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Bloco 6 - Setores Econômicos e Regulação
Conhecimentos Específicos
Obra
Autores
EIXO 1 — GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA • Caroline Matos, Nágila Vilela, Renato
Philippini e Ricardo Reis
EIXO 2 — POLÍTICAS PÚBLICAS E ANÁLISE DE DADOS • Ana Philipphini, Caroline Matos, Ednilson Silva,
Fernando Zantedeschi, Herbet Ferreira, Isadora Terra, Kairton Batista, Leandro Campos, Márcio
Ferreira Neves, Rafael Ferreira Cardoso, Renato Philippini, Ricardo Reis e Vitor Augusto Grimaldi
EIXO 4 — ORÇAMENTO PÚBLICO, CONTABILIDADE E REGULAÇÃO • Alexandre Amui, Ana Julia Kachan,
Caroline Matos, Fernando Zantedeschi, Leandro Campos, Marcel Ramalho, Ricardo Reis e Ronaldo
Nagai
ISBN: 978-65-5451-292-3
Edição: Janeiro/2024
CONCEITOS .......................................................................................................................................................15
PRINCÍPIOS .......................................................................................................................................................15
NÍVEIS.................................................................................................................................................................16
MATRIZ SWOT...................................................................................................................................................18
FERRAMENTAS DE GESTÃO.............................................................................................................................19
Conceito .........................................................................................................................................................25
Formulação ....................................................................................................................................................25
Análise............................................................................................................................................................25
GESTÃO DE PESSOAS......................................................................................................................... 26
LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO...............................................................................................................................28
GERENCIAMENTO DE CONFLITOS...................................................................................................................30
GESTÃO DO DESEMPENHO...............................................................................................................................32
TELETRABALHO.................................................................................................................................. 36
TRABALHO EM EQUIPE...................................................................................................................... 38
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL..........................................................................................................43
CULTURA ORGANIZACIONAL...........................................................................................................................45
GESTÃO DE PROJETOS: CONCEITOS BÁSICOS, MODELOS E ETAPAS......................................... 47
PROCESSOS DO PMBOK.................................................................................................................... 53
GERENCIAMENTO DA INTEGRAÇÃO................................................................................................ 57
Do Escopo.......................................................................................................................................................58
Do Tempo........................................................................................................................................................58
De Custos........................................................................................................................................................58
Da Qualidade..................................................................................................................................................58
De Recursos Humanos..................................................................................................................................58
De Comunicações..........................................................................................................................................58
De Riscos........................................................................................................................................................58
De Aquisições.................................................................................................................................................58
De Partes Interessadas..................................................................................................................................58
METODOLOGIAS ÁGEIS...................................................................................................................... 60
GESTÃO DE RISCOS............................................................................................................................ 77
PRINCÍPIOS........................................................................................................................................................77
OBJETOS............................................................................................................................................................78
INTEGRAÇÃO AO PLANEJAMENTO.................................................................................................................78
Comunicação .................................................................................................................................................79
Consulta .........................................................................................................................................................79
Contextualização ...........................................................................................................................................79
Identificação ..................................................................................................................................................80
Análise ............................................................................................................................................................80
Tratamento.....................................................................................................................................................80
Monitoramento e Retroalimentação.............................................................................................................80
GOVERNO ELETRÔNICO..................................................................................................................... 86
TRANSPARÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA......................................................................... 88
ACCOUNTABILITY.............................................................................................................................................89
ANÁLISE DE CENÁRIOS...................................................................................................................... 96
IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS............................................................................................... 98
GESTÃO DE CONTRATOS.................................................................................................................111
COMPRAS CENTRALIZADAS...........................................................................................................117
MARCO LEGAL DE CT&I (LEI Nº 13.243, DE 2016, CONSTITUIÇÃO FEDERAL — ART. 218 A 219-B)........169
CONVENÇÃO QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA (UNFCCC) .........................189
OPERAÇÕES LÓGICAS....................................................................................................................................238
ARITMÉTICAS..................................................................................................................................................241
TRIGONOMÉTRICAS.......................................................................................................................................247
DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES...............................................................................................251
EQUILÍBRIO DE MERCADO..............................................................................................................................269
TEORIA DO CONSUMIDOR...............................................................................................................273
MERCADOS COMPETITIVOS...........................................................................................................279
CONCORRÊNCIA PERFEITA............................................................................................................................279
PODER DE MERCADO........................................................................................................................282
INFORMAÇÃO ASSIMÉTRICA.........................................................................................................................295
EXTERNALIDADES...........................................................................................................................................296
ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE.................................................................................................346
AQUECIMENTO GLOBAL.................................................................................................................................349
CRÉDITOS ADICIONAIS...................................................................................................................................454
OPERAÇÃO DE CRÉDITO..................................................................................................................477
RESTOS A PAGAR.............................................................................................................................480
SUPRIMENTO DE FUNDOS...............................................................................................................481
PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS.............................................................................................483
RELATÓRIOS .....................................................................................................................................490
CONTABILIDADE GERAL..................................................................................................................494
RECONHECIMENTO DE RECEITAS.................................................................................................................497
FORMAS DE REGULAÇÃO................................................................................................................522
REGULAÇÃO DE PREÇO..................................................................................................................................522
REGULAÇÃO DE ENTRADA.............................................................................................................................522
REGULAÇÃO DE QUALIDADE..........................................................................................................................522
ANÁLISE DE MERCADO...................................................................................................................................590
GOVERNAMENTAL E PRINCÍPIOS
Nesta etapa, tem-se como objetivo a definição da Além das ferramentas já mencionadas, existem
razão de ser, o propósito, a identidade e os princípios outras que podem auxiliar o planejamento e a gestão
da organização. Para isso, podem ser utilizados con- estratégica, tais como a Matriz BCG, a qual permite a
ceitos como: análise do portfólio de produtos ou serviços da organi-
zação, classificando-os em categorias, de acordo com o
z Missão: de forma a declarar o que expressa a seu crescimento de mercado e sua participação relativa.
razão de ser da organização, o seu negócio, o seu Ainda, como um instrumento de auxílio, pode-se
público-alvo e o seu diferencial competitivo; envolver a Matriz Ansoff, que, por sua vez, permite
z Visão: é a manifestação que explana o futuro dese- a análise das opções de crescimento da organização,
jado pela organização, o seu sonho, sua ambição e considerando quatro estratégias, como a inserção no
sua direção; mercado, desenvolvimento de produto e diversifica-
z Valores: como os princípios éticos e morais orien- ção, de acordo com o grau de novidade dos produtos
tam o comportamento da organização e dos seus e dos mercados.
membros, refletindo a sua cultura e a sua filosofia. Ademais, o balanced scorecard permite traduzir a
estratégia da organização em um conjunto de objeti-
Formulação de Objetivos e Estratégias vos, indicadores, metas e iniciativas, organizados em
perspectivas, tais como a financeira, clientela, proces-
Neste momento, a finalidade é definir o que a orga- sos internos, aprendizado e crescimento.
nização quer alcançar e como vai fazer isso. Para isso, Encaminhando para finalizarmos o assunto acerca
podem ser utilizados conceitos como: de ferramentas, outras duas que podem ser apresenta-
das são o mapa estratégico e a 5W2H. O primeiro, res-
z Objetivos: resultados esperados pela organização, pectivamente, representa e permite a visualização da
que devem ser dispostos observando metas especí- estratégia da organização em um diagrama que mostra a
ficas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e tem- relação de causa e efeito entre os objetivos, perspectivas,
porais (SMART); temas e iniciativas desejadas pelo balanced scorecard.
z Estratégias: cursos de ação escolhidos pela organi- Ainda nesse viés, a segunda, 5W2H, trata-se da
zação para alcançar os seus objetivos, consideran- possibilidade de elaborar uma ação de planos simples
do as suas forças, suas fraquezas, as oportunidades
e eficientes, respondendo a sete perguntas básicas
e ameaças.
(motivo pelo qual se leva a sigla): o que (what), quem
(who), quando (when), onde (where), por que (why),
Implementação de Planos e Ações
como (how) e quanto (how much).
Objetiva-se colocar em prática as estratégias defi-
NÍVEIS
nidas, transformando-as em planos e ações concretas.
Para isso, podem ser utilizados conceitos como:
O planejamento e gestão estratégica dividem-se em
níveis, de forma que configuram-se, pelo nível estraté-
z Planos: documentos que detalham as estratégias,
gico, como o mais alto de planejamento, envolvendo os
objetivos, metas, atividades, responsáveis, recur-
objetivos e estratégias da organização como um todo; o
sos, prazos e indicadores de cada área ou projeto
tático, como nível intermediário, envolvendo os obje-
da organização;
z Ações: tarefas realizadas pelos membros da tivos e estratégias de unidades menores da organiza-
organização para executar os planos, seguindo ção, como departamentos ou equipes; e o operacional,
as orientações, os procedimentos e os padrões sendo o mais nível mais baixo de planejamento, envol-
estabelecidos. vendo as tarefas e atividades específicas que devem ser
realizadas para atingir os objetivos da organização.
Monitoramento e Avaliação de Resultados
ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS E METAS
Visa-se, pelo acompanhamento, à possibilidade de ORGANIZACIONAIS
mensurar o desempenho da organização, bem como
corrigir eventuais desvios e implementar melhorias, Os objetivos, bem como as metas, são as decla-
utilizando ferramentas como: rações gerais sobre o que uma organização deseja
alcançar. Nesse espectro, como já mencionado ante-
z Monitoramento: o processo de coleta, análise e riormente, devem ser definidos de forma específica,
comunicação de informações sobre o andamento delimitando o que especificamente se busca; men-
dos planos e das ações, bem como dos problemas e surável, podendo verificar qual o tamanho do passo
das soluções encontradas; que se deseja dar; atingível, considerando que deve
z Avaliação: qualifica-se como o processo de com- ser algo possível de se alcançar com o tempo; relevan-
paração entre os resultados obtidos e os resultados te, de modo que vise qual a validade para o negócio;
esperados, bem como de identificação das causas e e temporais, possibilitando vislumbrar o prazo para
dos efeitos, dos desvios e das melhorias; executar o que se deseja.
z Correção: o processo de ajuste dos planos e das Para tanto, a importância de estabelecer dadas
ações, bem como de implementação de medidas condições é essencial para o sucesso de uma organi-
preventivas e corretivas, visando garantir o alcan- zação, uma vez que os objetivos fornecem direção e
ce dos objetivos. foco para a organização; as metas, por sua vez, permi-
tem que a organização monitore seu progresso e tome
16 medidas corretivas, se necessário.
Portanto, o processo de estabelecimento de objetivos e metas organizacionais, geralmente, envolve as etapas
ora apresentadas, vislumbrando o encontro entre planejamento e gestão de forma satisfatória.
REFERÊNCIAS
AAKER, D. A. Administração Estratégica: Planejamento e Implantação da Estratégia. 15ª ed. São Paulo: Atlas,
2017.
CHIAVENATO, I.; SAPIRO, A. Planejamento Estratégico. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
CURY, A. Organização e Métodos: uma visão holística. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Perspectiva dos
Clientes
Nessa dimensão, busca-se identificar os clientes e mercados nos quais a organização atuará, além de definir as
medidas de desempenho que serão aceitas.
Normalmente envolve indicadores como: participação no mercado, aquisição de clientes, lucratividade dos
clientes e satisfação dos clientes.
Deve-se buscar a resposta da seguinte pergunta: como o cliente nos enxerga?
Nesta perspectiva, deve-se mapear os processos críticos, ou seja, aqueles que podem causar grande impacto
nos resultados da organização. Visa também o aprimoramento desses processos através de uma análise minucio-
sa, permitindo assim aos gestores a escolha de novos caminhos, com o objetivo de melhorar os resultados.
São indicadores dessa perspectiva: eficiência dos processos operacionais, desenvolvimento de novos produtos,
eficiência dos serviços pós-vendas.
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Deve-se buscar a resposta da seguinte pergunta: O BSC contribui para que a nova Administração
em quais processos precisamos ser eficientes? Pública melhore o seu sistema de avaliação de quali-
dade e a satisfação do cliente-usuário, proporcionan-
PERSPECTIVA DO APRENDIZADO E DO do uma maior integração do orçamento na elaboração
CRESCIMENTO dos planos e um ganho substancial no foco, na motiva-
ção e responsabilidade no Poder Público.
Refere-se à essência da organização, sob o ponto
de vista daquilo que é essencial para a empresa cres- MATRIZ SWOT
cer com sucesso no futuro.
São os famosos “ativos intangíveis”, tais como: A ferramenta mais utilizada, e também a mais
pessoas, expertise, procedimentos organizacionais. cobrada em concursos, é a famosa matriz (análise)
Neste sentido, para o sucesso da organização no futu- SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and
ro, deve-se treinar seu pessoal, desenvolver sistemas Threats), em português, FOFA (Forças, Oportunida-
melhores e implantar procedimentos que levem à des, Fraquezas e Ameaças).
evolução da empresa. A matriz SWOT divide as variáveis em duas dimen-
Exemplos de indicadores desta dimensão: satis- sões, observe a seguir:
fação dos funcionários, retenção de funcionários e
lucratividade por funcionário. Análise do Ambiente Interno
Deve-se buscar a resposta da seguinte pergunta:
como podemos continuar a melhorar e a criar valor Consiste na análise das condições internas que a
agregado? organização possui naquele momento, além de iden-
tificar as práticas atuais da organização e o seu modo
PERSPECTIVA FINANCEIRA de operar. É realizado por meio do mapeamento dos
pontos fortes e dos pontos fracos.
Envolve os indicadores financeiros e contábeis, É o processo que examina os recursos disponíveis,
objetivando criar valor duradouro e sólido para a sejam financeiros, produtivos e humanos da empresa,
organização, além de indicar se a estratégia adotada verificando quais são suas forças e fraquezas e como
está se traduzindo em resultados financeiros. a empresa pode explorar as oportunidades e defron-
São exemplos de indicadores desta perspectiva: tar-se com as ameaças que o ambiente externo lhe
retorno sobre investimento, lucratividade, aumento apresenta.
do mix da receita e redução de custos/aumento da Percebemos, assim, que a análise do ambiente
produtividade. interno é restrita (dentro da organização) e controlá-
Deve-se buscar a resposta da seguinte pergunta: vel (possibilidade de tomar ações para melhoria).
como atendemos aos interesses dos acionistas?
z Pontos fortes: são características internas posi-
Dica tivas que a organização possui e favorecem o
cumprimento de seus objetivos, deixando-a em
O Balanced Scorecard é um modelo de gestão
vantagem perante seus concorrentes. Exemplifi-
estratégica e representa algo muito além de um cando: equipe qualificada, logística eficiente, agi-
mero sistema de medidas e indicadores. lidade na tomada de decisão;
z Pontos fracos: são as deficiências, os fatores e as
Em breve síntese, o BSC permite o alinhamento características negativas que se encontram pre-
de estratégias, ações e indicadores aos objetivos da sentes e de algum modo prejudicam o alcance dos
empresa, integrando, de forma balanceada, as estra- objetivos da organização, mantendo a empresa
tégias de longo prazo com as de curto prazo e, assim, em desvantagem em relação a seus concorrentes.
proporcionando uma ampla visão do desempenho da Exemplificando: equipe com pouca qualificação,
organização. equipe desmotivada, produto desatualizado, alto
Como vimos, o Balanced Scorecard foi desenvolvi- custo, pouco capital para investimento.
do para servir como um sistema de gestão estratégi-
ca nas empresas privadas. A seguinte pergunta deve
estar na sua cabeça: é possível a utilização do BSC nas Importante!
organizações públicas?
A resposta é sim. Conforme os próprios autores, as Uma das ferramentas para identificar os pontos
perspectivas do BSC devem funcionar como um mode- fortes e fracos é a avaliação do desempenho,
lo e não como uma camisa de força. Dessa maneira, é podendo ser segmentada de acordo com as
possível alterar ou inserir perspectivas de acordo com áreas funcionais da organização.
a natureza de cada órgão Público.
A adaptação mais visível é o deslocamento da
perspectiva financeira para a base do BSC, visto que, Análise do Ambiente Externo
na Administração Pública, é condição indispensável,
e não resultado final. Ainda nesse quesito, normal- Consiste no mapeamento ambiental das variáveis
mente é alterada a nomenclatura financeira para externas e não controláveis, como as oportunidades
orçamentária. — que criam situações favoráveis — e as ameaças —
Portanto, se sua prova afirmar que o BSC é incom- que criam situações desfavoráveis. Dessa forma, ela é
patível com a Administração Pública, pode assinalar ampla e incontrolável, sendo indispensável na esco-
sem nenhuma dúvida que a assertiva está errada. lha da estratégia a ser utilizada pela organização.
18
Quanto mais competitivo, instável e complexo for o ambiente externo, maior a necessidade dessa análise.
z Oportunidades: são os fatores externos que podem beneficiar a organização no alcance de seus objetivos.
Exemplificando: crescimento do mercado consumidor, câmbio valorizado (para empresas que exportam),
quebra de um concorrente;
z Ameaças: são os fatores externos que podem atrapalhar a organização na sua sobrevivência. Em regra, é
tudo aquilo que influência em seu desempenho de forma negativa, sem que ela possa fazer algo para mudar
a variável estabelecida. Exemplificando: um novo concorrente, aumento de impostos, uma nova legislação,
câmbio valorizado (para empresas que importam produtos).
S W
Fatores Internos
Strengths Weaknesses
(forças) (fraquezas)
O T
Fatores Externos
Opportunities Threats
(oportunidades) (ameaças)
Analisando a matriz SWOT, inferimos que as forças e fraquezas representam os fatores internos (controlá-
veis). Já as oportunidades e ameaças retratam os fatores externos (incontroláveis).
Internalizando o conhecimento, e unindo a teoria com a prática, vamos desenhar a matriz SWOT de uma loja
que comercializa telefones celulares.
Forças: Fraquezas:
Oportunidades: Ameaças:
Portanto, a loja em questão deve aproveitar as oportunidades do mercado externo, maximizando seus pontos
fortes e trabalhando para minimizar os seus pontos fracos, sempre atenta para as ameaças que podem se concre-
tizar do ambiente externo.
A partir da análise SWOT, analisando-se as oportunidades e ameaças ambientais de um lado e as potencia-
lidades (pontos fortes) e vulnerabilidades (pontos fracos) internas de outro, o administrador tem em mãos um
balizamento que o auxilia a redefinir as alternativas estratégicas em relação à ação futura.
FERRAMENTAS DE GESTÃO
As ferramentas da qualidade são técnicas e/ou instrumentos que possibilitam ao administrador monitorar
(controlar) e melhorar o fluxo de trabalho de cada processo, permitindo assim correções para a maximização do
trabalho. 19
Cada uma das ferramentas foi desenvolvida para uma função específica, mas nada impede a utilização delas
em conjunto, dependendo do caso concreto. A seguir, elencamos as principais ferramentas cobradas nos mais
diferentes certames e suas funções:
A seguir, estudaremos cada uma das ferramentas, com ênfase no que é mais cobrado nas provas de concursos.
Criado em 1943 pelo químico japonês Kaoro Ishikawa (um dos principais expoentes da qualidade total) com
o intuito de fornecer uma ferramenta poderosa que facilmente pudesse ser usada por não especialistas para ana-
lisar e resolver problemas, revolucionou a busca das causas relevantes na gestão da qualidade.
O diagrama que tem a forma de uma espinha de peixe representa graficamente os relacionamentos entre um
efeito e a sua causa, e tem por finalidade organizar o raciocínio e a discussão sobre as causas de um problema,
possibilitando entender melhor seu processo.
Causas Efeitos
O diagrama espinha de peixe também é conhecido como diagrama de Ishikawa ou diagrama de causa e efeito.
Ele parte da premissa de que para solucionar os problemas é fundamental conhecer quais são as suas causas
geradoras. Assim, o processo é a causa e o produto é o efeito ou consequência.
Esse tipo de diagrama apresenta quatro possíveis tipos de causas normalmente encontradas nos problemas de
fábrica; por isso, alguns autores denominam-no também de Diagrama 4 M:
z mão de obra;
z método;
z materiais;
z máquinas.
Alguns autores acrescentam ainda mais uma ou duas variáveis, tornando assim o diagrama “5 M” ou “6 M”, a
depender do número de variáveis utilizadas. As novas variáveis são “meio ambiente” e “medida”.
Assim, estrutura-se e hierarquiza-se as principais causas que podem estar gerando um determinado efeito. De
forma didática e simples, Chiavenato conceitua o diagrama como uma ferramenta usada para que se identifique
as causas geradoras dos efeitos.
A grande vantagem desta ferramenta é a possibilidade de utilizá-la para qualquer situação, identificando, a
partir de seus efeitos, as causas de qualquer tipo de problema.
Unindo a teoria com a prática, Daniel H. Hunt1, de forma clara e simples, exemplifica a utilização da ferramen-
ta na “produção” de pipoca.
Cada um dos fatores que podem contribuir para que o milho não estoure é considerado uma espinha de peixe,
isto é, uma entrada cuja influência deve ser avaliada no problema.
Materiais Método
Causas Efeitos
Folha de Verificação
A folha de verificação, também conhecida como folha de coleta de dados, é uma ferramenta simples, mas efi-
caz, de coleta de dados úteis acerca de uma situação específica (problema/defeito a ser sanado).
Atenção: em regra, a folha de verificação é o ponto inicial da gestão da qualidade, pois os dados coletados
podem ser utilizados pelas demais ferramentas.
Sua construção e sua aplicação são simples: na primeira coluna, relaciona-se os itens a serem observados, e
nas colunas seguintes, os erros e problemas (defeitos) ocorridos em um determinado período.
Para facilitar o entendimento, analisemos um caso prático:
Você, como consultor de qualidade, precisa analisar o processo de fabricação de um automóvel em uma indús-
tria automobilística. Para iniciar seus trabalhos, primeiramente é necessário identificar as atividades que estão
“atrapalhando” na qualidade desejada.
Utilizando a folha de verificação, vamos coletar esses dados:
Defeito no chassi 1 2 4 7
Percebemos, ao analisar a tabela acima, que o setor com mais problemas (defeitos) é o de pintura; assim, já
poderíamos buscar as causas do problema.
Histograma
Dia 2 7
Dia 3 5
Dia 4 9
Dia 5 10
Dia 6 5
Dia 7 3
21
Pessoas atendidas — Semana 1 Na figura a seguir, elencamos as principais carac-
12 terísticas do princípio de Pareto:
10
20% dos eventos causam 80% dos problemas
8 Gráfico
de
6
Pareto Técnica de priorização
4
O gráfico de Pareto (também chamado de princí- Diagrama de Dispersão é uma ferramenta para
verificar a correlação ou dependência entre duas
pio de Pareto ou princípio 80/20) é uma ferramenta/
quaisquer variáveis de processos, dentre as várias
técnica muito utilizada na gestão da qualidade; ele possíveis. A ferramenta permite identificar o sen-
permite classificar e priorizar uma variável seguindo tido de variação de uma das variáveis, quando a
a regra 80/20, ou seja, 80% das consequências de um outra varia (aumentando ou diminuindo)2.
fenômeno provêm de 20% de causas.
O nome “Pareto” vem de uma homenagem ao eco- Essa ferramenta é construída através de um sis-
nomista italiano Vilfredo Pareto que, em seu estudo, tema cartesiano — pares ordenados (x,y) — que visa
observou que 80% da riqueza da Itália estava nas demonstrar como a alteração sofrida por uma variá-
vel correlaciona-se com a alteração da outra variável.
mãos de 20% da população.
Simplificando: o gráfico de correlação permite a
Sintetizando: o princípio de Pareto significa que
visualização de como uma mudança ocorrida em um
80% dos problemas são ocasionados por 20% de cau- fator (variável) pode afetar outro fator (outra variável).
sas, o quer dizer que são poucas causas que originam Para facilitar o entendimento, observemos um
a maioria dos problemas. caso prático. Verificar a correlação entre horas de
Nesse sentido, o diagrama de Pareto serve justa- estudos e a aprovação em concurso:
+ Horas de estudo
mente para identificar esses aspectos de melhorias + Aprovação
que oferecem maior potencial de resultados para a
organização.
Esquematizando:
Horas de Estudo
Direção de fluxo
Espera / atraso
Documentos
Gráfico de Controle
Gráfico de controle, também chamado de carta de controle, é uma ferramenta da qualidade utilizada para
medir a variabilidade de um processo através de seu desempenho estatístico, quantificando a frequência de cer-
tos eventos em um determinado período.
Conforme Paladini (2002):
As cartas de controle fornecem um diagnóstico da atual situação do processo (como se obtivesse uma fotografia
objetiva dele), como analisam como se comportará em futuro próximo, isto é, quais são suas tendências3.
Para a construção do gráfico, são atribuídos limites de especificações superior e inferior que refletem, respec-
tivamente, os valores máximos e mínimos permitidos. Há, também, a linha central, que representa a média.
Essa ferramenta permite identificar pontos ou padrões incomuns que necessitam de correção; possibilita tam-
bém monitorar a estabilidade e o controle do processo.
Vamos analisar um exemplo prático para entender como essa ferramenta funciona.
No gráfico a seguir, temos o número de defeitos no primeiro semestre do ano 2020 no processo de fabricação
de sapatos da empresa X:
500
400
300
100
iro
iro
ço
il
o
r
ai
nh
Ab
ar
re
ne
Ju
M
ve
Ja
Fe
Analisando o gráfico, percebemos que, nos meses de março e maio, tivemos um comportamento atípico do
processo. Dessa maneira, é necessário verificar os fatores que influenciaram essa ocorrência.
Em relação ao mês de março, deve-se verificar o fator positivo pelo baixo número de defeitos e assim replicá-lo
para os outros meses.
Já em relação ao mês de maio, pode-se dizer que o processo está “fora de controle” (defeitos acima do limite
máximo aceitável); deve-se, assim, identificar e corrigir o que está errado no processo.
3 PALADINI, E. P. Avaliação Estratégica da Qualidade. São Paulo: Atlas, 2002. 23
Programa Seis Sigmas
O programa Seis Sigmas (Six Sigma) é uma metodologia de redução de desperdícios por meio da eliminação de
produtos defeituosos, desenvolvida nos anos 1980 pela empresa Motorola.
O nome da metodologia advém da medida estatística da variação de produtos (desvio-padrão de uma amostra),
representada pela letra grega sigma. Dessa maneira, para alcançar os seis sigmas, um processo não pode produzir
mais de 3,4 defeitos por milhão de oportunidades (de defeitos), ou seja, quase zero defeito.
Os Seis Sigmas popularizaram-se como ferramenta de uso universal, tanto na fabricação de produtos quanto
na prestação de serviços. Para a implementação desse programa, normalmente é utilizada uma ferramenta de
desenvolvimento de melhoria de processos denominada DMAIC.
DMAIC é o acrônimo (abreviatura) de: Define (definir), Measure (medir), Analyse (analisar), Improve (aprimo-
rar) e Control (controlar); cada letra representa uma etapa do processo de evolução.
Define
Selecionar o processo a ser aprimorado
(Definir)
Measure Fazer o levantamento sistemático dos dados de
(Medir) desempenho do processo a ser aprimorado
Analyse Avaliar os dados para identificar as possibilidades de
(Analisar) aprimoramento
Improve Criar e implantar soluções para os problemas
(Aprimorar) identificados
Control
Acompanhar o desempenho do novo processo
(Controlar)
Programa 5S
O programa 5S é uma técnica desenvolvida no Japão utilizada para estabelecer e manter a qualidade ambien-
tal na organização, a partir do fortalecimento de valores, ideias e crenças que proporcionam a melhoria na pro-
dutividade, segurança, arrumação, limpeza e eliminação de desperdícios.
Trata-se de uma técnica simples que tem sido amplamente utilizada no Japão, objetivando não apenas melho-
rar o local físico do trabalho, mas também aprimorar a organização das ideias.
Seu nome vem da abreviatura de 5 palavras no idioma japonês: seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke. Os “S”
foram traduzidos para o português e significam:
Metodologias para medição de desempenho são processos que permitem avaliar o quanto uma organização,
uma equipe ou um colaborador está atingindo os seus objetivos e entregando os resultados esperados. Dessa
forma, estas são importantes para identificar pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças, necessidades e
expectativas dos stakeholders, e implementar melhorias contínuas.
Existem diversas metodologias para medição de desempenho, que podem variar de acordo com o tipo, o tama-
nho, o setor e a cultura da organização. Algumas das principais são:
z Autoavaliação: o próprio colaborador analisa o seu desempenho, identificando os seus pontos fortes e os seus
pontos a serem melhorados, de acordo com critérios predefinidos;
z Avaliação 360º: o colaborador é avaliado por todos os que se relacionam com ele, como gestores, líderes, cole-
24 gas, clientes e fornecedores, e, também, avalia a si mesmo e aos outros;
z Avaliação por objetivos: o desempenho do colabo- Formulação
rador é medido de acordo com o grau de alcance
dos objetivos estabelecidos em conjunto com o ges- A formulação de indicadores de desempenho deve
tor, que devem seguir a linha “SMART” (específicos, seguir os passos de definir os objetivos que serão ava-
mensuráveis, alcançáveis, relevantes e temporais); liados pelos indicadores, bem como deve-se identifi-
z Avaliação por competências: o desempenho do car os KPIs que serão usados no processo.
colaborador é avaliado de acordo com o conjun- Por conseguinte, a definição de metas para cada
to de conhecimentos, habilidades e atitudes que um dos indicadores, tal qual a coleta e análise de
se demonstram no exercício de suas funções, uma dados, são passos sucessivos para a visualização dos
vez que devem se alinhar com a missão, visão e indicadores, identificando, sempre que possível, as
valores da organização; tendências e áreas de melhoria.
z Avaliação por escala gráfica: haverá a classifi-
Análise
cação do colaborador de acordo com uma escala
numérica ou verbal, que varia de excelente a insu- A análise de indicadores de desempenho deve
ficiente, por exemplo, em relação a diversos fato- seguir os passos de comparação de metas, tanto as
res, como qualidade, produtividade, pontualidade, definidas quanto as concorrentes. Dessa forma, os
criatividade etc. KPIs devem ser analisados para identificar tendên-
cias, bem como as causas das variações dentro dos
OBJETIVOS próprios indicadores.
GESTÃO DE PESSOAS
CONCEITO
Trabalhadores vistos como fatores de produção. Os cus- Surgimento da Escola de Relações Humanas. O homem
tos desses devem ser administrados de forma racional passa a ser visto como ser social e não mais como ho-
e lógica mem econômico
As funções de gestão de pessoas não são genéricas Necessidade de desenvolver competências humanas
para todos os tipos de organizações, mas associadas às para que, consequentemente, as competências organiza-
diretrizes estratégicas de cada uma cionais sejam asseguradas
Ainda no que diz respeito à evolução da GP, cabe destacar a visão de Chiavenato (2014). O autor destaca que a
partir da Revolução Industrial surgiu o conceito atual de trabalho e que, ao longo do século XX, algumas mudan-
ças ocorreram, podendo ser divididas em três eras organizacionais: Era da Industrialização Clássica, Era da Indus-
26 trialização Neoclássica e Era da Informação.
A Era da Industrialização Clássica compreende o transações comerciais, que antes aconteciam apenas
período após a Revolução Industrial (meados de 1840) no âmbito local, passaram a ser regionais e interna-
até 1950. Chiavenato (2014) aponta que as principais cionais, o que contribuiu para a expansão da competi-
características dessa era são a intensificação da indus- ção entre as organizações.
trialização a nível mundial e o advento dos países A estrutura organizacional burocrática da Era da
desenvolvidos. Nesse contexto, as organizações ado- Industrialização Clássica deixou de ser suficiente para
tavam a estrutura organizacional burocrática, confor- acompanhar as mudanças externas. Para esse contex-
me figura a seguir. to, a estrutura matricial, exibida na figura a seguir, foi
adotada.
Dica
A expressão “status quo” é latina e significa “o
estado das coisas”. Manter o status quo em
uma organização significa, portanto, manter as
atividades funcionando exatamente como elas
estão. Logo, não há possibilidade de adaptar ou
substituir os processos por outros, ainda que
sejam mais viáveis. A ideia é: se deu certo no
passado, por que mudar?
Nesse tipo de estrutura, há uma grande interação
A Era da Industrialização Neoclássica compre- e interdependência entre as diversas equipes. É notó-
ende o período entre 1950 e 1990. De acordo com ria também a ênfase no conhecimento e nas possibi-
Chiavenato (2014), nessa época as mudanças come- lidades de inovação. A responsabilidade dos gerentes,
çaram a ocorrer de forma progressiva. Além disso, as como afirma Chiavenato (2014), é fazer com que o 27
conhecimento seja útil e produtivo para as organi- IMPORTÂNCIA
zações. A cultura organizacional deixa de conside-
rar apenas os aspectos internos e passa a focar no A importância da GP é evidenciada pela relação
ambiente externo e nas oportunidades de mudança. entre indivíduos e organizações. Pense sobre quanto
Diferentemente das duas eras anteriores, aqui o tempo as pessoas despendem, por dia, no ambiente
capital intelectual ganha destaque e as pessoas tor- organizacional ou em atividades de trabalho. 6 horas?
nam-se parceiras da organização. A inteligência, 8 horas? Agora multiplique por cinco (ou seis) dias na
habilidades e personalidade dos trabalhadores são os semana. Imagine a quantidade de horas por ano. As
recursos mais importantes da organização, pois é por pessoas vivem grande parte de suas vidas no trabalho
meio deles que é possível enfrentar e superar os desa- e, por isso, a importância de que ele não seja um “fardo”
fios organizacionais. ou um grande “aborrecimento” para os trabalhadores.
Essas três eras apresentam diferentes abordagens Por outro lado, conforme discutido anteriormente,
sobre como lidar com os trabalhadores, podendo ser as organizações precisam das pessoas para conduzir
caracterizadas da seguinte maneira: suas atividades e obter sucesso. Por isso, “as organi-
zações jamais existiriam sem as pessoas que lhes dão
z Relações Industriais na Era da Industrialização vida, dinâmica, energia, inteligência, criatividade e
Clássica; racionalidade” (CHIAVENATO, 2014, p. 6).
z Recursos Humanos na Era da Industrialização
Neoclássica; RELAÇÃO COM OUTROS SISTEMAS DE
z Gestão de Pessoas na Era da Informação. ORGANIZAÇÃO
Apresentado o contexto histórico da gestão de pes- Para finalizar, é importante destacar que o setor
soas, vamos tratar sobre seu conceito. A forma como de Gestão de Pessoas se relaciona com os demais siste-
mas da organização. Não apenas esse setor, mas toda
as organizações administram os seus recursos huma-
a organização está interligada. Isso significa que é a
nos vem mudando ao longo dos anos. Tais mudanças
soma de todas as partes organizacionais que possibili-
são refletidas nas nomenclaturas dadas à área, tais
ta o bom desempenho e sucesso.
como administração de recursos humanos, departa-
Vamos pensar em um exemplo. O departamen-
mento de pessoal, administração de pessoal, gestão do
to de produção é importante, mas se houver apenas
capital humano, entre outros. Neste material, utiliza-
ele, quem desempenhará as vendas? Quem cuidará
remos sempre o termo “Gestão de Pessoas”.
da logística e da distribuição do que for produzido?
De acordo com Fischer (2002, p. 12),
Quem avaliará o desempenho e a produtividade dos
trabalhadores? Quem será responsável por gerenciar
[...] entende-se por modelo de gestão de pessoas a
as remunerações dos trabalhadores? Portanto, é fun-
maneira pela qual uma empresa se organiza para
damental que todas as áreas da organização realizem
gerenciar e orientar o comportamento humano no
as suas atividades com sinergia.
trabalho. Para isso, a empresa se estrutura definin-
Em uma situação mais específica, vamos imaginar
do princípios, estratégias, políticas e práticas ou
que uma das vendedoras da Empresa Alfa está grá-
processos de gestão.
vida e ficará ausente por um tempo devido à licença
maternidade. O supervisor de vendas deve encami-
Complementarmente, de acordo com Chiavenato
nhar para a administração da empresa a necessidade
(2014), a GP pode assumir três significados diferentes:
de contratação temporária de outro profissional. Logo
função ou departamento, conjunto de práticas e pro-
que a administração concordar com a contratação, o
fissão. Acompanhe:
setor de GP deve ser informado, a fim de iniciar os
processos de recrutamento, seleção e treinamento (se
z A GP como departamento é área da organiza- necessário). No processo de recrutamento, o departa-
ção responsável por funções como recrutamento, mento de marketing pode ser envolvido para tornar a
seleção, treinamento, desenvolvimento, oferta de vaga mais atrativa aos possíveis candidatos. Os recur-
benefícios e serviços sociais, implementação de sos financeiros também devem ser gerenciados, já que
programas de incentivos, remuneração, avalia- pelo menos durante os 120 dias da licença maternida-
ção do desempenho, atenção a questões de saúde, de a empresa terá que pagar um funcionário “a mais”.
segurança e qualidade de vida no trabalho, entre Caso esses departamentos não trabalhem em sin-
outros; cronia e em prol de um objetivo comum — a contra-
z A GP como conjunto de práticas indica como a tação de um novo profissional — a equipe de vendas
organização realiza as atividades associadas a pode ficar defasada, podendo gerar, inclusive, insa-
recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvi- tisfação dos clientes da Empresa Alfa. Por isso, é fun-
mento, benefícios e serviços sociais, programas de damental pensar na organização como um todo e em
incentivos, remuneração, avaliação do desempe- como as atividades de cada um dos departamentos
nho, saúde, segurança e qualidade de vida no tra- são essenciais.
balho, entre outros;
z A GP como profissão inclui aqueles indivíduos LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO
que atuam em profissões estritamente associadas
aos recursos humanos, tais como os recrutadores, Liderança
selecionadores, treinadores, gestores de remu-
neração, profissionais de segurança do trabalho, A liderança, conforme apresentada por Robbins
entre outros. (2005), indica traçar metas, comunicar e engajar
os trabalhadores de forma que os objetivos sejam
28 alcançados. Os líderes inspiram os empregados e os
auxiliam na superação dos obstáculos e dificuldades. Motivação
Posto de uma forma bastante direta, a liderança é a
capacidade de um indivíduo influenciar um grupo no A motivação é o “[...] processo responsável pela
alcance de objetivos preestabelecidos. intensidade, direção e persistência dos esforços de
A liderança pode ser formal ou informal (ROB- uma pessoa para o alcance de uma determinada
BINS, 2005). Na liderança formal, a influência sobre meta” (ROBBINS, 2005, p. 132). A intensidade diz res-
um grupo é exercida por alguém que tem um cargo peito ao esforço empregado por uma pessoa na rea-
mais alto na hierarquia da organização. Visto que car- lização de um objetivo. A direção indica “para onde
gos mais elevados indicam certo grau de autoridade, vamos”. Não adianta o trabalhador empregar esforço
o líder consegue a adesão dos subordinados devido se não souber em que direção deve caminhar. Por últi-
ao cargo que ocupa. Alguns exemplos de liderança mo, a persistência indica quanto tempo um indivíduo
formal incluem: gestor de projetos, administrador de consegue manter seu esforço, isto é, por quanto tempo
recursos humanos, gerente de compras etc. consegue ficar motivado. A motivação e o desempe-
Por outro lado, a liderança informal surge na orga- nho estão intimamente relacionados, pois um pro-
nização informal. Robbins afirma que a liderança não fissional motivado tende a ter melhores resultados e
sancionada, isto é, que surge fora da organização formal, bom desempenho em suas tarefas.
é tão ou até mais importante que a liderança formal. Apesar de muitos líderes buscarem formas de
Independentemente do tipo de liderança (formal motivar os trabalhadores por meio de palestras e trei-
ou informal), é importante destacar que os indiví- namentos, por exemplo, a motivação é intrínseca, ou
duos não devem exercer seus papéis de líderes sem seja, está no interior dos indivíduos. É impossível, por-
considerar os aspectos éticos. Enquanto líderes éticos tanto, que um gestor ou líder seja capaz de motivar os
incentivam os trabalhadores e cobram resultados, colaboradores.
líderes antiéticos podem praticar agressões verbais/ A teoria mais conhecida sobre motivação é Teoria
morais com os subordinados. da Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow.
William Hitt (1990 apud MATTAR, 2010) identifica De acordo com o autor, as necessidades dos indivíduos
quatro estilos de liderança, que corresponderiam a estão dispostas como que em uma pirâmide, de forma
sistemas éticos distintos, conforme apresentado no que, em um primeiro momento, busca-se atender aos
quadro a seguir. objetivos da base da pirâmide e, em seguida, as neces-
sidades vão aumentando. A figura a seguir demonstra
TIPO DE LÍDER CARACTERÍSTICAS as necessidades propostas por Maslow.
Para falarmos sobre gerenciamento de conflitos é necessário antes definir conflito. Robbins (2005) considera
que o conflito envolve duas partes e ocorre quando uma parte percebe que a outra o afeta ou pode afetar de forma
negativa em algo que a primeira considera importante. Trata-se, portanto, de perceber que existe algum grau de
divergência entre as partes.
O conflito possui três características principais, de acordo com McIntyre (2007):
z Deve ser percebido pelas partes envolvidas, caso contrário, não há conflito;
z Tem que existir uma interação. Por exemplo: o simples fato de André ter uma opinião sobre um assunto e Jorge
ter uma opinião contrária, não indica um conflito. O conflito só ocorrerá se André e Jorge interagirem. Se cada
um deles mora em uma parte do país e não se conhecem, não há que se falar em conflito;
z Tem que haver uma incompatibilidade entre as partes. Só existe conflito se tiver oposição ou incompatibilida-
de de objetivos/ideias das partes.
Dica
O conflito pode ser de três tipos (ROBBINS, 2005):
� Conflito de tarefa: está associado ao conteúdo e aos objetivos do trabalho.
� Conflito de relacionamento: está associado com as relações entre as pessoas no trabalho.
� Conflito de processo: está associado com a forma que o trabalho é realizado.
De acordo com Robbins (2005) o conflito pode ser funcional ou disfuncional. Os conflitos funcionais são cons-
trutivos porque ajudam a resolver o problema ou a chegar em uma solução comum para o grupo. Esse tipo de
conflito contribui para um clima de trabalho autocrítico e inovador. Já os conflitos disfuncionais são destrutivos,
pois em nada contribuem para o desenvolvimento do grupo. Nesse caso, quando existem poucos conflitos, o cli-
ma de trabalho pode ser estagnado e avesso a mudanças e novas ideias. Quando há um alto nível de conflitos, o
ambiente de trabalho tende a ser caótico e pouco cooperativo. Os conflitos funcional e disfuncional impactam no
desempenho das organizações. A figura abaixo ilustra esses impactos.
alto
Desempenho da
unidade
A B C
baixo
Evitamento
Nesse caso, há uma baixa preocupação consigo mesmo e com os outros. Busca-se evitar ou adiar o conflito a
todo custo. O evitamento ocorre principalmente quando:
z O problema não tem importância: por exemplo, apesar de torcer para o Time X, não me importo se o time
perdeu a partida de futebol no jogo de ontem;
z Não há uma possibilidade de ganhar: por exemplo, sei que apesar de gostar de peixe, as outras cinco pessoas
que estão comigo no restaurante preferem carne, portanto, vão pedir carne para o almoço;
z É necessário mais tempo para obter informações: por exemplo, apesar de ter preferência pelo candidato Y,
preciso colher mais informações sobre as propostas políticas dele e dos demais candidatos antes de defendê-lo
na roda de amigos;
z A incompatibilidade pode ser perigosa ou gerar algum tipo de custo: por exemplo, nas vésperas das eleições,
30 pode ser perigoso defender um candidato, pois as pessoas estão com as emoções à flor da pele.
Acomodação Por último, Chiavenato (2014) indica três aborda-
gens para o gerenciamento de conflitos: abordagem
Nesse caso, há uma baixa preocupação consigo estrutural, abordagem mista e abordagem de proces-
mesmo e uma alta preocupação com os outros. Para so. Essas abordagens são apresentadas de acordo com
acabar com o conflito, é mais importante satisfazer as as ideias do autor.
ideias da outra parte. A acomodação ocorre quando:
Abordagem Estrutural
z O assunto é de extrema relevância para a outra
pessoa: por exemplo, mesmo considerando que o Nessa abordagem, considera-se que o conflito sur-
Whatsapp é a melhor forma de divulgar os produ- ge em razão das condições de diferenciação, escassez
tos de uma loja de roupas, concordo com o colega de recursos e interdependência. Caso seja possível
profissional da área de marketing que diz que o atuar sobre essas três fontes, os conflitos podem ser
Instagram é mais adequado para isso; controlados. A abordagem estrutural, portanto, atua
z Busca-se “acumular créditos” com a outra parte: antes da ocorrência do conflito e busca enfrentar as
por exemplo, ainda que eu discorde das ideias do condições que predispõem ao conflito:
meu chefe, não demonstro, pois espero que futura-
mente ele me ofereça uma promoção; z Reduzir a diferenciação dos grupos: é possível
z Manter a harmonia é o mais importante: por exem- minimizar a diferença entre os grupos ao identifi-
plo, pode ser melhor acomodar-se e não gerar dis- car objetivos que podem ser compartilhados pelos
cussão no ambiente de trabalho para manter um grupos. Quando os grupos percebem que possuem
clima de respeito e amizade. interesses em comum, a incompatibilidade de
objetivos pode ser reduzida. Outra forma de redu-
Dominação zir a diferenciação é reagrupando os grupos confli-
tantes para que participem de uma unidade maior
Nesse caso, há uma alta preocupação consigo mes- e com objetivos comuns.
mo e uma baixa preocupação com os outros. Caracte- z Interferir nos recursos compartilhados: uma for-
riza-se pela imposição dos próprios objetivos e ideais ma de reduzir os conflitos é alterando os meca-
sem levar em consideração as necessidades da outra nismos de remuneração e recompensa dos grupos
parte. A dominação ocorre quando:
conflitantes. Uma opção é criar objetivos compar-
tilhados e remunerar o desempenho conjunto.
z Uma ação decisiva deve ser imposta o mais rápi- Assim, ambos os grupos percebem a vantagem do
do possível: por exemplo, um sócio pode tomar a
trabalho em equipe e eliminação das desavenças.
decisão de vender algumas ações da empresa sem
z Reduzir a interdependência: se os grupos são sepa-
consultar os colegas ao perceber que os preços das
rados, tanto fisicamente quanto estruturalmente,
ações estão caindo rapidamente.
é possível que a pouca interdependência em suas
atividades torne a interferência mais difícil e, con-
Concessão Mútua
sequentemente, reduza o conflito.
Nesse caso, há uma média preocupação consigo
Abordagem de Processo
mesmo e com os outros. As partes cedem em alguns
aspectos e “ganham” em outros. Por isso, nenhuma
parte fica completamente satisfeita e novos conflitos Nessa abordagem, busca-se reduzir o conflito ao
podem surgir. A concessão mútua ocorre quando: modificar os processos que interferem no conflito.
Diferentemente da abordagem estrutural, a aborda-
Trata-se de uma simplificação das escalas gráficas. A diferença é que os fatores são avaliados quantitativa-
mente, podendo variar, por exemplo, de 1 a 5 em que 5 indica que o trabalhador possui desempenho excelente no
fator avaliado. Alguns exemplos de áreas de avaliação de desempenho abrangem: aceita responsabilidades, adota
práticas de segurança e tem cuidado com o patrimônio (Chiavenato, 2014). As vantagens e desvantagens são as
mesmas do método de escalas gráficas.
Nesse tipo de avaliação, o trabalhador e o seu gerente desenvolvem, em conjunto, os objetivos que devem
ser alcançados pelo colaborador. Já que o colaborador participa da determinação das metas, existe um maior
comprometimento em alcançá-las, pois sabe-se que não se trata de metas irrealistas. De acordo com Chiavenato
(2014), esse tipo de avaliação é composto por seis etapas:
O processo da avaliação participativa por objetivos pode ser visualizado na figura a seguir.
Avaliação 360º
Esse tipo de avaliação é circular, isto é, todas as pessoas que estão ao redor do trabalhador ou que possuem
algum tipo de interação com ele participam da avaliação. Envolve a avaliação de gerentes, executivos, colegas
do mesmo nível, subordinados, entre outros. Na avaliação 360º, busca-se identificar os pontos positivos e nega-
tivos do comportamento do trabalhador. No entanto, para que seja eficaz, a organização deve ter uma cultura
de comunicação e participação. Caso contrário, o avaliado pode se sentir ofendido ou até mesmo atacado pelos
avaliadores.
Objetivos
Os sistemas de incentivo e responsabilização são ferramentas de gestão que buscam motivar os indivíduos e
organizações a alcançarem seus objetivos.
Incentivos
Os incentivos são estímulos positivos que são usados para motivar as pessoas a agirem de uma certa forma.
Assim, podem ser financeiros, não financeiros ou uma combinação dos dois.
São exemplos de incentivos financeiros os salários, bônus e participação nos lucros. Como exemplo de incenti-
vos não financeiros estão o reconhecimento, a promoção e as oportunidades de desenvolvimento.
Responsabilizações
Por sua vez, as responsabilizações são mecanismos que são utilizados para garantir que as pessoas sejam res-
ponsáveis por suas ações, de modo que podem ser formais ou informais. 33
De maneira ilustrativa, são exemplos de responsa- z Implementação do sistema: a quarta etapa é imple-
bilizações formais a avaliação de desempenho, as polí- mentar o sistema de incentivo e responsabilização;
ticas e procedimentos, assim como as sanções. Como z Monitoramento e avaliação: a quinta etapa é
exemplos de responsabilizações informais, podemos monitorar e avaliar o sistema de incentivo e res-
citar os feedbacks, monitoramento e confiança. ponsabilização para garantir que ele esteja funcio-
nando conforme o planejado.
Vantagens
Os sistemas de incentivo e responsabilização são
Os sistemas de incentivo e responsabilização
ferramentas importantes de gestão que podem aju-
podem oferecer uma série de vantagens, incluindo:
dar as organizações a alcançarem seus objetivos. No
entanto, é importante projetar e implementar esses
z Motivação: os incentivos podem motivar as pes-
sistemas com cuidado para evitar os potenciais riscos.
soas a trabalharem mais e melhor;
z Melhoria do desempenho: os sistemas de incenti-
vo e responsabilização podem ajudar a melhorar o
desempenho das organizações;
z Redução de custos: os sistemas de incentivo e res- PROGRAMA DE GESTÃO DO
ponsabilização podem ajudar a reduzir os custos, DESEMPENHO
por exemplo, por meio da redução da rotatividade
de funcionários. DO GOVERNO DIGITAL
36
§ 1º O comparecimento, ainda que de modo desde que estejam caracterizados os pressupostos
habitual, às dependências do empregador da relação de emprego.
para a realização de atividades específicas Parágrafo único. Os meios telemáticos e informati-
que exijam a presença do empregado no esta- zados de comando, controle e supervisão se equipa-
belecimento não descaracteriza o regime de ram, para fins de subordinação jurídica, aos meios
teletrabalho ou trabalho remoto. (Incluído pessoais e diretos de comando, controle e supervi-
pela Lei nº 14.442, de 2022) são do trabalho alheio.
§ 2º O empregado submetido ao regime de teletra- […]
balho ou trabalho remoto poderá prestar serviços
por jornada ou por produção ou tarefa. (Incluído Art. 62 Não são abrangidos pelo regime previsto
pela Lei nº 14.442, de 2022) neste capítulo:
§ 3º Na hipótese da prestação de serviços em regime […]
de teletrabalho ou trabalho remoto por produção III - os empregados em regime de teletrabalho que
ou tarefa, não se aplicará o disposto no Capítulo II prestam serviço por produção ou tarefa.
do Título II desta Consolidação. (Incluído pela Lei
nº 14.442, de 2022) É importante ressaltar, também, que o tempo de
§ 4º O regime de teletrabalho ou trabalho remoto uso de equipamentos tecnológicos e de infraestrutu-
não se confunde nem se equipara à ocupação de ra para a realização diária do teletrabalho, mas fora
operador de telemarketing ou de teleatendimento. da jornada de trabalho normal, não constitui tempo
(Incluído pela Lei nº 14.442, de 2022) à disposição ou regime de prontidão ou de sobreavi-
§ 5º O tempo de uso de equipamentos tecnológicos so, exceto se houver previsão em acordo individual
e de infraestrutura necessária, bem como de sof- ou se estiver de acordo com a convenção coletiva de
twares, de ferramentas digitais ou de aplicações de trabalho. Em síntese, se a empresa forneceu ao tele-
internet utilizados para o teletrabalho, fora da jor- trabalhador, por produção ou tarefa, um celular, e o
nada de trabalho normal do empregado não cons- empregado utiliza este celular fora do expediente, isso
titui tempo à disposição ou regime de prontidão ou não significa dizer que ele está em sobrejornada.
de sobreaviso, exceto se houver previsão em acordo
Ademais, o teletrabalho, obrigatoriamente, deve
individual ou em acordo ou convenção coletiva de
ser precedido de contrato escrito, inclusive em caso de
trabalho. (Incluído pela Lei nº 14.442, de 2022)
alterações, seja de regime presencial para teletraba-
lho ou o inverso. Contudo, atente-se: A alteração do
De acordo com a lei, permite-se que estagiários e
regime presencial para o teletrabalho deve ser bilate-
aprendizes desenvolvam suas atividades em regime
ral, sob pena de nulidade. Já a alteração do regime de
de teletrabalho, bem como que empregados com defi- teletrabalho para o presencial pode ser unilateral (jus
ciência, ou que tenham filhos/crianças (as últimas, sob variandi), mas com o direito de o empregado usufruir
guarda judicial, até quatro anos de idade) também de 15 dias de adaptação, sem que lhe sejam impostas
cumpram sua jornada de trabalho remotamente. penalidades por algum atraso. Veja:
§ 6º Fica permitida a adoção do regime de teletra- Art. 75-C A prestação de serviços na modali-
balho ou trabalho remoto para estagiários e apren- dade de teletrabalho deverá constar expressa-
dizes. (Incluído pela Lei nº 14.442, de 2022) mente do instrumento de contrato individual
§ 7º Aos empregados em regime de teletrabalho de trabalho. (Redação dada pela Lei nº 14.442,
aplicam-se as disposições previstas na legislação de 2022)
local e nas convenções e nos acordos coletivos de § 1° Poderá ser realizada a alteração entre regime
trabalho relativas à base territorial do estabeleci- presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo
Por fim, para evitar acidentes de trabalho, e para resguardar o empregador de ser responsabilizado caso estes
aconteçam, o segundo deverá instruir os primeiros, de maneira clara, expressa e ostensiva, sobre os cuidados com
o ambiente laboral e com a saúde, higiene e segurança individual, inclusive com treinamentos, se for o caso, além
de obter a assinatura do funcionário em um termo de compromisso. Veja:
Art. 75-E O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a
tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho.
Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções
fornecidas pelo empregador.
A Lei nº 14.442, de 2022, incluiu o art. 75-F na CLT, de modo a estabelecer prioridade na alocação de vagas para
atividades realizadas por meio do teletrabalho ou trabalho remoto aos empregados com deficiência e aos que
possuem filhos ou criança sob guarda judicial até 4 anos de idade. Vejamos:
Art. 75-F Os empregadores deverão dar prioridade aos empregados com deficiência e aos empregados com filhos
ou criança sob guarda judicial até 4 (quatro) anos de idade na alocação em vagas para atividades que possam ser
efetuadas por meio do teletrabalho ou trabalho remoto. (Incluído pela Lei nº 14.442, de 2022)
No momento da prova, é sempre importante lembrar dos detalhes do teletrabalho, em especial das questões
que envolvem a jornada de trabalho e as alterações do contrato. De toda a sorte, este material está atualizado com
as modificações introduzidas pela Lei nº 14.442, de 2022.
TRABALHO EM EQUIPE
Primeiramente, é importante diferenciar o conceito de equipe de trabalho para grupo de trabalho.
O grupo de trabalho é o agrupamento de pessoas com papéis previamente definidos trabalhando com o mes-
mo objetivo, mas com uma comunicação deficiente, faltando alinhamento e clareza do todo organizacional. Neste
sentido, não há cooperação entre os membros e os líderes ficam isolados.
Já na equipe de trabalho existe uma maior sinergia entre os membros, alta colaboração, transparência e con-
tribuição de maneira coesa para que se alcance os objetivos. Neste sentido, todos os participantes assumem riscos
de forma conjunta em prol do resultado almejado.
Importante: pode-se dizer que toda equipe é um grupo, mas não que todo grupo é uma equipe!
As organizações optam pela formação de equipes de trabalho quando as atividades exigem múltiplas habilida-
des, julgamentos e experiências, tendo como objetivo a maximização da competitividade da organização.
Por outro lado, quando a atividade é simples e repetitiva, o mais adequado é a opção pelo trabalho individual
ou então pela formação de pequenos grupos.
Na figura abaixo, podemos perceber as diferenças entre o trabalho individual, o trabalho em grupo e o traba-
lho em equipe:
Neste sentido, as equipes são formas mais flexíveis e que reagem melhor às mudanças do que os tradicionais
grupos, além de facilitar a participação dos membros nos processos decisórios, aumentando, assim, a motivação.
Outra característica importante nas equipes de trabalho é a sua capacidade de gerar uma sinergia positiva por
meio do esforço coordenado de seus participantes, contribuindo assim para um melhor desempenho.
Dica
38 Sinergia é quando a soma do esforço simultâneo e coletivo é maior do que a soma das partes.
Na figura abaixo, sintetizamos as principais diferenças entre equipe e o grupo de trabalho:
Grupo Equipe
Meta
PERSONALIDADE E RELACIONAMENTO
Atualmente, a ênfase nas relações humanas no ambiente de trabalho tornou-se assunto central no cotidiano
das organizações, muito devido à real necessidade de construir uma organização a qual comporte uma diversida-
de cultural e, assim, possibilite a maximização dos resultados organizacionais.
Para alcançar o alto desempenho da equipe, é fundamental a escolha certa de seus integrantes, levando em
conta a personalidade e a capacidade de se relacionar de cada um.
Atualmente, as organizações valorizam a habilidade do colaborador em criar relacionamentos duradouros
pautados na confiança com outros funcionários da empresa, criando uma cultura organizacional de colaboração.
Neste sentido, com o objetivo de descrever e explicar o comportamento dos membros de grupos de trabalho, o
psicólogo Bruce W. Tuckman desenvolveu um modelo de formação de equipes.
No modelo de Tuckman, as equipes perpassam por 5 fases de desenvolvimento, são elas:
z Formação: fase inicial, caracterizada pela incerteza. Inicia-se a definição de propósito, da estrutura e da lide-
rança. Os membros começam a se reconhecer como participantes;
z Conflito (agitação, tormenta, ebulição): é a fase de ajustes e de resistência ao controle e aos limites impostos
pelo grupo. O líder passa a coordenar os trabalhos, negociando e ajustando as disputas e as responsabilidades
de cada um;
z Normalização (acordo, estabilização, confiança): nesta fase desenvolvem-se os relacionamentos, a coesão
e os papeis são definidos;
39
EFICÁCIA NO COMPORTAMENTO INTERPESSOAL Muito da administração privada é aproveitado na
gestão pública para dar foco no resultado e no usuário
O comportamento interpessoal eficaz é quando as do serviço estatal.
pessoas compreendem a importância de suas habili- Para fins de concurso, é essencial estudar os
dades em prol da reciprocidade dos outros colabora- elementos estruturais de forma objetiva e treinar o
dores, criando assim uma cultura colaborativa. máximo possível até o dia da prova!
Neste sentido, o comportamento interpessoal
funciona como um dos pilares dos relacionamentos COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA
diante a própria organização, aos colegas de trabalho,
clientes, parceiros e a sociedade. z Conceito: processo relacionado às habilidades
Nessa época de grande complexidade da socieda- humanas de envio e recebimento de pensamentos,
de, cada vez mais é exigido das pessoas um compor- informações, atitudes e sentimentos;
tamento interpessoal de excelência, não sendo mais z Comunicação formal: de caráter oficial. Encon-
aceitas atitudes e ações individualistas, que podem tra-se nas organizações, com respeito à burocracia
desintegrar o clima organizacional. padrão para transmitir a mensagem por meio de
Sabemos que para o sucesso das organizações é algum canal de comunicação;
indispensável encontrar, contratar e gerir pessoas que z Comunicação informal: convive à margem da
tenham facilidade no relacionamento interpessoal! E comunicação formal. A sua diferença reside na
como encontrar essas habilidades nos colaboradores? forma paralela, pois ocorre, por exemplo, na con-
Hoje em dia, a busca pelo talento ideal dotado de versa entre líderes ou gestores de forma não ofi-
uma alta competência individual e interpessoal envol- cial. O seu problema é evidenciado no alto risco de
ve 3 aspectos essenciais: ruído na mensagem, por meio de informações não
verídicas, como boatos;
z Conhecimento: é o saber. É a busca contínua do z Comunicação instrumental: sua finalidade é
aprendizado, capacidade de aprender. É adquirido orientar o destinatário da mensagem e divulgar o
seu conteúdo. Por isso a expressão “instrumento”.
por meio da formação educacional;
A comunicação é o instrumento pelo meio do qual
z Habilidade: é o saber fazer. É a transformação do
há a transmissão da informação;
conhecimento em resultado por meio da utilização
z Comunicação participativa: requer a participação
e aplicação do conhecimento para resolver proble-
de mais sujeitos, com opiniões, propostas e críticas.
mas e/ou inovar. É conquistada por meio da expe-
riência profissional;
Direcionamento
z Atitude: é saber fazer acontecer. É a busca pela
autorrealização do seu potencial com determina-
Fluxo vertical: é o mais comum, pois observa uma
ção, responsabilidade, comprometimento, motiva-
linha de cunho hierárquico.
ção, confiança e iniciativa. São os atributos pessoais,
intrínsecos a cada indivíduo.
do nível mais alto para o mais bai-
FLUXO xo. Exemplo: um e-mail da direção
VERTICAL geral aos demais funcionários
DESCENDENTE subordinados
Conhecimentos
(Saber) do nível mais baixo para o mais
FLUXO alto. Exemplo: colheita de opiniões
VERTICAL por meio de caixas de feedback, re-
ASCENDENTE latórios de desempenho e pesqui-
sa de clima organizacional
Logo, a publicidade é a regra na gestão pública e a z Transparência: é ampla e não inclui somente a
atuação do gestor deve ser impessoal, sendo vedada a transparências de informações sobre a qual a Lei
Artefatos
z Valores: indicam aquilo que é importante para a
Visíveis, mas empresa, ou seja, aquilo que é considerado funda-
Tecnologia frequentemente não
Arte mental para o sucesso organizacional;
decifráveis
Padrões de comportamento visíveis e z Normas: buscam controlar o comportamento das
audíveis pessoas na organização, restringindo o que pode e
o que não pode ser feito;
z Comunicação: é a forma como a comunicação
Valores Maiores níveis de é realizada na organização, seja ela formal ou
consciência informal;
z Ritos e cerimônias: os ritos ocorrem quando
há contratação, promoção de um funcionário ou
outra situação específica. Por exemplo, pode ser
Suposições básicas
que a entrada de um novo funcionário seja sem-
Tidos como certos,
invisíveis e pré- pre seguida da apresentação do mesmo a todos
Relação com o ambiente
Natureza da atividade humana conscientes os departamentos. As cerimônias são eventos que
Natureza das relações humanas ocorrem costumeiramente nas organizações, tais
como celebrações de Natal, comemoração ao Dia
das Mães ou dos pais, entre outras;
Fonte: Adaptado de Schein (2004, p. 26). z Tabus: dizem respeito àquilo que não pode ser
O nível dos artefatos é fácil de ser observado, mas feito na organização, mas que não é amplamente
difícil de ser compreendido. Os artefatos incluem as comentado. Os tabus são aqueles assuntos discu-
características visíveis da cultura, tais como a tecnolo- tidos nos corredores, mas que ninguém tem cora-
gia, o layout, as vestimentas, a arquitetura etc. gem (ou abertura) para falar publicamente;
Para compreender os artefatos, pode ser necessá- z Histórias e mitos: as histórias dizem respeito a
rio investigar os valores da organização. Apesar de situações que realmente aconteceram na organi-
inacessíveis pela observação, os valores podem ser zação, enquanto os mitos não são baseados na rea-
obtidos a partir de conversas com os membros. Além lidade. Ambos, histórias e mitos, buscam reforçar
disso, grandes empresas geralmente divulgam sua a cultura da organização;
missão, visão e valores na Internet, seja em sua página z Sagas e heróis: as sagas são os relatos sobre pes-
institucional ou redes sociais. Um ponto a destacar é soas que se destacaram na organização. Os heróis
que geralmente os trabalhadores costumam falar dos são as próprias pessoas que ganharam destaque,
valores que são mais nítidos na organização, ou seja, seja porque fundaram a empresa, contribuíram
aquilo que é mais reforçado pela cultura. No entanto, significativamente pelo seu crescimento ou outro
os valores implícitos podem continuar inexplorados. motivo;
46 11 Disponível em: https://ri.magazineluiza.com.br/ShowCanal/Nossa-Cultura--Missao-e-Valores. Acesso em: 31 out. 2022.
z Crenças e pressupostos: são as verdades inques- z PMI (Project Management Institute): associa-
tionáveis presentes na organização e, por isso, não ção sem fins lucrativos dos profissionais de gestão
se modificam com frequência. de projetos;
z PMBOK (Project Management of Knowledge):
Por fim, ressalta-se que a cultura não é perma- guia de boas práticas de gestão de projetos publi-
nente ou inalterável. No entanto, também não é cado pelo PMI;
possível alterá-la da noite para o dia. A mudança da z PMP (Project Management Professioanl): prin-
cultura organizacional é viável, mas requer planeja- cipal certificação em gestão de projetos. Validade
mento e envolvimento de todas as áreas e níveis da pelo PMI, que certifica a competência para traba-
organização. lhar com projetos.
48 14 Ibid. p. 10.
Os processos executados para definir um novo Todos os processos listados no Guia PMBOK per-
projeto ou uma nova fase de um projeto existente tencem a somente uma área de conhecimento.
através da obtenção de autorização para iniciar o As áreas de conhecimento descrevem o gerencia-
projeto ou fase15; mento de projetos conforme seus processos integran-
tes, organizados em 10 áreas integradas. Cada um
z Grupo de processos de planejamento: consiste nos desses processos tem um detalhamento e uma abran-
processos necessários para a definição e formaliza- gência própria, porém, com a integração, forma-se um
ção dos objetivos, tal como planejar as ações indis- todo único e organizado.
pensáveis para atingi-los. De acordo com o Guia PMBOK, são áreas de
Os processos necessários para definir o escopo do conhecimento:
projeto, refinar os objetivos e definir a linha de ação
necessária para alcançar os objetivos para os quais z Gerenciamento da integração do projeto: área
o projeto foi criado16; que inclui as atividades necessárias para asse-
gurar que todos os elementos do projeto sejam
z Grupo de processos de execução: inclui os pro- adequadamente coordenados e integrados, garan-
cessos necessários para executar o plano, realizar tindo que o seu todo seja sempre beneficiado. O
as entregas de projeto e coordenar os recursos. “Os gerenciamento da integração deve ser realizado
processos realizados para executar o trabalho definido continuamente, por todo o projeto, interligando as
no plano de gerenciamento do projeto para satisfazer demais áreas para alcançar os objetivos propostos;
as especificações do projeto”17; z Gerenciamento do escopo do projeto: engloba os
z Grupo de processos de monitoramento e con- processos necessários para assegurar que o trabalho
trole: consiste nos processos para comparar o requerido, e somente ele, seja concluído de maneira
desempenho real com o desempenho planejado, bem-sucedida. É responsável por planejar os traba-
identificar possíveis desvios, tomar ações correti- lhos que correspondam aos requisitos do cliente e
vas e gerenciar as mudanças. verificar se todo o trabalho planejado será realizado;
z Gerenciamento do cronograma do projeto: área
Os processos exigidos para acompanhar, analisar
responsável por criar condições adequadas para
e controlar o progresso e desempenho do projeto,
terminar o projeto no prazo estipulado (previsto). É
identificar quaisquer áreas nas quais serão neces-
uma das áreas mais sensíveis do projeto, definindo
sárias mudanças no plano, e iniciar as mudanças
as atividades e seus respectivos cronogramas;
correspondentes18;
z Gerenciamento dos custos do projeto: área respon-
z Grupo de processos de encerramento: inclui sável pelo gerenciamento dos recursos financeiros
todas as atividades necessárias para o encerra- envolvidos no projeto, determinando o orçamento e
mento de forma controlada do projeto e/ou fase. seu controle e permitindo que o projeto seja concluí-
“Os processos executados para finalizar todas as do de acordo com o orçamento previsto;
atividades de todos os grupos de processos, visando z Gerenciamento da qualidade do projeto: inclui
encerrar formalmente o projeto ou fase”19. os processos requeridos para assegurar que os pro-
dutos e/ou serviços do projeto estarão em confor-
Não se deve confundir os grupos de processos com midade com a qualidade requisitada pelo cliente;
as fases do ciclo de vida do projeto. É possível (e pro- z Gerenciamento dos recursos do projeto: respon-
vável) que todos os grupos de processos possam ser sável pelo uso mais efetivo dos recursos disponí-
conduzidos dentro de uma única fase. veis e envolvidos no projeto. Inclui as atividades
Dica
Normalmente, as bancas examinadoras utilizam a nomenclatura em inglês stakeholders para se referir às
partes interessadas.
ESCOPO
PARTES
INTERESSADAS CRONOGRAMA
AQUISIÇÕES
CUSTOS
INTEGRAÇÃO
RISCOS QUALIDADE
COMUNICAÇÕES RECURSOS
Em regra, as organizações realizam diversos projetos simultaneamente, alinhados a um plano estratégico. Assim,
deve-se estabelecer prioridades para que os projetos mais importantes tenham a máxima oportunidade de sucesso. A
integração do gerenciamento de projetos permite criar maior valor empresarial em suas iniciativas.
Nesse sentido, os projetos são alinhados conforme o plano estratégico, da seguinte forma:
[...] como a aplicação de conhecimentos, habilidades e princípios a um programa para atingir os objetivos do progra-
ma e obter benefícios e controle que de outra forma não estariam disponíveis através do gerenciamento individual
dos componentes do programa21.
Do ponto de vista organizacional, de forma didática, é importante conhecer a diferença entre gerenciamen-
to de portfólios e gerenciamento de programas: no gerenciamento de portfólios, o foco é fazer os programas e
projetos “certos”. Já no gerenciamento de programas, o foco é fazer os programas e projetos da “maneira certa”;
z Projetos: como visto, eles são temporários e empreendidos para criar produto, serviço ou resultado únicos;
z Subprojetos: divisão de um projeto em componentes menores e mais facilmente gerenciáveis. Normalmente,
em projetos complexos, essa desagregação é realizada para gerenciar uma grande entrega, fase ou bloco do
projeto.
20 PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI). Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK). 6ª ed. Newton Square, 2017. p. 15.
50 21 Ibid. p. 14.
Na figura a seguir, percebemos de maneira gráfica a inter-relação entre os institutos:
PORTFÓLIO
PROGRAMAS
PROJETOS
SUBPROJETOS
O ciclo de vida do projeto consiste no conjunto de fases que o projeto atravessa, desde o início até o seu tér-
mino. Essas fases normalmente são sequenciais, mas nada impede que ocorra alguma sobreposição entre elas.
Ao final de cada fase, ocorre uma entrega, e, após a sua aprovação, inicia-se uma nova fase. Não existe apenas
um modo de executar um ciclo de vida: dependendo do setor, produto ou risco, esse ciclo de vida pode se adaptar.
Conforme o Guia PMBOK, o ciclo de vida do projeto pode ser assim descrito:
Independentemente de seu tamanho ou de sua complexidade, a maioria dos projetos segue um padrão gené-
rico de ciclo de vida, apresentando as seguintes características:
z os custos e a utilização de pessoal são baixos no início, atingem um valor máximo (pico) na execução e dimi-
nuem drasticamente conforme o projeto é finalizado; 51
z por outro lado, os riscos e incertezas são maiores Restrições aos Projetos
no início do projeto, diminuindo conforme a sua
progressão; A complexidade é inerente ao gerenciamento dos
z a capacidade de influenciar das partes interessa- projetos, muito devido ao alto grau de incerteza, mas
das também é maior no início do projeto, dimi- também das limitações com as quais toda organização
nuindo à medida que o projeto progride para o convive no dia a dia. Essas limitações dizem respeito a
término. certas variáveis que muitas vezes são difíceis de con-
trolar, tornando-se assim verdadeiras restrições que
Para entender melhor essas características, veja- podem atrapalhar o sucesso do projeto.
mos como elas funcionam na prática. Imagine o proje- Até a 3ª edição do Guia PMBOK, as restrições a
to de construção de uma casa. No início do projeto, na serem enfrentadas eram mapeadas em três frentes:
fase do desenvolvimento do desenho de como a casa
vai ser, os custos e a utilização de pessoal são baixos z Tempo: cronograma para terminar um projeto, ou
(nesse momento, somente a Arquiteta está trabalhan- uma fase dele;
do no projeto). Por outro lado, nessa fase, o risco de o z Custo: orçamento alocado para finalizar o projeto;
projeto não sair do papel é grande, pois ainda é neces- z Escopo: o que deve ser alcançado com o projeto.
sário alocar tempo, dinheiro, alvarás de construção etc.
Levando em conta que a parte interessada é você, nes- Devido ao fato de que a alteração de uma dessas
se primeiro momento, sua capacidade de alterar algo restrições automaticamente alteraria as demais, essas
no projeto é grande e não demandaria muitos custos. três restrições são denominadas de “triângulo das res-
Ao iniciar a execução, propriamente dita, da cons- trições” ou “restrição tripla”.
trução da casa, os custos e a utilização de pessoal vão
crescendo até um valor máximo; nesse momento, são
diversos Pedreiros, Engenheiros, Mestres de Obras, ter- Se um fator é alterado,
ceirizados etc. Percebemos que, conforme as paredes um ou mais fatores
são levantadas, o risco e as incertezas vão diminuindo, poderão ser
pois a casa vai se concretizando. Consequentemente, impactados
com a obra em andamento, fica cada vez mais difícil a
alteração do projeto (a capacidade de influenciar).
No final da obra, com a casa quase pronta, ocorre Escopo
uma desmobilização da mão de obra, diminuindo, assim,
drasticamente o custo e a utilização do pessoal. Assim, o Qualidade
risco e a incerteza desaparecem, pois a casa está quase
pronta.
Para uma melhor compreensão, vejamos grafica-
mente essas variações22:
Tempo Custo
Alto Risco e incerteza
Percebemos na figura acima que os três atribu-
tos de restrição representam cada um dos vértices, e
que a qualidade figura como objeto central, podendo
sofrer limitações pelas restrições impostas ao projeto,
diminuindo assim as opções no seu gerenciamento.
Grau
Tempo
CRONOGRAMA ORÇAMENTO
ESCOPO RECURSOS
RISCOS
Dica
A satisfação do cliente também pode ser vista como uma restrição.
Seguindo a mesma lógica, esses novos fatores relacionam-se de tal forma que, se algum deles mudar, pelo
menos um outro fator provavelmente será impactado.
Quem é o responsável pelo gerenciamento das restrições? Em regra, o gerente de projetos desempenha um
papel crítico para equilibrar as restrições que atuam sobre o projeto, devendo alocar os recursos disponíveis e
estabelecer limites reais e alcançáveis para que os objetivos do projeto sejam alcançados. Dessa forma, é funda-
mental o balanceamento do conhecimento técnico com o conhecimento gerencial.
É importante ter em mente que todos os projetos são impactados pelas restrições. Na prática, não existe pro-
jeto sem restrições.
PROCESSOS DO PMBOK
O Project Management Body of Knowledge (PMBOK) é um guia reconhecido internacionalmente para a gestão
de projetos. Este, por sua vez, define os processos e atividades que devem ser realizados para gerenciar um pro-
jeto de forma eficaz.
Nesse espectro, os processos do PMBOK são divididos em cinco outros grupos. Vejamos como eles se dispõem
a seguir.
Os processos do grupo de iniciação definem o escopo do projeto, os objetivos e os resultados esperados. Neste
momento inicial, busca-se estabelecer a necessidade do projeto e definir seus objetivos, incluindo a definição do
seu escopo, a elaboração de um plano de projeto e a criação de uma equipe de projeto.
Processos de
Monitoramento e Controle
Processos de
Planejamento
Processos Processos de
de Iniciação Encerramento
Processos de
Execução
PLANEJAMENTO
Os processos do grupo de planejamento definem como o projeto será executado, controlado e encerrado. Veja-
mos um exemplo na tabela a seguir:
A fase de planejamento dentro do PMBOK possui o intuito de detalhar o escopo, cronograma, orçamento, quali-
dade, recursos, comunicações, riscos, aquisições e os stakeholders do projeto, com base no seu termo de abertura.
O processo de planejamento envolve 10 áreas de conhecimento e 24 processos envolvidos. Cada área possui
um ou mais planos ou documentos que compõem o plano de gerenciamento do projeto, que é o principal resul-
tado dessa fase.
EXECUÇÃO
Os processos do grupo de execução colocam o plano em ação. Nesta etapa o objetivo é realizar as atividades
planejadas para atingir os objetivos do projeto, seguindo o seu plano de gerenciamento.
O processo de execução envolve oito áreas de conhecimento: integração, escopo, tempo, custos, qualidade,
recursos humanos, comunicações e riscos. Cada área possui um ou mais processos específicos que devem ser
executados, totalizando 10 processos. Vejamos:
MONITORAMENTO E CONTROLE
Os processos desse grupo garantem que o projeto esteja dentro do escopo, cronograma e orçamento. O gráfico
a seguir apresenta a incidência de cada processo ao longo do tempo. Observe:
Nível de
esforço
REFERÊNCIAS
METODOLOGIAS ÁGEIS
DEFINIÇÃO
As metodologias ágeis são um conjunto de abordagens para a gestão de projetos que se baseiam na flexibilida-
de e na capacidade de adaptação às mudanças. São frequentemente utilizadas em projetos de desenvolvimento
de software, mas também podem ser aplicadas em outros tipos de projetos, como marketing, design e engenharia.
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
z Foco no cliente: enfatiza a importância de concentrar-se nas necessidades do cliente e de entregar valor de
forma rápida e contínua;
z Iteratividade e incrementalidade: são divididos em ciclos curtos, chamados de sprints, que permitem que o
produto, ou serviço, seja desenvolvido e entregue de forma incremental;
z Autonomia das equipes: são autogerenciadas e têm autonomia para tomar decisões e resolver problemas;
z Comunicação e colaboração: são essenciais para o sucesso dos projetos ágeis.
Nesse sentido, existem várias metodologias ágeis, sendo algumas consideradas mais conhecidas. Observemos
a disposição que será demonstrada ao decorrer do material.
SCRUM
O Scrum é uma estrutura (framework) usada para gerenciar projetos complexos, baseada em princípios ágeis,
que busca entregar valor ao cliente de forma rápida e contínua, por meio de ciclos curtos de trabalho chamados
de sprints. Busca adaptar o produto às mudanças do mercado e às necessidades do usuário, por meio de feedbacks
frequentes e melhoria contínua.
Também se baseia em valores como a transparência, inspeção, adaptação, colaboração e entrega de valor, e
propõe uma estrutura simples e flexível para organizar e executar o trabalho em equipe.
O contexto histórico do Scrum é de 1995, quando foi criado pelos desenvolvedores Ken Schwaber e Jeff Suther-
land, inspirados em um artigo da Harvard Business Review chamado “The New New Product Development Game”
(1986). O artigo comparava o desenvolvimento de produtos a um jogo de rugby, em que os jogadores se organizam
em equipes autogerenciadas e multidisciplinares, que trabalham de forma colaborativa e iterativa para alcançar
um objetivo comum.
Para tanto, o Scrum não é uma metodologia prescritiva, ou seja, ele não define como as coisas devem ser feitas,
mas sim o que deve ser feito. Assim, há o oferecimento de um conjunto de papéis, eventos, artefatos e regras, que
servem como um guia para as equipes se auto-organizarem e gerenciarem o seu trabalho. Cabe às equipes defini-
60 rem as melhores práticas, ferramentas e técnicas para aplicar o Scrum em seus contextos específicos.
Retrospectiva
do sprint
Meta de
produto
Refinamento Scrum
do Product diário
Backlog
Definição de
Pronto
Meta de
sprint
Dev SM
Planejamento Revisão do
de sprint sprint
PO
Product Sprint Incremento
Backlog Backlog
Time de Scrum
O Scrum funciona na prática por meio de um ciclo iterativo e incremental, que se repete a cada sprint — perío-
do fixo, geralmente entre uma e quatro semanas, em que a equipe se compromete a entregar um incremento de
produto potencialmente entregável, ou seja, um tipo de produto que agrega valor ao cliente e que está pronto
para ser usado.
Cada sprint é composto por quatro eventos principais: planejamento do sprint, reunião diária, revisão do
sprint e retrospectiva do sprint. Esses eventos servem para planejar, executar, revisar e melhorar o trabalho da
equipe, respectivamente.
Além dos eventos, o Scrum também define três papéis principais: product owner, scrum master e time de
desenvolvimento. Esses papéis representam as responsabilidades e as funções de cada membro da equipe, que
devem trabalhar de forma colaborativa e complementar.
Ademais, nesta metodologia também se utiliza três artefatos principais: product backlog, sprint backlog e
incremento. Esses artefatos representam as listas de requisitos, as tarefas e os resultados do trabalho da equipe,
respectivamente.
A seguir, vamos detalhar cada um desses elementos do Scrum e ver como eles se relacionam entre si.
Eventos do Scrum
Os eventos do Scrum são reuniões que ocorrem dentro de cada sprint, com o objetivo de organizar e gerenciar
o trabalho da equipe. Os eventos do Scrum são:
z Planejamento do sprint: evento que marca o início de cada sprint, em que a equipe define o objetivo, o esco-
61
Papéis do Scrum
Os papéis do Scrum são as funções que cada membro da equipe desempenha dentro do projeto, de acordo com
as suas responsabilidades e competências. Os papéis dentro do Scrum são:
z Product owner: é o responsável por definir a visão, o escopo e as prioridades do produto, representando a voz
do cliente e dos demais stakeholders. O product owner é o dono do product backlog, que é a lista de requisitos
e funcionalidades que devem ser desenvolvidas no produto. Assim, deve garantir que o product backlog esteja
claro, ordenado e atualizado, e que a equipe entenda o que deve ser feito em cada sprint. Também deverá
validar o incremento de produto entregue pela equipe em cada sprint e fornecer o feedback necessário para
a melhoria do produto;
z Scrum master: responsável por facilitar e orientar a aplicação do Scrum pela equipe, removendo os obstá-
culos e os impedimentos que possam atrapalhar o trabalho. O scrum master é o guardião do Scrum e deve
assegurar que a equipe siga os valores, princípios e práticas do Scrum, respeitando os papéis, eventos e arte-
fatos definidos. Ademais, também deverá apoiar o product owner na gestão do product backlog e promover a
melhoria contínua do processo de trabalho da equipe;
z Time de desenvolvimento: são os responsáveis por planejar, executar, testar e entregar o incremento de
produto em cada sprint, de forma auto-organizada e multidisciplinar. O time de desenvolvimento é composto
por profissionais com as habilidades e as competências necessárias para desenvolver o produto, como
programadores, analistas, testadores, designers etc. Assim, o time deve estimar e priorizar as tarefas do sprint
backlog e comprometer-se a entregar o incremento de produto com qualidade e no prazo definido.
Artefatos do Scrum
Os artefatos do Scrum são as listas que representam o que deve ser feito, o que está sendo feito e o que foi feito
pela equipe, em relação ao produto. Os artefatos do Scrum são:
z Product backlog: lista de requisitos e funcionalidades que devem ser desenvolvidas no produto, ordenada
por prioridade e valor. Por sua vez, o artefato é dinâmico e pode ser alterado a qualquer momento, de acordo
com as mudanças do mercado e as necessidades do usuário. Além disso, o product backlog é a fonte de onde a
equipe seleciona as funcionalidades que serão desenvolvidas em cada sprint;
z Sprint backlog: lista de tarefas que a equipe se compromete a entregar no final do sprint, derivada das
funcionalidades escolhidas do product backlog. Nesses moldes, o sprint backlog é definido pela equipe no
planejamento do sprint, e deve conter as tarefas necessárias para realizar as funcionalidades, bem como o
tempo e os recursos estimados para cada tarefa. Este artefato, para tanto, é gerenciado pela equipe, que deve
mantê-lo atualizado e transparente e que pode adicionar, remover ou modificar as tarefas durante o sprint,
desde que não altere o objetivo e o escopo inicial;
z Incremento: resultado do trabalho da equipe em cada sprint, que consiste em um pedaço de produto que agre-
ga valor ao cliente e está pronto para ser usado. O incremento deve atender aos critérios de aceitação definidos
pelo product owner e aos padrões de qualidade definidos pela equipe. Ademais, apresenta-se pela equipe na
revisão do sprint, e recebe o feedback do cliente e dos demais stakeholders. O incremento é acumulativo, ou
seja, a cada sprint a equipe entrega um incremento que contém todas as funcionalidades desenvolvidas até o
momento.
O Scrum é uma estrutura versátil e adaptável, que pode ser aplicada em diferentes contextos e tipos de proje-
tos, desde que sejam complexos e incertos e que demandem criatividade e inovação. A seguir, vamos ver alguns
exemplos de como o Scrum pode ser aplicado em diferentes contextos:
z Desenvolvimento de software: contexto mais comum e tradicional de aplicação do Scrum, em que a equipe
desenvolve um software ou um aplicativo, seguindo as funcionalidades e os requisitos definidos pelo product
owner, e entregando um incremento de produto a cada sprint. Nesse contexto, a equipe pode usar ferramentas
e técnicas específicas para o desenvolvimento de software, como linguagens de programação, frameworks,
testes automatizados, integração contínua etc.;
z Desenvolvimento de produto: a equipe desenvolve um produto físico ou digital, seguindo as necessidades e
as expectativas do cliente e do mercado, e entregando um protótipo ou um modelo de produto a cada sprint.
Nesse contexto, a equipe pode usar ferramentas e técnicas específicas para o desenvolvimento de produto,
como design thinking, Lean Startup, canvas etc.;
z Gestão de projetos: a equipe gerencia um projeto de qualquer natureza, seguindo os objetivos e os escopos
definidos pelo cliente e pelos demais stakeholders, e entregando um resultado ou um benefício a cada sprint.
Nesse contexto, a equipe pode usar ferramentas e técnicas específicas para a gestão de projetos, como PMBOK,
PRINCE2, EVM etc.;
z Educação: há o desenvolvimento, por parte da equipe, de um curso ou um programa educacional, seguindo as
necessidades e os interesses dos alunos e dos educadores, e entregando um conteúdo ou uma atividade a cada
sprint. Nesse contexto, a equipe pode usar ferramentas e técnicas específicas para a educação, como pedago-
62 gia, andragogia, heutagogia etc.
Vantagens e Desafios do Scrum
O Scrum é uma estrutura que oferece diversas vantagens para equipes que trabalham com projetos comple-
xos, mas também apresenta alguns desafios que devem ser superados. Entre as vantagens e os desafios do Scrum,
podemos citar:
z Vantagens:
aumenta a satisfação do cliente, pois entrega valor de forma rápida e contínua, e adapta-se às suas
necessidades e expectativas;
aumenta a qualidade do produto, pois utiliza feedbacks frequentes e melhoria contínua, e segue padrões
de qualidade definidos pela equipe;
maximiza a produtividade da equipe, pois utiliza ciclos curtos de trabalho, focados em um objetivo e um
escopo claros, e elimina os desperdícios e as burocracias;
aumenta a motivação da equipe, pois promove a auto-organização, a colaboração, a autonomia e a respon-
sabilidade dos membros da equipe, e reconhece os seus esforços e resultados;
aumenta a inovação, pois estimula a criatividade, a experimentação e a aprendizagem da equipe, e permite
a incorporação de novas ideias e soluções ao produto.
z Desafios:
exige uma mudança de cultura e de mentalidade, tanto da equipe quanto do cliente e dos demais stakehol-
ders, que devem adotar os valores, os princípios e as práticas do Scrum, e adaptar-se às mudanças e às
incertezas do projeto;
demanda um comprometimento e uma comunicação efetiva da equipe, do cliente e dos demais stakehol-
ders, que devem estar envolvidos e alinhados com o projeto, e comunicar-se de forma clara, frequente e
transparente;
exige uma capacitação e uma qualificação constante de todos os envolvidos, que devem estar preparados e
atualizados para aplicar e utilizar o Scrum, e para desenvolver e entregar o produto;
demanda uma gestão e uma liderança adequada, tanto da equipe quanto do cliente e dos demais stakehol-
ders, que precisam gerenciar e liderar o projeto de forma ágil, flexível e colaborativa, e resolver os conflitos
e os problemas que possam surgir.
O Scrum, portanto, é uma estrutura para gerenciar projetos complexos, baseada em princípios ágeis, que
busca entregar valor ao cliente de forma rápida e contínua, por meio de ciclos curtos de trabalho chamados de
sprints. O Scrum também busca adaptar o produto às mudanças do mercado e às necessidades do usuário, por
meio de feedbacks frequentes e melhoria contínua.
KANBAN
O Kanban é outra metodologia ágil, mais simples e mais utilizada atualmente para gerenciar o fluxo de tra-
balho de equipes que lidam com projetos completos e dinâmicos. Assim, baseia-se em princípios como a visuali-
QUADRO DE KANBAN
64
Vejamos a seguir alguns exemplos de como o Kanban pode ser aplicado em diferentes contextos:
z Desenvolvimento de software: é o contexto mais comum de aplicação do Kanban, em que a equipe desen-
volve um software ou um aplicativo, seguindo as demandas e os requisitos de cada cliente, entregando um
incremento ao produto a cada ciclo. Nesse contexto, a equipe pode usar ferramentas e técnicas específicas
para o desenvolvimento de software;
z Desenvolvimento de produto: a equipe desenvolve um produto físico ou digital, seguindo as necessidades e
as expectativas do mercado e do usuário, e entregando um protótipo ou um modelo de produto a cada ciclo.
Pode-se usar ferramentas e técnicas específicas para o desenvolvimento de produto;
z Gestão de projetos: os encarregados da equipe gerenciam um projeto de qualquer natureza, seguindo os obje-
tivos e os escopos definidos pelo cliente e pelos demais stakeholders, e entregam um resultado ou um benefício
a cada ciclo. É possível usar ferramentas e técnicas específicas para a gestão de projetos;
z Educação: a equipe fica incumbida de desenvolver um curso ou um programa educacional, seguindo as neces-
sidades e os interesses dos alunos e dos educadores, e entregando um conteúdo ou uma atividade a cada ciclo.
Aqui, pode-se usar ferramentas e técnicas específicas para a educação.
Para tanto, conclui-se que a dada metodologia ágil permite a melhor gestão de tarefas e a otimização do fluxo
de trabalho, de forma que se baseará no controle visual para o acompanhamento dos processos, utilizando um
quadro com cartões que representam as tarefas em diferentes estágios.
Ademais, o Kanban oferece benefícios para as equipes que trabalham com projetos complexos e incertos que
demandam agilidade e flexibilidade; assim, pode ser implementado na equipe de forma mais simples e rápida,
seguindo alguns passos básicos.
LEAN STARTUP
O Lean Startup é uma abordagem para o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores baseada nos
princípios da mentalidade enxuta (lean) e das metodologias ágeis.
O objetivo é validar as hipóteses sobre o problema, o cliente e o mercado, por meio de experimentos rápidos
e baratos, que geram aprendizado e feedback. Assim, é possível reduzir os riscos, os desperdícios e o tempo de
lançamento de um produto ou serviço.
A historicidade da metodologia é de 2011, quando foi proposta por Eric Ries, em seu livro The Lean Startup.
Ries, por sua vez, inspirou-se em sua experiência como empreendedor e consultor de startups, bem como nas
ideias de Steve Blank, autor do livro The Four Steps to the Epiphany, que introduziu o conceito de customer develo-
pment, e de Taiichi Ohno, criador do Sistema Toyota de Produção, que originou a filosofia lean.
Assim, o Lean Startup aplica-se a qualquer tipo de organização, desde pequenas empresas até grandes corpo-
rações, que buscam criar algo novo sob condições de incerteza. Ademais, não se trata de uma fórmula ou um con-
junto de regras, mas sim de uma forma de pensar e agir que pode ser adaptada a diferentes contextos e situações.
A metodologia baseia-se em cinco princípios fundamentais que orientam as decisões e ações dos empreende-
dores e inovadores. Vejamos:
65
EXECUTIVOS
Executivos tomam decisões do tipo “pivot-
persevere-kill” (mudar algo-continuar-
interromper) em intervalos regulares
FINANCIAMENTO MEDIDO
APRENDIZADO VALIDADO
O financiamento é desbloqueado ao
O aprendizado é baseado em
demonstrar-se progresso ao invés
evidências reais ao invés de
de financiamento total adiantado
suposições sobre o futuro
TIMES
Os times comandam loops “build-measure-learn”
(construir-medir-aprender) para alcançar aprendizado validado
As metodologias ágeis são abordagens para o desenvolvimento de software e outros tipos de trabalho, que se
baseiam nos princípios do Manifesto Ágil, publicado em 2001.
Diante disso, há a afirmação de que elas valorizam os indivíduos e interações mais que os processos e ferra-
mentas, os softwares em funcionamento mais que a documentação abrangente, bem como a colaboração com o
cliente mais que negociação de contratos e resposta a mudanças mais que seguir a um plano.
Algumas das metodologias ágeis mais conhecidas já foram, por ora, apresentadas, porém existem outras, tais
como a XP, FDD, DSDM, entre outras. Cada uma delas tem suas próprias características, práticas e artefatos, mas
todas compartilham da mesma filosofia de entregar valor de forma rápida, frequente e adaptativa, envolvendo o
cliente e a equipe em um processo colaborativo e iterativo.
Ademais, o Lean Startup tem uma forte relação com as metodologias ágeis, pois ambos buscam reduzir os
desperdícios, aumentar a eficiência e a qualidade e responder às mudanças e às necessidades dos clientes. Nesse
espectro, dada metodologia pode ser vista como uma extensão das metodologias ágeis que foca não apenas no
desenvolvimento, mas também na validação do produto ou serviço, por meio de experimentos e aprendizado.
Portanto, o Lean Startup e as metodologias ágeis complementam-se e reforçam-se, pois ambos seguem um
ciclo de feedback contínuo que permite aprimorar o produto ou serviço de acordo com os resultados obtidos.
Além disso, ambos utilizam ferramentas e técnicas similares, como MVP, testes A/B, prototipação, retrospectivas,
entre outras.
O Lean Startup já foi aplicado com sucesso por diversas organizações, de diferentes setores e tamanhos, que
conseguiram criar produtos e serviços inovadores, com menos riscos e mais agilidade. Alguns exemplos são:
Dica
Processos também são chamadas de operações.
Este caráter repetitivo dos processos permite um planejamento mais detalhado, reduzindo as incertezas exis-
tentes sobre o trabalho, os prazos e os custos. Como exemplo, podemos citar a rotina do setor de recursos huma-
nos na elaboração da folha de pagamento dos funcionários: em todos os meses do ano, o trabalho se repete sem
muitas modificações, seguindo a mesma sequência lógica. Outro exemplo trazido pela literatura especializada, é
a operação diária de distribuição de alimentos em uma empresa alimentícia.
No entanto, existem características comuns entre os projetos e processos. Ambos os tipos têm um objetivo bem
definido, utilizam de recursos escassos e exigem planejamento, execução e controle.
No quadro abaixo, elencamos as principais diferenças e semelhanças entre os projetos e operações.
PROJETO PROCESSO
CARACTERÍSTICAS COMUNS
Conhecendo as diferenças, agora podemos relacionar o fluxo dos resultados dos projetos com os processos.
Sintetizando: os projetos entregam produtos e/ou serviços exclusivos os quais são mantidos pelos processos.
Como exemplo podemos citar o projeto de construção de um hospital (esforço temporário com resultado úni-
co: o prédio), mas para manter a rotina de atendimento deste hospital são necessárias diversas atividades funcio-
nais (operações/processos) — pois nada adianta ter a estrutura física e não ter o atendimento propriamente dito
(médicos, enfermeiros, suprimentos, logística, etc.).
No fluxograma abaixo, demonstramos como essa relação funciona:
Produtos Serviços
Operações
Atividades Funcionais
Diante do exposto, conhecendo as diferenças e a interligação dos projetos e processos, vamos adentrar ao
estudo da gestão de processos.
Para quem não é da área de administração ou iniciou os estudos há pouco tempo, ao se deparar com o tópi-
co de gestão de processos, logo vem à cabeça a gestão de processos judiciais. Vamos desmitificar essa primeira
impressão e demonstrar que a gestão de processos nada se assemelha com os processos judiciais.
Atualmente, todas as organizações, privadas ou públicas, podem ser vistas como um conjunto de processos.
A gestão de processos tornou-se uma filosofia de gestão organizacional neste novo século. Esse modelo de gestão
tem como objetivo descobrir o que é feito pela organização, de modo a desenvolver formas de otimização das
atividades. Os modelos de gestão são aplicados diretamente na operação.
68 A fim de compreender melhor o que é gestão de processos, vamos entender o que é um processo.
De acordo com Hammer e Champy (1993), “processo é um grupo de atividades realizadas numa sequência lógica
com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico de clientes”. Nesse sentido,
para os mesmos autores, os clientes não estão preocupados e/ou interessados em saber como a organização está
estruturada, mas sim nos resultados dos produtos ou serviços oriundos dos processos.
Na figura abaixo, temos os elementos dos processos organizacionais e sua sequência:
Processamento
(Throughput)
Entrada (Input) Saída (Output)
Atividades e tarefas
z Insumos
z Informação z Produtos
z Energia z Serviços
z Transformação
z Agregação de valor
Retroação
(Feedback)
Entrada
Trata-se de todo e qualquer recurso que alimenta o sistema e que provém do meio ambiente. São basicamente
os insumos que o sistema obtém do meio ambiente para poder funcionar.
Ex.: matérias-primas, informação e energia.
Processador
Saídas
Representa os produtos e/ou serviços que saem do sistema para o ambiente, ou seja, tudo que é produzido pela
organização como resultado de seu processamento.
Ex.: produto acabado, serviço prestado, lucro das operações, tributos pagos ao governo.
Retroação
Importante!
As atividades e tarefas estão concentradas no “Processamento” (Throughput).
Traduzindo o conceito para o nosso cotidiano: é quando você resolve fazer um almoço de domingo para a sua
família. As entradas são os insumos (matéria-prima) do seu prato, nesse exemplo: o macarrão, o molho de tomate,
a carne moída, queijo ralado. Com os ingredientes em mãos, encontra-se o momento da transformação (agregar
valor): é a preparação, conforme a receita da “nona”. Preparar significa: cozinhar o macarrão, ralar o queijo, refo-
gar a cebola, temperar, etc. Como resultado (saída do processo), temos uma macarronada para servir. Mas não
para somente na conclusão do processo, após todos se deliciarem com a macarronada — chega a oportunidade de
avaliação do prato: momento de receber as críticas e elogios (feedback). No próximo domingo, com essas informa-
ções, será possível melhorar o banquete.
Percebemos que todas essas atividades (de preparo) não significam nada para quem vai comer a macarrona-
da. O que os familiares realmente querem é a macarronada saborosa, quentinha e na hora certa — ou seja, o foco
é nos desejos e necessidades dos clientes (nesse caso, a família). 69
Diante do exposto, podemos afirmar que toda vez que tivermos um conjunto de atividades sendo executadas
de forma integrada e organizada com o objetivo de fornecer um serviço e/ou produto que satisfaça as necessida-
des do cliente, teremos um processo.
Para internalizar o conhecimento, vamos para mais um exemplo prático. Dessa vez, analisaremos o processo
simplificado de produção de vinho:
Uva Vinho
Na figura acima, inicia-se com a entrada (uva — insumo), perpassa pela transformação (agrega valor), saída
(vinho — produto final) e alcança o objetivo principal (satisfação do cliente).
Assim, podemos sintetizar o conceito de gestão de processos como sendo a metodologia na qual possibilita a
estruturação da sequência de trabalhos com o intuito de simplificar as atividades, facilitar a análise e, sobretudo,
melhorar os processos, como forma de promover a permanente busca da melhoria de desempenho.
TIPOS DE PROCESSOS
As empresas, com intuito de refinar sua gestão, classificam os processos de acordo com seu resultado. Dessa
maneira, é possível alocar os recursos necessários e priorizar os processos que agregam valor ao produto final.
Portanto, em termos de capacidade de geração de valor, os processos podem ser assim classificados:
Processos Primários
São aqueles que entregam algum bem ou serviço ao cliente final, representam as atividades essenciais que a
organização executa no cumprimento de sua missão.
Normalmente, são processos interfuncionais ou interorganizacionais, fornecendo uma visão completa de
ponta a ponta e que no final transformam os recursos em serviços ou produtos para o consumidor final. Nesse
aspecto, seu modelo de serviço é orientado ao cliente com uma visão outside in (necessidades do cliente para orga-
nização, ou seja, de fora para dentro).
Como exemplo, podemos citar a entrega de um veículo (produto final) da montadora para o consumidor final.
Para fixar, lembre-se que os processos primários também são chamados de processos finalísticos, ou ainda,
processos chaves, processos essenciais, processos principais e processos básicos.
Processos de Suporte
São os processos internos indispensáveis para que os processos primários possam ser executados, ou seja,
auxiliam a execução dos processos primários contribuindo para o sucesso da organização.
Em regra, não geram valor direto para os clientes, e sim, entregam valor para outros processos. Normalmente,
são associados às áreas funcionais da organização, fornecendo e gerenciando recursos.
Como exemplo, podemos citar os processos de recursos humanos em uma montadora.
Dica
Os processos de suporte também são conhecidos por processos secundários, ou ainda, processos meios,
processos auxiliares e processos de apoio.
Processos Gerenciais
São aqueles responsáveis por medir, monitorar e controlar as atividades. São ligados às estratégias e utilizados
na tomada de decisão; seu papel principal é o de coordenar as atividades de apoio e as finalísticas. Normalmente,
são executados pela alta administração da organização.
Como exemplo, podemos citar o planejamento estratégico de uma montadora de veículos.
Vale ressaltar que os processos gerenciais são responsáveis pelas decisões no presente e elas irão impactar o
70 futuro da organização.
No quadro abaixo, sintetizamos os principais pontos dos tipos de processos:
Primários
De suporte
Gerenciais
Os processos acima mencionados também podem ser analisados conforme os seus níveis de detalhamento, em
forma de hierarquias.
z Macroprocesso: normalmente, abrange mais de uma área da organização e compreende a visão geral dos
processos. Em regra, é composto por diversos processos principais e de suporte;
z Processo: tem seu foco no atendimento das necessidades do cliente final (interno e externo), é o conjunto de
atividades relacionadas e sequenciais em que recebem entradas (insumos), agregam valor e transformam em
produtos e/ou serviços finais;
z Subprocesso: refere-se a uma parte específica de um processo, auxiliando o alcance do objeto do processo
maior. Pode ser considerado um processo dentro de outro processo maior;
z Atividade: é o conjunto de tarefas que descreve o passo a passo para a execução. A cada atividade executada,
o processo deve agregar valor. A responsabilidade de execução da atividade pode ser atribuída a uma pessoa
ou departamento;
z Tarefa: é a menor divisão de trabalho no processo. Pode ser uma parte específica da atividade ou uma subdi-
visão de algum trabalho.
71
Dica
A tarefa é sempre atribuída e executada por uma pessoa.
Para facilitar o entendimento desta classificação, vamos ver como funciona na prática.
Na figura abaixo, escalonamos o macroprocesso de recursos humanos e qualidade de vida no trabalho em
processos menores para facilitar e refinar a gestão, e ainda analisar possíveis gargalos.
Analisando a figura acima, percebemos que ao “descer” a escada da classificação dos processos, encontramos
processos mais claros e com melhor definição. Assim, no topo da escada encontra-se o macroprocesso (mais gené-
rico) e no último degrau encontra-se a tarefa (mais específica, realizada por uma pessoa).
Como já estudamos, o objetivo principal de um processo é agregar valor ao cliente final. Com isso, torna-se
importante conhecer como podemos analisar e melhorar cada processo, e essa análise é realizada pelo estudo da
cadeia de valor.
CADEIA DE VALOR
Desenvolvido por Michael Porter, a cadeia de valor é o conjunto de atividades primárias e secundárias que
uma organização utiliza para entregar produtos e serviços para seu consumidor final.
A cadeia de valor permite identificar os principais fluxos de processos, sendo possível um exame das ativida-
des executadas e de como ocorrem a interação entre elas.
De acordo com Porter (1990, p. 31):
A cadeia de valores desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica para que se possa com-
preender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação. Uma empresa ganha
vantagem competitiva, executando estas atividades estrategicamente importante de uma forma mais barata ou
melhor do que a concorrência.
Nesse sentido, a atuação na maximização da cadeia de valores é essencial na diferenciação entre as organiza-
ções e seus processos, estabelecendo assim a tão aguardada vantagem competitiva.
Desse modo, cada uma dessas atividades deve, ao final, entregar (agregar) valor aos processos da organização.
Quanto maior o valor agregado entregue, maior será a competitividade da empresa.
Na figura abaixo, adaptado de Porter, percebemos a interdependência entre as atividades de apoio com as
atividades primárias, tendo como resultado “as margens” (valor agregado ofertado ao cliente, ou seja, o lucro
esperado).
