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Nome da aluna: Anandha Sala

Nome do professor: Heronides Moura

Matéria: História dos Estudos Linguísticos

Sapir-Whorf no livro The Giver

Introdução

Nesse artigo irei explicar quem foram Sapir e Whorf, sua hipótese, suas versões e ver
qual versão da hipótese se aplica no livro de ficção cientifica The Giver de Lois Lowry
publicado em 1993 pela editora HMH (Houghton Mifflin Harcourt) em Nova York nos
Estados Unidos.

1) Quem foram Sapir e Whorf?

Edward Sapir foi um antropólogo e linguista, é considerado uma das figuras mais importantes
para o desenvolvimento do que conhecemos hoje como linguística. Nasceu na Alemanha, na
cidade de Lauenburg na antiga região da Pomerânia que hoje é a cidade de Lebork na Polônia,
no dia 26 de janeiro de 1884 e acabou morrendo no dia 4 de fevereiro de 1939 na cidade de
New Haven no estado de Connecticut nos Estados Unidos. Estudou liguistica germânica na
universidade da Columbia, foi persuadido por Franz Boas a estudar as línguas nativas
americanas. Enquanto terminava seu Ph.d foi para a Califórnia para estudar junto ao
antropólogo Alfred Kroeber documentando as línguas nativas de lá. Anos depois foi
contratado pelo Geological Survey of Canada onde trabalhou por quinze anos, onde se tornou
um dos linguistas mais importantes da América do Norte. Estudou por muitos anos os jeitos
em que a língua e a cultura se influenciam mutuamente, criando por fim a hipótese Sapir-
Whorf com a ajuda de seu aluno Benjamin Lee Whorf.

Benjamin Lee Whorf foi um linguista norte-americano muito conhecido como a pessoa que
apresentou a proposta de que as diferentes estruturas de diferentes línguas influenciam
diferentes maneiras de vermos o mundo. Nasceu no dia 24 de abril de 1897 e morreu no dia
27 de julho de 1941, foi aluno do Edward Sapir, que juntos desenvolveram a famosa
“Hipótese Sapir-Whorf”, que Whorf normalmente se referia como princípio da relatividade
linguística pois percebeu que seu trabalho se semelhava com o trabalho de Einstein no
princípio da relatividade. Estudou química no MIT e trabalhou por muitos anos como inspetor
de incêndios para companhias de segurança. Teve uma carreira como engenheiro químico,
mas sempre se mostrou interessado em linguística e esse interesse o atraiu para estudar
Hebraico Bíblico. A partir de 1928, começou a acompanhar os cursos do Sapir e entre 1937 e
1938 foi assistente do mesmo na universidade de Yale. Redigiu um dicionário e uma
gramatica da língua indígena Hopi, a partir de 1936, inúmeros artigos foram publicados
contendo a essência do que seria a “Hipótese Sapir-Whorf”.
2) O que é a hipótese Sapir-Whorf e quais são suas versões?

De acordo com Gene van Troyer (1994), essa hipótese se posiciona dizendo que a
linguagem é um molde para o pensamento forçando os humanos a pensarem primeiro
dentro uma categoria linguística, sendo assim, as percepções de relativismo linguistico
e determinismo linguistico podem ser aplicados de alguma maneira, já que, resumindo
o conceito da hipótese é que o jeito que nós percebemos o mundo é predeterminado
pela estrutura da língua que somos falantes.
Existem três versões dessa hipótese, são elas: a fraca, a forte e a muito forte, sendo
essa última a que irei focar nesse artigo, mas primeiro vamos explicá-las.
A versão fraca diz que o pensamento não está ligado intrinsicamente com a língua, que
apenas nos predispomos a pensar em conformidade em algumas categorias e ela é a
versão mais aceita da hipótese hoje em dia.
A versão forte diz que a língua determina o nosso modo de pensar, tendo como base a
teoria do determinismo linguístico, que é uma teoria criada por Saussure que diz que a
linguagem e suas estruturas limitam e determinam o conhecimento ou o pensamento
humano bem como processos de pensamentos como categorização, memória e
percepção, por exemplo: se uma língua não tem uma certa palavra para determinar um
sentimento então os falantes daquela língua não conseguiriam definir esse sentimento.
A versão muito forte, é a menos aceita já que não tem nenhum embasamento
científico, diz que a linguagem controla totalmente nossa mente, por exemplo: se em
uma língua não existir a palavra liberdade então os falantes não conseguiriam ter o
pensamento do que é liberdade. Essa ideia é muito utilizada em ficções cientificas com
o conceito de lavagem cerebral ou até mesmo em supostas mensagens subliminares
em filmes e livros como propagandas escondidas
3) A mente por trás do livro The Giver

Lois Ann Lowry é uma escritora americana nascida no dia 20 de março de


1937 na cidade de Honolulu no território do Havai nos Estados Unidos. Seu pai
era um dentista para o exercito americano, em 1940 quando Lois tinha três
anos de idade, ela e sua família se mudaram para nova york e se mudaram
novamente em 1942 para a Pennsylvania porque seu pai foi trabalhar no
pacifico durante a Segunda Grande Guerra. Começou a ler com três anos de
idade, por causa disso pulou um ano da escola e começou a estudar no segundo
ano.
Quando se mudou para o Japão após o final da Segunda Guerra Mundial,
continuou seu ensino em uma escola para filhos ou descendentes de militares
americanos.
Em 1950 quando iniciou a guerra das Coreias retornou aos Estados Unidos
onde se formou da escola e iniciou a faculdade.
Lois começou sua carreia de escritora como uma jornalista autônoma, no anos
70, ela enviou um conto, destinado à audiência adulta porém escrito pela
perspectiva de uma criança, para a revista Redbook. Um editor da Houghton
Mifflin sugeriu a ela que escrevesse um livro infantil e assim foi feito, seu
primeiro livro “A Summer To Die” foi publicado em 1977 quando tinha 40
anos pela editora Houghton Mifflin.
Continuou publicando vários livros até que em 1993 publicou o livro “The
Giver” e na sequência publicou três outros livros que se passam no mesmo
universo do primeiro, sendo esses: Gathering Blue (2000), Messenger (2004) e
por fim Son (2012) que une todos os livros como um todo. Essa coleção é
conhecida como O Quarteto The Giver.

