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Termodinâmica

Aplicada II
Material Teórico
Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Douglas Fabichak Junior

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

• Introdução;
• Ciclo Regenerativo Ideal;
• Ciclo Rankine Regenerativo com Aquecedores de Água.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Apresentar a definição do ciclo Rankine regenerativo e o uso de aquecedores de água de
alimentação no ciclo.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

Introdução
Prezado(a) aluno(a), estudamos em módulos anteriores a importância de ciclos
geradores de potência, como o ciclo Rankine.

Em um ciclo Rankine, com a expansão que ocorre na turbina, gera-se tra-


balho, transformando, assim, a energia cedida à caldeira. O ciclo Rankine com
reaquecimento, também estudado em módulos anteriores, tem como principal
função a diminuição do teor de umidade nos estágios de baixa pressão.

Além da variação da pressão e temperatura do ciclo, é possível aumentar o rendimento do


Explor

ciclo de alguma maneira?

Uma das maneiras de aumento do rendimento de um ciclo Rankine é o ciclo


Rankine regenerativo. O ciclo Rankine regenerativo possui um novo componente
chamado de aquecedor de água de alimentação e esse novo dispositivo instalado a
uma pressão intermediária faz uso de parte da energia rejeitada pela turbina, tor-
nando o ciclo Rankine mais eficiente.

Ciclo Regenerativo Ideal


Como falado anteriormente, o ciclo Regenerativo é uma importante variação do
ciclo Rankine. Este ciclo utiliza aquecedores de água de alimentação para aumentar
a eficiência do ciclo.
Explor

Como surgiu a ideia de reaproveitamento da energia através de um preaquecedor?

Este ciclo foi elaborado a partir de um ciclo regenerativo ideal, que utiliza uma
troca de calor reversível na turbina. O fluido de trabalho é aquecido enquanto per-
manece na fase líquida, antes de ser transportado até a caldeira.

Portanto, no ciclo regenerativo ideal, o fluido de trabalho entra na caldeira


em algum estado antes de se tornar uma mistura. Com isso, há um aumento na
temperatura média na qual o calor é fornecido ao fluido de trabalho.

Funcionamento: após deixar a bomba, o líquido circula ao redor da carcaça da


turbina em sentido contrário ao do vapor. Assim, é possível transformar o calor do
vapor, enquanto este escoa na turbina, ao líquido que escoa ao redor da turbina,
como mostra a Figura 1.

8
4
T
Caldeira

Turbina
3 4
3

2 2
5
Bomba
1 5

Condensador
S
1

Figura1 – Ciclo Rankine regenerativo ideal

Se considerarmos por um momento que a transferência de calor que ocorre na


turbina para o fluido seja reversível, podemos considerar que em qualquer ponto da
superfície da turbina a temperatura do vapor é apenas infinitesimalmente superior
à temperatura do líquido.

Por isso, se analisarmos a área relacionada para os dois processos (Bomba/


Turbina), define-se que o ciclo regenerativo ideal apresenta rendimento térmico
exatamente igual ao rendimento do ciclo de Carnot, como ilustra a Figura 2.

3 4 Trabalho no ciclo
regenerativo ideal

1 5

Figura 2 – Trabalho em um ciclo regenerativo ideal

Como discutido em módulos anteriores, é impossível construir um ciclo ideal


com rendimento exatamente igual ao ciclo de Carnot. Essas impossibilidades na
construção de um ciclo ideal são representadas pela:
• impossibilidade de efetuar a transferência de calor necessária do vapor para a
água líquida (Turbina); e
• dificuldade de se operar um ciclo quando o teor de umidade é muito alto, quan-
do deixa a turbina (estado 5).

Nesse contexto, teremos a impossibilidade de se reproduzir um ciclo regenera-


tivo ideal e, consequentemente, utilizaremos aquecedores de água como um dos
componentes de um ciclo regenerativo.

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UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

Ciclo Rankine Regenerativo com


Aquecedores de Água
O ciclo Rankine regenerativo envolve a extração de uma parte do vapor que
escoa na turbina, após ter sido parcialmente expandido, e a utilização de diferentes
aquecedores de água.
Explor

Qual a função de um aquecedor de água no ciclo Regenerativo?

Ciclo Rankine Regenerativo com


Aquecedores de Água por Mistura
Nesta etapa, vamos mostrar a você o esquema de operação de um ciclo regene-
rativo, quando opera com um aquecedor de água por mistura.

Vapor proveniente da caldeira entra na turbina no estado 5. Após a expansão


até o estado 6, que está a uma pressão intermediária, parte do vapor é extraída e
entra no aquecedor de água de alimentação.