Infraestrutura
Atividades de Apoio
Desenvolvimento Tecnológico
MARGENS
Aquisição e Compras
Atividades Primárias
72
A utilização da metodologia da cadeia de valor possibilita à organização a melhora da análise sobre seus pro-
cessos, alcançando as seguintes vantagens:
Neste momento vamos entender o passo a passo de como é colocar em prática a gestão de processos.
Adentramos agora no trabalho propriamente dito: implantar uma gestão de processos na organização.
Para que seja possível a melhoria do processo, o primeiro passo é conhecê-lo.
Dessa maneira, precisamos entender como é o fluxo de trabalho de cada processo e sua interrelação entre os
setores e pessoas envolvidas, para que possamos decidir em que pontos e quais decisões necessitam ser tomadas.
Esse é o trabalho do mapeamento dos processos: visualizar e entender os caminhos do processo de trabalho e
seus pontos críticos.
Assim, o mapeamento é responsável pela descrição bem detalhada das atividades e tarefas, contendo seus
inter-relacionamentos de forma a retratar todo o ambiente organizacional.
Importante!
O mapeamento de processo é uma representação gráfica que provê uma perspectiva ponta a ponta dos pro-
cessos finalísticos, de suporte ou de gerenciamento.
z entrevistas e reuniões;
z observação das atividades in loco;
z análise da documentação;
z coleta de dados e evidências.
O mapeamento por meio do fluxograma deve conter a essência do processo, demonstrando como os elemen-
tos se relacionam, as entradas e saídas, quem executa as atividades, os pontos de decisão e os atores envolvidos
(fornecedores, clientes).
Com o mapeamento em mãos, o próximo passo é a análise do processo.
A análise do processo visa entender o estado atual do processo e suas atividades (análise AS-IS, ou em portu-
Tenha atenção ao conteúdo que segue. Um conceito crucial na análise do processo, e também bastante explo-
rado pelos examinadores, é o do handoff. O handoff é qualquer ponto em um processo em que o trabalho ou
informação passa de uma função para outra. Essa transferência pode resultar em desconexões, atrasos, gargalos,
ineficiência, rupturas e, em razão disso, devem ser analisadas com cuidado.
Dica
Em regra, quanto menor for o número de handoffs, menor será a vulnerabilidade do processo. 73
Simplificando o conceito: handoff pode ser entendido como a passagem de uma atividade para a próxima ati-
vidade. Nesse ponto, é onde ocorrem os atrasos e as desconexões, devido à falta de comunicação entre as equipes
envolvidas.
Na figura abaixo, temos uma representação gráfica do handoff:
Ponto de passagem
entre as atividades
Com os processos mapeados (detalhados) e analisados (estudados), é o momento de desenhar o novo processo,
propondo melhorias na sua execução.
É importante lembrar que a análise de processos é a base para o desenho de processos.
O intuito do desenho de processos é a transformação da situação atual em um novo processo contendo todos
os pontos que podem ser melhorados, eliminando as atividades e tarefas que não agregam valor.
Nesse sentido, é o redesenho do processo original com as possíveis melhorias propostas a partir de sua análise.
Para o sucesso no desenho do novo processo, é fundamental por parte do gestor a atenção nas seguintes
atividades:
Esse novo processo a ser implementado é chamado de TO-BE, ou seja, a visão do processo futuro. É nesse
momento que o estado desejado é desenvolvido, seja para um redesenho de processo ou para o desenvolvimento
de um novo processo.
Portanto, a análise AS-IS é a visão do processo no momento atual. Já a análise TO-BE, é a visão do processo
futuro com as melhorias a serem implementadas.
AS - IS TO - BE
Para facilitar o entendimento, na figura abaixo, sintetizamos o caminho a ser percorrido para a implantação
da melhoria dos processos de uma organização:
A importância do custo como fator de competitividade coloca a gestão de processos na lista das prioridades
da administração da organização.
Essa competitividade, utilizando a gestão de processos, pode ser obtida com a eliminação de desperdícios,
74 racionalização do trabalho e reengenharia de processos.
A ideia é a reinvenção da empresa.
Gestão ✓ Eliminação de desperdícios
de ✓ Racionalização do trabalho NOÇÕES DE ESTATÍSTICA APLICADA AO
Processos ✓ Reengenharia de processos
CONTROLE E À MELHORIA DE PROCESSOS
Reengenharia de Processos
Total 100 100/100 = 100% Dessa maneira, se o rol analisado apontar nove
dados, a mediana é o 5º elemento (posição central).
Dessa maneira, a frequência relativa permite reali- Exemplo: em uma grande empresa, com nove
zar comparações entre tabelas com diferentes quanti- filiais, temos respectivamente no rol a seguir a repre-
dades de dados analisados para uma mesma variável. sentação dos números de funcionários: (40, 45, 50, 55,
A comparação das frequências absolutas entre 70, 80, 80, 90, 110). Portanto, a mediana que represen-
duas tabelas não faz sentido, pois estaríamos compa- ta o rol acima é de 70 funcionários.
rando dois números absolutos sem conhecer o quan- Caso ocorra de o número de variáveis de um rol
titativo total. Por outro lado, na frequência relativa, ser par (não tem um termo que seja do meio), tome-
estaríamos comparando dois percentuais. mos os dois termos centrais (meio) e fazemos a média
entre eles.
Medidas Estatísticas na Análise de Processos
Medidas de Variabilidade
Para uma melhor análise com o intuito de aperfei-
çoar os processos, o administrador utiliza-se de dois As medidas de variabilidade são utilizadas para
tipos de medidas estatísticas que são essenciais: medi- apontar quanto que os dados estão dispersos em rela-
das de tendência e medidas de variabilidade. Vamos ção à média. Neste sentido, quanto mais espalhados,
76 entender a sua aplicação. maior será a sua variabilidade.
Essas medidas visam tornar a avaliação do conjunto É válido salientar que o principal objetivo da
de dados mais próximas da realidade, facilitando assim implementação da gestão de riscos é aumentar o grau
a observação e entendimento na tomada de decisão. de certeza na consecução dos objetivos, o qual tem
As medidas de variabilidade mais utilizadas na impacto direto na eficiência.
análise de processos são a amplitude, variância e o Este tópico tem seu alicerce no “Manual de Gestão
desvio padrão. de Riscos — Um Passo Para a Eficiência23” publica-
do pelo Tribunal de Contas da União. Primeiramente,
Melhoria dos Processos Utilizando a Estatística vamos entender o conceito de risco!
O administrador, utilizando as ferramentas da Risco é a possibilidade de ocorrência de um even-
estatística, tem como objetivo melhorar a média, to, um incidente de fontes internas ou externas à
aumentar ou diminuir de acordo com o caso concreto organização, o qual pode afetar adversamente a rea-
e sempre reduzir sua variabilidade. lização de objetivos. Por outro lado, uma oportunida-
Vamos entender melhor como essas medidas esta- de é a possibilidade de ocorrência de um evento que
tísticas podem auxiliar na melhoria de processos ana- pode afetar positivamente a realização de objetivos.
lisando um caso prático. Neste sentido, percebemos que o risco está presen-
Ao analisar um processo de fabricação de um auto- te em todas as atividades humanas, em todos os cam-
móvel, o administrador coletou os seguintes dados, em pos. Em relação à gestão de riscos na esfera pública,
horas, para o término da produção: 4 + 3 + 10 + 8 + 6 + 8. o risco pode estar presente tanto nas atividades que
Calculando o tempo médio, temos: envolvem a aplicação desses recursos, quanto naque-
las que envolvem a fiscalização e o controle da sua
total 39 boa e regular aplicação.
Média = =
número de variáveis 6
PRINCÍPIOS
Média = 6,5
Alguns princípios regem a gestão de riscos na
Assim, é função do administrador adotar medidas Administração Pública, a saber:
para que o valor da média diminua e, consequente-
mente, o tempo médio de fabricação seja reduzido, Fomentar a inovação e a ação empreendedora
maximizando a eficiência. responsáveis
Um exemplo prático para alcançar esse resultado Ao realizar algo que nunca foi feito antes ou que impli-
é contratar mais trabalhadores para a execução dos que riscos, identificar, avaliar e tratar esses riscos
processos. Outro fator a ser analisado é a redução da aumenta a chance de sucesso. Mesmo que a iniciativa
variabilidade, pois não adianta ter uma boa média se não tenha sucesso por algum motivo, estará documen-
os resultados variam a cada unidade. Neste sentido, tado que o gestor tinha consciência dos riscos e ado-
a variabilidade do tempo de produção proporcionará tou as providências necessárias para mitigá-los, o que
uma maior previsibilidade, auxiliando, assim, no pro- demonstra uma gestão responsável.
cesso de planejamento.
Percebemos que a gestão de processos funciona Considerar riscos e, também, oportunidades
como uma cadeia, com a melhora de um elemento, os
seguintes vão se beneficiando e no final ocorre uma A oportunidade é também chamada de risco positivo,
melhoria geral e contínua. pois constitui a possibilidade de um evento afetar posi-
Sintetizando o exemplo: tivamente os objetivos. A boa gestão de riscos deve,
também, considerar as oportunidades, pois o gestor
23 BRASIL. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Manual de Gestão de Riscos do TCU: um passo para a eficiência. 2020. Disponível em: https://por-
tal.tcu.gov.br/data/files/46/B3/C6/F4/97D647109EB62737F18818A8/Manual_gestao_riscos_TCU_2_edicao.pdf. Acesso em: 27 dez. 2022. 77
Considerar a importância dos fatores humanos Modelo Britânico
e culturais
O HM Treasury (similar ao Ministério da Economia)
A percepção sobre os riscos e seus impactos no alcance do Governo Britânico elaborou e publicou um documen-
dos objetivos depende das características das pessoas to denominado The Orange Book Management of Risk
responsáveis pela gestão desses riscos e da cultura de — Principles and Concepts (Gerenciamento de riscos —
determinado órgão ou área da instituição em que esses princípios e conceitos) em 2001, sendo referência para
riscos são avaliados. as organizações públicas e privadas do Reino Unido.
Nesse sentido, uma boa gestão de riscos deve consi- De acordo com esse documento, a gestão de riscos
derar a influência dos fatores humanos e da cultura deve ser gerenciada em três níveis: nível estratégi-
organizacional na identificação, na avaliação e no tra- co, nível programa e nível projetos e atividades; e
tamento dos riscos. O sucesso ou fracasso da gestão de evidencia que a comunicação deve fluir tanto de cima
riscos depende da cultura organizacional. para baixo, quanto debaixo para cima.
Ser dirigida, apoiada e monitorada pela alta
administração
ABNT NBR ISO 31000
A alta administração tem a responsabilidade de con-
duzir o processo de implantação, de manter o sistema
funcionando com eficiência e economicidade, de geren-
A Associação Brasileira de Normas Técnicas
ciar os riscos-chave liderar pelo exemplo, demonstran- (ABNT) é a entidade responsável pela normatização
do efetivo compromisso com a gestão de riscos.24 técnica no território brasileiro. Assim, baseada na
norma ISO 31000:2009 (Internacional Organization for
OBJETOS Standardization), publicou sua versão nacional idênti-
ca em conteúdo técnico, estrutura e redação.
Neste sentido, a norma em tela fornece princípios
São considerados objetos do gerenciamento de
e diretrizes genéricas para auxiliar na implementação
riscos toda variável que seja possível gerenciar com
da gestão de riscos, seja em empresas privadas, ou em
o intuito de aplicar as boas práticas preconizadas no
organizações públicas.
mercado, a saber: resultados, metas, atividades, pro-
Conforme a ISO 31000, se a gestão de riscos for imple-
jeto, informações, dados, integridade e ética, iniciati-
mentada e mantida conforme suas diretrizes, pode tra-
va ou ação de plano institucional, além dos recursos zer os seguintes benefícios para as organizações:
empregados nas unidades organizacionais.
z facilitar e aumentar a probabilidade de atingir as
MODELOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS metas e objetivos;
z identificar facilmente as oportunidades e riscos;
Com a entrada da gestão de riscos na agenda das z criar uma cultura de gestão ativa;
organizações, foram desenvolvidos diversos mode- z melhorar a governança;
los de gerenciamento de riscos, nos quais alinham as z estreitar a confiança com as partes interessadas;
boas práticas internacionais e estabelecem critérios z maximizar a eficácia operacional;
para a sua implementação. z melhorar a aprendizagem organizacional.
Os mais utilizados e conhecidos que podem ser
cobrados em sua prova são: INTEGRAÇÃO AO PLANEJAMENTO
The Comitee of Sponsoring Organizations (COSO) Como podemos perceber, o gerenciamento de ris-
cos não pode ser um setor (área) estanque, ou seja,
The Comitee of Sponsoring Organizations (COSO) fazer uma gestão isolada. Mas, sim, é de suma impor-
é uma associação Estadunidense sem fins lucrativos, tância a sua integração com todos os setores da organi-
especializada no estudo da melhoria dos relatórios zação, transformando em uma cultura da organização
financeiros, com ênfase no caráter ético, governança e responsabilidade de todos.
corporativa e aprimoramento dos controles internos.
Suas recomendações são publicadas no manual PROCESSO DE GESTÃO DE RISCOS: TÉCNICAS
Internal Control — Integrated Framework (Controles
Internos — Um Modelo Integrado), cuja referência é O processo de gestão de riscos é um conjunto de ati-
mundial na temática de controle interno e gerencia- vidades que visa identificar, avaliar, tratar e monito-
mento de riscos. rar os riscos de um projeto, programa ou organização.
De acordo com a entidade, o controle interno pode O objetivo da gestão de riscos é reduzir a probabili-
ser definido como: dade e o impacto dos eventos negativos e aumentar a
probabilidade e o impacto dos eventos positivos.
Um processo conduzido pela estrutura de gover- Assim, vale como definição, também, firmar que
nança, administração e outros profissionais da se trata da aplicação de políticas, procedimentos e
entidade, desenvolvido para proporcionar segu- práticas de gestão para as atividades de comunicação,
rança razoável com respeito à realização dos consulta, estabelecimento do contexto, e na identifica-
objetivos relacionados a operações, divulgação e ção, análise, avaliação, tratamento, monitoramento e
conformidade.25 análise crítica dos riscos. Um risco, por exemplo, é o
efeito da incerteza nos objetivos, que pode ser positi-
vo ou negativo.
24 Ibidem (p. 17 e 18).
25 Controle Interno – Estrutura Integrada. Maio de 2013. Instituto dos Auditores Internos do Brasil. Disponível em: https://auditoria.mpu.mp.br/
78 pgmq/COSOIICIF_2013_Sumario_Executivo.pdf. Acesso em: 28 dez. 2022.
A gestão de riscos, para tanto, visa aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos favoráveis e reduzir a
probabilidade e o impacto dos eventos adversos. Nesse sentido, a disciplina se aplica a qualquer tipo de organiza-
ção, setor ou tamanho, que pode ser gerenciada por diferentes metodologias, como as tradicionais, ágeis, híbridas,
entre outras.
O principal referencial teórico e prático para a gestão de riscos é a norma ISO 31000:2018 — Gestão de riscos —
Princípios e diretrizes, publicada pela International Organization for Standardizartion (ISO), que é a maior organi-
zação internacional de padronização do mundo. Nesse estandarte, a mencionada norma apresenta os princípios,
a estrutura e o processo para a gestão de riscos, bem como as diretrizes para a sua implementação e melhoria
contínua.
O processo de gestão de riscos é o conjunto de atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organi-
zação no que se refere aos riscos. Assim, trata-se de uma gestão interativa, dinâmica e adaptável, e envolve as
seguintes etapas:
Comunicação
Estabelecer o contexto
Processo de avaliação
Identificação do risco
do risco
Análise do risco
Avaliação do risco
Dessa forma, a comunicação é essencial para o sucesso da gestão, uma vez que deve haver a troca de infor-
mações a respeito dos riscos de maneira eficaz a todas as partes interessadas, incluindo a alta administração, a
equipe do projeto e os stakeholders externos.
Consulta
A consulta é um processo importante para identificar e avaliar os riscos. Assim, as partes interessadas devem
ser consultadas para obter informações sobre os riscos que podem afetar o projeto, programa ou organização.
Tal qual a comunicação, a consulta deve ocorrer em todas as etapas do processo de gestão de riscos, uma vez
que visa garantir a transparência, confiança, participação e a colaboração entre os envolvidos.
Contextualização
Nesse momento, há o envolvimento da definição dos parâmetros externos e internos, bem como dos critérios de
risco, que serão considerados na gestão de riscos.
Assim, há os contrapontos entre os contextos interno e externo, de modo que, o primeiro, respectivamente,
inclui os fatores estratégicos, operacionais, organizacionais, humanos e culturais que caracterizam a organização.
Em continuidade, o segundo envolve fatores ambientais, legais, políticos, sociais, econômicos, tecnológicos e cul-
turais que podem influenciar ou ser influenciados pela organização. 79
Identificação O processo de gestão de riscos para o TCU contou
com o envolvimento de todos os procedimentos pre-
Nesse momento, há o envolvimento do reconheci- vistos dentro do mesmo instrumento, de forma que
mento e da descrição dos riscos que podem afetar os houve o cuidado para seguir as diretrizes da norma
objetos da organização, de forma a possibilitar a sua ISO 31000:2018 e do Guia de Auditoria da Natureza
análise e avaliação. Operacional do TCU.
Posto isto, a identificação deve ser sistemática, Portanto, a implementação do processo resultou
abrangente, estruturada e documentada, de forma em benefícios, como aumento da eficiência, redução
que haja a utilização das fontes de informação confiá- de custos, melhoria da qualidade, alinhamento estra-
veis e atualizadas, como dados históricos, estatísticos, tégico e transparência.
científicos, entre outros.
Portanto, deverá haver a consideração tanto dos REFERÊNCIAS
riscos existentes quanto os emergentes, assim como
dos riscos inerentes e, também, residuais. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
NBR IEC 31010:2021 — Gestão de Riscos: Técnicas
Análise
para o Processo de Avaliação de Riscos. ABNT. 2021.
Nessa etapa, envolve-se a determinação da probabi- ______. NBR ISO 31000:2018 — Gestão de Riscos:
lidade e do impacto dos riscos identificados, de forma a Princípios e Diretrizes. ABNT. 2018.
estimar o nível de risco e a sua natureza, causa e fonte. BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria de
A análise, para tanto, poderá ser realizada de Gestão do Patrimônio da União. Guia de Gestão
maneira qualitativa, quantitativa ou mista, depen- de Riscos. 1ª ed. Brasília: SGP/ME, 2022.
dendo da disponibilidade e da qualidade dos dados, ______. Tribunal de Contas da União. Referencial
complexidade e criticidade dos riscos, bem como dos Básico de Gestão de Riscos. [On-line]: Tribunal
recursos e tempo disponíveis. de Contas da União, 2018. Disponível em: http://
Dessa forma, a análise deverá considerar os fato- tinyurl.com/3jmun5my. Acesso em: 25 jan. 2024.
res de incerteza, interdependências, correlações, ten- ROSA, G. M.; TOLEDO, J. C. Gestão de riscos e a nor-
dências, cenários e hipóteses que podem se envolver ma ISO 31000: importância e impasses rumo a um
com os riscos em si. consenso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGE-
NHARIA DE PRODUÇÃO, 5., 2015, Ponta Grossa.
Tratamento Anais [...]. Ponta Grossa, 2015.
Como o ponto que se encaminha para o final, o
BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO DE RISCOS
tratamento envolve a seleção e a implementação de
medidas para modificar o nível de risco, visando à sua
Introdução
redução, eliminação, transferência, compartilhamen-
to, aceitação ou exploração.
Diante disso, o tratamento deve ser proporcional, Riscos são inerentes a praticamente quaisquer ati-
viável, efetivo e eficiente, considerando as opções, vidades. A vida humana por si só é incerteza e “estar
recursos, responsabilidades, prazos, planos e as con- vivo” já pressupõe uma dose de risco. Não seria dife-
tingências envolvidas no tratamento dos riscos. rente nas organizações. Por isso que, conforme afir-
ma a Metodologia de gestão de riscos do Ministério
Monitoramento e Retroalimentação da Ciência, Tecnologia e Inovações — MCTI (BRASIL,
2022, p. 7), “lidar com as inúmeras incertezas decorren-
De maneira final, há o acompanhamento e a ava- tes dos vários fatores (econômicos, sociais, legais, tec-
liação contínua do desempenho e eficácia do processo nológicos, operacionais, dentre outros)” é fundamental
de gestão de riscos, de forma a identificar e incorpo- para o atingimento dos objetivos almejados.
rar as mudanças, melhorias, lições aprendidas e as Logo, saber identificar os potenciais eventos que
boas práticas no processo de gestão de riscos. poderão se materializar em riscos e comprometer o
Nesse sentido, o monitoramento e retroalimen- alcance dos objetivos é um pressuposto essencial para
tação devem ser sistemáticos, periódicos, documen- eficácia da gestão.
tados e comunicados, considerando bem os seus Nesse sentido, o próprio governo brasileiro vem
indicadores, relatórios, auditorias, revisões e atuali- alocando esforços significativos na direção da criação
zações envolvidos no processo de gestão de riscos. de uma cultura de governança e de gestão de riscos de
Exemplo de Aplicação forma estruturada no Poder Executivo Federal.
Em um contexto mais amplo, é importante que as
O processo de gestão de riscos detém aplicações organizações, sejam públicas ou privadas, busquem
de sucesso por diversas organizações e, diante do que entender quais são os riscos associados às suas ope-
necessitavam, conseguiram gerenciar seus riscos de rações, processos e atividades, com o objetivo de evi-
forma eficaz e eficiente, gerando valor para os clientes tar prejuízos e promover as melhorias necessárias ao
e para o negócio. aprimoramento do seu sistema de gestão de riscos.
Segundo o Guia de Gestão de Riscos do Ministério
z Processo de Gestão de Riscos do Tribunal de da Economia (BRASIL, 2021, p. 9):
Contas da União (TCU)
O gerenciamento de riscos é o processo conduzido
O TCU utilizou o processo de gestão de riscos para pela alta administração e pelos demais servidores e
planejar e melhorar os seus processos de controle colaboradores em que são estabelecidas as estraté-
externo, que envolvem a fiscalização, auditoria, ava- gias de prevenção e controle de riscos que possam
80 liação e o julgamento das contas públicas. impactar os objetivos da organização.
Ou também, conforme define a Política de Gestão de Art. 14 O trabalho administrativo será racionaliza-
Riscos do ME (III, art. 4º), gerenciamento de riscos é a: do mediante simplificação de processos e supressão
de controles que se evidenciarem como puramente
[...] aplicação sistemática de políticas, procedimen- formais ou cujo custo seja evidentemente superior
tos e práticas de gestão de riscos, para identificar, ao risco.
analisar, avaliar, tratar, comunicar e monitorar
potenciais eventos ou situações de risco, bem como A Instrução Normativa Conjunta MP/CGU nº 01, de
fornecer segurança razoável no alcance dos obje- 2016, prevê em seu art. 1º:
tivos relacionados a processos, projetos e demais
objetos avaliados. Art. 1º Os órgãos e entidades do Poder Executivo
Federal deverão adotar medidas para a sistemati-
É aí que entra, justamente, a função controle: para zação de práticas relacionadas à gestão de riscos,
responder aos riscos! Ainda segundo o Guia (2021, p. aos controles internos e à governança.
9): “A função dos controles é dar tratamento à probabi-
lidade ou ao impacto da materialização de um risco em O Decreto nº 9.203, de 2017, estabeleceu a política
relação a um objetivo fixado.” de governança da administração pública direta, indi-
A gestão de riscos pode trazer inúmero benefícios, reta, autárquica e fundacional. Seu art. 17 esclarece:
quando implementada de forma adequada e contí-
nua. Vamos ver o que diz o Guia de Gestão de Riscos do Art. 17 A alta administração das organizações da
Ministério da Economia (BRASIL, 2021, p. 9-10) sobre administração pública federal direta, autárquica e
o assunto: fundacional deverá estabelecer, manter, monitorar
e aprimorar sistema de gestão de riscos e controles
z mais segurança para que a alta administração internos com vistas à identificação, à avaliação, ao
tome decisões consistentes; tratamento, ao monitoramento e à análise crítica
z contribui para assegurar a comunicação eficaz, de riscos que possam impactar a implementação da
melhorando as bases ao direcionamento estratégi- estratégia e a consecução dos objetivos da organi-
co e à tomada de decisões; zação no cumprimento da sua missão institucional,
z contribui com o cumprimento das leis e regulamentos; observados os seguintes princípios:
z ajuda a mitigar possíveis riscos que possam preju- I - implementação e aplicação de forma sistemáti-
dicar o cumprimento dos objetivos e a reputação ca, estruturada, oportuna e documentada, subordi-
da organização; nada ao interesse público;
z promove o desenvolvimento de um ambiente éti- II - integração da gestão de riscos ao processo de pla-
co, com papéis e responsabilidades bem definidos; nejamento estratégico e aos seus desdobramentos, às
z contribui para a entrega de serviços dentro do pra- atividades, aos processos de trabalho e aos projetos
zo e com a qualidade esperada, e sem desperdício em todos os níveis da organização, relevantes para a
de recursos. execução da estratégia e o alcance dos objetivos insti-
z minimiza a ocorrência de imprevistos para o Governo tucionais; III - estabelecimento de controles internos
no momento de implementar suas políticas públicas; proporcionais aos riscos, de maneira a considerar
z ajuda a evitar crises e contratempos (há maior pre- suas causas, fontes, consequências e impactos, obser-
visibilidade dos resultados esperados); vada a relação custo-benefício; e
z ajuda na transparência e na accountability (presta- IV - utilização dos resultados da gestão de riscos
ção de contas); para apoio à melhoria contínua do desempenho e
z possibilita a identificação de oportunidades de dos processos de gerenciamento de risco, controle e
81
Modelos e Metodologias (Nacionais e Internacionais) Objetos e Integração ao Planejamento
Além disso, existem diversos modelos e metodolo- O Guia de Gestão de Riscos do Ministério da Econo-
gias, mundialmente conhecidos, com foco no geren- mia (BRASIL, 2021, p. 14) afirma que “Mesmo que qual-
ciamento de riscos, por exemplo: quer ato de ação ou de omissão possa ser objeto para
a gestão de riscos, tipicamente uma organização prio-
z Orange Book, do Tesouro Britânico (2001); rizará a gestão de riscos sobre [seus] projetos e proces-
z Os manuais do Committee of Sponsoring Organiza- sos” (e até mesmo “outra ações”, que não se encaixem
tions of the Treadway Commission — COSO (2004 e nem em projetos, nem em processos).
2017); Logo, “a primeira etapa para a definição de objetos
z E as normas ISO 31000 (2009 e 2018). para a gestão de riscos deve ser o mapeamento de ini-
ciativas que tenham relevância nos resultados” (BRA-
O manual Gerenciamento de Riscos Corporativos — SIL, 2021, p. 14).
Estrutura Integrada (Enterprise Risk Management — No caso do Guia de Gestão de Riscos do Ministério
Integrated Framework) publicado pelo COSO, em 2004, da Economia (BRASIL, 2021, p. 14), por exemplo:
trouxe para organizações um “norte” para a estrutu-
ração da gestão de riscos, apresentando princípios, Uma vez que a unidade setorial tenha definido seu
diretrizes e padrão de linguagem comum. portfólio de objetos relevantes para os resultados
almejados pelo Ministério e os tenha classificado
Em 2017, o COSO atualizou o Manual de 2004, o
por projeto, processo ou iniciativa, sobre esse port-
COSO e publicou o manual Gerenciamento de Riscos
fólio ela aplicará um conjunto de parâmetros que
Corporativos — Integração com Estratégia e Desem- a permitirá, de forma justificada, escolher quais
penho (Enterprise Risk Management - Integrating with objetos serão alvo da análise de riscos e avaliação
Strategy and Performance), que basicamente buscou de apetite a riscos.
esclarecer a importância das organizações se aterem
aos riscos no processo de elaboração da estratégia, na É importante notar que a própria
sua execução e na busca pelo desempenho almejado.
Já a Norma ABNT NBR 31000 trouxe princípios, [...] unidade setorial tem autonomia para definir
diretrizes e conceitos sobre gestão de riscos, além de seus critérios, mas é importante que esses critérios
propor estrutura e processos para um gerenciamento sejam comunicados à alta administração (Comitê
integrado de riscos nas organizações, com o intuito de Ministerial de Governança — CMG), para que ela
criar valor. ratifique aquele plano de priorização de objetos.
Na edição de 2018, a norma traz uma proposta que (BRASIL, 2021, p. 14)
integra “princípios, sistema e o processo” de gerencia-
mento de riscos: Os objetos escolhidos vão compor o “Plano de
Priorização de Objetos para a Gestão de Riscos”, até
z o sistema proposto articula integração, concepção, que esse processo aconteça novamente. Além disso, é
implementação, avaliação e melhoria do gerencia- importante manter em guarda todos os documentos
mento de riscos na organização; gerados ao longo do processo de escolha desses obje-
z o processo envolve as etapas de: tos prioritários, para eventual futura auditoria.
O Guia de Gestão de Riscos do Ministério da Econo-
definição de escopo, contexto e critérios; mia (BRASIL, 2021, p. 15) traz até um exemplo sobre
processo de avaliação de riscos (identificação esse processo de priorização:
de riscos, análise de riscos, avaliação de riscos);
[...] imagine que uma unidade setorial do ME
tratamento de riscos;
[Ministério da Economia], ao levantar seu portfólio
registro e relato;
de objetos, identificou quatro projetos, quatro pro-
monitoramento e análise crítica;
cessos e duas iniciativas [outras ações], totalizando
comunicação e consulta. dez objetos.
A Metodologia de gestão de riscos do MCTI (BRASIL, Imagine também que essa unidade tenha valida-
2022, p. 15) afirma que existe um desafio na “adapta- do no CMG (Comitê Ministerial de Governança) cinco
ção desses modelos para a realidade da administração parâmetros para priorização dos objetos.
pública.” Porém, existem esforços feitos nesse sentido Assim, “a autoridade máxima da unidade setorial,
desde 2016, realizados por diversos órgãos, a exem- após consultar suas áreas técnicas, pode definir notas
plo das diversas iniciativas pioneiras, que orientam de 1 a 5 para cada parâmetro de cada objeto, obten-
diversos órgãos. Por exemplo: do uma média ponderada para cada objeto analisado”
(BRASIL, 2021, p. 15).
z Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e A unidade setorial pode classificar os objetos a
Gestão (atual Ministério da Economia); partir da média ponderada obtida e pode chegar a
z Controladoria-Geral da União (CGU). uma tabela, excluindo, por exemplo, 60% dos objetos
com menor média ponderada.
Ainda de acordo com o MCTI, ambos “coordenam Além disso, de acordo com o Guia de Gestão de Ris-
sistemas estruturantes do Governo Federal responsá- cos do Ministério da Economia (BRASIL, 2021, p. 17), a
veis por orientarem os órgãos e entidades nessa temáti- unidade setorial pode designar os responsáveis pelo
ca” (BRASIL, 2022, p. 16). detalhamento de cada objeto, que deverá trazer:
82
a) Breve descrição do objeto; � Forças � Fraquezas
b) Como o objeto impacta o planejamento estratégi-
co do Ministério;
c) Áreas do Ministério envolvidas na execução do S W
objeto, com as suas devidas responsabilidades;
d) Cronograma com apontamento de prazos para o
mapeamento do objeto; a análise de riscos do obje-
to; a definição da resposta aos riscos; a definição do
plano de ações mitigadoras decorrentes da respos-
O T
ta ao risco; e a definição mecanismos de controle
do risco, com eventuais medidas de contingência.
� Oportunidades � Ameaças
Uma vez inserido o objeto no processo de gestão de
riscos, ele deve ser acompanhado pelo tempo que o obje- Fonte: baseado Kotler e Keller (2012). Adaptado.
to permanecer ativo. Além disso, “a cada execução de pla-
no de priorização, novos objetos podem ser agregados ao Os pontos fracos (fraquezas) são elementos
portfólio monitorado.” (BRASIL, 2021, p. 17). internos que podem interferir negativamen-
Após essa priorização, será aplicada uma Metodolo- te na capacidade da empresa de atingir seus
gia de Gestão de Riscos. No caso do Ministério da Eco- objetivos;
nomia, por exemplo, essa metodologia é baseada nos Os pontos fortes (forças) representam van-
fundamentos da ABNT NBR ISO 31000 e COSO ERM e se tagens que interferem positivamente na
divide em seis etapas: capacidade da empresa atingir seus objetivos.
Também são elementos internos;
Análise de contexto; As oportunidades são situações externas que
Identificação de riscos; interferem positivamente;
Avaliação de riscos; As ameaças são situações externas que colo-
Resposta aos riscos (evitar, aceitar, reduzir,
cam a empresa diante de dificuldades.
compartilhar);
Comunicação; e
Em resumo, pontos fortes e fracos são elementos
Monitoramento. (BRASIL, 2021, p. 18)
internos.
Oportunidades e ameaças são elementos externos.
Vamos ver cada uma delas:
Alguns exemplos:
z Análise do Contexto
Oportunidades: crescimento econômico do
país, poucos concorrentes, investidores interes-
Nesta etapa são explicitadas as informações sobre o
sados em capitalizar a empresa etc.;
objeto da gestão de riscos (processo, projeto, ações, ati-
Ameaças: falta de profissionais no mercado de
vidades etc.) que está sob análise, com o intuito de com-
trabalho que dominem as habilidades necessá-
preender o ambiente externo e interno no qual esse
rias para o trabalho, elevação na taxa de juros,
objeto está inserido (compreender o contexto, ou seja, concorrência elevada, nova legislação restriti-
fazer uma contextualização). va etc.;
As informações produzidas nessa etapa também são Forças: boa estrutura, localização, funcioná-
26 LENK, K.; TRAUNMULLER, R. “Broadening the Concept of Electronic Government”, In: PRINS, J. E. J. (Ed.). Designing E-Government.
[S. l.]: Kluwer Law International, 2001, p. 63-74.
27 LOPES, Francisco Cristiano. Princípios e diretrizes gerais de implantação e operabilidade do governo eletrônico no Brasil.
Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-87/principios-e-diretrizes-gerais-de-implantacao-e-operabilidade-do-go-
verno-eletronico-no-brasil/.> Acesso em: 16 mar. 2022.
28 LOPES, Francisco Cristiano. Princípios e diretrizes gerais de implantação e operabilidade do governo eletrônico no Brasil.
Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-87/principios-e-diretrizes-gerais-de-implantacao-e-operabilidade-do-go-
86 verno-eletronico-no-brasil/>. Acesso em: 16 mar. 2022.
z A gestão do conhecimento é um instrumento Dica
estratégico de articulação e gestão das políticas
públicas do governo eletrônico: conjunto de pro- Trata-se de uma Lei consideravelmente nova,
cessos sistematizados, articulados e intencionais, por isso, atente-se a ela.
capazes de assegurar a habilidade de criar, coletar,
organizar, transferir e compartilhar conhecimen- A Lei de Governo Digital, entrou em vigor em agos-
tos estratégicos que podem servir para a tomada to de 2021, entre seus princípios e diretrizes podemos
de decisões, para a gestão de políticas públicas e destacar:
para inclusão do cidadão como produtor de conhe-
cimento coletivo;29 � a desburocratização, a modernização, o forta-
z O governo eletrônico deve racionalizar o uso lecimento e a simplificação da relação do poder
de recursos: a implementação das políticas de público com a sociedade, mediante serviços digi-
promoção do governo eletrônico não deve signi- tais, acessíveis;
ficar aumento dos dispêndios do Governo Fede- � a disponibilização em plataforma única do
ral na prestação de serviços e em tecnologia da acesso às informações e aos serviços públicos;
informação; � a interoperabilidade de sistemas e a promoção
z O governo eletrônico deve contar com um arca- de dados abertos;
bouço integrado de políticas, sistemas, padrões � o incentivo à participação social no controle
e normas: o sucesso da política de governo eletrô- da administração;
nico depende da definição e publicação de políti- � a eliminação de exigências e formalidades;
cas, padrões, normas e métodos para sustentar as � o apoio técnico aos entes federados para
ações de implantação e operação do governo ele- implantação e adoção de estratégias que visem à
trônico que contemplem uma série de fatores críti- transformação digital da administração pública.
cos para o sucesso das ações; (BRASIL, 2021).
z Integração das ações de governo eletrônico com
outros níveis de governo e outros poderes: a Esta lei define, também, os direitos dos usuários
implantação do governo eletrônico não pode ser da prestação digital de serviços públicos e cita os ins-
vista como um conjunto de ações de diferentes trumentos necessários para as plataformas de governo
atores governamentais que podem manter-se iso- digital de uso de cada ente federativo. (BRASIL, 2021).
ladas entre si. Por sua própria natureza, o governo A Lei de Governo Digital determina que,
eletrônico não pode prescindir da integração de
ações e de informações. [...] a administração pública participará, de manei-
ra integrada e cooperativa, da consolidação da
Estratégia Nacional de Governo Digital, editada
pelo Poder Executivo federal, que observará os
princípios e as diretrizes desta Lei. (BRASIL, 2021).
GOVERNANÇA ELETRÔNICA (E-GOVERNANCE)
Importante destacar que até o fim de 2022, o Bra-
A Organização das Nações Unidas para a Educa-
sil pretende oferecer digitalmente 100% dos mais de
ção, a Ciência e a Cultura (UNESCO) defendem que:
3 mil serviços da União, todos disponíveis no portal
gov.br. Com isso, o Brasil estará entre os 15 países
[...] a governança eletrônica pode ser entendida
mais desenvolvidos do mundo em serviços públicos
como o desempenho dessa governança por meio
eletrônico, a fim de facilitar um processo eficiente, digitais, o que é medido a cada dois anos pela ONU
A governança eletrônica, então, é um conceito A Organização das Nações Unidas possui uma pla-
mais amplo que o governo eletrônico, pois provoca taforma para aferir o processo de modernização dos
uma mudança no relacionamento do cidadão com países. Veja o que consta em sua literalidade:
os governos e entre si. A governança eletrônica pode
transformar os conceitos de cidadania. Seu objetivo é O Banco de Dados foi criado pela Divisão de Institui-
envolver, capacitar e emponderar o cidadão. ções Públicas e Governo Digital (DPIDG) do Departa-
Portanto, Governança Eletrônica é um elemento- mento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações
-chave para a existência de um governo eletrônico, Unidas (UNDESA) para fornecer aos governos e a
pois, sem aquela, o que existe é apenas a informatiza- todos os membros da sociedade civil acesso fácil a
essas informações valiosas para pesquisa, educação
ção de alguns serviços públicos (o que poderia ser con-
e planejamento propósitos. [...] A Pesquisa de Gover-
siderado uma “versão restrita” de Governo Eletrônico).
no Eletrônico das Nações Unidas apresenta uma
avaliação sistemática do uso e do potencial das tec-
LEI DO GOVERNO DIGITAL nologias de informação e comunicação para trans-
formar o setor público, aumentando a eficiência,
Está disposta na Lei Federal n° 14.129, de 29 de eficácia, transparência, prestação de contas, acesso
março de 2021. Esta lei dispõe acerca dos princípios, a serviços públicos e participação cidadã nos 193
regras e instrumentos para o Governo Digital e para o Estados Membros da Nações Unidas e em todos os
aumento da eficiência pública (BRASIL, 2021). níveis de desenvolvimento. (UN, 2022).
29 Ibid. 87
Em 2020, última data de publicação, o Brasil figu- A pressão, neste modelo, é o que conhecemos por
rou na 54ª colocação. incentivo ou motivação; é a variável que leva o indi-
víduo a praticar o ato criminoso. Normalmente, trata-
REFERÊNCIAS -se de algum problema financeiro do agente público,
que na incapacidade de resolver por meios legítimos,
BRASIL. Do eletrônico ao digital. 2021. Disponí- resolve cometer uma ilegalidade.
vel em: <https://www.gov.br/governodigital/pt-br/ Os principais exemplos desta variável são o vício
estrategia-de-governanca-digital/do-eletronico-ao- em jogo, vício em drogas, problemas de saúde na
-digital.>. Acesso em: 14 mar. 2022. família, dificuldade de pagar suas dívidas pessoais e o
BRASIL. Lei do Governo Digital. 2021. Disponí- desejo por um padrão de vida superior.
vel em: <https://www.gov.br/governodigital/pt-br/ A oportunidade, como o próprio nome nos ensi-
legislacao/lei-do-governo-digital>. Acesso em: 14 na, é a possibilidade de o indivíduo explorar uma
mar. 2022. determinada situação na qual viabiliza tirar proveito
BRASIL. Lei federal n° 14.129, de 29 de março para ganhos próprios. Dessa maneira, a oportunidade
de 2021. Disponível em: <http://www.planalto.gov. definirá o método com que a corrupção será cometida
br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14129.htm>. e demonstra uma fraqueza do sistema.
Acesso em: 15 mar. 2022. A oportunidade é criada por falhas nos sistemas
DINIZ, E. H; et al. O governo eletrônico no Bra- de controle e governança, possibilitando o indivíduo
sil: perspectiva histórica a partir de um modelo a perceber que dificilmente será pego.
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Pública. Rio de Janeiro: 43(1):23-48, Jan./Fev. 2009. Dica!
LENK, K.; TRAUNMULLER, R. “Broadening the Con-
cept of Electronic Government”, In: PRINS, J. E. J. Mesmo que a motivação (incentivo) seja extre-
(Ed.). Designing E-Government. [S. l.]: Kluwer ma, a corrupção não ocorre se a oportunidade
Law International, 2001, p. 63-74. não aparecer.
PALUDO, Augustinho Vicente. Administração
Pública, 8ª edição. Rio de Janeiro, Editora Método: A racionalização é a suposta justificativa moral-
2019. p. 219. mente aceita pelo indivíduo para tolerar a conduta e
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<http://portal.unesco.org/ci/en/ev.php-URL_ extrema, por exemplo, “estou desviando o dinheiro
ID=3038&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201. para ajudar minha família”, ou “eu não recebo o salá-
html>. Acesso em: 14 mar. 2022. rio que mereço”.
Op
TRANSPARÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO or
o
sã
PÚBLICA Triângulo
tu
es
nid
de fraude
Pr
ad
FATORES QUE INFLUENCIAM A INCIDÊNCIA DE
e
Atenção: Grave os itens do art. 9º, da LAI, pois é z Cidadão: Ações Individuais
possível que sejam cobrados em sua prova!
O cidadão tem o poder de realizar o acompanha-
Em suma: mento da gestão pública de forma individual, espe-
cialmente em razão dos controles disponibilizados
[...] a LAI “garante ao cidadão o direito de obter pelo Ente, como Portal da Transparência, Ouvidoria,
informações - exceto informações sigilosas - de Audiência Pública etc.
qualquer órgão da administração direta dos Pode-
res Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de z A Sociedade: Manifestações Coletivas
Contas, e Judiciário e do Ministério Público, das
autarquias, das fundações públicas, das empre- Ocorre pelo agrupamento de pessoas com o mesmo
sas públicas, das sociedades de economia mista e interesse a fim de aumentar a probabilidade de serem
demais entidades controladas direta ou indireta- ouvidas pelas autoridades com relação a determina-
mente pela União, estados, Distrito Federal e muni- do tema. Tal direito é salvaguardado na Constituição
cípios. (BRASIL, 2015a, p. 18) Federal (inciso XVI, artigo 5º) como direito de reunião,
para fins pacíficos, em locais abertos. Com base nela
as manifestações coletivas não podem ser proibidas. 91
As redes sociais e os portais de abaixo-assinado são Assim como nas redes sociais, quando uma notícia
espaços onde o cidadão pode, em associação a outros é publicada sobre um recurso público que não foi cor-
com opiniões similares, ganhar voz para ser ouvido retamente aplicado, todo um arranjo é formado com
pelas autoridades. a finalidade de fiscalizar aquela demanda e oportuni-
zar que o agente envolvido possa, igualmente, ter voz
ativa na sua defesa.
Importante! A Escola Nacional de Administração Pública
(ENAP) destaca que as notícias que
É necessário ressaltar que a influência das mani-
festações coletivas vem ganhando força no meio
[...] revelam situações que influenciam mais a vida
digital, em plataformas como o Twitter, com alta dos cidadãos são as que acabam chamando mais
capilaridade de usuários. a atenção de todos. E as notícias de problemas na
gestão dos recursos públicos fazem parte desse
grupo. [...] (BRASIL, 2015b).
z Grupos Sociais Organizados
Ou seja, a partir do acesso a tal denúncia pela
Mais uma vez, a Constituição garante a atividade
imprensa, é desejável que vire notícia e que passe a
de reunião, porém, agora, de forma organizada, com
ser de conhecimento de popular, transformando a
a plena liberdade de associação (inciso XVII, artigo 5º,
opinião pública com relação às pessoas envolvidas
da CF/1988).
ou forma de gerir o problema identificado. É o instru-
A organização popular em grupos ocorre em razão
mento de cobrança por modificações.
de interesses comuns, que se transformam em deman-
das coletivas. Portanto, a atuação desse grupo sinérgi-
REFERÊNCIAS
co se organiza em prol de tais objetivos ou agendas
para chamar atenção e mobilizar mais pessoas em
torno delas (BRASIL, 2015b, p. 11). BRASIL. Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui-
Instrumentos de Controle Utilizados pela Sociedade
Civil caocompilado.htm>. Acesso em: 15 mar. 2022.
BRASIL. Decreto n. 10.757, de 29 de julho de 2021.
z Redes sociais Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/>.
Acesso em: 15 mar. 2022.
BRASIL. Escola Nacional de Administração
As redes sociais digitais, além de fomentar o enga-
jamento no relacionamento entre os seus usuários, é Pública. Controle Social e Cidadania I, 2015. Dis-
um canal para ampliação do entendimento e partici- ponível em: <https://repositorio.enap.gov.br/
pação do cidadão da gestão da máquina pública. Tra- bitstream/1/2719/4/MODULO%203_CONTROLE_
ta-se de uma ferramenta de grande importância para SOCIAL.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2022.
a integração do cidadão com o Estado. BRASIL. Escola Nacional de Administração
A facilidade no seu uso a diferencia dos demais Pública. Controle Social e Cidadania I, 2015a.
meios institucionais, pois as redes sociais são marca- Disponível em: <https://repositorio.enap.gov.br/
das pela informalidade, já que o texto é redigido no bitstream/1/2719/4/MODULO%203_CONTROLE_
momento que o cidadão precisa e também contém um SOCIAL.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2022.
alcance maior. BRASIL. Escola Nacional de Administração
A partir da postagem, as impressões populares Pública. Controle Social e Cidadania II, 2015b. Dis-
começam, o que pode fazer com que a questão seja ponível em: <https://repositorio.enap.gov.br/hand-
monitorada pelo agente público. É possível, por exem- le/1/2718>. Acesso em: 14 mar. 2022.
plo, que a postagem viralize e a atuação do gestor seja BRASIL. Fala.BR - Plataforma Integrada de Ouvi-
imediata a fim de conter os efeitos negativos. doria e Acesso à Informação. Disponível em: <
As redes sociais possibilitam o empoderamento social https://falabr.cgu.gov.b>. Acesso em: 14 mar. 2022.
e o engajamento popular. Ela pode ser utilizada por meio BRASIL. Lei Complementar n° 101, de 4 de maio
de uma página particular, assim como pode ser utilizada de 2000. Disponível em: < http://www.planalto.gov.
pela própria Administração, em página institucional, na br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm >. Acesso em: 15
qual o cidadão pode interagir de forma direta. mar. 2022.
Trata-se da possibilidade de retirar do mundo off- BRASIL. Lei n° 9.784 , de 29 de janeiro de 1999.
-line a demanda popular e trazê-la para o mundo on-li- Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
ne, com exposição geral. Esse é o principal elemento: vil_03/leis/l9784.htm>. Acesso em: 15 mar. 2022.
postagens de interesse geral terão a chance de receber BRASIL. Lei n° 12.527, de 18 de novembro de
maior engajamento de pessoas com interesses simila- 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
res ou simpatizantes com a causa, sem a necessida- br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>.
de de métodos comuns, como a panfletagem, sites de Acesso em: 15 mar. 2022.
eventos, sites de reclamações etc. MARANHAO, A.C.T.T. Conferências de Políticas
Públicas. 2020. Disponível em: <https://polis.org.
z Imprensa br/publicacoes/conferencias-de-politicas-publi-
cas/>. Acesso em: 14 mar. 2022.
A imprensa é peça fundamental para o fortaleci- MATO GROSSO. Lei Maria da Penha é debatida
mento da democracia, haja vista ser o principal meio em audiência pública. Disponível em: < http://
de informação da população, bem como o local de www.controladoria.mt.gov.br/noticias>. Acesso
92 manifestação e formação de opinião. em: 14 mar. 2022.
SÃO PAULO. Audiências Públicas debaterão, e a efetividade das políticas públicas. A gestão
com a participação da população paulista, o pública, para tanto, envolve um conjunto de prin-
Orçamento Estadual para 2022. 2022. Disponível cípios, normas, métodos e técnicas, que podem ser
em: <https://www.al.sp.gov.br/alesp/audiencia-pu- de natureza tradicional, burocrática, gerencial,
blica/?id=200>. Acesso em: 15 mar. 2022. democrática, participativa etc.; e
VAZ, José Carlos. Como incorporar a transparên- z Governança pública: relaciona-se à capacida-
cia em um modelo de gestão municipal? 2000. de do governo de formular e implementar polí-
Disponível em: <https://polis.org.br/publicacoes/ ticas públicas de forma legítima, transparente,
como-incorporar-a-transparencia-em-um-modelo- responsável, participativa e colaborativa, com o
-de-gestao-municipal/>. Acesso em: 14 mar. 2022. envolvimento e a articulação de diversos atores
e instituições, públicos e privados, que compar-
tilham interesses, objetivos e responsabilidades.
A governança pública envolve um conjunto de
ARTICULAÇÃO VERSUS A mecanismos, processos e relações, que podem ser
FRAGMENTAÇÃO DE AÇÕES de natureza hierárquica, horizontal, em rede etc.
GOVERNAMENTAIS DESAFIOS E PERSPECTIVAS
DEFINIÇÃO O mencionado tema deste material apresenta
diversos desafios e perspectivas para a gestão, gover-
A articulação e a fragmentação são duas tendên- nança e políticas públicas no Brasil, de forma que
cias opostas que podem ser observadas nas ações precisa superar os obstáculos e aproveitar as potencia-
governamentais. lidades que marcam a sua realidade e a sua história.
Diante disso, a articulação é a capacidade de inte- Alguns desses desafios e perspectivas serão apre-
grar, coordenar e harmonizar as ações governamen- sentados a seguir, portanto atenção à explicação.
tais, de forma a garantir a coerência, consistência e
efetividade das políticas públicas. Federalismo
Ademais, há o envolvimento da comunicação, coo-
peração, negociação e participação entre os diferentes O federalismo é a forma de organização política
órgãos, entes, setores e níveis de governo, bem como que divide o poder entre a União, os estados, o Distrito
entre o governo e a sociedade civil. Federal e os municípios, uma vez que estes possuem
Por outro lado, a fragmentação se trata da falta ou autonomia política, administrativa e financeira.
deficiência da articulação entre as ações governamen- Nesse sentido, há a implicação da necessidade de
tais, posto que visa gerar a incoerência, inconsistência articulação entre os entes federados para garantir a
e ineficiência das políticas públicas. harmonia, a cooperação e a coordenação das políticas
Ainda nesse viés, a fragmentação envolve a desarti- públicas, especialmente as de competência comum ou
culação, descoordenação, desintegração e competição concorrente.
entre os diferentes órgãos, entes, setores e níveis de No entanto, o federalismo também pode gerar a
governo, bem como entre o governo e a sociedade civil. fragmentação das ações governamentais em razão
Portanto, a articulação, de maneira simplificada, de conflitos, disputas, desequilíbrios ou divergências
se refere à coordenação e cooperação entre diferentes entre os entes federados, que podem comprometer a
órgãos e entidades do governo com o intuito de alcan- efetividade das políticas públicas, especialmente as de
çar objetivos comuns. interesse nacional ou regional.
A fragmentação, por outro lado, se destina à
A administração pública deve elaborar normas que E, em 2004, surgiram as chamadas parcerias públi-
disciplinem as alterações nas leis e nos regulamen- co-privadas (PPP),
tos que envolvam compras públicas. Essas normas
devem incluir sempre mecanismos de participação [...] que permitem a contratação de empresas priva-
da sociedade civil, envolvendo consultas e debates das por parte da administração pública, com a fina-
públicos. (THORSTENSEN e GIESTEIRA, 2021, p. lidade de prover um bem ou serviço internamente
20) para a população em geral (Lei nº 11.079/2004)
(THORSTENSEN e GIESTEIRA, 2021, p. 27).
Algumas recomendações para as políticas de
digitalização: Tudo isso com o intuito de facilitar o processo de
compras no setor público.
[...] a administração pública e seus órgãos licitan- Outro ponto que facilitou muito a eficiência (além
tes devem sempre empregar as tecnologias mais da economia, agilidade e rapidez) nas compras públicas
recentes no campo da informação e comunicação”, foi o “Portal de Compras do Governo Federal (Compras-
visando “garantir a maior transparência e aces- net)”, que é basicamente “um sistema web destinado à
so para potenciais competidores, cortando custos realização de licitações, contratações e aquisições pro-
e integrando o processo licitatório ao orçamento movidas pelas instituições do governo federal.”30 O portal
[...] o principal marco normatizador das compras Como vimos, a própria Lei nº 14.133, de 2021 (Lei
realizadas pelas entidades governamentais, estabe- de Licitações e Contratos Administrativos), trouxe, em
lecendo “normas gerais sobre licitações e contratos seu a art. 5º, como um de seus princípios o “desenvol-
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclu-
vimento nacional sustentável”.
sive de publicidade, compras, alienações e locações
Além disso, afirma em seu art. 11 que:
no âmbito dos poderes da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios” [...]. (THORSTEN-
Art. 11 O processo licitatório tem por objetivos:
SEN e GIESTEIRA, 2021, p. 26)
I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o
resultado de contratação mais vantajoso para a
Agora temos a Lei nº 14.133, de 2021 (comumente
Administração Pública, inclusive no que se refere
chamada de NLLP — Nova Lei de Licitações Públicas). ao ciclo de vida do objeto;
Em geral, quando as bancas falam em “compras II - assegurar tratamento isonômico entre os lici-
públicas”, as leis de licitações estão entre os assuntos tantes, bem como a justa competição;
mais promissores (o nosso foco aqui neste tópico é III - evitar contratações com sobrepreço ou com
entender o processo de compras em uma perspectiva preços manifestamente inexequíveis e superfatura-
mais ampla, mas veja que estudar as legislações apli- mento na execução dos contratos;
cáveis às licitações é de fundamental importância). IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento
nacional sustentável.
E quem pode instituir “as regras” do procedimento licitatório? Conforme o texto constitucional (inciso XXVII,
art. 22), é competência privativa da União legislar sobre normas gerais de licitação em todas as modalidades.
Entende-se por normas gerais aquelas que veiculam princípios, diretrizes e que padronizam os procedimentos.
Deste modo, a União promulgou a Lei nº 14.133, de 2021, também chamada de Lei Geral de Licitações e Contratos,
instituindo as normas gerais sobre licitações e contratos administrativos de aplicabilidade obrigatória às Administra-
ções Públicas Diretas, Autárquicas e Fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Atenção! A Lei n° 14.133, promulgada em 1° de abril de 2021, substitui a Lei n° 8.666, de 1993, trazendo (ou
tentando trazer) aspectos mais modernos para as compras governamentais.
Finalidades da Licitação
Como vimos, a regra é realizar o procedimento licitatório. Assim, ao ordenar a necessidade de licitação, a Cons-
tituição Federal busca assegurar a igualdade de condições a todos os concorrentes (inciso XXI, art. 37, CF, de 1988).
Já a Lei Geral de Licitações e Contratos foi mais detalhista, ordenando que o procedimento licitatório atendesse os
princípios da isonomia e da competitividade.
Nesse sentido, nos termos do art. 11, da Lei nº 14.133, de 2021, o procedimento licitatório tem por objetivos:
Destarte, infere-se que “assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso para
a Administração Pública”, nada mais é do que encontrar maior qualidade na prestação e/ou maior benefício econômico.
Percebemos que, nesse quesito, o poder público analisa a relação custo-benefício para decidir qual é mais vantajoso, ou
seja, realiza uma ponderação entre o custo e a qualidade do produto.
Exemplificando, esse objetivo pode ser relacionado ao momento em que a Administração Pública vai adquirir cane-
tas de tinta azul, por exemplo. Nesse âmbito, ao elaborar o edital de licitação inserem-se quesitos de qualidade para que
quando forem ser analisadas as propostas seja possível escolher a mais vantajosa. É preferível a compra de uma caneta
Dica
A inserção do vocábulo “sustentável” como um dos objetivos abriu caminho para as compras verdes (com-
pras sustentáveis), denominação empregada para as licitações com critérios e exigências de sustentabilida-
de ambiental.
Contratação Direta
Como já visto, o inciso XXI, art. 37, da Constituição Federal, estabelece a obrigatoriedade de licitar em casos de
obras, serviços e alienações, “ressalvados os casos específicos na legislação”. No trecho grifado, o constituinte
permitiu que o legislador infraconstitucional estabelecesse casos de contratação direta, ou seja, sem licitação. 105
Nesse sentido, inferimos que a regra é a licitação, enquanto a exceção abarca os casos de contratação direta
previstos em lei. Os casos em que a licitação não é obrigatória estão previstos na Lei nº 14.133, de 2021, mais espe-
cificamente nos arts. 74 e 75, que são classificados em duas hipóteses: dispensa e inexigibilidade.
Contratação Pública
Regra Licitação Pública
(obras, serviços,
compras
e alienações) E XC
EÇ
ÃO
CONTRATAÇÃO DIRETA
Dispensa Inexigibilidade
z Inexigibilidade
A licitação tem como premissa a disputa entre concorrentes. Existem casos em que ocorre a inviabilidade de
licitar, sendo a doutrina denominada de hipóteses de inexigibilidade.
E quais são essas hipóteses? Elas ocorrem quando o objeto a ser contratado for único, sem equivalente e/ou
disponível para somente um fornecedor. Nesses casos, estamos diante das situações denominadas de produto ou
fornecedor exclusivo, em que não há opção de escolher a proposta mais vantajosa, pois só existe a possibilidade
de contratar e/ou comprar com aquele fornecedor único no mercado.
Esses casos não podem ser chamados de dispensa de licitação, pois só se dispensa algo que é possível escolher.
A inexigibilidade de licitar está prevista no art. 74, da Lei nº 14.133, de 2021, que revela ser inexigível a licitação
quando houver inviabilidade de competição, em especial nos casos elencados de forma exemplificativa em seus
incisos, desde que haja justificativa.
As hipóteses de inexigibilidade, à luz do que determina os incisos do art. 74, Lei nº 14.133, de 2021, são:
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de serviços que só possam ser fornecidos
por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos;
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que con-
sagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública;
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual com pro-
fissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação.
Dispensa de Licitação
Na dispensa de licitação há a possibilidade de competição entre os licitantes, mas, por opção do legislador, em
determinadas razões de interesse público existe a permissão para que o poder público realize a contratação sem
106 a prévia licitação.
Para tanto, as hipóteses de dispensa de licitação encontram-se nos 16 incisos, do art. 75, da Lei Geral de Licita-
ções, em um rol taxativo, ou seja, estabelece uma lista determinada não cabendo margem para uma interpretação
extensiva.
O gestor público, antes de decidir por alguma das hipóteses de contratação direta, deve percorrer o caminho
abaixo, a fim de verificar se a contratação se enquadra em inexigibilidade ou dispensa:
SIM SIM
A competição é Está autorizada à Dispensa de
viável? contratação direta? licitação
NÃO NÃO
Inexibilidade de LICITAÇÃO
licitação
Modalidades de Licitação
As modalidades de licitação dizem respeito aos procedimentos e formalidades, os quais deverão ser observa-
dos pelo poder público em cada licitação. Em outras palavras, é como se fosse o passo a passo (manual) de como
operacionalizar o procedimento licitatório.
As modalidades licitatórias estão previstas no art. 28, da supracitada lei, sendo elas:
z Pregão: a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, tendo como finalidade incremen-
tar a competitividade e a agilidade nas contratações públicas, independentemente do valor estimado do futuro
contrato. Atente-se: o pregão não se aplica às contratações de serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual e de obras e serviços de engenharia;
z Concorrência: a modalidade de licitação que possui maiores formalidades, pois é exigida, normalmente, para
contratações de grande vulto;
z Concurso: a modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a insti-
tuição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital;
z Leilão: a modalidade de licitação adotada para alienação (venda) dos seguintes bens:
z Diálogo Competitivo: essa modalidade de licitação é restrita a contratação na qual envolva inovação tecnoló-
gica ou técnica e necessite de algum tipo de adaptação de soluções disponíveis no mercado ou especificações
técnicas especiais para a Administração.
Art. 28 [...]
§ 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação daquelas referidas no caput
deste artigo.
Administrar materiais é uma atividade que vem sendo realizada pelas organizações desde as origens da ciên-
cia da administração. Ela tomou um grande impulso a partir do momento em que foi possível mensurar o seu
impacto nos custos da empresa. Nesse viés, se os investimentos em estoque forem otimizados, as negociações e
aquisições bem administradas e o sistema de distribuição bem estruturado, serão feitas contribuições significati-
vas para a redução dos custos e, consequentemente, o aumento dos lucros.
Apenas recentemente é que a administração de materiais emergiu como área estratégica na vida das empre-
sas, requerendo técnicas e métodos próprios em busca de uma gestão eficiente e eficaz para maximizar a compe-
titividade da organização.
De acordo com Dias (2009), nessa evolução, o enfoque da administração de materiais mudou o tradicional
“produção, estoque, venda” para um conceito mais atualizado, que envolve “definição de mercado, planejamento
do produto, apoio logístico”.
107
Como dito, todas as organizações em busca de seus objetivos administram recursos (que são escassos); decor-
rente dessa premissa, é cada vez maior a necessidade de maximizar seus processos de gestão para o alcance da
famosa vantagem competitiva.
Atualmente, verificamos que os recursos materiais são responsáveis por uma grande fatia dos custos de uma
organização, desse modo uma gestão bem-estruturada permite a obtenção de vantagens competitivas por meio da
redução de custos, da redução de investimentos em estoques, das melhorias do setor de compras e, consequente-
mente, na maior satisfação dos consumidores finais — no caso da Administração Pública: os cidadãos.
Outro fator que reforça a importância da administração de materiais é a grande interface que esta área tem
com os outros departamentos da empresa, tais como: área financeira, produção, vendas, recursos humanos,
informática.
Área
Financeira
Área de
Produção
Seguindo o entendimento do mestre Gonçalves (2020), autor do livro “Administração de Materiais” e também
considerado um dos maiores especialistas do assunto na atualidade, a gestão de materiais pode ser estudada divi-
dindo em 3 grandes especialidades (nichos):
z Gestão de Estoques;
z Gestão de Compras;
z Gestão dos Centros de Distribuição.
Controle
De quem e
físico dos materiais na
com quais condições
organização
comprar
Gestão dos
Centros Gestão de
de Distribuição Compras
Gestão de
Estoques
O que, quanto e
quando comprar
Atenção: essas três especialidades se complementam entre si, num ciclo contínuo e com frequente feedback
(retroalimentação).
z Gestão de Compras
Seu principal objetivo é assegurar o suprimento dos bens e serviços necessários, tanto para a produção quanto
para as demais atividades da empresa. Atividades relacionadas: cadastro de fornecedores, negociação e gestão
de contratos.
Sintetizando: realiza as licitações, decide as aquisições, negocia condições de fornecimento, fecha os contra-
tos com fornecedores.
z Gestão de Estoques
Responsável por garantir o suprimento dos materiais necessários ao bom funcionamento da organização,
evitando faltas, paralisações e satisfazendo às necessidades dos clientes internos e externos. Atividades relacio-
nadas: previsão de demanda, redução dos tempos de reposição (lead time) e implementação do Just in Time (JIT).
108
Sintetizando: examina os estoques para decidir a Por que devemos cobrar da Administração Públi-
necessidade de reposição, indica as quantidades e os ca a adoção de políticas ambientais sustentáveis? A
prazos de entrega. resposta dessa pergunta podemos perceber em nosso
cotidiano, em que cada vez mais são visíveis os proble-
z Gestão dos Centros de Distribuições mas ambientais locais, regionais e globais, tais como:
Aquecimento
SUSTENTABILIDADE DAS CONTRATAÇÕES
Global
31 BRASIL. Ministério da Fazenda. Orientações: contratações sustentáveis. Brasília: Coordenação-Geral de Recursos Logísticos/SPOA, 2014, p. 8. 109
Comprando somente o necessário conceitos em somente uma expressão, foi denomina-
da a sigla no idioma inglês ESG — Environmental,
A melhor maneira para evitar os impactos nega- Social and Governance — ou, em português, ASG,
tivos associados às compras de produtos e à referindo-se a Ambiental, Social e Governança.
contratação de serviços, é limitar o consumo ao
atendimento de necessidades reais, sem desperdí-
cio, por exemplo, adotando a reutilização para pro-
longar a vida útil do produto.
Promovendo a inovação
Environmental Governance
Determinados produtos e serviços são absoluta-
mente imprescindíveis. A solução mais inteligente é
comprar um produto com menor impacto negativo
e utilizá-lo de maneira eficiente, impedindo ou mini-
mizando a poluição ou a pressão sobre os recursos
naturais, desenvolvendo, por sua vez, produtos e Social
serviços inovadores.
Vale ressaltar que as contratações diretas (dispen- A estruturação de um bom sistema de gerencia-
sa e inexigibilidade) são exceção a esta característica. mento de contratos é condição essencial na busca pela
Nesse caso, a contratação não é precedida de uma otimização do dinheiro público, sendo capaz de evi-
licitação. tar possíveis danos e garantindo a continuidade dos
serviços.
Dica
A designação do fiscal do contrato normalmente é realizada através de portaria publicada no boletim de ser-
viços local do próprio órgão.
Muito se debatia se essa designação para exercer a função de fiscal de contrato era passível de recusa por parte
do servidor, para dirimir essa dúvida o Tribunal de Contas da União se debruçou sobre o tema e decidiu:
A designação como fiscal de contrato, conforme jurisprudência do TCU, não pode ser recusada por não tratar
de ordem manifestamente ilegal.
É o teor do Acórdão nº 2.917, de 2010 – Plenário TCU (Tribunal de Contas da União):
5.7.7 O servidor designado para exercer o encargo de fiscal não pode oferecer recusa, porquanto não se trata de
ordem ilegal. Entretanto, tem a opção de expor ao superior hierárquico as deficiências e limitações que possam
impedi-lo de cumprir diligentemente suas obrigações. A opção que não se aceita é uma atuação a esmo (com impru-
dência, negligência, omissão, ausência de cautela e de zelo profissional), sob pena de configurar grave infração
à norma legal (itens 31/3 do voto do Acórdão nº 468/2007-P).” (Trecho do Relatório do acórdão do Min. Valmir
Campelo)
Entretanto, ainda que não possa ser recusada, o fiscal pode solicitar a capacitação para as atividades, além de
solicitar que exista uma avaliação da compatibilidade da sua qualificação com aquela exigida para a atividade:
5.7.6 Acerca das incumbências do fiscal do contrato, o TCU entende que devem ser designados servidores públicos
qualificados para a gestão dos contratos, de modo que sejam responsáveis pela execução de atividades e/ou pela
vigilância e garantia da regularidade e adequação dos serviços (item 9.2.3 do Acórdão nº 2.632/2007-P).
Esquematizando:
Autoridade Não!
Portaria
máxima
Fiscal do contrato
Verificar perfil:
z Competência
z Responsabilidade
Outra figura de destaque na gestão de contratos é o representante da empresa contratada denominado de pre-
posto. Essa pessoa junto à contratante será o elo entre o fiscal do contrato e a empresa contratada.
É o que diz o art. 68, da Lei n° 8.666, de 1993:
Art. 68 O contratado deverá manter preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para repre-
sentá-lo na execução do contrato.
O preposto indicado pela empresa poderá ser aceito ou não pela Administração Pública!
Já em relação de contratação de serviços sob o regime de execução indireta, devido a sua alta complexidade, a
Administração Pública Federal refinou a sua fiscalização inovando em alguns pontos específicos.
Entende-se como execução indireta aqueles serviços que em vez de executar diretamente por seus servidores
(admitidos por meio de concursos público), contrata empresa para que esta os realize, com o seu pessoal e sob a
sua responsabilidade. Os exemplos mais frequentes são: serviço de limpeza e serviço vigilância patrimonial. No
âmbito federal, temos a Instrução Normativa do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão n.º 05 de
26 de maio de 2017, a qual dispõe sobre as regras e diretrizes do procedimento de contratação de serviços sob o
regime de execução indireta.
Tal normativa deve ser observada para fins da adequada gestão e fiscalização contratual, fixando regras de
suma importância para aqueles que têm a responsabilidade sobre contratos de serviços para a realização de tare-
fas executivas sob o regime de execução indireta. Isto com o objetivo de verificar o cumprimento dos resultados
114 previstos pela Administração para os serviços contratados, a regularidade das obrigações previdenciárias, fiscais
e trabalhistas, eventual aplicação de sanções, extinção
FISCAL ADMINISTRATIVO
dos contratos, visando assegurar o cumprimento das
cláusulas avençadas e a solução de problemas relati- z Avalia aspectos administrativos
vos ao objeto. z Obrigações previdenciárias, fiscais e trabalhistas
Para permitir uma gestão e fiscalização efetiva são
nomeados fiscais e gestores para que acompanhem de FISCAL SETORIAL
perto cada momento da execução contratual. De for-
ma didática, a Instrução Normativa nº 05/2017 (Minis- z Avalia aspectos técnicos e administrativos
tério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão)
traz quais são as atribuições de cada um deles: Prestação ocorre simultaneamente:
Art. 59 A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos
que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos.
Parágrafo único - A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver
executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não
lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.
Entretanto, percebemos no parágrafo único acima citado, que a Administração Pública tem o dever de indeni-
zar o contratado pelo que já foi executado até a data em que foi declarada a nulidade, exceto se o contratado deu
causa ao vício.
Exemplificando: após o início do contrato administrativo cujo objeto é a construção da nova sede, foi consta-
tado que a licitação que resultou o contrato foi fraudada. Assim, como a licitação foi declarada nula, por conse-
quência, o contrato também será nulo.
Sintetizando o entendimento geral do contrato administrativo, percebemos, que em prol do interesse público,
todo o ajuste celebrado entre o Poder Público e o particular deve ser pautado nos Princípios da Administração
Pública, fazendo com que os objetivos sejam alcançados da melhor forma e com o menor custo.
Tudo isso permite que sempre o interesse público seja o carro chefe de toda conduta da Administrativa Públi-
ca, não incidindo em qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade.
COMPRAS CENTRALIZADAS
117
Vejamos, a seguir, alguns exemplos de compras
centralizadas realizadas pelo governo federal. ORGANIZAÇÃO SISTÊMICA DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
CENTRAL DE COMPRAS
A Administração Pública federal é o conjunto de
Trata-se de uma unidade da Secretaria de Gestão órgãos e entidades que exercem as funções adminis-
do Ministério da Economia responsável por reali- trativas do Poder Executivo federal sob a direção do
zar compras centralizadas de bens e serviços de uso presidente da República.
comum dos órgãos e entidades da administração Ela se divide em Administração direta, formada
pública federal. Assim, a central utiliza-se de instru- pelos órgãos integrantes da presidência da República
mentos como o Sistema de Registro de Preços (SRP), e dos ministérios, e Administração indireta, forma-
o Catálogo Eletrônico de Padronização (CEP), o Pai- da pelas entidades vinculadas aos ministérios, como
nel de Preços, o “Comprasnet” e o Portal de Compras autarquias, fundações, empresas públicas e socieda-
Governamentais. des de economia mista.
Alguns exemplos de compras centralizadas reali- Além disso, é o conjunto de normas e procedimen-
zadas pela Central de Compras são serviços de nuvem, tos que regulam a estruturação, as atribuições e o fun-
serviços de apoio administrativo, passagens aéreas, cionamento dos órgãos e entidades da Administração
combustíveis, veículos etc. Pública federal, visando à eficiência, à eficácia e à efe-
tividade da gestão pública. Ela se baseia nos princí-
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS pios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
da publicidade e da racionalidade.
HOSPITALARES (EBSERH)
Ademais, é composta por sistemas estruturadores
e sistemas estratégicos. Os sistemas estruturadores
A referida empresa é de cunho público, vinculada
são aqueles previstos no Decreto-Lei nº 200, de 1967,
ao Ministério da Educação e responsável por admi-
que estabelecem as atividades essenciais da Adminis-
nistrar 40 hospitais universitários federais. A EBSERH
tração Pública, como planejamento, orçamento, pes-
realiza compras centralizadas de medicamentos,
soal, serviços gerais, controle interno etc.
materiais médico-hospitalares, equipamentos, insu- Eles são formados por órgãos e entidades que
mos e serviços para os hospitais que integram a sua desempenham funções específicas sob a coordenação
rede. de um órgão central e a supervisão de um órgão seto-
Assim, a dada empresa utiliza instrumentos tais rial ou seccional.
quais o Sistema de Gestão de Materiais e Serviços Os sistemas estratégicos são aqueles criados pos-
(Sigems) e o Sistema de Gestão de Contratos (Sigec). teriormente, que estabelecem as atividades comple-
Para ilustrar, visualizamos as compras centralizadas mentares da Administração Pública, como gestão de
realizadas no que concerne à compra de testes para projetos, gestão de riscos, gestão de processos etc. Eles
covid-19, equipamentos de proteção individual (EPIs), são formados por órgãos e entidades que comparti-
ventiladores pulmonares, entre outros. lham objetivos comuns sob a orientação de um órgão
gestor e a participação de um órgão executor.
CENTRAL DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS (CSC) A organização sistêmica da Administração Pública
federal é regulada por diversos instrumentos norma-
É uma unidade da Secretaria de Gestão do Minis- tivos, como leis, decretos, portarias, instruções nor-
tério da Economia responsável por prestar serviços mativas etc. Alguns desses instrumentos são:
compartilhados aos órgãos e entidades da administra-
ção pública federal. z Decreto nº 9.739, de 2019, que dispõe sobre os cri-
Dessa forma, o CSC também recruta recursos tais térios, as normas e os procedimentos para a estru-
quais o Sistema de Gestão de Serviços Compartilhados turação, a restruturação, o estatuto e o regimento
(SGSC), o Sistema de Gestão de Frotas (SGF) e o Sis- dos órgãos e das entidades da Administração Públi-
tema de Gestão de Almoxarifado (SGA). Assim, como ca federal direta, autárquica e fundacional;
z Decreto nº 9.745, de 2019, que aprova a estrutura
alguns exemplos de serviços compartilhados presta-
regimental e o quadro demonstrativo dos cargos
dos temos o “TáxiGov”, o Almoxarifado Virtual Nacio-
em comissão e das funções de confiança do Minis-
nal e a Gestão de Frotas.
tério da Economia e remaneja e transforma cargos
em comissão e funções de confiança;
REFERÊNCIAS
z Portaria nº 6.032, de 2018, que institui o Sistema
de Gestão de Projetos do Poder Executivo Federal
BOLETIM de Serviço nº 1556, de 17 de maio de 2023. (SisGP) e estabelece as suas diretrizes, os seus obje-
Gov.br, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/ tivos, a sua abrangência, a sua estrutura, as suas
ebserh/pt-br/acesso-a-informacao/boletim-de-servi- competências e as suas responsabilidades;
co/sede/2023/boletim-de-servico-no-1556-17-05-2023. z Instrução Normativa nº 5, de 2017, que dispõe
Acesso em: 4 fev. 2024. sobre as regras e diretrizes do procedimento de
DINIZ, J. Compras centralizadas e descentraliza- contratação de serviços sob o regime de execução
das: tudo que você precisa saber. Pipefy, 2024. indireta no âmbito da Administração Pública fede-
Disponível em: https://www.pipefy.com/pt-br/blog/ ral direta, autárquica e fundacional.
compras-centralizadas-descentralizadas/. Acesso
118 em: 4 fev. 2024.
Portanto, a organização sistêmica da Administra- Alguns exemplos de sistemas estratégicos são:
ção Pública federal é o conjunto de normas e proce-
dimentos que regulam a estruturação, atribuições e z Sistema de Gestão de Projetos do Poder Exe-
funcionamento dos seus órgãos e entidades, visando à cutivo Federal (SisGP): responsável pela gestão
eficiência, à eficácia e à efetividade da gestão pública. integrada de projetos estratégicos, abrangendo o
Ela se divide em sistemas estruturadores e estra- planejamento, a execução e o monitoramento dos
tégicos, que estabelecem as atividades essenciais e resultados, bem como a gestão de portfólios e pro-
complementares da Administração Pública. Assim, é gramas. O órgão gestor é a Secretaria Especial de
regulada por diversos instrumentos normativos, que Relações Governamentais da Casa Civil da Presi-
definem os critérios, as normas e os procedimentos dência da República;
para a organização sistêmica da Administração Públi- z Sistema de Gestão de Riscos do Poder Executivo
ca federal. Federal (SisGR): responsável pela gestão de riscos
corporativos, abrangendo a identificação, a análi-
SISTEMAS ESTRUTURANTES E ESTRUTURADORES se, a avaliação, o tratamento, o monitoramento e a
revisão dos riscos que possam afetar o alcance dos
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
objetivos institucionais. O órgão gestor é a Contro-
ladoria-Geral da União.
Conforme destacado, os sistemas estruturantes e
estruturadores da Administração Pública federal são
Portanto, os sistemas estruturantes e estruturado-
conjuntos de normas e procedimentos que regulam
res da Administração Pública federal são conjuntos de
a estruturação, as atribuições e o funcionamento dos
normas e procedimentos que regulam a estruturação,
órgãos e entidades que exercem as funções adminis-
as atribuições e o funcionamento dos órgãos e entida-
trativas do Poder Executivo federal sob a direção do des que exercem as funções administrativas do Poder
presidente da República. Executivo federal.
Ressaltando novamente, eles visam à eficiência, à Em suma, eles se dividem em sistemas estrutura-
eficácia e à efetividade da gestão pública, baseando-se dores, que estabelecem as atividades essenciais da
nos princípios da legalidade, da impessoalidade, da Administração Pública, e sistemas estratégicos, que
moralidade, da publicidade e da racionalidade. estabelecem suas atividades complementares. Eles
Assim, conforme apontamos, são aqueles previs- são regulados por diversos instrumentos normativos,
tos no Decreto-Lei nº 200, de 1967, que estabelecem as que definem os critérios, as normas e os procedimen-
atividades essenciais da Administração Pública. Eles tos para a organização sistêmica da Administração
são formados por órgãos e entidades que desempe- Pública federal.
nham funções específicas sob a coordenação de um
órgão central e a supervisão de um órgão setorial ou REFERÊNCIAS
seccional.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Sub-
z Sistema de Planejamento e Orçamento Federal: chefia para Assuntos Jurídicos. Manual de Reda-
responsável pela elaboração, execução e avaliação ção da Presidência da República. 6ª ed. Brasília:
do plano plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamen- Diário Oficial da União, 2023.
tárias e da Lei Orçamentária Anual, bem como ______. Presidência da República. Decreto-Lei nº
pelo acompanhamento e controle dos gastos públi- 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a
cos. O órgão central é a Secretaria de Orçamento organização da Administração Federal, estabe-
Federal do Ministério da Economia; lece diretrizes para a Reforma Administrativa e
Por isso, os custos de controle não podem ser CLASSIFICAÇÃO – CONTROLE INTERNO E
maiores que os seus benefícios. Por exemplo, vamos EXTERNO
imaginar que para controlar a obra mencionada,
anteriormente haja um grande dispêndio de dinhei- A doutrina traz diversas classificações acerca do
ro. Nesse caso, é natural que o órgão (ou empresa) controle. Uma delas diz respeito à localização (alcan-
responsável pelo controle questione se vale a pena ce ou extensão) do órgão que faz o controle. Essa loca-
dispender tantos recursos para sua realização ou, se lização pode ser: interna; externa.
o custo de não fazer nada será mais proveitoso den- Observem o que diz a CF, de 1988:
tre os procedimentos de controle. Para tanto, faz-se
necessário considerar que: os benefícios do “contro- Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orça-
le” devem superar os seus custos. mentária, operacional e patrimonial da União e
Nesse contexto, existem diferentes critérios que das entidades da administração direta e indireta,
podem ser observados: quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
z conformidade com a lei; será exercida pelo Congresso Nacional, median-
z eficácia (critério: se o objetivo foi atingido ou não); te controle externo, e pelo sistema de controle
z eficiência (critério: a adequação dos meios aos fins); interno de cada Poder.
z economicidade (critério: o custo).
Controle Interno
Com intuito de obter um melhor custo-benefício, o
órgão responsável pelo controle pode considerar ape- Segundo Cyonil et al (2017, p. 757), o controle
nas um desses aspectos e verificar uma única par- interno, como o nome sugere, é aquele exercido pela
te da operação (da obra, por exemplo), como se fosse própria Administração sobre os seus atos. Em geral,
uma amostra (não precisa, necessariamente, verifi- são os atos de natureza administrativa. Por exemplo,
car item por item, critério por critério). quando a Controladoria-Geral da União, órgão inte-
Até aqui falamos em termos gerais de controle. grante da estrutura do Executivo Federal, fiscaliza o
Mas, e para a Administração Pública em específico, Executivo.
como isso funciona?
Vejamos o que diz a CF, DE 1988 a respeito do con-
O princípio da indisponibilidade do interesse
trole interno:
público explica sobre isso.
Meirelles (2016, p. 113) afirma que o interes-
Art. 74 Os Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
se público é indisponível porque a Administração ciário manterão, de forma integrada, sistema de
Pública não pode dispor desse interesse geral da controle interno com a finalidade de:
coletividade ou renunciar a poderes que lhes foram I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
garantidos pela lei para tutela. Desse modo, ela não é plano plurianual, a execução dos programas de
titular do interesse público, pois o titular é o próprio governo e dos orçamentos da União;
Estado, representante da coletividade. Não obstan- II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
te, somente a coletividade, por meio de seus repre- quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
sentantes eleitos, pode autorizar a disponibilidade ou ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
a renúncia de interesse. da administração federal, bem como da aplica-
Ou seja, o administrador apenas administra o ção de recursos públicos por entidades de direito
bem público, de forma que o verdadeiro titular desses privado;
bens é o povo. III - exercer o controle das operações de crédito,
Destarte, como esse administrador não é “dono” avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
do patrimônio público, deve prestar contas sobre da União;
a sua utilização. Isto posto, caso ocorra desvio ou IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
atuação em desacordo com a lei, ele deverá ser missão institucional.
responsabilizado.
120
Desse modo, cada poder tem o seu controle inter- na administração direta e indireta, incluídas as funda-
no particular, que não é isolado, mas interage com os ções instituídas e mantidas pelo Poder Público, exce-
demais. Em resumo, algumas das principais atribui- tuadas as nomeações para cargo de provimento em
ções do controle interno são: comissão, bem como a das concessões de aposenta-
dorias, reformas e pensões, ressalvadas as melho-
Avaliar o cumprimento de
rias posteriores que não alterem o fundamento legal
metas previstas no PPA do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
Comprovar legalidade e avaliar Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica
resultados
ou de inquérito, inspeções e auditorias de nature-
Avaliar aplicação de recursos za contábil, financeira, orçamentária, operacional e
Controle interno por entidades de direito privado patrimonial, nas unidades administrativas dos Pode-
Controle das operações de res Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais enti-
crédito, avais e garantias, + dades referidas no inciso II;
direitos e haveres da União V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
supranacionais de cujo capital social a União parti-
Apoiar o controle externo cipe, de forma direta ou indireta, nos termos do trata-
do constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
Agora, analise o que dizem os parágrafos § 1º e §
repassados pela União mediante convênio, acordo,
2º, do art. 74 da CF, de 1988:
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado,
ao Distrito Federal ou a Município;
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao
VII - prestar as informações solicitadas pelo Con-
tomarem conhecimento de qualquer irregularida-
gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
de ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscaliza-
de Contas da União, sob pena de responsabilidade
ção contábil, financeira, orçamentária, operacional e
solidária.
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe-
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação
ções realizadas;
ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegali-
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante
dade de despesa ou irregularidade de contas, as san-
o Tribunal de Contas da União.
ções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao
Controle Externo erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade
É exercido quando o órgão não integra a mesma adote as providências necessárias ao exato cumpri-
estrutura organizacional do órgão fiscalizado. mento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
z em sentido amplo podemos dizer que o controle nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
externo ocorre quando um poder fiscaliza o outro dos e ao Senado Federal;
(tem fundamento no sistema de freios e contrapesos); XI - representar ao Poder competente sobre irre-
z já o controle externo em sentido estrito é aquele gularidades ou abusos apurados. (grifos nossos)
realizado pelo Poder Legislativo com o auxílio dos
Tribunais de Contas. Por fim, tem-se algumas outras classificações
acerca do controle na Administração Pública:
Quanto ao órgão do controlador:
z por subordinação (é hierárquico); A legislação que será estudada teve, como refe-
z por vinculação ou finalístico (por supervisão ou rência, o Regulamento Geral de Proteção de Dados
tutela – não há hierarquia ou subordinação. É rea- (GDPR), o qual foi instituído pela União Europeia. Em
lizado por pessoa jurídica distinta, por exemplo, âmbito nacional, a Lei Geral de Proteção de Dados
quando a Administração Direta controla a Admi- (LGPD) tutela somente a proteção de dados pessoais,
nistração Indireta). sendo compreendidos, dentre eles, os disponíveis em
meios físicos e digitais.
Quanto à iniciativa:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de
z de ofício ou ex officio (realizado independente- dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por
mente de solicitação); pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito
z por provocação (ocorre por meio de uma “provo- público ou privado, com o objetivo de proteger os
cação” feita por um terceiro, que pode ser um par- direitos fundamentais de liberdade e de priva-
ticular ou um interessado na matéria através de cidade e o livre desenvolvimento da personali-
recurso, denúncia etc.). dade da pessoa natural.
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta
REFERÊNCIAS Lei são de interesse nacional e devem ser obser-
vadas pela União, Estados, Distrito Federal e
BRASIL. Técnica de auditoria: indicadores de Municípios.
desempenho e mapa de produtos. Brasília: TCU,
Coordenadoria de Fiscalização e Controle, 2000. O art. 2º traz os fundamentos da LGPD, quais sejam:
BAHIA, B. J. Introdução à Comunicação Empre-
sarial. Rio de Janeiro: Mauad, 1995. Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais
CAMPOS, V. F. TQC: Controle da qualidade total (no tem como fundamentos:
estilo japonês). Nova Lima: Editora FALCONI, 2014. I - o respeito à privacidade;
CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da II - a autodeterminação informativa;
III - a liberdade de expressão, de informação, de
Administração. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
comunicação e de opinião;
2003.
IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da
CYONIL, B.; SÁ, A. Manual de Direito administra-
imagem;
tivo facilitado. 2. ed. Juspodivm, 2017.
V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a
DIAS, M. A. P. Administração de Materiais: uma
inovação;
abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2010. VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa
GUERRA, E. M. Os controles externo e interno do consumidor;
da Administração Pública. 2ª Ed. Belo Horizonte: VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento
Fórum, 2007. da personalidade, a dignidade e o exercício da cida-
KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações dania pelas pessoas naturais.
públicas na comunicação integrada. São Paulo:
Summus, 2003. Logo em seguida, temos a regulação da aplicação
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasi- da legislação. Vejamos:
leiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016.
MARTINS, P. G. Administração de Materiais e Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de
Recursos Empresariais. São Paulo: Saraiva, 2000. tratamento realizada por pessoa natural ou por
MELLO, C. H. P. Gestão da qualidade. São Paulo: pessoa jurídica de direito público ou privado, inde-
Pearson Education do Brasil, 2011. pendentemente do meio, do país de sua sede ou do
RAZZOLINI FILHO, E. Administração de material país onde estejam localizados os dados, desde que:
e patrimônio. 1. ed., rev. Curitiba: IESDE, 2013. I - a operação de tratamento seja realizada no ter-
RAZZOLINI FILHO, E. Administração de Material ritório nacional;
e Patrimônio. Curitiba: IESDE, 2012.
ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. Assim, mesmo que a empresa seja estrangeira, ten-
11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. do a operação de dados sido realizada dentro do terri-
tório brasileiro, a LGPD será aplicada.
Art. 3º […]
LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a
oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou o
PESSOAIS – LGPD (LEI Nº 13.709, DE tratamento de dados de indivíduos localizados no
2018 E SUAS ALTERAÇÕES) território nacional; ou
LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS Nessa hipótese, tem-se que, mesmo que a sede da
empresa seja localizada em outro país, a LGPD será
Neste material, faremos apontamentos sobre os aplicada, já que existe o tratamento de dados de pes-
artigos mais relevantes da Lei nº 13.709, de 14 de agos- soas situadas dentro do território nacional.
to de 2018, os quais serão abordados de forma que
seja apresentada a letra seca da lei. Cabe deixar claro Art. 3º […]
que a leitura dos demais artigos é de suma importân- III - os dados pessoais objeto do tratamento tenham
122 cia para os seus estudos. sido coletados no território nacional.
§ 1º Consideram-se coletados no território solicitar aos responsáveis relatórios de impacto à
nacional os dados pessoais cujo titular nele se proteção de dados pessoais.
encontre no momento da coleta. § 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados pes-
§ 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste arti- soais de banco de dados de que trata o inciso III
go o tratamento de dados previsto no inciso IV do do caput deste artigo poderá ser tratada por pes-
caput do art. 4º desta Lei. soa de direito privado, salvo por aquela que
possua capital integralmente constituído pelo
poder público.
Dica
Veja que, em todos os casos, é imprescindível O art. 5º é uma espécie de dicionário para a legisla-
que haja relação com o território brasileiro. Por- ção, portanto sua leitura é de grande importância. Os
tanto, caso alguma questão da sua prova traga termos próprios utilizados ao longo da Lei nº 13.709,
assertivas que tratem de operação de tratamen- de 2018, são conceituados nos seus incisos; assim, caso
haja algum termo cujo significado tenha sido esqueci-
to exclusivo de âmbito estrangeiro, tenha em
do, recorra a esse dispositivo. Vejamos, na íntegra, o
mente que a LGPD não será aplicada.
referido artigo.
Vistas as hipóteses de aplicação, segue, agora, o Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
contrário: a vedação à aplicação. I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa
natural identificada ou identificável;
Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre
dados pessoais: origem racial ou étnica, convicção religiosa, opi-
I - realizado por pessoa natural para fins exclusiva- nião política, filiação a sindicato ou a organização
mente particulares e não econômicos; de caráter religioso, filosófico ou político, dado
II - realizado para fins exclusivamente: referente à saúde ou à vida sexual, dado genético
a) jornalístico e artísticos; ou ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa
b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts. natural;
7º e 11 desta Lei; III - dado anonimizado: dado relativo a titular
III - realizado para fins exclusivos de: que não possa ser identificado, considerando a uti-
a) segurança pública; lização de meios técnicos razoáveis e disponíveis
b) defesa nacional; na ocasião de seu tratamento;
c) segurança do Estado; ou IV - banco de dados: conjunto estruturado de
d) atividades de investigação e repressão de infra- dados pessoais, estabelecido em um ou em vários
ções penais; ou locais, em suporte eletrônico ou físico;
IV - provenientes de fora do território nacional e V - titular: pessoa natural a quem se referem os
que não sejam objeto de comunicação, uso compar- dados pessoais que são objeto de tratamento;
tilhado de dados com agentes de tratamento brasi- VI - controlador: pessoa natural ou jurídica,
leiros ou objeto de transferência internacional de de direito público ou privado, a quem competem
dados com outro país que não o de proveniência, as decisões referentes ao tratamento de dados
pessoais;
desde que o país de proveniência proporcione grau
VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direi-
de proteção de dados pessoais adequado ao previs-
to público ou privado, que realiza o tratamento de
to nesta Lei.
dados pessoais em nome do controlador;
VIII - encarregado: pessoa indicada pelo controla-
Vemos que, nas situações acima descritas, não será dor e operador para atuar como canal de comuni-
aplicada a Lei Geral de Proteção de Dados. Assim, a
As operadoras de planos de saúde não poderão A Autoridade Nacional de Proteção de Dados tam-
tratar dados para a prática de seleção de riscos na bém terá a função de dispor sobre padrões e técnicas
contratação, assim como na contratação e exclusão de acerca da anonimização, determinando o que deverá
beneficiários. Isso foi feito para evitar o cruzamento ser entendido como esforço razoável.
de informações para práticas que possam ser enten- O art. 13 dispõe sobre o tratamento de dados pes-
didas como injustas, algo que já é consolidado nesse soais por órgãos de pesquisa no que tange a questões
tipo de mercado. de saúde pública. Nesses casos, os órgãos de pesquisa
Conforme disposto no art. 12, da referida Lei Geral poderão ter acesso ao banco de dados pessoais, desde
de Proteção de Dados, tem-se a tratativa dos dados que a sua finalidade seja estudo e pesquisa. Os dados
sensíveis, sendo encaixados, aqui, os dados sobre ori- serão tratados exclusivamente dentro do órgão e
gem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião polí- mantidos em ambiente controlado e seguro. Vejamos:
tica, filiação a sindicato ou à organização de caráter
religioso, filosófico ou político, entre outros. 129
Art. 13 Na realização de estudos em saúde públi- outras atividades ao fornecimento de informa-
ca, os órgãos de pesquisa poderão ter acesso ções pessoais além das estritamente necessárias à
a bases de dados pessoais, que serão tratados atividade.
exclusivamente dentro do órgão e estritamen- § 5º O controlador deve realizar todos os esforços
te para a finalidade de realização de estudos razoáveis para verificar que o consentimento a que
e pesquisas e mantidos em ambiente contro- se refere o § 1º deste artigo foi dado pelo respon-
lado e seguro, conforme práticas de segurança sável pela criança, consideradas as tecnologias
previstas em regulamento específico e que incluam, disponíveis.
sempre que possível, a anonimização ou pseudo- § 6º As informações sobre o tratamento de dados
nimização dos dados, bem como considerem os referidas neste artigo deverão ser fornecidas de
devidos padrões éticos relacionados a estudos e maneira simples, clara e acessível, consideradas as
pesquisas. características físico-motoras, perceptivas, senso-
§ 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer riais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de
excerto do estudo ou da pesquisa de que trata o recursos audiovisuais quando adequado, de forma
caput deste artigo em nenhuma hipótese poderá a proporcionar a informação necessária aos pais
revelar dados pessoais. ou ao responsável legal e adequada ao entendimen-
§ 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela to da criança.
segurança da informação prevista no caput deste
artigo, não permitida, em circunstância alguma, a Veja que a LGPD autoriza o tratamento de dados
transferência dos dados a terceiro. pessoais de crianças e adolescentes desde que isso
§ 3º O acesso aos dados de que trata este artigo seja realizado em seu melhor interesse, sendo neces-
será objeto de regulamentação por parte da autori- sário o consentimento inequívoco de um dos pais ou
dade nacional e das autoridades da área de saúde e responsáveis, vez que a proteção integral é um dos
sanitárias, no âmbito de suas competências. fundamentos do Estatuto da Criança e do Adolescente.
§ 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimiza-
Em relação ao tratamento de dados de crianças e
ção é o tratamento por meio do qual um dado
adolescentes, preceitua-se que deverá ser feito em seu
perde a possibilidade de associação, direta ou
melhor interesse, havendo, no entanto, algumas pecu-
indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de infor-
mação adicional mantida separadamente pelo con- liaridades. Vejamos:
trolador em ambiente controlado e seguro.
z o tratamento de dados pessoais de crianças deve-
O artigo trata ainda da pseudonimização de forma rá ser realizado com o consentimento específico e
expressa, recomendando o seu uso nos estudos em em destaque dado por, pelo menos, um dos pais ou
saúde pública que tratam de dados sensíveis. Neste pelo responsável legal;
mesmo artigo, a lei conceitua que a pseudonimização z com relação ao exposto no item anterior, os con-
é o meio pelo qual “um dado perde a possibilidade de troladores deverão manter pública a informação
associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão sobre os tipos de dados coletados, a forma de sua
pelo uso de informação adicional mantida separa- utilização e os procedimentos para o exercício dos
damente pelo controlador em ambiente controlado e direitos a que se refere o art. 18, da lei em estudo;
seguro”, sendo relevante a leitura dos parágrafos do z poderão ser coletados dados pessoais de crianças
referido artigo para melhor fixação dos seus estudos. sem o consentimento, a que se refere o primeiro
item, quando a coleta for necessária para contatar
Seção III — Do Tratamento de Dados Pessoais de os pais ou o responsável legal, utilizados uma úni-
Crianças e de Adolescentes ca vez e sem armazenamento, ou para a sua pro-
teção e, em nenhum caso, poderão ser repassados
Art. 14 O tratamento de dados pessoais de a terceiro sem o consentimento dos responsáveis
crianças e de adolescentes deverá ser realiza- pelo menor;
do em seu melhor interesse, nos termos deste z o controlador deve realizar todos os esforços
artigo e da legislação pertinente. razoáveis, para verificar que o consentimento a
§ 1º O tratamento de dados pessoais de crianças que se refere o primeiro item foi dado pelo res-
deverá ser realizado com o consentimento espe- ponsável pela criança, consideradas as tecnologias
cífico e em destaque dado por pelo menos um disponíveis;
dos pais ou pelo responsável legal. z as informações sobre o tratamento de dados de
§ 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º des- crianças e adolescentes deverão ser fornecidas de
te artigo, os controladores deverão manter pública maneira simples, clara e acessível, consideradas as
a informação sobre os tipos de dados coletados, a características físico-motoras, perceptivas, senso-
forma de sua utilização e os procedimentos para o riais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de
exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta recursos audiovisuais quando adequado, de forma
Lei. a proporcionar a informação necessária aos pais
§ 3º Poderão ser coletados dados pessoais de
ou ao responsável legal e adequada ao entendi-
crianças sem o consentimento a que se refere o
mento da criança.
§ 1º deste artigo quando a coleta for necessária
para contatar os pais ou o responsável legal,
utilizados uma única vez e sem armazenamen- Embora o consentimento seja regra, há duas exce-
to, ou para sua proteção, e em nenhum caso ções, previstas no § 2º, do art. 14, em que o consenti-
poderão ser repassados a terceiro sem o con- mento não é exigido:
sentimento de que trata o § 1º deste artigo.
§ 4º Os controladores não deverão condicionar z quando houver a necessidade de entrar em conta-
a participação dos titulares de que trata o § 1º to com os pais ou com o responsável pela criança
130 deste artigo em jogos, aplicações de internet ou ou adolescente;
z quando os dados forem necessários para proteger Cumprimento de obrigação legal
o titular menor de idade. ou regulatória pelo controlador
Importante ressaltar que os requisitos de seguran- Em continuidade, ainda no art. 52, seus parágra-
ça são todas as medidas técnicas e também adminis- fos dispõem sobre a aplicação das sanções depois que
trativas que têm como objetivo a proteção integral dos o procedimento administrativo possibilitar a ampla
dados pessoais contra possíveis acessos não autoriza- defesa, de forma gradativa, isolada ou cumulativa,
dos, que venham acarretar a perda, destruição, alte- seguindo os parâmetros elencados a seguir:
ração, divulgação ou qualquer forma de tratamento
inadequado ou ilícito. Art. 52 [...]
Já os padrões de boas práticas e de governança § 1º As sanções serão aplicadas após procedimen-
são todas as normas de condutas e procedimentos to administrativo que possibilite a oportunidade
que buscam garantir a eficiência, a confiabilidade e da ampla defesa, de forma gradativa, isolada ou
cumulativa, de acordo com as peculiaridades do
a transparência do tratamento dos dados; por fim, os
caso concreto e considerados os seguintes parâme-
princípios gerais são todos os valores que orientam o
tros e critérios:
tratamento de dados pessoais, tais como o respeito à I - a gravidade e a natureza das infrações e dos
privacidade, a liberdade de expressão, a inviolabilida- direitos pessoais afetados;
de da intimidade, dentre outros. II - a boa-fé do infrator;
Portanto, garantir que o sistema utilizado para o III - a vantagem auferida ou pretendida pelo
tratamento de dados atenda aos requisitos de segu- infrator;
rança, boas práticas, governança e princípios gerais IV - a condição econômica do infrator;
dessa lei é também garantir aos titulares que os dados V - a reincidência;
serão operados de forma a respeitar os direitos e VI - o grau do dano; 135
VII - a cooperação do infrator; § 1º As metodologias a que se refere o caput des-
VIII - a adoção reiterada e demonstrada de meca- te artigo devem ser previamente publicadas, para
nismos e procedimentos internos capazes de mini- ciência dos agentes de tratamento, e devem apre-
mizar o dano, voltados ao tratamento seguro e sentar objetivamente as formas e dosimetrias para
adequado de dados, em consonância com o dispos- o cálculo do valor-base das sanções de multa, que
to no inciso II do § 2º do art. 48 desta Lei; deverão conter fundamentação detalhada de todos
IX - a adoção de política de boas práticas e os seus elementos, demonstrando a observância
governança; dos critérios previstos nesta Lei.
X - a pronta adoção de medidas corretivas; e § 2º O regulamento de sanções e metodologias cor-
XI - a proporcionalidade entre a gravidade da falta respondentes deve estabelecer as circunstâncias e
e a intensidade da sanção. as condições para a adoção de multa simples ou
§ 2º O disposto neste artigo não substitui a aplica- diária.
ção de sanções administrativas, civis ou penais defi- Art. 54 O valor da sanção de multa diária aplicável
nidas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e às infrações a esta Lei deve observar a gravidade
em legislação específica. (Redação dada pela Lei nº da falta e a extensão do dano ou prejuízo causado e
13.853, de 2019) ser fundamentado pela autoridade nacional.
§ 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do Parágrafo único. A intimação da sanção de multa
caput deste artigo poderá ser aplicado às entidades diária deverá conter, no mínimo, a descrição da
e aos órgãos públicos, sem prejuízo do disposto na obrigação imposta, o prazo razoável e estipulado
Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, na Lei nº pelo órgão para o seu cumprimento e o valor da mul-
8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei nº 12.527, de ta diária a ser aplicada pelo seu descumprimento.
18 de novembro de 2011. (Redação dada pela Lei nº Art. 55 (VETADO)
13.853, de 2019)
§ 4º No cálculo do valor da multa de que tra-
Da Autoridade Nacional de Proteção de Dados
ta o inciso II do caput deste artigo, a autoridade
(ANPD)
nacional poderá considerar o faturamento total
da empresa ou grupo de empresas, quando não
dispuser do valor do faturamento no ramo de ati- O art. 55-A estabelece a criação da Autoridade
vidade empresarial em que ocorreu a infração, defi- Nacional de Proteção de Dados (ANPD) como sendo
nido pela autoridade nacional, ou quando o valor uma autarquia de natureza especial, dotada de auto-
for apresentado de forma incompleta ou não for nomia técnica e decisória, com patrimônio próprio e
demonstrado de forma inequívoca e idônea. com sede e foro no Distrito Federal.
§ 5º O produto da arrecadação das multas aplica- Além disso, os demais artigos dispõem sobre:
das pela ANPD, inscritas ou não em dívida ativa,
será destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difu- z composição do conselho e como ela se dará;
sos de que tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de z situação de perda do cargo;
julho de 1985, e a Lei nº 9.008, de 21 de março de z estrutura regimental;
1995. (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) z remanejamento interno para ocupar os cargos de
§ 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do
confiança;
caput deste artigo serão aplicadas: (Incluído pela
z competência da ANPD;
Lei nº 13.853, de 2019)
I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 z aplicação das sanções;
(uma) das sanções de que tratam os incisos II, III, z constituição do patrimônio.
IV, V e VI do caput deste artigo para o mesmo caso
concreto; e (Incluído pela Lei nº 13.853, de 2019) Todo o apresentado está firmado nos seguintes
II - em caso de controladores submetidos a outros artigos:
órgãos e entidades com competências sanciona-
tórias, ouvidos esses órgãos. (Incluído pela Lei nº Art. 55-B (VETADO);
13.853, de 2019) Art. 55-C A ANPD é composta de:
§ 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção;
autorizados de que trata o caput do art. 46 desta II - Conselho Nacional de Proteção de Dados Pes-
Lei poderão ser objeto de conciliação direta entre soais e da Privacidade;
controlador e titular e, caso não haja acordo, o con- III - Corregedoria;
trolador estará sujeito à aplicação das penalidades IV - Ouvidoria;
de que trata este artigo. (Incluído pela Lei nº 13.853, V - (revogado);
de 2019) V-A - Procuradoria; e
VI - unidades administrativas e unidades especia-
Prosseguindo, os arts. 53 e seguintes determinam lizadas necessárias à aplicação do disposto nesta
que a autoridade nacional, responsável pela aplica- Lei.
