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Lopes
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(Thala Dill)
Antes
Fim.
Eu havia colocado um, ponto final no meu mais novo livro! Mais um
trabalho realizado, morando sozinha naquele pedaço do paraíso, próximo ao
lago.
Sou escritora de romances policiais, todos, Best-seller com
adaptações para a TV e cinema.
Devo dizer que já consegui tudo o que eu queria! Quer dizer, tudo
não.
Ainda faltava uma coisa, que era o amor da minha vida. Eu não tinha
nenhum homem para poder amar e chamar de meu.
Não que eu fosse uma mulher feia, sem atrativos. Ao contrario, eu era
bonita.
Meu cabelo era loiro, meus olhos verdes e o meu corpo estava no
peso certo. Sim, eu tinha também um belo corpo.
Mas eu era esquisita. De um ano para cá, havia, me tornado uma
mulher estranha, sempre tendo sérios apagões de memória!
Não. Isso não prejudicava na criação dos meus livros, mas me
deixava assustada.
Era como se eu deixasse, de existir naqueles dias que o apagão
envolvia a minha mente.
Se, tinha medo? Claro que tinha! Eu não sabia realmente o que estava
acontecendo comigo.
Estaria ficando louca?
Ou era falta mesmo de homem?
Não ia procurar ajuda médica, pelo menos não por aquele momento.
O mais estranho era que sempre que eu voltava do apagão, eu estava
com a peruca. Era uma peruca linda, de cabelos negros e fios compridos
que eu havia comprado.
Eu nunca conseguia me lembrar, quando eu pegava a peruca, no
manequim, que ficava em meu quarto.
Quando eu vi a peruca na vitrine da loja pela primeira vez, foi como
se algo me puxasse para ela.
Achei-a linda, e me peguei imaginando, como eu ficaria de cabelos
negros.
Então a comprei!
Sobre a minha vida sentimental, não havia nenhuma novidade.
Aos trinta anos, ainda era virgem. Eu não havia encontrado nenhum
homem, com o qual valesse a pena perder a minha virgindade.
Às vezes, nem eu sabia por que não havia me interessado por nenhum
homem.
Muitos já haviam tentado me seduzir, me conquistar, me levar para
cama, mas eu definitivamente não me sentia atraída.
Não. Não era lésbica. Eu queria um homem sim, ansiava por um, mas
desde que eu o amasse infinitamente.
Quantas vezes no lançamento dos meus livros, em noites de
autógrafos, belos homens me convidavam para jantar, ir ao cinema, ou fazer
outras coisas, mas, seu simplesmente mentia, e dizia que já tinha alguém.
Mas quem era esse alguém? A imprensa sempre fazia essa pergunta,
pois não me vinham com ninguém.
Sai de trás do computador e me aproximei da janela.
Dali eu tinha uma bela visão do lago, que estava logo adiante. Ali
tudo era tão gostoso, calmo e tranquilo, que eu não me imaginava voltando
a morar na cidade.
Eu não tinha medo de viver sozinha em um lugar isolado, eu amava.
Dava para eu trabalhar tranquilamente em meus livros, sem ouvir buzinas,
gente brigando e gritando na rua.
Meus pais não gostavam muito, diziam que eu estava louca em ir
morar naquele lugar tão isolado.
Ao ver o meu barco ali no lago, me deu vontade de velejar, mas
então, percebi as nuvens escuras que começavam a se formar no céu, e vi
que não seria uma boa ideia.
Meu telefone começou a tocar ali, na minha mesa, ao lado do
computador. Era um telefone de fio, antigo, mas que eu achava bonito.
-- Thala, como você está? – A voz de Brígida soou do outro lado da
linha.
Brígida era tipo uma mãe para mim. Ela havia perdido a sua filha há
um ano.
Nos, conhecemos no dia em que eu comprei a peruca, ela era a dona
da loja de perucas.
Ficamos conversando por alguns minutos, então ela me perguntou
sobre a peruca.
-- Quase não saio para usá-la, Brígida. E depois, eu acho que gosto
mais dos meus cabelos verdadeiros.
-- Deveria usá-la sempre, você fica mais bonita de cabelos negros.
Dei uma risada e nos despedimos. Se eu ficava mais bonita de cabelos
negros, era só pintá-los, mas eu não tinha interesse.
Não comentei com Brígida sobre os meus apagões. Eu não queria
preocupá-la.
Sentei novamente na frente do meu computador e comecei a ler o
livro que eu havia acabado de colocar, um ponto final.
Quando cheguei à cena de sexo que eu havia escrito entre os
protagonistas, fiquei excitada e com o rosto afogueado!
Não era fácil escrever uma cena de sexo, sem nunca ter feito. Minhas
amigas era quem me contavam tudo, me dizendo o quanto era bom, e o que
eu estava perdendo.
Elas me contavam tudo nos mínimos detalhes, e agora lendo a cena
em que os protagonistas se entregavam de corpo e alma um ao outro, eu me
imaginei nos braços do meu último protagonista, sendo possuída por ele.
Ele era um homem másculo, viril e arrebatador que eu havia criado.
Era dono de uma beleza loira, com barba, tipo um viking.
Sem perceber, eu joguei a minha cabeça para trás, comecei a gemer e
a tocar entre as minhas pernas, como uma gata no cio!
Quando eu me acalmei e percebi o que estava fazendo, eu me senti
envergonhada.
O homem que eu queria, era ele o protagonista do meu último livro.
Loiro, forte e lindo!
De repente, senti como se alguém estivesse me chamando em meu
quarto.
Caminhei para lá, e quando entrei em meu quarto, a primeira coisa em
que os meus olhos pousaram, foi no manequim, na peruca de cabelos
negros que estava sobre a sua cabeça.
Capítulo 02
(Thala Dill)
(Ravel KRENTZ)
(THala Dill)
(Ravel Krentz)
Bela e louca.
Seria isso?
Aquela bela mulher onde eu havia batido na porta para pedir ajuda,
seria louca?
Ela me mandou entrar! Claro que eu não pensava em fazer mal a ela,
mas não era certo.
E aquela historia de tocar o meu rosto, querendo saber se eu era
mesmo real, me deixou perturbado.
Sem querer fechei os olhos, ao sentir a mão suave dela em meu rosto.
Meu rosto estava dolorido, mas o toque suave de sua mão agiu como
a um bálsamo.
Então ela parou de me tocar, se afastou sem jeito, percebendo que
havia se excedido.
Os relâmpagos começaram a riscar o céu, seguindo de fortes trovões.
Ela olhava para mim, dando-me total liberdade no olhar para entrar.
A chuva começou do outro lado do lago, e pouco a pouco os pingos
grossos foram se aproximando.
Ela pegou a faca no chão e entrou. E eu recebendo as primeiras
rajadas do vento no corpo, com os pingos de chuva, eu também entrei e
fechei a porta.
Um pouco receoso eu pisei no piso, tão limpo e brilhante, que eu
podia até ver o meu rosto nele.