O vapor não extraído continua sua expansão na turbina até o estado 7 e é en-
tão condensado. O fluido condensado tem como destino o aquecedor de água de
alimentação também.

A vazão de vapor extraída da turbina no estado 6 é suficiente para fazer com


que o líquido que agora deixa o aquecedor de mistura, estado 3, esteja saturado.

Assim, este ciclo permite o aumento da temperatura média na qual o calor é


fornecido ao fluido de trabalho, como mostra a Figura 3.

5
T
Caldeira

Turbina 5

4
4 6
6 3
Bomba 2 Aquecedor 2
por
Mistura 2 7
3 1 5
Bomba 1

Condensador S
1

Figura 3 – Ciclo Rankine regenerativo com aquecedor de água por mistura

10
Exemplo 1:

Considere um ciclo regenerativo com aquecedor de água, que utiliza água como
fluido de trabalho. O vapor deixa a caldeira e entra na turbina a 4 Mpa e 400ºC.
Após a expansão até 400 kPa, parte do vapor é extraída da turbina com o propó-
sito de aquecer a água de alimentação em um aquecedor de mistura. A pressão no
aquecedor de água de alimentação é igual a 400 kPa e a água na seção de saída do
aquecedor por mistura está no estado saturado líquido a 400 kPa. O vapor que não
foi extraído é expandido na turbina até 10 kPa. Determine o rendimento do ciclo.

Resposta:

Para resolução desse exercício, utilizar as tabelas termodinâmicas da água utili-


zadas em Termodinâmica aplicada I.

No 1º passo, vamos calcular o trabalho realizado pela bomba 1.

A bomba 1 realiza trabalho desde a pressão mais baixa do ciclo a 10 kPa no


condensador até o aquecedor por mistura que está a 400 kPa.

Figura 4
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

Através da tabela termodinâmica da água a 10 kPa:

Portanto, o valor da entalpia 1 será h1 = 191,81 kJ/kg

W1 = (h1 – h2)
W1 = ν ∙ (P2 – P1)

Logo, o trabalho na bomba 1 será:

W1 = 0,001010 ∙ (400 kPa – 10kPa)


W1 = 0,3939 kJ/kg

Portanto, a h2 será:

h2 = h1 + W1
h2 = 191,81 + 0,3939
h2 = 192,20 kJ/kg

11
11
UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

No 2º passo, vamos calcular o trabalho realizado pela bomba 2.

A bomba 2 realiza trabalho desde o aquecedor por mistura à pressão de 400 kPa
até a caldeira que está a 4.000 kPa.

Figura 5
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

Através da tabela termodinâmica da água a 400 kPa:

Portanto, o valor da entalpia 3 será h3 = 604,73 kJ/kg

W = (h4 – h3)
W = ν ∙ (P4 – P3)

Logo, o trabalho na bomba 2 será:

W2 = 0,001084 ∙ (4000 kPa – 400kPa)


W2 = 3,9024 kJ/kg

Portanto, a h4 será:

h4 = h3 + W2
h4 = 604,73 + 3,9024
h4 = 608,63 kJ/kg

Em um 3º passo, vamos calcular o calor absorvido pela caldeira.

Para determinar o estado de entalpia 5, utilizaremos a tabela de superaquecido


a 4.000 kPa e a 400 ºC.

Figura 6
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

12
Portanto, o valor da entalpia 3 será h5 = 3.213,51 kJ/kg e sua entropia será
igual a 6,7689 kJ/kg.K.

O calor absorvido pela caldeira será a diferença entre a entalpia do estado de


saída e o estado de entrada.

Qcal = (h5 – h4)


Qcal = (3.213,51kJ/kg – 608,63 kJ/kg)
Qcal = 2.604,88 kJ/kg

No 4º passo, vamos calcular o trabalho gerado pela turbina.

Sabendo que a entalpia de entrada da turbina é a entalpia 5 e que esse valor é de


3.213,51 kJ/kg, agora precisamos descobrir qual o valor da entalpia 6 e entalpia 7.

A expansão na turbina ocorre em 02 processos desde a pressão mais alta a


4.000 kPa, a pressão intermediária a 400 kPa e a pressão de 10 kPa.

A única informação teórica que ajuda na obtenção da entalpia 6 e 7 é que a ex-


pansão em um ciclo Rankine é isentrópica. Ou seja, toda a energia gerada é pela
expansão sem perdas gerada pela turbina. Essa condição nos permite admitir que
a entropia de 5 é exatamente igual à entropia de 6 e 7.

kJ
S5 = 6, 7689 = S6 = S7
kgK

Através do título a uma pressão de 400 kPa, conseguimos definir qual o valor
da entalpia 6.