ção da lei em questão, deve estabelecer, por meio de
um regulamento específico, as sanções administrati- Quanto à composição do conselho diretor, vejamos
vas para as infrações cometidas em relação à presen- as disposições pertinentes:
te legislação, que também passarão pelo processo de
consulta pública. Para tanto, Art. 55-D O Conselho Diretor da ANPD será
composto de 5 (cinco) diretores, incluído o
Art. 53 A autoridade nacional definirá, por meio Diretor-Presidente.
de regulamento próprio sobre sanções administra- § 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD
tivas a infrações a esta Lei, que deverá ser objeto serão escolhidos pelo Presidente da República e
de consulta pública, as metodologias que orienta- por ele nomeados, após aprovação pelo Senado
rão o cálculo do valor-base das sanções de multa. Federal, nos termos da alínea ‘f’ do inciso III do
136 (Vigência) art. 52 da Constituição Federal, e ocuparão cargo
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento a) prestar, direta ou indiretamente, qualquer tipo
Superiores - DAS, no mínimo, de nível 5. de serviço a pessoa física ou jurídica com quem
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão esco- tenha estabelecido relacionamento relevante em
lhidos dentre brasileiros que tenham reputação razão do exercício do cargo ou emprego;
ilibada, nível superior de educação e elevado con- b) aceitar cargo de administrador ou conselheiro
ceito no campo de especialidade dos cargos para os ou estabelecer vínculo profissional com pessoa físi-
quais serão nomeados. ca ou jurídica que desempenhe atividade relacio-
§ 3º O mandato dos membros do Conselho Diretor nada à área de competência do cargo ou emprego
será de 4 (quatro) anos. ocupado;
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do Con- c) celebrar com órgãos ou entidades do Poder Exe-
selho Diretor nomeados serão de 2 (dois), de 3 cutivo federal contratos de serviço, consultoria,
(três), de 4 (quatro), de 5 (cinco) e de 6 (seis) anos,
assessoramento ou atividades similares, vincula-
conforme estabelecido no ato de nomeação.
dos, ainda que indiretamente, ao órgão ou entidade
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do
em que tenha ocupado o cargo ou emprego; ou
mandato de membro do Conselho Diretor, o prazo
d) intervir, direta ou indiretamente, em favor de
remanescente será completado pelo sucessor.
interesse privado perante órgão ou entidade em
que haja ocupado cargo ou emprego ou com o qual
Importante atentar-se para o dispositivo acima
tenha estabelecido relacionamento relevante em
elencado, haja vista que se refere à criação da Auto-
razão do exercício do cargo ou emprego.
ridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Assim,
podemos dizer que a ANPD é um órgão da Adminis-
Portanto, a Lei Geral de Proteção de Dados tem
tração Pública Federal, integrante da presidência da
República, que será responsável por zelar, imple- também como objetivo evitar que, após destituição do
mentar e fiscalizar o cumprimento da LGPD em todo respectivo cargo, os membros do Conselho Diretor da
o território nacional, mediante as atribuições acima ANPD possam se valer de informações privilegiadas
elencadas. ou da influência que obtiveram com o cargo, resultan-
do em vantagens indevidas ou conflitos de interesses.
Art. 55-E Os membros do Conselho Diretor
somente perderão seus cargos em virtude de renún- Art. 55-G Ato do Presidente da República disporá
cia, condenação judicial transitada em julgado ou sobre a estrutura regimental da ANPD.
pena de demissão decorrente de processo adminis- § 1º Até a data de entrada em vigor de sua estru-
trativo disciplinar. tura regimental, a ANPD receberá o apoio técnico
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao e administrativo da Casa Civil da Presidência da
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidên- República para o exercício de suas atividades.
cia da República instaurar o processo administra- § 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento
tivo disciplinar, que será conduzido por comissão interno da ANPD.
especial constituída por servidores públicos fede- Art. 55-H Os cargos em comissão e as funções de
rais estáveis. confiança da ANPD serão remanejados de outros
§ 2º Compete ao Presidente da República determi- órgãos e entidades do Poder Executivo federal.
nar o afastamento preventivo, somente quando Art. 55-I Os ocupantes dos cargos em comissão e
assim recomendado pela comissão especial de que das funções de confiança da ANPD serão indica-
trata o § 1º deste artigo, e proferir o julgamento. dos pelo Conselho Diretor e nomeados ou designa-
Art. 55-F Aplica-se aos membros do Conselho dos pelo Diretor-Presidente.
Diretor, após o exercício do cargo, o disposto no
art. 6º da Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013.
Em relação às competências da Agência Nacional
Alguns exemplos de outros tipos de conselhos são: z essas audiências funcionam como “ponte” para
um diálogo;
z Conselho da República; z é uma forma de interação entre o legislativo e a
z Conselho de Defesa Nacional; sociedade civil, por exemplo;
z Conselho Monetário Nacional (CMN); z é um debate;
z Conselho Nacional de Justiça (CNJ); z não são vinculantes, ou seja, a sociedade participa
z Conselhos profissionais ou de classe (CREA, CRA, do debate, mas a autoridade não está “obrigada” a
CRM, OAB, dentre outros). seguir o que foi proposto.
20. (CESGRANRIO — 2014) Os sistemas de informações 24. (CESGRANRIO — 2023) Segundo a Lei Geral de Pro-
que atendem às necessidades do nível operacional da teção de Dados Pessoais, Lei nº 13.709, de 2018, em
organização e são utilizados pelos profissionais da relação aos requisitos para o tratamento de dados
empresa em todos os níveis de execução são conheci- pessoais, o tratamento desses dados somente poderá
dos como sistemas ser realizado nas seguintes hipóteses, EXCETO:
3 E
A proposta do diretor pode auxiliar a empresa na ges-
tão de seus contratos porque, no gerenciamento de 4 D
projetos,
5 C
a) a sistematização das atividades para a produção de
6 D
um serviço de natureza contínua e que tem como obje-
tivo utilizar os recursos físicos existentes na organiza- 7 E
ção é realizada.
8 C
9 C
149
10 C
11 B
12 E
13 C
14 D
15 B
16 C
17 B
18 B
19 A
20 E
21 E
22 B
23 B
24 E
25 B
26 B
27 A
28 E
29 D
30 B
ANOTAÇÕES
150
Assim, os governantes são capazes de determi-
nar quais questões serão priorizadas e discutidas,
influenciando a alocação de recursos e esforços
governamentais.
PÚBLICAS E ANÁLISE DE
com objetivos e características específicas, conforme
discriminadas a seguir:
Direito à indenização na Sem direito à indenização Com o intuito de evitar maiores prejuízos ou trans-
extinção antecipada na extinção antecipada
tornos para os usuários inadimplentes, a lei estabele-
(precária)
ce que a interrupção desses serviços, decorrente da
falta de pagamento ou de alguma obrigação contra-
DO SERVIÇO ADEQUADO tual, não poderá iniciar na sexta-feira, no sábado, no
domingo, em feriado ou em véspera de feriado.
A Lei nº 8.987, de 1995, estabelece, no art. 6º, que Isso decorre do disposto no § 4º, do art. 6º, da Lei
o serviço prestado deve ser adequado, ou seja, deve nº 8.987, de 1995, que estabelece justamente que a
satisfazer as condições de regularidade, continuidade, interrupção do serviço na hipótese de inadimplemen-
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, corte- to do usuário “[...] não poderá iniciar-se na sexta-feira,
sia na sua prestação e modicidade das tarifas. Veja: no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia
anterior a feriado”. Atenção a esse ponto: ele foi fruto
Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a
de alteração mais recente na Lei nº 8.987, de 1995, que
prestação de serviço adequado ao pleno atendimen-
ocorreu no ano de 2020.
to dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei,
nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
Portanto, analise o fluxograma a seguir para
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condi- entender bem em que situações o serviço poderá ser
ções de regularidade, continuidade, eficiência, interrompido sem qualquer ônus para a concessioná-
segurança, atualidade, generalidade, cortesia ria ou permissionária:
na sua prestação e modicidade das tarifas.
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das Motivada por
técnicas, do equipamento e das instalações e a sua Em situação de razões de ordem
emergência técnica ou de
conservação, bem como a melhoria e expansão do NÃO SE
CARACTERIZA COMO segurança das
serviço. DESCONTINUIDADE instalações
DO SERVIÇO A SUA
INTERRUPÇÃO Por inadimplemen-
z Regularidade é relacionada ao atendimento das Após prévio aviso
to do usuário, consi-
regras, normas e condições; quando:
derado o interesse
z Eficiência é alcançar o resultado com o menor da coletividade
custo possível;
z Segurança significa não ameaçar a vida ou a saú-
156 de das pessoas, usuárias ou não;
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS Outro ponto que merece relevância é a existência
ou não de serviço público alternativo e gratuito para
Com relação aos direitos e obrigações dos usuários, o usuário.
basta uma leitura dos incisos, do art. 7º, que seguem: A Lei nº 8.987, de 1995, estabelece, no § 1º, do art.
9º, que apenas em casos expressamente previstos em
Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de lei é que a cobrança será condicionada à existência de
11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações serviço alternativo gratuito.
dos usuários: Assim, por exemplo, se a lei assim estabelecer, uma
I - receber serviço adequado; via pública somente pode ser delegada à iniciativa pri-
II - receber do poder concedente e da concessioná- vada através da concessão ou da permissão de serviço
ria informações para a defesa de interesses indivi- público se houver outra via alternativa, que seja gratui-
duais ou coletivos; ta para o usuário e que o leve ao mesmo destino.
III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de esco- Do contrário, se a lei nada disser, então será per-
lha entre vários prestadores de serviços, quando for mitida a delegação, mesmo sem a existência de outra
o caso, observadas as normas do poder concedente.
via alternativa. Segue o § 1º, do art. 9º, da Lei nº 8.987,
IV - levar ao conhecimento do poder público e da
de 1995:
concessionária as irregularidades de que tenham
conhecimento, referentes ao serviço prestado;
V - comunicar às autoridades competentes os atos § 1º A tarifa não será subordinada à legislação
específica anterior e somente nos casos expressa-
ilícitos praticados pela concessionária na presta-
mente previstos em lei, sua cobrança poderá ser
ção do serviço;
condicionada à existência de serviço público alter-
VI - contribuir para a permanência das boas condi-
nativo e gratuito para o usuário.
ções dos bens públicos através dos quais lhes são
prestados os serviços.
A Lei nº 8.987, de 1995, traz importantes normas
Apenas mais dois detalhes a serem considerados, acerca da manutenção do equilíbrio econômico-fi-
além desses incisos previstos na lei: nanceiro do contrato. Trata-se de manter o retorno
financeiro para o particular delegatário com o passar
z um deles é a obediência à Lei nº 8.078, de 1990, que do tempo, retornando as perdas inflacionárias, de
é o Código de Defesa do Consumidor, legislação aumento no custo de manutenção, de alteração unila-
teral do contrato etc.
também aplicável ao usuário do serviço público,
Nesse ponto, é estabelecido que os mecanismos de
até porque, em muitas situações, haverá uma rela-
revisão dos contratos já poderão ser previstos no pró-
ção de consumo. Assim, tanto a lei de concessões
prio contrato (§ 2º, art. 9º).
e permissões quanto a lei do consumidor deverão
Para exemplificar, podem ficar estabelecidos os
ser aplicadas conjuntamente;
momentos em que a tarifa poderá ser revista, a fim
z outro detalhe é a obrigatoriedade que as conces-
de adequá-la aos custos atuais de manutenção do ser-
sionárias têm de oferecer ao consumidor e ao
viço. Igualmente, fica determinado que os tributos
usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo
incidentes poderão fazer com que a tarifa seja revista,
de seis datas opcionais para escolherem os dias de
para cima ou para baixo, com exceção do imposto de
vencimento de seus débitos. Veja sua previsão no
renda (§ 3º, art. 9º). Seguem os preceitos citados:
art. 7º-A, da Lei nº 8.987, de 1995:
Art. 9º [...]
Art. 7º-A As concessionárias de serviços públicos,
§ 2º Os contratos poderão prever mecanismos de
de direito público e privado, nos Estados e no Dis-
revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio
trito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumi-
econômico-financeiro.
dor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o
§ 3º Ressalvados os impostos sobre a renda, a cria-
mínimo de seis datas opcionais para escolherem os
ção, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou
dias de vencimento de seus débitos.
Inversão na Ordem das Fases de Habilitação e Art. 19 Quando permitida, na licitação, a partici-
Julgamento pação de empresas em consórcio, observar-se-ão as
seguintes normas:
Outra regra específica prevista na Lei nº 8.987, I - comprovação de compromisso, público ou parti-
de 1995, estabelecida para licitações, é a inversão da cular, de constituição de consórcio, subscrito pelas
ordem das fases de habilitação e julgamento, que pode consorciadas;
estar prevista no edital, de acordo com o art. 18-A. II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;
A previsão dessa inversão não é regra obrigatória, III - apresentação dos documentos exigidos nos
mas discricionária, a depender da conveniência do incisos V e XIII do artigo anterior, por parte de cada
poder concedente em assim estabelecer. consorciada;
Segue o citado dispositivo legal: IV - impedimento de participação de empresas con-
sorciadas na mesma licitação, por intermédio de
Art. 18-A O edital poderá prever a inversão da mais de um consórcio ou isoladamente.
ordem das fases de habilitação e julgamento, hipó- § 1º O licitante vencedor fica obrigado a promover,
tese em que: antes da celebração do contrato, a constituição e
I - encerrada a fase de classificação das propostas registro do consórcio, nos termos do compromisso
ou o oferecimento de lances, será aberto o invólu- referido no inciso I deste artigo.
cro com os documentos de habilitação do licitante 159
§ 2º A empresa líder do consórcio é a responsável Cláusulas Essenciais
perante o poder concedente pelo cumprimento do
contrato de concessão, sem prejuízo da responsabi- Além das cláusulas exorbitantes e demais cláu-
lidade solidária das demais consorciadas. sulas previstas na Lei nº 8.666, de 1993, e na Lei nº
14.133, de 2021, que devem constar em todo e qual-
Uma vez constituído o consórcio entre as empresas quer contrato administrativo, a Lei nº 8.897, de 1993,
“A”, “B” e “C”, por exemplo, estas estarão impedidas de estabelece cláusulas específicas para o contrato de
participar de outras empresas consorciadas na mes- concessão previstas no seu art. 23:
ma licitação, por intermédio de mais de um consórcio
ou isoladamente. Art. 23 São cláusulas essenciais do contrato de con-
Desse modo, no exemplo citado, se a empresa “A” cessão as relativas:
integra um consórcio para participar da licitação, ela I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;
não o poderá fazer sozinha, tampouco poderá fazer II - ao modo, forma e condições de prestação do
parte de outro consórcio nessa mesma licitação, con- serviço;
correndo consigo mesma, direta ou indiretamente. III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâme-
O consórcio deverá ser constituído e assinado tros definidores da qualidade do serviço;
pelas empresas consorciadas por meio de um com- IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedi-
promisso público ou privado, com a indicação de uma mentos para o reajuste e a revisão das tarifas;
dessas empresas que ficará responsável perante o V - aos direitos, garantias e obrigações do poder
concedente e da concessionária, inclusive os rela-
poder concedente pelo cumprimento do contrato de
cionados às previsíveis necessidades de futura
concessão, sem prejuízo da responsabilidade solidá-
alteração e expansão do serviço e consequente
ria das demais consorciadas.
modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos
Assim, uma das empresas ficará como líder nesse equipamentos e das instalações;
consórcio, responsabilizando-se pelo contrato, porém VI - aos direitos e deveres dos usuários para obten-
as demais continuam respondendo solidariamente, ção e utilização do serviço;
ou seja, todas as empresas consorciadas ficam res- VII - à forma de fiscalização das instalações, dos
ponsáveis pelo cumprimento integral do contrato de equipamentos, dos métodos e práticas de execução
consórcio. do serviço, bem como a indicação dos órgãos com-
Torna-se importante ressaltar que o consórcio de petentes para exercê-la;
empresas não constitui personalidade jurídica pró- VIII - às penalidades contratuais e administrativas
pria, permanecendo as empresas consorciadas com a que se sujeita a concessionária e sua forma de
suas próprias personalidades. aplicação;
No entanto, a previsão contida no art. 20, da Lei nº IX - aos casos de extinção da concessão;
8.987, de 1995, faculta ao poder concedente exigir que X - aos bens reversíveis;
o consórcio vencedor se constitua em empresa, antes XI - aos critérios para o cálculo e a forma de paga-
da celebração do contrato, desde que previsto no edi- mento das indenizações devidas à concessionária,
tal de licitação. quando for o caso;
XII - às condições para prorrogação do contrato;
Segue o artigo legal mencionado:
XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da
prestação de contas da concessionária ao poder
Art. 20 É facultado ao poder concedente, desde
concedente;
que previsto no edital, no interesse do serviço a ser
XIV - à exigência da publicação de demonstrações
concedido, determinar que o licitante vencedor, no
financeiras periódicas da concessionária; e
caso de consórcio, se constitua em empresa antes
XV - ao foro e ao modo amigável de solução das
da celebração do contrato.
divergências contratuais.
Art. 23-A O contrato de concessão poderá prever o Além disso, é importante frisar que a responsabi-
emprego de mecanismos privados para resolução
lidade do concessionário é objetiva por se tratar de
de disputas decorrentes ou relacionadas ao contra-
uma pessoa jurídica de direito privado prestadora de
to, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil
serviço público. Assim, sua responsabilidade indepen-
e em língua portuguesa, nos termos da Lei nº 9.307,
de 23 de setembro de 1996.
de da comprovação de dolo ou de culpa.
Art. 24 (Vetado) Outro ponto que merece relevância é o atual enten-
dimento do Supremo Tribunal Federal determinando
que tanto os prejuízos causados a usuários quanto
Com efeito, a Lei nº 8.987, de 1993, deixa aberta
aqueles que atingem terceiros não usuários deverão
a possibilidade de se resolver contendas existentes
ser indenizados objetivamente pela concessionária.
entre o ente contratante e o particular contratado sem
Atenção! A responsabilidade do Estado, nesse
que haja a necessidade de deságue no Judiciário —
caso, é subsidiária. De tal modo, o concessionário é
mas, sim, com resolução definitiva entre eles.
quem deve ser acionado diretamente pelo prejudica-
A arbitragem é uma opção deixada na lei, que é
do, somente respondendo o Estado pelo pagamento
prevista no Código de Processo Civil e na sua lei pró-
da indenização se, nessa situação, o concessionário
pria, em que as partes nomeiam um árbitro para solu-
não tiver patrimônio suficiente para o total ressarci-
cionar a disputa.
mento da vítima pelos danos causados.
Caso a contenda seja solucionada, dentro do que
Ademais, a ADC (Ação Declaratória de Constitu-
permite a Lei de Arbitragem e desde que cumprida
cionalidade) nº 57 reconheceu a constitucionalidade
nos exatos termos do que prevê o contrato, não caberá da possibilidade da contratação de terceiros pela con-
às partes ingressarem perante o Poder Judiciário para cessionária desde que sejam observados os requisitos
que se analise a mesma disputa objeto de arbitragem, legais, sendo que o contrato que formalizar tal situa-
momento em que o processo judicial, se assim existir, ção será regido pelas normas de direito privado.
será extinto sem análise de seu mérito.
Subconcessão
Dica
É o instrumento por meio do qual uma par-
Arbitragem ou qualquer outro mecanismo pri-
te da prestação do serviço é terceirizada a outro
vado de solução de litígios somente serão apli-
concessionário.
cados se houver cláusula no contrato nesse Nesse caso, o concessionário terceiriza parte do
sentido. Se no contrato não existir essa cláusula, serviço a um subconcessionário, que ficará respon-
então o Poder Judiciário poderá ser demandado. sável (sub-rogará) por todos os direitos e obrigações
decorrentes da subconcedente dentro dos limites da
Responsabilidade do Concessionário pela Execução subconcessão.
do Serviço Por exemplo, em aeroporto concedido o concessio-
nário pode subconceder a um terceiro a limpeza dos
O concessionário assume a prestação do serviço
TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS Além disso, nos casos de contratação dos serviços
e obras públicas resultantes de processos iniciados
A Lei nº 9.074, de 1995, estabelece normas para entre a data de publicação da Lei nº 8.987, de 1995,
outorga de concessões e de permissões que acrescen- e a data de publicação da presente Lei nº 9.074, de
tam às demais normas previstas na Lei nº 8.987, de 1995, também não há necessidade de regulamento
1995. Assim, o ideal é estudar conjuntamente ambas autorizativo. Observemos o que dispõe o § 1º, do art. 2º:
as leis, posto que uma complementa a outra.
Cabe ressaltar que o Capítulo II desta Lei (art. 4º a 25) Art 2º [...]
diz respeito às concessões, permissões e autorizações § 1º A contratação dos serviços e obras públicas
dos serviços de energia elétrica, tema que interessa à resultantes dos processos iniciados com base na Lei
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e não é nº 8.987, de 1995, entre a data de sua publicação e a
pertinente para o estudo aqui proposto. Deste modo, os da presente Lei, fica dispensada de lei autorizativa.
dispositivos não serão estudados neste material.
Independem de Concessão, Permissão ou Autorização
Sujeitam-se à Concessão ou Permissão
O art. 2º também determina as situações que inde-
O art. 1º estabelece espécies de serviços e obras pendem de concessão, permissão ou autorização, nos
públicas de competência da União que estarão sujei- termos que seguem:
tos ao regime de concessão ou, quando couber, de per-
missão. Vejamos: Art. 2º [...]
§ 2º Independe de concessão, permissão ou autori-
Art. 1º Sujeitam-se ao regime de concessão ou, zação o transporte de cargas pelos meios rodo-
quando couber, de permissão, nos termos da Lei nº viário e aquaviário.
8.987, de 13 de fevereiro de 1995, os seguintes servi- § 3º Independe de concessão ou permissão o
ços e obras públicas de competência da União: transporte:
I - (VETADO) I - aquaviário, de passageiros, que não seja
II - (VETADO) realizado entre portos organizados;
III - (VETADO) II - rodoviário e aquaviário de pessoas, reali-
O Estado (poder público em geral) promoverá e Art. 219-A A União, os Estados, o Distrito Fede-
incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, ral e os Municípios poderão firmar instrumentos
a capacitação científica e tecnológica e a inovação, de cooperação com órgãos e entidades públicos e
assegurando tratamento prioritário sobre o tema. com entidades privadas, inclusive para o compar-
As pesquisas devem se voltar aos problemas nacio- tilhamento de recursos humanos especializados e
nais, preponderantemente. capacidade instalada, para a execução de projetos
de pesquisa, de desenvolvimento científico e tec-
nológico e de inovação, mediante contrapartida
Dica financeira ou não financeira assumida pelo ente
beneficiário, na forma da lei.
Atenção para a expressão “preponderantemen-
Art. 219-B O Sistema Nacional de Ciência, Tecno-
te”, pois ela indica sentido de preferência, mas logia e Inovação (SNCTI) será organizado em regi-
não de obrigação ou exclusividade. Portanto, me de colaboração entre entes, tanto públicos
eventual questão de prova tende a afirmar que quanto privados, com vistas a promover o desen-
a pesquisa se voltará, obrigatoriamente, aos pro- volvimento científico e tecnológico e a inovação.
blemas nacionais, o que estará incorreto. § 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do
SNCTI.
Entre os incentivos listados, tem-se a formação § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legis-
de recursos humanos, investindo não apenas na pes- larão concorrentemente sobre suas peculiaridades.
quisa em si, mas na formação de pesquisadores e
profissionais da área (com cursos específicos em uni- Os entes federados poderão firmar instrumentos
versidades públicas ou privadas). Além disso, haverá de cooperação com instituições públicas ou privadas,
incentivos ao mercado de trabalho. reforçando que os objetivos, para serem alcançados,
Não adianta o país investir em tecnologia se não dependem tanto do setor público quanto da iniciativa
possuir mão de obra interna; por tal motivo, o inves- privada. O artigo permite que haja compartilhamen-
timento na formação de profissionais na área é de to, inclusive, de recursos humanos, podendo o ente
suma importância para o sucesso a longo prazo do público ceder servidor às instituições privadas.
objetivo estipulado. As normas gerais sobre o SNCTI (Sistema Nacional
O § 5º faculta aos estados e ao Distrito Federal vin- de Ciência, Tecnologia e Inovação) serão estabeleci-
cular parcela do orçamento a investimentos na área. das em lei federal, competindo, todavia, aos demais
Para fins de provas, os detalhes são mais importan- entes que legislem concorrentemente sobre o tema.
tes do que as informações em si. Perceba que a CF, de Legislar concorrentemente significa que, embora as
1988, estipula uma faculdade, não uma obrigatorieda- normas gerais sejam dispostas pela União (lei federal),
os estados e o Distrito Federal podem complementar,
de, de modo que, em prova, a alteração tende a ocor-
instituindo leis de interesse regional, permitindo aos
rer na expressão “é facultado”, trocada por expressões
municípios que suplementem a legislação federal e
que afirmem ser obrigatória a vinculação, o que torna
estadual com objetivos e interesses locais.
incorreta a afirmativa.
As competências dos estados, do DF e dos municí-
pios são complementares e não podem contrariar as
Art. 219 O mercado interno integra o patrimô-
nio nacional e será incentivado de modo a viabili-
disposições da lei federal. Caso a lei federal seja omis-
zar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o sa em determinada situação, podem os estados e o DF
bem-estar da população e a autonomia tecnológica legislar sobre o assunto; contudo, sobrevindo na legis-
do País, nos termos de lei federal. lação federal dispositivos sobre o tema, caso as leis
Parágrafo único. O Estado estimulará a forma- estaduais sejam contrárias à nova disposição federal,
ção e o fortalecimento da inovação nas empresas, ficarão sem eficácia os dispositivos das leis estaduais
bem como nos demais entes, públicos ou privados, que contrariem a legislação federal.
a constituição e a manutenção de parques e polos
tecnológicos e de demais ambientes promotores da LEI Nº 11.540, DE 2007 E ALTERAÇÕES (DISPÕE
inovação, a atuação dos inventores independentes SOBRE O FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
e a criação, absorção, difusão e transferência de CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – FNDCT)
tecnologia.
O material a seguir aborda a Lei nº 11.540, de 2007,
O mercado interno será incentivado a auxiliar a qual dispõe sobre o Fundo Nacional de Desenvolvi-
no desenvolvimento tecnológico do país. O incentivo mento Científico e Tecnológico.
ocorrerá em “lei federal”, merecendo atenção o tre- Trata-se de lei pequena, mas, por sua natureza de
cho destacado, pois, ao se referir à lei, apenas, trata de instituir uma entidade (FNDCT), possui muitos artigos
lei ordinária, não necessitando de lei complementar, listando competências e afins, o que torna o estudo de
“pegadinha” típica de concurso público. extrema memorização.
Um exemplo de incentivo é a Lei de Licitação, a A grande maioria dos artigos possuem pouca pro-
qual traz margem de preferência e critério de desem- babilidade de cobrança em provas, motivo pelo qual
pate favorável a produtos desenvolvidos no país, ou a o presente material, embora ilustre a maioria, dará
empresas que invistam em cultura e desenvolvimento maior ênfase aos dispositivos que tendem a ser explo-
tecnológico. rados, indicando ao aluno quais dispositivos devem
170 receber mais foco, atenção e energia.
DA LEI DE ORÇAMENTO Os representantes da comunidade científica e tecno-
lógica serão escolhidos em lista tríplice, uma indicada
Dos Objetivos pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
e outra indicada pela Academia Brasileira de Ciências.
Art. 1º O Fundo Nacional de Desenvolvimento Cien- No que diz respeito aos representantes do setor
tífico e Tecnológico (FNDCT), instituído pelo Decre- empresarial, será realizada lista sêxtupla indicada
to-Lei nº 719, de 31 de julho de 1969, e restabelecido pela Confederação Nacional da Indústria — CNI, den-
pela Lei nº 8.172, de 18 de janeiro de 1991, é um tre os quais o Ministro de Estado da Ciência e Tecnolo-
fundo especial de natureza contábil e financei- gia designará para compor o conselho.
ra e tem o objetivo de financiar a inovação e Os mandatos dos representantes da comunidade
o desenvolvimento científico e tecnológico com científica e dos empresários será de dois anos, per-
vistas a promover o desenvolvimento econômi- mitida uma recondução, contabilizando, no máximo,
co e social do País. quatro anos de função. A presidência do conselho é
Parágrafo único. O FNDCT não se caracteriza exercida pelo ministro da ciência e tecnologia e, por
como fundo de investimentos e não se vincula ser um órgão colegiado, decidirá mediante delibera-
ao sistema financeiro e bancário nacional. ções, com quórum de maioria simples.
O art. 1º e seu parágrafo único são os típicos dispo- Da Aplicação dos Recursos
sitivos a serem explorados em relação a leis como a
ora estudada. O FNDCT é um fundo contábil e financei- Art. 11 Para fins desta Lei, constitui objeto da
ro que visa financiar a inovação e o desenvolvimento destinação dos recursos do FNDCT o apoio a
científico e tecnológico, promovendo o desenvolvi- programas, projetos e atividades de Ciência,
mento econômico e social do país. Tecnologia e Inovação (C,T&I), compreendendo a
O referido fundo não possui natureza de investi- pesquisa básica ou aplicada, a inovação, a transfe-
mentos, assim como não integra o Sistema Financei- rência de tecnologia e o desenvolvimento de novas
ro e Bancário Nacional. É de suma importância que tecnologias de produtos e processos, de bens e de
o aluno memorize as informações acima, pois são os serviços, bem como a capacitação de recursos
dispositivos com maior probabilidade de serem explo- humanos, o intercâmbio científico e tecnológico e
a implementação, manutenção e recuperação de
rados em prova.
infraestrutura de pesquisa de C,T&I.
§ 1º Os créditos orçamentários programados no
Do Conselho Diretor FNDCT não serão objeto da limitação de empenho
prevista no art. 9º da Lei Complementar nº 101, de
Art. 2º O FNDCT será administrado por 1 (um) Con- 4 de maio de 2000.
selho Diretor vinculado ao Ministério da Ciên- § 2º É vedada a imposição de quaisquer limi-
cia e Tecnologia e integrado: tes à execução da programação financeira
I - pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia; relativa às fontes vinculadas ao FNDCT, exce-
II - por 1 (um) representante do Ministério da to quando houver frustração na arrecadação
Educação; das receitas correspondentes.
III - por 1 (um) representante do Ministério do § 4º A aplicação dos recursos referidos no caput
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; deste artigo contemplará o apoio a programas,
IV - por 1 (um) representante do Ministério do Pla- projetos e atividades de C,T&I destinados à neutra-
nejamento, Orçamento e Gestão; lização das emissões de gases de efeito estufa
V - por 1 (um) representante do Ministério da do Brasil e à promoção do desenvolvimento do
Defesa; setor de bioeconomia.
VI - por 1 (um) representante do Ministério da
Fazenda; Os recursos do fundo serão destinados ao apoio
VII - pelo Presidente da Financiadora de Estudos e de projetos, programas e atividades de ciência, tec-
Assim como o art. 1º, os dispositivos acima possuem maior probabilidade de serem cobrados em provas de
concurso.
As despesas operacionais não poderão ultrapassar 5% da arrecadação do FNDCT, evitando um dispêndio com
custos de manutenção em prol de que os valores sejam direcionados às atividades e pesquisas em si.
É possível que o FNDCT financie ações transversais, assim consideradas aquelas que recebam verbas de mais
de um fundo. Atividades transversais são aquelas que dizem respeito a mais de uma área de atuação, são inter-
disciplinares, de modo que, ainda que o objetivo principal não seja a ciência e tecnologia, encontra-se interligada,
sendo possível que receba verbas do FNDCT.
A Lei nº 10.973, de 2004, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambien-
te produtivo e dá outras providências, tem o intuito de promover maior desenvolvimento científico e tecnológico
do país por meio de, por exemplo, um ambiente de parceria entre as empresas e as ICTs (Instituição Científica,
Tecnológica e de Inovação).
Em 2016, essa lei foi amplamente alterada pela Lei nº 13.243, de 2016, que dispõe sobre estímulos ao desenvol-
vimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação.
Os motivos que conduziram à elaboração das leis supracitadas envolvem diversas constatações sobre o núme-
ro reduzido de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e em patentes no país.
Vamos ver parte por parte da Lei nº 10.973, de 2004, começando pelo art. 1º:
Art. 1º Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente
produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do
sistema produtivo nacional e regional do País, nos termos dos arts. 23, 24, 167, 200, 213, 218, 219 e 219-A da Cons-
tituição Federal.
Esquematizando:
Incentivo à inovação e à
pesquisa científica e tecnológica
Capacitação tecnológica
Autonomia tecnológica
Desenvolvimento do sistema
produtivo nacional e regional do
país
Para facilitar seu estudo, vejamos alguns dos artigos mencionados pelo art. 1º.
O inciso V, art. 23, da Constituição Federal, de 1988, traz algumas competências comuns da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dentre elas:
Art. 23 […]
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
O art. 167 traz algumas vedações relacionadas aos orçamentos e uma das exceções é justamente (XIV, § 5º, art.
172 167):
Art. 167 […] Art. 1º […]
§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transfe- Parágrafo único. As medidas às quais se refere o
rência de recursos de uma categoria de programa- caput deverão observar os seguintes princípios:
ção para outra poderão ser admitidos, no âmbito I - promoção das atividades científicas e tecno-
das atividades de ciência, tecnologia e inova- lógicas como estratégicas para o desenvolvimento
ção, com o objetivo de viabilizar os resultados de econômico e social;
projetos restritos a essas funções, mediante ato do II - promoção e continuidade dos processos de
Poder Executivo, sem necessidade da prévia autori- desenvolvimento científico, tecnológico e de
zação legislativa prevista no inciso VI deste artigo. inovação, assegurados os recursos humanos, eco-
nômicos e financeiros para tal finalidade;
O art. 200 fala sobre as competências do sistema III - redução das desigualdades regionais;
único de saúde (SUS), dentre elas: IV - descentralização das atividades de ciência,
tecnologia e inovação em cada esfera de governo,
com desconcentração em cada ente federado;
Art. 200 Ao sistema único de saúde compete, além
V - promoção da cooperação e interação entre os
de outras atribuições, nos termos da lei:
entes públicos, entre os setores público e privado e
[…]
entre empresas;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desen-
VI - estímulo à atividade de inovação nas Institui-
volvimento científico e tecnológico e a inovação.
ções Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs)
e nas empresas, inclusive para a atração, a cons-
Já o art. 213 fala sobre os recursos públicos desti- tituição e a instalação de centros de pesquisa,
nados às escolas públicas: desenvolvimento e inovação e de parques e polos
tecnológicos no País;
Art. 213 Os recursos públicos serão destinados às VII - promoção da competitividade empresarial nos
escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas mercados nacional e internacional;
comunitárias, confessionais ou filantrópicas, defi- VIII - incentivo à constituição de ambientes favo-
nidas em lei, que: ráveis à inovação e às atividades de transferência
[…] de tecnologia;
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de IX - promoção e continuidade dos processos de for-
estímulo e fomento à inovação realizadas por mação e capacitação científica e tecnológica;
universidades e/ou por instituições de educação X - fortalecimento das capacidades operacional,
profissional e tecnológica poderão receber apoio científica, tecnológica e administrativa das ICTs;
financeiro do Poder Público. XI - atratividade dos instrumentos de fomento e
de crédito, bem como sua permanente atualização
O art. 218 diz: e aperfeiçoamento;
XII - simplificação de procedimentos para ges-
Art. 218 O Estado promoverá e incentivará o desen- tão de projetos de ciência, tecnologia e inovação e
volvimento científico, a pesquisa, a capacitação adoção de controle por resultados em sua avaliação;
científica e tecnológica e a inovação. XIII - utilização do poder de compra do Estado
para fomento à inovação;
XIV - apoio, incentivo e integração dos inventores
Por fim, o art. 219 e art. 219-A nos dizem o seguinte:
independentes às atividades das ICTs e ao sistema
produtivo.
Art. 219 O mercado interno integra o patrimônio
nacional e será incentivado de modo a viabilizar
o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o
Algumas definições importantes trazidas nessa lei
bem-estar da população e a autonomia tecnoló- estão no art. 2º:
gica do País, nos termos de lei federal.
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
o fortalecimento da inovação nas empresas, bem I - agência de fomento: órgão ou instituição de
O art. 8º elenca as hipóteses em que haverá o can- 3- DOS INCENTIVOS À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
celamento da empresa ao REPES, perdendo os bene- Art. 17 A pessoa jurídica poderá usufruir dos
fícios que o regime oferece. Não há muito o que se seguintes incentivos fiscais:
debater, trata-se de dispositivo que o aluno deve ter I - dedução, para efeito de apuração do lucro líqui-
em mente, pois uma eventual questão indagará quais do, de valor correspondente à soma dos dispêndios
as formas de cancelamento do REPES. realizados no período de apuração com pesquisa
tecnológica e desenvolvimento de inovação tecno-
lógica classificáveis como despesas operacionais
2- DO REGIME ESPECIAL DE AQUISIÇÃO DE
1. Erradicação da pobreza - Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
2. Fome zero e agricultura sustentável - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutri-
ção e promover a agricultura sustentável.
3. Saúde e bem-estar - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
4. Educação de qualidade - Assegurar a educação inclusiva, e equitativa e de qualidade, e promover oportunida-
des de aprendizagem ao longo da vida para todos.
5. Igualdade de gênero - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
6. Água limpa e saneamento - Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos.
7. Energia limpa e acessível - Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos.
8. Trabalho de decente e crescimento econômico - Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e
sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos.
9. Inovação infraestrutura - Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e susten-
tável, e fomentar a inovação.
10. Redução das desigualdades - Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.
11. Cidades e comunidades sustentáveis - Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
resilientes e sustentáveis.
12. Consumo e produção responsáveis - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
13. Ação contra a mudança global do clima - Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e
seus impactos.
14. Vida na água - Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares, e dos recursos marinhos para o desen-
volvimento sustentável.
15. Vida terrestre - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de for-
ma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da Terra e deter a perda da
biodiversidade.
16. Paz, justiça e instituições eficazes - Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sus-
tentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em
todos os níveis.
17. Parcerias e meios de implementação - Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global
para o desenvolvimento sustentável. (ONU, n.p.)
Esses 17 objetivos são integrados e indivisíveis, além de abrangerem as três dimensões do desenvolvimento
sustentável, ou seja, social, ambiental e econômico, podendo ser implementados pelos governos, pela sociedade
civil, pelo setor privado e por todos os seres humanos comprometidos com as presentes e futuras gerações.
Memorize:
Fonte: ONU.
188
CONVENÇÃO QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA (UNFCCC)
Os países membros da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations Frame-
work Convention on Climate Change — UNFCCC), base de cooperação internacional, buscam estabelecer políticas
para reduzir e estabilizar as emissões de gases de efeito estufa em um nível no qual as atividades humanas não
interfiram seriamente nos processos climáticos.
Vale ressaltar que a primeira reunião aconteceu em 1992 durante a Eco 92, Conferência Internacional sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro. O texto da Convenção foi assinado e ratificado por 175 paí-
ses, os quais reconheceram a necessidade de um empenho global para o enfrentamento das questões climáticas.
Após seu estabelecimento e entrada em vigor, os representantes dos diferentes países passaram a se reu-
nir anualmente, a fim de discutir a sua implementação. Tais reuniões são chamadas de Conferências das Partes
(COPs).
Desta forma, os países desenvolvidos, por serem responsáveis históricos das emissões e por terem mais condi-
ções econômicas para arcar com os custos, seriam os primeiros a assumir as metas de redução até 2012 (NAHUR;
GUIDO; SANTOS, 2015; MMA, 2021; WWF, 2021).
No ano de 2012, durante a COP 18, em Doha, estava prevista a finalização do Protocolo de Quioto. Porém,
observou-se que diversos países não atingiram as metas e o Protocolo foi prorrogado até 2020.
Atenção: o Protocolo de Quioto constituiu um tratado internacional que estipulou as metas de reduções obri-
gatórias dos principais gases de efeito estufa para o período de 2008 a 2012. Embora tenha havido resistência por
parte de alguns países desenvolvidos, foi acordado o princípio da responsabilidade comum.
Essa é uma ferramenta de mercado que possibilita, aos países que tenham a obrigatoriedade de reduzir suas
emissões, a compra de créditos de carbono de um país que já tenha atingido a sua meta e, portanto, possui crédi-
tos excedentes para vender.
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é um instrumento que integra o Protocolo de Quioto e permite
que os países desenvolvidos invistam em projetos para a redução de emissões de gases em países em desenvolvi-
mento. As emissões reduzidas são contabilizadas e geram créditos de carbono, que podem ser comercializadas no
comércio de emissões. O MDL inclui, ainda, a implantação de atividades para a redução dos gases do Efeito Estufa.
Cabe ressaltar que esses projetos são baseados em fontes renováveis e alternativas de energia, eficiência e
conservação de energia ou reflorestamento. Todos com o foco nas reduções de emissões adicionais àquelas que
ocorreriam na ausência do projeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a mitigação
da mudança do clima.
A Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) é um plano de incentivo desenvolvi-
do no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 2013, durante a Conferência
das Partes em Bali, na Indonésia. Seu principal objetivo é indenizar os países em desenvolvimento pela redução
de emissões dos GEE provenientes do desmatamento e da degradação florestal. Ou seja, a cada ano, caso o país
diminua significativamente suas emissões relativas a desmatamentos e degradações florestais, ele terá o direito
de receber uma indenização da UNCCC.
Além disso, leva-se em consideração o papel da conservação de estoques de carbono florestal, manejo sustentá-
vel de florestas e aumento de estoques de carbono florestal denominado REED+ (REED plus, em inglês) (MMA, 2016).
Felizmente, existe uma série de iniciativas sendo aplicadas tendo em vista tais mecanismos. No Brasil, o World
Wide Fund for Nature (WWF), organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação,
investigação e recuperação ambiental, em parceria com o governo do Acre, vem apoiando a construção do REDD
no âmbito do programa de pagamentos por serviços ambientais.
Neste sentido, pode-se concluir que o REDD é uma importante ferramenta para os países com florestas nativas,
a qual busca contribuir para a conservação, redução do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa
(figura a seguir).
Compensação
Pagamentos por por resultados
resultados de REDD+ Resultados (tCO2e) nacionais
(USD/tCO2e)
1 MMA, 2016. Disponível em: https://www.bio3consultoria.com.br/o-que-e-redd/. Acesso em: 11 maio 2021. 189
Em suma, a distribuição de benefícios do REDD+ da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, poderá
tem início assim que o país em desenvolvimento apre- ser realizada na modalidade pregão, restrita às
senta à UNFCCC todos os elementos para a obtenção do empresas que cumpram o Processo Produtivo Bási-
reconhecimento de seus resultados de REDD+. Quando co nos termos desta Lei e da Lei nº 8.387, de 30 de
o processo é finalizado, os resultados de REDD+ medi- dezembro de 1991.
dos em tCO2 serão inseridos no Lima Information Hub.
Na decisão 9, da CP 19, a COP decidiu estabelecer Muita atenção aos dispositivos acima, pois são
o Lima REDD+ Information Hub na REDD+ Web Plat- apostas de questões em prova, haja vista que o tema é
form, como um meio para publicar informações sobre inerente a várias outras legislações.
os resultados das atividades de REDD+ e os correspon- A Administração Pública dará preferência à aqui-
dentes pagamentos baseados em resultados. O Lima sição de bens e serviços com tecnologia desenvolvida
REDD+ Information Hub visa aumentar a transparên- no país. Em regra, os procedimentos de aquisição de
cia das informações sobre ações baseadas em resulta- bens e demais licitações são pautados no princípio da
dos de REDD+. isonomia; todavia, há ações afirmativas que visam
Assim, quando o país está apto a captar recursos privilegiar pequenas empresas, produtos desenvolvi-
de pagamentos por resultados, os pagamentos são efe- dos no país entre outros.
tuados por diversas fontes internacionais, em parti- Tal preferência não viola o princípio da isonomia,
cular do Fundo Verde para o Clima (GCF na sigla em por visar à faceta material do princípio, proporcio-
inglês). nando competitividade a empresas locais em face de
A distribuição de benefícios, portanto, ocorre de empresas e produtos estrangeiros.
acordo com regras definidas nacionalmente. Não há O § 2º faz a ressalva de que a preferência observará
regras e/ou exigências quanto ao uso desse recurso, algumas condições, como prazo de entrega, qualidade
uma vez que o pagamento se deu por ações executa- e afins. O que o dispositivo elenca é que a preferência
das no passado (MMA, 2016). não pode ocasionar prejuízo à Administração Públi-
ca; não adianta privilegiar o produto e a empresa não
LEI Nº 8.248, DE 1991, E ALTERAÇÕES (LEI DAS TIC) conseguir entregar no prazo.
Permite-se a modalidade do pregão para a aquisi-
O material a seguir aborda a Lei nº 8.248 de 1991, a ção dos bens. Atenção para o fato de que a lei “permi-
qual dispõe sobre a capacitação e competitividade do te” a modalidade, não elenca uma obrigação.
setor de informática e automação.
A presente lei possui muitos dispositivos revo- Art. 4º As pessoas jurídicas que exerçam ativida-
des de desenvolvimento ou produção de bens de
gados, o que é comum em legislações que tratam de
tecnologias da informação e comunicação que
temas concretos, como competitividade de setor eco-
investirem em atividades de pesquisa, desenvol-
nômico, pois uma lei de 1991 não mais satisfaz as vimento e inovação nesse setor farão jus, até
necessidades do setor. 31 de dezembro de 2029, a crédito financeiro
O que prejudica o ordenamento jurídico e, conse- decorrente do dispêndio mínimo efetivamente
quentemente, o aluno, é que as leis não são revogadas aplicado nessas atividades.
por completo e substituídas por outra mais moderna [...]
e que aborde todo o assunto, pelo contrário, são revo- § 2º O Ministério da Economia e o Ministério da
gadas e alteradas ao mesmo tempo em que surgem Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações esta-
novas leis, o que torna a legislação pátria extrema- belecerão os processos produtivos básicos de ofício
mente confusa e “embolada”. ou no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contado da
Nesse sentido, não se preocupe com a numeração data da solicitação fundamentada da interessada.
não ordinária dos dispositivos elencados neste mate-
rial; quando, por exemplo, passa-se do § 1º para o § 3º, O art. 4º foi inserido em 2019, portanto é disposi-
é porque o § 2º foi revogado ou não possui relevância tivo atualizado, o qual revogou inúmeros dispositivos
para fins de prova. da lei, concentrando o conteúdo no art. 4º e § 2º.
Prevê o direito a crédito financeiro às empresas pri-
Art. 3º Os órgãos e entidades da Administração vadas que exerçam a atividade de pesquisa e desenvol-
Pública Federal, direta ou indireta, as fundações vimento de tecnologia, tratando-se de uma subvenção
instituídas e mantidas pelo Poder Público e as às empresas para que invistam, ainda mais, na área.
demais organizações sob o controle direto ou indi- O processo produtivo básico que trata o § 2º é
reto da União darão preferência, nas aquisições referente ao inciso II, do art. 3º, o qual estipula como
de bens e serviços de informática e automa- preferência as empresas que cumprem o processo
ção, observada a seguinte ordem, a: produtivo. Conforme dito anteriormente, há prefe-
I - bens e serviços com tecnologia desenvolvida rência para os produtos e serviços produzidos com
no País; tecnologia desenvolvida no país e para as empresas
II - bens e serviços produzidos de acordo com pro-
que seguem o processo produtivo básico.
cesso produtivo básico, na forma a ser definida pelo
Para fazer jus ao benefício do art. 4º, a empresa deve
Poder Executivo.
investir, anualmente, 5% do seu faturamento bruto em
[...]
§ 2º Para o exercício desta preferência, levar-se- atividades relacionadas à pesquisa, desenvolvimento e
-ão em conta condições equivalentes de prazo inovação, sob pena de ter suspenso o benefício.
de entrega, suporte de serviços, qualidade, O investimento citado pode ocorrer mediante con-
padronização, compatibilidade e especifica- vênio com ICTs, com instituições de ensino, depósitos
ção de desempenho e preço. trimestrais no Fundo Nacional de Desenvolvimento
§ 3º A aquisição de bens e serviços de informática Científico e Tecnológico (FNDCT) e aplicação em pro-
e automação, considerados como bens e serviços gramas e projetos de interesse nacional nas áreas de
190 comuns nos termos do parágrafo único do art. 1º tecnologias da informação e comunicação.
Art. 8º São isentas do Imposto sobre Produtos II - gravadores de suportes magnéticos e outros apa-
Industrializados (IPI) as compras de máquinas, relhos de gravação de som, mesmo com dispositivo
equipamentos, aparelhos e instrumentos produ- de reprodução de som incorporado, da posição 8520;
zidos no País, bem como suas partes e peças de III - aparelhos videofônicos de gravação ou de repro-
reposição, acessórias, matérias-primas e produtos dução, mesmo incorporando um receptor de sinais
intermediários realizadas pelo Conselho Nacio- videofônicos, da posição 8521;
nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológi- IV - partes e acessórios reconhecíveis como sendo
co (CNPq) e por entidades sem fins lucrativos exclusiva ou principalmente destinados aos apare-
ativas no fomento, na coordenação ou na execu- lhos das posições 8519 a 8521, da posição 8522;
ção de programa de pesquisa científica ou de ensino V - suportes preparados para gravação de som ou
devidamente credenciadas naquele conselho. para gravações semelhantes, não gravados, da posi-
Parágrafo único. São asseguradas a manutenção e ção 8523;
a utilização do crédito do Imposto sobre Produtos VI - discos, fitas e outros suportes para gravação
Industrializados (IPI) a matérias-primas, produtos de som ou para gravações semelhantes, gravados,
intermediários e material de embalagem emprega- incluídos os moldes e matrizes galvânicos para
dos na industrialização dos bens de que trata este fabricação de discos, da posição 8524;
artigo. VII - câmeras de vídeo de imagens fixas e outras
câmeras de vídeo (camcorders), da posição 8525;
A concessão do IPI, nos termos da lei, volta-se, VIII - aparelhos receptores para radiotelefonia,
apenas, aos produtos adquiridos pelo CNPq, ou inter- radiotelegrafia, ou radiodifusão, mesmo combina-
mediado por ele, e pelas empresas sem fins lucrativos dos, num mesmo gabinete ou invólucro, com apare-
que atuem no fomento do setor. lho de gravação ou de reprodução de som, ou com
O aluno deve focar o estudo desta lei em associar, relógio, da posição 8527, exceto receptores pessoais
corretamente, os benefícios elencados. Por exemplo, a de radio mensagem;
isenção de IPI não se estende a todas as empresas do IX - aparelhos receptores de televisão, mesmo incor-
setor, assim como não faz exigências além de a empre- porando um aparelho receptor de radiodifusão ou
sa ser sem fins lucrativos. um aparelho de gravação ou de reprodução de som
Por outro lado, o crédito estudado anteriormente é ou de imagens; monitores e projetores, de vídeo, da
aplicado a todas as empresas que façam jus à previsão posição 8528;
em lei e que invistam 5% do faturamento bruto anual X - partes reconhecíveis como exclusiva ou princi-
em desenvolvimento tecnológico do país. palmente destinadas aos aparelhos das posições
Em suma, cada dispositivo elenca um benefício 8526 a 8528 e das câmeras de vídeo de imagens fixas
diferente e em pró de beneficiários distintos, devendo e outras câmeras de vídeo (camcorders) (8525), da
posição 8529;
o aluno conseguir diferenciá-los.
XI - tubos de raios catódicos para receptores de tele-
O poder público fiscalizará se as obrigações são
visão, da posição 8540;
cumpridas pelos beneficiários, mediante análise de
XII - aparelhos fotográficos; aparelhos e dispositi-
relatórios descritivos anuais, os quais apresentarão
vos, incluídos as lâmpadas e tubos, de luz-relâmpa-
os demonstrativos do ano anterior. O descumprimen-
go (flash), para fotografia, da posição 9006;
to das obrigações enseja a suspensão do benefício XIII - câmeras e projetores cinematográficos, mes-
relacionado. mo com aparelhos de gravação ou de reprodução de
som incorporados, da posição 9007;
Art. 16-A Para os fins desta Lei, consideram-se XIV - aparelhos de projeção fixa; aparelhos fotográ-
bens e serviços de tecnologias da informação e ficos, de ampliação ou de redução, da posição 9008;
comunicação: XV - aparelhos de fotocópia, por sistema óptico ou
I - componentes eletrônicos a semicondutor, optoele- por contato, e aparelhos de termocópia, da posição
trônicos, bem como os respectivos insumos de natu- 9009;
reza eletrônica; XVI - aparelhos de relojoaria e suas partes, do capí-
II - máquinas, equipamentos e dispositivos basea-
Art. 187 Fabricar, sem autorização do titular, pro- Exploração de Produto com Violação a Registro de
duto que incorpore desenho industrial registrado,
Marca
ou imitação substancial que possa induzir em erro
ou confusão.
Art. 190 Comete crime contra registro de marca
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou
quem importa, exporta, vende, oferece ou expõe à
multa.
venda, oculta ou tem em estoque:
I - produto assinalado com marca ilicitamente
O tipo penal do art. 187 visa punir duas condutas reproduzida ou imitada, de outrem, no todo ou em
distintas. A primeira é de fabricar produto que incor- parte; ou
pore (contenha) desenho industrial registrado sem a II - produto de sua indústria ou comércio, contido
autorização de seu titular. A segunda conduta consis- em vasilhame, recipiente ou embalagem que conte-
te na imitação de desenho que tenha a capacidade de nha marca legítima de outrem.
confundir o consumidor. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou
multa.
Art. 188 Comete crime contra registro de desenho
industrial quem: De acordo com o art. 190, comete crime quem
I - exporta, vende, expõe ou oferece à venda, tem em explora economicamente (importa, exporta, vende,
estoque, oculta ou recebe, para utilização com fins oferece ou expõe à venda, oculta ou tem em estoque):
econômicos, objeto que incorpore ilicitamente dese-
nho industrial registrado, ou imitação substancial z Produto com marca reproduzida ou imitada de
que possa induzir em erro ou confusão; ou
forma ilícita;
II - importa produto que incorpore desenho indus-
z Produto próprio em recipiente de marca de produ-
trial registrado no País, ou imitação substancial
que possa induzir em erro ou confusão, para os
to original.
fins previstos no inciso anterior, e que não tenha
sido colocado no mercado externo diretamente pelo CRIMES COMETIDOS POR MEIO DE MARCA, TÍTULO
titular ou com seu consentimento. DE ESTABELECIMENTO E SINAL DE PROPAGANDA
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou
198 multa. O Capítulo V traz apenas o tipo penal do art. 191.
Reprodução ou Imitação não Autorizada de Símbolos Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou
Oficiais multa.
Art. 194 Usar marca, nome comercial, título de
Art. 191 Reproduzir ou imitar, de modo que pos- estabelecimento, insígnia, expressão ou sinal de
sa induzir em erro ou confusão, armas, brasões ou propaganda ou qualquer outra forma que indique
distintivos oficiais nacionais, estrangeiros ou inter- procedência que não a verdadeira, ou vender ou
nacionais, sem a necessária autorização, no todo expor à venda produto com esses sinais.
ou em parte, em marca, título de estabelecimento, Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou
nome comercial, insígnia ou sinal de propaganda,
multa.
ou usar essas reproduções ou imitações com fins
econômicos.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou CRIMES CONTRA A CONCORRÊNCIA DESLEAL
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem ven- O art. 195, último dos tipos penais previstos na LPI,
de ou expõe ou oferece à venda produtos assinala- cuida dos crimes de concorrência desleal. Concorrên-
dos com essas marcas. cia desleal pode ser entendida, genericamente, como
qualquer ato contrário às boas normas da concorrên-
De acordo com o inciso I do art. 121 da LPI, é proi- cia comercial, praticado com a finalidade de desviar a
bido o registro de marca que reproduza ou imite clientela de um ou mais concorrentes, causando-lhes
símbolos oficiais (brasão, armas, medalha, bandeira, prejuízo. É o mais extenso dos tipos penais previstos
emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, na LPI, trazendo 14 incisos contendo condutas que
nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como configuram crime de concorrência desleal.
a respectiva designação, figura ou imitação).
Caso seja utilizado símbolo oficial sem autorização Art. 195 Comete crime de concorrência desleal
em marca, título de estabelecimento, nome comer- quem:
cial, insígnia ou sinal de propaganda, ou, ainda, sejam I - publica, por qualquer meio, falsa afirmação,
utilizadas essas reproduções com fins econômicos, em detrimento de concorrente, com o fim de obter
de modo que possa induzir o consumidor em erro, vantagem;
o agente vai incidir no tipo penal do art. 191 (dando II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa
a ideia, por exemplo, de que determinado produto é informação, com o fim de obter vantagem;
“oficial” ou “indicado pelas autoridades”).
Por força do parágrafo único do art. 191, responde Os incisos I e II tratam da concorrência desleal
pelo mesmo crime quem vende ou coloca à venda os mediante à divulgação de falsas informações. É a
produtos assinalados com essas marcas. famosa conduta de quem divulga informações falsas
afirmando que o produto do concorrente causa pre-
CRIMES CONTRA INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E juízos à saúde, visando que os consumidores deixem
DEMAIS INDICAÇÕES de adquirir tal produto e busquem pelo seu.
Art. 193 Usar, em produto, recipiente, invólucro, Completando a proteção do inciso anterior, o inci-
cinta, rótulo, fatura, circular, cartaz ou em outro so V pune a exploração comercial (vender, expor,
meio de divulgação ou propaganda, termos reti- oferecer à venda ou ter em estoque) com a utilização
ficativos, tais como “tipo”, “espécie”, “gênero”, indevida de nome comercial, título de estabelecimen-
“sistema”, “semelhante”, “sucedâneo”, “idêntico”, to ou insígnia.
ou equivalente, não ressalvando a verdadeira pro-
cedência do produto. 199
Art. 195 [...] DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
VI - substitui, pelo seu próprio nome ou razão
social, em produto de outrem, o nome ou razão Os arts. 196 a 210 da Lei tratam de uma série de
social deste, sem o seu consentimento; disposições gerais que se aplicam aos crimes previstos
na Lei. Merecem destaque as seguintes:
O inciso VI pune a adulteração do nome ou razão
social em produto de terceiro.
z Causa de aumento para as penas de detenção (art.
Art. 195 [...] 196), de 1/3 até a metade se o agente é ou foi repre-
VII - atribui-se, como meio de propaganda, recom- sentante, mandatário, preposto, sócio ou emprega-
pensa ou distinção que não obteve; do do titular da patente ou do registro, ou, ainda,
do seu licenciado; ou se a marca alterada, reprodu-
O inciso VII pune a conduta de falsa atribuição zida ou imitada for de alto renome, notoriamente
de recompensa ou distinção como, por exemplo, de conhecida, de certificação ou coletiva;
empresa que diz falsamente ter ganhado prêmio de z Ação penal nos crimes previstos na Lei, exce-
melhor empresa no ramo, atraindo de forma engano- to quanto ao crime do art. 191, que se procede
sa os consumidores. mediante queixa. Os demais crimes são de ação
penal pública (procedem independentemente da
Art. 195 [...] manifestação da vítima).
VIII - vende ou expõe ou oferece à venda, em recipien-
te ou invólucro de outrem, produto adulterado ou fal-
LEI Nº 9.609, DE 1998
sificado, ou dele se utiliza para negociar com produto
da mesma espécie, embora não adulterado ou falsifi-
cado, se o fato não constitui crime mais grave; A proteção da propriedade imaterial engloba uma
série de normas: além dos crimes contra o direito
autoral, definidos no art. 184 e seguintes do Código
O inciso VIII pune a adulteração do conteúdo do
Penal, algumas outras leis tutelam outros aspectos da
produto, caso não configure crime mais grave (como propriedade intelectual, como a Lei nº 9.279, de 1996,
crime contra a saúde pública, por exemplo). que cuida da propriedade intelectual; a Lei nº 9.609,
de 1998, que trata da violação da propriedade intelec-
Art. 195 [...] tual de programas de computador e a Lei nº 9.610, de
IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empre- 1998, sobre direitos autorais.
gado de concorrente, para que o empregado, faltando Vamos estudar agora a Lei nº 9.609, de 1998, conhe-
ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem; cida como Lei do Software.
X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita
promessa de paga ou recompensa, para, faltando PROGRAMA DE COMPUTADOR
ao dever de empregado, proporcionar vantagem a
concorrente do empregador;
A Lei nº 9.609, de 1998 dispõe sobre a proteção da
XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização,
propriedade intelectual de programa de computador,
de conhecimentos, informações ou dados confiden-
sua comercialização no país, e dá outras providências.
ciais, utilizáveis na indústria, comércio ou pres-
A Lei regula a proteção aos direitos de autor e
tação de serviços, excluídos aqueles que sejam de
do registro do programa de computador, cuida das
conhecimento público ou que sejam evidentes para
garantias aos usuários de programa, dos contratos de
um técnico no assunto, a que teve acesso mediante
licença e, por fim, estabelece infrações e penalidades.
relação contratual ou empregatícia, mesmo após o
O conceito de programa de computador encontra-
término do contrato;
-se logo em seu art. 1º:
XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autoriza-
ção, de conhecimentos ou informações a que se
Art. 1º Programa de computador é a expressão de
refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos
um conjunto organizado de instruções em linguagem
ou a que teve acesso mediante fraude; ou
natural ou codificada, contida em suporte físico de
XIII - vende, expõe ou oferece à venda produto, qualquer natureza, de emprego necessário em máqui-
declarando ser objeto de patente depositada, ou nas automáticas de tratamento da informação, dis-
concedida, ou de desenho industrial registrado, que positivos, instrumentos ou equipamentos periféricos,
não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los
comercial, como depositado ou patenteado, ou funcionar de modo e para fins determinados.
registrado, sem o ser;
XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autoriza- PROTEÇÃO AOS DIREITOS DE AUTOR E DO
ção, de resultados de testes ou outros dados não REGISTRO
divulgados, cuja elaboração envolva esforço consi-
derável e que tenham sido apresentados a entida- De acordo com o art. 2º, o regime de proteção à
des governamentais como condição para aprovar a propriedade intelectual de programa de computador
comercialização de produtos. é o mesmo conferido às obras literárias pela legisla-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. ção de direitos autorais e conexos vigentes no país,
observado o disposto nesta Lei.
Para que haja a aprovação da comercialização de
No entanto, há limitações: não se aplicam ao pro-
certos produtos, como alguns farmacêuticos ou agrí- grama de computador as disposições relativas aos
colas, as empresas precisam apresentar resultados direitos morais, a não ser que eventual alteração não
de testes a um órgão regulador (como a ANVISA, por autorizada no programa afete a honra ou a reputação
exemplo). O conteúdo de tais testes contém informa- do autor (nesse caso, o autor pode, a qualquer tempo,
ções sobre a tecnologia do produto ou da empresa, de reivindicar a paternidade do programa de computador
forma que a divulgação, exploração ou utilização de e o direito do autor de opor-se a alterações não autori-
tais informações por outra empresa configura concor- zadas, quando estas impliquem deformação, mutilação
200 rência desleal, punida pela Lei. ou outra modificação do programa de computador).
Os direitos relativos a programa de computado- informações tecnológicas, segredos industriais e de
res são protegidos pelo prazo de 50 anos, contados a negócios, materiais, instalações ou equipamentos do
partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua empregador, da empresa ou entidade com a qual o
publicação (na ausência desta, do ano de sua criação). empregador mantenha contrato de prestação de ser-
Os direitos atribuídos pela Lei nº 9.609, de 1998 são viços ou assemelhados, do contratante de serviços ou
assegurados aos estrangeiros domiciliados no exte-
órgão público. (§ 2º do art. 4º).
rior, desde que o país de origem do programa conce-
da direitos equivalentes aos brasileiros e estrangeiros
domiciliados no Brasil (§ 4°, art. 2°). Violação aos Direitos do Titular do Programa de
Computador
202
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DA LEI Nº 9.610, DE II - transmissão ou emissão - a difusão de sons
1998 ou de sons e imagens, por meio de ondas radioe-
létricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro con-
Antes de mais nada, vale mencionar que existem dutor; meios óticos ou qualquer outro processo
eletromagnético;
dois sistemas principais de proteção ao direito do
III - retransmissão - a emissão simultânea da trans-
autor: o copyright, que é o sistema anglo-americano e o missão de uma empresa por outra;
droitd’auteur, o sistema francês ou continental. O siste- IV - distribuição - a colocação à disposição do públi-
ma de copyright preocupa-se com a exploração econô- co do original ou cópia de obras literárias, artísti-
mica da obra e visa proteger, basicamente, o direito à cas ou científicas, interpretações ou execuções
reprodução de cópias; já o sistema do droitd’auteur se fixadas e fonogramas, mediante a venda, locação
preocupa com a figura do autor e protege tanto os direi- ou qualquer outra forma de transferência de pro-
tos patrimoniais quanto os direitos morais do autor da priedade ou posse;
V - comunicação ao público - ato mediante o qual
obra. O Brasil adota esse último sistema.
a obra é colocada ao alcance do público, por qual-
Os direitos morais dizem respeito aos direitos de quer meio ou procedimento e que não consista na
personalidade do autor e asseguram que, indepen- distribuição de exemplares;
dentemente de quem exerça os direitos patrimoniais, VI - reprodução - a cópia de um ou vários exem-
o autor será sempre creditado como o criador da obra. plares de uma obra literária, artística ou científica
Por outro lado, os direitos patrimoniais são os direitos ou de um fonograma, de qualquer forma tangível,
econômicos sobre a obra, isto é, os direitos que autori- incluindo qualquer armazenamento permanente
zam o seu titular a explorá-la comercialmente. ou temporário por meios eletrônicos ou qualquer
A Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos autorais. outro meio de fixação que venha a ser desenvolvido;
VII - contrafação - a reprodução não autorizada;
A denominação direitos autorais abrange não só os
VIII - obra:
direitos do autor, mas também os direitos conexos ao
a) em co-autoria - quando é criada em comum, por
autor, isto é, os direitos daqueles que acrescentam valor
dois ou mais autores;
à obra, como é o caso dos intérpretes, executantes, pro-
b) anônima - quando não se indica o nome do autor,
dutores fonográficos etc. Os direitos conexos são inde- por sua vontade ou por ser desconhecido;
pendentes e não prejudicam os direitos dos autores. c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome
A Lei assegura, também, a proteção aos estrangei- suposto;
ros domiciliados no exterior, que gozam da proteção d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação;
assegurada nos acordos, convenções e tratados em e) póstuma - a que se publique após a morte do
vigor no Brasil. Neste sentido, pode-se entender que o autor;
disposto na Lei nº 9.610, de 1998 é aplicado, de acordo f) originária - a criação primígena;
com o parágrafo único, do art. 2º, aos nacionais ou pes- g) derivada - a que, constituindo criação intelectual
soas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros nova, resulta da transformação de obra originária;
ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e
proteção aos direitos autorais ou equivalentes. Ou seja, responsabilidade de uma pessoa física ou jurídica,
se determinado país proteger os direitos autorais ou que a publica sob seu nome ou marca e que é consti-
equivalentes de brasileiros ou de pessoas aqui domi- tuída pela participação de diferentes autores, cujas
ciliadas, por reciprocidade, será aplicado o que prevê contribuições se fundem numa criação autônoma;
a Lei nº 9.610, de 1998 aos nacionais daquele país ou i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens
às pessoas que nele tenham domicílio. com ou sem som, que tenha a finalidade de criar,
São protegidos pela lei os seguintes sujeitos: por meio de sua reprodução, a impressão de movi-
mento, independentemente dos processos de sua
z O nacional (brasileiro); captação, do suporte usado inicial ou posterior-
z O estrangeiro domiciliado no Brasil; mente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados
z O estrangeiro domiciliado no exterior, desde que para sua veiculação;
haja reciprocidade. IX - fonograma - toda fixação de sons de uma execu-
ção ou interpretação ou de outros sons, ou de uma
A Lei de Direitos Autorais dispõe que, aos direi- Art. 97 Para o exercício e defesa de seus direitos,
tos conexos, aplicam-se as mesmas normas relativas podem os autores e os titulares de direitos conexos
aos direitos do autor, no que forem compatíveis. Os associar-se sem intuito de lucro.
direitos conexos são, também, conhecidos por direitos
vizinhos (droits voisins), por serem próximos, asseme- Os arts. 97 a 100-B disciplinam as regras relativas a
lhados aos direitos autorais. Basicamente, consistem tais associações. Os dispositivos são extensos e há pou-
na difusão da obra por meio da interpretação, execu- ca probabilidade de serem abordados em prova. Sugi-
ção ou difusão. ro apenas a leitura dos dispositivos em sua íntegra.
Art. 90 Tem o artista intérprete ou executante o DAS SANÇÕES ÀS VIOLAÇÕES AOS DIREITOS
direito exclusivo de, a título oneroso ou gratuito, AUTORAIS
autorizar ou proibir:
I - a fixação de suas interpretações ou execuções; A Lei de Direitos Autorais não traz tipos penais.
II - a reprodução, a execução pública e a locação Os crimes relativos à violação dos direitos autorais
das suas interpretações ou execuções fixadas;
encontram-se no Código Penal, na Lei do Software e
III - a radiodifusão das suas interpretações ou exe-
na Lei de Propriedade Industrial. No entanto, a LDA
cuções, fixadas ou não;
IV - a colocação à disposição do público de suas
dispõe sobre sanções civis, a partir de seu art. 101, que
interpretações ou execuções, de maneira que qual- são aplicáveis independentemente das penas previs-
quer pessoa a elas possa ter acesso, no tempo e no tas nos tipos penais.
lugar que individualmente escolherem;
V - qualquer outra modalidade de utilização de Das Sanções Civis
suas interpretações ou execuções.
§ 1º Quando na interpretação ou na execução parti- Art. 102 O titular cuja obra seja fraudulentamente
ciparem vários artistas, seus direitos serão exerci- reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utili-
dos pelo diretor do conjunto. zada, poderá requerer a apreensão dos exempla-
§ 2º A proteção aos artistas intérpretes ou execu- res reproduzidos ou a suspensão da divulgação,
tantes estende-se à reprodução da voz e imagem, sem prejuízo da indenização cabível.
quando associadas às suas atuações.
Art. 93 O produtor de fonogramas tem o direito No caso de edição de obra sem autorização, os
exclusivo de, a título oneroso ou gratuito, autori- exemplares apreendidos serão perdidos para o titular
zar-lhes ou proibir-lhes:
e o editor deve pagar o preço dos que já tiver vendido;
I - a reprodução direta ou indireta, total ou parcial;
no entanto, caso não se saiba a quantidade de exem-
II - a distribuição por meio da venda ou locação de
exemplares da reprodução; plares editados sem autorização, o falsificador deve
III - a comunicação ao público por meio da execu- pagar, a título de multa, o valor correspondente a
ção pública, inclusive pela radiodifusão; três mil exemplares, além dos que forem apreendidos
IV - (VETADO) (Art. 103).
V - quaisquer outras modalidades de utilização,
existentes ou que venham a ser inventadas. Art. 103 Quem editar obra literária, artística ou
Art. 95 Cabe às empresas de radiodifusão o direi- científica, sem autorização do titular, perderá para
to exclusivo de autorizar ou proibir a retransmis- este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-
210 são, fixação e reprodução de suas emissões, bem -á o preço dos que tiver vendido.
Parágrafo único. Não se conhecendo o número de Por sua vez, o art. 107 busca proteger os disposi-
exemplares que constituem a edição fraudulenta, tivos tecnológicos que têm a finalidade de restringir
pagará o transgressor o valor de três mil exempla- as cópias não autorizadas (como as travas anticópias
res, além dos apreendidos. de DVDs e CDs por exemplo). Além da perda dos equi-
pamentos utilizados para realizar as cópias, responde
O pagamento das três mil unidades é controverso: por perdas e danos (em valores nunca inferiores ao da
na vigência da Lei nº 5.988, de 1973, que regulava a multa do art. 103) quem:
proteção aos direitos autorais antes da Lei nº 9.610, de
1998, a previsão era de pagamento de dois mil exem- Art. 107 [...]
plares e, mesmo assim, com um valor menor que o I - alterar, suprimir, modificar ou inutilizar, de qual-
atual, a jurisprudência sinalizava no sentido de que, quer maneira, dispositivos técnicos introduzidos
quando não fosse possível conhecer o valor das cópias nos exemplares das obras e produções protegidas
realizadas, deveria se estabelecer uma quantidade para evitar ou restringir sua cópia;
II - alterar, suprimir ou inutilizar, de qualquer
razoável a qual não precisava alcançar o limite pre-
maneira, os sinais codificados destinados a restrin-
visto no art. 12, da Lei nº 5.988, de 1973. Esse entendi-
gir a comunicação ao público de obras, produções
mento, seguido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, ou emissões protegidas ou a evitar a sua cópia;
pautava-se no fato de que a multa (na época, de dois III - suprimir ou alterar, sem autorização, qualquer
mil exemplares) era desproporcional e abusiva com informação sobre a gestão de direitos;
pequenas empresas que possuíam poucos emprega- IV - distribuir, importar para distribuição, emitir,
dos e não tinham condições de produzir tantas cópias comunicar ou puser à disposição do público, sem
não licenciadas. autorização, obras, interpretações ou execuções,
Ainda em relação à multa prevista no art. 103, exemplares de interpretações fixadas em fonogra-
cabe frisar que, segundo o entendimento consolidado mas e emissões, sabendo que a informação sobre
no STJ (Recurso Especial 18773336-RJ, publicado em a gestão de direitos, sinais codificados e dispositi-
18/09/2020), ela só é cabível se houver má-fé, ou seja, vos técnicos foram suprimidos ou alterados sem
o deliberado propósito de contrafação. autorização.
Nos termos do art. 104, além do contrafator (falsifi-
cador), respondem solidariamente com ele O art. 110 dispõe que, caso a violação de direitos
autorais ocorra em locais de frequência coletiva, cum-
Art. 104 Quem vender, expuser a venda, ocultar, pre-se a responsabilidade solidária dos proprietários,
adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar diretores, gerentes, empresários e arrendatários com
obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com os organizadores dos espetáculos.
a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, De acordo com o art. 113,
proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para
outrem, será solidariamente responsável com o Art. 113 Os fonogramas, os livros e as obras audio-
contrafator, nos termos dos artigos precedentes, visuais sujeitar-se-ão a selos ou sinais de identifica-
respondendo como contrafatores o importador e o ção sob a responsabilidade do produtor, distribui-
distribuidor em caso de reprodução no exterior. dor ou importador, sem ônus para o consumidor,
com o fim de atestar o cumprimento das normas
Por força desse artigo, os comerciantes de rua legais vigentes, conforme dispuser o regulamento.
(camelôs) que vendem obras pirateadas estão sujeitos
às sanções da LDA. São considerados contrafatores, Dica
também, o importador e o distribuidor em caso de
reprodução no exterior. Vale lembrar que a responsabilização penal pela
O art. 105, por sua vez, trata da suspensão ou inter- violação dos direitos autorais e conexos se dá
rupção judicial da transmissão ou retransmissão de pelo art. 184 do Código Penal.
obras sem a devida licença:
z As medidas de tendência central que são medi- Já mostramos algumas tabelas ao longo do mate-
das que indicam a posição dos dados, como média, rial, mas afinal, para que serve, e como montar uma
mediana, moda e quartis (também chamadas de tabela?
medidas de posição); Uma tabela deve ser composta por diversas linhas
z As medidas de dispersão que medem o grau de e colunas, sendo que devemos ter um título (normal-
variabilidade dos elementos de um conjunto, como
mente na primeira linha da tabela), e vários dados
desvio-padrão, variância, amplitude;
organizados nas linhas e colunas seguintes.
z A assimetria da curva; e
Geralmente, na primeira linha, depois do título,
z O achatamento da curva, chamado de curtose.
teremos as classes que serão retratadas nas linhas,
ex.: Estados, Siglas, População, Área, etc. Nas linhas
seguintes teremos os dados da tabela, onde teremos
Importante!
em uma mesma linha o Estado, relacionando sua
Essas duas últimas (assimetria e curtose) também sigla, sua população, sua área etc. Vejamos o exemplo
são conhecidas como medidas de distribuição. dessa tabela citada.
z Discretos: são aqueles dados que possuem um z Séries Temporais: é um conjunto de observações
conjunto finito de valores, como a quantidade de de uma variável ao longo do tempo, ou seja, uma
acertos em uma prova de múltipla escolha, a quan- sequência de dados numéricos em ordem sucessi-
tidade será apenas números inteiros, 0, 1, 2, 3 e va. Nesse tipo de série o que varia é o tempo, mas o
212 assim por diante, ou fato e o local de observação são fixos;
z Séries Geográficas: é um conjunto de observações Podemos definir exemplos de séries temporais e
de uma variável em diferentes locais. Nesse tipo de de séries não temporais:
série o que varia é o local (região) da observação,
mas o tempo e o fato observado são fixos. Ex.:
SÉRIES NÃO
SÉRIES TEMPORAIS
TEMPORAIS
POPULAÇÃO DOS ESTADOS DA REGIÃO SUDESTE
Série diária da temperatu- Temperaturas de várias ci-
ESTADO POPULAÇÃO ra na cidade de São Paulo dades em um mesmo dia,
ao longo de um ano ou períodos diferentes
Minas Gerais 21.292.666
Quantidade de furtos no
Espírito Santo 4.064.052 Quantidade de furtos
ano de 2018 nas diferen-
anuais em Cuiabá
Rio de Janeiro 17.366.189 tes capitais do país
Média
0–2 5
2–4 7
4–6 15
6–8 10
8 – 10 3
xi
x= / para dados de uma amostra.
N
Ou:
xi
μ= / para dados de uma população.
N
Onde: Ʃxi é o somatório dos dados X1, X2, X3...XN, e N
é a quantidade de dados da amostra/população. Cada
dado é representado por Xi.
Vamos supor que, na faculdade, teremos 4 provas
da disciplina de Estatística. Para calcular a média final
214 basta somar as 4 notas e dividir por 4.
Supondo que as notas tenham sido na ordem: 6,0; Média Aritmética Ponderada
7,0; 5,0; 8,0.
A média ponderada é muito parecida com a média
simples, mas nela são colocados pesos diferentes para
Soma
alguns dados. Essa média é muito utilizada em provas.
Média =
Quantidade Vamos pensar no mesmo exemplo da média sim-
ples. Supondo que, na faculdade, teremos 4 provas
de Estatística, mas a prova 3 tem peso 2 e a prova 4
6+7+5+8 tem peso 3. Para calcular a média ponderada temos
Média =
4 que somar todas as notas, mas, as notas que têm pesos
devem ser somadas conforme seu peso, ou seja, se
for peso 2 temos que multiplicar essa nota por 2, se
26 for peso 3 temos que multiplicar essa nota por 3. E na
Média = quantidade temos que considerar o peso também.
4
Supondo que as notas tenham sido na ordem: 6,0;
7,0; 5,0 (peso 2); 8,0 (peso 3). Nesse caso, a quantidade
Média = 6,5 de notas que vamos considerar deve ser 7, pois as pro-
vas 1 e 2 têm peso 1, a prova 3 é peso 2, e a prova 4 é
Ex: em uma faculdade a quantidade de alunos peso 3. Portanto: 1 + 1 + 2 + 3 = 7.
matriculados em cada curso está apresentado na tabe-
la a seguir: Soma
Média =
Quantidade
CURSO QUANTIDADE DE ALUNOS
Direito 55 6 + 7+ 2 · 5 + 8 · 3
Média =
Contabilidade 24 7
Estatística 35
6 + 7 + 10 + 24
Física ? Média =
7
A média do número de alunos matriculados por
curso é 38,5. Nesse caso, qual a quantidade de alunos 47
Média =
matriculados em Física? 7
A média de alunos matriculados por curso é dada
pela soma dos alunos de cada curso dividido pela Média = 6,71
quantidade de cursos, onde a média foi dada, e é 38,5,
e o total de cursos é 4. Média Aritmética para Dados Agrupados
Sabemos que a fórmula da média é:
Podemos ter duas formas de apresentação de
dados, uma que nos traz o dado e a frequência que
Soma esse dado ocorre, e outra que dá um intervalo (que
Média = chamamos de classe) e a frequência de dados dessa
Quantidade
classe, ambas apresentadas no formato de tabela.
Vamos mostrar um exemplo para cada tipo de apre-
Soma sentação de dados:
0 |– 2 5
Como temos toda a sala, estamos falando de popu-
2 |– 4 7
lação, e a média é dada por μ.
4 |– 6 15
6 |– 8 10 5 + 21 + 75 + 70 + 27
8 |– 10 3 μ=
5 + 7 + 15 + 10 + 3
Média Geométrica 0 |– 2 5
2 |– 4 7
A média geométrica, μG, é dada por:
4 |– 6 15
N
μG = √ X1 · X2 · X3 ..... XN 6 |– 8 10
Fazendo um paralelo com a média aritmética, na A moda de Pearson é dada pela fórmula:
média harmônica vamos inverter os termos, a quantida-
de de dados observados (N) fica no numerador (em cima) Mo = 3 · Md – 2 · x
e a soma fica no denominador (embaixo). A diferença
é que a soma não é dos dados propriamente, e sim, do Portanto, para achar a moda pelo método de Pear-
inverso dos dados, ou seja, um sobre o valor observado. son, é preciso achar a mediana (Md) e a média arit-
Dificilmente vemos uma questão cobrar o cálculo mética (x).
das médias geométrica e harmônica, mas, uma pro- A moda de Czuber é dada pela Fórmula de Czuber:
8 |- 10 3
d1
Mo = L + h ·
d1 + d2 O total de observações nessa população é 40. Portan-
to, a mediana estará entre o 20 e o 21, mas para fazer a
8 conta vamos usar o termo inferior, portanto o 20º.
Mo = 4 + 2 · A mediana estará na terceira classe, pois até a
8+5 segunda temos 12 alunos (5 + 7), e ao final da terceira
já teremos 27 alunos, portanto o 20º termo estará den-
8 tro da 3ª classe (4 a 6).
Mo = 4 + 2 · Como disse acima, até a classe anterior temos 12
13 alunos, para chegar a nossa mediana, que é o 20º ter-
mo, faltam 8 alunos. Portanto, vamos fazer uma regra
16 de 3, onde a classe mediana tem 15 alunos em uma
Mo = 4 + variação de 2 pontos, portanto para 8 alunos a varia-
13
ção de pontos será X.
Mo = 4 + 1,23
VARIAÇÃO DENTRO DA
Mo = 5,23 FREQUÊNCIA (ALUNOS)
CLASSE
Mediana 15 2
8 X
A mediana (Md) é o valor que divide os dados em
duas partes iguais, ou seja, ao relacionar os dados em
ordem crescente é o dado que fica na posição central. 15 · X = 2 · 8
Ex: Dado os valores observados: 3, 4, 5, 6, 6, 8, 8, 8,
15 · X = 16
9, 10, 14.
Temos 11 dados nessa amostra, portanto o 6º valor 16
é o valor central, pois, temos 5 valores antes dele e 5 X=
depois, portanto a mediana é 8. 15
3, 4, 5, 6, 6, 8, 8, 8, 9, 10, 14 X = 1,06
Quando temos número ímpar de observações, a Portanto o 8º termo da 3ª classe (que é a nossa me-
mediana será o próprio valor, mas quando tivermos diana) está 1,06 acima do limite inferior da classe me-
uma quantidade par de dados, não teremos um valor diana, que é 4.
central, nesse caso vamos fazer a média entre os dois
valores centrais. Md = 4 + 1,06 = 5,06
Vamos pensar nos seguintes dados: 3, 4, 5, 6, 6, 8,
8, 8, 9, 10. Quartis
Aqui temos 10 dados, e para dividirmos nossa
amostra em duas partes iguais vamos separar entre Assim como a mediana divide os dados em duas
o 6 e o 8, restando 5 dados para cada lado. Portanto, a partes iguais, os quartis dividem em 4 partes iguais.
218 mediana será a média entre 6 e 8. Portanto, teremos 3 quartis (Q1, Q2 e Q3).
O primeiro quartil (Q1) divide 25% dos dados antes O desvio em si não diz muita coisa e nunca é cobra-
dele e 75% dos dados depois, o segundo quartil (Q2) do, mas é importante para entendermos o desvio
divide 50% dos dados de um lado e 50% de outro, e o médio e o desvio padrão (esse sim muito cobrado).
terceiro quartil (Q3) divide 75% dos dados antes dele
e 25% depois. Entre cada quartil temos 25% dos dados. Desvio Médio
Alguém mais atento pode me falar, “mas se o Q2
divide os dados restando 50% para cada lado ele é a A soma de todos os desvios de uma amostra resulta
em 0, vejamos o exemplo a seguir, de uma amostra
mediana!”. Exatamente isso, o Q2 é a própria mediana.
com 4 dados: 4, 6, 8, 10
Vamos supor uma amostra com 20 dados:
Amplitude DM =
/ Xi - n para dados de uma população.
n
A amplitude é a diferença entre o maior valor e o
menor valor da lista de dados, vamos supor a lista: 3, Ex: Vamos usar o mesmo exemplo:
6, 10, 12, 14, 20. A amplitude será: 4: D = 4 – 7 = -3
6: D = 6 – 7 = -1
8: D = 8 – 7 = 1
Ampl = Xmáx – Xmín
10: D = 10–7 = 3
Ampl = 20 – 3 = 17 Os módulos serão: 3, 1, 1 e 3.
n Ou
n-1
σ= / faXi -n k2
n
n
S2 = σ2 ·
n-1 Coeficiente de Variação
/ f_Xi - n i2 v
σ2 = CV = n
n -1
Mediana (Md) Md . k
Moda (Mo) Mo . k
Variância (σ2) σ2 . k2
Quando somamos todos os salários por uma constante qualquer (100 por exemplo), a média será alterada na
mesma ordem, ou seja, para achar a nova média somaremos a média anterior pela mesma constante. A mesma
coisa ocorre para a mediana e a moda. Entretanto as medidas de dispersão, desvio padrão e variância não serão
alteradas pela soma de uma constante.
Assim o resumo dos valores, após a soma dos dados pela constante k são:
Mediana (Md) Md + k
Moda (Mo) Mo + k
Resumindo, quando somamos k a todos os elementos de uma série de dados, e/ou quando multiplicamos por
k todos os elementos de uma série de dados:
MULTIPLICAÇÃO DE UMA
SOMA DE UMA CONSTANTE K
CONSTANTE K
NOVA MÉDIA/
Soma k Multiplica por k
MEDIANA/MODA
A média aritmética é, com certeza, o parâmetro estatístico mais conhecido pela grande maioria das pessoas,
pois é muito usada desde os primeiros anos de escola, e em muitos casos no dia a dia da população, até pela faci-
lidade de ser calculada.
Entretanto, levando em conta que a média aritmética é uma medida estatística (medida de tendência central),
VANTAGENS DESVANTAGENS
Extremamente indicada para dados em que os valores se- É muito influenciada pelos valores extremos, podendo
jam simétricos em relação ao valor central (Curva Normal) causar uma distorção caso a distribuição seja assimétrica
GRÁFICOS E DIAGRAMAS
Para representar os dados coletados existem vários tipos de gráficos usados na estatística. Muitos deles são
conhecidos e sempre aparecem em reportagens, jornais etc. Vamos mostrar alguns dos principais tipos de gráficos:
221
Caixa box-plot No gráfico de colunas o eixo horizontal traz os
dados qualitativos, ou quantitativos discretos, e o eixo
A caixa box-plot (muito cobrado) é um gráfico que vertical traz as frequências (quantidades) de cada
nos mostra a distribuição de frequência, e é formado categoria. Já no gráfico de barras o eixo vertical traz
pelos quartis e pelos valores extremos. os dados qualitativos ou quantitativos discretos, e o
eixo horizontal traz as frequências de cada categoria.
Mediana Valor máximo Vamos supor um gráfico de colunas, onde quere-
Valor mínimo Q1 (Q2) Q3
(limite inferior) (limite superior) mos saber a quantidade de pessoas com diferentes
graus de escolaridade em um determinado concurso.
Dados
discrepantes
Grau de Instrução dos Candidatos
-20 -10 0 10 20 30 40 50
600
Vemos que a caixa é formada pelos 3 quartis, que 500
no caso seriam aproximadamente: Q1 = 0, Q2 = 20 e Q3 400
= 30. Os dados extremos seriam aproximadamente -15 300
e 40, portanto amplitude seria: 40 – (–15) = 40 + 15 = 55. 200
As duas bolinhas significam dados discrepantes 100
(outliers), que seriam dados que fogem do padrão do 0
l
restante dos dados. Os dados discrepantes são aqueles ta r
en io rio ão
am éd e aç
que superam em 1,5 vezes o intervalo interquartílico d M up du
(diferença entre Q3 e Q1). oF
un in
o oS -G
ra
s in s
No nosso exemplo: sin En En
s
Pó
En
Q3 – Q1 = 30 – 0 = 30
5
4 ALTURA 1,7 1,72 1,9 1,56 1,64 1,82
3
PESO 75 81 87 52 70 90
2
1
0 Altura x Peso
ri a1 a2 3 4 100
o ori
oria ria 90
t eg t eg eg go
Ca
t te
Ca Ca Ca 80
70
60
50
40
1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
Categoria 4
Categoria 3
Podemos ver que cada ponto representa o par
Categoria 2 peso/altura de um indivíduo, mas discutiremos isso
mais profundamente posteriormente.
Categoria 1
0 2 4 6
222
Gráfico de Setores (pizza) Gráfico Pictórico
O gráfico de setores normalmente é usado para apre- O gráfico pictórico não é propriamente um tipo
sentar dados qualitativos como setores de um círculo específico de gráfico. Na verdade, o gráfico pictórico
(pedaços de uma pizza). Normalmente os dados são apre- pode ser representado por um gráfico de barras, de
sentados em percentuais, sendo que o total é 100% (360º). colunas, de linhas, entre outros. A grande caracte-
rística desse gráfico é que, para chamar mais a aten-
Grau de Instrução ção, são usadas figuras (imagens) na composição do
gráfico.
Esse tipo de gráfico é muito usado em jornais e tele-
Pós-Graduação jornais, pois proporcionam uma comunicação mais
6% rápida e com precisão de entendimento. Nesse tipo de
gráfico as figuras são, ao mesmo tempo, os dados esta-
Ensino tísticos e indicam a proporcionalidade desses dados.
Ensino
Superior
Fundamental
25%
38%
Ensino
Médio
31%
Pós-Graduação 6%
20 15
Frequência
15 10
10 5
5
0
10 20 30 40 50 60
0
10 20 30 40 50 60
Peso, em Kg
Peso, em Kg
Dizemos que uma distribuição é simétrica quando
A tabela mostra-nos que a maior parte das baga- ao dividirmos a curva na metade, a parte da direita
gens possui entre 30 e 35 kg, mas existem malas desde seja exatamente um espelho da parte da esquerda, e
0 a 60 kg. nesse caso, a média, a moda e a mediana são iguais. 223
Em outros casos a distribuição pode ser assimétri- O coeficiente percentílico de curtose é dado por:
ca, e aí teremos dois tipos: assimetria direita (positiva)
e assimetria esquerda (negativa). Q3 - Q1
A assimetria é o terceiro momento da distribuição. Cp =
Para não confundir vamos olhar sempre para o 2 · (P90 - P10)
lado que a curva se “arrasta”, lembrando que em um Onde:
gráfico quanto mais à esquerda nós vamos menor Q3 = 3º Quartil;
será nosso valor (tendendo a ir para o lado negativo), Q1 = 1º Quartil;
e quanto mais à direita nós vamos maior será o nosso P90 = 90º percentil, ou 9º decil;
valor (tendendo a ir para o lado positivo). Assim: P10 = 10º percentil, ou 1º decil
O CP da Curva de Gauss é de aproximadamente
f 0,263. Nesse caso podemos classificar a distribuição
de 3 formas:
CP < 0,263 – Leptocúrtica (curva menos achatada e
Curva Assimétrica mais concentrada)
Á Direita CP = 0,263 – Mesocúrtica (igual a Normal)
Mo Md X
CP > 0,263 – Platicúrtica (curva mais achatada e
menos concentrada)
Mo < Md < X Dados
Leptocúrtica ( C < 0,263)
O arrastado da curva é na parte direita dela, por- Leptocúrtica ( C = 0,263)
tanto essa é a assimetria direita (ou positiva), pois é
Leptocúrtica ( C > 0,263)
para o lado positivo da curva.
Curva Assimétrica
Á Esquerda
X Md Mo
Quanto maior for a concentração de dados no cen- A probabilidade é a parte da Matemática que cal-
tro da curva, ou seja, quanto menos achatada for a cula a “chance” (probabilidade) de que algo aconteça,
curva, menor será o coeficiente percentílico de cur- como, por exemplo, jogar na Mega-Sena e ganhar, ou
tose (CP). então, de chutar uma questão no concurso e acertar.
224
Para iniciar essa teoria, vamos partir de alguns AXIOMAS DA PROBABILIDADE
conceitos importantíssimos para a probabilidade:
Axiomas são verdades inquestionáveis, ou seja,
z Experimento aleatório: é o evento que pode ter conceitos fundamentais da probabilidade, também
diferentes resultados, quando repetidos nas mes- conhecido como axiomas de Kolmogorov.
mas condições, ou seja, não sabemos o resultado, Os axiomas da probabilidade são 3:
mas podemos saber quais são os resultados pos-
síveis de serem obtidos. Ex.: o lançamento de um z A probabilidade de um evento acontecer está entre
dado é um experimento aleatório, sabemos que 1 (evento certo – 100%) e 0 (evento impossível –
pode cair 1,2, 3, 4, 5 ou 6, mas não sabemos qual 0%); ≤ P(A) ≤ 1;
exatamente irá cair naquele lançamento específico. z A soma das probabilidades de todos os eventos do
z Ponto amostral: é qualquer um dos resultados
espaço amostral é igual a 1: P(S) = P(A) + P(B) + P(C)
possíveis no experimento aleatório. Ex.: No lança-
= 1 para um espaço amostral onde os únicos even-
mento do dado, se o dado cair com a face 1 para
tos possíveis são A, B e C;
cima é um ponto amostral, assim como todas as
Ex.: No lançamento de uma moeda, são dois even-
outras faces, 2, 3, 4, 5 e 6;
z Espaço amostral: é o conjunto de todos os resul- tos possíveis, podendo sair cara ou sair coroa. A
tados possíveis do experimento aleatório, é dado probabilidade de cada um dos eventos é ½, portan-
pela letra S. Ex.: No lançamento do dado, o espaço to, a soma entre eles é ½ + ½ = 1;
amostral é: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Nesse caso, dizemos z Se A e B forem eventos mutuamente excluden-
que o número de elementos do espaço amostral é tes, ou seja, se um ocorre o outro não ocorre, não
dado por n(S), portanto, nesse exemplo n(S) = 6. havendo intersecção entre eles, a soma das pro-
A definição do espaço amostral é um passo muito babilidades de cada evento é a probabilidade da
importante na resolução dos exercícios de proba- união dos dois eventos, que será 1.
bilidade. Em muitas questões, para definirmos o
espaço amostral será usada a análise combinatória; P(AB) = P(A) + P(B), quando AB é vazio (θ).
z Evento: é um subconjunto do espaço amostral. O
evento será representado por uma letra maiúscula, A, Ex.: Quando temos dois eventos complementares,
e o número de elementos do evento é dado por n(A). isso sempre acontece, pois a probabilidade de um
Ex.: No lançamento do dado, se quisermos um evento acontecer somado com a probabilidade des-
resultado ímpar, temos 3 opções: 1, 3 e 5. Portanto, se evento não acontecer será sempre 1. Você fez uma
representamos isso da seguinte maneira: A = {1, 3, aposta na vitória do seu time, temos apenas dois even-
5} e n(A) = 3, pois o conjunto A possui 3 elementos. tos possíveis, ou seu time ganha, ou seu time não ganha
Quando temos um subconjunto vazio (), dizemos (perde ou empata), é impossível acontecer as duas coi-
que é um evento impossível, já que ele nunca sas. Esses eventos, portanto, são complementares.
poderá ocorrer. Já quando temos o subconjunto
S, ele é igual ao espaço amostral e chamamos de
PROBABILIDADE CONDICIONAL E INDEPENDÊNCIA
evento certo, pois ele, com certeza, irá ocorrer.
Em probabilidade e estatística, duas variáveis alea-
Resumindo:
tórias X e Y descritas em um mesmo espaço amostral
são distribuídas condicionalmente, tal que a proba-
z Experimento aleatório: lançamento do dado;
bilidade condicional de Y ocorre dado que X ocorreu
z Ponto amostral: a face que caiu virada pra cima; é esboçada por:
z Espaço amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e n(S) = 6;
z Evento A: obter um resultado maior que 4: A = {5,
P (X=x,Y=y)
6} e n(A) = 2; P (Y=y│X=x) =
P (X=x)
, se P (X=x) > 0
AMOSTRAGEM
Eventos Independentes
Existem várias formas de se determinar uma amostra da população a ser estudada, que se dividem em dois
grandes grupos:
AMOSTRAS PROBABILÍSTICAS
Aleatória Simples
É o método mais utilizado, que consiste na escolha aleatória dos indivíduos de uma determinada população
que formarão a amostra, um detalhe importante desse método é que é preciso conhecer os dados de toda a popu-
lação para, a partir de uma listagem, por exemplo, sejam definidos aleatoriamente os indivíduos estudados.
Ex.: em uma sala de aula com 100 alunos queremos escolher 15 para responderem a uma pesquisa de satisfa-
ção dos professores. Portanto, a partir da lista dos 100 alunos da sala, selecionamos 15 aleatoriamente, enumeran-
do cada aluno e fazendo um sorteio, como um bingo, por exemplo, ou até por algum sistema específico randômico,
como a funcionalidade Random do Excel.
Sistemática
É uma variação da amostragem aleatória simples, na qual a partir da população ordenada (lista) escolhemos
um critério para fazer a seleção.
Ex.: Em uma fábrica que produz um certo objeto, a cada 10 peças produzidas retiramos uma para compor
nossa amostra, a fim de detectar possíveis erros de produção.
Consiste em dividir a população em grupos menores homogêneos, que chamamos de estratos, de forma que os
elementos de cada estrato sejam mais homogêneos (pouca variabilidade) e os estratos sejam mais heterogêneos
(grande variabilidade). Os estratos devem ser mutuamente exclusivos, ou seja, cada indivíduo deverá estar em
apenas 1 estrato. Esses estratos podem ser divididos em idade, renda mensal, classe social, sexo, entre outros.
Dividida a população em estratos, são selecionados de forma aleatória simples parte dos elementos de cada
estrato.
Essa escolha dos elementos de cada estrato pode ser feita de maneira:
Conglomerado
Consiste em dividir uma população em conglomerado (subgrupos) como: quarteirões, famílias, organizações,
agências, edifícios etc., selecionar de forma aleatória simples alguns dos conglomerados e analisar todos os ele-
mentos do subgrupo escolhido. Nesse tipo de amostra as pessoas de cada conglomerado não necessariamente
precisam ter características comuns, como na estratificada. 227
Importante! Vamos considerar uma população, de tamanho N
(que pode ser uma população infinita), representada
As bancas geralmente tentam confundir as por uma variável X. Dessa população será sorteada
amostras estratificada e por conglomerado, mas uma amostra aleatória simples de tamanho “n”. Cada
é bem fácil de diferenciar as duas. Na amostra sorteio de um elemento dá origem a uma variável
estratificada, a população é dividida em grupos aleatória que chamaremos de Xi, sendo que todos os
e, de todos os grupos, são selecionados alguns sorteios são independentes e possuem a mesma dis-
elementos de forma aleatória. Já na amostra tribuição de X.
por conglomerado, a população é dividida em Portanto, uma amostra aleatória simples da variá-
grupos, e são selecionados alguns grupos, que vel X é um conjunto de variáveis aleatórias X1, X2, ...,
terão todos os elementos analisados. Xn, identicamente distribuídas.
Os valores da população são chamados de parâ-
metros, já os valores encontrados nas amostras são
AMOSTRA NÃO PROBABILÍSTICAS chamados de estimadores. Portanto, quando falar-
mos de um estimador, estaremos nos referindo a um
Aleatória Acidental ou por Conveniência
valor amostral, já quando falarmos em parâmetros,
estaremos nos referindo a um valor populacional.
Esse tipo de amostra é a menos rigorosa de todas,
Os parâmetros da população podem ser vários,
usado nas pesquisas de opinião, quando os entrevista-
dores ficam em lugares com grande fluxo de pessoas, mas, os mais comuns são a média, a variância, o
como mercado, metrô e calçadões, para fazer teste de desvio-padrão e a proporção. Vamos simbolizar um
produtos, entrevistando pessoas ao acaso de forma parâmetro qualquer por θ. Já os estimadores são as
acidental. estimativas para esses parâmetros, e, para simbolizar
que estamos tratando de um estimador, colocamos
Intencional um ^ sobre o símbolo do parâmetro (θ).̂
Quando vamos usar os valores encontrados em
São selecionadas pessoas que os pesquisadores jul- uma amostra aleatória, podemos ter erros em relação
gam ser relevantes para a pesquisa, como no caso da ao parâmetro populacional, portanto definimos esse
amostra aleatória, mas com alguns filtros. Ex: Em uma erro como a diferença do estimador para o parâmetro
pesquisa sobre conforto de bonés, o entrevistador real da população.
conversa apenas com pessoas que usam boné na rua.
e = θ̂ – θ
Por Cotas
Chamamos esse erro de viés, ou vício, portanto,
Essa amostra é parecida com as probabilísticas
quando temos um estimador não viesado, esse erro
estratificada e conglomerado, pois é necessário divi-
dir a população em grupos e determinar a proporção é 0, portanto: θ̂ = θ. Isso significa que um estimador
da população de cada grupo, e fixar cotas que serão não viesado é igual ao parâmetro populacional.
extraídas de cada grupo proporcionalmente às classes Nas distribuições amostrais, assim como nas
consideradas. A diferença é que usamos esse tipo de estimativas de máxima verossimilhança, a média
amostra quando não existe uma listagem da popula- populacional (parâmetro) pode ser dada pela média
ção alvo. amostral (estimador), isso está associado ao Teorema
Ex: pesquisa eleitoral, no caso definem o percen- Central do Limite, ou seja, podemos dizer que esses
tual de pessoas em cada faixa de idade a ser entre- parâmetros são não viesados. Assim como a propor-
vistada, e escolhem as pessoas de forma acidental até ção amostral também é um parâmetro não viesado,
completar cada grupo de idade. e podem ser usados como proporção populacional.
Portanto:
Voluntários
E(X) = µ
São pessoas que se voluntariam a participar da
pesquisa. Ex.: teste de novos remédios, que pessoas se
Já a variância do estimador é dada pela variância
voluntariam para serem cobaias.
populacional dividido pelo tamanho da amostra.
DISTRIBUIÇÕES AMOSTRAIS 2
v
Var(X) =
Após a realização das amostragens, e das pesquisas n
que queremos realizar, teremos amostras com dados
sobre os assuntos de interesse da pesquisa. Com esses Sendo uma amostra aleatória simples (X1, X2, ...,
dados das amostras em mãos, faremos a inferência Xn), de tamanho n, de uma população representada
sobre os dados da população. Os dados extraídos das por uma variável aleatória normal X (ou seja, com
pesquisas podem ser: média, desvio-padrão, variân- média µ e variância σ2, simbolizada por N(µ,σ2)), então
cia, proporção dentre outros valores. a distribuição amostral da média amostral X também
Conforme vimos nas distribuições de probabilida- será normal, e sua média será µ e sua variância será:
des das variáveis aleatórias (discretas e contínuas),
esses modelos probabilísticos são baseados em alguns 2
parâmetros (como exemplo, o λ na distribuição de v
Poisson) que na prática são desconhecidos, assim pre- n
cisamos estimar esses parâmetros com base nessas
228 amostras aleatórias.
Simbolicamente temos: é um bom parâmetro para definirmos a média popu-
lacional, mas a média amostral encontrada não será
2
totalmente idêntica à populacional, sempre teremos
X ∼ N(µ; σ2) ⇒ X ∼ N(µ; v )
n um erro aleatório. Nesse caso temos que quantificar o
erro construindo um intervalo de confiança.
O desvio padrão da distribuição amostral é cha-
mado de erro padrão (EP(X) ou s), e o erro padrão da x=μ±e
média é dado por:
Encontrando esse intervalo de confiança defi-
v
2
niremos um grau de incerteza associado a nossa
EP(X) =
n estimativa.
Para achar os intervalos de confiança, vamos con-
siderar variáveis que possuem distribuição normal, e
Já o erro padrão da proporção amostral é dado por:
vamos utilizar as tabelas da normal padrão (Z), assim
p·q como t de Student e qui-quadrado. Voltaremos a usar
s= o nível de significância, que aqui pode ser chamado
n
de coeficiente de confiança.
O erro aleatório dos estimadores encontrado na
A estimativa da variância da proporção amostral
amostra, em geral, estará atrelado ao grau de con-
é dada por:
fiança (1 - α) que queremos e do tamanho da amostra
p·q selecionada.
s2 = Vamos supor que uma população tenha média de
n
idade de 43 anos, e ao selecionarmos uma amostra
Outra coisa muito cobrada é a fração amostral (f), vamos querer um erro de no máximo 1 ano, assim tere-
que nada mais é que o tamanho da amostra (n) dividi- mos que ter uma amostra de n elementos para isso.
do pelo tamanho da população (N). Definido o erro, a média da amostra terá que resul-
tar em: 43 ± 1, ou seja, um intervalo limitado a: [42 ; 44].
f=
n Nesse caso temos que selecionar uma amostra que
N nos dê uma média amostral entre 42 e 44 anos.
