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Departamento de Engenharia Elétrica

Conversão de Energia III


Aula 1.1
Máquinas Síncronas

Prof. João Américo Vilela


Bibliografia
FITZGERALD, A. E., KINGSLEY Jr. C. E UMANS, S. D. Máquinas Elétricas: com
Introdução à Eletrônica De Potência. 7ª Edição, AMGH Editora LTDA, 2014.
Capítulo 5 – Máquinas Síncronas

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de Máquinas Elétricas.


5º Edição, AMGH Editora LTDA, 2013.
Capítulo 4 – Geradores Síncronos

TORO, V. Del, MARTINS, O. A. Fundamentos de Máquinas


Elétricas. LTC, 1999.
Capítulo 5 – Gerador Síncrono trifásico

Conversão de Energia III


Indutância das Máquina Síncrona
Cada fase da armadura do motor trifásico tem um fluxo concatenado com
as demais enrolamentos da máquina.
Relembrando que indutância é fluxo
concatenado pela corrente na bobina.

L=
i
A indutância concatenada na fase “a”

Os dois subscritos iguais indicam uma


indutância própria e dois subscritos
distintos representam uma indutância
mútua entre os dois enrolamentos.
Diagrama esquemático de uma máquina
síncrona trifásica de rotor cilíndrico e
dois pólos.

Conversão de Energia III


Indutância das Máquina Síncrona
As equações abaixo representam os fluxos concatenados nas fases da
armadura e no enrolamento do campo em função de indutâncias e
correntes.

A letra L é usada para indicar que, em geral, ambas as indutâncias


próprias e mútua de uma máquina trifásica podem variar com o ângulo do
rotor.

Conversão de Energia III


Indutância das Máquina Síncrona
Com um estator cilíndrico, a indutância do enrolamento de campo não
depende da posição do rotor θm.

A letra L é usada para indicar uma indutância que não depende do ângulo θm.
- Lff0 é a parcela de Lff devido à componente fundamental espacial de fluxo de
entreferro;
- Lf1 é responsável pelo fluxo de dispersão do enrolamento de campo;

A indutância mútua entre estator e rotor variam


periodicamente com θme, que é o ângulo elétrico
entre o eixo magnético do enrolamento de campo e
o da fase “a”.

δe0 = ângulo elétrico do rotor no tempo t = 0;

Conversão de Energia III


Indutância das Máquina Síncrona
Com rotor cilíndrico, a geometria do entreferro não dependerá do θm se o
efeito das ranhuras do rotor forem desprezadas.

- Laa0 é a componente de indutância própria devido ao fluxo fundamental espacial


de entreferro;
- La1 é a componente adicional devido ao fluxo dispersivo da armadura;

A indutância mútua da armadura, fase-fase, podem ser encontradas


supondo-se que a indutância mútua depende exclusivamente do fluxo
fundamental espacial de entreferro.

Para um sistema trifásico, o fluxo de uma fase se distribui igualmente nas outras
fases, ficando as outras duas fase com metade do fluxo próprio produzido por
uma fase especifica.

Conversão de Energia III


Indutância das Máquina Síncrona
Substituindo as equações de fluxo próprio e mútuo na expressão de fluxo
concatenado da fase “a”, obtém-se:

Com correntes trifásicas em equilíbrio, tem-se:

Assim,

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Indutância das Máquina Síncrona
Da equação de fluxo concatenado na bobina “a” defini-se a indutância
síncrona Ls.

- Laa0 é a componente espacial do fluxo concatenado própria da fase “a” no


entreferro;
- La1 conhecido como indutância de dispersão, é devida à componente de
dispersão do fluxo concatenado da fase “a”;
- (1/2).Laa0 é devido aos fluxos concatenados da componente fundamental
espacial do fluxo de entreferro produzido pelas correntes nas fases “b” e “c”;
Indutância síncrona Ls

Indutância síncrona Ls é a indutância efetiva vista pela fase “a” quando a máquina
está funcionando em regime permanente e condições trifásicas equilibradas.

Conversão de Energia III


Circuito Equivalente – Máquina Síncrona
A tensão eaf induzida devido ao fluxo do enrolamento de campo pode ser
obtido pela derivada do fluxo concatenado em relação ao tempo,
considerando a corrente de armadura igual a zero.
Relembrando que:

Tensão induzida na bobina é a derivada do fluxo concatenado no tempo

da dia d (cos(e  t +  e 0 )  i f ) No rotor a corrente


= LS  + Laf  é constante
dt dt dt

da d (I a _ pico  sen(e  t ) ) d (cos(e  t +  e 0 ) )


= LS  + Laf  I f 
dt dt dt

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Circuito Equivalente – Máquina Síncrona

da d (I a _ pico  sen(e  t ) ) d (cos(e  t +  e 0 )


= LS  + Laf  I f 
dt dt dt
Tensão nos terminais da bobina da fase “a”.

