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Cobrança pela Prestação do

Serviço Público de Manejo de


RSU

Infraestrutura | Regulação | Água e Saneamento


Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Conteudista/s
Elcires Pimenta Freire, Ângela Cássia Rodrigues, João Batista Peixoto, Tamara Cukiert e Wladimir
Antônio Ribeiro (Conteudistas, 2022).
Daniel Cobucci de Oliveira, Dener Alves de Souza, Lígia Maria Nascimento de Araújo e Zilda
Maria Faria Veloso (Técnicos da ANA).

Curso desenvolvido no âmbito da Diretoria de Desenvolvimento Profissional – DDPRO

Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 – O SMRSU, a regulação e a política de cobrança
Unidade 1 - Entendendo o Serviço de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos
(SMRSU), sua regulação e política de cobrança..................................................... 6
1.1 O que é serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos?....................... 6
1.2 O que é regulação do SMRSU?................................................................................... 8
1.3 Por que cobrar pela prestação do SMRSU?............................................................ 11
1.4 Quais serviços ou atividades estão sujeitos à cobrança?..................................... 13
1.5 Quais são os instrumentos de cobrança possíveis e a quem
cabe instituí-los?.............................................................................................................. 14
1.6 De quem cobrar?....................................................................................................... 14
1.7 Quanto cobrar dos usuários?................................................................................... 15
1.8 Quanto cada usuário deve pagar pelo SMRSU?.................................................... 16

Módulo 2 – Aspectos institucionais da gestão do SMRSU


Unidade 1 – Arranjos institucionais, modelos de gestão e formas de
prestação e aspectos da regionalização.............................................................. 17
1.1 Arranjos institucionais.............................................................................................. 17
1.2 Quais atores devem ser envolvidos no processo de cobrança
e quais são seus papéis?................................................................................................. 20
1.3 Modelos básicos de organização e gestão da prestação do SMRSU
e da cobrança................................................................................................................... 22
1.4 Aspectos da regionalização...................................................................................... 23

Módulo 3 – Atividades para implementação ou adequação da


política de cobrança pelo SMRSU
Unidade 1 - Diagnóstico do modelo de gestão e da política de cobrança........ 26
1.1 Diagnóstico do modelo de gestão e da política de cobrança.............................. 27
Unidade 2 - Entidade reguladora.......................................................................... 31
2.1 Identificar ou definir a entidade reguladora.......................................................... 32
Unidade 3 – Regime e instrumento de cobrança................................................ 35
3.1 Definir e instituir o regime e o instrumento de cobrança.................................... 35
3.2 Considerações sobre tarifa e taxa........................................................................... 36

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3.3 Instituindo a política de cobrança........................................................................... 38
3.4 Definição dos requisitos básicos da política de cobrança ................................... 40
Unidade 4 – Cobrança e arrecadação................................................................... 44
4.1 Fatura específica para o SMRSU.............................................................................. 45
Unidade 5 – Receita requerida.............................................................................. 47
5.1 Sustentabilidade econômico-financeira................................................................. 47
5.2 Calculando a receita requerida................................................................................ 49
5.3 Metodologias de cálculo da receita requerida...................................................... 50
Unidade 6 – Parâmetros para fixação do valor a ser cobrado........................... 61
6.1 Parâmetros de cobrança.......................................................................................... 61
6.2 Rateio da receita requerida...................................................................................... 63
Unidade 7 – Regulamentação da política de cobrança...................................... 81
7.1 Procedimentos para instituição e/ou revisão da regulamentação
da política de cobrança................................................................................................... 81
7.2 Responsabilidade e procedimentos do titular dos serviços................................ 83
7.3 Responsabilidades da entidade reguladora.......................................................... 86
Unidade 8 – Sistema de gestão da cobrança....................................................... 88
8.1 Sistema gerencial da cobrança................................................................................ 88
8.2 Requisitos e mecanismos do sistema de cobrança de taxa ou tarifa................. 89
8.3 Gestor do sistema de cobrança............................................................................... 92
8.4 Responsabilidades do gestor do sistema de cobrança........................................ 94
8.4 Gerenciamento executivo e operação do sistema de cobrança......................... 96
8.5 Garantias de vinculação da receita da cobrança de taxas................................... 97

Módulo 4 – Condições e elementos específicos da regulação do


regime tarifário
Unidade 1 – Reajuste e revisão............................................................................. 99
1.1 Reajustes das tarifas do SMRSU.............................................................................. 99
1.2 Revisão das tarifas do SMRSU................................................................................ 102
Unidade 2 – Modelos de instrumentos de regulação e de estruturas
tarifárias................................................................................................................ 105
2.1 Norma de Referência n.º 1/ANA/2021.................................................................. 105
2.2 Modelos de referência – Estruturas de cálculo de tarifas e taxas .................... 117
2.3 Modelos de minutas de instrumentos para instituição de tarifa ..................... 123
2.4 Modelo de cláusula contratual para instituição de tarifa................................... 135
2.5 Modelo de minuta de projeto de lei instituindo taxa de manejo de RSU........ 135
2.6 Modelo de minuta de contrato de cofaturamento............................................. 142

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Olá!

Desejamos boas-vindas ao curso Cobrança pela Prestação do Serviço Público de


Manejo de RSU.

Este curso tem o objetivo facilitar o entendimento e a aplicação pelos agentes


públicos do que estabelece a Norma de Referência N.o 1 – Resolução ANA N.o 79, de
14 de junho de 2021 –, quanto à cobrança pela prestação do SMRSU.

Desejamos um excelente estudo!

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Módulo

1 O SMRSU, a regulação e a política


de cobrança

Unidade 1 - Entendendo o Serviço de Manejo


de Resíduos Sólidos Urbanos (SMRSU), sua
regulação e política de cobrança

Ao fim desta unidade você será capaz de explicar o que é o SMRSU


e os fundamentos básicos de sua gestão, a definição e os objetivos
essenciais da regulação desse serviço, bem como os elementos
básicos e a motivação para instituição da política de cobrança
pela sua prestação.

Vídeo 1 – Apresentação

1.1 O que é serviço público de manejo de resíduos


sólidos urbanos?
Até poucos anos atrás o conceito técnico de manejo de resíduos sólidos urbanos
era praticamente desconhecido fora dos ambientes acadêmicos e do restrito círculo
de gestores públicos e de operadores especializados na execução das atividades
relacionadas a esta área da gestão urbana e, até então, tradicionalmente conhecidas
como ações associadas ao serviço geral de limpeza pública, de limpeza urbana ou,
simplesmente, de coleta de lixo.

A concepção do manejo de resíduos sólidos urbanos, como um serviço público


específico, constituído por atividades distintas daquelas que compõem o serviço
público geral de limpeza urbana, se desenvolveu nas últimas décadas e se
consolidou, formalmente, com a edição da Lei n.º 11.445/2007.Primeiramente, a Lei
n.º 11.445/2007 define o conjunto destes serviços como um dos componentes do
saneamento básico:

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“Art. 3.º ...

I – Saneamento básico: conjunto de serviços públicos, infraestruturas e instalações


operacionais de:

....................

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: constituídos pelas atividades


e pela disponibilização e manutenção de infraestruturas e instalações
operacionais de coleta, varrição manual e mecanizada, asseio e conservação
urbana, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente
adequada dos resíduos sólidos domiciliares e dos resíduos de limpeza urbana.”

No entanto, para os efeitos de aplicação da Norma de Referência ANA n.º 1 (NR1), a


Lei n.º 11.445/2007 define como serviço público específico as atividades de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos, conforme determina o Art. 3.º-C:

§ 5º É dispensável a análise jurídica nas hipóteses previamente definidas em ato


da autoridade jurídica máxima competente, que deverá considerar o baixo valor,
a baixa complexidade da contratação, a entrega imediata do bem ou a utilização
de minutas de editais e instrumentos de contrato, convênio ou outros ajustes
previamente padronizados pelo órgão de assessoramento jurídico. (BRASIL,
2021a)

“Art. 3-C. Consideram-se serviços públicos especializados de limpeza urbana e


de manejo de resíduos sólidos as atividades operacionais de coleta, transbordo,
transporte, triagem para fins de reutilização ou reciclagem, tratamento, inclusive
por compostagem, e destinação final dos:

I) Resíduos domésticos;

II) Resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de serviços,


em quantidade e qualidade similares às dos resíduos domésticos, que,
por decisão do titular, sejam considerados resíduos sólidos urbanos,
desde que não sejam de responsabilidade de seu gerador nos termos
da norma legal ou administrativa, de decisão judicial ou de termo de
ajustamento de conduta; e

III) Resíduos originários do serviço público de limpeza urbana ...”

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O itular deve editar ato normativo sobre o volume e as
características dos resíduos originários de atividades comerciais,
industriais e de serviço que serão considerados como equiparados
aos resíduos domésticos, para fins da prestação do SMRSU.

Entretanto, havendo capacidade e disponibilidade operacional do prestador e


mediante contrato e cobrança específica, o SMRSU pode ser prestado aos geradores
de resíduos comerciais, industriais e de serviços cujas características e classificação
sejam compatíveis para a coleta e destinação final com os resíduos sólidos urbanos.
Observar que as atividades típicas do serviço de limpeza urbana (SLU), tais como:
varrição manual e mecanizada, asseio e conservação e poda de árvores em vias e
logradouros públicos, não integram o SMRSU para efeito de aplicação da NR1.

Figura 1 – Atividades do Serviço Público de Manejo


de Resíduos Sólidos Urbanos (SMRSU)

1.2 O que é regulação do SMRSU?


O SMRSU pode ser prestado de forma direta pelo titular ou indireta sob regime
de concessão, mediante prévia licitação. Ambas as formas de prestação do serviço
devem ser reguladas por entidade reguladora competente, nos termos do Art. 21
da Lei n.º 11.445/2007.

Nesse sentido, a NR1 define a regulação do SMRSU como:

Todo e qualquer ato que discipline ou organize o SMRSU, incluindo suas características,
padrões de qualidade, impacto socioambiental, direitos e obrigações dos usuários e
dos responsáveis por sua oferta ou prestação, fixação e revisão do valor de tarifas e
outros preços públicos e, quando for o caso, a proposição, pela entidade reguladora,
de valores de taxas ao titular ou à estrutura de prestação regionalizada competente
(NR1, item 4.14).

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A regulação do SMRSU é imprescindível aos titulares, usuários e prestadores de
serviço, pois envolve a edição de atos normativos disciplinando os direitos e
deveres das partes envolvidas do serviço, bem como a qualidade da prestação,
sob os princípios da regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

Especificamente com relação aos instrumentos de cobrança, a entidade reguladora


atuará na fixação, reajuste e revisão dos valores de tarifas e outros preços públicos
e, quando for o caso, auxiliar na proposição dos valores de taxas ao titular ou à
estrutura de prestação regionalizada competente.

Assim, devido à importância da regulação dos serviços públicos de saneamento


básico, a Lei n.º 11.445/2007 versou no § 5.º do Art. 8.º que o titular do serviço deverá
definir a entidade responsável pela regulação e fiscalização, independentemente da
modalidade de sua prestação.

São objetivos da regulação, conforme a Lei º 11.445/2007 (. 22):

I- estabelecer padrões e normas para a adequada prestação e


a expansão da qualidade dos serviços e para a satisfação dos
usuários, com observação das normas de referência editadas
pela ANA;

II- garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas


nos contratos de prestação de serviços e nos planos municipais
ou de prestação regionalizada de saneamento básico;

III- prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a


competência dos órgãos integrantes do de da ; e

IV- definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico-


financeiro dos contratos quanto a modicidade tarifária, por
mecanismos que gerem eficiência e eficácia dos serviços e que
permitam o compartilhamento dos ganhos de produtividade
com os usuários.

Destaca Peixoto (2022, p. 560):

Em sentido amplo, a regulação de atividades, bens e serviços,

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tanto na esfera pública como privada, pode ser definida como um
conjunto de regras impostas pelo poder público aos indivíduos
e organizações, condicionando-lhes as relações entre si e com o
Estado e suas decisões e ações que possam afetar de algum modo
a coletividade.

No sentido estrito, a regulação de atividades ou serviços


públicos de competência estatal, inclusive a organização e o
funcionamento de suas instituições, constitui-se em obrigação-
dever constitucional do poder público. Ela objetiva, entre outras
funções: regulamentar e garantir estabilidade, previsibilidade
e segurança jurídica nas relações entre o Estado e os agentes
econômicos incumbidos do provimento dos serviços; proteger
o Estado e a sociedade de abusos do poder econômico desses
agentes; garantir direitos sociais e o acesso universal a todos os
cidadãos a atividades e serviços públicos essenciais (a exemplo
de segurança, saúde, educação, saneamento, meio ambiente e
transporte coletivo urbano); e proteger o usuário/consumidor
nas suas relações com os provedores de serviços de interesse
ou de relevante utilidade pública (telefonia, energia, rodovias,
transportes, petróleo e gás etc.

A competência regulatória do serviço público de saneamento


básico só pode ser exercida por uma entidade pública autárquica,
podendo esta ser de âmbito municipal, estadual ou constituída
sob a forma de consórcio de municípios, conforme a opção
do município. Entre suas competências, cabe ao regulador
estabelecer normas administrativas sobre os aspectos técnicos,
econômicos e sociais da prestação do serviço público, com
destaque para a definição das tarifas e outros preços públicos
pagos pelos usuários. Compete também ao regulador a função de
fiscalizar a aplicação pelos prestadores das regras estabelecidas
em contratos e em normas legais e administrativas de regulação,
assim como o estabelecimento de mecanismos de averiguação e
resolução de reclamações de usuários (BRANDÃO, et al. 2022, p.
32).

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1.3 Por que cobrar pela prestação do SMRSU?

Vídeo 2 – Por que cobrar pelo SMRSU

A Lei n.º 11.445/2007 condiciona a sustentabilidade econômico-financeira do SMRSU


à cobrança pela sua prestação quando determina:

“Art. 29. Os serviços públicos de saneamento básico terão a sustentabilidade


econômico-financeira assegurada por meio de remuneração pela cobrança dos
serviços, e, quando necessário, por outras formas adicionais, como subsídios ou
subvenções, vedada a cobrança em duplicidade de custos administrativos ou
gerenciais a serem pagos pelo usuário, nos seguintes serviços:

..................................
II - de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, na forma de taxas, tarifas e
outros preços públicos, conforme o regime de prestação do serviço ou das suas
atividades;”.

Esta condição é reforçada pelo Art. 35, § 2.º da Lei n.º 11.445/2007, com redação pela
Lei n.º 14.026/2020, quando estabelece que a não proposição de instrumento de
cobrança pelo titular do serviço configura renúncia de receita e exigirá a comprovação
de atendimento, pelo titular, do disposto no Art. 14 da Lei Complementar n.º 101, de
4 de maio de 2000, sujeito à aplicação das penalidades previstas em lei.

Para além do aspecto legal apresentado, a inexistência de política de cobrança


pela prestação do SMRSU e a regulação inadequada desta são responsáveis
pela baixa sustentabilidade econômico-financeira da prestação do SMRSU e,
consequentemente, por sua precária operação.

Além disso, a coleta inadequada pode gerar problemas de saúde pública associados
à proliferação de ratos e insetos e ao entupimento de sistemas de drenagem – o
qual, além das enxurradas, pode levar também a doenças de veiculação hídrica. A
destinação inadequada dos resíduos, por sua vez, gera poluição do solo e das águas
subterrâneas, e até mesmo das águas superficiais, quando drenadas diretamente
para os corpos d’água.

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De acordo com dados levantados para elaboração do Relatório de Análise de
Impacto Regulatório que acompanha a NR1, a cobrança pela prestação do SMRSU
no Brasil apresenta números alarmantes. Apenas 9,1% dos municípios pesquisados
do Nordeste apresentam alguma forma de cobrança, seguido das regiões Norte,
Centro-Oeste e Sudeste com percentuais de 20,6%, 28,0% e 50,8%, respectivamente.
Apenas na região Sul do Brasil verifica-se que a cobrança pelos serviços de RSU vem
sendo praticada de forma mais frequente, no percentual de 85,4% (Tabela 1).

Tabela 1 – Percentuais de cobrança pela prestação


de SMRSU segundo as macrorregiões

% de municípios com co-


Macrorregiões
brança
Nordeste 9,1
Norte 20,6
Centro-Oeste 28,0
Sudeste 50,8
Sul 85,4

Fonte: Adaptado de SNIS (2018).

Gráfico 1 – Quantidade de municípios por faixas % da


relação receita/despesa com manejo de RSU

Fonte: Elaborado pelos autores com dados do SNIS (2018).

Conforme observado no Gráfico 1, apenas 169 municípios – 11,9 da amostra de


1.407 municípios que responderam a esse quesito no SNIS 2018 – têm suas despesas

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inteiramente cobertas pelas receitas.
Por isso, é importante que mesmo os municípios que já realizam qualquer forma de
cobrança adequem sua estrutura para que os valores arrecadados cubram, integral
ou complementarmente, todos os custos do ser viço, garantindo o que a NR1 chama
de receita requerida.

1.4 Quais serviços ou atividades estão sujeitos à


cobrança?
Figura 2 – Serviços sujeitos à cobrança de tarifa ou taxa

O SMRSU é um serviço divisível – possui usuários determinados e utilização particular


e mensurável por medição ou por estimativa para cada usuário –, assim como os
serviços públicos de abastecimento de água, esgotamento sanitário e fornecimento
de energia, por exemplo. Como visto, o SMRSU é composto pelas atividades de
coleta, transbordo e transporte, triagem, tratamento e destinação final dos resíduos
sólidos urbanos.

O serviço público de limpeza urbana (SLU), por sua vez, é serviço indivisível, prestado
pela administração pública para atender a coletividade, sem possuir usuários
determinados. Não é possível dizer em que proporção cada usuário se beneficiou da
prestação do serviço, sendo, portanto, inviável a cobrança específica deste serviço
por tarifa ou taxa. O SLU é formado pelo conjunto de atividades cujo objetivo é
prover o asseio dos espaços públicos urbanos, incluindo a varrição de logradouros
públicos, a limpeza de dispositivos de drenagem de águas pluviais e de córregos,
além de poda, capina, raspagem e roçada.

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1.5 Quais são os instrumentos de cobrança possíveis
e a quem cabe instituí-los?
O instrumento de cobrança poderá ser tarifa ou taxa para remunerar a prestação
do SMRSU. A taxa é um tributo, instituído por lei, enquanto a tarifa é um preço
público, não se submetendo ao regime tributário.

No caso das taxas, o titular é responsável pelos estudos técnicos, pela elaboração
do projeto de lei e pela sua regulamentação. A entidade reguladora pode auxiliar o
titular neste processo. Contudo, como é necessária a edição de lei para instituir ou
majorar as taxas, estas deverão ser aprovadas pelas respectivas câmaras municipais,
após o devido trâmite legislativo.
No caso do regime tarifário, tanto o titular quanto a entidade reguladora do SMRSU
podem realizar estudos técnicos, fixar ou majorar o valor das tarifas.

No caso da prestação regionalizada, caberá à estrutura de prestação regionalizada


definir a tarifa para a cobrança do serviço, nos termos das competências delimitadas
por sua lei de criação ou protocolo de intenções celebrado.física ou jurídica
proprietária, possuidora ou titular do domínio útil do imóvel, reconhecida como
usuária do serviço pela autoridade tributária ou pelo prestador.

Quando o for estruturar os instrumentos de cobrança, é


recomendável o acompanhamento da desde o início do processo
de instituição de taxas ou definição de tarifas

1.6 De quem cobrar?


Estão sujeitos à cobrança pela prestação do SMRSU os usuários, pessoas físicas ou
jurídicas, geradores efetivos ou potenciais de resíduos sólidos urbanos.

Na prática, a cobrança tem por referência cada unidade imobiliária autônoma,


tendo como sujeito passivo a pessoa física ou jurídica proprietária, possuidora
ou titular do domínio útil do imóvel, reconhecida como usuária do serviço pela
autoridade tributária ou pelo prestador.

Dessa forma, os usuários podem ser a pessoa física, enquanto munícipe gerador de
resíduos domésticos em sua unidade domiciliar, os empreendimentos e atividades
constituídos em pessoa jurídica geradora de resíduos sólidos comerciais, industriais
e de serviços equiparados aos resíduos domésticos e a pessoa jurídica do município
como gerador de resíduos originários do SLU e dos imóveis públicos.

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Entende-se como “gerador potencial” a unidade imobiliária, edificada ou não,
desocupada ou onde não ocorra qualquer atividade humana, sediada em logradouro
em que SMRSU esteja à disposição.

Os resíduos sólidos urbanos englobam os: I) resíduos domésticos;


II) resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de
serviços, em quantidade e qualidade similares às dos resíduos
domésticos, que, por decisão do , sejam considerados resíduos
sólidos urbanos, desde que não sejam de responsabilidade de
seu gerador nos termos da norma legal ou administrativa, de
decisão judicial ou de termo de ajustamento de conduta; e III)
resíduos originários do Serviço Público de Limpeza Urbana (SLU)
NR1 item 4.1

Usuário: pessoa física ou jurídica geradora efetiva ou potencial


de resíduos sólidos urbanos, bem como o Distrito Federal ou o ,
como gerador de resíduos originários do SLU NR1 item 4.8

1.7 Quanto cobrar dos usuários?


O valor arrecadado pela cobrança das tarifas ou taxas do conjunto de usuários
deve ser aquele suficiente e necessário para garantir a sustentabilidade econômico-
financeira do serviço, por meio da recuperação integral dos custos incorridos na
prestação do SMRSU, representado pela receita requerida.

Quando houver subvenção orçamentária da prestação direta ou mediante concessão


patrocinada, a receita requerida corresponderá à parcela do custo do serviço a ser
cobrado dos usuários por meio de tarifas ou taxas.

Receita equerida – eceita do SMRSU é aquela suficiente para


ressarcir o de das despesas administrativas e dos custos eficientes
de operação e manutenção (Opex), de investimentos prudentes
e necessários (Capex), bem como para remunerar de forma
adequada o capitalinvestido. Deve também incluir as despesas
com os tributos cabíveis e com a remuneração da entidade
reguladora do SMRSU, bem como a contratação de associações
ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis, quando
for o caso (NR1, item 5.2).

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1.8 Quanto cada usuário deve pagar pelo SMRSU?
Cada usuário pagará, na forma de tarifa ou taxa, o valor suficiente e necessário
para prestação do serviço, que corresponde à divisão da receita requerida entre
os sujeitos passíveis de cobrança, mediante parâmetros que podem ser, de forma
isolada ou combinada, o consumo de água, área do imóvel, peso de resíduos
coletados ou a frequência de coleta.

Para a cobrança de tarifa ou taxa é necessário medir ou estimar a quantidade


de serviço utilizado ou colocado à disposição do usuário e determinar do custo
deste, a fim de se obter a receita requerida para a prestação do SMRSU. Como é
operacionalmente difícil medir de forma efetiva a quantidade de resíduos gerada por
cada usuário, é comum serem adotados parâmetros para estimar esta quantidade e
possibilitar o rateio do custo do serviço e uma cobrança mais justa.

Além da utilização efetiva ou potencial do serviço, o valor a ser cobrado deve


considerar necessariamente o nível de renda da população atendida e os custos
envolvidos tanto para a coleta dos resíduos, quanto para a sua destinação final
adequada, conforme estabelece o Art. 35 da Lei n.º 11.445/2007, com redação pela
Lei n.º 14.026/2020.

A escolha dos critérios e respectivos fatores de estimativa


da deve considerar elementos e dados que possam ser fácil e
objetivamente identificados, cadastrados e quantificados, bem
como sistematicamente atualizados e auditáveis.

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Módulo

2 Aspectos institucionais da gestão


do SMRSU
Unidade 1 – Arranjos institucionais, modelos
de gestão e formas de prestação e aspectos da
regionalização

Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer e


compreender o panorama geral da gestão institucional do
setor referente aos modelos de organização, às características
dos diferentes arranjos institucionais e forma de prestação do
SMRSU e aos atores envolvidos na gestão do serviço e seus papéis
no processo de instituição e gerenciamento da cobrança pela sua
prestação.

Será também capaz de conhecer os aspectos essenciais da


regionalização, os modelos de estruturas jurídico-administrativas
e características da prestação regionalizada do SMRSU.

1.1 Arranjos institucionais


A prestação regionalizada do SMRSU é a alternativa mais adequada para a
viabilização e a sustentabilidade econômico-financeira da prestação desses
serviços, especialmente no que se refere ao ganho de escala para a destinação final
ambientalmente adequada dos resíduos sólidos urbanos.

Há diversos modelos de prestação dos serviços públicos de saneamento básico,


os quais possibilitam diversos arranjos jurídico-institucionais de governança. A
prestação dos serviços públicos de saneamento básico, e consequentemente do
SMRSU, poderá ser:

(i) municipal, dado o interesse local para atender unicamente o município ou


Distrito Federal ou
(ii) regional, por meio da prestação regionalizada dos serviços por associação
de entes federativos responsáveis pela gestão dos serviços de interesse comum.

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A prestação regionalizada dos serviços públicos pode se dar por:

• associação voluntária, por meio de consórcio público ou convênio de


cooperação, unidade regional de saneamento básico e bloco de
referência;
• região integrada de desenvolvimento (Ride); ou por
• associação compulsória, por meio de região metropolitana, aglomeração
urbana ou microrregião.

A prestação regionalizada do SMRSU é a alternativa mais


adequada para a viabilização e a sustentabilidade econômico-
financeira da prestação desses serviços, especialmente no que se
refere ao ganho de escala para a destinação final ambientalmente
adequada dos resíduos sólidos urbanos.

A atividade de regulação pode ser desempenhada por entidade reguladora municipal,


consórcio público de regulação ou entidade de outro ente federado, como as
agências reguladoras estaduais de saneamento básico, desde que a entidade tenha
recebido a delegação para o exercício da regulação do SMRSU.

Caso a prestação regionalizada se dê por consórcio público, este


não poderá receber as competências de planejamento, regulação
e fiscalização dos serviços, conforme a vedação prevista no rt. 13,
§ 4º, da Lei dos Consórcios Públicos – Lei º 11.107/2005.

O SMRSU será prestado diretamente ou indiretamente sob regime de concessão ou


permissão.

A prestação direta do serviço ocorrerá sob responsabilidade do titular ou da


estrutura de prestação regionalizada, inclusive consórcio público, de modo que,
ainda que sejam contratados terceiros para a realização de algumas atividades da
cadeia do serviço, por meio de contratos administrativos tradicionais, o responsável
pela prestação será o titular ou a estrutura de prestação regionalizada.

Por conseguinte, a prestação direta será centralizada quando exercida sob a


responsabilidade de um órgão da administração central – secretaria, departamento
etc. – e descentralizada quando o prestador de serviço for uma entidade da
administração indireta – autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista
ou fundação.

Já a prestação indireta envolve a delegação do serviço, ou seja, a transferência


também desta função de gestão, por meio da celebração de contrato de concessão.

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Os instrumentos para prestação do serviço decorrem de delegação ou outorga. A
delegação de um serviço ocorrerá por contrato de concessão, enquanto a outorga
será por meio de lei.

Dessa forma, o titular ou a estrutura de prestação regionalizada outorgará para


órgão de sua administração direta ou entidade de sua administração indireta a
execução do SMRSU. Quando realizada a concessão do SMRSU, esta será delegada
a um prestador de serviço que não pertence à administração do titular.

Assim, de acordo com o instrumento adotado, o prestador de serviço poderá ser um


órgão ou entidade pública ou estatal ao qual a lei tenha outorgado a competência
para prestar o serviço público, ou empresa privada ou estatal a qual o serviço tenha
sido delegado pelo titular ou pela estrutura de prestação regionalizada, em regime
de concessão, mediante contrato precedido de licitação.

Os Quadros 1 e 2 apresentam as matrizes de arranjos para a prestação municipal e


regionalizada do SMRSU, respectivamente.

Quadro 1 – Matriz de arranjos organizacionais da gestão municipal


Tipo de Forma de
Gestor Regulador Instrumento Prestador
prestação prestação
Órgão da administração
direta do titular
Direta • Secretaria
Lei (outorga)
centralizada • Departamento
• Divisão ou setor
operacional
Entidade da
administração
indireta do titular
Direta des- • Autarquia
Entidade Lei (outorga)
centralizada • Empresa pública
do titular • Sociedade de
/ Consórcio economia mista
Titular
público • Fundação
Municipal (muni-
/ Entidade
cípio) Contrato de Terceiros:
de outro
ente concessão • Empresa pública de
federado comum ou outro ente federativo
PPP, celebrado • Sociedades de
mediante economia mista de
prévia licitação outro ente federativo
Indireta (delegação) • Empresa privada
Outras formas:
• Autogestão
Contrato pelos usuários
administrativo • Associações da
sociedade civil sem
fins lucrativos

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Quadro 2 – Matriz de arranjos organizacionais da gestão regional

Tipo de Forma de
Gestor Regulador Instrumento Prestador
prestação prestação

Consórcio Resoluções
Órgãos da
público; da estrutura
própria estrutura
Arranjo Direta de prestação
de prestação
derivado de regionalizada
regionalizada
convênio de (outorga)
Entidade
cooperação
do titular /
entre entes
Consórcio Empresa pública de
federados;
público / Contrato de outro ente federativo
Regionalizada Região
Entidade concessão
metropolitana;
de outro comum ou Sociedade de
Aglomeração Indireta
ente PPP, celebra economia
urbana ou
federado do mediante mista de outro
microrregião,
unidade prévia licitação ente federativo
regional de (delegação)
saneamento Empresa privada
básico, Ride

1.2 Quais atores devem ser envolvidos no processo


de cobrança e quais são seus papéis?
Os atores envolvidos e respectivos papéis no processo de cobrança estão indicados
na matriz de responsabilidades: Responsável, Aprovador, Consultado, Informado —
RACI.

• Responsável (R) - quem executa a atividade;


• Aprovador (A) - quem tem poder de decisão e dá o aceite formal para o
responsável;
• Consultado (C) - quem pode ou deve ser consultado na hora de executar
uma atividade; e
• Informado (I) - todas as pessoas que precisam receber a informação
sobre a conclusão e o início de uma atividade que gere mudança
impactante em seu cotidiano.

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Tabela 2 – Matriz de responsabilidades — RACI
AÇÕES/ ATORES ENVOLVIDOS
ATIVIDADES PRESTA-
GESTOR ESTRUTU-
PROCESSO DE TITULAR LEGISLA- ENTIDADE PRESTA- DORES
DO SISTE- RA DE GO-
DO TIVO MU- REGULA- DOR DO OUTROS USUÁRIOS
COBRANÇA SERVIÇO NICIPAL DORA SMRSU SERVIÇOS
MA DE CO- VERNANÇA
BRANÇA REGIONAL
SMRSU (AE E EE)(1)

Instituição
da política de
cobrança de
R A CI(2) CI CI CI
tarifa ou taxa/
definição do
regime
Instituição,
designação
ou delegação R A C CI I CI CI
de entidade
reguladora
Instituição e
regulação da R A CI CI CI CI CI
cobrança de taxa
Instituição e
regulação de
RA I RA CI CI CI RA
tarifas e preços
públicos
Definição/
instituição do
sistema de RA I A A C I RA
cobrança e
do gestor
Definição/
contratação
do executor/ A A A CA R I A
operador da
cobrança
Execução da
atividade de I RA R R C
cobrança

(1) No caso de cofaturamento / (2) A entidade reguladora passará a ser “Responsável e


Aprovador”, no caso de omissão do titular, conforme estabelecido na NR1, item 6.1.3.

A entidade reguladora, o gestor do sistema de cobrança e o prestador de serviço


são atores-chave no processo de instituição, regulação, implantação e execução da
política de cobrança.

Em razão da complexidade e diversidade dos possíveis arranjos institucionais e


administrativos para a gestão do SMRSU, são apresentados a seguir alguns dos
modelos mais representativos do panorama atual e futuro do setor.

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Vídeo 3 – Modelos de arranjos institucionais para a gestão do
SMRSU

1.3 Modelos básicos de organização e gestão da


prestação do SMRSU e da cobrança
Conforme visto, há vários modelos de organização e gestão da prestação do SMRSU
admitidos pelas normas vigentes. Os elementos essenciais para definição, instituição
e implantação dos sistemas de cobrança, que podem ser aplicados a cada modelo,
são apresentados no Quadro 3.

Para qualquer arranjo organizacional da prestação do serviço público, o elemento


central para definição do sistema de cobrança é o titular – município isolado ou
reunido em estrutura de prestação regionalizada.

Nas hipóteses de prestação do SMRSU mediante concessão


comum ou patrocinada, necessariamente deve ser adotada a
cobrança direta de tarifas. Para as demais hipóteses de prestação
dos serviços, pode ser adotado tanto a cobrança direta de tarifas
quanto a cobrança direta ou indireta de taxas, conforme a
natureza jurídica do prestador.

Quadro 3 – Tipos de prestação, regimes e formas de cobrança do SMRSU

REGIMES E FORMAS DE PRESTAÇÃO E COBRANÇA DO SMRSU


MUNICIPAL IN-
Caracte- MUNICIPAL DIRETA REGIONALIZADA
DIRETA
rização
da pres- Outras Concessão Con-
tação do Centra- formas comum cessão
Descentralizada Direta Indireta
serviço lizada contra- ou patro- adminis-
tadas cinada trativa
Coope-
Estru-
Empresa rativa de
tura de
Órgão(s) pública ou catado-
Presta- Autar- pres- Conces-
adm. sociedade res e Concessionária
dor do quia tação sionária
direta de econo- associa-
serviço regiona-
mia mista ção de
lizada
usuários

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REGIMES E FORMAS DE PRESTAÇÃO E COBRANÇA DO SMRSU
MUNICIPAL IN-
Caracte- MUNICIPAL DIRETA REGIONALIZADA
DIRETA
rização
da pres- Outras Concessão Con-
tação do Centra- Descen- formas comum cessão
Direta Indireta
serviço lizada tralizada contra- ou patro- adminis-
tadas cinada trativa
Cobrança
direta de
tarifas – no
caso de
Co- concessão
Regime e Cobrança brança Cobran- comum ou
Cobrança direta Cobrança direta
forma de direta de indireta ça direta patrocinada
de tarifa ou taxa de tarifa
cobrança tarifa de taxa de tarifa – ou indireta
ou tarifa de tarifas ou
taxas – no
caso de con-
cessão ad-
ministrativa

Neste contexto, entende-se por cobrança direta quando o faturamento e a receita


arrecadada das tarifas ou taxas pertencem ao próprio prestador do serviço, ele é
também o responsável pelo gerenciamento do sistema de cobrança.

A cobrança indireta se aplica nas situações em que o prestador apenas gerencia


e executa as atividades administrativas da cobrança das tarifas ou taxas –
processamento, emissão e entrega das contas/faturas, controle da arrecadação etc.
– em nome do titular da receita, que pode ser o tesouro municipal, no caso da taxa,
ou este e a estrutura de prestação regionalizada, no caso da tarifa.

As hipóteses refletidas no Quadro 3 resultam da interpretação da NR1/ANA que,


por sua vez, refletem interpretação jurídica das normas emanadas dos Arts. 29 e 35
da Lei n.º 11.445/2007 que admitem, explicitamente, a possibilidade de cobrança
de taxas ou tarifas pela prestação do SMRSU. Observa-se, no entanto, que esta
questão ainda não está definitivamente pacificada no âmbito jurídico-normativo,
sendo objeto de análise implícito do tema 903 da sistemática de repercussão geral,
em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), cuja decisão, ainda imprevisível,
poderá limitar a aplicação da NR1/ANA.

1.4 Aspectos da regionalização


A Lei n.º 11.445/2007, com a redação dada pela Lei n.º 14.026/2020, estabelece
como um de seus princípios fundamentais a prestação regionalizada dos serviços,
com vistas à obtenção de ganhos de escala para garantir a viabilidade técnica e

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econômico-financeira dos serviços. A lei define a prestação regionalizada como
a modalidade de prestação integrada de um ou mais componentes dos serviços
públicos de saneamento básico em determinada região cujo território abranja mais
de um município, podendo ser estruturada de diversas formas.