Nesse intervalo o erro é de 1 ano, pois estamos
Não podemos esquecer que quando temos uma variando 1 ano acima da média e 1 ano abaixo da média.
população finita e uma amostra sem reposição, temos Por outro lado, a amplitude desse intervalo é de 2 anos,
que multiplicar o estimador pelo fator de correção: pois 44 – 42 = 2. Assim podemos dizer que a amplitude
de um intervalo de confiança é o dobro do erro.
N–n
N –1 A = 2.e
Já nos casos de população finita com reposição, ou INTERVALO DE CONFIANÇA PARA MÉDIA
nos casos de população infinita não é necessário apli-
car o fator de correção. Quando sabemos o valor do desvio padrão popula-
Os bons estimadores possuem quatro proprieda- cional (σ), o erro é dado por:
des características:
σ
z Suficiência: o estimador é suficiente se a informa- e = Z0 . √n
ção tirada da amostra consegue mostrar tudo o
2.e = 2 . Z0 .
σ
√n
A = 2 . Z0 . √ p‧q
n
A = 2 . Z0 .
σ
√n
p ± Z0 .
√ p‧q
n
Com base na fórmula do erro, vamos chegar que o Para qualquer um dos intervalos de confiança
intervalo de confiança para a média é dado por: (média e proporção) são dois tipos de exercício que
se repetem mais, sendo um para achar o intervalo de
σ
X ± Z0 . confiança e outro para achar o tamanho da amostra.
√n
Para achar o tamanho da amostra, vamos usar a fór-
mula do erro para média ou proporção, e para achar o
Sendo que: intervalo de confiança vamos usar a fórmula do inter-
X é a média amostral valo de confiança da média ou da proporção.
Quando não sabemos o valor do desvio padrão
populacional e tivermos uma amostra pequena (geral- TESTES DE HIPÓTESES PARA MÉDIAS E
mente até 30 observações), podemos usar a tabela t de PROPORÇÕES
Student, nesse caso a fórmula será um pouco diferente.
Um dos métodos de avaliação da inferência esta-
s
X ± t0 . tística é chamado de Teste de Hipótese. Consiste em
√n considerar uma hipótese para um parâmetro Popula-
cional (pode ser média, proporção etc.) e a partir dos
Nesse caso: “X” é a média amostral; “S” é o desvio dados recolhidos da amostra, testar se essa hipótese
padrão amostral; “n” é o tamanho da amostra; “t0” deve ser aceita ou rejeitada.
também chamado de tn – 1, α/2, que é o valor na tabela t Por se tratar de uma decisão com base na análise
de Student, atrelada ao nível de confiança, e ao núme- de uma amostra, a decisão nunca terá 100% de certe-
ro de graus de liberdade (n – 1) da amostra. za, sempre teremos um percentual de erro estatísti-
Quando temos uma população, com desvio padrão co embutido nessa decisão, que é dado em um valor
constante, e para um mesmo grau de confiança, o erro percentual.
será menor quanto maior for o tamanho da amostra. Ex.: temos uma população e queremos saber a
Considerando duas amostras diferentes (n1 e n2) de média de idade (μ). Vamos supor que, por algum moti-
uma mesma população (mesmo desvio padrão popu- vo, a gente acredite que a média seja de 35 anos. Para
lacional), e um grau de confiança igual para as amos- testar se esse é realmente o valor, vamos tirar uma
tras (mesmo Z0) temos que: amostra da população e achar a média da amostra, ou
média amostral (X ou μX), e, suponhamos que a média
e1 . √n1= e2 . √n2 amostral encontrada foi de 33. Assim vamos fazer um
teste de hipótese com base no valor da média amos-
INTERVALO DE CONFIANÇA PARA PROPORÇÃO tral para testar se a média populacional realmente
pode ser 35.
Assim como construímos o intervalo de confian- As hipóteses podem ser simples, quando ela espe-
ça para a média, podemos construir um intervalo de cifica completamente a distribuição da população
confiança para a proporção populacional, com base (exemplo: H: µ = 0), ou composta, quando ela não
na proporção da amostra. Na proporção temos uma especifica completamente a distribuição da popula-
variável com distribuição binomial, onde temos ape- ção (exemplo: H: µ > 0, ou H: µ < 0).
nas duas opções: ou um evento ocorre (sucesso) ou Para calcular o desvio padrão amostral (σX) e a
não ocorre (fracasso). variância amostral (σX)2 a partir do valor populacio-
Da mesma forma que vimos anteriormente, a pro- nal usamos:
porção amostral terá um erro aleatório, que nesse Variância:
caso é dado por:
σ2
(σX)2 = n
e = Z0 . √ p‧q
n
Desvio-padrão:
H0 VERDADEIRA H0 FALSA
Dito isso vamos citar alguns exemplos de formação
de hipóteses, considerando que k é um número real ACEITAR H0 Decisão correta (1 – α) Erro do tipo II (β)
(k ∈ R):
}
DECISÃO Erro do tipo I (α) (nível
Decisão correta
H0: μ = k REJEITAR H0 de significância) (1 – β) (poder do
teste)
bilateral
H1: μ ≠ k
Em um teste, quando queremos diminuir a proba-
}
bilidade de cometer o erro tipo I, estaremos aumen-
H0: μ = k H0: μ = k H0: μ ≤ k H0: μ ≤ k tando a probabilidade de cometer o erro tipo II. A
ou ou ou unilateral única forma de minimizar os dois erros é aumen-
H1: μ > k H1: μ < k H1: μ > k H1: μ < k tando o tamanho da amostra. Podemos concluir que
quanto maior a amostra menor a chance de erro, mas
ele nunca será zero, a não ser que a nossa amostra
Dos conceitos ligados à lateralidade falarei mais seja grande o suficiente, ou seja, a própria população.
para frente, mas já adianto aqui que, quando a hipó- O nível de significância é o que define a aceitação
tese alternativa tiver sinal de ≠, o teste será bilateral, ou rejeição do teste. Para poder analisar esse valor
e quando a hipótese alternativa tiver sinal de < ou >, o vamos usar a distribuição normal. Vamos supor que
teste será unilateral. α = 1%, ou seja, a probabilidade de cometer o erro tipo
Como estamos partindo de uma amostra para esti- I é de 1%.
mar os dados de uma população, podemos incorrer Temos 3 opções diferentes de forma de montar a
em dois tipos de erros, os quais chamamos de erro distribuição.
tipo I e erro tipo II. Como falei anteriormente, o teste é
baseado na hipótese nula (H0), portanto os dois tipos z Teste unilateral à esquerda:
de erros serão baseados em H0.
H0: μ ≤ 2
H1: μ > 2 Zert
231
z Teste bilateral:
α
α α
2 2
Zert
- Zert Zert
z Achar o valor crítico, que pode ser observado na
tabela da normal padrão (ou dado no exercício). E
As regiões cinzas são chamadas de Região Crítica vamos encontrar o valor de Z que deixe a probabi-
(RC) ou região de rejeição, e a parte branca é chama- lidade do nível de significância na região crítica;
da de região de aceitação. z Marcar o Zobs no gráfico;
Para resolver uma questão de teste de hipótese z Avaliar a aceitação e rejeição de H0.
vamos seguir 6 passos: Se Zobs está dentro da Região Crítica, então rejeita-
mos H0.
z Escrever as hipóteses: Se Zobs está fora da Região Crítica, então aceitamos
Hipótese nula: H0. (utilizar os sinais =, ≥ ou ≤) H0.
Hipótese alternativa: H1. (utilizar os sinais ≠, > ou <);
Algumas dicas importantes:
z Calcular o valor observado ou estatística do tes-
Quanto menor for o P-valor mais chance de
te (Zobs, tobs), que é o valor que iremos usar ao final rejeitar o H0.
para fazer a comparação com a região crítica. Se p-valor ≤ α, rejeitamos H0 em favor de H1.
Se p-valor > α, não rejeitamos H0 em favor de H1.
Para calcular esse valor vamos utilizar a tabela da Quando não sabemos o valor do desvio-padrão
normal padrão para o Z, ou a tabela t de Student. populacional, vamos usar o teste t de Student. Para
As fórmulas para média são: isso temos que saber apenas duas coisas: usar a tabela
e que a quantidade de graus de liberdade é: gl = n – 1
(como vimos nas distribuições).
X–μ
Zobs = σ CORRELAÇÃO E REGRESSÃO LINEAR SIMPLES
√n
Considerando duas variáveis quaisquer, essas
variáveis podem ter um grau de correlação entre elas,
Onde σ é o desvio-padrão populacional. que chamamos de coeficiente de correlação linear,
que pode ser representado por ρ(rho) ou R.
O coeficiente de correlação pode variar entre -1 e 1.
X–μ E ele pode ser representado por um gráfico de disper-
tobs = S
são, onde um eixo é a variável X e o outro a variável Y.
0 < R ≤ 1: Correlação positiva – enquanto uma variá-
√n
vel aumenta a outra também aumenta. Ex: Vamos con-
siderar as variáveis altura e peso. Normalmente, quanto
maior a altura, maior o peso. Podemos dizer que, quanto
Onde S é o desvio-padrão amostral.
mais próximo de 1, mais forte será a correlação positi-
Podemos calcular também o Zobs para proporção:
va, e, quanto mais próximo de zero, menos relacionada
estarão as variáveis. Chamamos a correlação igual a 1,
p̂ – p de perfeita, cujos dados resultam em uma reta.
√
Zobs = p ‧ (1 – p) Y Y Y
X X X
Em que: p é a proporção populacional e p̂ é a proporção Correlação positiva Correlação positiva Correlação positiva
amostral. entre X e Y forte entre X e Y entre perfeita X e Y
A probabilidade de encontrarmos valores da
amostra abaixo do Zobs é chamado de P-valor. Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/
Ex.: caso o valor encontrado para Zobs seja -1, a pro- bitstream/1/2460/2/PG_PPGECT_M_Lima%2C%20Sabrina%20
Anne% 20de_2015_1.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2020
babilidade de encontrarmos um valor menor que -1 é
dada pela tabela da normal padrão, e essa probabili-
-1 ≤ R < 0: Correlação negativa – enquanto uma variá-
dade é chamada de P-valor. vel aumenta, a outra diminui. Ex.: Considerando a variá-
vel temperatura e a variável venda de chocolate quente.
z Fazer o gráfico (unilateral esquerda ou direita ou Quando maior a temperatura do ambiente menor será a
bilateral). Para saber qual gráfico usaremos vamos venda de chocolate quente. Podemos dizer que, quanto
232 considerar o sinal da hipótese alternativa; mais próximo de -1, mais forte será a correlação negativa,
e, quanto mais próximo de zero, menos relacionada esta-
TEMPERATURA Nº DE FURTOS
rão as variáveis. Assim como na positiva, temos uma cor-
relação negativa perfeita quando R = -1. 32° 10
Y Y Y 33° 12
Cov (X, Y)
R= Podemos ver que existe uma correlação entre as
vX·vY
variáveis, pois pelo gráfico vemos que conforme uma
variável aumenta a outra aumenta também, mas
REGRESSÃO LINEAR podemos ver que não é algo exato, não forma uma
linha perfeita (casos em que R = 1). A regressão linear
O coeficiente de correlação de Pearson (R) é o coe- tem o intuito de definir uma função que defina essa
ficiente que mostra o grau de dependência entre duas correlação entre as variáveis e a regressão mais usada
variáveis, também podemos achar o R através dos pares é a linear, a qual definiremos uma função linear para
ordenados formados por cada ponto das duas variáveis. explicar essa correlação. Basicamente faremos uma
Vamos imaginar que queremos saber se duas linha reta resumindo esses dados:
variáveis aleatórias quaisquer estão correlaciona-
das, como por exemplo o aumento da temperatura e
18° 3 4
3
25° 6
2
24° 7
1
20° 5 °C
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34
30° 10
1.711
Que podemos extrapolar para:
R=
55,69 · 31,32
n · ⅀ X · Y - ⅀ X · ⅀Y
a=
1.711 n · (⅀X²) - (⅀X)²
R= 1.744,21
ou
R = 0,98
40 40 Total 1
=
80 80
Nessa variável X, o x pode ser 1 (com probabilida-
de de 10% de ocorrer), pode ser 2 (com probabilidade
Pois são duas opções de sair apenas uma coroa: de 30% de ocorrer), pode ser 3 (com probabilidade de
coroa/cara e cara/coroa. 40% de ocorrer) ou pode ser 4 (com probabilidade de
Assim, dizemos que a probabilidade de X = 1 é: 20% de ocorrer).
A função de distribuição dessa variável aleatória
seria:
1
P(X = 1) = 0, se x < 1
2 0,1, se 1 ≤ x < 2
F(X) = 0,4, se 2 ≤ x < 3
0,8, se 3 ≤ x < 4
Qual a probabilidade de X > 0? Para X ser maior 1,0, se x ≥ 4
que 0, temos as opções X = 1 e X = 2. Das 4 opções de
resultado dos lançamentos, 3 situações satisfazem a
Fluxograma
Um fluxograma é uma representação esquemática e um processo ou uma sequência de passos feito através
de gráficos que ilustram de forma descomplicada a transição de informações entre os elementos que o compõem.
Início
escreva (maior)
fim
Pseudocódigo / Pseudolinguagem
O pseudocódigo permite que o programador possa se concentrar na lógica e nas estruturas de controle e não
ALGORITMO MAIOR
ENTRADA: NUM1, NUM2
SAÍDA: MAIOR
INICIO
LEIA (NUM1, NUM2)
SE (NUM1 > NUM2) ENTÃO
MAIOR NUM1
SENÃO
MAIOR NUM2
FIM SE
ESCREVA (MAIOR)
FIM {MAIOR}
Falsa
Obrigatório
Dizemos que uma sentença é aberta quando não Temos proposições compostas quando há duas ou
conseguimos ter a informação completa que a oração mais proposições simples ligadas por meio dos conec-
nos mostra. Veja o exemplo a seguir: tivos lógicos. Veja os exemplos:
Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.
Perceba que há presença do verbo e que consegui- z Sabino corre e Marcos compra leite;
mos parcialmente entender o que a frase quer dizer. z O gato é azul ou o pato é preto;
Todavia, logo surge a pergunta: ele quem? Aqui nos- z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar.
sa informação não consegue ser completa e por isso
temos mais um caso que não é proposição lógica. Cada conectivo tem sua representação simbólica e
Observe outros exemplos: sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos:
239
P→Q Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa-
mos aprender qual o resultado que teremos quando com-
P = antecedente
binamos os valores lógicos usando os conectivos lógicos.
Q = consequente Número de linhas da tabela verdade:
2n = 2proposições (onde n é o número de proposições).
TABELA VERDADE Vamos caminhar mais um pouco e aprender todas
as combinações lógicas possíveis para cada conectivo
Trata-se de uma tabela na qual conseguimos lógico.
apresentar todos os valores lógicos possíveis de uma
Negação (~P)
proposição.
Uma proposição, quando negada, recebe valores
Números de Linhas de Tabela Verdade
lógicos opostos ao da proposição original. O símbolo
que iremos utilizar é ¬ p ou ~p.
Neste momento, vamos aprender a construir tabe-
las verdade para proposições compostas.
P ~P
z 1º passo: contar a quantidade de proposições V F
envolvidas no enunciado. F V
z 2º passo: calcular a quantidade de linhas da tabela A dupla negação nada mais é do que a própria pro-
usando a fórmula 2n = 2proposições (onde n é o número posição. Isto é, ~(~P) = P
de proposições).
P ~P ~(~P)
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas.
V F V
F V F
P Q PVQ
Conectivo Conjunção “e” (^)
P Q P^Q
z 3º passo: dispor os valores “V” e “F” na primeira V V V
coluna fazendo o agrupamento pela metade do V F F
número de linhas da tabela.
F V F
P Q PVQ P Q PVQ
V V V V F
V F V F V
F V F V V
F F F F F
240
Conectivo Bicondicional “se e somente se” ()
P ~P P ^ (~P)
CONTINGÊNCIA
P Q PQ
V V V Sempre que uma proposição composta recebe
V F F valores lógicos falsos e verdadeiros, independente-
F V F mente dos valores lógicos das proposições simples
componentes, dizemos que a proposição em questão é
F F V
uma contingência. Ou seja, é quando a tabela verda-
de apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verda-
Conectivo Condicional “se..., então” (→) deiros e alguns falsos.
Exemplo: a proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma
Especialmente neste caso, vamos aprender quan- contingência, conforme a tabela verdade.
do teremos o resultado falso, pois o conectivo con-
dicional só tem uma possibilidade de tal ocorrência
P Q [P^(~Q)] (P→~Q) [P^(~Q)]V(P→~Q)
Somente teremos resposta falsa quando o valor lógico
do antecedente for verdadeiro e o consequente falso. V V F F F
V F V V V
P Q P→ Q F V F V V
V V V F F F V V
V F F
z Tautologia: uma proposição que é sempre verdadeira;
F V V
z Contradição: uma proposição que é sempre falsa;
F F V z Contingência: uma proposição que pode assumir
valores lógicos V e F, conforme o caso.
Condicional falsa: Vai Ficar Falsa
ARITMÉTICAS
VF=F
Vamos relembrar alguns conceitos e fórmulas
TAUTOLOGIA sobre aritmética para que possamos resolvermos
questões sobre esse tópico. Como o próprio nome já
É uma proposição cujo valor lógico é sempre diz “Problemas de Raciocínio Lógico envolvendo Arit-
verdadeiro. mética”. Então, vamos fazer várias questões ao longo
Exemplo 1: a proposição P ∨ (~P) é uma tautologia, da teoria para entender e praticar mais ainda sobre
pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela esse assunto.
verdade.
RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES
P ~P P V ~P
A razão entre duas grandezas é igual à divisão
V F V
entre elas, veja:
2A 3B 2A + 3B
= = A menor dessas partes é aquela que é proporcional
4 9 4+9 a 4, logo:
2A 3B 2A + 3B 13.000 X = 60.000 x 4
= = = = 1.000
4 9 4+9 13 X = 240.000
Dessa maneira, 1000 é o todo, enquanto 100 é a Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
parte que corresponde a 10% de 1000. que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
Quando o todo varia, a porcentagem também
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
varia, veja um exemplo:
Roberto assistiu a 2 aulas de Matemática Financei-
JUROS SIMPLES E COMPOSTO
ra. Sabendo que o curso que ele comprou possui um
total de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assisti- Juros Simples
das por Roberto?
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, A premissa, base da matemática financeira é a
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. seguinte: as pessoas e as instituições do mercado
preferem adiantar os seus recebimentos e retardar
12% ao ano ----------------------- 1 ano Podemos fazer a comparação entre juros simples e
Taxa bimestral ------------------ 2 meses compostos. Observe a tabela abaixo:
Podemos substituir 1 ano por 12 meses, para dei- JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS
xar os valores da coluna da direita na mesma unidade
temporal, temos: Mais onerosos se t < 1 Mais onerosos se t > 1
Mesmo valor se t = 1 Mesmo valor se t = 1
12% ao ano ---------------------- 12 meses
Juros capitalizados perio-
Taxa bimestral ------------------ 2 meses Juros capitalizados no final
dicamente (“juros sobre
do prazo
juros”)
Efetuando a multiplicação cruzada, temos:
Crescimento linear (reta) Crescimento exponencial
12% x 2 = Taxa bimestral x 12 Valores similares para Valores similares para
Taxa bimestral = 2% ao bimestre. prazos e taxas curtos prazos e taxas curtos
Duas taxas de juros são equivalentes quando são Juros Compostos – Cálculo do Prazo
capazes de levar o mesmo capital inicial C ao montan-
te final M após o mesmo intervalo de tempo. Nas questões em que é preciso calcular o prazo,
Uma outra informação importante e que você você deverá utilizar logaritmos, visto que o tempo “t”
deve memorizar é que o cálculo de taxas equivalen- está no expoente da fórmula de juros compostos. A
tes quando estamos no regime de juros simples pode propriedade mais importante a ser lembrada é que,
246 ser entendido assim: 1% ao mês equivale a 6% ao sendo dois números A e B, então:
log AB = B × log A Vejamos um exemplo prático: você precisa cons-
truir uma rampa com 3 metros de altura e com 5
Significa que o logaritmo de A elevado ao expoente metros de comprimento. Qual o valor, em metros, da
B é igual a multiplicação de B pelo logaritmo de A. distância x entre o ponto A e ponto B?
Uma outra propriedade bastante útil dos logarit-
mos é a seguinte: C
n m
Logo, questão errada. C B
H
TRIGONOMÉTRICAS a
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu- Triângulo retângulo ABC com hipotenusa BC e altura AH.
1,50 | - 1,60 33 10
1,60 | - 1,70 17 5
1,70 | - 1,80 13 0
20 23 27 30 33
1,80 | - 1,90 17
Agora suponha, por exemplo, que queremos saber
O símbolo “|” significa que o valor que se encontra a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida-
ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50 des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar
| - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a em usar um gráfico de barras justapostas. Veja:
1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas-
Cidade Natal × Frequência
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
contabilizadas.
Veja novamente a última tabela, agora com a colu- Salvador
na de frequências absolutas acumuladas à direita:
Florianópolis
FREQUÊNCIAS
FREQUÊNCIAS
CLASSE ABSOLUTAS ACU- Rio de Janeiro
(FI)
MULADAS (FCA)
São Paulo
1,50 | - 1,60 33 33
0 2 4 6 8 10 12 14
1,60 | - 1,70 17 50
Gráfico de Setores (ou de Pizza)
1,70 | - 1,80 13 63
Este gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
1,80 | - 1,90 17 80 mente a relação com o total de observações. Vamos
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
A coluna da direita exprime o número de indiví- alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico
duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela. de pizza.
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior Média de Notas Escolares Trimestrais
daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
altura inferior a 1,80m.
z A reprodução analógica é suscetível a ruídos e As informações coletadas nos exames devem ser
distorções; disseminadas para aqueles que possuem interesse
z É suscetível à perda de qualidade com o tempo. em acessá-las, desde os docentes e gestores escolares
até, inclusive, os discentes. Pensando nesse acesso, o
CONCEITO DE REPRODUÇÃO DIGITAL Centro de Informações e Biblioteca em Educação foi
reestruturado,
Reprodução digital é o processo de conversão de
um objeto físico ou analógico em um formato digital,
que pode ser armazenado, processado e transmitido [...] transformando-se em núcleo difusor de infor-
por meio de dispositivos eletrônicos. mações educacionais, com ênfase na avaliação
e estatísticas produzidas pelo próprio Inep e em
Vantagens da Reprodução Digital informações gerais processadas por instituições
nacionais e internacionais (Ibid., p. 127).
A reprodução analógica e a reprodução digital O ProLEI possui toda a legislação federal publica-
são dois processos diferentes de reprodução de sinais da após a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da
físicos. Afinal, a reprodução analógica é um proces- Educação (LDB), isto é, após 1996. O programa ProLEI
so mais simples e barato, mas é suscetível a ruídos e foi desenvolvido pela Universidade Federal de Santa
distorções. Diferentemente, a reprodução digital é um Maria (UFSM) e, além da pesquisa rápida e fácil das
processo mais complexo e caro, mas é menos suscetí- legislações, permite relacionar as duas, ou mais, nor-
vel a ruídos e distorções. mas por meio de links. 251
HORA DE PRATICAR!
1. (CESGRANRIO — 2014) As políticas públicas percorrem quatro diferentes etapas: formulação, decisão, implementa-
ção e avaliação.
a) escolha de quem define a política, que passará por um processo de trâmite democrático.
b) execução de atividades, de tal forma que as ações do governo alcancem as metas preestabelecidas.
c) análise sistemática de questões associadas ao uso da política, que subsidiem o gestor público.
d) mensuração do impacto sobre o bem-estar do público--alvo, quando da oferta de serviços.
e) cálculo de um indicador, a fim de escolher a melhor solução, dependendo da capacidade dos gestores da política.
2. (CESGRANRIO — 2013) Para receber os jogos da Copa de 2014, a Arena Pernambuco, estádio de futebol nos moldes
de arena multiuso, está sendo construída no município de São Lourenço da Mata, na região metropolitana do Recife,
com financiamento do BNDES. O Quadro abaixo, extraído do Portal da Transparência do Governo Federal, demonstra
os investimentos previstos, contratados e executados.
1. Projeto Básico 9,30 9,30 9,30 Governo Estadual 25/4/2012 Min. Esporte
Min. Esporte;
4. Obras e Entorno 79,00 79,00 14,20 Governo Estadual 25/4/2012
BNDES
5. Gerenciamento
6,00 0,00 0,00 Governo Estadual 25/4/2012 Min. Esporte
da Obra
Dados
Os valores referentes à auditoria estão incluídos no valor do gerenciamento da obra. Os valores não incluem a certifi-
cação ambiental.
Os percentuais de investimentos já executados em cada etapa, em relação ao valor total previsto para o empreendi-
mento, na sequência das etapas apontadas, estão representados, respectivamente, em
3. (CESGRANRIO — 2012) A crise econômica e a evidente retratação do Estado da esfera social produzem efeitos sobre
o discurso e as práticas relativas à família.
Assim, o discurso da revalorização da família como alvo das políticas públicas, na atualidade, reflete uma tendência
historicamente predominante na sociedade brasileira, qual seja, a de
252
4. (CESGRANRIO — 2013) Mário é usuário dos serviços 8. (CESGRANRIO — 2012) De acordo com a norma do
de transportes públicos. Frequentemente, ele é sur- artigo 175 da Constituição da República, incumbe ao
preendido pela notícia de reajuste na cobrança das poder público, diretamente ou sob regime de conces-
tarifas de transportes. são ou permissão, sempre através de licitação, a pres-
tação de serviços públicos.
Nos termos da legislação de regência, esse critério de
revisão tarifária deve ser definido pelo A esse respeito, qual a natureza jurídica da permissão
de serviço público?
a) usuário, observada a qualidade do serviço.
b) contrato, para preservar o equilíbrio a) Contrato de programa
econômico-financeiro. b) Contrato de adesão
c) concedente, ao seu livre arbítrio, dependendo da c) Ato administrativo qualificado
produtividade. d) Ato administrativo complexo
d) conjunto da sociedade, que tem o dever de fiscalizar e) Ato administrativo composto
os serviços prestados.
e) Poder Executivo, que deve proceder a leilões para fixa- 9. (CESGRANRIO — 2022) Uma pessoa jurídica, que está
ção da tarifa mais adequada. atuando como concessionária, pretende abandonar a
atuação e transferir o controle societário para outros
5. (CESGRANRIO — 2012) A empresa X de energia elétri- investidores.
ca pretende realizar corte de fornecimento de luz no
município Vega, que se encontra inadimplente com o Consultando um auditor, ele é informado de que, nos
pagamento de suas cinco últimas faturas de energia. termos da Lei nº 8.987/1995, caso a transferência
ocorra sem a anuência prévia do poder concedente
Nessa situação, o corte do fornecimento configura-se será declarada a
como
a) prescrição
a) cabível, uma vez que a prestação do serviço, sem a b) suspensão
remuneração, desequilibra o contrato. c) caducidade
b) cabível, devendo preservar-se, porém, as unidades e d) investigação
os serviços públicos essenciais. e) limitação
c) cabível, devendo, porém, ser intermitente, prestando-
-se o serviço apenas em algumas horas do dia. 10. (CESGRANRIO — 2012) De acordo com a Lei Geral de
d) incabível, visto que o serviço essencial deve ser Concessões (Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995),
contínuo. a encampação é a retomada do serviço público pelo
e) incabível, por se tratar de serviço essencial aos poder concedente durante o prazo da concessão, por
munícipes. motivo de interesse público.
6. (CESGRANRIO — 2012) A minuta do contrato de con- Para formalizar a encampação, faz-se necessária a
cessão é um documento que deve acompanhar o edição de
edital de licitação da construção de um gasoduto de
transporte. a) lei delegada
b) lei autorizativa específica
Nessa minuta, deve-se indicar o(a) c) lei complementar
d) decreto-lei
a) percurso do gasoduto de transporte. e) decreto executivo
b) valor máximo a ser cobrado pelo transporte no
gasoduto. 11. (CESGRANRIO — 2012) Com o objetivo de assegurar a
255
Escolhendo-se ao acaso um dos entrevistados dessa pesquisa, qual é, aproximadamente, a probabilidade de esse
cliente ter um relacionamento com banco digital e de ter apresentado como motivo para iniciar esse relacionamento a
facilidade de poder resolver tudo pela internet?
a) 5,7%
b) 6,2%
c) 6,4%
d) 7,2%
e) 7,8%
Em uma urna há cinco bolas idênticas, numeradas de 1 até 5. Durante um sorteio, João e Maria retiraram, cada um,
uma bola da urna. João foi o primeiro a retirar sua bola e, a seguir, Maria retirou uma das quatro bolas restantes. Quem
retirasse uma bola numerada com um número par ganharia um prêmio.
1
a)
10
4
b)
25
13
c)
20
1
d)
4
2
e)
5
27. (CESGRANRIO — 2015) Dois eventos independentes A e B são tais que P(A.) = 2p, P(B.) = 3p e P(AUB.) = 4p com p>0.
a) 0
b) 1/6
c) 1/4
256
d) 1/3 c) 37,5%
e) 1/2 d) 50%
e) 62,5%
28. (CESGRANRIO — 2012) Uma empresa trabalha apenas
com duas companhias de entrega expressa de corres- 32. (CESGRANRIO — 2011) Em uma urna, são colocadas
pondências: X e Y. A probabilidade de uma entrega 2 bolas brancas e 4 pretas. Alberto e Beatriz retiram
expressa ser feita pela companhia X é de apenas
1 bolas da urna alternadamente, iniciando-se com Alber-
7 , to, até que a urna esteja vazia. A probabilidade de que
uma vez que a companhia Y presta um serviço melhor. a primeira bola branca saia para Alberto é
Dadas duas entregas expressas quaisquer da referida
empresa, qual é a probabilidade de uma delas ter sido a) 1/2
feita pela companhia X e de a outra ter sido feita pela b) 3/5
companhia Y? c) 5/9
d) 7/12
1 e) 8/15
a)
49
33. (CESGRANRIO — 2021) Um analista de investimentos
6 acredita que o preço das ações de uma empresa seja
b)
49 afetado pela condição de fluxo de crédito na econo-
12 mia de um certo país. Ele estima que o fluxo de crédito
c) na economia desse país aumente, com probabilidade
49
de 20%. Ele estima também que o preço das ações da
1 empresa suba, com probabilidade de 90%, dentro de
d)
4 um cenário de aumento de fluxo de crédito, e suba,
1 com probabilidade de 40%, sob o cenário contrário.
e)
2
Uma vez que o preço das ações da empresa subiu,
29. (CESGRANRIO — 2014) Dados históricos revelaram qual é a probabilidade de que o fluxo de crédito da
que 40% de uma população têm uma determinada economia tenha também aumentado?
característica. Desses 40%, 25% têm o perfil desejado
por um pesquisador. 1
a)
2
Quantas pessoas devem ser entrevistadas, no míni-
mo, para que a probabilidade de encontrar pelo menos 1
b)
uma pessoa com o perfil desejado pelo pesquisador 5
seja igual ou superior a 70%? 2
c)
9
a) 10
9
b) 11 d)
25
c) 12
d) 13 9
e)
e) 14 50
34. (CESGRANRIO — 2011) Um sistema de detecção de
30. (CESGRANRIO — 2013) De uma população com 60
temporais é composto por dois subsistemas, A e B,
elementos distintos selecionou-se aleatoriamente 6
que operam independentemente. Se ocorrer temporal,
elementos com reposição.
o sistema A acionará o alarme com probabilidade 90%,
e o sistema B com probabilidade 95%. Se não ocorrer
16 E
39. (CESGRANRIO — 2014) A empresa W é beneficiária do
Regime Especial de Tributação para a Plataforma de 17 E
Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação
258
18 B
19 A
20 D
21 B
22 E
23 B
24 C
25 A
26 A
27 B
28 C
29 C
30 E
31 C
32 B
33 D
34 E
35 C
36 B
37 C
38 B
39 C
40 C
ANOTAÇÕES
259
ANOTAÇÕES
260
É de interesse de estudo da microeconomia, ainda,
a forma pela qual os agentes econômicos interagem
de modo a formar unidades maiores, os mercados.
Sendo assim, a microeconomia explica, entre outras
EIXO 3 –ECONOMIA,
questões, como a formação dos preços, a quantida-
de ofertada ou demandada e o quanto será inves-
tido. Assim, poderemos inferir porque os mercados
ECONOMIA SOLIDÁRIA dos bens são diferentes, e como são influenciados
por políticas econômicas e mudanças no ambiente
E CONTEXTO internacional.
Para começar a compreender o mercado, analisa-
263
Preço D Grosso modo, a renda e essas três variáveis são as
($ por unidade) mais frequentes de serem pedidas nas provas como
P2 determinantes de alteração na curva de demanda.
Lógico, podem existir outras, mas essas seriam os qua-
tro maiores grupos.
P1 A Para que fique simples a compreensão, como a
demanda representa o consumidor, tudo que alterar
a vida desse agente econômico alterará a curva de
demanda dele. Simples assim!
Antes de seguirmos adiante, vamos esclarecer os
três outros fatores e detalhar como a renda afeta a
Q0 Q1 Q
vida do consumidor.
Inicialmente, vamos analisar os gostos ou as pre-
Inicialmente, você está no ponto (A). Digamos, ferências. Comecemos com uma pergunta bastante
por hipótese, que você vai ao cinema duas vezes por reflexiva: nós nos vestimos hoje da mesma forma que
mês (Q1 = 2) e paga R$ 17,00 (P1 = 17). Imagine agora nos vestíamos há 10 anos? Possivelmente, não. Não,
que você ganhou a última edição de um reality show. porque não cabe, não porque a moda já passou, não
Com essa nova renda, você irá mais vezes ou menos porque você se mudou para um lugar mais frio etc.
vezes ao cinema? Possivelmente, mais vezes. Nesse Então, o nosso padrão de consumo é alterado não ape-
caso, podemos dizer que você irá mais vezes ao cine- nas porque o preço mudou, mas também porque nos-
ma pagando o mesmo preço pelo ticket ou que, para a sas necessidades e desejos também mudaram! Assim,
mesma quantidade de vezes que você vai ao cinema, alterações nos gostos e nas preferências modificam
você poderia pagar mais por saída. por demais o nosso padrão de consumo.
Um segundo fator que altera a demanda de um
Preço D
($ por unidade) determinado consumidor são as suas expectativas
sobre o futuro. Por exemplo, imagine agora que você
P2
sabe que amanhã vai chover, será que você não mudará
o seu consumo de guarda-chuvas hoje? Possivelmente,
A sim. Nesse caso, a sua demanda mudou (ela será deslo-
P1
cada) não porque está chovendo agora, mas porque a
sua crença é que chova no dia seguinte. A crença sobre o
futuro é o que os economistas chamam de expectativas.
Existe uma outra variável que afeta o padrão de
consumo de uma pessoa. Esse fator se chama preço
dos bens relacionados. Vamos analisar a demanda
Q 0
Q 1
Q de uma pessoa por açúcar quando os preços de dois
bens relacionados a ele são alterados separadamente.
Nos dois casos, é possível notar que haverá um Imagine, inicialmente, que o preço do café aumen-
movimento para fora da curva de demanda original. te. Imagine ainda que essa pessoa só compre açúcar
Quando isso acontece, dizemos que há um desloca- para tomar café e só toma café adoçado. Nesse caso,
mento paralelo da curva. Esse deslocamento é mos- como o preço do café aumentou, essa pessoa compra-
trado na figura abaixo (onde D1 é a demanda original rá menos café, certo? Assim, como ela só toma café
e D2 é a demanda final): com açúcar, comprará menos açúcar também, não é
isso? Logo, o aumento do preço do café levará a uma
Preço redução na demanda pelo açúcar! Mais uma vez, veja
que não falamos em variação do preço do açúcar.
P2 Vamos mais: imagine agora que não foi o preço do
café, mas o preço do adoçante que aumentou. Agora, com
o aumento do preço do adoçante, você passará a comprar
P1 mais açúcar, para poder compensar a falta do adoçante.
Atenção! Nesse ponto, vale uma consideração:
veja que nós faremos movimentos de forma sepa-
rada, ou seja, um fator variando de cada vez. Nada
de variar tudo na mesma hora, porque vira uma coi-
D2 sa incompreensível! Em economia, nós trabalhamos
D1 com o que se denomina de estática comparativa.
Quantidade
Nela, cada variável é alterada de forma isolada.
Q1 Q2 No caso acima, você deve ter notado uma coisa
bem interessante: quando o preço do café aumentou,
Ora, não falamos em variação de preço, mas de a demanda por açúcar diminuiu enquanto, quando o
uma outra variável que não preço. No caso acima, preço do adoçante aumentou, a demanda por açúcar
falamos de uma variação na renda do consumidor! também aumentou!
Logicamente, outras variáveis farão com que ocorra o A explicação é que o café e o açúcar, assim como o
mesmo movimento, são elas: feijão com arroz ou o queijo e a goiabada, são consu-
midos de forma conjunta, é o que se chama de bens
z gostos ou preferências; complementares. Já para o caso do açúcar e do ado-
z expectativas; çante, em regra, nós vamos consumir aquele que foi
264 z preço de bens relacionados. mais barato.
Nesse caso, os bens são denominados de bens Uma mudança na quantidade demandada, a qual-
substitutos! Essa classificação é absolutamente quer preço dado, é representada graficamente pelo
importante que você compreenda a matéria. movimento da curva de demanda original para uma
Então, se falou em variação do preço dos bens relacio- nova posição.
nados, só sabemos para onde vai a demanda se souber- Antes de passarmos a analisar a questão da empre-
mos qual a relação que existe entre os bens em análise: sa e da curva de oferta, gostaríamos de explicar um
se de substitutibilidade ou de complementaridade! ponto bastante frequente nas provas: os efeitos ren-
Para finalizar a lista de itens que deslocam a deman- da e substituição, oriundos da variação do preço,
da por alterar o comportamento do consumidor, vamos também denominado de efeito preço. Esse ponto é
falar com mais detalhe sobre uma variação da renda. bem importante porque permite-nos compreender
Pergunta simples: se você tirasse na loteria, você melhor o bem de Giffen.
consumiria mais de tudo? Possivelmente, você pensou Vimos que quando o preço aumenta a quantidade
que sim, mas eu te direi que não! E a explicação para demandada diminui. Explicando de forma mais téc-
isso é bem objetiva: nica, existe uma relação entre um aumento do preço
Se você tirasse na loteria, você certamente viaja- do bem, a troca por um substituto que ficou relativa-
ria mais vezes pela Europa ou compraria um carro mente mais barato e a perda do poder de compra pelo
melhor ou ainda iria a restaurantes mais caros. Con- consumidor. Assim, podemos dizer que o comporta-
tudo, com o aumento da sua renda, você vai utilizar mento do consumidor com relação ao preço decorre
menos ônibus ou comer menos carne de conserva! da atuação conjunta de dois efeitos: o efeito renda e o
Logo, o aumento da renda induz ao aumento no con- efeito substituição.
sumo de alguns bens e redução no consumo de outros. Vejamos como compreender esses efeitos: com o
Assim, quando consumo e renda variam no mes- aumento do preço, uma parte da redução da minha
mo sentido, dizemos que o bem é chamado de bem demanda por determinado bem quando o seu preço
normal. São os bens que, quando a renda aumenta, o aumenta pode ser explicada pelo fato de que haverá
consumo aumenta, e quando a renda diminui, o con- um estímulo para que eu busque alternativas para
sumo também diminui. Por outro lado, quando a ren- satisfazer minha necessidade pelo bem que teve o
da e o consumo variam em sentidos contrários, o bem aumento de preço, por exemplo. Assim, passarei a
é chamado de bem inferior. olhar de outra maneira os bens substitutos.
Graficamente, mudanças que promovem um cres- Imagine que, com o aumento do preço dos rodí-
cimento da demanda para um mesmo preço deslo- zios de sushi, você procurará ir mais vezes ao rodízio
cam a curva de demanda para a direita. Dentre essas de carnes ou massas, por exemplo. Nesse caso, para
mudanças estão: aumento nos preços de bens subs- o consumidor, as carnes e massas são substitutos do
titutos, redução do preço de bens complementares, sushi. Dizemos que rodízios de sushi, carnes e massas
crescimento da renda, alterações das preferências são substitutos no consumo.
que promovem o consumo. Uma forma bem simples de verificar o efeito subs-
Por outro lado, fatores que reduzem a deman- tituição é a seguinte: você está no supermercado e
da para um mesmo preço deslocam a curva para a observa que aquele bem que você costumava com-
esquerda, por exemplo: uma redução dos preços de prar mais barato está, agora, mais caro. Você olha o
z Imagine, primeiramente, que o preço das laranjas aumente. Nesse caso, você vai trocar laranja por um bem
que ficou relativamente mais barato, digamos, a maçã (veja que o preço da maçã aqui pouco importa). Assim,
o efeito substituição será negativo, já que você reduzirá a quantidade demanda de laranja. Isso é mostrado no
quadro a seguir.
Imagine agora o seguinte: com um aumento do preço da laranja, você ficou mais rico ou mais pobre? Veja, com
um aumento de preço, seu poder de compra diminuiu, já que você agora precisa de mais dinheiro para comprar
a mesma quantidade de bens. Logo, para simplificar, podemos concluir que você ficou mais pobre.
Como a laranja é, para a maioria das pessoas, um bem normal, já que você ficou mais pobre, passará a com-
prar menos laranja. Deste modo, colocaremos um (–) no efeito renda para a laranja.
O que podemos dizer sobre os efeitos renda e substituição para o caso do bem normal? Podemos dizer que
esses efeitos se reforçam! Se falou em bem normal, já sabemos que os dois efeitos atuam na mesma direção, ou
seja, quando o preço aumenta, por exemplo, haverá uma redução da quantidade demandada do bem normal
porque houve uma redução por parte do efeito substituição e outra por parte do efeito renda!
Vejamos outra situação, dessa vez com o preço da sardinha enlatada:
z Digamos que o preço da sardinha enlatada aumente. Assim como no caso anterior, você demandará menos
sardinha porque comprará, por exemplo, carne em conserva. Assim, podemos dizer que também para esse
bem, o efeito substituição também será negativo, já que um aumento do preço induz as pessoas a demanda-
rem menos de determinado bem, substituindo-o.
Agora vamos pensar no poder de compra do consumidor: assim como no caso da laranja, com um aumento do
preço, haverá uma redução do poder de comprar do consumidor, certo?
Mas em que a sardinha enlatada é diferente da laranja? Em uma simples explicação: para a maior parte das
pessoas, a sardinha enlatada é um bem inferior! Ou seja, quando a renda diminui, as pessoas usualmente con-
somem mais do bem!
Veja, estamos falando do poder de compra dos consumidores! Logo, como o consumidor está mais pobre, ele
tenderá a consumir mais de determinado bem. Assim, o efeito renda será positivo, como mostrado no quadro
abaixo:
Nesse caso, para os bens inferiores usuais, embora a demanda aumente por causa do efeito renda, o efeito
substituição se sobrepõe ao efeito renda, logo, quando o preço de determinado bem aumenta, a demanda é redu-
zida (embora diminua menos que para o caso dos bens normais!).
Resumindo: para o caso dos bens inferiores, diremos que os efeitos renda e substituição não se reforçam,
eles vão caminhando no sentido contrário, prevalecendo o efeito substituição!
Por fim, vamos lembrar do caso das batatas inglesas na Inglaterra da Revolução Industrial: os bens de Giffen:
z Imagine agora que houve um aumento de preços para as nossas batatas inglesas. Nesse caso, assim como nos
dois casos anteriores, as pessoas trocarão o bem que ficou relativamente mais caro por outros que ficaram
relativamente mais baratos, correto? Desta forma, assim como nos casos anteriores, o efeito substituição das
batatas inglesas possuirá um sinal contrário ao efeito preço.
De forma exatamente igual ao que acontece com os bens inferiores, com o aumento dos preços, haverá uma
redução do poder de compra dos consumidores. Assim, como o bem de Giffen é um tipo de bem inferior, haverá
um aumento da quantidade demandada das batatas. Dessa forma, o efeito renda dos bens de Giffen também
será positivo.
266
Ora, então, em que os bens de Giffen se diferem dos bens inferiores?
A diferença está na intensidade dos efeitos renda e substituição. Para o caso dos bens inferiores, prevalecerá
o efeito substituição. Já no caso dos bens de Giffen, prevalece o efeito renda. Assim, quando o preço aumenta,
a quantidade demandada também aumentará! O quadro abaixo mostra esse efeito.
Para que não restem dúvidas, vamos ver um exemplo numérico para diferenciar os bens inferiores e de Giffen:
Imagine que o preço da sardinha enlatada aumente. Nesse caso, do lado do efeito substituição, haverá uma
redução de, digamos, 5 na quantidade demandada. Por outro lado, haverá um aumento de 3 devido ao efeito
renda positivo. Assim, o efeito líquido será de –2. Logo, um aumento no preço leva a uma redução na quantidade
demandada do bem! Compreendido agora?
Vamos ver agora o caso das batatas: um aumento de preços levará a uma redução na quantidade demandada
devido ao efeito substituição. Assim, digamos que a redução seja de 3. O efeito renda, por sua vez, foi positivo e de
5. Logo, para o caso dos bens de Giffen, com uma variação positiva do preço do bem, haverá, também, uma varia-
ção positiva na quantidade demandada. Dessa forma, o bem de Giffen será o único tipo de bem a não respeitar a
lei da demanda, já que possui uma inclinação positiva.
Dica: uma coisa que você deve observar sempre no que diz respeito ao efeito preço e ao efeito substituição é
que eles sempre possuirão sinais contrários, para quaisquer tipos de bens! O sinal do efeito renda dependerá do
tipo de bem. Para os bens normais, ele será o mesmo do efeito substituição. Para os bens inferiores, ele será con-
trário, mas menor. No caso dos bens de Giffen, ele também será contrário e ainda maior que o efeito substituição.
Resumindo: quando se verifica um aumento no preço de um bem ou serviço, isso tem como consequência
uma redução na quantidade demandada, que corresponde ao efeito total. Este efeito total resulta da soma do
efeito substituição e do efeito renda.
Da mesma forma que a lei da demanda estabelece um padrão de comportamento do consumidor perante o
preço de um bem, a lei da oferta também analisa o comportamento, agora da empresa, quando se depara com um
diferente nível de preço.
De acordo com a lei da oferta, um crescimento no preço de um bem aumenta o incentivo para os produtores
ofertá-lo no mercado, se tudo o mais que interfere no comportamento da empresa se mantém constante (sob a
hipótese de ceteris paribus).
Para se observar a veracidade desse fato, basta considerar o que ocorreu na economia brasileira no início do
século XX, quando o país era o maior produtor mundial de café: com o aumento dos preços dessa mercadoria, os
cafeicultores da época possuíam incentivos para produzir ainda mais, elevando o número de hectares destinados
à produção dessa cultura.
Assim como a lei da demanda estabelece a função de demanda, a lei da oferta também define a função oferta
que informa que quantidade será produzida para cada preço:
Função Oferta: QS = S ( P )
A curva de oferta representa essa relação positiva entre preço e quantidade ofertada.
Para compreender a formulação da curva de oferta, vejamos o exemplo a seguir:
No Brasil, Pernambuco é o maior produtor de manga do país. Essas mangas são diretamente enviadas para
a Europa e lá concorrem com as mangas de Israel. Imagine que, por alguma razão, Israel entre em guerra com a
Palestina.
Como nós vimos pela curva de possibilidade de produção, Israel não poderá continuar produzindo a mesma
quantidade de mangas que usualmente fazia. Logo, haverá uma redução na quantidade de mangas que vai para
a Europa. Com essa quantidade menor no mercado europeu, haverá um aumento de preços. Assim, os produto-
res aumentarão a produção em Pernambuco. Logo, quando o preço (por alguma razão) aumenta, a quantidade
ofertada também aumentará!
267
Graficamente, temos o seguinte: Felizmente, para o caso da oferta das empresas,
O ponto A no gráfico mostra a quantidade inicial- nós não teremos exceções como o caso dos bens de
mente ofertada de mangas por Pernambuco no mer- Giffen para o consumidor, o que torna a análise de
cado europeu: oferta bem mais simples que a análise de demanda
inicialmente observada.
Preço
($ por unidade) Deslocamento da Curva de Oferta no Mercado
z tecnologia;
z expectativas.
P2
Assim, tecnologia, custos e expectativas são os
P1 três maiores grupos de fatores que influenciam a ofer-
A
ta. Graficamente, representa-se essa situação através
do deslocamento da curva de oferta para baixo e para a
direita, quando há um aumento da oferta (via redução
de custos, ou avanços tecnológicos, por exemplo). Caso
Q1 Q2 Quantidade os custos de produção aumentem ou exista uma retra-
ção tecnológica, a curva de oferta se desloca para cima.
A curva de oferta representa a relação entre o No que diz respeito aos custos de produção de uma
preço de um bem e a quantidade ofertada desse bem. empresa, esses podem crescer devido a um aumento
Vejamos sua representação gráfica: no preço de um determinado insumo ou fator de pro-
dução, ou a um aumento nas taxas e impostos cobra-
Preço dos. Por outro lado, os custos podem se reduzir devido
($ por unidade) S
a uma diminuição no preço dos insumos ou fatores de
produção, redução dos impostos e criação ou aumento
de subsídios. É possível, ainda, que os custos se reduzam
devido uma alteração na forma de se produzir o bem,
P2 em outras palavras, devido a uma evolução tecnológica.
Os deslocamentos da curva de oferta são apresen-
P1 tados na figura abaixo. Considerando a curva S2 como
a curva de oferta inicial, a curva S3 representará um
aumento na oferta, enquanto a curva S1 representará
uma retração.
Q1 Q2 Quantidade Preço
S1 S2 S3
Preço
S1 S2 S3
P1
Q1 Q2 Q3 Quantidade
É possível notar que, uma vez compreendido todo o raciocínio sobre o comportamento do consumidor, fica mui-
to mais fácil entender o comportamento do empresário, porque os comportamentos são contrários.
Quando a questão falar em aumento da demanda, você deverá lembrar que quando a demanda aumenta,
ela vai para a direita e para cima. No caso de um aumento da oferta, a curva irá para a direita e para baixo.
EQUILÍBRIO DE MERCADO
O local físico ou não onde existe a interação de empresas e consumidores se chama mercado. Considera-se
que um mercado está em equilíbrio quando a quantidade demandada de um produto se iguala à quantidade ofer-
tada, ou seja, quando a economia encontra o seu ponto de equilíbrio.
Como foi visto acima, pelas equações da demanda e da oferta, a quantidade demandada e a ofertada de um
bem dependem de seu preço. Então, há um preço para o qual a quantidade de oferta se iguala à de demanda; esse
é chamado de preço de equilíbrio, e a quantidade associada é a quantidade de equilíbrio.
Graficamente, nós temos um equilíbrio de mercado (ou o ponto de equilíbrio) quando há o cruzamento entre
a curva de oferta e a curva de demanda de determinado bem.
Preço
S
($ por unidade)
Q0 Quantidade
O equilíbrio econômico de mercado é um resultado quando a quantidade ofertada é igual à quantidade deman-
dada, considerando o número de produtores como dado.
O equilíbrio de mercado é uma situação em que, dado um determinado nível de preços, a quantidade demandada
é idêntica à quantidade ofertada. Nessa situação, não existem sobras ou excessos de produtos. Além disso, o equilíbrio
de mercado é estável, ou seja, se não existir mudanças no comportamento do consumidor e/ou do produtor, esse equi-
líbrio não será alterado.
O preço de equilíbrio é determinado igualando as funções demanda e oferta — ou seja, igualando as quanti-
dades. Resolvendo essa equação, encontra-se o preço de equilíbrio. Por exemplo, digamos que a função demanda
de um bem seja dada por:
QD 1000 − 50 P
=
P D D’ S
P3
P3 C
P2
P1 B
Excesso A
de
D
demanda
Q1 Q3 Q2 Quantidade Excesso de demanda
D O
Peso morto
Quantidade
P3
3 Horas de leitura
E
Figura 1 Curva de indiferença A
2 C
A curva de indiferença representa as cestas de mer- U2
D
cado que trazem o mesmo grau de satisfação para o con- B
U1
sumidor. Ou seja, todos os pontos que estão sobre a curva U3
de indiferença de um consumidor são classificadas como 3 Horas de leitura
indiferentes para esse consumidor. No gráfico, o indiví-
duo pode ser indiferente entre três horas de leitura no Figura 2 Mapa de indiferença
domingo ou duas horas de futebol.
Para tanto, a fim de analisar detidamente as informa- Um mapa de indiferença é um conjunto de curvas
ções trazidas pelo gráfico, tem-se, inicialmente, as áreas de indiferença que descrevem as preferências de um
abaixo e acima da curva. Como os consumidores prefe- consumidor. Qualquer cesta de mercado sobre a cur-
rem sempre maiores quantidades de um bem a meno- va U2 (por exemplo, a cesta A) é preferível em relação
res, pode-se dizer que as cestas que estão acima da curva a qualquer cesta de mercado sobre U1 (por exemplo, a
de indiferença são preferidas às cestas que estão abaixo cesta C), que, por sua vez, é preferível a qualquer cesta
da curva. Por exemplo, a cesta A, que contém cinco horas sobre a curva U3 (por exemplo, a cesta B).
de leitura e quatro horas de futebol é preferida a cesta C, Para finalizar a análise detida das curvas de indife-
que possui três horas de leitura e duas horas de futebol. rença, note que elas não podem se interceptar! Para
Por sua vez, a cesta B, que possui 2 horas de leitura e 1 entender a razão, suponha que pudesse acontecer o
hora de futebol não é melhor que a cesta C, pois possui contrário, como mostrado na figura 3.
menos dois bens. No caso da cesta A e de todas as demais
que estão acima da curva de indiferença em análise, as Horas
cestas não são piores que as cestas que estão sobre a U1. para o
futebol
No caso da cesta B e de todas as que estão abaixo de U1,
essas serão classificadas como não melhores que as que
estão sobre U1.
Mas o que dizer sobre as cestas D e E? Observe que,
no caso dessas duas cestas, enquanto a cesta D possui
mais horas de futebol, a cesta E possui mais horas de C
leitura. Nesse caso, nada se pode afirmar sobre as duas D E U2
cestas: como elas não possuem bens em quantidades
U1
estritamente maiores, não podemos dizer, com certeza,
se elas são melhores ou não. Nesse caso, diremos que Horas de leitura
o consumidor será indiferente entre as cestas C, D e E,
assim elas se encontram sobre a curva de indiferença. Figura 3 Curvas de indiferença não podem se interceptar
Note que essa curva apresenta inclinação negativa,
da esquerda para a direita. Para que se possa compreen- Se as curvas de indiferença U1 e U2 se intercep-
der por que isso ocorre, suponhamos alternativamente tassem, uma das premissas da teoria do consumidor
que a curva de indiferença apresenta inclinação ascen- seria violada. De acordo com a figura, o consumidor
dente de B para A. Isso violaria a premissa de que uma seria indiferente à cesta C, D ou E. Entretanto, E é
quantidade maior de qualquer mercadoria é sempre preferível a D, pois E contém quantidades maiores de
melhor que uma quantidade menor, ou seja, isso fere ambas as mercadorias.
a premissa da monotonicidade. Uma vez que a cesta de Para comprovar que as curvas não podem se cru-
mercado A possui mais horas para a leitura e para o fute- zar, basta mover do ponto C, na curva de indiferença
bol, ela deverá ser preferida a B. U1 para o ponto D na mesma curva. De acordo com
Para descrever as preferências de um consumidor a curva U2, por sua vez, as cestas C e E são equiva-
em relação a todas as combinações de leitura e futebol, lentes; então, pela premissa da transitividade, se C é
pode-se traçar um conjunto de curvas de indiferença, o indiferente a D e C também é indiferente a E, então, D
qual se denomina mapa de indiferença. também seria indiferente a E, o que não é verdade, já
Atente-se: um mapa de indiferença representa uma que D e E estão em curvas diferentes. Essa conclusão
coleção de curvas de indiferença para um dado indiví- ilógica é decorrente de as curvas se cruzarem.
274 duo que representa a função utilidade total do indivíduo.
Vale aqui, analisar dois tipos específicos de curvas A inclinação negativa de uma curva de indiferen-
que sempre aparecem nas provas: a curva de indi- ça de um consumidor é a medida de sua taxa margi-
ferença para bens substitutos e para bens comple- nal de substituição (TMS) entre dois bens. Na figura,
mentares, mostradas na figura 4. está representada a taxa marginal de substituição de
horas de leitura e horas para o futebol – ∆F/∆L, cai de
Adoçante
3 (entre E e C), para 1 (entre C e D). A TMS diminui ao
longo da curva quando ela é convexa.
Analisando o gráfico acima, saindo do ponto E
para o ponto C, o consumidor está disposto a trocar
três horas de futebol por mais uma hora de leitura
(esse movimento pode ser visto pelo -3 que se refere
U3
às horas de futebol perdidas e o 1 que se refere à hora
U2 adicional de leitura). Entretanto, movimentando-se
U1 de C para D, ele se dispõe a desistir de apenas uma
Açúcar hora de futebol para obter mais uma hora de leitura.
Café
Nesse sentido, quanto mais horas de futebol e menos
horas de leitura o consumidor adquirir, maior será a
quantidade de horas de futebol que ele estará dispos-
to a desistir para poder obter mais horas de leitura. Da
U3
mesma forma, quanto maior a quantidade de horas
para a leitura, menor será a quantidade de horas para
U2
o futebol que o consumidor estará disposto a desistir
U1
para obter mais horas de leitura.
Para medir a quantidade de uma determinada
Açúcar mercadoria da qual o consumidor estaria disposto a
desistir para obter maior número de outra, fazemos
Figura 4 Bens substitutos e bens complementares uso de uma medição denominada Taxa Marginal de
Substituição (TMS). A TMS de horas para o futebol cor-
Atenção! Bens substitutos são pares de bens para responde à máxima quantidade de unidades de horas
os quais uma queda de preço de um deles resulta em para o futebol das quais uma pessoa estaria disposta
uma menor demanda pelo outro. Enquanto, os bens a desistir para obter uma hora a mais para a leitura.
complementares são pares de bens para os quais Assim como o sacrifício em termos de horas de
uma queda de preço de um deles resulta em uma futebol perdidas é cada vez maior, para ter mais horas
maior demanda pelo outro. de leitura, o consumidor dispõe-se cada vez menos a
Na figura da direita, o consumidor considera ado- ceder horas de futebol. Essa redução da TMS é com-
çante e açúcar como bens substitutos, ou seja, ele patível com a convexidade da curva. Nesse viés, é
é sempre indiferente entre o consumo de um ou de sensato afirmar que as curvas de indiferença são
outro. Na figura da esquerda, o consumidor conside-
Cmg ( Q ) = P
reflete em um aumento significativo em termos de
demanda de mercado.
Nesse tipo de estrutura de mercado, o bem comer-
cializado não possui diferenciações, ou seja, há Graficamente, temos que:
apenas um bem homogêneo produzido por todas as
Preço
empresas, dessa forma, todas as firmas produzem exa-
tamente o mesmo produto. Considerando esse fato,
não há motivos para que um consumidor prefira uma
CMg
determinada firma, a não ser pelos preços ofertados. CTMe
P*
Além disso, uma outra característica do mercado
em concorrência perfeita diz que todos os consu- CVMe
midores e firmas possuem todas as informações
relevantes. Todos os consumidores conhecem per-
feitamente o produto e o preço operado no mercado. P=CVMe
Essas características implicam que as firmas devem
aceitar esse preço quando forem comercializar sua
produção. Q* Quantidade
Devido a essas características, o preço de mercado
não pode ser alterado pela decisão individual de uma Figura 1 – Quantidade produzida pela firma no mercado competitivo
das firmas, ou de um dos consumidores. A firma deve
aceitar o preço como dado, pois não terá sucesso se No curto prazo, a empresa que opera no mercado
vender a um preço mais alto. Assim, a demanda indi- em concorrência perfeita escolhe um nível de produ-
vidual com a qual cada empresa se depara é represen- ção q* no qual o seu custo marginal CMg é igual ao
tada por uma linha horizontal na altura do preço de preço P, desde que seja capaz de cobrir seus custos
mercado, uma curva de demanda perfeitamente elás- variáveis de produção. A curva de oferta da empresa
tica. Cabe a firma determinar a quantidade que pode coincidirá com a curva de CMg da firma a partir do
tornar seu lucro o mais alto possível. ponto mínimo do custo variável médio, chamado de
Ponto de Fechamento. 279
Em concorrência perfeita, outro aspecto relevante é que o preço de mercado estará no patamar mais baixo
possível, pois, caso contrário, uma das firmas cobraria por seus produtos um preço menor, aumentando seus
lucros devido ao aumento da demanda. Como todas sabem que isso pode ocorrer (a informação é perfeita), então
aceitam o menor preço possível.
Observe na figura que isso significa que o preço de mercado será igual ao custo marginal, no ponto em que
este cruza o custo variável médio mínimo.
Preço
CMg
P* CTMe
CVMe
P=CVMe
Preço
Q* Quantidade
Outra característica da concorrência perfeita é a livre entrada e saída do mercado, ou seja, não há custos
adicionais para as firmas que decidem começar a confecção de um produto ou para aquelas que querem deixar
o mercado.
Devido à livre entrada, o lucro econômico de todas as firmas no longo prazo é igual a zero – lembre-se que
o lucro econômico e o contábil possuem definições diferentes. Caso as firmas apresentassem lucro econômico,
como não existem barreiras à entrada de novas firmas, muitas entrariam no mercado o que implicaria em um
aumento significativo na oferta, e na consequente redução dos preços até que o lucro se extinga.
A figura abaixo mostra o comportamento da firma no mercado competitivo no longo prazo.
Preço
CMgLP CMeLP
P*
Q* Quantidade
No equilíbrio de longo prazo, todas as empresas auferem lucro econômico igual a zero. Na figura, o preço
de mercado é exatamente igual ao mínimo do custo médio.
Assim, uma firma decide entrar no mercado ao perceber que as firmas preexistentes estão obtendo lucro (no
curto prazo). A decisão de sair do mercado, por sua vez, depende da relação entre o preço e os custos das firmas.
No curto prazo, as firmas saem do mercado caso o preço seja inferior ao custo variável médio.
Neste momento pode surgir a dúvida: por que o custo variável médio, e não custo médio? Isso ocorre porque
a firma teria um prejuízo maior caso decida sair do mercado quando o preço for inferior ao custo médio e
maior que o custo variável médio.
Para compreender melhor essa conclusão, imagine uma firma que enfrente três cenários diferentes para o
preço de mercado que estão organizados na tabela abaixo. Suponha que essa firma produza a mesma quantida-
de utilizando a mesma tecnologia nos três cenários, de modo que os valores médios de custo, custo variável e
custo fixo não se alterem.
280
TABELA 1 — ENTRADA E SAÍDA DE UMA FIRMA NO MERCADO
Custo Fixo Médio Custo Variável Médio Custo Médio Lucro Médio (por
Cenário Preço
(CFMe) (CVMe) (CMe) Unidade)
1 15 4 10 14 1
2 12 4 10 14 -2
3 8 4 10 14 -6
No cenário 1, a firma obtém lucro por cada unidade produzida, uma vez que o preço supera o custo médio. No ter-
ceiro cenário, a firma está com prejuízo em cada unidade, o preço não é suficiente para fazer frente sequer aos custos
variáveis. A firma deve sair do mercado no segundo cenário, porque ao invés de ter um prejuízo igual a 6, teria que
pagar apenas pelos custos fixos (4).
No segundo cenário, a firma também opera no prejuízo (igual a -2), pois a receita obtida por cada unidade foi menor
que o custo de cada uma delas. No entanto, se a firma sair do mercado, ela terá um prejuízo maior porque ainda tem que
enfrentar os custos fixos (igual a 4). Se o preço é maior que o custo variável médio, então a comercialização de cada
unidade fabricada é suficiente para fazer frente aos custos variáveis, e parte dos custos fixos.
Se a firma deixa de produzir nessas condições, terá que fazer frente a todo o valor dos custos fixos, ou seja, terá um
prejuízo maior do que se estivesse produzindo. Por isso, as firmas apenas saem do mercado se o preço não for sufi-
ciente para fazer frente aos custos variáveis.
Uma vez existente em uma economia, o mercado competitivo está associado ao maior nível de bem-estar presente
em uma economia. Contudo, muitas vezes, o governo intervém nesse mercado, causando algumas distorções.
Até este momento, nós verificamos a estrutura de mercado que gera maior benefício para o consumidor. Contu-
do, embora seja desejável, essa estrutura não é fácil de ser encontrada.
O mercado competitivo é caracterizado pela presença de diversos produtos que concorrem entre si, visando
atender às demandas dos consumidores por bens e serviços. Dentro desse contexto, a multiplicidade de compra-
dores e vendedores impede que qualquer agente isolado detenha poder significativo para influenciar os preços de
mercado. Além disso, os produtos oferecidos no ambiente competitivo são equiparados em termos de qualidade
e utilidade. Este conceito de competitividade pode ser aplicado tanto a empresas quanto a nações. Para superar
a concorrência e destacar-se no mercado, estratégias eficazes envolvem a implementação de ferramentas como a
diversificação e a inovação, a fim de eliminar a concorrência direta, potencializando os lucros (Mariotto, 1991).
No que concerne à otimização dos lucros, diversos conceitos desempenham papéis cruciais, incluindo o custo,
REFERÊNCIAS
281
Preço Preço em
PODER DE MERCADO função da
demanda
MONOPÓLIO
Perda de excedente
do consumidor P2
CMg
Peso morto
P3
PM
A
B
PC C D
RMe
Curva de Contrato
(a taxa marginal de substituição entre alimen- [xA1(p*1, p*2) - wa1] + [xB1(p*1, p*2) - wB1] = 0
to e vestuário para Pedro e Paulo é igual à razão [xA2(p*1, p*2) - wa2] + [xB2(p*1, p*2) - wB2] = 0
entre o preço de vestuário e de alimento).
Mas, a diferença entre a demanda bruta de um
LEI DE WALRAS bem e a dotação inicial do mesmo bem é chamada de
demanda excedente (ou demanda líquida) e represen-
tada por e:
Como visto anteriormente, as cestas situadas sobre
a curva de contrato estão localizadas em pontos óti-
mos no sentido de Pareto. Naturalmente, cestas situa- xA1(p*1, p*2) - wa1 = eA1
das fora da Curva de Contrato não são eficientes no
sentido de Pareto. Nestes pontos não eficientes, a ofer- (expressão que indica a demanda líquida do bem 1
ta de bens não é igual a demanda (os bens demanda- pelo consumidor A)
dos não esgotam ou superam as dotações possuídas
pelos agentes), pelo que podemos concluir que há XB1(p*1, p*2) – wB1 = eB1
escassez/excesso de demanda/oferta.
A maneira de resolver este problema, com o obje- (expressão que indica a demanda líquida do bem 1
tivo de atingir o equilíbrio, é através do chamado “lei- pelo consumidor B)
loeiro walrasiano”, termo cunhado em homenagem
ao economista León Walras. xA2(p*1, p*2) - wa2 = eA2
Em suma, o leiloeiro ajusta os preços dos bens
de acordo com a igualdade entre oferta e demanda, (expressão que indica a demanda líquida do bem 2
levando ao equilíbrio geral. Como exemplo, podemos pelo consumidor A)
citar a interação entre dois indivíduos, na qual a quan-
tidade demandada líquida do indivíduo A é superior à XB2(p*1, p*2) – wB2 = eB2
oferta líquida de B. Neste caso, o leiloeiro eleva o pre-
ço do bem, a fim de estabelecer o equilíbrio, chamado (expressão que indica a demanda líquida do bem 2
de equilíbrio walrasiano. pelo consumidor B)
Estas conclusões da Lei de Walras implicam a exis- Qual a implicação deste Teorema? A análise da efi-
tência do chamado Primeiro Teorema do Bem-Estar. ciência pode ser separada da análise da distribuição.
Isso quer dizer que todos os equilíbrios de mercado Como os preços em mercados competitivos refletem
são eficientes no sentido de Pareto, desde que os mer- a escassez relativa do bem (bens mais caros são mais
cados sejam competitivos. A álgebra já está demons- escassos quando comparados com outros), nada indi-
trada. Importa-nos saber que, no primeiro teorema do ca que eles serão distribuídos igualmente entre os
bem-estar, todos os ganhos oriundos das trocas estão indivíduos. Na verdade, a distribuição dos bens, cujo
utilizados, ou seja, a alocação de equilíbrio alcançada preço relativo foi determinado no mercado competiti-
em todos os mercados possíveis, será eficiente. vo, reflete a riqueza dos indivíduos.
Mas, como já citamos em outro ponto, eficiência Assim, é possível que o Governo, a partir da deter-
não significa equidade. Os consumidores maximizam minação de parâmetros sobre equidade, possa inter-
a utilidade, tendo em vista a restrição orçamentária vir no mercado a fim de atingir a equidade desejada,
que possuem. Assim, um deles pode demandar “tudo”, sem perda de eficiência.
enquanto o outro não demanda “nada”. Estariam Hal Varian (Microeconomia: 2013) salienta que a
observadas a restrição orçamentária e a eficiência, pois intervenção governamental é útil do ponto de vista
nenhum deles pode melhorar sem piorar a situação do equitativo desde que:
outro, além de terem exaurido os ganhos das trocas.
O exemplo acima é meramente ilustrativo. Deve- z não interfira na determinação de preços entres
mos entender que para o Teorema ser válido, é os bens, que deve ser realizada inerentemente
necessário atender aos pressupostos de mercados no mercado;
competitivos (informação e mercados completos, z e que transfira o poder de compra da dotação, atra-
mercado atomizado, consumidores racionais, prefe- vés de um sistema de redistribuição, como a apli-
rências bem-comportadas etc.). cação de impostos sobre valor, que não interfiram
290 na decisão de consumo.
Mesmo que a carga dos impostos interfira no com- Os pontos sobre a curva de contrato de produção
portamento das pessoas, segundo o Primeiro Teorema podem ser demonstrados através da fronteira de pos-
do Bem-Estar as trocas realizadas a partir de dotações sibilidade de produção, muito cobrada em concursos.
iniciais resultarão em alocação eficiente. Como demonstramos anteriormente, os pontos sobre
Ressalta-se que todas as observações feitas aos a curva de contrato demonstram eficiência no empre-
consumidores também se aplicam às decisões de pro- go de fatores produtivos, nos quais é possível extrair a
dução das firmas, com as devidas especificidades. máxima produção possível com os referidos insumos,
Assim, ao invés de escolher entre a demanda do bem ou seja, a máxima possibilidade de produção.
1 ou 2, o produtor escolhe o emprego dos fatores de Desta forma, podemos representar estes pon-
produção A e B, para a produção de dois bens distin- tos através de um gráfico que relaciona nos eixos as
tos. Assim, o equilíbrio se dará no ponto em que as quantidades de vestuário e alimento produzidas. A
isoquantas (convexas) se tangenciam, evidenciando situação apresentada abaixo é chamada de fronteira
alocação eficiente de fatores de produtivos na produ- de possibilidades de produção, curva que demons-
ção dos bens em questão. Este ponto será detalhado tra as combinações de dois bens produzidos com
na próxima seção. uma quantidade fixa de combinação de insumos:
EFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO
Preço Oferta
($ por unidade) (valor privado)
Valor Social
Demanda
(valor privado)
No caso de uma externalidade de consumo negativa, o indivíduo que não se preocupa com o bem-estar dos demais
decidirá consumir uma quantidade superior à socialmente ótima. A curva de demanda do indivíduo está à direita da
curva de demanda social, representando um benefício individual superior ao benefício social.
Para entender melhor tal situação, imagine as escolhas de um fumante que não se preocupa com as demais
pessoas. A quantidade de cigarros que o fumante consumirá e a quantidade de fumaça desagradável que será
produzida é maior do que aquela que ainda seria aceitável em termos sociais.
Em todos os casos estudados, os problemas com a externalidade são causados porque os custos ou os benefí-
cios privados diferem dos sociais. Então, para eliminar ou pelo menos reduzir as ineficiências do mercado quan-
do alguma externalidade está presente, é preciso encontrar formas de internalizar as externalidades, ou seja,
penalizar os agentes que causam externalidades negativas e recompensar os agentes que promovem externa-
lidades positivas. Essas soluções para as externalidades podem ser tanto privadas, como promovidas por ações
governamentais.
Demanda
(valor privado)
Valor Social
No caso das soluções privadas, os próprios agentes encontram meios de internalizar as externalidades. Por exemplo,
quando as pessoas fazem doações a uma instituição que cuida de crianças carentes, elas recompensam essa instituição
das externalidades positivas que seu trabalho promove, e permitem que ela amplie seu trabalho.
No caso de duas empresas, as externalidades também poderiam ser internalizadas caso a decisão de ambas fosse
realizada conjuntamente. Por exemplo, se uma fábrica de papel que polui um rio e a empresa de pesca que utiliza esse
rio decidissem conjuntamente suas quantidades, a solução seria eficiente do ponto de vista social.
Isso também ocorreria para o caso de externalidade positiva. Imagine, por exemplo, um produtor de maçãs e um
apicultor. As abelhas ajudam a polinizar as plantas de maçãs, e utilizam o néctar extraído das flores das maçãs para pro-
duzir mel. Esses dois produtores se beneficiariam caso decidissem o quanto produzir conjuntamente. Situações como
essa explicam por que alguns grupos empresariais operam em mercados diferentes ao mesmo tempo.
Outra solução privada para a externalidade é através da negociação. As partes que causam a externalidade e as que
sofrem seus efeitos, sejam indivíduos ou empresas, podem negociar alguma forma de compensação para a produção de
externalidade. Por exemplo, um indivíduo que é vizinho de uma casa de shows pode negociar com o proprietário desse 293
estabelecimento alguma forma de compensação (como máxima por empresa, mas permite que empresas com
um pagamento) pelo som que incomoda seu sono duran- maior dificuldade de reduzir seus níveis de poluição
te a madrugada. Essa é a ideia do Teorema de Coase3, possam comprar as licenças das que conseguem reduzir
segundo o qual: com mais facilidade.
A ideia comum entre impostos pigouvianos e licenças
Os agentes econômicos são capazes de resolver os de poluição é a criação de um mercado para a externa-
problemas das externalidades desde que não incor- lidade (por isso são soluções baseadas no mercado). Nos
ram em custos adicionais pela negociação e os dois casos, a poluição foi tratada como um produto para
direitos de propriedade estejam bem definidos.
o qual existe um preço que as empresas devem pagar.
A vantagem dessa estratégia é que empresas diferentes
As duas restrições impostas pelo teorema de Coase não precisam reduzir a poluição na mesma magnitude
são bastante significativas. Para entender, primeiro ima-
e, ainda assim, a economia conseguiria atingir um nível
gine que a casa de shows está localizada em um bairro
satisfatório de proteção ao meio ambiente. No entanto,
residencial, então o direito de propriedade está bem defi-
uma dificuldade com esses sistemas está na determina-
nido, o seu vizinho deveria ter o direito de ter uma noi-
ção dos valores que serão cobrados, pois tanto o imposto
te tranquila e sem ruídos. Mas, se estiverem localizadas
como a licença podem gerar incentivos ineficientes no
em um bairro que não existe nenhuma regulamentação
a respeito, nesse caso a negociação pode ser impossível. combate à poluição.
Além disso, a negociação pode ser inviabilizada se os
custos para tanto forem elevados. Voltemos ao exemplo BENS PÚBLICOS, SEMIPÚBLICOS, BENS PRIVADOS
da casa de shows, um acordo poderia acontecer se o dono
da empresa e o morador da residência ao lado pudessem Em geral, os mercados são uma forma eficiente
conversar entre si. No entanto, se eles precisam contra- de organizar uma economia. A partir das informações
tar advogados, os custos podem ser tão elevados, que a passadas pelos preços, as decisões dos consumidores e
negociação deixa de ser realizada. dos produtores racionais garantem que o equilíbrio de
Os exemplos que foram estudados até agora envol- mercado seja compatível com o maior excedente agre-
viam apenas dois agentes econômicos, mas outra dificul- gado possível.
dade para que as externalidades sejam solucionadas de No entanto, vimos que os mercados privados podem
modo privado está relacionada à coordenação de inte- não ser eficientes na presença de externalidades (de
resses quando um grande número de agentes está envol- consumo ou de produção). Nesses casos, há uma dife-
vido. Por exemplo, se a empresa de papel que polui o rio, rença entre custos sociais e privados ou benefícios
ao invés de negociar com outra empresa de pesca, tivesse sociais e privados, de modo que a quantidade produzida
que entrar em acordo com vários pequenos pescadores e do bem não será socialmente ótima. Um caso especial de
encontrar uma solução para satisfazer a todos, seria mui- externalidade de consumo ocorre em mercados de bens
to mais complicado. públicos e recursos comuns.
Como as negociações entre os agentes podem ser Bens públicos são diferentes de produtos privados,
bastante complicadas, de modo a inviabilizar um acordo pois são não excludentes e não rivais no consumo.
mutuamente benéfico, o governo pode desempenhar um Uma camisa, um notebook ou uma porção de batata
papel decisivo para solucionar as externalidades. Essa frita são exemplos de bens privados. O preço do note-
ação governamental pode se dar por meio de políticas de book exclui uma parcela dos consumidores que não têm
comando ou políticas baseadas no mercado. condições de adquiri-lo, e uma vez que alguém tenha
As políticas de comando são baseadas em regulamen- comprado uma determinada unidade, outro consumi-
tação dos direitos de propriedade. Voltando ao exemplo dor não pode comprar a mesma máquina. Nossa aná-
da casa de shows, o governo pode resolver a questão lise com relação às escolhas dos agentes econômicos foi
colocada proibindo a instalação desse tipo de estabele-
realizada considerando que os bens apresentavam essas
cimento em bairros com residências. No caso da fábrica
características.
de papel, o governo também poderia estipular um valor
Por sua vez, a defesa nacional é um exemplo de bem
máximo para sua poluição.
público. O combate a agressores externos é um serviço
No entanto, a maioria dos economistas acredita que
que não exclui nenhum dos residentes de um país. Além
essas soluções não seriam mais indicadas, pois não con-
disso, quando um indivíduo se beneficia da defesa nacio-
tribuiriam para uma utilização eficiente dos recursos
produtivos. Como alternativa, são sugeridas políticas que nal não significa que mais ninguém será beneficiado.
se baseiam nas forças de mercado, como a implementa- É importante destacar que, apesar do que o exemplo
ção de impostos pigouvianos4. e a própria denominação podem indicar, bens públicos
Os impostos pigouvianos funcionam da seguinte for- não são o mesmo que bens oferecidos pelo governo, pois
ma: são cobradas taxas de agentes econômicos que pro- a classificação depende de atributos próprios dos bens.
movem externalidades negativas e são pagos subsídios Por exemplo, um hospital público oferta um serviço pri-
para agentes que promovem externalidades positivas. vado, pois, uma vez que um de seus leitos estejam ocu-
Assim, um imposto pigouviano poderia ser cobrado da pados por alguém, outro indivíduo não poderá usufruir
empresa de papel poluidora, de modo que ela seria res- do serviço.
ponsável pelos custos da poluição. Considerando os cus- Os recursos comuns também são diferentes de bens
tos com os impostos, a empresa de papel provavelmente privados, mas porque são apenas não excludentes. Por
reduziria a produção de poluentes. exemplo, não se impede que indivíduos trafeguem pelas
No caso de questões ambientais, outra opção é atra- vias públicas em uma cidade, porém a má utilização
vés da emissão de licenças negociáveis de poluição. Nes- delas por alguém pode prejudicar os outros (lembre-se
se caso, o governo estipula uma produção de poluentes dos engarrafamentos).
3 Homenagem ao economista Ronald Coase.
294 4 Homenagem ao economista Arthur Pigou.
Agora diferenciamos bens privados, públicos e Por esse motivo, atividades extrativistas possuem
recursos comuns, podemos analisar de que forma as regulamentação especial, principalmente as que
características dos dois últimos implicam em externa- envolvem a caça e a pesca. Por exemplo, a produção
lidade de consumo e ineficiência dos mercados. de certos pescados deve ser interrompida nas épocas
Suponha que uma empresa estava disposta a rea- do ano de procriação. No Brasil, esse tipo de controle é
lizar uma obra de revitalização do calçadão de uma realizado pelo Ibama, com o objetivo de evitar tantos
famosa praia localizada em uma cidade brasileira. problemas ambientais, como setoriais.
A revitalização do calçadão contribuiria para atrair
turistas e para uma melhor circulação dos moradores. INFORMAÇÃO ASSIMÉTRICA
Como se tratava de uma obra que favoreceria todos os
cidadãos, a empresa se propôs a dividir o que cobraria Um dos pressupostos necessários para que os mer-
entre eles de acordo com a capacidade de pagamento cados atinjam resultados eficientes é aquele que diz
de cada um. respeito à informação perfeita. De acordo com esse
Desse modo, para estudar a viabilidade da obra, a pressuposto, tanto compradores, como vendedores
firma fez uma pesquisa para saber quanto os morado- têm acesso a todas as informações relevantes para
res da cidade estariam dispostos a pagar. O resultado suas decisões. Desse modo, nenhuma das partes em
dessa pesquisa indicou que o valor que seria arreca- uma negociação teria uma vantagem sobre a outra, e
dado não é suficiente para superar os custos da refor- não existiriam incertezas.
ma. Então, apesar dos benefícios que seriam obtidos, Em um ambiente de informação perfeita, os pre-
a revitalização não foi realizada. ços sintetizam todas essas informações relevantes
No exemplo exposto, o resultado foi insatisfatório para os consumidores e produtores, pois refletiriam a
porque pode ser que cada pessoa tenha informado um escassez e os custos de produção. Por isso, vimos que
valor inferior ao que teria condições de pagar, pois as decisões dos consumidores e firmas dependiam
acreditava que a resposta das demais seria suficiente diretamente dos preços dos produtos no mercado.
para garantir a realização da obra devido a sua impor- No entanto, apesar de desejável, não é possível
tância. Como todos pensaram de modo semelhante, garantir que todos os mercados operam com infor-
a quantidade oferecida do bem público foi inferior mações perfeitas, em alguns casos há informações
àquela socialmente desejada. assimétricas (ou imperfeitas). Na presença de infor-
O resultado obtido no exemplo é conhecido como o mações assimétricas, as formas de demanda e oferta
Problema do Carona. Esse problema ocorre quando os não são capazes de promover um equilíbrio eficiente.
indivíduos tentam obter vantagem sobre os demais, Por isso, a assimetria de informações é considerada
se recusando a pagar por um bem público que pro- uma falha de mercado.
move um benefício para todos, ou seja, tentam pegar Para entender por que as informações imper-
carona no que seria custeado pelos demais. feitas geram resultados ineficientes, vamos estudar
Os governos assumem um papel importante para o mercado de carros usados em que compradores
evitar que a provisão de bens públicos gere resulta- não têm informação sobre a qualidade dos carros
dos ineficientes devido ao problema do carona, atra- comercializados5.
5 George Akerlof foi o primeiro a contribuir com essa análise, com o trabalho: “The Market for Lemons: Quality Uncertainty and the Market Mecha-
nism” The Quartely Journal of Economics, 84, 1970, pp. 488-500. 295
Essa atitude do consumidor irá expulsar do feirão indivíduos com maior risco se interessariam em contra-
os carros de boa qualidade, pois os vendedores desses tar o seguro, e as despesas da seguradora seriam maiores
carros aceitariam comercializá-los por, no mínimo, R$ do que o esperado.
20.000, preço acima do preço médio que os consumi- Outro problema que envolve falta de informação
dores estariam dispostos a pagar. comum nos mercados de seguros é o perigo moral. Nes-
Portanto, um resultado ineficiente foi gerado devi- se caso, uma parte do mercado não consegue identificar
do à falta de informação por parte dos consumidores. as ações do outro lado do mercado. Por isso o perigo
Apesar de existir uma demanda, nenhum carro de moral também é conhecido como ação oculta.
boa qualidade será vendido, e haverá um excesso de Vamos analisar o mercado de seguros para carro
oferta de carros de má qualidade, pois o preço médio novamente para esclarecer o perigo moral. Quando um
do feirão é elevado. indivíduo contrata um seguro, há um incentivo para que
No exemplo estudado, um dos produtos (carros ele mude sua atitude com relação aos hábitos de direção.
usados de boa qualidade) foi excluído do mercado. Por exemplo, um indivíduo evita estacionar em certos
Mas, isso não é um resultado que possa ser generali- locais onde sabe que seu carro tem maior probabilida-
zado. A depender do mercado, é possível que produ- de de ser roubado, mas com o carro segurado ele pode
tos de diferentes qualidades coexistam mesmo que os se sentir menos temeroso. Essa mudança de comporta-
consumidores não tenham informações suficientes mento do indivíduo aumenta os riscos para a companhia
para diferenciá-los. de seguro, sem que ela possa perceber, ou seja, ela está
Por exemplo, imagine um mercado competitivo incorrendo em perigo moral.
no qual empresas de produtos com boa qualidade e Como forma de evitar o perigo moral e a seleção
empresas de produto de má qualidade produzem com adversa as companhias de seguro adotam diversos
um mesmo esquema de custos. Se os consumidores procedimentos. Elas tentam mapear os seus segurados
para evitar a seleção adversa, através de questionários,
pagam no máximo um preço Pmáx pelos produtos
e cobram preços diferentes a depender dessas informa-
de boa qualidade, e um Pmín pelos produtos de má ções, por exemplo, pessoas mais jovens pagam mais do
que pessoas mais velhas. Os seguros cobrem certos tipos
qualidade, então o preço de equilíbrio de mercado, de sinistros, as companhias de seguro não pagam o segu-
ro caso o condutor do veículo consuma bebidas alcoó-
Pequilíbrio , determina a quantidade de empresas que licas, evitando problemas devido à mudança nas ações
produzem artigos de boa qualidade que permanecem dos segurados.
no mercado, a partir da seguinte fórmula: Com esses procedimentos, as seguradoras esperam
que os segurados sinalizem corretamente a que grupo
eles pertencem (mais ou menos risco) e quais as suas
Pmáx ( q ) + Pmín (1 − q ) =
Pequilíbrio , ações após o contrato. De um modo geral, a sinalização
é uma solução para a falta de informação, para tanto é
necessário um bom esquema de incentivos.
Onde q é a proporção de produtos de boa qualidade
Como estudamos anteriormente, um dos princípios
que estarão disponíveis.
básicos da economia é o seguinte: os agentes econômicos
Vamos alterar um pouco o exemplo anterior, imagine
respondem a incentivos. Ou seja, existem meios de alte-
que seja mais barato para as empresas para produzir o
rar as escolhas dos agentes a partir de algum sistema de
bem de baixa qualidade. Então, todas as empresas opta-
recompensas e/ou punições. No nosso exemplo, a segura-
riam por fabricar os produtos de baixa qualidade, pois
dora incentiva indivíduos com condutas menos arrisca-
teriam lucro.
No entanto, os consumidores perceberiam, em algum das a adquirirem os seguros cobrando um preço menor
momento, que no mercado só existe produtos de má no contrato (recompensa), e, por isso, esses indivíduos
qualidade. Com essa percepção eles mudariam o preço têm o interesse de sinalizar corretamente seu tipo.
de equilíbrio, tornando-o igual ao preço que pagariam
por esse tipo de produto. Se esse preço for muito baixo, EXTERNALIDADES
então todas as firmas sairiam do mercado.
Perceba que nesse último caso, a falta de informa- De acordo com Mankiw (2013),
ção por parte do consumidor resultou na retirada do
produto do mercado independentemente da qualidade. Uma externalidade surge quando uma pessoa se
Nesse caso, diz-se que ocorreu um problema de seleção dedica a uma ação que provoca impacto no bem-
adversa. -estar de um terceiro que não participa dessa ação,
sem pagar nem receber nenhuma compensação
A seleção adversa ocorre quando uma parte do mer-
por esse impacto. Se o impacto sobre o terceiro é
cado não possui informações a respeito dos tipos e/ou
adverso, é denominado externalidade negativa.
qualidades do outro lado do mercado. Por isso, a seleção
Se é benefício, é chamado externalidade positiva.
adversa também é conhecida por problema da informa-
Quando há externalidades, o interesse da sociedade
ção oculta. em um resultado de mercado vai além do bem-estar
Um exemplo tipicamente utilizado para ilustrar a dos compradores e dos vendedores que participam
seleção adversa é o mercado de seguros. A seguradora do mercado; passa a incluir também o bem-estar de
enfrenta esse problema se não conseguir identificar e terceiros que são indiretamente afetados. Como os
separar os segurados que possuem mais riscos dos que compradores e vendedores desconsideram os efei-
possuem menos riscos. tos externos de suas ações quando decidem quanto
Se uma seguradora de carros cobrasse um preço demandar ou ofertar, o equilíbrio de mercado não é
médio por seguro, baseado na probabilidade média de eficiente quando há externalidades. Ou seja, o equi-
uma pessoa ter o carro furtado ou danificado, então líbrio não maximiza o benefício total para a socie-
296 ela teria prejuízo. Isso ocorreria porque somente os dade como um todo. (Mankiw, 2013, p. 184).
EXTERNALIDADES NEGATIVAS
Usaremos como exemplo as fábricas de alumínio que emitem poluição: para cada unidade de alumínio produzida, uma
determinada quantidade de fumaça entra na atmosfera. Como a fumaça cria um risco para a saúde de quem respira esse
ar, é uma externalidade negativa. Como essa externalidade afeta a eficiência do resultado de mercado?
Por causa da externalidade, o custo da produção de alumínio para a sociedade é maior do que o custo para os
produtores de alumínio. Para cada unidade de alumínio produzida, o custo social inclui os custos privados para os
produtores mais os custos das pessoas afetadas adversamente pela poluição. (Mankiw, 2013, p. 186)
Mais adiante apresentaremos um gráfico no qual podemos ver o custo social da produção de alumínio. A curva de
custo social se localiza acima da curva de oferta porque leva em consideração os custos externos impostos à sociedade
pelos produtores de alumínio. A diferença entre as duas curvas reflete o custo da poluição emitida.
Que quantidade de alumínio se deve produzir? Para responder a essa pergunta, deve-se considerar nova-
mente o que faria um planejador social benevolente. O planejador quer maximizar o excedente total originado
no mercado, o valor do alumínio para os consumidores menos o custo de produção dele. O planejador entende,
porém, que o custo de produção inclui os custos externos da poluição.
O nível de produção escolhido seria o que apresenta uma curva de demanda que cruza a curva de custo social. Do
ponto de vista da sociedade como um todo, essa interseção determina a quantidade ótima de alumínio produzida. O
nível é medido pela altura da curva de custo social. O planejador não produz mais do que esse nível porque o custo
social da produção adicional de alumínio ultrapassa o valor para os consumidores.
Observe que a quantidade de equilíbrio de alumínio, Qmercado, é maior do que a quantidade socialmente ótima,
Qótima. Essa ineficiência ocorre porque o equilíbrio de mercado reflete apenas os custos privados de produção. No
equilíbrio do mercado, o consumidor marginal atribui ao alumínio um valor inferior ao custo social de produção.
Ou seja, em Qmercado, a curva de demanda está abaixo da curva de custo social. Com isso, reduzir a produção e
o consumo de alumínio deixando-os abaixo do nível de equilíbrio de mercado eleva o bem-estar econômico total.
(Mankiw, 2013, p. 186)
Como pode, o planejador social, atingir o resultado ótimo? Uma meio possível seria tributar os produtores de
alumínio por tonelada vendida. O imposto deslocaria a curva de oferta de alumínio para cima no montante do
imposto. Se o imposto refletisse o custo externo da fumaça lançada na atmosfera, em sua totalidade, a nova cur-
va de oferta coincidiria com a curva de custo social. No novo equilíbrio de mercado, os produtores de alumínio
fariam a quantidade socialmente ótima de alumínio.
O uso de um imposto como esse é chamado internalização de uma externalidade porque dá aos compradores e
vendedores de um mercado um incentivo para que levem em conta os efeitos externos de suas ações. Essencialmente,
z Na presença de uma externalidade negativa, como a poluição, o custo social do bem excede seu custo privado.
A quantidade ótima, Qótima, é portanto, menor que a quantidade de equilíbrio, Qmercado.
Oferta
Custo externo (custo
privado)
Ótimo
Equilíbrio
O PNB pode ser medido como a despesa total com Supondo inicialmente uma economia fechada e
a produção final da economia. sem governo, pode-se escrever uma identidade para a
Em resumo9, pode-se dizer que as medidas de pro- demanda pelo produto:
duto e renda agregados da economia são construções
estatísticas universalmente adotadas como expressão Yp = C + Ip
do esforço de produção de um país ou região em um
determinado período. São uma referência para com- Em que:
parações internacionais, com influência para o rating
do crédito internacional de um país e suas empresas. z Yp é o produto ou renda privada;
Servem também para acompanhamento da evolução z C são os gastos de consumo das famílias;
dos países ao longo do tempo e base ara as estatísticas z Ip são os gastos em investimento privado.
estruturais como percentagem do investimento, do
déficit público, etc. Consumo (C)
O cálculo dos agregados macroeconômicos envol-
ve um volume grande de dados primários que devem As despesas em consumo efetuadas pelas famílias
ser trabalhados estatisticamente para, quando agre- se constituem no maior componente da demanda
gados, manterem coerência metodológica. Questões agregada no Brasil. Divide-se em três itens básicos:
que devem ser observadas na coleta de informações bens duráveis, não duráveis e serviços.
para o cálculo dos agregados macroeconômicos são:
Investimento (I)
z a composição dos preços;
z a unidade informante; É a despesa em bens que aumenta a capacidade
z o período a que se refere a informação. produtiva da economia. É um fluxo de capital novo
que é adicionado ao estoque de capital.
Inclui despesas em novas edificações, novos equi-
A prática internacional é que o cálculo dos agre-
pamentos e também a variação nos estoques de bens
gados deve ser resultado de um sistema de Contabili-
mantidos pelas empresas.
dade Nacional, em que as informações primárias são
organizadas e agregadas de forma a manter uma con-
z Depreciação
sistência lógica que expressa transações econômicas
básicas. As identidades contábeis derivadas do mode-
Parte das despesas de investimento destina-se
lo keynesiano permitem observar esta consistência. É
à substituição do capital desgastado e, por isso, não
discussão essa que veremos a seguir.
aumenta o estoque de capital da economia.
IDENTIDADES CONTÁBEIS
z Investimento Líquido (IL) = Investimento Bruto
Y=C+I+G
9 (LIMA; BARBOSA FILHO; PALIS, 2013)
10 Ibid. 303
Y=C+S+T
I+G=S+T EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES,
G–T=S–I BALANÇO DE PAGAMENTOS E TAXAS
O excesso das despesas do governo sobre a receita DE CÂMBIO
de impostos, isto é, o déficit do orçamento do gover-
no, é contabilmente idêntico ao excesso de poupança BALANÇO DE PAGAMENTOS
sobre o investimento privado.
Uma outra forma de escrever é dada pela seguinte Como entender um balanço de pagamentos de um
equação: país sem confundir com o balanço patrimonial de
uma empresa?
S = I + (G – T) A primeira coisa que você precisará compreender
é que, de forma semelhante ao que acontece com as
empresas, no caso do balanço de pagamentos, tam-
z Se T < G (a poupança do governo é negativa), então
bém se registra o movimento de recursos financeiros.
parte da poupança privada é destinada a cobrir
A diferença é que agora tratamos de um movimento
despesas correntes das administrações públicas;
financeiro entre países.
z Se T > G (a poupança do governo é positiva) então
É no balanço de pagamentos que nós registramos a
a poupança pública se soma à poupança priva-
compra de um produto importado, as viagens interna-
da para financiar os investimentos públicos e
cionais e o envio de dinheiro a um parente que mora
privados.
no exterior, por exemplo.
De forma mais conceitual, o balanço de pagamen-
Economia Aberta
tos tem por objetivo, registrar as operações econô-
micas entre um país e o resto do mundo. O balanço
Em uma economia aberta, a produção é destinada
de pagamentos pode ser definido como sendo o regis-
ao consumo e o excedente é destinado à exportação.
tro sistemático das transações entre residentes e
O Produto Nacional é destinado ao Consumo, Investi-
não residentes de um país durante um determinado
mento, Governo e Exportação.
período de tempo.
O que precisa ser esclarecido é o que está destaca-
Y=C+I+G+X do na definição acima.
Veja que quando falamos em registro sistemá-
Para atender à demanda interna, alguns produtos tico, estamos falando que, de forma semelhante ao
são importados. Parte da renda Nacional é destinada que acontece com o balanço patrimonial, no caso do
à aquisição de produtos importados. balanço de pagamentos, seguimos o princípio das par-
tidas dobradas, ou seja, quando se credita em uma
Y=C+S+T+M conta, se debita em uma outra.
I+G+X=S+T+M No que diz respeito à diferença entre residentes
G – T = (S – I) + (M – X) e não residentes, podemos dizer que a separação se
dá de acordo com o que nós chamamos de “centro
O déficit do governo (G – T) pode ser financiado de interesse”. Assim, para o caso da Volkswagen, por
pela poupança líquida interna (S – I) ou pela poupan- exemplo, temos que essa empresa seria não residente
ça líquida externa (M – X). já que o seu centro de interesses não está no Brasil,
Um país que absorve mais recursos do que pro- mas na Alemanha. Já no caso em que você compra
duz gera déficits na conta de transações correntes. uma passagem para passar um período em Paris, você
Isso quer dizer que o país deve se desfazer de ativos continuará sendo considerado um residente, já que o
estrangeiros e/ou aumentar sua dívida externa para seu centro de interesse é o Brasil.
fazer face ao excesso de despesa. Finalmente, note que o balanço de pagamentos de
E o que finalmente é a nossa demanda efetiva? um país considera um determinado período de tem-
Tudo que é de fato consumido por uma econo- po, assim como o PIB. Assim, dizemos que o balanço
mia, ou seja, tudo que é produzido dentro de um país, de pagamentos é uma variável fluxo, não variável
menos o que é importado de outras nações, compõe a estoque.
nossa demanda agregada. Deve-se notar que o Balanço de Pagamentos consi-
Dessa forma: Y = C + I + G + X –M será a nossa dera que todos os pagamentos são realizados em dóla-
demanda efetiva em uma determinada economia. res americanos. Essa medida é necessária para que
se possa comparar os diversos níveis de balanço de
REFERÊNCIAS pagamentos de muitos países.
Como o comércio entre dois países pode ser conta-
LIMA, F. C. G. de C.; BARBOSA FILHO, N. H.; PALIS, bilizado é o que veremos abaixo.
R. Contabilidade social: a nova referência das
contas nacionais do Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Contabilização
Elsevier, 2013. 391 p. Disponível em: https://docpla-
yer.com.br/109610666-Contabilidade-social.html. Em um balanço de pagamentos de um determi-
Acesso em: 27 dez. 2022. nado país, existem dois conjuntos de contas que são
MONTEIRO, R. Défict Público Nominal e Primá- considerados na hora de fazer os lançamentos: as con-
rio. 2020. Disponível em: https://cadernodeprova. tas operacionais e as contas de reservas (ou conta de
com.br/defict-publico-nominal-e-primario/. Acesso caixa).
304 em: 27 dez. 2022.
As contas operacionais correspondem ao fato gerador do recebimento ou transferência de recursos do exte-
rior. São exemplos de contas operacionais, de lançamentos nas contas operacionais: exportação, importação,
empréstimos, financiamentos, transferências unilaterais etc.
Do outro lado, existem as contas de reservas (ou conta caixa). Para cada transação registrada em qualquer
conta operacional, haverá uma contrapartida correspondente de sinal oposto na conta de reservas (ou conta de
caixa).
E como essas entradas e saídas são registradas no BP?
De acordo com o professor Heber Carvalho:
É possível estatuir que a entrada de recursos (de meios de pagamento internacionais) é considerada um crédito e é
lançada com sinal positivo na conta operacional (conta correspondente ao fato gerador). Por outro lado, a saída de
recursos é considerada um débito e é lançada com sinal negativo na conta operacional.
Assim, veja que o raciocínio para o caso do balanço de pagamentos é diferente quando se compara com um
balanço patrimonial de uma empresa. Aqui, quando há uma entrada de recursos, nós fazemos um crédito na con-
ta operacional que recebeu os recursos e um débito de igual valor na conta de reserva.
Vamos ver um exemplo disso?
Nesse caso, como saiu um recurso financeiro da conta operacional de importações (referente ao pagamento do
automóvel), há um débito nessa conta. Do outro lado, haverá um crédito na conta de reserva (chamada de reser-
vas, contas haveres ou conta caixa de mesmo valor).
Assim:
z D — Importações;
z C — Reservas ou haveres ou conta caixa.
O que você deve notar é que a conta de reservas acaba trabalhando como uma “vala comum” para todos os
lançamentos do balanço de pagamentos, o que não deixa de ser uma verdade. Uma informação importante sobre
essa conta é que nela é registrada toda a movimentação dos meios de pagamentos internacionais à disposição de
um determinado país. Veja ainda que esses meios de pagamentos são ativos que a autoridade monetária dispõe
em seu caixa.
Um ponto importante que pode cair na sua prova é sobre a possibilidade de não haver uma contrapartida na
conta de caixa. Esse caso, embora pareça pouco provável, existe. Ele ocorre quando nós temos uma doação de um
país para outro. Quando formos analisar alguns exemplos de lançamentos, verificaremos isso com mais detalhes.
Metodologia de Cálculo
DISCRIMINAÇÃO
(B) Serviços
(C) Rendas
BP = E + F + G
VRI ou Haveres = -H
Uma coisa importante que você precisa saber é que da forma como está indicada, essa estrutura do balanço
começou a ser utilizada em 1993. Antes disso, uma metodologia semelhante era utilizada. Atualmente, o Brasil usa
a nova metodologia, por isso, vamos focar nela, mas você precisa saber que existe uma anterior.
305
Como Entender o Balanço Comercial?
(C) Rendas
Item a item vamos tornar mais claro. z Remuneração do fator trabalho (salários e
O item (A), balança comercial, mede os níveis de ordenados)
exportação e importação FOB (free on board, ou livre z Rendas de investimentos
de fretes e seguros) de um determinado país. Nesse z Rendas de Investimentos diretos (lucros e
caso, as nossas viagens internacionais, por exemplo, dividendos)
devem ser contabilizadas nesse item. z Rendas de Investimentos em carteira (juros)
Uma coisa importante que você deve notar é que z Rendas de outros investimentos (juros)
a subtração entre exportação e importação origina
o saldo da balança comercial, item tão falado nos O item (D), transferências unilaterais correntes,
noticiários. refere-se a todos os lançamentos que não possuem
Finalmente, lembre-se que a entrada de recursos contrapartida financeira. Nesse caso, contabilizam-se
via exportações gera um crédito no balanço e nos as situações em que, por exemplo, são realizadas doa-
pagamentos, enquanto a saída de recursos, via impor- ções. Aqui, como não há contrapartida financeira, há
tações, gera um débito. o lançamento na conta (D), sem que haja um crédito
De forma mais sistemática, podemos representar de mesmo valor na conta de reservas.
o item (A) como: De forma mais sistemática:
Na figura abaixo, à esquerda estão apresentadas combinações de taxas de juros e níveis de renda que tornam
a demanda por moeda (ou por encaixes reais), igual à oferta monetária. Ao nível da renda Y1, a curva de demanda
por moeda corresponde a L1. Com a oferta monetária dada por Ms/P, a oferta e a demanda por moeda se igualam
no ponto E1 — que corresponde à taxa de juros r1. Na figura, o ponto E1 corresponde à combinação do nível de
renda Y1 com a taxa de juros r1 que equilibra o mercado monetário. O ponto E1 corresponde, assim, a um ponto
na curva LM.
r r
Ms1/P M
E2 E1
r2 r2
E1 E1
r1 r1
L2
L
L1
o o
M Y1 Y2 Y
Suponha, agora, que a renda cresça até Y2. Na figura à esquerda, este aumento na renda provoca um aumento
na demanda por moeda para transação, deslocando a curva de demanda por moeda para L2. Com a oferta mone-
tária mantida constante, o aumento na demanda por moeda faz com que a taxa de juros se eleve até r2 — para que
o equilíbrio no mercado monetário seja restabelecido.
Tem-se, então, um novo ponto de equilíbrio (E2) que, transportado para a figura da direita, nos dá uma nova
combinação de renda e taxa de juros (Y2 e r2) que equilibra a oferta com a demanda por moeda. Repetindo a mes-
ma experiência para outros níveis de renda, geraremos mais pontos que mostram combinações de Y e de r que
equilibram a oferta e a demanda de moeda. Ligando todos esses pontos teremos a curva LM.
Como é possível observar, a curva LM é positivamente inclinada, refletindo o fato de que, com uma dada oferta
z A Inclinação da Curva LM
Em princípio, podemos afirmar que quanto maior for a demanda por moeda para transações, isto é, quan-
to maior for a elasticidade da demanda por moeda em relação à renda, e quanto menos sensível ou menos
elástica à taxa de juros for a demanda por moeda, mais inclinada será a curva LM. Em outras palavras, se a
demanda por moeda for muito insensível à taxa de juros, a curva LM é quase vertical. Se, por outro lado, a deman-
da por moeda é muito sensível à taxa de juros, a curva LM é quase horizontal.
