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Conceitos Fundamentais
Corrente Contínua
Métodos Sistemáticos
Componentes R, L e C
Circuitos de 1ª e 2ª Ordem
SÉRGIO F. LOPES
DEZEMBRO 2016
Corrente, Tensão e Lei de Ohm
Lei de Ohm
O valor da tensão aos terminais de uma resistência (u) é proporcional ao i R
valor da corrente que a atravessa (i). u=Ri
u
Numa resistência, a corrente eléctrica vai sempre do potencial mais elevado
para o mais baixo (dissipação de energia). Por isso, frequentemente
convenciona-se o mesmo sentido para u e i.
Associação de Elementos
Série Paralelo
Dois elementos (A e B) estão em série quando são Dois elementos (A e B) estão em paralelo quando a
percorridos pela mesma corrente (iA = iB). tensão aos seus terminais é a mesma (uA = uB).
iA iB
uA A B uB
A B
Em termos de traçado de circuito eléctrico, isto
significa que entre os dois elementos existe um, e Em termos de traçado do circuito, isto significa que os
apenas um, caminho para a corrente eléctrica. Por terminais dos dois elementos estão directamente
outras palavras, não existem nós entre os elementos interligados. Ou seja, não existe qualquer outro
(eles estão no mesmo ramo). componente que separe os seus terminais.
iA iC iB
uA A B uB
A B
Estrela e Triângulo 1
Há casos em que não é possível associar elementos em série ou paralelo para R12 R31
simplificar o circuito, como por exemplo o “triângulo” () ou “estrela” (Y) de
elementos. Nesses casos podem ser úteis as regras de transformação:
2 R23 3
R12 R31 R1R2 R2 R3 R3 R1
R1 R12 R23 R31 R12 R3
1
R23 R12 R1R2 R2 R3 R3 R1 R1
→Y: R2 Y→: R23 R2 R3
R12 R23 R31 R1
R31 R23 R1R2 R2 R3 R3 R1 2 3
R3 R31
R12 R23 R31 R2
um 0 in 0 ou ic i p
m n c p
Significa que qualquer que seja o trajecto percorrido Significa que a soma das correntes que chegam ao nó é
ao longo de um circuito eléctrico em que os pontos de igual à soma das correntes que partem do nó.
partida e chegada sejam o mesmo, a soma das subidas
de tensão equivale à soma das descidas de tensão.
u2
i2
i1 i3
u1 u3 u4
N
p i4
u8 u5
u7 u6 i1 + i2 − i3 + i4 = 0
− u1 − u2 + u3 − u4 − u5 + u6 − u7 − u8 = 0
Regras
• O arbítrio de sentidos para tensões e correntes (desconhecidas) tem que respeitar a lei de Ohm (ver pagina
anterior). Isto significa que se se convencionarem sentidos opostos para a tensão e corrente numa
determinda resistência (e.g., u1 e i1), a respectiva relação terá que ter um sinal negativo (i.e.: − u1 = R ∙ i1).
• Ao escrever equações, tanto podem considerar-se as quedas de tensão negativas como positivas, desde
que as subidas de tensão recebam coerentemente o sinal contrário. O mesmo se passa para as equações
dos nós.
Teoremas Fundamentais
Teorema da Sobreposição
Num circuito linear (constituído por components lineares) com mais de uma fonte independente, a tensão e
corrente em cada componente do circuito são respectivamente iguais à soma algébrica das tensões e correntes
causadas por cada fonte independente ligada individualmente, anulando todas as outras fontes independentes.
i
N
Uk Ik i
k 1
ik em que ik e uk são, respectivamente, a
corrente e tensão no componente
+ u N causadas pela fonte independente k, e
−
u uk N é o número de fontes independentes.
k 1
Aplicação
A anulação das fontes independentes corresponde a anular o valor da grandeza que fornecem, ou seja, no caso de
uma:
• fonte ideal de tensão, U = 0 (substituindo-a por curto-circuito);
• fonte ideal de corrente, I = 0 (substituindo-a por circuito-aberto);
• fonte real, substituindo-a pela resistência equivalente.
