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RESUMO
Os desafios impostos pela crise socioambiental têm levado a busca por ações que
sejam sustentáveis, que promovam a cidadania, a democracia e as relações mais
justas. Pensando nisso, esse artigo foi desenvolvido a partir de uma revisão
bibliográfica sobre a ecopedagogia, movimento que defende uma educação
transformadora e emancipatória. Para compreender esse movimento o estudo tem
como foco as contribuições do educador Moacir Gadotti, que aponta a importância
da educação formal para uma consciência planetária. Neste trabalho, a fase da
educação básica estudada é o ensino fundamental – anos finais, momento de
grande desenvolvimento da autonomia dos estudantes. Para compreender a
possibilidade de implementar a ecopedagogia no ensino fundamental – anos finais
foi realizada um estudo de documentos legais, com foco nos PCNS – Parâmetros
Curriculares Nacionais e na BNCC – Base Nacional Comum Curricular por trazerem
temas importantes para a contemporaneidade. O artigo descreve de forma breve o
surgimento da ecopedagogia e sua relação com a educação. Na sequência são
apontadas algumas características básicas do ensino fundamental com foco nos
anos finais. Depois, são analisados os temais transversais dos PCNs – Parâmetros
Curriculares Nacionais e os temas transversais contemporâneos da BNCC – Base
Nacional Comum Curricular. Com base na pesquisa foi possível apontar caminhos
para uma escola pública que considere o cotidiano dos estudantes e suas reais
necessidades, tal como aponta a ecopedagogia.
Palavras-chave: Ecopedagogia. Temas Transversais. Ensino Fundamental.
1. Introdução
A interferência humana tem modificado os ecossistemas e colocado em risco
diversas espécies do planeta Terra, inclusive a humana. Todos os seres vivos se
relacionam com o seu meio, mas as Revoluções Industriais, atreladas a lógica do
sistema capitalista, pautadas na produção e consumo, levaram a humanidade a
modificar o planeta de forma tão intensa que para Paul Crutzen e Eugene F.
Stoermer consideram que a atualidade está em outro período geológico, o
Antropoceno.
No Brasil, a grande interferência ambiental teve início com a chegada dos
portugueses e outros colonizadores europeus, no século XVIII, que escravizaram e
mataram diversos povos tradicionais, e invisibilizaram as formas sustentáveis de
relação com a natureza. Eles implementaram a monocultura, a plantação de uma
única espécie de produto em uma vasta área. Dessa forma, esse sistema é
responsável por queimadas, desmatamento e mineração, ações que têm esgotado
os recursos naturais do planeta, alterado a química da atmosfera, aumentado a
acidez dos solos e a poluído as águas dos rios, dos lagos e dos oceanos. Essa
degradação ambiental tem aprofundado as crises econômicas e climáticas e levado
muitas pessoas e organizações a pensarem numa forma alternativa de estar no
mundo.
A ecopedagogia, ou Pedagogia da Terra, é um movimento pedagógico que
nasce dessa demanda, advinda da educação ambiental crítica, pensa no planeta de
forma holística. Ela considera a escola como um espaço que deve desenvolver a
consciência crítica e a autonomia dos estudantes para que possam agir de forma
cidadã e modificar o mundo a sua volta. Para esse fim, os PCNs e a BNCC podem ser
vistos como maneira de trabalhar a ecopedagogia na escola. Os PCNs indicam os
temas transversais que podem ser trabalhados e recentemente, para garantir que
temas importantes para a sociedade contemporânea sejam trabalhados na escola, a
BNCC – Base Nacional Comum Curricular trouxe os Temas Transversais
Contemporâneos como referencial obrigatório para a construção dos documentos
curriculares e pedagógicos. As questões socioambientais são um tema transversal
contemporâneo, portanto, atualmente, além de importante, as questões
socioambientais devem ser trabalhadas no Ensino Fundamental – Anos Finais.
Considerando a importância da ecopedagogia e dos temas transversais
contemporâneos esse artigo traz questões sobre como trabalhar a Ecopedagogia, a
partir dos Temas Transversais Contemporâneos no Ensino Fundamental – Anos
Finais e quais os caminhos apontados para esse trabalho. Portanto, o intuito deste
trabalho é reconhecer a ecopedagogia como um movimento para educação de uma
consciência planetária e compreender os Temas Transversais Contemporâneos da
BNCC – Base Nacional Comum Curricular como documento que possibilita a
introdução da ecopedagogia, e outros temas importantes para atual sociedade no
ensino formal, com foco no Ensino Fundamental – Anos Finais. Para isso, o educador
Moacir Gadotti foi a principal fonte de pesquisa além dos documentos como PCNs e
BNCC. Para isso o artigo traz os seguintes temas, além da metodologia:
Ecopedagogia; Ensino Fundamental – Anos Finais; Temais Transversais
Contemporâneos; Considerações Finais; Referências.
2. Metodologia
A metodologia utilizada para desenvolver esse artigo foi a pesquisa
bibliográfica. Os textos utilizados na pesquisa foram pautados em estudiosos que
fizeram uma análise sobre a ecopedagogia, os temas transversais e o ensino
fundamental.
Sobre a ecopedagogia foi preciso compreender seu conceito, sua
importância na educação e as dificuldades de sua implementação no ensino formal.
O principal autor estudado para esse entendimento foi Moacir Gadotti.
Para compreender a importância do ensino fundamental – anos finais, e
saber para quem ele é ofertado, foi utilizada principalmente a LDB – Lei de
Diretrizes e Bases entre outros documentos legais.
Em relação aos temas transversais mais relevantes para a sociedade atual,
que devem ser desenvolvidos no ensino fundamental, foram analisados dois
instrumentos legais, os PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais e a BNCC – Base
Nacional Comum Curricular. Esses documentos possibilitam compreender como é
possível a implantação de temas importantes para a sociedade contemporânea a
partir dos temas transversais.
Dessa forma, a partir dessas análises foi possível entender como a
ecopedagogia pode ser atrelada aos temas transversais contemporâneos e
desenvolvida no ensino fundamental - anos finais.
3. Ecopedagogia
A educação ambiental nasce quando diversas ciências passam a ter um olhar
integrador e holístico sobre o mundo e suas relações. Essa nova forma de lidar com
as ciências combate o paradigma cartesiano e exige uma maneira de observar a
ligação das coisas. Foi a partir dessa educação ambiental crítica que surge a
ecopedagogia:
(...) durante a realização do Fórum Global 92, no qual se discutiu muito a
educação ambiental, que se percebeu a importância de uma pedagogia
do desenvolvimento sustentável e de uma ecopedagogia. Hoje, porém, a
ecopedagogia tornouse um movimento e uma perspectiva da
educação maior do que uma pedagogia do desenvolvimento
sustentável. (...) A educação sustentável não se preocupa apenas com
uma relação saudável com o meio ambiente, mas com o sentido mais
profundo do que fazemos com a nossa existência, a partir da vida
cotidiana (GADOTTI, 2009, p. 2)
6.[7.] Referências
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Secretaria de
Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1998. 436 p
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed., 23 reimp. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1994. Disponível em:
<https://cpers.com.br/wp-content/uploads/2019/10/Pedagogia-do-Oprimido-
Paulo-Freire.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2021.