arena e para tal os
mesmo precisam de agredir o animal assim cravam vários tipo de bandarilhas (armas letais)
que além de provocarem grandes e profundas lesões no dorso do touro provocam também
um enorme e intenso sangramento levando ao enfraquecimento do animal. A isto designa-
se por “lide” que é o enfrentamento do touro consistindo na preparação do touro através do
domínio, e da força para o levar à morte.
Deste modo, a maneira como as touradas funcionam viola os direitos dos animais
estabelecidos pela ONU em 27 de janeiro de 1978 na Declaração Universal dos Direitos dos
animais que assenta nos seguintes princípios: ARTIGO 3: a)Nenhum animal será submetido
a maus tratos e a atos cruéis. ARTIGO 10: Nenhum animal deve ser usado para
divertimento do homem. A exibição dos animais e os espetáculos que utilizem animais são
incompatíveis com a dignidade do animal. ARTIGO 11: O ato que leva à morte de um
animal sem necessidade é um biocídio, ou seja, um crime contra a vida.
A tourada contradiz estes direitos na medida, em que promove maus tratos e sofrimento ao
touro tendo como principal objetivo enfraquecê-lo através da agressão. Além disto, a
tourada utiliza o touro como uma forma de entretenimento, e piorando a situação utiliza o
sofrimento e agressão do mesmo como forma de divertimento. Por outro lado, as touradas
contradizem os direitos dos animais, pois promovem uma violência desnecessária aos
mesmos, é desnecessária pois é utilizada para o entretenimento do ser humano, havendo
outras formas de entretenimento que não colocam um dos envolvidos a sofrer. Tal como
fazem os países mais evoluídos no carácter mental na nossa sociedade, temos mesmo de
● As touradas não acompanham o progresso da nossa sociedade : Ao longo dos séculos
assistimos a uma mudança do mundo em geral , das pessoas, dos nossos costumes, das
nossas tradições, a maneira como visualizamos o mundo. Muitas vezes esta mudança não
nos agrada, contudo todas as mudanças que acontecem são para corrigir algo de errado que
existia. E é mesmo isto que são as tradições, pessoas com medo de largar o passado com
medo de perder o que já foi perdido, medo da mudança, mas nós necessitamos da mudança
para conseguirmos viver as novidades que nos esperam, necessitamos de largar o passado
para viver o futuro. As touradas são o espelho deste medo constante de mudança, que nos
impede de continuar a nossa evolução enquanto espécie humana, uma vez que se afasta
cada vez mais dos nossos ideais modernistas, havendo progressivamente uma maior
dificuldade para a justificar a sua existência.
A primeira referência a uma atividade taurina em Portugal foi em 1258, nas
Inquirições de D. Afonso III, onde se refere que D. Sancho II, o quarto rei de
Portugal, atacou touros com uma lança no Campo das Almoínhas, em Lamego.
Ou seja, estamos a continuar tradições, de um período histórico onde ainda se
acreditava no geocentrismo. As touradas estão a regredir a evolução da nossa
sociedade, é necessário abandonar as mesmas se queremos abandonar pensamentos
conservadores !!
● Alternativas Culturais e de Entretenimento:
As touradas são uma maneira de entretenimento bárbara e cruel, causando dor e
sofrimento desnecessário aos envolvidos, para o simples desfruto humano.
Assim, propomos aos aficionados que em vez de apoiarem esta barbaridade cultural
apoiem outras alternativas culturais que promovam o entretenimento daqueles que
assistem, sem causar dor aos envolvidos.
São exemplos de alternativas culturais e de entretenimento que podemos fomentar
à população e que permitam a celebração da nossa cultura, a música que no nosso
país é imensamente desvalorizada levando aqueles que seguem esta carreira para o
desemprego, as artes que permitem o ser humano expressar o seu interior e os seus
sentimentos, artes estas que não causam sofrimento nos envolvidos, pois como já
referido a tourada não deverá nem pode ser considerada uma arte.
Além disto podemos também promover as danças permitindo assim o emprego de
sonho àqueles que possuem este talento, e que muitas vezes não podem
desenvolver este talento pois o nosso país não valoriza estas maneiras de
entretenimento, prefere valorizar entretenimento que condena os animais ao
sofrimento.
● As touradas adotam um caráter especista : As touradas possuem também outro grande
problema, adotam o que o filósofo Peter Singer designou como especismo, a
discriminação contra aqueles que não pertencem a uma certa espécie. Afirma-se tal,
pois se as lutas ocorridas nas touradas fossem realizadas Homem contra homem, tal
como as lutas de gladiadores, seriam consideradas um crime contra a vida. E se fossem
animal com homem como as lutas entre cristãos e leões, para entretenimento dos
espectadores, também seriam consideradas desumanas sendo as mesmas ilegais no
nosso país. Mas de alguma forma, a combinação de humano contra touro, nas touradas
já não representa um crime
