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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA E

NOVIDADES LEGISLATIVAS DE 2020

Descrição: Caderno de jurisprudências dos tribunais superiores (STF e


STJ), bem como novidades das principais alterações legislativas. As
fontes de estudo serão principalmente o site dizerodireito.com.br e o
site do STJ.

Obs.1: para as jurisprudências anteriores, conferir o Vade Mecum de


Jurisprudência, que abrange os informativos 654 ao 945 do STF e 490
ao 650 do STJ.

Obs.2: para uma análise mais detalhada dos temas aqui colocados,
checar na pasta (ou online) as versões completas dos informativos do
dizer o direito e as jurisprudências em teses do STJ.

Obs.3: a partir dos informativos 663 do STJ e 965 do STF.


Sumário

Direito Constitucional 5
Competência 5
Processo legislativo 5
Direitos e garantias individuais 5
Poder legislativo 5
Tribunal de Contas 5
Poder Judiciário 5
Controle de constitucionalidade 5
Defensoria pública 5
Outros 6

Direito Administrativo 7
Agentes públicos 7
Concurso público 7
Princípios Administrativos 7
Atos administrativos 7
Licitação 7
Organização administrativa 7
Responsabilidade civil 8
Consórcio e convênio públicos 8
Bens públicos 8
Processo administrativo 8
Intervenção do Estado na propriedade 8
Controle da Administração 8

Direito eleitoral 9
Lei da ficha limpa 9
Partidos políticos 9

Direito Civil 10
Direitos da personalidade 10
Desconsideração da personalidade jurídica 10
Locação 10
Contratos 10
Direito urbanístico 10
Prescrição 10
Obrigações 10
Direitos reais 10
Direito das famílias 11
Sucessão 11
Responsabilidade civil 11

Direito do Consumidor 12
Responsabilidade pelo vício ou fato do produto ou serviço 12
Proteção contratual 12

Estatuto da Criança e do Adolescente 14

Direito Empresarial 15
Recuperação judicial e falência 15

2
Títulos de crédito 15
Direito societário 15
Propriedade industrial 15

Direito Ambiental 16
Responsabilidade 16
Direito à saúde 16
Infração ambiental 16

Direito Processual Civil 17


Competência 17
Procedimento 17
Recursos 17
Execução 17
Execução fiscal 18
Procedimentos especiais 18
Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais 18
Mandado de segurança 18
Processo coletivo 18

Direito Penal 19
Princípios 19
Pena 19
Prescrição 19
Crimes contra a honra 19
Crimes contra o patrimônio 19
Crimes contra a dignidade sexual 20
Crimes contra a incolumidade pública 20
Crimes contra a fé pública 20
Crimes contra a administração pública 20
Crimes contra a ordem tributária 20
Organização criminosa 20
Lei de drogas 20
Lei dos crimes hediondos 21
Estatuto do desarmamento 21
Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) – violência doméstica e familiar contra a mulher 21
Crimes da Lei de licitação (Lei 8.666/93) 21
Lavagem de dinheiro 21
Lei Antiterrorismo 21
Crimes do Código de Trânsito 22

Direito Processual Penal 23


Investigação criminal 23
Provas 23
Prisão 23
Competência 23
Procedimento 24
Recursos 24
Ações autônomas de impugnação 24
Execução penal 24

Direito Tributário 25

3
Tributos federais 25
IPTU 25
Responsabilidade Tributária 25
Crédito tributário 25
Contribuições 25
Empréstimos compulsórios 25
Taxas 25
Direito financeiro 25
Imunidades e Isenções 25

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I. Direito Constitucional

1. Direitos e garantias individuais e coletivos

- A omissão injustificada da Administração em providenciar a disponibilização de banho quente nos estabelecimentos


prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.530-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/04/2017 (Info 666).

- Estrangeiro que tenha filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência não pode ser expulso mesmo que o
nascimento tenha ocorrido após os fatos que ensejaram a expulsão. STJ. 1ª Seção. HC 452.975-DF, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 12/02/2020 (Info 667).

- A restrição imposta pela Lei 13.021/2014, no sentido de que apenas farmacêuticos legalmente habilitados podem
figurar como responsáveis técnicos de farmácias e drogarias, não é incompatível com o 5º XIII, da Constituição
Federal. STF. Plenário. RE 1156197, Rel. Marco Aurélio, julgado em 24/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 1.049)
(Info 991 – clipping).

- É inconstitucional a suspensão realizada por conselho de fiscalização profissional do exercício laboral de seus
inscritos por inadimplência de anuidades, pois a medida consiste em sanção política em matéria tributária.
STF. Plenário. RE 647885, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 732).

- Compete privativamente à União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV, da CF), de
modo que os Municípios não têm competência para editar lei proibindo a divulgação de material com referência
a “ideologia de gênero” nas escolas municipais. Existe inconstitucionalidade formal. Há também
inconstitucionalidade material nessa lei. Lei municipal proibindo essa divulgação viola: • a liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber (art. 206, II, CF/88); e • o pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas (art. 206, III). Essa lei contraria ainda um dos objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil, que é a promoção do bem de todos sem preconceitos (art. 3º, IV, CF/88). Por fim, essa lei não
cumpre com o dever estatal de promover políticas de inclusão e de igualdade, contribuindo para a manutenção da
discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero. STF. Plenário. ADPF 457, Rel. Alexandre de
Moraes, julgado em 27/04/2020 (Info 980 – clipping).

- O § 1º do art. 75 da Lei nº 6.815/80 não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, sendo vedada a
expulsão de estrangeiro cujo filho brasileiro foi reconhecido ou adotado posteriormente ao fato ensejador do ato
expulsório, uma vez comprovado estar a criança sob a guarda do estrangeiro e deste depender economicamente. STF.
Plenário. RE 608898/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 25/6/2020 (Repercussão Geral – Tema 373) (Info
983).

- É inconstitucional lei que preveja requisitos diferentes entre homens e mulheres para que recebam pensão por morte.
STF. Plenário. RE 659424/RS, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 457)
(Info 994).

- A EC 20/98 ampliou a proibição do trabalho infantil ao elevar de 14 para 16 anos a idade mínima permitida para o
trabalho; essa alteração é constitucional e tem por objetivo proteger as crianças e adolescentes. STF. Plenário. ADI
2096/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/10/2020 (Info 994).

- Eleitor não precisa levar o título no dia da votação, sendo suficiente documento de identificação com foto. STF.
Plenário. ADI 4467/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/10/2020 (Info 995).

- Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming” apenas porque seu conteúdo
desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra fundamento em uma sociedade democrática e

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pluralista como a brasileira. STF. 2ª Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info
998).

- STF determina que Ministério da Saúde faça a divulgação integral de dados sobre Covid-19. A redução da
transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-19 representa violação a preceitos fundamentais da
Constituição Federal, nomeadamente o acesso à informação, os princípios da publicidade e transparência da
Administração Pública e o direito à saúde. STF. Plenário. ADPF 690 MC-Ref/DF, ADPF 691 MC-Ref/DF e ADPF
692 MC-Ref/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).

- Jornal poderá acessar dados sobre mortes registradas em ocorrências policiais. STJ. 2ª Turma. REsp 1.852.629-SP,
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 06/10/2020 (Info 682).

2. Competência

- É constitucional lei estadual que autoriza a comercialização de bebidas alcoólicas nas arenas desportivas e nos
estádios.
Trata-se de legislação sobre consumo, matéria de competência concorrente (art. 24, V, da CF/88).
O art. 13-A, II, da Lei nº 10.671/2003 (Estatuto do Torcedor) indica como “condições de acesso e permanência do
torcedor no recinto esportivo”, entre outras, “não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de
gerar ou possibilitar a prática de atos de violência”.
Não há, contudo, uma vedação geral e absoluta por parte do Estatuto do Torcedor, de modo que o legislador estadual,
no exercício de sua competência concorrente complementar, observadas as especificidades locais, pode regulamentar a
matéria, autorizando, por exemplo, a venda de cerveja e chope (bebidas de baixo teor alcóolico) nos estádios. Vale
lembrar que isso já é autorizado nos grandes eventos mundiais de futebol e outros esportes, inclusive na Copa do
mundo organizada pela FIFA e nas Olimpíadas.
STF. Plenário. ADI 6195, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/03/2020.

- É inconstitucional a lei distrital que preveja que 40% das vagas das universidades e faculdades públicas do
Distrito Federal serão reservadas para alunos que estudaram em escolas públicas do Distrito Federal.
Essa lei, ao restringir a cota apenas aos alunos que estudaram no Distrito Federal, viola o art. 3º, IV e o art. 19, III, da
CF/88, tendo em vista que faz uma restrição injustificável entre brasileiros.
Vale ressaltar que a inconstitucionalidade não está no fato de ter sido estipulada a cota em favor de alunos de escolas
públicas, mas sim em razão de a lei ter restringindo as vagas para alunos do Distrito Federal, em detrimento dos
estudantes de outros Estados da Federação.
STF. Plenário. ADI 4868, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.

- Além da União, os Estados/DF e Municípios também podem adotar medidas de combate ao coronavírus
considerando que a proteção da saúde é de competência comum; o Presidente pode definir as atividades essenciais,
mas preservando a autonomia dos entes. STF. Plenário. ADI 6341 MC-Ref/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Edson Fachin, julgado em 15/4/2020 (Info 973).

- A Constituição Estadual não pode disciplinar sobre intervenção estadual de forma diferente das regras previstas na
Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 2917, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020. STF. Plenário.
ADI 3029, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.

- É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para desenvolvimento, experimentos e testes de
produtos cosméticos, de higiene pessoal, perfumes e seus componentes. A proteção da fauna é matéria de competência
legislativa concorrente (art. 24, VI, da CF/88). STF. Plenário. ADI 5996, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em
15/04/2020 (Info 975).

- Os Estados/DF e Municípios podem, mesmo sem autorização da União, adotar medidas como isolamento,
quarentena, exumação, necropsia, cremação e manejo de cadáver e restrição à locomoção interestadual e

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intermunicipal em rodovias, portos ou aeroportos. Vale ressaltar que Estados e Municípios não podem fechar
fronteiras, pois sairiam de suas competências constitucionais. A adoção de medidas restritivas relativas à
locomoção e ao transporte, por qualquer dos entes federativos, deve estar embasada em recomendação técnica
fundamentada de órgãos da vigilância sanitária e tem de preservar o transporte de produtos e serviços
essenciais, assim definidos nos decretos da autoridade federativa competente. STF. Plenário. ADI 6343 MC-
Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/5/2020 (Info 976).

- É inconstitucional lei estadual que afasta as exigências de revalidação de diploma obtido em instituições de ensino
superior de outros países para a concessão de benefícios e progressões a servidores públicos. Essa lei invade a
competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV, CF/88).
STF. Plenário. ADI 6073, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/03/2020.

- É inconstitucional Lei estadual que, a pretexto de proteger a saúde da população, estabelece limites de radiação para
a instalação de antenas transmissoras de telefonia celular. Essa lei adentra na esfera de competência privativa da União
para legislar sobre telecomunicações. A União, no exercício de suas competências (art. 21, XI e art. 22, IV, da CF/88),
editou a Lei nº 9.472/97, que, de forma nítida, atribui à ANATEL a definição de limites para a tolerância da radiação
emitida por antenas transmissoras. A União, por meio da Lei nº 11.934/2009, fixou limites proporcionalmente
adequados à exposição humana a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos. Dessa forma, a presunção de que
gozam os entes menores para, nos assuntos de interesse comum e concorrente, legislarem sobre seus respectivos
interesses (presumption against preemption) foi nitidamente afastada por norma federal expressa (clear statement
rule). STF. Plenário. ADI 2902, Rel. Edson Fachin, julgado em 04/05/2020 (Info 981 – clipping).

- Usurpa a competência dos Municípios a exigência feita pela Constituição Estadual de que os serviços de saneamento
e abastecimento de água sejam realizados por pessoa jurídica de direito público ou sociedade de economia mista. STF.
Plenário. ADI 4454, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 05/08/2020 (Info 988 – clipping).

- Os entes federativos podem decretar a requisição administrativa de bens e serviços para enfrentar a Covid-19
sem necessidade de autorização do Ministério da Saúde. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).

- É constitucional lei estadual que conceda dois assentos gratuitos a policiais militares devidamente fardados nos
transportes coletivos intermunicipais. STF. Plenário. ADI 1052, Rel. Luiz Fux, Rel. p/ Acórdão: Alexandre de Moraes,
julgado em 24/08/2020 (Info 991).

- É constitucional lei estadual que proíba, no âmbito estadual, a inserção de cláusulas que exijam a fidelização nos
contratos prestação de serviços. STF. Plenário. ADI 5963, Rel. Rosa Weber, julgado em 29/06/2020 (Info 992 –
clipping).

- A competência da União para legislar exclusivamente sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive
loterias, não obsta a competência material (administrativa) para a exploração dessas atividades pelos entes
estaduais ou municipais, nem a competência regulamentar dessa exploração. Os arts. 1º e 32, caput e § 1º, do
Decreto-Lei 204/1967 não foram recepcionados pela Constituição Federal de 1988. STF. Plenário. ADPF 492/RJ,
ADPF 493/DF e ADI 4986/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 30/9/2020 (Info 993).

- É inconstitucional norma estadual que dispõe sobre a implantação de instalações industriais destinadas à produção de
energia nuclear no âmbito espacial do território estadual. STF. Plenário. ADI 330/RS, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 9/10/2020 (Info 994).

- São inconstitucionais normas estaduais que imponham obrigações de compartilhamento de dados com órgãos de
segurança pública às concessionárias de telefonia, por configurar ofensa à competência privativa da União para
legislar sobre telecomunicações (arts. 21, XI e 22, IV, da CF/88). STF. Plenário. ADI 5040/PI, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 3/11/2020 (Info 997).

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- É constitucional norma estadual que disponha sobre a exposição de produtos orgânicos em estabelecimentos
comerciais. STF. Plenário. ADI 5166/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info 997).

- É constitucional a Lei nº 5.751/98, do estado do Espírito Santo, de iniciativa parlamentar, que versa sobre a
responsabilidade do ente público por danos físicos e psicológicos causados a pessoas detidas por motivos
políticos. STF. Plenário. ADI 3738/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020 (Info 997)

- É inconstitucional, na acepção formal, norma de iniciativa parlamentar que prevê a criação de órgão público e
organização administrativa, levando em conta iniciativa privativa do Chefe do Executivo – arts. 25 e 61, § 1º, II,
alíneas “b” e “e”, da CF/88. STF. Plenário. ADI 4726/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020 (Info
998).

- Os Estados-membros e o Distrito Federal têm competência legislativa para estabelecer regras de postagem de boletos
referentes a pagamento de serviços prestados por empresas públicas e privadas. STF. Plenário. ARE 649379/RJ, Rel.
Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/11/2020 (Repercussão Geral – Tema
491) (Info 999).

- É constitucional norma estadual que disponha sobre a obrigação de as operadoras de telefonia móvel e fixa
disponibilizarem, em portal da “internet”, extrato detalhado das chamadas telefônicas e serviços utilizados na
modalidade de planos “pré-pagos”. Trata-se de norma sobre direito do consumidor que admite regulamentação
concorrente pelos Estados-Membros, nos termos do art. 24, V, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5724/PI,
rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/11/2020 (Info 1000).

3. Poder legislativo

- O fato de o parlamentar estar na Casa legislativa no momento em que proferiu as declarações não afasta a
possibilidade de cometimento de crimes contra a honra, nos casos em que as ofensas são divulgadas pelo próprio
parlamentar na Internet.
Outro argumento está no fato de que a inviolabilidade material somente abarca as declarações que apresentem nexo
direto e evidente com o exercício das funções parlamentares. No caso concreto, embora tenha feito alusão à Lei
Rouanet, o parlamentar nada acrescentou ao debate público sobre a melhor forma de distribuição dos recursos
destinados à cultura, limitando-se a proferir palavras ofensivas à dignidade dos querelantes. A liberdade de expressão
política dos parlamentares, ainda que vigorosa, deve se manter nos limites da civilidade. STF. 1ª Turma. PET
7174/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/3/2020 (Info 969).

- É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a parlamentares municipais as medidas
cautelares de afastamento de suas funções legislativas sem necessidade de remessa à Casa respectiva para deliberação.
STJ. 5ª Turma.RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 07/11/2017 (Info 617).

- É inconstitucional norma da CE que preveja a possibilidade de a Assembleia Legislativa convocar o Presidente do TJ


ou o PGJ para prestar informações, sob pena de crime de responsabilidade. O art. 50 da CF/88, norma de reprodução
obrigatória, somente autoriza que o Poder Legislativo convoque autoridades do Poder Executivo, e não do Poder
Judiciário ou do Ministério Público. STF. Plenário. ADI 5416, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2020 (Info
977).

4. Processo legislativo

- A regulação do DPVAT e do DPEM deve ser feita por meio de lei complementar, nos termos do art. 192 da
CF/88, não podendo, portanto, ser tratada por medida provisória.
As alterações no seguro obrigatório só podem ser feitas por meio de lei complementar. Isso porque o sistema de
seguros integra o sistema financeiro nacional, subordinado ao Banco Central do Brasil. Pode-se dizer que o sistema de
seguros é um subsistema do sistema financeiro nacional. De acordo com o art. 192 da Constituição Federal, é

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necessário lei complementar para tratar dos aspectos regulatórios do sistema financeiro. Desse modo, a regulação do
DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres) e do DPEM
(Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Embarcações ou por sua Carga) deve ser feita por meio de lei
complementar, nos termos do art. 192 da Constituição Federal. É vedada a edição de medida provisória que disponha
sobre matéria sob reserva de lei complementar (art. 62, § 1º, III, da CF/88). Logo, é inconstitucional a MP 904/2019,
que pretendia extinguir o DPVAT e o DPEM, a partir de 1º de janeiro de 2020. Essa MP viola o art. 62, § 1º, III c/c o
art. 192 da CF/88. STF. Plenário virtual. ADI 6262/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/12/2019.

- Inexistindo comprovação da ausência de urgência, não há espaço para atuação do Poder Judiciário no controle dos
requisitos de edição de medida provisória pelo chefe do Poder Executivo. STF. Plenário. ADI 5599/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 23/10/2020 (Info 996).

5. Tribunal de Contas

- Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos
ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma
ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info
967).

- É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas. STF .


Plenário. RE 636886/AL, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 899) (Info
983 – clipping).

6. Poder Judiciário

- Se o Tribunal aplica censura para magistrado que praticou conduta grave, essa decisão enseja revisão disciplinar do
CNJ por ser contrária ao texto expresso da lei considerando que o art. 44 da LOMAN afirma que a censura será
aplicada se a infração não justificar punição mais grave. STF. 2ª Turma. MS 30364/PA, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 17/3/2020 (Info 970).

- A readmissão na carreira da Magistratura não encontra amparo na Lei Orgânica da Magistratura Nacional
nem na Constituição Federal de 1988.
Assim, o magistrado que pediu exoneração não tem direito de readmissão no cargo mesmo que essa possibilidade
esteja prevista em lei estadual. STJ. 2ª Turma. RMS 61.880-MT, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
03/03/2020 (Info 666).

- Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor do Foro da Comarca de Sete Quedas que restringiu o
ingresso de pessoas portando arma de fogo nas dependências do Fórum. STJ. 1ª Turma. RMS 38.090-MS, Rel. Min.
Gurgel de Faria, julgado em 10/03/2020 (Info 667).

- Independentemente das qualidades normativas do cessionário e da forma como este veio a assumir a condição de
titular, o crédito representado no precatório, objeto da cessão, permanece com a natureza possuída, ou seja, revelada
quando da cessão.
A cessão de crédito não implica alteração da natureza.
STF. Plenário. RE 631537, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 361).

- Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal, é competência exclusiva do STF processar e julgar,
originariamente, todas as ações ajuizadas contra decisões do Conselho CNJ e do CNMP proferidas no exercício
de suas competências constitucionais, respectivamente, previstas nos arts. 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da CF/88.
STF. Plenário. Pet 4770 AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2020 (Info 1000). STF. Plenário. Rcl

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33459 AgR/PE, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000). STF. Plenário. ADI 4412/DF,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).

- Decisões administrativas do CNJ devem ser cumpridas mesmo que exista decisão judicial em sentido contrário
proferida por outro órgão judiciário que não seja o STF. STF. Plenário. ADI 4412/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 18/11/2020 (Info 1000).

- O caráter nacional da magistratura impede diferenciação remuneratória entre magistrados federais e estaduais; logo,
o teto remuneratório da magistratura federal não pode ser superior que o da magistratura estadual. STF. Plenário.ADI
3854/DF e ADI 4014/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 4/12/2020 (Info 1001).

- É inconstitucional lei ordinária que fixa idades mínima e máxima para ingresso na magistratura ! A fixação de
limite etário, máximo e mínimo, como requisito para o ingresso na carreira da magistratura viola o disposto no art. 93,
I, da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5329/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 14/12/2020 (Info 1002).

7. Controle de constitucionalidade

- Viola a cláusula de reserva de plenário e a SV 10 a decisão de órgão fracionário do Tribunal que permite que
empresa comercialize produtos em desacordo com as regras previstas em Decreto federal, sob o argumento de que este
ato normativo violaria o princípio da livre concorrência.
STF. 1ª Turma. RE 635088 AgR-segundo/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/2/2020 (Info 965).

- Os Procuradores (do Estado, do Município, da ALE, da Câmara etc.) possuem legitimidade para a interposição de
recursos em ação direta de inconstitucionalidade. STF. 2ª Turma. RE 1126828 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/2/2020 (Info 965).

- O amicus curiae não tem legitimidade para propor ação direta; logo, também não possui legitimidade para pleitear
medida cautelar.
Assim, a entidade que foi admitida como amicus curiae em ADPF não tem legitimidade para, no curso do processo,
formular pedido para a concessão de medida cautelar.
STF. Plenário. ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 18/3/2020 (Info 970).

- O advogado que assina a petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade precisa de procuração com
poderes específicos. A procuração deve mencionar a lei ou ato normativo que será impugnado na ação. Repetindo:
não basta que a procuração autorize o ajuizamento de ADI, devendo indicar, de forma específica, o ato contra o qual
se insurge. Caso esse requisito não seja cumprido, a ADI não será conhecida. Vale ressaltar, contudo, que essa
exigência constitui vício sanável e que é possível a sua regularização antes que seja reconhecida a carência da
ação. STF. Plenário. ADI 6051, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 27/03/2020.

- Lei estadual que dispõe sobre criação, incorporação, fusão ou desmembramento de municípios possui natureza
normativa e abstrata, desafiando o controle concentrado. STF. Plenário. ADI 1825, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
15/04/2020 (Info 978).

- Padece de inconstitucionalidade formal lei de iniciativa parlamentar que disponha sobre atribuições de órgãos da
Administração Pública (art. 61, § 1º, II, "e" e art. 84, VI, da Constituição Federal). STF. Plenário. ADI 3981, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 15/04/2020 (Info 978).

- É inconstitucional lei estadual que afasta as exigências de revalidação de diploma obtido em instituições de ensino
superior de outros países para a concessão de benefícios e progressões a servidores públicos. Essa lei invade a

10
competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional (art. 22, XXIV, CF/88).
STF. Plenário. ADI 6073, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/03/2020.

- Os procuradores públicos têm capacidade postulatória para interpor recursos extraordinários contra acórdãos
proferidos em sede de ação de controle concentrado de constitucionalidade, nas hipóteses em que o legitimado para a
causa outorgue poderes aos subscritores das peças recursais. STF. Plenário. RE 1068600 AgR-ED-EDv/RN, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 4/6/2020 (Info 980).

- É cabível o ajuizamento de ADPF contra interpretação judicial de que possa resultar lesão a preceito fundamental.
STF. Plenário. ADPF 484/AP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/6/2020 (Info 980).

- Para ser considerada entidade de classe de âmbito nacional e, assim, ter legitimidade para propor ações de controle
abstrato de constitucionalidade, é necessário que a entidade possua associados em pelo menos 9 Estados-membros.
STF. Plenário. ADI 3287, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Ricardo Lewandowski, julgado em 05/08/2020
(Info 988 – clipping).

- As hipóteses de impedimento e suspeição restringem-se aos processos subjetivos; logo, não se aplicam,
ordinariamente, ao processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade. Não há impedimento, nem
suspeição de ministro, nos julgamentos de ações de controle concentrado, exceto se o próprio ministro firmar, por
razões de foro íntimo, a sua não participação. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 2/9/2020 (Info 989).