Quais são as formas de regionalização possíveis para a prestação


do SMRSU?
A prestação do serviço pode ser estruturada em:

I. Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões –


Art. 25, § 3.º, da CF/1988 e Art. 3.º, VI, ‘a’, da Lei n.º 11.445/2007 –,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes e criadas por lei
complementar estadual;

II. Unidades regionais de saneamento – Art. 3.º, VI, ‘b’, da Lei n.º
11.445/2007 –, podendo ser constituídas por agrupamento de municípios
não necessariamente limítrofes e criada por lei ordinária estadual;

III. Blocos de referência – Art. 3.º, VI, ‘c’, Art. 52, § 3.º, da Lei n.º 11.445/2007
–, estabelecidos pela União e formalmente instituídos pelos municípios
com a celebração de consórcio público ou convênio de cooperação, de
maneira voluntária, podendo ser constituído por agrupamento de
municípios não necessariamente limítrofes;

IV. Consórcios públicos – Art. 3.º, Inciso II, da Lei n.º 11.445/2007 e §11 do
Art. 2.º do Decreto n.º 10.588/2020 – constituídos por associação
voluntária entre entes federativos, na forma prevista na Lei n.º
11.107/2005 ou por meio de gestão associada decorrente de convênio
de cooperação.

V. Região Integrada de Desenvolvimento (Ride), desde que haja anuência


dos municípios que a integre, conforme § 5.º, do Art. 3.º da Lei n.º
11.445/2007, alterada pela Lei n.º 14.026/2020.

A criação das entidades citadas nos itens ii, iii e v depende da anuência dos municípios
– Art. 8.º-A, da Lei n.º 11.445/2007 –, enquanto a integração dos municípios às
entidades do item i é compulsória, a partir da edição de lei complementar estadual.
Já os consórcios públicos e convênios de cooperação – item iv – são constituídos
voluntariamente pelos próprios municípios. A Ride – item v – é criada por lei
complementar federal – Art. 43, CF/1988.

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Quem exerce a titularidade do serviço público no caso da prestação
regionalizada?

No caso da criação de uma estrutura de prestação regionalizada, o Supremo Tribunal


Federal (STF) já decidiu na ADI 1.842- RJ que o exercício da titularidade dos serviços
públicos é atribuído à estrutura de prestação regionalizada, que deverá deliberar de
maneira colegiada. Assim, as decisões, antes tomadas pelo município de maneira
isolada, devem passar a ser tomadas pelo órgão deliberativo colegiado da entidade.

Estrutura de prestação regionalizada: órgão colegiado formado


exclusivamente por representantes de entes da Federação, no
qual o poder decisório não esteja concentrado em qualquer
deles, integrante de região metropolitana, microrregião ou
aglomeração urbana, unidade regional de saneamento básico,
bloco de referência, conforme previsto no Art. 3.º, inciso VI da Lei
n.º 11.445/2007; ou decorrente do pactuado em consórcio público
ou convênio de cooperação entre entes federados na forma
prevista no Decreto n.º 10.588/2020.

A estrutura de prestação regionalizada detém competências para


organizar e prestar todos os serviços públicos municipais?

A estrutura de prestação regionalizada tem as competências que lhe forem atribuídas


por lei estadual de criação – ordinária ou complementar – ou pelo contrato de
consórcio.

Na criação da estrutura de prestação regionalizada, pode-se atribuir a ela o exercício


da competência para organizar e prestar todos os serviços públicos de saneamento
básico, ou apenas um ou alguns deles, ou, ainda, apenas algumas das atividades da
cadeia de um serviço público.

No caso do SMRSU, a competência atribuída à estrutura de prestação regionalizada


pode englobar toda a cadeia – coleta, transporte, transbordo e destinação final – ou
apenas algumas dessas atividades, por exemplo aquelas envolvidas na destinação
final. Neste último caso, o município permanece responsável pela coleta, transbordo
e transporte dos resíduos.

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Módulo

3
Atividades para implementação ou
adequação da política de cobrança
pelo SMRSU
Unidade 1 - Diagnóstico do modelo de gestão e
da política de cobrança

Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer e identificar


o modelo institucional e administrativo da gestão do SMRSU
vigente no município e/ou na estrutura regionalizada da qual ele
participa, bem como a existência e eventual regulação da política
de cobrança dos serviços de saneamento básico, específica
ou que trate do SMRSU, e sua compatibilidade com as normas
constitucionais e legais vigentes.

A sensibilização da sociedade para a importância e os benefícios da cobrança pela


prestação do SMRSU é requisito básico para que os municípios tenham êxito na
implantação de sua política de cobrança, levando à melhoria da qualidade ambiental
e da qualidade de vida da população. Dessa forma, a atividade de sensibilização
perpassa todo o processo de implementação ou adequação da política de cobrança
pela prestação do SMRSU.

Algumas possíveis estratégias para a sensibilização da sociedade consistem em:

I. Promoção de amplos debates públicos, abordando a


gestão do SMRSU, com base em informações e dados
fornecidos por técnicos e gestores, tais como: o custo
real da prestação do serviço; a estimativa do impacto
da cobrança para os usuários; e a comparação entre o
déficit do custo assumido pelo município com SMRSU, e
investimentos perceptíveis em áreas importantes para a
população, como saúde, educação e lazer.

II. Campanhas de sensibilização veiculadas na mídia.

III. Criação de canais de participação na elaboração da


política de cobrança, por meio de redes sociais.

IV. Criação de ouvidoria municipal.

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Uma sequência exemplificativa de atividades dentro desse processo é demonstrada
no fluxo grama da Figura 3.

Figura 3 – Fluxograma de implementação ou adequação


da política de cobrança pelo SMRSU

1.1 Diagnóstico do modelo de gestão e da política de


cobrança
Os modelos de gestão da prestação do SMRSU são o municipal ou o regionalizado.
Na gestão municipal o município é responsável exclusivo pela organização do
serviço e da política de cobrança. Já no modelo de gestão regionalizada, quando
a prestação do serviço for integral – todas as etapas –, ou seja, coleta, transbordo,
transporte, tratamento e disposição final, a reponsabilidade da prestação do serviço
é da estrutura de prestação regionalizada, e quando a prestação for parcial, apenas
da etapa que lhe for atribuída.

Em ambos os modelos, a execução do serviço poderá ser direta, quando realizada


pela estrutura própria e/ou terceirizada mediante contratos administrativos, ou
indireta, quando realizada por delegação mediante concessão nas modalidades
comum, patrocinada ou administrativa.

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Identificar a política de cobrança na gestão municipal

Quando a prestação direta ou indireta do serviço se der exclusivamente no âmbito


municipal, a política de cobrança será instituída e regulada por norma legal e/ou por
atos administrativos editados pelo poder Executivo ou pela entidade reguladora à
qual forem outorgadas ou delegadas as atividades administrativas de regulação.

A primeira ação a ser realizada é verificar a situação atual da cobrança pela prestação
do SMRSU do titular. Para isso, os gestores municipais devem realizar levantamento
de toda a legislação – leis e decretos – do município, verificando a existência de
normas que tratem de quaisquer aspectos ou diretrizes relacionadas à prestação e
à cobrança dos serviços de saneamento básico ou especificamente do SMRSU.

A seguir, deve-se avaliar se essas normas legais atendem às disposições da


Constituição Federal de 1988 – Art. 145 e 150 –, do Código Tributário Nacional –
Lei n.º 5.172/1966, Art. 77-80 –, da Lei n.º 11.445/2007 – Art. 29-35 –, e da NR1 da
ANA, para então definir o que precisa ser feito para a eventual revisão da política de
cobrança existente ou para instituir uma nova política.

Figura 4 – Diagnóstico da situação atual da cobrança pelo SMRSU no município

SITUAÇÃO 1
O município não tem política de cobrança para o SMRSU

Se o diagnóstico da legislação indicar a inexistência de qualquer norma legal que


trate ao menos das diretrizes básicas para a cobrança pela prestação dos serviços
de saneamento básico ou especificamente para o SMRSU, deve-se iniciar o processo
de instituição da política de cobrança, por meio da elaboração de um cronograma
de atividades, e observando as diretrizes para a política tarifária estabelecida pela

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legislação federal – Lei n.º 11.445/2007 –, verificando-se também se há entidade
reguladora do serviço, instituída ou delegatária, com a competência requerida para
a função, e seguir de acordo com as etapas descrita nos passos 2 a 8 do fluxograma
da Figura 3.

SITUAÇÃO 2
O município tem política de cobrança instituída para o SMRSU

No caso de já haver cobrança pelo SMRSU no município, deverá ser verificado o


seu atendimento às diretrizes estabelecidas pela legislação federal e pela NR1, bem
como se há entidade reguladora competente para a regulação dos serviços. Se essa
análise concluir que a política de cobrança pelo SMRSU instituída não atende às
diretrizes das normas legais vigentes, os gestores municipais devem verificar as
atividades do fluxograma da Figura 3, identificando onde haveria necessidade de
reedição de procedimentos e normas, como:

• Elaborar e aprovar projeto de lei alterando a política de cobrança


existente, caso esta tenha sido editada por lei;
• Caso o instrumento de cobrança escolhido seja a tarifa, uma alternativa
é revogar a política existente para então dispor sobre a política de
cobrança por meio de ato administrativo – decreto ou resolução da
entidade reguladora; e
• Elaborar os atos administrativos de instituição do regime tarifário ou de
regulamentação das taxas.

Identificar a política de cobrança na gestão regionalizada


Quando a prestação integral ou parcial do SMRSU for atribuída a uma das estruturas
de prestação regionalizada, indicadas no Módulo 1, a instituição e a regulação da
respectiva política de cobrança adotarão procedimentos próprios.

No caso de prestação regionalizada por meio de consórcio público, a Lei n.º


11.107/2005 estabelece as seguintes normas condicionantes:

“Art. 2.º. ……………….

§ 2.º Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer


atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de
serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles administrados
ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.

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§ 3.º Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou
autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista no
contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma específica o objeto
da concessão, permissão ou autorização e as condições a que deverá atender,
observada a legislação de normas gerais em vigor.

Art. 4.º São cláusulas necessárias do protocolo de intenções as que estabeleçam:

XI – a autorização para a gestão associada de serviços públicos, explicitando:

a) as competências cujo exercício se transferiu ao consórcio público;

b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área em que serão


prestados;

c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, permissão ou autorização


da prestação dos serviços;

d) as condições a que deve obedecer ao contrato de programa, no caso de a


gestão associada envolver também a prestação de serviços por órgão ou entidade
de um dos entes da Federação consorciados;

e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de outros preços


públicos, bem como para seu reajuste ou revisão;

Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como
condição de sua validade, as obrigações que um ente da Federação constituir para
com outro ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito de gestão
associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a transferência total
ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade
dos serviços transferidos.

§ 1.º O contrato de programa deverá:

I – atender à legislação de concessões e permissões de serviços públicos e,


especialmente no que se refere ao cálculo de tarifas e de outros preços públicos,
à de regulação dos serviços a serem prestados; e

II – prever procedimentos que garantam a transparência da gestão econômica e


financeira de cada serviço em relação a cada um de seus titulares.”

Conforme se observa nestas normas, a prestação regionalizada direta – estrutura


própria – ou indireta – delegação contratual – do SMRSU por consórcio público
e a regulação da sua cobrança devem observar critérios e condições definidas e
autorizadas pelo município consorciado no instrumento de constituição do consórcio
e no contrato de programa celebrado entre as partes.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 30


Nas outras hipóteses de prestação regionalizada, a estrutura de governança
regionalizada e suas competências para a prestação e/ou regulação do SMRSU
poderão ser instituídas e exercidas por meio de consórcio público, observando nos
seus atos constitutivos as disposições da Lei n.º 11.107/2005, ou em conformidade
com as disposições da Lei n.º 13.089/2015 – estatuto da metrópole.

Existem diversas combinações de situação de prestação regionalizada do serviço


com relação à gestão da cobrança e sua regulação, e em função i) de como o serviço
é prestado, se integral ou parcialmente, diretamente ou delegado; ii) do regime
de cobrança adotado; e iii) do instrumento de criação da estrutura de prestação
regionalizada. Apresentam-se pelo menos quatro situações possíveis:

• Situação 1: Prestação integral ou parcial do SMRSU diretamente pela


estrutura regionalizada, com gestão direta do sistema de cobrança de
tarifa.

• Situação 2: Prestação integral ou parcial do SMRSU diretamente pela


estrutura regionalizada, com gestão da cobrança de taxas ou tarifas por
cada um dos municípios participantes.

• Situação 3: Prestação integral ou parcial do SMRSU mediante delegação


de concessão comum ou patrocinada pela estrutura regionalizada, com
gestão da cobrança de tarifa diretamente pela concessionária.

• Situação 4: Prestação integral ou parcial do SMRSU mediante delegação


de concessão administrativa, com gestão da cobrança de taxas ou tarifas
pela estrutura regionalizada ou por cada um dos municípios participantes.

De acordo com a situação encontrada em cada município, deve-se verificar a


conformidade do sistema de cobrança com as normas vigentes e as incoerências
corrigidas, com base no fluxograma da Figura 3.

Unidade 2 - Entidade reguladora

Ao final desta unidade você será capaz de reconhecer os diferentes


formatos de entidades reguladoras, a forma de suas instituições,
designação e atribuição de competências regulatórias do SMRSU,
bem como de conhecer a alternativa mais adequada ao modelo
de gestão do serviço adotado pelo município.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31


2.1 Identificar ou definir a entidade reguladora
De acordo com os Arts. 9.º e 23 da Lei n.o 11.445/2007, o titular deverá definir a
entidade responsável pela regulação e fiscalização do SMRSU, mediante instituição
e/ou outorga dessa função a uma entidade reguladora própria – municipal ou
consorciada – ou por delegação das atividades administrativas de regulação e
fiscalização para entidade reguladora existente no âmbito do Estado, explicitando
no ato de delegação a forma de atuação e a abrangência das atividades a serem
desempenhadas pelas partes envolvidas.

Caso não exista no estado do titular uma entidade reguladora constituída para atuar
no SMRSU, que tenha aderido às normas de referência da ANA, o titular poderá
optar por aderir a uma entidade reguladora em outro estado da Federação, desde
que seja dada prioridade, entre as entidades qualificadas, àquela mais próxima à
localidade do titular; e que haja anuência desta, que poderá cobrar pela regulação
valores diferenciados de acordo com a distância da sede da entidade à do titular.

A entidade reguladora em sua função deve ser dotada de independência decisória


e autonomia administrativa, orçamentária e financeira, atendendo aos princípios de
transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões – Art. 21 Lei n.º
11.445/2007.

Segundo a Lei n.º 11.445/2007, a entidade reguladora, observadas as diretrizes


determinadas pela ANA, deve editar normas relativas às dimensões técnica,
econômica e social de prestação dos serviços públicos de saneamento básico.

De acordo com a NR1, a regulação do SMRSU contempla todo e qualquer ato que
discipline ou organize o SMRSU, incluindo suas características, padrões de qualidade,
impacto socioambiental, direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por
sua oferta ou prestação, fixação e revisão do valor de tarifas e de outros preços
públicos e, quando for o caso, a proposição de valores de taxas ao titular ou à
estrutura de prestação regionalizada.

Como se observa, as atividades regulatórias e fiscalizatórias são de natureza complexa


e requer estrutura dimensional e tecnicamente qualificada, preferencialmente
capacitada para atuação em todos os serviços de saneamento básico.

As alternativas possíveis para escolha da entidade reguladora estão explicitadas


a seguir e para todas as opções é importante observar a competência legal, a
qualificação e a capacidade técnica e estrutural da entidade reguladora do SMRSU,
além de se certificar de que esta atenda às normas de referência editadas pela ANA.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 32


Criação de entidade reguladora municipal
O titular pode criar a sua própria entidade reguladora de serviços públicos de
saneamento. Neste caso, deve verificar se há condições técnicas, viabilidade e
racionalidade econômica para a sua criação, e se o modelo de gestão da prestação
dos serviços de saneamento básico o justifica.

Em face dos requisitos de qualificação técnica especializada e de estrutura de


pessoal adequada, os custos das atividades regulatórias podem inviabilizar a criação
e entidade reguladora por municípios de pequeno porte populacional.

Mesmo para município de maior porte a criação de entidade reguladora própria só


é viável e se justifica se for para atuar em todos os serviços de saneamento básico e
estes forem prestados no âmbito municipal.

Entidade reguladora estadual


Ato de delegação explicitará a forma de atuação e a abrangência das atividades a
serem desempenhadas. Em geral, o ato se reveste na forma do convênio previsto
no Art. 241 da CF/1988.

Devido à tradição e predominância da prestação regionalizada dos serviços de


abastecimento de água e de esgotamento sanitário por empresas estaduais, quase
todos os estados criaram agências reguladoras com atuação na área do saneamento
básico, porém grande parte delas ainda não estão tecnicamente habilitadas para
atuação no SMRSU.

De outro lado, em razão do porte estrutural, da abrangência de atuação em outras


áreas de infraestruturas e das experiências, estas agências poderão se habilitar
mais facilmente para atuar em todos os serviços de saneamento básico, incluído o
SMRSU.

Consórcio público de regulação dos serviços


Ato de constituição do consórcio público disciplinará sua organização e competência
regulatória, nos termos da Lei n.º 11.107/2005. O consórcio integra a administração
indireta dos municípios consorciados. Por isso, a hipótese é de atribuição e não da
delegação do exercício da competência. Para isso, o município deve se consorciar,
mediante assinatura e ratificação do protocolo de intenções.

Esta alternativa ainda é pouco explorada pelos municípios, existindo poucos


consórcios públicos constituídos para a função de regulação dos serviços de
saneamento básico em efetiva atuação.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33


Esta é uma boa alternativa para os municípios, independente do porte populacional,
pois, além de preservar suas autonomias decisórias na gestão regulatória dos
serviços por meio das instâncias deliberativas do consórcio, este tem mais condições
de se estruturar e qualificar adequadamente para o exercício da regulação. De outro
lado, o consórcio regulador pode atuar tanto na regulação individual da prestação
municipal quanto nas hipóteses de prestação regionalizada dos serviços, podendo
ser um forte elemento indutor da adesão dos municípios a soluções de prestação
regionalizada, visando maior racionalidade e melhores condições de viabilidade e
sustentabilidade técnica e econômica dos serviços.

Outras entidades reguladoras no estado


Demais entidades reguladoras no âmbito territorial do estado não enquadradas
como estadual ou consórcio público.

Trata-se especialmente de agências reguladoras municipais já estruturadas ou


em condições de se estruturar e habilitar para o exercício de suas funções junto a
outros municípios, ou até mesmo no âmbito de prestação regionalizada na sua área
de atuação.

Entidade reguladora de outro estado da Federação


De acordo com o §1A do Art. 23 da Lei n.º 11.445 de 2007, esta opção só poderá
ocorrer nos casos em que: i) não exista no estado do titular agência reguladora
constituída que tenha aderido às normas de referência da ANA; ii) seja dada
prioridade, entre as agências reguladoras qualificadas, àquela mais próxima à
localidade do titular; iii) haja anuência da agência reguladora escolhida, que poderá
cobrar valores diferenciados pela regulação, de acordo com a distância da sede da
entidade à do titular.

No caso em que houver entidade atuando na regulação de outro serviço do titular,


poderá ser ampliada a sua atuação para atender ao SMRSU.

Ampliação de atuação de entidade reguladora de outro serviço


para SMRSU
A atribuição ou delegação do exercício da regulação e fiscalização do SMRSU deve ser
formalizada por meio de ato específico, que deve explicitar, entre outros requisitos:

• o prazo da delegação;
• a forma, a abrangência de atuação – competências/atribuições – e as
atividades a serem desempenhadas;
• pela entidade reguladora e aquelas reservadas ao titular;
• a forma e condições de remuneração da entidade reguladora; e
• as hipóteses e condições de rescisão do contrato de delegação.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 34


É recomendado que a entidade reguladora receba as atribuições
ou a delegação das atividades de regulação e fiscalização de
todos os serviços públicos de saneamento básico do município,
sempre que possível.

Unidade 3 – Regime e instrumento de cobrança

Ao final desta unidade você será capaz de identificar os regimes


e instrumentos de cobrança do SMRSU, bem como de avaliar
as alternativas, os elementos e as ações necessárias para
a instituição do regime e do instrumento de cobrança mais
apropriados para o modelo de gestão adotado pelo município.

3.1 Definir e instituir o regime e o instrumento de


cobrança
O titular deverá definir regime de cobrança pela prestação do SMRSU. O regime
de cobrança é o conjunto de regras e princípios legais ou editados por autoridades
administrativas que regem os instrumentos de cobrança, sendo este o regime
tributário, no caso de taxas, e o regime administrativo, no caso de tarifas e outros
preços públicos.

Em ambos os instrumentos – tarifa ou taxa –, o valor arrecadado deverá ser suficiente


para cobrir a receita requerida para remuneração do prestador de serviço.

No regime administrativo devem ser editados os atos administrativos – decreto


municipal ou resoluções da entidade reguladora ou da estrutura de prestação
regionalizada – regulamentando a política tarifária, bem como definindo os critérios
de cálculo e de reajuste e revisão das tarifas e fixando seus valores.

No regime tributário, o titular instituirá, por meio de lei, a taxa pela prestação do
SMRSU, regulamentando os aspectos essenciais dessa política de cobrança, inclusive
a instituição dos critérios de cálculo e dos fatores numéricos para determinação
dos valores monetários das taxas ou fixando esses valores e os critérios para sua
atualização, bem como determinado os aspectos que poderão/deverão ser objeto
de regulamentação pelo Executivo municipal.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35


A tarifa mostra-se como o regime jurídico de remuneração que
melhor se adequa às características dos serviços públicos de
saneamento básico, inclusive o SMRSU, independente do modelo
de sua prestação.

Um dos principais problemas na instituição de taxas é a fixação


em lei dos seus valores monetários, cujas alterações, exceto
atualização monetária indexada exemplo, UFIR dependem de lei.
Isto pode ser evitado se a lei instituir os critérios para determinação
da base de cálculo custo do serviçoe os fatores numéricos para
os cálculos e expressão monetária dos valores individuais das
taxas, remetendo para o Executivo a sua regulamentação.

3.2 Considerações sobre tarifa e taxa


A flexibilidade na fixação e na revisão das tarifas confere melhores condições para
garantir a sustentabilidade e a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro
da prestação do SMRSU. No entanto, a maior flexibilidade não significa plena
liberdade para a fixação das tarifas, pois as diretrizes da Lei n.º 11.445/2007 para
a regulação econômica dos serviços estabelecem tanto critérios mínimos – como
o ressarcimento pelos custos incorridos – quanto máximos – .como o princípio da
modicidade tarifária e a capacidade de pagamento dos usuários – para as tarifas.

A taxa, por requerer a edição de lei para qualquer alteração de seus critérios de
cálculo, tende a ter valor mais estático do que a tarifa ao longo dos anos, o que pode
vir a comprometer a viabilidade econômico-financeira da prestação dos serviços,
caso o valor não acompanhe a evolução dos custos.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 36


Quadro 4 – Principais diferenças entre tarifa e taxa

TARIFA TAXA
(Regime administrativo) (Tributo – regime tributário)

Necessidade de lei em sentido formal


Regime administrativo/ para instituição, alteração de aspectos
regulatório, podendo ser alterado essenciais, inclusive revisões de
por ato administrativo. seus valores ou de critérios
para sua fixação.

Não precisa atender aos princípios


Aplicação do princípio da
tributários, podendo ser aplicada na
anterioridade e noventena. Vigência
data prevista no ato administrativo
no ano seguinte ao da criação ou
desde que respeitado o interstício
alteração de valor, exceto atualização
de 30 dias previsto no Art. 39,
monetária prevista na lei.
caput, da Lei n.º 11.445/2007.

Pode ser cobrada diretamente


por qualquer prestador municipal, Cobrada pela administração pública,
consórcio ou outra estrutura podendo ser arrecadada por qualquer
regionalizada, ou por prestador de prestador ou terceiros em seu nome.
concessão comum ou patrocinada.

É receita pública pertencente ao


É receita do prestador municipal,
tesouro municipal, porém vinculada à
regional ou concessionário, por eles
remuneração do serviço, sob qualquer
diretamente arrecadada e apropriada.
regime e forma de prestação.

Definir o regime de cobrança

A escolha entre o regime administrativo – tarifa – e o regime tributário – taxa –, ou a


combinação de ambos, é opção do titular, considerando os aspectos técnicos, legais
e de sustentabilidade.
O titular pode optar pela cobrança de tarifas ou de taxas pela disponibilidade e uso
efetivo do SMRSU. Usuários para os quais os serviços não são disponibilizados – por
exemplo, moradores de distrito rural não servido pelos serviços – não estão sujeitos
à cobrança.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37


Cobrança de preços públicos para atividades alternativas,
complementares ou acessórias

Independente do instrumento de cobrança adotado para remunerar a prestação do


SMRSU, o titular ou a estrutura de prestação regionalizada pode também fixar, por
ato administrativo próprio ou da entidade reguladora, preços públicos específicos
para a remuneração de atividades alternativas, complementares ou acessórias, tais
como: coleta e destinação final de resíduos de grandes geradores; coleta, tratamento
e disposição final de resíduos de serviços de saúde; disposição direta no aterro por
grandes geradores, entre outros.

3.3 Instituindo a política de cobrança


As diretrizes para a instituição da política de cobrança pela disposição e prestação
do SMRSU estão estabelecidas nos Arts. 29, 30 e 35 da Lei n.º 11.445/2007.

Na ausência de instrumento de cobrança definido mediante


contrato ou por ato administrativo do Distrito Federal, do
município ou de estrutura de prestação regionalizada, até 31 de
dezembro de 2021, a entidade reguladora do SMRSU competente
deverá consultar o titular ou a estrutura de prestação
regionalizada quanto à sua intenção de instituí-lo. Caso, após 60
dias, não haja resposta ou seja negativa, a entidade reguladora
que possuir a competente atribuição legal deve definir a tarifa
do SMRSU (NR1, 6.1.3).

Nesta situação, para evitar conflito regulatório ou judicial, deve-se observar que
precede, condiciona e se sobrepõe à aplicação deste dispositivo da NR1:

1. a existência de efetiva prestação ou disposição do SMRSU, nos termos


do Art. 3.º-C e do caput do Art. 35, da Lei n.º 11.445/2007;
2. o atendimento ou a aplicação da sanção – nulidade do contrato –, caso
não atendidas as condições previstas no Art. 11, da Lei n.º 11.445/2007,
nos casos de prestação delegada mediante contratos; ou
3. o cumprimento do disposto no Art. 14 da Lei Complementar n.º 101/2000
pelo titular do serviço, declarado pela autoridade competente, nos casos
de prestação direta.

Instituindo a cobrança de tarifa


Exceto quanto aos aspectos relativos aos direitos e obrigações dos usuários e
prestadores, às penalidades a que estarão sujeitos, e aos procedimentos e critérios

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 38


para a atuação das entidades de regulação, conforme o Art. 30 do Decreto n.º
7.217/2010, e de acordo com o item 6.1 da NR1, a tarifa pode ser definida mediante:

I. contrato de concessão, de acordo com o mecanismo de definição do


valor inicial da tarifa no edital de concessão;
II. ato administrativo do titular, quando o serviço for prestado pela
administração direta, autarquia, empresa pública ou sociedade de
economia mista controlados pelo titular, ou por concessão administrativa
regida pela Lei n.º 11.079/2004;
III. ato administrativo da estrutura de prestação regionalizada; e
IV. ato da entidade reguladora do SMRSU, de maneira subsidiária, nos
termos do item 6.1.3. da NR1.

Deve-se observar, no entanto, que alguns aspectos da política tarifária dependem


de previsão legal, como a política de subsídios e subvenções orçamentárias,
particularmente nas hipóteses de prestação direta do SMRSU.

O ato que institua a tarifa deve prever, no mínimo:


• os serviços/atividades objeto da cobrança;
• o usuário sujeito à cobrança;
• a periodicidade da cobrança – mensal/anual – e critério de
parcelamento, no caso de valor anual.
• a estrutura tarifária;
• a política de subsídios;
• critérios de reajuste e revisão;
• a forma de cobrança/arrecadação das tarifas – documento
específico, carnê/guia do IPTU, conta do serviço público
de abastecimento de água, ou outra forma; e
• as infrações e penalidades a que o usuário está sujeito.

No caso de delegação da prestação do serviço em regime de


concessão pelo município ou pela estrutura de prestação
regionalizada: a estrutura econômica e os critérios de cálculo
dos custos e de determinação da receita requerida e dos seus
reajustes e revisões, bem como a estrutura e os critérios de
cálculos das tarifas individuais, devem ser predefinidos e
regulados nos instrumentos de delegação, e os valores iniciais
das tarifas serão definidos no contrato, ou conforme a proposta
do licitante contratado, caso o critério de julgamento seja o de
menor tarifa.

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Instituindo a cobrança de taxa
A instituição da cobrança de taxa deve observar as normas do Código Tributário
Nacional – Lei n.º 5.172/1966 – e se processar mediante lei aprovada pela Câmara
Municipal e seu decreto regulamentador, estabelecendo:

• os serviços/atividades objeto da cobrança;


• o fato gerador da cobrança: i) utilização efetiva ou ii) utilização potencial;
• o usuário sujeito à cobrança – contribuinte ou sujeito passivo da
obrigação tributária;
• a base de cálculo da taxa e forma de atualização do seu valor;
• o fator de rateio da receita requerida – R$ imóvel; R$/m2 de área
construída; R$/m3 de água etc.;
• a estrutura e os fatores de cálculo dos valores;
• individuais das taxas;
• a política de subsídios;
• a periodicidade da cobrança – mensal/anual – e critério de parcelamento,
no caso de valor anual;
• forma de cobrança/arrecadação das taxas – documento específico,
carnê/guia do IPTU, conta do serviço de abastecimento de água, outra
forma; e
• as infrações e penalidades a que o contribuinte/ usuário está sujeito,
bem como a definição de obrigações acessórias – por exemplo, o dever
de manter seu cadastro atualizado ou a penalidade por inadimplência.

É interessante que a lei municipal estabeleça apenas a estrutura


e os fatores numéricos – não monetários – de cálculo dos
valores individuais das taxas, aplicáveis sobre o valor unitário
atualizado de rateio da receita requerida, remetendo ao poder
Executivo a regulamentação, por meio de decreto, dos aspectos
técnicos e executivos de sua aplicação. Isto torna mais flexível os
procedimentos de atualização ou revisão dos valores monetários
das taxas.

3.4 Definição dos requisitos básicos da política de


cobrança

1. Serviços/atividades sujeitas à cobrança


A cobrança pode ser instituída sobre o conjunto, sobre parte do conjunto e sobre
atividades isoladas que compõem o SMRSU, dependendo do tipo de resíduos, do
gerador e da própria atividade.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 40


Resíduos Domiciliares e Equiparados (RSD)
No caso de resíduos domiciliares e equiparados – Lei n.º 12.305/2010, Art. 13, Inciso
I, alíneas “a” e “d”, parágrafo único – poderá incidir cobrança de taxa ou tarifa sobre
o conjunto de atividades de coleta convencional e seletiva, transporte, transbordo,
processamento – triagem, compostagem, aproveitamento energético – e disposição
final adequada de resíduos ou rejeitos inaproveitáveis.

No entanto, cabe ao titular do serviço – município ou a estrutura


de gestão regionalizada – decidir se todas estas atividades serão
remuneradas pela cobrança direta dos usuários ou se parte e quais
delas terão os custos subsidiados/remunerados com recursos
de outras fontes regulares de receitas, por exemplo: repasses
do orçamento geral, receitas de atividades complementares ou
acessórias – coleta e/ou destinação final de resíduos de grandes
geradores e de serviços de saúde, comercialização de materiais
recicláveis etc.; fundos especiais.

Grandes geradores de RSD e outros resíduos


Conforme a regulação e a logística de coleta, poderá ser instituída cobrança de preço
público específico para a coleta e destinação final de RSD de grandes geradores ou
para a disposição/entrega direta de RSD no aterro ou central de tratamento de RSU.
Igual tratamento pode ser aplicado para a coleta e/ou disposição final de resíduos
volumosos.

E também, havendo estrutura municipal ou regional adequada, poderão ser


instituídas tarifas e/ou preços públicos específicos para a remuneração das
atividades de coleta e/ou de tratamento e disposição final de resíduos de serviços
de saúde (RSS) e de resíduos da construção ou demolição (RCD), quando realizadas
pelo prestador público ou contratado.

2. Fato gerador da cobrança – o que cobrar


Conforme visto, a legislação brasileira admite dois regimes de cobrança pela
disposição e prestação de serviços públicos: o regime tributário de taxas e o
regime de preço público, sob a espécie de tarifas e de outros preços específicos. No
entanto, os fatos geradores a que se podem aplicar esses regimes de cobrança têm
abrangências um pouco diferentes:

A cobrança de taxas tem como fatos geradores:

• a utilização ou fruição efetiva e objetivamente aferida/medida ou


presumida do SMRSU; e/ou

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41


• a utilização potencial, quando, sendo de utilização compulsória, o
SMRSU, em efetivo funcionamento e com capacidade de atendimento
integral, seja posto à disposição de todos os usuários potenciais –
imóveis, edificados ou não, situados em logradouros atendidos pelo
SMRSU.

A cobrança de tarifas tem como fatos geradores:

• a utilização ou fruição efetiva e objetivamente aferida/medida ou


presumida do SMRSU; e
• a disponibilidade efetiva do serviço com capacidade de atendimento
integral de todos os imóveis edificados, ocupados ou em condições de
ocupação e utilização imediata do serviço de manejo de RSU existentes
na área coberta pela atividade de coleta, transporte e destinação final
adequada dos resíduos domésticos ou equiparados.

A cobrança de preços públicos específicos tem como fato gerador a prestação


efetiva de serviços ou de atividades especiais de manejo de RSU, mediante contratos
específicos, e para atividades acessórias ou eventuais.

O conceito de disponibilidade efetiva do SMRSU, para efeito de


cobrança de tarifa, pode tomar como paradigma o disposto no
Art. 45 da Lei n.º 11.445/2007 para os serviços de abastecimento
de água e de esgotamento sanitário, e se aplica aos imóveis
edificados transitoriamente vazios, ou aqueles com estruturas
em condições de utilização imediata para qualquer finalidade,
situados em logradouro atendido pela coleta domiciliar regular
de resíduos.

Reforça esta tese os enunciados do Art. 45 e de seu § 5.º, da Lei n.º 11.445/2007, que
dispõem:

“Art. 45. As edificações permanentes urbanas serão conectadas às redes


públicas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário disponíveis e
sujeitas ao pagamento de taxas, tarifas e outros preços públicos decorrentes
da disponibilização e da manutenção da infraestrutura e do uso desses
serviços (Redação pela Lei n.º 14.026, de 2020).

§ 5.º O pagamento de taxa ou de tarifa, na forma prevista no caput deste artigo,


não isenta o usuário da obrigação de conectar-se à rede pública de esgotamento
sanitário...” (Grifos nossos)

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 42


Desta forma, considera-se que a cobrança de tarifa apenas pela disponibilidade do
SMRSU adote como paradigma os critérios de cobrança de tarifa de disponibilidade
dos serviços de energia elétrica e de abastecimento de água, aplicando-se, no caso
do SMRSU, para os imóveis ocupados ou em condições de ocupação imediata por
quaisquer usuários geradores potenciais de RSD ou equiparados. Para as demais
situações de imóveis, o titular do serviço pode ainda optar pela cobrança de taxa
pela disposição do SMRSU.

3. Sujeito passivo da cobrança – de quem cobrar


Em tese, o sujeito passivo – responsável legal pelo pagamento – da taxa de serviço
público específico e divisível é a pessoa física ou jurídica diretamente beneficiada
pela sua disposição ou prestação.

A utilização/fruição do SMRSU beneficia coletivamente o grupo de pessoas ocupante


do imóvel atendido por este serviço ou a pessoa jurídica que nele desenvolva
qualquer atividade econômica ou social. Portanto, no caso de imóvel residencial,
não é possível individualizar a cobrança pela prestação deste serviço de forma
personalizada.

Por esta razão, a incidência da cobrança recai sobre cada unidade imobiliária
autônoma e tem como sujeito passivo a pessoa física ou jurídica proprietária ou
responsável pela posse ou ocupação legítima do referido imóvel, inclusive o locatário,
no caso de imóvel de aluguel.