A A A
A
Uth Rth In Rn
+ +
− − B
B B B
em que: em que:
• Uth é a tensão entre os pontos A e B (em • In é a corrente percorre os pontos A e B quando
circuito aberto), e estes estão em curto-circuito, e
• Rth é a resistência entre os pontos A e B com as • Rth é a resistência entre os pontos A e B com as
fontes independentes anuladas. fontes independentes anuladas.
Aplicação
A anulação das fontes independentes corresponde à substituição descrita no teorema da sobreposição, ou seja,
substituir:
• fontes de tensão por curto-circuito (U = 0), e
• fontes de corrente por circuito-aberto (I = 0).
• Num circuito que contenha apenas fontes independentes, para determinar os parâmetros dos
equivalentes analisa-se directamente o circuito conforme descrito pelos teoremas.
A A
UAB = Uth Icc = In
B B
A
RAB = Rth = Rn
B
• Num circuito que contenha apenas fontes dependentes a tensão de Thevenin e a corrente de Norton são
zero.
A A
A A
+ Rth Rth
− R n (Rn)
0V 0A B B
B B
A IR A
+ ou + IT UR
UT
− −
B B
Uma variante deste método consiste em aplicar a fonte de teste ao circuito, anulando as fontes
independentes:
A IR A
ou IT UR
+ UT +
- -
B B
Neste caso, utilizam-se os valores de correntes ou tensão respectivamente obtidos para determinar a
determinar mais directamente Rth/Rn:
A IR A
Rth Rth IT
UT UR
ou B
B
UT U
Rth Rn Rth Rn R
IR IT
Esta variante poderá, dependendo do circuito, conseguir uma significativa simplificação do problema. Por
isso, é recomendada.
Erros a evitar
A aplicação de um método sistemático consiste em seguir uma receita, tal como um computador faria. As
receitas de cada método anteriormente descritas conduzem a um sistema de equações cujas incógnitas estão
claramente identificadas. Se a aplicação do método se desviar dessas incógnitas já não se aplica o método
propriamente dito e não é sistemático: conduz a um processo de cálculo que exige reflexão e que é mais
demorado, ou então poderá “andar às voltas”.
Para evitar o problema acima descrito devem ser evitados os seguintes erros de aplicação:
• Correntes Fictícias: não se escreve a equação das tensões na malha que tenha uma (ou mais) fonte(s) de
corrente, pois isso faria aparecer na respectiva equação a(s) variável(is) que representa(m) a(s) tensão(ões)
na(s) fonte(s); ao invés, escreve-se a relação entre o valor de cada fonte de corrente e das correntes fictícias
que por ela passam;
• Tensões Nodais: não se escreve a equação das correntes de um nó ao qual estejam ligados ramos apenas
com fontes de tensão, pois isso faria aparecer na equação a variável que representa a corrente no ramo; ao
invés, escreve-se a relação entre o valor da fonte de tensão e as tensões dos nós ligados por esses ramos.
Outros são erros no sentido absoluto:
• Correntes Fictícias: não se pode passar apenas uma corrente fictícia por dois ramos, ou seja, pelo menos
um deles tem que ser percorrido por pelo menos uma outra corrente.
u u u
R1 R2 Rn C1 C2 Cn L1 L2 Ln
utotal utotal
utotal
Rr 1
ur utotal
R1 R2 ... Rn uc Cc utotal Ll
1 1 1 ul utotal
... L1 L2 ... Ln
Divisor de tensão com 2 C1 C2 Cn
resistências Divisor de tensão com 2 bobinas
R1 Divisor de tensão com 2 L1
u1 utotal u1 utotal
R1 R2 condensadores L1 L2
C2
u1 utotal
C1 C2
R1 R2 Rn C1 C2 Cn L1 L2 Ln
1 Cc 1
ic itotal
Rr C1 C2 ... Cn Ll
ir itotal il itotal
1 1 1 1 1 1
... Divisor de corrente com 2 ...