-- Venha, eu vou te mostrar o banheiro. Pode demorar o tempo que
precisar. Eu não tenho roupas masculinas em casa, e nem o meu roupão vai
servir em você.
De fato não serviria. Ela era uma mulher pequena, não muito alta, e
eu um homem alto, forte.
-- Vai ter que ficar enrolado na coberta à noite toda, até amanhã,
quando eu trouxer alguma coisa para você, vestir.
-- Está sendo muito boa comigo, moça. – Disse eu, seguindo-a em
direção ao corredor.
No final dele, lá estava o banheiro.
Quando a água quente caiu em meus ferimentos, provocou uma dor
ardente. Mas o banho renovou as minhas forças.
Ela bateu na porta do banheiro e me entregou uma toalha limpa e
grande. Me, enxuguei e a enrolei na minha cintura, para sair do banheiro.
Claro que me senti sem jeito, quando abri, a porta e ela estava lá, para
me mostrar o quarto.
No quarto, ela pediu que eu me sentasse na cama e limpou todos os
meus ferimentos. Tentei esconder o meu colo com as mãos para que ela não
visse a ereção que havia se formado, devido as suas mãos cuidando dos
meus ferimentos.
Eu não queria sentir o que eu estava sentindo, mas eu não consegui
me conter. Quando terminou os curativos e ela disse que eu ficaria novinho
em folha, eu totalmente sem jeito e envergonhado, agradeci com um leve
sorriso.
Ela me deu remédio para dor, e algum tempo depois, enquanto a
chuva caia lá fora, ela voltou com um prato, agradável de comida.
Capítulo 07
(Thala Dill)
(Ravel Krentz)
Não. Ela não me disse o seu nome. E ali debaixo das cobertas,
inteiramente nu, a curiosidade de saber o seu nome, era tão forte que eu
pensei em bater em seu quarto para perguntar.
Mas eu não queria incomodá-la, mais do que já estava incomodando.
Ela já estava me ajudando muito, e eu era grato por isso.
Quando eu adormeci, eu não sonhei, eu tive foi um pesadelo macabro.
No pesadelo, eu estava dormindo. O quarto estava mergulhado na
semi, escuridão, tendo apenas a luz da lua entrando pela janela.
No pesadelo, eu acordei com dois homens em um quarto
desconhecido. Tentei me defender com uma pequena estatueta que estava
ao meu lado, sobre o criado mudo, mas os dois mascarados me
imobilizaram, e um deles perguntou onde estava o cofre, apontando uma
arma para a minha cabeça.
Comecei a gritar por socorro, totalmente desesperado.
Eu acordei com o meu próprio grito e com a minha benfeitora abrindo
a porta do quarto, com uma pistola em mãos.
Eu a havia acordado com o meu pesadelo, e me senti um idiota! Ela
olhava para todos os lados no quarto, acreditando que podia ter mais
alguém ali, além de mim. Porém depois, ela percebeu que eu havia tido
apenas um sonho ruim.
-- Me desculpe, por favor, me desculpe. Acordei você, não era essa a
minha intenção.
-- Tudo bem. Não se preocupe. Você não é a primeira, e nem a última
pessoa a ter pesadelos.
Eu puxei tanto o cobertor para esconder as partes mais importantes do
meu corpo, que um dos meus pés ficou para fora.
Percebi que ela riu, depois de já estar recuperada do susto que eu
havia lhe causado.
Com certeza ela tinha pensando, que a mesma pessoa que havia me
espancado, tivesse invadido a casa para terminar o serviço.
-- Por que está rindo? – Perguntei, mesmo sabendo o motivo.
Eu queria saber o seu nome, por isso, começar um papo seria bom.
Aquela bela mulher merecia tudo de bom, e melhor na vida, por ter se
arriscado a me ajudar, mesmo sem saber quem eu era.
-- Na sua urgência de esconder suas partes íntimas e seu peito largo,
seu pé ficou de fora.
Podia ser engano meu, mas eu acreditava que aquela bela mulher
estivesse atraída por mim. Eu um sujeito desmemoriado, que podia ser
qualquer coisa, estava despertando o interesse naquela bela mulher.
-- É melhor você ver apenas o meu pé, do que outras coisas. –
Respondi com um pequeno sorriso.
Olhei para a arma na mão dela. Claro que não estava apontada para
mim, estava abaixado, rente à perna.
Ela sabia como se defender, por isso morava sozinha naquele lugar.
Sozinha? Como eu podia ter certeza que ela morava sozinha? Ela
podia ser até casada, e o marido estivesse em viagem.
Meu Deus, como eu não pensei nisso antes? Claro, a, pancada, que,
eu, havia recebido me, impedia de pensar com clareza.
O fato dela se sentir atraída por mim, não a impedia de ser casada.
Muitas mulheres casadas iam para cama com outros homens.
Mas eu não queria mais problemas para a minha vida. Fosse o que
fosse que tivesse acontecido comigo, já era suficiente.
-- E se eu quisesse ter visto as outras coisas? – Perguntou ela me
pegando de surpresa, me deixando completamente sem jeito.
-- Mas eu tenho certeza que não queria ver. – Disse eu pondo um
ponto final naquela conversava que caminhava para um rumo sensualmente
perigoso.
-- Será que você era um sujeito tímido, antes de perder a memória?
-- Talvez. Você não me disse o seu nome.
-- Ah, sim. É verdade. Me, chamo Thala Dill.
-- Thala Dill? Esse nome me parece familiar, eu não sei.
-- Com certeza você já ouviu falar de mim, antes de perder a
memória. Sou escritora de Best-seller
-- Uau... Que interessante!
-- Será que você gostava de ler?
-- Com certeza. Eu quero acreditar que tudo que é bom, eu gostava de
fazer. Eu torço para que eu não tenha sido um cara mau. Tem algum livro
escrito por você para eu ler?
-- Tenho sim. Quando amanhecer depois do café da manhã, eu te
entrego um.
-- Thala. – Eu repeti o nome dela e de repente lembrei. – Diferente
-- Sim. Vou fazer um, chá, antes, de voltar para a cama, você aceita?
-- Com todo o prazer, Thala.
Ela se foi, deixando a suave fragrância do seu perfume no quarto.
Meia hora depois, ela voltou, com o chá.
Naquela ultima visita em meu quarto, não falamos nada, eu apenas a
agradeci.
Sem querer acabei roçando em sua mão, quando fui pegar a xícara.
Mas sempre debaixo das cobertas. Não sai da cama, enquanto ela estava no
quarto.
Era cedo demais para nos aproximarmos um do outro. Afinal, eu nem
sabia quem eu era.
E eu, de jeito algum queria trazer problemas para Thala.
Mas a atração que existia entre nos dois, estava mais forte, quando ela
deixou o chá e saiu do quarto.
Capítulo 09
(Thala Dill)
(Ravel Krentz)
Será que eu merecia tudo que Thala estava fazendo por mim? Eu
merecia a confiança que ela estava tendo em mim, me colocando para
dentro de sua casa e naquele dia, me deixando em sua casa para ir a cidade
comprar roupas para mim?
