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Copyright "©" 2020 por M. M.

Lopes
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Está é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produtos da


imaginação do autor.

Imagem de foto da capa foto criado por svetlanasokolova -


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Sumário
PRÓLOGO
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Epílogo
Outras obras de M. M. Lopes
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 01
Querido leitor,
Aqui estou eu com mais um livro. Nesse livro, será abordado o
sobrenatural.
Espero que vocês gostem, pois tem também muito romance.
Boa leitura!
Obrigado,
M. M. Lopes
PRÓLOGO

Brígida estava no alto do penhasco com a peruca nas mãos.


Era uma peruca de cabelos negros, com fios compridos.
Lá embaixo, o mar estava agitado e perigoso.
O vento soprava contra o corpo de Brígida, quase a lançando, ao mar.
Mas seus pés estavam firmes ali, feitos tentáculos.
Quem ia ser lançada ao mar não seria ela, e sim a peruca!
Brígida lançou a peruca ao mar!
Capítulo 01

(Thala Dill)
Antes

Fim.
Eu havia colocado um, ponto final no meu mais novo livro! Mais um
trabalho realizado, morando sozinha naquele pedaço do paraíso, próximo ao
lago.
Sou escritora de romances policiais, todos, Best-seller com
adaptações para a TV e cinema.
Devo dizer que já consegui tudo o que eu queria! Quer dizer, tudo
não.
Ainda faltava uma coisa, que era o amor da minha vida. Eu não tinha
nenhum homem para poder amar e chamar de meu.
Não que eu fosse uma mulher feia, sem atrativos. Ao contrario, eu era
bonita.
Meu cabelo era loiro, meus olhos verdes e o meu corpo estava no
peso certo. Sim, eu tinha também um belo corpo.
Mas eu era esquisita. De um ano para cá, havia, me tornado uma
mulher estranha, sempre tendo sérios apagões de memória!
Não. Isso não prejudicava na criação dos meus livros, mas me
deixava assustada.
Era como se eu deixasse, de existir naqueles dias que o apagão
envolvia a minha mente.
Se, tinha medo? Claro que tinha! Eu não sabia realmente o que estava
acontecendo comigo.
Estaria ficando louca?
Ou era falta mesmo de homem?
Não ia procurar ajuda médica, pelo menos não por aquele momento.
O mais estranho era que sempre que eu voltava do apagão, eu estava
com a peruca. Era uma peruca linda, de cabelos negros e fios compridos
que eu havia comprado.
Eu nunca conseguia me lembrar, quando eu pegava a peruca, no
manequim, que ficava em meu quarto.
Quando eu vi a peruca na vitrine da loja pela primeira vez, foi como
se algo me puxasse para ela.
Achei-a linda, e me peguei imaginando, como eu ficaria de cabelos
negros.
Então a comprei!
Sobre a minha vida sentimental, não havia nenhuma novidade.
Aos trinta anos, ainda era virgem. Eu não havia encontrado nenhum
homem, com o qual valesse a pena perder a minha virgindade.
Às vezes, nem eu sabia por que não havia me interessado por nenhum
homem.
Muitos já haviam tentado me seduzir, me conquistar, me levar para
cama, mas eu definitivamente não me sentia atraída.
Não. Não era lésbica. Eu queria um homem sim, ansiava por um, mas
desde que eu o amasse infinitamente.
Quantas vezes no lançamento dos meus livros, em noites de
autógrafos, belos homens me convidavam para jantar, ir ao cinema, ou fazer
outras coisas, mas, seu simplesmente mentia, e dizia que já tinha alguém.
Mas quem era esse alguém? A imprensa sempre fazia essa pergunta,
pois não me vinham com ninguém.
Sai de trás do computador e me aproximei da janela.
Dali eu tinha uma bela visão do lago, que estava logo adiante. Ali
tudo era tão gostoso, calmo e tranquilo, que eu não me imaginava voltando
a morar na cidade.
Eu não tinha medo de viver sozinha em um lugar isolado, eu amava.
Dava para eu trabalhar tranquilamente em meus livros, sem ouvir buzinas,
gente brigando e gritando na rua.
Meus pais não gostavam muito, diziam que eu estava louca em ir
morar naquele lugar tão isolado.
Ao ver o meu barco ali no lago, me deu vontade de velejar, mas
então, percebi as nuvens escuras que começavam a se formar no céu, e vi
que não seria uma boa ideia.
Meu telefone começou a tocar ali, na minha mesa, ao lado do
computador. Era um telefone de fio, antigo, mas que eu achava bonito.
-- Thala, como você está? – A voz de Brígida soou do outro lado da
linha.
Brígida era tipo uma mãe para mim. Ela havia perdido a sua filha há
um ano.
Nos, conhecemos no dia em que eu comprei a peruca, ela era a dona
da loja de perucas.
Ficamos conversando por alguns minutos, então ela me perguntou
sobre a peruca.
-- Quase não saio para usá-la, Brígida. E depois, eu acho que gosto
mais dos meus cabelos verdadeiros.
-- Deveria usá-la sempre, você fica mais bonita de cabelos negros.
Dei uma risada e nos despedimos. Se eu ficava mais bonita de cabelos
negros, era só pintá-los, mas eu não tinha interesse.
Não comentei com Brígida sobre os meus apagões. Eu não queria
preocupá-la.
Sentei novamente na frente do meu computador e comecei a ler o
livro que eu havia acabado de colocar, um ponto final.
Quando cheguei à cena de sexo que eu havia escrito entre os
protagonistas, fiquei excitada e com o rosto afogueado!
Não era fácil escrever uma cena de sexo, sem nunca ter feito. Minhas
amigas era quem me contavam tudo, me dizendo o quanto era bom, e o que
eu estava perdendo.
Elas me contavam tudo nos mínimos detalhes, e agora lendo a cena
em que os protagonistas se entregavam de corpo e alma um ao outro, eu me
imaginei nos braços do meu último protagonista, sendo possuída por ele.
Ele era um homem másculo, viril e arrebatador que eu havia criado.
Era dono de uma beleza loira, com barba, tipo um viking.
Sem perceber, eu joguei a minha cabeça para trás, comecei a gemer e
a tocar entre as minhas pernas, como uma gata no cio!
Quando eu me acalmei e percebi o que estava fazendo, eu me senti
envergonhada.
O homem que eu queria, era ele o protagonista do meu último livro.
Loiro, forte e lindo!
De repente, senti como se alguém estivesse me chamando em meu
quarto.
Caminhei para lá, e quando entrei em meu quarto, a primeira coisa em
que os meus olhos pousaram, foi no manequim, na peruca de cabelos
negros que estava sobre a sua cabeça.
Capítulo 02

Dois dias depois...


Assim que Brígida abriu a porta, um sorriso envolveu o seu rosto, e
ela a abraçou.
-- Que bom, filha, que você está de volta.
A expressão no rosto da hóspede era, de prazer, e ao mesmo tempo de
frieza.
Ela caminhou com a mala para o quarto, enquanto Brígida a seguia.
-- Troquei os lençóis. Está tudo limpo e perfeito para você.
Ela deixou a mala ao lado da cama, e se jogou sobre o colchão macio.
-- Você viu, ele nos últimos dias? Desta vez eu demorei um pouco a
voltar, não é?
Brígida que tinha um sorriso no rosto congelou-se com a pergunta.
-- Não.
-- Não tem ido à missa?
-- Não na igreja dele.
-- Podia me deixar um pouco sozinha, mamãe? – Perguntou ela
deitada na cama, com os olhos fixos no teto.
-- Claro. Vou prepara o almoço.
Assim que Brígida deixou o quarto, ela pegou o telefone.
Discou rapidamente.
-- É da floricultura?
Após encomendar o buque de flores, e dar o endereço, ela completou:
-- Coloque assim no bilhete, por favor: De Maia Rangel para o padre.
A pessoa do outro lado da linha, perguntou se o padre não tinha
nome.
-- Claro que tem! Mas eu quero que coloque apenas padre! Eu sempre
mando assim.
Maia deu uma gargalhada e a jovem no balcão da floricultura se
assustou.
– Manda hoje? Ótimo!
Todas as vezes que Maia voltava, ela ligava para a mesma floricultura
e pedia para mandar um buque de flores para o padre.
Após desligar, Maia postou-se diante do espelho.
Ela sempre gostou da cor dos seus cabelos: Negros como carvão, ou
como a noite sem lua.
Ela sempre os usou compridos. O que ela mais gostava dela, eram
seus cabelos.
Pegou a escova, e a deslizou suavemente pelos fios.

Brígida parecia feliz na cozinha, enquanto picava alguns legumes. Era


tão bom tê-la de volta.
Mas Brígida também estava preocupada, pois a sua filha não estava
bem.
Ela ainda pensava em vingança, e isso não era bom.
Brígida não queria que ninguém se ferisse. Ela amava quando Maia
aparecia, mas ela não queria que ninguém se machucasse por causa de sua
filha.
Teria sido tão bom se ela e Thala tivessem se conhecido. Teriam sido
grandes amigas.
Mas agora não dava mais para uni-las, pois sempre que uma vinha
visitá-la a outra não podia.
As duas eram suas meninas, o seu bem mais precioso.
Brígida sabia que tinha que ficar de olhos em Maia, não podia deixá-
la fazer nenhuma besteira.
Brígida percebeu que as coisas estavam ficando sérias, quando Maia,
disse, a ela, quase uma semana depois, o que tinha em mente.
Brígida ficou assustada, apavorada.
Se fosse para ser desse jeito, Brígida não queria que ela voltasse.
-- Eu vou matá-lo, mamãe! Eu vou matá-lo!
-- Matar um padre? Pelo amor de Deus, não!
-- Ele acabou com a minha vida!
-- A culpa não foi só dele! Você o seduziu! Você sabia que ele nunca
deixaria o sacerdócio pra ficar com você! Você que acabou com a sua vida,
lembra?
Capítulo 03

(Thala Dill)

Eu não me lembrava de nada. A última coisa que eu me lembrava, foi


de ter estendido a mão em direção ao manequim em meu quarto, e ter
pegado a peruca.
Eu não me lembrava de tê-la colocado na cabeça. Mas também não
me lembrava de tê-la tirado.
Eu despertei com ela em minhas mãos ali, naquela cama.
E o pior, foi, eu ter descoberto, que já havia passado praticamente
uma semana, desde que terminei o meu livro.
Eu não sabia o que eu tinha feito, durante esses dias, eu não
lembrava! Eu não me lembrava de ter tomado banho, eu não me lembrava
de ter trocado de roupa, eu não me lembrava de nada.
E eu tomei banho, e troquei de roupa.
A roupa com o qual eu estava não era, a mesma que eu usava quando
tive novamente o apagão.
Eu estou apavorada, pois não sabia o que eu andava fazendo durante
esses apagões!
E se eu estivesse machucando alguém?
Coloquei a peruca sobre a cabeça do manequim.
Seria mente cansada de tanto criar histórias? Eu praticamente nunca
parava, era um livro atrás do outro.
Talvez se eu contasse tudo a Brígida ela me ajudasse, sem ser preciso
eu procurar um médico.
Brígida era descendente de índios, conhecia tudo sobre ervas. Talvez
alguma coisa preparada por ela, pudesse me ajudar.
Eu precisava ter ligado para o meu editor, e dizer que já havia
terminado o livro, e não fiz nada disso.
Com certeza ele já tivesse me ligado.
Eu não podia dizer a ele, que simplesmente eu havia me desconectado
por uma semana, como se fosse um robô.
Ele simplesmente não acreditaria, ou diria que eu estava louca.
Quem sabe umas boas férias, não me faria voltar o que eu era antes?
Pensei em ligar para minhas amigas, e convidá-las para um cruzeiro
pelo Caribe, pois viajar sozinha, não era nada agradável.
Então lembrei que todas elas agora, eram mães de recém-nascidos e
estavam muito bem casadas.
Portanto não estava nos planos delas um cruzeiro.
Um homem.
Era isso!
Eu estava precisando de um homem. A falta de sexo, ou, melhor a
falta por nunca ter feito sexo, estava me deixando com um parafuso a
menos.
Mas falta de sexo deixava a pessoa louca?
O homem que eu queria, era do tipo o personagem desse meu último
livro, com o nome de Ravel.
Loiro, forte e lindo!
Fui até a cozinha, e tomei um copo com água, para me acalmar.
Pouco a pouco a minha respiração foi normalizando e o meu coração
começou a bater em ritmo normal.
Mas só começou, pois assim que eu ouvi uma forte batida na porta,
ele disparou, mas desta vez não de desejo como da outra vez, mas de susto!
Não me movi.
Fiquei em silêncio! Talvez quem estivesse do outro lado da porta
acreditasse que não houvesse ninguém em casa.
Mas as batidas continuaram!
Lembrei-me de minha arma, com o pente cheio de balas, em meu
quarto.
E se a pessoa que estava batendo, acreditasse que não havia ninguém
em casa, e ao invés de ir embora, invadisse a casa para comer, ou, até quem
sabe para dormir uma noite?
Peguei a faca na cozinha. Não havia tempo para ir até o meu quarto
apanhar a minha arma.
Aproximei-me da porta com a faca levantada.
-- Quem é?
Durante aqueles dois meses que eu estava ali, ninguém que morava
nas redondezas, haviam me procurado.
Ninguém havia ido me procurar para me dar as boas vindas, por fazer
parte do Lago Faisal.
-- Dona... Preciso de sua ajuda.
Uma voz masculina do outro lado da linha sobressaltou-me.
Um homem. Eu ainda não havia visto um homem depois que tinha
ido morar no Lago Faisal.
O vizinho mais próximo, nem dava para ver a casa dele, e eu nem
sabia quem era.
Uma voz rouca, grossa, sensual?
Sensual? Era isso, eu estava achando a voz de um desconhecido que
eu nem tinha visto o rosto, sensual?
E se fosse um psicopata? Um ladrão? A falta de homem estava me
deixando louca, mas também a culpa era minha, eu havia rejeitado todos!
-- Vai embora, por favor! – Pedi, ainda com a faca erguida, com os
olhos fixos na porta.
-- Dona, eu preciso de sua ajuda. Preciso de uns trocados, para ir até a
cidade mais próxima e pegar um ônibus. Se quiser eu posso deixar a minha
identidade com você, mas, por favor, me ajude.
-- Eu sinto muito, mas eu não posso te ajudar.
-- Não vou lhe fazer nenhum, mal, dona, eu só preciso de uns
trocados para uma passagem de ônibus.
Ele suplicava, e o meu coração parecia querer ceder, e abrir a porta.
E se eu negasse ajuda a uma pessoa, que estava sem intenção de me
fazer nenhum mal, e querendo realmente somente a minha ajuda?
Mas e seu eu abrisse a porta, e ele fosse realmente um assassino e me
atacasse?
Pensei em meus pais, que nunca quiseram que eu fosse morar ali!
Será que eles estavam com a razão?
-- Qual é o seu nome?
-- Ravel Krentz!
Me, esquecendo completamente do perigo que poderia estar do outro
lado da porta, abria-a com a faca erguida!
O homem pulou para trás assustado!
-- Você está de sacanagem comigo?
Perguntei com uma fúria intensa no olhar!
Se ele não fosse um assassino, teria se arrependido por ter batido em
minha porta, da forma como foi recebido!
Era um belo homem que estava ali na minha frente, que mesmo sujo,
com sangue seco no rosto e descalço, transpirava masculinidade por todos
os poros.
Ele não tinha só o nome do protagonista do meu último livro, ele era
ele fisicamente!
Capítulo 04

(Ravel KRENTZ)

Eu acordei com parte do meu rosto, enterrado na água do lago. Tentei


me levantar, mas o meu corpo todo doía e a cabeça também.
Ao ver a minha imagem na água, vi hematomas e sangue seco em
meu rosto.
Me, sentei na margem do lago, ainda não era o momento de ficar de
pé.
Olhei em volta, tentando descobrir onde eu estava. Quem me havia
levado para aquele lugar, e quem havia me espancado?
Acho que depois de cinco minutos, consegui me levantar. Eu acho
que não havia quebrado nenhum osso.
Eu estava descalço, de calça jeans e camiseta branca. Eu não me
lembrava de quem eu era, do meu nome, de nada!
Apalpei o meu bolso, a procura de alguma identificação de quem eu
era, e encontrei a minha carteira de habilitação e mais nada.
Nenhum centavo no bolso!
Olhei para a foto naquela carteira, era o mesmo rosto que eu tinha
visto há poucos minutos ali refletido nas águas do lago, só que sem
hematomas!
Ravel Krentz, então era assim que eu me chamava.
Tentei dar alguns passos, mas a dor nas pernas afugentava qualquer
esperança de conseguir sair andando.
Olhei para o céu e vi nuvens escuras que começavam a se formar.
Perfeito! Era só o que faltava!
Não me lembrava de quem eu era, onde estava e para piorar uma
tempestade estava a caminho.
Eu só sabia que me chamava Ravel Krentz, por causa da carteira de
habilitação.
Com muita dificuldade, dei alguns passos. Olhei em volta, e vi o lago,
a vegetação e casas a distância.
Eu precisava de ajuda, não restava a menor dúvida. Escolhi a casa,
que parecia ser a mais perto e fui avançando, dando alguns passos e
vencendo a dor.
Me, senti aliviado, quando me vi diante daquela porta.
Vários pássaros passaram voando em direção ao lago. E foi então, que
eu bati a porta.
Eu não tinha muita esperança que a pessoa, que morava naquela casa
me ajudasse.
Afinal eu era um desconhecido e naquele momento, eu me sentia um
ninguém.
Eu não podia deixar de lado a possibilidade de eu ser um ninguém, ou
até mesmo, um ladrão, um assassino!
Mas quando eu disse o meu nome, e aquela bela mulher abriu a porta,
segurando aquela faca, eu assustei!
Capítulo 05