4) A história de The Giver

A história de The Giver se passa em uma sociedade em que não existe cores,
sentimentos são pré-determinados, por exemplo, seus pais dizem que te amam
porque é assim que tem que ser e não porque realmente te amam.
Assim que alcançam uma certa idade todos os que vivem lá ganham o que é
chamado de “Função de Vida”, que na visão de quem não vive lá parece uma
imposição ridícula feita pelo governo, mas para quem vive lá é uma felicidade
receber, não causa nenhum desconforto já que eles já nascem pré-determinados
pelo governo que isso é algo bom, ninguém questiona nada.
Nosso personagem principal se chama Jonas, um garoto de 12 anos que está
bem ansioso para receber sua “Função de Vida”, pois todos com 12 anos a
recebem marcando assim a transição entre infância e a vida adulta.
Jonas recebeu a função de ser o “Receptor”, aquele que receberá todas as
memórias do passado, todos os sentimentos e cores que já existiram no mundo,
ou seja, ele receberá o conhecimento de tudo que o mundo algum já sofreu,
sejam coisas boas ou ruins.
Jonas imediatamente começa seu treinamento com o “Receptor” anterior que
agora se chama “Doador” (The Giver), recebendo aos poucos as memórias de
florestas, animais, mares, arco-íris, e das coisas ruins que aconteceram
também, como as Guerras Mundiais, Guerra Fria, etc.
Começando assim a ver reflexos de cores que antes não existiam, a ter
sentimentos estranhos e a questionar a sociedade em que vive.
Ele se pergunta do porquê somente o “Receptor” e o “Doador” podem ter
acesso a esse conhecimento todo, do porquê não podem compartilhar ele com
todo o resto da sociedade.
A resposta para essas perguntas é bem simples: Essa sociedade em que o Jonas
vive é um experimento que deu certo pois não existe nenhuma diferença sejam
elas de classe ou etnia, todos são iguais e compartilhar esse conhecimento
recém adquirido do que era o mundo antes destruiria toda essa igualdade
utópica criada como se fosse uma ilusão.
Jonas aprende o nome de todas as cores, objetos e tenta compartilhar esse
conhecimento com seus amigos, porém isso acaba se tornando uma tentativa
falha já que nenhum deles realmente entende o que o Jonas quer dizer, o
chamam de louco.
Uma das condições de ser um “receptor” é que não se deve compartilhar
qualquer conhecimento aprendido ou recebido com mais ninguém além do
“doador”, por Jonas tentar compartilhá-lo com pessoas de fora ele acaba se
tornando um criminoso.
No final de tudo Jonas foge com esse conhecimento com o objetivo de espalhá-
lo pelo mundo para que outras pessoas tenham acesso igual a ele.
Conclusão
No fim desse artigo concluo que sim podemos ler “The Giver” com a hipótese
Sapir-Whorf já que no mundo de Jonas não existem os conceitos de amor, ódio,
saudade, tudo já é pré-determinado ao nascer como se fossem robôs.
Podemos dizer que todas as versões da hipótese podem se encaixar já que
ocorre uma evolução linguística e mental no personagem do Jonas.
Para ilustrar esse pensamento tem um exemplo que ocorre logo nos primeiros
capítulos do livro: Jonas está do lado de fora de casa brincando quando ouve
um anúncio dizendo que é para todos entrarem pois estão sofrendo uma
ameaça, porém no final é descrito que somente um avião passou por cima mas
como o Jonas não tem o conhecimento necessário para raciocinar que é um
avião ele logo pensa que é um monstro aéreo.
Por mais que “The Giver” tenha sido classificado como livro infantil, tem
tantas camadas que uma criança não entenderia na primeira leitura. Todas as
críticas sociais feitas.

Referências:
VAN TOYER, Gene. Linguistic Determinism and Mutability: The
Sapir-Whorf "Hypothesis" and Intercultural
Communication. Eric. Estados Unidos, p. 1-18. dez. 1994.
Disponível em: https://eric.ed.gov/?id=ED403761. Acesso em: 25
nov. 2023.
LOWRY, Lois. The Giver. New York: Houghton Mifflin Harcourt,
1993.
MOURA, Heronides; CAMBRUSSI, Morgana. Uma breve história
da linguística. Petrópolis: Vozes, 2018.
Whorf, Benjamin Lee 1956 [1941] The Relation of Habitual Thought and

Behavior to Language. In Language, Thought and Reality. John B. Carroll, ed.

Cambridge, Mass .: M.I.T. Orig. pub. in Language,


Sapir, Edward 1951 [1929] The Status of Linguistics as a Science. In Selected

Writings. David Mandelbaum, ed. Berkeley : University of California Press. Orig.

pub. in Language 5:207–214.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Whorf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_de_Sapir-Whorf
https://en.wikipedia.org/wiki/Lois_Lowry
https://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Sapir

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