R1 R2 Rn L1 L2 Ln
condensadores
C1
Divisor de corrente com 2 i1 itotal Divisor de corrente com 2 bobinas
resistências C1 C2
L2
R2 i1 itotal
i1 itotal L1 L2
R1 R2
Circuito RC Circuito RL
t=0 R iR t=0 R iR
iL
uR iC
uR
uC
uL L
C
Como Como
iC = iR e uC = −uR iL = iR e uL = −uR
considerando as equações 1 e 2 anteriores, resulta a considerando as equações 1 e 3 anteriores, resulta a
seguinte equação de funcionamento do circuito seguinte equação de funcionamento do circuito
duC (t ) uC (t ) duC (t ) 1 diL (t ) diL (t ) 1
C uC (t ) 0 . L R iL (t ) iL (t ) 0 .
dt R dt RC dt dt L R
Para vC(t), e considerando uC(0) = U0, obtém-se Para iL(t), e considerando iL(0) = I0, obtém-se
t t
uC (t ) U 0 e (t>0), com τ = RC. iL (t ) I 0 e (t>0), com τ = L/R.
iC(0) e uL(0) dependem do circuito onde o componente/armazenador está inserido e de uC(0) e iL(0),
respectivamente.
Aplicando respectivamente as equações 2 e 3 (na página 9) a uC(t) e iL(t) obtidos acima, ou simplesmente
utilizando as equações do circuito, obtém-se iC(0) = −U0/R e uL(0) = −R·I0. Portanto, iC e uL não dependem dos
seus valores anteriores, ou seja, são variáveis não causais e descontínuas no tempo.
Circuito RC Circuito RL
iR R iR R
iC iL
uF uR uF uR
uC uL L
C
Como Como
uR + uC = uF e iC = iR uL + uR = uF e iL = iR
então, considerando as equações 1 e 2, obtém-se então, considerando as equações 1 e 3, obtém-se
duC (t ) diL (t )
RC uC (t ) u F (t ) L R iL (t ) u F (t )
dt dt
duC (t ) 1 1 diL (t ) 1 1 1
uC (t ) u F (t ) . iL (t ) u F (t ) .
dt RC RC dt L R RL R
em que, o primeiro termo corresponde à resposta natural do circuito, e o segundo termo corresponde à
componente forçada pelo sinal genérico y(t).
Nestas condições particulares, ou seja y(t) = Y e t>0, o circuito resulta conforme representado a seguir, e então,
representa não apenas uma configuração, mas todos os circuitos que por aplicação do teorema de Thevenin a ele
possam ser reduzidos (Y = Uth e R = Rth).
iR Rth iR Rth
iC iL
Uth uR Uth uR uL
uC L
C
Onde x = uC, B = 1, τ = Rth·C e X0 = uC(0) = U0, Onde x = iL, B = 1/Rth, τ = L/Rth e X0 = iL(0) = I0,
obtendo-se obtendo-se
U th
t t
t
t
L Rth
uC (t ) U 0 e Rth C U th 1 e Rth C , (t>0). (8a) iL (t ) I 0 e 1 e
L Rth
, (t>0). (8b)
Rth
iR iC iR iL
In uR uC In uR uL
Rn Rn
C
B = Rn, e outra vez τ = Rn·C e X0 = uC(0) = U0, logo B = 1, e mais uma vez τ = L/Rn e X0 = iL(0) = I0, logo
t
t
t
t
uC (t ) U 0 e Rn C Rn I n 1 e Rn C , (t>0). iL (t ) I 0 e L Rn I n 1 e L Rn , (t>0).
Este resultado poderia ter sido obtido directamente a partir das equações 8a e 8b aplicando as equações 1 (na
página 4), o que também verifica a correspondência entre os equivalentes de Thevenin e de Norton e a respectiva
validade.