- A entidade que não representa a totalidade de sua categoria profissional não possui legitimidade ativa para
ajuizamento de ações de controle concentrado de constitucionalidade. Por esse motivo, a Federação Nacional do
Fisco Estadual e Distrital - FENAFISCO não tem legitimidade para a propositura de ADI na medida em que constitui
entidade representativa de apenas parte de categoria profissional, já que não abrange os auditores fiscais federais e
municipais. STF. Plenário. ADI 6465 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/10/2020 (Info 995).

- É constitucional norma que inclui, entre as incumbências dos oficiais de justiça, a tarefa de “auxiliar os serviços de
secretaria da vara, quando não estiverem realizando diligência.” STF. Plenário. ADI 4853/MA, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 3/11/2020 (Info 997).

- É possível que uma emenda constitucional seja julgada formalmente inconstitucional se ficar demonstrado que ela
foi aprovada com votos “comprados” dos parlamentares e que esse número foi suficiente para comprometer o
resultado da votação. STF. Plenário. ADI 4887/DF, ADI 4888/DF e ADI 4889/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 10/11/2020 (Info 998).

8. Ministério Público

- Compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios Públicos
estaduais. STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020.
Resumindo:

QUEM DECIDE O CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE MEMBROS DO MINISTÉRIO


PÚBLICO?

SITUAÇÃO QUEM IRÁ DIRIMIR

MPE do Estado 1 x MPE do Estado 1 Procurador-Geral de Justiça do Estado 1

MPF x MPF CCR, com recurso ao PGR

MPU (ramo 1) x MPU (ramo 2) Procurador-Geral da República

11
MPE x MPF CNMP

MPE do Estado 1 x MPE do Estado 2 CNMP

- É constitucional lei complementar estadual que preveja que compete exclusivamente ao Procurador-Geral de
Justiça interpor recursos ao STF e STJ. STF. Plenário. ADI 5505, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020.

- É constitucional a Resolução 27/2008, do CNMP, que proíbe que os servidores do Ministério Público exerçam
advocacia. STF. Plenário. ADI 5454, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020 (Info 978).

- Os Ministérios Públicos dos Estados podem atuar, diretamente, na condição de partes, perante os Tribunais
Superiores, em razão da não existência de vinculação ou subordinação entre o Parquet Estadual e o Ministério Público
da União. Tal conclusão, entretanto, não pode ser aplicada ao Ministério Público do Trabalho, considerando que o
MPT é sim órgão vinculado ao Ministério Público da União, conforme dispõe o art. 128, I, “b”, da Constituição
Federal. O MPT integra a estrutura do MPU, atuando perante o Tribunal Superior do Trabalho, não tendo legitimidade
para funcionar no âmbito do STJ, tendo em vista que esta atribuição é reservada aos Subprocuradores-gerais da
República integrantes do quadro do Ministério Público Federal. STJ. 1ª Seção. AgRg no CC 122.940-MS, Rel. Min.
Regina Helena Costa, julgado em 07/04/2020 (Info 670).

- É constitucional a previsão contida na Resolução nº 40/2009-CNMP, no sentido de que os cursos de pós-


graduação podem ser considerados como tempo de atividade jurídica para fins de concurso público no âmbito
do MP.
Se o bacharel em Direito concluir uma especialização, mestrado ou doutorado, ele terá adquirido um conhecimento
que extrapola os limites curriculares da graduação em Direito. Em sua atividade regulamentadora, o Conselho
Nacional do Ministério Público está, portanto, autorizado a densificar o comando constitucional de exigência de
“atividade jurídica” com cursos de pós-graduação. STF. Plenário. ADI 4219, Rel. Cármen Lúcia, Relator p/ Acórdão
Edson Fachin, julgado em 05/08/2020 (Info 993 – clipping).

9. Defensoria pública

- O STJ indeferiu pedido da DPU para, em substituição à Defensoria Pública de Alagoas, atuar em recurso especial
sob o argumento de que a Defensoria Estadual não possui representação em Brasília. Isso porque, embora a DPE/AL
não possua espaço físico em Brasília, ela aderiu ao Portal de Intimações Eletrônicas do STJ e, portanto, pode atuar
normalmente no processo a partir de sua sede local. A DPU só pode atuar nos processos das Defensorias Públicas
estaduais se a respectiva Defensoria Pública estadual: • não tiver representação em Brasília; e • não tiver aderido ao
Portal de Intimações Eletrônicas do STJ. STJ. 5ª Turma. PET no AREsp 1.513.956-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 17/12/2019 (Info 664).

- Havendo convênio entre a Defensoria e a OAB possibilitando a atuação dos causídicos quando não houver defensor
público para a causa, os honorários podem ser executados nos próprios autos, mesmo se o Estado não tiver participado
da ação de conhecimento. STJ. Corte Especial. EREsp 1.698.526-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 05/02/2020 (Info 673)

- É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função para Defensores
Públicos e Procuradores do Estado. Constituição estadual não pode atribuir foro por prerrogativa de função a
autoridades diversas daquelas arroladas na Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 6501 Ref-MC/PA, ADI 6508
Ref-MC/RO, ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516 RefMC/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/11/2020
(Info 1000)

10. Segurança Pública

12
- Não é possível que os Estados-membros criem órgão de segurança pública diverso daqueles que estão previstos no
art. 144 da CF/88. STF. Plenário. ADI 2575/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/6/2020 (Info 983).

- Lei distrital não pode conferir porte de arma nem determinar o exercício de atividades de segurança pública a
agentes e inspetores de trânsito. A Constituição Federal, nos incisos do art. 144, estabelece quais são os órgãos de
segurança pública. Esse rol é taxativo e de observância obrigatória pelo legislador infraconstitucional. STF. Plenário.
ADI 3996, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020 (Info 987 – clipping).

- Não é possível o envio da Força Nacional de Segurança para atuar no Estado-membro sem que tenha havido pedido
ou concordância do Governador. STF. Plenário. ACO 3427 Ref-MC/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
24/9/2020 (Info 992).

11. Outros

- As Procuradorias de Estado, por integrarem os respectivos Poderes Executivos, não gozam de autonomia
funcional, administrativa ou financeira, uma vez que a administração direta é una e não comporta a criação de
distinções entre órgãos em hipóteses não contempladas explícita ou implicitamente pela Constituição Federal.
Princípios e garantias funcionais do MP e da Defensoria não podem ser estendidas à PGE. STF. Plenário. ADI
5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020.

- Técnico superior em Direito de autarquia estadual não pode exercer atribuições de representação jurídica da entidade,
mas pode fazer atuação jurídica no âmbito interno da autarquia, desde que sob a supervisão de Procurador do Estado.
STF. Plenário. ADI 5109 ED-segundos/ES, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/6/2020 (Info 980).

- Surge constitucional expedição de precatório ou requisição de pequeno valor para pagamento da parte
incontroversa e autônoma do pronunciamento judicial transitada em julgado observada a importância total
executada para efeitos de dimensionamento como obrigação de pequeno valor. STF. Plenário. RE 1205530, Rel.
Marco Aurélio, julgado em 08/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 28) (Info 984).

- Durante o período previsto no § 5º do art. 100 da Constituição 1, não incidem juros de mora sobre os precatórios que
nele sejam pagos. STF. Plenário. RE 1169289, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado
em 16/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 1037) (Info 984 – clipping).

- É constitucional lei que preveja o pagamento de honorários de sucumbência aos advogados públicos; no
entanto, a somatória do subsídio com os honorários não pode ultrapassar mensalmente o teto remuneratório,
ou seja, o subsídio dos Ministros do STF. STF. Plenário. ADI 6053, Rel. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Alexandre
de Moraes, julgado em 22/06/2020 (Info 985 – clipping).

- Apesar da proibição do trabalho infantil, o tempo de labor rural prestado por menor de 12 anos deve ser computado
para fins previdenciários. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 956.558-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 02/06/2020 (Info 674).

- Para que o Procurador do Estado possa propor ação civil pública (ex: ação civil pública de improbidade
administrativa), não é necessária autorização do Governador do Estado. No entanto, é indispensável a anuência do
Procurador-Geral do Estado. STF. 1ª Turma. ARE 1165456 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 1º/9/2020 (Info 989).

- É constitucional a percepção de honorários de sucumbência por procuradores de estados membros, observado


o teto previsto no art. 37, XI, da Constituição Federal no somatório total às demais verbas remuneratórias

1
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de
sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do
exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

13
recebidas mensalmente. STF. Plenário. ADI 6135/GO, ADI 6160/AP, ADI 6161/AC, ADI 6169/MS, ADI 6177/PR e
ADI 6182/RO, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 19/10/2020 (Info 995).

- É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de função para Defensores
Públicos e Procuradores do Estado. Constituição estadual não pode atribuir foro por prerrogativa de função a
autoridades diversas daquelas arroladas na Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 6501 Ref-MC/PA, ADI 6508
Ref-MC/RO, ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516 RefMC/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/11/2020
(Info 1000)

14
II. Direito Administrativo

1. Agentes públicos

- Inexiste direito adquirido para os médicos cooperados estrangeiros de permanecer nos quadros de agentes públicos
da saúde pública, ainda que já tenham sido vinculados ao Projeto Mais Médicos para o Brasil. STJ. 2ª Turma. RO 213-
DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05/12/2019 (Info 663).

- É possível a cassação de aposentadoria de servidor público pela prática, na atividade, de falta disciplinar
punível com demissão. STJ. 1ª Seção. MS 23.608-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og
Fernandes, julgado em 27/11/2019 (Info 666).

- A regra que estabelece a necessidade de residência do servidor no município em que exerce suas funções é
compatível com a Constituição de 1988, a qual já prevê obrigação semelhante para magistrados, nos termos do seu art.
93, VII.
Por outro lado, é viola a Constituição a lei estadual que proíba a saída do servidor do Município sede da unidade em
que atua sem autorização do superior hierárquico. Essa previsão configura grave violação da liberdade fundamental de
locomoção (art. 5º, XV, da CF/88) e do devido processo legal (art. 5º, LIV). STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux,
julgado em 03/04/2020.

- A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão funcional, vedada pelo art. 37,
II, da CF/88. STF. Plenário. ADI 3199, Rel. Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020 (Info 977).

- Lei estadual pode exigir que servidor more no Município onde atua, mas não pode exigir que ele peça autorização
todas as vezes em que for sair da localidade. STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020 (Info
977).

- É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exija prévia arguição e aprovação da Assembleia Legislativa
para que o Governador do Estado nomeie os dirigentes das autarquias e fundações públicas, os presidentes das
empresas de economia mista e assemelhados, os interventores de Municípios, bem como os titulares da Defensoria
Pública e da ProcuradoriaGeral do Estado. STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/
o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info 980)

- Servidor público municipal, que se aposenta pelo INSS (em razão de o Município não ter RPPS), é afastado do cargo
pelo fato de a aposentadoria ser hipótese de vacância, não podendo ser reintegrado para ficar recebendo,
simultaneamente, a aposentadoria e os proventos. STF. 1ª Turma. ARE 1234192 AgR/PR e ARE 1250903 AgR/PR,
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 16/6/2020 (Info 982).

- Servidores temporários não possuem direito a 13º salário e férias, salvo se previsto em lei ou houver
desvirtuamento da contratação. STF. Plenário. RE 1066677, Rel. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Alexandre de
Moraes, julgado em 22/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 551) (Info 984 – clipping).

- Se o servidor público recebe remuneração (ou aposentadoria) mais pensão, a soma dos dois valores não pode
ultrapassar o teto. STF. Plenário. RE 602584/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/8/2020 (Repercussão Geral
– Tema 359) (Info 985).

- No julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta para questionar a validade de leis que criam cargos
em comissão, ao fundamento de que não se destinam a funções de direção, chefia e assessoramento, o Tribunal deve
analisar as atribuições previstas para os cargos. Na fundamentação do julgamento, o Tribunal não está obrigado a se
pronunciar sobre a constitucionalidade de cada cargo criado, individualmente. STF. Plenário. RE 719870/MG, rel.
orig. Min. Marco, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 670)
(Info 994).

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- Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar qualquer verba de servidores públicos de
carreiras distintas sob o fundamento de isonomia, tenham elas caráter remuneratório ou indenizatório. A vedação da
Súmula Vinculante 37 se aplica tanto para as verbas remuneratórias como também para as parcelas de caráter
indenizatório. Logo, a SV 37 também proíbe que Poder Judiciário equipare o auxílio-alimentação, ou qualquer outra
verba desta espécie, com fundamento na isonomia. Súmula vinculante 37-STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não
tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. STF. Plenário. RE
710293, Rel. Luiz Fux, julgado em 16/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 600) (Info 998 – clipping).

- O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao Poder Executivo a apresentação de projeto de
lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, tampouco para fixar o
respectivo índice de correção. STF. Plenário. RE 843112, Rel. Luiz Fux, julgado em 22/09/2020 (Repercussão Geral
– Tema 624) (Info 998)

- É vedada a vinculação remuneratória de seguimentos do serviço público, nos termos do art. 37, XIII, da Constituição
Federal. STF. Plenário. ADPF 328/MA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/11/2020 (Info 999)

- É inconstitucional lei que preveja que o subsídio dos Procuradores será equivalente a um percentual do subsídio dos
Ministros do STF. É inconstitucional lei que equipara, vincula ou referencia espécies remuneratórias devidas a cargos
e carreiras distintos, especialmente quando pretendida a vinculação ou a equiparação entre servidores de Poderes e
níveis federativos diferentes. STF. Plenário. ADI 6436/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/11/2020
(Info 1000).

- O parágrafo único do art. 137 da Lei nº 8.112/90 proíbe, para sempre, o retorno ao serviço público federal de
servidor que for demitido ou destituído por prática de crime contra a Administração Pública, improbidade
administrativa, aplicação irregular de dinheiro público, lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional
e corrupção. Essa previsão viola o art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88, que afirma que não haverá penas de caráter perpétuo.
STF. Plenário. ADI 2975, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 04/12/2020.

- É constitucional a determinação de que a participação de trabalhadores nos lucros ou resultados de empresas estatais
deve observar diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo ao qual as entidades estejam sujeitas. STF. Plenário.
ADI 5417/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001)

- Não há nulidade do PAD pela suposta inobservância do direito à não autoincriminação, quando a testemunha, até
então não envolvida, noticia elementos que trazem para si responsabilidade pelos episódios em investigação. Quando
o servidor foi chamado, ele não era investigado. Ele prestou voluntariamente seu depoimento e, em nenhum momento,
insurgiu-se contra isso, o que permite concluir que, também voluntariamente, ele dispensou o uso da faculdade de não
incriminar a si próprio. Logo, ele não pode, posteriormente, invocar o direito ao silêncio considerando que, por sua
própria vontade, apontou, durante sua oitiva, fatos que atraíram para si a responsabilidade solidária pelos ilícitos em
apuração. STJ. 1ª Seção. MS 21.205-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14/10/2020 (Info 682).

2. Concurso público

- Não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples
fato de responder a inquérito ou a ação penal, salvo se essa restrição for instituída por lei e se mostrar
constitucionalmente adequada. STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020
(repercussão geral – Tema 22) (Info 965).

- Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de
admissão de pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas
hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoal.

16
STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992)
(Info 968).

- Importante!! Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra concurso público realizado por
órgãos e entidades da Administração Pública para contratação de empregados celetistas.
Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão
de pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que
adotado o regime celetista de contratação de pessoal. STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968).

- Candidato só pode ser excluído de concurso público por não se enquadrar na cota para negros se houver contraditório
e ampla defesa. STJ. 2ª Turma. RMS 62.040-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2019 (Info 666).

- Em casos excepcionais, em que a restauração da estrita legalidade ocasionaria mais danos sociais que a
manutenção da situação consolidada pelo decurso do tempo, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de
admitir a aplicação da teoria do fato consumado.
Em regra, o STJ acompanha o entendimento do STF e decide que é inaplicável a teoria do fato consumado aos
concursos públicos, não sendo possível o aproveitamento do tempo de serviço prestado pelo servidor que tomou posse
por força de decisão judicial precária, para efeito de estabilidade. Contudo, em alguns casos, o STJ afirma que há a
solidificação de situações fáticas ocasionada em razão do excessivo decurso de tempo entre a liminar concedida e os
dias atuais, de maneira que, a reversão desse quadro implicaria inexoravelmente em danos desnecessários e
irreparáveis ao servidor. STJ. 1ª Turma. AREsp 883.574-MS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
20/02/2020 (Info 666).

- Nos casos de preterição de candidato na nomeação em concurso público, o termo inicial do prazo prescricional
quinquenal recai na data em que foi nomeado outro servidor no lugar do aprovado no certame. STJ. 2ª Turma. AgInt
no REsp 1.643.048-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 05/03/2020 (Info 668).

- O Estado responde subsidiariamente por danos materiais causados a candidatos em concurso público
organizado por pessoa jurídica de direito privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88), quando os exames são cancelados
por indícios de fraude; a responsabilidade direta é da instituição organizadora. STF. Plenário. RE 662405, Rel.
Luiz Fux, julgado em 29/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 512) (Info 986 – clipping).

- É inconstitucional a fixação de critério de desempate em concursos públicos que favoreça candidatos que
pertencem ao serviço público de um determinado ente federativo. Caso concreto: lei do Estado do Pará previa que,
em caso de empate de candidatos no concurso público, teria preferência para a ordem de classificação o candidato que
já pertencesse ao serviço público do Estado do Pará e, persistindo a igualdade, aquele que contasse com maior tempo
de serviço público ao Estado do Pará. Essa previsão viola o art. 19, III, da CF/88, que veda a criação de distinções
entre brasileiros ou preferências entre si. STF. Plenário. ADI 5358/PA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
27/11/2020 (Info 1000).

- Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível a realização de etapas de concurso público em
datas e horários distintos dos previstos em edital, por candidato que invoca escusa de consciência por motivo de
crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade entre todos os
candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira
fundamentada. STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado
em 19/11, 25/11 e 26/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 386) (Info 1000).

- Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível à Administração Pública, inclusive durante o
estágio probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício dos deveres funcionais inerentes
aos cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de consciência por motivos de crença religiosa,
desde que presentes a razoabilidade da alteração, não se caracterize o desvirtuamento do exercício de suas
funções e não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira

17
fundamentada. STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado
em 19/11, 25/11 e 26/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 386) (Info 1000)

3. Poderes administrativos

- É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. Plenário. RE
633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).

4. Princípios Administrativos

- A inscrição de Estado-membro nos cadastros federais de inadimplência antes da instauração e do julgamento de


tomada de contas especial viola o devido processo legal. O processo de contas é essencial para a apuração de
responsabilidades. Não se pode impor sanção sem anterior identificação de responsáveis. STF. Plenário. ACO 2910
AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 29/06/2020 (Info 988 – clipping).

- Poder Executivo não pode ser incluído nos cadastros de inadimplentes da União por irregularidades
praticadas pelos outros Poderes ou órgãos autônomos. STF. Plenário. ACO 3072, Rel. Ricardo Lewandowski,
julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).

- A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações em que Estado-membro impugna inscrição
em cadastros federais desabonadores e/ou de restrição de crédito. STF. Plenário. ACO 3083, Rel. Ricardo
Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).

- Descabimento da inscrição do Estado-membro nos cadastros desabonadores em decorrência de pendências


administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório. STF. Plenário. ACO 3083, Rel.
Ricardo Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).

- Município pode obter certidão positiva com efeitos de negativa quando os débitos são da Câmara Municipal (e
não do Poder Executivo), tendo em conta o princípio da intranscendência subjetiva das sanções financeiras .
STF. Plenário. RE 770149, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 05/08/2020
(Repercussão Geral – tema 743) (Info 993).

5. Atos administrativos

- Mesmo depois de terem-se passado mais de 5 anos, a Administração Pública pode anular a anistia política
concedida quando se comprovar a ausência de perseguição política, desde que respeitado o devido processo
legal e assegurada a não devolução das verbas já recebidas. STJ. 1ª Seção. MS 19.070-DF, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 12/02/2020 (Info 668).

- Não é possível a manutenção de quiosques e trailers instalados sobre calçadas sem a regular aprovação estatal.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.846.075-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020 (Info 671).

6. Improbidade administrativa

- É incompatível com a Constituição Federal norma de Constituição estadual que disponha sobre nova hipótese de foro
por prerrogativa de função, em especial relativo a ações destinadas a processar e julgar atos de improbidade
administrativa. STF. Plenário. ADI 4870/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2020 (Info 1002)

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- Mesmo que o ato de improbidade tenha sido praticado em mandato anterior, se o indivíduo for condenado, a
suspensão dos direitos políticos pode ser aplicada para que ele perca o mandato atual. STJ. 2ª Turma. REsp
1.813.255-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020 (Info 678). STJ. EREsp 1701967/RS, Rel. para
acórdão Min. Francisco Falcão, julgado em 09/09/2020.

7. Licitação

- Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo pressupõe
prévia licitação. STF. Plenário. RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – Tema
854) (Info 982 – clipping).

8. Organização administrativa

- É possível que o chefe do Poder Executivo estadual convide, em consenso com a OAB, um representante da Ordem
para integrar órgão da Administração. Isso é válido. No entanto, a lei não pode impor a presença de representante da
OAB (“autarquia federal”) em órgão da Administração Pública local. STF. Plenário. ADI 4579/RJ, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 13/2/2020 (Info 966).

- Petrobrás pode criar subsidiárias e, em seguida, alienar o controle acionário delas sem licitação e sem
autorização legislativa específica. STF. Plenário. Rcl 42576 MC/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 30/9 e 1º/10/2020 (Info 993).

- As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas processuais. A isenção das custas
processuais somente se aplica para as entidades com personalidade de direito público. Dessa forma, para as
Fundações Públicas receberem tratamento semelhante ao conferido aos entes da Administração Direta é
necessário que tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire no momento de sua criação,
decorrente da própria lei. STJ. 4ª Turma. REsp 1.409.199-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
10/03/2020 (Info 676).

- É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico celetista incide sobre as relações de
trabalho estabelecidas no âmbito de fundações públicas, com personalidade jurídica de direito privado, destinadas à
prestação de serviços de saúde. STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020 (Info
997).

9. Responsabilidade civil do Estado

- Pretensão dos acionistas de serem indenizados pela União e pela Petrobrás pelos prejuízos causados em decorrência
da desvalorização dos ativos da Companhia, por conta da Lava Jato, deverá ser ajuizada na Justiça Federal de 1ª
instância (e não por arbitragem).
STJ. 2ª Seção. CC 151.130-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
27/11/2019 (Info 664).

- Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de
artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida
a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais
irregularidades praticadas pelo particular. STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366) (Info 969).

- Aplica-se igualmente ao Estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, relativo à
responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou
omissiva. STJ. 2ª Turma. REsp 1.869.046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020 (Info 674)

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- Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do
Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não
demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE 608880,
Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral –
Tema 362) (Info 993).

- O Estado responde subsidiariamente por danos materiais causados a candidatos em concurso público
organizado por pessoa jurídica de direito privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88), quando os exames são cancelados
por indícios de fraude; a responsabilidade direta é da instituição organizadora. STF. Plenário. RE 662405, Rel.
Luiz Fux, julgado em 29/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 512) (Info 986 – clipping).

10. Processo administrativo

- Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição


detalhada dos fatos a serem apurados.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 18/02/2020, DJe 19/02/2020.

- É dispensada a intimação pessoal do servidor representado por advogado, sendo suficiente a publicação da decisão
proferida no PAD no Diário Oficial da União. Julgados: AgInt no MS 24961/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/06/2019.

- A falta de intimação de advogado constituído para a oitiva de testemunhas não gera nulidade se intimado o servidor
investigado. Julgados: MS 10239/DF, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 14/11/2018, DJe 23/11/2018

- É possível o aproveitamento de prova produzida em processo administrativo disciplinar declarado nulo para a
instrução de novo PAD, desde que seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, e que o vício que ensejou referida
nulidade não recaia sobre a prova que se pretende aproveitar. Julgados: MS 15828/DF, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/03/2016, DJe 12/04/2016.

- A regra do crime continuado (art. 71 do Código Penal) não incide por analogia sobre o PAD, porque a aplicação da
legislação penal ao processo administrativo restringe-se aos ilícitos que, cometidos por servidores, possuam também
tipificação criminal. Julgados: REsp 1471760/GO, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 22/02/2017, DJe 17/04/2017.