Eu merecia?
Não seria o mesmo que colocar a raposa tomando conta do
galinheiro?
Será que não passou pela cabeça de Thala, que eu podia estar fingindo
uma perda de memória, só para ela sentir pena de mim e me ajudar?
-- Não tem medo quando você voltar, eu não esteja mais aqui e tenha
levado tudo?
Eu fiz essa pergunta a ela, quando ela já entrava no carro. Eu estava
parado, enrolado na toalha, segurando uma almofada na frente.
Ela voltou-se para mim.
-- Acho que eu confio mais em você, do que você mesmo.
E assim ela entrou no carro e se foi.
Naquele dia, preparei o almoço, e quando ela chegou um aromo de
carne assada estava espalhado pela casa.
Ela tinha comprado até um relógio de pulso para mim, dizendo que
era necessário.
Calças, camisas, camisetas, cuecas, bermudas, tênis e sapatos. Ela
tinha trazido para mim, um guarda roupa, completo, e eu nem tinha ideia de
como conseguiria pagá-la se eu fosse um João ninguém e não tivesse
emprego.
Ali diante dela, eu fiquei emocionado, com a sua generosidade.
-- Obrigado. O homem que tiver você como esposa, será um sortudo.
Percebi que ela corou e não pude deixar de sorrir.
-- Vou me trocar e volto para servir você.
-- Não, não precisa. – Disse ela ainda meio tímida pelo elogio que eu
havia acabado de fazer.
-- Eu faço questão.
Puxei a cadeira para ela, desta vez, sem nenhuma almofada para
esconder a minha ereção que sempre entrava em ação quando ela estava por
perto.
-- Volto já.
Ela sorriu. E o sorriso pareceu abrir mais o seu rosto, deixando a mais
linda e serena.
Quase um mês havia se passado, desde que bati naquela porta. Os
meus ferimentos haviam se cicatrizado, e os hematomas desaparecidos.
Eu me sentia revigorado e sem nenhuma dor.
Mas estava cada vez mais difícil disfarçar o desejo que estávamos
sentindo um pelo outro.
Eu não podia me envolver, pois teria que ir embora a qualquer hora. E
como eu já estava recuperado fisicamente, era hora, de concertar, tudo que
era necessário naquela casa, para pagar o que ela havia feito por mim.
Mas descobri que havia pouca coisa para fazer ali. Pouca coisa para
concertar.
Percebi que a calha na varanda precisava ser, limpada, e no quintal,
onde havia um pedaço de terra, algumas, ervas daninha precisavam ser
arrancadas.
Era só fazer aquele pouco serviço, e então partir.
Aqueles dias passados ali com ela, fez bem não só aos meus
ferimentos externos, mas a minha alma também.
A gente conversou, rimos, cozinhamos juntos, mas sempre mantendo
uma distância um do outro, para não corrermos o risco de nos entregamos
ao desejo que sentíamos um pelo outro, para depois, nem eu e ela sofrer.
Naquele final de tarde, estávamos à beira do lago, admirando o por do
sol, quando falei.
-- Você é uma mulher incrível. Com certeza eu não conheci ninguém
como você! Você já teve alguém? – Perguntei ao seu lado, mas ambos com
os olhos fixos no lago.
Uma revoada de pássaros passou sobre nós.
-- Não.
-- Nunca amou ninguém?
-- Tirando o meu pai, minha mãe, minhas irmãs, minhas sobrinhas e
amigas não.
Sorri.
-- Não é esse tipo de amor que estou falando. Quero saber se você já
amou um homem?
-- Não. – Ela respondeu de imediato.
-- Por quê?
-- Por que eu nunca encontrei ninguém como você.
Senti meu coração acelerar. O que ela estava querendo me dizer? A
sua resposta era que ela estava me amando, era isso?
Segurei Thala pelos ombros delicadamente, e a fiz com gentileza se
virar para mim.
Quando vi lagrimas em seus olhos, meu coração se enterneceu mais
ainda por aquela mulher.
-- Está apaixonada por mim, Thala?
-- Apaixonada não, Ravel. Paixão é algo passageiro, o que eu estou
sentindo por você é amor. Eu te amo, droga, caralho! Por que você tem que
ser tão especial assim?
Eu dei uma risada, especial era ela. Ela incrível!
-- Especial, Thala? Eu nem sei quem sou. Eu posso ser qualquer
coisa! Eu posso ser um cafajeste, um assassino! E você me diz que eu sou
especial?
-- Eu sinto que você não é nada disso, Ravel, eu sinto.
Não pude deixar de acariciar o seu rosto naquele momento. Sentir a
maciez dos seus lábios com a ponta dos dedos.
Thala fechou os olhos. E eu simplesmente não me contive, e no lugar
dos dedos, coloquei a minha boca! Eu a beijei!
A, beijei, a beijei! Senti o gosto de sua boca, a maciez dos seus lábios
contra os meus. Thala gemeu, inebriada, se agarrando a mim ali na beira do
lago, aprofundando mais a sua língua na minha boca.
Capítulo 11
(Thala Dill)
Eu não sabia dizer como Ravel ficava mais bonito: Se com roupa, ou
só com a toalha enrolada na cintura, deixando a mostra aquele peito largo e
másculo.
Quando eu o vi de camiseta cavada, bermuda e tênis entrando na
cozinha para me servir naquele dia, eu descobri que já estava perdida,
enrascada, pois já estava amando aquele desconhecido.
O sujeito era um fenômeno de beleza e gentileza. Ele me serviu com
tanto carinho e suavidade, que eu perguntei a mim mesma, onde esteve
aquela espécie de macho esse tempo todo?
Sim, porque homens como aquele estava em extinção. Eu não
imaginava aquele homem matando, ou roubando alguém.
Enquanto os dias foram passando, a certeza de que eu queria me
envolver com ele, se tornava mais clara na minha mente.
Mas ao mesmo tempo, eu tinha medo, porque eu sabia que um dia ele
ia querer ir embora, para tentar descobrir quem era ele, ou, seja ter pelo
menos uma pista do seu passado.
Cada dia que passava a hora dele partir se aproximava, e com isso, eu
sentia o meu coração se afundar mais no peito. Eu parecia uma das heroínas
dos meus livros, eu começava a sofrer por amor.
Por isso, ali na beira do lago, se eu não dissesse que o amava, eu
nunca mais diria, e eu não podia deixá-lo partir, sem que ele soubesse.
Quando ele me beijou, eu senti viver, tudo que eu passava para o
papel o que as minhas heroínas sentia, quando seus homens a beijavam.
A língua dele explorou todos os cantos da minha boca, e eu me
agarrei a ele, como se ele já estivesse partindo!
Senti a força do seu corpo quente contra o meu, a pressão do seu pau
em meu ventre, e ânsia de senti-lo dentro de mim era desenfreada.
-- Diz que sente alguma coisa por, mim, diz! – Implorei para aquele
homem no qual eu me sentia tão intima dele, como se o conhecesse há anos.