(THala Dill)

Eu ainda continuava em estado de choque olhando para aquele


homem, que além de ter o mesmo nome do protagonista masculino do meu
último livro, era ele fisicamente igual.
Olhei para a faca e para o homem, que, se quisesse me atacar, já o
teria feito.
A cara de assustado dele, me, fez baixar a faca.
-- Desculpe. Eu não queria incomodar. Eu já vou indo...
-- Não. Espere! Você disse que o seu nome é Ravel? Ravel Krentz?
-- Sim. A senhora me conhece?
-- Não. Mas conheço alguém com o mesmo nome. O que aconteceu
com você?
-- Não sei. Eu não me lembro de nada.
Devia ser brincadeira! Aquele sujeito devia estar zoando com a minha
cara.
Primeiro ele dizia ter o nome e sobrenome do mesmo personagem do
meu livro, e agora me dizia que não lembra, de nada?
Alguém devia ter mandado aquele belo macho na minha porta, para
tirar um sarro da minha cara, que mesmo sujo de sangue, era lindo.
Mas quem?
Ninguém conhecia a história do meu último livro, que nem havia sido
lançado. Apenas eu!
Coincidência, você criar o personagem, com as características físicas
com o mesmo nome e sobrenome de alguém que já existe? Era tipo um
sinal do céu, que o meu príncipe encantado havia batido na minha porta?
O homem mesmo sendo forte, com um físico privilegiado, estava
assustado por eu ter aberto a porta com a faca na mão.
-- Se você não se lembra de nada, então vai pra onde?
-- Não sei. Para qualquer lugar onde há muita gente.
Ele enfiou a mão no bolso, e por algum momento pensei que ele fosse
sacar um canivete, ou estilete. Ma não.
Ele tirou do bolso a sua carteira de habilitação e me entregou.
-- Por favor, fique com esse documento como forma de garantia de
que eu vou voltar e pagar à senhora. Mas, por favor, me arrume o dinheiro
para a minha passagem.
Mas uma vez ele suplicava, e eu me senti incomodada, com pena
dele.
Estava machucado, ferido e com certeza com fome. Eu seria louca se
o deixasse entrar e oferecesse a ele um banho e comida?
Se ele fosse um assassino, um ladrão, eu seria louca sim, mas se ele
não fosse nada disso, eu seria uma covarde e sem coração!
O que eu podia fazer naquele momento?
Arriscar?
Isso sem falar que, quem havia feito aquilo com ele, devia estar atrás
dele! Era difícil dizer se aqueles hematomas eram da pancada que ele havia
recebido, ou de um acidente de carro.
A expressão no belo rosto dele implorava ajuda.
-- Já pensou na possibilidade que quem te machucou, esteja atrás de
você? Pode ser algum bandido que fez isso com você, ou então você pode
ter fugido de algum presídio e a policia esteja atrás de você.
-- Concordo, dona. Posso ser um ladrão, mas assassino não. Eu
mesmo não me perdoaria se a minha memória voltasse, eu descobrisse que
sou um assassino.
Estava escurecendo. Não demoraria e a noite cairia por completo.
Um vento frio veio do lago, e as nuvens escuras no céu que antes
eram poucas, agora haviam dobrado.
Mesmo que eu desse o dinheiro para ele, do jeito que ele estava, ele
não iria muito longe sem nenhuma, condução e com chuva.
-- Entre. – Eu nem acreditei que disse aquilo.
Se minha mãe soubesse, diria que eu era uma louca!
-- O que? – Eu não esperava que ele fosse reagir tão espantado.
Eu acho que ele próprio acreditava que eu era louca, por deixar um
desconhecido sujo entrar na minha casa.
-- Eu disse para você entrar. Precisa de um banho. Eu cuido dos seus
ferimentos, faço alguma coisa para você comer, você fica alguns dias aqui,
assim depois que você estiver completamente recuperado, você me paga
concertando alguma coisa na casa, e eu lhe dou o dinheiro para você ir.
-- Não. Eu não posso entrar.
-- Por quê? Está com medo de mim?
-- Não. Estou com medo de mim mesmo, pois nem eu mesmo sem
quem sou. E mesmo que eu seja uma pessoa do bem, alguém muito
perigoso pode estar atrás de mim, e eu não quero colocar a sua vida em
risco.
-- Você não é um cara perigoso. – Disse eu convencida disso.
-- Como pode ter tanta certeza?
-- Porque eu criei alguém, igual a você.
Dei alguns passos em direção a ele, ainda com a faca na mão. Os
olhos dele estavam fixos na faca em minha mão, acreditando talvez que eu
fosse golpeá-lo.
Soltei a faca, que foi ao chão, batendo no piso e provocando um
pequeno som.
Ele pareceu ficar mais tranquilo, pois a sua expressão suavizou.
Então, eu toquei o seu rosto, para ter certeza de que ele era realmente
real, e não o personagem do meu livro.
Capítulo 06

(Ravel Krentz)

Bela e louca.
Seria isso?
Aquela bela mulher onde eu havia batido na porta para pedir ajuda,
seria louca?
Ela me mandou entrar! Claro que eu não pensava em fazer mal a ela,
mas não era certo.
E aquela historia de tocar o meu rosto, querendo saber se eu era
mesmo real, me deixou perturbado.
Sem querer fechei os olhos, ao sentir a mão suave dela em meu rosto.
Meu rosto estava dolorido, mas o toque suave de sua mão agiu como
a um bálsamo.
Então ela parou de me tocar, se afastou sem jeito, percebendo que
havia se excedido.
Os relâmpagos começaram a riscar o céu, seguindo de fortes trovões.
Ela olhava para mim, dando-me total liberdade no olhar para entrar.
A chuva começou do outro lado do lago, e pouco a pouco os pingos
grossos foram se aproximando.
Ela pegou a faca no chão e entrou. E eu recebendo as primeiras
rajadas do vento no corpo, com os pingos de chuva, eu também entrei e
fechei a porta.
Um pouco receoso eu pisei no piso, tão limpo e brilhante, que eu
podia até ver o meu rosto nele.
-- Venha, eu vou te mostrar o banheiro. Pode demorar o tempo que
precisar. Eu não tenho roupas masculinas em casa, e nem o meu roupão vai
servir em você.
De fato não serviria. Ela era uma mulher pequena, não muito alta, e
eu um homem alto, forte.
-- Vai ter que ficar enrolado na coberta à noite toda, até amanhã,
quando eu trouxer alguma coisa para você, vestir.
-- Está sendo muito boa comigo, moça. – Disse eu, seguindo-a em
direção ao corredor.
No final dele, lá estava o banheiro.
Quando a água quente caiu em meus ferimentos, provocou uma dor
ardente. Mas o banho renovou as minhas forças.
Ela bateu na porta do banheiro e me entregou uma toalha limpa e
grande. Me, enxuguei e a enrolei na minha cintura, para sair do banheiro.
Claro que me senti sem jeito, quando abri, a porta e ela estava lá, para
me mostrar o quarto.
No quarto, ela pediu que eu me sentasse na cama e limpou todos os
meus ferimentos. Tentei esconder o meu colo com as mãos para que ela não
visse a ereção que havia se formado, devido as suas mãos cuidando dos
meus ferimentos.
Eu não queria sentir o que eu estava sentindo, mas eu não consegui
me conter. Quando terminou os curativos e ela disse que eu ficaria novinho
em folha, eu totalmente sem jeito e envergonhado, agradeci com um leve
sorriso.
Ela me deu remédio para dor, e algum tempo depois, enquanto a
chuva caia lá fora, ela voltou com um prato, agradável de comida.
Capítulo 07

(Thala Dill)

O filho da mãe era bonito, espetacular. Há muito tempo que eu não


via um homem tão sensual e belo como aquele.
Ele de banho tomado e mesmo com aqueles curativos, parecia um
galã de cinema.
E que peito era aquele? Largo, coberto de pelos dourados. Confesso
que eu não pude deixar de olhar, e encantar.
Ele bem que tentou esconder, no momento em que a toalha se
levantou, devido à ereção que ele teve, enquanto eu cuidava dos seus
ferimentos, mas não, adiantou.
Eu vi!
A chuva havia dado uma pausa e o silêncio era único naquele
momento.
Ali, deitada em meu quarto debaixo das cobertas, lembrei que não
havia dito como eu me chamava, a ele. Eu simplesmente não tinha me
apresentado e já o havia levado para debaixo do meu teto.
Minha mãe ficaria louca, se descobrisse o que eu havia feito. Mesmo
eu acreditando que aquele belo homem misterioso, no quarto ao lado, não
me faria nenhum mal, eu havia trancado a porta do meu quarto, e estava
com a minha arma com pente cheio de balas, debaixo do meu travesseiro.
Sem querer, imaginei-o nu, naquele momento debaixo das cobertas.
Eu não sabia se ele tinha costume de dormir nu, mas sem roupas para
usar, ele não tinha outra opção.
-- A sua comida estava uma delícia. Eu nunca esquecerei o que você
está fazendo por mim. – Me, disse ele quando eu fui pegar o prato no
quarto.
-- Quero que saiba que eu não tenho o costume de trazer
desconhecidos para dentro de casa.
-- Eu sei e está certa.
Ainda bem que ele estava debaixo das cobertas. Ele tinha levado a
coberta até a altura do pescoço e eu fiquei grata por isso. Assim evitaria que
eu tivesse sonhos eróticos com ele.
A visão que eu tive do peito largo dele na porta do banheiro, já era
suficiente.
Dei a ele uma escova, e pasta de dentes extras. Percebi que ele tinha
belos dentes, e quem quer que ele fosse, ia sempre ao dentista.
Depois que deixei o quarto em que ele estava e lavei alguns talheres
na cozinha, decidi que precisava descansar, pois, afinal eu havia tido um dia
diferente, naquele dia.
Agora ali no meu quarto, eu tinha lembrado que ele ainda não sabia o
meu nome.
Deixei que o sono me envolvesse, me sentindo completamente segura
ali, com a porta trancada, e minha arma debaixo do travesseiro.
Mas eu não sentia medo daquele desconhecido, que dormia no quarto
ao lado. Ele não parecia ser o tipo de homem cruel e assassino.
Eu sentia que ele não era esse tipo de pessoa. Não porque eu estivesse
encantada pela sua beleza, e sentisse me atraída por ele.
Atraída. Sim, eu estava atraída por ele. Podia ser loucura, mas eu me
sentia atraída por ele.
Pouco depois de adormecer, comecei a sonhar. No sonho eu corria
desesperada, com dois homens querendo me pegar em campo aberto.
De repente surgiu Ravel, montando em um cavalo, e começou a
disparar vários tiros nos homens que tentava me pegar.
Cada um deles caiu sem vida no chão, e Ravel, apenas com um braço,
me pegou e me jogou na garupa do seu cavalo.
Acordei com um grito! Por alguns segundos, acreditei que eu
houvesse gritado no sonho.
Mas assim que fiquei bem desperta, percebi que não havia sido eu que
gritara no sonho, e sim Ravel.
Ravel gritava por socorro, no quarto ao lado!
Capítulo 08

(Ravel Krentz)

Não. Ela não me disse o seu nome. E ali debaixo das cobertas,
inteiramente nu, a curiosidade de saber o seu nome, era tão forte que eu
pensei em bater em seu quarto para perguntar.
Mas eu não queria incomodá-la, mais do que já estava incomodando.
Ela já estava me ajudando muito, e eu era grato por isso.
Quando eu adormeci, eu não sonhei, eu tive foi um pesadelo macabro.
No pesadelo, eu estava dormindo. O quarto estava mergulhado na
semi, escuridão, tendo apenas a luz da lua entrando pela janela.
No pesadelo, eu acordei com dois homens em um quarto
desconhecido. Tentei me defender com uma pequena estatueta que estava
ao meu lado, sobre o criado mudo, mas os dois mascarados me
imobilizaram, e um deles perguntou onde estava o cofre, apontando uma
arma para a minha cabeça.
Comecei a gritar por socorro, totalmente desesperado.
Eu acordei com o meu próprio grito e com a minha benfeitora abrindo
a porta do quarto, com uma pistola em mãos.
Eu a havia acordado com o meu pesadelo, e me senti um idiota! Ela
olhava para todos os lados no quarto, acreditando que podia ter mais
alguém ali, além de mim. Porém depois, ela percebeu que eu havia tido
apenas um sonho ruim.
-- Me desculpe, por favor, me desculpe. Acordei você, não era essa a
minha intenção.
-- Tudo bem. Não se preocupe. Você não é a primeira, e nem a última
pessoa a ter pesadelos.
Eu puxei tanto o cobertor para esconder as partes mais importantes do
meu corpo, que um dos meus pés ficou para fora.
Percebi que ela riu, depois de já estar recuperada do susto que eu
havia lhe causado.
Com certeza ela tinha pensando, que a mesma pessoa que havia me
espancado, tivesse invadido a casa para terminar o serviço.
-- Por que está rindo? – Perguntei, mesmo sabendo o motivo.
Eu queria saber o seu nome, por isso, começar um papo seria bom.
Aquela bela mulher merecia tudo de bom, e melhor na vida, por ter se
arriscado a me ajudar, mesmo sem saber quem eu era.
-- Na sua urgência de esconder suas partes íntimas e seu peito largo,
seu pé ficou de fora.
Podia ser engano meu, mas eu acreditava que aquela bela mulher
estivesse atraída por mim. Eu um sujeito desmemoriado, que podia ser
qualquer coisa, estava despertando o interesse naquela bela mulher.
-- É melhor você ver apenas o meu pé, do que outras coisas. –
Respondi com um pequeno sorriso.
Olhei para a arma na mão dela. Claro que não estava apontada para
mim, estava abaixado, rente à perna.
Ela sabia como se defender, por isso morava sozinha naquele lugar.
Sozinha? Como eu podia ter certeza que ela morava sozinha? Ela
podia ser até casada, e o marido estivesse em viagem.
Meu Deus, como eu não pensei nisso antes? Claro, a, pancada, que,
eu, havia recebido me, impedia de pensar com clareza.
O fato dela se sentir atraída por mim, não a impedia de ser casada.
Muitas mulheres casadas iam para cama com outros homens.
Mas eu não queria mais problemas para a minha vida. Fosse o que
fosse que tivesse acontecido comigo, já era suficiente.
-- E se eu quisesse ter visto as outras coisas? – Perguntou ela me
pegando de surpresa, me deixando completamente sem jeito.
-- Mas eu tenho certeza que não queria ver. – Disse eu pondo um
ponto final naquela conversava que caminhava para um rumo sensualmente
perigoso.
-- Será que você era um sujeito tímido, antes de perder a memória?
-- Talvez. Você não me disse o seu nome.
-- Ah, sim. É verdade. Me, chamo Thala Dill.
-- Thala Dill? Esse nome me parece familiar, eu não sei.
-- Com certeza você já ouviu falar de mim, antes de perder a
memória. Sou escritora de Best-seller
-- Uau... Que interessante!
-- Será que você gostava de ler?
-- Com certeza. Eu quero acreditar que tudo que é bom, eu gostava de
fazer. Eu torço para que eu não tenha sido um cara mau. Tem algum livro
escrito por você para eu ler?
-- Tenho sim. Quando amanhecer depois do café da manhã, eu te
entrego um.
-- Thala. – Eu repeti o nome dela e de repente lembrei. – Diferente
-- Sim. Vou fazer um, chá, antes, de voltar para a cama, você aceita?
-- Com todo o prazer, Thala.
Ela se foi, deixando a suave fragrância do seu perfume no quarto.
Meia hora depois, ela voltou, com o chá.
Naquela ultima visita em meu quarto, não falamos nada, eu apenas a
agradeci.
Sem querer acabei roçando em sua mão, quando fui pegar a xícara.
Mas sempre debaixo das cobertas. Não sai da cama, enquanto ela estava no
quarto.
Era cedo demais para nos aproximarmos um do outro. Afinal, eu nem
sabia quem eu era.
E eu, de jeito algum queria trazer problemas para Thala.
Mas a atração que existia entre nos dois, estava mais forte, quando ela
deixou o chá e saiu do quarto.
Capítulo 09

(Thala Dill)

Era incrível, nem parecia que havia chovido na noite passada.