- É possível a cassação de aposentadoria de servidor público pela prática, na atividade, de falta disciplinar punível com
demissão. STF. Plenário. ADPF 418, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 15/04/2020.

11. Intervenção do Estado na propriedade

- Qual é o prazo da ação de desapropriação indireta? Regra: 10 anos (art. 1.238, parágrafo único, do CC/2002).
Exceção: o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de obras ou serviços públicos no local. Em regra,
portanto, o prazo prescricional das ações indenizatórias por desapropriação indireta é de 10 anos porque existe uma
presunção relativa de que o Poder Público realizou obras ou serviços públicos no local. Admite-se, excepcionalmente,
o prazo prescricional de 15 anos, caso a parte interessada comprove, concreta e devidamente, que não foram feitas
obras ou serviços no local, afastando a presunção legal. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.575.846-SC, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 26/06/2019 (Info 658).
O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder Público tenha realizado obras no
local ou atribuído natureza de utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos, conforme parágrafo
único do art. 1.238 do CC. STJ. 1ª Seção. REsp 1.757.352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020

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(Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 671). Obs: a súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de
desapropriação indireta prescreve em vinte anos).

12. Controle da Administração

- Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos
ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma
ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info
967).

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III. Direito Eleitoral

- É inconstitucional a expressão “número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do
art. 107”, prevista no inciso I do art. 109 do Código Eleitoral, com redação dada pela Lei nº 13.165/2015. Com a
declaração de inconstitucionalidade dessa expressão, deve-se adotar o critério de cálculo anterior, ou seja, o que
vigorava antes da Lei nº 13.165/2015. STF. Plenário. ADI 5420/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/3/2020 (Info
968).

- Mesmo com a situação de calamidade pública decorrente da covid-19, são constitucionais e devem ser mantidos os
prazos para filiação partidária e desincompatibilização previstos na legislação para a as eleições municipais de 2020.
STF. Plenário. ADI 6359 Ref-MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 14/5/2020 (Info 977).

- Eleitor não precisa levar o título no dia da votação, sendo suficiente documento de identificação com foto. STF.
Plenário. ADI 4467/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/10/2020 (Info 995).

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IV. Direito Civil

1. Direitos da personalidade

- Na exposição pornográfica não consentida, o fato de o rosto da vítima não estar evidenciado de maneira flagrante é
irrelevante para a configuração dos danos morais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.735.712-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 19/05/2020 (Info 672).

- Em regra, a autorização para uso da imagem deve ser expressa; no entanto, a depender das circunstâncias,
especialmente quando se trata de imagem de multidão, de pessoa famosa ou ocupante de cargo público, há julgados do
STJ em que se admite o consentimento presumível, o qual deve ser analisado com extrema cautela e interpretado de
forma restrita e excepcional. De um lado, o uso da imagem da torcida - em que aparecem vários dos seus
integrantes - associada à partida de futebol, é ato plenamente esperado pelos torcedores, porque costumeiro
nesse tipo de evento; de outro lado, quem comparece a um jogo esportivo não tem a expectativa de que sua
imagem seja explorada comercialmente, associada à propaganda de um produto ou serviço, porque, nesse caso,
o uso não decorre diretamente da existência do espetáculo. A imagem é a emanação de uma pessoa, a forma com a
qual ela se projeta, se identifica e se individualiza no meio social. Não há violação ao direito à imagem se a
divulgação ocorrida não configura projeção, identificação e individualização da pessoa nela representada . No
caso concreto, o autor não autorizou ainda que tacitamente a divulgação de sua imagem em campanha publicitária de
automóvel. Ocorre que, pelas circunstâncias, não há que se falar em utilização abusiva da imagem, tampouco em dano
moral porque o vídeo divulgado não destaca a sua imagem, mostrando o autor durante poucos segundos inserido na
torcida, juntamente com vários outros torcedores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.772.593-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 16/06/2020 (Info 674)

- A utilização do trecho de maior sucesso de uma música como título de programa televisivo, em conjunto com o
fonograma, sem autorização do titular do direito, viola os direitos do autor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.704.189-RJ, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/10/2020 (Info 681).

2. Locação

- Mesmo que existam mais de um locador, qualquer deles poderá ajuizar a ação de despejo, não sendo necessário que
todos figurem no polo ativo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.737.476-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020
(Info 664).

- A notificação premonitória é pressuposto processual para a ação de despejo por denúncia vazia de contrato de
locação por prazo indeterminado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.812.465/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
12/05/2020 (Info 672).

- Em ação revisional de contrato de locação comercial, o reajuste do aluguel deve refletir o valor patrimonial do
imóvel locado, considerando, inclusive, em seu cálculo, as benfeitorias e acessões realizadas pelo locatário com
autorização do locador. STJ. Corte Especial. EREsp 1.411.420-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/06/2020
(Info 678).

3. Contratos

- Importante!!! Mudança de entendimento! Atualize o Info 561-STJ


Em regra, é válida a cláusula de reajuste por faixa etária em contrato de seguro de vida.
Essa cláusula somente não será válida nos casos em que o contrato já tenha previsto alguma outra técnica de
compensação do “desvio de risco” dos segurados idosos, como nos casos de constituição de reserva técnica para
esse fim, a exemplo dos seguros de vida sob regime da capitalização (em vez da repartição simples).
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 632.992/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 19/03/2019.

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STJ. 3ª Turma. REsp 1.816.750-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/11/2019 (Info 663).

- É necessária a outorga conjugal para fiança em favor de sociedade cooperativa. STJ. 4ª Turma. REsp 1.351.058-SP,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/11/2019 (Info 664).

- A cláusula de não renovação do seguro de vida, quando constitui faculdade conferida a ambas as partes do contrato,
assim como a de reajuste do prêmio com base na faixa etária do segurado, mediante prévia notificação, não
configuram abusividade.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.769.111-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/12/2019 (Info 665).

- O arrendante é responsável pelo pagamento das despesas de remoção e estadia de veículo em pátio de
propriedade privada quando a apreensão do bem ocorreu por ordem judicial no bojo de ação de reintegração
de posse por ele ajuizada em desfavor do arrendatário que se tornou inadimplente.
Enquanto perdurar o arrendamento mercantil, o arrendante é o seu proprietário.
As despesas decorrentes do depósito do veículo em pátio privado referem-se ao próprio bem, ou seja, constituem
obrigações propter rem. Isso significa dizer que as despesas com a remoção e a guarda dos veículos objeto de contrato
de arrendamento mercantil estão vinculadas ao bem e a seu proprietário, isto é, ao arrendante.
Assim, o arrendante é o responsável final pelo pagamento das despesas com a estadia do automóvel junto a pátio
privado, pois permanece na propriedade do bem alienado enquanto perdurar o pacto de arrendamento mercantil. STJ.
3ª Turma. REsp 1.828.147-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2020 (Info 665)

- O prazo para se anular a venda de ascendente para descendente sem que os outros tenham consentido é de 2
anos; esse mesmo prazo se aplica caso o ascendente tenha se utilizado de uma interposta pessoa (“laranja”)
para efetuar essa venda. STJ. 3ª Turma. REsp 1.679.501-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/03/2020
(Info 667).

- É nula a doação entre cônjuges casados sob o regime da comunhão universal de bens, na medida em que a hipotética
doação resultaria no retorno do bem doado ao patrimônio comum amealhado pelo casal diante da comunicabilidade de
bens no regime e do exercício comum da copropriedade e da composse. STJ. 3ª Turma. REsp 1.787.027-RS, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020 (Info 670).

- Nos contratos de serviços advocatícios com cláusula de remuneração exclusivamente por verbas sucumbenciais, a
rescisão unilateral pelo cliente justifica o arbitramento judicial de honorários pelo trabalho do causídico até o
momento da rescisão contratual. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.560.257-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 20/04/2020 (Info 670).

- O credor fiduciário regido pelo DL 911/1969, em caso de inadimplemento contratual, pode promover a
inscrição dos nomes dos devedores solidários em bancos de dados de proteção ao crédito, independentemente de
optar pela excussão da garantia ou pela ação de execução. STJ. 3ª Turma. REsp 1.833.824-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).

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- O STJ possui enunciado afirmando que: “é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro” (Súmula 84-STJ).
Esse entendimento se aplica mesmo que o imóvel, adquirido na planta, ainda esteja em fase de construção. Assim, a
Súmula 84 do STJ pode ser aplicada mesmo quando ainda não houve a entrega das chaves ao promitente comprador.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.861.025/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

- A averbação do desmembramento de imóvel urbano é condição indispensável para a procedência da ação de


adjudicação compulsória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.851.104-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
12/05/2020 (Info 672).

- O prazo de cinco dias para pagamento da integralidade da dívida, previsto no art. 3º, § 2º, do Decreto-Lei nº
911/1969, deve ser considerado de direito material, não se sujeitando, assim, à contagem em dias úteis, prevista no art.
219, caput, do CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1.770.863-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/06/2020
(Info 673).

- os sinistros que envolvam veículos agrícolas, a exemplo de tratores e certas colheitadeiras, também
podem estar cobertos pelo seguro obrigatório (DPVAT) previsto na Lei nº 6.194/1974. STJ - AgInt no REsp
1299644-MS, AgInt no REsp 1575062-MT, REsp 1245817-MG.

- Compete à Justiça Comum julgar as controvérsias envolvendo, de um lado, o representante comercial e, de outro, a
representada. STF. Plenário. RE 606003, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado
em 28/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 550) (Info 995 – clipping).

- A busca e apreensão da alienação fiduciária em garantia, prevista no art. 3º do DL 911/69, é compatível com a
CF/88, não violando as garantias do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. STF. Plenário.
RE 382928, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 22/09/2020 (Info
995 – clipping).

- É possível a inclusão de valor relativo a honorários advocatícios contratuais previamente ajustados pelas partes na
execução de contrato de locação de espaço em shopping center. STJ. 3ª Turma. REsp 1.644.890-PR, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/08/2020 (Info 678).

- O valor a ser restituído ao devedor fiduciante, quando há venda extrajudicial do bem no bojo de ação de busca e
apreensão posteriormente julgada extinta sem resolução do mérito, deve ser o valor do veículo na Tabela FIPE à época
da busca e apreensão. STJ. 3ª Turma. REsp 1.742.897-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/09/2020 (Info
679).

- Há necessidade de ajuizamento de ação autônoma para pleitear a prestação de contas relativa à venda extrajudicial
em ação de busca e apreensão de bem alienado fiduciariamente. STJ. 3ª Turma. REsp 1.866.230-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 22/09/2020 (Info 680).

- Configura quebra antecipada do contrato o pedido de resolução do contrato de compra e venda com pacto de
alienação fiduciária em garantia por desinteresse do adquirente, mesmo que ainda não tenha havido mora no
pagamento das prestações. STJ. 3ª Turma. REsp 1.867.209-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
08/09/2020 (Info 680).

- A pretensão de cobrança de valores relativos a despesas de sobre-estadias de contêineres (demurrage) previamente


estabelecidos em contrato de transporte marítimo (unimodal) prescreve em 5 (cinco) anos, a teor do que dispõe o art.
206, § 5º, inciso I, do Código Civil de 2002. STJ. 2ª Seção. REsp 1.819.826-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 28/10/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1035) (Info 682).

- Caso concreto: em um contrato de locação de terceiro, João ofereceu sua casa como caução (garantia) da relação
locatícia (art. 37, I, da Lei nº 8.245/91). O terceiro (locatário) não pagou os aluguéis e a empresa locadora executou o

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locatário e João pedindo a penhora da casa objeto da caução. Ocorre que se trata de bem de família onde João reside.
Será possível a penhora? Não. As hipóteses excepcionais nas quais o bem de família pode ser penhorado estão
previstas, taxativamente, no art. 3º da Lei nº 8.009/90. Tais hipóteses não admitem interpretação extensiva. A caução
imobiliária oferecida em contrato de locação não consta como uma situação na qual o art. 3º da Lei autorize a penhora
do bem de família. Assim, não é possível a penhora do bem de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o
imóvel como caução em contrato de locação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.873.203-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 24/11/2020 (Info 683).

- O prazo decadencial de 180 dias para o exercício do direito de preferência do condômino, previsto no art. 504 do CC,
inicia-se com o registro da escritura pública de compra e venda da fração ideal da coisa comum indivisa. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.628.478-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 03/11/2020 (Info 683).

4. Obrigações

- A imputação dos pagamentos primeiramente nos juros é instituto que, via de regra, alcança todos os contratos
em que o pagamento é diferido em parcelas. O objetivo de fazer isso é o de diminuir a oneração do devedor. Ao
impedir que os juros sejam integrados ao capital para, só depois dessa integração, ser abatido o valor das
prestações, evita que sobre eles (juros) incida novo cômputo de juros. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1.843.073-
SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 30/03/2020 (Info 669).

- Instituição não financeira - dedicada ao comércio varejista - não pode estipular, em suas vendas a crédito,
pagas em prestações, juros remuneratórios superiores a 1% ao mês, ou a 12% ao ano. STJ. 3ª Turma. REsp
1.720.656-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/04/2020 (Info 671).

- Na hipótese em que pactuada a capitalização diária de juros remuneratórios, é dever da instituição financeira
informar ao consumidor acerca da taxa diária aplicada. STJ. 2ª Seção. REsp 1.826.463-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 14/10/2020 (Info 682).

- A condenação ao pagamento em dobro do valor indevidamente cobrado pode ser formulada em qualquer via
processual, inclusive, em sede de embargos à execução, embargos monitórios e ou reconvenção, até mesmo
reconvenção, prescindindo de ação própria para tanto. STJ. 3ª Turma. REsp 1.877.292-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 20/10/2020 (Info 682)

5. Direitos reais

- É nula a cláusula de convenção do condomínio outorgada pela própria construtora que prevê a redução da taxa
condominial das suas unidades imobiliárias ainda não comercializadas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.816.039-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/02/2020 (Info 664).

- O interesse jurídico no ajuizamento direto de ação de usucapião independe de prévio pedido na via extrajudicial.
STJ. 3ª Turma.REsp 1.824.133-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

- A proprietária do imóvel gerador dos débitos condominiais pode ter o seu bem penhorado no cumprimento de
sentença, mesmo não tendo figurado no polo passivo da ação de cobrança, que tramitou apenas em face de seu ex-
companheiro. STJ. 3ª Turma. REsp 1.683.419-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).

- A existência de contrato de arrendamento mercantil do bem móvel impede a aquisição de sua propriedade pela
usucapião, contudo, verificada a prescrição da dívida, inexiste óbice legal para prescrição aquisitiva. Exemplo: João
celebrou contrato de arrendamento mercantil com o banco para aquisição de um automóvel; em 1998, o arrendatário
deixou de pagar as prestações; o arrendador tinha o prazo de 5 anos para ajuizar ação de cobrança, ou seja, até 2003;
até essa data (2003), não se podia falar em usucapião; a partir de 2003, como o arrendador já não mais poderia ajuizar
a ação de cobrança, entende-se que cessaram os vícios que maculavam a posse do arrendatário; logo, a partir de 2003

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começou a ser contado o prazo de usucapião; como o prazo de usucapião extraordinário de bem móvel é de 5 anos, o
arrendatário adquiriu a propriedade por usucapião em 2008. STJ. 4ª Turma. REsp 1.528.626-RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 17/12/2019 (Info 667).

- A separação de fato por longo período afasta a regra de impedimento da fluência da prescrição entre cônjuges
prevista no art. 197, I, CC e viabiliza a efetivação da prescrição aquisitiva por usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp
1.693.732-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).

- A usucapião especial urbana apresenta como requisitos a posse ininterrupta e pacífica, exercida como dono, o
decurso do prazo de cinco anos, a dimensão da área (250 m² para a modalidade individual e área superior a
esta, na forma coletiva), a moradia e o fato de não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural. O uso
misto da área a ser adquirida por meio de usucapião especial urbana não impede seu reconhecimento judicial,
se a porção utilizada comercialmente é destinada à obtenção do sustento do usucapiente e de sua família. É
necessário que a área pleiteada seja utilizada para a moradia do requerente ou de sua família, mas a lei não
proíbe que o autor a utilize também para seu sustento. Assim, o fato de o autor da ação de usucapião utilizar
uma parte do imóvel para uma atividade comercial que serve ao sustento da família domiciliada no imóvel não
inviabiliza a prescrição aquisitiva buscada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.777.404-TO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 05/05/2020 (Info 671)

- É possível a cobrança, por parte de associação, de taxas de manutenção e conservação de loteamento fechado de
proprietário não-associado. STF. Plenário.RE 695911, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2020 (Repercussão
Geral –Tema 492).

- Após a citação, é possível a mera juntada da planta e do memorial descritivo, sem a anuência do demandado, desde
que não implique em alteração do pedido formulado na petição inicial da ação de usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp
1.685.140-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/08/2020 (Info 679).

- Não é possível o reconhecimento de ofício do direito ao recebimento de indenização por benfeitorias úteis ou
necessárias em ação possessória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.836.846-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
22/09/2020 (Info 680).

6. Direito das famílias

- Proprietário que aceita que seu bem de família sirva como garantia de um contrato de alienação fiduciária em
garantia não pode, posteriormente, alegar que esse ato de disposição foi ilegal.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.595.832-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 29/10/2019 (Info 664).

- Para a aplicação da exceção à impenhorabilidade do bem de família prevista no art. 3º, IV, da Lei nº 8.009/90 é
preciso que o débito de natureza tributária seja proveniente do próprio imóvel que se pretende penhorar.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.332.071-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 18/02/2020 (Info 665).

- A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que, nos regimes de comunhão
parcial ou universal de bens, comunicam-se as verbas trabalhistas correspondentes a direitos adquiridos na constância
do casamento, devendo ser partilhadas quando da separação do casal. (AgInt no AREsp 1405108/PR, Rel. Ministro
MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 04/11/2019, DJe 11/11/2019)

- Não incide desconto de pensão alimentícia sobre as parcelas denominadas diárias de viagem e tempo de espera
indenizado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.747.540-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/03/2020 (Info
667)

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- Se foi celebrado um acordo na ação de investigação de paternidade, mas não se estipulou o termo inicial dos
alimentos, estes serão devidos desde a data da citação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.821.107-ES, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 10/03/2020 (Info 667).

- O dever de prestar alimentos entre ex-cônjuges é transitório, devendo ser assegurado alimentos apenas
durante certo tempo, até que o ex-cônjuge consiga prover o seu sustento com meios próprios.
Assim, ao se analisar se o ex-cônjuge ainda deve continuar recebendo os alimentos, deve-se examinar não
apenas o binômio necessidade-possibilidade, devendo ser consideradas outras circunstâncias, tais como a
capacidade potencial para o trabalho e o tempo decorrido entre o seu início e a data do pedido de desoneração.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.829.295-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 10/03/2020 (Info 669).

- Como fica a prisão civil do devedor de alimentos durante a pandemia da Covid-19?


4ª Turma do STJ e CNJ: prisão domiciliar.
Durante a pandemia de Covid-19, deve-se assegurar prisão domiciliar aos presos em decorrência de dívidas
alimentícias. O contexto atual de gravíssima pandemia devido ao chamado coronavírus desaconselha a manutenção do
devedor em ambiente fechado, insalubre e potencialmente perigoso. Assim, diante do iminente risco de contágio pelo
Covid-19, bem como em razão dos esforços expendidos pelas autoridades públicas em reduzir o avanço da pandemia,
é recomendável o cumprimento da prisão civil por dívida alimentar em prisão domiciliar. STJ. 4ª Turma. HC 561.257-
SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
3ª Turma do STJ: suspensa.
Durante a pandemia de Covid-19, deve-se suspender a prisão civil dos devedores (e não assegurar a prisão domiciliar).
Em virtude da pandemia causada pelo coronavírus (covid-19), admite-se, excepcionalmente, a suspensão da prisão dos
devedores por dívida alimentícia em regime fechado. Assegurar aos presos por dívidas alimentares o direito à prisão
domiciliar é medida que não cumpre o mandamento legal e que fere, por vias transversas, a própria dignidade do
alimentando. Por esse motivo, não é plausível substituir o encarceramento pelo confinamento social, o que, aliás, já é a
realidade da maioria da população, isolada em prol do bem-estar de toda a coletividade. A excepcionalidade da
situação emergencial de saúde pública permite o diferimento provisório da execução da obrigação cível enquanto
pendente a pandemia. A prisão civil suspensa terá seu cumprimento no momento processual oportuno, já que a dívida
alimentar remanesce íntegra, pois não se olvida que, afinal, também está em jogo a dignidade do alimentando, em
regra, vulnerável. STJ. 3ª Turma. HC 574.495-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/05/2020 (Info
673).
Depois das decisões acima expostas, foi sancionada a Lei nº 14.010/2020, que adotou a mesma solução jurídica
da 4ª Turma do STJ e do CNJ e previu a seguinte regra: Art. 15. Até 30 de outubro de 2020, a prisão civil por
dívida alimentícia, prevista no art. 528, § 3º e seguintes da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Processo Civil), deverá ser cumprida exclusivamente sob a modalidade domiciliar, sem prejuízo da
exigibilidade das respectivas obrigações.

- O juiz deve adotar todas as medidas indutivas, mandamentais e coercitivas, como autoriza o art. 139, IV, do CPC,
com vistas a refrear a renitência de quem deve fornecer o material para exame de DNA, especialmente quando a
presunção contida na Súmula 301/STJ se revelar insuficiente para resolver a controvérsia. STJ. 2ª Seção. Rcl 37.521-
SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/05/2020 (Info 673).

- É irrenunciável o direito aos alimentos presentes e futuros (art. 1.707 do Código Civil). O credor pode,
contudo, renunciar aos alimentos pretéritos devidos e não prestados. Isso porque a irrenunciabilidade atinge o
direito, e não o seu exercício. STJ. 3ª Turma. REsp 1.529.532-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
09/06/2020 (Info 673).

- É cabível ação de exigir contas pelo alimentante contra a genitora guardiã do alimentado para obtenção de
informações sobre a destinação da pensão paga, desde que proposta sem a finalidade de apurar a existência de
eventual crédito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.814.639-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 26/05/2020 (Info 673).

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- Em dissolução de vínculo conjugal, é possível a partilha de direitos possessórios sobre bem edificado em loteamento
irregular, quando ausente a má-fé dos possuidores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.739.042-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 08/09/2020 (Info 679).

- O inciso VI do art. 3º da Lei nº 8.009/90 afirma que é possível a penhora do bem de família caso ele tenha
“sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento,
indenização ou perdimento de bens”. Para a incidência da exceção prevista no art. 3º, VI, da Lei nº 8.009/90, é
indispensável que a sentença penal condenatória já tenha transitada em julgado, por não ser possível a
interpretação extensiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1.823.159-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, em 13/10/2020 (Info 681).

- É ilegal/teratológica a prisão civil do devedor de alimentos, sob o regime fechado, no período de pandemia, anterior
ou posterior à Lei nº 14.010/2020. STJ. 3ª Turma. HC 569.014-RN, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
06/10/2020 (Info 681).

7. Sucessão

- A fixação de determinado valor a ser recebido mensalmente pelo herdeiro a título de adiantamento de herança não
configura negócio jurídico processual atípico na forma do art. 190, caput, do CPC/2015.
O acordo firmado entre os herdeiros para autorizar a retirada mensal dos valores não é um acordo puramente
processual. Isso porque o seu objeto é o próprio direito material que se discute e que se pretende obter na ação de
inventário, ou seja, a divisão do patrimônio do autor da herança. O que se está fazendo, portanto, é simplesmente
antecipar a fruição e uso do direito material.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.738.656-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019 (Info 663)

- Importante!!! Cuidado com alguns livros!


É possível o inventário extrajudicial, ainda que exista testamento, se os interessados forem capazes e concordes
e estiverem assistidos por advogado, desde que o testamento tenha sido previamente registrado judicialmente
ou haja a expressa autorização do juízo competente.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.808.767-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/10/2019 (Info 663).

- Se o herdeiro renunciou a herança, não tem legitimidade para ação que busca a nulidade de uma alienação realizada
pelo de cujus em vida considerando que, mesmo se anulada a venda, não terá qualquer direito sobre esse bem. STJ. 4ª
Turma. REsp 1.433.650-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/11/2019 (Info 664)

- O espólio não possui legitimidade passiva ad causam na ação de ressarcimento de remuneração indevidamente paga
após a morte de ex-servidor e recebida por seus herdeiros.
Se o saque indevido da quantia disponibilizada pelo Poder Público não pode ser imputado ao falecido (não foi
decorrente de qualquer ato do falecido), o espólio não pode ser obrigado a restituir. Isso porque o espólio é obrigado a
cumprir as dívidas do autor da herança por força do art. 796 do CPC/2015. Logo, se o espólio não pode ser vinculado,
nem mesmo abstratamente, ao dever de restituir, ele não pode ser considerado parte legítima nesta ação nos termos do
art. 17 do CPC/2015. O espólio não possui legitimidade passiva ad causam na ação de ressarcimento de remuneração
indevidamente paga após a morte de ex-servidor e recebida por seus herdeiros. STJ. 2ª Turma. REsp 1.805.473-DF,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 03/03/2020 (Info 667).