Quando adotado o regime tributário de cobrança por meio de taxa, os possíveis


sujeitos passivos são definidos pela lei que a instituir, tornando-se o sujeito passivo
de fato a pessoa física ou jurídica que assumir a condição de responsável tributário
perante o órgão ou entidade pública responsável pela cobrança.

Se for adotado o regime de cobrança por meio de tarifa, o sujeito passivo é, por
princípio, o usuário efetivo ou com disponibilidade efetiva do serviço, representado
pela pessoa física ou jurídica responsável pela posse ou ocupação do imóvel, cabendo
a este assumir o termo de responsabilidade ou contrato de adesão à prestação do
serviço junto ao seu prestador – órgão ou entidade pública ou privada.

Em qualquer das hipóteses e sendo do seu interesse, o proprietário do imóvel pode


assumir perante o prestador a responsabilidade pelo pagamento da cobrança da taxa
ou tarifa do serviço de manejo de RSU, ainda que não seja usuário efetivo do serviço.

4. Base de cálculo da cobrança – o quanto cobrar


Também é requisito essencial para instituição e regulação da política de cobrança,
a definição da sua base de cálculo. Em princípio, qualquer que seja o regime de

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43


cobrança adotado, a base de cálculo dos valores individuais cobrados diretamente
dos usuários efetivos ou potenciais do serviço deve estar vinculado ao custo de sua
prestação, tendo como resultado a receita requerida.

Cabe ao titular do serviço – município ou estrutura de gestão regionalizada –


estabelecer, nos instrumentos de regulação normativa ou contratual, os elementos
e a metodologia de cálculo do custo do serviço e determinar o quanto desse custo
– receita requerida – será remunerado pela cobrança direta dos usuários e, se for
o caso, a fonte de subvenção e remuneração de eventual parcela do custo não
remunerada pela cobrança.

5. Definição do regime de cobrança


Por fim, deve o titular decidir entre o regime tributário e o regime administrativo de
preço público ou pela combinação de suas espécies de cobrança que será adotada
para a remuneração da prestação do SMRSU.

Conforme visto, observa-se que podem coexistir, na política de cobrança do SMRSU,


as seguintes hipóteses de cobrança e os respectivos fatos geradores:

¾ cobrança exclusivamente de taxas pela disposição e uso potencial e


pela prestação e uso efetivo do serviço e de preços públicos para
atividades especiais ou acessórias;
¾ cobrança exclusivamente de tarifas pela prestação e uso ou
disponibilidade efetiva dos serviços e de preços públicos para
atividades especiais ou acessórias – não incluindo cobrança de
usuários potenciais, com serviço à disposição; ou
¾ cobrança de taxas pela disposição e uso potencial, de tarifas pela
prestação e uso ou disponibilidade efetiva dos serviços e de preços
públicos para atividades especiais ou acessórias.

Unidade 4 – Cobrança e arrecadação

Ao final desta unidade você será capaz de identificar e avaliar as


formas e mecanismos apropriados para execução da cobrança
e arrecadação das tarifas e taxas pela prestação do SMRSU,
bem com os elementos necessários para a sua regulação e
implementação.

Os requisitos para implantação e gerenciamento de um bom sistema de cobrança


pela prestação do SMRSU variam conforme o regime de cobrança adotado, os

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 44


critérios e fatores de cálculo utilizados e as formas de execução da cobrança e
arrecadação.

Apresentam-se, a seguir, as considerações sobre as quatro alternativas possíveis,


indicando seus respectivos documentos de arrecadação.

A fatura a ser entregue ao usuário final deverá obedecer modelo


estabelecido pela entidade reguladora, que definirá os itens e
custos que deverão estar explicitados – Parágrafo único, Art. 39,
Lei n.º 11.445/2007.

4.1 Fatura específica para o SMRSU


Esta alternativa é administrativa, técnica e operacionalmente possível e, em alguns
casos, será a única opção. No entanto, ela apresenta riscos de baixas eficiência e
racionalidade econômica, devido ao custo de: i) implantação/adequação; ii) de
manutenção e operação do sistema de gestão – sistema de TI – da cobrança, inclusive
da base cadastral; iii) de gestão administrativa da cobrança; iv) de arrecadação,
especialmente no caso de cobrança mensal, comparativamente ao valor mensal da
tarifa ou taxa – a despesa bancária pode representar 10% a 20% deste valor; e v)
ao risco de inadimplência elevada, devido à impossibilidade jurídica e prática de
suspensão do serviço, e custos adicionais de cobrança administrativa ou judicial.

Os municípios de Itajaí e Balneário de Camboriú, no estado de Santa Catarina, são


exemplos da prática da cobrança do SMRSU em documento exclusivo de arrecadação.

Cofaturamento com o serviço de abastecimento de água


O gerenciamento e a execução da cobrança do SMRSU utilizando o sistema de
cobrança do serviço público de abastecimento de água, independente do regime
de cobrança adotado, apresenta-se como uma das alternativas mais eficientes por
utilizar uma base cadastral normalmente mais abrangente do que a do IPTU e, por
se tratar de ambos os serviços de competência municipal, possibilitando a redução
da inadimplência em relação a outras formas de cobranças.

Ainda que a estrutura de cálculo da tarifa ou taxa do SMRSU não tenha o consumo
de água como fator de cálculo exclusivo ou predominante, se a prestação do serviço
de abastecimento de água atender uma área igual ou mais abrangente do que o
SMRSU, a utilização da fatura do serviço público de abastecimento de água poderá
ser uma alternativa mais interessante.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45


São exemplos de cobrança do SMRSU na conta de água, por empresa concessionária
do serviço de abastecimento de água, diversos municípios e a Companhia de
Saneamento do Paraná (Sanepar).

Em Araraquara (SP), a cobrança baseia-se no consumo de água, e a prestação do


SMRSU é integrada com os serviços de abastecimento de água e de esgotamento
sanitário.

Cofaturamento com outros serviços públicos

Há possibilidade de contratar a execução da atividade de cobrança com o prestador


de outro serviço público, tal como o de fornecimento de energia elétrica. Nesse
caso, além de possuir grande cobertura de atendimento dos domicílios, geralmente
o sistema gerencial da cobrança de energia elétrica tem atributos e requisitos
compatíveis e facilmente adaptáveis para a cobrança do SMRSU.

De outro lado, o cofaturamento do SMRSU já se encontra em processo de consulta


e regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Portanto,
aprovada essa medida e havendo interesse e um bom entendimento comercial
entre os prestadores dos serviços, esta solução pode ser uma boa alternativa.

Quando utilizado documento para a cobrança da remuneração


de outro serviço público, inclusive o de abastecimento de água,
deve ser previsto no custo do SMRSU o valor de ressarcimento ao
prestador do outro serviço, conforme estabelecido em contrato
celebrado entre as partes, com anuência da entidade reguladora do
SMRSU ao valor a ser pago a título de ressarcimento dos custos de
cofaturamento – Item 5.6.3 da NR1.

Cobrança junto ao carnê ou guia do IPTU

A adoção do sistema de cobrança do IPTU para a cobrança e arrecadação da


cobrança do SMRSU independe do regime de prestação do serviço – direta ou
indireta –, da natureza jurídica do prestador – órgão ou entidade publica, empresa
estatal ou privada –, do regime – tributário ou de preços públicos – e do instrumento
de cobrança – taxas ou tarifas.

Portanto, na impossibilidade de utilização das formas de cobrança já apresentadas,


pode ser utilizado o carnê ou guia de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU),
desde que atenda aos seguintes requisitos:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 46


• Cadastro imobiliário – base do IPTU – abrangente, cobrindo todas as
áreas ou aglomerados urbanos do município onde houver prestação do
serviço;
• Base cadastral que contenha ou permita a inclusão dos atributos do
imóvel e outros elementos utilizados como fatores de cálculo da taxa –
categoria de uso, área e/ou padrão construtivo, frequência da coleta,
consumo médio mensal ou anual de água etc.;
• Critérios de cálculo da taxa que permitam: i) apuração satisfatória do
custo do serviço, base de cálculo da tarifa ou taxa; ii) aplicação dos fatores
de cálculo das taxas individuais de cada imóvel de forma adequada; e iii)
obtenção de uma receita esperada – descontadas isenções e
inadimplência líquida – equivalente a receita requerida; e
• Gerenciamento da cobrança eficiente – lançamento/faturamento,
emissão e entrega do documento de cobrança, controle da arrecadação
e execução administrativa da cobrança de inadimplentes.

Entre os diversos municípios que utilizam essa forma de cobrança – SMRSU


em conjunto com o IPTU –, podemos citar como exemplo os municípios de Belo
Horizonte (MG) e de Curitiba (PR).

Unidade 5 – Receita requerida

Ao final desta unidade você será capaz de compreender e aplicar


as metodologias de cálculos dos custos do SMRSU para a apuração
da receita requerida para a remuneração e sustentabilidade
econômico-financeira da prestação do SMRSU.

5.1 Sustentabilidade econômico-financeira


A Lei Nacional do Saneamento Básico – Lei n.º 11.445/2007 – estabelece no seu
Art. 29 que “Os serviços públicos de saneamento básico terão a sustentabilidade
econômico-financeira assegurada por meio de remuneração pela cobrança dos
serviços [...]”.

A receita requerida tem como objetivo garantir a sustentabilidade econômico-


financeira da prestação do serviço. Neste sentido, conforme define a NR1, a receita
requerida do SMRSU deve ser aquela suficiente para ressarcir o prestador de serviços
das despesas administrativas e dos custos eficientes de operação e manutenção
– Opex –, de investimentos prudentes e necessários – Capex –, bem como para
remunerar de forma adequada o capital investido, inclusive os tributos cabíveis.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 47


A receita requerida deve também cobrir as despesas com a remuneração da
entidade reguladora do SMRSU e com a contratação de associações ou cooperativas
de catadores de materiais recicláveis, quando for o caso.

Para tanto, a NR1 – Item 5 – estabelece que, para a sustentabilidade econômico-


financeira, o regime, a estrutura e os parâmetros da cobrança pela prestação
do SMRSU deverão ser adequados e suficientes para assegurar e manter a
sustentabilidade econômico-financeira da prestação dos serviços, e devem
considerar o princípio da modicidade tarifária, garantindo o acesso ao serviço
público com qualidade, eficiência e eficácia para toda a população.

Regime de cobrança – Conjunto de regras e princípios legais


ou editados por autoridades administrativas que regem os
instrumentos de cobrança, sendo o regime tributário para o
caso de taxas e o regime administrativo para o caso de tarifas e
outros preços públicos – Item 4.4.

Estrutura de cobrança – Matriz com os valores a serem


cobrados por categoria de usuários, e eventuais subcategorias,
estabelecendo o rateio a receita requerida do SMRSU – Item 4.9.

Parâmetros para a fixação do valor a ser cobrado – Para definição


do valor a ser cobrado de cada usuário, o instrumento de cobrança
deve: considerar o nível de renda da população da área atendida
e a destinação adequada dos resíduos coletados, mediante a
aplicação isolada ou conjunta, dos seguintes parâmetros [...] pode
considerar, ainda, para a quantificação dos resíduos, mediante a
aplicação, isolada ou conjunta, dos seguintes parâmetros [...] –
Item 5.4.

Ainda, segundo a NR1, a sustentabilidade econômico-financeira do SMRSU deve


ser alcançada, preferencialmente, por meio de tarifas. Para que se atinja a
sustentabilidade é necessária a apuração de todos os custos, determinando-se,
assim, a receita requerida do SMRSU.

Para o regime tarifário é necessário estabelecer os mecanismos


de reajuste e revisão. No caso da revisão, deve ser realizada a
reavaliação das condições de prestação do SMRSU e a manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, de modo a
garantir a sustentabilidade econômico-financeira a longo prazo.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 48


5.2 Calculando a receita requerida
Deve-se definir o custo do serviço das atividades de coleta, transbordo, transporte,
triagem para fins de reutiliza ção ou reciclagem, tratamento e destinação final dos
resíduos sólidos urbanos definidos como Serviço Público de Manejo de Resíduos
Sólidos Urbanos1 no item 4.1 da NR1.

A receita requerida compreende o valor que deve ser arrecadado para i) cobrir os
custos operacionais e de investimentos da adequada prestação do SMRSU; e ii)
remunerar adequadamente o capital investido, sendo suficiente para ressarcir o
prestador do serviço.

Desse modo, a receita requerida para a remuneração da prestação do SMRSU deve


ter por base o custo da prestação do serviço para os usuários, incorporando inclusive
a amortização de investimentos – inclusive o de remediação de eventuais passivos –
e, ainda, a remuneração adequada dos investimentos reconhecidos.

Serviço Público de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos: O serviço


público compreendendo as atividades de coleta, transbordo,
transporte, triagem para fins de reutilização ou reciclagem,
tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos,
englobando os: i) resíduos domésticos; ii) resíduos originários de
atividades comerciais, industriais e de serviços, em quantidade e
qualidade similares às dos resíduos domésticos, que, por decisão
do titular, sejam considerados resíduos sólidos urbanos, desde
que não sejam de responsabilidade de seu gerador nos termos da
norma legal ou administrativa, de decisão judicial ou de termo
de ajustamento de conduta; e iii) resíduos originários do Serviço
Público de Limpeza Urbana (SLU).

Conforme já mencionado, a cobrança de tarifas ou taxas deve resultar na arrecadação


de receita requerida para garantir a sustentabilidade econômico-financeira da
prestação dos serviços.

Para tanto, deve considerar a recuperação integral dos custos incorridos, incluindo-
se as despesas administrativas, os custos eficientes de operação e manutenção –
Opex – e as despesas de capital – Capex –, bem como a remuneração adequada dos
investimentos realizados pelo prestador e/ou titular do serviço.

Por apresentar diretrizes gerais para a cobrança do SMRSU, para diferentes atores
e nas diversas modalidades de prestação de serviço, o cálculo da receita requerida
na NR1 deve considerar, conforme os critérios e condições definidos pela regulação,
os custos de:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 49


i. Despesas administrativas e custos eficientes de operação e manutenção
– Opex;
ii. Investimentos prudentes e necessários – Capex;
iii. Remuneração adequada do capital investido;
iv. Despesas com os tributos cabíveis;
v. Remuneração da entidade reguladora; e
vi. Contratação de associações ou cooperativas de catadores de materiais
recicláveis, quando for o caso.

Para melhor entendimento das terminologias utilizadas na NR1 para a definição da


receita requerida, os termos Opex e Capex podem ser sinteticamente entendidos
como:
Opex – soma dos custos relacionados às despesas administrativas
e comerciais, de operação e manutenção dos serviços,
compreendendo as despesas com contratação de pessoal,
terceiros e compra de insumos e materiais.

Capex – compreende os custos do capital investido para


aquisição de ativos e bens físicos, como: área para construção
de aterro sanitário e aquisição de caminhões coletores, os quais
são incorporados aos custos do serviço como despesas com
depreciação ou amortização, divididas em cotas conforme a vida
útil dos bens ou o prazo do contrato, no caso de concessões.

A quantificação dos custos observará os critérios e condições estabelecidos pela


regulação e por contrato, conforme o regime e forma de prestação do serviço, porte
e outros fatores específicos que devem ser mensurados individualmente.

Quando for adotado o regime tarifário de cobrança e definido a composição da


receita requerida, o seu valor inicial, assim como os das tarifas, poderá ser definido
por ato administrativo do titular, por contrato ou por ato da entidade reguladora,
aplicando-se para as revisões periódicas os custos efetivos apurados conforme a
regulação. A receita requerida pode ser estabelecida e calculada aplicando-se uma
das metodologias apresentadas a seguir.

5.3 Metodologias de cálculo da receita requerida


Podem ser adotadas diferentes metodologias de cálculo para determinação dos
custos do SMRSU, que são a base para determinação da receita requerida. As
metodologias apresentadas neste manual são exemplificativas e visam apresentar
aquelas que podem ser aplicadas pelos titulares de um modo geral.

Quanto à metodologia de cálculo da receita requerida, a NR1 orienta que:

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Deve ser adotada metodologia de cálculo que reflita a receita requerida adequada ao
tipo de prestação, seja ela executada pela administração pública direta ou indireta,
inclusive consórcio público e estrutura de prestação regionalizada, ou mediante
contrato de concessão.

As metodologias detalhadas a seguir para o cálculo da receita requerida são: i) custo


apurado; e ii) custo no tempo.

Custo apurado
O custo apurado constitui-se basicamente em um orçamento aferindo as despesas
administrativas de operação e de manutenção – Opex – em que se encontram os
custos de mão de obra, manutenção de equipamentos – revisões, licenciamento
e seguros –, insumos e materiais e os custos de capital com a aquisição de
equipamentos, bens e investimentos em infraestruturas – Capex.

A metodologia de custo apurado exige o levantamento dos custos do SMRSU que


poderão ser estimados para a determinação do seu valor inicial e os efetivamente
ocorridos para apuração dos valores aplicáveis às revisões periódicas.

Os custos decorrerão da prestação dos serviços nas atividades de coleta, transbordo,


transporte, triagem para fins de reutilização ou reciclagem, tratamento e destinação
final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos urbanos.

Por se tratar de verificação de custo presente pode não


representar de forma adequada custos futuros e investimentos
de longo prazo.

Quando o SMRSU for executado por meio de contratos de serviços regidos pela Lei
de Licitações e Contratos Administrativos – Lei n.º 8.666/1993 ou Lei n.º 14.133/2021
–, os custos diretos de operação e manutenção do serviço já estarão definidos
pelos valores contratados. Todavia, ainda que com o maior peso, esses custos
corresponderão a uma parte dos custos operacionais – Opex.

Assim, para a apuração ou estimação da receita requerida, o titular deve também


incorporar ao cálculo os demais custos de Opex, tais como os custos diretos e indiretos
de administração, de fiscalização e apoio, bem como os custos de Capex referentes
às infraestruturas e outros investimentos operacionais e de gestão realizados pelo
titular, a remuneração da entidade reguladora, as despesas tributárias e outros
custos admitidos pela regulação.

Conforme as etapas ou atividades fins e respectivas estruturas operacionais, os


custos do SMRSU podem ser apurados de forma consolidada ou por centros de
custos correspondentes a estas etapas ou atividades do SMRSU – coleta convencional,
coleta seletiva, triagem, compostagem, operação do aterro etc.

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Ressalta-se que os custos com eventual contratação de associações ou cooperativas
de catadores de materiais recicláveis para a coleta, processamento e comercialização
de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, também devem ser
incorporados ao Opex.

Havendo previsão de investimentos de longo prazo, os custos levantados nessa


etapa serão a base de custo para utilização das metodologias de custo no tempo.

Custo no tempo
O custo no tempo estabelece parâmetros de projeções de custo a longo prazo.
Assim, a metodologia de custo no tempo requer a apuração de custos históricos –
retrospectivos e prospectivos.

Os custos decorrentes de investimentos de longo prazo também devem ser


considerados no cálculo. Assim, a metodologia de custo no tempo apresenta critérios
que incorporam os valores futuros do custo no longo prazo e, consequentemente,
refletem na sustentabilidade econômico-financeira.

São apresentadas três modalidades de cálculo da metodologia de custo no tempo


que podem ser aplicadas para definição da receita requerida do SMRSU, sendo elas:

I. Custo histórico-contábil;
II. Custo incremental médio de longo prazo – custo contratual; e
III. Custo financeiro em regime de caixa.

Independentemente da metodologia de cálculo adotada, o seu resultado pode ser


aplicado a diferentes modalidades de prestação de serviço para determinação da
receita requerida. As metodologias mais relevantes e usuais estão indicadas no
Quadro 5.

Quadro 5 – Modalidades de custo no tempo

Cálculo do custo Situações aplicadas

i. Prestação direta do serviço por órgão ou


entidade municipal
Custo histórico-
contábil do serviço ii. Prestação direta por consórcio público, outra
estrutura de prestação regionalizada ou
entidade a ele ligada.

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Cálculo do custo Situações aplicadas

Custo incremental
médio de longo
i. Prestação indireta dos serviços públicos
prazo – fluxo de
caixa descontado

i. Prestação direta por órgão ou entidade pública


Custo financeiro em
ii. Prestação delegada somente das atividades
regime de caixa
administrativas e de operação e manutenção
do serviço

I – Custo histórico-contábil
Esta modalidade tem como base os custos registrados contabilmente, apurados
pelo histórico-contábil de cada ano. A estrutura e as composições básicas de custo
devem ser definidas conforme as atividades-fim que integram a prestação do
SMRSU. Nesta modalidade, os custos são compostos pelos elementos indicados a
seguir:

Custo administrativo e operacional de cada serviço ou atividade: Despesas


efetivamente incorridas com o seu custeio. Gastos com pessoal, insumos e materiais
de operação e manutenção, serviços de terceiros e outros gastos gerais e fiscais.

Cota de recuperação do capital investido: Despesas com depreciação, amortização


ou exaustão dos investimentos realizados em ativos imobilizados ou intangíveis.
Cálculo compatível com a vida econômica útil dos ativos, definido de acordo com a
forma de prestação adotada e os critérios estabelecidos pela regulação.

Custos tributários e fiscais efetivos incidentes sobre a receita: No caso de


empresa de direito privado incidem também sobre o lucro. Nos casos de concessões
os tributos sobre o lucro – CSLL e IRPJ – não integram diretamente o custo se
estiverem contemplados “por dentro” da taxa de remuneração ou Taxa Interna de
Retorno (TIR) do capital próprio.

Taxa adequada de remuneração do capital próprio e de terceiros: Determinada


pelas condições de financiamentos de fundos públicos ou privados e pela renda
média de alocação alternativa do capital próprio em aplicações financeiras ou outros
investimentos possíveis, conforme a natureza do prestador-investidor.

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Nos casos de prestação do SMRSU mediante concessão, a taxa de remuneração e
os critérios de sua aplicação serão definidos nos instrumentos de delegação e em
normas da entidade reguladora.

Conforme dito, esta modalidade de apuração dos custos do SMRSU se aplica de


forma mais adequada para as formas de prestação direta do serviço, por órgão
ou entidade do município ou de consórcio público e de estrutura de prestação
regionalizada.

Nestas situações, esta modalidade de custo contribui para a modicidade tarifária,


visto que a regulação dos aspectos econômicos da prestação não precisa ser
condicionada a prazos contratuais, particularmente as regras relativas à depreciação,
amortização e remuneração de investimentos em infraestruturas com vida útil
econômica mais longa.

Um modelo estrutural de composição e de apuração do custo contábil classificado


por “centros de custos” é representado na Tabela 3.

Tabela 3 – Estrutura sintética do custo histórico-contábil


(por centro de custos)

Valores
Centro de custos Elementos das despesas
Ano-base Ano atual
Administração Pessoal e encargos
central Serviços de terceiros
Materiais de consumo
Despesas gerais e extraordinárias
Provisões de despesas contingentes
Coleta Pessoal e encargos
convencional Serviços de terceiros
de RSU
Materiais de consumo
Despesas gerais e extraordinárias
Coleta seletiva Pessoal e encargos
de RSU Serviços de terceiros
Materiais de consumo – inclusive combustíveis
Despesas gerais e extraordinárias
Atividades Pessoal e encargos
de triagem e Serviços de terceiros
compostagem
Materiais de consumo
Despesas gerais e extraordinárias

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Valores
Centro de custos Elementos das despesas
Ano-base Ano atual

Atividades de Pessoal e encargos


operação do Serviços de terceiros
aterro sanitário
Materiais de consumo

Depreciação de ativos de coleta


convencional e seletiva
Despesas de
Depreciação de ativos de unidades de
depreciação,
processamento – triagem, compostagem,
amortização
reciclagem, tratamento e disposição
e exaustão
final — aterro sanitário
Depreciação de bens de uso geral
Juros e encargos de empréstimos para
investimentos no sistema de coleta
Juros e encargos de empréstimos para
Despesas investimentos em unidade de triagem,
financeiras compostagem e reciclagem
Juros e encargos de empréstimos
para investimentos em unidade de
disposição final — aterro sanitário
Despesas
PIS/Pasep
tributárias
Despesas com
Custos de remuneração da entidade reguladora
regulação
Custo contábil total dos serviços

Vídeo 4 – Cálculo simplificado do custo do serviço/receita


requerida

II – Custo incremental médio de longo prazo ou custo contratual


O custo contratual corresponde ao custo total do serviço e à remuneração integral
do prestador de serviço. Seu valor é obtido conforme a estrutura econômica e os
critérios de cálculos estabelecidos nos instrumentos contratuais de delegação da
prestação do serviço, pelo poder concedente, e as condições indicadas na proposta
da empresa vencedora da licitação de concessão.

Poder concedente – É a entidade política que detém a titularidade


do serviço público e, no uso dela, efetivamente delega a prestação
do mesmo serviço público.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 55


Esta modalidade de custo se aplica aos casos de prestação em regime de concessão
comum ou concessão patrocinada.

O custo contratual pode ser igual à receita requerida, no caso de concessão comum
ou patrocinada, pois já define e inclui a remuneração final do contratado.

A metodologia de cálculo geralmente adotada, neste caso, tem como base o custo
incremental médio de longo prazo – fluxo de caixa descontado – apurado mediante
o cálculo do valor presente líquido (VPL) do fluxo de caixa projetado para o período
contratual da prestação do SMRSU que, em média, é de 20 anos.

A estrutura e a composição do fluxo de caixa para a apuração deste custo


devem incluir todas as movimentações financeiras previstas relativas a: receitas,
despesas, investimentos, financiamentos obtidos, pagamentos de dívidas, eventos
extraordinários e despesas fiscais e tributárias, conforme exemplo da Tabela 4.

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Tabela 4 – Exemplo de estrutura sintética de
fluxo de caixa descontado do serviço

Fonte: Elaborado pelos autores. - Essa Tabela deve ser ajustada conforme
o período de análise, de acordo com a necessidade do Titular

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III – Custo financeiro em regime de caixa
Corresponde ao custo ou desembolso financeiro requerido para a prestação
adequada e eficiente do serviço, apurado ou estimado com base no fluxo de caixa
para cada período anual. A estrutura e a composição do fluxo de caixa são similares
ao modelo ilustrado na Tabela 2. Neste caso, a receita requerida é igual ao custo
financeiro apurado. Esta modalidade de custo é uma alternativa às anteriores e sua
adoção deve ser excepcional e só é recomendada nos seguintes casos, com reservas:

1. Quando houver prestação direta pelo órgão ou autarquia municipal e os


investimentos forem totalmente custeados com recursos não onerosos
de qualquer fonte e/ou por financiamentos onerosos de longo prazo
compatível com a vida útil operacional das infraestruturas, inclusive
recursos do fundo municipal de saneamento, ou se os investimentos
forem de pequeno valor e, regular e proporcionalmente, bem distribuídos
ao longo do tempo; e
2. Quando houver prestação delegada somente das atividades
administrativas e de operação e manutenção do serviço, incluídos
pequenos investimentos regulares de manutenção das infraestruturas,
ou seja, sem investimentos de maior valor pelo prestador.

Essas reservas se devem ao fato de que, sendo calculadas com base no custo financeiro
de cada ano, não seria viável financiar grandes investimentos concentrados com
recursos oriundos da receita requerida do mesmo exercício.

Valor final da receita requerida


As metodologias apresentadas estimam o valor da receita requerida. No entanto,
devido aos requisitos regulatórios e às limitações do sistema contábil financeiro
e de custos, podem ser necessários alguns ajustes no cálculo do seu valor final,
conforme os exemplos apresentados no Quadro 6.

Quadro 6 – Exemplos de ajustes à receita requerida

ACRÉSCIMOS

Perdas de receitas – tarifas e taxas – estimadas com base no histórico de receitas


irrecuperáveis ou de difícil recebimento nos últimos anos, o que pode ser obtido
considerando o crescimento médio dos saldos anuais de contas a receber – dívi-
da ativa – vencidas há mais de 60 ou 90 dias.

Valores correspondentes a isenções e subsídios tarifários legais concedidos, caso


não tenham sido contabilizados regularmente como custos.

Despesas contingentes cíveis e trabalhistas e com riscos não cobertos por seguros
e outras garantias, se não tiverem sido contabilizadas regularmente como custos.

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DEDUÇÕES

Subvenções ou repasses do município para custeio, inclusive de isenções e sub-


sídios a usuários, ou referentes a contraprestações pagas ao prestador, no caso
de concessão patrocinada.

Receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados,


cujas despesas estejam incorporadas aos custos do serviço, ou a parcela do lucro
líquido dessas atividades, se contabilizadas em separado.

Receitas de multas e de aplicações financeiras de disponibilidades de caixa –re-


cursos não vinculados – e receitas extraordinárias.

Despesas com patrocínios e com publicidade não obrigatória ou não institucio-


nal de interesse público.

Provisões ou despesas realizadas relativas a riscos contingentes ou acidentais


cobertos por seguros e outras garantias ou assumidos pelo poder concedente,
se for o caso, se tiverem sido contabilizadas como custo das atividades.

Conforme apresentado no Quadro 6, na prestação de serviços públicos mediante


contratos de concessão, podem ser previstas receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados. Tais receitas decorrem de atividades ou
projetos acessórios que não sejam o objeto central do serviço público delegado, mas
que, sendo a ele relacionados, geram recursos financeiros que devem ser abatidos,
integral ou parcialmente, do valor da receita requerida a ser rateado. Um exemplo
de receita acessória para o SMRSU é a cobrança de preço público para a coleta e
destinação final de resíduos de grandes geradores.

Ressalta-se que, nos termos do Art. 11 da Lei n.º 8.987/1995, as receitas alternativas,
complementares, acessórias ou de projetos associados devem ser compartilhadas
entre o prestador do serviço e o titular, de modo a incentivar o primeiro a gerar
essas receitas e a favorecer a modicidade tarifária.

Resíduos de randes eradores – esíduos sólidos de atividades


comerciais, industriais e de serviços que não foram equiparados
a resíduos domésticos, bem como os resíduos domésticos em
quantidade superior àquela estabelecida em norma do para
caracterização do SMRSU, cuja destinação é de responsabilidade
de seus geradores, sendo admitido que o prestador realize a
sua coleta e destinação ambientalmente adequada mediante
pagamento de preço público pelo gerador, desde que a atividade
não prejudique a adequada prestação do serviço público.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 59


Nos casos de condomínios e loteamentos com cobrança
individualizada por domicílio, cuja infraestrutura interna não
permita o acesso dos veículos de coleta de SMRSU, a adequada
disponibilização destes resíduos em contêineres de maiores
volumes em áreas públicas e próximas a estes empreendimentos,
para viabilizar a coleta, não configura um grande gerador nos
termos da NR1.

Assim, o valor da receita requerida do SMRSU, considerando seus possíveis


ajustes, deverá conter os custos para adequada prestação dos serviços, devendo
os levantamentos de custos refletir os recursos necessários para garantir
sustentabilidade econômico-financeira.

Conforme os elementos apresentados, a fórmula geral para o cálculo da receita


requerida é:

RR = OPEX + CAPEX + DTC + RER + ACR – DED

Em que:

• Receita Requerida (RR);

• Despesas administrativas e dos custos eficientes de


operação e manutenção – Opex;

• Investimentos prudentes e necessários – Capex;

• Despesas com os Tributos Cabíveis (DTC);

• Remuneração do Capital Investido (RCAP);

• Remuneração da entidade reguladora (RER);

• Acréscimos de Ajustes Contábeis e Regulatórios (ACR); e

• Deduções de ajustes contábeis e regulatórios (DED).

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Unidade 6 – Parâmetros para fixação do valor a
ser cobrado

Ao final desta unidade você será capaz de identificar e


compreender os parâmetros admitidos para o rateio da receita
requerida, bem como de avaliar diferentes estruturas utilizando
esses parâmetros para os cálculos das tarifas ou taxas aplicáveis
a cada usuário efetivo ou potencial do SMRSU.

6.1 Parâmetros de cobrança


A definição de parâmetros de cobrança é necessária para se estabelecer a forma de
rateio da receita requerida entre os usuários do serviço. A adoção de parâmetros
deve garantir o rateio adequado aos usuários, conforme a utilização proporcional dos
serviços ou de sua disponibilidade, o nível de renda da área atendida e a destinação
adequada dos resíduos coletados, nos termos do Item 5.4 da NR1 e do disposto no
Art. 35 da Lei n.º 11.445/2007, com redação pela Lei n.º 14.026/2020.

A adoção de critérios na fixação de tarifas e taxas em relação ao nível de renda da


área atendida visa garantir aos usuários o acesso ao SMRSU, devendo considerar
como princípio a capacidade de pagamento dos usuários.

Ademais, a depender da capacidade de pagamento, pode ser necessária a instituição


de política de subsídios tarifários ou fiscais e a adoção e aplicação de mecanismos
e estruturas diferenciadas de cobrança social para o atendimento da população de
baixa renda, inclusive isenção, quando necessário.

Quanto à destinação final, a tarifa ou taxa deve representar o custo da solução de


destinação adotada. Dessa forma, as áreas servidas com a coleta seletiva porta
a porta poderão adotar tarifa ou taxa com valor diferente daquelas que contam
apenas com Pontos de Entrega Voluntária (PEV).

Cobrança social – Deve ser prevista cobrança social para os


USUÁRIOS de baixa renda, por meio de subsídios tarifários ou
fiscais. Recomenda-se a adoção do Cadastro Único para Programas
Sociais (CadÚnico) do governo federal para identificação dos
beneficiários da cobrança social. Quando cofaturada com o serviço
público de abastecimento de água, recomenda-se a adoção dos
mesmos critérios utilizados para definição de beneficiários de
tarifa social desse serviço.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 61


No rateio da receita requerida, o Distrito Federal ou o município,
enquanto gerador de resíduos originários da limpeza urbana,
também conhecido como Resíduos Público (RPU), remunerará
o prestador de serviço por meio de tarifa ou preços públicos
referentes ao manejo destes, com recursos do seu orçamento
não advindos da cobrança pela prestação do SMRSU aos demais
usuários. O parâmetro para estimativa da cobrança deverá ser a
massa de resíduos gerada no SLU.

Os critérios de nível de renda e destinação final adotados podem ser aplicados de


maneira isolada ou em conjunto. Como exemplo de aplicação, veja-se que a tarifa
ou taxa cobrada de usuários localizados em uma zona de interesse social será
menor que aquela cobrada de usuários localizados em bairro de alta concentração
de renda.

A NR1 no Item 5.4.1.1 detalha de forma exemplificativa os parâmetros para o nível


de renda ou de destinação final.

Para o nível de renda: bairro ou região do imóvel, Cadastro


Único para Programas Sociais (CadÚnico), padrão construtivo do
imóvel, entre outros; e

Para a destinação adequada: os diferentes custos da


reutilização, da reciclagem, da compostagem, da recuperação,
do aproveitamento energético, da disposição final em aterros
sanitários ou de outras destinações adequadas.

Ainda, para compatibilizar com o uso proporcional dos serviços e com as


características dos usuários, a estrutura de cobrança pode considerar a aplicação,
isolada ou conjunta, dos seguintes parâmetros:

I) Características dos lotes e as áreas que podem ser neles


edificadas: dimensões do imóvel, área construída, entre
outros
II) Peso ou volume médio coletado por habitante ou por
domicílio: efetivos ou cuja coleta e destinação adequada
foi colocada à disposição; ou que o usuário destinou à
reutilização ou reciclagem;
III) Consumo de água; e
IV) Frequência da coleta.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 62


Podem ser classificados por categorias e eventuais subcategorias
conforme o uso do imóvel ou outros parâmetros, por exemplo,
no caso dos imóveis de uso comercial pode haver divisão
em subcategorias: farmácias, lojas de vestuário, pet shops,
minimercado etc.

O titular do serviço deve identificar, entre os parâmetros aplicáveis, aquele(s)


viável(eis) para o caso concreto. Em alguns municípios, determinar as “características
dos lotes e das áreas que podem ser neles edificadas” pode ser difícil, caso
existam loteamentos não regularizados ou não inseridos em cadastro territorial
multifinalitário, sendo desejável a aplicação de outros parâmetros.

O consumo de água como parâmetro de quantificação ou


estimativa da cobrança pelo SMRSU, com a utilização do
cofaturamento com o serviço público de abastecimento de
água, pode ser uma forma simples de relacionar diretamente
o parâmetro de cobrança com o documento de arrecadação do
serviço público.