Eu estava indo para a cidade, que, ficava a duas horas do lago,
comprar roupas, sapatos, e chinelos para Ravel.
Eu ia aproveitar e comprar comida também, assim não seria preciso
eu voltar lá na semana seguinte.
Quando eu acordei pela manhã, eu fiquei surpresa ao ver Ravel só de
toalha, na minha cozinha, preparando o café.
A visão daquele homão na minha cozinha mexeu comigo. Descalço,
com a tolha enrolada na cintura de frente para o fogão, preparando ovos
mexidos.
A visão daquele homem ali, seminu, era mais linda do que o lago a
alguns metros dali.
-- Desculpe, se eu fui atrevido em usar a sua cozinha. Eu queria lhe
fazer um agrado, como forma de agradecimento pelo que está fazendo por
mim. E eu também queria descobrir, se antes do que aconteceu comigo, eu
sabia fazer alguma coisa na cozinha. Eu acho que sim, estou me dando bem.
O sorriso que ele lançou para mim, me, deixou de pernas bambas.
Rapidamente ele me serviu uma xícara de café preto e voltou a sua atenção
para os ovos mexidos.
Nossa, que café gostoso! Não era nem amargo e nem doce! Tomei
duas xícaras.
E devo confessar que os ovos mexidos de Ravel, ficaram
maravilhosos.
Mas a minha maior preocupação naquele momento, era de que aquela
toalha caísse, e mostrasse algo que eu estava doida para ver, mas ao mesmo
tempo, eu não queria ver.
Se a toalha caísse, seria constrangedor para mim e para ele. Ele não
quis os ovos mexidos, e disse que uma xícara de café estava de bom
tamanho para ele.
Eu o olhava intensamente, admirando aquele peito largo, aqueles
bíceps, e acho que isso o deixou bastante constrangido, por isso, ele disse
que ia me deixar à vontade e ia para o quarto.
-- Vou até a cidade agora, comprar roupas, e tudo que você precisar. –
Disse eu a ele, assim que o vi chegar à porta, que dava para a sala.
Ele parou. Mas não se virou para me olhar.
-- Por favor, compre só o necessário, não precisa gastar muito
comigo.
Eu não sabia quem era aquele homem, mas sabia que ele despertava
em mim, coisas que eu nunca havia sentido.
Ele parecia um garoto desamparado e eu sentia vontade de abraçá-lo e
dizer que tudo terminaria bem.
Antes que eu entrasse no carro, o telefone começou a tocar. Voltei
para atender.
Eu não queria que Ravel atendesse, pois podia ser minha mãe, ou
Brígida, e elas iam querer saber quem era o homem que havia atendido ao
telefone.
E de fato era uma delas! Era Brígida.
Ela queria saber como eu estava. Queria saber, se estava tudo bem
comigo. E eu garanti que sim, que tudo estava bem.
Era como se ela soubesse que alguma coisa estava acontecendo
comigo.
Assim que desliguei o telefone, fui para o carro.
O carro deu um solavanco, tirando por alguns segundos, Ravel dos
meus pensamentos e o telefonema de Brígida.
Um vento agradável entrava pela janela do meu carro, jogando todo o
meu cabelo para trás. Levantei um pouco o vidro, para não chegar à cidade
toda descabelada.
Capítulo 10

(Ravel Krentz)

Será que eu merecia tudo que Thala estava fazendo por mim? Eu
merecia a confiança que ela estava tendo em mim, me colocando para
dentro de sua casa e naquele dia, me deixando em sua casa para ir a cidade
comprar roupas para mim?
Eu merecia?
Não seria o mesmo que colocar a raposa tomando conta do
galinheiro?
Será que não passou pela cabeça de Thala, que eu podia estar fingindo
uma perda de memória, só para ela sentir pena de mim e me ajudar?
-- Não tem medo quando você voltar, eu não esteja mais aqui e tenha
levado tudo?
Eu fiz essa pergunta a ela, quando ela já entrava no carro. Eu estava
parado, enrolado na toalha, segurando uma almofada na frente.
Ela voltou-se para mim.
-- Acho que eu confio mais em você, do que você mesmo.
E assim ela entrou no carro e se foi.
Naquele dia, preparei o almoço, e quando ela chegou um aromo de
carne assada estava espalhado pela casa.
Ela tinha comprado até um relógio de pulso para mim, dizendo que
era necessário.
Calças, camisas, camisetas, cuecas, bermudas, tênis e sapatos. Ela
tinha trazido para mim, um guarda roupa, completo, e eu nem tinha ideia de
como conseguiria pagá-la se eu fosse um João ninguém e não tivesse
emprego.
Ali diante dela, eu fiquei emocionado, com a sua generosidade.
-- Obrigado. O homem que tiver você como esposa, será um sortudo.
Percebi que ela corou e não pude deixar de sorrir.
-- Vou me trocar e volto para servir você.
-- Não, não precisa. – Disse ela ainda meio tímida pelo elogio que eu
havia acabado de fazer.
-- Eu faço questão.
Puxei a cadeira para ela, desta vez, sem nenhuma almofada para
esconder a minha ereção que sempre entrava em ação quando ela estava por
perto.
-- Volto já.
Ela sorriu. E o sorriso pareceu abrir mais o seu rosto, deixando a mais
linda e serena.
Quase um mês havia se passado, desde que bati naquela porta. Os
meus ferimentos haviam se cicatrizado, e os hematomas desaparecidos.
Eu me sentia revigorado e sem nenhuma dor.
Mas estava cada vez mais difícil disfarçar o desejo que estávamos
sentindo um pelo outro.
Eu não podia me envolver, pois teria que ir embora a qualquer hora. E
como eu já estava recuperado fisicamente, era hora, de concertar, tudo que
era necessário naquela casa, para pagar o que ela havia feito por mim.
Mas descobri que havia pouca coisa para fazer ali. Pouca coisa para
concertar.
Percebi que a calha na varanda precisava ser, limpada, e no quintal,
onde havia um pedaço de terra, algumas, ervas daninha precisavam ser
arrancadas.
Era só fazer aquele pouco serviço, e então partir.
Aqueles dias passados ali com ela, fez bem não só aos meus
ferimentos externos, mas a minha alma também.
A gente conversou, rimos, cozinhamos juntos, mas sempre mantendo
uma distância um do outro, para não corrermos o risco de nos entregamos
ao desejo que sentíamos um pelo outro, para depois, nem eu e ela sofrer.
Naquele final de tarde, estávamos à beira do lago, admirando o por do
sol, quando falei.
-- Você é uma mulher incrível. Com certeza eu não conheci ninguém
como você! Você já teve alguém? – Perguntei ao seu lado, mas ambos com
os olhos fixos no lago.
Uma revoada de pássaros passou sobre nós.
-- Não.
-- Nunca amou ninguém?
-- Tirando o meu pai, minha mãe, minhas irmãs, minhas sobrinhas e
amigas não.
Sorri.
-- Não é esse tipo de amor que estou falando. Quero saber se você já
amou um homem?
-- Não. – Ela respondeu de imediato.
-- Por quê?
-- Por que eu nunca encontrei ninguém como você.
Senti meu coração acelerar. O que ela estava querendo me dizer? A
sua resposta era que ela estava me amando, era isso?
Segurei Thala pelos ombros delicadamente, e a fiz com gentileza se
virar para mim.
Quando vi lagrimas em seus olhos, meu coração se enterneceu mais
ainda por aquela mulher.
-- Está apaixonada por mim, Thala?
-- Apaixonada não, Ravel. Paixão é algo passageiro, o que eu estou
sentindo por você é amor. Eu te amo, droga, caralho! Por que você tem que
ser tão especial assim?
Eu dei uma risada, especial era ela. Ela incrível!
-- Especial, Thala? Eu nem sei quem sou. Eu posso ser qualquer
coisa! Eu posso ser um cafajeste, um assassino! E você me diz que eu sou
especial?
-- Eu sinto que você não é nada disso, Ravel, eu sinto.
Não pude deixar de acariciar o seu rosto naquele momento. Sentir a
maciez dos seus lábios com a ponta dos dedos.
Thala fechou os olhos. E eu simplesmente não me contive, e no lugar
dos dedos, coloquei a minha boca! Eu a beijei!
A, beijei, a beijei! Senti o gosto de sua boca, a maciez dos seus lábios
contra os meus. Thala gemeu, inebriada, se agarrando a mim ali na beira do
lago, aprofundando mais a sua língua na minha boca.
Capítulo 11

(Thala Dill)

Eu não sabia dizer como Ravel ficava mais bonito: Se com roupa, ou
só com a toalha enrolada na cintura, deixando a mostra aquele peito largo e
másculo.
Quando eu o vi de camiseta cavada, bermuda e tênis entrando na
cozinha para me servir naquele dia, eu descobri que já estava perdida,
enrascada, pois já estava amando aquele desconhecido.
O sujeito era um fenômeno de beleza e gentileza. Ele me serviu com
tanto carinho e suavidade, que eu perguntei a mim mesma, onde esteve
aquela espécie de macho esse tempo todo?
Sim, porque homens como aquele estava em extinção. Eu não
imaginava aquele homem matando, ou roubando alguém.
Enquanto os dias foram passando, a certeza de que eu queria me
envolver com ele, se tornava mais clara na minha mente.
Mas ao mesmo tempo, eu tinha medo, porque eu sabia que um dia ele
ia querer ir embora, para tentar descobrir quem era ele, ou, seja ter pelo
menos uma pista do seu passado.
Cada dia que passava a hora dele partir se aproximava, e com isso, eu
sentia o meu coração se afundar mais no peito. Eu parecia uma das heroínas
dos meus livros, eu começava a sofrer por amor.
Por isso, ali na beira do lago, se eu não dissesse que o amava, eu
nunca mais diria, e eu não podia deixá-lo partir, sem que ele soubesse.
Quando ele me beijou, eu senti viver, tudo que eu passava para o
papel o que as minhas heroínas sentia, quando seus homens a beijavam.
A língua dele explorou todos os cantos da minha boca, e eu me
agarrei a ele, como se ele já estivesse partindo!
Senti a força do seu corpo quente contra o meu, a pressão do seu pau
em meu ventre, e ânsia de senti-lo dentro de mim era desenfreada.
-- Diz que sente alguma coisa por, mim, diz! – Implorei para aquele
homem no qual eu me sentia tão intima dele, como se o conhecesse há anos.
-- Claro que eu sinto, Thala, é claro que eu sinto. Desejo você, e
também amo você. Mas eu não queria que isso acontecesse. Eu não sei por
que, mas eu tenho a impressão que não mereço você.
-- Para de bobagem!
-- Sou um cara sem memória, Thala, e só Deus sabe do meu passado.
-- Eu não importo com o que você foi no, passado! – Abraçada a ele,
encostei o lado direito do meu rosto, no peito dele.
Senti as batidas descompassadas do seu coração.
-- Você sabia que um dia eu teria que ir. Você sabia disso, eu sabia
disso, por isso lutei contra o que eu estou sentindo por você.
Ele segurou o meu queixo, e beijou novamente a minha boca.
-- Eu não quero que você sofra, e eu não quero sofrer também.
Peguei Ravel pela mão e fui caminhando com ele as margens do lago.
-- Para onde está me levando? – Ele perguntou enquanto o vento batia
contra nós, desalinhando os cabelos dele e os meus.
-- Que tal um passeio de barco?
-- Você tem um barco? – Ele perguntou surpreso.
-- Sim. – Confirmei apontando o barco para ele. – Aquele barco ali.
Quando chegamos ao barco, já não estávamos de mãos dadas, e sim
com o braço dele sobre os meus ombros e o meu em torno de sua cintura.
Quem nos visse naquele momento, diria que éramos marido e mulher,
ou então um casal de namorados.
Não fomos muito longe, pois já estava escurecendo, e quando
voltamos e entramos em casa, ele me pressionou contra a parede e me
beijou.
Passei os braços em torno de seu pescoço e correspondi ao beijo doce
e suave daquele homem.
-- O combinado foi o que você fizesse por mim, eu ia lhe pagar tudo,
concertando o que precisasse na sua casa.
Ele se afastou, me deixando com o corpo afogueado.
-- Vi que a calha está precisando limpar, o quintal precisando capinar,
mas mesmo assim, eu vou ficar te devendo, por todo dinheiro que você
gastou comigo.
-- Você não precisa pagar. – Disse eu começando a abrir os botões de
minha blusa.
-- Não? – Ele olhou para mim espantando.
Eu só não sabia dizer, se ele havia ficado espantado por eu ter dito
que ele não precisava me pagar, ou se era porque eu comecei a abrir os
botões de minha blusa.
-- Pelo menos não limpando calha e nem capinando o meu quintal.
Você pode pagar de outro jeito.
Desabotoei toda a minha blusa e tirei o sutiã, expondo os meus seios
para ele.
Ele engoliu em seco.
-- Você pode pagar tudo que eu fiz para você, fazendo amor comigo!
-- Oh, Deus.
Pensei naquele momento que Ravel fosse ter um troço, ele ficou
completamente pálido, com os olhos fixos em meus peitos.
Pensei na possibilidade de Ravel ser casado, de ter alguma esposa
esperando por ele em algum lugar, mas não me importei, eu o queria
naquele momento.
Ravel enterrou o rosto entre meus seios e começou a beija-los e
saborear cada um dos meus mamilos.
-- Você é tão linda, Thala, tão linda, tão cheirosa.
Enterrei meus dedos em seus cabelos, e deixei que sua boca, seus
lábios, dançasse, em meus seios e mamilos. Meu corpo todo se arrepiava e
eu gemia em um êxtase profundo.
Capítulo 12

(Thala Dill)

O telefone tocava. Mas para mim, parecia distante, quando se tinha


uma boca tão gostosa como a de Ravel devorando a minha.
Que tocasse. Eu não ia atender. Eu não quebraria aquele encanto de
forma alguma.
Ravel era tão suave, tão carinhoso e tempestuoso ao mesmo tempo,
com seus toques, e sua caricias em meu corpo.
Para mim Ravel era um anjo e nunca um demônio! Mas ele mesmo
tinha duvidas quanto ao seu caráter.
Eu não conseguia convencê-lo de que ele era um homem bom, e
integro.
Mas ele achava que eu podia estar enganada. Ele tinha medo que eu
me machucasse, caso ele estivesse certo e eu errada, em relação ao seu
caráter.
-- Tem certeza de que é mesmo isso que você quer, Thala, se entregar
a mim? – Perguntou ele parando de me beijar, mas afastando poucos
centímetros sua boca da minha.
-- Eu tenho, é claro que eu tenho.
-- Eu não quero que você sofra depois! E se eu for um cara procurado
pela polícia, como você vai ficar depois? – A expressão dele era de
preocupação, de total preocupação.
Nunca um homem na vida, a não ser o meu pai, se preocupou tanto
comigo, como eu via no belo rosto de Ravel naquele momento.
Naquele momento eu entendia porque nunca havia deixado nenhum
homem se aproximar de mim. Era porque Ravel estava destinado a mim e
eu a ele!
Eu não importava se ele fosse um fora da lei, procurado pela polícia.
Eu amava aquele homem.
Ravel me carregou para o quarto, sem parar de me beijar. Seus lábios
macios e firmes faziam de minha boca o seu paraíso particular.
Ele começou a me despir, sem pressa, sem desespero. Suas mãos
deslizavam sobre os meus seios, e depois a sua boca, desceu por eles, e pelo
meu ventre.
Às vezes eu duvidava que o que estava acontecendo, fosse realmente
verdade, e não um sonho maravilhoso.
Quando a última peça de roupa do meu corpo foi arrancada, no caso a
minha calcinha, ele se ajoelhou e enterrou a sua língua na fenda do meu
corpo, provocando em mim, pela primeira vez um orgasmo.
-- Ravel... – Murmurei extasiada, jogando a minha cabeça para trás,
num espasmo de prazer absoluto.
Ravel se afastou de mim, me deixando com o gosto de quero mais.
Ravel nu era uma visão do paraíso. Quem quer que ele fosse tava na
cara que ele se cuidava fisicamente.
Corpo de atleta, macho maravilhoso, todo gostoso. A rola dele era um
capítulo a parte.
Linda, maravilhosa, perfeita.
Parecia até que havia sido esculpida. Mais parecia uma avestruz do
que um pênis, grande, retão, bem grosso cheio de veias, glande rosada, e,
muito cheirosa.
Me, ajoelhei, totalmente hipnotizada por aquele pau. Eu parecia mais
uma mocinha de dezoitos anos e não uma mulher de trinta.
Tentei engoli-lo inteiramente, porém não consegui devido ao
tamanho, então fiquei deslizando a minha língua e os meus lábios por toda a
extensão.
Quando Ravel me pediu para ficar de quatro, me senti uma fêmea
submissa, obedecendo às ordens daquele homem viril, mostrando quem é
que mandava e tava no controle.
Eu não sabia o que Ravel acharia, quando descobrisse que eu era
virgem.
Ele acariciou a minha nádega. Beijou as duas partes. Colocou o pau
entre as duas partes, juntando como se fosse sanduiche. E depois me deitou
de costas na cama, e sentando sobre mim, fez o mesmo com os meus seios.
Languidamente, levantei a cabeça, coloquei a minha língua para fora,
e novamente a deslizei pela glande rosada, enquanto sentia o pau dele
pulsar e vibrar entre os meus seios.
Os olhos dele estavam fixos nos meus. Naquele momento estávamos
sintonizados uma ao outro.
Ravel deitou sobre mim, cobrindo todo o meu corpo com o dele.
Nunca imaginei que algum dia eu fosse me surpreender tanto com um
homem, como eu estava me surpreendendo com Ravel.
Surpresa boa, maravilhosa!
Ravel conseguiu me agradar em todos os sentidos imagináveis.
-- Você é tão linda. E eu não quero que você saia machucada
emocionalmente.
Ele olhava dentro dos meus olhos enquanto dizia isso.
-- Pense só no presente, Ravel, só no presente. É ele que importa
agora, nada mais.
-- Você sabe que eu vou ter que ir embora. – Ele tocou com ternura o
meu rosto.
Beijou novamente os meus lábios e voltou a tocar o meu rosto com a
ponta dos dedos, enquanto eu sentia a cabeça do seu pau, tentar entrar em
minha vagina.
Não deixei que ele percebesse que estava doendo, pois eu tinha medo
que ele parasse.
-- Sim. Eu sei que você vai ter que ir. Mas vamos viver apenas o
momento.
Ele forçou mais a cabeça do pau para dentro de mim, e desta vez não
consegui conter o gemido de dor.
-- Está tudo bem, Thala? Quer que eu pare?
-- Não. Eu não quero que pare.
-- É a sua primeira vez? – Perguntou ele surpreso.
-- Sim.
-- Será que eu mereço ser o seu primeiro homem, amor?
Amor! Ele me chamou de amor, e eu comecei a chorar.
-- Que foi, minha flor?
-- Você é tão doce, Ravel, tão maravilhoso. Por isso, não tem como
você ser uma má pessoa.
Com calma, sem pressa, ele foi colocando cada centímetro, até alojá-
lo todinho dentro de mim. O pau dele estava duro como osso, pegava no
fundo, perto do útero.
Ravel tinha me pegado de um jeito, que mesmo doendo, eu não queria
que ele parasse.
Ele começou a socar, e socar. E olhava em meus olhos, com uma
expressão, de que naquele momento era ele quem mandava, e que só sairia
de dentro de mim, quando quisesse. Me, contorci de prazer, sendo cutucada
bem no fundo, socada sem dó.
Já não doía mais, eu já tinha acostumado com ele dentro de mim.
Mas eu queria cavalgá-lo, fazer igual as minhas heroínas, faziam com
seus homens em meus livros.
Eu sempre quis um homem como os mocinhos que eu criava em meus
livros. Machos sarados, mas ele foi além das minhas expectativas.
Ravel era melhor do que os mocinhos dos meus livros.
Os músculos nos braços dele eram maravilhosos, as pernas, o
abdômen trincado e o peitoral que não consegui tirar as minhas mãos,
enquanto o cavalgava.
Tive um orgasmo sobre ele, intenso, que me fez gemer como uma
gata do cio.
Ravel também gemeu e lançou para dentro de mim, todo o seu sêmen
estocado.
Ele se sentou na cama, e eu continuei sobre ele, com ele dentro de
mim, ambos abraçados, tremendo de tanto prazer.
Capítulo 13

(Ravel Krentz)

Anjo ou demônio? O que eu seria afinal?


