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Ensino do Projeto Arquitetônico_ PPGAU

RESUMO DO LIVRO de BOUDON, Philippe et al, 2000. Revisão Profa. Maísa Veloso

ENSEIGNER LA CONCEPTION ARCHITECTURALE – COURS D’ARCHITECTUROLOGIE


Éditions de la Villette, Paris.

Capítulo 7 : Déployer le modèle architecturologique:


DESENVOLVER O MODELO ARQUITETUROLÓGICO
pp. 237-261

Neste capítulo, o autor propõe estudar/encarar noções que permitam apreender uma concepção
nos seus detalhes; fazer um aprofundamento no esquema essencial e nos conceitos fundamentais
do modelo arquiteturológico. As ‘escalas” serão acompanhadas de noções operacionais. Estas
noções permitem apreender a concepção arquitetural no que ela pode apresentar de particular em
casos precisos.

ENCADEAMENTO DAS ESCALAS


(p.238)
Vimos no cap. 5 que a concepção de um edifício pressupõe a intervenção de várias escalas que
podem se articular por justaposição (coexistência das escalas no espaço de concepção) ou
sobredeterminação (quando várias escalas atuam conjuntamente).
“As modalidades articulatórias levantam a questão dos encadeamentos de escalas. De fato, na
dinâmica do processo de concepção, as operações de escala se sucedem, entrando umas nas
outras. (...) de fato, uma escala “x” não pode ser a única pertinência do conjunto de um projeto:
outras escalas atuam por determinações locais ou globais, escalas às quais a escala “x” estará
ligada.” Estas relações em cadeia podem advir seja da necessidade ou da intenção do projetista,
estas relações podem se dar “por revezamento” ou em “cascata”. Cascata e indução (operações
consecutivas advindas da necessidade) são diferentes de revezamento e inferência (baseadas na
intencionalidade).

RELAIS E CASCADE
(p.239)
“Cascata de escalas”: “casos onde as operações de recorte ou de dimensionamento relacionadas a
uma escala estão ligadas de maneira necessária a novas operações cuja pertinência decorre de
uma outra escala que concerne o mesmo suporte.” Tem como modalidade a sobredeterminação
Corresponde a um momento de concepção, de uma seqüência ordenada de operações que o
projetista tem o poder de limitar.
“Revezamento de escalas”: ocorre quando uma decisão relativa a uma pertinência leva a uma
decisão relativa a uma pertinência diferente, que, por si mesma, suscita uma outra pertinência –
sem que haja entretanto uma necessidade. O que há é uma intencionalidade própria.
“Relais” e “cascade” podem se considerados agrupamentos de escalas como conjuntos de
pertinências religadas remetendo a operações ligadas entre si.
Indução e Inferência
(p.204)
Casos de justaposição de escalas:
Indução – Relação com a ordem de necessidade.
Inferência – Relação com a ordem de intencionalidade do criador.
Nestes casos, há dois níveis de concepção que estão numa situação de autonomia relativa, um
nível influencia o outro.
(ver exemplos)

PARTIDO ARQUITETUROLÓGICO:
(p.241)
Falaremos de “partido arquiteturológico” quando um conjunto de escalas permite precisar as
orientações iniciais de um projeto: trata-se da determinação conjunta de várias escalas
organizadas entre si que permitem ao projetista dar pertinência às intenções iniciais. No espaço
de concepção, o partido arquiteturológico é um nível de concepção (nível global), mesmo quando
os efeitos de escala que definem o partido se baseiam em dimensões locais.

ESCALA GLOBAL COMO “ESTILO”


(p.242)
Para um criador, cada escala é pertinente à sua maneira. Certas escalas podem co-determinar e
estruturar o processo de concepção. Este conjunto de escalas estruturantes têm um efeito de
ordem global e pode tomar o lugar de escala global. A noção de estilo será aqui definida não em
relação aos objetos arquitetônicos, mas com resultado de um processo que decorre da
determinação conjunta de várias escalas organizadas entre si. Falar de escala global significa
postular a dominância de certas escalas em um arquiteto.
(ver exemplos de projetos de Mario Botta, onde verifica-se a dominância da escala geométrica,
articulada/agenciada de forma diferente a outras escalas, o que lhe permite a dominância)

FUNÇÃO DAS ESCALAS E MODO OPERATÓRIO


(p. 244)
As escalas podem ter diferentes funções no espaço de concepção. Estas funções variadas não
anunciam a maneira como uma operação pode dar lugar a fatos de medidas (faits de mesure) ou
scalèmes diversos. O modo operatório é uma noção que permite apreender a diversidade dos fatos
de medidas no seio do espaço de concepção, nas suas condições de elaboração.

COLOCAR EM ESCALA: INICIALIZAÇÃO E LIMITAÇÃO (p.245)


A operação de colocar em escala define a escala como operador e o esquema de concepção se
define como a interação do jogo modelo/escala. Esta interação a partir de operações e tem função
de inicialização. Quando ela é interrompida, local ou globalmente pelo projetista, de maneira
arbitrária ou pertinente, ela tem, neste caso, função de limitação.