Desta forma, a curva LM é afetada por políticas monetárias expansionistas e contracionistas, como os exem-
plos citados, respectivamente, abaixo:
z Política monetária expansionista: aumento do redesconto (empréstimos do Bacen aos bancos comerciais)
que gerará uma liquidez maior no mercado monetário e, com isso, haverá uma expansão de renda, ou seja,
deslocará a cuva LM para a direita. A diminuição da taxa de redesconto, que nada mais é do que a taxa de
empréstimo cobrada pelo Bacen aos bancos comerciais pelo redesconto realizado, o que deslocaria a LM para
a direita, pois haveria maior incentivo à tomada de empréstimos pelo Bacen considerando que a taxa é baixa,
o que levaria a uma maior liquidez na economia. A compra de títulos (operação de open market) por parte do
governo que ocasionaria uma injeção de moeda no mercado, e, com isso, haveria maior liquidez, deslocando
a LM para a direita. E também o recolhimento compulsório mais baixo, que significa que o Bacen recolherá
menos moeda dos depósitos à vista dos bancos comerciais, gerando uma maior liquidez, levando a LM para a
direita. O gráfico abaixo mostra esse movimento.
309
Taxa de juros
LM
D
i*
IS
C
Juros Juros
LM LM
i = i* BP i = i* BP
IS IS
Renda Renda
Aqui, algumas explicações são válidas: Veja que, no caso acima, haverá um deslocamen-
Como estamos tratando de perfeita mobilidade de to da curva IS para a direita, exatamente como nós
capitais, temos que a curva BP (que mostra o compor- vimos anteriormente. Nesse caso, como você pode
tamento do balanço de pagamentos) será horizontal. observar, a nossa taxa de juros doméstica descola da
Além disso, a região acima da curva BP mostra um taxa de juros internacional. Mas, como estamos em
superávit no balanço de pagamentos (via aumentos na um regime de câmbio fixo, isso não pode ter um cará-
conta de capital). ter perene. 311
Observando esse descolamento, o governo pronta- Regime de Câmbio Flutuante
mente faz uma política “corretiva” com o objetivo de
reverter essa situação. Para tanto, ele desloca a cur- Aqui, você deve desconfiar que, se no regime de
va LM para a direita (como se houvesse uma política câmbio fixo, a política fiscal é plenamente eficaz, a
monetária expansionista). De forma gráfica: mesma coisa não é válida quando falamos do regime
de câmbio flutuante. Aliás, como você verá, o resulta-
Juros do é exatamente o inverso.
LM
Vejamos com calma. Primeiramente, analisemos o
caso em que o governo decide fazer uma política fis-
cal expansionista. Nessa situação, como nós já vimos,
i = i* BP haverá um deslocamento para a direita da curva IS.
IS Juros
LM
Renda
i = i* BP
Ou seja, o governo só estabilizará o mercado
monetário quando a taxa de juros doméstica voltar
a igualdade com a taxa de juros internacional. Nesse IS
caso, dizemos que a política fiscal é plenamente efi-
caz sob o regime de câmbio fixo. Renda
Um ponto importante de frisar antes de andar
mais no assunto é o que acontece assim que a curva
Primeira coisa que você deve observar é que com o
IS é deslocada (ou seja, antes do deslocamento da LM).
aumento dos gastos do governo, haverá um aumento
Você deve notar que há um superávit no balanço de
da taxa de juros doméstica, fazendo com que haja uma
pagamentos. Isso acontece por que como a taxa de
apreciação cambial (lembre que haverá um movi-
juros está temporariamente maior que a taxa interna-
mento de capitais para o nosso país, fazendo com que
cional, há a entrada de capitais autônomos, o que gera a taxa de câmbio se reduza). Nesse caso, como não há
um superávit do BP! a intervenção do governo para ajustar a taxa de câm-
No que diz respeito à política monetária, se o bio, as importações acabam se tornando mais interes-
governo desejar fazer uma política expansionista, por santes (o produto estrangeiro fica relativamente mais
exemplo, isso levará a um deslocamento da curva LM barato) e as exportações ficam menos interessantes.
para a direita, como visto abaixo. Nessa situação, com o aumento das importações e
redução das exportações, haverá um deslocamento da
curva IS para a esquerda (já que com a redução das
exportações, haverá também uma redução do empre-
go, do consumo, da renda...). Isso continuará até que
Juros
a IS volte a sua posição inicial. Logo, sob o regime de
LM
câmbio flutuante, a política fiscal passa a ser pou-
co eficaz.
Finalmente, analisemos o caso da política monetá-
i = i* BP ria sob o regime de câmbio flutuante. Nesse caso, se o
governo adotar uma política monetária expansionis-
ta, isso levará a um deslocamento da curva LM para a
IS direita. Graficamente:
Juros
Renda LM
i = i* BP Importante!
A oferta agregada diz respeito à produção total
IS de bens e serviços de uma economia;
A demanda agregada está associada aos dispên-
dios da coletividade com estes bens e serviços.
Renda
Assim, com base no gráfico, podemos observar O que chamamos de demanda agregada (DA) é o
que, sob o regime de câmbio flutuante, a política resultado da soma das compras de diferentes agentes
monetária é plenamente eficaz. econômicos aos diferentes níveis de preço, a saber:
Nível de preços
aumenta a quantidade ofertada de tratações e a quantidade de produtos ofertados. Com
bens e serviços no curto prazo o tempo, após os contratos de trabalho expirarem, a
empresa poderá renegociar o valor dos salários, de
SA
tal forma que seja possível novamente contratar mais
trabalhadores e aumentar a produção, mas, enquan-
to isso não ocorre, o nível de produção permanecerá
P1 abaixo do nível de pleno emprego no longo prazo.
P2 Veja então que o nível de preços abaixo do nível
de preços esperado, associado à rigidez salarial, fez
com que a empresa reduzisse as contratações e a pro-
dução. Ou seja, redução de preços provoca redução
Y1 Y2 Bens e serviços (PIB real) de produção/renda. O contrário também é válido:
aumento de preços provoca aumento de contratações
Figura 3 – Curva de oferta agregada no curto prazo
e produção. Como as variáveis do gráfico têm relação
positiva (uma cresce e outra também cresce, e vice-
A curva de oferta agregada de curto prazo mostra -versa), a curva de oferta agregada será inclinada
a relação entre o nível geral de preços e a quantidade positivamente no curto prazo.
de bens e serviços oferecida pelos produtores domés- Diante do exposto, segundo a teoria dos salários
ticos. No curto prazo, as firmas geralmente expandi- rígidos, a curva de oferta agregada de curto prazo tem
rão sua produção à medida que o nível geral de preços inclinação positiva porque os salários nominais se
aumente, porque a preços mais elevados, sua margem
baseiam na expectativa de preços e são rígidos (não
de lucro aumenta, uma vez que muitos componentes
respondem imediatamente quando o nível de preços
de seu custo são temporariamente fixos em decorrên-
é diferente do esperado). Essa rigidez salarial faz com
cia de contratos de longo prazo.
que as empresas produzam mais quando os preços
Considerando o que foi visto, temos que a oferta
aumentam mais que o preço esperado, e menos quan-
agregada se desvia do seu nível natural quando o
do os preços diminuem para um nível menor que o
nível real de preços se desvia do nível de preços
preço esperado.
que as pessoas esperavam que prevalecesse.
Existem outras explicações para o formato da cur-
z Rigidez de Preços
va de oferta agregada de curto prazo. Resumidamen-
te, nós podemos enumerar três teorias que explicam a
inclinação positiva da curva de oferta agregada: A teoria dos preços rígidos pressupõe que os preços
de alguns bens e serviços também se ajustam lentamen-
z teoria dos salários rígidos; te em resposta às variações das condições econômicas,
z teoria dos preços rígidos; apresentando, portanto, alguma rigidez. Esse modelo
z teoria da informação imperfeita. enfatiza que as empresas não ajustam imediatamente os
preços que cobram em resposta a variações na demanda
Nível de preços
res compras governamentais, corte nos impostos e
aumento de transferências.
OALP O montante em que mudanças nas compras gover-
OACP namentais deslocam a curva de demanda agrega-
da depende do efeito multiplicador. Mudanças nos
impostos e nas transferências igualmente deslocam a
curva, porém em menos do que mudanças semelhan-
tes nos gastos do governo.
A relação positiva entre receita tributária e PIB e a
DA relação negativa entre algumas transferências e o PIB
reduzem o tamanho do multiplicador, mas também
YF Bens e serviços (PIB real)
atuam reduzindo o tamanho das flutuações no ciclo
econômico.
Figura 5 – Equilíbrio de longo prazo no mercado de bens e serviços
Assim, as regras para tributação e transferências
Quando o mercado de bens e serviços está em atuam como estabilizadores automáticos, fazendo
equilíbrio de longo prazo, duas condições precisam com que a política fiscal seja expansionista quando a
ser satisfeitas. Primeira, a quantidade demanda- economia se contrai e contracionista quando a econo-
da precisa ser igual a quantidade ofertada no nível mia se expande, sem exigir uma ação deliberada dos
atual de preços. Segunda, o nível de preços antecipa- formuladores de política.
do pelos agentes econômicos para esse período deve
ser igual ao nível de preços atual. Quando o nível de Exemplo: Política Fiscal Expansiva
preços antecipado ocorre atualmente, o produto atual
da economia será igual ao PIB potencial de pleno Durante a década de 50, o descontrole fiscal (exces-
emprego, em que todos os fatores produtivos estarão so de gastos do governo) foi uma das características
empregados. do(s) governo(s) brasileiro. Qual era o efeito desse
Choques de oferta levam o nível de preços a se excesso de gastos do governo sobre o nível de preços e
movimentar em direção oposta ao produto agregado. renda da economia? Veja o gráfico abaixo.
E choques de demanda fazem com que eles se movi-
mentem na mesma direção. Ou seja, quando a oferta
Nível de preços
Como nós já vimos, a política fiscal afeta a deman- CAVALCA, R. B. et al. A relação entre ciclos econô-
da agregada diretamente através das compras gover- micos com o desempenho das empresas no mer-
namentais e, indiretamente, através de impostos e cado brasileiro. Revista Brasileira de Economia
transferências governamentais, que afetam os gastos de Empresas, v. 17, n. 1, 2017. Disponível em:
de consumo e investimento. Podendo ser expansionis- https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbee/arti-
320 ta ou contracionista. cle/view/7096. Acesso em: 22 jan. 2024.
Assim, ficamos com a expressão já citada:
DÉFICIT ORÇAMENTÁRIO E DÍVIDA
PÚBLICA, TETO DE GASTOS Dt=Gt-Rt
12 O TCU exige que o Banco Central do Brasil contabilize em seu balance a receita de senhoriagem desta forma. 323
Ao que parece não. O processo de criação de moeda Efeito Patinkin
provoca o aumento da inflação na economia. Assim, o
poder de compra gerado pelo processo de senhoria- Já o Efeito Patinkin possui entendimento contrário
gem é continuamente diminuído, pois é constante- à relação entre inflação e finanças públicas. Enquanto o
mente reduzido pela inflação: ao passo que a emissão Efeito Tanzi considera que a inflação promove redução
de moeda se eleva, a inflação aumenta e o governo no valor real das receitas e aumento do déficit público, o
pode adquirir cada vez menos bens e serviços com o Efeito Patinkin entende que a inflação reduz o valor real
total emitido de moeda. É uma tendência explosiva. das despesas públicas e contribui assim para a redução
Deste modo, intimamente ligado à senhoriagem do déficit público.
está o imposto inflacionário. Sua definição é direta: Vamos compreender melhor. Na elaboração do orça-
o imposto inflacionário é a transferência de recursos mento público, feita anteriormente ao exercício de vigên-
do setor privado ao setor público através da inflação cia, há a discriminação das despesas pelos seus valores
gerada pela senhoriagem. nominais, isto é, não considerando a inflação. Ocorre que,
Sem segredos, quanto maior a emissão de moeda,
quanto mais o governo conseguir postergar o pagamen-
maior o ônus gerado ao setor privado através da infla-
to dessas despesas, mais a inflação irá correr o valor real
ção e melhor (até certo ponto) para o governo, pela
destas. Ou seja, o governo beneficia-se desta sistemática
possibilidade de adquirir mais bens e serviços. O ter-
quanto mais elevada a inflação e mais distante a ocorrên-
mo “até certo ponto” não foi citado por acaso.
cia do fato gerador das despesas e seu pagamento.
A receita de senhoriagem, como já dito, aumenta no
É simples perceber que se o governo adotar algum sis-
início da emissão de moeda, mas é reduzida após a infla-
ção correr o poder de compra da nova moeda emitida. tema de indexação de suas receitas à inflação e não fizer
Já o imposto inflacionário apresenta comportamento o mesmo com as despesas, o Efeito Patinkin irá superar o
diferente: ele é menor quando a autoridade monetária Efeito Tanzi. Isto é, se o governo proteger o valor real de
inicia as novas emissões de moeda e vai aumentando de suas receitas, mas não fizer o mesmo em relação às des-
tamanho à medida que mais moeda é emitida. pesas, terá resultado positivo com a aceleração da infla-
Logicamente que em um certo ponto a receita de ção (Efeito Patinkin supera o Efeito Tanzi).
senhoriagem e a perda de poder de compra gerada Na existência de Efeito Patinkin o déficit público pre-
na economia (receita do imposto inflacionário) serão visto no orçamento é sempre maior que o déficit público
iguais. A partir deste ponto, o imposto inflacionário é efetivamente registrado, o que acaba beneficiando o setor
mais elevado que a senhoriagem. público, mas prejudicando a economia como um todo,
pois a inflação acaba representando um papel importan-
Efeito Tanzi (ou Oliveira-Tanzi) te no “controle” do déficit público.
Isso ocorreu em demasia no Brasil, sobretudo de mea-
Outra importante relação entre inflação e as finan- dos dos anos 80 até o Plano Real. Como o período apre-
ças públicas, além de muito cobrada em concursos, é sentou elevada inflação, sendo que as receitas públicas
o chamado Efeito Tanzi. eram, em sua maioria, indexadas e as despesas não, o
Grande parte das receitas do setor público é deri- Efeito Patinkin superou o Efeito Tanzi, de modo que o
vada da cobrança de tributos do setor privado. Ocorre déficit orçamentário era superior ao déficit efetivamente
que entre a ocorrência do fato gerador do tributo e registrado.
a efetiva arrecadação dele há um espaço de tempo, a Por isso, a primeira medida do Plano Real foi a de
depender da sistemática do próprio tributo ou do sis- controlar o déficit público orçamentário, de modo que
tema tributário. No Brasil, por exemplo, o pagamento o governo passasse a depender menos da inflação para
do imposto de renda não retido na fonte é feito apenas fechar as contas públicas, o que, por si só, contribuiu no
no exercício seguinte à ocorrência do fato gerador. Ou controle à inflação.
seja, é um tempo considerável.
Bom, agora considere a existência de elevada infla- CRESCIMENTO DAS DESPESAS PÚBLICAS
ção nesta economia. A inflação irá reduzir o poder
de compra da receita tributária e, desta forma, o
Cada país possui estruturas de gastos distintas. Uns
governo irá arrecadar menos em termos reais. Por
participam mais da alocação de bens e serviços na
isso que o Efeito Tanzi considera que a inflação possui
economia, outros direcionam seus esforços na manu-
um efeito adverso à receita tributária, dada a inflação
tenção do bem-estar e qualidade de vida, outros, ain-
e o espaço de tempo entre a ocorrência do fato gera-
da, apenas focam a regulação e o bom ambiente de
dor do tributo e de sua arrecadação. Como não podia
ser diferente, a existência do Efeito Tanzi provoca negócios.
elevação do déficit público. No entanto, nossa análise pode adotar um padrão
Para corrigir este problema, o país pode adotar deveras útil e de fácil entendimento. Os gastos podem
algum sistema de indexação, que corrija o valor de ser decompostos em 4 categorias:
tributo a ser pago de acordo com a inflação, ou até
mesmo melhorar a eficiência do sistema tributário, de z Consumo do governo: as despesas com consumo
modo que reduza o espaço de tempo anteriormente corrente e pagamentos ao fator trabalho (salários
mencionado. e outros rendimentos a servidores públicos);
É claro que elevar a eficiência do sistema tributá- z Investimento do governo: inclui as formas de
rio é algo mais complicado do que tão somente inde- gasto com capital, variação de estoques e deprecia-
xar as receitas tributárias, ainda mais considerando ção, como os investimentos privados;
países com inflação elevada. z Transferências: as transferências de recursos conce-
didas ao setor privado, desde subsídios às empresas
324 até pagamentos de pensões aos aposentados;
z Juros: os juros indicam a remuneração da dívida pública anteriormente tomada cujo valor é expresso através
da taxa de juros multiplicada pelo montante da dívida.
É comum ainda dividir os gastos públicos em correntes (consumo, transferências e juros) e capital (investi-
mentos). Em geral, o primeiro apenas mantém a atividade governamental, enquanto o segundo contribui para
elevar a atuação do setor público ou fornecimentos de bens/serviços.
Sachs e Larrain (2000)13 apresentam uma tabela útil na comparação entre países e como eles direcionam o
gasto público, que segue abaixo adaptada aos nossos fins:
GASTO BENS E
PAÍS ANO SALÁRIOS JUROS TRANSFERÊNCIAS INVESTIMENTOS
TOTAL SERVIÇOS
Estados
1989 100 11,67 18,99 15,2 49,46 5,16
Unidos
Reino
1988 100 13,23 17,4 10,57 53,86 4,93
Unido
Coreia do
1990 100 14,41 24,5 4,14 41,68 15,26
Sul
Em que pese os gastos serem da década de 1980, é interessante notar como cada país distribui suas prioridades.
Enquanto países desenvolvidos europeus priorizam transferências ao setor privado, os países latino-americanos
gastam demais com o pagamento de juros da dívida pública. Nosso Brasil está em negrito por motivos óbvios.
Ao final da década de 80, enquanto gastávamos apenas 3,74% das despesas em investimentos, a Coreia do Sul
destinava 15,26% na mesma linha de gasto.
À medida que cresce o nível de renda em países industrializados, o setor público cresce sempre a taxas mais eleva-
das, de tal forma que a participação relativa do governo na economia cresce com o próprio ritmo de crescimento
econômico do país.14
Para os demais, o crescimento dos gastos públicos estava relacionado ao estágio de desenvolvimento econô-
mico que o país se encontra, os quais exigem um nível de relacionamento do Estado com a economia e podem ser
resumidos da maneira que segue.
No estágio inicial de desenvolvimento, a necessidade de presença do Estado é elevada, sobretudo para viabili-
zar investimentos públicos, fato que eleva em demasia os gastos públicos.
Após este estágio, do Estado são exigidos gastos para manutenção das atividades governamentais e comple-
mentação do setor privado.
O gráfico não exige muita explicação. A DBGG saiu de níveis próximos a 50% do PIB em novembro de 2011
para 70% em meados de 2016. As causas também são de notório conhecimento: elevado déficit primário e baixo
crescimento do PIB entre 2011 até 2014 e redução do PIB após este período.
A Dívida Líquida do Governo Geral é o balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal (inclu-
sive INSS), estaduais e municipais. A diferença entre os dois conceitos (Dívida Bruta e Líquida do Governo Geral)
é dada pelos Créditos do Governo Geral, o saldo dos Títulos livres na Carteira do BCB e o saldo de equalização
cambial (resultado financeiro das operações com reservas cambiais e das operações com derivativos cambiais).
Em dezembro de 2015, a Dívida Líquida totalizava R$ 2.272,2 bilhões, equivalentes a 38,5% do PIB. Em junho
de 2016, a Dívida Líquida totalizava R$ 2.627,1 bilhões, equivalentes a 43,6% do PIB.
15 BANCO CENTRAL DO BRASIL. Manual de Estatísticas Fiscais — Março 2018. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/ftp/infecon/Estatisticasfis-
cais.pdf. Acesso em: 26 dez. 2022. 327
Por sua vez, os Créditos do Governo Geral incluem ativos com diferentes graus de liquidez. Entre os ativos
líquidos, destacam-se os impostos governamentais já́ coletados pela rede bancária e ainda não transferidos e os
depósitos do Tesouro Nacional no BCB (Conta Única). Entre os ativos com menor grau de liquidez, incluem-se
créditos concedidos a instituições financeiras federais, recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e
aplicações em fundos e programas.
A tabela abaixo apresenta estes créditos para os anos de 2014 e 2015:
2014 % DO 2015
% DO PIB
R$ BILHÕES PIB R$ BILHÕES
Fonte: BCB.
Continuando, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) consolida o endividamento líquido do setor público
não financeiro e do BCB junto ao setor privado (títulos públicos), ao setor financeiro e ao resto do mundo.
É o conceito mais amplo de dívida, pois inclui os governos federal, estaduais e municipais, o BCB, a Previdência
Social e as empresas estatais.
Em dezembro de 2015, a DLSP totalizava R$ 2.136,9 bilhões (36,2% do PIB). A Dívida Líquida do Governo Geral
atingiu R$ 2.272,2 bilhões (38,5% do PIB), a Dívida Líquida do BCB foi negativa (créditos líquidos) em R$ 187,6
bilhões (–3,2% do PIB) e a Dívida Líquida das Empresas Estatais correspondeu a R$ 52,3 bilhões (0,9% do PIB).
Em junho de 2016, a DLSP totalizava R$ 2.529,7 bilhões (42,0% do PIB). A Dívida Líquida do Governo Geral atin-
giu R$ 2.627,1 bilhões (43,6% do PIB), a Dívida Líquida do BCB foi negativa (créditos líquidos) em R$ 152,1 bilhões
(–2,5% do PIB) e a Dívida Líquida das Empresas Estatais correspondeu a R$ 54,7 bilhões (0,9% do PIB).
A série histórica da relação DLSP/PIB iniciou-se em dezembro de 2001 e atingiu seu valor mais alto em setem-
bro de 2002 (62,4%), mantendo-se em trajetória declinante até 2013. Em 2014, quando foi registrado déficit primá-
rio — o primeiro da série histórica anual iniciada em 2002 — e a relação DLSP/PIB elevou-se em relação ao ano
anterior, movimento mantido no ano seguinte. Em junho de 2016, a relação DLSP/PIB alcançou 42,0%. O gráfico
abaixo denota este comportamento:
328
Por fim, vamos analisar a Dívida Fiscal Líquida (DFL), que é a medida considerada no cômputo das necessi-
dades de financiamento do setor público, como visto anteriormente.
A Dívida Fiscal Líquida é auferida a partir dos dados de DLSP, excluindo os efeitos de ajustes metodológicos e
patrimoniais. Esses ajustes são efetuados para retirar dos fluxos correntes valores que não representam esforço
fiscal despendido durante o período em análise e que não podem ser considerados no cálculo das necessidades
de financiamento do setor público.
O ajuste metodológico representa a variação da dívida decorrente do impacto da variação da taxa de câmbio
sobre a dívida externa líquida e sobre a parcela da dívida interna indexada ao câmbio.
Já os ajustes patrimoniais englobam o reconhecimento de dívidas do setor público geradas no passado (“esque-
letos’) e que já́ produziram impacto macroeconômico. Como esses passivos representam déficits já́ ocorridos, seu
reconhecimento não traz impacto no cálculo de necessidades de financiamento do período, mas passam a inte-
grar o saldo da dívida líquida total, impactando o estoque e o serviço da dívida.
De forma análoga também são excluídos do cômputo da dívida fiscal líquida os efeitos do processo de privati-
zação de empresas (receitas de venda e transferências de dívidas para o setor privado).
Na tabela abaixo podemos confirmar que, em dezembro de 2015, o saldo da Dívida Fiscal Líquida alcançou R$
2.556 bilhões, equivalentes a 43,3% do PIB. Em junho de 2016, o mesmo saldo atingiu R$ 2.753 bilhões, equivalen-
2014 2015
% DO PIB % DO PIB
R$ BILHÕES R$ BILHÕES
Fonte: BCB
341
Fonte: site do Banco Central.
No Brasil, qualquer IMF, para funcionar, está sujeita à autorização e à supervisão do Banco Central.
Na função de supervisão, cabe ao Banco Central assegurar que as IMF em operação no Brasil sejam adminis-
tradas consistentemente com os objetivos de interesse público, mantendo a estabilidade financeira e reduzin-
do o risco sistêmico.
Cabe, ainda, ao Bacen, seguindo diretrizes dadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o papel de regu-
lador, juntamente com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nas suas respectivas esferas de competência.
Como regulador, portanto, o Banco Central atua no sentido de converter as políticas estabelecidas em regras a
serem aplicadas pelas IMF.
Além disso, ele busca adequar as normas brasileiras, quando relevante, ao que recomendam os organismos
internacionais, como é o caso do Comitê de Pagamentos e Infraestruturas do Mercado do Banco de Compensações
Internacionais (CPMI/BIS) e do Comitê Técnico da Organização Internacional de Comissões de Valores (TC/IOSCO).
GESTÃO E OPERAÇÃO
Além da supervisão e da regulação, o Banco Central também atua como provedor de serviços de liquidação.
Nesse papel, o Banco Central é o responsável pela gestão e operação das seguintes IMF:
O STR e o SPI são sistemas de pagamento (transferências de fundos). O Selic é um sistema de liquidação de
ativos e um depositário central que opera a maioria dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, além de
ser o responsável pelo eventual registro de ônus e gravames sobre tais títulos.
Neste momento, vamos falar sobre o STR e o SPI.
O Sistema de Transferência de Reservas (STR) é o coração do Sistema de Pagamentos Brasileiro, pois é onde
ocorre a liquidação final de todas as obrigações financeiras no Brasil.
A transferência de fundos no STR é irrevogável, isto é, só é possível “desfazer” uma transação por meio de
outra transação no sentido contrário. Além disso, para garantir a solidez do sistema, no STR não há possibilidade
342 de lançamentos a descoberto. Ou seja, não se admite saldo negativo.
O STR é um sistema que faz Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), ou seja, as operações são liquidadas
uma a uma por seus valores brutos em tempo real.
O Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) é a infraestrutura centralizada e única para liquidação de paga-
mentos instantâneos entre instituições distintas no Brasil.
“Pagamentos instantâneos” te lembra alguma coisa? Sim! O SPI é a infraestrutura de liquidação financeira do
Pix.
A operação do SPI, gerida pelo Banco Central, teve início em novembro de 2020.
O SPI é um sistema que faz Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), ou seja, que processa e liquida transação
por transação. Uma vez liquidadas, as transações são irrevogáveis.
Os pagamentos instantâneos são liquidados com lançamentos nas contas de propósito específico que as insti-
tuições que são participantes diretos do sistema mantêm no Bacen, denominadas Contas Pagamento Instantâneo
(Contas PI). Para garantir a solidez do sistema, não há possibilidade de lançamentos a descoberto, isso é, não se
admite saldo negativo nas Contas PI.
Existem duas modalidades de participação na infraestrutura de liquidação do SPI:
z participantes diretos, aqueles que farão a liquidação das transações diretamente no SPI;
z participantes indiretos, cujas transações serão liquidadas por intermédio de um participante direto ou liqui-
dante especial.
Bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas que sejam participantes do
Pix deverão, obrigatoriamente, ser participantes diretos do SPI. As demais instituições autorizadas a funcionar
pelo Banco Central que sejam participantes do Pix podem optar por serem participantes diretos ou indiretos do
SPI.
As instituições de pagamento sem autorização de funcionamento do Banco Central (aquelas para as quais não
há essa exigência) e que sejam participantes do Pix devem, necessariamente, ser participantes indiretos do SPI.
343
Formas de acesso ao SPI
O crescimento no afluxo de capitais externos para o Brasil contribuiu para o acúmulo de grandes reservas em dóla-
res, que atingiram cerca de US$ 300 bilhões. Para júbilo do governo a dívida externa caiu e o Brasil passou de deve-
dor do FMI a seu credor, invertendo uma situação humilhante vivida por governos anteriores. (Motta, 2018, p. 424)
A inflação, que começou a declinar a partir do segundo semestre de 2003, já estava abaixo dos 4% em 2006.
Simultaneamente à redução da inflação, a taxa de juros também diminuía, e o país experimentava crescimento
econômico. O motor econômico brasileiro nesse período foi o comércio exterior. Entre 2000 e 2004, as exportações
saltaram de UR$ 60 bilhões para UR$ 100 bilhões (Fausto, 2019).
Além das políticas econômicas, as exportações foram favorecidas pela expansão da economia mundial e pelo
aumento nos preços das commodities agrícolas e minerais, impulsionados principalmente pelo rápido crescimen-
to da China. Entre os anos de 2004 e 2008, as exportações brasileiras passavam de US$ 100 bilhões para US$ 200
bilhões anuais (Fausto, 2019).
Gradualmente, o consumo interno se tornou o principal impulsionador da economia brasileira. Essa tendên-
cia foi estimulada por políticas que elevaram os salários mínimos acima da inflação, expandiram programas de
transferência direta de renda para as famílias mais pobres, facilitaram o acesso ao crédito e promoveram um
rápido crescimento na criação de empregos formais. A partir de 2004, observou-se um crescimento líquido de
mais de 1,5 milhão de postos de trabalho, interrompido apenas em 2009 devido à crise global. Em resumo, ao
longo de dois mandatos, foram criados mais de 10 milhões de empregos formais, superando mais da metade da
taxa de desemprego (Fausto, 2019).
344
O segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva expansão do PIB diminuiu significativamente, passan-
foi caracterizado como a fase áurea de seu governo, do de 4% em 2011 para 0,5% em 2014, indicando um
marcada por uma liderança consolidada, reconheci- cenário menos otimista. Além disso, a contínua redu-
mento internacional e resultados econômicos e sociais ção da atividade industrial, a intensificação da concor-
notáveis. Durante esse período, a estabilidade política, rência internacional e a sobrevalorização da moeda
a resposta eficaz à crise econômica global de 2008 e brasileira contribuíram para os desafios econômicos
uma política externa ativa contribuíram para conso- enfrentados durante esse período (Motta, 2018).
lidar a imagem do Brasil como uma potência emer- O aumento persistente da inflação exigiu medi-
gente. Além disso, a implementação bem-sucedida de das como a manutenção de taxas de juros elevadas e
políticas distributivistas e os investimentos significa- a restrição de crédito, impactando negativamente a
tivos em educação foram evidentes, destacando-se expansão do PIB. As tentativas de compensar as difi-
também o lançamento do Programa de Aceleração do culdades no setor industrial por meio da ampliação da
Crescimento (PAC) em 2007 (Motta, 2018). política de renúncia fiscal, iniciada no governo Lula,
A abordagem heterodoxa do governo para enfren- não geraram resultados positivos, uma vez que a forte
tar a crise de 2008, por meio da adoção de medidas perda de receitas do governo não foi equilibrada pelo
anticíclicas, demonstrou eficácia a curto prazo, resul- aumento dos investimentos nas empresas beneficia-
tando na retomada do crescimento econômico e em das (Motta, 2018).
uma taxa de expansão do produto interno bruto (PIB) Apesar das flutuações em sua política econômi-
de 7,5% em 2010. A política externa independente, ca, o governo Rousseff permaneceu fiel à orientação
com ênfase na América Latina e no fortalecimento de geral do período Lula. Houve melhorias nos indicado-
laços com países emergentes, foi marcante. A criação res sociais, como a redução do percentual de pobreza,
do grupo BRICS, a recusa à Área de Livre Comércio que passou de 14% para 12% da população total brasi-
das Américas (Alca) e a liderança nas negociações leira entre 2010 e 2012, conforme dados do Ministério
comerciais com países desenvolvidos evidenciaram a da Fazenda. Mesmo em meio ao baixo crescimento
assertividade diplomática (Motta, 2018). econômico, a taxa de desemprego continuou a dimi-
Não obstante, o governo Lula buscou aprimorar nuir, atingindo 5,5% em 2012 (Motta, 2018).
relações com os Estados Unidos, evitando confrontos Porém, em junho de 2013, começaram a surgir
significativos. A popularidade de Lula ao final de seu sinais de insatisfação, desencadeando uma série de
mandato foi impulsionada pelos sucessos econômi- protestos nas ruas. Inicialmente focalizados nos gas-
cos, com um crescimento médio anual do PIB de 4%, a tos públicos com eventos esportivos, como a Copa das
redução expressiva na taxa de desemprego e a expan- Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014, os
são de programas sociais. Essa popularidade, refletida protestos evoluíram para uma manifestação generali-
em um índice de aprovação de 87%, contribuiu para a zada contra a máquina pública, denunciando a quali-
eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff (Motta, 2018). dade precária dos transportes e da educação pública,
O último ano do mandato do então presidente Lula além de criticar a corrupção. Essa insatisfação, com-
foi em 2010. Nesse ano, o Brasil registrou um crescimen- binada com a desaceleração econômica, intensificou
to econômico superior a 7% e gerou mais de três milhões a disputa nas eleições de 2014, tornando-as mais acir-
de empregos formais. No entanto, um desafio significa- radas (Motta, 2018).
z Função alocativa: alocação de recursos pelo Esta- Essa técnica produz um orçamento público restri-
do para oferecer diretamente os bens e serviços to à previsão da receita e à autorização de despesas.
públicos, como segurança, educação, saúde, entre Por meio do orçamento tradicional ou clássico, não
outros, ou criação de condições favoráveis para existe uma preocupação em atender às necessidades
a oferta de tais bens e serviços. Por exemplo: no da coletividade, não sendo estabelecidos os objetivos
caso dos grandes investimentos em infraestrutura econômicos e sociais que motivaram sua elaboração.
(de portos, aeroportos, rodovias), o governo pode A doutrina afirma que se trata de uma mera peça
participar como parceiro do ente privado (lem- contábil e financeira, exatamente porque não bus-
bra-se das PPPs?). A função alocativa pode ocorrer ca um planejamento de médio ou longo prazo, mas
também quando o Estado intervém para quebrar apenas a cobertura dos gastos, sendo este o seu foco
monopólios e oligopólios e minimizar ou eliminar primordial.
o efeito de externalidades; Nesse modelo de orçamento, há uma preocupação
z Função distributiva: o principal objetivo desta com o controle contábil do gasto por meio do excessi-
função é promover uma sociedade menos desi- vo detalhamento da despesa.
Além disso, há uma outra característica interes-
SISTEMA DE ORÇAMENTAÇÃO
Importante! A Constituição Federal fixou uma organização
O incremento citado no orçamento tradicional ou geral para o processo orçamentário baseada em uma
clássico acompanhou todas as espécies orçamen- hierarquia de três leis ordinárias: a Lei do Plano Plu-
tárias, exceto o orçamento base-zero. Para relem- rianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
brar, por meio da técnica incremental se utiliza o e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
valor gasto no exercício anterior para que seja rea- Seguem os incisos, do art. 165, da Constituição
Federal, no sentido do que se expôs:
lizado o planejamento do novo exercício, com ajus-
tes marginais no curso da execução do orçamento. Art. 165 Leis de iniciativa do Poder Executivo
estabelecerão:
I - o plano plurianual;
Orçamento-Programa II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
Trata-se de espécie orçamentária baseada em
planejamento de médio e longo prazos, enfatizando Plano Plurianual
os objetivos e o alcance de determinados resultados
pretendidos. O PPA é o instrumento mais abrangente de todos
Desse modo, por exemplo, os recursos financeiros eles, com duração de quatro anos, e tem como função
são utilizados para reduzir o analfabetismo ou para principal fixar diretrizes, objetivos e metas para as des-
melhorar os índices de mortalidade infantil ou de vio- pesas de capital (ou seja, os investimentos públicos) e
lência urbana, tudo por meio da melhor alocação dos para as despesas de duração continuada (aquelas que
gastos públicos. perduram por dois exercícios financeiros ou mais).
Essa espécie orçamentária foi introduzida nos O conceito do PPA é fornecido pelo § 1º, art. 165, da
EUA, no final da década de 1950 do século XX, sob a Constituição Federal:
denominação de PPBS (Planning, Programming, Bud- Art. 165 [...]
geting System — ou Sistema de Planejamento, Progra- § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabele-
mação e Orçamentação). cerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objeti-
No Brasil, ele começou a ser utilizado por força da vos e metas da administração pública federal para
Lei nº 4.320, de 1964, e do Decreto-Lei (DL) nº 200, de as despesas de capital e outras delas decorrentes
1967, que estabelecem em seus dispositivos a utiliza- e para as relativas aos programas de duração
ção do orçamento-programa. continuada.
Art. 2º (Lei nº 4.320, de 1964) A Lei do Orçamen- Sua duração é de quatro anos, porém não coinci-
to conterá a discriminação da receita e despesa de de com os quatro anos de mandato. Assim, o primeiro
forma a evidenciar a política econômica finan- ano de mandato será o último do PPA. Por exemplo, o
ceira e o programa de trabalho do Governo, governante federal eleito em 2022 toma possa e tem o
obedecidos os princípios de unidade universalidade primeiro ano de mandato em 2023, porém ainda está
e anualidade. atrelado ao PPA 2020/2023, e assim será com todos os
mandatários eleitos.
Art. 16 (DL nº 200, de 1967) Em cada ano, será O Manual Técnico de Orçamento considera o PPA
elaborado um orçamento-programa, que porme- como planejamento de médio prazo, tendo em vista
norizará a etapa do programa plurianual a ser rea- sua vigência por quatro anos.
lizada no exercício seguinte e que servirá de roteiro Além disso, determina o § 4º, do art. 165, do Tex-
à execução coordenada do programa anual. to Constitucional, que os planos de desenvolvimen-
to deverão ser elaborados de acordo com a previsão
Desse modo, o orçamento passou a ser um ins- do PPA. Por exemplo, o Plano Nacional de Educação
trumento de operacionalização das ações governa- deverá estar em consonância com o PPA vigente.
mentais, relacionando-se com os planos e diretrizes
358 formuladas no planejamento.
Art. 165 [...] estabelecidas metas anuais, em valores correntes
§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e constantes, relativas a receitas, despesas, resul-
e setoriais previstos nesta Constituição serão ela- tados nominal e primário e montante da dívida
borados em consonância com o plano plurianual e pública, para o exercício a que se referirem e para
apreciados pelo Congresso Nacional. os dois seguintes.
A redução das desigualdades sociais é função dos orçamentos fiscal e de investimento das empresas:
O § 3º determina a publicação da execução orçamentária, por parte do Poder Executivo, porém referente a
todos os demais Poderes, ao ministério público e à defensoria pública.
PROCESSO DE ORÇAMENTAÇÃO
Trata-se do processo por meio do qual o orçamento será elaborado, votado, executado e avaliado, compondo
as quatro fases do que se denomina ciclo orçamentário.
Elaboração
Cabe ao chefe do Executivo enviar projeto de lei orçamentária ao Legislativo, conforme previsto no caput, do
art. 165, que diz que “Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: o plano plurianual, as diretrizes orçamen-
tárias e os orçamentos anuais”.
Existem prazos para que esses respectivos projetos sejam encaminhados ao Legislativo e, após, devolvidos ao
Executivo para sanção — aspecto constante no § 2º, art. 35, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
Art. 35 [...]
§ 2º [...]
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial
subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvi-
do para sanção até o encerramento da sessão legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;
III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.
Por sua vez, a sessão legislativa é prevista no art. 57, da Constituição Federal — de 2 de fevereiro até 22 de
dezembro.
A sessão é dividida em dois períodos legislativos. O primeiro período é de 2 de fevereiro até 17 de julho; e o
segundo, de 1º de agosto até 22 de dezembro.
Art. 57 (CF, de 1988) O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
[...]
De uma forma mais organizada para se compreender os prazos de envio e devolução dos instrumentos de
planejamento, veja a tabela a seguir:
Atenção! Observe o art. 32, da Lei nº 4.320, de 1965, e o item 1, do art. 10, da Lei nº 1.079, de 1950:
Art. 32 [...] Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos
Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.
360
Art. 10 São crimes de responsabilidade contra a lei GESTÃO DA QUALIDADE E MODELO DE EXCELÊNCIA
orçamentária: GERENCIAL: MODELO DA FUNDAÇÃO NACIONAL
1) Não apresentar ao Congresso Nacional a propos- DA QUALIDADE; MODELO DE GESPÚBLICA
ta do orçamento da República dentro dos primeiros
dois meses de cada sessão legislativa. Nas últimas décadas, a qualidade tornou-se um
[...] requisito essencial para as sociedades que disputam
no mercado cada vez mais competitivo.
A busca pela qualidade é fundada no cliente (usuá-
Importante! rio) como destinatário final do produto ou serviço.
Caso o orçamento do ano subsequente não Dessa forma, a procura é sempre intensa no sentido
de desenvolver algo que atenda às necessidades desse
seja aprovado no prazo legal, a programação
referido cliente. Assim, o melhor atendimento é sem-
orçamentária do projeto de lei orçamentária
pre aquele que tenha a maior qualidade.
pendente de aprovação poderá ser executada
A gestão da qualidade compreende ações execu-
mensalmente até o limite de 1/12 do total de tadas nas organizações visando à melhoria da quali-
cada dotação, até que seja promulgada a respec- dade dos produtos e serviços e, consequentemente, à
tiva lei orçamentária. satisfação das exigências do consumidor.
Assim, a busca pela qualidade envolve toda uma
descentralização e um processo definido, com a par-
Votação
ticipação de todos os integrantes da organização.
Deverá existir uma reorientação gerencial, que é,
A votação dos projetos no Congresso Nacional basicamente, focada no trabalho em equipe, na busca
seguirá, inicialmente, uma comissão mista perma- de dados e na diminuição de falhas, tudo orientado
nente, que também é chamada comissão mista de para a satisfação do usuário.
orçamento. A Fundação Nacional da Qualidade é a entida-
É mista porque se compõe de deputados e de sena- de responsável pelo Modelo de Excelência e Ges-
dores, não apenas de um deles. tão (MEG), que traz a metodologia para busca da
Após a aprovação na comissão mista permanen- qualidade.
te, o projeto segue para votação em plenário. Neste O novo Modelo de Excelência da Gestão está na 21ª
ponto, é importante frisar que o Congresso Nacional edição (MEG21), no sentido de estimular e apoiar as
é composto por duas casas legislativas (Câmara dos organizações no desenvolvimento e na evolução de
Deputados e Senado Federal). No entanto, para vota- sua gestão pela qualidade.
ção do orçamento, o Congresso funcionará como se Trata-se de modelo referencial adotado pelas orga-
fosse apenas uma única casa, de maneira unicameral, nizações, concentrado no planejamento, na realização
unindo deputados e senadores num único plenário, de atividades que geram valor, na medição dos resul-
na forma do regimento comum, conforme o art. 166, tados e na busca de melhorias, tanto corretivas quan-
do Texto Constitucional. to preventivas. A rigor, significa planejar, executar,
Após a aprovação, o projeto segue para sanção do verificar e aprender.
Diferença entre as receitas e as despesas do governo, excluindo os juros da dívida pública. O resultado primá-
rio pode ser superavitário (quando as receitas são maiores que as despesas) ou deficitário (quando as receitas são
menores que as despesas).
A LRF estabelece metas anuais de resultado primário para o governo federal, os estados, o Distrito Federal e os
municípios, que devem ser cumpridas para garantir a solvência das contas públicas.
Resultado Nominal
É o resultado primário acrescido dos juros da dívida pública. O resultado nominal pode ser superavitário
(quando o resultado primário é maior que os juros) ou deficitário (quando o resultado primário é menor que os
juros).
O resultado nominal afeta o estoque da dívida pública, que é o total de obrigações financeiras do governo.
A LRF determina que o governo federal deve divulgar mensalmente o resultado nominal e o estoque da dívida
pública.
Regra de Ouro
Norma constitucional que proíbe o governo de contrair dívidas para financiar despesas correntes, como salá-
rios, aposentadorias, benefícios sociais, entre outras. A regra de ouro visa evitar o endividamento excessivo do
governo e preservar a capacidade de investimento em obras e serviços públicos. Ela só pode ser excepcionalmen-
te descumprida mediante a autorização do Congresso Nacional, que deve aprovar um crédito suplementar ou
especial.
Teto de Gastos
Norma constitucional que limita o crescimento das despesas primárias do governo federal à variação da infla-
ção do ano anterior. Visa conter o aumento dos gastos públicos e contribuir para o equilíbrio fiscal e a redução
da dívida pública.
O teto de gastos foi instituído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016, e tem validade de 20 anos, podendo
ser revisto a partir do décimo ano.
REFERÊNCIAS
362 Em suma, a LRF apoia-se em quatro pilares: planejamento, transparência, controle e responsabilização.
Destaca-se que essa norma se aplica em todas as
esferas e poderes, ou seja, é aplicável à União, aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios, abran-
gendo os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Responsabilização
Não ter crédito orçamentário com finalidade impreci-
Transparência
Planejamento
Controle
Não fazer investimento que não conste no Plano
Plurianual
z Na União: dos valores transferidos aos estados e Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que
municípios por determinação constitucional ou a realização da receita poderá não comportar o
legal, das contribuições do empregador, do tra- cumprimento das metas de resultado primário ou
balhador e dos demais segurados da previdência nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais,
os Poderes e o Ministério Público promoverão, por
social, e das contribuições do PIS/PASEP;
ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta
z Nos estados: as parcelas entregues aos municípios
dias subseqüentes, limitação de empenho e movi-
por determinação constitucional; mentação financeira, segundo os critérios fixados
z Na União, nos estados e nos municípios: a contri- pela lei de diretrizes orçamentárias.
buição dos servidores para o custeio do seu siste- § 1º No caso de restabelecimento da receita previs-
ma de previdência e assistência social e as receitas ta, ainda que parcial, a recomposição das dotações
provenientes da compensação financeira devida cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma
entre as receitas de contribuição referentes aos proporcional às reduções efetivadas.
militares e as receitas de contribuição aos demais § 2º Não serão objeto de limitação as despesas que
366 regimes. constituam obrigações constitucionais e legais do
ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento E como a receita pública é essencial para o desen-
do serviço da dívida, as relativas à inovação e ao volvimento das atividades estatais, o art. 11, da LRF,
desenvolvimento científico e tecnológico custeadas prevê que
por fundo criado para tal finalidade e as ressalva-
das pela lei de diretrizes orçamentárias. [...] constituem requisitos essenciais da responsa-
§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário bilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e
e o Ministério Público não promoverem a limitação efetiva arrecadação de todos os tributos da com-
no prazo estabelecido no caput, é o Poder Execu- petência constitucional do ente da Federação.
tivo autorizado a limitar os valores financeiros
segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes
Quanto aos impostos, é vedada a realização de
orçamentárias.
§ 4º Até o final dos meses de maio, setembro e feve-
transferências voluntárias para o ente federativo
reiro, o Ministro ou Secretário de Estado da Fazen- que não observe o disposto no caput, art. 11, da LFR,
da demonstrará e avaliará o cumprimento das exceto aquelas relativas às ações de educação, saúde
metas fiscais de cada quadrimestre e a trajetória e assistência social. Vejamos a íntegra do dispositivo:
da dívida, em audiência pública na comissão refe-
rida no § 1º do art. 166 da Constituição Federal ou Art. 11 Constituem requisitos essenciais da respon-
conjunta com as comissões temáticas do Congres- sabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e
so Nacional ou equivalente nas Casas Legislativas efetiva arrecadação de todos os tributos da compe-
estaduais e municipais. (Redação dada pela Lei tência constitucional do ente da Federação.
Complementar nº 200, de 2023) Parágrafo único. É vedada a realização de transfe-
§ 5º No prazo de noventa dias após o encerramento rências voluntárias para o ente que não observe o
de cada semestre, o Banco Central do Brasil apre- disposto no caput, no que se refere aos impostos.
sentará, em reunião conjunta das comissões temá-
ticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação O art. 11, da LFR, foi objeto de muita discussão,
do cumprimento dos objetivos e metas das políti- sendo alvo de diversas Ações Diretas de Inconstitu-
cas monetária, creditícia e cambial, evidenciando cionalidade no Supremo Tribunal Federal, uma vez
o impacto e o custo fiscal de suas operações e os que a competência tributária é facultativa nos termos
resultados demonstrados nos balanços.
da Constituição Federal (§ 5º, art. 153; arts. 157 a 159)
Art. 10 A execução orçamentária e financeira iden-
e o art. 11, da LRF, traz uma determinação expressa
tificará os beneficiários de pagamento de sentenças
judiciais, por meio de sistema de contabilidade e
para a criação de tributos, tendo por base a respon-
administração financeira, para fins de observância sabilidade fiscal, o que afronta a competência consti-
da ordem cronológica determinada no art. 100 da tucional para a instituição de tributos. Assim, para a
Constituição. prova, lembre-se de que o repasse das receitas obri-
gatórias, previsto na Constituição Federal, não pode
Há um mecanismo de controle fiscal em que, se ao ser atingido por este dispositivo; somente aos entes
final de um bimestre, a receita prevista não compor- que não utilizem os recursos para a saúde ou tenham
tar as metas fiscais, os poderes e o ministério público dívidas com o ente e/ou suas autarquias podem ter
devem promover, em até 30 dias, limitação de empe- vedado o direito ao repasse das receitas obrigatórias
Art. 17 Considera-se obrigatória de caráter conti- Art. 18 Para os efeitos desta Lei Complementar,
nuado a despesa corrente derivada de lei, medida entende-se como despesa total com pessoal: o
provisória ou ato administrativo normativo que somatório dos gastos do ente da Federação com
fixem para o ente a obrigação legal de sua execução os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos
por um período superior a dois exercícios. a mandatos eletivos, cargos, funções ou empre-
§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa gos, civis, militares e de membros de Poder, com
de que trata o caput deverão ser instruídos com a quaisquer espécies remuneratórias, tais como ven-
estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demons- cimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios,
trar a origem dos recursos para seu custeio. proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será inclusive adicionais, gratificações, horas extras
acompanhado de comprovação de que a despe- e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem
sa criada ou aumentada não afetará as metas de como encargos sociais e contribuições recolhidas
resultados fiscais previstas no anexo referido no § pelo ente às entidades de previdência.
1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos § 1º Os valores dos contratos de terceirização de
períodos seguintes, ser compensados pelo aumento mão-de-obra que se referem à substituição de servi-
permanente de receita ou pela redução permanente dores e empregados públicos serão contabilizados
de despesa. como “Outras Despesas de Pessoal”.
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada
§ 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento per-
somando-se a realizada no mês em referência com
manente de receita o proveniente da elevação de
as dos 11 (onze) imediatamente anteriores, adotan-
alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração
do-se o regime de competência, independentemente
ou criação de tributo ou contribuição.
de empenho.
§ 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada
§ 3º Para a apuração da despesa total com pessoal,
pelo proponente, conterá as premissas e metodo-
será observada a remuneração bruta do servidor,
logia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exa-
sem qualquer dedução ou retenção, ressalvada a
me de compatibilidade da despesa com as demais
redução para atendimento ao disposto no art. 37,
normas do plano plurianual e da lei de diretrizes inciso XI, da Constituição Federal.
orçamentárias.
§ 5º A despesa de que trata este artigo não será exe-
Resumindo, segundo a LRF, todo e qualquer gas-
cutada antes da implementação das medidas referi-
to dessa natureza deve ser considerado despesa com
das no § 2º, as quais integrarão o instrumento que
a criar ou aumentar.
pessoal.
§ 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas Assim, será considerada despesa total com pessoal
destinadas ao serviço da dívida nem ao reajusta- os gastos com ativos, inativos, pensionistas e mem-
mento de remuneração de pessoal de que trata o bros de poder, incluindo diversas remunerações e
inciso X do art. 37 da Constituição. vantagens, além de encargos sociais e contribuições
§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorroga- previdenciárias.
ção daquela criada por prazo determinado. Contratos de terceirização relacionados à substitui-
ção de servidores são contabilizados separadamente.
Vimos que enquanto o art. 16 irá estipular que o A apuração é mensal, somando os últimos 12
aumento de despesa deve ser acompanhado de estima- meses, e a remuneração bruta do servidor é consi-
tiva de impacto, declaração de adequação orçamen- derada, sem deduções, respeitando o disposto na
tária e financeira, ressalvando despesas irrelevantes, Constituição.
o art. 17 define como obrigatórias, de caráter conti-
nuado, as despesas derivadas de leis que estabeleçam
execução por mais de dois exercícios, com requisitos Importante!
rigorosos para sua criação ou aumento. As bancas examinadoras adoram formular ques-
As despesas que não atenderem aos requisitos dos tões acerca do § 1º, art. 18, da LRF. Não caia na
arts. 16 e 17 serão classificadas como não autorizadas, “pegadinha”!
irregulares e lesivas ao patrimônio público. Contratos de terceirização de mão de obra que
se referem à substituição de servidores e empre-
DESPESAS COM PESSOAL gados públicos serão contabilizados como
“Outras Despesas de Pessoal” e não como “Des-
O controle das despesas com pessoal é de suma pesas com Pessoal”.
importância para o equilíbrio das contas governa-
mentais, tendo em vista que se trata de uma despesa
recorrente e que afeta, atualmente, grande parcela do Outro ponto que é muito cobrado pelas bancas exa-
orçamento público dos entes. Segundo Paludo (2020, minadoras é como a despesa total com pessoal é con-
p. 412), é natural que se considere este um tema a ser tabilizada. Atenção! O artigo sofreu alteração recente
tratado com atenção, uma vez que as despesas com em razão da Lei Complementar nº 178, de 2021.
pessoal disputam com a dívida pública o posto de item
de despesa de maior dispêndio no setor público, mas Limites na Despesa com Pessoal
com um agravante: embora maior, a dívida pode ser
reduzida ou mesmo paga, enquanto as despesas com Segundo o art. 169, da CF, “A despesa com pessoal
pessoal perduram durante toda a vida do servidor e ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do
continuam com os servidores aposentados. Distrito Federal e dos Municípios não pode exceder os
370 limites estabelecidos em lei complementar”.
O art. 19, da LRF, regulamenta a previsão constitucional acima ao determinar que a despesa total com pessoal
de cada ente da Federação, em cada período de apuração, não poderá exceder os seguintes percentuais da receita
corrente líquida:
UNIÃO 50%
ESTADOS 60%
MUNICÍPIOS 60%
Art. 19 Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período
de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir
discriminados:
I - União: 50% (cinqüenta por cento);
II - Estados: 60% (sessenta por cento);
III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
[…]
Além dos limites globais de despesa total com pessoal, o art. 20, da LRF, define outros limites por poder. Veja-
mos a íntegra do dispositivo:
Art. 20 A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:
I - na esfera federal:
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para
as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da
Emenda Constitucional nº 19, repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes
dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente
anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;
II - na esfera estadual:
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;
III - na esfera municipal:
São estabelecidos limites para despesas com pessoal com o intuito de garantir a responsabilidade fiscal nos
diferentes níveis de governo. Entre estes limites estão: 50% da receita corrente líquida para União, 60% para os
estados e 60% para os municípios.
Dentro desses limites, o legislador detalhou a repartição entre os poderes, o Judiciário, o ministério público e
o Legislativo, assegurando uma distribuição proporcional e transparente. 371
Para facilitar seu estudo, vejamos a disposição da tabela a seguir:
Judiciário 6% 6% 6% –
Há algumas situações em que atos que resultem em aumento de despesas com pessoal são considerados nulos
de pleno direito. Isso inclui a não observância das exigências desta lei complementar, o limite legal aplicado às
despesas com pessoal inativo e algumas restrições temporais.
Além dos limites dispostos no capítulo anterior, a LRF ainda impõe a observância de dois outros limites pelos
entes federativos:
z Limite de alerta: de acordo com o inciso II, § 1º, art. 59, da LRF, os Tribunais de Contas devem fiscalizar o
cumprimento da LRF e devem alertar os poderes ou órgãos fiscalizados quando constatarem que os montantes
da despesa total com pessoal se encontram acima de 90% do limite disposto no capítulo anterior;
z Limite prudencial: conforme o parágrafo único, art. 22, da LRF, se a despesa total com pessoal exceder a 95%
do limite disposto no capítulo anterior, são vedados ao poder ou ao órgão que houver incorrido no excesso:
Art. 22 A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada
quadrimestre.
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao
Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados
de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da
Constituição;
II - criação de cargo, emprego ou função;
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição
decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição e as situações
372 previstas na lei de diretrizes orçamentárias.
A verificação do cumprimento dos limites de des- Se, mesmo assim, esta redução não ocorrer, serão
pesas com pessoal será feita no final de cada quadri- impostas algumas restrições, como impedimento
mestre. Se a despesa total ultrapassar 95% do limite de receber transferências voluntárias, garantias de
estabelecido, ficam vedadas certas ações, como a con- outros entes e contratação de operações de crédito
cessão de vantagens salariais, criação de cargos e con- — exceto para pagar dívida ou reduzir despesas com
tratação de pessoal, visando manter o controle fiscal e pessoal. No último ano do mandato, as restrições se
evitar excessos orçamentários. aplicam imediatamente se o excesso persistir no pri-
Quanto ao inciso V, é vedada a contratação de hora meiro quadrimestre.
extra, salvo no caso de convocação extraordinária do
Congresso Nacional, em caso de urgência ou interesse DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL
público relevante, e nas situações previstas na LDO.
Se a despesa total com pessoal ultrapassar os limi- O art. 24, da LRF, praticamente replica o que deter-
tes definidos na LRF, o percentual excedente terá de mina o § 5º, art. 195, da CF, informando que nenhum
ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sen- benefício ou serviço relativo à seguridade social pode
do pelo menos um terço no primeiro. ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da
E caso não seja alcançada a redução no prazo esta- fonte de custeio total. Esta despesa tem caráter conti-
belecido, e enquanto perdurar o excesso, nos termos nuado, então, para ser criada, devem ser atendidas as
do § 3º, do art. 23, da LRF, o ente não poderá: condições já expostas no capítulo “Despesas Obrigató-
rias de Caráter Continuado”.
Art. 23 Se a despesa total com pessoal, do Poder Vejamos a íntegra do dispositivo:
ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites
definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medi- Art. 24 Nenhum benefício ou serviço relativo à
das previstas no art. 22, o percentual excedente terá seguridade social poderá ser criado, majorado ou
de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, estendido sem a indicação da fonte de custeio total,
sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando- nos termos do § 5º do art. 195 da Constituição,
-se, entre outras, as providências previstas nos §§ atendidas ainda as exigências do art. 17.
3º e 4º do art. 169 da Constituição. § 1º É dispensada da compensação referida no art.
§ 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Cons- 17 o aumento de despesa decorrente de:
tituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela I - concessão de benefício a quem satisfaça as
extinção de cargos e funções quanto pela redução condições de habilitação prevista na legislação
dos valores a eles atribuídos. pertinente;
§ 2º É facultada a redução temporária da jorna- II - expansão quantitativa do atendimento e dos
da de trabalho com adequação dos vencimentos à serviços prestados;
nova carga horária. III - reajustamento de valor do benefício ou serviço,
§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabeleci- a fim de preservar o seu valor real.
do e enquanto perdurar o excesso, o Poder ou órgão § 2º O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou
referido no art. 20 não poderá: serviço de saúde, previdência e assistência social,
I - receber transferências voluntárias; inclusive os destinados aos servidores públicos e
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.
Art. 31 Se a dívida consolidada de um ente da Fede- Segundo Pascoal (2019, p. 135), o crédito público
ração ultrapassar o respectivo limite ao final de um é a confiança de que goza o governo para contrair
quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o
empréstimos de pessoas físicas e jurídicas, nacionais
término dos três subseqüentes, reduzindo o exce-
ou estrangeiras. Assim, este é um dos meios utilizados
dente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento)
pelo Estado para obter recursos para cobrir despesas.
no primeiro.
§ 1º Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele Obviamente, a consequência imediata do ato de
houver incorrido: contrair empréstimos é o aumento da dívida pública,
I - estará proibido de realizar operação de crédito que deve ser controlada. E não é por acaso que a LRF
interna ou externa, inclusive por antecipação de impõe limites para o endividamento estatal.
receita, ressalvadas as para pagamento de dívidas
mobiliárias; Contratação de Operações de Crédito
II - obterá resultado primário necessário à recondu-
ção da dívida ao limite, promovendo, entre outras A LRF define operação de crédito como com-
medidas, limitação de empenho, na forma do art. promisso financeiro assumido em razão de mútuo
9o. (empréstimo), abertura de crédito, emissão e aceite
§ 2º Vencido o prazo para retorno da dívida ao de título, aquisição financiada de bens, recebimento
limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente ficará antecipado de valores provenientes da venda a termo
também impedido de receber transferências volun- de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras
tárias da União ou do Estado.
operações assemelhadas, inclusive com o uso de deri-
§ 3º As restrições do § 1º aplicam-se imediatamente
vativos financeiros. Além disso, a LRF determina que
se o montante da dívida exceder o limite no primei-
se equiparam à operação de crédito a assunção, o
ro quadrimestre do último ano do mandato do Che-
fe do Poder Executivo. reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente
§ 4º O Ministério da Fazenda divulgará, mensal- da Federação.
mente, a relação dos entes que tenham ultrapassa- Para a contratação de uma operação de crédito
do os limites das dívidas consolidada e mobiliária. por um ente federativo, este ente deverá submeter a
§ 5º As normas deste artigo serão observadas nos operação à aprovação do Ministério da Fazenda, que
casos de descumprimento dos limites da dívida verifica o cumprimento dos limites e condições relati-
mobiliária e das operações de crédito internas e vos à realização de operações de crédito, inclusive das
externas. empresas controladas, direta ou indiretamente, pelo
ente solicitante.
Se a dívida consolidada de um ente federativo Vejamos:
exceder o limite ao final de um quadrimestre, seu
excedente deverá ser reduzido em, pelo menos, 25% Art. 32 O Ministério da Fazenda verificará o cum-
no primeiro quadrimestre subsequente, havendo a primento dos limites e condições relativos à rea-
recondução da dívida ao limite de três quadrimestres lização de operações de crédito de cada ente da
seguintes. Federação, inclusive das empresas por eles contro-
Durante o período de excesso, o ente fica proibido ladas, direta ou indiretamente.
de realizar operações de crédito, exceto para pagar § 1º O ente interessado formalizará seu pleito fun-
damentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e
dívidas mobiliárias. Além disso, é necessário garantir
jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício,
um resultado primário para reconduzir a dívida ao
o interesse econômico e social da operação e o aten-
limite, o que pode envolver medidas como, por exem- dimento das seguintes condições:
plo, limitação de empenho. I - existência de prévia e expressa autorização para
Importante lembrarmos, também, que o Ministé- a contratação, no texto da lei orçamentária, em cré-
rio da Fazenda divulgará mensalmente os entes fede- ditos adicionais ou lei específica;
rativos que ultrapassarem os limites da dívida. II - inclusão no orçamento ou em créditos adicio-
Essas restrições se aplicam imediatamente se o nais dos recursos provenientes da operação, exceto
montante da dívida exceder o limite no primeiro no caso de operações por antecipação de receita;
quadrimestre do último ano do mandato do chefe do III - observância dos limites e condições fixados
Poder Executivo. pelo Senado Federal;
São recorrentes questões misturando conceitos IV - autorização específica do Senado Federal,
acerca do que seria autorizado e do que seria proibi- quando se tratar de operação de crédito externo;
do quando se verifica o desatendimento do limite da V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167
dívida consolidada: da Constituição;
VI - observância das demais restrições estabeleci-
das nesta Lei Complementar.
z São proibidas: operação de crédito, seja interna
§ 2º As operações relativas à dívida mobiliária fede-
ou externa, e operação de crédito por antecipa-
ral autorizadas, no texto da lei orçamentária ou de
ção de receita; créditos adicionais, serão objeto de processo sim-
z É autorizado: refinanciamento do principal plificado que atenda às suas especificidades.
atualizado da dívida mobiliária. § 3º Para fins do disposto no inciso V do § 1º, consi-
derar-se-á, em cada exercício financeiro, o total dos
Se o ente federativo não conseguir fazer com que recursos de operações de crédito nele ingressados
a dívida consolidada retorne ao limite no prazo de e o das despesas de capital executadas, observado
376 três quadrimestres, enquanto perdurar o excesso, ele o seguinte:
I - não serão computadas nas despesas de capital § 2º Se a devolução não for efetuada no exercício
as realizadas sob a forma de empréstimo ou finan- de ingresso dos recursos, será consignada reser-
ciamento a contribuinte, com o intuito de promover va específica na lei orçamentária para o exercício
incentivo fiscal, tendo por base tributo de compe- seguinte.
tência do ente da Federação, se resultar a diminui- § 3º Enquanto não for efetuado o cancelamento ou
ção, direta ou indireta, do ônus deste; a amortização ou constituída a reserva de que tra-
II - se o empréstimo ou financiamento a que se refe- ta o § 2º, aplicam-se ao ente as restrições previstas
re o inciso I for concedido por instituição financeira no § 3º do art. 23.
controlada pelo ente da Federação, o valor da ope- § 4º Também se constituirá reserva, no montante
ração será deduzido das despesas de capital; equivalente ao excesso, se não atendido o disposto
III - (VETADO) no inciso III do art. 167 da Constituição, considera-
§ 4º Sem prejuízo das atribuições próprias do
das as disposições do § 3º do art. 32.
Senado Federal e do Banco Central do Brasil, o
Ministério da Fazenda efetuará o registro eletrôni-
co centralizado e atualizado das dívidas públicas As instituições financeiras que realizarem opera-
interna e externa, garantido o acesso público às ções de crédito com entes federativos devem garan-
informações, que incluirão: tir que estejam em conformidade com as condições e
I - encargos e condições de contratação; limites estabelecidos nessa lei.
II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas Caso a operação seja realizada em infração a algu-
consolidada e mobiliária, operações de crédito e ma dessa normas, ela será considerada nula, sujeita
concessão de garantias. ao cancelamento com devolução do valor principal,
§ 5º Os contratos de operação de crédito externo sem o pagamento de juros e encargos financeiros.
não conterão cláusula que importe na compensa-
Caso a devolução não ocorra no exercício de ingres-
ção automática de débitos e créditos.
§ 6º O prazo de validade da verificação dos limites
so dos recursos, será reservado um montante específi-
e das condições de que trata este artigo e da análise co na lei orçamentária para o exercício seguinte.
realizada para a concessão de garantia pela União
será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no máximo, Dica
270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministé-
rio da Fazenda. Segundo o art. 41, da Lei nº 4.320, de 1964, os
§ 7º Poderá haver alteração da finalidade de opera- créditos adicionais classificam-se em:
ção de crédito de Estados, do Distrito Federal e de � Suplementares: são destinados ao reforço de
Municípios sem a necessidade de nova verificação dotação orçamentária;
pelo Ministério da Economia, desde que haja pré-
� Especiais: são destinados a despesas para as
via e expressa autorização para tanto, no texto da
lei orçamentária, em créditos adicionais ou em lei quais não haja dotação orçamentária específica;
específica, que se demonstre a relação custo-benefí- � Extraordinários: são destinados a despe-
cio e o interesse econômico e social da operação e sas urgentes e imprevistas, em caso de guerra,
que não configure infração a dispositivo desta Lei comoção intestina ou calamidade pública.
Complementar.
Art. 47 A empresa controlada que firmar contrato Art. 48 São instrumentos de transparência da ges-
de gestão em que se estabeleçam objetivos e metas tão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação,
de desempenho, na forma da lei, disporá de auto- inclusive em meios eletrônicos de acesso público:
nomia gerencial, orçamentária e financeira, sem os planos, orçamentos e leis de diretrizes orça-
prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 mentárias; as prestações de contas e o respectivo
da Constituição. parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as
seus balanços trimestrais nota explicativa em que versões simplificadas desses documentos.
informará: § 1º A transparência será assegurada também
I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, mediante:
com respectivos preços e condições, comparando- I - incentivo à participação popular e realização de
-os com os praticados no mercado; audiências públicas, durante os processos de elabo-
II - recursos recebidos do controlador, a qualquer ração e discussão dos planos, lei de diretrizes orça-
título, especificando valor, fonte e destinação; mentárias e orçamentos;
III - venda de bens, prestação de serviços ou conces- II - liberação ao pleno conhecimento e acompanha-
são de empréstimos e financiamentos com preços, mento da sociedade, em tempo real, de informações
taxas, prazos ou condições diferentes dos vigentes pormenorizadas sobre a execução orçamentária e
no mercado. financeira, em meios eletrônicos de acesso público;
e
III - adoção de sistema integrado de administração
Uma empresa controlada, ao firmar um contrato
financeira e controle, que atenda a padrão mínimo
de gestão com estabelecimento de objetivos e metas de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da
de desempenho, terá autonomia gerencial, orçamen- União e ao disposto no art. 48-A.
tária e financeira. § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Todavia, a empresa controlada deverá incluir em Municípios disponibilizarão suas informações e
seus balanços trimestrais uma nota explicativa com dados contábeis, orçamentários e fiscais confor-
informações detalhadas, como o fornecimento de me periodicidade, formato e sistema estabelecidos
bens e serviços aos controlados, especificando valor, pelo órgão central de contabilidade da União, os
fonte e destinação, e detalhes sobre vendas, serviços, quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de
empréstimos e financiamentos com condições dife- amplo acesso público.
rentes das praticadas no mercado. § 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios encaminharão ao Ministério da Fazenda, nos
termos e na periodicidade a serem definidos em
TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL
instrução específica deste órgão, as informações
necessárias para a constituição do registro eletrô-
A transparência possui um forte vínculo com a nico centralizado e atualizado das dívidas públicas
democracia, uma vez que transparência pode ser interna e externa, de que trata o § 4º do art. 32.
entendida como a forma como as instituições demo- § 4º A inobservância do disposto nos §§ 2º e 3º ense-
cráticas operam sob o exame da sociedade. jará as penalidades previstas no § 2º do art. 51.
Segundo a LRF, são instrumentos de transparência § 5º Nos casos de envio conforme disposto no § 2º,
da gestão fiscal: para todos os efeitos, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios cumprem o dever de ampla
z planos, orçamentos e leis de diretrizes divulgação a que se refere o caput.
orçamentárias; § 6º Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20,
incluídos autarquias, fundações públicas, empresas
z prestações de contas, o respectivo parecer prévio e
estatais dependentes e fundos, do ente da Federa-
suas versões simplificadas;
ção devem utilizar sistemas únicos de execução
z relatório resumido da execução orçamentária; orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados
z relatório de gestão fiscal; pelo Poder Executivo, resguardada a autonomia.
z incentivo à participação popular e realização de Art. 48-A Para os fins a que se refere o inciso II do
audiências públicas durante os processos de ela- parágrafo único do art. 48, os entes da Federação
boração e discussão dos planos, lei de diretrizes disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídi-
380 orçamentárias e orçamentos; ca o acesso a informações referentes a:
I - quanto à despesa: todos os atos praticados II - a despesa e a assunção de compromisso serão
pelas unidades gestoras no decorrer da execução registradas segundo o regime de competência, apu-
da despesa, no momento de sua realização, com a rando-se, em caráter complementar, o resultado
disponibilização mínima dos dados referentes ao dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
número do correspondente processo, ao bem for- III - as demonstrações contábeis compreenderão,
necido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou isolada e conjuntamente, as transações e operações
jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o de cada órgão, fundo ou entidade da administração
caso, ao procedimento licitatório realizado; direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa
II - quanto à receita: o lançamento e o recebimen- estatal dependente;
to de toda a receita das unidades gestoras, inclusive IV - as receitas e despesas previdenciárias serão
referente a recursos extraordinários. apresentadas em demonstrativos financeiros e
orçamentários específicos;
O legislador preocupou-se em destacar a impor- V - as operações de crédito, as inscrições em Res-
tância da transparência na gestão fiscal, exigindo a tos a Pagar e as demais formas de financiamento
ou assunção de compromissos junto a terceiros,
divulgação ampla de diversos instrumentos, como
deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o
planos, leis de diretrizes orçamentárias, prestação de
montante e a variação da dívida pública no perío-
contas e relatórios.
do, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de
É obrigatória a disponibilização de informações credor;
contábeis, orçamentárias e fiscais pelos entes federa- VI - a demonstração das variações patrimoniais
tivos em meio eletrônico de amplo acesso público. dará destaque à origem e ao destino dos recursos
Ademais, as informações sobre despesas e receitas provenientes da alienação de ativos.
são de livre acesso ao público — tanto as das despesas § 1º No caso das demonstrações conjuntas, excluir-
quanto as das receitas. -se-ão as operações intragovernamentais.
Além disso, conforme disposto no art. 49, as contas § 2º A edição de normas gerais para consolidação
apresentadas pelo chefe do Poder Executivo devem das contas públicas caberá ao órgão central de
ficar disponíveis, durante todo o exercício, no respec- contabilidade da União, enquanto não implantado
tivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável o conselho de que trata o art. 67.
pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos § 3º A Administração Pública manterá sistema
cidadãos e instituições da sociedade. de custos que permita a avaliação e o acompa-
nhamento da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial.
Art. 49 As contas apresentadas pelo Chefe do Poder
Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exer-
cício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão Esse artigo estabelece diretrizes para a escritura-
técnico responsável pela sua elaboração, para con- ção das contas públicas, destacando a individualização
sulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da dos recursos, o registro pelo regime de competência,
sociedade. a elaboração detalhada das demonstrações contábeis,
Parágrafo único. A prestação de contas da União a apresentação específica das receitas e despesas pre-
conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das videnciárias, o registro pormenorizado de operações
agências financeiras oficiais de fomento, incluído de crédito e a evidenciação de variações patrimoniais.
Art. 50 Além de obedecer às demais normas de con- Art. 52 O relatório a que se refere o § 3º do art. 165 da
tabilidade pública, a escrituração das contas públi- Constituição abrangerá todos os Poderes e o Minis-
cas observará as seguintes: tério Público, será publicado até trinta dias após o
I - a disponibilidade de caixa constará de registro encerramento de cada bimestre e composto de:
próprio, de modo que os recursos vinculados a I - balanço orçamentário, que especificará, por
órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem iden- categoria econômica, as:
tificados e escriturados de forma individualizada; a) receitas por fonte, informando as realizadas e a
realizar, bem como a previsão atualizada; 381
b) despesas por grupo de natureza, discriminando V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão
a dotação para o exercício, a despesa liquidada e referido no art. 20, os valores inscritos, os paga-
o saldo; mentos realizados e o montante a pagar.
II - demonstrativos da execução das: § 1º O relatório referente ao último bimestre do exer-
a) receitas, por categoria econômica e fonte, espe- cício será acompanhado também de demonstrativos:
cificando a previsão inicial, a previsão atualizada I - do atendimento do disposto no inciso III do art.
para o exercício, a receita realizada no bimestre, a 167 da Constituição, conforme o § 3º do art. 32;
realizada no exercício e a previsão a realizar; II - das projeções atuariais dos regimes de previdên-
b) despesas, por categoria econômica e grupo de cia social, geral e próprio dos servidores públicos;
natureza da despesa, discriminando dotação ini- III - da variação patrimonial, evidenciando a alie-
cial, dotação para o exercício, despesas empenhada nação de ativos e a aplicação dos recursos dela
e liquidada, no bimestre e no exercício; decorrentes.
c) despesas, por função e subfunção. § 2º Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
§ 1º Os valores referentes ao refinanciamento da I - da limitação de empenho;
dívida mobiliária constarão destacadamente nas II - da frustração de receitas, especificando as medi-
receitas de operações de crédito e nas despesas com das de combate à sonegação e à evasão fiscal, adota-
amortização da dívida. das e a adotar, e as ações de fiscalização e cobrança.
§ 2º O descumprimento do prazo previsto neste
artigo sujeita o ente às sanções previstas no § 2º Para compreender esse artigo, mais uma vez pre-
do art. 51. cisamos recorrer a um trecho do texto da Constituição
mencionado. Vejamos:
Os valores referentes ao refinanciamento da dívi-
da mobiliária constarão destacadamente nas receitas Art. 165 (CF, de 1988) […]
de operações de crédito e nas despesas com amortiza- § 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias
ção da dívida. após o encerramento de cada bimestre, relatório
O RREO será acompanhado de demonstrativos resumido da execução orçamentária.
relativos:
Esse relatório resumido da execução orçamentária
z à apuração da receita corrente líquida e à sua evo- deverá ser apresentado trimestralmente, abrangen-
lução, assim como à previsão de seu desempenho do todos os Poderes e o ministério público. O balan-
até o final do exercício; ço orçamentário deve detalhar receitas por fonte e
z às receitas e despesas previdenciárias; despesas por grupo, enquanto os demonstrativos da
z aos resultados nominal e primário; execução precisam abranger receitas e despesas por
z às despesas com juros; categoria econômica e fonte, bem como despesas por
z aos restos a pagar, detalhando, por Poder e órgão, função e subfunção.
os valores inscritos, os pagamentos realizados e o Além disso, esse relatório resumido deverá ser
montante a se pagar. acompanhado de demonstrativos sobre a receita cor-
rente líquida, evolução e previsão de desempenho,
O RREO referente ao último bimestre do exercício receitas e despesas previdenciárias, resultados nomi-
nal e primário, despesas com juros, restos a pagar e
será acompanhado, também, de demonstrativos:
outros indicadores. O relatório do último bimestre
inclui projeções atuariais dos regimes de previdência
z das projeções atuariais dos regimes de previdên-
e variação patrimonial.
cia social, geral e próprio dos servidores públicos;
z da variação patrimonial, evidenciando a alie-
RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL
nação de ativos e a aplicação dos recursos dela
decorrentes.
Conforme citado no tópico “Transparência da Ges-
tão Fiscal”, o Relatório de Gestão Fiscal é um dos ins-
Dica trumentos de transparência da gestão fiscal e objetiva
As bancas examinadoras costumam cobrar a o controle, o monitoramento e a publicidade do cum-
literalidade dos arts. 52 e 53, da LRF, e podem primento dos limites estabelecidos pela LRF: despesas
com pessoal, dívida consolidada líquida, concessão de
tentar confundir o candidato misturando os con-
garantias e contratação de operações de crédito.
ceitos do Relatório de Gestão Fiscal constantes
Faz-se necessária a leitura dos arts. 54 e 55, da LRF:
nos arts. 54 e 55, da LRF. Vale a pena decorar
esses artigos. Art. 54 Ao final de cada quadrimestre será emitido
pelos titulares dos Poderes e órgãos referidos no
Vejamos a íntegra do dispositivo: art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:
I - Chefe do Poder Executivo;
Art. 53 Acompanharão o Relatório Resumido II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora
demonstrativos relativos a: ou órgão decisório equivalente, conforme regimen-
I - apuração da receita corrente líquida, na forma tos internos dos órgãos do Poder Legislativo;
definida no inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim III - Presidente de Tribunal e demais membros de
como a previsão de seu desempenho até o final do Conselho de Administração ou órgão decisório
exercício; equivalente, conforme regimentos internos dos
II - receitas e despesas previdenciárias a que se refe- órgãos do Poder Judiciário;
re o inciso IV do art. 50; IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos
III - resultados nominal e primário; Estados.
IV - despesas com juros, na forma do inciso II do Parágrafo único. O relatório também será assinado
382 art. 4º; pelas autoridades responsáveis pela administração
financeira e pelo controle interno, bem como PRESTAÇÃO DE CONTAS
por outras definidas por ato próprio de cada Poder
ou órgão referido no art. 20. A prestação de contas da Administração Pública
Art. 55 O relatório conterá: está intimamente ligada à transparência, sobre a qual
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei explanamos no tópico “Transparência da Gestão Fis-
Complementar, dos seguintes montantes: cal”. A prestação de contas consiste em um ato que
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com promove o fortalecimento do Estado democrático de
inativos e pensionistas; direito, uma vez que seus gestores, que são encar-
b) dívidas consolidada e mobiliária; regados da gestão da coisa pública, devem prestar
c) concessão de garantias; contas aos órgãos de controle externo e à sociedade,
d) operações de crédito, inclusive por antecipação
promovendo uma cultura de “accountability”, ou seja,
de receita;
a possibilidade de gerar incentivos ou sanções, caso
e) despesas de que trata o inciso II do art. 4º;
os agentes públicos cumpram, ou não, determinadas
II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a
obrigações.
adotar, se ultrapassado qualquer dos limites;
III - demonstrativos, no último quadrimestre:
Art. 56 As contas prestadas pelos Chefes do Poder
a) do montante das disponibilidades de caixa em
Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos
trinta e um de dezembro;
Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e
b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referi-
1) liquidadas;
dos no art. 20, as quais receberão parecer prévio,
2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por aten-
separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.
derem a uma das condições do inciso II do art. 41;
§ 1º As contas do Poder Judiciário serão apresenta-
3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o das no âmbito:
limite do saldo da disponibilidade de caixa; I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal
4) não inscritas por falta de disponibilidade de cai- Federal e dos Tribunais Superiores, consolidando
xa e cujos empenhos foram cancelados; as dos respectivos tribunais;
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alí- II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de
nea b do inciso IV do art. 38. Justiça, consolidando as dos demais tribunais.
§ 1º O relatório dos titulares dos órgãos menciona- § 2º O parecer sobre as contas dos Tribunais de
dos nos incisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas Contas será proferido no prazo previsto no art. 57
as informações relativas à alínea a do inciso I, e os pela comissão mista permanente referida no § 1o do
documentos referidos nos incisos II e III. art. 166 da Constituição ou equivalente das Casas
§ 2º O relatório será publicado até trinta dias após Legislativas estaduais e municipais.
o encerramento do período a que corresponder, § 3º Será dada ampla divulgação dos resultados da
com amplo acesso ao público, inclusive por meio apreciação das contas, julgadas ou tomadas.
eletrônico.
§ 3º O descumprimento do prazo a que se refere o § O chefe do Poder Executivo consolidará as contas
2º sujeita o ente à sanção prevista no § 2º do art. 51. de todos os Poderes, as quais serão submetidas ao
Art. 250 (CF, de 1988) Com o objetivo de assegurar Súmula Vinculante nº 47 Os honorários advoca-
recursos para o pagamento dos benefícios conce- tícios incluídos na condenação ou destacados do
didos pelo regime geral de previdência social, em montante principal devido ao credor consubstan-
adição aos recursos de sua arrecadação, a União ciam verba de natureza alimentar cuja satisfação
poderá constituir fundo integrado por bens, direitos ocorrerá com a expedição de precatório ou requi-
e ativos de qualquer natureza, mediante lei que dis- sição de pequeno valor, observada ordem especial
porá sobre a natureza e administração desse fundo. restrita aos créditos dessa natureza.
Em relação à alíquota, podemos defini-lo como Possuem elasticidade-renda menor que 1, pois
uniformes ou seletivos: crescem menos proporcionalmente que a renda e
apresentam resultados ruins para fins de distribuição
z Uniformes: são uniformes os impostos que apre- de renda ao onerar mais quem tem renda menor.
sentam a mesma alíquota independentemente da E, por fim, cabe comentar a relação entre impos-
espécie de operação tributada; tos e a cadeia produtiva. Neste sentido, são classifi-
z Seletivos: são seletivos os impostos que apresentam cados como em cascata ou sobre o valor adicionado:
alíquotas diferentes de acordo com a operação tribu-
tada. É muito comum, por exemplo, a tributação mais z Em Cascata: os impostos em cascata, ou cumulati-
onerosa de bens de consumo não essenciais, ou até vos, são aqueles que incidem sobre o valor total do
mesmo prejudiciais sobre alguns aspectos, como os bem em cada etapa da cadeia produtiva. Suponha
cigarros ou bebidas em geral. que a produção de certo bem é feita em 3 etapas
de produção, sendo que em cada etapa o produto
No que diz respeito à relação com a renda, os ganhe o valor de R$ 100. Neste sentido, após o final
impostos podem ser classificados como progressivos, da 1ª etapa um valor de R$ 100 será tributado; ao
proporcionais e regressivos: final da 2ª etapa, um total de R$ 200 será tributa-
do; e, ao final da 3ª etapa, um total de R$ 300 será
z Progressivos: impostos progressivos são aqueles que tributado. Como é possível perceber, à medida que
oneram mais proporcionalmente indivíduos com as etapas de produção são completadas, os tribu-
rendas maiores. Isto implica na ideia de que, quan- tos se acumulam, pois a base de cálculo da próxi-
to mais elevada a renda, maior a alíquota efetiva de ma etapa considera o tributo incidente nas etapas
um imposto progressivo. Ou seja, quanto maior a anteriores. Por isso que os impostos em cascata são
renda, maior a proporção dele que é utilizada para chamados de cumulativos. É evidente que este tipo
pagamento de impostos. Possuem, desta forma, elas- de imposto é prejudicial à eficiência economia, à
ticidade-renda maior que 1. Ou seja, a arrecadação produção, e aos preços. Um produto que precise
de um imposto progressivo cresce percentualmente enfrentar um maior número de etapas de produ-
mais que a taxa de crescimento da renda. ção será mais onerado.
z Sobre o Valor Adicionado: já o imposto sobre
Muitas definições surgem a partir desta ideia. Mas, valor adicionado (IVA) incide sobre o valor cria-
em geral, as bancas discutem dois efeitos dos impostos do em cada etapa de produção. Utilizando nosso
progressivos. Primeiro, eles servem como importante exemplo acima, a base de cálculo do IVA em cada
Por fim, cabe discutir acerca da utilização do IR como instrumento de política econômica. Se considerarmos
sua progressividade, o IR promove certa distribuição de renda em favor dos indivíduos com menos renda.
Como as alíquotas mais elevadas incidem nas pessoas de renda mais alta, a arrecadação tributária pode ser enten-
dida como um esquema de redistribuição de renda no estilo “Robin Hood”: retira dos mais ricos e distribui aos
mais pobres.
Atenção! A comparação com Robin Hood serve apenas para fins de entendimento, já que o governo não “rou-
ba” os recursos dos mais ricos, mas tão somente cobra estes recursos em troca do fornecimento de bens e serviços
públicos.
Outra característica importante do IR neste campo é a possibilidade em ser utilizado como instrumento de
estabilização dos ciclos econômicos. Nesse viés, é corrente que a economia apresenta ciclos econômicos: em
alguns momentos o produto cresce, enquanto em outros permanece estável, ou até mesmo cai.
Para tanto, imagine uma situação em que o produto da economia, o PIB, cai de um ano para o outro. À medida
em que ele reduzir, a renda média dos indivíduos provavelmente cairá. Como para rendas menores se aplicam
alíquotas também menores, o decréscimo no produto da economia pode resultar em uma maior renda disponível,
ou seja, mais quantidade de renda após o pagamento de impostos. Esse efeito pode provocar elevação no consu-
mo, nos investimentos e ajudar na recuperação da economia.
Por isto que o IR, quando progressivo, é chamado de imposto contracíclico, isto é, ele pode ajudar na reversão
do ciclo econômico.
Um imposto sobre vendas de mercadorias e serviços é muito importante para a análise. Além de consistir em
necessária fonte de receitas para o governo, incidem em diversas modalidades de operações, podendo variar na
amplitude da base de cálculo, de acordo com os estágios de produção e comercialização existentes e também na
alíquota. Nesse âmbito, pode assumir uma variada gama de formas.
Por exemplo, podem ser: gerais ou especiais em sua relação com a base de cálculo; em cascata ou sobre o
valor adicionado, dependendo de como se relaciona com o processo de produção; e uniformes ou seletivos
na estrutura de alíquotas.
Todas estas características dependem de qual objetivo possui o governo em tributar determinada operação de
venda de mercadorias e serviços. Se quiser, por exemplo, não incentivar o consumo de certo produto importado,
com o objetivo de fomentar o consumo do produto similar nacional, deve aplicar uma alíquota seletiva, onerando
mais o produto importado.
Abaixo, segue uma tabela resumindo as variações do imposto em questão, em consonância a Rezende (2012):
ESTÁGIO DE
AMPLITUDE DE
ALÍQUOTA COBRANÇA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO
BASE DE CÁLCULO
(CADEIA PRODUTIVA)
Sobre a
Específicos
quantidade
Produção,
Uniformes ou
Geral ou Especial Comercialização ou Valor Final de
Seletivos
Todos os Estágios Ad Valorem Venda
Valor Adicionado
Outra discussão muito cobrada em concursos corresponde as diferenças entre os impostos em cascata e os
cálculos sobre o valor adicionado.
Em tese, o imposto sobre valor adicionado (IVA) é superior ao imposto cumulativo, pois não apresenta resul-
tados negativos em termos de eficiência econômica. Para compreender melhor, o IVA incide sobre o valor adicio-
nado em cada etapa produtiva, ou seja, sobre os lucros apurados em cada qual. Neste sentido, ele não interfere
na quantidade de etapas da cadeira produtiva. Ou seja, ele é neutro. Assim, as empresas podem decidir como
quiserem a quantidade de números da cadeia produtiva, pois o imposto depende do valor adicionado ao final.
Além do mais, o IVA não afeta a posição de competição entre regiões de uma indústria, visto que a alíquota é
392 uma proporção constante do valor de cada etapa produtiva.
Um terceiro ponto é o caráter auto fiscalizador do À vista disso, além da progressividade em função
IVA. Como o imposto incide sobre o valor adicionado, do valor venal, o IPTU possui progressividade em fun-
o não pagamento em determinado estágio pode ser ção do tempo em que permanece não satisfazendo
identificado no estágio seguinte. Isso, devido a forma a função social do imóvel e o uso a que se pretende.
de apuração do imposto ser feita através de créditos Apesar da intenção do legislador em atingir a progres-
fiscais. Desse modo, apura-se o valor do imposto pelo sividade com o IPTU, assim como os demais impostos
sobre propriedade, estes impostos são geralmente
valor total do produto e o sujeito passivo da obrigação
regressivos. Isso porque nada indica que indivíduos
ganha o crédito do valor de imposto pago nas etapas com renda mais elevada terão propriedades com
anteriores. Evidente que este procedimento exerce maior valor venal, ou com maior tempo sem atender à
uma fiscalização na arrecadação do tributo. função social do imóvel, por exemplo. Neste sentido, o
Por fim, outro caráter importante do referido IPTU estará onerando mais aqueles com menor renda.
imposto é a possibilidade de isentar determinado Outra forma que o IPTU contém certo grau regres-
estágio de produção, caso haja necessidade econômi- sivo, é a tendência da administração tributária em
ca, por exemplo. É o caso da isenção de bens de pro- subvalorizar imóveis com valor venal mais elevado e
dução, quando a economia se encontra com baixos supervalorizar imóveis com valor venal mais baixo.
níveis de investimento. Todavia, fica evidente que o Neste caso, mesmo considerando a progressividade
imposto cumulativo (em cascata) não apresenta tais da alíquota do IPTU determinada constitucionalmen-
características, sendo, assim, mais ineficiente quando te, o imposto apresentará tendência regressiva.
comparado ao IVA.
Tributação e Eficiência Econômica
Impostos sobre o Patrimônio
É evidente que a tributação exerce efeitos sobre a
economia. Para tanto, em primeiro lugar, podemos ana-
O patrimônio pode ser entendido como resultado lisar o caso da alocação de bens e serviços. Se a alocação
da acumulação da renda. De maneira que, os indiví- se fizer através de um mercado livre, sem intervenções
duos vão auferindo renda em sucessivos períodos e, a (apenas com consumidores e produtores interagindo),
parcela da renda não gasta, ou acumulada, gera o patri- os resultados obtidos tendem a ser os melhores possíveis
mônio. Assim, determinado sujeito pode acumular para bens privados.
renda e adquirir um imóvel, aplicações financeiras, ou De acordo com a teoria econômica clássica, neste
mesmo bens de consumo duráveis, como automóveis. modelo os preços evidenciam a escassez relativa dos
No Brasil, o imposto sobre propriedade mais bens: bens cuja oferta é escassa tendem a subir de
conhecido é o Imposto Predial Territorial Urbano preço, enquanto bens com oferta em demasia tendem
(IPTU), que incide sobre a propriedade imóvel urba- a ter os preços reduzidos. Entretanto, esse cenário não
considera a existência de tributos. A incidência de tri-
na. Deixando de lados os aspectos legais e tributários
butos pode prejudicar essa alocação eficiente de bens
do IPTU, é importante compreender como este impos- e serviços, de modo que o mercado pode tornar menos
to se relaciona com a equidade tributária. eficiente a evidenciação da escassez relativa dos bens.
A equidade tributária trata-se do tratamento igual, Pense: o que ocorreria a um bem com excesso de
do ponto de vista da contribuição dos sujeitos onera- oferta? Provavelmente teria o preço reduzido. Mas, e
dos. A equidade é aplicada de duas maneiras, através se o governo taxar apenas este bem e deixar os demais
E o autor continua,
Arrecadação Arrecadação
crescente decrescente O federalismo fiscal constitui, assim, a forma pela
qual a economia do setor público é repartida nas
diversas esferas federadas de competência, espe-
Alíquota
lhando, de um ponto de vista substantivo, com-
tributária promissos e objetivos assumidos pelo Estado com
determinadas forças políticas e econômicas. (Dias,
2006)
z Convênio: acordo, ajuste ou qualquer outro ins- Considerando todos os conceitos apresentados, res-
trumento que discipline a transferência de recur- tam algumas considerações baseadas principalmente
sos financeiros de dotações consignadas nos em Wladimir Rodriguez Dias (2006). Segundo o autor,
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União
e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou enti- [...] como resultado da redemocratização e da des-
dade da Administração Pública Federal, direta ou centralização ocorreu um fortalecimento do poder
indireta, e, de outro lado, órgão da Administração político e financeiro dos governos subnacionais,
Pública estadual, distrital, ou municipal, direta ou especialmente dos Estados e suas capitais. Contu-
indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins do, isso não implicou em unidades subnacionais
lucrativos, visando a execução de programas de iguais em capacidade de cumprir tarefas institucio-
governo, envolvendo a realização de projeto, nais, nem em distribuição uniforme dos benefícios
atividade, serviço, aquisição de bens ou even- oriundos da nova pactuação federativa.
to de interesse recíproco, em regime de mútua
cooperação; Ainda segundo Dias (2006),
z Contrato de Repasse: instrumento administrati-
vo por meio do qual a transferência de recursos [...] estudos aplicados ao caso brasileiro têm evi-
financeiros se processa por intermédio de ins- denciado que nossa estrutura federativa não possui
um desenho institucional que se lhe garanta, por
tituição ou agente financeiro público federal,
si só, atingir seus objetivos de equilíbrio político
atuando como mandatário da União;
interfederativo e de promoção do desenvolvimento
z Termo de Parceria: instrumento jurídico para
regional. Pelo contrário, dependem, em grande par-
a realização de parcerias unicamente entre o te da agenda política firmada em face da correla-
Poder Público e as Organização da Sociedade ção de forças entre o governo central e as unidades
Civil de Interesse Público (OSCIPs são ONGs cria- subnacionais, do equilíbrio entre os três poderes
das por iniciativa privada, certificadas pelo poder republicanos e da posição do Estado diante das
público federal com a finalidade de realizar parce- necessidades da dinâmica econômica.
rias e convênios com todos os níveis de governo e
órgãos públicos geralmente nas áreas social, cul- E, conclui afirmando que,
tural e artística) para o fomento e a execução de
atividades de interesse público. [...] na ausência de ações combinadas para criar
condições favoráveis à descentralização da produ-
Nesse âmbito, as diferenças entre os termos são ção e da renda, o antagonismo cresce entre os entes
devidas às entidades participantes (instituições fede- federativos, instaurando, de um lado, a impossi-
rais, estaduais, distritais, municipais, entidades priva- bilidade da ação estatal direta no combate às dis-
das sem fins lucrativos ou OSCIPs), aos objetivos das paridades regionais, e, de outro, na margem de
transferências e à maneira em que é formalizada cada ação restante, uma competitividade predatória em
transferência. Para tanto, as regras previstas para a detrimento de um federalismo cooperativo. É este o
realização de transferências voluntárias pela LFR são desafio colocado para o federalismo fiscal brasilei-
as seguintes: ro na primeira década do século XXI.
z Quanto a quem realiza a transferência Em suma, a relação entre o federalismo fiscal, polí-
(transferidor): ticas públicas e redução das desigualdades regionais
ainda não atingiram o grau satisfatório pretendido, a
existência de dotação específica na lei orça- despeito das intenções das previsões constitucionais e
mentária anual ou em créditos adicionais; legais existentes.
respeito às exigências legais operacionais,
como o estabelecimento de convênio, contrato
de repasse ou termo de parceria;
396
Federalismo Fiscal: Desafios Atuais e Reformas20 corresponsabilidade entre o cidadão-contribuinte
e o poder público estadual e municipal, fomentan-
Após tratarmos as regras atuais acerca do federa- do irresponsabilidades e desperdícios.
lismo fiscal brasileiro, podemos apresentar, de forma
resumida, os principais desafios e propostas de refor- Para finalizar o assunto, é importante também
mas sobre o tema. mencionar a necessidade de simplificação da legis-
Segundo Rezende (2012), o principal desafio do lação tributária e, consequentemente, da distribui-
federalismo fiscal brasileiro “consiste em conciliar o ção destas receitas e competências. Ou seja, à parte
máximo de descentralização com adequada capacida- a necessidade de descentralização das competências
de de redução das desigualdades regionais”. Visto de tributárias, até o momento não realizada a contento
forma retrospectiva, a repartição das receitas entre os em relação às transferências de receitas (o que gerou
entes nacionais foi incrementada após a promulgação os problemas vistos anteriormente), faz-se necessária
da Constituição Federal, de 1988, em prol dos entes a simplificação de toda esta estrutura, tornando-a
mais pobres e menos populosos sem a devida repar- menos prolixa e onerosa à sociedade.
tição da competência tributária. Mas, é claro, a resolução para esta questão não é
Ou seja, Estados e Municípios mais pobres e menos tão simples.
populosos ficaram mais dependentes das transferên- Seja em função de problemas de representação
cias constitucionais de receitas, pois, em que pese política (excesso relativo de representantes de esta-
elas terem aumentado, não foi conferido a estes entes dos mais pobres e menos populosos, que demandam
subnacionais maior competência tributária. Além por ainda mais transferências e, consequentemente,
do mais, tal fato ocasionou dois grandes problemas: menor simplificação), seja em função das exigências
autonomia para gastar e acirramento das dispari- díspares geradas pelas enormes diferenças regionais
dades na repartição de recursos. e sociais, a solução para a questão (mais equilíbrio,
Conforme salientado na bibliografia citada, com eficiência, responsabilidade e simplicidade) certa-
exceção do aumento da base de incidência do prin- mente passa por uma clara redefinição e redução das
cipal imposto estadual — o ICMS —, que beneficiou responsabilidades dos entes nacionais.
os Estados mais industrializados, a receita da grande Um bom exemplo está na diminuição das compe-
maioria dos Estados e municípios cresceu em função, tências concorrentes em quase todos os campos das
principalmente, do incremento nas transferências. O políticas públicas entre os entes. A opção ideal estaria
corolário dessa atitude foi o afrouxamento do vínculo na adoção de competências que exigem sofisticação
de corresponsabilidade entre o cidadão-contribuinte e técnica, economia de escala, vultuosas necessidades
o poder público estadual e municipal, gerando condi- financeiras e ampla difusão espacial dos benefícios
ções propícias à irresponsabilidade e ao desperdício. no âmbito federal e o oposto nos âmbitos regionais
Neste sentido, três desafios precisam ser enfren- (menor sofisticação técnica, execução em escala redu-
tados em eventual proposta de reforma do sistema zida, benefícios geograficamente limitados etc.).
federativo: Considerando estes pontos, seria possível redefinir
a competência dos entes de forma racional, de modo
z Equilíbrio: o desafio do equilíbrio consiste no melhor a trazer mais equilíbrio, eficiência, responsabilidade e
Descentralização Fiscal
Art. 92 Direitos antidumping e compromissos de preços permanecerão em vigor enquanto perdurar a necessidade de
eliminar o dano à indústria doméstica causado pelas importações objeto de dumping.
Art. 93 Todo direito antidumping definitivo será extinto no prazo de cinco anos, contado da data de sua aplicação
ou da data da conclusão da mais recente revisão que tenha abrangido o dumping, o dano à indústria doméstica e o
nexo de causalidade entre ambos, conforme estabelecido na Seção II do Capítulo VIII. [...]
Art. 106 A duração do direito antidumping de que trata o art. 93 poderá ser, por meio de uma revisão de final de período
amparada por esta Subseção, prorrogada por igual período, caso determinado que a sua extinção levaria muito prova-
velmente à continuação ou à retomada do dumping e do dano dele decorrente.
Art. 107 A determinação de que a extinção do direito levaria muito provavelmente à continuação ou à retomada do
dumping deverá basear-se no exame objetivo de todos os fatores relevantes, incluindo aqueles elencados no art. 103.
Considera-se subsídio qualquer tipo de benefício concedido pelo Governo ou por órgão público, sob a forma de:
contribuição financeira que gere vantagem (podendo assumir a forma de empréstimos, doações ou incen-
tivos fiscais);
qualquer forma de sustentação da renda ou dos preços que contribua para aumentar as exportações ou redu-
zir as importações de um produto.
Para que um subsídio seja acionável, é necessário que ele seja específico. Isto significa que ele é concedido
apenas a determinadas empresas, regiões geográficas ou setores de produção.
O combate ao subsídio pelas normas da Organização Mundial do Comércio justifica-se pelas distorções que ele
costuma causar no comércio internacional, especialmente em favor de países mais ricos (que possuem mais condições
financeiras de financiar seus produtores).
Para que possam ser aplicadas medidas compensatórias, é necessária a demonstração do dano causado pelas
importações a preços subsidiados e da especificidade do benefício.
Assim como os direitos antidumping, as medidas compensatórias também podem ser provisórias (aplicadas no
curso do processo de investigação comercial e limitadas a 120 dias) ou definitivas (após a conclusão do processo
e podem se estender por até 5 anos).
z Medidas de salvaguarda: são instrumentos de proteção contra produtos ou serviços que possam causar grave pre-
juízo à indústria nacional em virtude do crescimento repentino de sua importação, ainda que não haja prática de
dumping ou subsídio governamental.
Ao contrário das medidas antidumping e das medidas compensatórias, a salvaguarda não se destina a comba-
ter uma prática desleal de comércio, mas a conferir um prazo de ajuste à indústria nacional para aumentar sua
competitividade.
Também diferentemente dos direitos antidumping ou das medidas compensatórias, aplicáveis especificamen-
te aos países em investigação, as salvaguardas se aplicam a todos os países.
Como medidas emergenciais, são temporárias, podendo ser mantidas durante o tempo necessário para que a
indústria afetada consiga prevenir ou reparar os prejuízos causados pelas importações.
BARREIRAS ALFANDEGÁRIAS
Tarifárias Não Tarifárias
Quotas de importação
Exigência de licenciamento
Procedimentos alfandegários
Controle cambial
Impostos e taxas Compras governamentais
Barreiras técnicas
Medidas antidumping
Medidas compensatórias
Medidas de salvaguarda
Instituições intervenientes no Comércio Internacional são aquelas entidades que promovem ou inferem for-
malmente de alguma forma nas operações de comércio exterior.
No Brasil, as instituições intervenientes no Comércio Internacional costumam ser classificadas em três grupos:
órgãos gestores, órgãos anuentes e órgãos executores (ou intervenientes, no sentido estrito do termo).
402
Órgãos Gestores Art. 1º [...]
Parágrafo único. Considera-se interveniente do
Os órgãos gestores são os principais responsáveis comércio exterior, o importador, o exportador, o
pelo exercício de cada uma das funções estatais do beneficiário de regime aduaneiro ou de procedi-
Comércio Internacional: mento simplificado, o despachante aduaneiro e seus
ajudantes, o transportador, o agente de carga, o ope-
z Secretaria de Comércio Exterior — SECEX: exer- rador de transporte multimodal (OTM), o operador
ce função administrativa, estabelecendo regras portuário, o depositário, o administrador de recinto
para a concessão de autorizações para importa- alfandegado, o perito, o assistente técnico, ou qual-
ções ou exportações (regras de licenciamento) ou quer outra pessoa que tenha relação, direta ou indi-
para a elaboração de estatísticas; reta, com a operação de comércio exterior.
z Receita Federal do Brasil — RFB: exerce função
fiscal, fiscalizando o correto pagamento dos tribu- Demais Órgãos
tos aduaneiros e coibindo o contrabando e o desca-
minho de produtos; Além dos órgãos mencionados, existem outros
z Banco Central do Brasil — BACEN: regula a quan- que, dentro de suas atribuições, também interferem
tidade de moeda estrangeira que circula no país, no comércio internacional, como a Câmara de Comér-
interferindo na taxa de câmbio. cio Exterior (CAMEX), a Polícia Federal, o Ministério
das Relações Exteriores (MRE), o Conselho Monetário
São essas entidades que, em suas respectivas áreas Nacional (CMN), etc.
de atuação, estabelecem as regras gerais que deverão
ser seguidas pelos demais intervenientes. Siscomex — Sistema Integrado de Comércio Exterior
23 MARTINS, M. M. V. et al. Órgãos intervenientes do COMEX. Comércio Exterior, 2021. Disponível em: https://comercioexterior.furg.br/blog-co-
mex/132-05-02-2021.html. Acesso em: 29 dez. 2022.
24 Ibid.
416 25 Ibid.
operacionalizar as diferentes modalidades de Dra- necessários para produzir bens e serviços a serem
wback, regulamentar e orientar o funcionamento de exportados e pagá-los com taxas equivalentes às
exportadoras comerciais (trading companies).26 disponíveis internacionalmente.
v. Logística: a Camex propõe medidas que visam a
Departamento de Negociações Internacio- redução de custos e o aumento da eficiência empre-
nais (DEINT) sarial e também analisa potenciais fatores de
desequilíbrio entre oferta e demanda por serviços
Viabilizar oportunidades identificadas pelo Depla logísticos, além de ineficiências na armazenagem
a partir de negociações com países parceiros. Por de mercadorias e no processamento de pedidos.
exemplo, promover os acordos bilaterais ou ajustes vi. Negociações Internacionais: a Camex monitora
de tarifas dentro do MERCOSUL.27 a efetiva implementação das condições negociadas
entre o brasil e seus pares comerciais.
vii. Segurança e comércio internacional: a Camex
Departamento de Defesa Comercial (DECOM)
monitora as ações para manter a segurança no
comércio internacional.30
Departamento jurídico do comércio exterior
brasileiro.
