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1
Edital disponível em: https://drive.google.com/file/d/1IOgecByNndJF3t0JKrfIjVwvLlhPy8Ni/view?usp=sharing. Acesso em: 5
dez. 2023.
COORDENAÇÃO DOS GRUPOS DE PESQUISA / SECRETARIA DO COMITÊ DE POLÍTICAS INSTITUCIONAIS SOBRE DROGAS DO
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
RUA MARECHAL HERMES, 751 – CENTRO CÍVICO – CURITIBA/PR – CEP 80530-230 – FONE: (41) 3250-8748
compid@mppr.mp.br
1
Na oportunidade, os pesquisadores sorteados para compor o subgrupo 12
ficaram responsáveis pela exposição do seguinte material de apoio sugerido pela
Coordenação: i. Carta Aberta do IV Ciclo do Grupo de Pesquisa em Políticas
Públicas sobre Drogas do Ministério Público do Estado do Paraná, elaborada em
20223; ii. Relatório Anual do IV Ciclo do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas
sobre Drogas4 e iii. Monografia “Drogas: Historiografia, Jurisprudência e o
Aprimoramento do Uso dos Institutos Jurídicos pelo Ministério Público do Paraná”,
de autoria do Promotor de Justiça Eduardo Augusto Colombo Amado da Silva5.
2
Bruna Saraiva da Rocha, Letícia Camargo dos Santos, Jéssica Leal Baesso, Eduardo Augusto Colombo Amado da Silva,
Amanda Nogueira Hryniewicz e Larissa Roceti Botan.
3
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1HnAz6PMd-iewgj1IoqcdHEqZAzsKp3Xh/view?usp=sharing. Acesso em: 5 dez.
2023.
4
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/16kfIpU0ZoniksZL1kOUYehmiKMPi78fK/view?usp=share_link. Acesso em: 5
dez. 2023. Especialmente as páginas 04-17 (Relatório do 1° Encontro do IV Ciclo, sobretudo as páginas 11 e 15-16, em que
constam as propostas de enunciado nºs 1, 2 e 3, cuja reanálise foi aprovada no IV Ciclo do GP) e 73-79 (discussão sobre os
enunciados).
5
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1kmw2EdYds_dPyqxmcGDUZcdp8sY4jfEg/view?usp=sharing. Acesso em: 5
dez. 2023.
6
O Relatório do 1º Encontro do 5º Ciclo do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas sobre Drogas foi elaborado pelas
pesquisadoras relatoras Ísis Cava Oliveira, Jéssica Leal Baesso e Letícia Soraya Prestes Gonçalves de Paula e está disponível
em: https://drive.google.com/file/d/1ZyRExN7uvifgU7ThxuqUwE5dsjhDBGqS/view?usp=sharing. Acesso em: 5 dez. 2023.
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Os pesquisadores sorteados para compor o subgrupo 27 ficaram
responsáveis, para além da exposição dos trechos pertinentes ao tema constantes
da Carta Aberta e do Relatório Anual do Grupo de Pesquisa confeccionados em
2022, pela apresentação: i. da pesquisa “Avaliando a eficácia dos tribunais para
dependentes químicos na reincidência: uma revisão meta-analítica dos tribunais
para dependentes químicos tradicionais e não tradicionais”, feita por Ojmarrh
Mitchell, David B. Wilson, Amy Eggers e Doris L. Mackenzie8 e ii. do artigo “Justiça
Terapêutica: uma medida alternativa ao sistema prisional tradicional para o
enfrentamento das drogas”, de Cleber Lizardo de Assis e Thayssa de Oliveira
Santini9.
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à lei de drogas no Brasil, descriminalização, legalização e proibição”.
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Encarceramento no Brasil” (2018)17, de Marcelo da Silveira Campos, que apresenta
um resumo dos principais argumentos desenvolvidos pelo autor na tese de
doutorado “Pela metade: as principais implicações da nova lei de drogas no sistema
de justiça criminal em São Paulo”18.
17
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1wOflxy1Pd5BHtCqXvGjKe2e9hbrRzRkp/view?usp=sharing. Acesso em: 5 dez.
2023.
18
Sugeriu-se a análise dos itens vi e vii em conjunto, considerando as possíveis relações estabelecidas entre as disposições
da Lei de Drogas e o encarceramento se cotejados com os índices relativos à circulação de drogas nos anos de 1995 a 2022.
19
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/12rkGM_Tm9MMSYLEuoUckam0gLvgLBlzy/view?usp=sharing. Acesso em: 5
dez. 2023.
20
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1iVOHM8TULjAkFCs0Ap78bQ-nK1Jfmhq1/view?usp=sharing. Acesso em: 5
dez. 2023.
21
Compunham o subgrupo 4 os pesquisadores Nathalia Maximo Corcini de Melo, Paolla Ferreira, Gustavo Gabriel Farinha,
Nicoli Kezen Kuakoski, Alan Bolzan Witczak e Suellen de Lourdes Gonçalves, no entanto, apenas os dois últimos
apresentaram o material de apoio selecionado durante o encontro.