Abolimos a escravatura que provocava dor, sofrimento, trauma aos envolvidos e
inúmeras mortes, mas é impossível acabar com a tourada que tem as mesmas
consequências aos envolvidos. Mas será que vale mesmo a pena condenar animais
inocentes devido a uma tradição bárbara?
● A Tauromaquia não pode ser vista como fonte de entretenimento
O entretenimento pode ser obtido através de uma série interminável de fontes, como a
televisão, o cinema, o desporto, a rádio, a leitura, os telemóveis, etc. As Touradas seriam
apenas mais uma dessas inúmeras fontes, contudo, estas, não devem ser vistas como
entretenimento , dado que qualquer hábito maléfico para certos indivíduos, como, neste
caso, Touros, ou até os homens igualmente envolvidos na Tauromaquia. A partir do
momento em que qualquer tipo de mau trato acontece nalguma atividade, nós, seres
humanos e racionais não podemos encarar tal como entretenimento. Tal defende o Partido
Político Bloco De Esquerda, num artigo de 2018: E agora, mais do que nunca, é importante
uma tomada de posição concreta baseada numa reflexão que questiona se infligir dor em
animais para o entretenimento dos humanos é aceitável; se uma sociedade justa pode
mascarar tortura em cultura; e se continua a ser qaceitável a exploração desnecessária para
o gáudio de alguns. Já tivemos vários momentos na história em que a cultura se mostrou
desfasada e agressiva para os momentos históricos e evolução a que assistimos.)
● As touradas afetam as crianças : Em Portugal existem “escolas de toureio” em que o seu
principal objetivo é formar crianças a matar touros, com aulas práticas, sem qualquer controlo
do Estado e sem que ninguém se responsabilize por elas devido à falta de registo destes
estabelecimentos. Além do mais, algumas crianças participam em largadas de touros e
esperas de gado infantil, assistindo a acidentes de mortos e feridos.
Contudo, a participação das crianças em touradas vai contra a posição das ordens dos
psicólogos nas touradas que afirma em um dos seus artigos, oriundo de 2016: “ Em termos
gerais, a reação das crianças à observação de um animal a sangrar devido a golpes infligidos
pelo homem é em primeiro lugar de rejeição, desconforto e medo.” (...) O culminar do
espetáculo na morte do touro(mesmo que não seja na arena, mas do conhecimento da
criança)pode perturbar ainda mais algumas crianças”. Deste modo as touradas são
completamente condenadas pela ordem dos psicólogos pois segundo a ordem, as touradas
podem afetar as mentalidades e as suas capacidades racionais devido à violação às quais as
mesmas são expostas.
Por outro lado, a participação das crianças nas touradas é igualmente condenável pelo
Comité dos direitos da crianças das Nações Unidas que a 27 de setembro de 2019 publicou
no seu relatório que :“O Comité recomenda que o Estado Parte (Portugal) estabeleça a
idade mínima para participação e assistência em touradas e largadas de touros,
inclusive em escolas de toureio, em 18 anos, sem exceção, e sensibilize os
funcionários do Estado, a imprensa e a população em geral sobre efeitos negativos
nas crianças, inclusive como espectadores, da violência associada às touradas e
largadas.
Deste modo, será legítimo o espetáculo tauromáquico estar classificado para “maiores de 12
anos “, permitindo a lei a entrada de maiores de 3 anos desde que acompanhados por
adultos?
Nas leis portuguesas, não autorizamos crianças a beber álcool antes dos 18 anos, pois este
afeta o desenvolvimento do seu cérebro, não autorizamos crianças a votar, também antes
dos 18 anos, pois estas ainda não têm uma capacidade de escolha completamente
desenvolvida, e não autorizamos crianças a conduzir, antes dos 16 ou 18 anos dependendo
do tipo do carro, pois estes são demasiado perigosos para uma criança. No entanto, não
temos qualquer problema em deixá-las visualizar um espetáculo como touradas, que é
perigoso, que afeta o desenvolvimento do seu cérebro, devido à violência grotesca
observada, e deixam-nas participar, sabendo muito bem que estas ainda não sabem
exatamente no que se estão a meter. Mas ver um touro com as entranhas de fora é
aparentemente mais aceitável, para crianças normalmente a partir dos 6 anos.
● Além de não serem seguras para as crianças as touradas afetam os adultos :
Os defensores das touradas consideram-nas seguras para todos os participantes.
Contudo serão mesmo seguras?
Segundo o MCATA (Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores)
registaram-se cerca de 300 acidentes quer graves quer ligeiros por ano. Em Portugal
decorrem 209 touradas em Portugal durante 1 ano, dando em média 1,4 feridos por
cada evento tauromáquico. Além disso, segundo a Humane Society International
250.000 touro são mortos em todo o mundo em touradas. Deste modo, além da espécie
animal, as touradas afetam igualmente a espécie humana. Como é que podemos adotar
uma atitude de indiferença, perante estes números?