Para a realização do cofaturamento, deve ser celebrado contrato entre os dois


prestadores de serviços – prestador de serviço do SMRSU com o prestador do
serviço público de abastecimento de água. Esse contrato pode prever, ainda, valor
de ressarcimento ao prestador do serviço público de abastecimento de água pela
realização do cofaturamento, devendo este valor ser aprovado pela entidade
reguladora do SMRSU.

6.2 Rateio da receita requerida


Uma vez definida a receita requerida, deve-se realizar o processo de rateio ou divisão
desse custo entre os usuários, conforme os parâmetros definidos.

Os usuários são as pessoas físicas ou jurídicas geradoras efetivas ou potenciais


de resíduos sólidos urbanos. Dessa forma, são os residentes e os proprietários de
atividades comerciais, industriais e de serviços que geram resíduos considerados
pelo titular do SMRSU como resíduos sólidos urbanos.

Ressalta-se que, para fins de rateio, os residentes de um domicílio caracterizam um


único usuário, mesmo que representados por uma pessoa física – por exemplo, o
possuidor do imóvel.

Ademais, para o cálculo dos valores individuais das tarifas ou taxas aplicáveis a cada
usuário, deve ser apurado Valor Unitário (VU) da receita requerida que será aplicado
à estrutura de cálculo definida. O VU corresponde à receita requerida unitária média

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 63


do serviço, tendo como unidade de medida a variável determinada, que pode ser:

• a quantidade coletada de resíduos domésticos e equiparados (R$/t ou


R$/m3);
• a área total edificada dos imóveis atendidos pela coleta (R$/m2);
• a quantidade total de domicílios/imóveis atendidos pela coleta (R$/
domicílio); e
• o volume total de água faturado pelos domicílios atendidos pela coleta
de RSD (R$/m3).

Exemplificativamente, apresenta-se a seguir três estruturas de rateio para valores


individuais das tarifas ou taxas aplicáveis a cada usuário, detalhando-se os modelos,
os elementos de sua composição e os requisitos para sua implantação e operação.

Estruturas I – modelo de rateio com base no consumo de água

Alternativa 1: Categorias de uso dos imóveis e consumo de água do imóvel.


Alternativa 2: Categorias de uso, padrão dos imóveis e consumo de água do
imóvel.
Alternativa 3: Categorias de uso dos imóveis, faixas de consumo e consumo
de água do imóvel.

Estruturas II – modelo de rateio com base na área construída

Alternativa 1: Categorias de uso dos imóveis e área construída do imóvel.


Alternativa 2: Categorias de uso, padrão dos imóveis e área construída do
imóvel.

Estruturas III – modelo de rateio com base no custo por domicílio.

Categorias de uso e padrão dos imóveis.

O Quadro 7 mostra as vantagens e desvantagens dessas estruturas.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 64


Quadro 7 – Avaliação das estruturas de cálculo

Estruturas
Vantagens Desvantagens
de cálculo

• Modelos mais adequados ao


regime de tarifas;
• Maior visibilidade e
possibilidade de aceitação
pelos usuários se a cobrança • Manutenção cadastral mais
for com o SAA; trabalhosa;
• Execução e gerenciamento • Valores da tarifa ou taxa
da cobrança do SMSRU mais sujeitos a grandes variações;
eficiente se integrado com o • Depende da concordância e
sistema de cobrança do SAA remuneração maior do
e operado pela empresa prestador do SAA, se não for
prestadora deste serviço; municipal;
Estrutura
• Subsídios são percebidos • Pode induzir à redução do
I – com base
pelos usuários isentos e consumo de água, sem
no consumo
pelos inscritos na categoria efeito na geração de RSD e
de água
social, se estas condições com menor receita do
forem informadas na conta SMRSU;
de cobrança com outro • Implantação e operação
serviço ou IPTU; mais onerosas que o sistema
• Maior transparência e de cobrança com o IPTU; e
percepção do custo do • Não estimula a redução da
serviço e do seu impacto nas geração ou a separação para
despesas do domicílio; e reciclagem.
• Expectativa de menor
inadimplência com a forma
de cobrança cofaturada com
o serviço de água.

• Política de cobrança
• Modelos apropriados para o socialmente menos justa do
regime de taxas – proxys de • que as do modelo da
utilização do serviço muito estrutura I – consumo de
frágeis para o regime de água;
tarifas; • Menor visibilidade e maior
• Boa visibilidade e aceitação, dificuldade de cobrar dos
se cobrado com o SAA; isentos do IPTU, se cobrado
• Gerenciamento cadastral e com o IPTU;
Estrutura processamento da cobrança • Não estimula a redução da
II – com mais fácil; geração ou a separação para
base na área • Fácil integração e reciclagem;
construída processamento pelo SAA; • A cobrança com o IPTU dá
• Cálculo e valor anual fixo ou pouca transparência e
valores mensais estáveis; percepção
• Menor custo, se cobrado • do custo do serviço e do seu
com o IPTU; e impacto nas despesas do
• Possibilita implantação e domicílio; e
operação de sistema menos • Absorve o risco e a maior
oneroso para cobrança em inadimplência desta forma
boleto exclusivo. de cobrança no carnê do
IPTU.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 65


Estruturas
Vantagens Desvantagens
de cálculo

• Política de cobrança pode


• Modelo apropriado para o ser menos justa e ter menos
regime de taxas – proxy de aceitação que as dos
utilização do serviço muito modelos das estruturas I e II
frágil para o regime de – consumo de água e área
tarifas; construída;
• Boa visibilidade, se cobrado • Menor visibilidade e maior
com o SAA; dificuldade de cobrar dos
• Gerenciamento cadastral e isentos do IPTU, se cobrado
processamento da cobrança com o IPTU;
Estrutura III
mais fácil do que as • Não estimula a redução da
– com base
estruturas I e II; geração ou a separação para
no custo por
• Fácil integração e reciclagem;
domicílio
processamento pelo SAA; • A cobrança com o IPTU dá
• Cálculo e valor anual fixo ou pouca transparência e
valores mensais estáveis; percepção
• Menor custo, se cobrado • do custo do serviço e do seu
com o IPTU; e impacto nas despesas do
• Possibilita implantação e domicílio; e
operação de sistema menos • Absorve o risco e a maior
oneroso para cobrança em inadimplência desta forma
boleto exclusivo. de cobrança no carnê do
IPTU.

No Quadro 8, os elementos de análise são: i) viabilidade técnica e administrativa


da implantação e operação do sistema de cobrança; ii) recuperação dos custos dos
serviços; e iii) relação entre o valor cobrado e o serviço prestado.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 66


Quadro 8 – Modelo de rateio de tarifas ou taxas

Modelos de estruturas de cálculo de tarifas ou taxas

Elementos de ESTRUTURA II – Base


análise área construída (R$/m2)
ESTRUTURA I – Base consumo de
e ESTRUTURA III – Base
água (R$/m3)
quantidade de domicílios (R$/
dom)

• Viabilidade e
menor custo de
implantação e ope-
• Viabilidade e menor custo de
ração da cobrança
implantação da cobrança me-
mediante adapta-
diante adaptação do sistema
ção do sistema do
Viabilidade do SAA, porém com maior cus-
IPTU;
técnica e to de operação pelo prestador
• É viável técnica,
administra- do SAA, se não for municipal; e
administrativa e econômica
tiva de im- • Adequação do sistema de IPTU
a implantação e operação
plantação e ou implantação de sistema pró-
de sistema próprio para
operação de prio para cobrança exclusiva é
cobrança exclusiva, em base
sistema de economicamente inviável, ex-
anual; e
cobrança ceto se adotar processamento
• Viável e mais efi-
anual com base em dados fixos
ciente execução
de consumo – média do ano
da cobrança me-
anterior.
diante adequação
do sistema do
SAA.

• Ambas as alternativas são simi-


• Melhor estrutura: Alternativa lares nestes aspectos;
3; • Cobrança pela área
construída existente,
• Cobrança pelo consumo mensal
se for lançamento em
capta aumento de usuários; base mensal capta
• Cobrança na conta de água re- aumento de área de
duz inadimplência, mas limita imóveis existentes e
ação de execução da dívida – de novos usuários, au-
de terceiros; mentando a receita; se
Recuperação • Risco de desvio de receita nulo for em base anual só
dos custos se for tarifa, e baixo se taxa e capta novos usuários
dos serviços houver vinculação legal/contra- ao longo do ano, com
– riscos de tual da receita ao SMRSU e efi- cobrança parcial;
arrecadação ciente procedimento de transa- • Cobrança na conta de água re-
e aplicação ção bancária da arrecadação; e
• Qualquer que seja a forma de duz inadimplência,
dos recursos
prestação, caracterizará desvio mas limita ação de execução da
de aplicação de receita de taxa dívida – de terceiros;
com o IPTU, se houver arreca- • Risco de desvio de receita possí-
dação suficiente e as atividades vel se for prestação por
do serviço não forem realiza- órgão municipal,
das conforme a previsão orça- e se caracterizará
mentária ou contratual, ou o se arrecadação for
prestador não for remunerado suficiente e o serviço
na mesma proporção. não for executado ou os
contratados não pagos.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 67


Modelos de estruturas de cálculo de tarifas ou taxas

Elementos de ESTRUTURA II – Base


análise área construída (R$/m2)
ESTRUTURA I – Base consumo de
e ESTRUTURA III – Base
água (R$/m3)
quantidade de domicílios (R$/
dom)

• Não havendo comprovada


correlação positiva entre área
• O modelo da alternativa 3
construída e geração de RSD
desta estrutura, com valor de-
no domicílio, nem uniformi-
Relação entre finido baseado no consumo de
dade na geração de RSD nos
o valor cobra- água, é o que melhor reflete a
domicílios, por princípio, a
do e o serviço relação entre valor cobrado e o
cobrança não refletirá esta
prestado uso presumido do serviço. Os
relação nos modelos das es-
modelos 1 e 2 refletem menos
truturas II e III, se não forem
esta relação.
adotados fatores adicionais de
ajuste desses desvios.

Custos de im- Melhor relação custo/benefício:


plantação ou Melhor relação custo/benefício:
Adaptação e operação do sistema
adequação e Adaptação e operação do sistema
do SAA – Alternativa 2 da estrutura
operação do do SAA – Alternativa 3 da estrutura
II
sistema de I
cobrança mais • Prever custo adicional por usuá-
adequado • Prever custo adicional por usuá-
rio/fatura por mês.
rio/fatura por mês.

Por fim, no Quadro 9 encontram-se os requisitos essenciais para a implantação


dessas estruturas.

Quadro 9 – Requisitos para implantação – modelos de rateio I, II e III

Estrutura Estrutura Estrutura


Requisitos para implantação
1 2 3

Existência de prestação do Serviço de Abas-


tecimento de Água (SAA) com cobertura
similar à do serviço de RSU – SMRSU. X

Disponibilidade e compatibilidade cadastral


de sistema de cobrança do SAA para cobran-
ça do SMSRU ou disponibilidade e compati- X
bilidade cadastral de sistema de cobrança do
IPTU com as coberturas do SAA e do SMRSU.

Disponibilidade e compatibilidade ca-


dastral de sistema de cobrança do IPTU X X
ou do SAA para cobrança do SMSRU.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 68


Acordo do prestador do SAA ou do ges-
tor do IPTU para executar a cobrança do
SMRSU; ou implantação de sistema pró-
prio para cobrança exclusiva do SMR- X
SU, compatível com cadastro do SAA.

Acordo do prestador do SAA ou do ges-


tor do IPTU para executar a cobrança do
X X
SMRSU; ou implantação de sistema pró-
prio para cobrança exclusiva do SMRSU.

Existência de um bom cadastro dos imó-


veis com dados de área construída e al- X X
gum atributo de padrão do imóvel.

A metodologia de cálculo da Requerida (RR) proposta já deve


contemplar as provisões dos custos, das isenções, dos subsídios
e da inadimplência líquida do modelo escolhido e admitida pela
regulação.

Estrutura I – Modelo de rateio com base no consumo de água


A boa prática reconhece que há forte correlação entre consumo de água e geração
de resíduos, justificando que a tarifa ou taxa pela prestação do SMRSU seja calculada
com fundamento neste critério.
Para o cálculo das tarifas/taxas com base no consumo de água, primeiramente
é necessário determinar o valor unitário da Receita Requerida (RR) com base no
consumo de água – Vua –, cuja fórmula geral é:

VUa = RR / VAFtotal, e que:

VUa: Valor unitário da RR com base no consumo de água (R$/m3)

RR: Receita Requerida anual (R$)

VAFtotal: Volume total de água faturado no ano (m³)

Para utilização deste fator de cálculo, é ideal que o serviço público de abastecimento
de água tenha uma cobertura de atendimento igual ou superior do que a atendida
pelo (SMRSU) ou cobrindo pelo menos 80% dos domicílios atendidos por este

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 69


último serviço. Neste caso, a regulação deve prever os critérios de cobrança dos
domicílios não atendidos pelo serviço público de abastecimento de água adotando,
por exemplo, a tarifa de disponibilidade do SMRSU da categoria ou a medição de
fonte própria de água.

Como determinar o VAFtotal?


Deve-se apurar o Volume de Água Faturado total (VAFtotal) anual, a ser considerado
no cálculo do VUa para o período correspondente. Para tanto, deve-se seguir as
seguintes etapas:

1. Deduzir do consumo total de água de todos os domicílios com


serviço de abastecimento de água:

• os consumos de usuários não atendidos pelo Serviço


Público de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (SMRSU),
se houver;

• os consumos de grandes geradores que não utilizam o


serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos
(SMRSU) ou que optaram pela contratação individual
desse serviço;

• os consumos excedentes dos usuários que extrapolam o


correspondente limite de enquadramento como pequeno
gerador, se for o caso;

• se for considerado na regulação, os consumos excedentes


ao limite de corte de cada categoria dos usuários que o
ultrapassarem; e

• os consumos de usuários isentos, caso o correspondente


custo das isenções não tenha sido incluído nos ajustes da
receita requerida.

2. Adicionar, ao total apurado na etapa anterior, o volume


correspondente aos imóveis não atendidos pelo serviço público
de abastecimento de água, mas cobertos pela disposição do
SMRSU, calculado considerando o volume de consumo mínimo
presumido ou o volume equivalente ao fator de cálculo da tarifa
ou taxa básica de disponibilidade, conforme definido na regulação
para efeito de cálculo da tarifa ou taxa para estes imóveis.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 70


Cálculo do valor mensal da tarifa ou taxa – TMRS – com base no
rateio pelo consumo de água
TMRS é o valor mensal da tarifa ou de taxa correspondente à prestação dos serviços
de manejo de resíduos sólidos a ser faturada para cada usuário, potencial ou efetivo.

A determinação do valor mensal da tarifa ou taxa – TMRS –, com base no rateio, é


feita pela soma de uma parcela fixa referente à cobrança pela disponibilização dos
serviços – TBD – com uma parcela variável referente à cobrança pelo uso efetivo dos
serviços – TVU –, como segue o modelo geral:

Cobrança = +

TMRS = TBD + TVU

A cobrança pela disponibilidade dos serviços, conforme indicado, é representada


pela tarifa/taxa básica mensal de disponibilidade – TBD – da respectiva categoria/
subcategoria, aplicável a todos os imóveis atendidos ou com o SMRSU à disposição
– usuários efetivos e potenciais –, inclusive para imóveis, edificados ou não, que não
tenham consumo ou não sejam usuários do serviço de abastecimento de água –
caso outra regra não seja estabelecida.

A TBD é definida pelo produto do VUa pelo FTBi, expressa em R$, como segue:

TBD = VUa x FTBi , em que:


TBD: Tarifa/Taxa básica mensal de disponibilidade do SMRSU (R$)
VUa: o valor unitário pelo consumo de água (R$/m3)
FTBi: o fator de cálculo da respectiva categoria/subcategoria do imóvel expresso em
metros cúbicos (m3) e múltiplo de 1 m3. Este fator representa o volume mínimo de
água que será utilizado na fórmula para calcular a tarifa/taxa básica – mínima – a ser
cobrada dos usuários, independente dos serviços terem sido utilizados (m3).

A cobrança pelo uso efetivo dos serviços, para efeitos deste manual, é representada
pela tarifa/taxa variável mensal correspondente ao uso efetivo dos serviços (TVU)
da respectiva categoria, aplicável a todos os imóveis atendidos pelo SMRSU que
sejam usuários do serviço de abastecimento de água e que tenham consumo acima
do valor mínimo definido pelo respectivo FTBi.

A TVU é expressa em R$ e definida pelo produto do VUa pela


diferença entre VAFi e FTBi e por um ou mais fator ou coeficiente
de rateio adimensional (FR) correlacionado(s) a atributos
indicativos de capacidade de pagamento e/ou de custo, definidos
pela regulação, conforme o modelo e a estrutura de rateio

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 71


adotados, para diferenciação da tarifa/ taxa, tais como: categoria/
subcategoria de uso e/ou ao padrão do imóvel, frequência da
coleta e outros, cuja equação geral é a seguinte:

TVU = VUa x (VAFi – FTBi) x FR

Em que:

TVU: Tarifa/Taxa variável mensal de uso efetivo dos serviços (R$)


VUa: Valor unitário pelo consumo de água (R$/m3)
FTBi: Fator de cálculo da TBD da respectiva categoria/subcategoria (múltiplos de
1 m3), correspondente ao volume mínimo de água mensal que será utilizado na
fórmula para calcular a tarifa/taxa básica – mínima – a ser cobrada dos usuários pela
disponibilização dos serviços, independente dos serviços terem sido utilizados (m3)
VAFi: Consumo de água faturado mensal do imóvel – economia –, observado
consumo mínimo faturado igual ou superior ao FTBi e o limite máximo da categoria,
se for o caso (m3)

FR: Fator adimensional de rateio da RR, utilizado para o cálculo da tarifa/taxa como
fator associado à capacidade de pagamento e/ou ao custo do serviço, conforme o
modelo e estrutura de rateio definido pela regulação.

O fator da fórmula do cálculo do TVU, correspondente à subtração


(VAFi – FTBi), representa o volume de água complementar ao
consumo mínimo da disponibilização do serviço com relação ao
consumo medido na economia/imóvel no mês. Este fator deve
ser sempre igual ou superior a zero, para evitar que a cobrança
seja inferior à tarifa/taxa mínima pela disponibilização.

Os modelos e alternativas de estrutura de rateio apresentadas a seguir indicam as


equações e os respectivos fatores de rateio adotados em cada caso.

Alternativa 1 – modelo de rateio: tarifa ou taxa linear em relação ao


consumo de água

Esta é uma estrutura mais simples, pois a tarifa ou taxa é calculada de forma linear
em relação ao consumo de água do imóvel de cada categoria, ou seja, o valor
individual da tarifa ou taxa é determinado multiplicando-se o valor unitário (VU = R$/
m3) pelo volume de água consumido no mês. Exceto para os usuários beneficiários
da tarifa social, esta estrutura reflete de forma limitada o perfil de renda, pois capta

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 72


somente a correlação muito fraca entre renda e consumo de água, principalmente
nas faixas iniciais, e considera fatores de diferenciação das tarifas ou taxas somente
em relação às categorias de uso.

A fórmula geral para o cálculo das tarifas/taxas individuais nesta alternativa é:

TMRS = TBD + VUa x (VAFi – FTBi) x FCI

Em que:

TMRS: Valor mensal da tarifa ou taxa de manejo de resíduos sólidos de cada usuário
(R$)
TBD = VUa x FTBi,
TBD: Tarifa/Taxa básica mensal de disponibilidade da respectiva categoria/
subcategoria, aplicável a todos os imóveis atendidos ou com o SMRSU à disposição,
inclusive para imóveis, edificados ou não, que não tenham consumo ou não
sejam usuários do serviço de abastecimento de água – caso outra regra não seja
estabelecida – (R$).
VUa: Valor unitário da RR (R$/m3).
FTBi: Fator de cálculo da TBD da respectiva categoria/subcategoria do imóvel
(múltiplos de 1 m3).
FTBi: Fator de cálculo da TBD da respectiva categoria/subcategoria do imóvel
(múltiplos de 1 m3).
VAFi: Consumo de água faturado mensal do imóvel – economia –, observado
consumo mínimo faturado igual ou maior que FTB e o limite máximo da categoria,
se for o caso (m3).
FCI: Neste caso, o Fator de Rateio (FR) para o cálculo da TVU é representado pelo
FCI – fator adimensional atribuído à categoria/subcategoria do imóvel em que se
enquadra o usuário.

média ponderada dos fatores FCI deve ficar em torno do valor 1.

Alternativa 2 – modelo de rateio: taxa ou tarifa progressiva em


relação ao padrão do imóvel

Esta estrutura é uma variação da anterior a que são incorporados, além do consumo
de água, fatores de diferenciação das tarifas ou taxas com base em atributos físicos
dos imóveis – padrão e área construída.

Desta forma, busca-se apropriar um atributo específico para caracterizar o perfil


de renda para a categoria residencial, reforçando a fraca correlação entre renda

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 73


e consumo de água, bem como elemento diferenciador da geração potencial de
resíduos para as demais categorias.

Para esta modalidade, a equação geral de cálculo da tarifa e:

TMRS = TBD + VUa x (VAFi – FTBi) x FCI x FPI

Em que o Fator de Rateio (FR) é expresso pelo produto dos fatores adimensionais
FCI e FPI:
FCI: Fator atribuído à categoria/subcategoria do imóvel em que se enquadra o
usuário.
FPI: Fator do padrão do imóvel.

Alternativa 3 – modelo de rateio: taxa ou tarifa progressiva em


relação ao consumo de água

Nesta alternativa, considera-se a adoção de fatores diferenciados de cálculo, por


categorias de usuários e por faixas de consumo, com classificação e configuração
similares às adotadas para o serviço público de abastecimento de água.

Os fatores de cálculo dos valores unitários das tarifas ou taxas são diferenciados
por categorias e definidos de forma progressiva por faixas de consumo de cada
categoria, com base no cadastro do serviço de abastecimento de água e seu histórico
de consumo – histograma de consumo por categoria e faixas.

Esta alternativa de estrutura também capta a fraca cor relação entre renda e
consumo de água existente nas faixas iniciais da categoria residencial e mantém
a diferenciação por categoria de uso do imóvel. Entretanto, acrescenta o critério
de progressividade do valor unitário da tarifa ou taxa, conforme aumenta a faixa
de consumo, assumindo a provável correlação positiva entre renda e geração de
resíduos domiciliares, para a categoria residencial, e entre o potencial de geração de
resíduos e o consumo de água, para as demais categorias.

Para esta modalidade, a equação geral de cálculo da tarifa/ taxa é:

TMRS = TBD + VUa x FFC x (VAFi – FTBi)

Em que o Fator de Rateio (FR) é expresso pelo fator adimensional FFC.


FFC: Fator adimensional de cálculo atribuído para a faixa de consumo da categoria/
subcategoria do imóvel em que se enquadra o usuário.

Se definido pela regulação, a aplicação das formulações e


estruturas de cálculos destas alternativas devem considerar os

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 74


volumes limites de corte do consumo de cada categoria, para
efeito de incidência no cálculo da tarifa ou taxa individual,
conforme os modelos referenciais mostrados nas Tabela 3 a 5,
da Unidade 2, Módulo 4.

Estrutura II – Modelo de rateio com base na área construída


A área construída do imóvel é um critério tradicional e bastante utilizado para o
rateio do custo do SMRSU – inclusive, para o caso de taxa, o STF possui até súmula
vinculante reconhecendo a juridicidade desse parâmetro – Súmula Vinculante n.º
29.

No entanto, não se recomenda que seja considerada isoladamente, pois diversos


estudos, entre os quais o do DAEE de Araraquara (2014) indicam que a correlação
entre a área construída do imóvel e a geração de resíduos, em certas situações,
possui margem de erro – ou variância – elevada. Portanto, a utilização deste atributo,
como fator de cálculo de utilização do SMRSU – tarifa ou taxa –, deve ser adotada com
reservas, pois pode se mostrar socialmente injusta, se não for combinada com outros
fatores ou acompanhada de mecanismos de subsídios tarifários ou fiscais para os
domicílios ocupados por famílias com baixa renda. Pela mesma razão, recomenda-
se a adoção de limites do tamanho da área construída para cada categoria, pelo que
a área excessiva não seria considerada no cálculo das tarifas ou taxas.

Nesta alternativa de modelagem das estruturas de cálculo das tarifas ou taxas,


o rateio se daria de forma semelhante ao rateio com base no consumo de água,
porém em vez do volume total de água faturada, seria utilizada a área construída
total; em vez da categoria de usuário, seria utilizada a categoria do imóvel para fins
do IPTU; e, em vez do volume faturado de água por economia, seria utilizada a área
construída do imóvel.

Como determinar o valor unitário anual por área construída (VUc)?


A fórmula básica para o cálculo da VUc aplicado a estas estruturas é:

VUc = RR / ACT

Em que:
VUc: Valor unitário anual da RR com base na área construída (R$/m2)
RR: Receita Requerida anual (R$)
ACT: Área Construída Total dos imóveis cadastrados para a cobrança (m2)

É condição para adoção desta estrutura: o município possuir um bom cadastro


imobiliário, cobrindo áreas urbanas, idealmente iguais ou maiores do que as

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 75


atendidas pelo SMRSU ou, pelo menos, 80% dos domicílios atendidos por este serviço
que possibilite conhecer ou estimar a Área Construída Total (ACT) a ser considerada
para determinação da base de cálculo das tarifas ou taxas.

• No cálculo/estimativa da ACT para o período


correspondente devem ser deduzidas as áreas dos
imóveis não atendidos pelo serviço de coleta de resíduos
domiciliares;

• Dos imóveis de grandes geradores que não utilizam


o serviço público de coleta e destinação final de seus
resíduos e os que optaram por contrato específico de
utilização desse serviço;

• Áreas excedentes dos imóveis que extrapolam o


correspondente limite de enquadramento como pequeno
gerador, se for o caso;

• Se for considerado na regulação, as áreas excedentes


aos limites de corte de cada categoria dos imóveis que o
ultrapassarem; e

• Dos imóveis isentos, caso o correspondente custo das


isenções não tenha sido incluído nos ajustes do custo
regulatório.

A cobrança de tarifa ou taxa de disponibilidade para imóveis não edificados –


lotes ou terrenos urbanos –, deve-se adicionar à área total apurada, as áreas
correspondentes a estes imóveis, equivalentes ao fator de cálculo da tarifa ou taxa
básica de disponibilidade – FTBi x quantidade de terrenos –, conforme definido na
regulação para efeito de cálculo da tarifa ou taxa para estes imóveis.

A metodologia de cálculo da Receita Reque rida (RR) proposta já


contempla as provisões dos custos das isenções, dos subsídios
e da inadimplência líquida do modelo escolhido e admitida pela
regulação.

Para a aplicação do VUc para o cálculo das tarifas ou taxas de cada imóvel, deve-se
construir uma estrutura de cálculo – tabela) –, de acordo com o modelo de cálculo
adotado, a qual pode configurar algumas alternativas básicas:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 76


Cálculo do valor anual da tarifa ou taxa (TMRS) com base no rateio
pela área construída
TMRS é o valor anual da tarifa ou de taxa correspondente à prestação dos serviços de
manejo de resíduos sólidos a ser faturada para cada usuário cadastrado, potencial
ou efetivo.

A determinação do valor anual da tarifa ou taxa – TMRS –, com


base no rateio, é feita pela soma de uma parcela referente à
cobrança pela disponibilização dos serviços – TBD – com a parcela
referente à cobrança pelo uso efetivo dos serviços – TVU –, como
segue o modelo geral:

Cobrança = 1 + 2

TMRS = TBD + TVU

A cobrança pela disponibilidade dos serviços, para efeitos deste manual é


representada pela tarifa/taxa básica anual de disponibilidade (TBD) da respectiva
categoria/subcategoria, aplicável a todos os imóveis atendidos pelo SMRSU, inclusive
para imóveis, edificados ou não, que não tenham utilizado os serviços.

A TBD é definida pelo produto do VUc pelo FTBi, expressa em R$, como segue:

TBD = VUc x FTBi

Em que:

TBD: Tarifa/Taxa básica anual de disponibilidade dos serviços (R$)


VUc: Valor unitário da RR com base na área construída (R$/m2)
FTBi: Fator de cálculo da respectiva categoria/subcategoria expresso em metro
quadrado (m2) e múltiplo de 1 m2. Este fator representa a área mínima construída
no lote que será utilizado na fórmula para calcular a tarifa/taxa básica mínima a ser
cobrado dos usuários, independente dos serviços terem sido utilizados (m2)

A cobrança pelo uso efetivo dos serviços é representada pela tarifa/taxa variável
anual de uso efetivo dos serviços (TVU) da respectiva categoria, aplicável a todos
os imóveis atendidos pelo SMRSU que estejam cadastrados e que tenham área
construída maior que o valor mínimo definido para o respectivo FTBi.

A TVU é definida pelo produto do VUc com a diferença entre ACLi e FTBi e com o FR,
expressa em R$, como segue:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 77


TVU = VUc x (ACLi – FTBi) x FR

Em que:

TVU: Tarifa/Taxa variável anual pelo uso efetivo dos serviços (R$).
VUc: Valor unitário anual da RR com base na área construída (R$/m2)
FTBi: Fator de cálculo da TBD da respectiva categoria – múltiplos de 1m2 –, valor de
área mínima construída que será utilizado na fórmula para calcular a tarifa/taxa
mínima a ser cobrado dos usuários pela disponibilização dos serviços, independente
dos serviços terem sido utilizados (m2).
ACLi: Área construída do imóvel (m2), observados a área mínima igual ou maior que
FTB e o limite máximo de incidência.
FR: Fator adimensional de rateio da RR, utilizado para o cálculo da tarifa/taxa como
fator associado à capacidade de pagamento e/ou ao custo do serviço, conforme o
modelo e estrutura de rateio definido pela regulação.

Os modelos e alternativas de estrutura de rateio apresentadas a seguir indicam as


equações e os respectivos fatores de rateio adotados em cada caso.

Alternativa 1 – modelo de rateio: taxa ou tarifa linear em relação à


área construída
Estrutura relativamente simples e, exceto para os imóveis beneficiários da tarifa
social, não adota fatores de diferenciação que reflitam o perfil de renda dos
domicílios, pois utiliza apenas fatores de diferenciação relativos às categorias dos
imóveis. Dessa forma, esta estrutura pode resultar em tarifas ou taxas socialmente
injustas para famílias de menor renda não inclusas na categoria social.

Para esta modalidade, a equação geral de cálculo da tarifa/taxa (TMRS) é:

TMRS = TBD + VU x (ACLi – FTB) x FCA

Em que o Fator de Rateio (FR) é expresso pelo fator adimensional FCA.

FCA: Fator atribuído à categoria do imóvel.

Neste caso, é calculada a tarifa ou taxa anual do imóvel, que poderá ser cobrada em
parcela única ou conforme se definir o parcelamento do IPTU, quando a tarifa ou

⚠️
taxa for cobrada no mesmo documento de arrecadação.

ATENÇÃO: Os valores dos fatores de cálculo FTB e FCA devem ser ajustados
conforme as características sociais e econômicas e a efetiva distribuição do universo
de usuários entre as categorias e as classes ou faixas de áreas dos imóveis ou de
consumo de água, se utilizadas essas variáveis.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 78


O fator da fórmula do cálculo do TVU, correspondente à subtração
(ACLi – FTB), representa a área construída complementar a área
mínima para disponibilização do serviço com relação à área total
construída no lote. Este fator deve ser sempre igual ou superior a
zero, para evitar que a cobrança seja inferior à tarifa/taxa básica
– mínima – pela disponibilização.

Entretanto, nada impede que as tarifas ou taxas sejam cobradas com a fatura do
serviço de abastecimento de água ou de outro serviço, desde que os respectivos
cadastros sejam compatíveis, podendo então ser divididas em 12 vezes.

Sendo a cobrança isolada, por meio de documento específico, deve-se observar um


valor mínimo de parcelamento visando reduzir o custo relativo – de cada conta – e
o custo total das despesas de cobrança – processamento, emissão e entrega de
carnê/boleto e tarifa bancária.

Alternativa 2 – modelo de rateio: tarifa ou taxa progressiva em


relação ao padrão do imóvel
Nesta alternativa adotam-se fatores diferenciados de cálculo por categorias de
usuários e por padrão e faixas de áreas construídas como critério de diferenciação
associado ao perfil de renda. Neste caso, os fatores de cálculo dos valores individuais
das tarifas ou taxas devem ser definidos de forma progressiva, com base no cadastro
dos imóveis, considerando os pesos quantitativos dos imóveis por faixas de área
construída.

A fórmula geral de cálculo das taxas ou tarifas individuais para esta hipótese é:

TMRS = TBD + VBR x (ACIi – FTB) x FAC

Em que o Fator de Rateio (FR) é expresso pelo fator adimensional FAC.

FAC: Fator de cálculo da tarifa ou taxa para a faixa de área construída da categoria
do imóvel.

No Módulo 4, Unidade 2, são apresentados modelos referenciais das estruturas de


cálculo destas alternativas – configuração e exemplos de valores dos fatores.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 79


Estrutura III – modelo de rateio com base no custo anual por
domicílio e no padrão do imóvel
Embora não recomendado como melhores práticas, é possível adotar, além dos
modelos apresentados anteriormente, estruturas de cálculos tendo como fatores
de rateio o custo unitário anual por domicílio e coeficientes proporcionais para
diferentes categorias e classes dos imóveis.

VUd: RR/(no de domicílios cadastrados) (R$/domicílio)

RR: Receita requerida anual (R$)

Neste caso, podem ser adotadas estruturas de cálculo das tarifas ou taxas individuais
com configurações similares às definidas para as alternativas anteriores, excluídos
os fatores dimensionais relativos ao volume de água ou área construída do imóvel.

Nesta estrutura são adotados somente fatores adimensionais


de rateio correlacionados a proporções do custo médio anual
por domicílio e são aplicados de modo uniforme para todos os
imóveis classificados na mesma faixa da respectiva categoria de
uso.

Para esta estrutura, as tarifas ou taxas de disponibilidade e as


cobradas pelo uso efetivo dos serviços devem ser calculadas com
base em cadastro específico dos imóveis ou, se existente, com
base no cadastro utilizado para cobrança do IPTU.

As fórmulas de cálculo das tarifas ou taxas individuais nesta alternativa podem ser:

I – Cobrança pela disponibilização dos serviços:

Para imóveis/domicílios classificados como usuários potenciais, inclusive lotes


e terrenos não edificados, com o SMRSU a disposição:

TMRS = TBD: Tarifa/Taxa básica anual de disponibilidade dos serviços (R$)


TBD = VUd x FTBi (R$)
Em que, FTBi: Fator de rateio adimensional atribuído à categoria /subcategoria
ou classe do imóvel

II – Cobrança pelo uso efetivo dos serviços:

Para imóveis/domicílios classificados como usuários/geradores efetivos do SMRSU:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 80


TMRS = TVU: Tarifa/Taxa variável anual pelo uso do SMRSU (R$)
TVU = VUd x FR (domicílios usuários efetivos)

Em que:

FR: Fator de Rateio adimensional expresso pelo produto dos fatores FPI x FCI, sendo:
FPI: Fator adimensional atribuído ao padrão do imóvel.
FCI: Fator adimensional atribuído a categoria de uso do imóvel.

No Módulo 4, Unidade 2, será apresentado um modelo referencial desta estrutura


de cálculo.

Unidade 7 – Regulamentação da política de


cobrança

Ao final desta unidade você será capaz de conhecer os instrumentos


e os procedimentos para a regulamentação normativa legal
e administrativa da política de cobrança pela disposição e
prestação do SMRSU, conforme as disposições constitucionais e
as diretrizes da Lei n.º 11.445/2007 e suas alterações e a NR1 da
ANA.

Definidos o regime e os instrumentos de cobrança, os mecanismos administrativos


de faturamento e arrecadação, os critérios e a composição e formulação do cálculo
da receita requerida, bem como os parâmetros e a estrutura de cálculo do rateio e
determinação dos valores a serem cobrados individualmente dos usuários, faz-se
necessário emitir os regulamentos de execução da política de cobrança.

