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incríveis.
ACASO
– Nada.
1
O Jantar
Sabrina bufou.
– Ele quem?
– Boa noite.
– Como assim?
– Mas?
– Aposto que ela tem que ter mais cuidado com ele do
que com o filho deles.
– Eu ouvi isso.
– Monteiro me disse.
– Ah, não?
– Conseguiu descansar?
– Eu estava precisando tanto disso.
– A piscina do solário.
– Estava cheia?
– Lotada!
– Pode.
– Claro.
Victor não olhou para ela, mas ela sabia que ele a tinha
ouvido. Suas sobrancelhas franzidas mostravam que ele se
esforçava para parecer estar focado, mas não estava.
– Então por que não consegue fingir? Esse não deve ser
o primeiro caso de adultério que tem conhecimento na vida.
– Pode deixar.
– Sei que você não deve estar tendo muito tempo por
conta do trabalho, mas deixe para se sentir cansada quando
retornar!
– Como assim?
– É uma longa história, mas você me fez lembrar que
preciso ir atrás do meu companheiro fujão. Posso te ligar mais
tarde?
– Há um tempo.
– Meu Deus, que vergonha – Esfregou os olhos e
lambeu os lábios.
– Eu já fui noivo.
– Sinto muito.
– Tudo bem.
– Ótimo, ótimo.
Era Henrique.
– Está bem.
– Te amo, Maya.
– Também te amo.
– AHH!
– Você a amava?
– Hei!
– Ah, droga.
– Não?
– O cara da boate?
– Sim, ele.
– Sim, senhor.
– Jura?
– Como é?
– Hipoteticamente?
– Isso.
– Certo.
– Nem um pouco.
– Como assim?
– Não adianta insistir, desta vez não vou ceder aos seus
encantos – Maya choramingou – Você vai gostar, eu espero.
– Você também.
– Querida?
– Estou atrapalhando?
– Eu não sei.
– Cala a boca.
– Maya.
– Agora? Do nada?
– Verificamos.
– Só do notebook dele.
– Exatamente.
– Pode deixar.
– Por que?
– Eu nunca usei.
Maya enrubesceu.
– Isso!
– Mas quem faria isso? Pode ter sido uma falha na área
de T.I.? Um problema no sistema, talvez? E por que
acreditaram que se tratavam de uma vela com defeito?
– Maya, eu...
– Igor nunca me faria mal aqui dentro. Ele não pode ser
tão burro.
– Claro.
– Não estraga um cara legal. Eu sei que estou te
incentivando há tempos para romper com Henrique, mas é
porque eu percebo que não sente por ele o que ele sente por
você. E eu estou certo. Mas ele é um cara incrível, você sabe. E
as coisas aconteceram rápido demais com você e esse tal deus
da beleza, mas ainda há tempo de fazer a coisa certa.
– Obrigada.
– Aqui aonde?
– Henrique...
Igor bufou.
– Que grande bobagem – Continuou em tom mais
baixo.
– Sim?
– E? – Victor a instigou.
– E Igor soube do que eu disse a ela. Acredito que ela
tenha contado para Jorge e Jorge, por sua vez, contou a ele.
– Cadê a chave?
– Está mentindo.
– Está bem.
Maya estava aliviada, apesar de tudo. Sentia que tendo
Victor ao seu lado conseguiria passar ilesa por toda a situação.
Sentia-se protegida, acolhida, e amada, mesmo não assumindo a
última parte. Tinham muito no que pensar. Maya não fazia ideia
de como Monteiro reagiria ao saber que Victor cometera uma
tentativa de assassinato. Ela tinha um emprego para salvar, um
pervertido para e livrar e nem queria pensar na própria vida
amorosa! Mas dariam um jeito, juntos. Ela estava começando a
se arrepender de não ter contado tudo desde o início quando
percebeu que apesar de estar com as mãos limpas, ainda haviam
respingos de sangue no pescoço e gola da camisa de Victor.
Ela não parou, até que sua mão tocou o cós da calça de
Victor, e ele apressou-se em segurar a mão boba dela. Só então
Maya desviou o olhar do tórax quase desnudo de Victor e o
olhou nos olhos. Olhos azuis em chamas.
Maya usava uma saia branca que era presa apenas por
um laço feito com ela mesma e uma blusa preta tomara-que-
caia. Victor puxou a blusa para baixo sem cerimônia e
abocanhou um dos seios de Maya. Ele queria fazer isso a mais
tempo do que gostaria de admitir. Eram grandes, mas não tão
grandes. Redondos e empinados. Os mamilos quase da cor da
pele. Ele gemia enquanto a chupava e lambia. Era delicioso.
– Andou imaginando?
– Não, quase.