Desafios Éticos na Indústria do Turismo:Em algumas regiões as touradas são


promovidas como atrações turísticas, temos como exemplo a Espanha. Mas não
serão estas formas de turismo um meio de exploração do animal? Não será isto uma
contradição dos valores sociais e éticos de uma sociedade modernista ? Sim!
Porque ao contrário de outras atrações turísticas que envolvem animais, e que não
têm abusos a estes associados, as Touradas têm na sua base um grande abuso e
tratamento desumano aos animais envolvidos (os Touros), como podemos ver
através dos ferimentos causados que as touradas casam nos touros.
Os animais também têm direitos, tal como nós, e a partir do momento em que se
abdica destes direitos pelo bem da economia e turismo de um país, estamos a ter
uma atitude errada, pois existem muitas outras formas interessantes de Turismo que
podem ser adotadas ao invés das touradas e que não afetam o nosso país em
termos sociais e económicos. Pelo contrário, apenas traz benefícios, pelo que
atividades como o cinema, o teatro,ou o desporto, que não implicam abusos a
nenhum dos envolvidos, devem ser mais inseridas e apostadas na nossa cultura,
podendo assim servir como porta de entrada no nosso país. Temos muito a evoluir
como país, e o fim das touradas será essencial para podermos começar a avançar
como um todo.
O crescente desinteresse face às touradas : O número de pessoas que assistem a touradas
tem vindo a sofrer uma diminuição, contudo existem muitas informações, falsas, que vêm
mostrar o contrário, o que pode levar a análises erradas, e, assim, a perspectivas erradas
sobre a tauromaquia. Um destes casos é a Protório que estabeleceu na sua página web que:
“Em 2019 os espetáculos tauromáquicos formais (realizados em praças de toiros) obtiveram
cerca de meio milhão de espectadores (469.000). A média de espectadores por espetáculo
continua a subir ". Contudo o INE (Instituto Nacional de Estatística) demonstrou que esta
afirmação é claramente falsa através dos seus dados que indicam que em 2019 assistiram a
touradas em Portugal um total de 283.592 espectadores.
Além disto as estatísticas oficiais, do instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que
ao contrário do que é referido pelos aficionados, as touradas são dos espetáculos que menos
cativam o público em Portugal. Isto é comprovado através das estatísticas do INE, que nos
anos anteriores à pandemia estes espetáculos ficam atrás dos espetáculos de circo, folclore,
dança, multidisciplinares, mistos/variedades, teatro e música. Apenas os espetáculos de
recitais de coros cativam menos público que as touradas. Por outro lado, em 2019, período
pré pandemia, apenas 2.7% da população portuguesa assistiu a espetáculos
tauromáquicos,segundo os dados fornecidos por o INE e pelo IGAC, levando assim a que
cerca de 97.25% da população portuguesa não tenha assistido a espetáculos tauromáquicos.
● Se referirem que podem ser usadas aquelas lanças com ventosas/ O touro
sofre nas touradas :As lanças com ventosas podem ser sim uma das opções