d ( sen(e  t ) d (cos(e  t +  e 0 )
Va (t ) = LS  I a _ pico  + Laf  I f  + Ra  ia (t )
dt dt
Va (t ) = LS  I a _ pico  e  cos(e  t ) − Laf  I f  e  sen(e  t +  e0 ) + Ra  ia (t )

Determinando os valores eficazes e representando de forma fasorial

Vˆa _ pico LS  e  I a _ pico Laf  I f  e I a _ pico


= j −  e 0 + Ra 
2 2 2 2

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Circuito Equivalente – Máquina Síncrona
Determinando os valores eficazes

Vˆa _ pico LS  e  I a _ pico Laf  I f  e I a _ pico


= j −  e 0 + Ra 
2 2 2 2

Va _ eficaz = j  X S  I a _ eficaz + Eaf  e0 + Ra  I a _ eficaz

Determinação do circuito equivalente.

A tensão interna induzida na


bobina tem que se opor a
tensão terminal.
É necessário um ajuste das
referências (bobina de campo
deslocada de 180º).

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Circuito Equivalente – Máquina Síncrona
Equação da máquina síncrona

Vˆa _ pico LS  e  I a _ pico Laf  I f  e I a _ pico


= j −  e 0 + Ra 
2 2 2 2

Va _ eficaz = j  X S  I a _ eficaz + Eaf  e0 + Ra  I a _ eficaz

Determinação do circuito equivalente.

e  Laf  I f
Eaf =
2

Conversão de Energia III


Circuito Equivalente – Máquina Síncrona
A figura abaixo apresenta o circuito equivalente da fase “a” da máquina
síncrono.

Onde:
Ra = resistência da armadura;
Xa1 = reatância de dispersão da armadura;
Xφ = reatância de magnetização efetiva do enrolamento de armadura, em condição
de equilíbrio trifásico;
ER = tensão interna gerada pelo fluxo resultante de entreferro (tensão de
entreferro);
Eaf = Valor eficaz da tensão gerada devido a variação do fluxo produzido pelo
enrolamento de campo;
Obs. As tensões apresentadas são tensões de fase.

Conversão de Energia III


Circuito Equivalente – Máquina Síncrona
A figura abaixo apresenta o circuito equivalente da gerador síncrono
(como motor o circuito permanece o mesmo, mas altera o sentido da
corrente).

X S = X a1 + X 

Motor Gerador

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Características de Ângulo de Carga em Regime Permanente
Cálculo do fluxo de potência entre duas fontes de tensão separadas por
uma impedância.
Potência na fonte E2

P2 = E2  I 2  cos( )
Φ = ângulo de fase entre I em relação E2

Eˆ − Eˆ
Iˆ = 1 2
Z
Representação de forma polar

ˆI = I = E1 − E20 = E1( −  Z ) − E2(−  Z )


o

Z Z Z Z
Conversão de Energia III
Características de Ângulo de Carga em Regime Permanente
Cálculo do fluxo de potência entre duas fontes de tensão separadas por
uma impedância.
Corrente no circuito

ˆI = E1( −  Z ) − E2 (−  Z )
Z Z
Onde:
δ = ângulo de fase pelo qual E1 está adianta
em relação E2;
θZ = ângulo de fase da impedância Z;

X
 Z = arctg 
R

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Características de Ângulo de Carga em Regime Permanente
Tomando a parte real da equação
E1 E2
I cos( ) =  cos( −  Z ) −  cos(−  Z )
Z Z
Multiplicando tudo por E2, temos:

E1  E2 E22
P2 =  cos( −  Z ) −  cos(−  Z )
Z Z
Onde:
R R
 Z = (90 −  Z ) = arctg  cos( Z ) =
X Z
Assim,
E1  E2 E R2
P2 =  sen( +  Z ) − 2 2
Z Z
Conversão de Energia III
Características de Ângulo de Carga em Regime Permanente
Considerando a resistência desprezível R << Z; Z ~= X;

E1  E2 E22  R
P2 =  sen( +  Z ) − 2
Z Z
Não tendo perdas a potência de entrada é
igual a de saída P1 = P2.
Para (R = 0), temos (αZ = 0).  Z = (90 −  Z ) = arctg 
R
X

E1  E2
P1 = P2 =  sen ( )
Z
O ângulo δ é conhecido como ângulo de potência

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Características de Ângulo de Carga em Regime Permanente
A máquina síncrona tem a tensão gerada Eaf e a reatância síncrona em
série, o sistema de energia e convertido num circuito equivalente de
Thévenin que é uma fonte de tensão VEQ em série com uma impedância
reativa equivalente.

Fluxo de potência do gerador síncrono para o sistema de energia.

Eaf  VEQ
P=  sen( )
X S + X EQ

Conversão de Energia III


Características de Ângulo de Carga em Regime Permanente
O gráfico representa a potência desenvolvida em função do ângulo de
potência, para uma máquina síncrona de rotor cilíndrico.