7.1 Procedimentos para instituição e/ou revisão da


regulamentação da política de cobrança
Conforme visto no Módulo 3, Unidade 1, a primeira ação é a verificação da existência
e a avaliação de normas legais ou regulamentares que tratem da política de cobrança
do SMRSU e sua compatibilidade com as disposições constitucionais – Arts. 145 e
150 da CF/1988 –, com o Código Tributário Nacional – Lei n.º 5.172/1966, Arts. 77-
80 –, com a Lei n.º 11.445/2007 – Arts. 29-35 – e com a NR1 da ANA, para então

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 81


definir o que precisa ser feito e os procedimentos para a revisão da regulamentação
existente ou para a instituição e regulamentação de uma nova política. O Quadro 10
sintetiza esta etapa.

Quadro 10 – Elementos para análise e revisão da legislação vigente

Situação da legislação local Ação para instituir a política de cobrança

Não há diretrizes básicas para a política de co-


brança pela prestação de serviços públicos de
saneamento básico previstas na Lei Orgânica
Municipal (LOM) ou em lei específica.

Alterar mediante lei especial os dispositivos


correspondentes da LOM e/ou elaborar e
aprovar projeto de lei de alteração das leis es-
Há diretrizes básicas para a política de cobran-
pecíficas que tratam da política de cobrança
ça pela prestação de serviços públicos de sa-
de taxas ou de tarifas.
neamento básico previstas na LOM ou em leis
Editar decreto de regulamentação da execu-
específicas.
ção da política de cobrança de taxas; ou decre-
to e/ou norma administrativa de instituição e
regulação executiva da política tarifária.

Instituir a nova política de cobrança de taxas e


tarifas mediante aprovação de lei(s) alterando
Há política de cobrança de taxas instituída e e complementando a legislação existente ou
há diretrizes básicas para instituição da políti- mediante aprovação de nova lei específica, re-
ca de cobrança de tarifas dos serviços discipli- vogando as normas existentes.
nadas no Código Tributário Municipal (LC) e/ Editar os respectivos decretos de regulamen-
ou em lei(s) específica(s) e seus regulamentos. tação da lei de taxas e/ou normas administra-
tivas de instituição ou revisão e regulação exe-
cutiva da política tarifária.

Fonte: GIZ – SNS/MDR (2020).

De acordo com as disposições dos Arts. 30, 150 e 175 da CF/1988, a


política de cobrança de serviços públicos, incluído o SMRSU, deve
ser instituída e disciplinada por lei editada pelo município, no caso
do regime tributário de taxa, ou, para o regime administrativo
de preço público ou tarifário, deve observar diretrizes legais
do município ou de atos instituintes de consórcio público ou de
estrutura de gestão regionalizada, disciplinando seus aspectos
essenciais, sendo que a instituição das tarifas e preços públicos
e a regulamentação dos aspectos técnicos, econômicos e sociais
de sua aplicação pode ser feita por meio de decreto do poder
Executivo municipal e de normas administrativas de regulação
editadas pela estrutura de gestão regionalizada e pela entidade
reguladora, no que lhes for pertinente.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 82


7.2 Responsabilidade e procedimentos do titular dos
serviços
Cabe ao titular – Executivo e Legislativo – definir, instituir e regulamentar as bases
essenciais da política de cobrança, observando, quando pertinentes, as normas de
referência editadas pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA),
competindo-lhe:

I. Definir o regime de cobrança a ser adotado, conforme as opções


anteriormente apresentadas;
II. Definir, aprovar e disciplinar as bases legais da cobrança de taxas,
estabelecendo:

¾ o fato gerador da cobrança da taxa pela disposição e uso potencial e


o contribuinte/usuário potencial dos serviços – proprietário ou
possuidor de qualquer título de imóvel –, indicando as atividades sujeitas
à cobrança e observando que a caracterização detalhada do que se
considera serviço à disposição e uso potencial das atividades e do
contribuinte/usuário pode ser feita por decreto;

¾ o fato gerador da cobrança da taxa pela prestação e uso efetivo e o


contribuinte/usuário efetivo dos serviços – proprietário, possuidor a
qualquer título ou pessoa física ou jurídica, responsável tributário do
imóvel –, indicando as atividades sujeitas à cobrança. Também neste
caso, a caracterização detalhada do que se considera contribuinte/
usuário efetivo e prestação e uso efetivo e das atividades pode ser feita
por decreto;

¾ a base de cálculo da taxa pela disposição e uso potencial, definindo:


o período/exercício de referência; e critérios para determinação da base
de cálculo desta taxa que podem ser: fatores proporcionais ao valor
unitário (VU) da receita requerida total; ou a composição básica do
custo de disponibilidade específico das atividades sujeitas a esta
cobrança e critério de rateio para determinação do respectivo valor
unitário (VU) (R$/imóvel) a ser aplicado à estrutura de cálculo das taxas
individuais – a caracterização dos fatores de cálculo e da composição do
custo e os critérios e procedimentos de cálculo podem ser regulamentados
por decreto;

¾ a base de cálculo da taxa pela prestação e uso efetivo, definindo: o


período/exercício de referência; critérios para determinação da base de
cálculo desta taxa, compreendendo a composição básica dos custos que
integrarão a receita requerida das atividades sujeitas a esta cobrança,
incluídos o custo de subsídios e as compensações de receitas
indiretas, não operacionais e extraordinárias; e o critério para

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 83


determinação do respectivo valor unitário (VU) – R$/imóvel; R$/m² da
edificação; R$/m³ de água etc. – a ser aplicado à estrutura de cálculo das
taxas individuais – a caracterização da composição do custo e os critérios
e procedimentos de cálculo podem ser regulamentados por decreto;

¾ a política de subsídios, determinando os tipos de subsídios – isenções


e/ou descontos – e o regime ou forma de seu custeio: subsidio tributário
interno – incluso no custo do serviço/receita requerida – e/ou subsidio
fiscal – repasses de subvenções orçamentárias ao usuário ou ao
prestador;

¾ a periodicidade da cobrança – mensal/anual) – e critério de parcelamento


no caso de taxa anual;

¾ as estruturas e os fatores de cálculo dos valores individuais das


referidas taxas, conforme os Arts. 30 e 35 da Lei n.º 11.445/2007 e
estudos do perfil e distribuição das categorias de usuários e por classes
e/ou faixas de uso ou consumo, bem como as respectivas tabelas de
cálculo – a caracterização e os critérios de determinação das estruturas
e dos fatores, bem como os procedimentos de cálculo dos valores
individuais das taxas podem ser regulamentados por decreto;

¾ a forma de cobrança/arrecadação das taxas – documento específico,


carnê/guia do IPTU, conta do serviço de abastecimento de água ou de
outro serviço. Os critérios e procedimentos para o lançamento e cobrança
das taxas podem ser regulamentados por decreto; e

¾ infrações e penalidades de posturas e por atraso ou falta de pagamento


a que o contribuinte/usuário está sujeito.

III. Definir e aprovar, isoladamente ou em conjunto com os municípios


integrantes de consórcio público ou de estrutura de gestão regionalizada,
as normas legais e regulamentares essenciais da política tarifária
para remuneração do SMRSU, estabelecendo:

¾ A base legal da política tarifária, determinando pelo menos:

• os serviços/atividades que serão remunerados com a cobrança de


tarifas;
• o fato gerador da cobrança de tarifa – prestação e uso ou disponibilidade
efetiva do serviço;
• o usuário efetivo ou presumido – quem paga pelo serviço: proprietário
ou ocupante do imóvel – e a caracterização da condição de usuário
efetivo ou presumido, visto que a forma de disposição/prestação do
serviço e sua utilização independem de adesão contratual ou formal do
usuário;

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 84


• a definição conceitual e elementos básicos do custo do serviço admitido
para determinação da receita requerida, base de cálculo das tarifas,
nos casos de prestação direta;
• a definição dos elementos essenciais da estrutura de cálculo dos
valores individuais das tarifas, conforme os Arts. 30 e 35 da Lei n.º
11.445/2007;
• a política de subsídios, definindo os tipos de subsídios – isenções e/ou
de descontos das tarifas –, os critérios para determinação dos
beneficiários e o regime ou forma de custeio tarifário – incluso no custo
do serviço/receita requerida – ou fiscal – repasses de subvenções
orçamentárias ao usuário ou ao prestador;
• infrações e penalidades de posturas e por atraso ou falta de pagamento;
e
• a instituição ou designação da entidade responsável pela regulação
administrativa e fiscalização da prestação dos serviços.

¾ Regulamentar a política tarifária mediante atos administrativos do


Executivo municipal ou da estrutura de gestão regionalizada, inclusive
consórcio público, ou determinar e outorgar ou delegar as competências
regulatórias e atribuições administrativas para a entidade responsável
pela regulação e fiscalização da prestação dos serviços;

¾ Nos casos de delegação da prestação dos serviços em regime de


concessão comum ou patrocinada, estabelecer nos instrumentos
contratuais a estrutura técnica e econômica e as condições da prestação
dos serviços, incluídos os critérios para fixação, reajustes e revisões
tarifárias, observadas as normas de regulação relativas à estrutura de
cálculo das tarifas individuais e à política de subsídios, bem como
designar e definir as atribuições e competências da entidade responsável
pela regulação e fiscalização da prestação dos serviços;

¾ Nas hipóteses de prestação regionalizada sob qualquer forma de


gestão, estabelecer nos instrumentos de instituição do consórcio público
ou da estrutura de gestão regionalizada:

• as competências transferidas para a estrutura de governança


regionalizada ou do consórcio público;
• os serviços públicos objeto da prestação direta ou indireta regionalizada
ou pelo consórcio público; e
• os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de outros preços
públicos, bem como para seu reajuste ou revisão – Lei n.º 11.107/2005,
Art. 4.º e Lei n.º 13.089/2015, Arts. 7.º e 8.º.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 85


7.3 Responsabilidades da entidade reguladora
À entidade de regulação e fiscalização – entidade reguladora municipal, consorcial
ou delegada – compete:
I. Elaborar as normas administrativas e procedimentos executivos da
política tarifária e do sistema de cobrança, conforme as diretrizes da Lei
n.º 11.445/2007 – Art. 23, 29, 30 e 35 – e de acordo com as normas legais,
regulamentares e contratuais estabelecidas pelo titular ou pela estrutura
de gestão regionalizada, observadas as normas de referência editadas
pela ANA;
II. Fixar/calcular a receita requerida e o valor unitário (VU) base da cobrança,
a correspondente estrutura de cálculo e os respectivos valores das
tarifas, conforme a regulação e as condições da prestação direta ou
contratada;
III. Fiscalizar e avaliar os aspectos e o equilíbrio econômico-financeiro da
prestação dos serviços, conforme o plano de saneamento básico, a
política de cobrança e, nos casos de prestação delegada, as regras
contratuais;
IV. Fiscalizar e avaliar o cumprimento do plano de investimentos e das
metas quantitativas e qualitativas pelo prestador do serviço;
V. Realizar os procedimentos e aprovar os reajustes e revisões
tarifárias, das contraprestações de contratos de PPP e de outros preços
públicos, conforme as normas de regulação e contratuais; e
VI. Fiscalizar e avaliar a eficiência, a eficácia e a efetividade da política e do
sistema de cobrança, inclusive a política de subsídios tarifários e/ou
fiscais e, caso necessário, propor as alterações normativas legais,
regulamentares ou contratuais requeridas, bem como proceder a
eventuais alterações regulatórias e de procedimentos de sua
competência.

O Quadro 11 apresenta o conjunto de normas e regulamentos necessários para a


efetiva execução da política de cobrança.

Quadro 11 – Processo de regulamentação da política de cobrança

Instrumentos legais e normativos


Ações Taxas Tarifas
Plano de ação Definição e elaboração do cro- Definição e elaboração do cronograma
para imple- nograma de ações para propo- de ações para proposição e tramita-
mentação da sição e tramitação de lei que ção de lei e/ou atos administrativos
política de institui ou revisa a cobrança de que revisam ou instituam a cobrança
cobrança taxas e de seus regulamentos de tarifas e outros preços públicos.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 86


Instrumentos legais e normativos
Ações Taxas Tarifas
Contrato de concessão ou lei municipal
ou ato administrativo do titular ou da
estrutura de governança regionaliza-
Instituição Lei municipal da, ou ato da entidade reguladora.
da política Vigência: ano seguinte e 90 Vigência: a partir de trinta dias de-
de cobrança dias após publicação pois de tornados públicos os valo-
res – Art. 39, caput, da LNSB – ou,
caso superior, no prazo previsto
na lei ou na regulação local.
Regulação
Instrumentos de delegação da prestação
da base de
do serviço a terceiros, decreto do Execu-
cálculo e dos
tivo ou normas da entidade reguladora.
critérios de fi- Lei municipal
Vigência: a partir de trinta dias de-
xação, reajus- Vigência: ano seguinte e 90
pois de tornados públicos os valo-
te e revisão dias após publicação
res – Art. 39, caput, da LNSB – ou,
dos valores
caso superior, no prazo previsto
ou fatores
na lei ou na regulação local.
de cálculo
Normas da entidade reguladora ou
decreto do Executivo ou ato da estru-
Regulação tura de governança regionalizada.
da execução Decreto do Executivo Vigência: a partir de trinta dias de-
da política Vigência: a partir da vigência da lei pois de tornados públicos os valo-
de cobrança res – Art. 39, caput, da LNSB – ou,
caso superior, no prazo previsto
na lei ou na regulação local.
Normas da entidade reguladora ou
Fixação dos instrumentos de delegação da prestação
Lei municipal
valores bases do serviço a terceiros ou, na ausência
Vigência: ano seguinte e 90 dias
iniciais ou a destes, decreto do Executivo ou ato da
após publicação Validade: prazo
equação de estrutura de governança regionalizada.
previsto na lei e no mínimo 1 ano
seu cálculo Vigência: prazo previsto nos atos/
instrumentos e no mínimo 1 ano
Reajuste
Resolução da entidade regulado-
inflacionário
ra, ou, na sua ausência, decreto
ou atuali- Decreto ou resolução do executivo
do Executivo ou ato da estrutura
zação dos Vigência: 30 dias após publicação
de governança regionalizada.
valores bases Validade: prazo previsto na
Vigência: 30 dias após publicação
calculados lei e no mínimo 1 ano
Validade: prazo previsto no decreto/
por fatores
instrumento e no mínimo 1 ano
numéricos
Resolução da entidade regulado-
Revisão dos
ra, ou, na sua ausência, decreto
valores bases Lei municipal
do Executivo ou ato da estrutura
iniciais ou dos Vigência: ano seguinte e 90 dias
de governança regionalizada.
fatores numé- após publicação Validade: prazo
Vigência: 30 dias após publicação
ricos de cálcu- previsto na lei e no mínimo 1 ano
Validade: prazo previsto no decreto/
lo desses
instrumento e no mínimo 1 ano

Fonte: Adaptado de GIZ – SNS/MDR (2020).

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Unidade 8 – Sistema de gestão da cobrança

Ao final desta unidade você será capaz de conhecer e avaliar os


aspectos essenciais do sistema de gestão da política de cobrança
pela disposição e prestação do SMRSU, bem como de identificar as
alternativas de sistemas gerenciais de cobrança mais adequados
para os diferentes regimes e modelos jurídico-administrativos e
situações da prestação do SMRSU.

Um bom sistema gerencial da cobrança – sistema de gestão comercial – é fundamental


para a eficiência da gestão dos serviços, pois dele depende, em grande parte, a
sustentabilidade financeira da sua prestação, que será alcançada por meio da
arrecadação da receita requerida. Deve haver um gestor e um operador do sistema
de cobrança responsável por seu adequado desempenho e manutenção.

8.1 Sistema gerencial da cobrança


Do ponto de vista da eficiência econômica, os melhores sistemas de cobrança são
os que resultam da seguinte combinação de características:

• maior abrangência do universo de imóveis ou domicílios sujeitos à


cobrança;
• menor custo administrativo; e
• mecanismos adequados de controle e redução de inadimplência,
visando à melhoria da eficiência do sistema e consequentemente da
sustentabilidade financeira.

Do ponto de vista administrativo e operacional, os melhores sistemas de cobrança


são os que:

• têm uma base cadastral ampla e abrangente do universo de usuários


– imóveis/domicílios –, facilmente atualizável e, preferencialmente,
compartilhada com outro tributo ou serviço;
• adotam critérios de cálculo estáveis no tempo e cujos atributos e
fatores de cálculo associados ao imóvel/usuário estão sob o controle do
gestor do sistema – ex.: tipo de uso do imóvel, área construída, consumo
de água etc.; e
• requerem sistema gerencial de TI, cujo desenvolvimento ou adaptação
e implantação seja menos complexo e oneroso e/ou que possa ser
compartilhado com o sistema de cobrança de outro serviço ou tributo.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 88


Os sistemas de cobrança do SMRSU existentes geralmente
utilizam a base cadastral – cadastro imobiliário urbano – do
IPTU e, como fatores de cálculo, atributos ou características
dos imóveis disponíveis nesta base cadastral – categoria de uso,
área construída e padrão construtivo. Entre os municípios que
utilizam estes sistemas, predominam os que realizam a cobrança
da taxa com o IPTU em um único carnê ou guia de arrecadação.
Exemplos de boa prática, neste caso, são os municípios de Belo
Horizonte e de Curitiba.

Diversos municípios que prestam o SMRSU de forma integrada


com os serviços de abastecimento de água e de esgotamento
sanitário já utilizam, há algum tempo, sistema de gestão comercial
integrado para cobrança conjunta de taxas e tarifas destes
serviços por meio de conta única. Muitos destes municípios são
exemplos de boas práticas, tais como: Muriaé (MG), Araraquara
(SP), Penápolis (SP), Uberlândia (MG), Jaraguá do Sul (SC) e vários
outros.

A cobrança de taxa de RSU na conta de água, por concessionária


estadual ou privada do serviço de abastecimento de água, é uma
experiência muito recente e ainda restrita a um reduzido, porém
crescente, número de municípios.

Os casos mais conhecidos, com referências de boa prática, pelo menos do processo
de arrecadação, são mais de uma centena de municípios paranaenses, cuja atividade
de cobrança é feita pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).

Em qualquer desses casos, existe experiências boas e ruins, pois a boa prática
depende tanto ou mais de outros fatores ou circunstâncias do que apenas do
mecanismo de cobrança com o IPTU ou na conta de água, como demonstrado a
seguir.

8.2 Requisitos e mecanismos do sistema de cobrança


de taxa ou tarifa
Os requisitos para implantação e gestão de um bom sistema de gestão da cobrança
de taxas ou tarifas pela prestação dos serviços de manejo de RSU variam conforme
o regime de cobrança adotado, os critérios e fatores de cálculo utilizados e os
mecanismos de execução da cobrança e arrecadação.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 89


Cobrança do SMRSU utilizando o sistema do IPTU
O processamento e a cobrança da taxa ou tarifa de manejo RSU, utilizando o sistema
de cobrança do IPTU, podem ser uma solução eficiente e eficaz se:

• o município tiver um cadastro imobiliário – base do IPTU – abrangente,


cobrindo todas as áreas ou aglomerados urbanos do município – sede,
distritos, vilas e povoados – onde houver prestação do serviço;
• a base cadastral contiver ou permitir a inclusão dos atributos do imóvel
e outros elementos utilizados como fatores de cálculo da taxa ou tarifa
– categoria de uso, área e/ou padrão construtivo, frequência da coleta,
consumo médio mensal ou anual de água etc.;
• os critérios de cálculo permitirem: i) apuração satisfatória da receita
requerida, base de cálculo da taxa ou tarifa; ii) aplicação dos fatores de
cálculo das taxas ou tarifas individuais de cada imóvel de forma adequada;
e iii) obter uma receita – descontadas isenções e inadimplência líquida
– suficiente para a adequada remuneração do serviço; e
• o gerenciamento da cobrança for eficiente – processamento, emissão e
entrega do documento de cobrança, controle da arrecadação e execução
administrativa da cobrança de inadimplentes.

O fator “consumo de água” como critério de cálculo da taxa ou tarifa do SMRSU


também pode ser adotado, associado a outros atributos cadastrais do IPTU. Neste
caso, o cálculo da taxa ou tarifa deve ter como referência o consumo médio do ano
anterior, para que possa ser incluído no sistema do IPTU no início do ano de sua
vigência, quando o IPTU é processado e emitido seu documento de arrecadação,
pois este tributo é cobrado em base anual.

O pagamento da taxa ou tarifa de manejo de RSU pode ser feito em parcela única ou
em quantidade de parcelas mensais igual à do IPTU.

Entre as desvantagens associadas a este sistema de cobrança estão: o elevado risco


de inadimplência e o fato de que a tributação do IPTU é restrita a zonas urbanas,
deixando fora da base cadastral as aglomerações rurais – vilas e povoados – atendidas
pelo SMRSU. Portanto, a adoção desse sistema requer mecanismos adicionais para
maior eficiência da cobrança e, particularmente, da arrecadação da taxa ou tarifa
do SMRSU.

Cobrança do SMRSU utilizando o sistema do serviço de abastecimento


de água
Independente do regime de cobrança do SMRSU adotado, o gerenciamento e
a execução da cobrança utilizando o sistema de gestão comercial do serviço de
abastecimento de água pode ser administrativa, operacional e economicamente

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 90


a mais eficiente das alternativas, ainda que estes serviços sejam prestados sob
diferentes regimes e formas jurídicas e por diferentes operadores.

Um requisito essencial para a eficácia desta solução é que


ambos os serviços devem ter base cadastral unificada e a
mesma abrangência territorial, além de atender aos requisitos
– elementos cadastrais e critérios de rateio – da estrutura
de cobrança adotada, se constituindo também em eficiente
instrumento para o planejamento e gestão desses serviços.

Por outro lado, a adoção desse sistema para o gerenciamento e execução da cobrança
do SMRSU depende da concordância do prestador do serviço de abastecimento de
água, caso este seja um delegatário contratado, e a eficácia e eficiência desta solução
depende da adequabilidade técnica do sistema e que seu custo de implantação e
operação seja razoável e não afete a modicidade da cobrança do SMRSU.

Cobrança do SMRSU mediante sistema exclusivo


A adoção de sistema específico para a cobrança isolada ou
exclusiva da taxa ou tarifa do SMRSU é uma experiência ainda
pouco utilizada, mas pode ser uma solução necessária diante
da inviabilidade de adoção e compartilhamento de sistema
compatível de cobrança de outro serviço ou tributo municipal.

Embora possa ser administrativa e operacionalmente eficiente, a viabilidade


econômica e a modicidade da cobrança do SMRSU podem ser afetadas por esta
solução, entre outros motivos, em razão do:

• custo de implantação/adequação, manutenção e operação do sistema


de gestão – sistema de TI – da cobrança, inclusive da base cadastral;
• custo de gestão administrativa da cobrança – gestão comercial e
financeira;
• preço cobrado pelos agentes de arrecadação, especialmente no caso de
cobrança mensal; e
• grande risco de baixa eficiência na arrecadação – inadimplência elevada
– devido à impossibilidade de suspensão do serviço.

Outros sistemas de cobrança do SMRSU


Existe ainda a possibilidade de contratar a execução da atividade de cobrança do
SMRSU com o prestador do serviço de energia elétrica, mediante concordância
das partes e adequada regulação das respectivas agências reguladoras.

Sendo formalizada, esta solução apresenta algumas vantagens


gerais sobre as demais, pois além do sistema gerencial – TI –

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 91


ter atributos cadastrais e requisitos operacionais similares
ao do serviço de abastecimento de água, geralmente o serviço
de distribuição de energia elétrica tem maior cobertura de
atendimento dos domicílios do município, inclusive na zona rural,
abrangendo todo o território possivelmente coberto pelo SMRSU.

Além disso, com adequada regulação técnica, o consumo de energia elétrica pode
também ser adotado como um bom parâmetro – proxy – para o rateio e determinação
dos valores individuais das taxas ou tarifas do SMRSU. Havendo interesse e um bom
entendimento comercial entre os prestadores dos serviços esta solução pode se
tornar modelo de uma eficiente prática.

De outro lado, evoluções tecnológicas e logísticas eficientes da


coleta de RSU e a rápida evolução, cada vez menos onerosas,
de soluções tecnológicas dos sistemas de informações, de
comunicação e de meios virtuais de transação comercial e
financeira poderão permitir, em breve, o desenvolvimento de
soluções de gerenciamento e execução da cobrança e arrecadação
de taxas e tarifas do SMRSU e de serviços públicos diretamente
pelos seus prestadores, de forma segura, eficiente e de baixo
custo.

8.3 Gestor do sistema de cobrança


As atividades do SMRSU podem ser executadas direta ou indiretamente por diferentes
prestadores. No entanto, é racional que o planejamento e a gestão administrativa e
orçamentária-financeira da prestação das diferentes atividades sejam exercidos de
forma integrada por um único órgão ou entidade municipal, por um consórcio ou
outra estrutura de prestação regionalizada. Há também a possibilidade de delegação
da prestação integral do SMRSU em regime de concessão comum ou patrocinada.

Dessa forma, a definição do titular pela gestão do sistema de cobrança está associada
ao modelo de organização da prestação do SMRSU e suas atividades.

Há três possíveis gestores do sistema da cobrança, apresentados no Quadro 12, com


indicação das situações aplicáveis e recomendações: órgão ou entidade municipal;
consórcio público ou outra estrutura de governança regionalizada; e o prestador de
serviço.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 92


Quadro 12 – Gestores do sistema de cobrança

Gestor do sistema
Situações e recomendações
de cobrança

Órgão ou entidade Coordenação da gestão administrativa e orçamentária e/ou pela pres-


municipal tação direta e/ou indireta do SMRSU, inclusive quando houver delega-
– gestão ção da prestação integral ou parcial das atividades em regime de con-
exclusivamente cessão administrativa ou de gestão associada de natureza congênere
municipal por convênio de cooperação.

Órgão ou entidade
municipal – prestação
regionalizada
direta ou indireta Devem ser adotados neste caso, instrumentos contratuais ou admi-
apenas da atividade nistrativos de vinculação das receitas arrecadadas por cada municí-
de destinação pio, para os pagamentos devidos ao consórcio ou a outra estrutura de
final de RSU, por prestação regionalizada.
qualquer estrutura
regionalizada
admitida

- Em qualquer forma de gestão associada para a prestação direta ou


indireta de todas as atividades do SMRSU, inclusive prestação delega-
da em regime de concessão administrativa.
- Quando a atribuição de gestão da cobrança for atribuída à estru-
tura de governança regionalizada, nos instrumentos de constituição,
particularmente quando também forem responsáveis pela prestação
regionalizada da atividade de destinação final de RSU.
Consórcio público
Em ambas as situações – 1 e 2 –, quando adotada a cobrança de ta-
ou outra estrutura
rifas, o consórcio ou a estrutura de governança regionalizada farão a
de prestação
cobrança em seu nome, como titulares do crédito e da receita dele
regionalizada
derivada apropriando-se da receita arrecadada e fazendo o(s) paga-
mento(s) – ou transferências, a depender do modelo – devido(s) ao(s)
prestador(es) das diferentes atividades, quando for o caso.
Se adotada a forma de taxa pelos municípios, a cobrança será feita em
nome de cada município, adotando instrumentos jurídicos e adminis-
trativos de vinculação das receitas arrecadadas para o(s) pagamen-
to(s) devido(s) ao(s) prestador(es) das diferentes atividades do SMRSU.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 93


Gestor do sistema
Situações e recomendações
de cobrança

Quando houver delegação da prestação integral ou de todas as ati-


vidades do SMRSU, em regime de concessão comum ou patrocinada
ou de gestão associada de natureza congênere, o regime de cobrança
deve ser, obrigatoriamente, o administrativo, por meio de tarifa, e o
gestor do sistema de cobrança deve ser o prestador delegatário – con-
cessionária ou entidade pública de ente conveniado.

Prestador de serviço No caso de concessão administrativa ou de gestão associada de natu-


– Concessão reza congênere, o prestador de serviço também pode ser o gestor do
sistema de cobrança em regime tributário por meio de taxa, se esta
atribuição lhe for conferida nos instrumentos contratuais. Aplicam-se
a esta situação os mesmos requisitos e procedimentos administrati-
vos da cobrança indicados no caso de o gestor da cobrança ser con-
sórcio público ou outra estrutura de governança regionalizada. Neste
caso independe se a delegação for feita individualmente pelo municí-
pio ou pelo consórcio ou outra estrutura de governança regionalizada.

Após a implementação da cobrança, ou seja, após percorrer por


todos os passos apresentados, é necessário seguir as iretrizes
apresentadas na NR1 ANA, até que seja emitida norma de
referência que trate dos critérios de contabilidade regulatória,
sendo elas:
• os registros contábeis deverão ser controlados de modo
que os custos e receitas do SMRSU estejam segregados
dos custos e receitas de outras atividades e serviços
executados pelo mesmo restador, inclusive a limpeza
urbana, estando aquelas receitas vinculadas ao
atendimento das despesas do SMRSU;
• no caso de prestação delegada por contrato ou de
prestação direta por empresa pública ou por sociedade
de economia mista do titular, devem ser observados,
quando couber, os pronunciamentos técnicos emitidos
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 94


8.4 Responsabilidades do gestor do sistema de
cobrança
Compete ao órgão ou entidade gestora do sistema de cobrança:

• Coordenar a gestão administrativa, financeira e comercial do sistema de


cobrança;
• Realizar estudos e monitoramento sistemático do perfil e da distribuição
das categorias de usuários e das classes de uso ou consumo para
determinação das estruturas e dos fatores de cálculo dos valores
individuais das taxas ou tarifas, bem como as respectivas tabelas de
cálculo a serem consideradas na instituição e/ou eventuais revisões da
regulação da política de cobrança;
• Gerenciar os custos da prestação dos serviços, incluídos seus custos
administrativos e os custos de eventuais concessões – comuns ou PPPs
(gerenciamento de contratos);
• Criar cadastro próprio ou adequar outro cadastro de âmbito municipal,
incorporando informações sobre os usuários efetivos e potenciais dos
serviços, conforme os requisitos definidos pela regulação legal e/ou
pelas normas de regulação executiva, para a determinação da estrutura
– e tabelas – de cálculos individuais das taxas e/ou das tarifas, incluída a
aplicação da política de subsídios tarifários e/ou fiscais;
• Implementar sistema de gerenciamento da cobrança – sistema TI de
gestão comercial – mediante:

• desenvolvimento/aquisição, implantação e operação de sistema


gerencial (TI) próprio;
• adequação cadastral e funcional e compartilhamento de sistema
– gerencial e TI – de cobrança de IPTU ou de cobrança do serviço
de abastecimento de água prestado diretamente por órgão ou
entidade municipal;
• compartilhamento de sistema – gerencial e TI – de cobrança
implantado e gerido por consórcio público, seja sistema específico
para o SMRSU ou sistema integrado de gestão de cobrança de
tributos e/ou de tarifas de serviços municipais de saneamento
básico; ou
• contratação da execução de serviços de gerenciamento da
cobrança de taxas e tarifas e outros preços públicos do SMRSU,
de forma conjunta com a cobrança de outro serviço – ex.:
abastecimento de água, energia elétrica –, seja diretamente com
o prestador delegado desse serviço ou, eventualmente, com
executor terceirizado desse serviço de gerenciamento da
cobrança para esse.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 95


• Monitorar e fornecer informações sistemáticas para o gerenciador/
operador do sistema de cobrança para inscrição, manutenção e
atualização da base cadastral de usuários efetivos e potenciais dos
serviços, bem como os elementos essenciais das funções de cálculo –
estrutura, fatores e valor base de cálculo – do sistema de cobrança,
conforme a regulação e suas revisões; e
• Gerenciar e/ou fiscalizar as atividades operacionais – processos de TI – e
administrativas – controles gerenciais da cobrança, da arrecadação e de
contas a receber –, bem como executar a gestão contábil e financeira da
cobrança, observadas as responsabilidades contratuais/gerenciais do
prestador dos serviços, nos casos de concessão comum ou de concessão
patrocinada – PPP.

A gestão do sistema de cobrança pode ou deve, na maioria


dos casos, ser exercida pelo delegatário da prestação do
SMRSU, seja exclusiva ou integrada com outros serviços, em
regime de concessão comum ou patrocinada ou em regime de
gestão associada, mediante contrato de programa de natureza
congênere.

8.4 Gerenciamento executivo e operação do sistema


de cobrança
O gerenciamento executivo e a operação do sistema TI de cobrança do SMRSU
cabem à entidade detentora/operadora do sistema de TI – hardwares e softwares –
escolhido pelo gestor da prestação desse serviço, podendo ser:

• o próprio prestador do serviço, no caso de adotar sistema gerencial de


TI exclusivo, ou quando também for prestador do serviço de
abastecimento de água;
• o gestor e operador municipal do sistema de cobrança do IPTU;
• o prestador do serviço de abastecimento de água ou de energia elétrica;
e
• empresa especializada na prestação de serviços de gestão comercial de
características similares.

Responsabilidades do gerenciador/operador do sistema de cobrança


do SMRSU
• Desenvolver, adquirir e/ou adaptar o sistema de TI que será utilizado
para o gerenciamento da cobrança, conforme os requisitos da regulação
normativa e contratual da política de cobrança, bem como manter e
atualizar a respectiva plataforma de hardwares e de softwares
operacionais e funcionais requeridos pelo sistema.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 96


• Estruturar/adequar a base de dados do sistema e cadastrar ou
complementar e manter atualizadas as informações cadastrais dos
usuários efetivos e potenciais dos serviços, conforme os requisitos da
estrutura e dos fatores de cálculos das taxas e/ou tarifas individuais
estabelecidos pela regulação normativa e contratual.
• Dispor e manter estrutura própria e/ou terceirizada de pessoal
especializado para execução das atividades gerenciais administrativas e
operacionais do sistema de cobrança, das atividades de suporte e
manutenção da plataforma de hardwares e de softwares operacionais e
das atividades de manutenção e de atualização e evolução de softwares
funcionais – aplicações – do sistema de TI.
• Gerenciar, avaliar e prestar informações gerenciais regulares e
extraordinárias sobre a cobrança para os gestores comerciais, financeiros
e contábeis da prestação do SMRSU e para a entidade reguladora,
conforme os procedimentos estabelecidos.
• Permitir/garantir acesso de agentes fiscais ou auditores do gestor/
prestador dos serviços e da entidade reguladora ao ambiente, aos
procedimentos administrativos e operacionais, às aplicações funcionais
e à base de dados do sistema de gestão da cobrança – TI.

8.5 Garantias de vinculação da receita da cobrança


de taxas
Uma das questões que sempre se coloca em relação à cobrança de taxas pela
disposição e prestação do SMRSU, particularmente quando executada com o IPTU,
é que não há garantias de vinculação e aplicação de suas receitas exclusivamente
na gestão desse serviço, pelo fato de que, por se tratar de tributo, esses recursos
pertencem ao tesouro municipal e não ao órgão, entidade ou empresa prestadora
do serviço.

De fato, do ponto de vista jurídico das finanças e do orçamento público, a receita


tributária de taxas do SMRSU pertence e integra o orçamento geral do município.
No entanto, deve-se observar que, sendo uma contraprestação por serviço público
específico e divisível, prestado ou posto à disposição dos usuários, as receitas destas
taxas são, legal e orçamentariamente, vinculadas e destinadas exclusivamente ao
custeio do serviço objeto da cobrança.

Por óbvio, quando o serviço é prestado por órgão da administração direta, essa
questão não faz qualquer sentido se o serviço estiver sendo efetivamente prestado
ou posto à disposição dos munícipes, pois os recursos estariam corretamente
sendo aplicados para o fim destinado. Neste caso, o que se pode eventualmente
questionar é se o valor arrecadado é compatível ou extrapola o custo do serviço,
inclusive se esse valor incorpora custo de atividade do serviço que não esteja sendo
executada ou o seja de forma irregular ou ilegal. Por exemplo, cobrar por atividade

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 97


específica de limpeza urbana ou pela disposição do RSU em lixão. Neste último caso,
conforme determina o caput do Art. 35 da Lei n.o 11.445/2007, não se pode cobrar
e não se deve pagar por destinação inadequada do RSU, ainda mais se tratando de
atividade irregular ou ilegal.

No caso de prestação do serviço por entidade pública – autarquia – do município, a


própria lei de criação da entidade ou a lei que instituir a taxa podem/devem vincular
a receita das taxas ao custeio da autarquia e transferir-lhe a competência para sua
cobrança e arrecadação, se for tecnicamente possível e economicamente viável e
racional. Mesmo que a arrecadação seja realizada pela fazenda municipal com a
cobrança do IPTU, o produto da arrecadação deve ser repassado para o caixa da
autarquia, pois cabe a esta a gestão autônoma de seu orçamento.