22
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1zJftHY24NjpLbGu8LuYdsMw-0GPSBp6z/view?usp=sharing. Acesso em: 5
dez. 2023.
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Departamento de Saúde Mental do Hospital Albert Einstein (2003), de autoria de
Marine Meyer23; iii. artigos “Prevenção escolar ao uso de drogas por adolescentes:
intervenções que funcionam”, de Altemir José Gonçalves Barbosa, Carlos Eduardo
de Souza Pereira e Juliana Célia de Oliveira (p. 49-70) e “Drogas e educação: a
escola (real) e a prevenção (possível)”, de Helena Maria Becker Albertani e Marcelo
Sodelli (p. 133-155), publicados no livro Prevenção ao Uso de Álcool e Outras
Drogas no Contexto Escolar (2014)24; iv. artigo “Uso de drogas e ato infracional:
Revisão integrativa de artigos brasileiros” (2016), das autoras Luciene Jimenez,
Elisa Meireles Andrade e Luciane Guimarães Batistella Bianchini, publicado na
Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventude25 e v. capítulo
sobre “A Internação nos Centros de Socioeducação do Paraná” do Plano Decenal
dos Direitos da Criança e do Adolescente do Estado do Paraná 2014-2023 (p.
221-230)26.
23
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1XnyJupkgHOU_8-UADX6WwYBojUFfuMxt/view?usp=sharing. Acesso em: 5
dez. 2023.
24
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1MV8R3kzkFo8eISud4QHIeFchx4tyDt6L/view?usp=sharing. Acesso em: 5 dez.
2023.
25
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/14gx1LAnXj-WlPTIg8dYj05idKKCkECZu/view?usp=sharing. Acesso em: 5 dez.
2023.
26
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1RNYm_oIyWJA4UDnQrTod7loban5UJkoJ/view?usp=sharing. Acesso em: 5
dez. 2023.
27
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1vvipS8UCxf84Yd_AyYRUpzH2fN5Ryw7H/view?usp=sharing. Acesso em: 5
dez. 2023.
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Na ocasião, a partir da análise de todas as propostas debatidas pelo Grupo
de Pesquisa no decorrer dos encontros, restaram aprovados 4 enunciados28, em
conformidade com a fundamentação detalhada exposta no ANEXO que
acompanha a presente Carta Aberta:
ENUNCIADO 1
“Considerando que a minorante do tráfico privilegiado reduz a pena mínima
aquém de quatro anos, viabilizando o oferecimento de ANPP (art. 28-A, §1º,
do CPP), a recusa à oferta da medida despenalizadora deve ser feita, de
forma fundamentada, pela falta dos demais requisitos objetivos e subjetivos
do acordo ou pela falta de um dos requisitos cumulativos da privilegiadora
(art. 33, §4º, da Lei n.º 11.343/2006), sendo suficientes os elementos
colhidos na investigação.”
ENUNCIADO 2
“Com base no art. 42 da Lei nº. 11.343/2006, a natureza e a quantidade de
drogas podem ser utilizadas como fundamento para recusa do oferecimento
de ANPP, por se considerar a oferta do instituto insuficiente para a
reprovação e prevenção do crime (art. 28-A, caput, do CPP), ainda que o
investigado tenha direito à causa de diminuição do tráfico privilegiado.”
ENUNCIADO 3
“A conduta do investigado que indique participação em logística de tráfico
de drogas, como “olheiro”, “mula” e/ou contador, pode ser utilizada como
fundamento para a recusa do oferecimento de Acordo de Não Persecução
Penal, por se considerar a oferta do instituto insuficiente para a reprovação
e prevenção do crime (art. 28-A, caput, do CPP), ainda que o investigado
tenha direito à causa de diminuição do tráfico privilegiado.”
ENUNCIADO 4
Sendo cabível o Acordo de Não Persecução Penal ao tráfico privilegiado
(art. 33, § 4º, da Lei nº. 11.343/2006) e presentes os demais requisitos
objetivos e subjetivos, é possível incluir a condição de encaminhamento do
investigado para equipamentos, programas, serviços e projetos
especializados, nos casos em que estejam presentes transtornos por uso de
substâncias, como “outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada” (art. 28-A, V,
do CPP).
28
A apresentação realizada no último encontro contendo os enunciados aprovados está disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1RO_9p2HvCON_hz4jv-TtHwqi9OfyqBi4/view?usp=sharing . Acesso em: 6 dez. 2023.