Figura 7
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

( S6 - Sl ) (h6 - hl )
=
( Sv - Sl ) (hv - hl )
(6, 7689 -1, 7766) (h6 - 604, 73)
=
(6,8958 -1, 7766) (2.738,53 - 604, 73)
h6 = 2.685, 64 kJ / kg

13
13
UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

O trabalho gerado pela turbina de 4.000 kPa até 400 kPa é:

Wturb 1 = (h5 – h6)


Wturb 1 = (3.213,51 kJ/kg – 2.685,64 kJ/kg)
Wturb 1 = (527,87 kJ/kg)

Através do título a uma pressão de 10 kPa, conseguimos definir qual o valor da


entalpia 7.

Figura 8
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

( S7 - Sl ) (h7 - hl )
=
( Sv - Sl ) (hv - hl )
(6, 7689 - 0, 6492) (h7 -191,81)
=
(8,1501- 0, 6492) (2.584, 63 -191,81)
h7 = 2.143,9 kJ / kg

O trabalho gerado pela turbina de 400 kPa até 10 kPa é:

Wturb2 = (h6 – h7)


Wturb2 = (2.685,64 kJ/kg – 2.143,9 kJ/kg)
Wturb 2 = (541,74 kJ/kg)

Agora, depois de definir o valor de todas as entalpias, é necessário determinar


qual fração de vapor separada no processo de expansão foi utilizada para o aque-
cimento da água no aquecedor por mistura. Para isso serão realizados um balanço
de massa e um balanço de energia.

5º passo: elaboração do balanço de massa.

14
6

Aquecedor
de água por
3 mistura
2

Figura 9

O grande problema para o desenvolvimento do balanço de massa nesse exem-


plo é não possuirmos nenhum valor de massa. Nenhum valor para M3, M2 ou M6.

Portanto, o 6° passo é realizar um balanço de energia, que é o fluxo de massa


multiplicado pelo respectivo valor de entalpia.

M3 ∙ h3 = M2 ∙ h2 + M6 ∙ h6

Observando o esquema do ciclo novamente, podemos concluir que apesar de


não termos as massas para cada estado especificamente, sabemos que fluxo de
massa (M) é constante por todo o ciclo, tendo sua separação somente na turbina.

Na turbina será separada uma fração de vapor X da mistura. Portanto, o fluxo


de massa que continua até o condensador é o valor de M ∙ (1 – X).

Caldeira M

Turbina

M.(X)
M.(1−X)
Bomba 2 Aquecedor
por
Mistura

Bomba 1

Condensador

Figura 10

Reescrevendo o balanço de massa e o balanço de energia acima, temos:

Balanço de massa

M3 = M2 + M6
M = M ∙ (1 – X) + M(X)

15
15
UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

E o balanço de energia

M × h3 = M × (1- X )× h2 + M ( X )× h6
M × h3 = M × éë(1- X )× h2 ùû + M × éë( X )× h6 ùû
M × h3 = M × {éë(1- X )× h2 ùû + éë( X )× h6 ùû }
h3 = (1- X )× h2 + ( X )× h6
h3 = h2 - X × h2 + X × h6
h3 - h2 = - X × h2 + X × h6
h3 - h2 = X × (-h2 + h6 )
h3 - h2
X=
(-h2 + h6 )
604, 73 -192, 20
X=
(-192, 20 + 2.685, 64)
X = 0,165 = 16,5%

Logo, a porcentagem de vapor desviada para aquecimento da água foi de 16,5%.

O rendimento do ciclo será:

é (Wturb.1 ) + (Wturb.2 ).(1- X )ù - éWbomba1 (1- X ) +Wbomba 2 ù


h= ë û ë û
Qcal
(527,87 ) + (541, 74).(1- 0,165)- 0,3939.(1- 0,165)- 3,9024
h=
(2.604,88 )
h = 0,3746 = 37, 46 %
Explor

O que é um aquecedor de superfície?

Ciclo Rankine Regenerativo com


Aquecedores de Água sem Mistura
No exemplo anterior, foi resolvido um exercício com um aquecedor por mistu-
ra, onde os fluidos se misturam de modo a aproveitar o calor trocado para mudar
de estado.