-- Claro que eu sinto, Thala, é claro que eu sinto. Desejo você, e
também amo você. Mas eu não queria que isso acontecesse. Eu não sei por
que, mas eu tenho a impressão que não mereço você.
-- Para de bobagem!
-- Sou um cara sem memória, Thala, e só Deus sabe do meu passado.
-- Eu não importo com o que você foi no, passado! – Abraçada a ele,
encostei o lado direito do meu rosto, no peito dele.
Senti as batidas descompassadas do seu coração.
-- Você sabia que um dia eu teria que ir. Você sabia disso, eu sabia
disso, por isso lutei contra o que eu estou sentindo por você.
Ele segurou o meu queixo, e beijou novamente a minha boca.
-- Eu não quero que você sofra, e eu não quero sofrer também.
Peguei Ravel pela mão e fui caminhando com ele as margens do lago.
-- Para onde está me levando? – Ele perguntou enquanto o vento batia
contra nós, desalinhando os cabelos dele e os meus.
-- Que tal um passeio de barco?
-- Você tem um barco? – Ele perguntou surpreso.
-- Sim. – Confirmei apontando o barco para ele. – Aquele barco ali.
Quando chegamos ao barco, já não estávamos de mãos dadas, e sim
com o braço dele sobre os meus ombros e o meu em torno de sua cintura.
Quem nos visse naquele momento, diria que éramos marido e mulher,
ou então um casal de namorados.
Não fomos muito longe, pois já estava escurecendo, e quando
voltamos e entramos em casa, ele me pressionou contra a parede e me
beijou.
Passei os braços em torno de seu pescoço e correspondi ao beijo doce
e suave daquele homem.
-- O combinado foi o que você fizesse por mim, eu ia lhe pagar tudo,
concertando o que precisasse na sua casa.
Ele se afastou, me deixando com o corpo afogueado.
-- Vi que a calha está precisando limpar, o quintal precisando capinar,
mas mesmo assim, eu vou ficar te devendo, por todo dinheiro que você
gastou comigo.
-- Você não precisa pagar. – Disse eu começando a abrir os botões de
minha blusa.
-- Não? – Ele olhou para mim espantando.
Eu só não sabia dizer, se ele havia ficado espantado por eu ter dito
que ele não precisava me pagar, ou se era porque eu comecei a abrir os
botões de minha blusa.
-- Pelo menos não limpando calha e nem capinando o meu quintal.
Você pode pagar de outro jeito.
Desabotoei toda a minha blusa e tirei o sutiã, expondo os meus seios
para ele.
Ele engoliu em seco.
-- Você pode pagar tudo que eu fiz para você, fazendo amor comigo!
-- Oh, Deus.
Pensei naquele momento que Ravel fosse ter um troço, ele ficou
completamente pálido, com os olhos fixos em meus peitos.
Pensei na possibilidade de Ravel ser casado, de ter alguma esposa
esperando por ele em algum lugar, mas não me importei, eu o queria
naquele momento.
Ravel enterrou o rosto entre meus seios e começou a beija-los e
saborear cada um dos meus mamilos.
-- Você é tão linda, Thala, tão linda, tão cheirosa.
Enterrei meus dedos em seus cabelos, e deixei que sua boca, seus
lábios, dançasse, em meus seios e mamilos. Meu corpo todo se arrepiava e
eu gemia em um êxtase profundo.
Capítulo 12
(Thala Dill)
(Ravel Krentz)
Depois de falar com Thala, Lucy pegou o retrato dela que estava na
mesinha ao lado e ficou olhando para ele.
Se ela, e o marido tinham uma vida confortável, era graças à filha.
Thala era o orgulho da família.
Thais a filha mais nova, era como ela, dona de casa. Também não se
interessou em trabalhar para fora, e nem lutar pelo que queria, mesmo tendo
um grande talento pela pintura.
Ela casou-se com Guilhermo, dono de uma fazenda de gado de corte.
Era um bom marido e bom pai. Era um sujeito que se dava bem com todo
mundo, ou seja, era o genro que toda mãe, e todo pai pediu a Deus.
Lucy só não ficava mais tranquila, por causa de Thala morar sozinha
naquela casa isolada. Isso a preocupava bastante.
Gostava de ligar para ela todos os dias. E ela começou a entrar em
pânico, quando ligou várias vezes na noite anterior e a filha não atendeu.
Para não pensar besteira, ela colocou na cabeça que Thala havia ido dar
uma volta à beira do lago, por isso não havia atendido.
Não passou pela cabeça de Lucy que ela não tinha atendido ao
telefone, porque estava gemendo de prazer, nos braços de um desconhecido.
Isso nunca passaria pela cabeça dela.
Sem sombra de duvida, Lucy iria até lá se soubesse que a filha, havia
colocado para dentro de casa, um desconhecido desmemoriado!
Capítulo 15
(Ravel Krentz)
Brígida ficou assustada quando Maia, disse a ela que ia matar o padre.
Brígida não queria que chegasse a esse ponto.
Ela estava feliz naquele dia por Maia ter voltado. Era bom ter a filha
de volta, mas depois do que ela havia lhe dito, era assustador tê-la de volta.
E depois, além do padre que poderia perder a vida, Thala também
podia sair prejudicada e até parar na cadeia, ou no hospício!
Mesmo amando, como ela amava Maia, ela sabia que a filha não
podia mais voltar.
O que havia começado como uma alegria podia virar tristeza, e
tragédia para outras pessoas.
-- Você sabe que se você matar o padre, a polícia vai acreditar que foi
Thala.
-- E dai? – Maia diante do espelho naquele dia, retocava o batom.
-- Como e dai? Eu gosto de Thala como se fosse minha filha!
-- A sua filha sou eu!
-- Thala é minha amiga, eu não quero que nada de mal aconteça a ela.
Você só voltou por vingança, não por causa de mim.
De repente, Brígida tinha começado a chorar.
-- Eu pensei que você me amasse. E mesmo estando onde você
estava, sentisse saudades de mim!
-- Claro que eu amo e sinto saudades de você, mamãe. – Disse Maia
saindo de frente do espelho, largado o batom e abraçando Brígida. – Mas a
minha prioridade é a vingança contra aquele miserável!
-- Por favor, Maia, desista! Deixe esse padre em paz.
-- Eu o amei tanto!
-- Mas ele não prometeu nada a você. – Brígida olhava bem dentro
dos olhos de Maia.
Ela olhava em sua alma.
-- Ele podia ter largado a igreja, e ficado comigo e o nosso filho! – A
expressão de Maia era de tristeza, ódio!
-- E você não precisava ter feito o que fez!
Maia saiu dos braços de Brígida.
-- Se for para você vir com esses pensamentos de vingança, é melhor
que não volte mais!
Depois que Brígida, deixou Maia sozinha no quarto, ela abriu a bolsa
e tirou de dentro o revólver, certificando-se havia munição.