Se a prestação do SMRSU for outorgada a uma empresa municipal


ou delegada a uma empresa ou entidade contratada, a vinculação
e a garantia de repasse ou recebimento das receitas das taxas
pela entidade prestadora podem/devem ser estabelecidas pela
lei que instituir esse tributo, ou pela lei que autorizar a criação e
a outorga do serviço para a empresa municipal ou que autorizar
ou disciplinar a delegação da prestação do serviço. A mesma lei
ou o contrato de delegação podem transferir para o prestador do
SMRSU a atividade administrativa de gerenciamento e execução,
direta ou indireta, da cobrança da taxa diretamente dos usuários
do serviço, bem como disciplinar os instrumentos jurídicos de
vinculação da receita arrecadada e os mecanismos financeiros e
contábeis de transação dos recursos entre o tesouro municipal
e a entidade prestadora, por intermédio da instituição bancária
gestora/centralizadora da arrecadação.

Esta solução jurídico-administrativa está alinhada com o Art. 7.o, da Lei n.o 5.172/1966
– Código Tributário Nacional – e já é amplamente adotada para as concessões de
serviços de iluminação pública em relação à cobrança e arrecadação da contribuição
para o custeio do serviço de iluminação pública (Cosip) pelas empresas distribuídoras
de energia elétrica.

Vídeo 5 – Recapitulando - Sistema de gestão da cobrança do


SMRSU

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 98


Módulo

4 Condições e elementos específicos


da regulação do regime tarifário
Unidade 1 – Reajuste e revisão

Ao final desta unidade você será capaz de compreender os


aspectos conceituais e processuais, bem como de avaliar
critérios e procedimentos regulatórios técnico-administrativos
de reajustes e de revisões tarifárias pela prestação do SMRSU.

A NR1 da ANA trata de aspectos essenciais do reajuste e revisão das tarifas do


SMRSU. Ainda que não abordado naquela norma, as taxas também devem passar
por procedimentos de reajustes e de revisões periódicas, mas por dependerem
da aprovação legislativa para sua instituição e regulamentação básica, ou para
alteração de regras essenciais para fixação dos seus valores, os reajustes e revisões
de taxas devem observar procedimentos e instrumentos próprios, e independem
da homologação pela entidade reguladora do SMRSU.

Os estudos que devem ser realizados para os reajustes e revisões de tarifas e taxas
são os mesmos e podem ser elaborados pela entidade reguladora, mas no caso
das taxas, esta não terá a palavra final sobre os valores cobrados dos usuários do
serviço. Portanto, os aspectos da NR1 tratados nesta unidade se aplicam ao regime
de cobrança de tarifas, no entanto nada impede que as normas e regras aqui
abordadas sejam aplicadas para o regime de taxas, mediante sua incorporação e
aprovação pela respectiva legislação regulamentadora.

1.1 Reajustes das tarifas do SMRSU


O reajuste consiste na atualização periódica do valor da tarifa por meio da aplicação
de índices inflacionários ou fórmulas paramétricas que buscam refletir a variação
de preços dos insumos e outras despesas que compõem o custo do SMRSU. O
objetivo é, portanto, manter a condição econômica das tarifas ao longo do tempo,
tendo em vista os aumentos de custos que impactam a prestação dos serviços em
decorrência da inflação.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 99


Conforme a modelagem econômica adotada para a prestação do SMRSU e as
normas de regulação, as tarifas devem ser reajustadas periodicamente, observado
o intervalo mínimo de 12 (doze) meses, devendo-se adotar:

I. o índice ou fórmula paramétrica de reajuste, a data base e respeitado o


prazo prévio de divulgação previstos no contrato de concessão, quando
existente; ou
II. para o caso da prestação pela administração direta, por autarquia,
empresa pública ou sociedade de economia mista controlados pelo
titular, pode ser adotado o IPCA ou fórmula paramétrica estabelecida
pela entidade reguladora do SMRSU, composta por índices inflacionários
que reflitam a composição de custos da prestação de serviços e, quando
couber, indicadores de eficiência e qualidade da prestação.

Para o reajuste da tarifa, é necessário estabelecer o índice de reajuste ou fórmula


paramétrica que incidirá na tarifa vigente conforme apresentado a seguir:

Tarifa reajustada = (T x Ireaj)

Em que:
T = Tarifa (tarifa vigente);
Ireaj = Índice de Reajuste

O índice de reajuste (Ireaj) pode ser determinado, de forma simplificada, utilizando-


se um único índice nacional – por exemplo o IPCA; ou pode ser determinado, de
forma mais precisa, mediante aplicação de fórmula ponderada de índices setoriais,
conforme exemplo apresentado a seguir:

Em que:

• Ireaj = Índice de reajuste com base na ponderação de cesta de índices


• A – Fator de ponderação relacionado à representação percentual da mão
de obra no valor da tarifa;
• MOi = número índice do INPC – IBGE –, para reajuste da mão de obra, relativo ao
2.º mês anterior ao mês de reajuste contratual.
• MO0 = número índice do INPC – IBGE –, para reajuste da mão de obra,
relativo ao 2.º mês anterior ao mês de apresentação da proposta.
• B – Fator de ponderação relacionado à representação percentual dos
equipamentos no valor da tarifa;
• EQi = número índice do IPA-OG-Veículos Automotores – FGV –, para
reajuste de equipamentos, relativo ao 2.º mês anterior ao mês de reajuste
contratual.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 100


• EQ0 = número índice do IPA-OG-Veículos Automotores – FGV –, para
reajuste de equipamentos, relativo ao 2.º mês anterior ao mês de
apresentação da proposta.
• C – Fator de ponderação relacionado à representação percentual das
obras civis no valor da tarifa;
• OBi = número índice do INCC – FGV –, para reajuste de obras, relativo ao
2.º mês anterior ao mês de reajuste contratual.
• OB0 = número índice do INCC – FGV –, para reajuste de obras, relativo ao
2.º mês anterior ao mês de apresentação da proposta.
• D – Fator de ponderação relacionado à representação percentual dos
combustíveis no valor da tarifa;
• ODi = Preço do Óleo Diesel (ANP), para reajuste de combustível, custo
pneumático e lubrificação, relativo ao 2.º mês anterior ao mês de reajuste
contratual.
• OD0 = Preço do óleo diesel – ANP –, para reajuste de combustível, custo
pneumático e lubrificação, relativo ao 2.º mês anterior ao mês de
apresentação da proposta.
• E – Fator de ponderação relacionado à representação percentual dos
serviços e demais itens no valor da tarifa;
• SEi = número índice do IPCA – IBGE –, para reajuste de serviços e demais
itens, relativo ao 2.º mês anterior ao mês de reajuste contratual.
• SE0 = número índice do IPCA – IBGE –, para reajuste de serviços e demais
itens, relativo ao 2.º mês anterior ao mês de apresentação da proposta.
• Sendo o somatório dos fatores de ponderação (A+B+C+D+E) igual a um.

Quando a regulação for por incentivos, poderão incidir sobre


o reajuste e/ou a revisão tarifria vigentes, de forma isolada ou
ponderada, fatores de incentivo, como: fator de produtividade, de
atendimento de metas, de qualidade, de desempenho financeiro
e outros, bem como compensações financeiras de custos não
administráveis, conforme critérios definidos pelo itular e/ou
ntidade eguladora. Esses fatores poderão resultar em variações
positivas ou negativas das tarifas.

Do ponto de vista prático, o índice de reajuste (Ireaj) se aplica


sobre o valor unitário (VU) da receita requerida – equivalente
à tarifa média – vigente no período, base de cálculo das tarifas
individuais, conforme a estrutura de rateio adotada para a
prestação do SMRSU, tendo em vista que as tabelas de cálculo
resultantes das estruturas de rateio sugeridas geralmente são
expressas em fatores numéricos não monetários.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 101


E mais, como os reajustes indexados são aplicados somente
nos períodos entre revisões tarifárias, o mês de referência para
determinação do(s) índice(s) do “ano zero” do período considerado
é, para o primeiro período, o relativo ao mês de apresentação da
proposta, no caso de concessão, ou de fixação inicial da tarifa, no
caso de prestação direta, e, para os períodos subsequentes, ao
mês de vigência da última revisão tarifária.

1.2 Revisão das tarifas do SMRSU


As revisões tarifárias podem ser periódicas ou extraordinárias:

A revisão periódica é o processo de reavaliação ampla das condições de prestação


dos serviços, visando manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
no caso da prestação por contrato, ou assegurar a sustentabilidade da prestação
dos serviços, no caso da prestação direta, bem como garantir a distribuição dos
ganhos de produtividade. As revisões periódicas são realizadas em periodicidade
predeterminada no contrato ou nas normas da entidade reguladora, e tem por
objetivo garantir que o serviço seja prestado de maneira eficiente e sustentável.

A revisão extraordinária objetiva a recomposição das condições de prestação dos


serviços sempre que comprovado desequilíbrio econômico-financeiro do contrato
ou da prestação do serviço em decorrência de fato superveniente. Ou seja, é a revisão
em momento diverso daquele em que é realizada a revisão periódica – por isso
também chamada de ordinária –, diante da ocorrência de eventos supervenientes
que desequilibrem o contrato ou a prestação do serviço e, por isso, geram risco à
continuidade da prestação adequada do serviço.

O procedimento de revisão deve garantir adequada publicidade e contraditório, com


expressa possibilidade de participação dos prestadores de serviço, dos titulares e
dos usuários, por exemplo as audiências públicas.

As revisões obedecerão ao procedimento estabelecido em ato normativo da


entidade reguladora do SMRSU. Os novos valores definidos serão fixados de forma
clara e objetiva, dando a devida publicidade com antecedência mínima de 30 (trinta)
dias da sua aplicação ao usuário.

Os documentos necessários para avaliação da revisão tarifária serão indicados por


meio de ato normativo da entidade reguladora, devendo englobar, no que couber,
aqueles relacionados à sua estrutura tarifária completa, número de usuários

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 102


atendidos, número de habitantes do território, balanços e demonstrações financeiras
dos exercícios anteriores, relatório de custos e de receitas arrecadadas, percentuais de
inadimplência, percentuais de atendimento, relatório de investimentos – realizados,
em execução e previstos –, situação das dívidas e financiamentos realizados, plano
de negócios, indicadores de desempenho e índice de satisfação dos usuários.

Revisão periódica
A revisão periódica deve estar prevista no contrato ou em ato normativo da entidade
reguladora. No caso da prestação do serviço por contrato, o escopo da revisão
periódica ficará restrito ao nele estabelecido, observando-se os seguintes prazos:

• no caso de prestação delegada mediante contrato, este determinará os


prazos a serem observados; e
• nos casos de prestação por órgão ou entidade da administração pública,
a entidade reguladora deve fixar intervalos de no mínimo três anos e, no
máximo, cinco anos.

Caso o processo de revisão importe em alterações ao contrato, estas serão


formalizadas mediante aditivo contratual.

No aspecto prático, de modo geral, a reavaliação econômica das


condições da prestação do serviço objeto da revisão periódica
ordinária resulta no cálculo do valor da receita requerida – e
do correspondente VU – que será a base de cálculo das tarifas
vigentes até a próxima revisão.

Revisão extraordinária
A qualquer tempo, com base em solicitação fundamentada do prestador do
serviço ou do titular, poderá ser realizada revisão extraordinária da prestação dos
serviços, a fim de ajustá-la às novas condições de prestação decorrentes do evento
superveniente.

Na solicitação de revisão extraordinária, o solicitante deverá: i) comprovar o


desequilíbrio econômico-financeiro do contrato causado pelo evento superveniente,
ou o risco à sustentabilidade na prestação dos serviços; e ii) a urgência na recomposição
das condições de prestação que justifiquem a revisão de maneira extraordinária.

A entidade reguladora definirá, em ato normativo, os critérios para caracterizar


o impacto e a urgência que justifiquem a instauração do processo de revisão
extraordinária. Nos casos de prestação por contrato, os critérios podem estar
definidos no próprio instrumento contratual.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 103


Por fim, a revisão extraordinária observará a alocação de riscos estabelecidos no
contrato de concessão, no caso da prestação de SMRSU por contrato.

No caso de eventual revisão extraordinária, o seu resultado


poderá ser aplicado como um reajuste adicional das tarifas
vigentes, de forma pontual para o período anual em curso, ou de
forma cumulativa para o período restante até a revisão ordinária
seguinte. Conforme o objeto e o impacto financeiro da revisão
extraordinária o seu resultado poderá também ser aplicado para
ajustar o valor da receita requerida a ser considerada no restante
do período revisional ordinário.

Na hipótese de prestação do serviço por contrato, as revisões


observarão as condições e a modelagem da sua estruturação
técnica e econômica, inclusive metodologia de cálculo dos
custos e da receita requerida, de acordo com o estabelecido nos
instrumentos de contratação e na proposta da empresa vencedora
da licitação, no caso de concessão comum ou patrocinada.

Ressalvadas as particularidades normativas e contratuais, as definições conceituais,


os requisitos e procedimentos de reajustes e revisões se aplicam também aos
contratos de concessão administrativa, para a determinação e atualização dos
valores das contraprestações devidas pelo concedente.

Vídeo 6 – Cálculo de reajuste e de revisão tarifária

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 104


Unidade 2 – Modelos de instrumentos de
regulação e de estruturas tarifárias

Ao final desta unidade você terá conhecimentos mais


aprofundados e será capaz de avaliar, definir e elaborar modelos
de estruturas tarifárias ou de taxas e minutas de instrumentos
de instituição e de regulação de políticas de cobrança de tarifas e
de taxas pela prestação do SMRSU.

2.1 Norma de Referência n.º 1/ANA/2021


RESOLUÇÃO ANA Nº 79, DE 14 DE JUNHO DE 2021
Documento nº 02500.027257/2021-36

Aprova a Norma de Referência nº 1 para a regulação dos serviços públicos de


saneamento básico, que dispõe sobre o regime, a estrutura e parâmetros da
cobrança pela prestação do serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos,
bem como os procedimentos e prazos de fixação, reajuste e revisões tarifárias.

A DIRETORA-PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO


BÁSICO-ANA, no uso da atribuição que lhe confere o . 115, inciso III, do Anexo
I da Resolução no 76 , de 25 de setembro de 2019, publicada no DOU de 14 de
outubro de 2019, que aprovou o Regimento Interno da ANA , torna público que a
DIRETORIA COLEGIADA, em sua 824ª Reunião Deliberativa Ordinária, realizada 14
de junho de 2021, considerando o disposto no .4-A, caput e § 1º, inciso II, da Lei nº
9.984, de 17 de julho de 2000, e com base nos elementos constantes do processo no
02501.04274/2020-12, resolveu:

Art. 1º Aprovar a Norma de Referência nº 1, na forma do Anexo único desta


Resolução, que dispõe sobre o regime, a estrutura e parâmetros da remuneração
pela prestação do serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos, bem
como os procedimentos e prazos de fixação, reajuste e revisões tarifárias.

Art. 2º Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação.

CRISTHIANNE DIAS FERREIRA


Diretora-Presidente

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 105


ANEXO ÚNICO
NORMA DE REFERÊNCIA Nº 1/ANA/2021

1. ESCOPO

Esta Norma de Referência dispõe sobre o regime, a estrutura e parâmetros de


cobrança pela prestação do Serviço Público de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos
(SMRSU), bem como os procedimentos e prazos de fixação, reajuste e revisões
tarifárias.

Esta norma não abrange a cobrança pela prestação do Serviço Público de Limpeza
Urbana (SLU).

2. BASE LEGAL

Artigo 4º-A, caput e § 1º, inciso II, da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, na redação
da Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020.

Artigos 23, caput e inciso IV, e 25-A, da Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, na
redação da Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020.

3. VÍNCULO A OUTRAS NORMAS DE REFERÊNCIA

A aplicação da presente norma não está vinculada a conteúdo estabelecido em


outras normas de referência da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico.

4. DEFINIÇÕES

Para os efeitos desta norma, aplicam-se os seguintes conceitos e definições:

4.1 Serviço Público de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (SMRSU)

O serviço público compreendendo as atividades de coleta, transbordo, transporte,


triagem para fins de reutilização ou reciclagem, tratamento e destinação final dos
resíduos sólidos urbanos, englobando os:

I. resíduos domésticos;
II. resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de serviços,
em quantidade e qualidade similares às dos resíduos domésticos, que,
por decisão do Titular, sejam considerados resíduos sólidos urbanos,
desde que não sejam de responsabilidade de seu gerador nos termos da

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 106


norma legal ou administrativa, de decisão judicial ou de termo de
ajustamento de conduta; e
III. resíduos originários do Serviço Público de Limpeza Urbana (SLU).

4.2 Serviço Público de Limpeza Urbana (SLU)

Serviço público cujo objeto é prover o asseio dos espaços públicos urbanos,
compreendendo, dentre outras, as atividades de varrição, capina, roçada, poda e
atividades correlatas em vias e logradouros públicos; asseio de túneis, escadarias,
monumentos, abrigos e sanitários públicos; raspagem e remoção de terra, areia
e quaisquer materiais depositados pelas águas pluviais em logradouros públicos;
desobstrução e limpeza de bueiros, bocas de lobo e correlatos; limpeza de
logradouros públicos onde se realizem feiras públicas e outros eventos de acesso
aberto ao público; e outros eventuais serviços de limpeza urbana.

4.3 Resíduos de Grandes Geradores

Resíduos sólidos de atividades comerciais, industriais e de serviços que não


foram equiparados a resíduos domésticos, bem como os resíduos domésticos em
quantidade superior àquela estabelecida em norma do Titular para caracterização
do SMRSU, cuja destinação é de responsabilidade de seus geradores, sendo admitido
que o prestador realize a sua coleta e destinação ambientalmente adequada
mediante pagamento de preço público pelo gerador, desde que a atividade não
prejudique a adequada prestação do serviço público.

4.4 Regime de Cobrança

Conjunto de regras e princípios legais ou editados por autoridades administrativas,


que regem os Instrumentos de Cobrança, sendo o regime tributário, para o caso de
Taxas, e o regime administrativo, para o caso de Tarifas e outros preços públicos.

4.5 Instrumento de Cobrança

Taxa ou Tarifa para remunerar a prestação do SMRSU, estruturada de forma a que


se possa arrecadar o valor da Receita Requerida.

4.6 Tarifa

Espécie do gênero preço público, instituída mediante contrato cujo objeto seja
a delegação da prestação de serviço público ou por ato administrativo do Poder
Executivo do Titular do serviço ou de Estrutura de Prestação Regionalizada; ou
definida por Entidade Reguladora do SMRSU do Titular ou a quem o Titular delegou
o exercício dessa competência.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 107


4.7 Taxa

Espécie do gênero tributo, instituído mediante lei, pela utilização, efetiva ou potencial,
do SMRSU prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.

4.8 Usuário

Pessoa física ou jurídica geradora efetiva ou potencial de resíduos sólidos urbanos,


bem como o Distrito Federal ou o Município, como gerador de resíduos originários
do SLU.

4.9 Estrutura de Cobrança

Matriz com os valores a serem cobrados por categoria de Usuários, e eventuais


subcategorias, de modo a ratear a Receita Requerida do SMRSU.

4.10 Titular

O Distrito Federal ou o Município, podendo a titularidade ser exercida de forma


colegiada, inclusive com o Estado, no caso de Estrutura de Prestação Regionalizada.

4.11 Prestador de Serviço

O órgão ou entidade ao qual a lei tenha atribuído competência de prestar serviço


público ou empresa ao qual o Titular, isoladamente ou mediante Estrutura de
Prestação Regionalizada, tenha delegado a prestação dos serviços.

4.12 Prestação Regionalizada

Modalidade de prestação integrada de um ou mais componentes dos serviços


públicos de saneamento básico em determinada região cujo território abranja mais
de um Município, podendo ser estruturada em região metropolitana, aglomeração
urbana ou microrregião; unidade regional de saneamento básico, bloco de referência;
ou por meio de consórcios públicos, na forma prevista na Lei nº 11.107/2005, ou
por meio de gestão associada decorrente de acordo de cooperação, com vistas à
geração de ganhos de escala e à garantia da universalização e da viabilidade técnica
e econômico-financeira dos serviços. A Região Integrada de Desenvolvimento (Ride)
poderá ser considerada como Prestação Regionalizada, desde que haja anuência
dos Municípios que a integrem, conforme § 5º, do . 3º da Lei nº 11.445/2007, alterada
pela Lei nº 14.026/2020.

4.13 Estrutura de Prestação Regionalizada

Órgão colegiado formado exclusivamente por representantes de entes da Federação,


no qual o poder decisório não esteja concentrado em qualquer deles, integrante de

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 108


região metropolitana, microrregião ou aglomeração urbana, unidade regional de
saneamento básico, bloco de referência, conforme previsto no Art. 3º, inciso VI da
Lei nº 11.445/2007; ou decorrente do pactuado em consórcio público ou convênio
de cooperação entre entes federados na forma prevista no Decreto nº 10.588/2020.

4.14 Regulação do SMRSU

Todo e qualquer ato que discipline ou organize o SMRSU, incluindo suas características,
padrões de qualidade, impacto socioambiental, direitos e obrigações dos Usuários e
dos responsáveis por sua oferta ou prestação e fixação e revisão do valor de Tarifas
e outros preços públicos e, quando for o caso, a proposição de valores de Taxas ao
Titular ou à Estrutura de Prestação Regionalizada competente.

4.15 Entidade Reguladora do SMRSU

Órgão ou entidade a que o Titular tenha atribuído competências relativas à Regulação


do SMRSU, caso integrante de sua estrutura administrativa, ou para o qual tenha
delegado o exercício destas competências, caso órgão ou entidade integrante da
administração de outro ente da Federação.

4.16 Sustentabilidade Econômico-Financeira

A cobrança, arrecadação e efetiva disponibilização ao Prestador de Serviço de


recursos financeiros, suficientes para fazer frente aos custos eficientes de operação
e de manutenção (OPEX), de investimentos prudentes e necessários (CAPEX), bem
como a remuneração adequada do capital investido para a prestação adequada do
SMRSU no longo prazo.

5. CONDIÇÕES GERAIS DO REGIME DE COBRANÇA

São diretrizes para a cobrança pela prestação do SMRSU:

5.1 Sustentabilidade Econômico-Financeira

5.1.1 O Regime, a Estrutura e os Parâmetros da Cobrança pela prestação


do SMRSU devem ser adequados e suficientes para assegurar e manter a
Sustentabilidade Econômico-Financeira da prestação dos serviços, e devem
considerar o princípio da modicidade tarifária.

5.1.2 Para o alcance da Sustentabilidade Econômico-Financeira, deve ser


adotado, preferencialmente, o Regime de Cobrança por meio de Tarifa.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 109


5.2 Receita Requerida

Receita Requerida é aquela suficiente para ressarcir o Prestador de Serviço das


despesas administrativas e dos custos eficientes de operação e manutenção (OPEX),
de investimentos prudentes e necessários (CAPEX), bem como para remunerar de
forma adequada o capital investido. Deve também incluir as despesas com os tributos
cabíveis e com a remuneração da Entidade Reguladora do SMRSU e contratação de
associações ou cooperativas de catadores de materiais recicláveis, quando for o
caso.

5.3 Metodologia de cálculo da Receita Requerida

5.3.1 Deve ser adotada metodologia de cálculo que reflita a Receita Requerida,
adequada ao tipo de prestação, seja ela pela Administração Pública Direta,
Indireta ou mediante contrato de concessão.

5.3.2 As receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos


associados, inclusive aquelas decorrentes do pagamento de preços públicos
pelos Resíduos de Grandes Geradores, podem ser compartilhadas para
favorecer a modicidade tarifária.

5.4 Parâmetros para a fixação do valor a ser cobrado

5.4.1 Para definição do valor a ser cobrado de cada Usuário, o Instrumento de


Cobrança:

5.4.1.1 Deve considerar o nível de renda da população da área atendida


e a destinação adequada dos resíduos coletados, mediante a aplicação,
isolada ou conjunta, dos seguintes parâmetros:

I. para o nível de renda: bairro ou região do imóvel, Cadastro


Único para Programas Sociais (CadÚnico), dentre outros;

II. para a destinação adequada: os diferentes custos


da reutilização, da reciclagem, da compostagem, da
recuperação, do aproveitamento energético, da disposição
final em aterros sanitários ou de outras destinações
adequadas.

5.4.1.2 Pode considerar, ainda, para a quantificação dos resíduos,


mediante a aplicação, isolada ou conjunta, dos seguintes parâmetros:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 110


I. características dos lotes e as áreas que podem ser neles
edificadas: Dimensões do imóvel, Área construída, dentre
outros;

II. peso ou o volume médio coletado por habitante ou por


domicílio: Efetivos ou cuja coleta e destinação adequada foi
colocada à disposição; que o Usuário destinou à reutilização
ou reciclagem;

III. consumo de água; e

IV. frequência da coleta.

5.5 Categorias de usuários

Os Usuários podem ser classificados por categorias e eventuais subcategorias


conforme o uso do imóvel ou outros parâmetros, dentre os quais aqueles referidos
no item 5.4.

5.6 Documento de Arrecadação

5.6.1 A arrecadação deve ser realizada, preferencialmente, por meio de um


dos seguintes documentos, independentemente do regime de prestação dos
serviços:

I. fatura específica de manejo de resíduos sólidos urbanos; ou

II. cofaturamento com o serviço de abastecimento de água ou outro


serviço público.

5.6.2 Na impossibilidade de utilização desses documentos pode ser utilizado o


carnê ou guia de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

5.6.3 Cofaturamento

Quando utilizado documento de arrecadação de outro serviço público, deve ser


previsto no custo do SMRSU o valor de ressarcimento ao respectivo prestador,
conforme estabelecido em contrato celebrado entre as partes, com anuência
da Entidade Reguladora do SMRSU ao valor a ser pago a título de ressarcimento
dos custos de cofaturamento.

5.7 Prestação regionalizada

Deve ser adotada a mesma Estrutura de Cobrança para todos os Municípios que
compõem a Prestação Regionalizada do SMRSU, podendo resultar em valores

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 111


unitários diferentes desde que justificados por particularidades da prestação dos
serviços em cada Município. No caso da Prestação Regionalizada de uma ou mais
atividades que compõem o SMRSU, podem ser adotadas diferentes Estruturas de
Cobrança dos serviços, conforme as particularidades locais.

5.8 Cobrança social

Deve ser prevista cobrança social para os Usuários de baixa renda, por meio de
subsídios tarifários ou fiscais. Recomenda-se a adoção do Cadastro Único para
Programas Sociais (CadÚnico) do Governo Federal para identificação dos beneficiários
da cobrança social. Quando cofaturada com o serviço público de abastecimento de
água, recomenda-se a adoção dos mesmos critérios utilizados para definição de
beneficiários de tarifa social do serviço público de abastecimento de água.

5.9. Diretrizes contábeis

Até que seja emitida norma de referência que trate dos critérios de contabilidade
regulatória, objeto do . 4º-A, § 1º, V, da Lei nº 9.984/2000:

I. os registros contábeis deverão ser controlados de modo que os custos e


receitas do SMRSU estejam segregados dos custos e receitas das demais
atividades exercidas pelo Prestador de Serviço, dentre elas a limpeza
urbana, estando aquelas receitas vinculadas ao atendimento das despesas
do serviço;

II. no caso de prestação por contrato, por empresa pública ou por sociedade de
economia mista, devem ser observados, quando couber, os pronunciamentos
técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC.

6. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DO REGIME TARIFÁRIO

São diretrizes para a cobrança de Tarifa pela prestação do SMRSU:

6.1.Fixação do valor inicial da tarifa

A Tarifa pode ser instituída mediante:

I. contrato de concessão, de acordo com o mecanismo de definição do valor


inicial da Tarifa no edital de concessão;

II. ato administrativo do Titular, quando o serviço for prestado pela


administração direta, autarquia, empresa pública ou sociedade de economia
mista controlados pelo Titular, ou por concessão administrativa regida pela
Lei nº 11.079/2004;

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 112


III. ato da Entidade Reguladora do SMRSU, de maneira subsidiária, nos termos
do item 6.1.3.

6.1.1 Fixação do valor inicial por contrato

6.1.1.1 Considera-se que a Tarifa prevista em contratos de concessão


atende ao disposto nesta Norma de Referência caso a Entidade Reguladora
do SMRSU tenha se manifestado formalmente sobre a adequação da
minuta do contrato às disposições da Norma, anteriormente à publicação
da consulta pública do edital para seleção do Prestador de Serviço.

6.1.1.2 Caso, na data da publicação de consulta pública do edital para


seleção do Prestador de Serviço, ainda não exista a Entidade Reguladora
do SMRSU, a manifestação prevista no item 6.1.1.1 deve ser feita pelo
Titular ou pela Estrutura de Prestação Regionalizada.

6.1.2. Fixação do valor inicial por ato administrativo

Salvo expressa disposição legal em contrário, a Tarifa pode ser definida


mediante ato administrativo do Distrito Federal, do Município ou da Estrutura
de Prestação Regionalizada, atendidas as diretrizes para a política tarifária
previstas na Lei no 11.445/2007.

6.1.3. Fixação do valor inicial pela Entidade Reguladora

Na ausência de Instrumento de Cobrança definido mediante contrato ou por ato


administrativo do Distrito Federal, do Município ou de Estrutura de Prestação
Regionalizada, até 31 de dezembro de 2021, a Entidade Reguladora do SMRSU
deve consultar o Titular ou a Estrutura de Prestação Regionalizada quanto à sua
intenção de instituí-lo. Caso, após 60 dias, não haja resposta ou seja negativa,
a Entidade Reguladora do SMRSU, que possuir atribuição legal, deve definir a
Tarifa do SMRSU, seguindo as diretrizes desta Norma de Referência.

6.2 Reajuste

6.2.1 O reajuste tem por finalidade a atualização dos valores das Tarifas
conforme índices inflacionários ou fórmulas paramétricas que busquem refletir
a variação de preços dos insumos que compõem o custo do SMRSU.

6.2.2 As Tarifas devem ser reajustadas anualmente, observado o intervalo


mínimo de 12 (doze) meses, devendo-se adotar:

I. o índice ou fórmula paramétrica de reajuste, a data base e o prazo


prévio de divulgação previstos no contrato de concessão, quando
existente; ou

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 113


II. para o caso da prestação pela administração direta, por autarquia,
empresa pública ou sociedade de economia mista controlados
pelo Titular, pode ser adotado o IPCA ou fórmula paramétrica
estabelecida pela Entidade Reguladora do SMRSU, composta
tanto por índices inflacionários que reflitam a composição de
custos da prestação de serviços e, quando couber, indicadores
de eficiência e qualidade da prestação.

6.2.3 Para adoção de fórmula paramétrica prevista no subitem 6.2.2.II, a


Entidade Reguladora do SMRSU deve realizar estudo identificando os fatores
que compõem a Receita Requerida e suas respectivas proporções, bem como
o índice a ser aplicado a cada fator. O estudo mencionado deve ser publicado
no sítio eletrônico mantido pela Entidade Reguladora do SMRSU.

6.2.4 Procedimento do reajuste

6.2.4.1 O reajuste tarifário obedecerá a procedimento estabelecido em


ato normativo da Entidade Reguladora, no qual se preveja adequada
publicidade e se defina a duração máxima do processo de avaliação do
reajuste, que deve se encerrar em no máximo trinta dias antes da data
prevista para a aplicação dos novos valores.

6.2.4.2 No caso de o procedimento não estar concluído no prazo fixado no


ato normativo da Entidade Reguladora, e, na ausência de sua manifestação
até a data limite, pode o Prestador de Serviço aplicar o reajuste conforme
critério em vigor, e observado o item 6.5.

6.3 Revisão

A revisão tarifária pode ser periódica ou extraordinária.

6.3.1 Revisão periódica

6.3.1.1 A revisão periódica é o processo de reavaliação ampla das condições


de prestação dos serviços, com o objetivo de garantir a distribuição dos
ganhos de produtividade e a Sustentabilidade Econômico-Financeira da
prestação, em caso de prestação por órgão ou entidade da Administração
Pública, e a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
em caso de prestação mediante contrato de concessão.

6.3.1.2 No caso da prestação do serviço por contrato, o escopo da revisão


periódica ficará restrito ao nele estabelecido.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 114


6.3.1.3 A revisão periódica deve observar os seguintes prazos:

I. no caso de prestação delegada mediante contrato, nos


prazos nele previstos;

II. nos casos de prestação por órgão ou entidade da


Administração Pública, a Entidade Reguladora do SMRSU
deve fixar intervalos de no mínimo três anos e, no máximo,
cinco anos.

6.3.2 Revisão extraordinária

6.3.2.1 A revisão extraordinária objetiva a recomposição das condições de


prestação dos serviços sempre que comprovado:

I. desequilíbrio econômico-financeiro do contrato, no caso


de o serviço ter sua prestação delegada por contrato de
concessão;

II. risco à Sustentabilidade Econômico-Financeira da prestação


dos serviços, em caso de prestação por órgão ou entidade
da Administração Pública.

6.3.2.2 No caso da prestação de SMRSU por contrato, a revisão


extraordinária observará a alocação de riscos nele estabelecida.

6.3.2.3 O Prestador de Serviço ou Titular, para pleitear a revisão


extraordinária, deve demonstrar (i) o impacto do evento causador
do desequilíbrio econômico-financeiro do contrato ou do risco à
sustentabilidade na prestação dos serviços e (ii) a urgência na recomposição
das condições de prestação.

6.3.2.4 Ato normativo da Entidade Reguladora do SMRSU definirá os


critérios para caracterizar o impacto e a urgência que justifiquem a
instauração do processo de revisão extraordinária. Nos casos de prestação
por contrato, os critérios podem estar definidos no próprio instrumento
contratual.

6.3.3 Procedimento de revisão

6.3.3.1 A revisão periódica ou extraordinária obedecerá ao procedimento


estabelecido em ato normativo da Entidade Reguladora do SMRSU, e deve
se encerrar em até trinta dias antes da aplicação dos novos valores. O

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 115


procedimento deve garantir adequada publicidade e contraditório, com
expressa possibilidade de participação dos Prestadores de Serviço, dos
Titulares e dos Usuários.

6.3.3.2 Ato normativo da Entidade Reguladora deve indicar os documentos


exigidos para avaliação da revisão tarifária, devendo englobar, no que
couber, aqueles relacionados à sua estrutura tarifária completa, número
de Usuários atendidos, número de habitantes do território, balanços
e demonstrações financeiras dos exercícios anteriores, balancetes
contábeis, relatório de custos e de receitas arrecadadas, percentuais de
inadimplência, percentuais de atendimento, relatório de investimentos
(realizados, em execução e previstos), situação das dívidas e financiamentos
realizados, plano de negócios, indicadores de desempenho e índice de
satisfação dos Usuários.

6.4 Inadimplência

Deve ser instituída, mediante ato administrativo do Titular, da Estrutura de Prestação


Regionalizada, ou da Entidade Reguladora do SMRSU, sanção pecuniária em caso de
inadimplência do Usuário, limitada a 2% (dois por cento) do valor do débito.

6.5 Antecedência

As Tarifas serão fixadas de forma clara e objetiva, devendo os reajustes e as revisões


serem tornados públicos com antecedência mínima de trinta dias com relação à sua
aplicação.

7. VIGÊNCIA E APLICAÇÃO

7.1 Esta norma entra em vigor na data estabelecida pela resolução da Agência
Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA que a aprovar.

7.2 No caso de prestação do SMRSU por contrato, esta norma será aplicada aos
contratos celebrados a partir de 1o de janeiro de 2022.

7.3 Os Titulares, as Estruturas de Prestação Regionalizada e as Entidades


Reguladoras do SMRSU que possuírem legislação ou regulamentação incompatíveis
com o disposto nesta Norma de Referência terão até 31 de dezembro de 2022 para
realizarem as adequações.

7.4 Ato normativo previsto no . 4º-B, § 1º da Lei nº 9.984/2000 disciplinará os requisitos


e procedimentos a serem observados para a comprovação da adoção das normas
de referência da ANA para fins do . 50, caput e inciso III da Lei nº 11.445/2007.