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Foram, igualmente, apresentados como encaminhamentos a serem
submetidos à análise do Comitê de Políticas Institucionais sobre Drogas (COMPID)
na próxima reunião ordinária ou extraordinária agendada, nos termos da Resolução
nº 3292/2023 da Procuradoria-Geral de Justiça, segundo a qual os Grupos de
Pesquisa têm como finalidade subsidiar os trabalhos do COMPID:
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aprofundar propostas de enunciado envoltas em maior complexidade, mas também
com a imprescindibilidade de reformulação da metodologia do Grupo de Pesquisa
para eventual próximo ciclo, com o intuito de propiciar o desenvolvimento de
estudos de caso protagonizados pelos CAOPs e a disponibilização do respectivo
material de apoio a ser utilizado pelos órgãos de execução, contendo soluções e
encaminhamentos práticos, submete-se à apreciação de Vossa Excelência a
presente Carta Aberta, para análise e os encaminhamentos que entender
adequados, especialmente quanto:
i) à submissão dos enunciados e encaminhamentos ora apresentados à
aprovação do Comitê de Políticas Institucionais sobre Drogas e subsequente
remessa, caso aprovados, à Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos
Jurídicos (SUBJUR), nesta última hipótese com o objetivo de permitir a análise
quanto à pertinência do material para subsidiar a uniformização de entendimentos
entre os órgãos do Ministério Público, por meio da sua integração aos enunciados e
às notas técnicas divulgadas pela referida Subprocuradoria; e
ii) à sugestão de continuidade do Grupo de Pesquisa em um próximo ciclo,
com início em 2024.
Respeitosamente,
ORGANIZADORES
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ANEXO
FUNDAMENTAÇÃO
29
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stj/1505335258.
30
Disponível em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=756751533.
31
ENUNCIADO 29 (ART. 28-A, § 1.º)
Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o artigo 28-A, serão consideradas as causas de aumento
e diminuição aplicáveis ao caso concreto, na linha do que já dispõe os enunciados sumulados nº 243 e nº 723,
respectivamente, do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal. Disponível em:
https://www.cnpg.org.br/images/arquivos/gndh/documentos/enunciados/GNCCRIM_Enunciados.pdf
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fundamentada pela ausência de um dos requisitos previstos na legislação, ou seja, (i) ser primário o
agente, (ii) de bons antecedentes, (iii) não se dedicar às atividades criminosas e (iv) não integrar
organização criminosa.
1. Cléber Masson e Vinícius Marçal, destacam que “o ônus de demonstrar que o réu não preenche
ao menos um dos requisitos para ser agraciado com a minorante do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas
recai sobre o Ministério Público, haja vista que o princípio da presunção de inocência veda a
possibilidade de alguém ser considerado culpado com respaldo em simples conjecturas ou meras
suspeitas"32.
3. Para Masson e Marçal, o requisito restará preenchido no caso de agente não reincidente,
lembrando que a orientação jurisprudencial atual preconiza que a prévia condenação pela prática
do crime descrito no art. 28 da Lei nº 11.343/2006 não serve para fins de reincidência e, por
isso, não obsta, por si só, a incidência da causa de redução de pena prevista no § 4º do art. 33: “As
Turmas da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em recentes julgados, têm decidido ser
desproporcional o reconhecimento da agravante da reincidência decorrente de condenação anterior
pelo delito do art. 28 da Lei n. 11.343/2006, uma vez que a infringência do referido dispositivo legal
não acarreta a aplicação de pena privativa de liberdade e sua constitucionalidade está sendo
debatida no STF” (STJ: HC 535.785/DF, rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, j. 05.12.2019)33.
32
Masson, Cleber. Lei de drogas: aspectos penais e processuais. São Paulo: Método, 2022. p. 130.
33
Masson, Cleber. Lei de drogas: aspectos penais e processuais. São Paulo: Método, 2022. p. 124.
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PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA NÃO CULPABILIDADE. RE
591.054-RG/SC. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I. O Plenário
do Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que, ante o
princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos
criminais em curso são neutros na definição dos antecedentes
criminais. Precedente. II. A aplicação da causa de diminuição pelo
tráfico privilegiado, nos termos do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, não
pode ter sua aplicação afastada com fundamento em investigações
preliminares ou processos criminais em andamento, mesmo que
estejam em fase recursal, sob pena de violação do art. 5º, LIV, da
Constituição Federal. III - Agravo regimental a que se nega provimento.
(STF; RE-AgR 1.283.996; DF; Segunda Turma; Rel. Min. Ricardo
Lewandowski; DJE 03/12/2020)
5. Quanto ao requisito de “não se dedicar a atividades criminosas”, por ter sido enfatizado durante
o encontro do Grupo de Pesquisa, oportuno transcrever as observações de Masson e Marçal:
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Fonseca, 5ª Turma, j. 23.06.2020)”, o qual pressupõe “o dolo de se associar com estabilidade e
permanência” (STJ: HC 511.370/RJ, rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª Turma, j. 04.06.2019), fator a
indicar seguramente que o agente se dedica às atividades criminosas.