Eu ainda não tinha essa resposta.
Quem eu era afinal? Eu teria família? Seria casado? Tinha filhos?
Se eu fosse casado, naquele momento, ali nos braços de Thala, eu
estaria traindo a minha esposa.
Como seria essa esposa se ela existisse? Seria uma boa mulher?
Éramos felizes no casamento?
E quem teria me espaçando? Alguém tinha feito isso.
Eu já sentia saudades de Thala antes mesmo de partir.
Estávamos tendo momentos especiais juntos. Eu era o primeiro
homem em sua vida.
Eu era feliz, em seus braços, com seus beijos, carinhos. Tinha tirado a
sua virgindade, e quando eu partisse, ia deixar um vazio em seu coração.
A minha vontade era de ficar escondido ali naquele lugar, que parecia
uma casinha de boneca de tão bem arrumada e decorada que era.
Ali morava a mulher que eu passei a amar, a desejar.
Ela ainda continuava ali no meu colo, eu dentro dela, com o nosso
suor se misturando, e o bater desenfreado dos nossos corações.
Novamente o telefone começou a tocar, mas nem eu e ela, queríamos
quebrar o encanto dos nossos corpos que havia se tornando um só.
Já passava da meia noite, quando saímos da cama e fomos comer
alguma coisa na cozinha.
Fomos nus, abraçados, se tocando, se beijando.
Na cozinha, antes de fazermos o lanche, Thala se sentou na bancada
da pia, e me puxou para o meio de suas pernas, enlaçando-me com elas,
enquanto novamente eu a penetrava.
Quente e úmida, lambuzada com o meu próprio esperma de minutos
atrás, ela me sugava para dentro dela, beijando minha boca e mordendo os
meus ombros.
Na manhã do dia seguinte, acordamos com o telefone tocando. Thala
estava com uma de suas pernas sobre a minha, e com a cabeça apoiada no
meu peito.
Foi tão esplendido acordar com o brilho intenso do seu olhar sobre
mim.
Como havia uma extensão no quarto, ela não precisou ir até a
cozinha.
Atendeu ali mesmo.
-- Mãe!
-- Thala! – Lucy estava desesperada do outro lado da linha. – Desde
ontem que eu estou ligando, filha, e você não atende. Passou pela minha
cabeça mil coisas.
Lucy morava em Lós Angeles, assim como Brígida.
Thala voltou a deitar a cabeça sobre o meu peito, com o telefone de
fio no ouvido.
Deslizei suavemente minhas mãos por entre as suas pernas, e ela
segurou um gemido.
Deu um, tapinha de leve na minha mão e, eu sorri não me
intimidando. Continuei fazendo-a revirar os olhos deliciosamente.
-- Thala! Você está ai? Thala!
-- Sim, mamãe. Eu estou bem. Meu telefone teve um probleminha,
mas já está resolvido.
Dois dos meus dedos entraram em sua vagina.
Vi que ela havia mordido o lábio inferior para não gritar de prazer,
enquanto meus dedos trabalhavam em seu interior.
Se ela gritasse, ia assustar a mãe do outro lado da linha.
Ela continuou conversando com a mãe pelo telefone, enquanto eu me
ajeitava no meio de suas pernas naquela linda, manhã, com os primeiros
raios do sol entrando pela janela, e a penetrei com uma estocada só.
Desta vez ela não conseguiu evitar o gemido, e a mãe dela com
certeza já havia se surpreendido do outro lado da linha.
-- Por que gemeu, filha? Está sentindo alguma dor?
Colei o meu ouvido no aparelho junto com Thala, enquanto me movia
dentro dela.
E ao ouvir a pergunta da mãe dela, não me contive e dei uma risada.
Ele me deu um leve beliscão.
-- Que risada foi essa, filha? Thala, tem algum homem ai com você?
-- Claro que não, mamãe, é que eu liguei a televisão.
Thala tentava encerrar a conversa com a mãe, mas ela não deixava.
Thala já não aguentava mais segurar os gemidos e os gritinhos,
devido à delicias que o meu pau provocava nela.
Provoquei em Thala um orgasmo, enquanto ela ouvia a mãe falar de
como o marido da irmã era bom.
Daquela vez, não quis gozar dentro de Thala, gozei em seu ventre, em
seus seios. Dei a ela um delicioso banho de sêmen pela manhã.
Capítulo 14

Depois de falar com Thala, Lucy pegou o retrato dela que estava na
mesinha ao lado e ficou olhando para ele.
Se ela, e o marido tinham uma vida confortável, era graças à filha.
Thala era o orgulho da família.
Thais a filha mais nova, era como ela, dona de casa. Também não se
interessou em trabalhar para fora, e nem lutar pelo que queria, mesmo tendo
um grande talento pela pintura.
Ela casou-se com Guilhermo, dono de uma fazenda de gado de corte.
Era um bom marido e bom pai. Era um sujeito que se dava bem com todo
mundo, ou seja, era o genro que toda mãe, e todo pai pediu a Deus.
Lucy só não ficava mais tranquila, por causa de Thala morar sozinha
naquela casa isolada. Isso a preocupava bastante.
Gostava de ligar para ela todos os dias. E ela começou a entrar em
pânico, quando ligou várias vezes na noite anterior e a filha não atendeu.
Para não pensar besteira, ela colocou na cabeça que Thala havia ido dar
uma volta à beira do lago, por isso não havia atendido.
Não passou pela cabeça de Lucy que ela não tinha atendido ao
telefone, porque estava gemendo de prazer, nos braços de um desconhecido.
Isso nunca passaria pela cabeça dela.
Sem sombra de duvida, Lucy iria até lá se soubesse que a filha, havia
colocado para dentro de casa, um desconhecido desmemoriado!
Capítulo 15

(Ravel Krentz)

O que eu estava vivendo naquele momento com Thala, era


inexplicável!
Eu a amava!
Mas será que eu tinha amado alguém antes de perder a memória?
Teria alguém esperando por mim, em alguma parte desse mundo?
Thala me amava também, além dela dizer, eu podia sentir quando ela
vibrava sob o meu corpo quando eu estava dentro dela.
Eu estava na varanda, depois de juntos termos tomado o café da
manhã, que eu havia preparado para nos dois.
Ela havia ficado na cozinha lavando os talheres, que eu havia sujado
enquanto eu fazia o café, e que sujamos quando comemos.
Da varanda, eu olhava para o lago. A brisa batia em meu rosto e
agitava os meus cabelos, jogando-os sobre a minha testa.
Eu me sentia feliz ali, e descobri que não queria partir. De repente a
ideia de partir, já não me atraia mais.
Senti os braços de Thala me envolver por trás. Me, virei sorrindo e
me abracei a ela também.
Beijei-a, senti novamente o gosto de sua boca.
-- Já sabe por onde começar? Afinal você não se lembra, de nada. Eu
estive pensando, e acho melhor eu ir com você para a capital. Podemos
procurar um especialista nestes casos... Meus pais moram em Lós Angeles.
Tenho amigos que moram lá também, e eles podem indicar o melhor
especialista neste caso.
-- Acho que... Por enquanto eu não quero ir. Quero ficar mais um
pouco aqui com você, nesse pedaço de paraíso.
Ela sorriu. Ela enterrou os dedos em meus cabelos, enquanto eu
continuava enlaçado a ela pela cintura.
-- Eu tenho medo, eu tenho medo de descobrir quem eu realmente
sou.
-- Ravel. Seu nome não é muito comum. Através dele, podemos ter
uma ideia mais, ou menos de quem você foi. Eu posso dar um telefonema,
contratar um detetive de confiança e investigar Ravel Krentz. Ou seja,
investigar você. Sabemos qual é o seu nome, já é meio caminho andado.
-- Deixa pra lá por enquanto. Vamos viver o nosso amor, antes que
você se decepcione comigo.
-- Por que eu decepcionaria com você? – Perguntou ela ainda com os
dedos enterrado em meus cabelos e olhando dentro dos meus olhos.
-- Quando você descobrir quem eu sou... Sei lá...
-- Você continua insistindo nessa ideia de que não presta! Pois fique
sabendo, que mesmo que você seja o maior mafioso da face da terra, eu não
deixarei você.
Fiquei espantando. Ela só devia estar brincando.
-- Jura?
-- Claro que juro. Eu amo você, homem e se você realmente me ama,
eu vou com você até o fim do mundo.
Capítulo 16

Brígida ficou assustada quando Maia, disse a ela que ia matar o padre.
Brígida não queria que chegasse a esse ponto.
Ela estava feliz naquele dia por Maia ter voltado. Era bom ter a filha
de volta, mas depois do que ela havia lhe dito, era assustador tê-la de volta.
E depois, além do padre que poderia perder a vida, Thala também
podia sair prejudicada e até parar na cadeia, ou no hospício!
Mesmo amando, como ela amava Maia, ela sabia que a filha não
podia mais voltar.
O que havia começado como uma alegria podia virar tristeza, e
tragédia para outras pessoas.
-- Você sabe que se você matar o padre, a polícia vai acreditar que foi
Thala.
-- E dai? – Maia diante do espelho naquele dia, retocava o batom.
-- Como e dai? Eu gosto de Thala como se fosse minha filha!
-- A sua filha sou eu!
-- Thala é minha amiga, eu não quero que nada de mal aconteça a ela.
Você só voltou por vingança, não por causa de mim.
De repente, Brígida tinha começado a chorar.
-- Eu pensei que você me amasse. E mesmo estando onde você
estava, sentisse saudades de mim!
-- Claro que eu amo e sinto saudades de você, mamãe. – Disse Maia
saindo de frente do espelho, largado o batom e abraçando Brígida. – Mas a
minha prioridade é a vingança contra aquele miserável!
-- Por favor, Maia, desista! Deixe esse padre em paz.
-- Eu o amei tanto!
-- Mas ele não prometeu nada a você. – Brígida olhava bem dentro
dos olhos de Maia.
Ela olhava em sua alma.
-- Ele podia ter largado a igreja, e ficado comigo e o nosso filho! – A
expressão de Maia era de tristeza, ódio!
-- E você não precisava ter feito o que fez!
Maia saiu dos braços de Brígida.
-- Se for para você vir com esses pensamentos de vingança, é melhor
que não volte mais!
Depois que Brígida, deixou Maia sozinha no quarto, ela abriu a bolsa
e tirou de dentro o revólver, certificando-se havia munição.
Brígida ficou olhando ela atravessar a sala, e abrir a porta.
Brígida não disse mais nada, mas ela sabia que tinha que pará-la!
Maia desceu do táxi, duas quadras antes da igreja. Ela não queria ser
lembrada depois pelo motorista.
A igreja aquela hora estava vazia, mas o padre estava lá na sacristia,
parecia fazer uma prece.
Profundamente concentrado no que ele pedia a Deus, não ouviu os
passos de Maia.
Era um homem alto, de porte atlético.
Maia tirou silenciosamente a pistola da bolsa e apontou para o
sacerdote, com o dedo no gatilho, pronta para atirar.
-- Filho da puta... – Falou ela para que ele se virasse.
Mesma cheia de ódio pelo homem, ela não ia atirar pelas costas.
Ele se virou, e ficou surpreso ao vê-la com uma arma apontada para
ele.
Ele era um homem bonito e másculo. Não usava batina e sim roupa
comum, que realçava a musculatura do seu corpo.
-- As flores que eu te mando sempre, você as coloca no vaso, ou as
joga no lixo?
Ele ficou sem entender. E ela não sabia dizer, por qual motivo ela
apontava uma pistola para ele.
Seria um assalto na igreja? Então ele compreendeu.
-- Ah, as flores... Então você é a pessoa que andou fazendo aquela
brincadeira idiota, me mandando flores no nome de Maia Rangel! – Ele não
perguntou, e sim afirmou!
-- Eu sou a própria Maia Rangel! – Gritou Maia, segurando naquele
momento com as duas mãos a arma, apontada para ele.
-- Que brincadeira idiota é essa? Não tem como você ser Maia
Rangel, pois Maia Rangel está morta!
Capítulo 17

Brígida havia seguido Maia naquele dia. Ela temia pela vida do padre
E quando viu Maia apontar a arma para o sacerdote, o seu coração
disparou.
Ela queria avançar para cima de Maia, mas ao mesmo tempo ela
temia pela reação violenta que ela teria.
O que fazer? Gritar por socorro?
Pedir ajuda e contar o que realmente estava acontecendo?
Dizer aos outros, que o que estava acontecendo ali, não era coisa
daquele mundo, e sim sobrenatural?
-- Eu já disse que eu sou Maia Rangel!
-- Eu já disse que Maia Rangel está morta. – Disse o padre com a
maior calma possível.
-- Me dê a chave do seu carro. – Gritou Maia.
-- Como sabe que eu tenho um carro?
-- Eu imagino que você tenha!
Ele enfiou a mão no bolso da calça, tirando a chave. Ele entregou a
ela.
-- Você agora vai me levar até o seu carro, e nem tente nada, ou eu
mato você aqui mesmo.
-- Você é o que de Maia? Irmã? Está aqui para se vingar por causa do
que aconteceu com ela, é isso? Eu ia dar total assistência a Maia, e ao bebê,
eu só queria que tudo ficasse em segredo. Eu não tenho culpa se Maia
tentou um aborto e acabou morrendo.
-- Eu já disse que eu sou Maia, seu desgraçado! – Gritou ela a plenos
pulmões...
-- Realmente a voz é igual, mas o rosto é diferente...
O padre não conseguia entender.
-- A não ser que... Você realmente não morreu... Você fez uma
cirurgia plástica, mudou de rosto, é isso?
-- Me leva até o seu carro! E você vai entrar nele, sentar no banco do
motorista, e eu vou, no banco de passageiro...
-- Com essa pistola apontada para mim. – Falou o padre com uma
expressão séria, mas não assustada.
-- Adivinhou. – Respondeu ela sarcasticamente.
O padre argumentou dizendo que precisava fechar a igreja, mas Maia
disse que não havia tempo para isso.
Como a casa paroquial ficava ao lado da igreja, eles entraram pelo
fundo, por um portão que ligava os dois imóveis.
Ela ordenou que ele abrisse o portão da garagem, antes dele entrar no
carro.
Ela esperou ele entrar e depois também entrou, ordenando que ele
desse marcha ré.
A igreja, e a garagem da casa paroquial ficaram abertas. Ela ordenou
que ele metesse o pé no acelerador.
Brígida tinha saído da igreja pela porta da frente, assim que viu eles
saírem pela porta dos fundos.
Ela seguiu o carro do padre, sabendo que o pior estava para acontecer.
Dentro do carro, mesmo preocupado, o padre concentrava a sua
atenção na estrada.
Já estava anoitecendo.
-- Para onde vamos?
-- Dirija para o Lago Faisal.
-- O que? Mas está muito longe daqui.
-- Dirija e cale a boca!
O padre dirigiu por quase duas horas, até que finalmente avistou parte
do lago.
Foi nesse momento que ela mandou que ele parasse.
Tensionalmente ele pisou bruscamente no freio, fazendo com que
Maia fosse para frente e arma caísse de suas mãos para o assoalho do carro.
A, distancia, Brígida percebeu que alguma coisa estava acontecendo
dentro do carro.
Naquele momento, o padre e Maia tentavam alcançar a pistola no
assoalho do carro.
Mas foi Maia quem teve a maior sorte. Ela conseguiu alcança-la e
golpeou bruscamente a cabeça do padre.
O padre perdeu os sentidos, tombando para o lado da porta do
motorista, batendo com a cabeça no vidro.
Com a pistola, Maia saiu do carro, deu a volta por trás abrindo a
porta. Com isso, o padre que estava encostado na porta sem sentidos, foi
com um baque para o chão.
Maia cheia de fúria e ódio passou a chuta-lo.
Chutou-o na altura dos rins, nas costas e no rosto. Quando ela mirou a
arma para atirar, Brígida chegou por trás, e a agarrou pelos cabelos,
arrancando a peruca negra.
Capítulo 18

Ela caiu em seus braços, junto com a peruca.


Brígida a levou para o carro, e depois voltou para ter certeza se o
padre estava realmente vivo.
Ele ainda respirava. Graças a Deus, ela havia evitado que Maia
tivesse feito coisa pior.
Quase uma hora depois, ela parou o carro, assim que ouviu o barulho
do mar.
A noite de lua cheia facilitou a sua chegada até a beira do penhasco,
mesmo com o vento que havia começado a soprar.
Lá embaixo o mar estava agitado e perigoso.
Ela atirou a peruca ao mar e junto com ela, toda a sua maldição!