Brígida ficou olhando ela atravessar a sala, e abrir a porta.
Brígida não disse mais nada, mas ela sabia que tinha que pará-la!
Maia desceu do táxi, duas quadras antes da igreja. Ela não queria ser
lembrada depois pelo motorista.
A igreja aquela hora estava vazia, mas o padre estava lá na sacristia,
parecia fazer uma prece.
Profundamente concentrado no que ele pedia a Deus, não ouviu os
passos de Maia.
Era um homem alto, de porte atlético.
Maia tirou silenciosamente a pistola da bolsa e apontou para o
sacerdote, com o dedo no gatilho, pronta para atirar.
-- Filho da puta... – Falou ela para que ele se virasse.
Mesma cheia de ódio pelo homem, ela não ia atirar pelas costas.
Ele se virou, e ficou surpreso ao vê-la com uma arma apontada para
ele.
Ele era um homem bonito e másculo. Não usava batina e sim roupa
comum, que realçava a musculatura do seu corpo.
-- As flores que eu te mando sempre, você as coloca no vaso, ou as
joga no lixo?
Ele ficou sem entender. E ela não sabia dizer, por qual motivo ela
apontava uma pistola para ele.
Seria um assalto na igreja? Então ele compreendeu.
-- Ah, as flores... Então você é a pessoa que andou fazendo aquela
brincadeira idiota, me mandando flores no nome de Maia Rangel! – Ele não
perguntou, e sim afirmou!
-- Eu sou a própria Maia Rangel! – Gritou Maia, segurando naquele
momento com as duas mãos a arma, apontada para ele.
-- Que brincadeira idiota é essa? Não tem como você ser Maia
Rangel, pois Maia Rangel está morta!
Capítulo 17
Brígida havia seguido Maia naquele dia. Ela temia pela vida do padre
E quando viu Maia apontar a arma para o sacerdote, o seu coração
disparou.
Ela queria avançar para cima de Maia, mas ao mesmo tempo ela
temia pela reação violenta que ela teria.
O que fazer? Gritar por socorro?
Pedir ajuda e contar o que realmente estava acontecendo?
Dizer aos outros, que o que estava acontecendo ali, não era coisa
daquele mundo, e sim sobrenatural?
-- Eu já disse que eu sou Maia Rangel!
-- Eu já disse que Maia Rangel está morta. – Disse o padre com a
maior calma possível.
-- Me dê a chave do seu carro. – Gritou Maia.
-- Como sabe que eu tenho um carro?
-- Eu imagino que você tenha!
Ele enfiou a mão no bolso da calça, tirando a chave. Ele entregou a
ela.
-- Você agora vai me levar até o seu carro, e nem tente nada, ou eu
mato você aqui mesmo.
-- Você é o que de Maia? Irmã? Está aqui para se vingar por causa do
que aconteceu com ela, é isso? Eu ia dar total assistência a Maia, e ao bebê,
eu só queria que tudo ficasse em segredo. Eu não tenho culpa se Maia
tentou um aborto e acabou morrendo.
-- Eu já disse que eu sou Maia, seu desgraçado! – Gritou ela a plenos
pulmões...
-- Realmente a voz é igual, mas o rosto é diferente...
O padre não conseguia entender.
-- A não ser que... Você realmente não morreu... Você fez uma
cirurgia plástica, mudou de rosto, é isso?
-- Me leva até o seu carro! E você vai entrar nele, sentar no banco do
motorista, e eu vou, no banco de passageiro...
-- Com essa pistola apontada para mim. – Falou o padre com uma
expressão séria, mas não assustada.
-- Adivinhou. – Respondeu ela sarcasticamente.
O padre argumentou dizendo que precisava fechar a igreja, mas Maia
disse que não havia tempo para isso.
Como a casa paroquial ficava ao lado da igreja, eles entraram pelo
fundo, por um portão que ligava os dois imóveis.
Ela ordenou que ele abrisse o portão da garagem, antes dele entrar no
carro.
Ela esperou ele entrar e depois também entrou, ordenando que ele
desse marcha ré.
A igreja, e a garagem da casa paroquial ficaram abertas. Ela ordenou
que ele metesse o pé no acelerador.
Brígida tinha saído da igreja pela porta da frente, assim que viu eles
saírem pela porta dos fundos.
Ela seguiu o carro do padre, sabendo que o pior estava para acontecer.
Dentro do carro, mesmo preocupado, o padre concentrava a sua
atenção na estrada.
Já estava anoitecendo.
-- Para onde vamos?
-- Dirija para o Lago Faisal.
-- O que? Mas está muito longe daqui.
-- Dirija e cale a boca!
O padre dirigiu por quase duas horas, até que finalmente avistou parte
do lago.
Foi nesse momento que ela mandou que ele parasse.
Tensionalmente ele pisou bruscamente no freio, fazendo com que
Maia fosse para frente e arma caísse de suas mãos para o assoalho do carro.
A, distancia, Brígida percebeu que alguma coisa estava acontecendo
dentro do carro.
Naquele momento, o padre e Maia tentavam alcançar a pistola no
assoalho do carro.
Mas foi Maia quem teve a maior sorte. Ela conseguiu alcança-la e
golpeou bruscamente a cabeça do padre.
O padre perdeu os sentidos, tombando para o lado da porta do
motorista, batendo com a cabeça no vidro.
Com a pistola, Maia saiu do carro, deu a volta por trás abrindo a
porta. Com isso, o padre que estava encostado na porta sem sentidos, foi
com um baque para o chão.
Maia cheia de fúria e ódio passou a chuta-lo.
Chutou-o na altura dos rins, nas costas e no rosto. Quando ela mirou a
arma para atirar, Brígida chegou por trás, e a agarrou pelos cabelos,
arrancando a peruca negra.
Capítulo 18
Mas e o padre? Por que ele não tinha voltado? Durante os primeiros
dias, Brígida, achou que talvez as pancadas de Maia tivessem sido muito,
forte, e lhe causado algum dano cerebral, e ele tivesse morrido lá mesmo,
por isso, ele não havia voltado.
Mas agora, depois de vários dias, a polícia havia encontrado o carro, e
nenhum corpo por perto.
Isso significava que o padre não havia morrido e sobrevivido.
Mas onde o padre estaria? Por que ele não havia voltado?
A notícia de seu desaparecimento havia saído em todos os jornais, a
polícia tinha mergulhado de corpo e alma nas buscas, mas até aquele
momento, não haviam encontrado absolutamente nada, nenhuma pista.
Brígida sentiu que precisava ver Thala, saber, se tudo estava
realmente bem com ela.
A última noite em que ela havia estado ali na casa de Thala, foi na
noite do sequestro do padre.
Thala não sabia que ela havia estado lá. Mas se Thala estivesse bem,
ela não precisaria saber o que havia acontecido naquela noite.
Capítulo 19
(Thala Dill)
(Thala Dill)
(Thala Dill)
Os mortos não tem o poder de voltar até nós. Mas o diabo sim. O
diabo vem na figura da pessoa, ou às vezes no corpo de alguém, só para
iludir o parente sofrido.