- O art. 1.876, § 2º do Código Civil afirma que um dos requisitos do testamento particular é que ele seja assinado pelo
testador. Vale ressaltar, contudo, que o STJ decidiu que: É válido o testamento particular que, a despeito de não
ter sido assinado de próprio punho pela testadora, contou com a sua impressão digital.
Caso concreto: a falecida deixou um testamento particular elaborado por meio mecânico; o testamento foi lido na
presença de três testemunhas, que o assinaram; vale ressaltar, no entanto, que esse testamento não foi assinado pela
testadora em razão de ela se encontrar hospitalizada na época e estar com uma limitação física que a impedia assinar;
para suprir essa falta de assinatura, a testadora colocou a sua impressão digital no testamento; as testemunhas, ouvidas
em juízo, confirmaram o cumprimento das demais formalidades e, sobretudo, que aquela era mesmo a manifestação de

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última vontade da testadora; o STJ considerou válido o testamento. STJ. 2ª Seção. REsp 1.633.254-MG, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 11/03/2020 (Info 667).

- É desnecessária a inclusão dos parentes colaterais do de cujus no polo passivo da ação de reconhecimento e
dissolução de união estável post mortem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.759.652-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 23/06/2020 (Info 680).

- Não há direito real de habitação sobre imóvel comprado pelo falecido em copropriedade com terceiro. STJ. 2ª Seção.
EREsp 1.520.294-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/08/2020 (Info 680).

8. Responsabilidade civil

- O condomínio, por ser uma massa patrimonial, não possui honra objetiva e não pode sofrer dano moral. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.736.593-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

- O art. 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com o art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal 2,
sendo constitucional a responsabilização objetiva do empregador por danos decorrentes de acidentes de
trabalho nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida, por sua natureza,
apresentar exposição habitual a risco especial, com potencialidade lesiva, e implicar ao trabalhador ônus maior
do que aos demais membros da coletividade. STF. Plenário. RE 828040/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 12/3/2020 (repercussão geral – Tema 932) (Info 969).

- O roubo de carga mediante grave ameaça e emprego de arma de fogo constitui força maior e exclui a
responsabilidade da transportadora, quando adotadas todas as cautelas necessárias para o transporte da carga.
Precedentes. (AgInt no AREsp 1232877/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
27/11/2018, DJe 04/12/2018)
Esta Corte de Justiça possui jurisprudência de que o roubo de carga, com ameaça de arma de fogo, durante o
transporte constitui evento de força maior, de ordem a isentar de responsabilidade a transportadora. Precedentes.
(AgInt no AgRg no AREsp 569.564/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 20/04/2020,
DJe 04/05/2020)

- Caso concreto: houve uma explosão elétrica no vagão de trem durante o transporte, o que gerou tumulto e pânico
entre os passageiros. Essa explosão decorreu de ato de vandalismo. Mesmo que o dano tenha sido decorrente de
uma conduta de terceiro, persiste a responsabilidade da concessionária. Isso porque a conduta do terceiro,
neste caso, está inserida no risco do transportador, relacionando-se com a sua atividade. Logo, configura o
chamado fortuito interno, que não é capaz de excluir a responsabilidade. O contrato de transporte de passageiros
envolve a chamada cláusula de incolumidade, segundo a qual o transportador deve empregar todos os expedientes que
são próprios da atividade para preservar a integridade física do passageiro, contra os riscos inerentes ao negócio,
durante todo o trajeto, até o destino final da viagem. Assim, o ato de vandalismo que resulta no rompimento de cabos
elétricos de vagão de trem não exclui a responsabilidade da concessionária/transportadora, pois cabe a ela cumprir
protocolos de atuação para evitar tumulto, pânico e submissão dos passageiros a mais situações de perigo. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.786.722-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/06/2020 (Info 673).

- Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória. STJ. Corte
Especial. Aprovada em 02/12/2020, DJe 07/12/2020.

- O Poder Judiciário pode obrigar empresa responsável pela rede social a fornecer os dados de todos os
usuários que acessaram determinado perfil dessa rede social em determinado intervalo de tempo. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.738.651-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/08/2020 (Info 678).
2
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXVIII -
seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer
em dolo ou culpa;

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- Os provedores de aplicações de internet não são obrigados a guardar e fornecer dados pessoais dos usuários, sendo
suficiente a apresentação dos registros de número IP. STJ. REsp 1.829.821-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
25/08/2020 (Info 680).

- Os alimentos devidos em razão da prática de ato ilícito possuem natureza indenizatória (arts. 948, 950 e 951
do Código Civil) e, portanto, não se aplica o rito excepcional da prisão civil como meio coercitivo para o
adimplemento. Exemplo: João cometeu homicídio contra Pedro e foi condenado a pagar pensão mensal de 3 salários
mínimos aos filhos da vítima. Caso ele se torne inadimplente, o juiz não poderá decretar prisão civil como meio
coercitivo para o pagamento. STJ. 4ª Turma. HC 523.357-MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 01/09/2020
(Info 681).

- Pessoa residente no Brasil foi ameaçada por e-mail enviado de conta hospedada no exterior; Justiça brasileira é
competente para determinar que a empresa responsável pela conta identifique o titular do e-mail. STJ. 3ª Turma. REsp
1.745.657-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/11/2020 (Info 683).

- Havendo pedido de indenização por perdas e danos em geral, pode o juiz reconhecer a aplicação da perda de uma
chance sem que isso implique em julgamento fora da pretensão autoral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.375-SP, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/11/2020 (Info 683).

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V. Direito do Consumidor

1. Incidência do CDC

- Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor não possui legitimidade para o ajuizamento de
ação civil pública com a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro DPVAT. Isso porque o
seguro DPVAT não tem natureza consumerista, faltando, portanto, pertinência temática. STJ. 2ª Seção. REsp
1.091.756-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/12/2017 (Info 618).

- Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações entre acionistas investidores e a sociedade anônima de
capital aberto com ações negociadas no mercado de valores mobiliários. STJ. 3ª Turma. REsp 1.685.098-SP, Rel. Min.
Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/03/2020 (Info 671).

- Em situações excepcionais, a administração pública pode ser considerada consumidora de serviços (art. 2º do
CDC) por ser possível reconhecer sua vulnerabilidade, mesmo em relações contratuais regidas,
preponderantemente, por normas de direito público, e por se aplicarem aos contratos administrativos, de
forma supletiva, as normas de direito privado (art. 54 da Lei n. 8.666/1993). Julgados: REsp 1772730/DF, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/05/2020, DJe 16/09/2020; RMS 31073/TO,
Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/08/2010, DJe 08/09/2010. (Vide Informativo
de Jurisprudência N. 444)

2. Responsabilidade pelo vício ou fato do produto ou serviço

- Admite-se a flexibilização da orientação contida na súmula 385/STJ para reconhecer o dano moral decorrente da
inscrição indevida do nome do consumidor em cadastro restritivo, ainda que não tenha havido o trânsito em julgado
das outras demandas em que se apontava a irregularidade das anotações preexistentes, desde que haja nos autos
elementos aptos a demonstrar a verossimilhança das alegações. STJ. 3ª Turma. REsp 1.704.002-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

- A ação de indenização por danos materiais proposta por consumidor contra construtora em virtude de vícios de
qualidade e de quantidade do imóvel adquirido tem prazo prescricional de 10 anos, com fundamento no art. 205 do
CC/2002.
Não se aplica o prazo decadencial do art. 26 do CDC. O art. 26 trata do prazo que o consumidor possui para exigir
uma das alternativas previstas no art. 20 do CDC. Não se trata de prazo prescricional.
Não se aplica o prazo do art. 27 do CDC porque este se refere apenas a fato do produto. STJ. 3ª Turma. REsp
1.534.831-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2018 (Info
620).

- A operadora de plano de saúde tem responsabilidade solidária por defeito na prestação de serviço médico,
quando o presta por meio de hospital próprio e médicos contratados, ou por meio de médicos e hospitais
credenciados. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.414.776-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/02/2020 (Info
666)

- O laboratório tem responsabilidade objetiva na ausência de prévia informação qualificada quanto aos
possíveis efeitos colaterais da medicação, ainda que se trate do chamado risco de desenvolvimento. O risco do
desenvolvimento, entendido como aquele que não podia ser conhecido ou evitado no momento em que o
medicamento foi colocado em circulação, constitui defeito existente desde o momento da concepção do produto,
embora não perceptível a priori, caracterizando, pois, hipótese de fortuito interno. STJ. 3ª Turma. REsp
1.774.372-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).

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- Erro grosseiro de sistema não obriga empresas a emitir passagens compradas a preço muito baixo. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.794.991-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).

- Na hipótese de responsabilidade civil de médicos pela morte de paciente em atendimento custeado pelo SUS
incidirá o prazo do art. 1º-C da Lei nº 9.494/97, segundo o qual prescreverá em cinco anos a pretensão de obter
indenização. STJ. 3ª Turma. REsp 1.771.169-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/05/2020 (Info 672).

- A indenização decorrente de extravio de bagagem e de atraso de voo internacional está submetida à tarifação
prevista na Convenção de Montreal? Importante!!! Em caso de danos MATERIAIS: SIM. Em caso de danos
MORAIS: NÃO. As indenizações por danos morais decorrentes de extravio de bagagem e de atraso de voo
internacional não estão submetidas à tarifação prevista na Convenção de Montreal, devendose observar, nesses casos,
a efetiva reparação do consumidor preceituada pelo CDC. A tese fixada pelo STF no RE 636331/RJ (Tema 210) tem
aplicação apenas aos pedidos de reparação por danos materiais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.842.066-RS, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 09/06/2020 (Info 673)

- O comerciante tem o dever de receber do consumidor o aparelho que esteja viciado (“defeituoso”) com o objetivo de
encaminhá-lo à assistência técnica para conserto? Sim. O comerciante tem a obrigação de intermediar a reparação
ou a substituição de produtos nele adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação (vício oculto de
inadequação), com a coleta em suas lojas e remessa ao fabricante e posterior devolução. STJ. 3ª Turma. REsp
1.568.938-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/08/2020 (Info 678).

- Cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias - levar o
produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.851-RJ,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619)

- A exploração de jogo de azar ilegal configura, em si mesma, dano moral coletivo. Considerou-se que há dano moral
in re ipsa. STJ. 2ª Turma. REsp 1.567.123-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/06/2016 (Info 678).

- Consumidor que, em ação redibitória, recebeu a restituição do valor pago, deve devolver o veículo com defeito ao
vendedor mesmo que na sentença essa obrigação não tenha ficado expressamente prevista. STJ. 3ª Turma. REsp
1.823.284-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 13/10/2020 (Info 681).

- Bancos envolvidos na portabilidade de crédito possuem o dever de apurar a regularidade do consentimento e da


transferência da operação, respondendo solidariamente pelas falhas na prestação do serviço. STJ. 3ª Turma. REsp
1.771.984-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

3. Proteção ao consumidor

- A ausência de informação relativa ao preço, por si só, não caracteriza publicidade enganosa. Para a caracterização da
ilegalidade omissiva, a ocultação deve ser de qualidade essencial do produto, do serviço ou de suas reais condições de
contratação, considerando, na análise do caso concreto, o público alvo do anúncio publicitário.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.705.278-MA, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 19/11/2019 (Info 663)

- Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por
entidades de autogestão. (Súmula n. 608/STJ)

- O plano de saúde pode estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado para a cura
de cada uma, sendo abusiva a cláusula contratual que exclui tratamento domiciliar (home care).
AgInt no AREsp 1573008/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/02/2020,
DJe 12/02/2020

33
- A operadora de plano de saúde não está obrigada a proceder a cobertura financeira do tratamento de
fertilização in vitro requerido pela beneficiária, na hipótese de haver cláusula contratual de exclusão, uma vez
que tal procedimento não se confunde com o planejamento familiar de cobertura obrigatória, nos termos do
inciso III do art. 35-C da Lei n. 9.656/1998. AgInt no REsp 1835797/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 04/02/2020, DJe 13/02/2020 (infos 666 e 667).

- É ilegítima a recusa de cobertura pelo plano de saúde de cirurgias complementares de caráter reparador ou funcional
em paciente pós-cirurgia bariátrica, quando se revelarem necessárias ao pleno restabelecimento do segurado
acometido de obesidade mórbida.
REsp 1832004/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/12/2019, DJe
05/12/2019

- As operadoras de plano de saúde não estão obrigadas a fornecer medicamento não registrado pela ANVISA. (Tese
julgada sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015 - TEMA 990)
AgInt no REsp 1810369/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/02/2020, DJe
19/02/2020

- É abusiva a recusa da operadora de plano de saúde em arcar com a cobertura de medicamento prescrito pelo médico
para tratamento do beneficiário, ainda que se trate de fármaco off-label, ou utilizado em caráter experimental, não
previsto em rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS.
AgInt no AREsp 1573008/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/02/2020,
DJe 12/02/2020

- Há abusividade em cláusula contratual ou ato de operadora de plano de saúde que importe em interrupção de
tratamento de terapia ou de psicoterápico por esgotamento do número de sessões anuais asseguradas no rol de
procedimentos e eventos em saúde da ANS, visto que se revela incompatível com a equidade e com a boa-fé,
colocando o usuário em desvantagem exagerada.
AgInt no REsp 1796197/RN, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/09/2019, DJe
04/09/2019

- Em caso de cobrança judicial indevida, é possível aplicar a sanção prevista no art. 940 do Código Civil mesmo
sendo uma relação de consumo.
O art. 940 do CC3 e o art. 42 do CDC 4 incidem em hipóteses diferentes, tutelando, cada um deles, uma situação
específica envolvendo a cobrança de dívidas pelos credores. Mesmo diante de uma relação de consumo, se
inexistentes os pressupostos de aplicação do art. 42, parágrafo único, do CDC, deve ser aplicado o sistema geral do
Código Civil, no que couber. O art. 940 do CC é norma complementar ao art. 42, parágrafo único, do CDC e, no caso,
sua aplicação está alinhada ao cumprimento do mandamento constitucional de proteção do consumidor. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.645.589-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/02/2020 (Info 664).

- Tema polêmico! O rol de procedimentos e eventos da ANS é meramente explicativo?


• SIM. Posição da 3ª Turma do STJ. O fato de o procedimento não constar no rol da ANS não significa que não possa
ser exigido pelo usuário, uma vez que se trata de rol exemplificativo. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1442296/SP,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 23/03/2020.
• NÃO. Posição da 4ª Turma do STJ. O rol de procedimentos e eventos em saúde da Agência Nacional de Saúde
Suplementar - ANS não é meramente exemplificativo. STJ. 4ª Turma. REsp 1.733.013-PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 10/12/2019 (Info 665).

3
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido,
ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se
houver prescrição.
4
Art. 42, Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

34
- Se a matriz havia sido condenada a publicar contrapropaganda, mas encerrou suas atividades, essa
condenação poderá ser redirecionada para a filial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.655.796-MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

- Se não houver previsão contratual expressa, o plano de saúde não é obrigado a custear o tratamento de
fertilização in vitro. STJ. 4ª Turma. REsp 1.823.077-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).

- O prazo para execução individual de sentença proferida contra planos de saúde em ação civil pública é de
cinco anos. Na falta de dispositivo legal específico para a ação civil pública, aplica-se, por analogia, o prazo de
prescrição da ação popular, que é o quinquenal (art. 21 da Lei nº 4.717/65), adotando-se também tal lapso na
respectiva execução, a teor da Súmula 150 do STF. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.807.990-SP, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 20/04/2020 (Info 671).

- É devida a cobertura, pelo plano de saúde, do procedimento de criopreservação de óvulos de paciente fértil,
até a alta do tratamento quimioterápico, como medida preventiva à infertilidade. STJ. 3ª Turma. REsp
1.815.796-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/05/2020 (Info 673).
Cuidado para não confundir: • usuária é infértil e busca tratamento para a infertilidade (ex: inseminação artificial):
plano de saúde não é obrigado a custear. • usuária é fértil e busca a criopreservação como forma de prevenir a
infertilidade: plano de saúde é obrigado a custear.

- É decenal o prazo prescricional aplicável ao exercício da pretensão de reembolso de despesas médico-


hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de seguro saúde), mas que não foram
adimplidas pela operadora. STJ. 2ª Seção. REsp 1.756.283-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
11/03/2020 (Info 673).

- A restituição em dobro do indébito (parágrafo único do artigo 42 do CDC) independe da natureza do elemento
volitivo do fornecedor que cobrou valor indevido, revelando-se cabível quando a cobrança indevida
consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva. STJ. Corte Especial. EAREsp 676608/RS, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 21/10/2020.

- Os beneficiários de plano de saúde coletivo, após a resilição unilateral do contrato pela operadora, têm direito
à portabilidade de carências ao contratar novo plano observado o prazo de permanência no anterior, sem o
cumprimento de novos períodos de carência ou de cobertura parcial temporária e sem custo adicional pelo
exercício do direito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.732.511-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/08/2020 (Info
677).

- Contraria o ordenamento jurídico-constitucional a permissão dada por resolução do Conselho Monetário Nacional
(CMN) às instituições financeiras para cobrarem tarifa bancária pela mera disponibilização de crédito ao cliente na
modalidade “cheque especial”. STF. Plenário. ADI 6407 MC-Ref /DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
27/11/2020 (Info 1000).

- É abusiva a publicidade de alimentos direcionada, de forma explícita ou implícita, a crianças. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.613.561-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/04/2017 (Info 679).

- Esclarecimentos posteriores ou complementares desconectados do conteúdo principal da oferta (informação


disjuntiva, material ou temporalmente) não servem para exonerar ou mitigar a enganosidade ou abusividade. STJ. 2ª
Turma. REsp 1.802.787-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 08/10/2019 (Info 679).

- Ex-empregado mantido no plano de saúde por mais de dez anos após a demissão, por liberalidade do ex-empregador
e com assunção de custeio integral do serviço, não poderá ser excluído da cobertura do seguro. STJ. 3ª Turma. REsp
1.879.503-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/09/2020 (Info 680).

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- Importante!!! Mudança de entendimento! Algumas empresas especializadas na venda de ingressos cobram dos
consumidores um “valor” adicional pelo fato de eles estarem comprando os ingressos por meio da sua página na
internet. Essa cobrança é lícita, desde que o consumidor seja previamente informado sobre o preço total da aquisição
do ingresso, com o destaque de que está pagando um valor extra a título de “taxa de conveniência”. É válida a
intermediação, pela internet, da venda de ingressos para eventos culturais e de entretenimento mediante
cobrança de “taxa de conveniência”, desde que o consumidor seja previamente informado do preço total da
aquisição do ingresso, com o destaque do valor da referida taxa. STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp 1.737.428-RS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 06/10/2020 (Info 683).

4. Outros

- Na ação consumerista, o Ministério Público faz jus à inversão do ônus da prova, independentemente daqueles que
figurem como autores ou réus da demanda. Julgados: AgInt no AREsp 1017611/AM, Rel. Ministra ASSUSETE
MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/02/2020, DJe 02/03/2020

- A ausência de comunicação acerca da disponibilização/comercialização de informações pessoais do consumidor em


bancos de dados configura dano moral presumido (in re ipsa). Julgados: REsp 1758799/MG, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/11/2019, DJe 19/11/2019.

- Em caso de morte do beneficiário, o cancelamento de plano de saúde só ocorre com a comunicação à operadora. STJ.
3ª Turma. REsp 1.879.005-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/08/2020 (Info 679).

- A operadora de plano de saúde não é obrigada a custear o procedimento de fertilização in vitro associado ao
tratamento de endometriose profunda. STJ. 3ª Turma. REsp 1.859.606-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Turma, julgado
em 06/10/2020 (Info 681).

- A legislação consumerista impede a adoção prévia e compulsória da arbitragem no momento da celebração do


contrato, mas não proíbe que, posteriormente, em face de eventual litígio, havendo consenso entre as partes,
seja instaurado o procedimento arbitral. Julgados: REsp 1854483/GO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 08/09/2020, DJe 16/09/2020; AgInt no AgInt no AREsp 1602729/MT, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/08/2020, DJe 17/08/2020

36
VI. Estatuto da Criança e do Adolescente

- Emissora de TV pode ser condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos em razão da
exibição de filme fora do horário recomendado pelo Ministério da Justiça.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.840.463-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/11/2019 (Info 663).

- O fato de ter sido concedida a guarda do menor para uma outra pessoa que não compõe o núcleo familiar não
significa que tenha havido a destituição automática do poder familiar. Logo, mesmo em tais casos, a competência para
representar este menor em juízo é do pai ou da mãe (e não da guardiã). STJ. 3ª Turma. REsp 1.761.274-DF, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020 (Info 664)

- O art. 78 do ECA prevê o seguinte: Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a
crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam
protegidas com embalagem opaca.
Esse dever de zelar pela correta comercialização de revistas pornográficas, em embalagens opacas, lacradas e com
advertência de conteúdo, não se limita aos editores e comerciantes, mas se estende a todos os integrantes da cadeia de
consumo, inclusive aos transportadores e distribuidores. STJ. 1ª Turma.REsp 1.584.134-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 20/02/2020 (Info 666).

- Se o sujeito armazena (art. 241-B) arquivos digitais contendo cena de sexo explícito e pornográfica envolvendo
crianças e adolescentes e depois disponibiliza (art. 241-A), pela internet, esses arquivos para outra pessoa, esse
indivíduo terá praticado dois crimes ou haverá consunção e ele responderá por apenas um dos delitos? Em regra, não
há automática consunção quando ocorrem armazenamento e compartilhamento de material pornográfico infanto-
juvenil. Isso porque o cometimento de um dos crimes não perpassa, necessariamente, pela prática do outro. No
entanto, é possível a absorção a depender das peculiaridades de cada caso, quando as duas condutas guardem, entre si,
uma relação de meio e fim estreitamente vinculadas. O princípio da consunção exige um nexo de dependência entre a
sucessão de fatos. Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é absolutamente autônomo, sem relação
de subordinação com o outro, o réu deverá responder por ambos, em concurso material. A distinção se dá em cada
caso, de acordo com suas especificidades. STJ. 6ª Turma. REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 04/02/2020 (Info 666).

- O grande interesse por material que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente é ínsito ao crime descrito no art. 241-A da Lei nº 8.069/90, não sendo justificável a exasperação da pena-
base a título de conduta social ou personalidade. Caso concreto: na 1ª fase da dosimetria da pena (art. 59 do CP), o juiz
aumentou a pena-base de 3 para 4 anos afirmando que a conduta social e a personalidade do agente eram
desfavoráveis: “Com base nos elementos constantes dos autos, percebo que a conduta social e a personalidade do
acusado demonstram certa periculosidade pelo grande interesse em pornografia infantil. Fixo a pena-base privativa de
liberdade em 4 (quatro) anos de reclusão nesta fase.” STJ. 6ª Turma. REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).

- Nas ações ajuizadas por menor, em que pese a existência da figura do representante legal no processo, o pedido de
concessão de gratuidade da justiça deve ser examinado sob o prisma do menor, que é parte do processo. Julgados:
REsp 1807216/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/02/2020, DJe
06/02/2020. (Vide Informativo de Jurisprudência N. 664)

- É legal a internação de adolescente gestante ou com o filho em amamentação, desde que assegurada atenção integral
à sua saúde, bem como as condições necessárias para que permaneça com seu filho durante o período de
amamentação. STJ. 5ª Turma. HC 543.279-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/03/2020 (Info
668).

37
- Tratando-se de medida socioeducativa aplicada sem termo, o prazo prescricional deve ter como parâmetro a
duração máxima da internação (3 anos), e não o tempo da medida, que poderá efetivamente ser cumprida até
que o socioeducando complete 21 anos de idade. Assim, deve-se considerar o lapso prescricional de 8 anos
previsto no art. 109, IV, do Código Penal, posteriormente reduzido pela metade em razão do disposto no art.
115 do mesmo diploma legal, de maneira a restar fixado em 4 anos. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.856.028-SC,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

- É válida a extinção de medida socioeducativa de internação quando o juízo da execução, ante a superveniência
de processo-crime após a maioridade penal, entende que não restam objetivos pedagógicos em sua execução.
STJ. 6ª Turma. HC 551.319-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

- O juízo especializado da Justiça da Infância e da Juventude é competente para o cumprimento e a efetivação do


montante sucumbencial por ele arbitrado. STJ. 1ª Turma. REsp 1.859.295-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
26/05/2020 (Info 673).