Mas e o padre? Por que ele não tinha voltado? Durante os primeiros
dias, Brígida, achou que talvez as pancadas de Maia tivessem sido muito,
forte, e lhe causado algum dano cerebral, e ele tivesse morrido lá mesmo,
por isso, ele não havia voltado.
Mas agora, depois de vários dias, a polícia havia encontrado o carro, e
nenhum corpo por perto.
Isso significava que o padre não havia morrido e sobrevivido.
Mas onde o padre estaria? Por que ele não havia voltado?
A notícia de seu desaparecimento havia saído em todos os jornais, a
polícia tinha mergulhado de corpo e alma nas buscas, mas até aquele
momento, não haviam encontrado absolutamente nada, nenhuma pista.
Brígida sentiu que precisava ver Thala, saber, se tudo estava
realmente bem com ela.
A última noite em que ela havia estado ali na casa de Thala, foi na
noite do sequestro do padre.
Thala não sabia que ela havia estado lá. Mas se Thala estivesse bem,
ela não precisaria saber o que havia acontecido naquela noite.
Capítulo 19

(Thala Dill)

Eu não esperava que Brígida aparecesse ali naquela manhã.


Passava das oito quando eu acordei com a batida na porta.
Ravel estava com uma de suas pernas musculosas sobre o meu corpo.
Tirei com todo cuidado a perna do meu amado sobre mim, para não
acordá-lo, e nua, joguei um roupão por cima do meu corpo.
Quando vi Brígida ali, diante de mim na minha porta, lembrei-me, de
Ravel nu, em meu quarto.
O que ela diria, quando soubesse que eu havia colocado para dentro
de minha casa, um desconhecido desmemoriado e gostosão?
-- Brígida!
-- Thala, desculpe por eu não ter avisado que viria... Mas eu queria
me certificar, se tudo está realmente bem com você.
Dei passagem para ela entrar com a mala e ela passou por mim,
deixando-a perto do sofá.
Seu olhar se voltou para mim.
-- Realmente está tudo bem com você, Thala?
Eu já havia pensado em contar a ela sobre os apagões que andava
tendo. Mas ao mesmo tempo a ideia de contar a ela, me assustava.
-- Tá e não está. – Disse por fim, depois de alguns minutos de
indecisão.
-- Como tá e não está?
Brígida era uma mulher bonita, de cabelos negros, que já havia
passado dos cinquenta.
-- Eu estou amando. Amando muito.
Brígida sorriu. Acho que ela se sentiu feliz por mim.
-- E quem é ele?
-- Um desmemoriado loiro e gostosão que bateu aqui na minha porta,
semanas, atrás, pedido ajuda.
-- Para de brincadeira, Thala!
Vi que Brígida não havia acreditado.
-- Não é brincadeira. Ele apareceu aqui, machucado, me pedido
ajuda...
Percebi que Brígida ficou pálida. Eu tive que correr para ampará-la.
Sentei-a no sofá, e corri até a cozinha para trazer um copo com água.
-- Thala, quem é o homem? Ele pelo menos se lembra do nome?
-- Ravel.
-- Oh, Deus!
Percebi que Brígida havia ficado mais pálida. Eu podia ver o
desespero em seu rosto, a aflição.
Mas porque Brígida havia ficado daquele jeito?
-- E onde está esse homem, nesse momento?—Percebi que ela custou
fazer a pergunta.
-- No meu quarto, na minha cama!
-- Se tornaram amantes? – Brígida, perguntou intensamente surpresa.
-- Sim. Estamos amando um ao outro.
-- Pobrezinha.
-- Pobrezinha por quê? – Eu quis saber.
-- Ele não se lembra de nada, mesmo?
-- Não. Ele só sabe que se chama Ravel, porque a carteira de
motorista estava no bolso da calça dele.
Brígida colocou o copo na mesinha de centro, não tomando quase
nada da água.
-- Você o ama mesmo?
-- Claro.
-- E se ele for um bandido, um assassino... ?
-- Eu já disse para ele que não me importo!
-- Thala, há mais alguma coisa que você queira, me contar além desse
hóspede inesperado?
Dei as costas para Brígida. Era como se ela adivinhasse o que estava
acontecendo comigo.
-- Eu... Estou tendo certos apagões, e eu não consigo me lembrar de
nada, do que eu fiz, durante os apagões.
-- É eu sei. – Disse Brígida me pegando de surpresa.
-- Sabe o que? Como você sabe se eu nunca contei isso a ninguém,
nem mesmo a minha família?
-- A culpa por você estar tendo esses apagões é minha, Thala. – Ouvi
Brígida me confessar me deixando sem entender nada.
-- Sua? Sua por quê?
Brígida me convidou para conversarmos na cozinha. Assim que
entramos, ela fechou a porta.
Com certeza, ela não queria que Ravel aparecesse de repente, e
ouvisse o que ela ia me contar.
Mas, eu não queria esconder nada de Ravel. O que quer que fosse
que ela tinha para me dizer, eu não ligava, se ele ouvisse.
Mas eu não entendia qual a ligação de Brígida com os meus apagões.
Nos, sentamos a mesa, uma de frente para a outra.
-- Lembra quando eu lhe disse que havia perdido uma filha?
-- Claro. Você nunca gostou de falar muito nesse assunto e eu
respeitei isso. Nunca fiz muitas perguntas sobre isso.
-- Pois é. Ela praticamente se matou...
Pousei as minhas mãos sobre as de Brígida ali sobre a mesa. Eu via
Brígida como uma segunda mãe.
Nos, damos imediatamente bem, quando nos conhecemos ali na loja
de perucas que ela tinha.
-- Aquela peruca que eu vendi para você foi feita com os cabelos da
minha filha.
Fiquei surpresa, pois não imaginava. Então naquele momento eu
entendi, porque Brígida gostava tanto que eu usasse a peruca.
-- Claro. – Sorri. – É por isso que você gosta que eu, a, use, é por
isso?
-- É. Mas foi um erro você ter comprado à peruca, e ter usado-a.
Novamente estava sem entender.
-- No começo, eu achava que não haveria nenhum tipo de
consequência, eu gostava... Mas...
Brígida apertou as minhas mãos. Ela parecia descontrolada e tal
altitude me deixou até um pouco assustada.
Eu nunca a tinha visto daquele jeito.
-- Thala, aquela peruca é amaldiçoada.
-- O que?
Eu estava perplexa. Como uma peruca podia ser amaldiçoada?
-- Toda fez que você usar a peruca, o espírito de minha filha, toma
posse do seu corpo!
Capítulo 20

(Thala Dill)

Soltei bruscamente as mãos de Brígida. De repente o toque, de suas


mãos, já não me acalmava e se me assustavam!
-- Que brincadeira é essa, Brígida?
-- Minha filha teve um caso com um padre, lá em Lós Angeles. Ela
praticamente o seduziu e terminou grávida. Ela queria que o padre largasse
a igreja, para assumir ela, e o bebê, mas o padre disse que não podia fazer
isso. Ele disse que daria toda a assistência, mas ele não podia largar o
sacerdócio. Ou seja, o plano dela, tinha dado errado, pois ela havia
engravidado de propósito, achando que ele abandonaria tudo para ficar com
ela. Mas não foi o que aconteceu. Certo dia, eu sai e quando voltei a
encontrei sobre uma poça de sangue, com um pedaço de ferro enfiado na
vagina. Acho que ela havia enlouquecido e quis de todas as formas tirar o
bebê de dentro dela. Ela estava morta, não tinha como ela sobreviver com
um ato daquele. Ali no chão mesmo, eu abracei a minha filha. Acariciei seu
rosto, seus cabelos... Seus cabelos... Como ela gostava daqueles cabelos...
Tão longos e negros. Tão preto que pareciam azulados. E eram naturais. Eu
queria que uma parte dela ficasse comigo. Por isso, antes de ligar para
qualquer pessoa, eu cortei os seus cabelos. Cortei os seus cabelos com a
intenção de fazer uma peruca e depois colocar a venda, na minha loja. Eu
decidi que a mulher que comprasse a peruca, faria parte para sempre de
minha vida. E então você entrou na minha loja, encantada com a peruca.
Brígida estava chorando.
E eu estava assustada, muito assustada. E ficaria mais assustada
ainda, quando eu descobrisse o que eu havia feito, dominada por forças
sobrenaturais.
-- Eu não imaginei que o meu bebê fosse voltar através de você.
Portanto, quando você voltou na loja, usando a peruca, com a voz, o jeito de
andar, e a falar coisas que só eu e ela sabíamos, eu fiquei em estado de
choque. Ela me levou para a casa, e cuidou tão bem de mim...
-- O corpo não era o dela, era o meu... Ela simplesmente havia
invadido o meu corpo, me tirado de lá...
-- Eu fiquei feliz, muito feliz. O corpo era o seu, mas era ela, era Maia
que estava dentro de você.
-- Maia! – Eu repeti o nome.
-- Maia Rangel.
-- E você não parou para pensar um segundo, que foi enganada?
Brígida arregalou os olhos. Sua expressão revelava espanto com as
minhas palavras.
-- Como? O que está dizendo?
-- A sua filha nunca voltou, Brígida! Os mortos não voltam.
-- É Maia! Eu sei que é a minha filha! É a mesma voz, o mesmo jeito
de se mexer, os segredos que compartilhávamos uma com a outra. Eu
adorava quando ela aparecia lá em casa, através de você. Mas nos últimos
tempos, ela falava só em vingança, em se vingar do padre, e isso me deixou
muito assustada!
-- Não é a sua filha, Brígida. Claro, é algo sobrenatural, mas não é a
sua filha. É simplesmente um demônio, fazendo se passar por ela. É um
demônio, querendo enganar você, e destruir, as nossas vidas.
Capítulo 21

(Thala Dill)

Brígida não acreditava que o que estava acontecendo, fosse ação


demoníaca, mas eu sim.
Meus pais sempre foram evangélicos. E eu cresci ouvindo, eles
dizerem, que os mortos não voltam.
Eu não acreditava que os mortos voltavam, e tão pouco em
reencarnação.
É como aos homens, está ordenado morrerem uma vez vindo depois o
juízo. Hebreus 9.27.
Por isso eu não acreditava nem em reencarnação.

Os mortos não tem o poder de voltar até nós. Mas o diabo sim. O
diabo vem na figura da pessoa, ou às vezes no corpo de alguém, só para
iludir o parente sofrido.
E esse era o meu caso. O meu corpo estava sendo usado por forças
sobrenaturais.
Mas a minha preocupação era até onde, o diabo que se passava por
Maia, havia chegado.
Lembrei-me da peruca ali no meu quarto, próxima a Ravel e me
estremeci.
Um arrepio assustador subiu pelo meu corpo.
-- Você tinha que ter me avisado há mais tempo sobre isso, Brígida!
-- Maia estava tranquila, ela estava em paz, eu não imaginava que ela
tivesse voltado só por vingança.
-- Fala! Eu machuquei pessoas? Eu coloquei a vida de alguém em
perigo?
-- Você não! Maia! Você não tinha culpa, não sabia o que estava
fazendo!
-- Eu coloque a vida de alguma pessoa em perigo, Brígida?
Responda-me pelo amor de Deus!
-- Maia sequestrou o padre! E o, pior, ela, quase o matou! Ela só não
o matou, porque eu os segui... E cheguei a tempo de evitar que o pior
acontecesse. Mas durante alguns dias, eu pensei que o pior havia acontecido
mesmo, pois o padre não apareceu. Então, por esses dias agora, eu fiquei
sabendo que a policia encontrou o carro do padre e não havia nenhum sinal
dele. Mas mesmo assim, eu continuei preocupada. Se o padre não havia
morrido, então porque ele não tinha voltado para a casa? Mas agora eu já
tenho a resposta.
-- Como tem a resposta? – Eu supliquei com o olhar.
-- Tudo aconteceu a alguma distância daqui, perto do lago. Eu agora
sei por que o padre não voltou para a casa.
Meu coração estava acelerado! Se eu tivesse matado alguém, mesmo
que não tivesse sido eu... Quer dizer, era eu, mas não era! Eu, em sã
consciência jamais mataria alguém.
-- Por que o padre não voltou para a casa? E esse padre não tem
nome? Qual é o nome desse padre? Onde ele está agora?
-- Ele não voltou para a casa... Porque perdeu a memória! E nesse
momento, Thala, o padre está na sua cama. O nome do padre é Ravel!
Fiquei gelada. Senti tudo girar a minha volta!
Capítulo 22

(Thala Dill)

Brígida contornou a mesa e foi ao meu socorro, percebendo que eu ia


cair.
Ela me colocou sentada de volta na cadeira.
Foi até a pia e pegou um copo com água.
-- Você está querendo dizer que aquele homem maravilhoso que está
lá dentro, no qual eu amo, é o padre que teve um caso com a sua filha? E
que ele quase morreu por minha causa?
-- Já disse que não foi você que o espancou!
-- Mas ele vai entender? A polícia vai entender? – Eu havia elevado à
voz.
Eu estava em uma bela enrascada, e sem ter culpa de nada!
-- Quando ele recuperar a memória, ele vai me odiar! Ele vai lembrar-
se do meu rosto. Eu fui à última pessoa que ele viu antes dele perder a
memória, e a primeira também depois que ele perdeu.
-- Ele é um padre. Ele deve acreditar em forças do além!
-- O padre que comeu do fruto proibido, ou, seja, comeu a sua filha!
Brígida arregalou os olhos, espantada com o meu vocabulário.
-- Desculpe.
-- É impressão minha, ou você esta com ciúmes do envolvimento
amoroso que o padre Ravel teve com a minha filha?
-- Sim. Eu estou ciúmes. Agora eu entendo, porque criei um
personagem com o nome Ravel... Mesmo eu não sabendo, eu estive com
ele. E mesmo que ele entenda que eu não tive culpa de nada quando
recuperar a memória, ele nunca vai ficar comigo. Se ele não largou tudo
pela sua filha, que estava grávida dele, por mim que ele não largara.
-- Mas e se ele te ama realmente? Ele não amava Maia, era apenas
atração, portanto não compensava largar tudo, mesmo com um filho, para
ficar com ela.
-- Eu não sei. Eu acredito sim que ele me ama... Mas eu só terei
certeza, quando ele se lembrar de tudo! E o que me deixa assustada
também, que a qualquer hora, a polícia pode bater em minha porta, e me
levar presa, acusada de sequestro e tentativa de assassinato.
-- Amor, onde você está? Amor?
A voz de Ravel veio da sala. Tanto eu e Brígida nos assustamos.
Ele abriu a porta da sala para a cozinha, e surgiu diante de nós,
usando apenas calção.
Ele ficou sem jeito. Lindo e sem jeito, pois não imaginava que além
de mim, havia outra mulher: Brígida!
Capítulo 23

(Ravel Krentz)

Sabe quando você fica sem jeito? Foi eu, ali, naquele momento,
olhando de Thala, para aquela mulher desconhecida.
Mas a mulher parecia mais surpresa do que eu. Ela olhava para mim,
com uma expressão de incredulidade.
-- Querido, está é Brígida, uma grande amiga. É como uma segunda
mãe para mim.
A mão de Brígida estava trêmula e gelada, quando eu a apertei.
-- Desculpe, eu ter vindo sem avisar...
-- Brígida vai passar alguns dias conosco.
Thala também estava estranha, não só aquela mulher.
Era como se as duas dividissem um segredo.
A mulher havia chorado, dava para ver devido aos seus olhos
avermelhados.
Tava na cara que ela estava passando por algum problema, e tinha ido
até ali, para se abrir com Thala.
Fui até Thala, coloquei a minha palma da mão em seu rosto, e beijei
seus lábios diante de Brígida.
-- Vou me trocar e venho para fazer o café.
-- Obrigada. Enquanto isso vou, mostrar o quarto para Brígida.
Enquanto eu voltava para o quarto, senti uma leve tontura. Me,
encostei-me à parede, perguntando a mim mesmo, se além da perda da
memória, não teria ficado outro tipo de problema dentro do meu corpo,
devido o que tinha acontecido comigo.
Eu havia levado uma surra. Alguém havia batido na minha cabeça,
me espancado.
No dia em que cheguei à casa de Thala, as minhas costas, o meu
corpo todo doía.
Depois de me vestir, eu voltei para a cozinha para preparar o café,
mas, Thala e a mulher não estavam mais lá.
Capítulo 24

(Thala Dill)

