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MEDITAÇÃO DA ROSACRUZ

(extraído do capítulo “O conhecimento dos mundos superiores” do livro –


A Ciência Oculta – esboço de uma cosmovisão supra sensorial)
Imaginemos uma planta — como ela se enraíza no solo, como produz folha
por folha, como desabrocha em flor. E agora imaginemos um homem
postado ao lado dessa planta. Tornemos vivo em nossa alma o pensamento
a respeito de como o homem possui qualidades e faculdades que, frente às
da planta, podem ser chamadas de mais perfeitas. Consideremos como ele,
de acordo com seus sentimentos e sua vontade, pode dirigir-se de um lugar
a outro, enquanto a planta está presa ao solo. Mas também ponderemos o
seguinte: sim, certamente o homem é mais perfeito do que a planta; mas em
compensação me deparo, nele, com características que não observo na
planta e por cuja ausência esta me pode parecer, em certo sentido, mais
perfeita do que o homem. O homem está preenchido por desejos e paixões,
que ele segue em sua conduta. Em seu caso, posso falar de erros por causa
de seus impulsos e paixões. No caso da planta, vejo como ela segue as
puras leis do crescimento folha por folha, e como abre impassivelmente
suas flores aos castos raios do sol. Posso dizer a mim mesmo: o homem
tem certa perfeição precedente à planta, mas pagou por essa perfeição ao
permitir que às forças da planta em seu ser, as quais me parecem tão puras,
se acrescentem instintos, apetites e paixões. Então imagino a seiva verde
fluindo através da planta, sendo a expressão para as puras leis
desapaixonadas do crescimento. Depois penso como o sangue vermelho
circula pelas veias do homem, sendo expressão para os instintos, apetites e
paixões. Deixo tudo isso surgir em minha alma como um pensamento vivo.
A seguir considero como o homem é capaz de evoluir; como pode depurar
e purificar seus instintos e paixões mediante suas faculdades anímicas
superiores. Imagino como, dessa maneira, um elemento inferior é destruído
nesses instintos e paixões, que renascem num nível superior. Então é
possível imaginar o sangue como a expressão dos instintos e paixões
depurados e purificados. Agora, por exemplo, dirijo o olhar espiritual à
rosa e digo a mim mesmo: na seiva vermelha da rosa vejo a cor da seiva
vegetal verde transmutada em vermelho; e a rosa vermelha segue, tanto
quanto a folha verde, as puras e desapaixonadas leis do crescimento. O
vermelho da rosa poderá ser, para mim, o símbolo de um sangue expressivo
de instintos e paixões depurados, que se despojaram do elemento inferior e,
em sua pureza, igualam-se às forças atuantes na rosa vermelha. Procuro
agora não apenas elaborar tais pensamentos em meu intelecto, mas também
torná-los vivos em meu sentimento. Posso experimentar uma sensação de
bem-aventurança ao representar mentalmente a pureza e a ausência de
paixão na planta em crescimento; posso produzir em mim o sentimento de
como certas perfeições superiores devem ser obtidas à custa de instintos e
paixões. Isso pode transformar a bem-aventurança, sentida por mim
anteriormente, num sentimento grave; então se agita em mim um
sentimento de alegria libertadora quando me entrego ao pensamento do
sangue vermelho, que pode tornar-se o portador de puras vivências
interiores, tal como a seiva vermelha da rosa. O importante é não ficar
impassível diante dos pensamentos que servem à construção de uma
representação mental simbólica. Depois de percorridos tais pensamentos e
sentimentos, deve-se transformá-los na seguinte representação mental
simbólica: Imagine-se uma cruz negra; seja ela símbolo para o elemento
inferior dos instintos e paixões; e no ponto onde os eixos da cruz se tocam e
se cruzam, imaginem-se sete rosas vermelhas resplandecentes, ordenadas
em círculo. Sejam essas rosas o símbolo para um sangue que é a expressão
para paixões e instintos progressivamente depurados e purificados. Uma
representação simbólica como essa será evocada na alma do mesmo modo
como no caso de uma representação mental recordativa. Tal representação
mental tem uma força despertadora da alma quando nos entregamos a ela
em profunda interiorização. Deve-se procurar excluir qualquer outra
representação mental durante o aprofundamento. Simplesmente o símbolo
caracterizado deve pairar espiritualmente diante da alma, de modo tão vivo
quanto possível. Não é sem razão que esse símbolo foi indicado aqui não
simplesmente como uma representação mental despertadora, mas tendo
sido primeiro construído por meio de representações relativas a plantas e ao
homem. É que o efeito de tal símbolo depende de este ter sido configurado
da maneira descrita, antes de o empregarmos na interiorização. Se o
imaginarmos sem primeiro termos percorrido essa elaboração na própria
alma, ele permanecerá frio e muito menos eficaz do que se houvesse
recebido sua força iluminadora da alma mediante preparo. Contudo,
durante a interiorização não se deve evocar na alma todos os pensamentos
preparatórios, mas apenas ter, em espírito, o símbolo pairando vivamente e,
nesse caso, deixar vibrar também aquela sensação que se instalou como
resultado dos pensamentos preparatórios. Assim o símbolo se torna um
signo ao lado da vivência da sensação, e é na demora da alma nessa
vivência que reside o aspecto atuante. Quanto mais ela se possa demorar
sem que outra representação mental perturbadora venha imiscuir-se, mais
eficaz será todo o processo.

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