- O risco de contaminação pela Covid-19 em casa de acolhimento pode justificar a manutenção da criança com a
família substituta. STJ. 3ª Turma. HC 572.854-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/08/2020 (Info
676).

- O art. 42, § 1º proíbe que os avós adotem seu neto (“Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
adotando”). Essa regra proibitiva tem por objetivo: • evitar inversões e confusões nas relações familiares - em
decorrência da alteração dos graus de parentesco • impedir a utilização do instituto com finalidade meramente
patrimonial.
Vale ressaltar, no entanto, que o STJ admite a sua mitigação (relativização) excepcional quando:
a) o pretenso adotando seja menor de idade;
b) os avós (pretensos adotantes) exerçam, com exclusividade, as funções de mãe e pai do neto desde o seu
nascimento;
c) a parentalidade socioafetiva tenha sido devidamente atestada por estudo psicossocial;
d) o adotando reconheça os - adotantes como seus genitores e seu pai (ou sua mãe) como irmão;
e) inexista conflito familiar a respeito da adoção;
f) não se constate perigo de confusão mental e emocional a ser gerada no adotando;
g) não se funde a pretensão de adoção em motivos ilegítimos, a exemplo da predominância de interesses
econômicos; e
h) a adoção apresente reais vantagens para o adotando.
Assim, é possível a mitigação da norma geral impeditiva contida no § 1º do art. 42 do ECA, de modo a se
autorizar a adoção avoenga em situações excepcionais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.448.969-SC, Rel. Min. Moura
Ribeiro, julgado em 21/10/2014 (Info 551). STJ. 4ª Turma. REsp 1.587.477-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 10/03/2020 (Info 678).

- É obrigatória a intervenção da FUNAI em ação de destituição de poder familiar que envolva criança cujos pais
possuem origem indígena. STJ. 3ª Turma. REsp 1.698.635-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/09/2020
(Info 679).

- O trânsito em julgado de sentença de procedência do pedido de afastamento do convívio familiar não é oponível a
quem exercia a guarda irregularmente e, após considerável lapso temporal, pretende ajuizar ação de guarda cuja causa
de pedir seja a modificação das circunstâncias fáticas. STJ. 3ª Turma. REsp 1.878.043-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 08/09/2020 (Info 679).

- Processo em que foi decretada a destituição do poder familiar não pode ser anulado por falta de citação de suposto
pai com identidade ignorada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.819.860-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/09/2020
(Info 679).

38
VII. Direito Empresarial

1. Recuperação judicial e falência

- O síndico (atual administrador judicial) deve prestar contas também dos atos realizados pelo gerente que ficar
responsável pela continuidade provisória das atividades do falido.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.487.042-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/12/2019 (Info 663).
Obs: a Lei nº 11.101/2005 não mais utiliza a expressão “síndico”, chamando agora de “administrador judicial”.
Obs2: o caso acima foi apreciado com base na antiga Lei de Falências (DL 7.661/1945), no entanto, a solução seria a
mesma no atual diploma (Lei nº 11.101/2005).

- O Juízo da recuperação é competente para avaliar se estão presentes os requisitos para a concessão de tutela de
urgência objetivando antecipar o início do stay period ou suspender os atos expropriatórios determinados em outros
juízos, antes mesmo de deferido o processamento da recuperação.
STJ. 2ª Seção. CC 168.000-AL, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/12/2019 (Info 663).

- O cômputo do período de dois anos de exercício da atividade econômica, para fins de recuperação judicial, nos
termos do art. 48 da Lei nº 11.101/2005, aplicável ao produtor rural, inclui aquele anterior ao registro do
empreendedor. STJ. 4ª Turma. REsp 1.800.032-MT, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em
05/11/2019 (Info 664).

- O crédito titularizado pela sociedade de seguros, decorrente do não repasse dos prêmios em contrato de
representação de seguro, submete-se à recuperação judicial da empresa representante.
Ex: a empresa fez um contrato de representação de seguro com uma seguradora (sociedade de seguros); a empresa
recebia o valor dos prêmios pagos pelos segurados e, depois de determinado tempo, teria que entregar essa quantia à
seguradora; a empresa entrou em recuperação judicial sem ter repassado esses prêmios; a seguradora terá que habilitar
esse crédito que tem para receber na recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.559.595-MG, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 10/12/2019 (Info 665).

- Os créditos derivados da prestação de serviços contábeis e afins podem ser classificados como créditos trabalhistas
no processo de recuperação judicial.
Esse entendimento não é obstado pelo fato de o titular do crédito ser uma sociedade de contadores, considerando que,
mesmo nessa hipótese, a natureza alimentar da verba não é modificada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.851.770-SC, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020 (Info 665).

- Os créditos constituídos depois de ter o devedor ingressado com o pedido de recuperação judicial estão excluídos do
plano e de seus efeitos (art. 49, caput, da Lei nº 11.101/2005). A sentença (ou o ato jurisdicional equivalente, na
competência originária dos tribunais) é o ato processual por meio do qual nasce o direito à percepção dos honorários
advocatícios sucumbenciais.
Se a sentença que arbitrou os honorários sucumbenciais se deu posteriormente ao pedido de recuperação judicial, o
crédito que dali emana, necessariamente, nascerá com natureza extraconcursal, já que, nos termos do art. 49, caput da
Lei nº 11.101/05, sujeitam-se ao plano de soerguimento os créditos existentes na data do pedido de recuperação
judicial, ainda que não vencidos, e não os posteriores. Por outro lado, se a sentença que arbitrou os honorários
advocatícios for anterior ao pedido recuperacional, o crédito dali decorrente deverá ser tido como concursal, devendo
ser habilitado e pago nos termos do plano de recuperação judicial. STJ. 2ª Seção. REsp 1.841.960-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/02/2020 (Info 669).

- A apresentação de aditivos ao plano de recuperação judicial pressupõe que o plano estava sendo cumprido e, por
situações que somente se mostraram depois, teve que ser modificado, o que foi admitido pelos credores. Não há,
assim, propriamente uma ruptura da fase de execução, motivo pelo qual inexiste justificativa para a modificação do
termo inicial da contagem do prazo bienal para o encerramento da recuperação judicial. Assim, decorridos 2 anos da
concessão da recuperação judicial, ela deve ser encerrada, seja pelo cumprimento das obrigações estabelecidas para

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esse período, seja pela eventual decretação da falência. STJ. 3ª Turma. REsp 1.853.347-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 05/05/2020 (Info 672)

- Se a Fazenda Pública habilitar o crédito na falência, ela deverá, OBRIGATORIAMENTE, renunciar a ação fiscal já
proposta que cobra o mesmo crédito?
Atualize o Info 672-STJ
1ª corrente: SIM. Se o ente estatal optar por habilitar o crédito na falência, deverá renunciar o rito da execução fiscal,
na medida em que não se pode admitir bis in idem. Se a Fazenda Pública habilita o crédito na falência e mantém a
execução fiscal, isso significaria uma “garantia dúplice”, que não é permitida. STJ. 4ª Turma. REsp 1466200/SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 04/12/2018.
2ª corrente: NÃO. A tramitação da ação executiva fiscal não representa, por si só, uma garantia para o credor. Diante
do pedido de habilitação do crédito na falência, não haverá obrigatoriedade de a Fazenda Pública renunciar a execução
fiscal se, no processo executivo, não há constrição de bens. Logo, é cabível a coexistência da habilitação de crédito na
falência com a execução fiscal desprovida de garantia, desde que a Fazenda Pública se abstenha de requerer a
constrição de bens em relação ao executado que também figure no polo passivo da ação falimentar. STJ. 1ª Turma.
REsp 1.831.186-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado em
26/05/2020 (Info 674).

- A apresentação de certidões negativas de débitos tributários não constitui requisito obrigatório para concessão do
pedido de recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.864.625-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
23/06/2020 (Info 674).

- Na recuperação judicial, os créditos decorrentes de condenação por danos morais imposta à recuperanda na
Justiça do Trabalho são classificados como trabalhistas. Ex: João ingressou com ação de indenização por danos
morais contra a empresa em que trabalhou pelo fato de ter sofrido intoxicação alimentar em decorrência da ingestão de
alimentos contaminados no refeitório. A empresa foi condenada e, logo em seguida, ingressou com pedido de
recuperação judicial. Esse crédito será habilitado na recuperação como crédito trabalhista (art. 41, I, da LFRE). STJ. 3ª
Turma. REsp 1.869.964-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/06/2020 (Info 676).

- O redirecionamento da execução fiscal contra os sócios prescinde do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória em crime falimentar. STJ. 2ª Turma. REsp 1.792.310-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
04/02/2020 (Info 678).

- O crédito decorrente das astreintes aplicadas no bojo de processo trabalhista deve ser habilitado na
recuperação judicial na classe dos quirografários, e não na dos créditos trabalhistas. STJ. 3ª Turma. REsp
1.804.563-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/08/2020 (Info 679).

- É absoluta a competência do local em que se encontra o principal estabelecimento para julgar a recuperação
judicial; isso é aferido no momento da propositura da demanda, sendo irrelevante eventual modificação
posterior do volume negocial. STJ. 2ª Seção. CC 163.818-ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
23/09/2020 (Info 680).

- Juiz deferiu a recuperação judicial; TJ reformou a decisão; STJ restaurou o entendimento de 1ª instância deferindo a
recuperação; entre a decisão do TJ e do STJ os atos executivos praticados em execuções individuais são nulos. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.867.694-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/10/2020 (Info 681).

- O cômputo do período de dois anos de exercício da atividade econômica, para fins de recuperação judicial, nos
termos do art. 48 da Lei 11.101/2005, aplicável ao produtor rural, inclui aquele anterior ao registro do empreendedor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.811.953-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/10/2020 (Info 681). STJ. 4ª
Turma. REsp 1.800.032-MT, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 05/11/2019 (Info 664).

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- O Ministério Público é parte legítima para recorrer da decisão que fixa os honorários do administrador na
recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.884.860-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2020 (Info
682).

2. Títulos de crédito

- Na letra de câmbio não aceita não há obrigação cambial que vincule o sacado e assim, o sacador somente tem ação
extracambial contra o sacado não aceitante, cujo prazo prescricional não sofre as interferências do protesto do título de
crédito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.748.779-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/05/2020 (Info 672).

- A assinatura do sacador/emitente da duplicata é requisito que pode ser suprido por outro meio. STJ. 3ª Turma. REsp
1.790.004-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/10/2020 (Info 681).

3. Direito societário

- É constitucional a exigência de que o capital social da EIRELI não seja inferior a 100 vezes o maior salário mínimo
vigente no País (art. 980-A do Código Civil). Não há violação ao art. 7º, IV, da CF/88 porque não existe, no art. 980-
A, qualquer forma de vinculação que possa interferir ou prejudicar os reajustes periódicos do salário mínimo. Não há
afronta ao art. 170 da CF/88 (livre iniciativa) porque essa exigência de capital social mínimo tem por objetivo proteger
os interesses de eventuais credores, além do que não impede que a pessoa exerça a livre iniciativa, sendo apenas um
requisito para a constituição de EIRELI. STF. Plenário. ADI 4637/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
4/12/2020 (Info 1001).

4. Propriedade industrial

- Não compete à Justiça estadual, em sede de reconvenção proposta na ação de abstenção de uso de marca, afastar o
pedido da proprietária da marca, declarando a nulidade do registro ou irregularidade da marca. A Justiça Estadual não
pode, ao julgar uma ação de abstenção de uso de marca, negar o pedido da proprietária da marca utilizando como
argumento que o registro dessa marca conteria uma nulidade ou irregularidade. A competência para examinar eventual
nulidade do registro de uma marca é da Justiça Federal. Isso porque, nessa situação, haverá interesse jurídico do INPI
na demanda, considerando que foi essa autarquia federal que concedeu o registro, incidindo, portanto, na hipótese do
art. 109, I, da CF/88. Caso concreto: uma escola propôs ação pedindo para que outra empresa de educação não
utilizasse o termo “Poliedro” como marca; o TJ julgou o pedido improcedente afirmando que essa palavra não poderia
ter sido registrada como marca; logo, o registro seria nulo. STJ. 4ª Turma. REsp 1.393.123-SP, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 18/02/2020 (Info 667).

- É ilegal a Resolução nº 113/2013 do INPI que afasta a aplicação do direito de restauração de patente, previsto no art.
87 da Lei nº 9.279/96, para as hipóteses de inadimplemento superior uma retribuição anual. STJ. 3ª Turma. REsp
1.837.439-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 01/09/2020 (Info 679).

- Em ação de infração de patente e desenho industrial, é possível a arguição incidental de nulidade de tais
direitos de propriedade industrial, como matéria de defesa, perante a justiça estadual. O art. 175 da Lei de
Propriedade Industrial exige que a ação de nulidade do registro de marca seja ajuizada no foro da Justiça Federal,
devendo o INPI, quando não for o autor, necessariamente intervir no feito. Não há, na lei, qualquer exceção a essa
regra. O mesmo, porém, não ocorre no que diz respeito à patente e ao desenho industrial. STJ. 3ª Turma. REsp
1.843.507-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 06/10/2020 (Info 682).

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VIII. Direito Ambiental

1. Responsabilidade

- A reparação do dano ao meio ambiente é direito fundamental indisponível, sendo imperativo o


reconhecimento da imprescritibilidade no que toca à recomposição dos danos ambientais. STF. Plenário. RE
654833, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 999) (Info 983 – clipping).

- Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco integral. A pessoa que explora a atividade econômica
ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo sempre considerado responsável pelos danos
vinculados à atividade. Logo, não se pode admitir a exclusão da responsabilidade pelo fato exclusivo de terceiro
ou força maior. No caso concreto, a construção de um posto de gasolina causou danos em área ambiental protegida.
Mesmo tendo havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou equivocada – isso não é causa excludente da
responsabilidade do proprietário do estabelecimento. Mesmo que se considere que a instalação do posto de
combustível somente tenha ocorrido em razão de erro na concessão da licença ambiental, é o exercício dessa
atividade, de responsabilidade do empreendedor, que gera o risco concretizado no dano ambiental, razão pela qual não
há possibilidade de eximir-se da obrigação de reparar a lesão verificada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.612.887-PR, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/04/2020 (Info 671).

- O art. 15 da Lei nº 12.651/2012, que admite o cômputo da área de preservação permanente no cálculo do percentual
de instituição da reserva legal do imóvel, não retroage para alcançar situações consolidadas antes de sua vigência. Em
matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de forma a não se admitir a aplicação das
disposições do novo Código Florestal a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental. STJ. 1ª Turma. REsp
1.646.193-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/05/2020 (Info
673).

- É inconstitucional a revogação de Resolução do Conama que protegia o meio ambiente sem que ela seja substituída
ou atualizada por outra que também garanta proteção. STF. Plenário. ADPF 747 MC-Ref/DF, ADPF 748 MC-Ref/DF
e ADPF 749 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 27/11/2020 (Info 1000).

2. Infração ambiental

- Se a ré pratica o crime de poluição qualificada e não toma providências para reparar o dano, entende-se que continua
praticando ato ilícito em virtude da sua omissão, devendo, portanto, ser considerado que se trata de crime permanente.
Caso concreto: a empresa ré armazenou inadequadamente causando grave poluição da área degradada, sendo que, até
o momento de prolação do julgado, não havia tomado providências para reparar o dano, caracterizando a continuidade
da prática infracional. Desse modo, constata-se que o crime de poluição qualificada é permanente, ainda que por
omissão da ré, que foi prontamente notificada a reparar o dano causado, mas não o fez. STJ. 5ª Turma.AgRg no REsp
1.847.097-PA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 05/03/2020 (Info 667)

3. Outros

- A Lei nº 9.433/97 (Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei nº 11.445/2007 (Lei do Saneamento
Básico) preveem, de forma expressa, categórica e inafastável que é proibida a captação de água subterrânea
para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga e autorização ambiental do Poder Público. As
normas locais devem respeitar essa regra geral fixada pela legislação federal, sob pena de serem inconstitucionais.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.335.535-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/09/2018 (Info 678).

- O cumprimento de Termo de Ajustamento de Conduta deve ser regido pelo Código Florestal vigente à época da
celebração do acordo. STJ. 2ª Turma. REsp 1.802.754-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 08/10/2019 (Info
679).

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- A compensação de danos ambientais ocorridos em reserva legal em data anterior à vigência da Lei nº 12.651/2012
(Novo Código Florestal) não precisa ser feita na mesma microbacia, sendo suficiente que ocorra no mesmo bioma do
imóvel a ser compensado. STJ. 1ª Turma. REsp 1.532.719-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
08/09/2020 (Info 679).

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IX. Direito Processual Civil

1. Competência

- Compete à Justiça comum julgar conflitos entre Município e servidor contratado depois da CF/88, ainda que sem
concurso público, pois, uma vez vigente regime jurídico-administrativo, este disciplinará a absorção de pessoal pelo
poder público. Logo, eventual nulidade do vínculo e as consequências daí oriundas devem ser apreciadas pela Justiça
comum, e não pela Justiça do Trabalho. STF. Plenário. ARE 1179455 AgR/PI, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o
ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 5/5/2020 (Info 976).

- Compete às Turmas que compõem a Segunda Seção do STJ (especializada em direito privado) apreciar recurso em
que se discute ressarcimento pelo desconto de mensalidades de plano de saúde cobradas em fatura de energia elétrica.
STJ. Corte Especial. CC 171.348-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 02/09/2020 (Info 679).

2. Procedimento

- O inciso II do art. 516 do CPC prevê que o cumprimento da sentença será feito perante o juízo que decidiu a causa
no primeiro grau de jurisdição. O parágrafo único, por sua vez, afirma que o exequente poderá optar por ingressar com
o cumprimento de sentença: a) no juízo do atual domicílio do executado; b) no juízo do local onde se encontrem os
bens sujeitos à execução; c) no juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer.
É possível que o exequente faça a opção de que trata o parágrafo único do art. 516 do CPC/2015 mesmo após já ter
sido iniciado o cumprimento de sentença?
SIM. O credor pode optar pela remessa dos autos ao foro de domicílio do executado, mesmo após o início do
cumprimento de sentença.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.776.382-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/12/2019 (Info 663)

- O fato de o representante legal do menor, autor de execução de alimentos, possuir atividade remunerada não pode,
por si só, servir de empecilho à concessão da gratuidade de justiça. STJ. 3ª Turma. REsp 1.807.216-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 04/02/2020 (Info 664).

- O requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes, nos termos do que dispõe o art.
782, § 3º, do CPC/2015, não depende da comprovação de prévia recusa administrativa das entidades mantenedoras do
respectivo cadastro. STJ. 3ª Turma. REsp 1.835.778-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/02/2020
(Info 664)

- Na execução de sentença que condenou ao pagamento de pensão mensal, o percentual dos honorários
advocatícios deverá incidir apenas sobre as parcelas vencidas da dívida.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.837.146-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

- Não se presume a hipossuficiência econômica para concessão da gratuidade da justiça pelo simples fato de a parte
ser representada pela Defensoria Pública, sendo necessário o preenchimento dos requisitos previstos em lei. Julgados:
AgInt no AREsp 1517705/PE, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe
03/02/2020; AgInt no REsp 1472239/DF, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019.

- Os advogados dos Núcleos de Prática Jurídica, por se equipararem aos defensores públicos na prestação da
assistência judiciária gratuita, serão intimados pessoalmente de todos os atos processuais (art. 5º, § 5º, da Lei n.
1.060/1950). Julgados: AgRg no AREsp 1199054/DF, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA,
julgado em 07/06/2018, DJe 20/06/2018; AgRg no AREsp 1163149/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
SEXTA TURMA, julgado em 05/06/2018.

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- O benefício da assistência judiciária gratuita depende de expresso pedido da parte, sendo vedada sua concessão de
ofício pelo juiz. Julgados: AREsp 1516810/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 10/09/2019, DJe 11/10/2019; REsp 1822839/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 27/08/2019, DJe 06/09/2019.

- A ausência de manifestação do órgão julgador a respeito do pedido de assistência judiciária gratuita formulado
enseja a presunção da concessão do benefício em favor da parte que o pleiteou, quando acompanhado da declaração de
hipossuficiência. Julgados: AgInt nos EDcl no AREsp 1319316/MS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 06/02/2020, DJe 17/02/2020; AgInt no RMS 60388/TO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 01/10/2019.

- Havendo intimação eletrônica e publicação da decisão no Diário da Justiça Eletrônico, prevalece a data desta última,
pois, nos termos do art. 4º, § 2º, da Lei 11.419/2006, a publicação em Diário de Justiça eletrônico substitui qualquer
outro meio de publicação oficial para quaisquer efeitos legais. (EDcl no AgInt no REsp 1827489/RJ, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/06/2020, DJe 18/06/2020)

- O acolhimento da impugnação do valor da causa em momento posterior à decisão que julgou o mérito da causa
principal não gera nulidade do processo. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1.667.308-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 30/03/2020 (Info 669).

- Em regra, não é cabível a condenação em honorários advocatícios em qualquer incidente processual, ressalvados os
casos excepcionais. Tratando-se de incidente de desconsideração da personalidade jurídica, não cabe a
condenação nos ônus sucumbenciais em razão da ausência de previsão legal. Logo, é irrelevante apurar quem deu
causa ou foi sucumbente no julgamento final do incidente. STJ. 3ª Turma. REsp 1.845.536-SC, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/05/2020 (Info 673).

- Ainda que citado pessoalmente na fase de conhecimento, é devida a intimação por carta do réu revel, sem procurador
constituído, para o cumprimento de sentença. Isso porque, neste caso, o devedor não terá procurador (advogado)
constituído nos autos: Art. 513 (...) § 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença: II - por carta com aviso de
recebimento, (...) quando não tiver procurador constituído nos autos; STJ. 3ª Turma. REsp 1.760.914-SP, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 02/06/2020 (Info 673).

- O acréscimo de 10% de honorários advocatícios, previsto pelo art. 523, § 1º, do CPC/2015, quando não
ocorrer o pagamento voluntário no cumprimento de sentença, não admite relativização. STJ. 3ª Turma. REsp
1.701.824-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/06/2020 (Info 673).

- Compete ao juízo deprecante a degravação de depoimento colhido nos autos de carta precatória por sistema
audiovisual na vigência do CPC/2015. STJ. 2ª Seção. CC 150.252/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 10/06/2020 (Info 974).

- Na fase de cumprimento de sentença não se pode alterar os critérios de atualização dos cálculos estabelecidos
na decisão transitada em julgado, ainda que para adequá-los ao entendimento do STF firmado em repercussão
geral. Sem que a decisão acobertada pela coisa julgada tenha sido desconstituída, não é cabível ao juízo da fase de
cumprimento de sentença alterar os parâmetros estabelecidos no título judicial, ainda que no intuito de adequá-los à
decisão vinculante do STF. STJ. 2ª Turma. REsp 1.861.550-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/06/2020 (Info
676)

- A técnica de julgamento ampliado do art. 942 do CPC aplica-se aos aclaratórios opostos ao acórdão de
apelação quando o voto vencido nascido apenas nos embargos for suficiente para alterar o resultado inicial do
julgamento, independentemente do desfecho não unânime dos declaratórios (se rejeitados ou se acolhidos, com
ou sem efeito modificativo). STJ. 3ª Turma. REsp 1.786.158-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 25/08/2020 (Info 678).

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- A regra do art. 489, §1º, VI, do CPC, segundo a qual o juiz, para deixar de aplicar enunciado de súmula,
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, deve demonstrar a existência de distinção ou de superação, somente
se aplica às súmulas ou precedentes vinculantes, mas não às súmulas e aos precedentes apenas persuasivos, como, por
exemplo, os acórdãos proferidos por Tribunais de 2º grau distintos daquele a que o julgador está vinculado. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.698.774-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/09/2020 (Info 679).

- A inversão do ônus probatório leva consigo o custeio da carga invertida, não como dever, mas como simples
faculdade, sujeita as consequências processuais advindas da não produção da prova. STJ. 2ª Turma. REsp
1.807.831-RO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 07/11/2019 (Info 679).