Eaf  VEQ
P=  sen( )
X S + X EQ

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Exercício
Um gerador síncrono de quatro pólos, Y, 60 Hz, 24kV (tensão de linha),
650 MVA e uma reatância síncrona de 1,82 por unidade está operando
em um sistema de potência que pode ser representado por um
barramento de 24 kV (tensão de linha) em série com cada fase uma
impedância reativa de 0,21 Ω/fase. O gerador está equipado com um
regulador de tensão que ajusta a excitação de campo de modo que a
tensão na saída do gerador (tensões de terminal) permanece em 24kV
(tensão de linha) independente da carga do gerador.
A potência de saída do gerador é ajustada para 375 MW.
a) Encontre o módulo (em kA) e o ângulo de fase (em relação à tensão de
terminal do gerador) da corrente de terminal;
b) Determine o fator de potência nos terminais do gerador;
c) Encontre o módulo (em kV) da tensão de excitação do gerador Eaf.

Conversão de Energia III


Exercício
Um gerador síncrono de quatro pólos, Y, 60 Hz, 24kV, 650 MVA e uma
reatância síncrona de 1,82 por unidade está operando em um sistema de
potência que pode ser representado por um barramento de 24 kV em
série com uma impedância reativa de 0,21 Ω/fase. O gerador está
equipado com um regulador de tensão que ajusta a excitação de campo
de modo que a tensão de terminal do gerador permanece em 24kV
independente da carga do gerador.
A potência de saída do gerador é ajustada para 375 MW.
a) Encontre o módulo (em kA) e o ângulo de fase (em relação à tensão de
terminal do gerador) da corrente de terminal;

Va VEQ
P=  sen( ')
X EQ
 P  X EQ 
 ' = arcsen 

V  V
 a EQ 
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Valores em “pu”
Sistema em pu (por unidade) => todas as quantidades expressas são
como frações decimais dos chamados valores bases adequadamente
escolhidos. Todos os cálculos usuais são então executados com esses
valores por unidade ao invés dos familiares volts, ampères, ohms.

Grandeza _ real
Grandeza _ por _ unidade =
Valor _ de _ base _ da _ grandeza

Apenas duas grandezas de base independentes podem ser escolhidas


“arbitrariamente”; as restantes são determinadas pelas relações dessas
grandezas. Em aplicações típicas, os valores de VAbase e Vbase são
escolhidos primeiro e então os valores de Ibase e Zbase são determinadas.

Quando apenas um dispositivo elétrico, tal como um motor, está


envolvido, o próprio valor nominal do dispositivo é usado como base
(potência aparente e tensão).

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Valores em “pu”
Calculo da potência no sistema em pu
Tensões e corrente nominas geram potência nominal, ou seja, tensão de
1 pu e corrente de 1 pu tem que produzir potência nominal igual a 1 pu.

S = 3  VLinha  I Linha S = 3  VFase  I Fase

S = V( pu )  I ( pu )

Uma carga trifásica quando apresenta tensão nominal de linha (1 pu),


implica que a tensão de fase está na condição nominal (1 pu).

VLinha
VFase = VFase _ pu = VLinha _ pu
3

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Valores em “pu”
Impedância de base: Por convenção a impedância de base é a
impedância de fase, podendo ser calculada das seguintes formas:
Para uma ligação em Y, temos:

VLinha
Z Base = 3 = VFase
Ia Ia

Outra forma de calcular a impedância de base para uma ligação em Y é:

VLinha VLinha
VFase = 2
3 VFase 3 VLinha
Z Base = = =
Ia S S
S = 3 VLinha  I a 3  VLinha

Conversão de Energia III


Valores em “pu”
Impedância de base: Por convenção a impedância de base é a
impedância de fase, podendo ser calculada das seguintes formas:
Para uma ligação em Δ, temos:
Va Va
Z Base = =
I Linha I Fase
3
Outra forma de calcular a impedância de base para uma ligação em Δ é:
S I Linha
S = 3  Va  I Linha  I Linha = I Fase =
3  Va 3
2
Va Va Va Va
Z Base = = = =
I Fase I Linha S S
3 3  Va
3
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Exercício
Um gerador trifásico síncrono de 75 MVA e 13,8 kV, com uma reatância
síncrona saturada de XS = 1,35 por unidade e uma não saturada XS = 1,56
por unidade, é ligado a um sistema externo cuja reatância equivalente é
XEQ = 0,23 por unidade e cuja tensão é VEQ = 1,0 por unidade, ambas
tomando o gerador como base. Ele atinge a tensão nominal de circuito
aberto para uma corrente de campo de 297 A.
a) Encontre a potência máxima (em MW e por unidade) que pode ser
fornecida ao sistema externo se a tensão interna do gerador for mantida
igual a 1,0 por unidade;
b) Agora suponha que o gerador esteja equipado com um regulador
automático de tensão que controla a corrente de campo mantendo
constante a tensão de terminal. Se a carga submetida ao gerador for a
nominal, calcule o correspondente ângulo de potência, a tensão por
unidade e a corrente de campo.

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