E esse era o meu caso. O meu corpo estava sendo usado por forças
sobrenaturais.
Mas a minha preocupação era até onde, o diabo que se passava por
Maia, havia chegado.
Lembrei-me da peruca ali no meu quarto, próxima a Ravel e me
estremeci.
Um arrepio assustador subiu pelo meu corpo.
-- Você tinha que ter me avisado há mais tempo sobre isso, Brígida!
-- Maia estava tranquila, ela estava em paz, eu não imaginava que ela
tivesse voltado só por vingança.
-- Fala! Eu machuquei pessoas? Eu coloquei a vida de alguém em
perigo?
-- Você não! Maia! Você não tinha culpa, não sabia o que estava
fazendo!
-- Eu coloque a vida de alguma pessoa em perigo, Brígida?
Responda-me pelo amor de Deus!
-- Maia sequestrou o padre! E o, pior, ela, quase o matou! Ela só não
o matou, porque eu os segui... E cheguei a tempo de evitar que o pior
acontecesse. Mas durante alguns dias, eu pensei que o pior havia acontecido
mesmo, pois o padre não apareceu. Então, por esses dias agora, eu fiquei
sabendo que a policia encontrou o carro do padre e não havia nenhum sinal
dele. Mas mesmo assim, eu continuei preocupada. Se o padre não havia
morrido, então porque ele não tinha voltado para a casa? Mas agora eu já
tenho a resposta.
-- Como tem a resposta? – Eu supliquei com o olhar.
-- Tudo aconteceu a alguma distância daqui, perto do lago. Eu agora
sei por que o padre não voltou para a casa.
Meu coração estava acelerado! Se eu tivesse matado alguém, mesmo
que não tivesse sido eu... Quer dizer, era eu, mas não era! Eu, em sã
consciência jamais mataria alguém.
-- Por que o padre não voltou para a casa? E esse padre não tem
nome? Qual é o nome desse padre? Onde ele está agora?
-- Ele não voltou para a casa... Porque perdeu a memória! E nesse
momento, Thala, o padre está na sua cama. O nome do padre é Ravel!
Fiquei gelada. Senti tudo girar a minha volta!
Capítulo 22
(Thala Dill)
(Ravel Krentz)
Sabe quando você fica sem jeito? Foi eu, ali, naquele momento,
olhando de Thala, para aquela mulher desconhecida.
Mas a mulher parecia mais surpresa do que eu. Ela olhava para mim,
com uma expressão de incredulidade.
-- Querido, está é Brígida, uma grande amiga. É como uma segunda
mãe para mim.
A mão de Brígida estava trêmula e gelada, quando eu a apertei.
-- Desculpe, eu ter vindo sem avisar...
-- Brígida vai passar alguns dias conosco.
Thala também estava estranha, não só aquela mulher.
Era como se as duas dividissem um segredo.
A mulher havia chorado, dava para ver devido aos seus olhos
avermelhados.
Tava na cara que ela estava passando por algum problema, e tinha ido
até ali, para se abrir com Thala.
Fui até Thala, coloquei a minha palma da mão em seu rosto, e beijei
seus lábios diante de Brígida.
-- Vou me trocar e venho para fazer o café.
-- Obrigada. Enquanto isso vou, mostrar o quarto para Brígida.
Enquanto eu voltava para o quarto, senti uma leve tontura. Me,
encostei-me à parede, perguntando a mim mesmo, se além da perda da
memória, não teria ficado outro tipo de problema dentro do meu corpo,
devido o que tinha acontecido comigo.
Eu havia levado uma surra. Alguém havia batido na minha cabeça,
me espancado.
No dia em que cheguei à casa de Thala, as minhas costas, o meu
corpo todo doía.
Depois de me vestir, eu voltei para a cozinha para preparar o café,
mas, Thala e a mulher não estavam mais lá.
Capítulo 24
(Thala Dill)
Mostrei o quarto para Brígida, e depois fui para o meu. Ravel não se
encontrava mais lá, tinha ido para a cozinha fazer o café.
Pela primeira vez, depois do que eu soube o que estava realmente
acontecendo comigo, eu olhei para a peruca ali sobre a cabeça do
manequim.
De repente um ponto de interrogação explodiu em minha mente.
Brígida tinha impedido que eu matasse Ravel, arrancando a peruca.
Ela me trouxe para a casa, eu sem sentidos... Se ela sabia sobre a peruca,
porque ela a deixou comigo?
Ela sabia que com a peruca ali, havia a possibilidade, deu usá-la e o
espírito voltar.
Brígida estaria mentindo para mim? Ela queria que eu continuasse
sendo usada por aquele demônio perturbador?
Agora que eu sabia o que aquela peruca representava, eu precisava
me livrar dela. Depois, novamente eu tinha que ter uma conversa com
Brígida.
Quando eu ia colocar a mão na peruca, a batida na porta me deteve.
Era Brígida.
Mas assim que ela entrou no quarto e seus olhos pousaram na peruca
sobre a cabeça do manequim, um grito estrangulado saiu de sua garganta, e
ela desabou no chão.
Comecei a gritar por Ravel, pedindo socorro. Ele chegou dentro de
alguns minutos e parou, aturdido na porta do quarto, se deparando comigo,
ao lado de Brígida, no chão!
Ele a levou para a cama, querendo saber o que tinha acontecido! Eu
não disse que ela havia gritado e desmaiado, quando viu a peruca.
Como ele ainda não sabia de nada, não entenderia.
-- Por que ela gritou, Thala? O grito dela foi de pavor! Parecia que ela
tinha visto o capeta.
-- De certa forma sim.
-- O que?
-- Nada. Amor, vai, lá embaixo, traga um pouco de água, ela vai
precisar. Deve ter sido queda de pressão, ela vai ficar boa.
Brígida foi despertando devagar, e quando abriu os olhos e sua cabeça
virou em direção ao manequim, novamente ela começou a se desesperar.
-- A peruca! Eu joguei a peruca ao mar! Você a pegou de volta, foi
isso? Mas como você conseguiu, foi um pouco longe daqui...
-- Brígida, a peruca nunca saiu daqui. Eu até ia de perguntar a respeito
disso. Se na noite em que Ravel foi quase morto, você arrancou a peruca de
minha cabeça, me trouxe para casa, e se você sabia se todo o mal que havia
nela, porque não se desfez dela e ao invés de continuar deixando-a comigo?
-- Eu a joguei ao mar! – Afirmou Brígida apavorada.
-- E eu quando despertei, ela estava em minhas mãos, eu a segurava...
Brígida saiu da cama, ainda com a expressão assustada.
-- Ela voltou para você, dentro de poucas horas. Na mesma noite em
que eu a joguei ao mar, ela voltou para você. Isso é mais assustador do que
eu pensava.
Capítulo 25
(Thala Dill)
Quando Brígida viu que Ravel e Thala haviam sumido de vista. Ela
entrou na casa para pegar a peruca.