Receita Federal do Brasil
Examina a procedência e o mérito de petições de
abertura de investigações de práticas desleais de
comércio; propõe a abertura e conduz investiga- Principal órgão atuante e operacional no comércio
exterior, atuando na fiscalização aduaneira de
ções para a aplicação de medidas antidumping,
mercadorias e bens que ingressam no país ou
compensatórias e de salvaguarda; acompanha as
são enviados ao exterior, além de ser respon-
investigações de defesa comercial abertas por ter-
sável pela cobrança dos tributos aduaneiros
ceiros países contra exportações brasileiras e pres-
incidentes nessas operações.
tar à defesa ao exportador.28
Principais atribuições:
1. Planejar e executar as atividades de administra-
Departamento de Normas e Competitivida- ção tributária federal;
de (DENOC) 2. Fiscalização, lançamento, cobrança, arrecada-
ção, recolhimento e controle relativos a tributos e
Responsável por atividades relacionadas a normas contribuições;
e procedimentos referentes ao comércio exterior. Planejar e executar os serviços de administração,
Deve coordenar ações relativas aos acordos de faci- fiscalização e controles aduaneiros, inclusive no
litação ao comércio e procedimentos de importa- que diz respeito à criação de alfândegas em áreas e
ção na OMC. recintos e ao controle do valor aduaneiro e preços
Coordena os agentes externos autorizados a pro- de transferência;
cessar operações de comércio exterior. 3. Reprimir o contrabando, o descaminho e o tráfi-
Cadastra os importadores e exportadores; co ilícito de entorpecentes e de drogas afins;
Registra de empresas comerciais exportadoras 4. Interpretar e aplicar a legislação tributária fede-
constituídas nos termos da legislação específica. ral e aduaneira, baixando os atos normativos e ins-
Administra o Sistema de Registro de Informações truções para a sua fiel execução, e propor medidas
26 Ibid.
27 Ibid.
28 Ibid.
29 Ibid.
30 Ibid.
31 Ibid. 417
As atividades do Bacen resumem-se em: Art. 1º O Ministério das Relações Exteriores, órgão
1. Formular, executar, acompanhar e controlar as da administração direta, tem como áreas de compe-
políticas monetária, cambial, de crédito e das rela- tência os seguintes assuntos:
ções financeiras com o exterior; I - assistência direta e imediata ao Presidente da
2. Organizar, disciplinar e fiscalizar o Sistema República nas relações com Estados estrangeiros e
Financeiro Nacional; com organizações internacionais;
3. Gerir o Sistema de Pagamentos Brasileiro; II - política internacional;
4. Gerir as reservas internacionais. III - relações diplomáticas e serviços consulares;
Autoriza os estabelecimentos bancários a comprar IV - participação em negociações comerciais, econô-
ou vender moedas estrangeiras. De forma prática, micas, financeiras, técnicas e culturais com Estados
toda vez que um exportador ou importador for estrangeiros e com organizações internacionais,
receber/pagar suas operações deverá procurar um em articulação com os demais órgãos competentes;
banco autorizado pelo BACEN para comprar/ven- V - programas de cooperação internacional;
der as moedas estrangeiras recebendo/pagando em VI - apoio a delegações, a comitivas e a representa-
moedas nacional (Real). Esta operação está firma- ções brasileiras em agências e organismos interna-
da através de um contrato de câmbio.32 cionais e multilaterais;
VII - apoio ao Gabinete de Segurança Institucional
Banco do Brasil (BB) da Presidência da República no planejamento e na
coordenação de deslocamentos presidenciais no
De maneira semelhante aos bancos privados, o BB exterior;
oferece serviços tais como fechamento de con- VIII - coordenação das atividades desenvolvidas
tratos de câmbio para a conversão de moedas pelas assessorias internacionais dos órgãos e das
estrangeiras em nacional, em operações de entidades da administração pública federal; e
exportação e importação. Além disso, o BB é res- IX - promoção do comércio exterior, de investimen-
ponsável por fornecer opções de crédito aos expor- tos e da competitividade internacional do País, em
tadores e emitir o documento Form A, que garante coordenação com as políticas governamentais de
a entrada de produtos brasileiros em países outor- comércio exterior, incluídas a supervisão do Ser-
gantes das preferências comerciais com base no viço Social Autônomo Agência de Promoção de
SGP (Sistema Geral de Preferências). O Secex é o Exportações do Brasil - Apex-Brasil e a presidência
órgão responsável pela emissão de certificados e do Conselho Deliberativo da Apex-Brasil.
licença de exportação para alguns produtos sujei-
tos a procedimentos especiais. A CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR (CAMEX)
A partir da descrição desses órgãos, tem-se
o tripé do Comex brasileiro: a Receita Fede- A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) é um
ral Brasileira que controla os tributos e con- órgão do Ministério da Economia que tem como obje-
trole aduaneiro, o SECEX que tem controle tivo formular, implementar e coordenar as políticas
administrativo e política comercial e o BACEN e as atividades relacionadas ao comércio exterior de
que tem o controle monetário da moeda e do
bens e serviços, aos investimentos estrangeiros dire-
câmbio. Essas três instituições (que não são
tos, aos investimentos brasileiros no exterior e ao
ministérios e estão no plano operacional) são
financiamento às exportações.
fundamentais para garantir as operações de
exportações e importações.33 Ela foi criada em 1995, sendo composta por quatro
instâncias:
Outros órgãos também são importantes para for-
necer aporte ao Comex. z o Conselho de Ministros;
z o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex);
Agência de Promoção das Exportações e z o Conselho de Estratégia Comercial (CEC); e
Investimentos (APEX) z o Conselho Consultivo do Setor Privado (Conex).
420
A sede do Banco Central é fixada na cidade de Art. 18 As instituições financeiras somente pode-
Brasília, capital do país, sendo que possui, também, rão funcionar no País mediante prévia autori-
nove representações nas demais capitais dos seguin- zação do Banco Central da República do Brasil
tes estados brasileiros: ou decreto do Poder Executivo, quando forem
estrangeiras.
z Rio Grande do Sul;
z Paraná; Além disso, em setembro de 2019 foi publicado um
z São Paulo; decreto que delegou ao BACEN a competência para
z Rio de Janeiro; deliberar se determinado funcionamento de uma ins-
z Minas Gerais; tituição financeira estrangeira será ou não de interes-
z Bahia; se nacional.
z Pernambuco; Contudo, cumpre ressaltar que tal competência é
z Ceará; e autorizada mediante um decreto, que, embora ainda
z Pará. esteja em vigor, poderá ser também revogado, sen-
do importante o aluno se atentar a essa condição no
Vejamos a seguir os principais objetivos do BACEN:
certame.
É importante não confundir os verbos relacio-
z zelar pela adequada liquidez da economia;
nados ao CMN e ao BACEN, uma vez que há verbos
z zelar pela estabilidade e promover o permanente
empregados para o BACEN que podem causar confu-
aperfeiçoamento do sistema financeiro;
z manter as reservas internacionais em nível são no momento da prova.
adequado; Em regra, os verbos referentes ao CMN são, em
z estimular a formação de poupança. geral, os que indicam autoridade e poder, como, por
exemplo:
Importante! z regular;
z autorizar;
Não confundir as competências do BACEN z estabelecer;
(zelar pela adequada liquidez da economia e z coordenar;
zelar pela estabilidade e promover o permanen- z fixar normas;
te aperfeiçoamento do sistema financeiro) com z disciplinar;
a competência do CMN, que é zelar pela liquidez z orientar.
e solvência das instituições financeiras.
Já os verbos empregados em referência ao BACEN
são os que correspondem a uma ação, como, por
No que se refere às competências do BACEN, exemplo:
vejamos o rol que segue:
z executar;
z emitir papel-moeda e moeda metálica, em confor- z exercer;
midade com as condições estabelecidas pelo Con-
12. (CESGRANRIO — 2022) Oito empresas, únicas produ- a) valor das exportações de X foi superior ao das
toras de um certo bem X, se comportam no mercado importações.
de X como um oligopólio de Cournot. Todas as oito b) valor das importações de X foi superior ao das
empresas são iguais, tendo o mesmo Custo Marginal exportações.
= 30/unidade de X. A demanda total do mercado (Qd) c) valor das reservas internacionais do Banco Central do
é dada pela seguinte expressão: país cresceu.
d) valor dos novos investimentos estrangeiros no país
Qd = 100 – p, sendo p o preço de uma unidade de X. excedeu o dos novos investimentos dos residentes do
país no exterior.
e) renda líquida recebida do exterior excedeu à enviada
424 ao exterior.
17. (CESGRANRIO — 2023) O Produto Interno Bruto (PIB) 21. (CESGRANRIO — 2022) Haverá aumento dos meios de
do país X, estimado a preços correntes, alcançou pagamento na economia se
1.000 unidades monetárias de X no ano de 2020. Em
2021, o PIB de X, a preços correntes, foi estimado em a) o Banco Central vender reservas internacionais no
1.100 unidades monetárias de X. mercado de câmbio.
b) os bancos comerciais comprarem títulos da dívida
Caso tenha ocorrido uma inflação anual de 5% em X, pública, disponíveis em carteira das empresas.
entre 2020 e 2021, conclui-se que, de 2020 para 2021, c) um banco comercial vender ações ao público, por
o PIB meio da bolsa de valores.
d) um importador comprar moeda estrangeira de um
a) real de X não aumentou. banco comercial.
b) real de X aumentou aproximadamente 10%. e) uma empresa fizer um depósito à vista, num banco
c) real de X aumentou aproximadamente 5%. comercial, no valor de R$50.000,00.
d) nominal de X não aumentou.
e) nominal de X aumentou aproximadamente 5%. 22. (CESGRANRIO — 2023) Há criação de meios de paga-
mento na economia quando
18. (CESGRANRIO — 2018) De acordo com a metodologia
internacionalmente consagrada de contabilização do a) o Banco Central do Brasil vende reservas internacionais.
balanço de pagamentos de um país, ao longo de deter- b) o Banco Central do Brasil vende Letras Financeiras do
minado ano, Tesouro (LFTs) no mercado aberto (overnight).
c) um banco vende dólares a um importador.
a) o saldo em conta-corrente corresponde à soma algé- d) uma empresa transfere recursos em moeda de seu
brica dos seguintes saldos: balança comercial, balan- caixa para sua conta corrente em um banco comercial,
ça de serviços, renda primária, renda secundária, sob a forma de depósito à vista.
conta capital & financeira e erros & omissões. e) uma empresa desconta uma duplicata em um banco
b) o saldo em conta-corrente corresponde à variação das comercial, recebendo o valor correspondente em moe-
reservas internacionais do país nesse mesmo período. da corrente.
c) o saldo das contas capital e financeira é negativo para
um país que registra superávit em conta-corrente, o 23. (CESGRANRIO — 2018) De acordo com o modelo key-
que equivale a uma redução dos ativos externos líqui- nesiano simplificado, em uma economia não integrada
dos dos residentes dessa economia. comercial e financeiramente ao resto do mundo, uma
d) os pagamentos e recebimentos de amortizações de política fiscal expansionista, efetivada com o objetivo
capital assim como os pagamentos e recebimentos de fomentar o nível de emprego, acarreta, supondo
de juros são contabilizados no balanço de pagamen- tudo o mais constante:
tos em conta-corrente.
e) um déficit em conta-corrente, considerando-se que a) redução das taxas de juros e aumento do PIB real
o governo tenha operado com um orçamento fiscal b) redução das taxas de juros e redução do PIB real
equilibrado, significa que os fluxos de investimentos c) aumento das taxas de juros e aumento do PIB real
19. (CESGRANRIO — 2022) Segundo a macroeconomia 24. (CESGRANRIO — 2018) O modelo de Mundell-Fleming
clássica, a taxa real de juros resulta do(a) (IS-LM-BP) é amplamente utilizado para analisar os
impactos decorrentes da adoção de políticas econô-
a) equilíbrio entre a oferta de poupança e a demanda de micas em países com diferentes regimes de câmbio e
investimento graus de abertura ao movimento de capitais. O Brasil,
b) equilíbrio entre a oferta e a demanda de moeda atualmente, adota um regime de câmbio flutuante e
c) preferência do público por liquidez possui um grau bastante elevado de abertura (ainda
d) política monetária do Banco Central que imperfeita) ao movimento de capitais.
e) responsabilidade do governo na gestão da política
tributária Nesse caso, suponha que, partindo de uma situação
de equilíbrio inicial em que haja desemprego involun-
20. (CESGRANRIO — 2021) Uma das funções desempe- tário, o Banco Central do Brasil implemente uma políti-
nhadas pela moeda é a de reserva de valor, no entan- ca monetária expansionista visando a fomentar o nível
to, a moeda não é o único ativo que desempenha tal de emprego.
função.
De acordo, exclusivamente, com o modelo de Mundell-
O motivo que faz com que os cidadãos retenham moe- -Fleming, os resultados previstos no longo prazo, com-
da como reserva de valor é o fato de ela parados à situação inicial, seriam os seguintes:
a) oferecer um rendimento a seu detentor. a) apreciação da moeda brasileira, porém fluxo de expor-
b) possuir liquidez absoluta. tações líquidas e nível de renda agregada inalterados
c) prestar algum serviço ao seu possuidor. b) apreciação da moeda brasileira, maior fluxo de expor-
d) propiciar um aumento no seu valor. tações líquidas e maior nível de renda agregada
e) ser protegida contra inflação. c) depreciação da moeda brasileira, menor fluxo de
exportações líquidas e menor nível de renda agregada
d) depreciação da moeda brasileira, maior fluxo de expor-
tações líquidas e maior nível de renda agregada 425
e) depreciação da moeda brasileira, porém fluxo de expor- Se as evidências confirmarem que a taxa de inflação
tações líquidas e nível de renda agregada inalterados efetiva alcança níveis inferiores à meta de inflação, e
a taxa de desemprego persiste significativamente aci-
25. (CESGRANRIO — 2022) Segundo o IBGE, o Produto ma da taxa natural de desemprego, a regra de Taylor
Interno Bruto real (PIB real) do Brasil teve contração estabelece que, supondo tudo o mais constante, a
de 4,1%, em 2020, configurando o maior recuo da série autoridade monetária deverá
histórica desde 1996.
a) manter constante a taxa de juros básica.
O indicador que confirma o quadro de recessão econô- b) reduzir a taxa de juros real natural.
mica no Brasil em 2020 é o(a) c) reduzir a taxa de juros básica.
d) aumentar a taxa de juros básica.
a) hiato do produto negativo e) aumentar a taxa de juros real natural.
b) pleno-emprego
c) déficit em conta-corrente 29. (CESGRANRIO — 2019) A flutuação cambial também
d) PIB potencial elevado nos ensinou uma importante lição. Uma vez liberaliza-
e) inflação acelerada dos os fluxos de capitais no plano global, tem havido
quase nenhuma diferença se as taxas de câmbio são
26. (CESGRANRIO — 2023) Certo país adotou o regime fixas ou flutuantes. Já em 1978, James Tobin, um eco-
monetário de metas de inflação, a ser praticado pelo nomista keynesiano da Universidade de Yale e futuro
banco central.
prêmio Nobel, apontou para o problema central. “O
debate sobre o regime cambial mais apropriado negli-
Caso a medição da inflação no país surpreenda, no
gencia um problema essencial: o problema fundamen-
sentido de ultrapassar a meta de inflação, seu banco
tal é a excessiva mobilidade dos fluxos de capitais de
central, para combater a inflação, deveria
curto prazo. As economias nacionais e os governos
nacionais não são capazes de conter os enormes efei-
a) aumentar a taxa de juros básica da economia.
tos dos movimentos de capitais sobre as respectivas
b) reduzir o gasto do setor público.
taxas de câmbio, sem comprometer os principais obje-
c) aumentar os impostos pagos pelos contribuintes.
tivos das políticas econômicas nacionais com respei-
d) alterar a taxa de câmbio, desvalorizando a moeda
doméstica. to ao crescimento econômico, à criação de empregos
e) aumentar os impostos sobre as exportações. e à estabilidade inflacionária”.
Entre essas características NÃO se encontra a(o) 35. (CESGRANRIO — 2018) Mais espanto ainda causou
a “matriz do ministro”, a Nova Matriz Econômica (...).
a) perfeita flexibilidade de preços e salários Em julho de 2012, Mantega anunciaria oficialmente o
b) curva de oferta agregada vertical, em um gráfico com enterro do tripé. A base da política econômica brasi-
o produto na abcissa e o nível de preços na ordenada leira não seria mais formada pelo triângulo do câm-
c) desnecessidade de políticas governamentais macroe- bio flutuante, das metas de inflação e do superávit
conômicas para estimular a produção e o emprego primário.
d) demanda por moeda totalmente inelástica em relação
à renda DE BOLLE, M.B. Como matar a borboleta azul: uma crônica da era
e) ajuste rápido à posição de equilíbrio dos mercados de Dilma. Rio de Janeiro: Ed. Intrínseca, p.119.
bens e serviços, de trabalho e de ativos
No comentário crítico, a economista Mônica de Bolle
32. (CESGRANRIO — 2022) O Plano Real, implementado refere-se à chamada Nova Matriz Econômica, adota-
a partir de 1994, é avaliado como um dos mais impor- da pela equipe econômica de Dilma Rousseff (2011-
tantes e bem-sucedidos programas de estabilização 2014), cujos objetivos principais foram
inflacionária no Brasil.
a) reduzir as taxas de juros e depreciar o real brasileiro.
Um dos fatores que contribuíram para o sucesso do b) introduzir o regime de câmbio fixo e apreciar o real
Plano Real foi a(o) brasileiro.
c) eliminar o regime de metas de inflação e aumentar o
a) redução dos influxos de capital estrangeiro, ocorrida superávit primário.
ao longo do plano de estabilização. d) reduzir os subsídios fiscais e controlar o crédito ao
b) postergação do programa de liberalização comercial, consumidor.
em curso desde 1990, e que deveria ser finalizado em e) aumentar a meta de inflação e apreciar o real brasileiro.
1994.
c) estratégia bem-sucedida de congelamento de preços 36. (CESGRANRIO — 2019) Nas estatísticas relacionadas
e salários ao longo do processo de estabilização. ao comportamento do mercado de trabalho, o Institu-
d) forte recessão econômica que se seguiu imediata- to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga
mente após o plano de estabilização. dados relativos aos percentuais da força de trabalho
e) uso da chamada âncora cambial, que, por meio de desocupada, subutilizada e desalentada, estimados,
um sistema de câmbio semifixo em bandas cambiais, respectivamente, em 12%, 24,8% e 4,4% no trimestre
levou à sobrevalorização da moeda nacional recém móvel correspondente a abril-junho de 2019.
introduzida (o Real).
11 B
a) redução da taxa de desemprego, reflexo do maior
crescimento econômico e do menor crescimento 12 E
populacional.
b) implementação de políticas de incentivo fiscal e 13 D
desburocratização, como a lei do SIMPLES, que pos-
14 D
sibilitou a melhoria na gestão financeira de micro e
pequenas empresas. 15 B
c) implementação da lei do Microempreendedor Indivi-
dual, que permitiu formalizar diversas pessoas que 16 E
trabalham por conta própria.
d) flexibilização das relações trabalhistas, que reduziu 17 C
a rigidez do mercado de trabalho e reduziu os custos 18 E
demissionais.
e) crescimento do emprego formal, impulsionado pelo 19 A
crescimento econômico, melhoria educacional e leis
de incentivo tributário. 20 B
21 B
40. (CESGRANRIO — 2021) T é agente fiscal da União
Federal, atuando em grupo especial que monitora 22 E
devedores qualificados. Após divisão interna de traba-
lho, T fica com a responsabilidade de fiscalizar cinco 23 C
contribuintes específicos, pois são habituais interes- 24 D
sados em procedimentos administrativos, cujo valor é
428 superior a milhões de reais. O trabalho iniciou com o
25 A
26 A
27 A
28 C
29 C
30 B
31 D
32 E
33 A
34 B
35 A
36 E
37 D
38 D
39 D
40 A
ANOTAÇÕES
429
ANOTAÇÕES
430
que os administradores públicos usam para organizar
os seus recursos financeiros.
Segundo Giacomoni (2010), o orçamento público
constitui-se, no curto prazo, em um instrumento para
Segundo este princípio, não devem existir orça- Art. 165 [...]
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispo-
mentos paralelos. Cada ente da Federação deve ela-
sitivo estranho à previsão da receita e à fixa-
borar e aprovar uma única lei orçamentária, apesar
ção da despesa, não se incluindo na proibição a
de possuírem em sua estrutura diversos órgãos com
autorização para abertura de créditos suplemen-
autonomia financeira. Por exemplo, um ente federa-
tares e contratação de operações de crédito, ainda
tivo poderá possuir autarquias com autonomia finan-
que por antecipação de receita, nos termos da lei.
ceira e administrativa, mas seu orçamento autárquico
deverá integrar uma única peça consolidada pelo Exe-
Ou seja, impede que o legislador inclua na lei
cutivo daquele ente.
orçamentária matérias não relacionadas ao tema de
Note que o fato de o orçamento possuir uma uni-
orçamento, mais especificamente dispositivos que
dade não significa que não seja multidocumental. A
LOA é composta por três documentos que represen- não sejam relativos à previsão da receita e fixação de
tam os orçamentos fiscal, da seguridade social e dos despesas.
investimentos. Trata-se de uma previsão importante, pois caso
não existisse, a lei orçamentária estaria “recheada” de
Princípio da Universalidade temas “carona”, aproveitando a tramitação especial e
aprovação mais célere da lei orçamentária.
Apesar da semelhança entre os termos, universalida-
z Exceção ao princípio: a autorização para abertu-
z Exceção ao princípio: orçamentos das empresas Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da
estatais, por seu caráter de exigência do mercado, Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas
estarão fora do escopo da lei orçamentária. quaisquer deduções.
CICLO ORÇAMENTÁRIO
O ciclo orçamentário pode ser compreendido como uma série de processos desencadeados no tempo, que con-
templa desde a elaboração das leis até a avaliação e controle da execução.
Antes de adentrarmos no ciclo orçamentário propriamente dito, cabe esclarecer que ciclo orçamentário e
exercício financeiro não se confundem! O ciclo orçamentário envolve um período mais amplo e pode envolver
mais de um exercício financeiro. O exercício financeiro, por sua vez, é definido pelo art. 34, da Lei nº 4.320, de
1964:
Que no caso brasileiro é o período compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de cada ano civil.
Em termos didáticos, podemos considerar o ciclo orçamentário como estrito e estendido. O ciclo estrito pode
ser representado em quatro etapas e o ciclo estendido em sete, conforme os esquemas que apresentamos abaixo:
Elaboração da PPA
Execução, controle
e avaliação Elaboração de
orçamentária outros planos
Apreciação,
Aprovação, sanção
Elaboração da LDO
e publicação
LOA
Elaboração de LOA
436
Ciclo Orçamentário “Estrito”
Elaboração
Execução Aprovação
Sanção/
Veto
Para compreendermos quais as diferenças entre os dois ciclos, apresentamos a figura abaixo, que esquematiza
cada um dos instrumentos orçamentários em uma linha do tempo:
Notem que o ciclo estendido engloba as etapas de elaboração da LOA, Lei Orçamentária Anual, em consonân-
cia com a LDO e PPA. Há aqui uma visão integrada do processo orçamentário que tem como grande diretriz o PPA
e o resultado da avaliação da LOA como insumos para a elaboração do próximo PPA.
Feitas as considerações acima, vamos passar para o estudo das fases. Vamos nos basear no processo federal,
mas podemos “transportar” o processo para os demais níveis da federação.
Elaboração
Nesta fase de elaboração cada órgão da administração envia a sua proposta orçamentária à Secretaria de Orçamento
Federal para consolidação e posterior envio ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, que por sua vez
enviará ao Presidente da República. Neste processo, os demais Poderes, o Ministério Público e a Defensoria também
enviarão as suas propostas ao executivo, que fará a alocação dos recursos no orçamento seguindo as etapas de fixação
da meta fiscal, projeção das receitas, projeção das despesas obrigatórias, e apuração das despesas discricionárias.
O envio será de responsabilidade do Presidente da República, nos termos do XXIII, art. 84, da Constituição Federal:
437
Importante!
A autonomia administrativa e financeira: conforme vimos, os diversos órgãos e Poderes enviam as suas
propostas orçamentárias ao Poder Executivo para consolidação. Tal prática é consoante à autonomia admi-
nistrativa e financeira garantida pela nossa constituição nos seguintes dispositivos:
� Poder Judiciário: art. 99, da CF, de 1988;
� Ministério Público: art. 127, da CF, de 1988;
� Defensorias públicas: § § 2º e 3º, art. 134, da CF, de 1988.
Cabe aqui esclarecermos o conteúdo dessas “propostas orçamentárias”. O art. 22, da Lei nº 4.320, de 1964, for-
nece-nos algumas informações importantes:
Art. 22 A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo nos prazos esta-
belecidos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á:
I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira, documentada com
demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e outros compromis-
sos financeiros exigíveis; exposição e justificação da política econômica-financeira do Governo; justificação da
receita e despesa, particularmente no tocante ao orçamento de capital;
II - Projeto de Lei de Orçamento;
III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa, constarão, em colunas distintas
e para fins de comparação:
a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se elaborou a proposta;
b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;
c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;
d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior;
e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e
f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.
IV - Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações globais, em termos de metas
visadas, decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de
justificação econômica, financeira, social e administrativa.
Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada unidade administrativa, descrição sucinta
de suas principais finalidades, com indicação da respectiva legislação.
Um outro ponto que merece destaque nesta análise inicial do ciclo orçamentário diz respeito aos prazos de
cada ente na elaboração e encaminhamento das peças orçamentárias. Aproveitaremos o nosso esquema dos ins-
trumentos orçamentários distribuídos na linha do tempo apresentado anteriormente para tratar dos prazos da
PPA, LDO e LOA:
Caso os prazos acima não sejam respeitados (por exemplo, por uma omissão do Poder Executivo em enviar a
proposta orçamentária), o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente, conforme
disposto no art. 32, da Lei n° 4.320, de 1964:
Art. 32 Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Muni-
438 cípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.
Discussão e Aprovação Além das vedações às emendas já apresentadas,
destacamos outras hipóteses previstas no art. 33, da
A fase de discussão e aprovação tem início com o Lei nº 4.320, de 1964.
recebimento das peças orçamentárias pelo Congresso
Nacional. Os projetos de PPA, LDO e LOA são examina- Art. 33 Não se admitirão emendas ao projeto de Lei
dos por uma Comissão Mista, que é responsável pela de Orçamento que visem a:
emissão de parecer sobre os projetos e as contas apre- a) alterar a dotação solicitada para despesa de cus-
sentadas pelo Presidente da República. teio, salvo quando provada, nesse ponto a inexati-
dão da proposta;
Art. 166 Os projetos de lei relativos ao plano plu- b) conceder dotação para o início de obra cujo pro-
rianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento jeto não esteja aprovado pelos órgãos competentes;
anual e aos créditos adicionais serão apreciados c) conceder dotação para instalação ou funcio-
pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma namento de serviço que não esteja anteriormente
do regimento comum. criado;
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de d) conceder dotação superior aos quantitativos
Senadores e Deputados: previamente fixados em resolução do Poder Legis-
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos refe- lativo para concessão de auxílios e subvenções.
ridos neste artigo e sobre as contas apresentadas
anualmente pelo Presidente da República; Findo o processo de discussão, os projetos são
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e pro- apreciados pelo Plenário do Congresso Nacional. Caso
gramas nacionais, regionais e setoriais previstos alcance o quórum de maioria simples em cada uma
nesta Constituição e exercer o acompanhamento e das casas do Poder Legislativo (Câmara dos Deputa-
a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atua- dos e Senado Federal), são encaminhados ao Presiden-
ção das demais comissões do Congresso Nacional te da República para sanção ou veto.
e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.
Execução Orçamentária
Outro processo importante nesta etapa de aprova-
ção e discussão do orçamento (e que rende muitas ne- Orçamento aprovado, passa-se para a etapa de
gociações) envolve a apresentação de emendas. execução. De pronto, destacamos o art. 8º, da Lei de
As emendas são utilizadas para modificar os itens Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de
dos projetos de lei, para que necessidades ou compro- 2000):
missos políticos sejam atendidos. Em outras palavras,
neste processo os parlamentares brigam para alocar Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orça-
os recursos aos projetos de seus interesses. Há, con- mentos, nos termos em que dispuser a lei de diretri-
tudo, regras para a aprovação de tais emendas. Essas zes orçamentárias e observado o disposto na alínea
regras estão dispostas no § 3º, art. 166: c do inciso I do art. 4°, o Poder Executivo estabe-
lecerá a programação financeira e o cronogra-
Art. 166 [...] ma de execução mensal de desembolso.
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento
anual ou aos projetos que o modifiquem somente Caberá ao Poder Executivo publicar a programa-
podem ser aprovadas caso:
ção financeira e o cronograma de desembolso dos
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com
recursos em até 30 dias após a aprovação da LOA.
a lei de diretrizes orçamentárias;
Além disso, a LRF é cuidadosa em estabelecer meca-
II - indiquem os recursos necessários, admitidos
Abrimos este tópico específico para tratar de aspectos pormenorizados da programação e execução orçamen-
tária e financeira.
Alguns assuntos relacionados a este tópico merecem destaque, pois são recorrentes nos exames. Trataremos
da descentralização orçamentária e financeira e o acompanhamento da execução.
Descentralização de Créditos
Descentralização de crédito (ou orçamentária) diz respeito à transferência de uma unidade orçamentária (UO)
a outra unidade orçamentária, a possibilidade utilização de créditos orçamentários ou créditos adicionais que
lhes sejam atribuídos. Trata-se das movimentações de créditos entre entidades. Há a liberação da dotação. A
descentralização orçamentária é regulamentada pelo Decreto nº 825, de 1993. Diz o art. 2º, do referido decreto:
Art. 2° A execução orçamentária poderá processar-se mediante a descentralização de créditos entre unidades gesto-
ras de um mesmo órgão/ministério ou entidade integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social, designan-
do-se este procedimento de descentralização interna.
Parágrafo único. A descentralização entre unidades gestoras de órgão/ministério ou entidade de estruturas diferen-
tes, designar-se-á descentralização externa.
Ou seja, a execução orçamentária (já vista anteriormente) poderá ser processada pela descentralização de
crédito entre unidades gestoras de um mesmo órgão. O conceito mais importante para memorizarmos (e mais
frequente nas provas), trata das diferentes classificações de descentralizações orçamentárias. A descentralização
orçamentária poderá ser interna (chamada de provisão) ou externa (denominada destaque). Veja a seguir:
Provisão (Interna):
Destaque (Externa):
As transferências são processadas por meio da Notas de Movimentação de Crédito, sendo obrigatória a aplicação
do crédito no cumprimento do objetivo previsto pelo programa de trabalho, devendo ser mantida a classificação
funcional e estrutura programática.
Descentralização Financeira
Muito bem. Temos aqui dois conceitos importantes que costumam aparecer nas provas: o repasse e o sub-re-
passe. Sub-repasse é a movimentação interna (entre os órgãos setoriais e as unidades de gestão a ela vinculadas).
Já o repasse é a movimentação externa de recursos (entre órgãos setoriais e outras unidades gestoras da adminis-
tração). As transferências são processadas por meio da Nota de Programação Financeira.
440
Para consolidarmos este assunto, veja e memori- São cinco os objetivos principais do SIAF:
ze o esquema abaixo. Ele irá ajudá-los a diferenciar
a descentralização orçamentária da financeira e asso- z proporcionar à Administração Pública um contro-
ciará os principais termos que abordamos até aqui: le diário da execução orçamentária;
z agilizar a programação financeira através do con-
trole unificado dos recursos de caixa;
z suportar a Contabilidade aplicada à Administra-
ção Pública no sentido de agilizar a coleta rápida
e segura de informações em todos os níveis da ges-
tão pública;
z integrar e compatibilizar informações;
z suportar a transparência dos gastos públicos.
Trata-se do processo através do qual o orçamento será elaborado, votado, executado e avaliado, compondo as
quatro fases do que se denomina ciclo orçamentário.
Elaboração
Cabe ao chefe do Executivo enviar projeto de lei orçamentária ao Legislativo, conforme previsto no caput, do
art. 165, onde se lê que “Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: o plano plurianual, as diretrizes orça-
mentárias e os orçamentos anuais”.
Existem prazos, constantes no § 2º, art. 35, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para que esses res-
pectivos projetos sejam encaminhados ao Legislativo e, após, devolvidos ao Executivo para sanção:
Art. 35 O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo-se
os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão proporcional à população, a partir da situação verificada
no biênio 1986-87.
§ 2º […]
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial
subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvi-
do para sanção até o encerramento da sessão legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;
III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.
Por sua vez, a sessão legislativa é prevista no art. 57, da Constituição Federal, de 2 de fevereiro até 22 de
dezembro. Portanto, temos que a sessão é dividida em dois períodos legislativos. O primeiro período é de 2 de
fevereiro até 17 de julho; já o segundo período vai de 1º de agosto até 22 de dezembro.
De uma forma mais organizada para compreender os prazos de envio e devolução dos instrumentos de plane-
jamento, segue o esquema abaixo:
z Art. 31, da Lei nº 4.320, de 1965: “Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou
nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de orçamento vigente”;
z Item 1, do art. 10, da Lei nº 1.079, de 1950: “São crimes de responsabilidade contra a lei orçamentária não apre-
sentar ao Congresso Nacional a proposta do orçamento da República”;
z Caso o orçamento do ano subsequente não seja aprovado no prazo legal, a programação orçamentária do
projeto de lei orçamentária pendente de aprovação poderá ser executada mensalmente até o limite de 1/12 do
total de cada dotação, até que seja promulgada a respectiva lei orçamentária.
Votação
A votação dos projetos no Congresso Nacional seguirá, inicialmente, uma comissão mista permanente, que
também é chamada Comissão Mista de Orçamento.
É mista porque se compõe de deputados e de senadores, não apenas de um deles.
Após a aprovação na comissão mista permanente, o projeto segue para votação em Plenário. Nesse ponto,
é importante frisar que o Congresso Nacional é composto por duas Casas legislativas (Câmara dos Deputados e
Senado Federal). No entanto, para votação do orçamento, o Congresso funcionará como se fosse apenas uma única
Casa, de maneira unicameral, unindo deputados e senadores num único Plenário, na forma do regimento comum,
conforme o art. 166, do Texto Constitucional.
Após a aprovação, o projeto segue para sanção do chefe do Executivo.
Art. 166 Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos
446 créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.
Execução AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
É a utilização dos créditos consignados no orça-
OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL
mento, visando à realização das ações atribuídas às
unidades orçamentárias. Compreende o exercício
financeiro, ou seja, de 1º de janeiro até 31 de dezembro. RECEITA CORRENTE
455
Classificação Por Categorias Econômicas
z Corrente ou Capital
Art. 11 A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital.
§ 1º São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de ser-
viços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou
privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.
§ 2º São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de
dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou
privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superavit do Orçamento
Corrente.
§ 3º O superavit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes,
apurado na demonstração a que se refere o Anexo nº 1, não constituirá item de receita orçamentária.
§ 4º A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema:
RECEITAS CORRENTES
RECEITA TRIBUTÁRIA
Impostos.
Taxas.
Contribuições de Melhoria.
RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES
RECEITA PATRIMONIAL
RECEITA AGROPECUÁRIA
RECEITA INDUSTRIAL
RECEITA DE SERVIÇOS
TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
OUTRAS RECEITAS CORRENTES
RECEITAS DE CAPITAL
OPERAÇÕES DE CRÉDITO
ALIENAÇÃO DE BENS
AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL
ETAPAS
Planejamento Execução
ESTÁGIOS
Previsão/
fixação Lançamento Arrecadação Recolhimento
456
Previsão/Fixação — Etapa de Planejamento São os mesmos exemplos da receita extraorçamen-
tária, pois comportam dois momentos, o da entrada
Por meio desse estágio, pretende-se estimar quan- nos cofres públicos e a posterior saída. Os principais
to deve ser arrecadado, de acordo com estudos feitos são: cauções, retenções, consignações, restos a pagar,
pela Fazenda. Diante disso, procede-se ao planeja- operação de crédito por antecipação de receita orça-
mento das metas conforme os valores previstos. mentária, salários não reclamados e depósito judicial.
Se a realização da receita não comportar o cum-
primento das metas, os Poderes e o ministério público Despesa Pública Orçamentária
promoverão “limitação de empenho”, com exceção
para as despesas que constituam obrigações constitu- Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964
cionais e legais, as relativas aos serviços da dívida e Art. 12 A despesa será classificada nas seguintes
as que foram ressalvadas na Lei de Diretrizes Orça- categorias econômicas:
mentárias (LDO) (art. 9º, da Lei de Responsabilidade DESPESAS CORRENTES
Fiscal — LRF). Despesas de Custeio
Transferências Correntes
Lançamento — Etapa de Execução DESPESAS DE CAPITAL
Investimentos
Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Inversões Financeiras
Art. 142 Compete privativamente à autorida- Transferências de Capital
de administrativa constituir o crédito tributário § 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as
pelo lançamento, assim entendido o procedimento dotações para manutenção de serviços anterior-
administrativo tendente a verificar a ocorrência mente criados, inclusive as destinadas a atender a
do fato gerador da obrigação correspondente, obras de conservação e adaptação de bens imóveis.
determinar a matéria tributável, calcular o § 2º Classificam-se como Transferências Corren-
montante do tributo devido, identificar o sujei- tes as dotações para despesas as quais não corres-
to passivo e, sendo caso, propor a aplicação da ponda contraprestação direta em bens ou serviços,
penalidade cabível. inclusive para contribuições e subvenções destina-
das a atender à manutenção de outras entidades de
Significa constituir o crédito tributário — por meio direito público ou privado.
da previsão do art. 142, do Código Tributário Nacio- § 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos
nal. Por intermédio do lançamento, a Administração desta lei, as transferências destinadas a cobrir des-
Pública calcula o montante devido do tributo, identifi- pesas de custeio das entidades beneficiadas, distin-
ca o sujeito passivo da obrigação tributária e, se for o guindo-se como:
caso, propõe a aplicação de penalidade se o pagamen- I - subvenções sociais, as que se destinem a insti-
to não ocorrer dentro do prazo previsto. tuições públicas ou privadas de caráter assistencial
De acordo com o parágrafo único do artigo anterior: ou cultural, sem finalidade lucrativa;
“A atividade administrativa de lançamento é vinculada II - subvenções econômicas, as que se destinem
e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional”. a emprêsas públicas ou privadas de caráter indus-
trial, comercial, agrícola ou pastoril.
Arrecadação — Etapa de Execução § 4º Classificam-se como investimentos as dota-
ções para o planejamento e a execução de obras,
Trata-se do contribuinte pagando o tributo. Nesse inclusive as destinadas à aquisição de imóveis
caso, o valor já pertence ao ente federativo, mas ainda considerados necessários à realização destas últi-
Bom, vamos iniciar o estudo da classificação da receita orçamentária, tópico muito cobrado em provas de
concursos públicos.
A classificação por natureza de receita é determinada no § 4º, do art. 11, da Lei nº 4.320, de 1964, segundo o
qual deve ser obedecido o seguinte esquema:
Art. 11 […]
§ 4º A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema:
RECEITAS CORRENTES
RECEITA TRIBUTÁRIA
Impostos.
Taxas.
Contribuições de Melhoria.
RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES
RECEITA PATRIMONIAL
RECEITA AGROPECUÁRIA
RECEITA INDUSTRIAL
RECEITA DE SERVIÇOS
TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
OUTRAS RECEITAS CORRENTES
RECEITAS DE CAPITAL
OPERAÇÕES DE CRÉDITO
ALIENAÇÃO DE BENS
AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL
Baseado no esquema acima, a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) padronizou, por meio da Portaria
Interministerial nº 5, de 2015, a classificação da receita, a ser utilizada por todos os entes da Federação.
Esta classificação tem o objetivo de identificar a origem do recurso segundo seu fato gerador, ou seja, o
acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita nos cofres públicos. Segundo essa Portaria, a receita deve
ser classificada mediante uma sequência de oito dígitos, em que cada dígito tem um significado:
DÍGITO 1º 2º 3º 4º ao 7º 8º
Desdobramento
Categoria para identifica-
SIGNIFICADO Origem Espécie Tipo
Econômica ção de peculiari-
dades da recita
Apesar de ser aparentemente complicada, essa codificação está relacionada com a classificação mencionada
acima, do § 4º, do art. 11, da Lei nº 4.320, de 1964.
Tomando como exemplo, o imposto de renda de pessoa física, que quando recolhido, é alocado segundo o
código “1.1.1.3.01.1.1”, do Manual de Técnico de Orçamento (2024, p. 20), que significa:
Categoria Econômica
Origem
Espécie
Desdobramento
para identificação de
peculiaridades
Categoria Econômica
1 1 1 3,01.1 1
Principal
Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Imposto
Os estágios da receita pública são as etapas da Corresponde à entrega, realizada pelos contri-
receita orçamentária que podem ser resumidas em: buintes ou devedores, aos agentes arrecadadores
ou bancos autorizados pelo ente, dos recursos devi-
z previsão; dos ao Tesouro. Assim, quando o contribuinte vai ao
z lançamento; banco pagar o boleto do IPTU, por exemplo, ocorre a
462 z arrecadação; e arrecadação.
Vale destacar que, segundo o inciso I, do art. 35, da Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda
Lei nº 4.320, de 1964: Pública decorrente de créditos tributários não pagos
pelos contribuintes, e incluem os respectivos adicio-
Art. 35 Pertencem ao exercício financeiro: nais e multas.
I - as receitas nêle arrecadadas; Por outro lado, a dívida ativa não tributária
[…] representa os demais créditos da Fazenda Pública,
como aqueles provenientes de empréstimos compul-
A arrecadação ocorre somente uma vez, sendo sórios, as contribuições estabelecidas em lei, a multa
seguida pelo recolhimento. Quando um ente arreca- de qualquer origem ou natureza, exceto as tributá-
da para outro ente, cumpre-lhe apenas entregar os rias, foros, laudêmios, aluguéis ou taxas de ocupação,
recursos pela transferência dos recursos, não sendo custas processuais, preços de serviços prestados por
considerada arrecadação, quando do recebimento estabelecimentos públicos, indenizações, reposições,
pelo ente beneficiário. restituições, alcances dos responsáveis definitivamen-
te julgados, os créditos decorrentes de obrigações em
z Recolhimento moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, fian-
ça, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de
A transferência dos valores arrecadados à conta outras obrigações legais.
específica do Tesouro, responsável pela administra- Desse modo, verificado o não recebimento do cré-
ção e controle da arrecadação e programação finan- dito no prazo de vencimento, cabe ao órgão ou enti-
ceira, observando o Princípio da Unidade de Caixa dade de origem do crédito encaminhá-lo ao órgão ou
representado pelo controle centralizado dos recursos entidade competente para sua inscrição em dívida
arrecadados em cada ente, conforme previsto no art. ativa, com observância nos prazos e procedimentos
56, da Lei nº 4.320, de 1964: estabelecidos.
A inscrição do crédito em dívida ativa configura
Art. 56 O recolhimento de todas as receitas far-se- fato contábil permutativo (não aumenta o patrimô-
-á em estrita observância ao princípio de unidade nio líquido do ente público).
de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para
criação de caixas especiais. CLASSIFICAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS:
CONCEITUAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E ESTÁGIOS DA
Os estágios da receita pública estão dispostos con- RECEITA E DA DESPESA PÚBLICAS
forme a ordem cronológica em que ocorrem os fenô-
menos econômicos. Esses estágios são estabelecidos Despesa Pública
levando em consideração o modelo do orçamento
brasileiro. É a aplicação do montante arrecadado pelo Estado
Assim, a ordem inicia com a previsão e termina para custear a prestação dos serviços públicos ou para
com o recolhimento. a realização de investimentos.
As despesas orçamentárias são aquelas autoriza-
DÍVIDA ATIVA das no orçamento público, que serão classificadas por
categorias econômicas, seguindo a determinação do
Dívida ativa é a denominação atribuída ao con- art. 12, da Lei nº 4.320, de 1964:
junto de créditos tributários e não tributários, em
favor da Fazenda Pública, que não foram pagos no Art. 12 A despesa será classificada nas seguintes
463
z Transferências correntes (não relativas à O empenho estimativo é utilizado para as des-
manutenção da máquina pública): pesas cujo montante não se pode determinar pre-
viamente, tais como os serviços de fornecimento de
subvenções sociais (as que se destinem a insti- água e energia elétrica, a aquisição de combustíveis e
tuições públicas ou privadas de caráter assis- lubrificantes, entre outros. Por exemplo, não se sabe
tencial ou cultural, sem finalidade lucrativa); quanto será gasto de energia elétrica no mês seguinte.
subvenções econômicas (as que se destinem Desse modo, o empenho ocorrerá em valor supe-
a empresas públicas ou privadas de caráter rior ao montante estimado, para fins de segurança. O
industrial, comercial, agrícola ou pastoril); valor que sobrar após o pagamento, permanecerá nos
inativos; cofres públicos.
pensionistas; O empenho global é utilizado para despesas con-
salário-família; tratuais ou outras de valor determinado, sujeitas a
juros da dívida pública; parcelamento, como, por exemplo, os compromissos
diversas transferências correntes. decorrentes de aluguéis. Assim, no início do ano, é
realizado o empenho de toda a despesa anual com
Despesa de Capital aquele contrato de aluguel, mas efetuando o respec-
tivo pagamento a cada mês de execução da avença.
z Investimentos (despesas que aumentam o patri-
mônio do estado): z Liquidação
obras públicas (planejamento, execução e aqui- Verifica o direito do credor com base em documen-
sição de imóveis necessários à realização da tos comprobatórios. Por exemplo, analisa a documen-
obra); tação para comprovar que o produto foi realmente
material permanente (duração superior a dois entregue ao órgão público, e se está de acordo com as
anos); características apontadas no contrato.
participação em constituição ou aumento de
capital de empresas. z Pagamento
z Inversões financeiras (despesas que não aumen- O pagamento ocorrerá mediante ordem de paga-
tam o patrimônio do estado): mento nas tesourarias ou em instituições financeiras
autorizadas.
aquisição de imóveis ou de bens de capital já
em utilização;
aquisição de títulos representativos de capital Importante!
de empresa em funcionamento;
concessão de empréstimos; Restos a pagar são despesas empenhadas, mas
diversas inversões financeiras. não pagas até o término do exercício financeiro
(31/12), devendo ser pagas no ano seguinte.
Transferências de Capital Restos a pagar processados são os que já foram
empenhados e liquidados; Restos a pagar não
z amortização da dívida pública. processados são os que foram empenhados,
mas ainda não foram liquidados.
Estágios da Despesa
Lei nº 5.172, de 1966 — Código Tributário Nacional Como já vimos, a atividade estatal está vinculada
ao dispêndio de recursos com o objetivo de satisfazer
Art. 142 Compete privativamente à autoridade as necessidades sociais, sendo que esses dispêndios
administrativa constituir o crédito tributário pelo devem obedecer às decisões deliberadas e estabeleci-
lançamento, assim entendido o procedimento admi-
das no âmbito do Poder Legislativo, por meio da Lei
nistrativo tendente a verificar a ocorrência do fato
Orçamentária Anual (LOA).
gerador da obrigação correspondente, determinar
a matéria tributável, calcular o montante do tribu- Assim, o orçamento, que é um instrumento de pla-
to devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, nejamento de qualquer entidade, seja pública ou pri-
propor a aplicação da penalidade cabível. vada, uma vez que representa o fluxo de ingressos e
Parágrafo único. A atividade administrativa de lan- aplicação de recursos em determinado período, para
çamento é vinculada e obrigatória, sob pena de res- o setor público, passa a ser de vital importância, pois é
ponsabilidade funcional. a LOA que fixa a despesa pública autorizada para um
exercício financeiro.
Assim, através do lançamento, a administração A despesa orçamentária pública é o conjunto de
pública calcula o montante devido do tributo, identi- dispêndios realizados pelos entes públicos para o fun-
fica o sujeito passivo da obrigação tributária e, se for cionamento e manutenção dos serviços públicos pres-
o caso, propõe a aplicação de penalidade, caso o paga- tados à sociedade.
mento não ocorra dentro do prazo previsto. 465
Em termos de importância, a despesa pública Infelizmente, caro concurseiro, existem diversas
demanda mais atenção da sociedade, uma vez que o classificações que você precisa conhecer, pois este
gasto desordenado pode implicar desequilíbrio orça- assunto é bastante cobrado nos concursos públicos.
mentário e afetar a saúde financeira do Estado por Tentaremos facilitar e esquematizar as classificações
muitos anos. Além disso, em um país como o Bra- para que você possa entender melhor e, mais impor-
sil, com tanta desigualdade social, é natural que as tante, acertar as questões. Vamos lá?
demandas por ações do governo superem os recursos
disponíveis. Ou seja, políticas populistas que procu- ESTRUTURA DA PROGRAMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
rem atender todas as demandas da sociedade podem
não ser factíveis, uma vez que a realidade das receitas Segundo o Manual Técnico de Orçamento (2020, p. 23):
públicas limita as despesas públicas.
Os dispêndios, assim como os ingressos, são tipifi- A compreensão do orçamento exige o conhecimento
cados em orçamentários e extraorçamentários. de sua estrutura e sua organização, implementadas
Nos termos do art. 35, da Lei n° 4.320, de 1964: por meio de um sistema de classificação estrutu-
rado. Esse sistema tem o propósito de atender às
Art. 35 Pertencem ao exercício financeiro: exigências de informação demandadas por todos
I - as receitas nele arrecadadas; os interessados nas questões de finanças públicas,
II - as despesas nele legalmente empenhadas. como os poderes públicos, as organizações públicas
e privadas e a sociedade em geral.
Portanto, despesa orçamentária é toda transa-
ção que depende de autorização legislativa, na forma Complicado? A definição acima quer dizer que a
de consignação de dotação orçamentária, para ser classificação da despesa leva em conta a estrutura da
efetivada. organização onde ela será aplicada, classificando-a
Dispêndio extraorçamentário é aquele que não tanto no aspecto organizacional quanto no aspecto
consta na lei orçamentária anual, compreendendo orçamentário/financeiro. Segundo o Manual Técnico
determinadas saídas de numerários decorrentes de de Orçamento (2020, p.23), “o orçamento público está
depósitos, pagamentos de restos a pagar, resgate de organizado em programas de trabalho, que contêm
operações de crédito por antecipação de receita e informações qualitativas e quantitativas, sejam físicas
recursos transitórios. ou financeiras”.
Além do conceito acima, é necessário saber que, Vamos primeiro analisar as informações qualitati-
para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser vas, quais sejam: classificação por esfera orçamentá-
classificada quanto ao impacto na situação patrimonial ria, classificação institucional, classificação funcional
líquida em: e classificação programática. E, em seguida, passare-
mos a analisar as informações quantitativas: IDOC,
z Despesa Orçamentária Efetiva: é aquela que, no IDUSO, Fonte de Recursos, Natureza da Despesa e
momento de sua realização, reduz a situação líqui- Identificador de Resultado Primário.
da patrimonial da entidade. Constitui fato contá-
bil modificativo diminutivo. A despesa corrente, Classificação Qualitativa
geralmente, é uma despesa orçamentária efetiva,
como, por exemplo, pagamento de salários de fun- A classificação qualitativa está ligada ao tipo de orça-
cionários públicos. Entretanto, é necessário tomar mento praticado no Brasil, que é o Orçamento Progra-
cuidado, pois existem casos de despesas correntes ma, o qual está relacionado ao planejamento e expressa
não efetivas, como, por exemplo, a despesa com o compromisso das ações do governo com a sociedade.
a aquisição de materiais para estoque e a despe- Segundo o Manual Técnico de Orçamento (2020, p. 23)
sa com adiantamentos, que representam fatos
permutativos; O programa de trabalho, que define qualitativa-
z Despesa Orçamentária Não Efetiva: é aquela que, mente a programação orçamentária, deve res-
no momento da sua realização, não reduz a situa- ponder, de maneira clara e objetiva, às perguntas
ção líquida patrimonial da entidade. Constitui fato clássicas que caracterizam o ato de orçar, sendo, do
contábil permutativo. Geralmente, as despesas de ponto de vista operacional, composto dos seguin-
capital se enquadram como despesa orçamentária tes blocos de informação: classificação por esfera,
não efetiva, entretanto, há despesas de capital que classificação institucional, classificação funcional,
estrutura programática e principais informações
são efetivas como, por exemplo, as transferências de
do Programa e da Ação.
capital, que causam variação patrimonial diminuti-
va e, por isso, classificam-se como despesa efetiva.
BLOCOS DA ITEM DA PERGUNTA A SER
ESTRUTURA ESTRUTURA RESPONDIDAS
CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA
Classificação por Esfera
Em qual Orçamento?
Como já dissemos no tópico anterior, a saúde Esfera Orçamentária
financeira do ente federativo está intimamente ligada
Órgão
ao controle da despesa pública, assim é natural que
Classificação Quem é o responsável
ela seja analisada de várias formas. Nesse sentido, o Institucional Unidade por fazer?
instrumento legal que orienta a classificação da des- Orçamentária
pesa pública é o Manual Técnico de Orçamento (MTO),
editado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF), Função Em que áreas de des-
Classificação
pesas a ação governa-
juntamente com o Manual de Despesa Nacional e o Funcional Subfunção mental será realizada?
466 Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público.
Importante ressaltarmos que um órgão orçamen-
BLOCOS DA ITEM DA PERGUNTA A SER
ESTRUTURA ESTRUTURA RESPONDIDAS
tário ou unidade orçamentária (UO) não correspon-
de necessariamente a uma estrutura administrativa
O que se pretende (ex.: fundos especiais, transferências aos Estados e
Estrutura alcançar com a imple- Municípios, reservas de contingência etc.).
Programa
Programática mentação da Política As dotações orçamentárias, especificadas por cate-
Pública?
goria de programação em seu menor nível, são con-
Ação - signadas às UOs, que são aquelas responsáveis pela
concretização das ações.
Descrição -
Codificação da classificação institucional. Fonte: MTO (2020) Fonte: MTO (2020) 467
Estrutura Programática Cabe agora compreendermos a classificação e
codificação das Ações. Como vimos, as ações são ope-
Todas as ações do orçamento são organizadas em rações que resultam em bens ou serviços, que contri-
programas. Mas o que é um programa? Segundo a buem para atender ao objetivo de um programa. São
Portaria MOG n° 42, de 1999, a), art. 2°: art. 2º, a): três os tipos de ações:
Art. 2º Para os efeitos da presente Portaria, enten- z Atividade: conjunto de operações que se realizam
dem-se por: de modo contínuo e permanente (processo de ope-
a) Programa, o instrumento de organização da ração de um hospital).
ação governamental visando à concretização dos z Projeto: conjunto de operações limitadas no tem-
objetivos pretendidos, sendo mensurado por indi-
po (ex.: a construção de um hospital).
cadores estabelecidos no plano plurianual;
z Operação especial: despesas que não contribuem
para manutenção, expansão ou aperfeiçoamento
Ou seja, trata-se do instrumento de organização da
das ações do governo. Não há geração de produto
ação governamental, em linha com o nível estratégico
direto e não há contraprestação direta na forma de
da gestão. Veja como o programa está alocado no mapa bens ou serviços.
estratégico do PPA (plano plurianual 2020-2023):
Em relação à classificação, as ações são identifica-
das seguindo a lógica abaixo:
1º 2º 3° 4º 5º 6º 7º
Numérico Alfanuméricos Numéricos
AÇÃO SUBTÍTULO
Codificação das Ações Orçamentárias. Fonte: MTO (2020)
1, 3, 5 ou 7 Projeto
2, 4, 6 ou 8 Atividade
Mapa estratégico.
0 Operação Especial
Fonte: PPA 2020-2023 Codificação da Ação.
Exemplo: recolhimento de IRPF – natureza de receita Por sua vez, as receitas de capitais são destinadas ao
“1.1.1.3.01.1.1”. atendimento das despesas de capital e o superávit do orça-
mento corrente. Podem, ainda, ser oriundas das vendas de
Fonte: MTO (2020) bens e direitos do ente (venda de ativos e investimentos).
Exemplos:
Os § § 1º e 2º, do art. 11, apresentam explicitamen-
te a classificação por categoria econômica. Sob essa Operações de crédito: recursos oriundos da
perspectiva, as receitas são Correntes ou de Capital. colocação de títulos públicos no mercado (quan-
A classificação orçamentária por natureza de receita do o governo “vende” títulos de sua dívida no
é estabelecida pelo § 4º do mesmo art. 11. São Recei- mercado), ou do recebimento pela contratação
470 tas Correntes “as receitas tributária, de contribuições, de empréstimos e financiamentos;
Alienação de bens: recursos obtidos por meio
da venda de ativos do ente (venda de bens Previsão
móveis e bens imóveis); (planejamento)
Amortização de empréstimos: recebimento
de parcelas de empréstimos e financiamentos
que o ente concedeu a terceiros;
Transferências de capital: recursos oriundos de Lançamento
outros entes, com o objetivo de ser aplicado em (execução)
despesas de capital (investimentos, por exemplo);
Outras receitas de capital: ingresso de recur-
sos de outras origens não classificadas ante-
riormente (integralização do capital socia, Arrecadação
integralização com recursos do Tesouro etc.). (execução)
Brincadeiras à parte, o mnemônico PLAR se refere “Receitas orçamentárias são recursos que ingres-
às iniciais das fases da receita orçamentária: sam no patrimônio do Estado e servirão para o
financiamento de ações e programas para aten-
dimento das necessidades públicas e demandas
sociais. Já no caso das receitas extraorçamentárias,
o Estado é mero depositário dos recursos, como no
caso de recebimento de cauções [...] São receitas
meramente compensatórias.”
471
Dentro da mesma ideia, a despesa orçamentária é a transação que depende de autorização legislativa, mate-
rializada na forma de consignação de dotação orçamentária, e a despesa extraorçamentária é aquela que está
fora do escopo da lei orçamentária anual, ou seja, em que o ente serve de mero depositário do recurso ou quando
a despesa se refere à exercício diverso daquele em curso (caso do pagamento de restos a pagar).
Assim como na receita extraorçamentária, as operações de crédito por antecipação de receita na ponta das
despesas também são extraorçamentárias.
Referente ao seu relacionamento com o regime contábil, conforme já abordado, as despesas são reconhecidas
pelo regime de competência. Resgamos o nosso bom e velho art. 35, da Lei n° 4.320, de 1964:
O inciso II do artigo supracitado dispõe sobre “despesas legalmente empenhadas” no exercício financeiro,
referindo-se ao reconhecimento da ocorrência da despesa e não o seu pagamento.
No que se refere à classificação, o art. 12, da Lei n° 4.320, de 1964, apresenta explicitamente a classificação por
categoria econômica. Sob essa perspectiva, as despesas são Correntes ou de Capital. Tal classificação tem o condão
de identificar o efeito econômico da realização das despesas.
Despesas de Capital formam ativos permanentes e as Despesas Correntes têm como finalidade a aplicação
nas necessidades cotidianas, como as despesas com pessoal. A Portaria Conjunta STN/SOF nº 1, de 2011, define
as despesas de capital como aquelas “que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de
capital e as despesas correntes como aquelas que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um
bem de capital”. Temos aqui uma classificação da despesa:
Contudo, apesar das classificações da Lei 4.320/64 não terem sido revogadas, na prática, os entes aplicam a
classificação da Secretaria do Tesouro Nacional. Nessa classificação por grupo de natureza da despesa (GND),
as despesas correntes são divididas em pessoal e encargos sociais, juros e encargos da dívida e outras des-
pesas correntes. As despesas de capital são divididas em investimentos, inversões financeiras e amortização
da dívida. Trata-se somente de novas subdivisões, pois ambas as categorias continuam englobando as mesmas
despesas.
Importante!
Apesar de ainda estar em vigor, a classificação das receitas e despesas dispostas pela Lei n° 4.320, de 1964,
não são utilizadas na prática, sendo válidas as classificações da STN. De qualquer forma, vale a memorização
da classificação da Lei n° 4.320, de 1964, por vezes exigido em exames.
Pessoal e encargos sociais: despesas com pessoal ativo, pensionistas, civis, militares, com qualquer espé-
cie remuneratória.
Juros e encargos da dívida: pagamento de juros comissões e outros encargos assumidos nas operações de
crédito internas e externas.
Outras despesas correntes: aquisição de material de consumo, serviços diversos, e outras despesas não
classificáveis anteriormente.
Investimentos: planejamento e execução de obras, aquisição de imóveis, equipamentos e materiais
permanentes.
472
Inversões financeiras: aquisição de imóveis e z Fixação: chamado também de programação, refe-
bens de capital já em utilização, aquisição de re-se à dotação inserida na lei orçamentária anual.
títulos do capital de empresas já constituídas. Trata-se de um limite fixado no orçamento, que
Amortização da dívida: pagamento e/ou refi- passou por todo o rito de apreciação e aprovação
nanciamento do principal. no Congresso Nacional;
z Empenho: consiste na reserva de dotação orça-
A classificação institucional reflete a estrutura de mentária para um fim específico. É o primeiro
alocação dos créditos orçamentários estruturados em estágio da execução da despesa. O empenho é efe-
dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unida- tivado pelo ordenador de despesa, materializado
de orçamentária. O art. 14, da Lei n° 4.320, de 1964, pela nota do empenho, onde constam todas as
elucida o conceito da unidade orçamentária: informações necessárias para controle da despesa,
como o nome do fornecedor/prestador, importân-
Art. 14 Constitui unidade orçamentária o agrupa- cia a ser paga. O art. 58 define o empenho:
mento de serviços subordinados ao mesmo órgão
ou repartição a que serão consignadas dotações Art. 58 O empenho de despesa é o ato emanado de
próprias. autoridade competente que cria para o Estado obri-
Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão gação de pagamento pendente ou não de implemen-
consignadas dotações a unidades administrativas to de condição.
subordinadas ao mesmo órgão.
O empenho desencadeia uma obrigação orçamen-
Os órgãos orçamentários correspondem ao agru- tária do ente – um passivo financeiro (diferente de
pamento das unidades orçamentárias. Por exemplo: um passivo patrimonial, relacionado a uma obrigação
26000 — MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (órgão financeira). Outros dispositivos relevantes da Lei n°
orçamentário) 4.320, de 1964, relacionados ao empenho dizem res-
26242 — Universidade Federal de Pernambuco peito à vedação do empenho de despesa superior ao
26403 — Instituto Federal de Educação, Ciência e limite dos créditos concedidos, vedação à realização
Tecnologia do Amazonas (IFAM) da despesa sem prévio empenho (art. 60), a obrigato-
Outras classificações da despesa são abordadas nos riedade da nota de empenho (art. 61).
exames, como a classificação funcional e por estrutura
programática, os quais detalharemos em tópicos espe- z Liquidação: trata-se da verificação do direito
cialmente dedicados ao estudo da despesa pública. adquirido pelo credor. É o ato de confirmar se o
que foi acordado, contratado e combinado foi, de
ETAPAS DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA fato, executado. Os dispositivos a seguir deixam
bem claro a definição da liquidação:
Grave este mnemônico: FELP.
Art. 62 O pagamento da despesa só será efetuado
quando ordenado após sua regular liquidação.
Art. 63 A liquidação da despesa consiste na veri-
ficação do direito adquirido pelo credor tendo por
base os títulos e documentos comprobatórios do
respectivo crédito.
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:
Assim, os lançamentos estarão fechados dentro das classes 1 a 4 ou das classes 5 e 6 ou das classes 7 e 8:
a. Lançamentos de natureza patrimonial: apenas debitam e creditam contas das classes 1, 2, 3 e 4.
b. Lançamentos de natureza orçamentária: apenas debitam e creditam contas das classes 5 e 6.
c. Lançamentos de natureza de controle: apenas debitam e creditam contas das classes 7 e 8. (MCASP, 2021, p. 476)
Agora, precisamos analisar os conceitos referentes a cada uma das classes que compõem o PCASP. Preste bas-
tante atenção aos conceitos apresentados a seguir, pois eles aparecem nas provas da forma como está descrito.
No que se refere às classes e suas respectivas funções, vejamos separadamente:
z Ativo: aborda todos os recursos que determinada organização possui ou administra decorrentes de ações
anteriores. É importante que tais recursos sejam capazes de gerar ganhos financeiros ou de prestar serviços
no futuro para tal organização;
z Passivo e patrimônio líquido: pode-se dizer que “passivo” se refere tanto às dívidas como também aos
compromissos que determinada organização possui ou assume em razão de ações anteriores e que, necessa-
riamente, deverão ser pagos ou cumpridos com a saída de recursos que contenham valor financeiro ou capa-
cidade de oferecer serviços. Em contrapartida, patrimônio líquido trata da diferença entre o que determinada
organização possui ou administra e o que ela deve, bem como acerca do que ela deve fazer;
z Variações patrimoniais diminutivas: refere-se à perda de valor financeiro durante o tempo de registro con-
tábil em razão de gasto de recurso ou, até mesmo, de diminuição de bens ou direitos que possa acarretar o
aumento de dívidas ou compromissos, sendo capaz de fazer com que o patrimônio líquido fique menor e sen-
do causada por pagamento aos donos;
z Variações patrimoniais aumentativas: refere-se ao ganho de valor financeiro durante o tempo de registro
contábil em razão de recebimento de determinado recurso ou crescimento de bens e direitos, que acarreta a
redução de dívidas ou compromissos, capaz de fazer com que o patrimônio líquido permaneça maior e que
não seja causado por contribuição dos donos;
z Controles da aprovação e controle de execução do planejamento e orçamento: são as categorias contábeis
que têm o papel de anotar as ações e também os acontecimentos relacionados ao cumprimento integral do
orçamento;
z Controle de credores e devedores: refere-se às categorias contábeis que são usadas para anotar as ações
possíveis e também as supervisões de particulares.
TABELA DE EVENTOS
A tabela de eventos é um manual no qual estão compilados todos os eventos utilizados pelo Sistema Integrado
de Administração Financeira (SIAFI). Todos os lançamentos feitos no SIAFI são efetuados de acordo com os códi-
gos apresentados nessa tabela.
475
No que tange aos fundamentos lógicos, é necessá- o) Os eventos 80.0.XXX são eventos de crédito utiliza-
rio conhecer o que diz o próprio Manual SIAFI (2023): dos para a apropriação da receita e/ou outros depó-
sitos que exigem, como contrapartida, eventos de
a) os eventos mantêm correlação com os documen- entrada em bancos. Ou um evento de débito em algum
tos de entrada do Sistema, a exceção dos eventos momento. (Ministério da Fazenda, 2023, p. 108-112)
das classes 50, 60, 70 e 80, que podem constar indis-
tintamente das NL, OB e GR; Dica
b) os eventos 10.0.XXX são preenchidos de forma
individual na NL e se destinam a registrar a previ- Não é necessário decorar todos os fundamen-
são da receita; tos descritos pela norma, apenas saber que eles
c) os eventos 20.0.XXX são indicados na ND e obje- existem e que há uma razão de ser da tabela de
tivam registrar a Dotação da Despesa; tais eventos eventos.
são preenchidos de forma individual, com algumas
exceções de utilização, porém conjugados com CONTABILIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS FATOS
eventos da mesma Classe; CONTÁBEIS
d) os eventos 30.0.XXX são indicados de forma indi-
vidual na NC e se destinam a registrar a movimen-
Dentro deste tópico, sempre considere que o “D”
tação de créditos orçamentários;
significa “débito” e que o “C” significa “crédito”.
e) os eventos 40.0.XXX são preenchidos automati-
camente na NE ou PE e objetivam registrar a emis-
são de Empenhos ou Pré-empenhos; PREVISÃO DA RECEITA
f) os eventos 50.0.XXX, são eventos de débito e
quando preenchidos na NL, não podem apresen- A contabilização da previsão da receita ocorrerá
tar-se de forma individual, exceto os de Classe 54. nos casos em que houver a aprovação do orçamento. De
Isto porque são eventos representativos de partida acordo com o MCASP, quando o orçamento é aprovado,
contábil de débitos (Classes 51, 53 e 55) e de crédi- apenas serão feitos registros contábeis, sob a ótica do
tos (52 e 56); ou de forma 5x.5.xxx contra 5x.0.xxx. Plano de Contas Aplicado ao Setor Público, dentro da
Obs: Exceto o evento 501468, que só é utilizado em natureza de informação orçamentária. Vejamos:
NS (Nota de Sistema), e serve para registrar valores
inscritos em Restos a Pagar não Processados. Natureza da informação: orçamentária
g) os eventos 51.0.XXX são eventos de débitos que D 5.2.1.1.x.xx.xx Previsão Inicial da Receita
são utilizados sempre que a despesa for reconhe- C 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar. (MCASP, 2021,
cida, esteja ou não em condições de pagamento. p. 58)
Estes eventos exigem como complemento, eventos
52.0.XXX para o caso de retenção da respectiva FIXAÇÃO DA DESPESA
obrigação ou fechamento da respectiva NL. Em se
tratando de pagamento direto, o evento de despesa
A fixação da despesa orçamentária integra o pro-
é utilizado na OB que apropria e liquida simulta-
cesso de planejamento e envolve a escolha de ações
neamente a despesa;
para alcançar um cenário desejado, considerando os
h) Os eventos 52.0.XXX são eventos de débito uti-
lizados em conjunto com o evento 51.0.XXX tam-
recursos existentes e seguindo as orientações e priori-
bém evento de débito sempre que houver retenção dades definidas pelo próprio governo.
da obrigação para pagamento posterior ou para Como isso será registrado na contabilidade públi-
fechamento de NL; ca? Assim como a estimativa da receita, será utilizado
i) Os eventos 53.0.3XX são eventos de débito utili- somente o tipo de informação orçamentária. Vejamos:
zados para liquidar obrigações retidas através dos
eventos 52.0.2XX, e suas dezenas finais mantém, na Natureza da informação: orçamentária
sua maioria, correlação entre si, para facilitar a D 5.2.2.1.1.xx.xx Dotação Inicial
identificação e o uso dos mesmos; 50 Manual SIAFI C 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível. (MCASP, 2021,
– FNS/Ccont p. 148)
j) Os eventos 54.0.XXX são utilizados de forma
individual e se destinam a realização de registros LIQUIDAÇÃO E PAGAMENTO
contábeis diversos (debitam e creditam ao mesmo
tempo, ou seja, não tem contrapartida); A liquidação é o terceiro passo para a execução da
k) Os eventos 55.0.XXX são eventos de débito utili- despesa pública e consiste na verificação do direito
zados para apropriar os valores representativos de adquirido pelo credor com base nos documentos com-
direitos, inclusive por desembolsos efetuados pela probatórios do respectivo crédito.
própria UG para prestação de contas posterior; Dessa forma, a liquidação é o momento em que
l) Os eventos 56.0.6XX são eventos de crédito utili- se confirma que o objeto da despesa foi entregue ou
zados para liquidar os direitos apropriados pelos
realizado conforme o contrato ou a nota de empenho.
eventos 55.0.5XX e suas dezenas finais mantém, na
Assim, ela é feita pelo fiscal do contrato ou pelo setor
sua maioria, correlação entre si, para facilitar a
responsável pela conferência da despesa. A liquida-
identificação e o uso dos mesmos;
m) Os eventos 61.0.XXX são eventos de débito utili- ção atesta que o credor cumpriu com suas obrigações
zados para liquidar os restos a pagar inscritos no e que tem direito ao pagamento.
final do exercício anterior e exigem, como contra- Para que a liquidação seja realizada, é necessário
partida, eventos de saída de bancos; que sejam apresentados os seguintes documentos:
n) Os eventos 70.0.XXX são eventos de débito utili-
zados para realização de transferências financeiras z Contrato, ajuste ou acordo respectivo: docu-
e exigem, como contrapartida, eventos de saída de mento que formaliza a obrigação assumida pela
476 bancos; quando utilizado em OB (Ordem Bancária). Administração Pública;
z Nota de empenho: documento que autoriza o arrendamento mercantil e outras operações asse-
pagamento da despesa; melhadas, inclusive com o uso de derivativos
z Comprovantes da entrega de material ou da pres- financeiros;
tação efetiva do serviço: documentos que com- [...]
provam que o bem ou serviço foram entregues ou
prestados conforme as condições estabelecidas no A Lei Complementar (LC) nº 101, de 2000 (Lei de
contrato. Responsabilidade Fiscal — LRF), conceitua operação
de crédito no inciso III, do art. 29, e dá algumas provi-
A liquidação deve ser realizada no prazo de 30 dias, dências acerca desse instituto.
contados da data da emissão da nota de empenho. Todas as atividades financeiras exemplificadas no
Veja a seguir um exemplo sobre liquidação. citado preceito legal constituem operações de crédito.
Imagine que uma prefeitura realize uma licitação
para a compra de 100 computadores. A empresa ven- DA CONTRATAÇÃO
cedora da licitação é contratada e fornece os compu-
tadores à prefeitura. A prefeitura emite uma nota de Art. 32 O Ministério da Fazenda verificará o cum-
empenho para o pagamento da despesa. primento dos limites e condições relativos à rea-
Para que a liquidação da despesa seja realizada, a lização de operações de crédito de cada ente da
prefeitura deve verificar se os computadores foram Federação, inclusive das empresas por eles contro-
entregues conforme as condições estabelecidas no ladas, direta ou indiretamente.
contrato. Para isso, o órgão executivo municipal pode § 1º O ente interessado formalizará seu pleito fun-
damentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e
realizar uma inspeção nos computadores para verifi-
jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício,
car se eles estão em bom estado de funcionamento;
o interesse econômico e social da operação e o aten-
após a inspeção, será possível a emissão de um termo
dimento das seguintes condições:
que liquida a despesa, de forma que atesta o cumpri- I - existência de prévia e expressa autorização para
mento da obrigação assumida. a contratação, no texto da lei orçamentária, em cré-
Ainda, o pagamento é o quarto e último passo ditos adicionais ou lei específica;
para a execução da despesa pública e consiste na II - inclusão no orçamento ou em créditos adicio-
entrega do valor devido ao credor por meio de che- nais dos recursos provenientes da operação, exceto
que, ordem bancária, transferência eletrônica ou no caso de operações por antecipação de receita;
outro meio legal. Assim, é o momento em que se extin- III - observância dos limites e condições fixados
gue a obrigação de pagamento criada pelo empenho. pelo Senado Federal;
Ele é realizado pelo setor financeiro do órgão público, IV - autorização específica do Senado Federal,
após a liquidação da despesa, e deve ser feito dentro quando se tratar de operação de crédito externo;
do prazo estabelecido no contrato ou na legislação. V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167
Para que o pagamento seja realizado, é necessário que da Constituição;
a despesa esteja liquidada e que haja disponibilidade de VI - observância das demais restrições estabeleci-
recursos financeiros no orçamento público. O pagamento das nesta Lei Complementar.
da despesa pública pode ser realizado por meio de: § 2º As operações relativas à dívida mobiliária fede-
ral autorizadas, no texto da lei orçamentária ou de
créditos adicionais, serão objeto de processo sim-
z Transferência bancária: transferência dos recur-
plificado que atenda às suas especificidades.
sos financeiros da conta do tesouro público para a
§ 3º Para fins do disposto no inciso V do § 1º, consi-
conta do beneficiário da despesa;
derar-se-á, em cada exercício financeiro, o total dos
Art. 35 É vedada a realização de operação de cré- Art. 38 A operação de crédito por antecipação de
dito entre um ente da Federação, diretamente ou receita destina-se a atender insuficiência de caixa
por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou durante o exercício financeiro e cumprirá as exi-
478 empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas gências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:
I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do § 4º É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos
início do exercício; da dívida pública federal existentes na carteira do
II - deverá ser liquidada, com juros e outros encar- Banco Central do Brasil, ainda que com cláusula de
gos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.
ano;
III - não será autorizada se forem cobrados outros Trata de mais vedações estabelecidas ao Banco
encargos que não a taxa de juros da operação, obri- Central, além daquelas já previstas no art. 35, da mes-
gatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica ma LRF.
financeira, ou à que vier a esta substituir;
IV - estará proibida: DA GARANTIA E DA CONTRAGARANTIA
a) enquanto existir operação anterior da mesma
natureza não integralmente resgatada; Art. 40 Os entes poderão conceder garantia em
b) no último ano de mandato do Presidente, Gover- operações de crédito internas ou externas, obser-
nador ou Prefeito Municipal. vados o disposto neste artigo, as normas do art. 32
§ 1º As operações de que trata este artigo não serão e, no caso da União, também os limites e as con-
computadas para efeito do que dispõe o inciso III do dições estabelecidos pelo Senado Federal e as nor-
art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no mas emitidas pelo Ministério da Economia acerca
prazo definido no inciso II do caput. da classificação de capacidade de pagamento dos
§ 2º As operações de crédito por antecipação de mutuários.
receita realizadas por Estados ou Municípios serão § 1º A garantia estará condicionada ao oferecimen-
efetuadas mediante abertura de crédito junto à ins- to de contragarantia, em valor igual ou superior
tituição financeira vencedora em processo compe- ao da garantia a ser concedida, e à adimplência da
titivo eletrônico promovido pelo Banco Central do entidade que a pleitear relativamente a suas obri-
Brasil. gações junto ao garantidor e às entidades por este
§ 3º O Banco Central do Brasil manterá sistema de controladas, observado o seguinte:
acompanhamento e controle do saldo do crédito I - não será exigida contragarantia de órgãos e enti-
aberto e, no caso de inobservância dos limites, apli- dades do próprio ente;
cará as sanções cabíveis à instituição credora. II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou
Município, ou pelos Estados aos Municípios, pode-
Trata-se de uma espécie de operação de crédito, na rá consistir na vinculação de receitas tributárias
qual será antecipada uma receita futura. diretamente arrecadadas e provenientes de trans-
Por exemplo: um imposto que é pago em 10 parce- ferências constitucionais, com outorga de poderes
ao garantidor para retê-las e empregar o respectivo
las no decorrer do exercício financeiro, cujo valor, no
valor na liquidação da dívida vencida.
entanto, é necessitado pelo ente federativo já no mês
§ 2º No caso de operação de crédito junto a orga-
de janeiro. Nesse caso, poderá ser realizada operação nismo financeiro internacional, ou a instituição
de crédito por antecipação de receita orçamentária no federal de crédito e fomento para o repasse de
valor exato do total da receita — havendo apenas a recursos externos, a União só prestará garantia a
antecipação da receita para o mês de janeiro. ente que atenda, além do disposto no § 1º, as exi-
Após isso, com os pagamentos sendo realizados gências legais para o recebimento de transferências
pelo contribuinte, o ente federativo vai quitando as voluntárias.
parcelas da operação de crédito. § 3º (VETADO)
§ 4º (VETADO)
DAS OPERAÇÕES COM O BANCO CENTRAL DO § 5º É nula a garantia concedida acima dos limites
fixados pelo Senado Federal.
Lembre-se que, como vimos acima, no § 2º, do art. 45, do Decreto nº 93.872, de 1986, o servidor que receber
SF, é obrigado a prestar contas de sua aplicação, procedendo-se, automaticamente, à tomada de contas, se não o
fizer no prazo assinalado pelo ordenador da despesa. Ou seja, o ordenador dá um prazo e, caso ele não seja cum-
prido, a tomada de contas é automática.
Art. 70 [...]
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guar-
de, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
E como é feita essa prestação de contas? No âmbito federal ela é realizada de acordo com a IN 84, de 2020, do
Tribunal de Contas da União (TCU). Esta norma traz alguns tópicos acerca da prestação de contas e dividiremos
aqui em conceitos, finalidade e princípios.
Conceito: a IN conceitua a prestação de contas como:
Art. 1º [...]
§ 1º Prestação de contas é o instrumento de gestão pública mediante o qual os administradores e, quando apropria-
do, os responsáveis pela governança e pelos atos de gestão de órgãos, entidades ou fundos dos poderes da União
apresentam e divulgam informações e análises quantitativas e qualitativas dos resultados da gestão orçamentária,
financeira, operacional e patrimonial do exercício, com vistas ao controle social e ao controle institucional previsto
nos artigos 70, 71 e 74 da Constituição Federal.
FINALIDADES
Demonstrar, de modo claro e objetivo, a boa e regular aplicação dos recursos públicos federais para satisfazer
z tornar mais fácil e estimular a ação do controle social na execução do orçamento federal e defesa do patrimô-
nio da União;
z apoiar as unidades do sistema de controle interno dos poderes da União para verificar o atingimento das
metas estabelecidas no plano plurianual, a realização dos programas de governo e dos orçamentos da União.
Além disso, visa-se a demonstração da legalidade, bem como a avaliação da eficácia e efetividade da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal;
z apoiar os ministros do Estado com dados para o exercício da direção, coordenação e fiscalização dos órgãos
e entidades da administração federal no âmbito de sua competência, assim como entregar ao presidente da
República relatório anual de sua gestão no ministério;
z colaborar no monitoramento e na fiscalização orçamentária pela comissão mista do Congresso Nacional;
z permitir ao Tribunal de Contas da União o julgamento das contas dos gestores e demais encarregados.
PRINCÍPIOS
Para a elaboração e divulgação da prestação de contas, vejamos os princípios norteadores presentes na tabela
a seguir:
483
PRINCÍPIO CONCEITO
A respeito de fatos ocorridos no passado é necessária a
prestação de contas, no entanto, os responsáveis devem,
também, apresentar a direção estratégica organizacional,
de forma que haja a busca de resultados benéficos à
sociedade. Assim, sendo possível oferecer uma visão de
Foco Estratégico e no Cidadão
como a estratégia se conecta com a capacidade de gerar
valor público no curto, médio e longo prazo, evidenciando
o uso que a Unidade Prestadora de Contas (UPC) faz dos
recursos, assim como os produtos, os resultados e os
impactos gerados
Obs.: UPC são as Unidades Prestadoras de Contas, ou seja, os órgãos responsáveis por prestar contas.
484
TOMADA DE CONTAS ESPECIAL O art. 37, da Lei nº 4.320, de 1964, dispõe que:
A tomada de contas especial se trata de um proces- Art. 37 As despesas de exercícios encerrados, para
so adotado excepcionalmente quando há um desfal- as quais o orçamento respectivo consignava crédito
que de dinheiro ou, senão, uma prática ilegal. Dessa próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que
forma, para firmar o alegado, vejamos a definição da não se tenham processado na época própria, bem
Portaria nº 1.531, de 20211, da Corregedoria Geral da como os Restos a Pagar com prescrição interrom-
União, cuja orienta sobre o procedimento suscitado: pida e os compromissos reconhecidos após o encer-
ramento do exercício correspondente poderão ser
Art. 2º Tomada de contas especial é um processo pagos à conta de dotação específica consignada no
administrativo devidamente formalizado, com rito orçamento, discriminada por elementos, obedeci-
próprio, para apurar responsabilidade por ocor- da, sempre que possível, a ordem cronológica.
rência de dano à administração pública federal,
com apuração de fatos, quantificação do dano, Para fins de identificação como despesas de exercí-
identificação dos responsáveis e obtenção do res-
cios anteriores, considera-se:
pectivo ressarcimento, quando caracterizado pelo
menos um dos seguintes fatos:
I - omissão no dever de prestar contas; z despesas que não tenham sido processadas na épo-
II - não comprovação da regular aplicação dos ca própria, como aquelas cujo empenho tenha sido
recursos repassados pela União; considerado insubsistente e anulado no encer-
III - ocorrência de desfalque, alcance, desvio ou ramento do exercício correspondente, mas que,
desaparecimento de dinheiro, bens ou valores dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cum-
públicos; e prido sua obrigação;
IV - prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou z restos a pagar com prescrição interrompida, a des-
antieconômico de que resulte dano ao Erário. Pará- pesa cuja inscrição como restos a pagar tenha sido
grafo único. Consideram-se responsáveis pessoas cancelada, mas ainda vigente o direito do credor;
físicas ou jurídicas às quais possa ser imputada a z compromissos reconhecidos após o encerramento do
obrigação de ressarcir o Erário. exercício, a obrigação de pagamento criada em virtude
de lei, mas somente reconhecido o direito do reclaman-
A tomada de contas especial, para tanto, é formada te após o encerramento do exercício correspondente.
por duas fases: a fase interna e externa. Ocorrendo
algum dos fatos citados anteriormente, será instau- O reconhecimento da obrigação de pagamento das
rada a tomada de contas dentro da própria admi- despesas com exercícios anteriores, pela autoridade
nistração em que houve o dano (fase interna). Após competente, deverá ocorrer em procedimento admi-
apuração interna, os autos são encaminhados ao tri- nistrativo específico, sendo necessário, no mínimo,
bunal de contas competente, que irá analisar o pro- os seguintes elementos:
cesso a julgar a regularidade ou irregularidade das
contas e conduta dos agentes na aplicação dos recur- z identificação do credor/favorecido;
sos (fase externa). z descrição do bem, material ou serviço adquirido/
contratado;
REFERÊNCIAS z data de vencimento do compromisso;
z importância exata a pagar;
JACOBY FERNANDES, J. Tomada de Contas Espe- z documentos fiscais comprobatórios;
São chamadas Despesas de Exercícios Anteriores Nesta unidade, trataremos da Lei n° 10.180, de 6
(DEA) aquelas despesas fixadas no orçamento vigente de fevereiro de 2001, que disciplina os Sistemas de
decorrentes de compromissos assumidos em exercí- Planejamento e de Orçamento Federal, de Adminis-
cios anteriores ao exercício em que ocorre o pagamen- tração Financeira Federal, de Contabilidade Federal e
to. Não se confundem com restos a pagar, tendo em de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Apre-
vista que sequer foram empenhadas ou, se foram, sentaremos, a seguir, cada um desses sistemas.
tiveram seus empenhos anulados ou cancelados.
1 Portaria nº 1.531, de 1º de julho de 2021. Orienta tecnicamente os órgãos e entidades sujeitos ao Controle Interno do Poder Executivo Federal
sobre a instauração e a organização da fase interna do processo de Tomada de Contas Especial. Disponível em: https://repositorio.cgu.gov.br/bits-
tream/1/66377/5/Portaria_1531_2021.pdf. Acesso em: 14 dez. 2023. 485
Para a realização do seu exame, uma dica impor-
COMPETÊNCIAS DO PLANEJAMENTO FEDERAL
tante é memorizar, a cada sistema abordado, a sua (ART. 7º)
finalidade, competência e seus integrantes, uma vez
que as questões de concursos, em sua grande maioria, I - Elaborar e supervisionar a execução de planos e progra-
abordam esses temas. mas nacionais e setoriais
II - Coordenar a elaboração dos projetos de lei do PPA, me-
SISTEMA DE PLANEJAMENTO E DE ORÇAMENTO tas e prioridades da LDO
FEDERAL (SPO) III - Acompanhamento físico e financeiro dos planos e pro-
gramas, realizar a avaliação da eficácia e efetividade para
Segundo o art. 2º, da Lei n° 10.180, de 2001: subsidiar o processo de alocação de recursos públicos,
política de gastos e coordenação das ações do governo
Art. 2º O Sistema de Planejamento e de Orçamento
IV - Assegurar que as unidades administrativas responsá-
Federal tem por finalidade:
veis pela execução dos programas, projetos e atividades
I - formular o planejamento estratégico nacional;
da administração mantém rotinas de acompanhamento e
II - formular planos nacionais, setoriais e regio-
avaliação da sua programação
nais de desenvolvimento econômico e social;
III - formular o plano plurianual, as diretrizes orça- V - Manter sistema de informações relacionados a indi-
mentárias e os orçamentos anuais; cadores econômicos e sociais, assim como mecanismos
IV - gerenciar o processo de planejamento e orça- para desenvolver previsões e informação estratégica sobre
mento federal; tendências e mudanças no âmbito nacional e internacional
V - promover a articulação com os Estados, o Dis- VI - Identificar, analisar e avaliar os investimentos estra-
trito Federal e os Municípios, visando a compati- tégicos do Governo
bilização de normas e tarefas afins aos diversos VII - Realizar estudos e pesquisas socioeconômicas e
Sistemas, nos planos federal, estadual, distrital e análises de políticas públicas
municipal. VIII - Estabelecer políticas e diretrizes gerais para a atua-
ção das empresas estatais.
ELABORAÇÃO, ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO
COMPETÊNCIAS DO ORÇAMENTO FEDERAL
� De planos, programas e orçamentos (ART. 8º)
� Realização de estudos e pesquisas socioeconômicas I - Coordenar, consolidar e supervisionar a elaboração dos
projetos da LDO, e Leis Orçamentárias
Os três verbos que demarcamos, formular, geren- II - Estabelecer normas e procedimentos necessários à
ciar e promover, são peças-chave, para compreender elaboração e à implementação dos orçamentos federais,
as finalidades do SPO. Atente-se, também, aos órgãos harmonizando-os com o plano plurianual
que integram o SPO, quais sejam: III - Realização de estudos e pesquisas concernentes ao
desenvolvimento e ao aperfeiçoamento do processo or-
çamentário federal
IV - Acompanhar e avaliar a execução orçamentária e
INTEGRANTES DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO DE
Órgão Central
Ministério do Planejamento, financeira
Orçamento e Gestão (MPOG)
V - Estabelecer classificações orçamentárias, tendo em
ORÇAMENTO FEDERAL (ART. 4º)
486
ATIVIDADES DO SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO SISTEMA DE CONTABILIDADE FEDERAL (SCF)
FINANCEIRA FEDERAL
O Sistema de Contabilidade Federal é tratado no
Administração de direitos e haveres, garantias e obriga- Título IV, da Lei n° 10.180, de 2001. Especificamente, a
ções do Tesouro Nacional sua finalidade é abordada no Capítulo I, arts. 14 e 15.
Orientação técnico-normativa (em referência aos as- Segundo os referidos dispositivos, o Sistema de Conta-
suntos de execução orçamentária e financeira) bilidade Federal tem como objetivo evidenciar a situa-
ção orçamentária, financeira e patrimonial da União,
além de registrar os atos e fatos relacionados à admi-
Conforme dito, é importante compreender os inte- nistração orçamentária, financeira e patrimonial da
grantes de cada sistema. Vamos aproveitar o mesmo União.
quadro-esquema utilizado no Sistema visto anterior-
mente, para elencarmos os integrantes do Sistema de Art. 14 O Sistema de Contabilidade Federal visa a
Administração Financeira e Federal: evidenciar a situação orçamentária, financeira e
patrimonial da União.
Art. 15 O Sistema de Contabilidade Federal tem por
finalidade registrar os atos e fatos relacionados
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA FEDERAL
AVALIAR
O cumprimento das metas previstas no PPA, programas
Órgãos Setoriais
Unidades de gestão interna dos Ministérios, da
do Governo e orçamentos da União
Advocacia-Geral da União, do Poder Legislativo, do
Poder Judiciário e do Ministério Público da União e
COMPROVAR
órgão de controle interno da Casa Civil
A legalidade e avaliar os resultados quanto à eficácia e a
eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimo-
O art. 18 expõe as competências das unidades res- nial nos órgãos da Administração Pública e aplicação
ponsáveis pelas atividades no âmbito do Sistema de dos recursos de entidades de direito privado
Contabilidade Federal. Vejamos: EXERCER
O controle dos direitos e obrigações — avais, garantias,
z manter e aprimorar o Plano de Contas único da operações de créditos etc.
União;
APOIAR
z estabelecer normas e procedimentos para o ade-
quado registro contábil; O controle externo
z realizar o correto registro dos atos e fatos e res-
ponsabilizar os agentes que procedam de forma O Decreto n° 3.591, de 2000, complementa o dis-
ilegal ou irregular; posto na Lei n° 10.180, de 2001, trazendo, no art. 6º,
z instituir, manter e aprimorar os sistemas de a função do SCI-PEF a função de prestar orientação
informação; aos administradores de bens e recursos públicos nos
z realizar a tomada de contas dos ordenadores de assuntos pertinentes à área de competência do contro-
despesa e demais responsáveis por bens e valores; le interno, inclusive sobre a forma de prestar contas,
z elaborar os Balanços Gerais da União; além de apresentar, como técnicas de trabalho, a audi-
z consolidar os balanços de todos os entes da toria e a fiscalização (art. 4º). Temos, então, as seguintes
Federação; definições:
z promover a integração com os demais poderes e esfe-
ras de governos em assuntos ligados à contabilidade. § 1º A auditoria visa a avaliar a gestão pública, pelos
processos e resultados gerenciais, e a aplicação de
SISTEMA DE CONTROLE INTERNO DO PODER recursos públicos por entidades de direito privado.
EXECUTIVO FEDERAL (SCI — PEF) § 2º A fiscalização visa a comprovar se o objeto dos
programas de governo corresponde às especifica-
Este sistema objetiva a avaliação da ação gover- ções estabelecidas, atende às necessidades para as
quais foi definido, guarda coerência com as condi-
namental e da gestão dos administradores públicos
ções e características pretendidas e se os mecanis-
federais, por meio da fiscalização contábil, finan-
mos de controle são eficientes.
ceira, orçamentária, operacional e patrimonial.
Esses objetivos estão, inclusive, elencados na nossa
Integram o Sistema de Controle Interno do Poder
Constituição:
Executivo Federal a Secretaria Federal de Controle
Interno, como órgão central, e os órgãos setoriais. Aqui,
Art. 74 Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá-
faz-se necessária uma pequena ressalva: na época da
rio manterão, de forma integrada, sistema de con-
Lei n° 10.180, de 2001, ainda existia a Secretaria Federal
trole interno com a finalidade de:
de Controle Interno, mas ela passou a integrar a Con-
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
plano plurianual, a execução dos programas de troladoria Geral da União (CGU). Desta forma, a nova
governo e dos orçamentos da União; disposição do Decreto n° 4.304, de 2002, alterou a reda-
II - comprovar a legalidade e avaliar os resulta- ção do Decreto n° 3.591, de 2000, trazendo as seguintes
dos, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orça- mudanças:
mentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da Art. 8º Integram o Sistema de Controle Interno do
aplicação de recursos públicos por entidades de Poder Executivo Federal:
direito privado; I - a Controladoria-Geral da União, como Órgão
III - exercer o controle das operações de crédito, Central, incumbido da orientação normativa e
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da supervisão técnica dos órgãos que compõem o
da União; Sistema;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
488 missão institucional. Temos, então, a seguinte estrutura:
Destaca-se a figura do PAINT — Plano Anual de
Atividades de Auditoria Interna, que deverá conter a
Conjunto de obrigações de uma entidade, que São os resultados do processamento dos dados,
representam as origens de recursos. O passivo pode que são apresentados em forma de relatórios, como o
ser classificado em circulante (exigível a curto prazo) balanço patrimonial, a demonstração do resultado do
e não circulante (exigível a longo prazo). exercício, a demonstração dos fluxos de caixa, entre
outros.
Patrimônio Líquido
Usuários
Diferença entre o ativo e o passivo de uma enti-
dade, que representa o valor dos recursos próprios. São as pessoas ou as entidades que utilizam as
O patrimônio líquido pode ser composto por capi- informações contábeis para fins diversos, como a ges-
tal social, reservas, lucros ou prejuízos acumulados, tão, o controle, a avaliação, a fiscalização, a auditoria,
entre outras contas. a consultoria, a pesquisa, entre outros.
Apesar da sua importância e da sua evolução, o
Receita sistema de informação contábil ainda enfrenta alguns
problemas e desafios, que podem comprometer a sua
Ingresso de recursos na entidade, proveniente qualidade e a sua utilidade. Alguns desses problemas são
da venda de bens ou da prestação de serviços, que a complexidade, os conflitos, o custo e a confiabilidade.
aumenta o patrimônio líquido. A receita pode ser clas-
sificada em operacional (relacionada à atividade-fim z Complexidade: o sistema de informação contábil
da entidade) e não operacional (relacionada à ativida- precisa lidar com a crescente complexidade das
de-meio da entidade). atividades econômicas, das operações financeiras,
das normas contábeis, dos tributos, dos sistemas
Despesa informatizados, entre outros fatores que exigem
É a saída de recursos da entidade, decorrente do maior conhecimento, habilidade e atualização dos
profissionais da contabilidade;
consumo de bens ou da utilização de serviços, que
z Conflito: o sistema de informação contábil precisa
diminui o patrimônio líquido. A despesa pode ser clas-
conciliar os interesses e as necessidades de diferen-
sificada em operacional (relacionada à atividade-fim
tes usuários, que podem ter objetivos, expectativas
da entidade) e não operacional (relacionada à ativida-
e preferências distintas ou até mesmo opostas em
de-meio da entidade).
relação às informações contábeis, como os gesto-
Resultado res, os acionistas, os credores, os fornecedores, os
clientes, os funcionários, o governo, entre outros;
Diferença entre as receitas e as despesas de uma z Custo: o sistema de informação contábil precisa
entidade, em um determinado período, que pode ser justificar o seu custo de implantação, manutenção
positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). e operação, que pode ser elevado em função dos
recursos humanos, tecnológicos, metodológicos e
organizacionais envolvidos, bem como dos bene-
O SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL:
fícios e dos resultados que ele proporciona para a
ENTENDIMENTO, PROBLEMAS E ALTERNATIVAS
entidade e para os seus usuários;
z Confiabilidade: o sistema de informação contábil
Sistema de informação contábil é um dos integran-
São os fatos e as transações que afetam o patrimô- z Padronização: consiste em adotar normas, padrões,
nio da entidade, e que são registrados e classificados procedimentos e critérios contábeis uniformes,
de acordo com as normas e os princípios contábeis. que possibilitem a comparabilidade, a consistên-
cia, a coerência e a convergência das informa-
Processamento ções contábeis, tanto no âmbito nacional quanto
internacional;
É a transformação dos dados em informações, por z Capacitação: consiste em investir na formação, na
meio de técnicas e procedimentos contábeis, como o qualificação, na atualização e na reciclagem dos
lançamento, o razonete, o balancete, o ajuste, a escri- profissionais da contabilidade, que devem possuir
turação, a demonstração, entre outros. conhecimento, habilidade, atitude e ética para
exercer as suas funções com competência, respon-
sabilidade e qualidade; 495
z Tecnologia: consiste em utilizar as novas tecnolo- patrimonial que objetiva determinar um valor real
gias de informação e comunicação, que permitem aos bens, adequando-os à realidade do mercado.
coletar, processar, armazenar, distribuir e utili- Através da avaliação de ativos é possível realizar
zar as informações contábeis de forma mais rápi- o balanço patrimonial, utilizar os bens em leilões,
da, eficiente, segura e integrada, bem como gerar seguros, garantias e penhoras e reavaliar um ativo
novas informações, como o big data, a mineração imobilizado.
de dados, a inteligência artificial, entre outras; A avaliação de ativos também é necessária para
z Participação: consiste em envolver os usuários a realização do PPA (Purchase Price Allocation) ou
nas decisões e nas ações relacionadas ao sistema Alocação do Preço de Compra, que é a apuração do
de informação contábil, buscando atender as suas valor dos ativos e passivos adquiridos, tanto tangíveis
necessidades, expectativas e preferências, bem como intangíveis, em uma operação de compra, ven-
como obter o seu feedback, a sua avaliação, a sua da, fusão ou incorporação de empresas.
satisfação e a sua fidelização. Mas afinal, o que são ativos? Para saber respon-
der essa pergunta devemos primeiro entender que os
PRINCÍPIOS E CONVENÇÕES CONTÁBEIS; ativos de uma empresa podem ser classificados em
OBJETIVIDADE; CONSERVADORISMO; dois grandes grupos: os ativos tangíveis e os ativos
MATERIALIDADE; CONSISTÊNCIA intangíveis.
Os ativos tangíveis são aqueles que possuem
Princípios são o conjunto de procedimentos que existência física e podem ser tocados, como imóveis,
deverão ser tomados pelo contador, no momento de máquinas, equipamentos, estoques, recursos natu-
efetuar o registro das informações contábeis. rais, matéria-prima, etc. Esses ativos são registra-
Pelo princípio da objetividade, o contador deve dos no balanço patrimonial pelo seu custo histórico
escolher o melhor procedimento a ser adotado para de aquisição, deduzido da depreciação acumulada,
determinado evento contábil. quando aplicável.
Pelo princípio do conservadorismo ou prudência Os ativos intangíveis são aqueles que não possuem
adota-se o menor valor para os bens integrantes do existência física, mas que representam um valor eco-
ativo e o maior valor para os passivos, não se contabi- nômico para a empresa, como marcas, patentes, soft-
lizando expectativas futuras que dependem de even- wares, direitos autorais, goodwill, etc. Esses ativos são
tos que ainda irão ocorrer.
registrados no balanço patrimonial pelo seu custo de
Pelo princípio da materialidade é dever do profis-
aquisição ou pelo seu valor justo, quando mensurável.
sional realizar as demonstrações financeiras abran-
gendo todos os elementos relevantes.
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ATIVOS
Pelo princípio da consistência ou uniformidade a
empresa deve adotar uma única forma de efetuar o
Existem diversos métodos de avaliação de ativos,
registro contábil para um mesmo evento, caso exista
que podem ser aplicados de acordo com o tipo, a fina-
mais de uma maneira de ser realizado. O importante
lidade e a disponibilidade de informações sobre o
é a adoção de apenas uma única forma, dentre várias
ativo.
existentes.
Método do Custo
PRINCIPAIS REGISTROS DE TRANSAÇÕES PELO
SISTEMA CONTÁBIL; APLICAÇÕES FINANCEIRAS;
INVESTIMENTOS; IMOBILIZADO; DIFERIDO Consiste em estimar o valor do ativo com base no
seu custo de aquisição ou de reposição, deduzido da
Aplicações financeiras são a compra de um deter- depreciação, da obsolescência e da perda de utilida-
minado ativo, na expectativa de que ele venha a sofrer de. Esse método é mais adequado para ativos tangí-
valorização com o tempo. veis que não possuem um mercado ativo ou que não
Investimento é a aplicação de capital na esperança geram fluxos de caixa futuros.
de um benefício futuro.
Imobilizado é referente aos bens corpóreos da Método do Mercado
empresa, que representam investimento e neces-
sários para a manutenção da atividade da empresa, Consiste em estimar o valor do ativo com base nos
tais como o caminhão da empresa transportadora e a preços praticados no mercado para ativos similares
garagem onde ele fica guardado. ou comparáveis, considerando as características, as
Ativo Diferido é despesa realizada antecipada- condições e as localizações dos ativos. Esse método é
mente, sem que tenha sido efetivamente consumida. mais adequado para ativos tangíveis que possuem um
Atualmente, o ativo diferido deixou de existir com a mercado ativo e transparente, como imóveis, ações,
Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei títulos, etc.
nº 11.941, de 2009, que passou a utilizar a nomencla-
tura Despesas Pré-Operacionais. Método da Renda
502
Observe, ainda, que, mesmo que existisse uma
SR. SILVA SRA. SILVA
terceira opção melhor que o fundo de investimentos,
Riqueza: Riqueza: mas pior que virar sócio da ACME, a sociedade seria
R$ 900 R$: 1 escolhida de qualquer forma. Digamos, por exemplo,
que virar sócio da “Maracutaia Corporation” gerasse
Imagine agora que o Sr. Silva possua R$ 900 e a Sra. um retorno de R$ 9.500. Nessa situação, o Sr. Caetano
Silva continue com o seu R$ 1. Continuamos dizendo ainda investiria na ACME. Mas qual seria o custo de
que existem R$ 1.000 nessa economia, certo? oportunidade? R$ 9.000 (do fundo de investimentos)
Nessa situação é possível melhorar o estado da + R$ 9.500 (do rendimento da “Maracutaia Corpora-
Sra. Silva sem piorar a do Sr. Silva? Nesse caso, sim! tion”)? Nesse caso, não.
Veja que, por exemplo, o governo pode dar a Sra. Silva É importante lembrar que o custo de oportunidade
R$ 50 sem que isso implique em uma retirada do Sr. não é a soma dos benefícios das alternativas perdidas,
Silva. Como essa situação permite a melhora de um mas o benefício da melhor das alternativas abando-
agente sem a piora do outro, ela é chamada de aloca- nadas. No exemplo que considera a “Maracutaia Cor-
ção ineficiente no sentido de Pareto. poration”, ela seria a melhor opção abandonada por Sr.
Uma pergunta que se faz é: como responder de Caetano, assim, o custo de oportunidade dele passaria
forma eficiente a essas três perguntas? Se os recursos a ser de R$ 9.500.
são escassos, como o agente econômico deve realizar
suas escolhas? Em um mundo onde há escassez, qual- ENTENDENDO O FUNCIONAMENTO DE UMA
quer escolha que se faça implica, necessariamente, na ECONOMIA
renúncia de diversas alternativas disponíveis.