Em aquecedores de água sem mistura, também conhecidos como aquecedores


de superfície, o vapor entra na turbina no estado 4. Após a expansão até o estado
5, parte do vapor é extraída e entra no aquecedor. Esse vapor extraído da turbina
aquece o fluido que passa pelo aquecedor sem que haja mistura entre eles. Neste
caso, o aquecimento não é feito por mistura, é realizado através da troca de calor
entre os fluidos de diferente estado, como mostra o esquema da Figura 11.

16
4

Caldeira T

Turbina
4

3
5
2
3 7 5
2 6
Aquecedor
sem Bomba 1 6
Mistura 1 8
7 Condensador
1
S
8

Figura 11 – Ciclo Rankine regenerativo com aquecedor de água sem mistura

Exemplo 2:

Considere um ciclo regenerativo com aquecedor de água sem mistura, que uti-
liza água como fluido de trabalho. O aquecedor de água utiliza 10% do vapor que
passa pela turbina de baixa pressão. Sabe-que que este vapor é extraído quando
passa por um estágio de pressão igual a 0,5 MPa. Calcule o rendimento deste ciclo,
sabendo que o estado de saída da turbina está a 10 MPa e a uma temperatura de
500°C e que a pressão no condensador é de 10 kPa.

Resposta:

Para resolução desse exercício, utilizar as tabelas termodinâmicas da água utili-


zadas em Termodinâmica aplicada I.

1º passo: vamos calcular o trabalho realizado pela bomba 1.

A bomba 1 realiza trabalho desde a pressão mais baixa do ciclo a 10 kPa no


condensador até a caldeira que está a 10 Mpa.

Figura 12
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

Através da tabela termodinâmica da água a 10 kPa:

Portanto, o valor da entalpia 1 será, h1= 191,81 kJ/kg

W1 = (h1 – h2)
W1 = ν ∙ (P2 – P1)

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17
UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

Logo, o trabalho na bomba 1 será:

W1 = 0,001010 ∙ (10.000 kPa – 10kPa)


W1 = 10,09 kJ/kg

Portanto, a h2 será:

h2 = h1 + W1
h2 = 191,81 + 10,09
h2 = 201,9 kJ/kg

2º passo: calcular o valor da entalpia 4.

Como pode-se notar através das informações dadas pelo exercício até então,
não é possível de forma instantânea determinar o valor da entalpia 3. Logo, pros-
seguiremos determinando a entalpia 4.

A entalpia 4, saída da caldeira, está a 10 MPa e a 500 °C.

Para determinar o estado de entalpia 4, utilizaremos a tabela de superaquecido


a 10.000 kPa e a 500 ºC.

Figura 13
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

Portanto, o valor da entalpia 4 será 3.373,63 kJ/kg e sua entropia será igual a
6,5965 kJ/kg.K.

O calor absorvido pela caldeira será a diferença entre a entalpia do estado de


saída e o estado de entrada.

Qcal = (h4 – h3)

Entenda que por ainda não sabermos o valor de h3, não podemos calcular o
calor absorvido21!!

4º passo: calcula-se o trabalho gerado pela turbina.

Sabendo que a entalpia de entrada da turbina é a entalpia 4 e esse valor é de


3.373,63 kJ/kg, agora precisamos descobrir qual o valor da entalpia 5 e entalpia 6.

A expansão na turbina ocorre em 02 processos desde a pressão mais alta a 10.000


kPa, a pressão intermediária a 0,5 MPa, no aquecedor, e a pressão de 10 kPa.

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A única informação teórica que ajuda na obtenção da entalpia 5 e 6 é que a ex-
pansão em um ciclo Rankine é isentrópica. Ou seja, toda a energia gerada é pela
expansão sem perdas gerada pela turbina. Essa condição nos permite admitir que
a entropia de 4 é exatamente igual à entropia de 5 e 6.
kJ
S 4 = 6,5965 = S5 = S 6
kgK

Através do título a uma pressão de 0,5 MPa, conseguimos definir qual o valor
da entalpia 5.

Figura 14
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

( S5 - Sl ) (h5 - hl )
=
( Sv - Sl ) (hv - hl )
(6,5965 -1,8606) (h5 - 640, 21)
=
(6,8212 -1,8606) (2.748, 67 - 640, 21)
h5 = 2.653,16 kJ / kg

O trabalho gerado pela turbina de 10.000 kPa até 500 kPa é:

Wturb 1 = (h4 – h5)


Wturb 1 = (3.373,63 kJ/kg – 2.653,16 kJ/kg)
Wturb 1 = (720,47 kJ/kg)

Através do título a uma pressão de 10 kPa, conseguimos definir qual o valor da


entalpia 6.