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7.5 O Instrumento de Cobrança instituído ou o seu cronograma de implementação
deve ser informado pelo Titular ou pela Estrutura de Prestação Regionalizada à
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA e à respectiva Entidade
Reguladora do SMRSU, quando existente, até 31 de dezembro de 2021, conforme
orientação a ser emitida pela ANA.

2.2 Modelos de referência – Estruturas de cálculo de


tarifas e taxas
As tabelas deste anexo têm por objetivo mostrar como pode ser feito o rateio
proporcional e progressivo do custo do SMRSU entre os usuários, conforme as
estruturas descritas na Unidade 6, do Módulo 3, e podem ser utilizadas tanto para o
cálculo de tarifas quanto para o cálculo de taxas individuais.

As classificações utilizadas para categorias de usuários e para as classes ou faixas


de área de imóveis ou de consumo de água são indicativas e podem ser expandidas
ou reduzidas, conforme as características do universo de imóveis/usuários de cada
município.

Os valores adotados nas tabelas para os fatores de cálculo são


indicativos e devem ser ajustados, conforme as características
sociais e econômicas e a efetiva distribuição do universo de
usuários entre as categorias e as classes ou faixas de áreas dos
imóveis ou de consumo de água, se utilizadas essas variáveis.

Outros fatores, como frequência da coleta e zona fiscal – planta de valores do IPTU
–, podem ser combinados para o rateio do custo do SMRSU, caso não se obtenha
critérios mais adequados.

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Exemplos de estruturas de tarifas e taxas tendo como fator de
rateio o volume total de água faturado
Tabela 5 – Cálculo linear da tarifa ou taxa, conforme
o volume de água faturado (Alternativa 1)

VAFi mensal
FTBi(2) Vol. Limite(4) de
Categoria do usuário FCI(3) (consumo mínimo VUa (R$/m3)
(m3) incidência (m3)
> ou = FTBi)
Residencial social(1) 3,0 0,5 30
(Volume de água
Residencial 5,0 1,0 faturado de cada 100
Comercial e serviços 10,0 1,2 usuário Informado (Calculado 300
pelo prestador e fixado
Industrial 12,0 1,3 conforme a 500
do serviço)
Pública e filantrópica 5,0 1,0 regulação) 300
Imóveis vazios,
10,0 (NA) (NA)
lotes e terrenos
Fórmula Geral: TMRS = TBD + VUa x (VAFi – FTBi) x FCI  TBD = VUa x FTBi

(1) Usuários com subsídio tarifário, não inclui isentos por lei.
(2) Definir os valores dos fatores FTBi considerando uma receita da TBD
aproximada ao valor do custo fixo do serviço, conforme critérios definidos
pela regulação.
(3) Definir os valores dos fatores FCI conforme os pesos médios dos volumes
faturados de cada faixa de consumo de cada categoria, de modo a obter
receita requerida total esperada.
(4) Limites definidos pela regulação para cálculo da TMRS, os quais devem ser
considerados no cálculo/ajuste do volume total faturado.

Fonte: Adaptado GIZ – SNS/MDR (2021).

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Tabela 6 – Cálculo da tarifa ou taxa conforme padrão do
imóvel e volume de água faturado (Alternativa 2)
VAFi mensal
Categoria Padrão / Área Construída FPI FTBi (m3) FCI VUa R$/m3
(> ou = FTBi)
Taxa/Tarifa de disponibilidade 3,0
Residencial social Social de baixa renda 0,5
0,8
Padrão popular– até 60m2 0,8
Taxa/Tarifa de disponibilidade 5,0
até 60m2 0,8
Residencial normal de 61 a 100m2 0,9
De 100 a 250m 2 1,1 1,0
acima de 250m2 1,3
Taxa/Tarifa de disponibilidade 10,0
Micro negócio – até 50m2 0,7
Pequeno porte – de 51 a 100m 2 0,9 Volume de água
Comercial e serviços faturado de cada Calculado e fixado
Médio porte – de 101 a 300m2 1,2 1,2 1,2
usuário- Informado conforme a
Grande porte – > 300m² 1,5 pelo prestador do regulação
Taxa/Tarifa de disponibilidade 15,0 serviço
Microindústria– até 100m 2 0,7
Industrial
Pequeno porte – de 101 a 200m2 0,9
Médio porte – de 201 e 500m 2 1,2 1,2
Grande porte – > 500m2 1,5
Taxa/Tarifa de disponibilidade 5,0
Pequeno porte – até 200m 2 1
Pública e filantrópica
Médio porte– entre 200 e 500m2 1,2 1,0
Grande porte – > 500m 2 1,5
Imóveis vazios, lotes e terrenos– Taxa/Tarifa de disponibilidade 10,0

Fórmula Geral: TMRS = TBD + VUa x (VAFi – FTBi) x FCI x FPI TBD = VUa x FTBi

Fonte: Elaboração dos autores.

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Tabela 7 – Cálculo da tarifa ou taxa progressiva conforme
faixa de consumo de água (Alternativa 3)
VAFi VAFi
Categorias e TBD e Faixas FTBi VUa Categorias e TBD e Faixas FTBi VUa
FFC mensal FFC mensal
de Consumo Mensal de Água (m3) (R$/m3) de Consumo Mensal de Água (m3) (R$/m3)
(> ou = FTBi) (> ou = FTBi)
Residencial normal Industrial
Taxa/Tarifa de Disponibilidade(TBD) 5,00 Taxa/Tarifa de Disponibilidade (TBD) 12,00
De 1 a 10m 3 0,80 De 1 a 10m 3 0,90
de 11 a 20m 3 0,90 De 11 a 30m 3 1,00
De 21 a 30m 3 1,00 De 31 a 100m 3 1,10 Volume de
De 31 a 50m 3 1,10 De 101 a 500m 3 1,20 água
faturado de
Acima de 51m 3 1,20 Acima de 500m 3 1,30 cada Calculado
Volume de
Residencial social água Pública/filantrópica usuário - e fixado

Taxa/Tarifa de Disponibilidade(TBD) 3,00 faturado Calculado Taxa/Tarifa de Disponibilidade (TBD) 10,0


Informado conforme a
de cada e fixado pelo regulação
De 1 a 10m 3 0,50 usuário - conforme De 1 a 10m 3 0,80 prestador
Informado a de 11 a 20m 3 0,90
do serviço
De 11 a 15m 3 0,60
pelo regulação
De 16 a 20m 3 0,70 prestador De 21 a 30m 3 1,00
do serviço De 31 a 50m 3 1,10
Comercial/serviços
Taxa/Tarifa de Disponibilidade(TBD) 10,00 Acima de 51m 3 1,20
De 1 a 10m 3 0,90 Imóveis vazios, lotes e terrenos 7,0
De 11 a 20m 3 1,00
De 21 a 30m 3 1,10
De 31 a 50m 3 1,20
Acima de 50m 3 1,30

Fórmula Geral: TMRS = TBD + VUa x FFC x (VAFi – FTBi)


TBD = VUa x FTBi

Fonte: GIZ – SNS/MDR (2020)

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Exemplos de estruturas de tarifas e taxas tendo como fator de
rateio a área construída total
Tabela 8 – Cálculo da taxa ou tarifa linear em relação
à área construída – (Alternativa 1)

ACIi total do imóvel(> Área Limite de incidência


Categoria do Usuário FTBi (m2) FCA VUc (R$/m2)
ou = FTBi) (m2)

Residencial social 15,0 0,5 60

Residencial 30,0 1,0 250


Area construída de cada
imóvel Informado Calculado e
Comercial e serviços 80,0 1,2 conforme o cadastro 1000
fixado
imobiliário ou do conforme a
Industrial 150,0 1,3 prestador do serviço regulação 1500

Pública e filantrópica 80,0 1,0 1000

Imóveis vazios, lotes e terrenos 50,0 (NA) (NA)

Fórmula Geral: TMRS = TBD + VUc x (ACIi – FTBi) x FCA TBD = VUc x FTBi

Fonte: Adaptado de GIZ – SNS/MDR (2020)

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 121


Tabela 9 – Cálculo da tarifa ou taxa progressiva conforme o
padrão e área construída do imóvel (Alternativa 2)

ACI
Categoria Padrão / Área Construída FTBi (m2) FAC VUc R$/m 2
(> ou = FTBi)
Taxa/Tarifa de Disponibilidade 15,0
Residencial social Social de baixa renda 0,3
Padrão popular– até 60m 2 0,6
Taxa/Tarifa de disponibilidade 50,0
até 60m 2 0,8
Residencial de 61 a 100m 2 1,0
De 101 a 250m2 1,2
acima de 250m2 (limite) 1,4
Taxa/Tarifa de disponibilidade 80,0
Micro negócio – até 50m 2 0,8 Area construída de cada
imóvel Informado Calculado e
Comercial/serviços Pequeno porte – de 51 a 100m2 1,0
conforme o cadastro fixado conforme
Médio porte – de 101 a 300m2 1,5 imobiliário ou do a regulação
Grande porte – de 301 a 1000m2 (limite) 2,0 prestador do serviço
Taxa/ Taxa/Tarifa de disponibilidade 150,0
Microindústria– até 100m2 0,8
Industrial Pequeno porte – de 101 a 200m2 1,0
Médio porte – de 201 e 500m2 1,5
Grande porte – de 501 a 1500m2 (limite) 2,5
Taxa/Tarifa
(2020) de disponibilidade 80,0
Pequeno porte – até 200m2 1
Pública e filantrópica Médio porte – entre 200 e 500m2 1,2
Grande porte – de 501 a 1000m2 (limite) 1,5
Imóveis vazios, lotes e terrenos 50,0

Fórmula Geral: TMRS = TBD + VUc x (ACIi – FTBi) x FAC TBD = VUc x FTBi

Fonte: Adaptado de GIZ/MDR (2020)

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 122


Exemplo de estrutura de tarifas e taxas tendo como fator de rateio
a quantidade de domicílios atendidos
Tabela 10 – Cálculo da tarifa ou taxa com base no
custo por domicílio e no padrão do imóvel

Categoria Padrão / Área Construída FPI FTBi FCI VUd R$/domicílio


Taxa/Tarifa de Disponibilidade 0,3
Residencial social Social de baixa renda 0,5
0,8
Padrão popular (1) – até 60m2 0,8
Taxa/Tarifa de disponibilidade 0,4
até 60m 2 0,6
Residencial normal de 61 a 100m 2 0,9
1,0
De 101 a 250m2 1,1
acima de 250m 2 (limite) 1,3
Taxa/Tarifa de disponibilidade 0,5
Micronegócio– até 50m 2 0,8
Comercial
Pequeno porte – de 51 a 100m 2 1,0
e serviços 1,2
Médio porte – de 101 a 300m 2 1,2 Calculado e
Grande porte– > 300m 2 1,5 fixado
Taxa/Tarifa de disponibilidade conforme a
0,5
regulação
Microindústria– até 100m 2
Industrial Pequeno porte– de 101 a 200m 2
Médio porte – de 201 e 500m 2 1,2

Grande porte – > 500m 2


Taxa/Tarifa de disponibilidade 0,5
Pequeno porte – até 200m 2 0,8
Pública e filantrópica
Médio porte– entre 200 e 500m 2 1,0 1,0
Grande porte – > 500m 2 1,2
Imóveis vazios, lotes e terrenos – Taxa/Tarifa de disponibilidade 0,4

TBD = VUd x FTBi (Tarifa de disponibilidade do serviço – usuários potenciais)


TVU = VUd x FPI x FCI (Tarifa pelo uso efetivo dos serviços)

Fonte: Elaborado pelos autores.

2.3 Modelos de minutas de instrumentos para


instituição de tarifa
Os modelos de minutas apresentados a seguir podem ser adotados tanto para
edição de decreto pelo Executivo municipal, quanto para edição de resoluções por
órgão colegiado de estrutura de prestação regionalizada, inclusive consórcio público
e agência reguladora.

As estruturas de cálculo adotadas nas minutas seguintes e as correspondentes


fórmulas podem ser ajustadas conforme o modelo mais adequado à realidade do
município.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 123


Minuta para instituição de tarifa calculada com base no volume de
água faturado

Minuta de resolução de órgão


Minuta de resolução de
Minuta de decreto colegiado que integra estrutu-
agência reguladora
ra de prestação regionalizada

DECRETO N.º [--], DE [--]


RESOLUÇÃO N.º [--], DE [--] DE [--] DE 20[--].
DE [--] DE 20[--].
Institui a tarifa pela disponibilização do serviço públi-
co de manejo de resíduos sólidos urbanos.

(1)
A Assembleia-Geral do Con-
sórcio Público [--], no uso de
A Diretoria Colegiada da
[--], Prefeito de [--], no uso suas atribuições legais, (2)
Agência Reguladora [--], no uso
de suas atribuições legais, O Colegiado Metropolitano (ou
de suas atribuições legais,
Microrregional, ou da Aglo-
meração Urbana), no uso
de suas atribuições legais,

CONSIDERANDO a obrigação de se assegurar a sustentabilidade econômico-financeira dos ser-


viços públicos de saneamento básico, nos termos previstos no Art. 29, caput, da Lei Nacional de
Saneamento Básico (LNSB) — Lei Federal n.º 11.445, de 5 de janeiro 2007;

CONSIDERANDO que a LNSB fixou a política tarifária para o serviço público de manejo de resíduos
sólidos urbanos, cuja regulamentação para fins de instituição de mecanismo de cobrança é obriga-
ção que os titulares do serviço devem cumprir para não incorrerem em renúncia ilegal de receitas
proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (conforme Art. 35, § 2.º, da LNSB);

DECRETA RESOLVE

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Fica instituída, no âmbito do [Município ou dos Municípios ou do Distrito Federal],


a tarifa pela prestação do serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos,
cujo cálculo e cobrança estão estabelecidos [neste decreto/nesta resolução].

Art. 2º A tarifa será devida somente por aqueles para os quais foi disponibilizado o
serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos.

CAPÍTULO II
DO CÁLCULO DA TARIFA

Art. 3º O valor da tarifa mensal devida por cada usuário será calculado mediante a
aplicação da seguinte fórmula:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 124


Tarifa = TBD + [VUa x (VAFi – FTBi) x FR]

Onde:
TBD: Tarifa básica mensal de disponibilidade do serviço, calculada nos
termos do § 1º;
VUa: Valor unitário da Receita Requerida com base no volume faturado
de água, em R$/m3;
VAFi: Volume de água faturado mensal por economia, observado o
consumo mínimo faturado igual ou maior que FTBi e o limite máximo da
categoria, se for o caso, em m3;
FTBi: Fator de cálculo da TBD da respectiva categoria de economia,
expresso em metros cúbicos (m3) e múltiplo de 1 m3;
FR: Fator de rateio atribuído à categoria da economia.

§ 1º A Tarifa Básica Mensal de Disponibilidade do Serviço (TBD) é aplicável


a todas as economias às quais o SMRSU tem sido disponibilizado, sendo
variável conforme a categoria de economia e calculada com base na
seguinte fórmula:

TBD = VUa x FTBi

Onde:
VUa: Valor unitário da Receita Requerida com base no volume faturado
de água, em R$/m3;
FTBi: Fator de cálculo da respectiva categoria de economia, expresso em
metros cúbicos (m3) e múltiplo de 1 m3.

§ 2º A variável relativa ao Valor unitário da Receita Requerida com base no


volume faturado de água (VUa) é calculada a partir da seguinte fórmula:

VUa = RR/VAFtotal
Onde:
VUa: Valor unitário da Receita Requerida com base no volume faturado
de água, em R$/m3;
RR: Receita Requerida, em R$;
VAFtotal: Volume de água faturado no ano, somando-se todas as economias
atendidas pela prestação do serviço público de manejo de resíduos sólidos
urbanos, em m3.

§ 3º A subtração do Fator de cálculo da TBD por economia (FTBi) do Volume


de água faturado mensal por economia (VAFi) representa o volume de água
complementar ao volume mínimo pelo qual é cobrada a TBD, medido na
economia no mês.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 125


§ 4º O Fator de Rateio (FR) é valor fixo por categoria de economia, conforme
Anexo I.

Art. 4º A Receita Requerida – RR consiste em valor correspondente:

I- aos custos eficientes de operação e manutenção (OPEX), inclusive o de


reposição de ativos;
II- aos investimentos prudentes e necessários (CAPEX);
III- à remuneração justa do capital investido;
IV- às despesas com os tributos cabíveis; e
V- à remuneração pela atividade regulatória, em valor não superior a 1%
(um por cento) da receita total arrecadada mediante a aplicação da
tarifa

Parágrafo único. A Entidade Reguladora regulamentará os critérios e


procedimentos para o cálculo da Receita Requerida – RR.

CAPÍTULO III DA COBRANÇA

Art. 5º A cobrança da tarifa dar-se-á no mesmo documento utilizado para a cobrança


da tarifa do serviço público de abastecimento de água.

Parágrafo único. Os valores arrecadados devem ser depositados em contas


bancárias em nome do prestador do serviço público de manejo de resíduos
sólidos urbanos, vedada que recursos originários da tarifa transitem em contas
bancárias de terceiros.

CAPÍTULO IV
DOS REAJUSTE E DAS REVISÕES

Art. 6º As tarifas devem ser reajustadas anualmente, observado o intervalo de 12


(doze) meses, aplicando-se a variação positiva do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo – IPCA (ou fórmula paramétrica de reajuste, ou conforme critérios
estabelecidos pela entidade reguladora).

§ 1º O reajuste tarifário obedecerá a procedimento no qual se preveja adequada


publicidade e prazo máximo de 60 dias para conclusão (sugestão de prazo caso a
entidade reguladora competente não tenha estabelecido procedimento com prazo
diverso).

§ 2º No caso de o procedimento não estar concluído no prazo fixado, considerar-

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 126


se-á aprovado o requerimento de reajuste apresentado pelo prestador do
serviço.

Art. 7º A entidade reguladora poderá promover revisões tarifárias para a reavaliação


das condições da prestação dos serviços e das tarifas praticadas, as quais poderão
ser:

I- periódicas, objetivando a distribuição dos ganhos de produtividade com os


usuários e a reavaliação das condições de mercado;
II- extraordinárias, quando se verificar a ocorrência de fatos não previstos, fora
do controle do prestador dos serviços, que alterem o equilíbrio econômico-
financeiro.

§ 1º As revisões periódicas deverão ocorrer a cada [mínimo 3 anos e, no máximo,


5 anos].

§ 2º A revisão extraordinária ocorrerá em caso de desequilíbrio econômico-


financeiro do contrato (ou de risco à sustentabilidade econômico-financeira
da prestação dos serviços, em caso de prestação por órgão ou entidade da
Administração Pública).

§ 3º A revisão periódica ou extraordinária obedecerá a procedimento cuja


duração prevista não ultrapasse 240 (duzentos e quarenta) dias, e no qual se
preveja adequada publicidade e contraditório, com expressa possibilidade de
participação dos prestadores, dos titulares e dos usuários (sugestão de prazo
caso a entidade reguladora competente não tenha estabelecido procedimento com
prazo diverso).

§ 4º As revisões tarifárias deverão atender a critérios e condições estabelecidos


em ato da entidade reguladora.

CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 8º A Receita Requerida – RR inicial será fixada mediante o seguinte procedimento:

I- apresentação de proposta fundamentada de valor da Receita Requerida –


RR pelo prestador dos serviços, para vigorar a partir do exercício financeiro
seguinte, até o dia 30 de julho, ou, caso não seja dia útil, no primeiro dia útil
posterior;
II- realização de audiência e de consulta públicas, com prazo de colheita de
críticas e sugestões de pelo menos trinta dias, com publicação das respostas

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 127


em até dez dias úteis após o término deste prazo;
III- edição de [decreto ou de resolução] até o dia 30 de novembro com o valor da
Receita Requerida a ser aplicado no exercício financeiro seguinte.

§ 1º O procedimento previsto no caput será realizado nos três primeiros anos.

§ 2º De forma a atender o disposto no caput e § 1º, os reajustes e revisões


previstos no arts. 7º e 8º somente ocorrerão em relação às tarifas cobradas a
partir do quarto ano.

Art. 9º. [Este decreto/Esta resolução] entra em vigor na data de sua publicação, sendo
exigíveis as tarifas a partir do dia 1º de janeiro do primeiro exercício financeiro
subsequente.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 128


ANEXO I – FATORES APLICÁVEIS À TARIFA

[Os valores dos fatores de cálculo FTBi e FR apresentados abaixo são meramente
indicativos e devem ser ajustados conforme as características sociais e econômicas locais
e a efetiva distribuição do universo de usuários entre as categorias de economias.]

Categorias e TBD e Faixas de VAFi mensal


Consumo Mensal de Água FTBi FR (> ou = FTBi) VUa (R$/m3)
Residencial
Tarifa de Disponibilidade (TBD) 5,00
De 1 a 10m 3
0,80 (Informado)
de 11 a 20m 3
0,90
De 21 a 30m 3
1,00
De 31 a 50m 3
1,10
Acima de 50m 3
1,20
Residencial social
Tarifa de Disponibilidade (TBD) 3,00
De 1 a 10m 3
0,50
De 11 a 15m 3
0,60
De 16 a 20m3 0,70
Comercial/serviços
Tarifa de Disponibilidade (TBD) 10,00
De 1 a 10m 3
0,90
De 11 a 20m 3
1,00
De 21 a 30m 3
1,10 (Calculado)
De 31 a 50m 3
1,20
Acima de 50m 3
1,30
Industrial
Tarifa de Disponibilidade (TBD) 12,00
De 1 a 10m 3
0,90
De 11 a 30m3 1,00
De 31 a 100m3 1,10
De 101 a 500m 3
1,20
Acima de 500m 3
1,30
Pública/filantrópica
Tarifa de Disponibilidade (TBD) 10,0
De 1 a 10m 3
0,80
de 11 a 20m 3
0,90
De 21 a 30m 3
1,00
De 31 a 50m 3
1,10
Acima de 50m 3
1,20
Imóveis vazios, lotes e terrenos 7,0

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 129


Minuta para instituição de tarifa calculada com base na área
construída do imóvel

Minuta de Resolução
de órgão colegiado que Minuta de resolução de
Minuta de Decreto
integra estrutura de agência reguladora
prestação regionalizada

DECRETO Nº [--], DE [--]


RESOLUÇÃO Nº [--], DE [--] DE [--] DE 20[--].
DE [--] DE 20[--].

Institui a tarifa pela disponibilização do serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos.

(1)
A Assembleia Geral do Con-
sórcio Público [--], no uso
A Diretoria Colegiada
de suas atribuições legais,
[--], Prefeito de [--], no uso da Agência Regulado-
(2)
de suas atribuições legais, ra [--], no uso de suas
O Colegiado Metropolitano
atribuições legais,
(ou Microrregional, ou da
Aglomeração Urbana), no uso
de suas atribuições legais,

CONSIDERANDO a obrigação de se assegurar a sustentabilidade econômico-financeira dos ser-


viços públicos de saneamento básico, nos termos previstos no artigo 29, caput, da LNSB – Lei
Nacional de Saneamento Básico (Lei federal nº 11.445, de 5 de janeiro 2007);

CONSIDERANDO que a LNSB fixou a política tarifária para o serviço público de manejo de resídu-
os sólidos urbanos, cuja regulamentação para fins de instituição de mecanismo de cobrança é
obrigação que os titulares do serviço devem cumprir para não incorrerem em renúncia ilegal de
receitas proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (conforme Art. 35, § 2º, da LNSB);

DECRETA RESOLVE

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Fica instituída, no âmbito do [Município ou dos Municípios ou do Distrito


Federal], a tarifa pela prestação do serviço público de manejo de resíduos sólidos
urbanos, cujo cálculo e cobrança estão estabelecidos [neste decreto/nesta resolução].

Art. 2º A tarifa será devida somente por aqueles para os quais foi disponibilizado o
serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 130


CAPÍTULO II
DO CÁLCULO DA TARIFA

Art. 3º O valor da tarifa anual devida por cada usuário será calculado mediante a
aplicação da seguinte fórmula:

Tarifa = TBD + [VUc x (ACLi – FTBi) x FR]

Onde:
TBD: Tarifa básica anual de disponibilidade do serviço, calculada nos termos
do § 1º;
VUc: Valor unitário da Receita Requerida com base na área construída, em R$/
m2;
ACLi: Área construída do imóvel, observada a área mínima igual ou maior que
o FTB e o limite máximo de incidência, em m2;
FTBi: Fator de cálculo da TBD da respectiva categoria de economia, expresso
em metros quadrados e múltiplo de 1 m2;
FR: Fator de rateio atribuído à categoria de economia.

§ 1º A Tarifa Básica Anual de Disponibilidade do Serviço (TBD) é aplicável a


todas as economias às quais o SMRSU tem sido disponibilizado, sendo variável
conforme a categoria de economia e calculada com base na seguinte fórmula:

TBD = VUc x FTBi

Onde:
VUc: Valor unitário da Receita Requerida com base na área construída,
em R$/m2;
FTBi: Fator de cálculo da respectiva categoria de economia, expresso em
metros quadrados (m2) e múltiplo de 1 m2.

§ 2º A variável relativa ao Valor unitário da Receita Requerida com base na área


construída (VUc) é calculada a partir da seguinte fórmula:

VUc = RR / ACT

Onde:
VUc: Valor unitário da Receita Requerida com base na área construída,
em R$/m2;
RR: Receita Requerida, em R$;
ACT: Área construída total dos imóveis cadastrados para a cobrança, em
m2, considerando a área correspondente ao valor do FTBi da categoria
para imóvel não edificado.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 131


§ 3º A subtração do Fator de cálculo da TBD por economia (FTBi) da Área
construída do imóvel (ACLi) representa a área construída complementar à área
mínima pela qual é cobrada a TBD.

§ 4º O Fator de Rateio (FR) é valor fixo por categoria de economia, conforme


Anexo I.

§ 5º A Tarifa Anual, inclusive a Tarifa Básica, poderá ser paga em parcelas


mensais, conforme os critérios e procedimentos definidos pela entidade
reguladora.

Art. 4º A Receita Requerida – RR consiste em valor correspondente:

I- aos custos eficientes de operação e manutenção (OPEX), inclusive o de


reposição de ativos;
II- aos investimentos prudentes e necessários (CAPEX);
III- à remuneração justa do capital investido;
IV- às despesas com os tributos cabíveis; e
V- à remuneração pela atividade regulatória, em valor não superior a 1% (um
por cento) da receita total arrecadada mediante a aplicação da tarifa

Parágrafo único. A Entidade Reguladora regulamentará os critérios e


procedimentos para o cálculo da Receita Requerida – RR.

CAPÍTULO III DA COBRANÇA

Art. 5º (Do documento de cobrança). A cobrança da tarifa dar-se-á no mesmo


documento utilizado para a cobrança da tarifa do serviço público de abastecimento
de água.

Parágrafo único. Os valores arrecadados deverão ser depositados em contas


bancárias em nome do prestador do serviço público de manejo de resíduos
sólidos urbanos, vedada que recursos originários da tarifa transitem em contas
bancárias de terceiros.

CAPÍTULO IV
DOS REAJUSTE E DAS REVISÕES

Art. 6º As tarifas devem ser reajustadas anualmente, observado o intervalo de 12


(doze) meses, aplicando-se a variação positiva do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo – IPCA (ou fórmula paramétrica de reajuste, ou conforme critérios
estabelecidos pela entidade reguladora).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 132


§ 1º O reajuste tarifário obedecerá a procedimento no qual se preveja adequada
publicidade e prazo máximo de 60 dias para conclusão (sugestão de prazo caso a
entidade reguladora competente não tenha estabelecido procedimento com prazo
diverso).

§ 2º No caso de o procedimento não estar concluído no prazo fixado, considerar-


se-á aprovado o requerimento de reajuste apresentado pelo prestador do
serviço.

Art. 7º A entidade reguladora poderá promover revisões tarifárias para a reavaliação


das condições da prestação dos serviços e das tarifas praticadas, as quais poderão
ser:

I - periódicas, objetivando a distribuição dos ganhos de produtividade com os


usuários e a reavaliação das condições de mercado;
II - extraordinárias, quando se verificar a ocorrência de fatos não previstos, fora
do controle do prestador dos serviços, que alterem o equilíbrio econômico-
financeiro.

§ 1º As revisões periódicas deverão ocorrer a cada [mínimo 3 anos e, no máximo,


5 anos].

§ 2º A revisão extraordinária ocorrerá em caso de desequilíbrio econômico-


financeiro do contrato (ou de risco à sustentabilidade econômico-financeira
da prestação dos serviços, em caso de prestação por órgão ou entidade da
Administração Pública).

§ 3º A revisão periódica ou extraordinária obedecerá a procedimento cuja


duração prevista não ultrapasse 240 (duzentos e quarenta) dias, e no qual se
preveja adequada publicidade e contraditório, com expressa possibilidade de
participação dos prestadores, dos titulares e dos usuários (sugestão de prazo
caso a entidade reguladora competente não tenha estabelecido procedimento
com prazo diverso).

§ 4º As revisões tarifárias deverão atender a critérios e condições estabelecidos


em ato da entidade reguladora.

CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 8º A Receita Requerida – RR inicial será fixada mediante o seguinte procedimento:

I - apresentação de proposta fundamentada de valor de Receita Requerida - RR

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 133


pelo prestador dos serviços, para vigorar a partir do exercício financeiro
seguinte, até o dia 30 de julho, ou, caso não seja dia útil, no primeiro dia útil
posterior;
II - realização de audiência e de consulta públicas, com prazo de colheita de
críticas e sugestões de pelo menos trinta dias, com publicação das respostas
em até dez dias úteis após o término deste prazo;
III - edição de [decreto ou de resolução] até o dia 30 de novembro com o valor
da Receita Requerida a ser aplicado no exercício financeiro seguinte.

§ 1º O procedimento previsto no caput será realizado nos três primeiros anos.

§ 2º De forma a atender o disposto no caput e § 1º, os reajustes e revisões


previstos no arts. 7º e 8º somente ocorrerão em relação às tarifas cobradas a
partir do quarto ano.

Art. 9º. [Este decreto/esta resolução] entra em vigor na data de sua publicação,
sendo exigíveis as tarifas a partir do dia 1º de janeiro do primeiro exercício financeiro
subsequente.

ANEXO I – FATORES APLICÁVEIS À TARIFA

[Os valores dos fatores de cálculo FTBi e FR apresentados abaixo são meramente
indicativos e devem ser ajustados conforme as características sociais e econômicas
locais e a efetiva distribuição do universo de usuários entre as categorias de
economias.]

ACIi total
VUc Área Limite de
Categoria do Usuário FTBi FR do imóvel
(R$/m2) incidência (m2)
(> ou = FTBi)
Residencial social 15,0 0,5 (Informado) 60
Residencial 30,0 1,0 250
Comercial e serviços 80,0 1,2 1000
Industrial 150,0 1,3 (Calculado) 1500
Pública e filantrópica 80,0 1,0 1000

Imóveis vazios, lotes e terrenos 50,0 (NA) (NA)

• Residencial social: Usuários com subsídio tarifário, não


incluídos isentos por lei.
• Os valores dos fatores FTBi devem ser definidos
considerando uma receita da TBD correspondente ao

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 134


valor aproximado do custo fixo do serviço, conforme
critérios definidos pela regulação.
• Os valores dos fatores FR devem ser definidos conforme
os pesos das quantidades de imóveis por categoria, ou
os pesos dos volumes faturados de água ou das áreas
construídas por faixas de cada categoria, de modo que a
receita arrecadada obtenha a receita requerida.
• Conforme a estrutura adotada, a regulação pode
definir limites de volumes faturados de água ou de área
construída para cada categoria, para efeito de cobrança
da tarifa ou taxa do SMRSU, e considerados no cálculo do
volume total faturado ou da área total construída para o
cálculo do VU.

2.4 Modelo de cláusula contratual para instituição


de tarifa
[-].1. A Concessionária será remunerada pelas receitas
obtidas mediante a cobrança de Tarifa do serviço público de
manejo de resíduos sólidos urbanos como contrapartida pela
disponibilização dos serviços, nos termos do previsto na Proposta
Comercial do licitante vencedor (na hipótese de licitações em que
não houver critério da menor tarifa, conforme previsto em Decreto/
Resolução de órgão colegiado que integra estrutura de prestação
regionalizada/Resolução da Agência Reguladora).

2.5 Modelo de minuta de projeto de lei instituindo


taxa de manejo de RSU
MODELO DE MINUTA DE PROJETO DE LEI INSTITUINDO TAXA

PROJETO DE LEI Nº [--]/20[--] (OU PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR, A DEPENDER DA LEI


ORGÂNICA MUNICIPAL)

Institui taxa pela utilização efetiva ou potencial do serviço público de manejo de


resíduos sólidos urbanos.

O PREFEITO DE [--], no uso de suas atribuições legais, FAZ SABER que a Câmara
Municipal aprovou e ele sanciona a seguinte lei [ou lei complementar]:

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 135


CAPÍTULO I
DO OBJETO E ÂMBITO DE APLICAÇÃO

Art. 1º Esta Lei (ou Lei Complementar) institui a taxa pela utilização efetiva ou potencial
do serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos no Município de [--].

CAPÍTULO II DA TMRSU

Art. 2º Fica instituída a Taxa do Serviço Público de Manejo de Resíduos Sólidos


Urbanos - TMRSU.

§ 1º O fato gerador da TMRSU é a utilização efetiva ou potencial dos serviços


públicos de manejo de resíduos sólidos urbanos, cujas atividades integrantes
são aquelas definidas pela Lei Federal nº 11.445, de 2007.

§ 2º O contribuinte da TMRSU é o proprietário, possuidor ou titular do domínio


útil de unidade imobiliária autônoma ou economia de qualquer categoria
de uso, edificada ou não, lindeira à via ou logradouro público, onde houver
disponibilidade do serviço, que gera até [--] l ([---] litros) de resíduos por dia.

Art. 3º A base de cálculo da TMRSU é a Receita Requerida, consistente no valor


necessário para a adequada e eficiente prestação do serviço público e para a sua
viabilidade técnica e econômico-financeira atual e futura.

§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, a Receita Requerida do serviço público


de manejo de resíduos sólidos compreenderá, exclusivamente, as atividades
de gerenciamento e regulação, educação ambiental em relação aos resíduos,
bem como as atividades operacionais de coleta, transbordo, transporte,
triagem para fins de reutilização ou reciclagem, tratamento, inclusive por
compostagem, e disposição final ambientalmente adequada de resíduos
domiciliares ou equiparados, ou de rejeitos deles derivados.

§ 2º A composição e o cálculo da Receita Requerida dos serviços referidos no §


1º deste artigo observarão as normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao
setor público e os critérios técnicos contábeis e econômicos estabelecidos no
regulamento desta Lei.

§ 3º Visando à modicidade da TMRSU, deverão ser descontadas na composição


da Receita Requerida dos serviços receitas obtidas com a cobrança de preços
públicos por atividades vinculadas, complementares ou acessórias às suas
atividades fins, bem como as receitas decorrentes de multas, encargos
moratórios e outras receitas não operacionais, compensadas as respectivas
despesas.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 136


Art. 4º Para o cálculo do valor da TMRSU aplicável a cada unidade imobiliária
autônoma serão considerados as seguintes classificações e respectivos fatores,
definidos conforme as disposições desta Lei (ou desta Lei Complementar) e os critérios
técnicos estabelecidos no regulamento:

I – Critérios Variáveis - CV:

a) Fator de Usos - FU:

1. Residencial, atividade pública e assistencial: Fator 1;


2.Comercial, serviços e industrial: Fator 1,5;

b) Fator de Frequência - FF:

1. Coleta Alternada: Fator 1;


2. Coleta Diária: Fator 1,3;

c) Consumo de Água - CA, correspondente à média dos consumos efetivos


mensais de água apurados nos 12 (doze) meses anteriores ao mês da cobrança
da TMRSU, expressos em metros cúbicos (m3);

d) Área ou testada do imóvel, no caso de lote sem edificação ou de gleba urbana;

II – Receita Requerida do serviço, calculado conforme previsto no . 3º, apurado


no exercício financeiro antecedente ao da cobrança do tributo, acrescido da
variação positiva do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA
verificada no mesmo período, considerando como referência o mês de janeiro
de cada ano.