REPRESENTAÇÃO E “EMBREAGEM” (p.246)


Algumas escalas têm função de representação num projeto, permitindo estabelecer uma relação
de comunicação entre o que está representado e seu referente. A geometria pode ser oquadro
técnico e instrumental que permite ao arquiteto representar seu projeto. Mas ma escala que tenha
função de representação do espaço de concepção não tem a tarefa de fazer a articulação com o
espaço real (embreagem). Por exemplo, a escala geométrica, que representa, mas não faz a
ligação com o real, já que as figuras geométricas são por natureza desprovidas de medidas, que
lhes devem ser assim atribuídas por qualquer outra escala, para que possam ser articuladas ao
real.

FUNÇÃO, RELAÇÃO E MODALIDADE (p.247)


Função das escalas: inicialização, limitação, embreagem e representação.
Relação entre escalas: cascata e revezamento
Modalidades: sobredeterminação e justaposição (articulação das relações entre as escalas)

ESCALAS DE PERCEPÇÃO / ESCALAS DE CONCEPÇÃO


(p.248)
As escalas arquiteturológicas são escalas de concepção, mas as mesmas pertinências podem
funcionar também na percepção. A concepção comporta uma representação da percepção.
Segue-se que:
a) as mesmas escalas funcionam na percepção e na concepção;
b) a percepção e a concepção, em um caso particular, fazem necessariamente intervir as
mesmas escalas;
c) as escalas de concepção são determinadas por uma representação daquelas de percepção;
d) as escalas de percepção não são determinadas por aquelas da concepção;
e) a inadequação da percepção e da concepção procede da presunção da identidade das
escalas de percepção e concepção atuando sobre um mesmo objeto; torna-se possível por
a induzido por b, negado por d.
Arquiteturologicamente, a idéia arquitetônica de “efeito” é suscitar na percepção, através da
concepção, uma percepção particular.

SUPORTE ARQUITETUROLÓGICO
(p.250)
É aquele sobre o qual se exerce efetivamente a representação do trabalho de uma escala. Trata-se
de um recorte do espaço arquitetônico que permite ao arquiteto trabalhar, mas não é forçosamente
figurado.

ESCALA E SUPORTE ARQUITETUROLÓGICO (p.251)


A escala pode motivar um suporte arquiteturológico ou a escala pode operar como um suporte.

SUPORTE ARQUITETUROLÓGICO E DIMENSÃO (p.252)


As operações de escala tratam-se de dimensões arquiteturológicas que podem eventualmente
definir um nível de concepção. Qualquer escala pode dar medidas a qualquer elemento do espaço
arquitetônico.

JOGO DA CONCEPÇÃO (p.254)


O jogo é fundador da concepção caracterizada pelo esquema modelo/escala, não sendo totalmente
regrado, já que acontece num espaço descontínuo, o da concepção, e que se opõe assim ao espaço
arquitetônico (contínuo). O jogo existe em todos os níveis e momentos da concepção. As
decisões tomadas num certo momento podem ser abandonadas e por vezes retomadas num outro
momento. Assim , o criador/projetista pode jogar com a ordem com a qual as medidas são dadas.
Existe também o jogo de escalas já que estas possuem pertinências escolhidas intencionalmente,
que abrem possibilidades para que o projetista efetue escolhas e tome decisões. O projetista pode
jogar com a pertinência das várias escalas, numa variedade de pertinências que pode levar a um
outro jogo, o de colocação em escala paralelas que criam assim variantes.

EFEITO
(p.256)
Os efeitos acompanham as operações de pontos de vista, recortes e dimensionamentos relativos
às escalas. Elas suscitam outras operações, sejam elas induzidas ou intencionais, o que pode gerar
um encadeamento de operações.
As escalas podem ter efeito de operação e de significação, podendo haver também efeitos de
sentidos, ligados ou não à percepção.

MOTIVAÇÃO
(p.257)
Uma escala pode motivar num projeto a proximidade ou vizinhança de dois elementos,
motivando no espaço de concepção uma contigüidade. Por exemplo, uma escala técnica suscita a
contigüidade vertical entre banheiros e cozinhas na sobreposição dos pavimentos.

CAMPO DE VALORIZAÇÃO
(p.258)
Se o espaço de concepção não é homogêneo, é porque o projetista é levado a atribuir valores
diferentes ao nível de concepção onde ele está, valorizando sua concepção. Para ele, uma
dimensão não está jamais isolada, ela pode conter configurações que podem ter valores
diferentes, ou podem valorizar diversamente as medidas afetadas por outras dimensões.
Assim, num mesmo espaço de concepção, existem campos de valorização que motivam certas
escolhas. A existência destes campos vem do fato que todo elemento arquitetônico pode entrar no
espaço de concepção, onde as configurações não são fixas e podem ser mudadas pelo projetista.

VARIANTE
(p.259)
Existe concepção, por partido, porque existem escolhas. Uma variante aparece como uma
diferença de intenção. Num jogo de concepção acontece que p projetista pode experimentar
muitas variantes, muitas intenções. As variantes podem ser motivadas por mudança no nível de
concepção, necessidade de compatibilidade, efeito do campo de valorização, ou ainda, podem ser
motivadas por uma escala.

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