(...) tem-se decidido que a apreensão de grande quantidade de drogas (bem como a diversidade
de natureza dos entorpecentes encontrados), a depender das peculiaridades do caso concreto, é
a circunstância hábil a denotar a dedicação do acusado a atividades criminosas e,
consequentemente, a impedir a aplicação da causa especial de diminuição prevista no § 4º do art. 33
da Lei 11.343/2006, porque indica maior envolvimento do agente com o mundo do narcotráfico, ainda
que ele seja primário e não possua maus antecedentes (STF: HC 171.539 AgR, rel. Min. Edson
Fachin, 2ª Turma, j. 13.12.2019).
Não se extraia disso, contudo, a conclusão no sentido de que a vultosa quantidade de droga,
por si só, configura elemento apto a afastar o privilégio. As particularidades do caso precisam ser
analisadas porque, segundo o entendimento preponderante na jurisprudência, a volumosa quantidade
de entorpecentes não pode, automaticamente, afastar o privilégio, proporcionando a conclusão de
que o sujeito faz do tráfico seu meio de vida ou integra organização criminosa (STF: RHC
138.715/MS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2ª Turma, j. 09.06.2017). Logo, conquanto seja
“reiterada orientação de que a quantidade e a natureza da droga, associadas ao contexto em que se
deu a sua apreensão, podem evidenciar a dedicação à atividade criminosa”, “tal argumento, por si só,
não justifica o afastamento da benesse” (STj: Ag.Rg. no HC 493.172/SP, rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, 6ª Turma, j. 16.06.2020).
1ª posição (STJ): A existência de inquéritos policiais e/ou de ações penais em curso pode
afastar a minorante do art. 33, § 4º, por indicar a dedicação do agente a atividades criminosas.
Não há, pois, que se confundir: inquéritos e ações penais em andamento não se prestam a elevar a
pena-base do sujeito - uma vez que não caracterizam maus antecedentes - , mas podem servir para
afastar a causa de diminuição de pena se existentes elementos concretos de sua dedicação a
atividades criminosas. Essa corrente, da qual Masson e Marçal são partidários, não pretende
“tornar regra que a existência de inquérito ou ação penal obste todas as situações, mas sua
avaliação para concluir se o réu é dedicado a atividades criminosas também não pode ser
vedada de forma irrestrita, de modo a permitir a avaliação pelo magistrado em cada caso
concreto”. É nesse sentido a jurisprudência do STJ:
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ações penais impeçam a interpretação, em cada caso, para mensurar a
dedicação do réu em atividades criminosas. Se assim não fosse,
chegaríamos a uma situação absurda, consistente em conceder o
benefício do artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 a réu que responde a
inúmeras ações penais ou seja investigado, equiparando-o ao agente
que em uma única ocasião na vida se envolveu com drogas, situação
que ofende os princípios também previstos na Constituição Federal da
isonomia e da individualização da pena”. (EREsp 1.431.091/SP, rel. Min.
Felix Ficsher, 3ª Seção, j. 01.02.2017.)
“Não cabe afastar a causa de diminuição prevista no artigo 33, § 4º, da Lei
de Drogas com base em condenações não alcançadas pela preclusão
maior” (HC 166.385, rel. Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, j. 14.04.2020).”35
6. Masson e Marçal esclarecem que para se beneficiar da minorante o agente não pode ser
integrante de organização criminosa, definida como a associação de quatro ou mais pessoas,
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter
transnacional (Lei 12.850/2013, art. 1º, § 1º).
Considerando a opção frequente dos narcotraficantes por trabalhar com pequenas quantidades de
drogas distribuídas entre “mulas” (pessoas recrutadas para promover o transporte das substâncias), a
polêmica consiste em saber se a “mula do tráfico” pode ser agraciada com o privilégio do § 4º
do art. 33. Há duas posições sobre o assunto:
1º posição (pacífica nos Tribunais superiores): Sim, pois a “mula” pode ser utilizada de forma
acidental, apenas para o transporte da droga, sem necessariamente, figurar como integrante
de organização criminosa e estabelecer vínculo estável e com propósito duradouro. Por isso a
“uníssona” jurisprudência do STF compreende que:
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MAJORAÇÃO. VALORAÇÃO NEGATIVA DA NATUREZA E DA
QUANTIDADE DA DROGA (2.596 G DE COCAÍNA). ADMISSIBILIDADE.
VETORES A SEREM CONSIDERADOS NECESSARIAMENTE NA
DOSIMETRIA (ART. 59, CP E ART. 42 DA LEI Nº 11.343/06). “MULA”.
APLICAÇÃO DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, § 4º,
DA LEI DE DROGAS. ADMISSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE PROVA DE
QUE O PACIENTE INTEGRE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
IMPOSSIBILIDADE DE NEGAR A INCIDÊNCIA DA CAUSA DE
DIMINUIÇÃO DE PENA COM BASE EM ILAÇÕES OU CONJECTURAS.
PRECEDENTES. PERCENTUAL DE REDUÇÃO DE PENA: 1/6 (UM
SEXTO). ADMISSIBILIDADE. FIXAÇÃO EM ATENÇÃO AO GRAU DE
AUXÍLIO PRESTADO PELO PACIENTE AO TRÁFICO INTERNACIONAL.
ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA, PARA O FIM DE CASSAR O
ACÓRDÃO RECORRIDO E RESTABELECER O JULGADO DO TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO FEDERAL.
1. É pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que a
natureza e a quantidade da droga constituem motivação idônea para a
exasperação da pena-base, nos termos do art. 59 do Código Penal e do
art. 42 da Lei nº 11.343/06. Precedentes.
2. Descabe afastar a incidência da causa de diminuição de pena do art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 com base em mera conjectura ou ilação de
que o réu integre organização criminosa. Precedentes.
3. O exercício da função de “mula”, embora indispensável para o
tráfico internacional, não traduz, por si só, adesão, em caráter estável
e permanente, à estrutura de organização criminosa, até porque esse
recrutamento pode ter por finalidade um único transporte de droga.
Precedentes.
4. O paciente, procedente da Venezuela, foi flagrado na posse de 2.596 g
de cocaína no aeroporto de Guarulhos, no momento em que se preparava
para embarcar em voo para a África do Sul, com destino final em Lagos, na
Nigéria.
5. Correta, portanto, a valoração negativa do grau de auxílio por ele
prestado ao tráfico internacional, na terceira fase da dosimetria, com a
fixação do percentual de redução em 1/6 (um sexto).
6. Ordem de habeas corpus concedida, para o fim de se cassar o acórdão
recorrido e de se restabelecer o julgado do Tribunal Regional Federal da 3ª
Região Federal, que redimensionou a pena imposta ao paciente para 4
(quatro) anos, 10 (dez) meses e 10 (dez) dias de reclusão e 485
(quatrocentos e oitenta e cinco) dias-multa. (HC 134597, rel. Min. Dias
Toffoli, Segunda Turma, j. 28/06/2016)
36
TRF4: Apelação 5000310-71.2017.4.04.7017, rel. João Pedro Gebran Neto, 8ª Turma, j. 14.02.2020.
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O STJ, que antes oscilava em suas decisões sobre a matéria, pacificou sua jurisprudência para
perfilhar a orientação consagrada pelo STF.
2ª posição: Não, porque o sujeito que transporta drogas na qualidade de “mula do tráfico”
integra (esta é a presunção) organização criminosa, salvo prova em sentido contrário. Ou seja,
a condição de “mula” evidencia, em regra, o efetivo envolvimento do sujeito com organização
criminosa e, por isso, afasta o privilégio do art. 33, § 4º. Esse entendimento já preponderou na
jurisprudência do STJ, mas não encontra mais sustentação na Corte37.
2) Com base no art. 42 da Lei n.º 11.343/2006, a natureza e a Eduardo Augusto Colombo
quantidade de drogas podem ser utilizadas como fundamento para Amado da Silva (em
recusa do oferecimento de Acordo de Não Persecução Penal, por se 31/03/2023)
considerar a oferta do instituto insuficiente para a reprovação e
prevenção do crime (art. 28-A, caput, do CPP), ainda que o
investigado tenha direito à causa de diminuição do tráfico
privilegiado.
FUNDAMENTAÇÃO
37
Masson, Cleber. Lei de drogas: aspectos penais e processuais. São Paulo: Método, 2022. p. 129-130.
38
Confira-se a ementa do julgado:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. CRIME DE TRÁFICO DE
DROGAS. ALEGADA NULIDADE EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE OFERTA DE ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL E
RECUSA DE ENVIO À PGJ. RECUSA DEVIDAMENTE JUSTIFICADA PELO PARQUET. ANUÊNCIA DO MAGISTRADO.
PROPOSTA DE REVISÃO REQUERIDA A DESTEMPO PELA DEFESA. DOSIMETRIA DA PENA. MODIFICAÇÃO DO
REGIME PRISIONAL PARA O ABERTO. IMPOSSIBILIDADE. QUANTIDADE E VARIEDADE DOS ENTORPECENTES
APREENDIDOS. PRECEDENTES. WRIT NÃO CONHECIDO.
1. O habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo de recurso próprio, a fim de que não se desvirtue a finalidade
dessa garantia constitucional, com a exceção de quando a ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em que se concede a
ordem de ofício. Precedentes: STF, HC 147.210-AgR, Rel. Ministro EDSON FACHIN, DJe de 20/2/2020; HC 180.365AgR,
Relatora Ministra ROSA WEBER, DJe de 27/3/2020; HC 170.180-AgR, Relatora Ministra CARMEM LÚCIA, DJe de 3/6/2020;
HC 169174-AgR, Relatora Ministra ROSA WEBER, DJe de 11/11/2019; HC 172.308-AgR, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJe de
17/9/2019 e HC 174184-AgRg, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJe de 25/10/2019.STJ: HC 563.063-SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO
REIS JÚNIOR, Terceira Seção, julgado em 10/6/2020; HC 323.409/RJ, Rel. p/ acórdão Ministro FÉLIX FISCHER, Terceira
Seção, julgado em 28/2/2018, DJe de 8/3/2018; HC 381.248/MG, Rel. p/ acórdão Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Terceira
Seção, julgado em 22/02/2018, DJe de 3/4/2018.
