Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
2. Desenvolvimento
A Lei 11.343/2006, em seu Art. 28º, § 2º, não define, de maneira clara e
objetiva, o que será considerado “consumo pessoal”, deixando a cargo do juiz
distingui-lo do tráfico de drogas: “o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às
circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do
agente”. (BRASIL, 2006)
Em um país onde a gênese da criminalização da maconha se baseou em
pensamentos racistas, deixar esta distinção à cargo de juízes e agentes penais,
resulta na discrepância entre as decisões de julgamentos de brancos e negros.
Segundo dados publicados em 2017, para cada branco condenado por porte de
drogas, dois negros são condenados pelo mesmo crime, e dentre os indiciados por
tráficos de drogas, 74% são negros.
Para compreender a razão dessa parcialidade nos julgamentos, urge citar
que, segundo o sociólogo Rousseau, o homem é produto do meio em que vive - e
juízes e agentes penais estão inseridos em uma sociedade profundamente racista.
Logo, ao questionarmos a quem a lei classifica como usuário ou como
traficante, nota-se que essa distinção está fundamentada em estigmas de cor: o
indiciado negro portando 20 gramas de maconha, é classificado como traficante,
enquanto o indiciado branco portando a mesma quantidade é classificado como
usuário.
Ademais, o art. 5º dispõe em seu caput que “Todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade (...)” derivando-se dele o princípio da isonomia, também
violado pela Lei antidrogas na medida em que a discricionariedade de juízes e agentes
policiais resulta em uma clara distinção de tratamento baseada tão somente em
critérios como cor e condição socioeconômica, resultando em aplicação diferenciada
da força da lei e vitimando a população preta e pobre do país.
Conclusão
Considerando que:
Referências Bibliográficas
BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 12 ed. Rio de Janeiro:
Revan, 1990.
SANTOS, Lara. Quanto gasta o Brasil com a guerra às drogas, 2021. Disponível
em: https://kayamind.com/quanto-gasta-com-guerra-as-drogas-brasil/. Acesso
em: 03 out. 2023