Mostrei o quarto para Brígida, e depois fui para o meu. Ravel não se
encontrava mais lá, tinha ido para a cozinha fazer o café.
Pela primeira vez, depois do que eu soube o que estava realmente
acontecendo comigo, eu olhei para a peruca ali sobre a cabeça do
manequim.
De repente um ponto de interrogação explodiu em minha mente.
Brígida tinha impedido que eu matasse Ravel, arrancando a peruca.
Ela me trouxe para a casa, eu sem sentidos... Se ela sabia sobre a peruca,
porque ela a deixou comigo?
Ela sabia que com a peruca ali, havia a possibilidade, deu usá-la e o
espírito voltar.
Brígida estaria mentindo para mim? Ela queria que eu continuasse
sendo usada por aquele demônio perturbador?
Agora que eu sabia o que aquela peruca representava, eu precisava
me livrar dela. Depois, novamente eu tinha que ter uma conversa com
Brígida.
Quando eu ia colocar a mão na peruca, a batida na porta me deteve.
Era Brígida.
Mas assim que ela entrou no quarto e seus olhos pousaram na peruca
sobre a cabeça do manequim, um grito estrangulado saiu de sua garganta, e
ela desabou no chão.
Comecei a gritar por Ravel, pedindo socorro. Ele chegou dentro de
alguns minutos e parou, aturdido na porta do quarto, se deparando comigo,
ao lado de Brígida, no chão!
Ele a levou para a cama, querendo saber o que tinha acontecido! Eu
não disse que ela havia gritado e desmaiado, quando viu a peruca.
Como ele ainda não sabia de nada, não entenderia.
-- Por que ela gritou, Thala? O grito dela foi de pavor! Parecia que ela
tinha visto o capeta.
-- De certa forma sim.
-- O que?
-- Nada. Amor, vai, lá embaixo, traga um pouco de água, ela vai
precisar. Deve ter sido queda de pressão, ela vai ficar boa.
Brígida foi despertando devagar, e quando abriu os olhos e sua cabeça
virou em direção ao manequim, novamente ela começou a se desesperar.
-- A peruca! Eu joguei a peruca ao mar! Você a pegou de volta, foi
isso? Mas como você conseguiu, foi um pouco longe daqui...
-- Brígida, a peruca nunca saiu daqui. Eu até ia de perguntar a respeito
disso. Se na noite em que Ravel foi quase morto, você arrancou a peruca de
minha cabeça, me trouxe para casa, e se você sabia se todo o mal que havia
nela, porque não se desfez dela e ao invés de continuar deixando-a comigo?
-- Eu a joguei ao mar! – Afirmou Brígida apavorada.
-- E eu quando despertei, ela estava em minhas mãos, eu a segurava...
Brígida saiu da cama, ainda com a expressão assustada.
-- Ela voltou para você, dentro de poucas horas. Na mesma noite em
que eu a joguei ao mar, ela voltou para você. Isso é mais assustador do que
eu pensava.
Capítulo 25

(Thala Dill)

Naquele final de dia, eu e Ravel fomos dar um passeio à beira do


lago.
Saímos de mãos dadas, com a brisa batendo sobre nós.
Brígida ficou na porta de casa. Eu sabia que seus olhos estavam fixos
em nós.
Ela tinha prometido que novamente se livraria da peruca, enquanto
passeávamos no lago.
Pensei em contar tudo a Ravel, mas ao mesmo tempo a verdade me
assustava.
Eu não tinha culpa! Mas ele entenderia isso? O mais provável era que
eu terminasse na cadeia.
Ravel me odiaria.
Eu seria chamada de louca por todos!
Quando já estávamos longe da visão de Brígida, nós despirmos. E de
mãos dadas entramos no lago.
Ravel já estava com uma bela ereção, só pelo contato de pele que
tivemos. Antes de mergulhamos para o fundo do lago, nos abraçamos, com
a água até os meus seios e perto da cintura de Ravel.
Ele me beijou tão ardorosamente ali, que eu gemi. Seus lábios
deslizaram pela minha orelha, e seus dentes se fecharam levemente em
torno do meu lóbulo.
Pouco depois, senti ele me levantar um pouco, no meio das águas do
lago, e em seguida, seu pau deslizou para o interior do meu corpo, ficando
inteiramente dentro de mim.
Mordi de leve seus ombros fortes, o seu pescoço, enquanto ele
arremetia com todo, o, seu, vigor dentro de mim!
Eu estava fazendo amor com um padre.
Antes eu não sabia, mas agora, eu sabia! Eu amava um homem que
durante anos, foi padre e com certeza continuaria sendo, quando
recuperasse a memória!
E eu? Como ficaria?
Sofrendo, eu sei que ficaria, pois eu o amava, eu só não sabia se teria
a minha liberdade.
Afinal ninguém acreditaria que eu havia sido usada por forças
sobrenaturais, para me vingar dele.
Se eu não fosse para a cadeia, com certeza, me colocariam em um
hospício!
Ravel não havia nascido para ser padre, todo aquele corpo
maravilhoso, e aquela beleza, estava sendo desperdiçada debaixo de uma
batina.
Tive vários orgasmos ali dentro do lago, e em seguida, ele gozou
também.
-- Eu te amo tanto, tanto! – Ele disse, enquanto lançava para dentro de
mim, seu liquido branco e viscoso.
-- Eu também te amo, Ravel. – Disse eu contra a sua boca, com a luz
do sol, batendo sobre nós.
Por alguns minutos ficamos abraçados ali no lago, com ele dentro de
mim.
Depois fomos para o fundo do lago, de mãos dada, compartilhando
aquele momento tão importante e feliz entre a gente, que poderia ser o
último.
Capítulo 26

Quando Brígida viu que Ravel e Thala haviam sumido de vista. Ela
entrou na casa para pegar a peruca.
Antes, ela não tinha medo, ela até gostava quando Maia voltava no
corpo de Thala.
Mas agora, depois de Maia ter tentado matar o padre, ela já não via
com bons olhos a sua volta.
A volta de Maia, já não lhe dava mais alegria, lhe assustava.
Ela hesitou por alguns minutos em colocar a mão naquela maldição.
Para não colocar a mão na peruca, ela pegou o manequim e o
carregou para o carro.
Brígida dirigiu por vários minutos, até chegar a um ponto do lago,
bem longe da casa de Thala.
Não havia ninguém por perto. Ninguém para testemunhar uma mulher
atirando um manequim ao lago.
A peruca continuava firme na cabeça do manequim, quando ela a
levou para a beira do lago.
O manequim bateu na água e foi afundando. Quando chegou ao fundo
do lago, a peruca se soltou de sua cabeça!
Capítulo 27

(Thala Dill)

Havíamos saídos de dentro do lago já fazia alguns minutos.


Estávamos deitados à margem, expostos ao sol, nos secando, nus,
naturalmente.
-- Thala, está tudo bem?
A pergunta de Ravel me pegou de surpresa. Ele tinha uma de suas
mãos sobre os meus seios.
-- Por que não deveria estar?
-- Desde que sua amiga chegou você ficou um pouco estranha. Parece
preocupada, assustada.
-- Brígida está passando por alguns problemas. Ela perdeu a filha há
um ano, ainda não se recuperou. Eu sei que tínhamos feito planos de
ficarmos sozinhos, mas nesse momento ela está precisando muito de mim.
-- Tudo bem. Eu entendo. -- Mas e o seu livro, você não tem uma data
certa para entregá-lo? Você o terminou no dia em que eu apareci em sua
casa, e até agora eu não ouvi você falar nada, sobre entregá-lo ao seu editor.
-- Ainda tenho mais algumas semanas. Eu terminei antes do previsto.
-- Terminei de ler “Amante Assassino”, sem sombra de duvida, você
escreve muito bem.
Ravel deslizou a sua mão por entre as minhas coxas.
O certo seria eu me afastar definitivamente, depois do que havia
descoberto. Ele era padre, e só estava vivendo aquele momento tórrido de
amor comigo, só porque não se lembrava.
Se bem que antes, mesmo sabendo que era padre havia cedido a
tentação da carne, se deixando seduzir pela filha de Brígida, e acabara
engravidando-a.
Teria ele se arrependido pelo seu envolvimento com a filha de
Brígida?
-- Eu gosto de escrever. De certa forma, eu viajo com isso. -- Mas
mudando de assunto, eu acho que devemos procurar um médico, para você
fazer alguns exames e saber realmente o que está acontecendo.
-- Por enquanto, eu não quero me lembrar de nada. Está muito bom
assim, aqui com você, a não ser é claro que você já tenha se enjoado de
mim.
Deslizei a minha mão pelo seu peito largo, e depois beijei cada um do
seu mamilo.
-- Nunca me enjoarei de você.
Senti uma imensa vontade de chorar naquele momento. O medo de
que ele me odiasse, quando recuperasse a memória, me assustava.
Mesmo eu não tendo culpa, foi o meu rosto que ele viu, enquanto era
golpeado. Foi o meu corpo, as minhas mãos usadas por forças
sobrenaturais, que quase o mataram.
Talvez se eu contasse quem realmente ele era, as chances dele me
odiar seriam menores.
Ravel ficou sobre mim, se ajeitou entre as minhas pernas e empurrou-
se para dentro de mim.
O semblante dele, enquanto entrava e saia dentro de mim, era de pura
alegria. Eu o fazia feliz naquele momento, ali, sem memória ele me amava.
Voltamos a mergulhar novamente no lago, fomos para o fundo. Lá
começamos uma brincadeira de desaparecer e aparecer.
Comecei a procurar por Ravel, e não o vi em parte alguma ali no
fundo do lago.
Então eu a vi, em torno do pescoço dele, tentando estrangulá-lo. Os
cabelos de Maia, a peruca, estavam em torno do pescoço dele.
Entrei em pânico.
A expressão de Ravel debaixo da água era de desespero e ao mesmo
tempo de surpresa, pois ele não entedia o que estava acontecendo.
Entrei em pânico e nadei em sua direção. Mas quanto mais eu nadava,
ele era puxado pela peruca.
O que aconteceu debaixo da água naquele momento, foi um
verdadeiro terror.
Eu não sabia até quanto tempo Ravel ia aguentar, mas eu tinha que
alcançá-lo.
Consegui agarrá-lo pelos pés, e puxá-lo. Eu já não estava mais
aguentando segurar o ar.
Quando os cabelos de Maia o soltaram, ele já parecia morto.
Consegui arrastá-lo para a margem do lago, e a primeira coisa que eu fiz,
foi aproximar o meu rosto perto de sua boca, para ver se ele estava
respirando.
Graças a Deus, ele respirava.
Coloquei-o em posição lateral, por segurança, para que não sufocasse,
caso começasse a vomitar.
Mas Ravel continuava imóvel, sem nenhum sinal de consciência para
o meu total desespero.
Inclinei a cabeça de Ravel para trás, e levantei o seu queixo.
E em seguida coloquei uma mão á frente e apertei o seu nariz com o
polegar e o indicador. Com a outra mão abri a sua boca.
Inspirei normalmente, me inclinei sobre ele e cobri completamente a
boca dele com a minha.
Lentamente e regularmente, soprei o ar para dentro de sua boca.
Mas ele não respondia.
Comecei com a massagem cardíaca e respiração boca a boca, durante
um minuto.
Quando eu achava, que o havia perdido, ele voltava pra mim.
Capítulo 28

(Thala Dill)

Ravel tinha voltado para mim, mas ele estava sem entender nada.
-- O que foi aquilo lá embaixo?
Eu o abracei. Ele estava sentado, e eu ao seu lado o abracei.
-- O que foi aquilo que envolveu o meu pescoço e quase me matou
estrangulado, lá embaixo?
-- Você não acreditaria. – Disse eu, eu deixando de abraçá-lo e me
levantado.
Ele também se levantou. Ele me encarava.
As marcas haviam ficado em seu pescoço.
-- Você acredita em forças estranhas, forças demoníacas,
sobrenaturais?
-- Thala, desde que aquela sua amiga chegou, eu percebi que sempre
que vocês estavam conversando, vocês paravam de falar, quando eu
chegava.
Eu podia contar parte da história para ele. Podia contar que ele era
padre, que havia se envolvido sexualmente com a filha de Brígida, e podia
esconder que de certa forma, eu também estava envolvida nisso.
E então? O que fazer?
Se ele soubesse que era padre, ele me deixaria. Nunca mais sentiria
seus braços, seu corpo forte, me envolvendo.
E se eu ficasse calada, até que ele recuperasse a memória, eu ainda
podia ter vários dias, ou meses com ele ali, me amando, me possuindo
naquele pedaço do paraíso.
Mas se eu contasse que ele era padre, ali, naquele momento, as
chances dele me perdoar quando recuperasse a memória, seriam maiores.
-- Ravel, você não respondeu a minha pergunta: Você acredita em
forças estranhas, forças demoníacas, sobrenaturais?
-- Nesse momento, eu não consigo responder essa pergunta. Mas
posso te dizer que, o que aconteceu dentro desse lago, não foi algo normal.
Nos, vestimos, pois até aquele momento estávamos nus.
-- Eu preciso te contar uma coisa. – Disse eu, colocando a minha mão
sobre o seu peito másculo.
-- Eu sei. Eu percebi, mas preferi esperar...
-- Brígida sabe quem você é.
-- Sabe? – Ele franziu a testa.
-- Você é de Lós Angeles, você mora lá.
-- Tem certeza? Ela é mesmo confiável?
-- Sim.
-- E o quem eu sou afinal? Ela te disse?
-- Disse. Olha, eu sei que vou perder você, quando eu te contar...
-- Me perder? Por quê? Eu amo você... Eu até estava pensando em te
pedir em casamento.
Eu sorri. Mas em seguida entristeci.
-- E eu me casaria com você, mas quando você souber quem é, vai
com certeza esquecer que um dia me conheceu.
-- Está me deixando ansioso, Thala, quem eu sou afinal?
-- Um padre. Você é um padre!
Capítulo 29

(RAVEL Krentz)

Eu não sei que coisa era aquela que tentou me estrangular no fundo
do lago, mas eu tenho certeza que normal não era.
Enfim, eu vi a morte de perto, e se não fosse Thala, eu teria morrido.
Eu amo Thala, eu tenho certeza absoluta. Mas eu percebi que depois
que Brígida chegou, ela se tornou um pouco ausente, preocupada.
Que eu sabia que ambas, estava dividindo um segredo, eu não tinha a
menor dúvida.
Mas eu nunca imaginei que o segredo que elas dividiam, eram sobre
mim, e muito menos, que Brígida havia me reconhecido e dito a Thala que
eu era padre.
Quando Thala me contou sobre isso, ali a beira do lago, eu comecei a
rir.
Thala estava brincando comigo, é claro!
Eu não parava de rir, mas Thala, me, olhava com total seriedade, não
dando a mostra, de que estava brincando.
-- É brincadeira isso o que você disse, não é? Como eu posso ser
padre, se eu amo você, se tenho um verdadeiro tesão por você? Como?
-- Eu gostaria realmente que fosse brincadeira, mas não é. Você é
padre e a polícia está investigando o seu desaparecimento.
Dei as costas para Thala. Acho que pela centésima vez, meus olhos
contemplaram o lago.
Aquilo não podia ser possível!
Quem então havia me espancado daquele jeito, a ponto de me fazer
perder a memória?
-- Ela sabe quem tentou me matar?
Voltei o meu olhar para Thala. Eu não podia ser padre! Eu amava
aquela mulher!
Como eu era padre? Como? Por que eu havia escolhido ser padre?
Thala demorou a me dar a resposta, e por alguns segundos, eu pensei
que ela já soubesse quem havia tentado me matar.
-- Não. Ela não sabe. Você fez uma coisa, que ninguém mais sabe a
nãos ser Brígida e agora eu.
-- Eu fiz uma coisa? Nossa, a minha vida é uma verdadeira caixinha
de surpresa! – Disse eu sarcasticamente. – Que coisa eu fiz?
-- A filha de Brígida, a Maia, gostava de você e acabou de seduzindo.
-- O que? Você está querendo me dizer que mesmo, eu sabendo que
era padre, mesmo eu a frente da igreja, eu fui pra cama com uma mulher?
Nossa, que espécie de padre, eu era afinal?
-- Você engravidou a filha dela.
Novamente a minha expressão era de espanto.
-- A filha dela queria que você largasse a igreja para assumir ela e o
bebê, mas você não quis. Mas você prometeu ajudá-la com o bebê.
-- Mas não quis ficar com ela. – Confirmei.
-- E o pior aconteceu. Maia tentou um aborto e acabou morrendo!
Capítulo 30

(Thala Dill)

Mesmo ele sendo um padre, ele não ia acreditar que uma peruca feita
com os cabelos de Maia, foi que o havia tentando estrangulá-lo no fundo do
lago.
Ravel disse que precisava ficar um pouco sozinho, que ia dar uma
volta, por isso, não voltou para casa comigo.
Brígida já estava cuidando do jantar, quando eu entrei na cozinha.
Já estava escurecendo.
Quando eu contei a ela o que havia acontecido no fundo do lago, ela
quase cortou os dedos enquanto picava algumas cenouras.
-- Eu a joguei no lago bem longe daqui, e pelo horário, foi questão de
minutos, ela ter chegado até vocês.
-- Será que eu nunca terei paz, e nem Ravel? Ele quase morreu, eu
quase o perdi. Contei a ele que ele é padre, falei sobre Maia, mas não disse
nada sobre a força maligna! Mas ele acredita sim que o que aconteceu no
lago, não foi algo normal.
-- Devia ter contado a ele sobre a peruca. Sobre os cabelos de Maia,
sobre tudo!
-- Dizer a ele que fui eu que quase o matei?
-- Mas não foi você!
-- Até eu conseguir convencê-lo, já terei passado um bom tempo na
cadeia.
-- Acha que ele te deixaria ir para a cadeia? Se ele te ama como diz,
ele não deixaria você ir pra cadeia.
-- Eu não sei o que pensar, Brígida, eu não sei o que pensar. O meu
medo é que a qualquer hora a polícia apareça aqui, e me leve em cana,
entendeu?
Disse Brígida que iria para o meu quarto. Pedi a ela para não me
incomodar, que eu queria ficar sozinha.
Entrei no meu quarto de cabeça baixa, profundamente preocupada.
Se eu fosse presa, a minha vida como escritora, poderia ser arruinada.
Presa e o odiada pelo homem que eu amava, com certeza esse seria o
meu futuro.
Levantei a cabeça, e o que os meus olhos viram, tirou um grito
profundo da garganta.
Ali no meu quarto, no mesmo lugar onde estava antes, encontrava-se
o manequim, com a peruca dos cabelos de Maia, na cabeça.
Capítulo 31

(Thala Dill)

Tentei sair do quarto, mas a porta, simplesmente se trancou sozinha.