utilizadas para evitar a dor e o sofrimento do touro durante as touradas, mas não nos
podemos esquecer que já antes das touradas o touro sofre pois são sujeitos a um
enorme stress quando retirados do seu pasto afastados da sua manada, além disso
para se dirigirem para as praças de touros este são colocados em camiões sem
terem espaço para se mexer, ao chegar às praças são descarregados para curros,
onde serão “imobilizados” (drogados) para poderem ser embolados, ou seja para se
poder proceder ao corte dos cornos, por vezes este corte provoca sangramentos.
Por outro lado, nas praças que são portáveis a embolação é feita dentro dos
camiões pelos quais o touro é transportado. Neste tipo de praças o touro é
submetido a choques elétricos para o obrigar a sair do camião.
Além do mais, o touro não saberá que as ventosas não provocar-lhe-ão dor, por isso
quando estas são utilizadas por o toureiro, o mesmo entrará no espaço “pessoal” do
touro criando um enorme stress e frustração ao animal.

Todo o processo das touradas cria sofrimento no animal touradas desde a


deslocação do animal do seu habitat, a sua introdução num caixote minúsculo
em que ele se não pode mover e onde fica 24horas ou mais, o corte dos chifres
e as agressões de que é vitima para o enfurecer; ao que se segue a perfuração
do seu corpo pelas bandarilhas que são arpões que lhe dilaceram as
entranhas e lhe provocam profundas e dolorosas hemorragias; e finalmente,
na tourada à portuguesa, o arranque brutal dos ferros; e tudo isto já sem se
referir a tortura das varas e do estoque na tourada à espanhola —representam
sem quaisquer dúvidas sofrimento intenso e insuportável para um animal tão
sensível que não tolera as picadas das moscas e as enxota constantemente
com a cauda quando pasta em liberdade.

● (O “ataque” por parte dos Touros) O touro na arena segundo os aficionados


desenvolve um “ataque” ao homem, contudo os mesmo não o veem como seu rival,
não desenvolvendo assim um ataque com o objetivo de criar sofrimento no Homem.
O que realmente acontece é uma reação por parte do touro à ameaça que o Homem
lhe faz quando o encurrala na arena, o touro sente-se ameaçado porque o homem
invade o seu espaço “pessoal”e desta forma reage, não porque deseja que o
homem sofra mas sim porque se sente encurralado. Além disto, é notório que quem
pretende fazer sofrer é o homem ao touro e não o touro ao homem, pois quando o
touro se encontra com medo fica muitas das vezes estático não demonstrando
movimento, mas mesmo estes momentos em que o touro não se movimenta não
impedem o toureiro de perfurar o touro com lança; não impedem a plateia de
aplaudir quando este é esfaqueado; não impedem que os aficionado regressem à
arena para fazer outro touro sofrer. Mas, sendo nós seres dotados de razão, não
deveríamos impedir? Devíamos ! Porque todos nós a partir da nossa razão
conseguimos perceber que os atos a que estes touros são submetidos para o
simples entretenimento humano são incorretos, sendo também incorreto manipular o
comportamento do touro para desfruto humano !