Antes, ela não tinha medo, ela até gostava quando Maia voltava no
corpo de Thala.
Mas agora, depois de Maia ter tentado matar o padre, ela já não via
com bons olhos a sua volta.
A volta de Maia, já não lhe dava mais alegria, lhe assustava.
Ela hesitou por alguns minutos em colocar a mão naquela maldição.
Para não colocar a mão na peruca, ela pegou o manequim e o
carregou para o carro.
Brígida dirigiu por vários minutos, até chegar a um ponto do lago,
bem longe da casa de Thala.
Não havia ninguém por perto. Ninguém para testemunhar uma mulher
atirando um manequim ao lago.
A peruca continuava firme na cabeça do manequim, quando ela a
levou para a beira do lago.
O manequim bateu na água e foi afundando. Quando chegou ao fundo
do lago, a peruca se soltou de sua cabeça!
Capítulo 27
(Thala Dill)
(Thala Dill)
Ravel tinha voltado para mim, mas ele estava sem entender nada.
-- O que foi aquilo lá embaixo?
Eu o abracei. Ele estava sentado, e eu ao seu lado o abracei.
-- O que foi aquilo que envolveu o meu pescoço e quase me matou
estrangulado, lá embaixo?
-- Você não acreditaria. – Disse eu, eu deixando de abraçá-lo e me
levantado.
Ele também se levantou. Ele me encarava.
As marcas haviam ficado em seu pescoço.
-- Você acredita em forças estranhas, forças demoníacas,
sobrenaturais?
-- Thala, desde que aquela sua amiga chegou, eu percebi que sempre
que vocês estavam conversando, vocês paravam de falar, quando eu
chegava.
Eu podia contar parte da história para ele. Podia contar que ele era
padre, que havia se envolvido sexualmente com a filha de Brígida, e podia
esconder que de certa forma, eu também estava envolvida nisso.
E então? O que fazer?
Se ele soubesse que era padre, ele me deixaria. Nunca mais sentiria
seus braços, seu corpo forte, me envolvendo.
E se eu ficasse calada, até que ele recuperasse a memória, eu ainda
podia ter vários dias, ou meses com ele ali, me amando, me possuindo
naquele pedaço do paraíso.
Mas se eu contasse que ele era padre, ali, naquele momento, as
chances dele me perdoar quando recuperasse a memória, seriam maiores.
-- Ravel, você não respondeu a minha pergunta: Você acredita em
forças estranhas, forças demoníacas, sobrenaturais?
-- Nesse momento, eu não consigo responder essa pergunta. Mas
posso te dizer que, o que aconteceu dentro desse lago, não foi algo normal.
Nos, vestimos, pois até aquele momento estávamos nus.
-- Eu preciso te contar uma coisa. – Disse eu, colocando a minha mão
sobre o seu peito másculo.
-- Eu sei. Eu percebi, mas preferi esperar...
-- Brígida sabe quem você é.
-- Sabe? – Ele franziu a testa.
-- Você é de Lós Angeles, você mora lá.
-- Tem certeza? Ela é mesmo confiável?
-- Sim.
-- E o quem eu sou afinal? Ela te disse?
-- Disse. Olha, eu sei que vou perder você, quando eu te contar...
-- Me perder? Por quê? Eu amo você... Eu até estava pensando em te
pedir em casamento.
Eu sorri. Mas em seguida entristeci.
-- E eu me casaria com você, mas quando você souber quem é, vai
com certeza esquecer que um dia me conheceu.
-- Está me deixando ansioso, Thala, quem eu sou afinal?
-- Um padre. Você é um padre!
Capítulo 29
(RAVEL Krentz)
Eu não sei que coisa era aquela que tentou me estrangular no fundo
do lago, mas eu tenho certeza que normal não era.
Enfim, eu vi a morte de perto, e se não fosse Thala, eu teria morrido.
Eu amo Thala, eu tenho certeza absoluta. Mas eu percebi que depois
que Brígida chegou, ela se tornou um pouco ausente, preocupada.
Que eu sabia que ambas, estava dividindo um segredo, eu não tinha a
menor dúvida.
Mas eu nunca imaginei que o segredo que elas dividiam, eram sobre
mim, e muito menos, que Brígida havia me reconhecido e dito a Thala que
eu era padre.
Quando Thala me contou sobre isso, ali a beira do lago, eu comecei a
rir.
Thala estava brincando comigo, é claro!
Eu não parava de rir, mas Thala, me, olhava com total seriedade, não
dando a mostra, de que estava brincando.
-- É brincadeira isso o que você disse, não é? Como eu posso ser
padre, se eu amo você, se tenho um verdadeiro tesão por você? Como?
-- Eu gostaria realmente que fosse brincadeira, mas não é. Você é
padre e a polícia está investigando o seu desaparecimento.
Dei as costas para Thala. Acho que pela centésima vez, meus olhos
contemplaram o lago.
Aquilo não podia ser possível!
Quem então havia me espancado daquele jeito, a ponto de me fazer
perder a memória?
-- Ela sabe quem tentou me matar?
Voltei o meu olhar para Thala. Eu não podia ser padre! Eu amava
aquela mulher!
Como eu era padre? Como? Por que eu havia escolhido ser padre?
Thala demorou a me dar a resposta, e por alguns segundos, eu pensei
que ela já soubesse quem havia tentado me matar.
-- Não. Ela não sabe. Você fez uma coisa, que ninguém mais sabe a
nãos ser Brígida e agora eu.
-- Eu fiz uma coisa? Nossa, a minha vida é uma verdadeira caixinha
de surpresa! – Disse eu sarcasticamente. – Que coisa eu fiz?
-- A filha de Brígida, a Maia, gostava de você e acabou de seduzindo.
-- O que? Você está querendo me dizer que mesmo, eu sabendo que
era padre, mesmo eu a frente da igreja, eu fui pra cama com uma mulher?
Nossa, que espécie de padre, eu era afinal?
-- Você engravidou a filha dela.
Novamente a minha expressão era de espanto.
-- A filha dela queria que você largasse a igreja para assumir ela e o
bebê, mas você não quis. Mas você prometeu ajudá-la com o bebê.
-- Mas não quis ficar com ela. – Confirmei.
-- E o pior aconteceu. Maia tentou um aborto e acabou morrendo!
Capítulo 30
(Thala Dill)
Mesmo ele sendo um padre, ele não ia acreditar que uma peruca feita
com os cabelos de Maia, foi que o havia tentando estrangulá-lo no fundo do
lago.
Ravel disse que precisava ficar um pouco sozinho, que ia dar uma
volta, por isso, não voltou para casa comigo.
Brígida já estava cuidando do jantar, quando eu entrei na cozinha.
Já estava escurecendo.
Quando eu contei a ela o que havia acontecido no fundo do lago, ela
quase cortou os dedos enquanto picava algumas cenouras.
-- Eu a joguei no lago bem longe daqui, e pelo horário, foi questão de
minutos, ela ter chegado até vocês.