Figura 15
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

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19
UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

( S6 - Sl ) (h6 - hl )
=
( Sv - Sl ) (hv - hl )
(6,5965 - 0, 6492) (h6 -191,81)
=
(8,1501- 0, 6492) (2.584, 63 -191,81)
h6 = 2.089, 02 kJ / kg

O trabalho gerado pela turbina de 500 kPa até 10 kPa é:

Wturb 2 = (h5 – h6)


Wturb 2 = (2.653,16 kJ/kg – 2.089,02 kJ/kg)
Wturb 2 = (564,14 kJ/kg)

No 5º passo, podemos definir o valor da entalpia 7 e 8.

Através do esquema do ciclo, nota-se que o estado do ponto 7 é resultado da


condensação da fração de vapor extraída da turbina a uma pressão de 500 kPa.

Figura 16
Fonte: Adaptado de BORGNAKKE & SONNTAG, 2013

Portanto, o valor da entalpia 7 (h7) é igual a 640,21 kJ/kg. Do ponto 7 para


o ponto 8 está instalada no ciclo uma válvula de expansão, logo teremos uma
expansão irreversível. Então, do ponto 7 para o ponto 8, teremos uma expansão
isentálpica. A entalpia do ponto 8 será igual à do ponto 7, entalpia 8 (h8) é igual a
640,21 kJ/kg.

6º passo: elaboração do balanço de massa.

Aquecedor
de água por
3 mistura
2

Figura 17

20
M3 + M7 = M5 + M2

O problema para o desenvolvimento do balanço de massa nesse exemplo é não


possuirmos nenhum valor de massa. Nenhum valor para M3, M2 , M7 ou M5.

Portanto, o 6° passo é realizar um balanço de energia, que é o fluxo de massa


multiplicado pelo respectivo valor de entalpia.

M3 ∙ h3 + M7 ∙ h7 = M5 ∙ h5 + M2 ∙ h2

Observando o esquema do ciclo novamente, podemos concluir que apesar de


não termos as massas para cada estado especificamente, sabemos que o fluxo de
massa (M) é constante por todo o ciclo, tendo sua separação somente na turbina.

Na turbina será separada uma fração de vapor de 10% da mistura.

Caldeira

Turbina
M.0,10

M.0,90
M M

M.0,10 Bomba 1
Condensador

M.0,10

Figura 18

Reescrevendo o balanço de massa e o balanço de energia acima, temos:

Balanço de massa

M3 + M7 = M5 + M2
M + M ∙ 0,10 = M ∙ 0,10 + M

E o balanço de energia

M ∙ h3 + M ∙ (0,10) ∙ h7 = M ∙ (0,10) ∙ h5 + M ∙ h2
M ∙ (h3 + 0,10 ∙ h7) = M ∙ (0,10 ∙ h5 + h2)
h3 + 0,10 ∙ h7 = 0,10 ∙ h5 + h2
h3 = 0,10 ∙ 2.653,16 + 201,9 – 0,10 ∙ 640,21
h3 = 403,19 kJ/kg

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21
UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

Agora é possível calcular o calor absorvido pela caldeira, que será a diferença
entre a entalpia do estado de saída e o estado de entrada.

Qcal = (h4 – h3)


Qcal = (3.373,63 kJ/kg – 403,19 kJ/kg)
Qcal = 2.970,44 kJ/kg

O rendimento do ciclo será:

(Wturb.1 ) + (Wturb.2 ).(0,90) -Wbomba 1


h=
Qcal
(720, 47 ) + (564,14).(0,90)-10, 09
h=
(2970, 44 )
h = 0, 41 = 41, 0%

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Termodinâmica
CENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. Porto Alegre: Grupo A, 2013. (e-book)

Vídeos
O Mundo de Beakman termodinâmica
https://youtu.be/_99yNZ_NFZY
Análises Termodinâmicas, Aula 49 – Entropia e variação nos Processos Reversíveis
https://youtu.be/ieXMR8nRKWI
#18 Ciclo de Rankine | Termodinâmica | por Micelli Camargo
https://youtu.be/vdkKfvleJH8

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UNIDADE Ciclo Rankine Regenerativo e
Aquecedores de Água de Alimentação

Referências
MORAN, M. J. Princípios de termodinâmica para engenharia. 4ª ed. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2002.

MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios de termodinâmica para engenha-


ria. 7ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

SONNTAG, R. E. Fundamentos da termodinâmica clássica. 7ª ed. São Paulo:


Edgard Blucher, 2009.

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