- É aplicável ao INSS a multa prevista no art. 334, § 8º, do CPC/2015, quando a parte autora manifestar interesse na
realização da audiência de conciliação e a autarquia não comparecer no feito, mesmo que tenha manifestando seu
desinteresse previamente. STJ. 1ª Turma. REsp 1.769.949-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
08/09/2020 (Info 680).

- Quando há pluralidade de réus, a data da primeira citação válida é o termo inicial para contagem dos juros de
mora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.868.855-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/09/2020 (Info 680).

- É admissível a reconvenção sucessiva, também denominada de reconvenção à reconvenção, desde que a questão que
justifique a propositura tenha surgido na contestação ou na primeira reconvenção. STJ. 3ª Turma. REsp 1.690.216-RS,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/09/2020 (Info 680).

- O fato de estar caracterizada a sucumbência recíproca não afasta a condenação das partes litigantes ao pagamento de
honorários de sucumbência. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.495.369-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 01/09/2020 (Info 681).

3. Recursos

- A simples referência à existência de feriado local previsto em Regimento Interno e em Código de Organização
Judiciária Estadual não é suficiente para a comprovação de tempestividade do recurso especial nos moldes do
art. 1.003, §6º, do CPC/2015.
A ocorrência de feriado local, recesso, paralisação ou interrupção do expediente forense deve ser demonstrada, no ato
da interposição do recurso que pretende seja conhecido por este Tribunal, por documento oficial ou certidão expedida
pelo Tribunal de origem, não bastando a mera menção ao feriado local nas razões recursais, tampouco a apresentação
de documento não dotado de fé pública. STJ. 3ª Turma. REsp 1.763.167-GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020 (Info 665).

- É possível afastar a intempestividade do recurso quando isso decorreu do fato de o site do Tribunal ter
disponibilizado informação equivocada, que induziu a parte em erro. STJ. Corte Especial. EAREsp 688.615-MS,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 04/03/2020 (Info 666).

- Não cabe agravo de instrumento contra a decisão que aplica multa por ato atentatório à dignidade da justiça pelo não
comparecimento à audiência de conciliação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.762.957-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 10/03/2020 (Info 668).

- São cabíveis embargos de declaração, com efeitos infringentes, para que a decisão embargada seja reajustada de
acordo com a jurisprudência firmada em teses que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça
adotarem. STF. 1ª Turma. Rcl 15724 AgR-ED/PR, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).

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- Consideram-se prequestionados os fundamentos adotados nas razões de apelação e desprezados no julgamento do
respectivo recurso, desde que, interposto recurso especial, sejam reiterados nas contrarrazões da parte vencedora. STJ.
Corte Especial. EAREsp 227.767-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 17/06/2020 (Info 674).

- Não cabe recurso extraordinário se houver a necessidade de se analisar normas infraconstitucionais para se chegar à
conclusão contrária à adotada pelo tribunal de origem. STF. 2ª Turma. ARE 1184956 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 22/9/2020 (Info 992).

- É devido o pagamento de honorários advocatícios recursais quando o acórdão recorrido for publicado na
vigência do CPC/2015, mesmo que a sentença tenha sido proferida sob a égide do CPC/1973. STJ. 1ª Seção.
EAREsp 1.402.331-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 09/09/2020 (Info 679).

4. Execução

- O cônjuge que apenas autorizou seu consorte a prestar aval, nos termos do art. 1.647, III, do Código Civil (outorga
uxória), não é avalista. Dessa forma, não havendo sido prestada garantia real, não é necessária sua citação como
litisconsorte, bastando a mera intimação do cônjuge que apenas autorizou o aval.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.475.257-MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/12/2019 (Info 663).

- Quando houver sentença homologatória de transação firmada entre as partes e esta não dispor sobre os honorários
sucumbenciais, a decisão inicial que arbitra os honorários advocatícios em execução de título extrajudicial pode ser
considerada título executivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.819.956-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. Acd.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/12/2019 (Info 663).

- Tratando-se de condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais, não é possível exigir do cônjuge meeiro, que
não integrou a relação processual da lide originária, a comprovação de que a dívida executada não foi contraída em
benefício do casal ou da família.
Exemplo: João ajuizou ação ordinária contra Pedro, tendo o pedido sido julgado improcedente. O autor foi condenado
a pagar R$ 200 mil de honorários advocatícios em favor de Pedro. Marcos (advogado de Pedro) ingressou com
execução contra João cobrando os R$ 200 mil. O juiz determinou a penhora de uma sala comercial que está em nome
de João. Raquel, esposa de João, apresentou embargos de terceiro contra essa penhora. Sua quota-parte deverá ser
preservada, não sendo necessário que ela comprove que essa dívida contraída foi exclusiva do marido. STJ. 3ª
Turma.REsp 1.670.338-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 04/02/2020 (Info 664).

- (Resolução CNJ nº 318/2020) Em regra, o valor recebido a título de auxílio emergencial é impenhorável, por se
enquadrar como verba de natureza alimentar.
Excepcionalmente, é possível a penhora de 50% desse valor para pagamento de prestação alimentícia, nos termos do
art. 833, § 2º c/c art. 529, § 3º, do CPC.
Ex: Pedro recebeu o auxílio emergencial de R$ 600,00; ocorre que ele está devendo a pensão alimentícia a seu filho
menor; o magistrado poderá penhorar até 50% desse valor (R$ 300,00) para pagamento da prestação alimentícia.

- Se um precatório de natureza alimentar é cedido, ele permanece sendo crédito de natureza alimentar e, portanto,
deverá ser pago de forma preferencial. STF. Plenário. RE 631537, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/05/2020
(Repercussão Geral – Tema 361) (Info 980 – clipping).

- São penhoráveis os valores oriundos de empréstimo consignado, salvo se o mutuário comprovar que os
recursos são necessários à sua manutenção e de sua família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.820.477-DF, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 19/05/2020 (Info 672).

- A lei que reduz o teto provisoriamente estabelecido pelo art. 87 do ADCT não pode retroagir para incidir
sobre as execuções em curso. STF. Plenário. RE 729107, Rel. Marco Aurélio, julgado em 08/06/2020 (Repercussão
Geral – Tema 792) (Info 991 – clipping).

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- A arma de fogo pode ser penhorada e expropriada, desde que assegurada pelo Juízo da execução a
observância das mesmas restrições impostas pela legislação de regência para a sua comercialização e aquisição.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.866.148-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/05/2020 (Info 677).

- Verbas estaduais não podem ser objeto de bloqueio, penhora e/ou sequestro para pagamento de valores devidos em
ações trabalhistas, ainda que as empresas reclamadas detenham créditos a receber da administração pública estadual,
em virtude do disposto no art. 167, VI e X, da CF/88, e do princípio da separação de poderes (art. 2º da CF/88). STF.
Plenário. ADPF 485/AP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/12/2020 (Info 1001).

- A caução prestada em ação conexa pode ser aceita como garantia do juízo para a concessão de efeito suspensivo a
embargos à execução. STJ. 3ª Turma. REsp 1.743.951-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/10/2020 (Info
681).

- Juiz não pode se recusar a determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes (art. 782, § 3º,
do CPC/2015) sob o fundamento de que o exequente teria condições de fazer isso diretamente. STJ. 3ª Turma. REsp
1.887.712-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/10/2020 (Info 682).

5. Execução fiscal

- Coexistindo execução fiscal e execução civil, contra o mesmo devedor, com pluralidade de penhoras recaindo sobre
o mesmo bem, o produto da venda judicial, por força de lei, deve satisfazer o crédito fiscal em primeiro lugar. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.661.481-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/03/2020 (Info 667).

- "A Primeira Seção do STJ reconhece que a base de cálculo dos honorários, quando acolhidos os embargos à
execução fiscal ou provida a exceção de pré-executividade, deve ser o valor afastado com a procedência do
pedido, incidindo, portanto, sobre o excesso apurado". (AgInt no REsp 1609254/SC, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/09/2019, DJe 18/09/2019)

- Se houve a extinção da execução fiscal a pedido do exequente, mas o crédito tributário permanece sendo discutido
judicialmente em outra demanda, os honorários advocatícios devem ser arbitrados por apreciação equitativa. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.776.512-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

- Não cabe exceção de pré-executividade em execução fiscal promovida contra sócio que figura como responsável na
Certidão de Dívida Ativa - CDA, pois não é possível dilação probatória nesta ação. (Tese julgada sob o rito do art.
543-C do CPC/1973 - Tema 108) Julgados: AgInt no AREsp 1679523/AL, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 29/06/2020, DJe 21/08/2020

- A execução fiscal pode ser redirecionada em desfavor da empresa sucessora para cobrança de crédito tributário
relativo a fato gerador ocorrido posteriormente à incorporação empresarial e ainda lançado em nome da sucedida, sem
a necessidade de modificação da Certidão de Dívida Ativa, quando verificado que esse negócio jurídico não foi
informado oportunamente ao fisco. STJ. 1ª Seção. REsp 1.848.993-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
26/08/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1049) (Info 678).

6. Procedimentos especiais

- Autor propôs ação monitória envolvendo duas notas promissórias; juiz determina que ele traga aos autos o original
de uma dessas promissórias; ele descumpre; deverá haver o indeferimento parcial da inicial, prosseguindo o processo
quanto a outra promissória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.837.301-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 18/02/2020
(Info 665).

48
- A decisão judicial homologatória de acordo entre as partes é impugnável por meio de ação anulatória (art. 966, § 4º,
do CPC/2015; art. 486 do CPC/1973). Não cabe ação rescisória neste caso. Se a parte propôs ação rescisória, não é
possível que o Tribunal receba esta demanda como ação anulatória aplicando o princípio da fungibilidade. Isso porque
só se aplica o princípio da fungibilidade para recursos (e ação anulatória e a ação rescisória não são recursos). STF.
Plenário. AR 2440 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/9/2018 (Info 916).

- Se proferida, transitada e executada a sentença que julgou a primeira fase da ação de prestação de contas na vigência
do CPC/1973, adquire o vencedor o direito de exigir que sejam elas prestadas e apuradas na forma da lei revogada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.823.926-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/09/2020 (Info 680).

7. Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais

- É inadmissível a reclamação proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada.


Súmula 734-STF: Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha
desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.
STF. 1ª Turma. Rcl 24810 AgR/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11/2/2020 (Info 966).

- Se o autor da ação rescisória – fundada em violação literal à disposição de lei – afirma que a sentença
rescindenda violou o art. XX da Lei, o Tribunal não pode julgar a rescisória procedente com base na violação
do art. YY, mesmo que se trate de matéria de ordem pública.
Desse modo, na ação rescisória fundada no art. 485, V, CPC/1973 (art. 966, V, CPC/2015), o juízo rescisdente do
Tribunal se encontra vinculado aos dispositivos de lei apontados pelo autor como literalmente violados, não podendo
haver exame de matéria estranha à apontada na inicial, mesmo que o tema possua a natureza de questão de ordem
pública, sob pena de transformar a ação rescisória em um recurso, natureza jurídica que ela não possui. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.663.326-RN, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/02/2020 (Info 665).

- A reclamação constitucional não trata de instrumento adequado para o controle da aplicação dos
entendimentos firmados pelo STJ em recursos especiais repetitivos. As hipóteses de cabimento da reclamação
foram elencadas nos incisos do caput do art. 988. O § 5º do art. 988 trata sobre situações nas quais não se
admite reclamação. O § 5º do art. 988 foi introduzido no CPC pela Lei nº 13.256/2016 com o objetivo
justamente de proibir reclamações dirigidas ao STJ e STF para o controle da aplicação dos acórdãos sobre
questões repetitivas. Essa parte final do § 5º é fruto de má técnica legislativa. Se for admitida reclamação nessa
hipótese isso irá em sentido contrário à finalidade do regime dos recursos especiais repetitivos, que surgiu como
mecanismo de racionalização da prestação jurisdicional do STJ, diante dos litígios de massa. O meio adequado
e eficaz para forçar a observância da norma jurídica oriunda de um precedente, ou para corrigir a sua
aplicação concreta, é o recurso, instrumento que, por excelência, destina-se ao controle e revisão das decisões
judiciais. STJ. Corte Especial. Rcl 36.476-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/02/2020 (Info 669).

- A ação rescisória não é sucedânea de embargos de declaração; logo, se a decisão transitada em julgado incidiu em
suposto erro de fato por ter deixado de apreciar pedido de renúncia, não cabe rescisória porque a parte deveria ter
oposto embargos diante da omissão. STF. Plenário. AR 2107/SP, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 16/9/2020 (Info 991).

8. Processo coletivo

- Caso ocorra dissolução da associação que ajuizou ação civil pública, é possível sua substituição no polo ativo
por outra associação que possua a mesma finalidade temática.
O microssistema de defesa dos interesses coletivos privilegia o aproveitamento do processo coletivo, possibilitando a
sucessão da parte autora pelo Ministério Público ou por algum outro colegitimado (ex: associação), mormente em
decorrência da importância dos interesses envolvidos em demandas coletivas. STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp
1.405.697-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 10/09/2019 (Info 665).

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- A decisão em mandado de segurança coletivo impetrado por associação beneficia todos os associados, sendo
irrelevante a filiação ter ocorrido após a sua impetração.

- Não é cabível a requisição da averbação de inquérito civil no registro imobiliário pelo Ministério Público, com
fixação de prazo para o seu cumprimento. STJ. 2ª Turma. RMS 58.769-RJ, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em
15/09/2020 (Info 680).

9. Juizados Especiais

- A Lei nº 13.994/2020 altera a Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95), para possibilitar a conciliação não
presencial no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis.
Art. 22 (...)
§ 2º É cabível a conciliação não presencial conduzida pelo Juizado mediante o emprego dos recursos tecnológicos
disponíveis de transmissão de sons e imagens em tempo real, devendo o resultado da tentativa de conciliação ser
reduzido a escrito com os anexos pertinentes. (Incluído pela Lei nº 13.994/2020).

- Não é possível ajuizar cumprimento de sentença no Juizado Especial da Fazenda Pública para executar
individualmente título judicial oriundo de ação coletiva, ainda que o valor individual cobrado seja inferior a 60
salários mínimos. A Lei nº 12.153/2009 e as respectivas normas de aplicação subsidiária determinam que os Juizados
Especiais da Fazenda Pública têm competência para apreciar apenas as execuções de seus próprios julgados ou de
títulos extrajudiciais. STJ. 1ª Seção. REsp 1.804.186-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/08/2020
(Recurso Repetitivo – Tema 1029) (Info 679).

- Não existe vedação legal para que o autor que quiser propor a ação no JEF renuncie o valor que exceder 60 salários
mínimos a fim de poder se adequar ao teto do Juizado. STJ. 1ª Seção. REsp 1.807.665-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 28/10/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1030) (Info 683)

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X. Direito Penal

1. Princípios

- É possível a aplicação do princípio da insignificância para o agente que praticou o furto de um carrinho de mão
avaliado em R$ 20,00 (3% do salário-mínimo), mesmo ele possuindo antecedentes criminais por crimes patrimoniais.
STF. 1ª Turma. RHC 174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
11/2/2020 (Info 966).

- Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo quando presentes circunstâncias
excepcionais que recomendam a medida. STJ. 5ª Turma. HC 553.872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 11/02/2020 (Info 665).

- É possível aplicar o princípio da insignificância para o furto de mercadorias avaliadas em R$ 29,15, mesmo que a
subtração tenha ocorrido durante o período de repouso noturno e mesmo que o agente seja reincidente. Vale ressaltar
que os produtos haviam sido furtados de um estabelecimento comercial e que logo após o agente foi preso, ainda na
porta do estabelecimento. Objetos furtados: R$ 4,15 em moedas, uma garrafa de Coca-Cola, duas garrafas de cerveja e
uma garrafa de pinga marca 51, tudo avaliado em R$ 29,15. STF. 2ª Turma. HC 181389 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

- É inconstitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública contrate empresa cujo diretor, gerente ou
empregado tenha sido condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de atos discriminatórios. Essa
lei viola os princípios da intransmissibilidade da pena, da responsabilidade pessoal e do devido processo legal. STF.
Plenário. ADI 3092, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping).

- Ao apreciar medida cautelar em ADPF, o STF decidiu que:


a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), da proteção à vida e da igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88);
b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo
a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa; e
c) a defesa, a acusação, a autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de
legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual ou processual penais,
bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento.
STF. Plenário. ADPF 779, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/03/2021.

2. Pena

- Para fins de comprovação da reincidência, é necessária documentação hábil que traduza o cometimento de novo
crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória por crime anterior, mas não se exige, contudo, forma
específica para a comprovação. Desse modo, é possível que a reincidência do réu seja demonstrada com informações
processuais extraídas dos sítios eletrônicos dos tribunais. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 448.972/SP, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018. STF. 1ª Turma. HC 162548 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 16/6/2020 (Info 982).

- O descumprimento das condições impostas para o livramento condicional não pode ser invocado para impedir a
concessão do indulto, a título de não preenchimento do requisito subjetivo. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 537.982-DF,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/04/2020 (Info 670).

- Em adequação ao entendimento do STF, o inadimplemento da pena de multa obsta a extinção da punibilidade


do apenado. Diante da eficácia erga omnes e do vinculante dessa decisão, não se pode mais declarar a extinção da

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punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de liberdade quando pendente o pagamento da multa
criminal. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.850.903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
28/04/2020 (Info 671).

- O reconhecimento da inimputabilidade ou semi-imputabilidade do réu depende da prévia instauração de


incidente de insanidade mental e do respectivo exame médico-legal nele previsto. STJ. 6ª Turma. REsp 1.802.845-
RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/06/2020 (Info 675).

- Não se aplica a agravante do art. 61, II, “h”, do CP ao furto praticado aleatoriamente em residência sem a presença
do morador idoso. STJ. 5ª Turma. HC 593.219-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/08/2020 (Info 679).

3. Prescrição

- Tema polêmico! Acórdão que confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição?


• SIM. É a posição atual da 1ª Turma do STF. O acórdão confirmatório da sentença implica a interrupção da
prescrição. A prescrição é, como se sabe, o perecimento da pretensão punitiva ou da pretensão executória pela inércia
do próprio Estado. No art. 117 do Código Penal que deve ser interpretado de forma sistemática todas as causas
interruptivas da prescrição demonstram, em cada inciso, que o Estado não está inerte. Não obstante a posição de parte
da doutrina, o Código Penal não faz distinção entre acórdão condenatório inicial e acórdão condenatório confirmatório
da decisão. Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares. A ideia de prescrição está vinculada à
inércia estatal e o que existe na confirmação da condenação é a atuação do Tribunal. Consequentemente, se o Estado
não está inerte, há necessidade de se interromper a prescrição para o cumprimento do devido processo legal.
STF. 1ª Turma. RE 1237572 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 26/11/2019.
STF. 1ª Turma. RE 1241683 AgR/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 4/2/2020 (Info 965).
• NÃO. É a posição da doutrina, do STJ e da 2ª Turma do STF. O art. 117, IV do CP estabelece que o curso da
prescrição interrompe-se pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. Se o acórdão apenas
CONFIRMA a condenação ou então REDUZ a pena do condenado, ele não terá o condão de interromper a prescrição.
STF. 2ª Turma. RE 1238121 AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 06/12/2019.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1557791/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 06/02/2020.
STJ. Corte Especial. AgRg no RE nos EDcl no REsp 1301820/RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
16/11/2016.

- Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre interrompe a
prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a
pena anteriormente imposta. STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
27/04/2020.

- Acórdão que confirma ou reduz a pena interrompe a prescrição.


Não obstante a posição de parte da doutrina, o Código Penal não faz distinção entre acórdão condenatório inicial e
acórdão condenatório confirmatório da decisão. Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares. STJ.
5ª Turma. AgRg no AREsp 1.668.298-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 12/05/2020 (Info 672)

- Nos termos do inciso IV do art. 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição,
inclusive quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena
anteriormente imposta. STF. Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/04/2020
(Info 990 – clipping).

4. Crimes contra a vida

- A qualificadora do meio cruel é compatível com o dolo eventual.

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Não há incompatibilidade entre o dolo eventual e o reconhecimento do meio cruel, na medida em que o dolo do
agente, direto ou indireto, não exclui a possibilidade de a prática delitiva envolver o emprego de meio mais
reprovável, como veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel (art. 121, § 2º, III, do CP).
Caso concreto: réu atropelou o pedestre e não parou o veículo, arrastando a vítima por 500 metros, assumindo,
portanto, o risco de produzir o resultado morte; mesmo tendo havido dolo eventual, deve-se reconhecer também a
qualificadora do meio cruel prevista no art. 121, § 2º, III, do CP. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1573829/SC, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/04/2019. STJ. 6ª Turma. REsp 1.829.601-PR, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 04/02/2020 (Info 665)

- A tenra idade da vítima é fundamento idôneo para a majoração da pena-base do crime de homicídio pela
valoração negativa das consequências do crime, ressalvada, para evitar bis in idem, a hipótese em que aplicada a
causa de aumento prevista no art. 121, § 4º (parte final), do Código Penal. STJ. 3ª Seção. AgRg no REsp 1.851.435-
PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/08/2020 (Info 679).

5. Crimes contra a honra

- A ausência de previsibilidade de que a ofensa chegue ao conhecimento da vítima afasta o dolo específico do
delito de injúria, tornando a conduta atípica. STJ. 6ª Turma. REsp 1.765.673-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 26/05/2020 (Info 672).

- Configura difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase completa do orador é
editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de negros e pobres. A edição de um vídeo ou áudio
tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com o objetivo de difamar a honra de uma pessoa, configura
dolo da prática criminosa. STF. 1ª Turma. AP 1021/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/8/2020 (Info 987).

6. Crimes contra o patrimônio

- Importante!!! Pacificou!!!
A competência para julgar estelionato que ocorre mediante depósito ou transferência bancária é do local da
agência beneficiária do depósito ou transferência bancária (local onde se situa a agência que recebeu a
vantagem indevida).
STJ. 3ª Seção. CC 167.025/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/08/2019.
STJ. 3ª Seção. CC 169.053-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/12/2019 (Info 663).
Não confundir:
• estelionato que ocorre por meio do saque (ou compensação) de cheque clonado, adulterado ou falsificado: a
competência é do local onde a vítima possui a conta bancária. Isso porque, nesta hipótese, o local da obtenção da
vantagem ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque adulterado, ou seja, onde a
vítima possui conta bancária. Aplica-se o raciocínio da súmula 48 do STJ (Compete ao juízo do local da obtenção da
vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.)
• estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer depósitos ou transferências bancárias para
a conta de terceiro (estelionatário): a competência é do local onde o estelionatário possui a conta bancária. Isso porque,
neste caso, a obtenção da vantagem ilícita ocorre quando o estelionatário efetivamente se apossa do dinheiro, ou seja,
no momento em que ele é depositado em sua conta.

- É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do Código Penal (arrependimento
posterior) para o caso em que o agente fez o ressarcimento da dívida principal (efetuou a reparação da parte principal
do dano) antes do recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores referentes aos juros e correção monetária
durante a tramitação da ação penal. Nas exatas palavras do STF: “É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez
reparada parte principal do dano, até o recebimento da inicial acusatória, sendo inviável potencializar a amplitude da
restituição.” STF. 1ª Turma. HC 165312/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

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- Nos casos em que se aplica a Lei nº 13.654/2018, é possível a valoração do emprego de arma branca, no crime de
roubo, como circunstância judicial desabonadora . No período de aplicação da Lei nº 13.654/2018, o juiz está proibido
de utilizar essa circunstância (emprego de arma branca) como causa de aumento de pena, mas nada impede que
considere isso como circunstância judicial negativa, na fase do art. 59 do CP. STJ. 5ª Turma. HC 556.629-RJ, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).

- Configura o crime de roubo (e não estelionato) a conduta do funcionário de uma empresa que combina com outro
indivíduo para que este simule que assalta o empregado com uma arma de fogo e, dessa forma, leve o dinheiro da
empresa. STF. 1ª Turma. HC 147584/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980).

- Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato qualificado por médico
que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC
548.869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 12/05/2020 (Info 672).