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Argumentos a favor e a sua refutação
● As touradas são uma tradição: Um dos principais argumentos dos defensores é
que as touradas são uma tradição fazendo assim parte do património cultura e
desse modo não deverão ser abolidas.
De facto as touradas são uma tradição, mas o facto de uma determinada prática ser
uma tradição não significa que tenha necessariamente de ser considerada
moralmente correta e impossível de abolir. Será por isso que devemos aceitá-la?
Vejamos, se assim fosse, muitas tradições que foram abolidas por serem imorais
ainda permaneciam, como o caso da escravatura, das lutas entre animais, das lutas
de gladiadores entre outras. Além do mais, existe uma relação entre todas estas
tradições anteriormente referidas e entre as touradas é que todas elas tem e tiveram
consequências gravíssimas para os envolvidos, provocando dor aos envolvidos.
Deste modo, enquadrando a tourada nas características destas tradições que foram
abolidas, não deveria a mesma tal como estas ser igualmente abolida ?
Não é por as touradas serem uma mera tradição que significa que sejam intocáveis
e mantidas a todo o custo, a partir do momento que deixam de se enquadrar com os
valores da nossa sociedade as tradições deverão ser abolidas pois só estão a
regredir a nossa evolução, tal como as tourada que são uma tradição ultrapassada,
que consiste em agredir animais quase até à morte, não se enquadrando com a
defesa dos direitos dos animais que a nossa sociedade tem impondo ao longo das
últimas décadas.

● Combater as touradas é racista : Muita gente acaba por utilizar o argumento de


que combater as touradas é racismo, já que é tentar extinguir um costume cultural
com várias décadas de história mas "Confundir racismo e avanço civilizacional" ou
falar de touradas com o "argumento de que é cultura" é garantir o "direito a torturar
um animal" e devia se rejeitar "tentar elevar isto a diversão e espetáculo". "a cultura
não é imutável (permanente) " e a tauromaquia, a atividade em si, "não está
consagrada na Constituição", É preciso relembrar também que a tourada não está
reconhecida como património imaterial cultural. E ainda que estivesse, "temos o
dever e a sensibilidade de respeitar o direito animal".
Este argumento refere muitas citações duma entrevista à deputada Inês Sousa Real
líder do partido Pessoas animais natureza (Pan) uma entendida do assunto q leva a
sua vida a estudar estes abusos a animais.
● (Animais matam-se uns aos outros) Na Natureza, é natural observarmos
animais a matarem-se uns aos outros. Porém, estes fazem-no apenas por
necessidade, tal como seres humanos já o fizeram também. Hoje em dia,
podemos encontrar todo o tipo de substitutos para minimizar o máximo de dor
por nossa parte aos animais, como comer alimentos vegetarianos, e não usar as
suas peles para criação de roupa. Mas para quê nos esforçarmos a manter as
nossas mãos limpas, se eles próprios continuam a derramar sangue?
● As touradas podem levar ao fim de vários empregos : As touradas promovem vários
empregos a inúmeras pessoas, contudo todos temos noção que nenhum criador de gado
consegue-se sustentar apenas com este emprego, ou seja é por questões económicas
impossível essa ser a sua principal fonte de rendimento, uma vez que é um setor pouco
rentável. A maior parte das pessoas que trabalham neste setor trabalham porque gostam e
lhe dá prazer, não tem em conta o lucro do mesmo.
Além disto, já foi comprovado através de várias arenas de touradas que fecharam que o seu
encerramento não causou uma catástrofe social, mas sim promoveu a convenção das praças
em recintos de multiusos abertos todo ano que abriram inúmeros postos de emprego, ainda
mais do que os existentes quando as praças ainda existiam.
● O touro é um animal de combate, logo as touradas respeitam a sua natureza : Os
defensores das touradas consideram que o touro utilizado para as touradas, touro de lide, é
um animal de combate devido ao facto de que quando vê o seu espaço invadido ataca
qualquer provável intruso. Contudo o touro, é um animal inofensivo no seu habitat, mas tal
como todos os outros animais e até mesmo os humanos apresenta um instinto de defesa
quando é agredido e invadem o seu espaço. Deste modo, a partir do momento que é retirado
do seu habitat, colocado numa arena onde é agredido com inúmeros ferros, o touro, tal
como todos os outros animais que hipoteticamente estariam na mesma situação, defende-se
apresentando assim um instinto de defesa.