Victor saiu de dentro dela, Maya não gostou da
sensação; ela ainda queria senti-lo. Mas ela não teve muito
tempo para lamentar, porque rapidamente Victor a abocanhou
bem ali, onde estava inchada e sensível. Ela gemeu alto quando
Victor começou a mover lentamente a língua sobre seu clitóris.
Ela não estava preparada para aquilo. A língua dele era mole e a
massageava da maneira certa. Intensidade e velocidade
perfeitas, sem parar. Ele a lambia e a chupava como se dela
saísse o manjar dos deuses. Era uma forma de devoção. Uma
blasfêmia, uma heresia.
– Seis e dois.
– Nós vamos.
Victor a instigou até sentir a umidade no meio das
pernas dela. Maya parara de tentar resistir. Quando viu que ela
estava pronta, puxou a calcinha dela para o lado e tirou o lençol
de algodão que estava entre os dois.
– Acho que tudo pode ser. E acho também que não vou
ficar de braços cruzados esperando você ser demitido porque
me defendeu de um babaca.
Maya congelou.
– Está bem.
"Pode ser"
"Só um minuto"
"Ok"
– Estou ouvindo.
– Ela te ouviu?
– Arrasado.
– Claro.
– Foi ela?
– Vocês se acertaram?
– Ir aonde?
– Vou sim.
Victor sorriu com os lábios fechados e beijou-a com
delicadeza. Foi rápido, mas ao terminar ele continuou com a
face perto da dela, com a respiração quente tocando a bochecha
de Maya.
– Fazem dois dias que você não me liga, está tudo bem?
– Eu?
– Não.
– E se não aparecer?
– É o meu jeito.
Monteiro bufou.
– Então porquê?
– Exato.
– Sim, senhor.
15
A Exposição
– Em Nova York.
– Maya?
– Eu não vou.
– Como não?
– Um vídeo comprometedor?
– Eu sei.
– Nada bem.
– Sinto que isso não vai acabar bem, Victor. Por favor,
tome cuidado. Você e Maya. Isto não é mais um jogo de
travessuras. Como acabou de dizer, estamos lindando com
atitudes criminosas.
– Maya!
– Não estou falando sério – Ela o imitou.
– Thomás!
– Claro.
– Thomás!
Apesar das brincadeiras, e Maya agradecia por qualquer
ajuda que a fizesse enxergar a situação de maneira menos
trágica, sentia-se horrível. Nunca experimentara uma sensação
parecida, e não achava que conseguiria explicar. Era um misto
de vergonha e dor. Sentia-se exposta, sem nenhum controle
sobre a própria privacidade. E, acima de tudo, sentia-se violada.
Vítima de uma violência silenciosa e traiçoeira, mas que
invadiu sua intimidade e a fez refém, tirando dela o direto sobre
o próprio corpo. Ela torcia para um dia superar isso, mas ainda
era uma ferida aberta, uma mácula estampada em sua pele.
– Estou bem.
– O quê?
– Não é simples.
– Victor...
– Bahia, senhor.
– Nem tanto.
– Mário, senhor.
– Dá para perceber?
– E sobre o que é?
Igor bufou.
Jorge.
Jorge. Todo esse tempo, fora o Jorge?
Não podia ser. Mas é claro que podia. Estava diante dos
seus olhos esse tempo todo. Como pôde ser tão cego? Mas por
quê? Qual a motivação? Quem era Jorge, afinal?
– Certo.
– Não foi por mal, mas foi tolice. Eu confiei nele, mas
não em você!
Ela percebera que sentia desejo por ele aos poucos, com
pequenos indícios aqui e ali. No geral, estar perto dele só
parecia o certo a se fazer. E ela fez, mesmo quando sabia que
deveria fazer o oposto. Quando se deu conta, desejava o toque
dele como se ela estivesse enferma e ele fosse a cura. Quando
aconteceu de ela perceber que o sentimento era recíproco,
dentro do pequeno armário, sabia que não havia como voltar
atrás. Estava predestinada a entregar-se a ele.
– Eu também não.
– Ele é, mesmo.
– Mas ele ficará bem, Maya. Não vai demorar até achar
alguém que o faça feliz, não pense nisso agora.
– Como não?
– Jorge está.
– Não pode!
Monteiro continuou:
– Depois eu te explico.
Maya viu quando Igor desistiu de esperar respostas e
abriu espaço entre as cadeiras para sair da sala, mas quando
estava a poucos passos da porta, Monteiro o chamou.
– Como não?!
– Eu quero me demitir.
– O quê?
– Eu quero me demitir – Maya repetiu, assustando-se
com as próprias palavras.
– Está decidido.
– Sim.
22
Felizes por Enquanto
– Victor!
– Eu vou?
Victor ponderou.
FIM.