Comecei a gritar por Brígida. Em poucos segundos ela veio gritando,
querendo saber o que estava acontecendo e tentando abrir a porta.
Brígida forçou a maçaneta, várias, vezes.
Eu e Brígida batíamos a porta, forçávamos a madeira. Eu dentro do
quarto, e Brígida do outro lado, no corredor.
Então, senti como se algo me puxasse para frente do espelho, e
quando me dei conta, estava diante dele.
Mas a imagem que eu vi, não foi a minha e sim de outra mulher,
provavelmente a de Maia.
-- O que você quer comigo? Me, deixei em paz. – Gritei.
A expressão dela era de puro ódio.
-- Quero que você mate Ravel!
-- Nunca! Nunca! Eu sei muito bem que você não é Maia, é apenas
um demônio fazendo-se passar por ela.
Ela deu uma gargalhada horrenda!
Tentei sair pela janela, mas como havia grade, foi impossível. Peguei
um vaso que estava por perto e o atirei contra o espelho, para que aquela
imagem sinistra desaparecesse.
O estilhaçar do espelho, se misturou com o estrondo da porta, que
Ravel arrebentou, ao chegar e ouvir os meus gritos.
Em pânico eu corri para os seus braços. Era um alivio vê-lo ali, e
poder sentir seus braços me envolverem.
Ravel me levou para a sala, querendo saber o que tinha acontecido no
quarto.
Brígida foi até a cozinha e pegou um copo com água para mim. Eu
tremia tanto, que não consegui segurar o copo, foi o próprio Ravel que o
levou até os meus lábios.
Brígida voltou para cozinha, para continuidade ao jantar e me deixou
ali na sala, sozinha com Ravel, em seus braços.
Eu contei a ele sobre a força sobrenatural, a peruca amaldiçoada.
Enfim, falei a ele sobre suposto espírito de Maia.
Decidi abrir o jogo com Ravel, e contar tudo. Eu não podia mais
esconder nada.
Comecei falando sobre os apagões. Disse a ele que sabia que alguma
coisa estava errada comigo. E Brígida sempre soube o que estava
acontecendo comigo, mas ela só me disse, quando veio até em casa, e
descobriu que ele estava vivendo comigo.
-- Eu não sabia o que estava fazendo, Ravel. Eu juro por Deus que
não sabia! Eu sequestrei você, trouxe você para perto daqui, usando a
peruca, como seu eu fosse a própria Maia. Brígida disse que a voz era igual
à de Maia, e que eu falava coisas que só ela e Maia haviam compartilhado
uma com a outra. Enfim, eu só não matei você, porque Brígida que estava
nos seguindo, chegou a tempo. E o resto você sabe, acabou vindo parar até
a minha casa para pedir ajuda. Você pediu ajuda para a mulher que quase o
matou! Mas eu sei que não fui eu, tão pouco Maia, e sim, um demônio que
me usou.
-- Brígida acha que foi o espírito da filha, que voltou para se vingar de
mim e você acha que é um demônio em forma dela? Ou seja, se é o espírito
dela, o demônio ou não... O Sobrenatural de envolveu nisso.
-- Sim.
Vi e ouvi Ravel dar um longo e profundo suspiro.
Pelo menos agora ele sabia de tudo, e quando recuperasse a memória,
o baque não seria tanto quando descobrisse que tinha sido eu mesma que
quase o matei.
Capítulo 32

(Ravel Krentz)

Eu não sabia o que pensar, ou o que fazer depois de saber de tudo.


Eu estava apaixonado por uma mulher, que havia me sequestrado e
tentado me matar... Segundo a amiga dela, ela havia sido usada pelo espírito
da filha, mas segunda a própria Thala, que não acreditava na volta dos
mortos, ela tinha sido usada pelo demônio, fazendo se passar por Maia.
Mas como tentar entender uma coisa, se eu não me lembrava de nada?
Para eu tentar entender, um pouco da história, eu precisava recuperar
a memória.
E o amor que eu sentia por Thala, como ficava? Havia duas questões
agora, que nos impedíamos de ficar juntos: Primeira: eu era padre!
Segunda: Ela havia tentado me matar, com espírito, ou sem espírito,
ela havia tentado me matar.
Ser padre, não me impedia de ficar com ela, eu podia dizer a mim
mesmo naquele momento, que eu largaria tudo para ficar com Thala.
Mas a outra questão não era fácil! Ela havia tentando me matar, e
mesmo que ela não tivesse tido culpa, era difícil para mim.
Não. Eu não podia tomar nenhuma decisão sem antes recuperar a
minha memória.
Eu a amava, isso eu não tinha dúvida.
Eu sabia quem eu era, mas não lembrava. Sabia que o que tinha
acontecido comigo, mas não me lembrava.
Será que algum dia, eu lembraria, de tudo que agora eu sabia?
-- Nada vai ser como antes, agora que você sabe de tudo, não é? – Ela
me perguntou, tocando o meu braço.
O toque dela mexeu comigo. Me, excitou, me envolveu.
-- A qualquer hora a polícia vai bater aqui, e eu serei presa, acusada
de sequestrar você e quase matar você. Já encontraram o seu carro e vão
chegar até mim.
-- Eu não vou registrar queixa não se preocupe. – Tentei tranquiliza-
la.
Eu não queria que ela fosse presa. Mesmo se não ficasse mais juntos,
eu não a queria presa.
Espíritos, demônios, isso tudo era demais para a minha cabeça.
Droga, eu a queria, eu a amava e podia perdoá-la pelo que havia feito!
Mas muitos não acreditariam naquela história de espíritos e
demônios. Mas como eu era um padre, com certeza eu acreditava.
-- Eu te amo tanto, Ravel.
-- Eu também te amo. – Disse a alguma distância dela.
Era melhor ficar longe, antes que eu caísse na tentação. Eu não podia
voltar a fazer amor com Thala, não enquanto eu não resolvesse tudo na
minha cabeça.
Eu não imaginava que coisas piores estavam para acontecer. Eu não
sabia, que naquele momento, o policial encarregado de investigar o meu
sequestro, tinha ouvido uma testemunha, que segundo ela tinha me visto,
sair à força de carro com uma mulher, que me ameaçava com uma arma.
Pela descrição da mulher, a polícia já tinha o retrato falado de
Thala, e já sabia quem era ela, e onde morava.
E eles já estavam indo para a casa de Thala.
.
Capítulo 33

Brígida, na cozinha, sentia como se algo, a chamasse para o quarto de


Thala.
Eles não viram, quando ela passou pela sala e foi ao quarto de Thala.
A porta arrebentada, caída de um jeito estranho contra a parede.
Os olhos de Brígida pousaram no manequim, e na peruca sobre a sua
cabeça.
Ela foi em direção o manequim. Uma força sobrenatural a chamava
para chegar até a peruca.
Ela estendeu o braço, e a pegou.
Com um sorriso frio, ela a ajeitou sobre a cabeça.
Olhando para o espelho, o rosto de Brígida mostrou uma expressão
fria e cruel.
Brígida não estava mais ali, somente o seu corpo.
Ela começou a abrir as gavetas, a procura do revólver que ela sabia
que Thala tinha.
Quando a encontrou, seus dedos pousaram na arma. Certificou-se o
pente estava carregado.
Sim. Estava pronta para uso.
Capítulo 34

(Thala Dill)

Eu e Ravel ainda continuávamos na sala, quando ouvimos o barulho


de um helicóptero sobrevoando ali.
Achei um pouco estranho, pois já era noite e não me passou pela
cabeça que fosse o helicóptero da polícia.
-- Vou até a cozinha, ver se Brígida já terminou o jantar. Está com
fome?
-- Um pouco. Helicóptero há essa hora, o que pode ser? – Ravel
chegou até a janela e olhou para o céu.
-- Deve ser alguém, querendo ver como é à noite aqui, das alturas.
Fui para a cozinha. Brígida não estava lá.
Duas panelas estavam ligadas, e o arroz já ia começar a queimar se eu
não tivesse chegado.
Acreditei que Brígida estivesse lá fora, no quintal, pois eu não a tinha
visto passar pela sala.
Ou talvez ela tivesse passado, e como eu estava muito concentrada na
minha conversa com Ravel não percebi.
Desliguei as panelas e decidi voltar para a sala. Eu tinha quase
certeza, que agora, Ravel voltaria para a cidade.
Afinal, agora ele sabia que tinha sido eu que quase o havia matado.
Mas quando entrei na sala, fiquei paralisada!
Brígida apontava a arma para Ravel! A minha arma!
-- Por que não largou tudo e ficou comigo e o nosso filho, por quê?
Aquela não era a voz de Brígida! Ela usava a peruca amaldiçoada.
Era a voz de Maia. Brígida não estava ali, só o corpo dela, sendo
usado por um demônio enganador!
Ravel estava em perigo!
Capítulo 35

(Ravel Krentz)

Eu estava na janela, olhando o helicóptero que havia sobrevoado o


lago, desaparecer.
Eu estava preocupado. Pensei na possibilidade de ser a polícia que
estivesse a minha procura.
E se me encontrasse ali na casa de Thala, só complicaria mais as
coisas para ela. Mesmo naquele momento, eu não sabendo se teríamos um
futuro juntos, mesmo amando-a, eu não queria que ela fosse para a cadeia.
Se eu quisesse que ela saísse livre de tudo, eu precisava me apresentar
à polícia e dizer que tudo não havia passado de um engano.
Eu precisava procurar a polícia, e dizer que não tinha havido nenhum
sequestro.
Mas para limpar a barra de Thala perante a polícia, eu precisava sujar
a minha!
Decidi que ia procurar a polícia, antes, que tudo piorasse para o lado
de Thala.
Como eu estava na janela, de costas, eu não vi quem era, ouvi apenas
o movimento na sala. Acreditei que fosse Thala e me virei para lhe dizer
sobre a decisão que eu havia tomado.
Porém eu me surpreendi ao me virar e me deparar com Brígida. Não
fiquei surpreso por ver Brígida, e sim pela peruca que ela usava, e a pistola
que estava em suas mãos, apontada para mim.
-- Por que não largou tudo e ficou comigo e com o nosso filho, por
quê?
-- O que é isso, senhora Brígida?
-- Brígida não. Quem está aqui agora, não é a minha mãe, sou eu
Maia!
Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo. Eu abri e fechei os
meus olhos, a minha cabeça começou a rodar.
Continue firme sobre os meus pés, mesmo com tudo girando a minha
volta.
Como em um filme, tudo foi passando em minha mente. Tudo que eu
não lembrava depois que fui parar perto do lago.
Lembrei-me de Maia, de suas investidas provocantes para comigo,
sempre que eu terminava de realizar a missa.
Eu errei, eu sei, mas eu lutei o máximo que eu pude para não ceder à
tentação da carne, até aquela noite, quando ela bateu na minha porta.
Foi apenas uma única fez, e eu a engravidei.
Quando ela me disse que estava grávida, eu me desesperei. Eu não a
amava, eu não sentia nada por ela, além de desejo.
Eu não a amava a ponto de abandonar o sacerdócio para me casar
com ela. Mas eu jurei que não ia abandoná-la com a criança.
Mas depois de tudo que havia acontecido, eu sabia que teria sim que
me afastar da igreja, pelo bem da minha consciência, eu precisava me
afastar.
Confesso que quando eu soube que Maia, estava morta, eu me senti
culpado.
Eu sabia que se eu tivesse me casado com ela, ela não teria feito
àquela loucura.
Agora olhando naquele momento para Brígida usando aquela peruca,
em me lembrei de que Thala usava uma, igual, ou, melhor a mesma, quando
entrou na igreja, também com uma pistola, e me sequestrou.
Do mesmo jeito que Brígida apontava a pistola para mim naquele
momento, Thala também apontou para mim naquele dia, me dizendo se
chamar Maia Rangel.
-- Você acabou com a minha vida! – Disse Brígida para mim.
Mas a voz não era de Brígida, era a voz de Maia, como eu havia me
lembrado de tudo, eu reconheci.
-- Por sua causa, eu matei a mim e ao meu filho.
-- Você não é a Maia. – Disse eu, sabendo naquele momento, que a
minha vida estava em perigo. – Você não é a Maia.
-- Por favor, não! – Thala entrou na sala, e eu fiquei mais apavorado
ainda, com medo de que aquela força sobrenatural se virasse, e atirasse
nela.
Capítulo 36

(Thala Dill e Ravel Krentz)

Eu vi que aquela arma ia ser disparada contra Ravel. Por isso, eu me


adiantei.
Mas assim que eu dei os primeiros passos para ficar entre Brígida e
Ravel, o que eu mais temia aconteceu.
A pistola foi disparada.
Eu ainda consegui ouvir o grito de Ravel, quando a bala que era
destina para ele, entrou no meu corpo.
Antes de perder completamente os sentidos, eu ouvi um segundo
disparo.
E depois mergulhei na mais completa escuridão

(Ravel Krentz)

Eu vi Thala cair, quando recebeu o tiro que era para mim. Mas
quando eu corri em direção a ela, aconteceu o segundo disparo.
O tiro atravessou o meu corpo, e eu ainda tentei me manter sobre o
meu corpo, e não cair.
Mas não consegui.
Eu cai!
Enquanto eu caia, novamente eu ouvi o helicóptero, e em seguida as
sirenes do carro policial, chegando ao lago.
Arrastei-me pelo chão, tentando chegar até Thala. Eu queria saber
como ela estava. Se ainda restava algum sopro de vida nela.
Enquanto eu me arrastava, deixando um trilho de sangue pela sala, eu
ouvi outro disparo.
Brígida caiu perto de mim, com os olhos abertos e a cabeça estourada.
Ela tinha levado à pistola a cabeça e disparado.
Consegui chegar até Thala, e quando segurei em sua mão, aconteceu
um estrondo, a porta foi aberta e eu vi os policiais entrarem antes deu
mergulhar na mais completa escuridão.
Capítulo 37

(Thala Dill)

Eu não morri, apesar de quase ter chegado lá.


Mas às vezes eu acho que era melhor ter morrido, para não passar
pelo que eu estava passando.
Ravel estava em coma, já por quase três meses.
Brígida morta! Brígida, ela mesma, nunca se mataria.
E eu presa por quase três meses.
A única pessoa que podia esclarecer as coisas, ou piorar a minha
situação era Ravel, e ele estava em coma.
Segunda as investigações da polícia, eu estava sendo acusada de
sequestrar Ravel, com a ajuda de Brígida e mantê-lo na casa do lago.
Para a polícia, eu e Brígida havíamos nos voltado uma contra a outra
e por isso, ela havia resolvido se livrar de mim e de Ravel, por isso havia
atirado com a minha própria arma em mim e nele.
Meu advogado já havia tentado o habeas corpus, para que eu pudesse
esperar o julgamento em liberdade, mas foi negado.
Escritora de sucesso é presa, por sequestrar e quase matar padre
bonitão. Era isso que estava em todos os jornais.
Ravel era um padre querido por todos, por isso a mídia havia caído
em cima.
Meu ultimo livro que era para ser lançado, simplesmente foi
cancelado pela editora, romperam o contrato comigo.
A minha vida havia virado de cabeça para baixo, Ravel estava em
coma e Brígida morta, tudo isso por causa de uma força sobrenatural.
Meus pais, minha irmã já havia me visitado várias vezes na cadeia.
Eles estavam inconsoláveis, principalmente a minha mãe, que havia tido
uma alta brusca de pressão, e precisou ser internada, enquanto eu era
operada.
À bala por pouco não havia arrebentado o meu coração, tinha sido por
pouco.
Sai do hospital diretamente para a cadeia, com vários repórteres feitos
urubus na carniça querendo saber por que eu havia sequestrado Ravel.
Durante o meu depoimento, ali mesmo no hospital, já melhor um
pouco, eu neguei tudo a polícia.
Eu jamais diria que uma força sobrenatural havia entrando em meu
corpo, através de uma peruca e me levado a fazer o que fiz.
Uma testemunha disse ter me visto levar Ravel, sob a ameaça de um
revólver, por isso, a minha situação estava complicada.
-- Eu, seu pai, e sua irmã, sabemos que você não fez nada do que
estão falando. – Disse minha mãe, em uma de suas visitas a mim na prisão.
Eu não havia contado a minha família sobre a peruca amaldiçoada.
Mesmo sabendo que eles acreditariam, eu não havia contado.
Pois se eu tivesse contado, eles falariam com o meu advogado, e ao
invés deu ir para a prisão, seria internada em um hospício.
Ou seja, eu saia do espeto para cair na brasa.
Mas depois de cinco meses presa, o meu advogado o doutor Rômulo
entrou com uma expressão alegre no rosto, quando foi me ver naquele dia.
-- Tenho ótimas notícias para você. Duas notícias maravilhosas.
Sem saber o que era eu já comecei a chorar de emoção.
-- O que é?
-- Padre Ravel saiu do coma há duas semanas.
-- E por que só agora, está me dizendo? Por que ninguém me disse
nada?
-- Porque eu queria esperar a polícia colher o depoimento dele. Você
está livre Thala, ele inocentou você. Ele disse que a testemunha se enganou
que não foi você que o levou sob a ameaça de uma arma. Ele confirmou que
foi Brígida! Ele disse que você estava na igreja quando Brígida chegou, e
que acabou sendo envolvida em tudo.
Ravel havia mentido para me proteger. Mentir tinha sido o meio mais
fácil para eu ser inocentada. Mas por outro lado, ele também tinha dito a
verdade.
Mas eu tinha certeza, que ele havia sofrido muito por ter tido que
incriminar Brígida. E incriminá-la tinha sido o meio mais fácil para me
livrar da prisão, pois ela havia atirado em mim e nele.
Ravel contou a polícia, que há muito tempo conhecia Brígida, e que
havia tido um caso com a filha dela, e a engravidado.
Maia havia tentando tirar a criança, e morrera em um aborto feito em
casa. Desde então, Brígida, nunca o perdoou por isso, e jurou um dia se
vingar.
Meus pais foram me buscar, e devido à insistência da minha mãe,
passei alguns dias na casa deles.
Eu agora não era mais matéria nos jornais, e sim Ravel com o
seguinte título:
“Padre Cai em Tentação”
Eu não tinha notícias de Ravel.
Procurei-o na igreja onde ele ficou a frente durante anos, e em seu
lugar estava o novo padre.
Ravel não fazia parte mais da igreja, e ninguém sabia me dizer onde
ele estava.
Depois de passar vários dias na casa dos meus pais, voltei para a casa
do lago.
Voltei com uma intensa saudade de Ravel.
Naquele dia, quando cheguei, passei a manhã, inteira a beira do lago.
Eu não conseguia esquecer Ravel, e estava preocupada, pois desejava
saber como ele estava de saúde.
Meu antigo editor entrou em contato comigo, depois de me despachar
quando o meu nome, estava nas páginas policiais.
Ele queria retomar a nossa parceria, e disse que queria lançar o livro
que eu havia escrito e era para ter sido publicado há dois meses.
E é claro que eu o mandei para o inferno, dizendo que não tinha mais
nenhum interesse em trabalhar com eles.
Outras editoras se interessaram em publicar o meu livro, em que o
personagem principal tinha o nome de Ravel.
Assinei contrato com uma delas, e para esquecer um pouco de Ravel,
comecei a me dedicar de corpo e alma ao lançamento do meu novo livro.
Capítulo 38

