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EXERCÍCIOS SOBRE REDAÇÃO PARTE II

Eneida

Não há necessidade - espero - de apresentar-vos José.

Nascido de pai ignorado, muito cedo arrancado do colo materno, sem brasões nem glórias. José é um gato
malhado, branco e preto, como é comum aos torcedores do Botafogo.

Mas não é um gato qualquer.

Entrou para a minha família, da qual é hoje um dos membros mais ilustres. Vivemos um para o outro, se assim
posso dizer.

Em certos momentos, chego a temê-lo. Por que me olhará assim, com os olhos azuis agora, amarelo depois, muito
verdes em certos momentos, olhos que lembram os meus passados distantes, naqueles em que eu era ainda
sonhadora e visionária? Por que me olha assim José, horas a fio, sem se mexer, sem pestanejar, como se estivesse
me passando a limpo, me aprendendo de cor? O que quererá dizer esse olhar profundo que acompanha nos
menores gestos? Estarei sendo aplaudida, criticada, ou simplesmente apenas amada? José, seu comportamento,
suas ações, sua maneira de encarar a vida, dá para um volume e isto é uma crônica. Ora, crônica é conversa
rápida, peça jornalística, ou literária que deve ser curta, pelo que vou direta às azeitonas.

A primeira vez que José viu uma azeitona, ela estava inteira.

Dei-lhe porque sua presença, no momento em que me alimento, exige participações. A azeitona caiu no chão, fugiu,
correu e José atrás dela. Naturalmente conseguiu afinal prendê-la, porque José, como já disse, é de minha família:
teimoso, persistente, corajoso. Logo que conseguiu a presa, provou-a, abandonou-a Uma conquista nem sempre
vale a pena ser guardada, foi com certeza o que pensou.

A azeitona conquistada, possuída, mordida, foi desprezada.

Agora, a funcionária da casa, que exerce também as funções de cozinheira - é ótima -, preparou um prato no qual
entravam azeitonas partidas, sem caroço. Ora, uma azeitona , assim, deixa de ter o interesse inicial, torna-se um
ingrediente qualquer, um tempero, uma coisa que perdeu sua origem, digamos mesmo: uma azeitona sem caroço é
um simulacro de azeitona. Desejei ver o que pensaria José daquele fruto que perseguiu um dia; como iria julgá-la
agora que não podia correr, fugir? Dei-lhe pedaços de azeitona do referido prato, cujo nome não sei, porque não é
minha especialidade conhecer nomes de comidas.

José provou as fatias do fruto da oliveira (tentei em vão fugir deste pernosticismo) e gostou. Desde o primeiro
momento, com o primeiro pedaço comido, olhou-me em êxtase. Senti que para seu paladar muito exigente (cada
um com sua personalidade e José tem a sua bem forte), a azeitona estava sendo considerada delícia. Fiquei
observando suas reações.

Comeu, comeu, e à medida que comia tornava-se tão feliz, que, terminando o que havia no prato, teve a mais linda
demonstração de alegria: virou as patinhas para o alto, deitou-se de costas e agitou-se num contentamento total.

José descobriu, num almoço, o sabor das azeitonas. Não sei se percebeu que aquelas fatias eram daquele caroço
vestido que perseguiu uma vez.

32 - José era um gato:

a) torcedor do Botafogo

b)sem "pedigree"

c)de poucas aventuras

d)de paladar pernóstico

e)sonhador e visionário
33 - Assinale a passagem que comprova a resposta ao item anterior

a) "...José é um gato malhado, branco e preto..."

b) "... com olhos azuis agora, amarelo depois, muito verdes em certos momentos..."

c) "... dá para um volume e isto é uma crônica.

d) "José provou as fatias do fruto de oliveira... e gostou."

e) "Nascido de pai ignorado... sem brasões nem glórias..."

34 - Para a autora, José não é um gato qualquer. Assinale a passagem que não o comprova.

a)"Vivemos um para o ouro..."

b)"Em certos momento, chego a temê-lo."

c)"...teimoso, persistente, corajoso."

d) "Logo que conseguiu a presa, provou-a, abandonou-a."

e) "Estarei sendo aplaudida, criticada, ou simplesmente apenas, amada? "

35 - José representava para a autora:

a)um bálsamo para a sua solidão.

b)um estímulo para sua natureza de filosofia.

c)uma recriminação ao seu espírito visionário

d)uma crítica à sua vida celibatária

e) um aplauso ao seu bom-gosto culinário

36 - O temor que domina a autora é devido:

a) aos olhares felinos imperscrutáveis.

b) à perspicácia do gato.

c) à sua perspicácia

d) ao policromatismo cambiante dos olhos do gato

e) à autora ser ainda visionária e sonhadora

37 - Diante do olhar do gato, a autora tinha a sensação de estar:

a) petrificada

b) sendo aplaudida

c) desnudada
d) sendo criticada

e) sendo amada

38 - O gato costumava olhar para sua dona:

a) perscrutadora e inquietantemente

b) rápida e desconfiadamente

c) feroz, porém sonhadoramente

d) percuciente e maldosamente

e) insistente e depreciativamente

39 - Para a autora, "Descoberta da Azeitona" é uma crônica por ser:

a) a história de um gato

b)sobre as vicissitudes de uma azeitona,

c)descrição do comportamento de José

d) direta, rápida e sem digressões

e) história de uma família

40 - A autora deu uma azeitona a José.

a)para se ver livre de sua presença

b) por sabê-lo apreciador de azeitonas

c) por ele jamais ter comido azeitonas

d) porque ele tinha caído no chão

e) porque ele sempre compartilhava de sua alimentação

41 - Assinale a passagem que não justifica a resposta ao item anterior.

a) "... não é um gato qualquer"

b) "Em certos momentos chego a temê-lo"

c) "Vivemos um para o outro..."

d) "Entrou para a minha família..."

e) "... é hoje um dos membros mais ilustres"

42 - "A azeitona caiu no chão, correu de José atrás dela", com a certeza de que era:

a) uma azeitona mesmo


b) um afago de sua dona

c) um novelo de lã

d) um petisco

e) um brinquedo

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