Art. 5º O lançamento e a cobrança da TMRSU serão mensais e o seu valor será


calculado com base no Valor Básico de Referência – VBR, correspondente a Receita
Requerida média mensal dos serviços expresso em reais por imóvel, calculado
mediante aplicação da seguinte fórmula:

VBRTMRSU = RRTSMRSU / QTIMÓVEIS / 12 (R$/imóvel), onde:

VBRTMRSU: Valor Básico de Referência para o cálculo mensal da TMRSU;

RRTSMRSU: Receita Requerida total do serviço de manejo de resíduos sólidos;

QTIMÓVEIS: Quantidade total de unidades imobiliárias autônomas existentes na


área de cobertura dos serviços.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 137


Parágrafo único. O VBRTMRSU será apurado para o mês de janeiro de cada ano,
por ato da entidade reguladora ou, na sua falta, segundo critérios previstos em
regulamento, e será aplicado para o cálculo da TMRSU devida nos meses de
fevereiro do mesmo ano ao mês de janeiro do ano seguinte.

Art. 6º O valor mensal da TMRSU será obtido mediante aplicação das alíquotas e
das fórmulas de cálculo constantes das tabelas 1, 2, 3 e 4 do Anexo Único desta Lei
(ou desta Lei Complementar), considerando a situação cadastral do imóvel na data
anterior à do lançamento do tributo.

Parágrafo único. No caso de cobrança da TMRSU mediante documento


individualizado de arrecadação, o valor mensal mínimo observará o limite
estabelecido no regulamento.

Art. 7º A utilização ou prestação efetiva do serviço de manejo de resíduos sólidos ou


de suas atividades para grandes geradores de resíduos domiciliares ou equiparados
será remunerada mediante cobrança de preços públicos específicos, fixados no
regulamento.

§ 1º Consideram-se grandes geradores os contribuintes de imóveis não residenciais


que geram mais de [--] l ([---] litros por dia) de resíduos domiciliares ou equiparados.

§ 2º A atividade mencionada no caput é supletiva, podendo o interessado contratar


livremente privados para a coleta e destinação final, bem como pode o Município se
negar a ofertar as atividades de coleta e destinação final, caso não haja disponibilidade
ou seus custos sejam incompatíveis com a preservação e a adequada prestação do
serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos.

CAPÍTULO III
DO LANÇAMENTO E DA COBRANÇA

Art. 8º A cobrança da TMRSU pode ser efetuada:

I - mediante documento de cobrança:


a) exclusivo e específico;
b) do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU; ou

II - juntamente com a cobrança de tarifas e preços públicos de quaisquer outro


serviço público de saneamento básico, quando o contribuinte for usuário
efetivo desses outros serviços.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 138


§ 1º O documento de cobrança deve destacar individualmente os valores e os
elementos essenciais de cálculos das taxas, tarifas e outros preços públicos
lançados para cada serviço.

§ 2º O contribuinte pode requerer a emissão de documento individualizado


de arrecadação, correspondente ao respectivo imóvel, quando a TMRSU for
cobrada com outros tributos ou preços públicos.

§ 3º Independente da forma de cobrança adotada, a TMRSU deve ser lançada


e registrada individualmente, em nome do respectivo contribuinte, no sistema
de gestão tributária.

§ 4º Os critérios e procedimentos para o lançamento e cobrança previstos neste


artigo serão disciplinados em regulamento.

CAPÍTULO IV
DA PENALIDADE POR ATRASO OU FALTA DE PAGAMENTO

Art. 9º O atraso ou a falta de pagamento dos débitos relativos à TMRSU sujeita o


usuário-contribuinte, desde o vencimento do débito, ao pagamento de:

I – encargo financeiro sobre o débito correspondente à variação da taxa SELIC


acumulada até o mês anterior mais 1% (um por cento) relativo ao mês em que
estiver sendo efetivado o pagamento; e

II – multa de 2% (dois por cento) aplicada sobre o valor principal do débito.

CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 10. As receitas derivadas da aplicação da TMRSU são vinculadas às despesas


para a prestação do serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos, incluídos
os investimentos de seu interesse.

Parágrafo único. Os sistemas contábeis devem permitir o adequado controle


do valor arrecadado, de forma a permitir a fiscalização do previsto no caput,
sendo permitido a qualquer cidadão tomar as medidas necessárias para coibir
que os recursos vinculados sejam desviados de suas finalidades.

Art. 11. O Chefe do Poder Executivo regulamentará esta lei por meio de decreto a
ser publicado no prazo de 90 (noventa) dias, contados da publicação desta Lei (ou
Lei Complementar).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 139


Art. 12. Esta Lei (ou Lei Complementar) entra em vigor 90 (noventa) dias depois da
data de sua publicação e produzirá seus efeitos a partir de 1º de janeiro do ano
seguinte ao de sua publicação.

ANEXO ÚNICO

(Os parâmetros e fatores aqui recomendados devem ser vistos como uma referência e
podem ser adotados, salvo se houver estudos técnicos específicos, bem fundamentados,
que proponham outros, em face de aspectos excepcionais, em razão das peculiaridades
locais.)

Tabelas de referência para Cálculo da Taxa de Manejo de Resíduos Sólidos – TMRSU

Tabela 1 – Categoria Residencial, Pública e Assistencial

Fatores de cálculo CUMULATIVOS


Categoria Frequência da Coleta
Consumo médio mensal de água (c)
de uso (a) Alternada (b1) Diária (b2)
Fator fixo
Até 5 m3 0,35
Fator variável por m 3

> 5 a 15m3 0,06


1 1 1,3
> 15 a 25m3 0,05
> 25 a 35 m3 0,035
> 35 a 50 m 3
0,03
> 50 m até o limite de 150 m
3 3
0,025

Fórmula de cálculo da TMRSU= VBRTMRSU x (Fator a x Fator b1,2 x Fator c)

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 140


Tabela 2 – Categorias Comércio e Serviços

Fatores de cálculo CUMULATIVOS


Categoria Frequência da Coleta
Consumo médio mensal de água (c)
de uso (a) Alternada (b1) Diária (b2)
Fator fixo
Até 5 m3 0,35
Fator variável por m3
> 5 a 15m3 0,06
1,5 1 1,3
> 15 a 25m 3
0,05
> 25 a 35 m 3
0,04
> 35 a 50 m 3
0,35
> 50 m até o limite de 150 m
3 3
0,03
Fórmula de cálculo da TMRSU = VBRTMRSU x (Fator a x Fator B1,2 x Fator c)

Tabela 3 – Categoria Industrial

Fatores de cálculo CUMULATIVOS


Frequência da Coleta
Categoria de
uso (a) Alternada
Diária (b2) Consumo médio mensal de água (c)
(b1)
Fator fixo
Até 5 m3 0,35
Fator variável por m 3

1,5 1 1,3 > 5 a 30 m3 0,04


> 30 a 100 m3 0,02
> 100 a 500 m3 0,015
> 500 m até o limite de 1000 m
3 3
0,005
Fórmula de cálculo da TMRSU = VBRTMRSU x (Fator a x Fator B1,2 x Fator c)

Tabela 4 – Lotes e glebas (opcional)

Fatores de
Categorias e faixas de áreas cálculo (d)
x VBRTMRSU
Imóveis até 250 m2 0,3
acima de 250 a 500 m2 0,4
Lotes acima de 500 a 1000 m2 0,5
Acima de Fator inicial 1
1000 m2 Adicional para cada 1000 m2 ou fração 0,2
Gleba urbana Cada 10 m de cada testada frontal para via pública 0,3
Fórmula de cálculo da TMRSU = VBRTMRSU x Fator d

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 141


2.6 Modelo de minuta de contrato de cofaturamento
CONTRATO DE GESTÃO COMERCIAL

CONTRATO DE GESTÃO COMERCIAL DA COBRANÇA DOS SERVIÇOS DE COLETA,


TRANSPORTE, TRANSBORDO, TRATAMENTO E DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS (RSU) NO MUNICÍPIO –XXXXXXX-XX

Pelo presente instrumento, de um lado,

a) a [razão social da prestadora], empresa com sede na [•], Município


de XXXXXX, Estado de XXXX, inscrita no CNPJ sob nº , neste ato
representada por seu (sua) , Sr.(a) [•], denominada simplesmente
PRESTADORA, na qualidade de prestadora dos serviços públicos
de abastecimento de água potável e de esgotamento sanitário no
Município de XXXX-XX, e, de outro lado,

b) a [razão social da concessionária], com sede na XXXXX, Município


de XXXXX, Estado de XXXX, inscrita no CNPJ sob nº [•], neste ato
representada por seu ______, Sr. [•], denominada simplesmente
CONCESSIONÁRIA, na qualidade de concessionária dos serviços
públicos de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação
final dos resíduos sólidos urbanos no Município de XXXXXXX, e, como
intervenientes-anuentes,

c) o Município de xxxx, Estado de xxxx, entidade de direito público interno,


inscrito no CNPJ/MF sob o n° xxxx, com sede xxxxxx, Bairro xxxx, na
cidade de xxxxx, neste ato representado por seu (sua) Prefeito(a),
Sr.(a), doravante denominado MUNICÍPIO, e

CONSIDERANDO QUE:

i) a PRESTADORA é uma [empresa privada, sociedade de economia mista,


empresa pública], cuja finalidade consiste na prestação dos serviços
de fornecimento de água e de esgotamento sanitário no Município de
XXXXX;

ii) o MUNICÍPIO, como titular do serviço público de coleta, transporte,


transbordo, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos
urbanos (SMRSU), , realizou procedimento licitatório com a finalidade
de delegar a prestação do serviço, mediante contrato de concessão,
tendo se sagrado vencedora do certame a CONCESSIONÁRIA, que
firmou o Contrato de Concessão com o MUNICÍPIO;

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 142


iii) os termos e condições do Contrato de Concessão entre o MUNICÍPIO
e a CONCESSIONÁRIA são de pleno conhecimento da PRESTADORA;

iv) a tarifa relativa à prestação do SMRSU, calculada com base no consumo


de água dos usuários, está definida no Contrato de Concessão;

v) os serviços públicos de abastecimento de água potável, esgotamento


sanitário e manejo de resíduos sólidos urbanos estão intrinsecamente
relacionados, na medida em que são caracterizados como serviços
públicos de saneamento básico, nos termos da Lei Federal nº
11.445/2007;

vi) a cobrança conjunta dos serviços públicos acima referidos é permitida


pela Lei Federal nº 11.445/07, e permite ganhos de eficiência a partir da
integração do cadastro dos usuários dos serviços públicos e unicidade
de cobrança ao usuário;

vii) a cobrança conjunta dos serviços públicos respeitará os direitos dos


usuários dos serviços públicos, sendo-lhe garantidos canais eficientes
de diálogo e atendimento adequado;

As PARTES acima qualificadas resolvem firmar o presente CONTRATO, que se regerá


pelos seguintes termos e condições:

CLÁUSULA PRIMEIRA - DEFINIÇÕES

1. Os termos a seguir indicados, sempre que grafados em letra maiúscula, no


singular ou no plural, terão neste instrumento o significado a seguir transcrito,
salvo se do seu contexto resultar sentido claramente diverso:

I - AGENTES ARRECADADORES: são as instituições, financeiras ou não,


responsáveis pela arrecadação das receitas advindas da prestação dos serviços
públicos de abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos
urbanos prestados no MUNICÍPIO;

II – CONCESSIONÁRIA: é a sociedade de propósito específico que assume os


direitos e as obrigações previstas neste instrumento, no âmbito da execução
do CONTRATO DE CONCESSÃO para a prestação do SMRSU no MUNICÍPIO;

III – CONJUNTO DE DADOS COMERCIAIS: é o conjunto de dados necessários


que a PRESTADORA fornecerá, na periodicidade adequada, para que a
CONCESSIONÁRIA mantenha seus registros contábeis em conformidade
com as boas práticas e normas legais vigentes, e que incluem, no mínimo,

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 143


troca de arquivos, em formatos pré-estabelecidos pelas PARTES, de cadastro
dos USUÁRIOS, leitura e faturamento diário, de arrecadação e de alterações
cadastrais das operações realizadas em nome da PRESTADORA e em virtude
deste instrumento;

IV – CONTA DA PRESTADORA ou CONTA DE ARRECADAÇÃO: é a conta bancária


de titularidade da PRESTADORA, administrada por instituição financeira,
com a função de arrecadar, de forma centralizada, os recursos provenientes
da cobrança conjunta das tarifas dos serviços de abastecimento de água,
esgotamento sanitário e SMRSU, com um único código de barras, para onde
serão destinados os valores relativos às referidas cobranças;

V – CONTA DA CONCESSIONÁRIA ou CONTA TRANSITÓRIA: é a conta bancária


de titularidade da CONCESSIONÁRIA para onde serão repassados, pelo AGENTE
ARRECADADOR, os valores relativos à prestação do SMRSU recebidos na CONTA
DA PRESTADORA;

VI – CONTRATO DE CONCESSÃO: é o instrumento jurídico que tem por objeto


a concessão do SMRSU no MUNICÍPIO, celebrado entre o MUNICÍPIO e a
CONCESSIONÁRIA, cujos termos e condições é de pleno conhecimento da
PRESTADORA;

VII – MUNICÍPIO: é o município de Xxxxxx-XX, devidamente qualificado acima;

VIII – PARTES: são a CONCESSIONÁRIA e a PRESTADORA;

IX – PRESTADORA: é a , prestadora dos serviços públicos de


abastecimento de água e esgotamento sanitário no Município de XXXXXX;

X – SMRSU: é o serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos,


englobando as atividades de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
destinação final dos resíduos sólidos urbanos, nos termos do CONTRATO DE
CONCESSÃO celebrado entre o MUNICÍPIO e a CONCESSIONÁRIA.

XI – SISTEMA DE CADASTRO: é o sistema de controle de cadastro dos usuários


dos serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário
do MUNICÍPIO, cujo acesso deverá ser partilhado, preferencialmente, de forma
simultânea, entre a PRESTADORA e a CONCESSIONÁRIA, sendo que a operação
e manutenção são de responsabilidade da PRESTADORA;

XII – USUÁRIO: é a pessoa ou grupo de pessoas que utiliza(m) os serviços públicos


de abastecimento de água, esgotamento sanitário e SMRSU no território no
MUNICÍPIO.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 144


CLÁUSULA SEGUNDA — OBJETO

2.1 O presente instrumento tem por objeto regular os direitos e as obrigações das
PARTES em relação às atividades de gestão comercial e atividades operacionais que
serão realizadas de forma interdependente entre as PARTES.

2.2 A gestão comercial a ser realizada pela PRESTADORA compreende as seguintes


atividades, além daquelas inerentes à prestação dos serviços públicos de
abastecimento de água e esgotamento sanitário:

2.2.1 fornecimento do CONJUNTO DE DADOS COMERCIAIS, na forma e prazos


necessários para que a CONCESSIONÁRIA possa cumprir suas obrigações;

2.2.3 gestão do cadastro dos USUÁRIOS, mantendo troca de arquivos com


atualização diária das alterações;

2.2.3 compartilhamento do SISTEMA DE CADASTRO com a CONCESSIONÁRIA,


inclusive para fins de controle da arrecadação das tarifas SMRSU pagas pelos
USUÁRIOS;

2.2.4 leitura e medição do consumo de água dos USUÁRIOS, de modo a permitir


o cálculo imediato da tarifa do SMRSU;

2.2.5 faturamento no local e entrega imediata das faturas aos USUÁRIOS,


contendo as tarifas relativas aos serviços públicos de abastecimento de água e
esgotamento sanitário e do SMRSU, observando estritamente todas as regras
aplicáveis;

2.2.6 envio de faturas aos USUÁRIOS por correspondência ou qualquer outro


meio, quando não for possível o faturamento no local.

2.3 A realização das atividades acima enumeradas dar-se-á na forma e nas condições
previstas neste instrumento, bem como nos termos do que vier a ser acordado
oportunamente, por escrito, entre as PARTES.

CLÁUSULA TERCEIRA - PRAZO DE VIGÊNCIA

3.1 O CONTRATO entra em vigor na data de sua assinatura e terá duração pelo
mesmo prazo do contrato entre a PRESTADORA e o MUNICÍPIO.

3.2 Caso o CONTRATO DE CONCESSÃO seja prorrogado, o presente instrumento


também será prorrogado, na forma expressamente acordada entre as PARTES.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 145


3.3 Fica certo, desde já, que quando da extinção do CONTRATO DE CONCESSÃO,
a CONCESSIONÁRIA fará a cessão dos direitos e obrigações deste instrumento ao
MUNICÍPIO.

3.3.1 Se for do interesse, a PRESTADORA e o MUNICÍPIO adotarão todas as


providências necessárias para que a cessão prevista nesta subcláusula seja
efetivada.

CLÁUSULA QUARTA - CADASTRO DE USUÁRIOS

4.1 A PRESTADORA será responsável pela gestão comercial do cadastro de USUÁRIOS,


incluindo a manutenção e a operação do SISTEMA DE CADASTRO, com o apoio da
CONCESSIONÁRIA, com vistas a mitigar eventuais erros.

4.2 Para os fins do disposto nesta Cláusula, a PRESTADORA se obriga, em até


30 (trinta) dias contados da assinatura do presente instrumento, a repassar à
CONCESSIONÁRIA, mediante recibo de entrega, seu cadastro dos USUÁRIOS em
arquivo digital e editável, prestando permanente auxílio à CONCESSIONÁRIA a
respeito de todas as dúvidas pertinentes aos dados e informações dos USUÁRIOS,
de modo a possibilitar que esta última acompanhe, simultaneamente, a atualização
do cadastro de USUÁRIOS e suas respectivas informações atualizadas, tais como
alterações de dados e informações, inserção de novos USUÁRIOS, baixa de USUÁRIOS
que perderem essa condição, entre outros.

4.3 A CONCESSIONÁRIA deverá manter sigilo sobre os dados e informações pessoais


dos USUÁRIOS fornecidas pela PRESTADORA, não podendo utilizá-las para outros
fins senão aqueles previstos neste instrumento, nos termos da legislação vigente.

4.3.1 O sigilo previsto nesta subcláusula não se aplica aos casos em que a
divulgação dos dados e informações pessoais dos USUÁRIOS não for proibida
por lei ou quando se fizer necessária tal divulgação por força de determinação
de autoridade administrativa ou judicial.

CLÁUSULA QUINTA – MEDIÇÃO, CÁLCULO E FATURAMENTO DOS SERVIÇOS

5.1 Até a DATA DE INÍCIO DOS SERVIÇOS, a PRESTADORA deverá adequar, com o
apoio da CONCESSIONÁRIA, o software dos aparelhos de leitura de modo a permitir
que o cálculo das tarifas relativas ao SMRSU seja feito automaticamente a partir do
consumo de água dos USUÁRIOS.

5.1.1 Quando a leitura for realizada de forma manual ou por qualquer outro
mecanismo, as tarifas relativas ao SMRSU deverão ser lançadas quando da
emissão das respectivas faturas, observada a estrutura tarifária enviada pela
CONCESSIONÁRIA.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 146


5.2 As eventuais atualizações da estrutura tarifária deverão ser informadas pela
CONCESSIONÁRIA à PRESTADORA, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias de
sua aplicação.

5.2.1 A CONCESSIONÁRIA se compromete a prestar todo o apoio necessário à


PRESTADORA para a aplicação da nova estrutura tarifária, inclusive mediante a
atualização do software dos aparelhos de leitura, se for o caso.

5.3 A PRESTADORA deverá realizar a medição do consumo de água dos USUÁRIOS


automaticamente por meio aparelhos de leitura ou de forma manual, bem como
emitir a correspondente fatura, já contemplando as tarifas dos serviços públicos de
abastecimento de água e esgotamento sanitário e do SMRSU.

5.4 Caso não seja possível a emissão da fatura no local, a PRESTADORA deverá expedir
e entregar a fatura contemplando as tarifas dos serviços públicos de abastecimento
de água e esgotamento sanitário e do SMRSU por correspondência ou qualquer
outro meio.

5.5 Para fins de cumprimento do disposto nesta Cláusula, a CONCESSIONÁRIA


poderá, caso acordado entre as PARTES, alocar pessoal necessário, próprio ou
contratado, para auxiliar a PRESTADORA na realização das medições.

5.6 As faturas serão confeccionadas e emitidas pela PRESTADORA conforme modelo


aprovado pela entidade reguladora correspondente.

5.6.1 As faturas emitidas contemplarão as tarifas relativas aos serviços públicos


de abastecimento de água e esgotamento sanitário e ao SMRSU com os valores
indicados separadamente, além de indicar os locais onde os USUÁRIOS poderão
efetuar o seu pagamento.

5.6.2 Além dos dados acima mencionados, as faturas também contemplarão:


(i) os valores relativos a eventuais serviços complementares prestados
pela PRESTADORA e/ou pela CONCESSIONÁRIA, (ii) observações relativas
à prestação do SMRSU, tais como o telefone para contato do USUÁRIO com
a CONCESSIONÁRIA, (iii) demais dados e informações exigidos na legislação
vigente, bem como (iv) dados e informações a serem inseridos em comum
acordo pelas PARTES.

5.6.3 A PRESTADORA e a CONCESSIONÁRIA deverão acordar quanto à forma e


prazo para elaboração de modelo de fatura conjunta que contenha o logo de
ambas, o que poderá ocorrer em momento posterior ao início da prestação do
serviço objeto deste contrato.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 147


5.7 A PRESTADORA não será responsabilizada por qualquer problema de forma
e/ou de conteúdo nas informações fornecidas pela CONCESSIONÁRIA em relação
às tarifas do SMRSU ou outros valores relativos a serviços complementares da
CONCESSIONÁRIA.

5.8 Deverá ser adotado um único código de barras da fatura, o qual deverá
possibilitar a segregação automática, pela instituição financeira, das tarifas dos
serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário e demais
valores devidos à PRESTADORA e das tarifas do SMRSU e demais valores destinados
à CONCESSIONÁRIA.

5.8.1 As PARTES deverão adotar todas as medidas necessárias para viabilizar


o disposto nesta cláusula, inclusive junto à(s) instituição(ões) financeira(s) da
CONTA DA PRESTADORA e da CONTA DA CONCESSIONÁRIA.

5.8.2 O AGENTE ARRECADADOR efetuará o repasse dos valores pertencentes à


CONCESSIONÁRIA, relativos ao SMRSU, no 10º (décimo) dia útil do mês seguinte
ao da arrecadação nos valores na CONTA DA PRESTADORA.

5.9 Anteriormente ao início da cobrança conjunta das tarifas de abastecimento de


água, esgotamento sanitário e de resíduos sólidos urbanos, as PARTES deverão
adotar os procedimentos pertinentes para comunicar aos USUÁRIOS sobre a forma
de cobrança dos serviços.

CLÁUSULA SEXTA – ATRIBUIÇÕES DA PRESTADORA

6.1 Sem prejuízo das atribuições previstas neste instrumento, compete


exclusivamente à PRESTADORA:

6.1.1 efetuar a ligação, religação, suspensão ou supressão de ligação dos


serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário;

6.1.2 realizar o corte do abastecimento de água em casos de inadimplência dos


USUÁRIOS, observadas as normas aplicáveis;

6.1.3 atender os USUÁRIOS pelos canais de atendimento existentes com relação


aos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário;

6.1.4 averiguar, instalar e realizar a manutenção e a troca dos hidrômetros,


conforme o caso;

6.1.5 adotar todas as medidas cabíveis para a recuperação de crédito e redução


da inadimplência dos USUÁRIOS relativa aos serviços públicos de abastecimento
de água e esgotamento sanitário;

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 148


6.1.6 emitir a fatura relativa à tarifa do SMRSU, ainda que tenha sido suprimido
o fornecimento de água ao USUÁRIO, com base no último valor pago por
esses serviços pelo USUÁRIO, informando à CONCESSIONÁRIA acerca desses
USUÁRIOS;

6.1.7 realizar a cobrança extrajudicial e judicial das tarifas de abastecimento de


água e esgotamento sanitário não pagas pelos USUÁRIOS, de acordo com a sua
política e forma de cobrança;

6.1.8 demais obrigações inerentes à prestação dos serviços públicos de


abastecimento de água e esgotamento sanitário que lhe foram atribuídas.

CLÁUSULA SÉTIMA – ATRIBUIÇÕES DA CONCESSIONÁRIA

7.1 Sem prejuízo das atribuições previstas neste instrumento, compete


exclusivamente à CONCESSIONÁRIA:

7.1.1 prestar o SMRSU no MUNICÍPIO, incluindo a coleta, transporte, transbordo,


tratamento e destinação final ambientalmente adequado dos resíduos sólidos
urbanos;

7.1.2 atender os USUÁRIOS pelos canais de atendimento existentes e de sua


responsabilidade relativos ao SMRSU;

7.1.3 adotar todas as medidas cabíveis para a recuperação de crédito e a


redução da inadimplência dos USUÁRIOS relativa ao SMRSU;

7.1.4 negativar os USUÁRIOS do SMRSU junto aos órgãos de proteção de


crédito, observada a legislação aplicável, assumindo a CONCESSIONÁRIA as
responsabilidades decorrentes de tais medidas;

7.1.5 comunicar aos USUÁRIOS acerca dos valores das tarifas relativas ao
SMRSU, bem como os seus reajustes e revisões, observados os prazos legais e
o disposto no CONTRATO DE CONCESSÃO;

7.1.6 realizar a cobrança extrajudicial dos valores das faturas em aberto


relativos às tarifas de SMRSU, envolvendo todas as atividades pertinentes,
incluindo mas não se limitando ao envio de notificação, contatos telefônicos,
protesto, dentre outras ações pertinentes;

7.1.7 realizar a cobrança judicial das tarifas do SMRSU não pagas pelos
USUÁRIOS e cuja cobrança extrajudicial não teve êxito;

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 149


7.1.8 demais obrigações inerentes à prestação do SMRSU que lhe foram
atribuídas.

CLÁUSULA OITAVA – ATIVIDADES CORRELATAS

8.1 As PARTES estabelecem que todas as demais atividades correlatas àquelas


previstas neste instrumento que, ao longo de sua execução, forem identificadas
pela PRESTADORA e/ou pela CONCESSIONÁRIA como necessárias para efetivar a
gestão comercial dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento
sanitário e do SMRSU no MUNICÍPIO serão comunicadas por uma dessas PARTES à
outra, por escrito.

8.2 Em até 90 (noventa) dias contados da data da comunicação prevista na


subcláusula anterior, a PRESTADORA e a CONCESSIONÁRIA deverão acordar, de boa-
fé, a respeito das condições e da forma de realização da(s) atividade(s) correlata(s)
identificada(s), a fim de se permitir o cumprimento do objetivo deste instrumento,
qual seja, a cooperação técnica na realização da gestão comercial dos serviços
públicos de abastecimento de água, esgotamento sanitário e de resíduos sólidos
urbanos.

CLÁUSULA NONA – RECURSOS FINANCEIROS

9.1 A CONCESSIONÁRIA deverá pagar à PRESTADORA pelos serviços por esta última
prestados por força deste instrumento o valor mensal de R$ XXXXXXX por fatura
emitida aos USUÁRIOS.

9.1.1 No valor previsto na subcláusula 9.1, estão incluídos todos os tributos,


despesas, custos e investimentos necessários por parte da PRESTADORA para
a prestação dos serviços objeto deste instrumento.

9.2 O valor mencionado na subcláusula 9.1 acima será reajustado com base na
variação do IPCA ou outro índice que vier a substituí-lo, na mesma periodicidade das
tarifas do SMRSU, consoante previsto no CONTRATO DE CONCESSÃO anualmente.

CLÁUSULA DÉCIMA – REVISÃO CONTRATUAL

10.1 Eventuais alterações de escopo dos serviços prestados serão ajustadas por
meio de aditivo contratual específico.

10.2 Será realizada revisão ordinária ao final do primeiro ano da prestação dos
serviços objeto deste Contrato, em caráter excepcional, para que se verifique

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 150


eventual alteração dos níveis de inadimplência na prestação do serviço de água e
esgotamento sanitário.

10.2.1 Para efeito da subcláusula 10.2, ao final dos primeiros 12 (doze) meses
de faturamento conjunto será admitida uma revisão excepcional do contrato,
caso se verifique que o percentual de inadimplência tenha se elevado mais do
que XX (por extenso) pontos percentuais em relação ao percentual médio de
inadimplências dos municípios atendidos pela PRESTADORA, aferidos nos 12
(doze) meses imediatamente anteriores ao início do faturamento conjunto.

10.2. 2 Caberá à PRESTADORA comprovar, até 60 dias após a assinatura deste


contrato, os valores de inadimplência verificados em cada mês para cada um
dos municípios, antes do início do faturamento conjunto.

10.2.3 Caberá à PRESTADORA comprovar, até 60 dias após o término dos 12


(doze) primeiros meses de prestação do serviço de arrecadação conjunta, os
valores de inadimplência verificados em cada mês para cada município, do nível
de inadimplência que tenha ocorrido após o início do faturamento conjunto.

10.2.4 Caso comprove-se aumento de inadimplência acima do previsto na


cláusula 10.2.1, o mecanismo de revisão contratual deverá ser novamente
aplicado nos 12 (doze) meses subsequentes. A partir desta segunda revisão
excepcional, somente serão possíveis novas revisões extraordinárias nos
termos da cláusula 10.3.

10.2.5 As PARTES acordam que deverão, de comum acordo, fixar a metodologia


a ser utilizada na apuração e revisão do equilíbrio econômico do Contrato, o qual
será calculado sobre o valor devido à PRESTADORA pelos serviços prestados,
como fixado na subcláusula 9.1 deste Contrato.

10.3 A revisão extraordinária deste Contrato será admitida caso ocorram fatos
imprevistos que possam vir a desequilibrar as relações aqui pactuadas.

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA – SISTEMA INFORMATIZADO DA


CONCESSIONÁRIA

11.1 Em até 120 dias contados da data de assinatura deste Contrato, deverá ser
estabelecida forma de compartilhamento eletrônico do CONJUNTO DE DADOS
COMERCIAIS de usuários existentes no SISTEMA DE CADASTRO mantido e operado
pela PRESTADORA com a CONCESSIONÁRIA.

11.1.1 O compartilhamento ocorrerá no menor prazo possível, não superando


30 dias após sua obtenção, e deverá abarcar os dados mínimos necessários,

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 151


tais como a identificação e o consumo de água de cada unidade consumidora,
respeitando as disposições da Lei 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados)
e suas alterações.

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA – RESPONSABILIDADE DAS PARTES

12.1 Cada PARTE permanecerá responsável, por si e por seus subcontratados, pela
execução do objeto deste instrumento, respondendo integral e exclusivamente
perante a outra PARTE e a terceiros por todos os ônus decorrentes de eventual
subcontratação.

12.2 Os servidores e empregados de qualquer das PARTES não sofrerão qualquer


alteração nas suas vinculações com a entidade de origem em decorrência da
execução das atividades inerentes ao presente instrumento.

12.3 As PARTES se isentam reciprocamente de toda e qualquer despesa de natureza


social, trabalhista, previdenciária, tributária, securitária ou de outra natureza,
embora não especificada, devida em decorrência, direta ou indireta, para com o
pessoal que vier a ser contratado e/ ou designado por cada uma das PARTES para
atender o objeto do presente instrumento, não tendo os servidores/empregados de
uma PARTE qualquer vínculo empregatício ou estatutário com a outra PARTE.

CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA – EXTINÇÃO DO CONTRATO

13.1 O presente instrumento será extinto exclusivamente nas seguintes hipóteses:

13.1.1 quando da expiração do seu prazo de vigência ou mediante acordo entre


a CONCESSIONÁRIA e a PRESTADORA;

13.1.2 em caso de comprovado inadimplemento das obrigações previstas neste


instrumento e após o trânsito em julgado de decisão judicial que declarar a
rescisão motivada.

13.2 Quando da extinção do CONTRATO DE CONCESSÃO, extinguem-se os direitos e


as obrigações da CONCESSIONÁRIA em relação a esse instrumento, quando poderá
se dar a cessão de tais direitos e obrigações ao MUNICÍPIO.

13.3 Em qualquer hipótese de extinção contratual, a PRESTADORA se compromete


a manter o fornecimento das informações de consumo de água indispensáveis ao
cálculo do valor da tarifa de manejo de Resíduos Sólidos Urbanos.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 152


CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA – SUCESSÃO DA PRESTADORA E DA
CONCESSIONÁRIA

14.1 Caso, por qualquer motivo e em qualquer momento durante a vigência do


presente instrumento a PRESTADORA deixar de ser o prestador dos serviços públicos
de abastecimento de água e esgotamento sanitário no MUNICÍPIO, este último
compromete-se a fazer com que o sucessor da PRESTADORA na referida prestação,
seja de que natureza for, assuma os direitos e as obrigações da PRESTADORA
previstas neste instrumento.

14.2 Caso, por qualquer motivo e em qualquer momento durante a vigência


deste instrumento a CONCESSIONÁRIA deixar de ser a prestadora do SMRSU, o
MUNICÍPIO compromete-se a fazer com que o sucessor da CONCESSIONÁRIA na
referida prestação, seja de que natureza for, assuma os direitos e as obrigações da
CONCESSIONÁRIA previstas neste instrumento.

CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA – COMUNICAÇÕES ENTRE AS PARTES

15.1 Sempre que necessário, a CONCESSIONÁRIA e a PRESTADORA deverão se reunir


para discutir o andamento das ações realizadas por cada uma delas no âmbito deste
instrumento.

15.2 Em até 10 (dez) dias contados da assinatura deste instrumento, a PRESTADORA


e a CONCESSIONÁRIA deverão indicar uma à outra os dados de um profissional
responsável pelos contatos diários, para discussão de questões operacionais
relativas à gestão comercial e ao objeto deste instrumento, e de um profissional
responsável pelas discussões que não forem de alçada do primeiro profissional
mencionado.

15.3 As comunicações entre as PARTES serão efetuadas por escrito e remetidas:

15.3.1 em mãos, desde que comprovadas por protocolo;

15.3.2 por correio registrado, com aviso de recebimento; e

15.3.3 por correio eletrônico, com aviso de recebimento e confirmação de leitura.

15.4 Qualquer uma das PARTES poderá modificar os profissionais indicados e/ou
os seus respectivos endereços, mediante prévia comunicação escrita à outra, sem a
qual a correspondente notificação será considerada inválida.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 153


CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA – DISPOSIÇÕES GERAIS

16.1 O presente instrumento entra em vigor na data de sua assinatura, devendo o


extrato ser publicado, no prazo de 20 (vinte) dias contados de sua assinatura, no
__________________ e no , e ser
remetidas cópias do instrumento aos órgãos de controle interno e externo nos
prazos regulamentares.

CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA – RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

17.1 As PARTES concordam em envidar seus melhores esforços para dirimir qualquer
controvérsia originária do ou relacionada ao presente Contrato, inclusive quanto à
sua interpretação ou execução, de maneira amigável.

17.2 A controvérsia não resolvida de comum acordo será submetida ao procedimento


de mediação conduzido pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico –
ANA, nos termos de seu regulamento,

CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA – FORO

18.1 As PARTES, de comum acordo, elegem o foro da Comarca de XXXXX, Estado


de XXXXX, excluindo qualquer outro, por mais privilegiado que seja, para dirimir
as controvérsias oriundas do presente instrumento que não forem resolvidas por
mediação da ANA.

E, por estarem de acordo, as PARTES, juntamente com os intervenientes e anuentes,


assinam o presente instrumento em 05 (cinco) vias de igual teor e forma, na presença
das 2 (duas) testemunhas abaixo identificadas.

__________, ___ de _______________de 202__.


________________________________________________
Contratada: PRESTADORA
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Contratante: CONCESSIONÁRIA
Intervenientes-Anuentes:
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MUNICÍPIO

Testemunhas:
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Nome Nome
CPF CPF
Cargo Cargo

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 154


Referências
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de julho de 2020, e sobre a alocação de recursos públicos federais e os financiamentos
com recursos da União ou geridos ou operados por órgãos ou entidades da União de
que trata o Art. 50 da Lei n.º 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Disponível em: www.
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5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico,
e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/decreto/d7217.htm

BRASIL. Lei Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas


de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm

BRASIL. Lei n.º 11.107, de 6 de abril de 2005. Dispõe sobre normas gerais de
contratação de consórcios públicos e dá outras providências. Disponível em: www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11107.htm

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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/
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altera a Lei n.º 10.257, de 10 de julho de 2001, e dá outras providências. Disponível
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Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 155


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numeroProcesso=8 47429&classeProcesso=RE&numeroTema=903.

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