● Sem a existência de touradas, touro poderá ficar extinto : Os defensores das touradas
afirmam que se as touradas não existissem estes animais seriam extintos, mas tal como os
búfalos, que para evitar a sua extinção são criadas reservas de búfalos, também poderiam
ser criadas se necessário, para evitar a extinção dos mesmo, reservas de touros.
De qualquer das maneiras, é rídiculo manter uma espécie viva deixano viver em liberdade,
para no final a torturar até à sua morte.
● Ao promover as touradas, os toureiros defendem os touros porque evitam a sua extinção:
ERRADO! É absurdo afirmar que o agressor está a promover o bem-estar da vítima. Se
assim fosse seria correto afirmar que as vítimas de bullying são favorecidas com o bullying
sofrido. Além disto seria correto afirmar que os nazis defendem os judeus ao torturarem e
executarem milhões de judeus de uma forma bárbara e cruel.
● Os touros após as touradas podem viver em liberdade : Após a participação nas touradas
os touros tem três caminhos : um deles é a sua execução, normalmente após 5 horas da
tourada ter acontecido, por outro lado podem ser enviados para uma nova tourada, ou se
apresentarem um bom comportamento aos olhos do toureiro durante a tourada são
enviados para campos onde supostamente podem viver o resto da sua vida em liberdade,
contudo esta liberdade está imensamente restringidas pelo stress pós-traumático de serem
submetidos a uma extrema e injusta violência.

● As Touradas estão protegidas pela Constituição Portuguesa: Algumas pessoas afirmam


que as touradas são “parte integrante do património cultural imaterial Português, de
acordo com as normas da UNESCO”, o que é totalmente falso. A UNESCO não reconhece
(nem nunca irá reconhecer) as touradas como património cultural e o Estado Português
nunca classificou as touradas como Património Cultural Imaterial.A Constituição não
protege as touradas nem sequer fala delas. A única referência existente na legislação, é uma
frase no preâmbulo do Decreto-Lei n.º 89/2014 de 11 de junho (Regulamento do Espetáculo
Tauromáquico) onde se afirma que “a tauromaquia é, nas suas diversas manifestações,
parte integrante do património da cultura popular portuguesa“, mas esse estatuto nunca foi
oficialmente reconhecido. É preciso ter em conta que o mesmo preâmbulo reconhece que
“a salvaguarda do interesse público passa também pela harmonização dos interesses dos
vários intervenientes no espetáculo tauromáquico e pela defesa do bem-estar animal”, o
que é ignorado e omitido por quem utiliza este argumento.
Além disso, o mesmo Regulamento Tauromáquico reconhece que a tourada “pode ferir a
suscetibilidade dos espectadores“, ou seja, o Estado Português já reconhece na lei que as touradas
são um espetáculo violento que pode perturbar o público que a ele assiste.

Vários Constitucionalistas reputados já esclareceram publicamente que a Constituição


Portuguesa não impede a abolição das touradas

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