- A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei nº 13.964/2019, retroage para alcançar os
processos penais que já estavam em curso? Mesmo que já houvesse denúncia oferecida, será necessário intimar a
vítima para que ela manifeste interesse na continuidade do processo?
1ª corrente: NÃO. A retroatividade da representação prevista no § 5º doart. 171 do CP deve se restringir à fase
policial. A exigência de representação no crime de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, não afeta os processos
que já estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019. Assim, se já havia denúncia oferecida quando
entrou em vigor a nova Lei, não será necessária representação do ofendido. STJ. 5ª Turma. HC 573.093-SC, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2020 (Info 674).
2ª corrente: SIM. A retroatividade da representação prevista § 5º do art. 171 alcança todos os processos em curso. A
exigência de representação no crime de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, afeta não apenas os inquéritos, mas
também os processos em curso, desde que ainda não tenham transitado em julgado. Assim, mesmo que já houvesse
denúncia oferecida quando a Lei entrou em vigor, o juiz deverá intimar a vítima para manifestar interesse na
continuidade da persecução penal, no prazo de 30 dias, sob pena de decadência. STJ. 6ª Turma. HC 583.837/SC, Rel.
Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/08/2020

- Importante!!
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei nº 13.964/2019, retroage para alcançar os
processos penais que já estavam em curso? Mesmo que já houvesse denúncia oferecida, será necessário intimar a
vítima para que ela manifeste interesse na continuidade do processo?
NÃO. É a posição amplamente majoritária na jurisprudência.
Não retroage a norma prevista no § 5º do art. 171 do CP, incluída pela Lei 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”),
que passou a exigir a representação da vítima como condição de procedibilidade para a instauração de ação
penal, nas hipóteses em que o Ministério Público tiver oferecido a denúncia antes da entrada em vigor do novo
diploma legal. A retroatividade da representação prevista no § 5º do art. 171 do CP deve se restringir à fase
policial. A exigência de representação no crime de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, não afeta os processos
que já estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019. Assim, se já havia denúncia oferecida quando
entrou em vigor a nova Lei, não será necessária representação do ofendido. STJ. 5ª Turma. HC 573.093-SC, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2020 (Info 674). STF. 1ª Turma. HC 187341/SP, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 13/10/2020 (Info 995). STF. 2ª Turma. ARE 1230095 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em
24/08/2020.

7. Crimes contra a dignidade sexual

- A prática de conjunção carnal ou de atos libidinosos diversos contra vítima imobilizada configura o crime de estupro
de vulnerável do art. 217-A, § 1º, do CP, ante a impossibilidade de oferecer resistência ao emprego de violência
sexual. REsp 1706266/MT, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 18/10/2018, DJe
24/10/2018

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- A irmã de vítima do crime de estupro de vulnerável responde por conduta omissiva imprópria se assume o
papel de garantidora. Caso concreto: “J” (30 anos) era casado com “M” (20 anos). “J” praticou, durante anos,
estupro de vulnerável contra a sua cunhada “L” (criança de 6 anos de idade). “L” era irmã de “M”. Os abusos ocorriam
nas vezes em que “L” ia visitar sua irmã. Certo dia, “M” descobriu que os estupros estavam ocorrendo, mas, apesar
disso, não tomou qualquer atitude para impedir que as condutas criminosas continuassem. Ao contrário, continuou
permitindo que a irmã fosse até a sua casa e que ficasse sozinha na residência com o marido. “M”, a irmã da vítima,
deve responder pelo delito de estupro de vulnerável por omissão imprópria. STJ. 5ª Turma. HC 603.195-PR, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 06/10/2020 (Info 681).

8. Crimes contra a incolumidade pública

- A materialidade do delito de incêndio deve ser comprovada, em regra, mediante exame de corpo de delito, podendo
ser suprida por outros meios caso haja uma justificativa para a não realização do laudo pericial.
STF. 1ª Turma. HC 136964/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967)

9. Crimes contra a fé pública

- A falsidade ideológica é crime formal e instantâneo, cujos efeitos podem se protrair no tempo. A despeito dos
efeitos que possam, ou não, gerar, a falsidade ideológica se consuma no momento em que é praticada a conduta.
Diante desse contexto, o termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva é o momento
da consumação do delito (e não o da eventual reiteração de seus efeitos). Caso concreto: em 2010, foi incluído um
sócio “laranja” no contrato social da empresa. Ele não iria ser sócio realmente, sendo isso uma falsidade ideológica.
Logo, considera-se que aí foi praticado o crime. Não se pode afirmar que esse crime (essa conduta) teria sido reiterado
quando, por ocasião da alteração contratual ocorrida em 2019, deixou-se de regularizar o nome do sócio
verdadeiramente titular da empresa, mantendo-se o nome do “laranja”. Isso porque não há como se entender que
constitui novo crime a omissão em corrigir informação falsa por ele inserida em documento público, quando teve
oportunidade para tanto. Logo, o termo inicial da contagem da prescrição foi 2010. STJ. 3ª Seção. RvCr 5.233-DF,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/05/2020 (Info 672).

10. Crimes contra a administração pública

- Pratica o crime de peculato-desvio o Governador que determina que os valores descontados dos
contracheques dos servidores para pagamento de empréstimo consignado não sejam repassados ao banco, mas
sim utilizados para quitação de dívidas do Estado.
STJ. Corte Especial. APn 814-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 06/11/2019 (Info 664).

- Governador do Estado que desvia grande soma de recursos públicos de empresas estatais, utilizando esse dinheiro
para custear sua campanha de reeleição, pratica o crime de peculato-desvio. As empresas estatais gozam de autonomia
administrativa e financeira. Mesmo assim, pode-se dizer que o Governador tem a posse do dinheiro neste caso? É
possível. Isso porque a posse necessária para configuração do crime de peculato deve ser compreendida não só como a
disponibilidade direta, mas também como disponibilidade jurídica, exercida por meio de ordens. STJ. 5ª Turma. REsp
1.776.680-MG, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 11/02/2020 (Info 666)

- O pagamento de remuneração a funcionários fantasmas não configura apropriação ou desvio de verba


pública, previstos pelo art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67. O pagamento de salário não configura
apropriação ou desvio de verba pública, previstos pelo art. 1º, I, do Decreto-Lei nº 201/67, pois a remuneração é
devida, ainda que questionável a contratação de parentes do Prefeito. STJ. 6ª Turma.AgRg no AREsp 1.162.086-SP,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020 (Info 667)

- Comete crime de desobediência (art. 330 do CP) o indivíduo que não atende a ordem dada pelo oficial de
justiça na ocasião do cumprimento de mandado de entrega de veículo, expedido no juízo cível . O indivíduo,

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depositário do bem, recusou-se a entregar o veículo ou a indicar sua localização. Essa conduta configura ato
atentatório à dignidade da justiça (art. 77, IV, do CPC/2015), havendo a previsão de multa processual (art. 77, § 2º).
Ocorre que a Lei afirma expressamente que a aplicação da multa ocorre sem prejuízo de responsabilização na esfera
penal. STF. 1ª Turma. HC 169417/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 28/4/2020 (Info 975).

- Desacato continua sendo crime. Vale ressaltar, no entanto, que, considerando que os agentes públicos em geral
estão mais expostos ao escrutínio e à crítica dos cidadãos, deles se exige maior tolerância à reprovação e à
insatisfação, limitando-se o crime de desacato a casos graves e evidentes de menosprezo à função pública. STF.
Plenário. ADPF 496, Rel. Roberto Barroso, julgado em 22/06/2020 (Info 992 – clipping).

11. Crimes contra a ordem tributária

- Para a incidência do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 em caso de sonegação fiscal de tributos federais, é necessário
que o valor da dívida seja igual ou superior a R$ 1 milhão; se a sonegação fiscal for de tributos estaduais ou
municipais, deve-se analisar o que define a Fazenda local. STJ. 3ª Seção. REsp 1.849.120-SC, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 11/03/2020 (Info 668).

- A ausência de contumácia no não recolhimento do ICMS em operações próprias conduz ao reconhecimento da


atipicidade da conduta. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.867.109-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 25/08/2020
(Info 679).

- A teoria do domínio do fato não permite, isoladamente, que se faça uma acusação pela prática de qualquer
crime, eis que a imputação deve ser acompanhada da devida descrição, no plano fático, do nexo de causalidade
entre a conduta e o resultado delituoso. Caso concreto: a ré, sócia-proprietária da empresa, foi acusada de suprimir,
dolosamente, ICMS, no montante de R$ 600 mil, fraudando a fiscalização tributária por meio de inserção de
elementos inexatos e omissão de operação em documentos exigidos pela lei fiscal. A imputação foi baseada
unicamente na teoria do domínio do fato. Afirmou-se que é autor do delito aquele que detém o domínio da conduta, ou
seja, o domínio final da ação. Logo, é autor aquele que decide se o fato delituoso vai acontecer ou não,
independentemente dessa pessoa ter ou não realizado a conduta material de inserir elemento inexato em documento
exigido pela lei fiscal, por exemplo. O STJ não concordou com a imputação. STJ. 6ª Turma. REsp 1.854.893-SP, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020 (Info 681).

12. Organização criminosa

- A ação controlada prevista no § 1º do art. 8º da Lei nº 12.850/2013 independe de autorização, bastando sua
comunicação prévia à autoridade judicial. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 18/08/2020 (Info 677).

- É legal o auxílio da agência de inteligência ao Ministério Público Estadual durante procedimento criminal
instaurado para apurar graves crimes em contexto de organização criminosa. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677).

13. Lei de drogas

- Para fins do art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, milita em favor do réu a presunção de que ele é primário, possui bons
antecedentes e não se dedica a atividades criminosas nem integra organização criminosa; o ônus de provar o contrário
é do Ministério Público.
STF. 2ª Turma. HC 154694 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em
4/2/2020 (Info 965).

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- Mudança de entendimento (info 745 STJ) É possível que o juiz negue o benefício do § 4º do art. 33 da Lei de
Drogas com base no fato de o acusado ser investigado em inquérito policial ou ser réu em outra ação penal que
ainda não transitou em julgado?
• STJ: SIM. É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de
que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º
11.343/2006.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (Info 596).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 539.666/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 05/03/2020.
• STF: NÃO. Não se pode negar a aplicação da causa de diminuição pelo tráfico privilegiado, prevista no art. 33, § 4º,
da Lei nº 11.343/2006, com fundamento no fato de o réu responder a inquéritos policiais ou processos criminais em
andamento, mesmo que estejam em fase recursal, sob pena de violação ao art. 5º, LIV (princípio da presunção de não
culpabilidade).
STF. 1ª Turma. HC 173806/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967).
STF. 1ª Turma. HC 166385/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973).
STF. 2ª Turma. HC 144309 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 19/11/2018.

- O tráfico de drogas cometido em local próximo a igrejas não foi contemplado pelo legislador no rol das
majorantes previstas no inciso III do art. 40 da Lei nº 11.343/2006, não podendo, portanto, ser utilizado com
esse fim tendo em vista que no Direito Penal incriminador não se admite a analogia in malam partem. STJ. 6ª
Turma. HC 528.851-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/05/2020 (Info 671).

- O autor da conduta do art. 28 da LD deve ser encaminhado diretamente ao juiz, que irá lavrar o termo
circunstanciado e fará a requisição dos exames e perícias; somente se não houver juiz é que tais providências serão
tomadas pela autoridade policial; essa previsão é constitucional. STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia, julgado
em 29/06/2020 (Info 986 – clipping).

- A conduta de transportar folhas de coca melhor se amolda, em tese e para a definição de competência, ao tipo
descrito no § 1º, I, do art. 33 da Lei nº 11.343/2006, que criminaliza o transporte de matéria-prima destinada à
preparação de drogas. A folha de coca não é considerada droga; porém pode ser classificada como matéria-prima ou
insumo para sua fabricação. STJ. 3ª Seção. CC 172.464-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
10/06/2020 (Info 673).

- É atípica a conduta de importar pequena quantidade de sementes de maconha. STJ. 3ª Seção. EREsp
1.624.564-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/10/2020 (Info 683). STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915).

14. Estatuto do desarmamento

- O porte de arma branca é conduta que permanece típica na Lei das Contravenções Penais.
A jurisprudência do STJ é firme no sentido da possibilidade de tipificação da conduta de porte de arma branca como
contravenção prevista no art. 19 do DL 3.688/41, não havendo que se falar em violação ao princípio da intervenção
mínima ou da legalidade. STJ. 5ª Turma. RHC 56.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/03/2020 (Info
668).

- A Corte Especial do STJ decidiu que, uma vez realizado o registro da arma, o vencimento da autorização não
caracteriza ilícito penal, mas mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de
multa (APn n. 686/AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe de 29/10/2015). Tal entendimento,
todavia, é restrito ao delito de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei nº 10.826/2003), não se
aplicando ao crime de porte ilegal de arma. de fogo (art. 14), muito menos ao delito de porte ilegal de arma de fogo de
uso restrito (art. 16), cujas elementares são diversas e a reprovabilidade mais intensa. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp
885.281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 28/04/2020 (Info 671).

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- A posse irregular de arma de fogo de uso permitido, ainda que desmuniciada, configura o crime do art. 12 da
Lei n. 10.826/2003, delito de perigo abstrato que presume a ocorrência de risco à segurança pública e prescinde
de resultado naturalístico à integridade de outrem para ficar caracterizado. (AgRg no HC 595.567/SP, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2020, DJe 09/09/2020)

15. Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) – violência doméstica e familiar contra a mulher

- Lei 13.984/2020: acrescenta duas novas medidas protetivas de urgência a serem cumpridas pelo agressor (frequentar
centro de educação e de reabilitação e ter acompanhamento psicossocial).
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá
aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre
outras:
(...)
VI - comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e
VII - acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio.

- Constatada situação de vulnerabilidade, aplica-se a Lei Maria da Penha no caso de violência do neto praticada
contra a avó. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1.626.825-GO, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 05/05/2020 (Info
671).

- Se o fator determinante que ensejou a prática do crime foi a tenra idade da vítima fica afastada a vara de violência
doméstica e familiar? Ex: estupro de vulnerável praticado por pai contra a filha, de 4 anos.
• SIM. Posição da 5ª Turma do STJ: Se o fato de a vítima ser do sexo feminino não foi determinante para a
caracterização do crime de estupro de vulnerável, mas sim a tenra idade da ofendida, que residia sobre o mesmo teto
do réu, que com ela manteve relações sexuais, não há que se falar em competência do Juizado Especial de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado
em 23/08/2018.
• NÃO. Julgado recente da 6ª Turma do STJ: A idade da vítima é irrelevante para afastar a competência da vara
especializada em violência doméstica e familiar contra a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da Penha. STJ. 6ª
Turma. RHC 121.813-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

16. Lavagem de dinheiro

- É inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público indiciado em inquérito


policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. Com base nesse
entendimento, o STF declarou inconstitucional o art. 17-D da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/98): Art. 17-
D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos
previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno. O afastamento do
servidor somente se justifica quando ficar demonstrado nos autos que existe risco caso ele continue no desempenho de
suas funções e que o afastamento é medida eficaz e proporcional para se tutelar a investigação e a própria
Administração Pública. Tais circunstâncias precisam ser apreciadas pelo Poder Judiciário. STF. Plenário. ADI
4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).

17. Lei Antiterrorismo

- Importante!!!
A tipificação da conduta descrita no art. 5º da Lei Antiterrorismo (atos preparatórios de terrorismo) exige a
motivação por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, expostas no art.
2º do mesmo diploma legal.
STJ. 6ª Turma. HC 537.118-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/12/2019 (Info 663).

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18. Crimes do Código de Trânsito

- É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista
profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.
O direito ao exercício de atividades profissionais (art. 5º, XIII) não é absoluto e a restrição imposta pelo legislador se
mostra razoável. STF. Plenário. RE 607107/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/2/2020 (repercussão geral
– Tema 486) (Info 966).

- A majorante do art. 302, § 1º, II, do CTB será aplicada tanto quando o agente estiver conduzindo o seu veículo pela
via pública e perder o controle do veículo automotor, vindo a adentrar na calçada e atingir a vítima, como quando
estiver saindo de uma garagem ou efetuando qualquer manobra e, em razão de sua desatenção, acabar por atingir e
matar o pedestre. Assim, aplica-se a referida causa de aumento de pena na hipótese em que o condutor do veículo
transitava pela via pública e, ao efetuar manobra, perdeu o controle do carro, subindo na calçada e atropelando a
vítima. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1.499.912-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 05/03/2020 (Info
668).

- É constitucional o tipo penal que prevê o crime de fuga do local do acidente (art. 305 do CTB). STF. Plenário. ADC
35/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 9/10/2020 (Info 994).

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XI. Direito Processual Penal

1. Investigação criminal

- Importante!!! O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas pelos colaboradores que o
incriminem, desde que já documentadas e que não se refiram à diligência em andamento que possa ser
prejudicada. STF. 2ª Turma. Rcl 30742 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 4/2/2020 (Info 965).

- A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado ao avistar a
polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem
o seu consentimento ou sem determinação judicial. STJ. 5ª Turma. RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 18/02/2020 (Info 666).

- Para ser decretada a medida de busca e apreensão, é necessário que haja indícios mais robustos que uma simples
notícia anônima. STF. 2ª Turma. HC 180709/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).

- É constitucional a Portaria GP 69/2019, por meio da qual o Presidente do STF determinou a instauração do Inquérito
4781, com o intuito de apurar a existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e
atos que podem configurar crimes contra a honra e atingir a honorabilidade e a segurança do STF, de seus membros e
familiares. STF. Plenário. ADPF 572 MC/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17 e 18/6/2020 (Info 982).

- Nulidade reconhecida por dois fundamentos: i) juiz, ao analisar a homologação de colaboração premiada, fez
diversas perguntas para reforçar a acusação; ii) juiz, depois das alegações finais, determinou a juntada, de ofício, de
documentos utilizados para condenar o réu. STF. 2ª Turma. RHC 144615 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red.
p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/8/2020 (Info 988).

- A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, criando, no ordenamento jurídico pátrio, o
instituto do acordo de não persecução penal (ANPP). A Lei nº 13.964/2019, no ponto em que institui o ANPP, é
considerada lei penal de natureza híbrida, admitindo conformação entre a retroatividade penal benéfica e o tempus
regit actum. O ANPP se esgota na etapa pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua não
homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de recebimento da denúncia. O
recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual, devendo ser considerados válidos os atos praticados em
conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a retroatividade penal benéfica incide para permitir que o
ANPP seja viabilizado a fatos anteriores à Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. Assim,
mostra-se impossível realizar o ANPP quando já recebida a denúncia em data anterior à entrada em vigor da
Lei nº 13.964/2019. STJ. 5ª Turma. HC 607.003-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020
(Info 683). STF. 1ª Turma. HC 191464 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.

2. Provas

- Advogado que teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu de volta os documentos do caso, não pode depor
como testemunha no processo porque a conduta da parte demonstra que ela não liberou o causídico do sigilo
profissional que ele deve respeitar.
STF. 2ª Turma. Rcl 37235/RR. Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/2/2020 (Info 967).

- Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante abertura de carta,
telegrama, pacote ou meio análogo. STF. Plenário. RE 1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min.
Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 1041) (Info 993).

- Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade falsa, apenas
representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se infiltrar na organização criminosa
com o propósito de identificar e angariar a confiança de seus membros ou obter provas sobre a estrutura e o

60
funcionamento do bando. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020
(Info 677).

- As inovações do Pacote Anticrime na Lei n. 9.296/1996 não alteraram o entendimento de que é lícita a prova
consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro. STJ. 6ª
Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677)

- A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de
modificação ou de concentração da competência. Assim, ainda que o agente colaborador aponte a existência de
outros crimes e que o juízo perante o qual foram prestados seus depoimentos ou apresentadas as provas que
corroborem suas declarações ordene a realização de diligências (interceptação telefônica, busca e apreensão etc.) para
sua apuração, esses fatos, por si sós, não firmam sua prevenção. STF. 2ª Turma. HC 181978 AgR/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 999).

- Não há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em apartamento
que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de
residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime permanente.
STJ. 5ª Turma. HC 588.445-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/08/2020 (Info 678).

3. Prisão

- Importante!!!
A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva cumprido fora do âmbito territorial da
jurisdição do Juízo que a determinou, deve ser efetivada por meio da condução do preso à autoridade judicial
competente na localidade em que ocorreu a prisão. Não se admite, por ausência de previsão legal, a sua
realização por meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a custódia cautelar.
STJ. 3ª Seção. CC 168.522-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/12/2019 (Info 663)

- Importante! A prisão domiciliar do art. 318 do CPP só se aplica para os casos de prisão preventiva, não
podendo ser utilizado quando se tratar de execução definitiva de título condenatório (sentença condenatória
transitada em julgado).
Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças
ou pessoas com deficiência se já houver sentença condenatória transitada em julgado e ela não preencher os requisitos
do art. 117 da LEP. STF. 1ª Turma. HC 177164/PA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967).

- A manutenção da prisão preventiva exige a demonstração de fatos concretos e atuais que a justifiquem.
A reforma legislativa operada pelo chamado “Pacote Anticrime” (Lei nº 13.964/2019) introduziu a revisão periódica
dos fundamentos da prisão preventiva, por meio da inclusão do parágrafo único ao art. 316 do CPP.
Assim, a prisão preventiva é decretada sem prazo determinado. Contudo, o CPP agora prevê que o juízo que decretou
a prisão preventiva deverá, a cada 90 dias, proferir uma nova decisão analisando se ainda está presente a necessidade
da medida. Isso significa que a manutenção da prisão preventiva exige a demonstração de fatos concretos e atuais que
a justifiquem. STF. 2ª Turma. HC 179859 AgR/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/3/2020 (Info 968).

- "Em casos como o dos autos, em que a mulher, ao realizar visita a detento em presídio, tenta entregar-lhe drogas ou
documentos, geralmente escondidos em sua genitália, a problemática social criada pela sua prisão preventiva é maior
do que se lhe for imposta medida cautelar consistente na proibição de visitação a esses presídios" (HC 446.795/SP,
Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, julgado em 4/9/2018, DJe 14/9/2018). (HC 483.826/MG, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 21/03/2019, DJe 09/04/2019)

- Não é possível a decretação “ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em juízo ou no curso de
investigação penal), inclusive no contexto de audiência de custódia, sem que haja, mesmo na hipótese da

61
conversão a que se refere o art. 310, II, do CPP, prévia, necessária e indispensável provocação do Ministério
Público ou da autoridade policial.
A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º, e do art. 311, ambos do
CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio requerimento das partes ou
representação da autoridade policial.
Logo, não é mais possível, com base no ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo
processante em tema de privação cautelar da liberdade.
A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2º e do art. 311, significando que se
tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante de
qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal
provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou do assistente do MP.
STJ. 5ª Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020.
STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).

- A audiência de custódia (ou de apresentação) constitui direito público subjetivo, de caráter fundamental ,
assegurado por convenções internacionais de direitos humanos a que o Estado brasileiro aderiu, já incorporadas ao
direito positivo interno (Convenção Americana de Direitos Humanos e Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos). Traduz prerrogativa não suprimível assegurada a qualquer pessoa. Sua imprescindibilidade tem o
beneplácito do magistério jurisprudencial (ADPF 347 MC) e do ordenamento positivo doméstico (Lei nº 13.964/2019
e Resolução 213/2015 do CNJ). STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).

- A ausência da realização da audiência de custódia qualifica-se como causa geradora da ilegalidade da própria
prisão em flagrante, com o consequente relaxamento da privação cautelar da liberdade. Se o magistrado deixar
de realizar a audiência de custódia e não apresentar uma motivação idônea para essa conduta, ele estará sujeito à
tríplice responsabilidade, nos termos do art. 310, § 3º do CPP. STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello,
julgado em 6/10/2020 (Info 994).

- A inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do Código de Processo Penal 5 não implica automática
revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a reavaliar a legalidade e a atualidade
de seus fundamentos. STF. Plenário. SL 1395 MC Ref/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14 e 15/10/2020 (Info
995).

- Tem direito à substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar — desde que observados os requisitos
do art. 318 do Código de Processo Penal e não praticados crimes mediante violência ou grave ameaça ou contra
os próprios filhos ou dependentes — os pais, caso sejam os únicos responsáveis pelos cuidados de menor de 12
anos ou de pessoa com deficiência, bem como outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem
imprescindíveis aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência. STF. 2ª Turma. HC
165704/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/10/2020 (Info 996).

- A obrigação de revisar, a cada 90 dias, a necessidade de se manter a custódia cautelar (art. 316, parágrafo
único, do CPP) é imposta apenas ao juiz ou tribunal que decretar a prisão preventiva. A norma contida no
parágrafo único do art. 316 do CPP não se aplica aos Tribunais de Justiça e aos Tribunais Regionais Federais, quando
em atuação como órgão revisor. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 569.701/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
09/06/2020. STJ. 6ª Turma. HC 589.544-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 08/09/2020 (Info 680).