O Fluxo Circular da Riqueza
Esta renúncia representa um custo, que é um dos
conceitos mais importantes da economia: o custo de É necessário compreender as interações entre
oportunidade.
os agentes econômicos a fim de melhor entender as
intervenções governamentais. Embora não seja pedi-
A NOÇÃO DE CUSTO DE OPORTUNIDADE
da diretamente a compreensão gráfica do que ocorre
em uma economia, uma vez entendida a direção e o
A definição de custo de oportunidade pode ser
que ocorre em cada mercado, não existirão problemas
apresentada da seguinte forma: custo de oportunida-
para verificar o que acontece em toda a economia.
de é o termo utilizado para designar o custo da esco-
Para compreender a macroeconomia, preci-
lha realizada, que decorre dos benefícios que estavam
samos, inicialmente, saber o que é um modelo: um
associados à melhor alternativa não selecionada. Des-
modelo é como um mapa; ele ilustra a relação entre
sa forma, seria qualquer coisa da qual se tenha que
as coisas. Assim como um mapa não mostra todos
abrir mão para se obter algum item.
Para compreender melhor essa importante defini- os detalhes da paisagem, omitindo árvores e pontos
ção da economia, vamos observar um exemplo. menos relevantes, o modelo simples não poderá mos-
Imagine que Sr. Caetano foi o ganhador da última trar tudo o que acontece na complexidade de um sis-
edição de um reality show e não sabe o que fazer com tema econômico4. Contudo, assim como o mapa nos
o dinheiro. Ele tem duas opções: leva ao local onde desejamos chegar, o modelo sim-
ples desenvolvido nessa parte permitirá ter uma com-
z virar sócio de uma empresa já estabilizada; ou preensão melhor das relações econômicas.
z aplicar o dinheiro em um fundo de investimentos. Para saber o que acontece em um sistema econô-
Antes de estudar a economia anteriormente descrita, iniciaremos analisando uma economia mais simplifica-
da. Uma situação em que só existem dois agentes: famílias e empresas (economia fechada — não há comunicação
com o resto do mundo — e sem governo); e apenas dois mercados: bens e serviços e fatores produtivos, confor-
me mostrado na figura a seguir, denominada fluxo circular da riqueza.
Despesas Receitas
Mercado de bens e
serviços
Demanda de Oferta de bens
bens e serviços e serviços
Famílias Empresas
Oferta de fatores de
produção
z Trabalho Demanda de
z Capital fatores de
z Terra produção
Mercado de fatores
de produção
Renda das famílias Pagamento dos
fatores de produção
Fluxos monetários
Fluxos reais
De forma simplificada, nesse fluxo circular da riqueza as famílias são proprietárias de fatores de produção
(terra, capital e trabalho) e os fornecem às firmas por meio do mercado dos fatores de produção. As firmas combi-
nam os fatores de produção e produzem bens e serviços, que são fornecidos às famílias por meio do mercado de
bens e serviços. Essas são as transações que formam os fluxos reais.
Assim, as firmas produzem bens e serviços e os ofertam no mercado de bens e serviços. Esses produtos serão
adquiridos pelas famílias que, para poder pagar por esses bens, precisam ofertar seus fatores às empresas. Assim,
a terra, o capital e o trabalho, que são de propriedade das famílias, serão utilizados pelas empresas para produzir
bens e serviços que serão consumidos pelas famílias — seguindo um fluxo indefinido que se retroalimenta.
Para cada elo do fluxo real, descrito anteriormente, existe um fluxo monetário. Os fluxos reais possuem uma
contrapartida monetária, ou seja, são efetuados pagamentos na moeda corrente: as firmas remuneram as famílias
quando adquirem os fatores de produção, e as famílias pagam as firmas pelo consumo dos bens e serviços produ-
zidos. Essas operações compõem o fluxo monetário.
Percebe-se que toda a renda dos agentes se deve a alguma contribuição sua no processo produtivo. Por isso,
o fluxo econômico também é denominado de fluxo circular da renda. Esse fluxo monetário é representado em
cinza no fluxograma.
Em suma, não é comum encontrarmos economias fechadas, sem o contato com o resto do mundo, e é ainda
mais improvável encontrar uma economia sem governo. Por isso, embora bastante simplificado, o fluxo anterior-
mente descrito não se reporta a uma realidade factível.
Observando isso, começaremos a tornar o nosso modelo mais completo. Começando, adicionaremos o agente
governo na análise. Nessa economia, conforme revela o fluxograma, o governo não se comunica diretamente
com as empresas. O único contato que o agente governo estabelece é com o outro agente, a família. Esse fato deve
ser levado em consideração, pois o governo deseja maximizar, entre outras coisas, o bem-estar social.
Para atingir esse objetivo, o governo deve tirar recursos das famílias ricas (por meio dos impostos) e destinar
às pobres (por meio das transferências governamentais), sendo desnecessário o contato direto com as empresas.
Além de tributar e transferir recursos, o governo atua, ainda, na economia por meio das compras governamentais
de bens e serviços realizadas no mercado de bens e serviços. Note que, nessa economia, o governo não atua no
mercado de fatores.
Uma coisa que você poderá notar posteriormente é que a única forma que o governo tem de se “comunicar”
com as empresas é por meio do mercado de bens e serviços. Como, nessa economia hipotética, o governo não atua
no mercado de fatores, poderá fazer essa ligação com as firmas por meio da imposição de impostos sobre os bens
(não sobre os rendimentos auferidos pelas empresas) ou, ainda, impondo preços máximos ou mínimos, além de
504 tarifas e subsídios.
Um último ponto que se pode considerar a respeito da existência do governo e de seu contato com as empresas
seria acerca das compras governamentais, pois o governo também compra. Ele adquire os bens e serviços provi-
dos pelas empresas quando deseja realizar uma obra pública, por exemplo. Tudo isso pode ser visto no fluxogra-
ma a seguir, que representa o fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo.
Compras governamentais de
bens e serviços
Governo
Transferências
Impostos governamentais
Gastos de
consumo
Famílias
Salários, lucros,
juros e aluguéis
Produto
interno Salários, lucros,
bruto juros e aluguéis
Firmas
Gastos de
investimento
Dando continuidade, precisamos verificar o surgimento do agente resto do mundo na nossa economia, até
porque a maioria dos países se comunica com outros países. E como o resto do mundo se comunica com a nos-
sa economia? Por meio do mercado de bens e serviços, comprando produtos nacionais e vendendo produtos de
outras nacionalidades.
Assim, quando o resto do mundo adquire nossas mercadorias no mercado de bens e serviços, estamos exportan-
do, e quando o resto do mundo vende bens no nosso mercado de bens e serviços, estamos importando. O fluxograma
a seguir mostra o surgimento do resto do mundo na economia (fluxo circular da riqueza de uma economia aberta).
Compras governamentais de
bens e serviços
Governo
Gastos de
consumo
Famílias
Salários, lucros,
juros e aluguéis
Produto
interno Salários, lucros,
bruto juros e aluguéis
Firmas
Gastos de
investimento
Exportações
Resto do mundo
Importações
505
Até agora, observamos que os quatro agentes se encontram, simultaneamente, apenas no mercado de bens e
serviços — cabendo ao mercado de fatores a interação entre empresas e famílias, apenas.
O modelo até aqui formulado é complexo, mas não mostra a totalidade das relações existentes entre os agen-
tes. Isso porque, até agora, desconsideramos a existência de um mercado vital no sistema econômico: o mercado
financeiro ou de ativos financeiros5.
Assim como no mercado de bens e serviços, o mercado financeiro também conta com a presença simultânea
dos quatro agentes econômicos: as famílias atuam nesse mercado enviando a parte da renda não consumida
(a poupança privada), as empresas operam no mercado por meio da tomada de empréstimos para investimentos
e posterior emissão de títulos da dívida e de ações, enquanto o governo e o resto do mundo podem tanto tomar
quanto conceder empréstimos ao sistema financeiro nacional.
O fluxo circular da riqueza expandido é mostrado no fluxograma a seguir (fluxo circular da riqueza de uma
economia fechada e com governo).
Compras governamentais de
bens e serviços Empréstimos tomados pelo governo
Governo
Transferências
Impostos governamentais
Gastos de
consumo Poupança privada
Famílias
Salários, lucros,
juros e aluguéis
Produto
interno Salários, lucros,
bruto juros e aluguéis
Títulos de dívida e ações
Firmas emitidas pelas firmas
Gastos de
investimento
Tomada de empréstimos e
Exportações vendas por estrangeiros
Resto do mundo
O fluxo circular da riqueza conecta os quatro setores da economia — famílias, firmas, governos e resto do
mundo — por meio dos três tipos de mercados: os fundos fluem das firmas para as famílias na forma de salários
(remuneração do fator produtivo trabalho), juros (remuneração do fator produtivo capital) e aluguéis (remunera-
ção do fator produtivo terra) por meio do mercado de fatores.
Em sequência, depois de pagar os impostos ao governo e receber do governo as transferências, a família aloca
a renda restante, ou seja, a renda disponível, entre poupança privada e gastos com o consumo.
Por meio dos mercados financeiros, a poupança privada e os fundos do resto do mundo são canalizados para
gastos de investimentos das firmas, tomada de empréstimo pelo governo, tomada e concessão de crédito de
estrangeiros e transações de estrangeiros com ações. Além disso, os fundos fluem do governo e das famílias para
as firmas para pagar pela compra de bens e serviços.
Finalmente, exportações para o resto do mundo geram um fluxo de fundos que entra na economia, e as impor-
tações levam a um fluxo de fundos que sai da economia.
Assim, quando se soma os gastos de consumo com bens e serviços, os gastos de investimentos pelas firmas, as
compras governamentais de bens e serviços e as exportações, e, em seguida, subtrai-se o valor das importações, o
fluxo total de riqueza representado por esse gasto é o gasto total com bens e serviços produzidos em um país, uma
variável muito importante para uma economia, conforme veremos adiante.
De modo equivalente, esse é o valor de todos os bens e serviços produzidos no país, isto é, o produto interno
bruto (PIB) da economia.
Contudo, é interessante que você saiba que, no mercado de bens e serviços, não existe apenas um tipo de mer-
cado, mas algumas estruturas. São elas:
5 O mercado financeiro é formado por quatro segmentos de mercado: o mercado de crédito, destinado, prioritariamente, a fornecer recursos
financeiros para as famílias; o mercado de capitais, destinado, fundamentalmente, à emissão de crédito para capital de giro das empresas; o mer-
cado monetário, utilizado pelo governo para emitir moeda e fazer política monetária; e o mercado cambial, utilizado para a conversão entre a moe-
506 da nacional e as demais moedas estrangeiras.
z concorrência perfeita;
z concorrência monopolística;
z oligopólio; e
z monopólio.
Existem, ainda, outras, como o oligopsônio e o monopsônio, mas elas raramente caem na prova. Há, também,
o mercado contestável, mas nós vamos falar sobre essa estrutura quando nos reportarmos ao mercado em con-
corrência perfeita.
Além disso, é interessante que você compreenda como os consumidores e empresas atuam no mercado de
bens e serviços e como o governo pode influenciar esse mercado. Por fim, é importante que você note que esses
mercados podem ter falhas, e que, quando essas falhas acontecem, cabe ao governo fazer intervenções por meio
de um processo regulatório.
A curva ou fronteira de possibilidade de produção ilustra como a questão da escassez impõe um limite à capa-
cidade produtiva de uma sociedade. Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem um limite
máximo, que é estabelecido quando todos os recursos disponíveis estão plenamente empregados. A curva ou
fronteira de possibilidade de produção mostra, o quanto, no máximo, será possível produzir nessa situação.
Imagine uma economia que produza apenas computadores e automóveis. Considere, também, que, se todos os
recursos forem utilizados na produção de computadores, 3 mil unidades poderão ser fabricadas; por outro lado,
se os recursos forem integralmente utilizados na produção de automóveis, a capacidade de produção será de mil
unidades.
A figura a seguir mostra a produção máxima que esse determinado país imaginário pode fabricar. A produção
de 3 mil unidades de computadores é marcada, no gráfico, pelo ponto A, enquanto a produção de mil unidades de
automóveis é marcada pelo ponto B.
Computadores
A
3.000
2.200
2.000
1.000
B
300 600 700 1.000 Automóveis
Computadores
3.000
C
2.200
2.000
1.000
507
Nesse viés, a seguinte combinação está situada na forma eficiente, os seus fatores produtivos. As setas
curva de possibilidades de produção dessa economia. indicam de que forma a economia poderia ser eficien-
Isso significa que, se a sociedade escolhe produzir 2,2 te a partir do ponto E.
mil unidades de computadores, os recursos que fica-
rão disponíveis serão capazes de produzir, no máxi- Computadores
mo, 600 unidades de automóveis, e vice-versa.
Nesse caso, o ponto C estará sobre a curva de pos-
sibilidade de produção, indicando que, assim como os 3.000
pontos A e B, essa situação também é eficiente, logo
qualquer ponto ao longo da curva ou fronteira de
possibilidade de produção é eficiente. Uma situação 2.200
semelhante ao ponto C pode ser vista quando essa eco- 2.000
nomia produz 2 mil computadores e 700 automóveis.
Um ponto importante diz respeito à posição, ao
longo da curva, que determinada economia ocupará. 1.000
E
Por exemplo, essa economia produzirá 2,2 mil ou 2
mil computadores? Nesse caso, a produção dependerá
dos objetivos de determinada economia.
Imagine, por exemplo, uma outra economia que 300 600 700 1.000 Automóveis
possa produzir armas e alimentos. Se essa economia
estiver em guerra, possivelmente estará em um pon- A fronteira ou curva de possibilidade de produção
to em que produza mais armas e menos alimentos.
é um modelo bastante simples que permite analisar
Já se estiver em uma situação de paz, produzirá mais
se uma determinada economia é ou não eficiente em
alimentos e menos armas — assim, reforça-se o que
termos de utilização de todos os fatores de produção
determina o ponto de ligação entre a economia e os
seus objetivos estratégicos. disponíveis.
Vejamos uma combinação que se encontra além Todos os pontos que estão sobre a curva são efi-
dos limites impostos pela curva — suponhamos a pro- cientes, o que determina o ponto ao longo da curva
dução de 2,2 mil unidades de computadores e de mil em que estarão os objetivos políticos e sociais da eco-
unidades de automóveis, como mostrado no ponto D, nomia. Vejamos a figura a seguir, que indica justamen-
a seguir. te a fronteira ou curva de possibilidade de produção:
Nesse caso, não há recursos disponíveis nessa eco-
nomia que torne possível a produção dessas quantida- Computadores
des. Essa situação, que é graficamente mostrada por
qualquer ponto que esteja fora da curva de possibi- A
lidade de produção é chamada de tecnologicamente 3.000
inviável, ou seja, por meio de avanços tecnológicos é
possível alcançar esse nível de produção. C D
2.200
Isso é representado, graficamente, pelo desloca-
mento da curva de possibilidade de produção, saindo 2.000
da curva preta e indo para a curva cinza.
Computadores E
1.000
3.000 B
300 600 700 1.000 Automóveis
D
2.200
A curva de possibilidade de produção mostra o
2.000 quanto, no máximo, poderá ser produzido se todos os
fatores disponíveis na economia forem utilizados. Um
conceito importante, relacionado à curva de possibili-
1.000 dade de produção, é o de taxa marginal de transfor-
mação (TMT)6.
Se deixarmos de produzir uma unidade de um
300 600 700 1.000 determinado bem x, o quanto a mais poderíamos
Automóveis
produzir de outro bem y com os recursos disponibi-
lizados pela produção de menos unidades de x? Isso
Por outro lado, imagine que, por alguma razão,
essa economia não opere de forma eficiente, deixando também é medido pela TMT.
de utilizar algum recurso que estava disponível. Essa Seguindo esse raciocínio, teríamos, então, que a
situação é mostrada por meio do ponto E na figura a TMT é dada pela seguinte expressão:
seguir.
Nessa situação, como existem recursos ociosos, é ΔQx
possível observar que essa economia seria capaz de TMTx, y =
ΔQy
produzir mais de ambos os bens se empregasse, de
6 A taxa marginal de transformação mede a taxa que indica que se deve abrir mão da produção de um dos bens para que seja possível a produ-
508 ção de outro.
Na equação, ∆Qx é a variação ocorrida nas unida- Se o preço da gasolina for menor que o preço de
des produzidas de x, e ∆Qy é a variação ocorrida nas equilíbrio, haverá um excesso de demanda, pois os
unidades produzidas de y. consumidores vão querer comprar mais do que os
Observe que, ao produzir sobre a fronteira de pro- produtores vão querer vender. Isso vai gerar uma
dução, uma unidade adicional de um bem (variação pressão para aumentar o preço até que se atinja um
positiva) só pode ser obtida se unidades de outro bem novo equilíbrio.
deixarem de ser produzidas (variação negativa), ou Diante disso, o equilíbrio de mercado da gasolina
seja, a TMT assume um valor negativo. também pode ser alterado por mudanças na deman-
Voltando ao exemplo anterior, para aumentar a da ou na oferta. Por exemplo, se houver um aumento
produção de computadores em 200 unidades (de 2 mil na renda dos consumidores, a demanda por gasolina
vai aumentar, deslocando a curva de demanda para
para 2,2 mil) seria necessário reduzir a de automóveis
a direita. Isso vai gerar um novo ponto de equilíbrio,
em 100 unidades (de 700 para 600), então, teríamos
com um preço e uma quantidade maiores. Se houver
que a TMT seria igual a –2.
uma redução na disponibilidade de petróleo, a oferta
Normalmente, a inclinação da CPP é diferente ao
de gasolina vai diminuir, deslocando a curva de oferta
longo dos diversos pontos da curva, por isso a curva
para a esquerda. Isso vai gerar um novo ponto de equi-
tem esse formato. Considerando isso, teremos que a líbrio, com um preço maior e uma quantidade menor.
TMT que mede a inclinação da CPP também é variável
ao longo da curva. Em casos extremos, podemos ter REFERÊNCIAS
uma CPP com inclinação constante. Nesse caso, dire-
mos que ela é uma linha reta. GREMAUD, A. P. et al. Introdução à economia. São
Atenção! No caso elucidado, a TMT é uma Paulo: Atlas, 2007.
constante. MANKIW, N. G. Introdução à economia. 8ª ed.
A curva de possibilidade de produção é uma Trenton: Cengage Learning, 2019.
simplificação da realidade. Contudo, ela é bastante MCKINNON, R. Money and Capital in Economic
útil para que possamos compreender se um país está Development. Washington: Brooking Institution, 1973.
alocando corretamente os seus fatores ou não. Dado SAMUELSON, P.; NORDHAUS, W. Economics. Ber-
que os desejos são ilimitados e os recursos escassos, keley Publication, 1991.
a alocação eficiente é importante porque possibilita a
produção máxima de bens em uma economia.
A Amazon é uma empresa que iniciou suas ativi- Eficiência: o preço de equilíbrio no mercado
dades como uma livraria online, mas que ao longo dos perfeito é o que maximiza o bem-estar social,
anos diversificou seus negócios para diversos segmen- pois aloca recursos de forma eficiente;
tos, como e-commerce, streaming, computação em Transparência: o preço é determinado pelas
nuvem, inteligência artificial, dispositivos eletrônicos, forças de oferta e demanda, sem interferência
entre outros. A Amazon também realizou diversas externa;
aquisições de empresas relacionadas e não relaciona- Inovação: a livre entrada e saída de empresas
das ao seu negócio original, como a Whole Foods (rede incentiva a inovação e a competitividade.
de supermercados), a Twitch (plataforma de strea-
ming de jogos), a Audible (plataforma de audiolivros), z Desvantagens
a Zappos (loja online de calçados), entre outras.
Raridade na prática: na realidade, é difícil
z Exemplo 2: Petrobras encontrar mercados que atendam a todas as
características de um mercado perfeito;
A Petrobras é uma empresa que atua no setor de Ausência de diferenciação: a homogenei-
energia, com foco na exploração, produção, refino, dade do produto pode limitar a escolha do
transporte e comercialização de petróleo e gás natu- consumidor;
ral. A Petrobras é uma empresa que possui uma for- Vulnerabilidade a flutuações: o mercado per-
te integração vertical, controlando todas as etapas feito pode ser mais vulnerável a flutuações de
da cadeia produtiva do petróleo, desde a perfuração preços e crises.
de poços até a venda de combustíveis nos postos. A
empresa também possui participação em outros seg- z Exemplos Práticos
mentos relacionados, como energia elétrica, biocom-
bustíveis, fertilizantes, entre outros. Mercado de commodities: mercado de produ-
A Petrobras também realizou algumas ações de tos agrícolas (soja, milho) ou minerais (ouro,
diversificação industrial, buscando entrar em novos petróleo) que são homogêneos e possuem um
mercados ou segmentos. A empresa investiu em fontes grande número de compradores e vendedores;
alternativas de energia, como eólica, solar e nuclear. Mercado de ações: mercado de compra e ven-
A empresa também criou subsidiárias para atuar em da de ações de empresas, em que os preços
áreas como distribuição de gás, transporte marítimo, são determinados pela oferta e demanda de
510 engenharia e construção, entre outras. milhões de investidores.
Mercados Imperfeitos z Tipos
z Características
AS AGÊNCIAS REGULADORAS E O
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Diferenciação do produto: os produtos podem
ser diferenciados por marca, qualidade, design, NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE ADMINISTRAÇÃO
entre outros fatores; PÚBLICA
Poder de mercado: as empresas podem ter cer-
to poder de influenciar o preço do produto; A Administração Pública conta com uma organi-
Barreiras à entrada e saída: podem existir barrei- zação estrutural bastante complexa. Ela é composta
ras para novas empresas entrarem no mercado; por entidades — pessoas jurídicas de direito público
Informação imperfeita: os agentes podem não (autarquias, fundações) ou de direito privado (empre-
ter acesso a todas as informações relevantes sas públicas, sociedades de economia mista) — e
sobre o mercado. órgãos — entes despersonalizados encarregados de
atuar na execução das diversas atribuições do Esta-
z Vantagens do (secretarias, ministérios, delegacias, entre outros).
Neste sentido, a matéria referente à organização
Diferenciação de produtos: os consumidores administrativa envolve o estudo dessa estrutura e,
podem escolher entre uma variedade de pro- também, de seus componentes.
dutos diferenciados; Além das entidades já mencionadas, existem
Inovação: as empresas podem ter incentivos outras, com funções mais específicas, as quais cons-
para inovar e diferenciar seus produtos; tituirão o ponto principal de nossos estudos. Estamos
Marcas fortes: as empresas podem construir referindo-nos às agências reguladoras e às demais
marcas fortes e fidelizar clientes. entidades de gestão associada.
Os serviços públicos podem ser dos mais variados tipos. O professor Hely Lopes Meirelles (2020) apresenta
uma boa classificação para os serviços públicos, que podem ser agrupados com base nos seguintes critérios:
z Quanto à Essencialidade
Serviços essencialmente públicos: podem aparecer como serviços públicos propriamente ditos. São os ser-
viços considerados imprescindíveis para o convívio em sociedade, uma vez que a sua prestação exige algum
aspecto ou uma característica que somente o Estado possui. Por isso, tais serviços não admitem delegação ou
outorga. É o caso, por exemplo, do poder de polícia, da saúde, da defesa nacional etc. Seria ilógico outorgar para
uma empresa privada as atividades decorrentes do próprio poder de império do Estado, como as atividades de
polícia e de segurança nacional. O uso do poder de império é relevante para o critério da adequação, mas não
são somente as funções ligadas a ele que caracterizam um serviço público propriamente dito;
Serviços de utilidade pública: são serviços importantes e úteis, mas não são considerados essenciais para
o convívio em sociedade. Por isso, eles podem ser prestados pelo Estado, ou por terceiros, mediante remu-
neração paga pelos usuários e sob constante fiscalização. É o caso dos serviços de transporte coletivo, de
telecomunicação, do serviço de distribuição de água, energia elétrica e gás etc.
z Quanto à Adequação
Serviços próprios do Estado: são os serviços característicos do Estado brasileiro. Constituem aqueles serviços
que se relacionam intimamente com as atribuições do poder público, isto é, que possuem alguma relação com o
poder de império, que é único do Estado. O Estado exerce tais serviços em relação de supremacia, sobrepondo
a sua vontade à dos particulares. É o caso dos serviços de segurança, saúde, do poder de polícia etc.;
Serviços impróprios do Estado: são, como o nome sugere, aqueles serviços em que o Estado, ao exercê-lo,
não necessita do seu poder de império para se sobrepor. São os que não afetam substancialmente as neces-
sidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros e, por isso, a Administração
presta-os remuneradamente por seus órgãos ou entidades descentralizadas ou, até mesmo, por particula-
res, mediante regime de concessão e permissão. Os serviços de distribuição de água e energia elétrica estão
inseridos nesta vertente.
z Quanto à Finalidade
Serviços administrativos: são os serviços que a Administração executa para atender às suas necessidades
internas ou preparar outros serviços que serão prestados ao público. São, assim, os serviços característicos
da Administração Pública. Um exemplo diferente e que não mencionamos até agora é o caso do serviço da
Serviços gerais ou uti universi: são os serviços públicos que não possuem usuários ou destinatários espe-
cíficos e são remunerados por tributos. Os serviços de iluminação pública e calçamento são remunerados
por essa maneira;
Serviços individuais ou uti singuli: possuem de antemão usuários conhecidos e predeterminados. O Esta-
do já sabe, antes, quais são os beneficiados pela prestação do referido serviço. Por isso, esses serviços são
remunerados por tarifa. É o caso do serviço de água e esgoto, de iluminação domiciliar, de telefonia etc.
Como forma de facilitar a memorização dessa classificação, segue uma tabela com o que foi exposto:
ESSENCIALIDADE ADEQUAÇÃO
Serviços essencialmente públicos Serviços de utilidade pública Serviços próprios Serviços impróprios
FINALIDADE DESTINATÁRIOS
Serviços administrativos Serviços industriais Serviços universais uti universi Serviços singulares uti singuli
513
Da Delegação do Serviço Público para Terceiros de concessionária. Seu objetivo é almejar o lucro
mediante a arrecadação de tarifas dos usuários bene-
A atual doutrina costuma dividir os serviços públi- ficiados com aquele serviço público.
cos em dois tipos: os serviços essenciais, de titulari- Em relação a sua forma, o contrato de concessão
dade e execução exclusivas do Estado, e os serviços deve ser obrigatoriamente por escrito, sendo regido
de utilidade pública. Esses últimos são os serviços pelas regras de direito administrativo. Estamos diante
que podem ter a sua execução outorgada para outras de um contrato administrativo, uma modalidade espe-
entidades, inclusive para as pessoas jurídicas que não cial de contrato caracterizada pela presença da Admi-
fazem parte do Estado (iniciativa privada). Resta-nos nistração Pública, com amplos poderes para alterar a
compreender como ocorre essa outorga. relação contratual a seu favor e a qualquer tempo.
Existem, ao todo, três formas de outorga: a conces- Ao mencionar a transferência para pessoa jurídi-
são, a permissão e a autorização. Vejamos, a seguir, ca privada, quis o legislador que a delegação do ser-
viço não pudesse, em regra, ser feita a pessoas físicas,
cada uma delas.
mas somente à empresa ou a um consórcio de empre-
Da Concessão sas. É o caso, por exemplo, da Sabesp, que é sociedade
de economia mista e atua na prestação do serviço de
O termo “concessão” é empregado para designar abastecimento de água no estado de São Paulo.
a atividade da Administração Pública de delegar ao Por fim, a concessão tem, por objeto, a prestação
particular a prestação de um serviço ou a execução de serviço público. A delegação ocorre apenas sobre
de obra pública ou, ainda, o uso de bem público. Neste a execução do serviço, nunca sobre sua titularidade, a
sentido, a concessão de serviço público é o contrato qual continua sendo do poder concedente.
pelo qual a Administração promove a prestação indi-
reta de um serviço, delegando-o a particulares. Da Permissão
Exemplos: a construção de linha ferroviária ou A permissão é outra forma de a Administração
metrô para transporte de passageiros, transmissão Pública delegar a execução de serviço público para os
áudio sonora (rádio) ou por imagens e sons (televisão) particulares, possuindo previsão no art. 175, da CF, de
etc. 1988, e na Lei nº 8.987, de 1995.
O contrato de concessão possui previsão legal na A permissão é unilateral, discricionária, precária
Lei nº 8.987, de 1995 (Lei de Concessões dos Servi- e intuitu personae (personalíssima), promovendo a
ços Públicos), bem como previsão constitucional no delegação do serviço público mediante prévia licita-
art. 175, da CF, de 1988. Observe o texto dos referidos ção para um particular denominado permissionário.
dispositivos: Vale mencionar uma questão controvertida, que
diz respeito à natureza jurídica da permissão. Após a
Art. 175 (CF, de 1988) Incumbe ao poder público, Constituição de 1988, o direito brasileiro passou a tra-
na forma da lei, diretamente ou sob regime de con- tar a permissão como se fosse um contrato de adesão,
cessão ou permissão, sempre através de licita- conforme se depreende da leitura do inciso I, parágra-
ção, a prestação de serviços públicos. fo único, art. 175, da CF, de 1988:
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permis- I - o regime das empresas concessionárias e permis-
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
concessão ou permissão; concessão ou permissão.
Art. 2º (Lei nº 8.987, de 1995) Para os fins do dis- Todavia, contrato de adesão é remetente aos contra-
posto nesta Lei, considera-se: tos de direito privado, principalmente nas relações de
[...] consumo. Tal modalidade de contrato é elaborada uni-
II - concessão de serviço público: a delegação de sua lateralmente pelo fornecedor, obrigando a parte ade-
prestação, feita pelo poder concedente, mediante rente apenas a manifestar o seu aceite. Trata-se de uma
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa característica presente também nos contratos admi-
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre nistrativos: as regras enclausuradas no contrato admi-
capacidade para seu desempenho, por sua conta e nistrativo são unilateralmente elaboradas pelo poder
risco e por prazo determinado; concedente antes mesmo do processo de licitação.
A confusão estende-se ainda mais no âmbito legis-
z Características Essenciais da Concessão lativo, como ocorre no art. 40, da Lei nº 8.987, de 1995,
ao dispor que a permissão “será formalizada mediante
A concessão de serviço público é um contrato contrato de adesão, que observará os termos desta Lei,
administrativo bilateral, o que significa que, para a das demais normas pertinentes e do edital de licitação,
sua formação, além da necessidade de haver os requi- inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade uni-
sitos essenciais a todo negócio jurídico dispostos no lateral do contrato pelo poder concedente”. Esse disposi-
art. 104, do Código Civil (agente capaz, objeto lícito, tivo não faz o menor sentido, uma vez que dispõe que a
forma prescrita ou não, defesa em lei), deve haver a permissão é uma espécie de “contrato precário”.
convergência de vontades. Não parece correto admitir que a permissão seja
O agente estadual que concede a prestação do ser- uma espécie de contrato regulado por normas de
viço público é denominado de poder concedente. Ele direito privado, com princípios completamente distin-
tem, por objetivo, a fiel execução do serviço públi- tos dos princípios administrativos. Todavia, há diver-
co em prol da coletividade. Do outro lado da rela- sos autores que admitem tal possibilidade, inclusive
ção contratual, temos a pessoa jurídica encarregada o próprio Supremo Tribunal Federal, conforme julga-
514 de executar o serviço público, a qual é denominada mento da ADI nº 1.491, de 1998.
A ação de inconstitucionalidade foi ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) e pelo Partido dos
Trabalhadores (PT) contra dispositivos da Lei nº 9.295, de 1996, que dispõe sobre os serviços de telecomunicações
e sua organização. O relator à época, ministro Carlos Velloso, votou pelo deferimento da liminar para suspender
os efeitos do § 2º, do art. 8º. Esse dispositivo determina que “as entidades que, na data de vigência desta Lei, este-
jam explorando o Serviço de Transporte de Sinais de Telecomunicações por Satélite, mediante o uso de satélites que
ocupem posições orbitais notificadas pelo Brasil, têm assegurado o direito à concessão desta exploração”.
O fundamento da ADI é que, no entendimento dos referidos partidos políticos, tal dispositivo viola a exigência
constitucional de licitação prévia à realização da concessão ou permissão de serviços públicos e ao princípio da livre
concorrência e defesa do consumidor. Todavia, é um tanto surpreendente afirmar que a permissão de serviço público
deve seguir normas e regras de direito do consumidor (ramo de direito privado).
Para todos os efeitos, é importante alinhar-se à posição da maioria das bancas, a qual costuma definir a per-
missão como um contrato de adesão.
Da Autorização
A autorização, por sua vez, é um ato administrativo por meio do qual a Administração Pública possibilita ao
particular a realização de alguma atividade de predominante interesse deste, ou a utilização de um bem público.
Ela constitui um ato unilateral, discricionário, precário e independente de licitação, diferindo-se da permis-
são ante o fato de que o interesse da autorização é predominantemente privado. Um exemplo disso é a autoriza-
ção para o porte de arma: apenas o particular tem interesse de ter em sua posse arma de fogo.
Parte da doutrina entende que é incabível a utilização de autorização para a prestação de serviços públicos, por
força do art. 175, da CF, de 1988: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão
ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Sendo assim, a autorização seria utili-
zada somente para outorgar alguns bens que constituem o patrimônio público.
Vejamos, no quadro a seguir, os pontos característicos e distintivos de cada uma das formas de outorga:
Uma vez compreendida toda a evolução histórica da noção de serviço público, podemos, finalmente, adentrar
no tema das agências reguladoras, a começar pelo seu conceito. Na doutrina, temos um conceito bem detalhado
[...] são autarquias de regime especial, dotadas de considerável autonomia frente à Administração centralizada,
incumbidas do exercício, em última instância administrativa, de funções regulatórias e dirigidas por colegiado cujos
membros são nomeados por prazo determinado pelo Chefe do Poder Executivo, após prévia aprovação pelo Poder
Legislativo, veda a exoneração ad nutum.
Agências reguladoras, portanto, constituem uma forma de autarquia sob regime especial. Trata-se de entes
que integram a Administração Pública, cujas principais tarefas são regular, fiscalizar e controlar a atuação da
iniciativa privada durante a execução de alguns serviços públicos.
O surgimento das agências reguladoras possui fortes relações com a época das privatizações na segunda meta-
de dos anos 1990. O instituto foi introduzido no ordenamento jurídico do Brasil pela Constituição Federal, de 1988,
mas não no seu texto base.
A Emenda Constitucional nº 8, de 1995, altera o texto constitucional, mais especificamente os incisos XI e XII,
do art. 21, que passa a prever a possibilidade de o Estado explorar, diretamente ou mediante outorga, os serviços
de telecomunicações, de radiofusão sonora e de sons e imagens. É com base nesse novo Texto Constitucional que
temos a criação da Agência Nacional de Telecomunicações, a ANATEL. Observe o texto constitucional:
Conforme se depreende da leitura do referido dispositivo, a utilização dos contratos de programa não possui
grandes limitações, podendo ser utilizado pelas pessoas jurídicas tanto de direito público como de direito privado.
A ideia é que a cooperação deve ser utilizada apenas para dividir encargos e obrigações capazes de ensejar algum
prejuízo financeiro para os entes consorciados.
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, A. S. Direito dos Serviços Públicos. 4. ed. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2017.
CARVALHO FILHO, J. S. Manual de direito administrativo. 35. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
CRETELLA JÚNIOR, J. Manual de direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 1967.
JUSTEN FILHO, M. Curso de direito administrativo. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.
MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. 44. ed. São Paulo: Malheiros, 2020.
MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Malheiros, 2016. 519
z Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio-
ÓRGÃOS REGULADORES NO BRASIL: combustíveis (ANP): regula a exploração, produção,
HISTÓRICO E CARACTERÍSTICA DAS refino, transporte, distribuição e comercialização
de petróleo, gás natural e biocombustíveis;
AUTARQUIAS
z Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL):
Órgãos reguladores são entidades que exercem regula os serviços de telefonia fixa, móvel, inter-
o poder de regular, fiscalizar e controlar determi- net, rádio, televisão e satélite;
nados setores ou atividades econômicas ou sociais, z Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA):
visando garantir o equilíbrio, a qualidade, a seguran- regula os produtos e serviços que envolvem risco
ça, a eficiência e o interesse público. Para tanto, eles à saúde pública, como medicamentos, alimentos,
podem ser de natureza administrativa, jurisdicional, cosméticos, saneantes, sangue, órgãos, etc.;
legislativa ou técnica, dependendo da sua função e z Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS):
competência. regula os planos e seguros privados de assistência
No Brasil, os principais órgãos reguladores são as à saúde;
agências reguladoras, que são autarquias especiais, z Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
dotadas de personalidade jurídica de direito público, (ANA): regula o uso dos recursos hídricos e a pres-
autonomia administrativa, financeira e funcional, e tação dos serviços públicos de saneamento básico;
vinculadas aos ministérios correspondentes às suas z Agência Nacional de Transportes Terrestres
áreas de atuação. As agências reguladoras foram
(ANTT): regula os serviços de transporte rodoviá-
criadas a partir da década de 1990, no contexto das
rio e ferroviário de passageiros e cargas;
reformas do Estado e das privatizações de empresas
z Agência Nacional de Transportes Aquaviários
estatais, com o objetivo de regular os serviços públi-
cos concedidos, permitidos ou autorizados à iniciativa (ANTAQ): regula os serviços de transporte maríti-
privada, bem como os mercados de interesse público. mo, fluvial e lacustre de passageiros e cargas;
As autarquias são entidades administrativas que z Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC): regula
são criadas por meio de lei específica, conforme cons- os serviços de transporte aéreo de passageiros e
ta no inciso XIX, art. 37, da Constituição Federal, de cargas, bem como a infraestrutura aeroportuária;
1988; possuem personalidade de direito público, sen- z Agência Nacional do Cinema (ANCINE): regula as
do submetidas ao regime jurídico publicístico; têm atividades do mercado audiovisual, como produ-
capacidade de autoadministração, porém sob o con- ção, distribuição e exibição de filmes, programas
trole finalístico do ente que as criou e desempenham de televisão, publicidade, etc.
serviço público ou de interesse público, de forma des-
centralizada e especializada. Além das agências reguladoras federais, existem
As agências reguladoras, como autarquias espe- também órgãos reguladores estaduais e municipais,
ciais, possuem algumas peculiaridades em relação às que atuam em setores ou atividades de interesse local,
autarquias comuns, tais como: como transporte público, saneamento básico, meio
ambiente, etc. Alguns exemplos são:
z os seus dirigentes são nomeados pelo Presidente
da República, após aprovação pelo Senado Fede-
z Agência Reguladora de Serviços Públicos Dele-
ral, e possuem mandatos fixos e não coincidentes,
gados de Transporte do Estado de São Paulo
podendo ser destituídos apenas por motivo de
renúncia, condenação judicial transitada em julga- (ARTESP): regula os serviços de transporte rodo-
do ou processo administrativo disciplinar; viário intermunicipal de passageiros e as conces-
z possuem autonomia orçamentária e financeira, sões rodoviárias estaduais;
podendo arrecadar receitas próprias, como taxas, z Agência Reguladora de Saneamento e Energia do
multas e contribuições, e gerir seus recursos com Estado de São Paulo (ARSESP): regula os serviços
independência; de saneamento básico e de distribuição de gás
z possuem autonomia normativa, podendo editar canalizado no estado de São Paulo;
atos regulamentares, como resoluções, instruções, z Agência Reguladora de Serviços Públicos do Esta-
portarias, etc., dentro dos limites da lei e da políti- do do Rio de Janeiro (AGENERSA): regula os servi-
ca definida pelo governo; ços de saneamento básico, de distribuição de gás
z possuem autonomia técnica, podendo adotar cri- canalizado e de energia elétrica no estado do Rio
térios técnicos, científicos e econômicos para a de Janeiro;
regulação dos setores e atividades sob sua compe- z Agência Reguladora de Serviços Públicos do Dis-
tência, sem interferência política ou partidária.
trito Federal (ADASA): regula os serviços de sanea-
mento básico, de uso dos recursos hídricos e de
EXEMPLOS DE ÓRGÃOS REGULADORES NO
resíduos sólidos no Distrito Federal;
BRASIL
z Agência Reguladora de Serviços Públicos de Sal-
Atualmente, existem dez agências reguladoras vador (ARSEP): regula os serviços de saneamento
federais no Brasil, que regulam os seguintes setores básico, de transporte público, de limpeza urbana e
ou atividades, são elas: de iluminação pública no município de Salvador;
Agência Reguladora de Serviços Públicos Munici-
z Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): pais de Porto Alegre (EPTC): regula os serviços de
regula a geração, transmissão, distribuição e transporte público, de trânsito, de estacionamento
520 comercialização de energia elétrica; e de táxi no município de Porto Alegre.
ABORDAGENS: TEORIA ECONÔMICA DA REGULAÇÃO, TEORIA DA CAPTURA, TEORIA
DO AGENTE PRINCIPAL
A regulação é o conjunto de normas, instrumentos e instituições que visam regular, fiscalizar e controlar
determinados setores ou atividades econômicas ou sociais, com o objetivo de garantir o equilíbrio, a qualidade, a
segurança, a eficiência e o interesse público. A regulação pode ser realizada pelo Estado, por entidades privadas
ou por uma combinação de ambos.
Existem diferentes abordagens teóricas que buscam explicar a origem, a forma, o conteúdo e os efeitos da
regulação, bem como as relações entre os agentes envolvidos no processo regulatório, como o governo, as empre-
sas, os consumidores, as agências reguladoras, etc. Neste texto, vamos apresentar três dessas abordagens: a teoria
econômica da regulação, a teoria da captura e a teoria do agente principal.
A teoria econômica da regulação, também conhecida como teoria da captura, é uma abordagem que surgiu
na década de 1970, nos Estados Unidos, a partir dos trabalhos de George Stigler, ligado à Escola de Chicago. Essa
teoria parte do pressuposto de que os agentes econômicos são racionais e egoístas, e que buscam maximizar seus
próprios interesses, seja por meio da produção, do consumo ou da política.
Segundo essa teoria, a regulação é o resultado da ação política dos grupos de interesse, que demandam do
governo a criação de normas que favoreçam seus objetivos, em detrimento dos interesses coletivos. Esses grupos
podem ser formados por empresas, sindicatos, associações, etc., que possuem recursos, informações e influência
para pressionar o governo e as agências reguladoras. A regulação, portanto, é vista como um bem econômico, que
é ofertado pelo governo e demandado pelos grupos de interesse, de acordo com as leis da oferta e da demanda.
A teoria econômica da regulação explica, por exemplo, por que alguns setores são mais regulados do que
outros, por que algumas normas são mais rígidas ou flexíveis do que outras, por que algumas agências regulado-
ras são mais independentes ou submissas do que outras, etc. A resposta está na força e na organização dos grupos
de interesse, que podem capturar o processo regulatório e moldá-lo de acordo com seus interesses.
TEORIA DA CAPTURA
A teoria da captura é uma vertente da teoria econômica da regulação, que enfatiza o papel das empresas regula-
das na determinação da regulação. Segundo essa teoria, as empresas reguladas possuem mais informações, recur-
sos e incentivos do que os demais agentes para influenciar o governo e as agências reguladoras, de modo a obter
benefícios regulatórios, como barreiras à entrada, subsídios, tarifas, quotas, etc.
A teoria da captura pressupõe que as empresas reguladas são capazes de manipular as informações, os critérios,
os instrumentos e os mecanismos de regulação, de forma a induzir o governo e as agências reguladoras a adotarem
normas que atendam aos seus interesses, em detrimento dos interesses dos consumidores e da sociedade. A captura
A teoria do agente principal é uma abordagem que surgiu na década de 1980, a partir dos trabalhos de Jean-Jacques
Laffont, Jean Tirole e outros autores. Essa teoria parte do pressuposto de que existe uma relação contratual entre dois
agentes: o principal, que delega uma tarefa ou uma decisão a outro agente, e o agente, que executa a tarefa ou a decisão
em nome do principal.
Segundo essa teoria, a regulação é o resultado da relação contratual entre o governo, que atua como principal,
e as agências reguladoras, que atuam como agentes. O governo delega às agências reguladoras a função de regu-
lar, fiscalizar e controlar os setores ou atividades de interesse público, em nome do governo e da sociedade. As
agências reguladoras, por sua vez, devem prestar contas ao governo sobre o seu desempenho e os seus resultados.
A teoria do agente principal explica, por exemplo, por que as agências reguladoras possuem autonomia, por
que o governo monitora e avalia as agências reguladoras, por que as agências reguladoras devem ser transparen-
tes e participativas, etc. A resposta está nos problemas de informação e de incentivos que existem na relação entre
o governo e as agências reguladoras, que podem gerar conflitos de interesse, desvios de conduta, ineficiência e
ineficácia da regulação.
521
De provedor, o Estado passou a desempenhar ati-
FORMAS DE REGULAÇÃO vidades relacionadas à regulação, tendo em vista que
a oferta de bens e serviços passou a ser executada
REGULAÇÃO DE PREÇO de maneira eficiente pelo setor privado.
Não se está afirmando que o Estado perdeu seu
Regulação de preço é a forma de regulação que motivo de ser na economia, mas sim que as crescentes
consiste em estabelecer o valor máximo ou mínimo mudanças e rápidas evoluções verificadas em todos os
que pode ser cobrado por um produto ou serviço, ou setores da economia e da sociedade passaram a exigir
o método de cálculo desse valor, visando garantir a dele o desempenho de novas funções.
Se o setor privado possui mais capacidade e mais
remuneração adequada dos produtores ou prestado-
eficiência em acompanhar o ritmo destas evoluções,
res, a acessibilidade e a equidade dos consumidores,
o Estado pode muito bem deixar de prover e passar
e a eficiência e a qualidade do produto ou serviço. A
a regular estas transformações, tornando o processo
regulação de preço pode ser aplicada a setores ou ati-
mais benéfico e menos custoso, do ponto de vista social.
vidades que apresentam características de monopólio No Brasil, esta mudança passou a ocorrer a partir
natural, de externalidades, de bens públicos, de assi- de meados dos anos 90, com a quebra de monopólios
metria de informação, etc. estatais na economia. A privatização de empresas
estatais insere-se neste contexto, além da criação de
REGULAÇÃO DE ENTRADA agências reguladoras responsáveis por regular seto-
res cuja provisão de bens e serviços era antes feita
Regulação de entrada é a forma de regulação que com exclusividade pelo setor público.
consiste em definir as condições e os requisitos para O setor de telecomunicações é um bom exemplo.
que uma empresa possa ingressar ou sair de um mer- Antes monopólio estatal, com a privatização passou
cado, ou para que um produto ou serviço possa ser a ser exercido por diversas empresas, modificando a
ofertado ou retirado do mercado, visando garantir a maneira como a sociedade se relaciona com o setor.
concorrência, a inovação, a segurança, a qualidade Você pode não se lembrar, mas uma linha telefô-
e o interesse público. A regulação de entrada pode nica até meados da década de 90 era considerada um
ser aplicada a setores ou atividades que apresentam ativo, inclusive declarado na Declaração de Impos-
características de oligopólio, de diferenciação, de bar- to de Renda, possuída apenas pelos indivíduos mais
reiras à entrada, de risco moral, etc. favorecidos. Hoje, como bem sabemos, a utilização de
telefones fixos e móveis é algo corriqueiro, havendo,
REGULAÇÃO DE QUALIDADE inclusive, mais telefones móveis do que pessoas no
Brasil.
Gostando ou não do processo de privatização, não
Regulação de qualidade é a forma de regulação
se pode deixar de notar que ele se faz necessário em
que consiste em estabelecer os padrões mínimos ou
alguns setores da economia, na medida que deixa ao
ótimos de qualidade que devem ser observados na
setor privado a oferta de bens mais suscetíveis à ino-
produção ou na prestação de um produto ou serviço,
vação, por exemplo, e por isso menos indicados ao
ou os indicadores e os mecanismos de avaliação e de setor público.
controle dessa qualidade, visando garantir a satisfa- O que nos interessa é notar que, neste contexto,
ção, a proteção e o bem-estar dos consumidores, e a o estado passou a exercer mais atividades ligadas à
eficiência, a eficácia e a responsabilidade dos produ- regulação do que à provisão de bens e serviços, sobre-
tores ou prestadores. A regulação de qualidade pode tudo se analisarmos a oferta de bens e serviços que
ser aplicada a setores ou atividades que apresentam podem ser ofertados pelo mercado, na qual a presen-
características de heterogeneidade, de seleção adver- ça do setor público geralmente é realizada de maneira
sa, de externalidades, de bens públicos, etc. menos eficiente, onerando mais os contribuintes.
Desde que a regulação se faça de maneira transpa-
rente, com custos suportados pela sociedade e com-
O ESTADO REGULADOR E A DEFESA DA patíveis com os benefícios usufruídos e respeite a
autonomia dos interesses coletivos, ela é interessante
LIVRE CONCORRÊNCIA do ponto de vista econômico e social.
O art. 2º enumera as agências reguladoras, para Trata da motivação dos atos administrativos prati-
os fins da Lei nº 13.848, de 2019. Além disso, também cados pela agência reguladora, mediante indicação dos
ressalva as autarquias especiais caracterizadas como pressupostos de fato e de direito quando praticado o ato.
agências reguladoras, nos termos desta lei, conforme
dispõe o caput, art. 3º. Art. 6º A adoção e as propostas de alteração de
atos normativos de interesse geral dos agentes eco-
Art. 3º A natureza especial conferida à agência nômicos, consumidores ou usuários dos serviços
reguladora é caracterizada pela ausência de tutela prestados serão, nos termos de regulamento, prece-
ou de subordinação hierárquica, pela autonomia didas da realização de Análise de Impacto Regula-
funcional, decisória, administrativa e financeira e tório (AIR), que conterá informações e dados sobre
pela investidura a termo de seus dirigentes e esta- os possíveis efeitos do ato normativo.
bilidade durante os mandatos, bem como pelas § 1º Regulamento disporá sobre o conteúdo e a
demais disposições constantes desta Lei ou de leis metodologia da AIR, sobre os quesitos mínimos a
específicas voltadas à sua implementação. serem objeto de exame, bem como sobre os casos
§ 1º Cada agência reguladora, bem como eventuais em que será obrigatória sua realização e aqueles
fundos a ela vinculados, deverá corresponder a um em que poderá ser dispensada.
órgão setorial dos Sistemas de Planejamento e de § 2º O regimento interno de cada agência disporá
Orçamento Federal, de Administração Financeira sobre a operacionalização da AIR em seu âmbito.
Federal, de Pessoal Civil da Administração Federal, § 3º O conselho diretor ou a diretoria colegiada
de Organização e Inovação Institucional, de Admi- manifestar-se-á, em relação ao relatório de AIR,
nistração dos Recursos de Tecnologia da Informa- sobre a adequação da proposta de ato normativo
528 ção e de Serviços Gerais. aos objetivos pretendidos, indicando se os impactos
estimados recomendam sua adoção, e, quando for o Art. 9º Serão objeto de consulta pública, previa-
caso, quais os complementos necessários. mente à tomada de decisão pelo conselho diretor ou
§ 4º A manifestação de que trata o § 3º integrará, pela diretoria colegiada, as minutas e as propostas
juntamente com o relatório de AIR, a documentação de alteração de atos normativos de interesse geral
a ser disponibilizada aos interessados para a rea- dos agentes econômicos, consumidores ou usuários
lização de consulta ou de audiência pública, caso dos serviços prestados.
o conselho diretor ou a diretoria colegiada decida § 1º A consulta pública é o instrumento de apoio
pela continuidade do procedimento administrativo. à tomada de decisão por meio do qual a socieda-
§ 5º Nos casos em que não for realizada a AIR, deve- de é consultada previamente, por meio do envio
rá ser disponibilizada, no mínimo, nota técnica ou de críticas, sugestões e contribuições por quais-
documento equivalente que tenha fundamentado a quer interessados, sobre proposta de norma regu-
proposta de decisão. latória aplicável ao setor de atuação da agência
reguladora.
Os atos normativos praticados pelas agências regu- § 2º Ressalvada a exigência de prazo diferente em
ladoras deverão ser precedidos da respectiva Análise legislação específica, acordo ou tratado internacio-
de Impacto Regulatório (AIR), contendo os possíveis nal, o período de consulta pública terá início após a
efeitos da prática do ato. publicação do respectivo despacho ou aviso de aber-
A referida AIR ocorrerá tanto na confecção de um tura no Diário Oficial da União e no sítio da agência
novo ato normativo quanto na alteração de ato nor- na internet, e terá duração mínima de 45 (quarenta
e cinco) dias, ressalvado caso excepcional de urgên-
mativo já existente.
cia e relevância, devidamente motivado.
Insta ressaltar que os atos normativos praticados
§ 3º A agência reguladora deverá disponibilizar,
pelas agências reguladoras possuem caráter geral, na sede e no respectivo sítio na internet, quando
sendo aplicados tanto pela administração pública do início da consulta pública, o relatório de AIR,
quanto pelos particulares. os estudos, os dados e o material técnico usados
como fundamento para as propostas submetidas
Art. 7º O processo de decisão da agência regula- a consulta pública, ressalvados aqueles de caráter
dora referente a regulação terá caráter colegiado. sigiloso.
§ 1º O conselho diretor ou a diretoria colegiada § 4º As críticas e as sugestões encaminhadas pelos
da agência reguladora deliberará por maioria interessados deverão ser disponibilizadas na sede
absoluta dos votos de seus membros, entre eles o da agência e no respectivo sítio na internet em até
diretor-presidente, o diretor-geral ou o presidente, 10 (dez) dias úteis após o término do prazo da con-
conforme definido no regimento interno. sulta pública.
§ 2º É facultado à agência reguladora adotar pro- § 5º O posicionamento da agência reguladora sobre
cesso de delegação interna de decisão, sendo assegu- as críticas ou as contribuições apresentadas no
rado ao conselho diretor ou à diretoria colegiada o processo de consulta pública deverá ser disponibi-
direito de reexame das decisões delegadas. lizado na sede da agência e no respectivo sítio na
Art. 8º As reuniões deliberativas do conselho dire- internet em até 30 (trinta) dias úteis após a reunião
tor ou da diretoria colegiada da agência regulado- do conselho diretor ou da diretoria colegiada para
ra serão públicas e gravadas em meio eletrônico. deliberação final sobre a matéria.
§ 1º A pauta de reunião deliberativa deverá ser § 6º A agência reguladora deverá estabelecer, em
divulgada no sítio da agência na internet com ante- regimento interno, os procedimentos a serem
cedência mínima de 3 (três) dias úteis. observados nas consultas públicas.
§ 2º Somente poderá ser deliberada matéria que conste § 7º Compete ao órgão responsável no Ministério
da pauta de reunião divulgada na forma do § 1º. da Economia opinar, quando considerar pertinente,
Art. 22 Haverá, em cada agência reguladora, 1 Em cada agência reguladora existirá um ouvidor,
(um) ouvidor, que atuará sem subordinação hierár- que atuará sem subordinação hierárquica, com man-
quica e exercerá suas atribuições sem acumulação dato de três anos, cujas competências estão previstas
com outras funções. no § 1º, art. 22.
§ 1º São atribuições do ouvidor: A função da ouvidoria é receber as denúncias de
I - zelar pela qualidade e pela tempestividade dos
irregularidades encaminhadas pelos próprios particu-
serviços prestados pela agência;
II - acompanhar o processo interno de apuração de
lares, zelando para que sejam devidamente apuradas.
denúncias e reclamações dos interessados contra a Para isso, a ouvidoria contará com estrutura admi-
atuação da agência; nistrativa compatível com suas relevantes atribuições.
III - elaborar relatório anual de ouvidoria sobre as
atividades da agência. 531
Da Interação entre as Agências Reguladoras e os procedimento idêntico ao de aprovação de ato nor-
Órgãos de Defesa da Concorrência mativo isolado, observando-se em cada agência as
normas aplicáveis ao exercício da competência nor-
Art. 25 Com vistas à promoção da concorrência mativa previstas no respectivo regimento interno.
e à eficácia na implementação da legislação de § 2º Os atos normativos conjuntos deverão conter
defesa da concorrência nos mercados regulados, regras sobre a fiscalização de sua execução e pre-
as agências reguladoras e os órgãos de defesa da ver mecanismos de solução de controvérsias decor-
concorrência devem atuar em estreita cooperação, rentes de sua aplicação, podendo admitir solução
privilegiando a troca de experiências. mediante mediação, nos termos da Lei nº 13.140, de
Art. 26 No exercício de suas atribuições, incumbe 26 de junho de 2015 (Lei da Mediação), ou mediante
às agências reguladoras monitorar e acompanhar arbitragem por comissão integrada, entre outros,
as práticas de mercado dos agentes dos setores por representantes de todas as agências regulado-
regulados, de forma a auxiliar os órgãos de defesa ras envolvidas.
da concorrência na observância do cumprimento Art. 30 As agências reguladoras poderão constituir
da legislação de defesa da concorrência, nos termos comitês para o intercâmbio de experiências e infor-
da Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011 (Lei de mações entre si ou com os órgãos integrantes do Sis-
Defesa da Concorrência). tema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC),
§ 1º Os órgãos de defesa da concorrência são res- visando a estabelecer orientações e procedimentos
ponsáveis pela aplicação da legislação de defesa da comuns para o exercício da regulação nas respecti-
concorrência nos setores regulados, incumbindo- vas áreas e setores e a permitir a consulta recíproca
-lhes a análise de atos de concentração, bem como quando da edição de normas que impliquem mudan-
a instauração e a instrução de processos adminis- ças nas condições dos setores regulados.
trativos para apuração de infrações contra a ordem
econômica. Duas ou mais agências reguladoras poderão editar
§ 2º Os órgãos de defesa da concorrência poderão ato normativo conjunto, desde que se trate de ativida-
solicitar às agências reguladoras pareceres téc- de sujeita a mais de uma regulação ao mesmo tempo.
nicos relacionados a seus setores de atuação, os É possível, ainda, criarem comitês para a troca
quais serão utilizados como subsídio à análise de de experiências e informações entre si ou com os
atos de concentração e à instrução de processos
órgãos integrantes do Sistema Brasileiro de Defesa da
administrativos.
Concorrência.
Art. 27 Quando a agência reguladora, no exercício
de suas atribuições, tomar conhecimento de fato
que possa configurar infração à ordem econômica, Da Articulação das Agências Reguladoras com
deverá comunicá-lo imediatamente aos órgãos de os Órgãos de Defesa do Consumidor e do Meio
defesa da concorrência para que esses adotem as Ambiente
providências cabíveis.
Art. 28 Sem prejuízo de suas competências legais, Art. 31 No exercício de suas atribuições, e em
o Conselho Administrativo de Defesa Econômica articulação com o Sistema Nacional de Defesa do
(Cade) notificará a agência reguladora do teor da Consumidor (SNDC) e com o órgão de defesa do
decisão sobre condutas potencialmente anticompe- consumidor do Ministério da Justiça e Segurança
titivas cometidas no exercício das atividades regu- Pública, incumbe às agências reguladoras zelar
ladas, bem como das decisões relativas a atos de pelo cumprimento da legislação de defesa do consu-
concentração julgados por aquele órgão, no prazo midor, monitorando e acompanhando as práticas
máximo de 48 (quarenta e oito) horas após a publi- de mercado dos agentes do setor regulado.
cação do respectivo acórdão, para que sejam ado- § 1º As agências reguladoras poderão articular-se
tadas as providências legais. com os órgãos e as entidades integrantes do SNDC,
visando à eficácia da proteção e defesa do consumi-
As agências reguladoras deverão atuar em coo- dor e do usuário de serviço público no âmbito das
peração entre elas, a fim de efetuarem a troca de respectivas esferas de atuação.
experiências. § 2º As agências reguladoras poderão firmar con-
Além disso, também deverão monitorar e acom- vênios e acordos de cooperação com os órgãos e as
panhar as práticas de mercado dos setores regulados, entidades integrantes do SNDC para colaboração
mútua, sendo vedada a delegação de competências
devendo comunicar aos órgãos de defesa da con-
que tenham sido a elas atribuídas por lei específica
corrência qualquer irregularidade de que tiverem
de proteção e defesa do consumidor no âmbito do
notícia.
setor regulado.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômi- Art. 32 Para o cumprimento do disposto nesta Lei,
ca (CADE), por sua vez, também deverá comunicar à as agências reguladoras são autorizadas a cele-
agência reguladora suas decisões acerca de condutas brar, com força de título executivo extrajudicial,
anticompetitivas e relativas a atos de concentração termo de ajustamento de conduta com pessoas físi-
econômica. cas ou jurídicas sujeitas a sua competência regula-
tória, aplicando-se os requisitos do art. 4º-A da Lei
Da Articulação entre Agências Reguladoras nº 9.469, de 10 de julho de 1997.
§ 1º Enquanto perdurar a vigência do correspon-
Art. 29 No exercício de suas competências definidas dente termo de ajustamento de conduta, ficará sus-
em lei, duas ou mais agências reguladoras poderão pensa, em relação aos fatos que deram causa a sua
editar atos normativos conjuntos dispondo sobre celebração, a aplicação de sanções administrativas
matéria cuja disciplina envolva agentes econômi- de competência da agência reguladora à pessoa
cos sujeitos a mais de uma regulação setorial. física ou jurídica que o houver firmado.
§ 1º Os atos normativos conjuntos deverão ser apro- § 2º A agência reguladora deverá ser comunicada
vados pelo conselho diretor ou pela diretoria cole- quando da celebração do termo de ajustamento de
532 giada de cada agência reguladora envolvida, por conduta a que se refere o § 6º do art. 5º da Lei nº
7.347, de 24 de julho de 1985, caso o termo tenha § 7º Havendo delegação de competência, a agência
por objeto matéria de natureza regulatória de sua reguladora delegante permanecerá como instância
competência. superior e recursal das decisões tomadas no exercí-
Art. 33 As agências reguladoras poderão articu- cio da competência delegada.
lar-se com os órgãos de defesa do meio ambiente Art. 35 No caso da descentralização prevista no
mediante a celebração de convênios e acordos de caput do art. 34, parte da receita arrecadada pela
cooperação, visando ao intercâmbio de informa- agência reguladora federal poderá ser repassada à
ções, à padronização de exigências e procedimen- agência reguladora ou ao órgão de regulação esta-
tos, à celeridade na emissão de licenças ambientais dual, distrital ou municipal, para custeio de seus ser-
e à maior eficiência nos processos de fiscalização. viços, na forma do respectivo acordo de cooperação.
Parágrafo único. O repasse referido no caput des-
As agências reguladoras deverão cumprir as nor- te artigo deverá ser compatível com os custos da
mas de direito do consumidor e ambientais. Para isso, agência reguladora ou do órgão de regulação local
a presente lei prevê a articulação dessas agências com para realizar as atividades delegadas.
os órgãos responsáveis, definidos nos arts. 31 e 33.
É importante ressaltar o art. 32, o qual possibilita A articulação prevista para as agências regulado-
a agência reguladora a realizar termo de ajustamento ras também abrange as agências estaduais, distritais
de conduta com pessoas físicas ou jurídicas, a fim de e municipais dentro das suas respectivas áreas de
que as normas sejam obedecidas. Esse termo tem for- competência.
ça de título executivo extrajudicial, ou seja, caso não No entanto, é proibida a delegação da prática de
seja cumprido, caberá sua execução direta através do atos normativos de uma agência para outra.
Poder Judiciário.
Vejamos que a principal responsável por regular Portanto, a regulação do setor elétrico no Brasil
Art. 2º Aplica-se esta Lei, sem prejuízo de conven- Art. 6º O Tribunal Administrativo, órgão judican-
ções e tratados de que seja signatário o Brasil, às te, tem como membros um Presidente e seis Con-
práticas cometidas no todo ou em parte no terri- selheiros escolhidos dentre cidadãos com mais de
tório nacional ou que nele produzam ou possam 30 (trinta) anos de idade, de notório saber jurídico
produzir efeitos. ou econômico e reputação ilibada, nomeados pelo
§ 1º Reputa-se domiciliada no território nacional a Presidente da República, depois de aprovados pelo
empresa estrangeira que opere ou tenha no Brasil Senado Federal.
filial, agência, sucursal, escritório, estabelecimen- § 1º O mandato do Presidente e dos Conselheiros
to, agente ou representante. é de 4 (quatro) anos, não coincidentes, vedada a
§ 2º A empresa estrangeira será notificada e intima- recondução.
da de todos os atos processuais previstos nesta Lei, § 2º Os cargos de Presidente e de Conselheiro são
independentemente de procuração ou de disposição de dedicação exclusiva, não se admitindo qual-
contratual ou estatutária, na pessoa do agente ou quer acumulação, salvo as constitucionalmente
representante ou pessoa responsável por sua filial, permitidas.
§ 3º No caso de renúncia, morte, impedimento, fal-
agência, sucursal, estabelecimento ou escritório
ta ou perda de mandato do Presidente do Tribunal,
instalado no Brasil.
assumirá o Conselheiro mais antigo no cargo ou o
mais idoso, nessa ordem, até nova nomeação, sem
Essa lei é aplicada no território nacional, junta- prejuízo de suas atribuições.
mente com as convenções e tratados dos quais o Brasil § 4º No caso de renúncia, morte ou perda de man-
faz parte. Além disso, o preceito prevê a notificação dato de Conselheiro, proceder-se-á a nova nomea-
de empresas estrangeiras domiciliadas no território ção, para completar o mandato do substituído.
nacional. § 5º Se, nas hipóteses previstas no § 4º deste artigo,
ou no caso de encerramento de mandato dos Con-
DA COMPOSIÇÃO selheiros, a composição do Tribunal ficar reduzida
a número inferior ao estabelecido no § 1º do art.
Art. 3º O SBDC é formado pelo Conselho Adminis- 9º desta Lei, considerar-se-ão automaticamente
trativo de Defesa Econômica - CADE e pela Secreta- suspensos os prazos previstos nesta Lei, e suspen-
ria de Acompanhamento Econômico do Ministério sa a tramitação de processos, continuando-se a
da Fazenda, com as atribuições previstas nesta Lei. contagem imediatamente após a recomposição do
quorum.
Composição do Sistema Brasileiro de Defesa da
No CADE existem um presidente e seis conselhei-
Concorrência (SBDC), formado pelo Conselho Admi-
ros, cujos mandatos são de quatro anos, vedada a
nistrativo de Defesa Econômica (CADE) e pela Secreta-
recondução, e que exigem dedicação exclusiva. Os
ria de Acompanhamento Econômico.
Conselheiros são cidadãos nomeados pelo presidente
da República e aprovados pelo Senado Federal.
DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA
ECONÔMICA — CADE Art. 7º A perda de mandato do Presidente ou dos
Conselheiros do Cade só poderá ocorrer em virtude
Art. 4º O Cade é entidade judicante com jurisdição de decisão do Senado Federal, por provocação do
em todo o território nacional, que se constitui em Presidente da República, ou em razão de condena-
O art. 46-A foi acrescentado à presente lei em 2022, DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE PROCESSO
destinado à ação indenizatória daquele que sofreu ADMINISTRATIVO
prejuízo financeiro.
O prazo prescricional para propor ação indeniza- Disposições Gerais
tória por perdas e danos é de cinco anos, porém come-
ça a correr a partir da data em que o ilícito se tornar Art. 48 Esta Lei regula os seguintes procedimentos
conhecido, de maneira inequívoca. administrativos instaurados para prevenção, apu-
Portanto, apesar de o prazo ser o mesmo estabe- ração e repressão de infrações à ordem econômica:
lecido para intentar ação punitiva prevista no art. 46, I - procedimento preparatório de inquérito admi-
aqui o prazo não começa a contar da prática do ilíci- nistrativo para apuração de infrações à ordem
econômica;
to, mas sim de quando ele se tornar conhecido pelo
II - inquérito administrativo para apuração de
prejudicado.
infrações à ordem econômica;
Além disso, a prescrição não começará a correr
III - processo administrativo para imposição de
enquanto durar o inquérito ou o processo administra- sanções administrativas por infrações à ordem
tivo no âmbito do CADE. econômica;
IV - processo administrativo para análise de ato de
DO DIREITO DE AÇÃO concentração econômica;
V - procedimento administrativo para apuração de
Art. 47 Os prejudicados, por si ou pelos legitimados ato de concentração econômica; e
referidos no art. 82 da Lei nº 8.078, de 11 de setem- VI - processo administrativo para imposição de
bro de 1990 , poderão ingressar em juízo para, em sanções processuais incidentais.
defesa de seus interesses individuais ou individuais
homogêneos, obter a cessação de práticas que cons- Os processos ou procedimentos administrativos
tituam infração da ordem econômica, bem como o estabelecidos no art. 48 são aqueles que tramitam
recebimento de indenização por perdas e danos perante o CADE, com a finalidade de prevenir, apurar
sofridos, independentemente do inquérito ou pro- e reprimir infrações à ordem econômica.
cesso administrativo, que não será suspenso em
virtude do ajuizamento de ação.
Art. 49 O Tribunal e a Superintendência-Geral asse-
§ 1º Os prejudicados terão direito a ressarcimento
gurarão nos procedimentos previstos nos incisos II,
em dobro pelos prejuízos sofridos em razão de infra-
III, IV e VI do caput do art. 48 desta Lei o trata-
ções à ordem econômica previstas nos incisos I e II
mento sigiloso de documentos, informações e atos
do § 3º do art. 36 desta Lei, sem prejuízo das sanções
processuais necessários à elucidação dos fatos ou
aplicadas nas esferas administrativa e penal.
exigidos pelo interesse da sociedade.
§ 2º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo
Parágrafo único. As partes poderão requerer trata-
aos coautores de infração à ordem econômica que
mento sigiloso de documentos ou informações, no
tenham celebrado acordo de leniência ou termo
tempo e modo definidos no regimento interno.
de compromisso de cessação de prática cujo cum-
primento tenha sido declarado pelo Cade, os quais
responderão somente pelos prejuízos causados aos O sigilo será resguardado nos procedimentos pre-
prejudicados. vistos nos incisos II, III, IV e VI, quanto aos seus res-
§ 3º Os signatários do acordo de leniência e do pectivos documentos, informações e atos processuais.
termo de compromisso de cessação de prática são
responsáveis apenas pelo dano que causaram aos Art. 50 A Superintendência-Geral ou o Conselheiro-
prejudicados, não incidindo sobre eles responsabi- -Relator poderá admitir a intervenção no processo
lidade solidária pelos danos causados pelos demais administrativo de:
autores da infração à ordem econômica. I - terceiros titulares de direitos ou interesses que
§ 4º Não se presume o repasse de sobrepreço nos possam ser afetados pela decisão a ser adotada; ou
casos das infrações à ordem econômica previstas II - legitimados à propositura de ação civil pública
nos incisos I e II do § 3º do art. 36 desta Lei, caben- pelos incisos III e IV do art. 82 da Lei nº 8.078, de 11
do a prova ao réu que o alegar. de setembro de 1990.
Art. 47-A A decisão do Plenário do Tribunal refe-
rida no art. 93 desta Lei é apta a fundamentar a A intervenção aqui tratada é de pessoas que não
concessão de tutela da evidência, permitindo ao são as partes originárias do procedimento, mas que
juiz decidir liminarmente nas ações previstas no poderão nele ingressar, nos termos previstos.
art. 47 desta Lei.
Art. 51 Na tramitação dos processos no Cade,
Conforme comentado no art. 46-A, trata-se da ação serão observadas as seguintes disposições, além
indenizatória proposta por aquele que sofreu pre- daquelas previstas no regimento interno:
juízo financeiro com a prática do ilícito por parte do I - os atos de concentração terão prioridade sobre o
554 agente infrator. julgamento de outras matérias;
II - a sessão de julgamento do Tribunal é pública, requerentes, a natureza da operação e os setores
salvo nos casos em que for determinado tratamen- econômicos envolvidos.
to sigiloso ao processo, ocasião em que as sessões Art. 54 Após cumpridas as providências indicadas
serão reservadas; no art. 53, a Superintendência-Geral:
III - nas sessões de julgamento do Tribunal, pode- I - conhecerá diretamente do pedido, proferindo
rão o Superintendente-Geral, o Economista-Chefe, o decisão terminativa, quando o processo dispensar
Procurador-Chefe e as partes do processo requerer novas diligências ou nos casos de menor potencial
a palavra, que lhes será concedida, nessa ordem, ofensivo à concorrência, assim definidos em resolu-
nas condições e no prazo definido pelo regimen- ção do Cade; ou
to interno, a fim de sustentarem oralmente suas II - determinará a realização da instrução com-
razões perante o Tribunal; plementar, especificando as diligências a serem
IV - a pauta das sessões de julgamento será definida produzidas.
pelo Presidente, que determinará sua publicação, Art. 55 Concluída a instrução complementar
com pelo menos 120 (cento e vinte) horas de ante- determinada na forma do inciso II do caput do
cedência; e art. 54 desta Lei, a Superintendência-Geral deve-
V - os atos e termos a serem praticados nos autos rá manifestar-se sobre seu satisfatório cumpri-
dos procedimentos enumerados no art. 48 desta Lei mento, recebendo-a como adequada ao exame de
poderão ser encaminhados de forma eletrônica ou mérito ou determinando que seja refeita, por estar
apresentados em meio magnético ou equivalente, incompleta.
nos termos das normas do Cade. Art. 56 A Superintendência-Geral poderá, por meio
de decisão fundamentada, declarar a operação
como complexa e determinar a realização de nova
Esse artigo trata de ritos procedimentais, tais como
instrução complementar, especificando as diligên-
preferência de julgamentos, sessões públicas, conces-
cias a serem produzidas.
são da palavra aos agentes definidos no inciso III, bem
Parágrafo único. Declarada a operação como com-
como outras determinações. plexa, poderá a Superintendência-Geral requerer
ao Tribunal a prorrogação do prazo de que trata o
Art. 52 O cumprimento das decisões do Tribunal e § 2º do art. 88 desta Lei.
de compromissos e acordos firmados nos termos Art. 57 Concluídas as instruções complementares
desta Lei poderá, a critério do Tribunal, ser fisca- de que tratam o inciso II do art. 54 e o art. 56 desta
lizado pela Superintendência-Geral, com o respecti- Lei, a Superintendência-Geral:
vo encaminhamento dos autos, após a decisão final I - proferirá decisão aprovando o ato sem restrições;
do Tribunal. II - oferecerá impugnação perante o Tribunal, caso
§ 1º Na fase de fiscalização da execução das deci- entenda que o ato deva ser rejeitado, aprovado com
sões do Tribunal, bem como do cumprimento de restrições ou que não existam elementos conclusi-
compromissos e acordos firmados nos termos des- vos quanto aos seus efeitos no mercado.
ta Lei, poderá a Superintendência-Geral valer-se de Parágrafo único. Na impugnação do ato perante
todos os poderes instrutórios que lhe são assegura- o Tribunal, deverão ser demonstrados, de forma
dos nesta Lei. circunstanciada, o potencial lesivo do ato à concor-
§ 2º Cumprida integralmente a decisão do Tribunal rência e as razões pelas quais não deve ser aprova-
ou os acordos em controle de concentrações e com- do integralmente ou rejeitado.
promissos de cessação, a Superintendência-Geral,
de ofício ou por provocação do interessado, mani- Do art. 53 ao 57, a lei estabelece o rito do pro-
festar-se-á sobre seu cumprimento. cesso administrativo de controle econômico, ins-
taurado mediante pedido de aprovação dos atos de
Os incisos do caput, art. 88, definem o que consi- Art. 93 A decisão do Plenário do Tribunal, comi-
nando multa ou impondo obrigação de fazer ou não
dera concentração de mercado, em termos de valores
fazer, constitui título executivo extrajudicial.
de faturamento bruto anual ou volume de negócios,
Art. 94 A execução que tenha por objeto exclusiva-
relacionados a grupos econômicos, os quais serão sub- mente a cobrança de multa pecuniária será feita
metidos ao CADE pelas partes envolvidas. de acordo com o disposto na Lei nº 6.830, de 22 de
A concentração de mercado será proibida caso setembro de 1980.
elimine a concorrência, criando ou reforçando uma Art. 95 Na execução que tenha por objeto, além da
posição dominante no mercado pelo grupo econômico cobrança de multa, o cumprimento de obrigação de
envolvido. fazer ou não fazer, o Juiz concederá a tutela espe-
Por outro lado, a concentração pode ser admitida cífica da obrigação, ou determinará providências
caso atinja os objetivos estabelecidos no § 6º. que assegurem o resultado prático equivalente ao
Os atos de concentração que estiverem em desa- do adimplemento.
cordo com o estipulado na presente lei poderão ser § 1º A conversão da obrigação de fazer ou não
levados ao CADE para a tomada de providências cabí- fazer em perdas e danos somente será admissível
se impossível a tutela específica ou a obtenção do
veis na espécie.
resultado prático correspondente.
§ 2º A indenização por perdas e danos far-se-á sem
Art. 90 Para os efeitos do art. 88 desta Lei, realiza- prejuízo das multas.
-se um ato de concentração quando: Art. 96 A execução será feita por todos os meios,
I - 2 (duas) ou mais empresas anteriormente inde- inclusive mediante intervenção na empresa, quan-
pendentes se fundem; do necessária.
II - 1 (uma) ou mais empresas adquirem, direta ou Art. 97 A execução das decisões do Cade será pro-
indiretamente, por compra ou permuta de ações, movida na Justiça Federal do Distrito Federal ou da
quotas, títulos ou valores mobiliários conversíveis sede ou domicílio do executado, à escolha do Cade.
A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conhe- Art. 1º O presente código estabelece normas de
cida como Código de Defesa do Consumidor (CDC), proteção e defesa do consumidor, de ordem públi-
estabeleceu as regras de proteção ao consumidor. Sua ca e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso
edição foi necessária porque, até a promulgação da XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art.
Constituição Federal, de 1988 (CF, de 1988), os adqui- 48 de suas Disposições Transitórias.
rentes de produtos e serviços não possuíam normas
próprias, tendo que fundamentar a defesa de seus O art. 1º, do CDC, reporta-se a três dispositivos
direitos no antigo Código Civil, de 1916, e nas seguin- constitucionais.
tes legislações: A primeira proteção encontra-se no inciso XXXII,
art. 5º, da CF, de 19887, isto é, no Título “Dos Direitos e
Garantias Fundamentais”. Assim sendo, a proteção ao
z Decreto nº 869, de 1938 (Lei de Crimes Contra a
consumidor constitui um dos direitos e deveres indi-
Economia Popular);
viduais e coletivos. Como consequência, a defesa do
z Decreto-Lei nº 22.626, de 1943 (Lei da Usura);
consumidor promovida por meio do Estado é uma das
z informação clara e de entendimento de imediato; O art. 34, do CDC, trata da responsabilidade pelos
z informação precisa e exata. Exemplo: pacote com atos dos prepostos ou representantes autônomos.
20kg;
Assim, o fornecedor é solidariamente responsável
z informação ostensiva, sendo de fácil percepção e
pelos atos de seus agentes.
captação;
z informação em língua portuguesa; Art. 34 O fornecedor do produto ou serviço é soli-
dariamente responsável pelos atos de seus prepos-
Atente-se: é possível a utilização de língua estran- tos ou representantes autônomos.
geira para produtos e serviços importados, porém de
forma excepcional. Por fim, o art. 35 estabelece as opções que tem o
consumidor diante da recusa do fornecedor em cum-
z informação indelével, ou seja, que não se apaga prir a oferta veiculada. Neste caso, pode o consumi-
com o tempo; dor, alternativamente e à sua livre escolha:
z informação legível (visível).
z optar por exigir o cumprimento forçado da oferta;
Quanto ao modo de apresentação, os produtos z aceitar outro produto/serviço equivalente;
ou serviços devem conter as características, qualida- z rescindir o contrato.
des, quantidade, composição, preço, garantia, prazos
de validade e origem, entre outros dados, tais como Art. 35 Se o fornecedor de produtos ou serviços
sobre os riscos que apresentam à saúde ou à seguran- recusar cumprimento à oferta, apresentação ou
ça do consumidor. publicidade, o consumidor poderá, alternativamen-
O art. 32 estabelece que os fabricantes e importado- te e à sua livre escolha:
res deverão assegurar peças para reposição. Exemplo: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos
o fabricante disponibiliza um determinado equipa- termos da oferta, apresentação ou publicidade;
mento elétrico no mercado e, mesmo que modernize II - aceitar outro produto ou prestação de serviço
tal equipamento, deverá continuar a disponibilizar as equivalente;
peças para reposição deste na versão antiga. III - rescindir o contrato, com direito à restituição
de quantia eventualmente antecipada, monetaria-
574 mente atualizada, e a perdas e danos.
Uma das espécies de oferta é a publicidade. Oferta contemplada ou o fornecedor que não informa na
é gênero o qual comporta toda e qualquer declaração embalagem que o produto contém glúten e lactose e o
de vontade voltada à celebração da relação de con- consumidor que o adquiriu é alérgico e acaba sofren-
sumo, ao passo que publicidade é a informação que do danos.
promove comercialmente o produto ou serviço. Já o § 2º, do art. 37, traz um rol exemplificativo do
As normas que disciplinam a publicidade são tra- que considera como publicidade abusiva, tais como:
tadas nos arts. 36 a 38, do CDC. Vejamos os dispositivos:
z a publicidade discriminatória;
Art. 36 A publicidade deve ser veiculada de tal for- z a exploradora do medo ou superstição;
ma que o consumidor, fácil e imediatamente, a iden- z a incitadora de violência;
tifique como tal. z a antiambiental;
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de z a indutora de insegurança;
seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, z a dirigida a crianças.
para informação dos legítimos interessados, os
dados fáticos, técnicos e científicos que dão susten-
Por fim, o art. 38 estabelece o princípio da inversão
tação à mensagem.
do ônus da prova. Assim, em caso de dúvida acerca da
Art. 37 É proibida toda publicidade enganosa ou
publicidade, cabe ao fornecedor provar que a publici-
abusiva.
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informa- dade não é enganosa ou abusiva.
ção ou comunicação de caráter publicitário, intei-
ra ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro Das Práticas abusivas
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em
erro o consumidor a respeito da natureza, carac- As regras sobre as práticas abusivas encontram-
terísticas, qualidade, quantidade, propriedades, -se nos arts. 39 a 41, do CDC. Vejamos os dispositivos:
origem, preço e quaisquer outros dados sobre pro-
dutos e serviços. Art. 39 É vedado ao fornecedor de produtos ou ser-
§ 2º É abusiva, dentre outras a publicidade dis- viços, dentre outras práticas abusivas:
criminatória de qualquer natureza, a que incite à I - condicionar o fornecimento de produto ou de ser-
violência, explore o medo ou a superstição, se apro- viço ao fornecimento de outro produto ou serviço,
veite da deficiência de julgamento e experiência da bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
criança, desrespeita valores ambientais, ou que II - recusar atendimento às demandas dos consu-
seja capaz de induzir o consumidor a se compor- midores, na exata medida de suas disponibilidades
tar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos
ou segurança. e costumes;
§ 3º Para os efeitos deste código, a publicidade é III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicita-
enganosa por omissão quando deixar de informar ção prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer
sobre dado essencial do produto ou serviço. serviço;
§ 4º (Vetado). IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do con-
Art. 38 O ônus da prova da veracidade e correção sumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conheci-
da informação ou comunicação publicitária cabe a mento ou condição social, para impingir-lhe seus
quem as patrocina. produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente
Assim, a publicidade é a prática utilizada para a excessiva;
promoção de bens e serviços colocados no mercado, VI - executar serviços sem a prévia elaboração de
As normas acerca da cobrança de dívida estão O art. 43 traz os direitos básicos dos consumido-
disciplinadas nos arts. 42 e 42-A, do CDC. Vejamos os res, que são:
dispositivos:
z direito ao acesso, ou seja, a saber quais são as
Art. 42 Na cobrança de débitos, o consumidor ina- informações existentes em cadastros, fichas e
dimplente não será exposto a ridículo, nem será registo de dados pessoais e de consumo, além de
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou acesso às fontes que originaram tais informações;
ameaça. z direito à exclusão, isto é, de a informação negativa
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quan- não perdurar por período superior a 5 (cinco) anos;
tia indevida tem direito à repetição do indébito, z direito à retificação, ou seja, de ter retificado dado
por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, incorreto constante dos arquivos de consumo;
acrescido de correção monetária e juros legais, sal- z direito à comunicação, isto é, de ser comunicado
vo hipótese de engano justificável. quando seus dados forem inseridos nos arquivos
Art. 42-A Em todos os documentos de cobrança de de consumo.
Art. 47 As cláusulas contratuais serão interpreta- O art. 50, do CDC, trata da garantia contratual, ou
das de maneira mais favorável ao consumidor. seja, aquela que complementa a garantia legal discipli-
nada no art. 26, sendo facultativa e conferida median-
O art. 48, do CDC, disciplina as declarações de te termo escrito, observados os seguintes requisitos:
vontade constantes de escritos particulares, reci-
bos e pré-contratos. Nesses casos, toda proposta ou z ser padronizada;
declaração constante desses escritos particulares z esclarecer em que consiste a garantia, a forma, o
obrigará os fornecedores. Assim sendo, caso o forne- prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os
cedor entregue um orçamento prévio ao consumidor, ônus a cargo do consumidor;
ele estará obrigado a prestar o serviço pelo modo e z ser entregue ao consumidor devidamente preen-
pelo preço orçado. chido pelo fornecedor, no ato do fornecimento;
z estar acompanhada de manual de instrução, de
Art. 48 As declarações de vontade constantes de instalação e uso do produto em linguagem didáti-
escritos particulares, recibos e pré-contratos rela- ca, com ilustrações.
tivos às relações de consumo vinculam o fornece-
dor, ensejando inclusive execução específica, nos Ainda com relação à proteção contratual, os arts.
termos do art. 84 e parágrafos. 51 a 53 estabelecem as regras acerca das cláusulas
Art. 49 O consumidor pode desistir do contrato, no abusivas. Vejamos os dispositivos:
prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do
ato de recebimento do produto ou serviço, sempre Art. 51 São nulas de pleno direito, entre outras, as
que a contratação de fornecimento de produtos e cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
serviços ocorrer fora do estabelecimento comer- produtos e serviços que:
cial, especialmente por telefone ou a domicílio. I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a respon-
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direi- sabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
to de arrependimento previsto neste artigo, os valo- natureza dos produtos e serviços ou impliquem
res eventualmente pagos, a qualquer título, durante renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de
o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, consumo entre o fornecedor e o consumidor pes-
soa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em
monetariamente atualizados.
situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembol-
O art. 49 estabelece o instituto do direito ao arre- so da quantia já paga, nos casos previstos neste
pendimento, ou seja, o prazo de reflexão para com- código;
pras realizadas fora do estabelecimento comercial. III - transfiram responsabilidades a terceiros;
Seus requisitos são: IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvan-
z exercício do direito potestativo9 dentro do prazo tagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
legal; boa-fé ou a eqüidade;
z contratação ocorrida fora do estabelecimento V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em pre-
comercial. Exemplo: por telefone, internet, catálo-
juízo do consumidor;
gos, entre outros.
VII - determinem a utilização compulsória de
arbitragem;
O prazo legal para arrependimento é de 7 dias, VIII - imponham representante para concluir ou
contados da assinatura do contrato ou do ato de rece- realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
bimento do produto ou serviço. IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou
não o contrato, embora obrigando o consumidor;
O art. 104-A traz a possibilidade de o juiz designar A avaliação de projetos é uma etapa fundamental
audiência de conciliação entre consumidor endivida- para o sucesso de qualquer iniciativa, seja no âmbito
do e todos os seus credores, desde que o consumidor público ou privado, uma vez que tem como objetivo
a requeira e apresente proposta de pagamento dos garantir o desenvolvimento sustentável e o bem-estar
débitos, de modo a lhe garantir o mínimo existencial, da sociedade.
no prazo máximo para quitação de cinco anos. Deste modo, através da análise dos benefícios
Não serão computadas no processo de repactuação sociais e econômicos, o índice de viabilidade, os diag-
as dívidas decorrentes de contrato de consumo quan- nósticos, os impactos e riscos sociais e ambientais, é
do o consumidor celebrou o contrato sem intenção de possível fornecer subsídios para a tomada de decisões
588 quitar o débito (agiu com dolo) e as dívidas decorrentes estratégicas.
Assim, a avaliação dos benefícios sociais e eco- ESTUDO DE IMPACTO DO RISCO SOCIAL E
nômicos de um projeto busca mensurar os impactos AMBIENTAL
positivos que ele trará para a sociedade e a economia.
Como exemplos de benefícios sociais podemos O estudo de impacto do risco social e ambiental
elencar a geração de emprego e de renda, qualifica- estão ligados aos resultados de longo prazo da empre-
ção profissional, melhoria da qualidade de vida, den- sa, em relação às mudanças sociais, econômicas e
tre outros. ambientais.
Já como exemplo de benefícios econômicos pode- Além disso, avaliam os efeitos do projeto na comu-
mos listar o aumento da produtividade, o crescimento nidade e no meio ambiente. Isso inclui aspectos como
do PIB, atração de investimentos para o país, etc. deslocamento de populações, mudanças no uso do
Neste sentido, para que seja possível realizar a solo, poluição, entre outros.
referida avaliação dos benefícios sociais e econômi- Assim, é importante identificar os possíveis impac-
cos, existem diversas técnicas que podem ser apli- tos negativos e também propor medidas mitigadoras
cadas, considerando o tipo e objetivos do projeto ou para reduzir esses impactos ao mínimo.
O risco social é atrelado à reputação da empresa no
programa.
meio em que atua, que pode trazer prejuízos a médio
Vejamos a seguir alguns exemplos de técnicas uti-
e longo prazo, buscando avaliar os impactos positivos
lizadas para auxiliar a avaliação, tais como: índice
e negativos do projeto na sociedade, considerando os
de viabilidade, diagnósticos, estudo e impacto/risco
diferentes grupos sociais envolvidos.
social, impacto/risco ambiental.
Deste modo, no estudo dos impactos ou riscos
sociais, poderão ser levados em consideração alguns
ÍNDICE DE VIABILIDADE fatores, tais como: geração de emprego e renda, dis-
tribuição de renda, qualificação profissional, saúde,
O índice de viabilidade é uma ferramenta utiliza- educação e segurança, por exemplo.
da para determinar se um projeto é possível do ponto Em relação ao risco ou impacto ambiental, este se
de vista econômico, financeiro e técnico, consideran- refere à avaliação dos impactos positivos e negativos
do aspectos como custos, retorno financeiro, prazos e do projeto no meio ambiente, propondo medidas de
recursos necessários para a execução do projeto. mitigação e compensação.
Desta forma, um índice de viabilidade positivo No que se refere ao risco ou impacto ambiental
indica que o projeto é economicamente sustentável e poderá ser levado em consideração alguns fatores,
pode ser implementado com sucesso. tais como a poluição do ar ou da água, degradação do
Pode-se dizer que o índice de viabilidade é desti- solo, perda da biodiversidade ou mudanças climáti-
nado a calcular riscos nos empreendimentos, além de cas, por exemplo.
possibilitar a comparação com dois tipos diferentes de Portanto, para que seja possível a avaliação dos
negócio. riscos sociais ou ambientais, poderão ser utilizadas
Além disso, para que seja possível medir a proba- algumas metodologias, como por exemplo o estudo
bilidade de sucesso do projeto, é necessário que sejam de impacto ambiental ou social e a análise deste risco,
considerados os seguintes fatores: seja ele ambiental ou social.
Como exemplo prático, podemos citar um proje-
z Técnicos: tecnologia disponível, capacidade da to de construção de uma estrada. Tal projeto poderá
equipe, viabilidade da execução; proporcionar benefícios econômicos, como a melho-
z Financeiros: disponibilidade de recursos, custos ria da infraestrutura e o aumento da conectividade,
Art. 5º A normatização, coordenação, supervisão, Art. 10 Deverão constar dos regulamentos dos pla-
fiscalização e controle das atividades das entidades nos de benefícios, das propostas de inscrição e dos
de previdência complementar serão realizados por certificados de participantes condições mínimas a
órgão ou órgãos regulador e fiscalizador, conforme serem fixadas pelo órgão regulador e fiscalizador.
disposto em lei, observado o disposto no inciso VI § 1º A todo pretendente será disponibilizado e a
do art. 84 da Constituição Federal. todo participante entregue, quando de sua inscri-
ção no plano de benefícios:
As entidades de previdência complementar conta- I - certificado onde estarão indicados os requisitos
rão com órgãos regulador e fiscalizador, responsáveis que regulam a admissão e a manutenção da qua-
por normatizar, coordenar, supervisionar, fiscalizar e lidade de participante, bem como os requisitos de
controlar suas atividades. elegibilidade e forma de cálculo dos benefícios;
II - cópia do regulamento atualizado do plano de
DOS PLANOS DE BENEFÍCIOS benefícios e material explicativo que descreva, em
linguagem simples e precisa, as características do
plano;
Disposições Comuns
III - cópia do contrato, no caso de plano coletivo
de que trata o inciso II do art. 26 desta Lei Comple-
Art. 6º As entidades de previdência complementar mentar; e
somente poderão instituir e operar planos de bene- IV - outros documentos que vierem a ser especifica-
fícios para os quais tenham autorização específica, dos pelo órgão regulador e fiscalizador.
segundo as normas aprovadas pelo órgão regu- § 2º Na divulgação dos planos de benefícios, não
lador e fiscalizador, conforme disposto nesta Lei poderão ser incluídas informações diferentes das
Complementar. que figurem nos documentos referidos neste artigo.
Art. 7º Os planos de benefícios atenderão a padrões
mínimos fixados pelo órgão regulador e fiscaliza-
dor, com o objetivo de assegurar transparência, sol-
As condições mínimas para ingressar no regime
vência, liquidez e equilíbrio econômico-financeiro e deverão constar nos regulamentos, planos de benefí-
atuarial. cios, propostas e certificados. Além disso, o § 1º estabe-
Parágrafo único. O órgão regulador e fiscalizador lece os documentos que deverão ser obrigatoriamente
normatizará planos de benefícios nas modalidades entregues a todo participante.
de benefício definido, contribuição definida e con-
tribuição variável, bem como outras formas de pla- Art. 11 Para assegurar compromissos assumidos
nos de benefícios que reflitam a evolução técnica e junto aos participantes e assistidos de planos de
possibilitem flexibilidade ao regime de previdência benefícios, as entidades de previdência complemen-
complementar. tar poderão contratar operações de resseguro, por
Art. 21 O resultado deficitário nos planos ou nas Pelo menos uma vez ao ano, deverão ser divulga-
entidades fechadas será equacionado por patroci- das aos participantes e assistidos as informações rela-
nadores, participantes e assistidos, na proporção
tivas ao plano de benefícios.
existente entre as suas contribuições, sem prejuízo
de ação regressiva contra dirigentes ou terceiros
que deram causa a dano ou prejuízo à entidade de Art. 25 O órgão regulador e fiscalizador poderá
previdência complementar. autorizar a extinção de plano de benefícios ou a
§ 1º O equacionamento referido no caput poderá retirada de patrocínio, ficando os patrocinadores e
ser feito, dentre outras formas, por meio do aumen- instituidores obrigados ao cumprimento da totali-
to do valor das contribuições, instituição de contri- dade dos compromissos assumidos com a entidade
buição adicional ou redução do valor dos benefícios relativamente aos direitos dos participantes, assis-
a conceder, observadas as normas estabelecidas tidos e obrigações legais, até a data da retirada ou
pelo órgão regulador e fiscalizador. extinção do plano.
§ 2º A redução dos valores dos benefícios não se apli- Parágrafo único. Para atendimento do disposto no
ca aos assistidos, sendo cabível, nesse caso, a insti- caput deste artigo, a situação de solvência econô-
tuição de contribuição adicional para cobertura do mico-financeira e atuarial da entidade deverá ser
acréscimo ocorrido em razão da revisão do plano. atestada por profissional devidamente habilitado,
§ 3º Na hipótese de retorno à entidade dos recursos cujos relatórios serão encaminhados ao órgão
equivalentes ao déficit previsto no caput deste artigo, regulador e fiscalizador. 597
A extinção do plano de benefícios e a retirada de pleno direito, quaisquer operações realizadas com
patrocínio poderão ser autorizadas pelo órgão regula- violação daquela suspensão.
dor e fiscalizador. § 1º Sendo imóvel, o vínculo será averbado à mar-
gem do respectivo registro no Cartório de Registro
Dos Planos de Benefícios de Entidades Abertas Geral de Imóveis competente, mediante comunica-
ção do órgão fiscalizador.
Art. 26 Os planos de benefícios instituídos por enti- § 2º Os ativos garantidores a que se refere o caput,
dades abertas poderão ser: bem como os direitos deles decorrentes, não pode-
I - individuais, quando acessíveis a quaisquer pes- rão ser gravados, sob qualquer forma, sem prévia e
soas físicas; ou expressa autorização do órgão fiscalizador, sendo
II - coletivos, quando tenham por objetivo garantir nulos os gravames constituídos com infringência
benefícios previdenciários a pessoas físicas vincu- do disposto neste parágrafo.
ladas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurí-
dica contratante. Os ativos garantidores das reservas técnicas, pro-
§ 1º O plano coletivo poderá ser contratado por visões e fundos terão regulamentação específica e
uma ou várias pessoas jurídicas.
poderão ter a livre movimentação suspensa pelo
§ 2º O vínculo indireto de que trata o inciso II des-
te artigo refere-se aos casos em que uma entidade
órgão fiscalizador.
representativa de pessoas jurídicas contrate plano No referido caso de suspensão da movimentação,
previdenciário coletivo para grupos de pessoas físi- ficarão proibidos de ser alienados ou oferecidos em
cas vinculadas a suas filiadas. promessa de alienação sem que haja prévia autoriza-
§ 3º Os grupos de pessoas de que trata o parágrafo ção, sob pena de nulidade do ato.
anterior poderão ser constituídos por uma ou mais
categorias específicas de empregados de um mes- Art. 29 Compete ao órgão regulador, entre outras
mo empregador, podendo abranger empresas coli- atribuições que lhe forem conferidas por lei:
gadas, controladas ou subsidiárias, e por membros I - fixar padrões adequados de segurança atuarial
de associações legalmente constituídas, de caráter e econômico-financeira, para preservação da liqui-
profissional ou classista, e seus cônjuges ou compa- dez e solvência dos planos de benefícios, isolada-
nheiros e dependentes econômicos. mente, e de cada entidade aberta, no conjunto de
§ 4º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, suas atividades;
são equiparáveis aos empregados e associados os
II - estabelecer as condições em que o órgão fisca-
diretores, conselheiros ocupantes de cargos eleti-
lizador pode determinar a suspensão da comercia-
vos e outros dirigentes ou gerentes da pessoa jurí-
lização ou a transferência, entre entidades abertas,
dica contratante.
de planos de benefícios; e
§ 5º A implantação de um plano coletivo será cele-
brada mediante contrato, na forma, nos critérios, III - fixar condições que assegurem transparência,
nas condições e nos requisitos mínimos a serem acesso a informações e fornecimento de dados rela-
estabelecidos pelo órgão regulador. tivos aos planos de benefícios, inclusive quanto à
§ 6º É vedada à entidade aberta a contratação de gestão dos respectivos recursos.
plano coletivo com pessoa jurídica cujo objetivo
principal seja estipular, em nome de terceiros, pla- O art. 29 estabelece as competências atribuídas ao
nos de benefícios coletivos. órgão regulador.
Esse artigo trata do plano de benefício instituído Art. 30 É facultativa a utilização de corretores
por entidade aberta, podendo ser individual ou coleti- na venda dos planos de benefícios das entidades
vo, nos termos dos incisos do caput. abertas.
Parágrafo único. Aos corretores de planos de bene-
Art. 27 Observados os conceitos, a forma, as con- fícios aplicam-se a legislação e a regulamentação
dições e os critérios fixados pelo órgão regulador, da profissão de corretor de seguros.
é assegurado aos participantes o direito à portabi-
lidade, inclusive para plano de benefício de entida- A venda dos planos de benefícios poderá ser rea-
de fechada, e ao resgate de recursos das reservas lizada por corretores, aplicando-se as mesmas regras
técnicas, provisões e fundos, total ou parcialmente.
estabelecidas para o corretor de seguros.
§ 1º A portabilidade não caracteriza resgate.
§ 2º É vedado, no caso de portabilidade:
I - que os recursos financeiros transitem pelos par- DAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA
ticipantes, sob qualquer forma; e COMPLEMENTAR
II - a transferência de recursos entre participantes.
Art. 31 As entidades fechadas são aquelas acessí-
É garantido o direito à portabilidade do plano, des- veis, na forma regulamentada pelo órgão regulador
de que preenchidos as condições e critérios fixados e fiscalizador, exclusivamente:
pelo órgão competente, exceto nas situações previstas I - aos empregados de uma empresa ou grupo de
no § 2º, casos em que a portabilidade será proibida. empresas e aos servidores da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, entes denomi-
Art. 28 Os ativos garantidores das reservas técni- nados patrocinadores; e
cas, das provisões e dos fundos serão vinculados à II - aos associados ou membros de pessoas jurídicas
ordem do órgão fiscalizador, na forma a ser regu- de caráter profissional, classista ou setorial, deno-
lamentada, e poderão ter sua livre movimentação minadas instituidores.
suspensa pelo referido órgão, a partir da qual não § 1º As entidades fechadas organizar-se-ão sob
poderão ser alienados ou prometidos alienar sem a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins
598 sua prévia e expressa autorização, sendo nulas, de lucrativos.
§ 2º As entidades fechadas constituídas por insti- Art. 34 As entidades fechadas podem ser qualifica-
tuidores referidos no inciso II do caput deste artigo das da seguinte forma, além de outras que possam
deverão, cumulativamente: ser definidas pelo órgão regulador e fiscalizador:
I - terceirizar a gestão dos recursos garantidores I - de acordo com os planos que administram:
das reservas técnicas e provisões mediante a con- a) de plano comum, quando administram plano ou
tratação de instituição especializada autorizada conjunto de planos acessíveis ao universo de parti-
a funcionar pelo Banco Central do Brasil ou outro cipantes; e
órgão competente; b) com multiplano, quando administram plano
II - ofertar exclusivamente planos de benefícios na ou conjunto de planos de benefícios para diver-
modalidade contribuição definida, na forma do sos grupos de participantes, com independência
parágrafo único do art. 7º desta Lei Complementar. patrimonial;
§ 3º Os responsáveis pela gestão dos recursos de II - de acordo com seus patrocinadores ou instituidores:
que trata o inciso I do parágrafo anterior deverão a) singulares, quando estiverem vinculadas a ape-
manter segregados e totalmente isolados o seu nas um patrocinador ou instituidor; e
patrimônio dos patrimônios do instituidor e da b) multipatrocinadas, quando congregarem mais
entidade fechada. de um patrocinador ou instituidor.
§ 4º Na regulamentação de que trata o caput,
o órgão regulador e fiscalizador estabelecerá o No art. 34, temos a qualificação das entidades
tempo mínimo de existência do instituidor e o seu fechadas de acordo com os planos que administram
número mínimo de associados.
e de acordo com os patrocinadores ou instituidores.
Esse artigo define as entidades fechadas e esta- Art. 35 As entidades fechadas deverão manter
belece regramentos acerca de sua organização e estrutura mínima composta por conselho delibera-
funcionamento. tivo, conselho fiscal e diretoria-executiva.
§ 1º O estatuto deverá prever representação dos
Art. 32 As entidades fechadas têm como objeto a participantes e assistidos nos conselhos deliberati-
administração e execução de planos de benefícios vo e fiscal, assegurado a eles no mínimo um terço
de natureza previdenciária. das vagas.
Parágrafo único. É vedada às entidades fechadas a § 2º Na composição dos conselhos deliberativo e
prestação de quaisquer serviços que não estejam no fiscal das entidades qualificadas como multipa-
âmbito de seu objeto, observado o disposto no art. 76. trocinadas, deverá ser considerado o número de
participantes vinculados a cada patrocinador ou
No art. 32, temos a definição do objeto das entida- instituidor, bem como o montante dos respectivos
des fechadas. patrimônios.
§ 3º Os membros do conselho deliberativo ou do
Art. 33 Dependerão de prévia e expressa autoriza- conselho fiscal deverão atender aos seguintes
ção do órgão regulador e fiscalizador: requisitos mínimos:
I - a constituição e o funcionamento da entidade I - comprovada experiência no exercício de ativida-
fechada, bem como a aplicação dos respectivos des nas áreas financeira, administrativa, contábil,
estatutos, dos regulamentos dos planos de benefí- jurídica, de fiscalização ou de auditoria;
cios e suas alterações; II - não ter sofrido condenação criminal transitada
II - as operações de fusão, cisão, incorporação ou em julgado; e
qualquer outra forma de reorganização societária, III - não ter sofrido penalidade administrativa por
relativas às entidades fechadas; infração da legislação da seguridade social ou
DISPOSIÇÕES GERAIS
PLANOS DE BENEFÍCIOS
Art. 68 As contribuições do empregador, os bene-
fícios e as condições contratuais previstos nos
PREVIDENCIÁRIOS DE ENTIDADES
estatutos, regulamentos e planos de benefícios das FECHADAS: MODALIDADES E
entidades de previdência complementar não inte- PATROCÍNIO
gram o contrato de trabalho dos participantes,
assim como, à exceção dos benefícios concedidos,
BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL — RGPS
não integram a remuneração dos participantes.
§ 1º Os benefícios serão considerados direito adqui-
rido do participante quando implementadas todas São beneficiárias do regime geral de previdência
as condições estabelecidas para elegibilidade con- social as pessoas que mantém vínculo direto com o
signadas no regulamento do respectivo plano. mesmo, na condição de segurados, ou vínculo indire-
§ 2º A concessão de benefício pela previdência com- to, na condição de dependente.
plementar não depende da concessão de benefício Os segurados são as pessoas cujo vínculo direto
pelo regime geral de previdência social. com a Previdência Social acarreta direitos e deveres.