Sistematização
A partir das equações 8a e 8b, e aplicando as equações 3 e 4 (na pág. 9), respectivamente, obtêm-se as
expressões de iC e vL para o equivalente de Thevenin
t t
U th U 0 Rth C
iC (t ) e , (t>0). (9a) uL (t ) U th Rth I 0 e L Rth
, (t>0). (9b)
Rth
Das expressões de uC e iC obtém-se que Das expressões iL e uL obtém-se que
uC (0) U 0 U th
uC () U th iL (0) I 0 iL ()
U th U 0 e . e Rth .
iC (0) iC () 0 u L (0) U th Rth I 0 u L () 0
Rth
Destes resultados pode concluir-se que, no instante inicial (t=0) e no regime permanente (t→∞) da resposta, os
armazenadores de energia comportam-se como
t Condensador Bobina
fonte de tensão U0 fonte de corrente I0
0
(curto-circuito, se cond. inic. nulas) (circuito-aberto, se cond. inic. nulas)
→∞ circuito-aberto curto-circuito
Naturalmente, o comportamento quando t→∞ só tem significado no caso de uma resposta forçada, em que há
tensões e correntes no circuito.
De notar também que, na equação 7, x(∞) = BY. Pela aplicação da tabela acima esse valor torna-se fácil de
determinar, sendo preferível relativamente à memorização dos valores de B para os 4 circuitos tipo de 1ª ordem.
Então, isso permite que a equação 7 seja generalizada e simplificada, fazendo BY = X∞:
t
t
x(t ) X 0 e
X 1 e , (t>0). (10)
No caso de uma resposta livre o termo X∞ é nulo, e portanto a equação 10 traduz as respostas livres ou naturais
da página 11.
Por outro lado, verifica-se que as equações 9a e 9b podem encontrar-se directamente por aplicação da tabela
acima. Então, a equação 10 serve para descrever não só as variáveis que traduzem o estado de energia dos
armazenadores (uC e iL), mas também todas as outras variáveis dos circuitos (e.g., iC e uL).
Resumindo, a equação 10, permite determinar quaisquer variáveis de circuitos de 1ª ordem alimentados por
fontes constantes e (de forma segmentada) por ondas quadradas.
U C0 U L 0 I R 0 Rn I n I L 0 Rn
I C 0 I n I R 0 I n
Rn U L 0
I C 0
resultando resultando
t
t
iC (t ) I n
U C 0 Rn C
e , (t>0). u L (t ) Rn I n I L 0 e L Rn
, (t>0).
Rn
Casos extremos
Finalmente, os casos em que se liga directamente um armazenador de energia a uma fonte ideal podem ser
teoricamente explicados como casos extremos dos reais em a resposta é:
Instantânea (τ=0), com uC/iL a igualarem o valor da fonte de tensão/corrente (e a descontinuidade
explicada com a ocorrência de iC/uL →∞ para transferir energia instantaneamente); ou,
Interminável (τ=∞), com uC/iL a variarem a um ritmo constante (igual ao da tangente inicial da
componente forçada).
τ=0 τ=∞
x(t) x(t)
X∞
X0
t0 t t0 t
uC (t 0) U th di
U th L
Uth uC Uth uL dt
Rth=0 iC
C iC (t 0) 0 iL L U th
iL t I L0
L
iL (t 0) I n du
In C C
In L uL u L (t 0) 0 In C uC dt
Rn=∞ i i In
uC t U C 0
C
α = 0 – Sistema Oscilatório
Sendo α = 0, então o sistema não é amortecido. É um caso x(t)
particular do anterior em que as raízes da equação 18 são
puramente imaginárias A
s1 , s 2 j 0
e o sistema oscila à frequência natural
x(t ) A sin0 t
t
(20)
A curva x(t) tem a forma apresentada ao lado. 2
0