- Em razão da Covid-19, o STJ determinou a soltura de todos os presos que tiveram a liberdade provisória
condicionada ao pagamento de fiança. STJ. 3ª Seção. HC 568.693-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
14/10/2020 (Info 681).

5
Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante
decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

62
4. Competência

- Depois de anos sendo investigado em inquérito que tramitava no STF, o Ministro Relator declinou a competência
para apurar os crimes porque os fatos ocorreram antes de o investigado ser Deputado Federal; logo, aplica-se o
entendimento firmado na AP 937 QO.
STF. 2ª Turma. Pet 7716 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/2/2020 (Info 967).

- Compete à Justiça comum (Tribunal do Júri) o julgamento de homicídio praticado por militar contra outro quando
ambos estejam fora do serviço ou da função no momento do crime. STJ. 3ª Seção. CC 170.201-PI, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 11/03/2020 (Info 667).

- Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins medicinais, o
cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte em outra unidade da
federação, quando não demonstrada a internacionalidade da conduta. STJ. 3ª Seção. CC 171.206-SP, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673).

- Ausentes os elementos que revelem ter havido evasão de divisas ou lavagem de dinheiro em detrimento de
interesses da União, compete à Justiça Estadual processar e julgar crimes relacionados a pirâmide financeira
em investimento de grupo em criptomoeda. A captação de recursos decorrente de “pirâmide financeira” não se
enquadra no conceito de atividade financeira, razão pela qual o deslocamento do feito para a Justiça Federal se
justifica apenas se demonstrada a prática de evasão de divisas ou de lavagem de dinheiro em detrimento de bens e
serviços ou interesse da União. STJ. 3ª Seção. CC 170.392-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020
(Info 673).

- Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material
pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou adolescente, quando praticados por meio da
rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990). STF. Plenário. RE 628624 ED,
Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 393) (Info 990 – clipping).

5. Procedimento

- O fato de ter havido prescrição da pretensão punitiva não impede o ajuizamento ou a continuidade da ação civil ex
delicto. STJ. 3ª Turma. REsp 1.802.170-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).

- A falta de abertura de prazo, após o encerramento da instrução, para manifestação das partes acerca do interesse na
feitura de diligências complementares constitui nulidade relativa, cujo reconhecimento pressupõe que o
inconformismo seja veiculado em momento oportuno, ou seja, quando da apresentação de alegações finais. STF. 1ª
Turma. HC 147584/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980).

- A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração
(art. 387, IV, do CPP) poderá condenar o réu ao pagamento de danos morais coletivos. STF. 2ª Turma. AP 1002/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981).

- A Ordem dos Advogados do Brasil não tem legitimidade para atuar como assistente de defesa de advogado
réu em ação penal. Isso porque, no processo penal, a assistência é apenas da acusação, não existindo a figura do
assistente de defesa. STJ. 5ª Turma.RMS 63.393-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/06/2020
(Info 675).

- É constitucional a multa imposta ao defensor por abandono do processo, prevista no art. 265 do CPP 6. A multa
do art. 265 do CPP não ofende o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal ou a presunção de não

6
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de
multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

63
culpabilidade. Não há necessidade de instauração de processo autônomo e de manifestação prévia do defensor, no
entanto, é possível que ele, posteriormente, se justifique por meio de pedido de reconsideração. Outra alternativa é a
impetração de mandado de segurança. STF. Plenário. ADI 4398, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 05/08/2020
(Info 993).

- É possível a fixação de astreintes em desfavor de terceiros, não participantes do processo, pela demora ou não
cumprimento de ordem emanada do Juízo Criminal. STJ. 3ª Seção. REsp 1.568.445-PR, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/06/2020 (Info 677).

- É possível ao juízo criminal efetivar o bloqueio via Bacen-Jud ou a inscrição em dívida ativa dos valores
arbitrados a título de astreintes. STJ. 3ª Seção. REsp 1.568.445-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel. Acd. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 24/06/2020 (Info 677).

- No caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de prescrição da pena máxima
em abstrato cominada ao crime. STF. Plenário. STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 438) (Info 1001). No mesmo sentido: Súmula 415-STJ: O período de
suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.

- Não há impedimento ou suspeição de integrantes de Colegiado do STJ que apreciaram recurso especial e,
posteriormente, venham participar do julgamento de outro apelo raro oriundo de revisão criminal ajuizada na origem.
STJ. 3ª Seção. AgRg na ExSusp 209-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 12/08/2020 (Info 678).

6. Tribunal do Júri

- Não se deve anular a condenação do réu no júri por ausência de defesa no caso em que o advogado fez sustentação
oral por apenas 3 minutos, sendo que, antes disso, o Ministério Público já havia pedido a absolvição.
Consolidou-se no âmbito dos Tribunais Superiores o entendimento de que apenas a absoluta falta de defesa constitui
nulidade absoluta da ação penal. Se a alegação é a de que a defesa foi insuficiente, o julgamento só deverá ser anulado
e ficar demonstrado o efetivo prejuízo. Isso porque a defesa insuficiente é hipótese de nulidade relativa. Nesse sentido
é a Súmula 523 do STF 7. Não se pode classificar como insatisfatória a atuação do advogado, que exerceu a defesa de
acordo com a estratégia que considerou melhor no caso. STF. 2ª Turma. HC 164535 AgR/RJ, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 17/3/2020 (Info 970)

- O desaforamento é medida excepcional, cabível apenas quando comprovada por fatos objetivos e concretos a
parcialidade do Conselho de Sentença. A simples presunção de que os jurados poderiam ter sido influenciados por
ampla divulgação do caso pela mídia e a mera suspeita acerca da parcialidade dos jurados não justificam a adoção
dessa medida excepcional. STJ. 5ª Turma. HC 492.964-MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info
668).

7. Recursos

- Depois do trânsito em julgado, defesa impetrou HC pedindo a anulação do acórdão do TJ; STJ concedeu a ordem; TJ
rejulgou e manteve a condenação; MP interpõe recurso especial para aumentar a pena; STJ não pode majorar a pena
porque isso seria reformatio in pejus indireta.
STJ. 3ª Seção. RvCr 4.853-SC, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado
em 27/11/2019 (Info 663).

- A apelação criminal é o recurso adequado para impugnar a decisão que recusa a homologação do acordo de
colaboração premiada, mas ante a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da

7
Súmula 523: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo
para o réu.

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fungibilidade. STJ. 6ª Turma. REsp 1.834.215-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020 (Info
683).

8. Ações autônomas de impugnação

- Cabe habeas corpus contra decisão monocrática de Ministro do STF. O habeas corpus é cabível contra ato
individual formalizado por integrante do Supremo.
STF. Plenário. HC 130620/RR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 30/04/2020.
E a Súmula 606 do STF (“Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do
plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.”)?
A posição mais atual é no sentido de que a Súmula 606 do STF abrange apenas ato de colegiado (Turma ou Plenário),
não sendo aplicável, portanto, para ato individual de Ministro do STF. Logo, o entendimento que levou à edição da
Súmula 606 do STF não proíbe habeas corpus contra ato de Ministro do STF.

- Não é admissível a impetração de mandado de segurança contra ato jurisdicional que defere o desbloqueio de bens e
valores. Isso porque se trata de decisão definitiva que, apesar de não julgar o mérito da ação, coloca fim ao
procedimento incidente. O procedimento adequado para a restituição de bens é o incidente legalmente previsto para
este fim. O instrumento processual para impugnar a decisão que resolve esse incidente é a apelação, sendo incabível a
utilização de mandado de segurança como sucedâneo do recurso legalmente previsto. STJ. 6ª Turma. REsp 1.787.449-
SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/03/2020 (Info 667).

- O habeas corpus, quando impetrado de forma concomitante com o recurso cabível contra o ato impugnado,
será admissível apenas se:
a) for destinado à tutela direta da liberdade de locomoção ou
b) se traduzir pedido diverso do objeto do recurso próprio e que reflita mediatamente na liberdade do paciente.
Nas demais hipóteses, o habeas corpus não deve ser admitido e o exame das questões idênticas deve ser
reservado ao recurso previsto para a hipótese, ainda que a matéria discutida resvale, por via transversa, na
liberdade individual. STJ. 3ª Seção. HC 482.549-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/03/2020 (Info
669).

- O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão. Isso
porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o estabelecimento da custódia, alcançando-se o direito de ir
e vir. STF. 1ª Turma. HC 170735/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
30/6/2020 (Info 984).

- Não cabe pedido de habeas corpus originário para o Tribunal Pleno contra ato de Ministro ou outro órgão
fracionário da Corte. Ex: não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva
de investigado ou réu.
Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado 606 da Súmula do STF. Súmula 606-STF: Não
cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus
ou no respectivo recurso. STF. Plenário. HC 162285 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
19/12/2019 (Info 964) STF. Plenário. HC 170263, Rel. Edson Fachin, julgado em 22/06/2020 (Info 985 – clipping)

9. Procedimento penal da Lei 9099/95

- A suspensão será obrigatoriamente revogada se, no curso do prazo o beneficiário vier a ser processado por outro
crime (art. 89, § 3º da Lei nº 9.099/95). Trata-se de causa de revogação obrigatória. Por outro lado, a suspensão poderá
ser revogada pelo juiz se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção (art. 89, § 4º). Trata-se
de causa de revogação facultativa. O processamento do réu pela prática da conduta descrita no art. 28 da Lei de
Drogas no curso do período de prova deve ser considerado como causa de revogação FACULTATIVA da suspensão
condicional do processo. A contravenção penal tem efeitos primários mais deletérios que o crime do art. 28 da Lei de
Drogas. Assim, mostra-se desproporcional que o mero processamento do réu pela prática do crime previsto no art. 28

65
da Lei nº 11.343/2006 torne obrigatória a revogação da suspensão condicional do processo, enquanto o processamento
por contravenção penal ocasione a revogação facultativa. STJ. 5ª Turma. REsp 1.795.962-SP, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 10/03/2020 (Info 668).

- Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das infrações penais de menor
potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam julgadas por outro juízo com vis atractiva
para o crime de maior gravidade, pela conexão ou continência, observados, quanto àqueles, os institutos
despenalizadores, quando cabíveis. STF. Plenário. ADI 5264/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020
(Info 1001).

10. Execução penal

- No processo administrativo disciplinar que apura a prática de falta grave, não há obrigatoriedade de que o
interrogatório do sentenciado seja o último ato da instrução, bastando que sejam respeitados o contraditório e a
ampla defesa, e que um defensor esteja presente.
Julgados: HC 483451/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
26/02/2019, DJe 15/03/2019;

- No processo administrativo disciplinar instaurado para apuração de falta grave supostamente praticada no
curso da execução penal, a inexistência de defesa técnica por advogado na oitiva de testemunhas viola os
princípios do contraditório e da ampla defesa e configura causa de nulidade do PAD.
O Plenário do col. Pretório Excelso, em julgamento do RE n. 398.269/RS, Rel. Exmo. Min. Gilmar Mendes, DJe
26/2/2010, concluiu pela inaplicabilidade da Súmula Vinculante n. 5 aos procedimentos administrativos disciplinares
realizados em sede de execução penal, ressaltando a imprescindibilidade da defesa técnica nesses procedimentos, sob
pena de afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa, aos ditames da LEP e à legislação processual penal.
Julgados: HC 517663/MG, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2019, DJe 11/10/2019; HC 484815/RS, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 11/04/2019, DJe 22/04/2019;

- É necessária a individualização da conduta para reconhecimento de falta grave praticada pelo apenado em autoria
coletiva, não se admitindo a sanção coletiva a todos os participantes indistintamente. Julgados: AgRg no HC
557417/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/03/2020, DJe 23/03/2020.

- A prática de falta grave durante a execução permite a regressão de regime de pena per saltum (art. 118, I, da LEP),
sendo desnecessária a observância da forma progressiva estabelecida no art. 112 da mesma lei. Julgados: AgRg no
REsp 1773347/RO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
27/11/2018, DJe 10/12/2018.

- A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação realizada na presença do
defensor e do Ministério Público, afasta a necessidade de prévio Procedimento Administrativo Disciplinar
(PAD), assim como supre eventual ausência ou insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a
prática de falta grave durante o cumprimento da pena. STF. Plenário. RE 972598, Rel. Roberto Barroso, julgado
em 04/05/2020 (Repercussão Geral –Tema 941) (Info 985 – clipping).

- O art. 126 da Lei de Execuções Penais prevê duas hipóteses de remição da pena: por trabalho ou por estudo. Para fins
de remição da pena pelo trabalho, a jornada não pode ser superior a 8 horas. O STJ, contudo, entende que eventuais
horas extras devem ser computadas quando excederem a oitava hora diária, hipótese em que se admite o cômputo do
excedente para fins de remição de pena. No caso da remição pelo estudo, o reeducando poderá remir 1 dia de pena a
cada 12 horas de atividade, divididas, no mínimo, em 3 dias. O STJ entende que, se o reeducando estudar mais que
12 horas, isso deverá ser considerado para fins de remição da pena. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1720688/SC,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 06/10/2020. STJ. 6ª Turma. HC 461.047-SP, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 04/08/2020 (Info 677).

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- O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no curso da
execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo do conhecimento, desde que a
apuração do ilícito disciplinar ocorra com observância do devido processo legal, do contraditório e da ampla
defesa, podendo a instrução em sede executiva ser suprida por sentença criminal condenatória que verse sobre
a materialidade, a autoria e as circunstâncias do crime correspondente à falta grave. STF. Plenário. RE 776823,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 758) (Info 1001).

- A Lei nº 13.769/2018 incluiu o § 3º no art. 112 da Lei de Execuções Penais - LEP, prevendo progressão de regime
especial. Esse § 3º afirmou que a mulher gestante ou que for mãe/responsável por crianças ou pessoas com deficiência
poderá progredir de regime com 1/8 da pena cumprida (o que é um tempo menor do que a regra geral), mas desde que
cumpridos alguns requisitos elencados no dispositivo.
Um dos requisitos para ter direito a essa progressão especial está no fato de que a reeducanda não pode ter “integrado
organização criminosa” (inciso V). Esse requisito deve ser interpretado de acordo com a definição de organização
criminosa da Lei nº 12.850/2013. Logo, essa expressão (“organização criminosa”) não pode ser interpretada em
sentido amplo para abranger toda e qualquer associação criminosa. A pessoa só estará impedida de gozar da
progressão com base nesse inciso em caso de ter praticado o crime previsto na Lei nº 12.850/2013. STJ. 6ª Turma.
HC 522.651-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 04/08/2020 (Info 678)

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XII. Direito Tributário

1. Tributos federais

- Súmula vinculante 58: Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à entrada de insumos isentos,
sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis, o que não contraria o princípio da não cumulatividade. STF. Plenário.
Aprovada em 24/04/2020.

- O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que cabe a retenção do Imposto de Renda na fonte por
ocasião do pagamento de honorários advocatícios decorrentes de decisão judicial. (REsp 1836855/PR, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/10/2019, DJe 29/10/2019)

- Havendo mero deslocamento para outro estabelecimento ou para outra localidade, permanecendo o produto sob o
domínio do contribuinte, não haverá incidência do IPI. STJ. 1ª Turma. REsp 1.402.138-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 12/05/2020 (Info 672).

- Encontra-se superado o entendimento exposto na Súmula 584 do STF: Súmula 584-STF: Ao imposto de renda
calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser
apresentada a declaração. Esse enunciado é incompatível com os princípios da irretroatividade e da anterioridade. Por
essa razão, o STF decidiu pelo cancelamento do verbete. STF. Plenário. RE 159180, Rel. Marco Aurélio, julgado em
22/06/2020 (Info 987 – clipping).

- Não incide imposto de renda sobre o valor recebido a título de ajuda compensatória mensal prevista no art. 476-A da
CLT (lay-off). STJ. 2ª Turma. REsp 1.854.404-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 02/06/2020 (Info 678).

2. IPTU

- São constitucionais as leis municipais anteriores à Emenda Constitucional n° 29/2000, que instituíram alíquotas
diferenciadas de IPTU para imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais. STF. Plenário. RE
666156, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 523) (Info 982 – clipping).

3. ISS

- A lista de serviços que podem ser objeto de ISS (atualmente prevista na LC 116/2003) é uma lista taxativa, mas que
comporta interpretação extensiva, para abarcar outros serviços correlatos (similares) àqueles ali expressamente
previstos. STF. Plenário. RE 784439, Rel. Rosa Weber, julgado em 29/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 296) (Info
991 – clipping).

- Incide ISS sobre as operações de venda de medicamentos preparados por farmácias de manipulação sob
encomenda. Incide ICMS sobre as operações de venda de medicamentos por elas ofertados aos consumidores
em prateleira. STF. Plenário. RE 605552, Rel. Dias Toffoli, julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 379)
(Info 994 – clipping).

4. ITBI

- A nulidade de negócio jurídico de compra e venda de imóvel viabiliza a restituição do valor recolhido pelo
contribuinte a título de ITBI. Neste caso, conclui-se que não houve a transmissão da propriedade, estando ausente o
fato gerador do imposto. Logo, é devida a restituição do ITBI que foi pago. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.493.162-DF, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/10/2020 (Info 682).

68
5. ICMS

- Sacolas plásticas fornecidas aos clientes para o transporte ou acondicionamento de produtos, bem como bandejas,
não são insumos essenciais à atividade dos supermercados, de modo que não geram creditamento de ICMS. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.830.894-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/03/2020 (Info 666).

- I - Após a Emenda Constitucional 33/2001, é constitucional a incidência de ICMS sobre operações de


importação efetuadas por pessoa, física ou jurídica, que não se dedica habitualmente ao comércio ou à
prestação de serviços, devendo tal tributação estar prevista em lei complementar federal.
II - As leis estaduais editadas após a EC 33/2001 e antes da entrada em vigor da Lei Complementar 114/2002,
com o propósito de impor o ICMS sobre a referida operação, são válidas, mas produzem efeitos somente a
partir da vigência da LC 114/2002. STF. Plenário. RE 1221330, Rel. Luiz Fux, Relator p/ Acórdão: Alexandre de
Moraes, julgado em 16/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 1094) (Info 987 – clipping).

- A imunidade a que se refere o art. 155, § 2º, X, a, da CF não alcança operações ou prestações anteriores à operação
de exportação. STF. Plenário. RE 754917, Rel. Dias Toffoli, julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 475)
(Info 994).

- Mato Grosso do Sul tem direito exclusivo ao ICMS sobre importação de gás da Bolívia considerando que é nesse
Estado que está localizado o estabelecimento do destinatário jurídico do gás, ainda que ele seja enviado para outros
Estados logo em seguida. STF. Plenário. ACO 854/MS, ACO 1076/MS e ACO 1093/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgados em 22/10/2020 (Info 996).

- Dilatação volumétrica de combustível pelo calor não constitui fato gerador de ICMS. STJ. 1ª Turma. REsp
1.884.431-PB, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 08/09/2020 (Info 679).

6. Responsabilidade Tributária

- É inconstitucional a lei estadual que preveja que o administrador, o advogado, o economista e outros
profissionais teriam responsabilidade solidária em relação às obrigações tributárias de seus clientes.
Ao ampliar as hipóteses de responsabilidade de terceiros por infrações, prevista pelos arts. 134 e 135 do CTN, ou
tratar sobre o tema de maneira diferente, a lei estadual invade competência do legislador complementar federal para
estabelecer as normas gerais na matéria (art. 146, III, “b”, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4845/MT, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 13/2/2020 (Info 966).

- Verifica-se que o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento pacificado no sentido de que a matriz não tem
legitimidade para representar processualmente as filiais nos casos em que o fato gerador do tributo opera-se de
maneira individualizada em cada estabelecimento, como no caso dos autos. Nesse sentido: AgRg nos EDcl no REsp n.
1.427.132/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 7/8/2014, DJe 15/8/2014; AgRg no REsp
n. 1.232.736/RS, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 27/8/2013, DJe 6/9/2013. (AgInt no REsp
1694426/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/10/2019, DJe 03/10/2019)

- É possível condicionar o desembaraço aduaneiro de bens importados ao pagamento de diferenças apuradas


por arbitramento da autoridade fiscal, sem que isso afronte a Súmula 323 do STF 8, não configurando sanção
política. STF. Plenário. RE 1090591, Rel. Marco Aurélio, julgado em 16/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 1042)
(Info 994 – clipping)

- É constitucional lei que autoriza que o Fisco informe ao SERASA/SPC a relação dos devedores de tributos
(inciso I do § 3º do art. 20-B). É constitucional a comunicação da inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam
bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos serviços de proteção ao crédito e congêneres.STF.

8
Súmula 323: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos

69
Plenário. ADI 5881/DF, ADI 5886/DF, ADI 5890/DF, ADI 5925/DF, ADI 5931/DF e ADI 5932/DF, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 9/12/2020 (Info 1002).

- É constitucional a averbação, inclusive por meio eletrônico, da certidão de dívida ativa (CDA) nos órgãos de
registro de bens e direitos sujeitos a arresto ou penhora, relativamente aos créditos inscritos em dívida ativa da
União. STF. Plenário. ADI 5881/DF, ADI 5886/DF, ADI 5890/DF, ADI 5925/DF, ADI 5931/DF e ADI 5932/DF,
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 9/12/2020 (Info 1002).

- É inconstitucional a previsão legal que permite à Fazenda Nacional tornar indisponíveis,


administrativamente, bens dos contribuintes devedores para garantir o pagamento dos débitos fiscais a serem
executados. STF. Plenário. ADI 5881/DF, ADI 5886/DF, ADI 5890/DF, ADI 5925/DF, ADI 5931/DF e ADI
5932/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 9/12/2020 (Info 1002).

7. Contribuições

- É legítima a incidência de contribuição social, a cargo do empregador, sobre os valores pagos ao empregado a título
de terço constitucional de férias gozadas. STF. Plenário. RE 1072485, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
31/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 985) (Info 993 – clipping).

8. Taxas

- É inconstitucional a criação de taxa de combate a incêndios! A atividade desenvolvida pelo Estado no âmbito
da segurança pública é mantida ante impostos, sendo imprópria a substituição, para tal fim, de taxa. STF.
Plenário. ADI 4411, Rel. Marco Aurélio, julgado em 18/08/2020 (Info 992 – clipping).

9. Direito financeiro

- As restrições impostas pelos arts. 14, 16, 17 e 24 da LRF não se aplicam durante o estado de calamidade pública
decorrente do coronavírus. STF. Plenário. ADI 6357 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
13/5/2020 (Info 977).

- Lei estadual não pode autorizar que o Estado utilize recursos de depósitos judiciais, em percentuais e para finalidades
diferentes daquilo que é previsto na legislação federal. STF. Plenário. ADI 5080, Rel. Luiz Fux, julgado em
15/04/2020.

10. Imunidades e Isenções

- A norma imunizante contida no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal alcança as receitas decorrentes de
operações indiretas de exportação caracterizadas por haver participação negocial de sociedade exportadora
intermediária. STF. Plenário. ADI 4735/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 12/2/2020 (Info 966).

- Súmula 640-STJ: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as
Empresas Exportadoras (REINTEGRA) alcança as operações de venda de mercadorias de origem nacional para a
Zona Franca de Manaus, para consumo, industrialização ou reexportação para o estrangeiro.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 18/02/2020, DJe 19/02/2020.

- Súmula vinculante 57: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e
comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados para
fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias.
STF. Plenário. Aprovada em 15/04/2020.

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- A imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da Constituição) impede que os entes públicos criem uns para os
outros obrigações relacionadas à cobrança de impostos, mas não veda a imposição de obrigações acessórias. As
obrigações acessórias sejam instituídas por meio de atos infralegais. STF. Plenário. ACO 1098, Rel. Roberto Barroso,
julgado em 11/05/2020 (Info 980).

- Não incide IPVA sobre veículo automotor adquirido, mediante alienação fiduciária, por pessoa jurídica de
direito público. STF. Plenário. RE 727851, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Repercussão Geral – Tema
685) (Info 985).

- Sociedade de economia mista, cujas ações são negociadas na Bolsa, e que está voltada à remuneração do
capital de seus controladores ou acionistas, não tem direito à imunidade tributária recíproca, mesmo que preste
serviço público. STF. Plenário. RE 600867, Rel. Joaquim Barbosa, Relator p/ Acórdão Luiz Fux, julgado em
29/06/2020 (Repercussão Geral – Tema 508) (Info 993 – clipping).

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