Os direitos são representados pelos benefícios e ser-
No art. 68, vemos normas relacionadas ao contrato viços prestados, desde que preenchidos os requisitos
de trabalho e à remuneração dos participantes, bem legais. Os deveres correspondem à obrigação de reco-
como concernentes às contribuições do empregador, lher as contribuições previdenciárias.
604 aos benefícios e às condições contratuais.
Os segurados são classificados em duas categorias: A dependência econômica da primeira classe é
obrigatórios e facultativos. Para o segurado obriga- presumida e a das demais deve ser comprovada.
tório, a vinculação decorre do exercício de atividade O companheiro(a) é aquele(a) que mantém união
laborativa. Para o facultativo, a vinculação decorre estável com o segurado, definida esta como a convi-
de manifestação de vontade (ato volitivo). vência pública, contínua e duradoura estabelecida com
Os dependentes são aqueles que mantêm vínculo o objetivo de constituir família (art. 1.723, Código Civil).
indireto com a Previdência, já que sua relação com o O cônjuge divorciado ou separado judicialmente
sistema depende da ocorrência de contingência que ou de fato, que recebia pensão de alimentos, receberá
atinja o segurado da previdência social. a pensão em igualdade de condições com os demais
dependentes de primeira classe.
Na hipótese de o segurado estar, na data do seu
Dependentes
óbito, obrigado por determinação judicial a pagar
alimentos temporários a ex-cônjuge ou a ex-compa-
Para o direito previdenciário é relevante a depen-
nheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será
dência jurídica e econômica, sendo dependente eco-
devida pelo prazo remanescente na data do óbito,
nômico alguém que viva às expensas do segurado. A
caso não incida outra hipótese de cancelamento ante-
legislação previdenciária trata de dependentes presu-
rior do benefício.
midos e comprovados.
Dependentes presumidos são aqueles que não Súmula n° 336 (STJ) A mulher que renunciou ali-
precisam demonstrar a dependência econômica, ape- mentos na separação tem direito à pensão previ-
nas o liame jurídico entre eles e o segurado. denciária por morte do ex-marido, comprovada a
Dependentes comprovados devem provar a necessidade econômica superveniente.
dependência econômica.
Súmula n° 37 (TNU) A pensão por morte devida
ao filho até 21 anos de idade, não se prorroga pela
Importante! pendência de curso universitário.
Para os segurados que já estavam no sistema antes da reforma, mas não têm direito adquirido, são aplicadas
as regras de transição.
REGRAS DE APOSENTADORIA
Regra Nova:
Direito Adquirido: Regras de Transição:
� Aplicada integralmente para quem
� Preenche os requisitos até a reforma � Já estava no sistema em 13/11/2019,
ingressou no sistema a partir de
do dia 13/11/2019 mas não tinha preenchido os requisitos
13/11/2019
Para as aposentadorias por tempo de contribição e por idade, de acordo com a EC n° 103, de 2019, temos as
seguintes regras transitórias:
� Regra 1: Pontos
Art. 15 Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional, fica assegurado o direito à aposentadoria quando forem preenchidos, cumulativamente, os seguintes
requisitos:
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem; e
II - somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, equivalente a 86 (oitenta e seis) pontos, se
mulher, e 96 (noventa e seis) pontos, se homem, observado o disposto nos §§ 1º e 2º.
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação a que se refere o inciso II do caput será acrescida a cada ano de
1 (um) ponto, até atingir o limite de 100 (cem) pontos, se mulher, e de 105 (cento e cinco) pontos, se homem.
§ 2º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias para o cálculo do somatório de pontos a que se refe-
rem o inciso II do caput e o § 1º.
§ 3º Para o professor que comprovar exclusivamente 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, se mulher, e 30 (trinta)
anos de contribuição, se homem, em efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio, o somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, será equivalente a 81
Art. 16 Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor desta Emenda Cons-
titucional fica assegurado o direito à aposentadoria quando preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem; e
II - idade de 56 (cinquenta e seis) anos, se mulher, e 61 (sessenta e um) anos, se homem.
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade a que se refere o inciso II do caput será acrescida de 6 (seis) meses a
cada ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem.
§ 2º Para o professor que comprovar exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na edu-
cação infantil e no ensino fundamental e médio, o tempo de contribuição e a idade de que tratam os incisos I e II
do caput deste artigo serão reduzidos em 5 (cinco) anos, sendo, a partir de 1º de janeiro de 2020, acrescidos 6 (seis)
meses, a cada ano, às idades previstas no inciso II do caput, até atingirem 57 (cinquenta e sete) anos, se mulher, e 60
(sessenta) anos, se homem.
§ 3º O valor da aposentadoria concedida nos termos do disposto neste artigo será apurado na forma da lei.
z Regra 3: Pedágio 50% para segurado que esteja há 2 anos ou menos da aposentadoria pela regra anterior
Art. 17 Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional e que na referida data contar com mais de 28 (vinte e oito) anos de contribuição, se mulher, e 33
(trinta e três) anos de contribuição, se homem, fica assegurado o direito à aposentadoria quando preencher, cumu-
lativamente, os seguintes requisitos:
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem; e 607
II - cumprimento de período adicional correspon- valor a que se refere o § 2º do art. 201 da Constitui-
dente a 50% (cinquenta por cento) do tempo que, ção Federal e será reajustado:
na data de entrada em vigor desta Emenda Cons- I - de acordo com o disposto no art. 7º da Emenda
titucional, faltaria para atingir 30 (trinta) anos de Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003,
contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos se cumpridos os requisitos previstos no inciso I do
de contribuição, se homem. § 2º;
Parágrafo único. O benefício concedido nos termos II - nos termos estabelecidos para o Regime Geral
deste artigo terá seu valor apurado de acordo com de Previdência Social, na hipótese prevista no inci-
a média aritmética simples dos salários de contri- so II do § 2º.
buição e das remunerações calculada na forma da § 4º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores
lei, multiplicada pelo fator previdenciário, calcula- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios as
do na forma do disposto nos §§ 7º a 9º do art. 29 da normas constitucionais e infraconstitucionais ante-
Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. riores à data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional, enquanto não promovidas altera-
z Regra 4: Idade progressiva ções na legislação interna relacionada ao respecti-
vo regime próprio de previdência social.
Art. 18 O segurado de que trata o inciso I do § 7º do
art. 201 da Constituição Federal filiado ao Regime Para os professores, como se viu, “o requisito de
Geral de Previdência Social até a data de entrada idade a que se refere o inciso I do § 7º será reduzido em
em vigor desta Emenda Constitucional poderá apo- 5 (cinco) anos, para o professor que comprove tempo de
sentar-se quando preencher, cumulativamente, os
efetivo exercício das funções de magistério na educação
seguintes requisitos:
infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
I - 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e 65 (ses-
senta e cinco) anos de idade, se homem; e complementar” (§ 8º, art. 201, da CF, de 1988).
II - 15 (quinze) anos de contribuição, para São exigidos, portanto, 25 (vinte e cinco) anos de
ambos os sexos. efetivo exercício do magistério na educação infantil,
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de ensino médio ou fundamental e idade mínima de 57
60 (sessenta) anos da mulher, prevista no inciso I (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (ses-
do caput, será acrescida em 6 (seis) meses a cada senta) anos de idade, se homem.
ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade. Anteriormente à reforma, o professor se aposen-
§ 2º O valor da aposentadoria de que trata este arti- tava comprovando 25 (vinte e cinco) anos de magis-
go será apurado na forma da lei. tério, se mulher e 30 (trinta) anos, se homem, na
educação infantil, ensino médio e fundamental, sem
z Regra 5: Pedágio 100% necessidade de cumprimento de requisito etário (ida-
de mínima).
Art. 20 O segurado ou o servidor público federal
que se tenha filiado ao Regime Geral de Previdência Resumo das Regras Transitórias na Aposentadoria
Social ou ingressado no serviço público em cargo
por Tempo de Contribuição
efetivo até a data de entrada em vigor desta Emen-
da Constitucional poderá aposentar-se volunta-
riamente quando preencher, cumulativamente, os z Regra dos Pontos:
seguintes requisitos:
I - 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 30 TC (Mulher)/ 35 (Homem);
60 (sessenta) anos de idade, se homem; 86 pontos (M)/ 96 pontos (H) — Idade + TC;
II - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e Janeiro de 2020 sobe 1 ponto por ano até chegar
35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem; 100 (M)/105 (H);
III - para os servidores públicos, 20 (vinte) anos de Professor (30TC (H)/25TC (M)/81 pontos (M)/ 91
efetivo exercício no serviço público e 5 (cinco) anos pontos (H)/ aumenta até 92 (M)/ 100(H).
no cargo efetivo em que se der a aposentadoria;
IV - período adicional de contribuição corresponden-
te ao tempo que, na data de entrada em vigor desta
z Regra do Tempo Mínimo + Idade Mínima:
Emenda Constitucional, faltaria para atingir o tem-
po mínimo de contribuição referido no inciso II. 30TC (M)/ 35TC (H);
§ 1º Para o professor que comprovar exclusivamen- 56 idade (M)/ 61 (H);
te tempo de efetivo exercício das funções de magis- Idade sobre 6 meses a partir de jan, de 2020 -
tério na educação infantil e no ensino fundamental até 62 (M)/ 65(H);
e médio serão reduzidos, para ambos os sexos, os Professor (tempo e idade reduzidos em 5 anos.
requisitos de idade e de tempo de contribuição em
5 (cinco) anos. z Pedágio 50%:
§ 2º O valor das aposentadorias concedidas nos ter-
mos do disposto neste artigo corresponderá:
28 TC(M)/33 TC(H) na data da reforma;
I - em relação ao servidor público que tenha ingres-
Pedágio de 50% que faltava para atingir 30
sado no serviço público em cargo efetivo até 31 de
TC(M)/ 35 TC(H) na data da reforma;
dezembro de 2003 e que não tenha feito a opção de
que trata o § 16 do art. 40 da Constituição Federal,
Benefício com aplicação do fator previdenciário.
à totalidade da remuneração no cargo efetivo em
que se der a aposentadoria, observado o disposto z Pedágio 100%:
no § 8º do art. 4º; e
II - em relação aos demais servidores públicos e aos 57 idade (M)/ 60 idade (H);
segurados do Regime Geral de Previdência Social, 30 TC (M)/ 35 TC(H);
ao valor apurado na forma da lei. Pedágio 100% do tempo que faltava para atin-
§ 3º O valor das aposentadorias concedidas nos ter- gir 30 TC (M)/35 TC(H) na data da reforma;
608 mos do disposto neste artigo não será inferior ao Requisitos reduzidos em 5 anos para professores.
Resumo das Regras Transitórias na Aposentadoria infraconstitucionais anteriores à data de entrada
por Idade em vigor desta Emenda Constitucional, enquanto
não promovidas alterações na legislação interna
z Regra da Idade Progressiva: relacionada ao respectivo regime próprio de previ-
dência social.
60 anos (M)/ 65 anos (H);
15 TC; Vejamos a redação do § 3º, do art. 55, da Lei n°
Idade da mulher aumenta 6 meses a partir de 8.213, de 1991, alterada pela Lei n° 13.846, de 2019:
01.01.20 até chegar a 62.
Art. 55 […]
Na aposentadoria especial, há, também, substan- § 3º A comprovação do tempo de serviço para fins do
disposto nesta Lei, inclusive mediante justificativa
cial alteração.
administrativa ou judicial, observado o disposto no
O benefício, anteriormente à Reforma, não exigia
art. 108, só produzirá efeito quando for baseada em
idade mínima, e era devido após a comprovação da
início de prova material contemporânea dos fatos,
exposição a agentes que prejudicavam a saúde ou a não admitida a prova exclusivamente testemunhal,
integridade física, por 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 exceto na ocorrência de motivo de força maior ou
(vinte e cinco) anos, dependendo da gravidade do caso fortuito, na forma prevista no Regulamento.
agente, conforme disposto no regulamento.
Após a reforma, além da exposição pelo tempo
fixado no regulamento, de acordo com a gravidade do Importante!
agente, ainda será preciso cumprir a idade mínima de:
Conforme entendimento do Supremo Tribunal
z 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se Federal (STF - REXT 631.240), há necessidade de
tratar de atividade especial de 15 (quinze) anos de prévio requerimento administrativo para se bus-
contribuição; car judicialmente um benefício. Não há necessi-
z 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se dade de esgotamento da via administrativa.
tratar de atividade especial de 20 (vinte) anos de
contribuição;
z 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de Algumas regras anteriores à Reforma da Previdên-
atividade especial de 25 (vinte e cinco) anos de cia Social, relativas às aposentadorias programadas,
contribuição. continuam em plena vigência, mesmo para aque-
las situações em que os requisitos são preenchidos
Há, todavia, a regra de transição, por pontos: posteriormente.
É o caso, por exemplo, da aposentadoria por idade
Art. 21 O segurado ou o servidor público federal do trabalhador rural, que tem direito à redução de 5
que se tenha filiado ao Regime Geral de Previdên- (cinco) anos na idade fixada na Constituição e não foi
cia Social ou ingressado no serviço público em impactado pela reforma: 60 anos de idade para homens
cargo efetivo até a data de entrada em vigor desta e 55 de idade para mulheres, conforme estabelece o
Emenda Constitucional cujas atividades tenham inciso II, do § 7º, do art. 201, da Constituição Federal.
sido exercidas com efetiva exposição a agentes quí- Beneficiam-se da redução de cinco anos:
micos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou
associação desses agentes, vedada a caracteriza-
z empregado rural;
ção por categoria profissional ou ocupação, desde
Homem: 33 TC 58 20
DEFICIÊNCIA LEVE 60 25
Mulher: 28 TC
Há, como vimos, a regra de transição dos pontos,
que se aplica aos segurados que já estavam no sistema
Poderá, ainda, independentemente do grau de
quando da Reforma da Previdência.
deficiência, aposentar-se por idade, com idade reduzi-
Para fazer jus à aposentadoria especial, os segu-
da para 60 anos, se homem e 55 anos, se mulher, com
rados devem comprovar o exercício de atividades
carência de 180 contribuições.
com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e
A própria Emenda nº 103, de 2019, em seu art. 22,
biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
preservou as regras anteriores, até que a lei discipli-
agentes, vedada a caracterização por categoria profis-
ne de modo diverso, sendo clara no sentido de que a
sional ou ocupação, durante, no mínimo, 15 (quinze),
mesma:
20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispõe
o regulamento.
Será concedida na forma da Lei Complementar nº
O tempo de trabalho em atividade especial deve
142, de 8 de maio de 2013, inclusive quanto aos cri-
ser permanente, não ocasional nem intermitente,
térios de cálculo dos benefícios.
exercido em condições que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.
Para identificação da deficiência, deve ser realiza- Não existe diferença de tempo entre homens e
da perícia biopsicossocial, que avaliará o grau de defi- mulheres.
ciência, a data de início e possíveis alterações no grau. Trata-se de exceção à regra do art. 201, que pre-
Nas situações em que a deficiência se verificar leciona não ser possível diferenciar critérios e requi-
após a filiação ou quando houver modificação de seu sitos para concessão de aposentadoria, a não ser nos
grau, os parâmetros serão ajustados proporcional- casos de atividades sob condições especiais.
mente e os períodos serão somados, após conversão, Até a edição da Lei n° 9.032, de 1995, o enquadra-
conforme tabela prevista no Regulamento. mento se dava em função da categoria profissional. Ex.:
O grau preponderante é aquele em que o segura- engenheiro.
do cumpriu a maior parte do tempo de contribuição, Após a Lei n° 9.032, de 1995, há necessidade de
antes da conversão. comprovação da efetiva exposição do trabalhador aos
Nas situações em que o segurado não cumprir todo agentes prejudiciais à saúde, de forma efetiva, habi-
o tempo necessário na condição de deficiente, é admi- tual e permanente.
tida a conversão, para fins de aposentadoria por tem- Atualmente, comprovação é feita pelo PPP (Per-
po de contribuição comum. fil Profissiográfico Previdenciário), preenchido pela
A redução do tempo de contribuição da pessoa empresa, pela cooperativa ou pelo órgão gestor de
com deficiência não poderá ser acumulada, no mes- mão de obra ou sindicato (trabalhador avulso), para
mo período contributivo, com a redução aplicada aos todos os agentes agressivos. Anteriormente, só se exi-
períodos de contribuição relativos às atividades exer- gia laudo para ruído e calor.
cidas sob condições especiais que prejudiquem a saú- Esse documento é elaborado com base em Laudo
de ou a integridade física. Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT)
610 e subscrito por médico ou engenheiro de segurança e
saúde no trabalho, devendo constar dele, ainda, ques- Exemplo prático: José trabalhou 10 anos em uma
tões como o uso de equipamentos de proteção indivi- atividade que lhe garantia aposentadoria especial
dual e coletiva, de acordo com a legislação trabalhista. com 20 anos. Depois, trabalhou em atividade que lhe
Deve ser observado o princípio tempus regit actum, garantia aposentadoria especial com 25 anos.
ou seja, verificar qual a legislação estava em vigor no Então, converte-se o tempo de 16 anos na faixa de
tempo do exercício da atividade. 20 para a faixa de 25, multiplicando-se por 1,25: resul-
tado 20, ou seja, precisa trabalhar mais 5 anos para se
aposentar especialmente na atividade que desempe-
Importante! nha atualmente.
Concluído o processo, será emitido Certificado Da decisão que valida ou invalida a justificação
individual pela Previdência, com indicação da ativi- não cabe recurso.
dade que o segurado pode exercer.
A empresa deve preencher vagas com deficientes DISPOSIÇÕES GERAIS E ESPECÍFICAS
na seguinte proporção:
Do capítulo da Lei n° 8.213, de 1991, destinado
z De 100 a 200 empregados: 2%; às disposições gerais e específicas, vamos destacar
z De 201 a 500 empregados: 3%; alguns dos dispositivos, em razão da relevância dos
z De 501 a 1000 empregados: 4%; temas abordados.
z De 1001 em diante: 5%. Iniciamos tratando das regras dos arts. 103, 103-A
e 104, que tratam de prescrição e decadência.
Esses empregados só podem ser dispensados quan- A decadência é um prazo que atinge o próprio
do forem contratados outros em condição semelhante. direito, de modo que quando se verifica, não há a pos-
sibilidade de propor demanda. Já a prescrição atinge
JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA parcelas e não o direito em si.
Além das impossibilidades do art. 124, podemos z Período de graça: mantém a qualidade de segura-
destacar outras impossibilidades previstas em outros do depois que deixa de contribuir);
dispositivos. Vejamos todas elas: z Período de carência: está contribuindo, mas não
tem direito a todos benefícios;
z aposentadoria e auxílio-doença; z Tempo de contribuição: período que contribuiu
z mais de uma aposentadoria no RGPS; efetivamente para o sistema.
z aposentadoria e abono de permanência em servi-
ço (extinto pela Lei n° 8.807, de 1994); O art. 25 prescreve os períodos de carência das
z salário-maternidade e auxílio doença; prestações previdenciárias:
z mais de um auxílio-acidente (acrescentado pela
Lei n° 9.032, de 1995); Art. 25 A concessão das prestações pecuniárias do
z auxílio-acidente e auxílio-doença quando se tratar Regime Geral de Previdência Social depende dos
da mesma moléstia; seguintes períodos de carência, ressalvado o dis-
posto no art. 26:
z benefícios assistenciais com benefícios
I - auxílio doença e aposentadoria por invalidez
previdenciários; comum — 12 contribuições mensais;
z auxílio-acidente e aposentadoria; II - aposentadoria por idade, tempo de contribuição
z mais de uma pensão deixada por cônjuge ou com- e especial — 180 contribuições, ressaltando-se que
panheiro, ressalvada a opção pela mais vantajosa; o tempo de trabalho rural pode ser descontínuo.
z auxílio-reclusão com aposentadoria, abono de per-
manência em serviço ou auxílio-doença; Observar regra de transição prevista no art. 142,
z seguro Desemprego com Benefício Previdenciário da Lei n° 8.213, de 1991 (essa lei aumentou o prazo de
622 (Exceção: Auxílio-Acidente e Pensão por Morte). 60 para 180 contribuições).
III - os benefícios concedidos na forma do inciso
MESES DE
ANO DE IMPLEMENTAÇÃO I do art. 39, aos segurados especiais referidos no
CONTRIBUIÇÃO
DAS CONDIÇÕES inciso VII do art. 11 desta Lei.
EXIGIDOS
1991 60 Para facilitar seu estudo, é importante destacar
1992 60 que o inciso I, do art. 39, trata da aposentadoria por
1993 66 idade ou por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclu-
são ou pensão, no valor de 1 salário mínimo, desde
1994 72 que comprovado o tempo de atividade rural, ainda
1995 78 que de forma descontínua, no período imediatamen-
1996 90 te anterior ao requerimento do benefício, igual ao
número de meses da carência do benefício requerido.
1997 96
1998 102 Art. 26 [...]
IV -serviço social;
1999 108
V - reabilitação profissional;
2000 114 VI - salário maternidade para as seguradas empre-
2001 120 gada, trabalhadora avulsa e segurada doméstica;
2002 126
SALÁRIO DE BENEFÍCIO E RENDA MENSAL DO
2003 132 BENEFÍCIO
2004 138
Acompanhe a seguir alguns conceitos essenciais
2005 144
para compreendermos os cálculos de benefícios pre-
2006 150 videnciários:
2007 156
z Salário de contribuição: base de incidência da
2008 162
contribuição previdenciária.
2009 168 z Salário de benefício: é a base de cálculo da renda
2010 174 mensal inicial da maioria dos benefícios.
z RMI: renda mensal inicial.
2011 180 z SB: salário de benefício.
Art. 25 [...]
IV - auxílio reclusão: vinte e quatro contribuições Estabelecer o PBC (período básico de
mensais cálculo) — de julho/94 até a data do
requerimento do benefício ou da data
Atenção: antes da Lei n° 13.846, de 2019, o auxílio- de ingresso no sistema (se posterior
-reclusão não exigia carência. a julho/94) até a data do requerimen-
to administrativo
O art. 26, da Lei n° 8.213, de 1991, prevê as situa-
ções que independem de carência:
Atualização monetária de todos os
Art. 26 Independe de carência a concessão das salários de contribuição
seguintes prestações:
I - pensão por morte, salário família e auxílio-acidente; Elaboração da média aritmética de
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez todos os salários de contribuição
nos casos de acidente de qualquer natureza ou
causa e de doença profissional ou do trabalho, bem Aplicação do coeficiente específico do
como nos casos de segurado que, após filiar-se ao benefício a ser concedido
RGPS, for acometido de alguma das doenças e afec-
ções especificadas em lista elaborada pelos Minis-
térios da Saúde e da Previdência Social, atualizada Atenção! Antes da Reforma, o salário de benefício
a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios era a média aritmética simples dos 80% (oitenta por
de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou cento) maiores salários de contribuição, de julho, de
outro fator que lhe confira especificidade e gravida- 1994 em diante, ou de todo período contributivo.
de que mereçam tratamento particularizado; 623
O valor do salário de benefício não será inferior
BENEFÍCIOS
ao de um salário mínimo, nem superior ao do limite
PREVIDENCIÁ- RMI
máximo do salário de contribuição na data de início
RIOS
do benefício.
Se no período básico de cálculo o segurado tiver 60% + 2% para cada ano que su-
Aposentadoria
recebido benefícios por incapacidade, sua duração pere 20 para o homem e 15 para
por incapacidade
será contada, considerando-se como salário de contri- a mulher aplicado sobre o SB ou
permanente
buição, no período, o salário de benefício que serviu 100% se for acidente de trabalho
de base para o cálculo da renda mensal, reajustado
91% do SB (limite média dos últi-
nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral,
Auxílio-doença mos 12 meses — regra superada
não podendo ser inferior a um salário mínimo. pela EC n° 103, de 2019)
Ao segurado empregado e ao trabalhador avulso
que tenham cumprido todas as condições para a con- Auxílio-acidente 50% do salário de benefício
cessão do benefício pleiteado, mas não possam com-
provar o valor dos seus salários de contribuição no Mesmo cálculo da pensão por
período básico de cálculo, será concedido o benefício morte, porém não pode ultrapassar
Auxílio-reclusão
de valor mínimo, devendo esta renda ser recalcula- 1 sala mínimo (§ 1º, art. 27, EC n°
103, de 2019)
da, quando da apresentação de prova dos salários de
contribuição. Não é calculado pelo SB — varia
O auxílio acidente cessa com a concessão de qual- Salário-materni-
de acordo com a categoria de
quer aposentadoria; todavia, os seus valores são dade
segurado
incorporados ao salário de contribuição do segurado,
para fins de cálculo do salário de benefício, na forma Salário-família Não é calculado pelo SB
do art. 31, da Lei n° 8.213, de 1991. Cota 50% + 10% (limite 100%) /
A renda mensal inicial dos benefícios é calculada, 100% em caso de dependente
via de regra, pela aplicação de coeficiente específico Pensão por inválido ou deficiente, incidente
fixada em lei, sobre o salário de benefício. morte sobre aposentadoria que recebia
A EC n° 103, de 2019, para as aposentadorias, alte- ou aposentadoria por incapacidade
rou substancialmente o coeficiente que correspon- na data do óbito
derá a 60% (sessenta por cento) da média aritmética
definida na forma prevista no caput e no § 1º, com A Lei n° 13.135, de 2015, introduziu o § 10 no art.
acréscimo de dois pontos percentuais para cada ano 29, da Lei n° 8.213, de 1991, regra que diz que:
de contribuição que exceder o tempo de 20 (vinte)
anos de contribuição para homens e 15 (quinze) anos Art. 29 [...]
para mulheres. § 10 O auxílio-doença não poderá exceder a média
No caso de aposentadoria por incapacidade per- aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários-
manente decorrente de acidente do trabalho, o coefi- -de-contribuição, inclusive no caso de remunera-
ciente será de 100% (cem por cento). ção variável, ou, se não alcançado o número de 12
Outra novidade é que poderão ser excluídas da (doze), a média aritmética simples dos salários-de-
média as contribuições que resultem em redução do -contribuição existentes.
valor do benefício, desde que mantido o tempo míni-
mo de contribuição exigido, vedada a utilização do No caso de atividades concomitantes em que a
tempo excluído para qualquer finalidade. É o chama- contribuição nas diversas atividades é obrigatória, o
do descarte de contribuições. salário de benefício será calculado com base na soma
Assim, temos que a RMI (Renda Mensal Inicial) dos dos salários de contribuição das atividades exercidas
benefícios será assim calculada: na data do requerimento ou do óbito, ou no período
básico de cálculo.
Antes da Reforma da Previdência, havia a aplica-
BENEFÍCIOS ção do fator previdenciário no cálculo das aposentado-
PREVIDENCIÁ- RMI rias por tempo de contribuição de forma obrigatória e
RIOS na aposentadoria por idade de forma facultativa. Este
Aposentadoria fator foi mantido apenas da regra transitória do pedá-
por idade, com gio de 50 % (cinquenta por cento).
60% + 2% para cada ano que su-
tempo mínimo
pere 20 para o homem e 15 para a
de contribuição
mulher aplicado sobre o SB Fórmula para o cálculo do Fator Previdenciário:
— EC n° 103, de
2019 f= Es · [1 · b 100 l ]
Tc · a Id + Tc·a
Do art. 51 ao art. 53, a lei estabelece procedimen- Art. 59 Os administradores, controladores e mem-
tos previstos para a liquidação extrajudicial e quanto bros de conselhos estatutários das entidades de
ao levantamento do balanço geral e de demonstra- previdência complementar sob intervenção ou
ções contábeis e atuariais, bem como no que concer- em liquidação extrajudicial ficarão com todos os
ne ao seu encerramento com a aprovação pelo órgão seus bens indisponíveis, não podendo, por qual-
competente. quer forma, direta ou indireta, aliená-los ou one-
rá-los, até a apuração e liquidação final de suas
responsabilidades.
Disposições Especiais
§ 1º A indisponibilidade prevista neste artigo decor-
re do ato que decretar a intervenção ou liquidação
Art. 54 O interventor terá amplos poderes de
extrajudicial e atinge todos aqueles que tenham
administração e representação e o liquidante ple-
estado no exercício das funções nos doze meses
nos poderes de administração, representação e anteriores.
liquidação. § 2º A indisponibilidade poderá ser estendida aos
bens de pessoas que, nos últimos doze meses, os
Como os nomes sugerem, o interventor é referente tenham adquirido, a qualquer título, das pessoas
à intervenção (arts. 44 e seguintes), enquanto o liqui- referidas no caput e no parágrafo anterior, desde
dante é referente à liquidação extrajudicial (arts. 47 e que haja seguros elementos de convicção de que se
seguintes). trata de simulada transferência com o fim de evitar
os efeitos desta Lei Complementar.
Art. 55 Compete ao órgão fiscalizador decretar, § 3º Não se incluem nas disposições deste artigo os
aprovar e rever os atos de que tratam os arts. 45, bens considerados inalienáveis ou impenhoráveis
46 e 48 desta Lei Complementar, bem como nomear, pela legislação em vigor.
por intermédio do seu dirigente máximo, o inter- § 4º Não são também atingidos pela indisponibi-
ventor ou o liquidante. lidade os bens objeto de contrato de alienação, de
Art. 56 A intervenção e a liquidação extrajudicial promessas de compra e venda e de cessão de direi-
determinam a perda do mandato dos administra- tos, desde que os respectivos instrumentos tenham
dores e membros dos conselhos estatutários das sido levados ao competente registro público até
doze meses antes da data de decretação da inter-
entidades, sejam titulares ou suplentes.
venção ou liquidação extrajudicial.
§ 5º Não se aplica a indisponibilidade de bens das
Nos arts. 55 e 56, temos normas referentes aos pro- pessoas referidas no caput deste artigo no caso de
cedimentos de intervenção e liquidação. É disposto liquidação extrajudicial de entidades fechadas que
sobre a decretação, aprovação e revisão pelo órgão deixarem de ter condições para funcionar por moti-
competente, bem como sobre a perda do mandato dos vos totalmente desvinculados do exercício das suas
administradores e membros dos conselhos. atribuições, situação esta que poderá ser revista a
qualquer momento, pelo órgão regulador e fiscali-
Art. 57 Os créditos das entidades de previdência zador, desde que constatada a existência de irregu-
complementar, em caso de liquidação ou falência laridades ou indícios de crimes por elas praticados.
de patrocinadores, terão privilégio especial sobre a
massa, respeitado o privilégio dos créditos traba- Os bens das pessoas identificadas no caput do
lhistas e tributários. artigo ficarão indisponíveis, não podendo ser alie-
Parágrafo único. Os administradores dos respecti- nados, até a apuração e liquidação final de suas
vos patrocinadores serão responsabilizados pelos responsabilidades.
danos ou prejuízos causados às entidades de pre-
vidência complementar, especialmente pela falta de Art. 60 O interventor ou o liquidante comunicará a
aporte das contribuições a que estavam obrigados, indisponibilidade de bens aos órgãos competentes
observado o disposto no parágrafo único do art. 63 para os devidos registros e publicará edital para
636 desta Lei Complementar. conhecimento de terceiros.
Parágrafo único. A autoridade que receber a comu- O art. 63 estabelece a responsabilização às pessoas
nicação ficará, relativamente a esses bens, impedi- enumeradas, causadoras de danos ou prejuízos às
da de: entidades de previdência complementar.
I - fazer transcrições, inscrições ou averbações de Além deles, o parágrafo único também prevê a res-
documentos públicos ou particulares; ponsabilização dos demais agentes nele previstos.
II - arquivar atos ou contratos que importem em
transferência de cotas sociais, ações ou partes Art. 64 O órgão fiscalizador competente, o Banco
beneficiárias; Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliá-
III - realizar ou registrar operações e títulos de rios ou a Secretaria da Receita Federal, constatan-
qualquer natureza; e do a existência de práticas irregulares ou indícios
IV - processar a transferência de propriedade de de crimes em entidades de previdência complemen-
veículos automotores, aeronaves e embarcações. tar, noticiará ao Ministério Público, enviando-lhe
os documentos comprobatórios.
O art. 60 dispõe sobre a comunicação de indisponi- Parágrafo único. O sigilo de operações não pode-
bilidade de bens feita pelo interventor ou liquidante rá ser invocado como óbice à troca de informações
ao órgão competente. entre os órgãos mencionados no caput, nem ao for-
necimento de informações requisitadas pelo Minis-
tério Público.
Art. 61 A apuração de responsabilidades específicas
referida no caput do art. 59 desta Lei Complemen-
tar será feita mediante inquérito a ser instaurado O ministério público deverá ser informado quan-
pelo órgão regulador e fiscalizador, sem prejuízo do do houver práticas irregulares ou indícios de crimes
disposto nos arts. 63 a 65 desta Lei Complementar. em entidades de previdência complementar.
§ 1º Se o inquérito concluir pela inexistência de pre-
juízo, será arquivado no órgão fiscalizador. Art. 65 A infração de qualquer disposição desta
§ 2º Concluindo o inquérito pela existência de pre- Lei Complementar ou de seu regulamento, para
juízo, será ele, com o respectivo relatório, remetido a qual não haja penalidade expressamente comi-
pelo órgão regulador e fiscalizador ao Ministério nada, sujeita a pessoa física ou jurídica responsá-
Público, observados os seguintes procedimentos: vel, conforme o caso e a gravidade da infração, às
I - o interventor ou o liquidante, de ofício ou a reque- seguintes penalidades administrativas, observado
rimento de qualquer interessado que não tenha sido o disposto em regulamento:
I - advertência;
indiciado no inquérito, após aprovação do respecti-
II - suspensão do exercício de atividades em enti-
vo relatório pelo órgão fiscalizador, determinará o
dades de previdência complementar pelo prazo de
levantamento da indisponibilidade de que trata o
até cento e oitenta dias;
art. 59 desta Lei Complementar;
III - inabilitação, pelo prazo de dois a dez anos,
II - será mantida a indisponibilidade com relação às
para o exercício de cargo ou função em entidades de
pessoas indiciadas no inquérito, após aprovação do
previdência complementar, sociedades seguradoras,
respectivo relatório pelo órgão fiscalizador. instituições financeiras e no serviço público; e
IV - multa de dois mil reais a um milhão de reais,
No art. 61, temos previsão de instauração de inqué- devendo esses valores, a partir da publicação desta
rito a fim de apurar as responsabilidades estabeleci- Lei Complementar, ser reajustados de forma a pre-
das no art. 59. servar, em caráter permanente, seus valores reais.
§ 1º A penalidade prevista no inciso IV será impu-
Art. 62 Aplicam-se à intervenção e à liquidação das tada ao agente responsável, respondendo solida-
z Quanto à Participação do Patrocinador: Nesta esteira, a ação estatal está prevista no art. 3º,
da Lei Complementar nº 109, de 2001, vejamos:
Entidades com Patrocínio: patrocinadas por
empresas ou órgãos públicos; Art. 3º A ação do Estado será exercida com o obje-
Entidades sem Patrocínio: sem vínculo com tivo de:
empresas ou órgãos públicos. I - formular a política de previdência complementar;
II - disciplinar, coordenar e supervisionar as ativi-
z Quanto à Abrangência do Plano: dades reguladas por esta Lei Complementar, com-
patibilizando-as com as políticas previdenciária e
Entidades de âmbito nacional: atuam em todo o de desenvolvimento social e econômico-financeiro;
território nacional; III - determinar padrões mínimos de segurança eco-
Entidades de âmbito regional: atuam em uma nômico-financeira e atuarial, com fins específicos
região específica do país. de preservar a liquidez, a solvência e o equilíbrio
dos planos de benefícios, isoladamente, e de cada
z Quanto à Modalidade do Plano: entidade de previdência complementar, no conjun-
to de suas atividades;
Planos de Benefícios Definidos (BD): o benefício IV - assegurar aos participantes e assistidos o ple-
é definido previamente; no acesso às informações relativas à gestão de seus
Planos de Contribuição Definida (CD): o benefí- respectivos planos de benefícios;
cio depende da rentabilidade dos investimentos. V - fiscalizar as entidades de previdência comple-
mentar, suas operações e aplicar penalidades; e
Cumpre ressaltar que as entidades fechadas de VI - proteger os interesses dos participantes e assis-
previdência complementar são compostas por órgãos tidos dos planos de benefícios.
sociais, o qual é composto pela assembleia geral (órgão
Em suma, as entidades fechadas de previdência
supremo), conselho deliberativo (órgão de adminis-
complementar desempenham um papel importante
tração e fiscalização) e diretoria executiva (órgão de
gestão). na complementação dos benefícios previdenciários
Além disso, compõe também as referidas entida- oferecidos pelo Estado, contribuindo para a seguran-
des os demais participantes ativos (contribuem para ça financeira dos trabalhadores no futuro.
o plano de benefícios), os aposentados e pensionis-
Conselho Nacional de Previdência Complementar
tas (recebem os benefícios) e os patrocinadores, que
são responsáveis pelo financiamento do plano de O Conselho Nacional de Previdência Complemen-
benefício. tar (CNPC) é um órgão colegiado que faz parte da
Por fim, tomemos como exemplo prático da atua- estrutura do Ministério da Economia, que promove
ção das entidades fechadas de previdência comple-
encontros trimestrais. Sua competência consiste em
mentar a administração de planos de previdência
regulamentar o regime de previdência complemen-
empresariais.
tar operado pelas entidades fechadas de previdência
Nestes planos os empregados contribuem mensal-
Crédito extraordinário aberto no exercício 1.400,00 17. (CESGRANRIO — 2014) O Manual de Contabilidade
Aplicada ao Setor Público, Parte I, no campo concei-
Dotações anuláveis 6.200,00 tual da receita e da despesa, apresenta a seguinte defi-
nição: “é toda transação que depende de autorização
Operação de crédito autorizada para novas
10.000,00 legislativa, na forma de consignação de dotação orça-
despesas
mentária, para ser efetivada”.
Com base nos dados apresentados e nas definições Os termos acima transcritos indicam a definição de
de créditos adicionais da Lei nº 4.320/1964, o valor
total disponível para abertura de créditos adicionais é a) despesa orçamentária
b) dispêndio extraorçamentário
a) 14.000,00 c) empréstimo vencível antes de 10 meses
b) 15.500,00 d) receita extraorçamentária
c) 17.900,00 e) receita orçamentária
d) 20.200,00
e) 21.700,00 18. (CESGRANRIO — 2019) Uma das classificações legal-
mente requeridas para a despesa pública refere-se
13. (CESGRANRIO — 2014) De acordo com o Manual de à classificação institucional, que reflete a estrutura
Contabilidade Aplicada ao Setor Público, Parte I, a de alocação dos créditos orçamentários em níveis
receita orçamentária (receita pública), quanto ao refle- hierárquicos.
xo na situação patrimonial líquida, sob o enfoque con-
tábil, pode ser classificada como efetiva e não efetiva. Na classificação institucional da despesa, uma autar-
quia de ensino superior federal, subordinada ao Minis-
Nesse enfoque da situação patrimonial líquida, uma tério da Educação,
receita orçamentária efetiva indica a ocorrência de um
fato contábil a) constitui um agrupamento de unidades orçamentárias
com dotações próprias.
a) misto aumentativo b) recebe dotações orçamentárias diretamente do
b) misto diminutivo Tesouro Nacional.
c) modificativo aumentativo c) é considerada uma unidade orçamentária, identificada
d) modificativo diminutivo com três dígitos.
e) permutativo d) é considerada um órgão orçamentário, identificado
com dois dígitos.
14. (CESGRANRIO — 2014) De acordo com os conceitos e e) está impedida de receber transferências não autoriza-
categorias de receitas previstas na Lei nº 4.320/1964, das pelo Ministério a que está subordinada.
constituem receitas orçamentárias os recursos prove-
nientes de 19. (CESGRANRIO — 2014) Em um dado exercício, um
determinado órgão teve créditos orçamentários apro-
a) cauções vados para aquisição de bens, materiais e serviços
b) depósitos em garantia com o seguinte detalhamento:
c) emissões de papel-moeda
d) compensações financeiras ITEM VALOR ITEM VALOR
e) operações de crédito por antecipação da receita
Seguro para
Computadores 5.000,00 3.000,00
veículos
15. (CESGRANRIO — 2018) As receitas com operações de
crédito, nos termos da Lei nº 4.320/1964, são conside- Serviço de
radas como Receitas de Impressoras 3.000,00 limpeza e 18.000,00
vigilância
a) Investimento Material de
b) Operação 12.000,00 Livros 3.500,00
expediente
c) Capital
Mobiliário (es- Apare-
d) Gerência
tantes, mesas e 25.000,00 lho de ar 2.500,00
e) Constituição cadeiras) condicionado
16. (CESGRANRIO — 2014) Na busca do equilíbrio orça- Diárias 10.000,00 Pen-drives 500,00
mentário, o Governo estabelece uma meta para supe- Passagens
ravit do orçamento corrente. 15.000,00 Frigobar 1.000,00
aéreas
642
NÃO constitui um desses casos as despesas
ITEM VALOR ITEM VALOR
Veículos 70.000,00
Forno de
500,00
a) em viagem e com serviços especiais que exijam pron-
Micro-ondas to pagamento
Serviços de
b) eventuais que exijam pronto pagamento
Combustível 8.000,00 Telefonia e 3.000,00 c) extraordinárias e urgentes
Internet d) de caráter sigiloso
e) de pequeno vulto
Em relação ao total dos créditos aprovados, os mon- 24. (CESGRANRIO — 2014) Os créditos orçamentários
tantes das despesas correntes e das despesas de transferidos de um Ministério para outro Ministério,
capital representam, respectivamente, integrante da mesma esfera de governo, conceitual-
mente representam um(a)
a) 40,3% e 59,7%
b) 40,6% e 59,4% a) destaque
c) 38,3% e 61,7% b) provisão
d) 40,8% e 59,2% c) dotação
e) 39,7% e 60,3% d) descentralização interna
e) transferência voluntária
20. (CESGRANRIO — 2014) Quanto à despesa pública,
com base na lei aplicável à espécie, o ato emanado de 25. (CESGRANRIO — 2019) Segundo o MCASP, as carac-
autoridade competente que cria para o Estado obriga- terísticas qualitativas da informação contábil devem
ção de pagamento pendente ou não de implemento de apresentar utilidade para os usuários e suportar os
condição corresponde à(ao) objetivos dessa mesma informação limitada pelas res-
trições de sua inclusão nas demonstrações contábeis.
a) liquidação
b) receita corrente Sob esse enfoque técnico-conceitual, a omissão de
c) receita de capital uma informação que influenciou o cumprimento do
d) ordem de pagamento dever de prestar contas é considerada, nos dizeres do
e) empenho MCASP, como
21. (CESGRANRIO — 2014) As informações a seguir a) característica qualitativa: comparabilidade.
devem ser usadas para responder à questão. b) caraterística qualitativa: representação fidedigna.
c) característica qualitativa: tempestividade.
Em um determinado exercício, uma despesa fixada em d) restrição da informação: custo-benefício.
R$ 50.000,00 foi 90% empenhada, 80% liquidada e 90% e) restrição da informação: materialidade.
paga.
26. (CESGRANRIO — 2018) O controle contábil da execu-
Naquele exercício, o desembolso financeiro efetivo ção orçamentária dos órgãos da administração públi-
relativo a essa despesa foi de ca direta é feito pelo regime de caixa para
22. (CESGRANRIO — 2019) As despesas empenhadas e 27. (CESGRANRIO — 2014) As receitas e despesas apre-
liquidadas durante o exercício financeiro, mas penden- sentam peculiaridades no contexto do setor público,
tes de pagamento no encerramento do exercício, desde a elaboração do orçamento público, execução,
controle e prestação de contas.
a) estão sujeitas à verificação do direito adquirido pelo
credor. Para fins de controle da execução orçamentária, recei-
b) poderão ser executadas no próximo exercício, por tas e despesas são consideradas realizadas quando,
meio de créditos adicionais. respectivamente, são
c) serão pagas à conta de despesas de exercícios ante-
riores, no exercício seguinte. a) previstas e fixadas
d) serão inscritas em restos a pagar não processados. b) liquidadas e pagas
e) serão inscritas em restos a pagar processados. c) lançadas e liquidadas
d) recolhidas e liquidadas
23. (CESGRANRIO — 2014) O suprimento de fundos con- e) arrecadadas e empenhadas
siste na entrega de numerário a servidor, sempre pre-
cedida de empenho na dotação própria, para o fim 28. (CESGRANRIO — 2016) Os Princípios de Contabili-
de realizar despesas que não possam subordinar-se dade Pública estão estabelecidos em normas que
ao processo normal de aplicação. O suprimento de são obrigatórias para todos os órgãos e entidades
fundos poderá ser utilizado para atender a diversos da administração direta e da administração indireta
casos. dos entes da Federação, incluindo seus fundos, autar-
quias, fundações e empresas estatais dependentes. 643
Nesse contexto, o Princípio de Contabilidade que, sob 32. (CESGRANRIO — 2014) Os termos utilizados pela Con-
as perspectivas do Setor Público, no âmbito da enti- tabilidade de custos têm terminologia própria, com
dade pública, está vinculado ao estrito cumprimento significados técnicos específicos, destacando-se den-
da destinação social do seu patrimônio é o Princípio tre eles, na literatura contábil, os de custo e despesa.
da
Nesse contexto da terminologia técnico-contábil, um
a) Competência custo se transforma em despesa, numa indústria,
b) Continuidade quando o bem ou serviço que o representa é
c) Entidade
d) Oportunidade a) adquirido
e) Prudência b) concluído
c) consumido
29. (CESGRANRIO — 2014) A Resolução no 1.111/2007 d) efetivamente pago
do Conselho Federal de Contabilidade trata da inter- e) utilizado na linha de produção
pretação dos princípios de contabilidade sob a pers-
pectiva do setor público. 33. (CESGRANRIO — 2014) A terminologia de gasto que
diz respeito a bem ou serviço, utilizado na produção de
A resolução define que a autonomia patrimonial tem outros bens ou serviços como, por exemplo, a mão de
origem na destinação social do patrimônio e a respon- obra, denomina-se
sabilização pela obrigatoriedade da prestação de con-
tas pelos agentes públicos. a) perda
b) despesa
Essa definição refere-se ao Princípio da c) consumo
d) custo
a) Continuidade e) desembolso
b) Competência
c) Entidade 34. (CESGRANRIO — 2018) A contabilidade, em decor-
d) Oportunidade rência de sua ampla abrangência, atende a um leque
e) Transparência
amplo e diferenciado de interesses dos seus múltiplos
usuários.
30. (CESGRANRIO — 2019) A definição teórica de Ativo,
de acordo com o MCASP, diz que ele consiste em um
De que grupo fazem parte os usuários que têm como
recurso controlado no presente pela entidade como
principal preocupação com a empresa o risco inerente
resultado de evento passado.
às suas decisões?
Ao aplicar esse conceito, um contador deve
a) Credores por empréstimos
b) Empregados
a) considerar a forma física como uma condição neces-
c) Fornecedores
sária para o reconhecimento de um recurso como
d) Governo
Ativo.
e) Investidores
b) considerar a capacidade de acessar ou restringir o
acesso ao recurso como um indicador de controle do
35. (CESGRANRIO — 2018) O patrimônio das empresas é
mesmo.
c) limitar o reconhecimento do Ativo à existência de crité- estruturado em três partes distintas: Ativo (A), Passi-
rios objetivos, como título de propriedade legal. vo (P) e Situação Líquida (SL), mais conhecida como
d) reconhecer um Ativo com negociação acertada, pen- patrimônio líquido. A avaliação da situação patrimo-
dente apenas da transferência dos riscos e benefícios. nial é feita pela seguinte equação patrimonial:
e) restringir o critério de mensuração ao valor constante
da nota fiscal ou contrato. Situação Líquida (SL) = Ativo (A) – Passivo (P)
31. (CESGRANRIO — 2023) É comum, no âmbito da Con- Nesse contexto, quando a equação patrimonial apon-
tabilidade Gerencial, generalizar os gastos empresa- tar bens e direitos em valor menor do que as obri-
riais, chamando-os de “custos”, e, assim, apresentar a gações com terceiros indica que a empresa tem a
fórmula do resultado (lucro ou prejuízo), relacionando seguinte situação líquida:
custos variáveis, custos fixos, preço de venda e volu-
me de vendas. Essa fórmula é corretamente apresen- a) plena
tada em: b) favorável
c) inexistência de ativos
a) Resultado = (Preço – Custo Variável Unitário) * Volume d) passivo a descoberto
de Vendas – Custo Fixo Total. e) equilíbrio aparente
b) Resultado = (Preço – Custo Fixo Unitário) * Volume de
Vendas – Custo Variável Unitário. 36. (CESGRANRIO — 2014) Considerando as diversas
c) Resultado = Preço – (Custo Variável Total + Custo Fixo definições de Contabilidade apresentadas pelos
Total). autores da matéria contábil, notadamente a definição
d) Resultado = Receita Total – Custo Total Médio. contida no pronunciamento do Ibracon, aprovada pela
e) Resultado = Receita Total – Custo Variável Unitário – Comissão de Valores Mobiliários, a principal finalida-
644 Custo Fixo Total. de (objetivo) da contabilidade é
a) acompanhar os atos e fatos administrativos de autorização para pagamento do hotel em que ele
praticados. se hospedara. Apesar das tentativas de contato para
b) atestar a fidedignidade das operações patrimoniais. autorização das despesas, este ato inocorreu. Sendo
c) comprovar as mutações ocorridas no patrimônio. pessoa de posses, esse cliente pagou as despesas
d) fornecer informações sobre o patrimônio. em dinheiro. Retornando ao Brasil, requereu ao banco
e) gerar relatórios gerenciais para a tomada de decisão. explicações, por escrito, do ocorrido — ao que lhe foi
respondido não ter o banco qualquer responsabilida-
37. (CESGRANRIO — 2023) Um indivíduo é correntista de de pelo evento, uma vez que a gerência do cartão de
determinada instituição financeira que lhe apresen- crédito seria exclusivamente da sociedade empresária
ta, através dos responsáveis internos, proposta para que administra o cartão.
investimento no mercado de renda variável, apresen-
tando o mercado de capitais como capaz de superar o Nesse contexto, nos termos do Código de Proteção e
rendimento fixo de várias aplicações financeiras, sem Defesa do Consumidor, a responsabilidade
apresentar as desvantagens e perigos desse setor da
economia. a) é do fornecedor que prestou serviços defeituosos,
excluindo, em qualquer caso, os demais fornecedores.
Nesse contexto, nos termos da Lei nº 8.078/1990, a b) da instituição financeira é separada da dos demais
atuação dos prepostos da instituição financeira esta- fornecedores.
ria violando a regra da c) é subjetiva e exclusiva da administradora de cartões
de crédito.
a) lucratividade planejada d) é solidária e abrange a cadeia de fornecedores, o que
b) informação adequada inclui o Banco.
c) menor onerosidade e) da sociedade empresária depende da prova de culpa
d) capacidade econômica de um dos seus prepostos.
e) conservação de valores
41. (CESGRANRIO — 2016) Sr. Z adquiriu um automóvel
38. (CESGRANRIO — 2018) De acordo com o Código de de luxo da empresa LR, tendo o bem vindo com defei-
Defesa do Consumidor Lei n° 8.078/1990, o fornece- to no sistema de freios. Constatou-se que o vício veio
dor de produtos e serviços que, posteriormente à sua da fábrica e não poderia ser consertado, diante da
introdução no mercado de consumo, tiver conheci-
sofisticação do sistema de computadores utilizado no
mento da periculosidade que estes apresentem deve-
automóvel.
rá comunicar o fato imediatamente às autoridades
competentes e aos consumidores. Essa comunicação
De acordo com as regras do Código de Defesa do Con-
deve ser feita por meio de
sumidor, Sr. Z deverá receber
a) carta simples
a) valor em dobro do anteriormente pago.
b) correspondência registrada
b) bem superior em qualidade ao adquirido.
c) telegrama
c) bem inferior com quitação total do preço.
d) editais de convocação
e) anúncios publicitários d) bem equivalente em condições de uso.
e) bem e a devolução do preço pago.
39. (CESGRANRIO — 2015) Um cliente de longa data do
42. (CESGRANRIO — 2023) Um empresário entabulou
45. (CESGRANRIO — 2015) Uma cidadã, por dificuldades Assim sendo, de acordo com a Lei Complementar nº
financeiras momentâneas, deixou de pagar em dia as 108, de 29 de maio de 2001,
suas dívidas, vindo, por força de sua mora e do seu
inadimplemento, a ser inscrita em cadastro de devedo- a) a contribuição do patrocinador poderá, excepcional-
res. Com o passar do tempo, a sua situação foi melho- mente, ser maior do que a dos participantes, para evi-
rando e, após muito sacrifício pessoal, conseguiu tar um desequilíbrio atuarial.
quitar as suas dívidas. Em determinado momento, no b) a contribuição do patrocinador, em nenhuma hipótese,
entanto, foi surpreendida com negativa de crédito, em deixará de ser paritária com a dos participantes.
estabelecimento comercial, por estar o seu nome ins- c) o patrocinador poderá assumir encargos adicionais,
crito no cadastro de devedores inadimplentes. exceto os pecuniários, com relação ao financiamento
dos benefícios.
A melhor interpretação do Código de Defesa do Con- d) o patrocinador poderá fazer aportes facultativos ao
sumidor indica que plano, desde que não ultrapassem igual valor de con-
tribuição dos participantes.
a) caberia à devedora buscar o cancelamento dos regis- e) os participantes custearão as despesas administra-
tros nos cadastros de inadimplentes. tivas da entidade de previdência, por serem eles os
b) é ônus do credor, após a constatação do pagamento beneficiários.
efetivo da dívida, retirar o nome do devedor do cadas-
tro de inadimplentes.
c) deve ocorrer a retirada do registro de inadimplente
somente cinco anos após o ingresso, mesmo no caso
646 de pagamento.
49. (CESGRANRIO — 2023) O resultado superavitário dos
planos de benefícios das entidades fechadas, ao final 21 E
do exercício, satisfeitas as exigências regulamenta- 22 E
res relativas aos mencionados planos, será destinado
à(ao) 23 C
24 A
a) conta de capital
b) reserva financeira 25 E
c) remuneração dos patrocinadores
d) reserva de contingência 26 E
e) aumento do benefício pago
27 E
50. (CESGRANRIO — 2023) Um contador recebe a incum- 28 B
bência de organizar a parte de previdência comple-
mentar dos colaboradores da pessoa jurídica onde 29 C
exerce suas atribuições. Para realizar a tarefa com
30 B
perfeição, sente necessidade de aprofundar seus estu-
dos sobre o tema. 31 A
39 D
9 GABARITO
40 D
1 E 41 D
2 B 42 B
3 C 43 E
4 B 44 B
5 C 45 B
7 C 47 B
8 B 48 B
9 D 49 D
10 A 50 B
11 B
12 E
13 C
ANOTAÇÕES
14 D
15 C
16 A
17 A
18 C
19 B
20 E
647
ANOTAÇÕES
648
O objetivo, ou o propósito, do texto se encontra
em meio à leitura e é possível de se identificar e com-
preender apenas a partir de uma leitura atenta que
vai além do que está escrito. Bem como mencionado
EIXO 5 — INGLÊS
anteriormente, a identificação de quem é o autor e o
narrador, a quem se destina o texto, o contexto nele
presente, o assunto tratado e a linguagem empregada,
são elementos cruciais para o entendimento do servi-
ço a que se presta o texto.
O propósito pode ser relatar um fato, contar novi-
COMPREENSÃO DE TEXTOS ESCRITOS
dades, listar ou enumerar itens, reportar um crime,
EM LÍNGUA INGLESA, VOCABULÁRIO, expor uma opinião, entre muitas outras possibilida-
COESÃO E COERÊNCIA des que deverão ser observadas no decorrer da lei-
tura. Alguns marcadores como nomes, datas, locais,
Para realizar uma leitura bem-sucedida em outro dados, estatísticas, números em geral, pronomes de
idioma, é preciso estar atento a alguns métodos e tratamento, podem servir como indicativos do propó-
recursos capazes de auxiliar a interpretação textual. sito do texto a partir da percepção do conteúdo pre-
sente e do teor da mensagem encontrada no texto.
COMPREENSÃO
Compreensão Escrita
Compreender é a capacidade de assimilar, inter-
pretar e perceber o significado de algo. Compreender
um idioma significa entender a coerência das infor- Quando se trata de compreender o sentido lexical,
mações de sua comunicação. O objeto da compreensão semântico e gramatical de um texto na língua inglesa,
da língua inglesa pode estar situado em diferentes for- utilizamos recursos que partem de princípios simples:
mas de comunicação, para cada qual existem manei- identificação dos principais elementos do idioma,
ras mais apropriadas e adequadas de identificar o ainda que partindo de um panorama básico de com-
sentido, o propósito, o contexto, o estilo, a técnica e as preensão e fluência no idioma. São eles:
informações presentes na mensagem.
Ao buscar compreender o sentido e o propósito z gramática básica (tempos verbais, adjetivos,
de um texto na língua inglesa, faz-se necessário iden- advérbios e pronomes);
tificar elementos chave capazes de sintetizar infor- z vocabulário básico (substantivos);
mações, decodificar signos linguísticos, entender a z expressões idiomáticas (contexto cultural).
semântica, ou seja, o sentido do texto, bem como seu
propósito. Estes elementos podem estar presentes nos A partir de um breve conhecimento dos itens
aspectos gramaticais do texto, um dos tópicos essen- mencionados, de maneira geral e simplista, é possí-
ciais para o estudo da interpretação textual, mas vel partir para uma leitura geral do que está escrito e
podem também ser percebidos no contexto, no recor- compreender a mensagem. É, no entanto, importante
te, no tipo de linguagem (formal, informal, técnica ler nas entrelinhas enquanto se decodifica uma men-
etc.), no vocabulário utilizado, entre outros elementos sagem escrita, isso significa ser capaz de identificar o
estratégicos para a interpretação correta do texto. gênero textual, o tipo do narrador, o objetivo da men-
Para que o leitor compreenda o sentido do texto,
sagem e o contexto em que ela está inserida.
antes de qualquer leitura direta, é primordial que se
faça um processo de escaneamento do texto em bus-
ca de palavras-chave e informações que indiquem a Compreensão Oral
quem o texto se direciona, quem é o autor e seu nar-
rador, a qual categoria textual ele pertence (artigo, Além dos elementos citados anteriormente quanto
crônica, conto, carta, bilhete etc.) e qual o assunto tra- à compreensão escrita, a compreensão oral tem suas
tado. A partir desta coleta de informações, é possível peculiaridades e particularidades dignas de serem
iniciar a leitura inicial, que irá buscar identificar o enfatizadas, pois se diferenciam do padrão escrito.
sentido do texto. O sentido indica o que o interlocutor Diferentemente da comunicação escrita, a fala é uma
quer dizer com que propôs escrever. A capacidade de ação fluida e em constante mudança. A percepção da
identificar o sentido está intrinsecamente ligada ao comunicação oral não apenas de elementos linguísti-
conhecimento e à identificação de: cos, mas do contexto cultural e social do falante e do
ouvinte.
z palavras; O momento da fala pode sofrer interferências de
z expressões idiomáticas; ruídos, sejam eles literalmente barulhos que atrapa-
z verbos frasais; lham no momento da audição, ou ruídos no sentido
z tempos verbais; de interferências no meio transmissor da mensagem
z contextos; (telefone, áudio, rádio, televisão, etc.). Tudo isso atra-
z aspectos culturais e sociais;
palha tanto a transmissão quanto à recepção da men-
z adjetivos, advérbios e pronomes.
sagem, o que dificulta sua compreensão de modo
Entre outros elementos, os citados anteriormente geral. A compreensão oral na língua inglesa depen-
INGLÊS
podem auxiliar o leitor a identificar o sentido do texto de de diversos elementos que devem ser levados em
com mais precisão, são estes conhecimentos exercita- consideração:
dos a partir do estudo do idioma, seja ele de forma
técnica e instrumental a fim de realizar uma prova ou z Sotaque: ainda que a língua seja a mesma, sota-
em estudos mais aprofundados que têm como objeti- ques diferentes podem alterar a compreensão de
vo promover a fluência. um idioma em diferentes países ou até diferentes
estados de um mesmo país; além dos diferentes 649
sotaques famosos, como o sotaque britânico e o Ex.: She is a vegetarian, that’s why she only eats
estadunidense, dentro de um mesmo país existem meat. (Ela é vegetariana, por isso ela apenas come
diferenças, como por exemplo o sotaque do sul e o carne). Nesta oração, há contradição, pois o fato de
sotaque do norte dos Estados Unidos, que possuem o sujeito ser vegetariano indicaria o não consumo
distinções claras; de carne, o ideal seria “She is a vegetarian, that’s
z Dialeto: bem como a diferença de sotaques, why she doesn’t eat meat” (Ela é vegetariana, por
alguns países possuem dialetos próprios, a comu- isso ela não come carne);
nidade negra na Inglaterra e nos Estados Unidos z Ordem, relevância e progressão semântica: em
possuem formas específicas de comunicação que geral, ações possuem uma ordem para acontece-
dizem respeito ao seu contexto social e sua cultura, rem e cada qual tem a sua importância na constru-
com raízes provindas de diversos países africanos; ção de uma oração, o que for relevante e coerente
comunidades latinas também mesclam o idioma para com o contexto do que está expresso deve vir
inglês com o espanhol e incorporam palavras de antes do menos importante ou daquilo que é resul-
seu idioma nativo ao inglês, ou até modificam
tado de uma ação, em uma sequência lógica que
palavras existentes, algo comum no meio latino;
não altere o sentido da narrativa. Observe:
z Classe social: o fator econômico pode interferir
Ex.: He woke up, brushed his teeth, had breakfast
na comunicação oral de maneira muito clara; um
and got dressed for work. (Ele acordou, escovou
indivíduo rico com um alto nível de formação edu-
cacional irá se comunicar de uma forma e um indi- os dentes, tomou café da manhã e se vestiu para o
víduo sem educação formal, morador da periferia, trabalho).
irá se comunicar de outra.
Contextos, Aspectos Sociais e Culturais
Compreensão da Utilização de Mecanismos de
Coesão e Coerência Ainda diante do tema de compreensão, seja ela
textual ou oral, na língua inglesa, alguns aspectos
Coesão e coerência são dois mecanismos funda- que vão além da língua se fazem muito importantes
mentais para a produção de textos, o que os torna para o real entendimento de um texto. Dentre eles, o
igualmente importantes para a compreensão textual. contexto e seus aspectos sociais e culturais se fazem
Antes de conhecer alguns elementos presentes nestes presentes e devem ser bem analisados para que qual-
dois mecanismos, é preciso entender do que se tratam. quer fragmento textual possa ser compreendido. Ter
Coesão diz respeito à interligação de elementos entre a habilidade de identificar o contexto histórico, a cul-
palavras e frases em uma sentença de maneira corre- tura da época e a forma como se davam as relações
ta e a coerência trata-se da ligação de sentido lógico sociais em uma obra literária em inglês facilita a com-
destes elementos, para que a mensagem seja coeren- preensão da obra como um todo, pois permite que o
te. Confira alguns elementos utilizados para construir leitor amplie as noções do texto que irá ler.
coesão e coerência no texto. As obras de William Shakespeare, grande escritor
Em coesão: inglês, foram escritas sob o prisma de uma realida-
de diferente da que vivemos atualmente. Do século
z Substituições: algumas expressões e substantivos XVI ao século XVII, o dramaturgo escreveu romances
podem ser substituídos por outro termo para evi- em que se podiam observar reflexos dos costumes
tar repetições desnecessárias, como é o caso do uso e usos da sociedade em que vivia à época; desde a
de nomes próprios e dos pronomes. própria linguagem do narrador até o curso da histó-
Ex.: Anna really wants to study abroad, she enjoys ria, a trajetória dos personagens, a maneira como se
visiting different countries. (Anna realmente quer comunicam, se vestem, suas configurações e relações
estudar no exterior, ela gosta de visitar países familiares e sociais, entre outros aspectos, todos os
diferentes); elementos representados pelo autor em suas obras
z Conjugação verbal adequada: ainda que a con- devem ser lidos pelo leitor a partir da ótica de uma
jugação verbal e seus respectivos pronomes sejam realidade diferente da que vivemos no século XXI.
muito mais simples na língua inglesa do que no
Ao entender o contexto social, cultural e até eco-
português, ainda existem alguns requisitos de cor-
nômico de uma produção textual é fundamental para
relação verbal que devem ser aplicados (principal-
estabelecer as relações corretas na hora de decodifi-
mente no tempo presente).
car o seu sentido, sendo capaz de identificar o voca-
Ex.: She sleeps late every day. (Ela dorme tarde
todos os dias) — há um acréscimo da letra “s” em bulário, os aspectos gramaticais, as influências do
sujeitos na terceira pessoa do singular (he, she, it) período histórico em todo o processo de construção
quando no tempo presente; da narrativa.
z Conectores e conjunções: alguns conectores e
conjunções ligam as sentenças de modo que elas se PRODUÇÃO
complementam, como é o caso das palavras and, if,
so, and, however, therefore, although, even though, Diferentemente da leitura e compreensão escrita
entre outros. e oral da língua inglesa, a produção escrita e oral do
Ex.: Even though they don’t read much, John’s kids idioma requer mais do que apenas um conhecimen-
are very smart. (Apesar de eles não lerem muito, os to superficial do idioma. É preciso possuir repertório
filhos do John são muito espertos). suficiente para produzir um texto em determinada
língua, pois ele deve ter sentido para o leitor. Apesar
Em coerência: de existirem distintos níveis de comunicação possí-
z Concordância de ideias: quando há concordân- veis em qualquer tipo de produção no idioma (básico,
cia entre duas ideias na mesma oração de acordo intermediário e avançado), alguns requisitos devem
com o sentido proposto pela frase e não existem ser seguidos a fim de realizar esta tarefa de maneira
650 contradições. bem-sucedida.
Produção Escrita humano. À medida em que os pensamentos são formu-
lados, a fala os reproduz sonoramente de maneira que o
Para realizar a atividade da produção escrita indivíduo não tem tempo para reformular ou modificar
em qualquer idioma, uma série de regras e padrões a construção do que foi dito ou planejar conscientemen-
devem ser seguidos, de acordo com a intenção do te cada etapa deste processo de produção.
autor e o público a quem o texto se destina. Ela pode A tradição oral está presente na humanidade desde o
ser formal, na norma culta da língua inglesa ou infor- início dos tempos, antes mesmo da invenção da escrita.
mal, coloquial, a linguagem utilizada no cotidiano, Histórias dos povos antigos, contos mitológicos e folclóri-
segundo a vontade e intenção de quem escreve. Ain- cos, bem como ensinamentos religiosos foram passados
da assim, a produção escrita deve seguir regras gra- adiante em diversas sociedades, mesmo antes de existi-
maticais e ortográficas responsáveis por organizar o rem livros de história, o que demonstra a importância da
idioma de maneira que indivíduos alfabetizados neste comunicação verbal como uma atividade importante e
idioma sejam capazes de decodificar os signos linguís- relevante, presente até os dias de hoje como uma forma
ticos e identificar a mensagem proposta. de comunicação e partilha de conhecimentos.
A língua está em constante mudança e é uma Professores, palestrantes, pastores, políticos, radia-
ciência viva que se modifica em decorrência das listas, jornalistas, entre outros profissionais, utilizam o
transformações que ocorrem na sociedade. Como discurso falado, dialética e a didática da produção oral
consequência, surgem novas palavras (neologismos), como recurso a fim de relatar fatos, propagar conheci-
novos termos e expressões, novos verbos, novas for- mentos, convencer e persuadir ou contar histórias. Na
mas de se comunicar. Antes do surgimento da escrita, língua inglesa não é diferente. A produção oral continua
surgiu a fala. O que significa que a escrita é fruto da sendo fluida e simultânea, uma atividade natural da
necessidade humana de expressar-se de outra forma comunicação humana.
além da comunicação oral, de documentar a comuni- Quando produzimos oralmente em outro idioma, é
cação ou de representá-la visualmente. possível que existam empecilhos que barrem a fluidez
Sendo assim, a partir da fala e de um idioma já da comunicação, dependendo da mensagem que se pre-
existente oralmente, a escrita passou a existir. Des- tende passar, do nível de conhecimento que se possui do
te modo, a fala é responsável pelas mudanças que assunto, suas palavras e expressões adjacentes. Para que
ocorrem na escrita. Todo este processo de mudança e ela seja realizada de maneira correta é necessário:
adaptação do idioma, indica que é preciso estar atento
a alguns detalhes importantes antes de produzir um z Conhecer o campo, a área ou o assunto em ques-
texto na língua inglesa. É preciso: tão: alguns assuntos podem ser mais complexos
de abordar diante do nível de conhecimento do
z Estar consciente do público-leitor: toda mensa- interlocutor; caso o indivíduo vá dar uma palestra
gem possui um receptor, perguntar-se a quem ela em um hospital sobre doenças infecciosas, termos
se destina, ajudará o autor a entender o tipo de lin- ligados à área da saúde, doenças e nomes de ins-
guagem que deverá usar e de que maneira ele se trumentos médicos e hospitalares devem obriga-
comunicará melhor com seu público; toriamente ser de seu conhecimento para que ele
z Ter conhecimento técnico do idioma: saber os consiga transmitir a mensagem de sua produção
diferentes tipos de tempos verbais da língua ingle- oral o melhor possível.
sa (simple present, present continuous, simple past, z Saber pronunciar palavras e frases: a pronúncia
past continuous, simple future, future continuous, é parte importante da comunicação, quando reali-
present perfect, past perfect, past perfect conti- zada de maneira errada pode confundir o ouvin-
nuous, future perfect, future perfect continuous te e atrapalhar o curso de um diálogo; diversas
etc..), além do uso correto dos pronomes pessoais, palavras da língua inglesa possuem similaridades
relativos e possessivos, de conjunções, conectivos, quando escritas, mas possuem significados total-
advérbios, adjetivos, artigos, enfim, de gramática mente diferentes que só são identificados a partir
em geral, além de conteúdo vocabular, auxiliará o de uma pronúncia correta. Ex.: sheep (ovelha), ship
autor na construção do texto no idioma. (navio) e cheap (barato) — são palavras de grafia
semelhante, mas são pronunciadas de maneiras
Além disso, saber escrever em um idioma requer diferentes entre si.
níveis de conhecimento elevados. É, no entanto, possí-
vel produzir em diferentes níveis. Um indivíduo com Dica
conhecimento básico do idioma será capaz de produzir
textos mais curtos e objetivos, sem muito vocabulário A audição está intrinsecamente ligada à fala.
ou expressões idiomáticas; alguém com conhecimento Bebês, por exemplo, assimilam os sons emiti-
intermediário terá outro nível de complexidade em suas dos pelos pais desde o ventre, quando nascem e
produções, menos infantil, mais completo, bem como começam a emitir seus primeiros sons não ver-
alguém avançado ou fluente é capaz de se comunicar bais é a influência da audição, ou seja, do que
sem ou quase sem restrições seja de maneira oral ou ouvem a mãe ou o pai falando que conseguem
escrita. reproduzir pequenas palavras. O mesmo ocorre
com o aprendizado de outro idioma, a audição
INGLÊS
— Wow, I love your new pants! They are beautiful. ENGLISH PORTUGUÊS
Where did you get them? — said the American girl Chocolate Chocolate
— Excuse me??? — the English man replied with a
surprised expression on his face. Different Diferente
— Your new pants... Why? What’s wrong? — She
had her eyes wide open. Constant Constante
— Oh, you mean my trousers? Yeah, they great. I Music Música
bought them at the shop downtown. — he finally un-
derstood what she meant. Interesting Interessante
— What did you think I was talking about first? —
she, on the other hand, was still confused with the who- Present Presente
le conversation. Important Importante
— Well... My pants, the ones that go under my trou-
sers. — he explained
Falsos Cognatos
— Oh, you mean, your underwear? Gosh, that’s em-
barrasing. — she flushed.
ENGLISH PORTUGUÊS
Tradução:
Actual Verdadeiro
— Uau, eu amei suas cuecas novas! Elas são lindas. Parents Pais
Onde você as comprou? — disse a garota americana.
— O quê???? — o homem inglês respondeu com Relatives Parentes
uma expressão de surpresa em seu rosto.
— Suas cuecas... Por quê? O que há de errado? — Beef Carne bovina
ela estava de olhos arregalados. Fabric Tecido
— Ah, você quer dizer minhas calças? Sim, elas são
ótimas. Eu as comprei na loja no centro da cidade. — Pretend Fingir
ele finalmente entendeu o que ela quis dizer.
— Do que você achou que eu estava falando antes? Order Pedir
— ela, por outro lado, ainda estava confusa com a con-
versa toda. Dica
— Bem... minhas cuecas, aquelas que vão por
Por via das dúvidas quanto ao uso de uma palavra
INGLÊS
To make something up Inventar uma história Ao iniciar um breve escaneamento destas infor-
mações iniciais a leitura corrente será facilitada. Além
Recompor suas emo- disso, duas práticas distintas que se caracterizam
To pull yourself together
ções, endireitar-se como estratégias úteis para a interpretação de textos
em inglês são o scanning e o skimming.
Assumir o lugar de
To fill in someone’s shoes O scanning é a prática de escanear, passar os olhos
alguém
pelo texto em busca de palavras-chave, dados, nomes,
Resolver tarefas fora de números, entre outros elementos que possam contex-
To run errands tualizar o texto antes mesmo que a leitura seja realiza-
casa
da; trata-se de uma busca por informações específicas
Pensar e expor ideias, e pertinentes para compreender o texto.
To come up with
soluções O skimming refere-se a uma leitura de trechos do tex-
to, talvez parágrafos isolados, sem a necessidade de ler o
Estar esgotado com algo
To be fed up with texto todo, para adquirir uma compreensão do sentido
ou alguém
geral do texto de maneira rápida e eficiente, esta estra-
To cost an arm and a leg Custar muito caro tégia pode auxiliar aqueles que precisam ganhar tempo
durante a leitura de textos técnicos e extensos.
Chicken feed Salário baixo Ambas as técnicas são mais poderosas e eficazes
quando suas forças se unem, pois a leitura, ainda que
Raining cats and dogs Chuva muito forte
rápida e sem muito aprofundamento, torna-se mais
To give the could shoulder Ignorar alguém fácil quando guiada por esses recursos.
partnership between all stakeholders involved, such as easier to transport than cows, but carrying bags of
government, industry professionals and, of course, dif- heavy metal still wasn’t very practical. China’s Tang
ferent banking institutions. Dynasty, in the seventh century, came up with a smart
solution, namely, paper money. It was super-light and
Available at: https://www.idfcfirstbank.com/finfirst-blogs/beyond- could feature even richer designs than coins, and it
-banking/what-isthe-impact-of-it-on-the-banking-sector.Retrievedon:
promised a certain amount of purchasing power.
Dec. 9, 2022. Adapted 655
Gold Rush — One of the problems, though, was that Guyana can play an essential role in balancing the glo-
counterfeiters had great success with paper bills. bal energy supply and demand markets and address
The bigger problem came when governments faced the energy crisis by becoming a top crude oil producer
economic crises; it was far too easy to print more globally. The goal is to become competitive in the global
paper money, which led to skyrocketing inflation. oil and gas market and this can be achieved by attrac-
Paper needed a backup—something universally valued ting and establishing partnerships with companies that
yet not easily replicated. Something like gold. can bring increased efficiency and productivity to the
The “gold standard” let governments create a fixed pri- local oil and gas operations, from exploration and pro-
ce for this precious metal that was tied directly to the duction to storage and transportation. For Guyana, this
value of their currency. In the United States, the idea means that improvements in regulations, a transparent,
took root in the late 17th century, and it spread to Euro- secure and competitive environment for foreign invest-
pe in the 19th century. But confidence in the gold stan- ment, and incentives from the government can serve as
dard crumbled during World War I, and it soon became catalysts for technology and innovation.
apparent that in order to thrive, currencies needed the Collaborating with universities and creating a business
freedom to fluctuate dynamically against each other. innovation hub mentality for young entrepreneurs with
The gold standard was dropped in the United States in government support, like loan guarantees, grants, and
1933, and a global economy started to take shape. tax credits, will also spur the industry.
The E-Buck Stops Here? — Cows, cowries, coins, paper, Innovative technology will play a critical role in cli-
gold: Money has always had a physical presence. But mate change. The oil and gas sector must reduce its
today, it is quickly evolving into numbers that float through emissions by at least 3.4 gigatons of CO2 equivalent a
the ether. This modern era of money began in 1946 with year by 2050 – a 90 % reduction in current emissions.
the first bank-issued charge card. Credit cards followed Guyana today can become a world leader in setting a
some 12 years later, still related to dollars. However, tech- benchmark around flaring and it’s possible for the cou-
nology, with cryptocurrencies like Bitcoin, is changing the ntry to achieve zero- flare objective, because “from day
world’s definition of “money.” one the right solutions and the right technologies were
Now, social media companies and entire countries are properly planned and properly positioned in order to
considering digital currencies of their own. Meanwhile, enable the extraction and the production with almost
artificial intelligence is growing eversmarter, and perhaps zero carbon footprint”, as the Emissions Director at
one day soon your budget and expenses will be managing Schlumberger vocalized about a year ago.
themselves. The debate rages about exactly where we are Innovations and technologies are key to the energy
headed, but with history as our guide, the one thing we transition, from floating wind farms to solar photovol-
can absolutely count on is the inevitability of change. taic farm developments, waste-to-fuel projects and
green hydrogen, shaping Guyana’s energy transition
Available at: https://www.synchronybank.com/blog/brief history-of- and future. All this requires not only massive finan-
money/. Retrieved on: Sept 10, 2022. Adapted cial support but an innovationoriented and technolo-
gy-friendly environment, with a strong emphasis on
In the paragraph of the text, the author mentions that education, training and research. Nevertheless, the
paper money first circulated in decision in Guyana on what technologies to adopt and
how much to innovate will have a big impact on results
a) Italy over the long term and the government should base it
b) China on a clear vision and roadmap.
c) England
d) Australia Available at: https://www.newsamericasnow.com/guyana-oi-
e) Germany technology-and-innovation-the-gate-way-to-development-caribbean-
news/. Retrieved on: April 26, 2023. Adapted
4. (CESGRANRIO — 2023)
The fragment of paragraph 2 “vulnerability is the bir-
Technology And Innovation: The Gateway To Develop- thplace of innovation” means that vulnerability
ment For Guyanese?
a) inhibits the emergence of innovation.
We live in vulnerable energy times. The energy crisis, b) creates an encouraging condition for innovation.
climate change and energy transition are all shaking c) comes from a situation of innovation.
and shaping the global future. “The energy realities of d) originates from a circumstance of innovation.
the world remind us that oil and gas will be here for e) delays the extent of innovation.
decades to pivot a just, affordable and secure energy
transition,” as John Hess, CEO of Hess Corporation, Leia o texto a seguir para responder às questões 5 e 6.
mentioned during the International Energy Conference
and Expo in Guyana in February 2023. How space technology is bringing green wins for
As someone said, vulnerability is the birthplace of transport
innovation and technology is the driving force behind
progressive changes. Nevertheless, how can Guya- Space technology is developing fast, and, with every
na play a vital role in reordering energy security? “By advance, it is becoming more accessible to industry.
embedding innovation earlier in the process, Guyana Today, satellite communications (satcoms) and spa-
can skip several steps and avoid what most econo- ce-based data are underpinning new ways of operating
mies went through” this idea was emphasized several that boost both sustainability and profitability. Some
times during the same conference. “If we integrate projects are still in the planning stages, offering great
innovation into Guyana’s process today, there might be promise for the future. However, others are already
some accelerated success.” delivering practical results.
656
The benefits of space technology broadly fall into two 5. (CESGRANRIO — 2023)The fragment in the third para-
categories: connectivity that can reach into situations graph of the text “The Satellites for Digitalization of
where terrestrial technologies struggle to deliver and Railways (SODOR) project will provide low latency”
the deep, unique insights delivered by Earth Observa- means that
tion (EO) data. Both depend on access to satellite net-
works, particularly medium earth orbit (MEO) and low a) low volume of data will be conveyed within hours.
earth orbit (LEO) satellites that offer low-latency con- b) low volume of data will be interrupted for a few
nectivity and frequently updated data. Right now, the minutes.
satellite supplier market is booming, driving down the c) low volume of data will be communicated within
cost of access to satellites. Suppliers are increasingly minutes.
tailoring their services to emerging customer needs d) high volume of data will be transmitted with minimal
and the potential applications are incredible — as a delay.
look at the transportation sector shows. e) high volume of data will be transferred after a few
Satellite technology is a critical part of revolutionizing minutes.
connectivity on trains. The Satellites for Digitalization
of Railways (SODOR) project will provide low latency, 6. (CESGRANRIO — 2023)In the eighth paragraph of the
highly reliable connectivity that, combined with moni- text, the author states that, for the last 40 years, the
toring sensors, will mean near realtime data guides company where he works has been
operational decisions. This insight will help trains run
more efficiently a) embedded in antipollution laws.
with fewer delays for passengers. Launching this year, b) dedicated to space travel medicine.
SODOR will help operators reduce emissions by using c) involved with cutting-edge space industry.
the network more efficiently, allowing preventative d) concerned with the Earth’s polar ice caps.
maintenance and extending the lifetime of some exis- e) engaged in antinuclear weapon campaigns.
ting trains. It will also make rail travel more attractive
and help shift more passengers from road to rail (that Leia o texto a seguir para responder às questões 7 e 8.
typically emits even less CO2 per passenger than elec-
tric cars do). The controversial future of nuclear power in the U.S.
Satellite data and communications will also play a fun-
damental role in shaping a sustainable future for road Lois Parshley
vehicles. Right now, the transport sector contributes
around 14% of the UK’s greenhouse gas emissions, of President Joe Biden has set ambitious goals for
which 91% is from road vehicles — and this needs to fighting climate change: To cut U.S. carbon emissions
change. in half by 2030 and to have a net-zero carbon economy
A future where Electric Vehicles (EV) dominate will by 2050. The plan requires electricity generation — the
need a smart infrastructure to monitor and control the easiest economic sector to green, analysts say — to be
electricity network, managing highly variable supply carbon-free by 2035.
and demand, as well as a large network of EV charging A few figures from the U.S. Energy Information Admi-
points. EO data will be critical in future forecasting nistration (EIA) illustrate the challenge. In 2020 the
models for wind and solar production, to help manage United States generated about four trillion kilowatt-
a consistent flow of green energy. -hours of electricity. Some 60 percent of that came
Satellite communications will also be pivotal. As more from burning fossil fuels, mostly natural gas, in some
wind and solar installations join the electricity network 10,000 generators, large and small, around the coun-
— often in remote locations — satcoms will step in to try. All of that electricity will need to be replaced - and
deliver highly reliable connectivity where 4G struggles more, because demand for electricity is expected to
to reach. It will underpin a growing network of EV char- rise, especially if we power more cars with it.
ging points, connecting each point to the internet for Renewable energy sources like solar and wind have
operational management purposes, for billing and grown faster than expected; together with hydroe-
access app functionality and for the users’ comfort, lectric, they surpassed coal for the first time ever in
they may access the system wherever they are. 2019 and now produce 20 percent of U.S. electricity.
Satellite technology will increasingly be a part of the In February the EIA projected that renewables were on
vehicles themselves, particularly when automated dri- track to produce more than 40 percent by 2050 - remar-
ving becomes more mainstream. It will be essential kable growth, perhaps, but still well short of what’s
for every vehicle to have continuous connectivity to needed to decarbonize the grid by 2035 and forestall
support real-time software patches, map updates and the climate crisis.
inter-vehicle communications. Already, satellites provi- This daunting challenge has recently led some envi-
de regular software updates to vehicles and enhanced ronmentalists to reconsider an alternative they had
safety through an in-car emergency call service. long been wary of: nuclear power.
At our company, we have been deeply embedded in the Nuclear power has a lot going for it. Its carbon foo-
space engineering for more than 40 years — and we tprint is equivalent to wind, less than solar, and orders
continue to be involved with the state-of-the-art tech- of magnitude less than coal. Nuclear power plants
nologies and use cases. We have a strong track record take up far less space on the landscape than solar or
INGLÊS
of translating these advances into practical benefits wind farms, and they produce power even at night or
for our customers that make sense on both a business on calm days. In 2020 they generated as much electri-
and a sustainability level. city in the U.S. as renewables did, a fifth of the total.
But debates rage over whether nuclear should be a big
Available at: https://www.cgi.com/uk/en-gb/blog/space/how-space part of the climate solution in the U.S. The majority of
technology-is-bringing-green-wins-to-transport. Retrieved on April 25,
American nuclear plants today are approaching the
2023. Adapted 657
end of their design life, and only one has been built in the 8. (CESGRANRIO — 2022)In paragraph 12, the author
last 20 years. Nuclear proponents are now banking on affirms “(To be fair, several of China’s recent large-sca-
next-generation designs, like small, modular versions of le reactors have also had cost overruns and delays)”, in
conventional light-water reactors, or advanced reactors order to
designed to be safer, cheaper, and more flexible.
“We’ve innovated so little in the past half-century, there’s a) clarify that China has also faced problems with the
a lot of ground to gain,” says Ashley Finan, the director construction of large-scale nuclear reactors.
of the National Reactor Innovation Center at the Idaho b) praise China’s capacity of building large-scale nuclear
National Laboratory. Yet an expansion of nuclear power reactors fast and effectively.
faces some serious hurdles, and the perennial concerns c) explain that China is more efficient that South Korea
about safety and long-lived radioactive waste may not be when building large-scale nuclear reactors.
the biggest: Critics also say nuclear reactors are simply d) support the view that China and South Korea can build
too expensive and take too long to build to be of much projects on budget and on schedule.
help with the climate crisis. e) discuss the reasons why China and South Korea can
While environmental opposition may have been the pri- build nuclear reactors at a lower cost.
mary force hindering nuclear development in the 1980s
and 90s, now the biggest challenge may be costs. Few Leia o texto a seguir para responder às questões 9 e 10.
nuclear plants have been built in the U.S. recently becau-
se they are very expensive to build here, which makes the Industry Needs to Design Ships Differently
price of their energy high.
Jacopo Buongiorno, a professor of nuclear science and The shipping industry needs to design ships differently
engineering at MIT, led a group of scientists who recently and be more technologically innovative to reach world
completed a two-year study examining the future of climate goals and counter cybersecurity risks, it was
nuclear energy in the U.S. and western Europe. They fou- agreed at the annual Tripartite Shipbuilding Forum.
nd that “without cost reductions, nuclear energy will not At the meeting in Nantong, China, held on November
play a significant role” in decarbonizing the power sector. 1-3, the forum reached several general conclusions on
“In the West, the nuclear industry has substantially lost ship design and technology.
its ability to build large plants,” Buongiorno says, pointing This year’s themes were decarbonization of ships, safe
to Southern Company’s effort to add two new reactors design and digitalization. These issues are interlinked
to Plant Vogtle in Waynesboro, Georgia. They have been as they are all relevant to the creation of a more effi-
under construction since 2013, are now billions of dollars cient seaborne transport system.
over budget - the cost has more than doubled - and years At the end of two days of debate, it was concluded
behind schedule. In France, ranked second after the U.S. that the industry urgently needs new ship designs,
in nuclear generation, a new reactor in Flamanville is a equipment, propulsion systems and alternative fuels
decade late and more than three times over budget. to achieve the CO2 reduction goals established by the
“We have clearly lost the know-how to build traditional Paris Agreement on climate change, and the specific
gigawatt-scale nuclear power plants,” Buongiorno says. objectives to be established for international shipping
Because no new plants were built in the U.S. for deca- by the IMO (International Maritime Organization), a
des, he and his colleagues found, the teams working on specialized agency of the United Nations, as part of its
a project like Vogtle haven’t had the learning experiences GHG (greenhouse gas) reduction strategy.
needed to do the job efficiently. That leads to construc- It was agreed that the industry needs to use all avai-
tion delays that drive up costs. lable technology to a much greater extent, and increa-
Elsewhere, reactors are still being built at lower cost, “lar- se technological innovation to reduce CO2 emissions
gely in places where they build projects on budget, and on to the ambitious degree required by the international
schedule,” Finan explains. China and South Korea are the community.
leaders. (To be fair, several of China’s recent large-scale The Tripartite forum has therefore established inter-
reactors have also had cost overruns and delays.) -industry working groups with the aim of developing
“The cost of nuclear power in Asia has been a quarter, or a better understanding of current R&D (research and
less, of new builds in the West,” Finan says. Much lower development) efforts for the new technologies needed
labor costs are one reason, according to both Finan and by the shipping sector to realize its vision for zero CO2
the MIT report, but better project management is another. emissions this century.
The participants hope that the general understandings
Available at: https://www.nationalgeographic.com/environment/ reached at the meeting will send an important signal
article/nuclear-plants-are-closing-in-the-us-should-we-build-more.
Retrieved on: Feb. 3, 2022. Adapted.
to all industry stakeholders about the vital role that
everyone must play to deliver the continuous impro-
vement of shipping’s environmental performance now
7. (CESGRANRIO — 2022) In the fragment of paragraph
demanded by global society. The critical importance of
2 “because demand for electricity is expected to rise,
the safety of seafarers and ships which they operate
especially if we power more cars with it”, is expected
were also part of the meeting’s agenda. As explained,
to rise is used to
there are increasing concerns that new regulations
governing ship designs aimed at further reducing CO2
a) give strong advice.
emissions could potentially have adverse effects on
b) express lack of necessity.
the safe operation of ships.
c) anticipate a probable event.
One example would be any legal requirements that led
d) warn about a clear obligation.
to a further reduction of engine power. The concern is
e) communicate absolute certainty.
that ships could get into problems during bad weather
if the engine is insufficiently powered, putting both the
crew and the environment at serious risk.
658
Moreover, recent cyber attacks have increased aware- If the ship is about to enter rough sea or in case of heavy
ness of potential threats facing the industry. When it weather, lashing should be frequently checked and addi-
comes to ship design and construction, it was gene- tional lashing must be provided wherever required.
rally agreed that the industry needs to adopt new Checking containers with dangerous goods
methods and standards to create more resilient digital Cargo containers carrying dangerous goods must be
systems on board. A more layered approach to a ship’s checked at regular intervals of time, especially in bad
digital system and greater segregation can increase weather. Dangerous goods containers must be frequently
safety, so that a single attack cannot readily spread to checked for leakages or damages while the ship is sailing.
IT (information technology) and other systems both on Checking reefer containers
board the ship and ashore. Reefer containers (refrigerated containers) must also be
The Tripartite forum agreed that in advance of its next checked and monitored at least twice daily for proper
meeting in Korea in 2018, the industry partners repre- functioning. Frequent monitoring is required in case of
sented at Tripartite will work together to develop new special reefer cargo containers or containers which are
design standards, which will help raise the resilience of suspected to malfunctioning.
ships’ digital systems and make them more resistant Avoid wet damage of cargo
to possible cyber-attacks. Adverse weather condition might result into damage of
cargo because of leakages from water and oil systems.
Available at: <http://worldmaritimenews.com/archives/236231/ Such kind of damage to container ships is known as wet
forum-industry-needs-to-design-ships-differently/>. Retrieved on: damage. Water from rains might also get accumulated
Dec. 2, 2017. Adapted.
inside the cargo hold and damage the cargo in lower tier
containers in the cargo hold.
9. (CESGRANRIO — 2018) One reason why the industry
Regular sounding of cargo hold bilges is of utmost impor-
needs to design ships differently is to
tance for early detection of problems related to water or
oil ingress in cargo holds. Bilges, the bottom inside part of
a) increase engine power.
a ship where dirty water collects, must be checked once a
b) reduce CO2 emissions.
day in normal weather condition and at regular intervals of
c) eliminate all security risks.
time in rough weather. When the ship is at port, cargo hold
d) substitute alternative fuels.
bilges must be drained into holding tanks.
e) oppose world climate goals.
Regular rounds of the cargo deck compartment must
be made to check the condition of lashing and cargo
10. (CESGRANRIO — 2018) Based on the text, “the conti-
containers.
nuous improvement of shipping’s environmental per-
Sometimes, it might so occur that in spite of taking all
formance” is a request from the
the necessary precautions, damage to cargo or the ship’s
hull would take place. In such cases, the master of the
a) seafarers ship must take the necessary precautions to minimize the
b) global society damage. He should also report the same to the company
c) industry stakeholders and make necessary entries in the ship’s log book.
d) Tripartite Forum participants A master’s report on the damages sustained must also be
e) inter-industry working groups made along with a sea protest which is to be produced at
the next port.
11. (CESGRANRIO — 2018)
Available at: <https://www.marineinsight.com/marine-safety/how-to-
How to Take Care of Cargo on Container Ships at Sea? take-care-of-cargo-on-container-ships-at-sea/>.Retrievedon:July21,
2016. Adapted.
On container ships, cargo is carried in standardized con-
tainers, which are placed one over the other and secured According to the text, “wet damage” is caused by
using lashing.
While at sea, the ship is subjected to heavy rolling and pit- a) leakages from water and oil systems
ching, which can not only disturb the cargo but also upset b) special reefer cargo containers
the stability of the ship. Parametric rolling – a unique phe- c) dangerous goods containers
nomenon on container ships, must be carefully dealt with d) damages to the ship’s hull
in order to ensure safety of cargo containers at sea. e) malfunctioning containers
Keeping a watch on the loaded cargo containers when the
container ship is sailing is as equally important as prepa- Leia o texto a seguir para responder às questões 12 e 13.
ring a container ship for loading cargo. Also, officers must
know all the important equipment tools which are used to The key energy questions for 2018
handle cargo on container ships.
The following important points must be considered for The renewables industry has had a great year.
taking care of cargo containers while at sea:
Check lashing How fast can it grow now?
Proper container lashing is one of the most important
INGLÊS
aspects of securing cargo safely on the ships. Every offi- What are the issues that will shape the global energy
cer in charge of cargo loading and unloading must know market in 2018? What will be the energy mix, trade pat-
and understand the important points for safe container terns and price trends? Every country is different and
lashing. local factors, including politics, are important. But at
Moreover, when the ship is sailing, lashing must be chec- the global level there are four key questions, and each
ked at least once a day and tightened whenever necessary. of which answers is highly uncertain. 659
The first question is whether Saudi Arabia is stable. The problem is that the industry remains fragmented.
The kingdom’s oil exports now mostly go to Asia but Most renewable companies are small and local, and in
the volumes involved mean that any volatility will des- many cases undercapitalised; some are built to collect
tabilise a market where speculation is rife. subsidies. A radical change will be necessary to make the
The risk is that an open conflict, which Iran and Sau- industry global and capable of competing on the scale
di have traditionally avoided despite all their differen- necessary to displace coal and natural gas. The coming
ces, would spread and hit oil production and trade. It year will show us whether it is ready for that challenge.
is worth remembering that the Gulf states account for In many ways, the energy business is at a moment of
a quarter of global production and over 40 per cent change and transition. Every reader will have their own
of all the oil traded globally. The threat to stability is view on each of the four questions. To me, the pros-
all the greater given that Iran is likely to win any such pect is of supply continuing to outpace demand. If that
clash and to treat the result as a licence to reassert its is right, the surge in oil prices over the past two mon-
influence in the region. ths is a temporary and unsustainable phenomenon.
The second question is how rapidly production of oil It would take another Middle East war to change the
from shale rock will grow in the US — 2017 has seen equation. Unfortunately, that is all too possible.
an increase of 600,000 barrels a day to over 6m. The
Available at: <https://www.ft.com/content/c9bdc750- ec85-11e7-
increase in global prices over the past six months has
8713-513b1d7ca85a>. Retrieved on: Feb 18, 2018. Adapted
made output from almost all America’s producing
areas commercially viable and drilling activity is rising. 12. (CESGRANRIO — 2018) The main purpose of the text
A comparable increase in 2018 would offset most of is to
the current OPEC production cuts and either force ano-
ther quota reduction or push prices down. a) explain the reasons for the sudden increase in the pri-
The third question concerns China. For the last three ce of oil in 2018.
years the country has managed to deliver economic b) speculate on matters that may affect the global energy
growth with only minimal ncreases in energy con- market in 2018.
sumption. Growth was probably lower than the clai- c) provide precise answers to the most relevant ques-
med numbers — the Chinese do not like to admit that tions on global energy.
they, too, are subject to economic cycles and reces- d) forecast changes in trade and energy production in
sions — but even so the achievement is considerable. Asia and the Middle East.
The question is whether the trend can be continued. If e) measure the devastating impact of renewable industry
it can, the result will limit global demand growth for oil, on coal and natural gas.
gas and coal.
China, which accounts for a quarter of the world’s daily 13. (CESGRANRIO — 2018) According to the last paragra-
energy use, is the swing consumer. If energy efficiency ph, the author believes that the
gains continue, CO2 emissions will remain flat or even
fall. The country’s economy is changing and moving a) future of the energy business is uncertain and difficult
away from heavy industry fuelled largely by coal to a to anticipate.
more service-based one, with a more varied fuel mix. b) recent increase in oil prices is definitely a long-lasting
phenomenon.
But the pace of that shift is uncertain and some recent
c) four questions presented in the article will be answe-
data suggests that as economic growth has picked up,
red sooner than we imagine.
so has consumption of oil and coal. Beijing has high d) energy business is definitely facing a moment of stabi-
ambitions for a much cleaner energy economy, driven lity, growth and prosperity.
not least by the levels of air pollution in many of the e) inevitable conflict in the Middle East will solve the
major cities; 2018 will show how much progress they imbalance between energy supply and demand.
are making.
The fourth question is, if anything, the most important. 14. (CESGRANRIO — 2017)
How fast can renewables grow? The last few years
have seen dramatic reductions in costs and strong Text
increase in supply. The industry has had a great year,
with bids from offshore wind for capacity auctions Oil
in the UK and elsewhere at record low levels. Wind is
approaching grid parity Overview
— the moment when it can compete without subsidies.
Solar is also thriving: according to the International The oil industry has a less-than-stellar environmental
Energy Agency, costs have fallen by 70 per cent since record in general, but it becomes even worse in tropical
2010 not least because of advances in China, which rainforest regions, which often contain rich deposits of
now accounts for 60 per cent of total solar cell manu- petroleum. The most notorious examples of rainforest
facturing capacity. The question is how rapidly all tho- havoc caused by oil firms are Shell Oil in Nigeria and
se gains can be translated into electric supply. Texaco in Ecuador. The operations run by both com-
Renewables, including hydro, accounted for just 5 per panies degraded the environment and affected local
cent of global daily energy supply according to the and indigenous people by their activities. The Texaco
IEA’s latest data. That is increasing — solar photo- operation in Ecuador was responsible for spilling some
voltaic capacity grew by 50 per cent in 2016 — but to 17 million gallons of oil into the biologically rich tribu-
make a real difference the industry needs a period of taries of the upper Amazon, while in the 1980s and
expansion comparable in scale to the growth of per- 1990s Shell Oil cooperated with the oppressive military
sonal computing and mobile phones in the 1990s and dictatorship in Nigeria in the suppression and harass-
660 2000s. ment of local people.
Action As experiences with biofuels have shown, there are
often downsides to alternative energy sources. For
The simplest and most reliable way to mitigate dama- example, hydroelectric projects have destroyed river
ge from oil operations would be to prohibit oil extrac- systems and flooded vast areas of forests. Thus when
tion in the tropical rainforest. But that is unlikely given undertaking any large-scale energy project — whether
the number of tropical countries that produce oil and it’s wind, solar, tidal, geothermal, or something else —
the wealth of oil deposits located in forest areas. Thus it is important to conduct a proper assessment of its
the focus is on reducing pollution and avoiding spills impact.
through better pipeline management, reinjection tech-
niques, and halting methane flaring. Limiting road
Conclusion
development and restricting access can help avoid
deforestation associated with settlement.
Admittedly, there are many challenges facing sustaina-
ble use of tropical rainforests. In arriving at a solution
Biofuels
many issues must be addressed, including the resolu-
The energy and technology sectors are investing hea- tion of conflicting claims to land considered to be in
vily in alternatives to conventional fossil fuels, but early the public domain; barriers to markets; the assurance
efforts to use crop-based biofuels have had serious of sustainable development without overexploitation
environmental consequences. in the face of growing demand for forest products;
While some believed biofuels—fuels that are derived from determination of the best way to use forests; and the
biomass, including recently living organisms like plants or consideration of many other factors.
their metabolic byproducts like cow manure— would offer Almost none of these economic possibilities can become
environmental benefits over conventional fossils fuels, realities if the rainforests are completely stripped. Useful
the production and use of biofuels derived from palm oil, products cannot be harvested from species that no longer
soy, corn, rapeseed, and sugar cane have in recent years exist, just as eco-tourists will not visit the vast stretches
driven up food prices, promoted large-scale deforestation, of wasteland that were once lush forest. Thus some of
depleted water supplies, worsened soil erosion, and lead the primary rainforests must be salvaged for sustainable
to increased air and water pollution. Still, there is hope that development to be at all successful.
the next generation of biofuels, derived from farm was-
te, algae, and native grasses and weeds, could eliminate Available at: <http://rainforests.mongabay.com/1013.htm>. Retrieved
many of the worse effects seen during the current rush on: Aug, 10th, 2017. Adapted
into biofuels.
The fragment of Text “Despite the 51 percent growth in
Efficiency the American economy between 1990 and 2004, carbon
emissions only increased 19% suggesting that those who
Good old-fashioned oil conservation is effective in insist that economic growth and carbon dioxide emis-
reducing demand for oil products. After the first OPEC sions move in tandem are wrong” implies that
embargo in 1973, the United States realized the impor-
tance of oil efficiency and initiated policies to do away
a) both percent rates are incorrect.
with wasteful practices. By 1985, the U.S. was 25 per-
b) those increase rates are independent.
cent more energy efficient and 32 percent more oil effi-
c) the relationship between those rates must be
cient than in 1973. Of course the U.S. was upstaged by
the Japanese who in the same period improved their established.
energy efficiency by 31 percent and their oil efficien- d) the American economy grew 51% from 1990 to 2004,
cy by 51 percent. Today the importance of oil to the and as a consequence, carbon emissions decreased.
economy is still diminishing. Despite the 51 percent e) the American economy grew 51% from 1990 to 2004
growth in the American economy between 1990 and because carbon emission only increased 19%.
2004, carbon emissions only increased 19% sugges-
ting that those who insist that economic growth and 15. (CESGRANRIO — 2017)
carbon dioxide emissions move in tandem are wrong.
Text
Develop new technology
Aggressive oil extraction spells disaster for Amazon
The developed world can seek alternative methods to rainforests
oil exploration, by developing new technologies that
rely less on processes that are ecologically damaging. The refineries in the US processed 230,293 barrels of
For example, compressed natural gas is a cleaner-bur- Amazon crude oil a day in 2015, according to the stu-
ning fuel than gasoline, is already used in some cars, dy conducted by the Amazon Watch, an environmental
and is available in vast quantities. Electric cars are
group. The demand for crude oil in the US is forcing
potentially even more environmentally sound.
countries such as Peru, Colombia and Ecuador to
To encourage investment in research and develop-
expand their oil drilling operations and hence, driving
ment of “greener” technologies, governments can help
by eliminating subsidies for the oil and gas industry the destruction of the rainforest ecosystem.
INGLÊS
and imposing higher taxes on heavy polluters. While The Amazon rainforest has already become highly vul-
governments will play a role in cleaner-energy deve- nerable to forest fires due to selective logging, hunting,
lopment, it is likely that the private sector will provide altering or fragmenting the landscape and other forms
most of the funding and innovation for new energy of habitat degradation. As oil interests lead to aggres-
projects. Venture capital firms and corporations have sive extraction of oil, there are fears that indigenous
put billions into new technologies since the mid-2000s, communities will suffer displacement and acquire
while corporations are getting on board as well. deadly illnesses due to lack of acquired immunity. 661
Layered impact on Amazon ecosystem According to Adam Zuckerman, Amazon Watch’s End
Amazon Crude campaign manager, “All commercial
Mining and construction of hydroelectric dams, in and public fleets in California—and many across the
what is considered the lungs of the world, have already US—that buy bulk diesel are using fuel that is at least
triggered deforestation. The problem is getting even partially derived from Amazon crude.”
more confounded when ambitions of large oil firms, The report also revealed that California refines an ave-
including some from China, have come to play its part. rage of 170,978 barrels of Amazon crude a day with
According to the study, the proposed oil and gas fields the Chevron facility in El Segundo refining 24 per cent
now cover 283,172 sq. miles of the Amazon. of the US alone. After crude is refined, it is distributed
Explaining the “triple carbon impact” of Amazonian as diesel to vehicle fleets across the US.
oil extraction, the report says that copious amount of Interestingly, California Environment Protection Agen-
carbon is emitted when the rainforest is cut down to cy, in 2015, made an unequivocal climate commitment,
establish drill sites. Further destruction of the world’s “In order to meet federal health-based air quality stan-
largest carbon sink takes place when necessary roads dards and our climate change goals, we must cut in
and other infrastructure are constructed. More carbon half the amount of petroleum we use in our cars and
emissions are experienced when the oil is ultimately trucks over the next 15 years.”
burned for energy.
Available at: <http://www.downtoearth.org.in/news/us-led-demand-
driving-aggressive-extraction-of-oil-in-amazon-rainforest-56149>.
Ecuador
Retrieved on: Aug, 12th, 2017. Adapted
9 GABARITO
1 B
2 E
3 B
4 B
5 D
6 C
7 C
8 A
9 B
10 B
11 A
12 B
13 A
14 B
15 D
16 B
17 D
18 C
19 E
INGLÊS
20 E
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ANOTAÇÕES
666