2. O acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A do Código de Processo Penal, consiste em um negócio
jurídico pré-processual entre o Ministério Público e o investigado, juntamente com seu defensor, como alternativa à
propositura de ação penal para certos tipos de crimes, principalmente no momento presente, em que se faz
necessária a otimização dos recursos públicos. Com efeito, o membro do Ministério Público, ao se deparar com os
autos de um inquérito policial, a par de verificar a existência de indícios de autoria e materialidade, deverá ainda
analisar o preenchimento dos requisitos autorizadores da celebração do ANPP, os quais estão expressamente
previstos no Código de Processo Penal: 1) confissão formal e circunstancial; 2) infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos; e 3) que a medida seja necessária e suficiente para reprovação e
prevenção do crime.
3. Inexiste nulidade na recusa do oferecimento de proposta de acordo de não persecução penal quando o
representante do Ministério Público, de forma fundamentada, constata a ausência dos requisitos subjetivos legais
necessários à elaboração do acordo, de modo que este não atenderia aos critérios de necessidade e suficiência em
face do caso concreto.
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natureza das drogas apreendidas no caso concreto – apesar de ter incidido a causa de diminuição do
tráfico privilegiado, com o estabelecimento de pena inferior a quatro anos –, justificou a fixação de
regime mais gravoso e a vedação à substituição da sanção privativa de liberdade por restritiva de
direitos, sendo assim plausível a sua utilização como fundamento para a recusa de oferecimento do
Acordo de Não Persecução Penal. Nesse contexto, diante da natureza e quantidade de drogas, o
ANPP pode ser insuficiente para a reprovação e prevenção do crime. Conforme a Ata da 849ª
Sessão Extraordinária de Revisão de Junho de 2022, a Segunda Câmara de Coordenação e
Revisão Criminal do MPF39 negou, à unanimidade, a viabilidade de oferta do ANPP em caso
concreto que envolvia expressiva quantidade de drogas apreendidas, evidenciando que esse
aspecto pode sim ser utilizado como fundamento para a recusa do acordo. Não obstante,
consoante entendimento do STF (Ag. Reg. no HC 19531940), a quantidade e natureza de drogas não
são capazes de, sem considerar outros fatores, afastar a causa de diminuição do tráfico privilegiado
por configurarem integração de organização criminosa ou dedicação à atividade criminosa, requisitos
esses que excluem a incidência da causa de diminuição, conforme o art. 33, § 4°, da Lei 11.343/2006.
FUNDAMENTAÇÃO
4. Conforme o acórdão ora impugnado, o requerimento de revisão do não oferecimento de proposta do ANPP, para fins de
análise do órgão superior do Ministério Público local, ocorreu a destempo pela defesa, deixando que a instrução criminal fluísse
regularmente.
5. Esta Corte Superior possui jurisprudência no sentido de que a quantidade e a qualidade da droga apreendida
podem ser utilizadas como fundamento para a determinação da fração de redução da pena com base no art. 33, § 4º,
da Lei n. 11.343/2006, a fixação do regime mais gravoso e a vedação à substituição da sanção privativa de liberdade
por restritiva de direitos.
6. No caso, embora estabelecida a pena definitiva em 2 anos e 6 meses de reclusão, a quantidade e a diversidade de
entorpecentes apreendidos (62 porções de cocaína, contendo 55,63g; 04 pedras de crack, contendo 0,41g; e 63
porções de “maconha”, contendo 132,64g), utilizadas na escolha do patamar de diminuição do benefício do art. 33, §4º, da
Lei n. 11.343/2006, justificam a imposição de regime prisional mais gravoso, o semiaberto, em razão da quantidade, variedade
e natureza dos entorpecentes apreendidos.
7. Habeas corpus não conhecido.
Disponível em:
https://www.stj.jus.br/websecstj/cgi/revista/REJ.cgi/ATC?seq=115500475&tipo=5&nreg=202002359158&SeqCgrmaSessao&Co
dOrgaoJgdr&dt=20200928&formato=PDF&salvar=false
39
Disponível em:
https://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/ccr2/revisao/atas-de-revisao-1/pautas-e-atas-2022/ata-849-20-06-22-extraordinaria.pdf
40
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/stf/1176246062/inteiro-teor-1176246072.
41
Disponível em:
https://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%C3%AAncia%20em%20Teses%20131%20
-%20Compilado%20Lei%20de%20Drogas.pdf.