-- Será que eu nunca terei paz, e nem Ravel? Ele quase morreu, eu
quase o perdi. Contei a ele que ele é padre, falei sobre Maia, mas não disse
nada sobre a força maligna! Mas ele acredita sim que o que aconteceu no
lago, não foi algo normal.
-- Devia ter contado a ele sobre a peruca. Sobre os cabelos de Maia,
sobre tudo!
-- Dizer a ele que fui eu que quase o matei?
-- Mas não foi você!
-- Até eu conseguir convencê-lo, já terei passado um bom tempo na
cadeia.
-- Acha que ele te deixaria ir para a cadeia? Se ele te ama como diz,
ele não deixaria você ir pra cadeia.
-- Eu não sei o que pensar, Brígida, eu não sei o que pensar. O meu
medo é que a qualquer hora a polícia apareça aqui, e me leve em cana,
entendeu?
Disse Brígida que iria para o meu quarto. Pedi a ela para não me
incomodar, que eu queria ficar sozinha.
Entrei no meu quarto de cabeça baixa, profundamente preocupada.
Se eu fosse presa, a minha vida como escritora, poderia ser arruinada.
Presa e o odiada pelo homem que eu amava, com certeza esse seria o
meu futuro.
Levantei a cabeça, e o que os meus olhos viram, tirou um grito
profundo da garganta.
Ali no meu quarto, no mesmo lugar onde estava antes, encontrava-se
o manequim, com a peruca dos cabelos de Maia, na cabeça.
Capítulo 31
(Thala Dill)
(Ravel Krentz)
(Thala Dill)
(Ravel Krentz)
(Ravel Krentz)
Eu vi Thala cair, quando recebeu o tiro que era para mim. Mas
quando eu corri em direção a ela, aconteceu o segundo disparo.
O tiro atravessou o meu corpo, e eu ainda tentei me manter sobre o
meu corpo, e não cair.
Mas não consegui.
Eu cai!
Enquanto eu caia, novamente eu ouvi o helicóptero, e em seguida as
sirenes do carro policial, chegando ao lago.
Arrastei-me pelo chão, tentando chegar até Thala. Eu queria saber
como ela estava. Se ainda restava algum sopro de vida nela.
Enquanto eu me arrastava, deixando um trilho de sangue pela sala, eu
ouvi outro disparo.
Brígida caiu perto de mim, com os olhos abertos e a cabeça estourada.
Ela tinha levado à pistola a cabeça e disparado.
Consegui chegar até Thala, e quando segurei em sua mão, aconteceu
um estrondo, a porta foi aberta e eu vi os policiais entrarem antes deu
mergulhar na mais completa escuridão.
Capítulo 37
(Thala Dill)
(Thala Dill)
(Ravel Krentz)
Prólogo
(GIANNIS Blacktone)
Será que ela existe? Se ela não existe, então porque eu sempre sonho
com ela?
O sonho é sempre o mesmo. Eu em uma cidade, que eu sei muito
bem que não faz parte daqui da Grécia, mas em, outro país qualquer.
Partes da cidade são tomadas por nuvem de poeira. A cidade havia
amanhecido com tons de marrom, quando vários pontos da cidade foram
invadidos por nuvem de poeira.
Aparentemente o vento forte atuando em grandes áreas de
queimadas, sem cobertura vegetal, levantou a poeira no chão. Em algumas
ruas, a visibilidade estava reduzida, mas eu podia muito bem vê-la, bem ali,
no meio da nuvem de poeira.
Eu tentava alcançá-la, mas ela desaparecia em um redemoinho, me
deixando apenas com a mão estendida para tocá-la.
Linda, bela, ela era uma deusa.
A minha deusa!
Se ela existisse, se não fizesse parte apenas dos meus sonhos, um
dia eu a encontraria. E ela seria minha, custasse o que custasse!
Tudo que eu quero eu consigo, não apenas objetos, fortunas, mais
também mulheres!
Sou um bilionário grego, magnata dos negócios.
Meu pai começou a construir a fortuna de nossa família em 1930,
como comerciante e mais tarde armador.
Ele transformou seu negócio em uma frota de navios na década de
1970. Ele desenvolveu uma série de interesses comerciais nas áreas de
transporte marítimo, imobiliário, construção e petróleo, além de bancos e
finanças.
Depois da morte do meu pai eu assumi a direção de todos os
negócios.
Ainda não me casei, por enquanto não quero me prender em
nenhuma mulher.
Mas eu sei que um dia, eu terei que fazê-lo!
Capítulo 01
(Blanka Bianchi)
O sujeito bonitão estava atrás de mim. Com certeza ele devia ser
traficante de mulheres, e estava querendo me pegar para me fazer de
escrava sexual em outro, país.
Não era a primeira vez que alguém estava a minha procura. Antes já
havia aparecido outro sujeito, colhendo informações ao meu respeito.
Claro que os outros sem teto disseram que não me conhecia. Mas
não demoraria muito, para alguém contar, onde me encontrar, em troca de
algumas moedas.
Continuei correndo, decidida a não deixar o traficante de mulheres
me pegar.
Me, escondi na escuridão, me escondi atrás de caçambas de lixo, de
tambores e o diabo a quatro.
Ele não podia me pegar!
Traficante de mulheres, ou traficante de órgãos, ele devia ser
qualquer uma dessas duas coisas.
Mas o meu palpite era que ele era traficante de mulheres.
Estava em um beco escuro, cheio de lixos. Os sacos de lixo
impediam-no de me ver.
Meu coração estava acelerado! Eu podia sentir o medo atravessar
todo o meu corpo.
Talvez ele me matasse naquele momento, talvez ele fosse um serial
killer e não um traficante de mulheres, ou de órgãos.
Se ele me encontrasse, eu poderia terminar morta naquele beco. Ele
arrancaria o meu coração, as minhas vísceras, como Jack o estripador fez
com as suas vítimas no passado.
Não importava se o homem era bonito, ou tinha boa aparência.
Esses eram os piores.
Eram esses que enganavam mocinhas ingênuas! Eles jogavam o seu
charme, e quando elas percebiam, já estavam presas em sua teia.
-- Moça, eu quero apenas conversar com você. – Ouvi a sua voz.
Ele estava bem próximo.
-- Dependendo de suas respostas, eu quero lhe fazer uma proposta.
Ele estava mais perto! Eu estava encolhida em um canto, meus
braços abraçando com firmeza os meus joelhos.
-- Moça, eu não sou nenhum bandido. Se você me ajudar, eu posso
ajudar você. Eu só preciso saber se você é virgem!
Gelei. As minhas suspeitas haviam se confirmado. Ele era traficante
de mulheres, e uma virgem valeria muito mais lá fora.
Virgem!
Ou talvez ele fosse um bruxo! No passado sacrificavam virgens, e
eu já tinha ouvido falar que faziam isso até hoje.
Quando eu vi, talvez já fosse tarde demais.
A única coisa que eu pude fazer foi gritar, quando vi do nada, o
machado se erguer!