(Thala Dill)

Tudo que eu queria naquele momento, naquela noite do lançamento


do meu livro, era que Ravel estivesse ali comigo.
Tudo estava lindo e perfeito. Meus familiares, meus amigos estavam
lá.
Enfim a livraria encheu, mas quem eu queria que estivesse lá, não
estava.
Todos os exemplares do meu livro, ali, foram vendidos. A fila para eu
autografa-los estava imensa.
Meu coraçãozinho pulava de alegria por aquele lançamento estar
quase perfeito.
Fui autografando um por um, e tirando fotos com meus leitores.
Estava exausta, mais feliz.
A fila foi diminuindo, e eu tive tempo para relaxar e tomar um pouco
de água, ali mesmo na mesa.
Meus leitores circulavam pelo salão, conversavam, tomavam
champanhe e comiam alguns docinhos e salgadinhos.
Eu estava de cabeça baixa, folheando o meu livro, e não vi quando
alguém se aproximou.
-- Será que essa grande autora, pode autografar o livro pra mim?
A voz. Aquela voz forte e máscula acendeu, dentro de mim, um fogo
arrasador.
Levantei a cabeça, e me dei de cara com o homem mais lindo que eu
já tinha conhecido.
Ele sorria para mim, sedutoramente.
-- Meu Deus! Ravel...
-- Minha, doce, Thala.
Sai de trás da mesa e o abracei. Senti o seu perfume, a sua força, a sua
virilidade.
Eu queria beijá-lo, sentir o gosto de sua boca, mas ao mesmo tempo
eu estava receosa.
Mas ele me beijou. Me, beijou com intensidade e paixão. Seus lábios
doces e viris deslizaram pelo meu pescoço, fazendo nos esquecermos de
que não estávamos sozinhos.
Os flashes espocaram sobre nós e de repente um resoar absoluto de
palmas.
Capítulo 39

(Ravel Krentz)

Eu posso dizer que estive do lado de lá.


Eu vi o meu corpo ali, no chão, na sala de Thala.
Depois que sai do coma e soube que Thala estava presa, acusada de
me sequestrar, eu soube que precisava fazer alguma coisa.
Quando eu soube que Brígida estava morta, que a polícia acreditava
que ela e Thala estavam ambas envolvidas em meu sequestro.
Eu vi ali, um jeito de salvar Thala.
Eu podia ao mesmo tempo contar uma mentira, e falar uma verdade.
A mentira era que eu precisava jogar toda a culpa sobre Brígida,
afinal ela já estava morta mesma, e uma testemunha tinha dito ter visto
Thala me ameaçar com um revólver.
Eu só precisava dizer, que essa testemunha havia se enganado, a
mulher que me ameaçava não era Thala e sim Brígida.
E depois revelar o caso que eu havia tido com a filha de Brígida,
dando assim um motivo para ela querer me matar.
Eu não me senti bem em manchar o nome de Brígida, mas era
preciso.
Eu precisava de algum tempo só para mim mesmo, por isso me afastei
por um tempo.
Quando eu vi sobre no jornal sobre o lançamento do livro de Thala,
eu soube que era hora de voltar e pedir aquela mulher para se casar comigo.
Antes de ir para o lançamento do livro de Thala, passei por uma
joalheria e comprei um anel de noivado para ela.
Quando entrei no salão daquela livraria, fiquei emocionado ao vê-la,
tão linda autografando seus livros.
E foi ali mesmo, depois de beijá-la e sermos aplaudidos pelos seus
familiares e leitores que eu me ajoelhei perante ela e a pedi para se casar
comigo.
-- Quer se casar comigo, Thala?
Ela começou a chorar emocionada.
-- Sim, sim!
E novamente, eu a beijei!
Epílogo

Ravel soube depois por Thala, algumas horas depois, do lançamento


do livro dela, que Brígida havia sido enterrada com a peruca.
E sobre a peruca, os dois nunca mais falaram.
Mas algumas pessoas comentavam, que quando passavam diante do
túmulo onde, estava enterrada Brígida e Maia, ouviam gemidos e sussurros.
O livro de Thala, dentro de poucos dias, entrou na lista dos mais
vendidos. Era mais um sucesso.
Ravel e Thala se casaram e continuaram morando na casa do lago.
Ele descobriu também que tinha talento para a escrita, e um ano
depois, ele também lançou um livro, um romance, no qual foi bem recebido
pela crítica.
Pouco depois do lançamento do seu primeiro livro, Thala entrou em
trabalho de parto, e ela teve um pouco antes do amanhecer, o primeiro filho,
o primeiro fruto do amor dos dois.
Naquele final de tarde, ambos caminhavam de mãos dadas à beira do
lago, enquanto o pequeno Sam, havia ficado em casa com os pais de Thala,
que passavam alguns dias ali com eles.
-- Graças a Deus que não há mais nenhuma força sobrenatural sobre
nós.
-- Sim. —Confirmou Thala. – Vamos deixar os mortos em paz, eles
não voltam. Maia nunca voltou.
Ravel a puxou para os seus braços e colou seus lábios aos dela.
Depois, se despiram e de mãos dadas, entraram no lago.
Outras obras de M. M. Lopes

“A Virgem do CEO Grego” (CEOS Livro 1)

Prólogo
(GIANNIS Blacktone)

Será que ela existe? Se ela não existe, então porque eu sempre sonho
com ela?
O sonho é sempre o mesmo. Eu em uma cidade, que eu sei muito
bem que não faz parte daqui da Grécia, mas em, outro país qualquer.
Partes da cidade são tomadas por nuvem de poeira. A cidade havia
amanhecido com tons de marrom, quando vários pontos da cidade foram
invadidos por nuvem de poeira.
Aparentemente o vento forte atuando em grandes áreas de
queimadas, sem cobertura vegetal, levantou a poeira no chão. Em algumas
ruas, a visibilidade estava reduzida, mas eu podia muito bem vê-la, bem ali,
no meio da nuvem de poeira.
Eu tentava alcançá-la, mas ela desaparecia em um redemoinho, me
deixando apenas com a mão estendida para tocá-la.
Linda, bela, ela era uma deusa.
A minha deusa!
Se ela existisse, se não fizesse parte apenas dos meus sonhos, um
dia eu a encontraria. E ela seria minha, custasse o que custasse!
Tudo que eu quero eu consigo, não apenas objetos, fortunas, mais
também mulheres!
Sou um bilionário grego, magnata dos negócios.
Meu pai começou a construir a fortuna de nossa família em 1930,
como comerciante e mais tarde armador.
Ele transformou seu negócio em uma frota de navios na década de
1970. Ele desenvolveu uma série de interesses comerciais nas áreas de
transporte marítimo, imobiliário, construção e petróleo, além de bancos e
finanças.
Depois da morte do meu pai eu assumi a direção de todos os
negócios.
Ainda não me casei, por enquanto não quero me prender em
nenhuma mulher.
Mas eu sei que um dia, eu terei que fazê-lo!
Capítulo 01
(Blanka Bianchi)

Eu não imaginava que depois daquela noite a minha vida fosse


mudar completamente. Ou, que eu quase fosse quase perdê-la.
Sim! Naquela noite, por pouco eu não perdi a vida, eu só sobrevivi
por causa de Zeus, meu belo cachorro grande, melhor do que certos seres
humanos que eu conheço.
Não havia lua naquela noite. Noite escura, feita, breu e assustadora
para quem se atrevesse a andar aquela hora pela cidade.
Eu já havia cansado. Já não aguentava mais ir buscar meu pai na
porta dos bares, e trazê-lo se apoiando em mim, totalmente embriagado.
Era apenas eu e ele naquela casa. Era uma casa alugada. A casa
pertencia a, madame Carrero, dona de um luxuoso bordel que existia fora
da cidade e quase uma hora dali, de carro.
Aquela cidade ficava no fim do mundo, as entranhas do Brasil, onde
o Judas havia perdido as botas.
Eu pensava em um dia sair dali, ir embora daquele lugar, conhecer a
capital!
Mas, eu não pensei que fosse sair dali obrigada. Eu acreditava que
fosse ir embora dali, com minhas próprias pernas e não comprada feito um
objeto.
Meu pai trabalhava em uma mina de carvão e praticamente todo o
pouco de dinheiro que ele ganhava, gastava em bebidas e eu, para não
morrer de fome, lavava e passava para algumas senhoras ricas da cidade.
Eu estava com vinte anos, e minha mãe havia morrido há cinco
anos. Ela morreu no dia do meu aniversário. Portanto, toda vez que eu fazia
aniversário, fazia anos também de sua morte.
Eu percebi que a sua saúde não andava bem, quando ela começou a
emagrecer rapidamente. Procuramos um médico, e ela ficou sabendo que
estava com câncer no útero e já havia se espalhado.
Não havia nada a ser feito.
Eu havia prometido a mim mesma que não ia buscar mais o meu pai
na porta de nenhum bar.
Por isso, naquela noite, depois de alimentar Zeus, eu fui deitar mais
cedo.
Estava cansada e peguei rapidamente no sono. Zeus dormia ao meu
lado da cama, no chão, sobre um tapete que eu havia comprado
especialmente para ele.
Eu estava cansada, e não vi quando o meu pai chegou.
Capítulo 02
Zeus se levantou do lado da cama de Blanka, assim que ouviu a
porta da sala se abrir.
Assim que ele chegou à sala, ele viu o homem entrar cambaleando,
resmungando e falando palavrões.
-- Zeus, ai está você! Você sabia que você vale mais que eu? Eu sou
um bêbado bosta! Um bosta fracassado! Sou um escroto, Zeus!
Zeus continuou olhando para ele, ouvindo o desabafo do bêbado.
-- Minha filhinha é tão linda, Zeus. Ela merecia uma vida de
princesa!
Benedito Bianchi enfiou a mão no bolso a procura do cigarro e do
isqueiro.
Depois desabou sobre o sofá, acendendo o cigarro.
Zeus continuava observando o homem.
-- A única coisa boa que eu fiz na minha vida, foi a minha filha!
Blanka é o meu tudo, Zeus.
Dito Bianchi levou o cigarro a boca e deu uma longa tragada.
Cansado de ouvir as lamúrias do homem, Zeus voltou para o quarto
e deitou-se sobre o tapete, ao lado da cama de Blanka.
Na sala, Dito Bianchi, com o cigarro na mão fechou os olhos.
Alguns minutos depois ele roncava e o cigarro acabou escapando de seus
dedos e caindo ao seu lado sobre o sofá.
O fogo começou bem fraquinho, e alguns minutos depois se tornou
assustador, para quem pudesse ver!
No quarto, Zeus fechou os olhos, estava cansado, pois, havia corrido
a tarde toda atrás do cachorro que morava na casa ao lado.
A fumaça começou a se espalhar pela casa, e como Zeus havia
sentido alguma coisa diferente no ar, ele abriu os olhos, a tempo de ver a
fumaça entrar ali no quarto, debaixo da porta.
Ele latiu!
Ele foi para a sala, mas o fogo já havia se alastrado, e Dito Bianchi,
já havia sido envolvido pelo fogo, e não havia acordado por causa da forte
fumaça.
Zeus voltou para o quarto e começou a latir desesperado para
acordar a sua dona.
Ele puxava a roupa de Blanka, cutucava-a com a pata, mas a jovem
não acordava.
Zeus olhava em pânico para a porta. Ele sabia que se o fogo
passasse por ela, ele e sua dona não sairiam daquele quarto.
Zeus passou a pata de leve no rosto de Blanka. E latiu ao mesmo
tempo!
Então ela começou a tossir, moveu um pouco a cabeça, e como uma
drogada, abriu os olhos.
Ela estava tonta, percebeu assim que abriu os olhos.
-- Zeus!
O cheiro da fumaça entrou pelas suas narinas. Quando ela sentou na
cama, com Zeus latindo desesperado, o fogo já havia passado pela porta.

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“A Virgem que o CEO Comprou” (CEOS Livro 2)
Capítulo 01

Eu a vi novamente. Eu tinha decidido que eu não a deixaria escapar.


Era noite, eu tinha acabado de sair do restaurante, depois de um jantar
agradável só eu mesmo.
Eu a vi, procurando sobras de comida no latão de lixo. Ela usava a
mesma blusa com o capuz cobrindo a cabeça, a, reconheci.
-- Hei, você! – Gritei.
Ela correu! Fui atrás, disposto desta vez não deixá-la escapar.
Era uma sem teto, especialmente uma ninguém, que vivia na rua
procurando sobras de comida.
Eu não tinha visto totalmente os seus cabelos, mas deu para
perceber que eram negros. Mesmo suja e usando aqueles farrapos de
roupas, ela era bonita.
Enquanto corria atrás da jovem, eu Nolan Ramagem, acreditava ser
louco!
Louco por ter ficado interessado em uma sem teto, que eu via todos
os dias, pela janela do meu carro, quando seguia para a minha empresa.
Givan o meu chofer, me aconselhou a não aproximar daquela gente.
Ele tinha me dado esse conselho semana passada.
Givan além de chofer era um amigo, um confidente.
Ele sabia de todos os meus planos. E esse último agora, ele achava
uma loucura.
O próprio Givan já tinha saído para procurar a jovem que eu tinha
acabado de ver. Ele tinha feito isso, alguns dias antes.
Aquela noite era folga dele.
Eu continuei correndo atrás dela, passando por ruas escuras e becos
fedorentos. Becos que fendiam a urina e até o ar parecia ter gosto de ranço.
Não me perguntei por que, mas eu tinha planos para aquela jovem.
Planos loucos, mas eu tinha.
E talvez ela nem fosse o que eu achava que fosse, uma virgem!

O sujeito bonitão estava atrás de mim. Com certeza ele devia ser
traficante de mulheres, e estava querendo me pegar para me fazer de
escrava sexual em outro, país.
Não era a primeira vez que alguém estava a minha procura. Antes já
havia aparecido outro sujeito, colhendo informações ao meu respeito.
Claro que os outros sem teto disseram que não me conhecia. Mas
não demoraria muito, para alguém contar, onde me encontrar, em troca de
algumas moedas.
Continuei correndo, decidida a não deixar o traficante de mulheres
me pegar.
Me, escondi na escuridão, me escondi atrás de caçambas de lixo, de
tambores e o diabo a quatro.
Ele não podia me pegar!
Traficante de mulheres, ou traficante de órgãos, ele devia ser
qualquer uma dessas duas coisas.
Mas o meu palpite era que ele era traficante de mulheres.
Estava em um beco escuro, cheio de lixos. Os sacos de lixo
impediam-no de me ver.
Meu coração estava acelerado! Eu podia sentir o medo atravessar
todo o meu corpo.
Talvez ele me matasse naquele momento, talvez ele fosse um serial
killer e não um traficante de mulheres, ou de órgãos.
Se ele me encontrasse, eu poderia terminar morta naquele beco. Ele
arrancaria o meu coração, as minhas vísceras, como Jack o estripador fez
com as suas vítimas no passado.
Não importava se o homem era bonito, ou tinha boa aparência.
Esses eram os piores.
Eram esses que enganavam mocinhas ingênuas! Eles jogavam o seu
charme, e quando elas percebiam, já estavam presas em sua teia.
-- Moça, eu quero apenas conversar com você. – Ouvi a sua voz.
Ele estava bem próximo.
-- Dependendo de suas respostas, eu quero lhe fazer uma proposta.
Ele estava mais perto! Eu estava encolhida em um canto, meus
braços abraçando com firmeza os meus joelhos.
-- Moça, eu não sou nenhum bandido. Se você me ajudar, eu posso
ajudar você. Eu só preciso saber se você é virgem!
Gelei. As minhas suspeitas haviam se confirmado. Ele era traficante
de mulheres, e uma virgem valeria muito mais lá fora.
Virgem!
Ou talvez ele fosse um bruxo! No passado sacrificavam virgens, e
eu já tinha ouvido falar que faziam isso até hoje.
Quando eu vi, talvez já fosse tarde demais.
A única coisa que eu pude fazer foi gritar, quando vi do nada, o
machado se erguer!

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