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minorante do § 4º do art. 33 da Lei nº. 11.343/2006, uma vez que a figura de transportador da droga
não induz, automaticamente, à conclusão de que o agente integra, de forma estável e permanente,
organização criminosa. Sendo assim, a participação na logística do tráfico de drogas não exclui
automaticamente a causa de diminuição do tráfico privilegiado, cabendo sua incidência a depender
do preenchimento dos requisitos estabelecidos na legislação. Essa condição de participação, no
entanto, pode ser utilizada como fundamento para a recusa de oferecimento do Acordo de Não
Persecução Penal, tendo em vista que a sua propositura depende da suficiência do instituto para a
prevenção e reprovação do crime. Além disso, conforme entendimento do STF (HC nº. 19.856-AgR,
Relator ministro Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 25.11.2013), utilizado como fundamento
no Ag. Reg. no HC 217.663, julgado em 202242, o juízo condenatório não está obrigado a
conceder a redutora de tráfico privilegiado no grau máximo, tendo plena discricionariedade
para aplicá-la conforme as peculiaridades do caso concreto, no patamar necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime. A consideração das especificidades de cada
caso para a aplicação do benefício do tráfico privilegiado em diferentes graus demonstra que a
recusa à propositura de ANPP deve ser tratada de acordo com as peculiaridades do caso concreto
— como a participação na logística do tráfico, que pode modular o patamar do aplicação do benefício
do tráfico privilegiado —, diante do fundamento de que o acordo seria insuficiente para a reprovação
e prevenção do crime (art. 28-A, caput, do CPP).
4) Sendo cabível o Acordo de Não Persecução Penal ao tráfico Eduardo Augusto Colombo
privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006) e presentes os Amado da Silva (em
demais requisitos objetivos e subjetivos, é possível incluir a condição 31/03/2023)
de submissão do investigado a tratamento médico nos casos em que
apresente transtorno por uso de substâncias43, como “outra condição
indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível
com a infração penal imputada” (art. 28-A, V, do CPP)44.
42
Disponível em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=762448558.
43
Redação sugerida pela Coordenação dos Grupos de Pesquisa do Comitê de Políticas Institucionais sobre Drogas
considerando a definição contida na nova Classificação Internacional de Doenças (CID), atualmente em sua 11ª revisão,
lançada em maio de 2019 pela Organização Mundial de Saúde e em vigor desde janeiro de 2022. De acordo com a
Classificação, os “Disorders due to substance use” ou transtornos devidos ao uso de substâncias, em tradução livre, “incluem
transtornos que resultam de uma única ocasião ou uso repetido de substâncias com propriedades psicoativas, incluindo certos
medicamentos. Estão incluídos os transtornos relacionados a quatorze classes ou grupos de substâncias psicoativas.
Normalmente, o uso inicial dessas substâncias produz efeitos psicoativos agradáveis ou atraentes que são recompensadores e
reforçados com o uso repetido. Com o uso continuado, muitas das substâncias incluídas têm a capacidade de produzir
dependência. Elas também têm o potencial de causar inúmeras formas de danos, tanto à saúde física quanto mental. Os
transtornos decorrentes do uso nocivo não medicinal de substâncias não psicoativas também estão incluídos neste grupo.”
Informações disponíveis em: https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http%3a%2f%2fid.who.int%2ficd%2fentity%2f590211325.
Acesso em: 29 mai. 2023. A versão para Profissionais de Saúde do Manual MDS também pontua que os termos comuns
"vício", "abuso" e "dependência" são definidos de maneira muito vaga e variável para que sejam úteis no diagnóstico
sistemático, e, por igual, que a terminologia “transtorno por uso de substâncias” é mais abrangente e tem menos
conotações negativas.
44
O Promotor de Justiça Rodrigo Leite Ferreira Cabral elenca, exemplificativamente, como medidas a serem consideradas
para fins do art. 28-A, inciso V, do Código de Processo Penal (cumprir outra condição), o “compromisso de submeter-se
voluntariamente a tratamento ambulatorial, nos casos de pessoa inimputável por enfermidade mental (CP, art. 96, iii)” e
o “compromisso de comparecimento a programas ou cursos educativos, nos delitos vinculados ao uso de
entorpecentes (Lei nº 11.343/06, art. 28, I) ou relacionados a outros vícios que potencializem a prática criminosa, como
vício em álcool, jogos de azar, dentre outros”. CABRAL, Rodrigo Leite Ferreira. Manual do Acordo de Não Persecução
Penal, p. 178.
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FUNDAMENTAÇÃO
ENUNCIADO 1
O investigado não tem direito subjetivo à celebração de acordo de não persecução penal (ANPP),
de modo que o órgão do Ministério Público, em pronunciamento fundamentado, poderá negá-lo
quando ausente qualquer dos requisitos trazidos pelo art. 28-A do Código de Processo Penal.
Precedentes:
SUBJUR, 0022781-07.2020.8.16.0030, 3ª Vara Criminal da Comarca de Foz do Iguaçu, 30/05/2022;
0002623-93.2021.8.16.0191, 3ª Vara Criminal da Comarca de Curitiba, 19/05/2022;
0009577-32.2020.8.16.0017, 4ª Vara Criminal da Comarca de Maringá, 16/12/2021;
0019584-95.2020.8.16.0013, Vara de Delitos de Trânsito de Curitiba, 05/07/2021;
0027764-71.2018.8.16.0013, 2ª Câmara Criminal, 27/11/2020.
ENUNCIADO 6
O fato de o agente já responder a processo penal ou ostentar condenação que não configure
reincidência é motivo idôneo para recusar o acordo de não persecução penal (ANPP), com
45
Disponível em:
https://mppr.mp.br/Juridica/Pagina/Acordo-de-Nao-Persecucao-Penal-ANPP#:~:text=ENUNCIADO%201,do%20C%C3%B3digo
%20de%20Processo%20Penal.
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base na conduta criminal reiterada (CPP, art. 28-A, §2º, II).
Precedentes:
SUBJUR, 005323-71.2020.8.16.0031, 3ª Vara Criminal da Comarca de Guarapuava, 14/06/2022;
0014252-16.2021.8.16.0013, 7ª Vara Criminal da Comarca de Curitiba, 17/11/2021;
0000772-25.2016.8.16.0084, Vara Criminal da Comarca de Goioerê, 06/07/2021;
0019056-71.2014.8.16.0013, 8ª Vara Criminal da Comarca de Curitiba, 13/08/2020;
0012833-29.2019.8.16.0013, 13ª Vara Criminal da Comarca de Curitiba, 22/05/2020.
ENUNCIADO 10
A falta de fundamentação na negativa de concessão do acordo de não persecução penal (ANPP)
reivindica a devolução dos autos à origem para a necessária justificação, previamente à
apreciação do pedido de revisão pela Procuradoria-Geral de Justiça.
Precedentes:
SUBJUR, 0003297-17.2021.8.16.0112, Vara Criminal da Comarca de Marechal Cândido Rondon,
10/01/2022; 0002845-91.2021.8.16.0084, Vara Criminal da Comarca de Goioerê, 14/12/2021;
0000937-62.2021.8.16.0160, 2ª Vara Criminal da Comarca de Sarandi, 25/08/2021;
0010755-05.2019.8.16.0129, 2ª Vara Criminal da Comarca de Paranaguá, 10/09/2020;
0000213-47.2020.8.16.0078, Vara Criminal da Comarca de Curiúva, 08/05/2020.
ENUNCIADO 12
A Procuradoria-Geral de Justiça, em sede de revisão, não está autorizada a se afastar da definição
jurídica descrita na denúncia, analisando, por exemplo, eventual incidência de causa de
diminuição (e.g. art. 33, §4º, da Lei 11.343/2006).
Precedentes:
SUBJUR, 0015544-75.2022.8.16.0021, 3a Vara Criminal da Comarca de Cascavel, 02/06/2022;
0002573-36.2020.8.16.0148, Vara Criminal da Comarca de Rolândia, 04/02/2022;
0003564-28.2021.8.16.0196, 11a Vara Criminal da Comarca de Curitiba, 23/11/2021;
0011010-31.2021.8.16.0019, 3a Vara Criminal da Comarca de Ponta Grossa, 08/06/2021;
0014019-35.2020.8.16.0019, 3a Vara Criminal da Comarca de Ponta Grossa, 02/07/2020.
ENUNCIADO 13
A Procuradoria-Geral de Justiça pode rever o conteúdo das condições propostas para o acordo de
não persecução penal (ANPP) quando não autorizadas por lei ou manifestamente desproporcionais.
Precedentes:
SUBJUR, 0010101-14.2018.8.16.0174, 1a Vara Criminal da Comarca de União da Vitória,
27/05/2022; 0008966-61.2021.8.16.0044, 1a Vara Criminal da Comarca de Apucarana, 12/04/2022;
0026555-62.2021.8.16.0013, 3a Vara Criminal da Comarca de Curitiba, 04/04/2022;
0003369-44.2020.8.16.0013, 12a Vara Criminal da Comarca de Curitiba, 11/02/2022;
0002556-62.2018.8.16.0053, Vara Criminal da Comarca de Bela Vista do Paraíso, 14/01/2022.
ENUNCIADO 16
Havendo alteração da imputação originária, e desde que presentes os demais requisitos
legais, é cabível a celebração do acordo de não persecução penal (ANPP) no curso do
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processo, hipótese, todavia, condicionada à manifestação do interessado na primeira oportunidade
em que couber falar nos autos, sob pena de preclusão.
Precedentes:
SUBJUR, 0003403-36.2022.8.16.0017, 4ª Vara Criminal de Maringá, 12/05/2023;
0001563-24.2018.8.16.0019, 2ª Vara Criminal de Ponta Grossa, 25/05/2023;
0003300-11.2021.8.16.0196, 3ª Vara Criminal de Curitiba, 14/07/2023; 0032901-39.2020.8.16.0021,
3ª Vara Criminal de Cascavel, 10/07/2023; 000094-86.2021.8.16.0196 Ap, 4ª Câmara Criminal do
TJPR, 19/07/2023.
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